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Aula 2 - Distribuição de Frequências

Objetivos

• Aprender a descrever as frequências absolutas e relativas em


uma amostra;

• Compreender as medidas de tendência central de uma popula-


ção e como determinar essas estatísticas em uma amostra;

• Entender as medidas de dispersão de uma variável e como medir


as estatísticas em uma amostra;

• Aprender a usar as ferramentas estatísticas do Excel da Micro-


soft.

Assuntos
Nesta aula vamos entender como podemos descrever a distribuição de uma
amostra, usando técnicas simples, que fornecem uma visão geral dos dados
coletados. Sendo a amostra válida e representativa de uma população, a
estatística descritiva permite que sejam estimados os parâmetros populacio-
nais. Vamos entender o que significam as estatísticas amostrais e como cal-
culá-la através de fórmulas ou usando um editor de planilhas como o Excel.

Introdução
Os métodos de amostragem, que vimos na nossa primeira aula, nos permi-
tem coletar dados confiáveis que serão representativos de uma população
de interesse. Com esses dados amostrais, poderemos calcular suas estatísti-
cas e assim estimar os parâmetros da população. Mas a coleta de dados é
apenas o primeiro passo de uma pesquisa estatística e os passos seguintes
são cruciais para que um estudo tenha validade.

O principal objetivo de uma pesquisa dessa natureza é descobrir como os


dados estão distribuídos, ou seja, quais são os valores extremos, que valores

Estatística 31 UAB
ocorrem mais frequentemente e que intervalos de valores englobam a maior
parte da população. Para descrever uma distribuição de frequências, o pes-
quisador necessita organizar os dados de uma forma prática, tornando mais
fácil o trabalho de calcular a repetição de ocorrência dos eventos em ques-
tão. Para isso, é preciso organizar tabelas de frequências, gráficos e planilhas
de análise, de que possam ser retirados os valores necessários para o cálculo
das estatísticas amostrais.

Tabelas de Frequências
O primeiro passo de um pesquisador, que pretende descrever uma popula-
ção através de uma amostra, é descobrir a distribuição dos dados amostrais.
Pode-se descrever uma amostra através de tabelas de frequência ou de
gráficos.

Uma tabela de frequência é uma forma de organizar os dados, listando to-


dos os valores possíveis como uma coluna de números e a frequência de
ocorrência de cada valor como outra.

Assim, para se calcular a frequência absoluta de um valor ou categoria,


deve-se apenas contar quantas vezes cada um desses valores ou categorias
aparece em um grupo de dados. Na maioria dos casos, devemos incluir valo-
res que não aparecem no conjunto de dados, que irão ser assinalados com a
frequência absoluta de zero. Isso é importante para se entender a população
através de uma amostra.

Por exemplo, se estamos estudando a frequência da cor de olhos em uma


população e ninguém tem olhos azuis, essa informação é relevante e deve
ser incluída, pois azul é uma cor de olhos possível nos humanos.

Ao criarmos uma tabela de frequências, entendemos a distribuição de fre-


quências dos valores de uma variável, ou seja, quantas vezes cada valor ou
classe aparece na amostra que estudamos.

Logo, a distribuição de frequências é importante para entendermos não ape-


nas quantas vezes cada valor ou classe de uma variável é representado, mas
fornece informação sobre a amplitude de variação dessa variável e sobre a
natureza dessa variação, como veremos mais tarde.

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Criando uma tabela de frequências
Vamos imaginar que um fabricante de sapatos femininos quer saber quais
os tamanhos deve fabricar para suprir a demanda em uma cidade como,
digamos, Recife. Para isso, ele coleta uma amostra do tamanho dos pés das
mulheres da cidade, perguntando a vinte mulheres qual o número de seus
sapatos e consegue os seguintes valores (tabela 1):

Tabela 1: Tamanho dos sapatos de 20 mulheres de Recife – PE.

37 35 36 37 34
38 39 37 36 35
37 36 38 33 34
36 37 37 35 36

Digamos que o fabricante tem, em sua linha de produtos, uma numeração


de sapatos femininos que vai do 32 ao 40. Para ajudarmos ao fabricante,
devemos organizar os dados que ele coletou em relação às linhas de sapatos
femininos que já tem.

Vamos, então, criar uma tabela de frequências, usando os números disponí-


veis em sua fábrica e contaremos quantas vezes esses números ocorrem na
amostra que ele coletou na cidade (tabela 2):

Tabela 2: Frequências absolutas dos números de sapatos usados por 20 mu-


lheres da cidade de Recife – PE.

Número do sapato Frequência absoluta (f)


32 0
33 1
34 2
35 3
36 5
37 6
38 2
39 1
40 0

Total 20

Estatística 33 UAB
Podemos logo avisar ao fabricante de sapatos que, na amostra que ele cole-
tou, não há nenhuma mulher que calce sapatos 32 ou 40, e que o tamanho
mais comum é o 37. O fabricante, então, nos pergunta qual a proporção de
cada número de sapatos que deveria fabricar, para que não tenha números
pouco procurados, encalhados em suas lojas.

Podemos responder a sua pergunta, calculando as frequências relativas


dos tamanhos de sapatos da amostra, em valores proporcionais expressos
em proporções (que vão de 0 a 1) ou porcentagens (que vão de 0 a 100).
Assim, acrescentaremos mais uma coluna na tabela que já vimos (tabela 3):

Tabela 3: Frequências absolutas e relativas dos números de sapatos de 20


mulheres de Recife – PE.

Número do sapato Frequência absoluta (f) Frequência relativa (fr)


32 0 0
33 1 0,05
34 2 0,1
35 3 0,15
36 5 0,25

37 6 0,3

38 2 0,1

39 1 0,05
40 0 0

Total 20 1

As frequências relativas são calculadas como se calculam proporções: divide-


se a frequência absoluta da classe em questão pelo total de dados da amos-
tra. Mas, se quisermos representar as frequências absolutas em porcenta-
gens, é só multiplicar a proporção por 100.

Assim, teríamos a tabela de frequências representada um pouco diferente


(tabela 4):

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Tabela 4: Frequências absolutas e frequências relativas proporcionais e per-
centuais dos números de sapatos de 20 mulheres de Recife – PE.

Número do sapato Frequência absoluta (f) Frequência relativa (%)


32 0 0
33 1 5
34 2 10
35 3 15
36 5 25

37 6 30

38 2 10

39 1 5
40 0 0

Total 20 100

Nosso amigo fabricante ficará feliz em saber que 30% das mulheres da
amostra calçam sapatos tamanho 37, que 25% calçam 36 e assim por dian-
te. Então, poderá ajustar a sua produção para atender a demanda do mer-
cado.

Outra forma de representar a distribuição das frequências é através das fre-


quências acumuladas ou cumulativas. Para se conseguir isso, devemos
apenas somar as frequências absolutas ou relativas de cada classe com a
seguinte. Esse tipo de representação tem diversas aplicações que veremos
nas próximas aulas, mas, de forma geral, serve para termos uma ideia de
onde a maioria dos valores se encontra. No exemplo que estamos usando,
poderíamos acrescentar uma coluna de frequências relativas acumuladas à
nossa tabela (tabela 5):

Tabela 5: Frequências absolutas, relativas proporcionais e percentuais, e fre-


quências cumulativas percentuais dos números de sapatos de 20 mulheres
de Recife – PE.

Estatística 35 UAB
Número do sapato Frequência Frequência Frequência
absoluta (f) relativa (%) cumulativa (F)
32 0 0 0
33 1 5 5
34 2 10 15
35 3 15 30
36 5 25 55

37 6 30 85

38 2 10 95

39 1 5 100
40 0 0 100

Total 20 100 100

Para o fabricante de calçados, é relevante saber que 95% das mulheres da


cidade calçam sapatos de número 38 ou menor. Se precisar reduzir a produ-
ção, ele não terá grandes prejuízos se parar, temporariamente, de fabricar
números maiores que 38.

O tamanho do calçado, que utilizamos no exemplo, é uma variável em esca-


la ordinal. Os números dos sapatos não são representativos de uma medida,
como centímetros, mas são categorias criadas em cima de medidas. Se os
fabricantes de sapatos fossem usar centímetros como base para seus produ-
tos, seria impossível cobrir toda a variação milimétrica que encontramos nas
pessoas. Assim, foram criadas medidas relativas que podem ser usadas por
pessoas com tamanhos de pés próximos, mas não, necessariamente iguais.
Por isso, às vezes, um calçado do número que usamos, normalmente, não
fica perfeito. Os tamanhos de calçados são categorias que podem ser orde-
nadas por ordem de tamanho (o 36 é menor que o 37, etc.), mas a diferença
entre os tamanhos não é exatamente igual.

Quando lidamos com variáveis medidas em escala de razão, fica muito


difícil criar tabelas de frequências. Uma forma, que temos para lidar com
isso, é classificar os dados de uma variável contínua, em escala de razão, em
intervalos que cobrirão toda a variação encontrada na amostra.

Vamos imaginar que um médico decidiu ver a frequência da altura dos sol-
dados de um batalhão do exército. Ele mediu um soldado a cada cinco que

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passavam em frente à porta do consultório e assim, conseguiu uma amostra
aleatória (tabela 6). No fim do dia, ele tinha a altura, em metros, de 30 sol-
dados.

Tabela 6: Altura, em metros, de 30 soldados de um batalhão do Exército


Brasileiro.

1,81 1,61 1,75 1,84 1,67


1,60 1,77 1,66 1,61 1,75
1,72 1,62 1,94 1,72 1,62
1,80 1,74 1,68 1,83 1,70
1,88 1,85 1,79 1,73 1,76
1,73 1,65 1,69 1,65 1,80

Vemos que há dois soldados medindo 1,61m, dois com 1,72m, etc. Mas a
maioria das medidas ocorre uma só vez. Assim, se fôssemos criar uma tabela
de frequências como a que fizemos com o tamanhos dos sapatos, teríamos
um monte de medidas com a frequência absoluta de 1 e não chegaríamos
a qualquer conclusão. Desse modo, podemos criar intervalos de medidas
que cubram a variação das medidas e ainda assim nos dê uma ideia de qual
intervalo de altura é o mais frequente no batalhão. Devemos, em primeiro
lugar, verificar qual o valor mínimo e máximo, e assim, decidiremos quantas
classes de intervalos serão criadas.

Digamos que seria interessante fazer um intervalo de cinco centímetros: o


primeiro cobriria alturas de 1,60m até 1,649m (o médico não mediu com
essa acurácia, mas devemos deixar bem claro, quais são os limites de nossos
intervalos); o segundo, de 1,65m até 1,699m; o terceiro iria de 1,70m até
1,749m, e assim por diante. Nossa tabela de frequências ficaria assim (tabela
7):

Tabela 7: Frequências absoluta, relativas e cumulativa da altura de 30 solda-


dos do Exército Brasileiro, em intervalos de 5 cm.

Estatística 37 UAB
Altura (m) Frequência Frequência Frequência Frequência
absoluta relativa relativa (%) cumulativa (%)
1,60 – 1,649
5 0,17 17 17
1,65 – 1,699 6 0,2 20 37
1,70 – 1,749 6 0,2 20 57
1,75 – 1,799 5 0,17 17 74
1,80 – 1,849 5 0,17 17 91
1,85 – 1,899 2 0,06 6 97
1,90 – 1,949 1 0,03 3 100

Total 30 1 100 100

Veremos na próxima aula como podemos montar gráficos, usando as tabelas


de frequência e como essas informações podem nos ajudar a entender uma
população que estamos estudando.

Como apresentar uma tabela de frequências


Há regras bem estabelecidas sobre como uma tabela de frequências deve ser
apresentada em um trabalho acadêmico ou relatório profissional.

Uma tabela deve ser apresentada com um título explicativo do seu conte-
údo e deve ser, devidamente, numerada dentro do trabalho. Também no
título, entram as notas que elucidam detalhes de abreviaturas ou métodos
utilizados.

No cabeçalho, vão as informações sobre os dados contidos nas colunas,


verticais. A primeira coluna é denominada coluna indicadora e contém in-
formação sobre os dados contidos nas linhas, horizontais. O corpo da colu-
na é formado pelas células, que são a intercessão entre as linhas e colunas.

No rodapé, deve-se indicar a fonte da informação, quando necessário.

O formato usado deve ser o de duas barras, separando o cabeçalho e uma


linha contendo a tabela na parte inferior. Se usarmos uma linha final para
indicar totais, deve ser destacada e separada por duas barras, como o ca-
beçalho. No editor de texto Word, da Microsoft, deve-se usar o formato
“Tabela clássica”. Verifiquem a tabela 7, acima, para ver como o formato
final deve ser.

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