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Fadiga de Materiais e Marcas de Praia

Marcas de Praia:

Fadiga é o processo pelo qual os materiais perdem suas características iniciais


devido a esforços repetitivos. A falha resultante da fadiga pode variar desde a
perda de elasticidade e resistência da peça até sua quebra total.

Existe uma outra importante característica no estágio II de fadiga, isto é, as


chamadas “marcas de praia”. Assim como as estrias, as marcas de praia também
são semicirculares mas são, entretanto, visíveis a olho nú.

As marcas de praia podem ser originadas através dos diferentes graus de oxidação
produzidos nas sucessivas paradas para repouso do equipamento ou pela variação
nas condições de carregamento. Estas marcas representam milhares ou mesmo
milhões de ciclos e elas apontam para o local de início de propagação de trinca. A
proporção entre a etapa de propagação e a ruptura final indicam o grau de
sobrecarga da peça ou o coeficiente de segurança aplicado.

A partir de um certo tamanho de trinca, todo o sistema torna-se instável e a seção


remanescente do componente não consegue suportar mais a carga aplicada e o
material entra em fratura catastrófica. (estágio III).

A maioria das falhas em máquinas acontece devido a cargas que variam no tempo,
e não a esforços estáticos. Essas falhas ocorrem, tipicamente, em níveis de tensão
significativamente inferiores aos valores da resistência ao escoamento dos
materiais. Assim, a utilização única das teorias de falha estática pode levar a
projetos sem segurança quando as solicitações são dinâmicas.

Deste modo, designa-se por fadiga o fenômeno da rotura progressiva de materiais


sujeitos a ciclos repetidos de tensão ou deformação (Branco, 1999), ou ainda, uma
forma de falha que ocorre em estruturas que estão sujeitas a tensões dinâmicas e
oscilantes em pontes, aeronaves e componentes de máquinas (Callister, 1999).
Assim, o estudo do fenômeno é de importância crucial na concepção de máquinas
e estruturas, visto que a grande maioria das roturas observadas em serviço envolve
fadiga.

As falhas por fadiga constituem um custo significativo para a economia. Nos


EUA em 1982, por exemplo, foram utilizados U$100 bilhões com a prevenção de
falhas por fadiga, aproximadamente 3% do produto interno bruto (PIB) do país
naquele ano, em veículos terrestres e ferroviários, aviões de todos os tipos, pontes,
guindastes, equipamentos industriais, estruturas marítimas de dois poços de
petróleo, entre outros elementos de uso domésticos, brinquedos e equipamentos
esportivos (Norton, 2004).
A fadiga é importante no sentido de que ela é a maior causa individual de falhas
em metais, sendo estimado que ela compreenda aproximadamente 90% de todas
as falhas metálicas. Os polímeros e os cerâmicos (exceto os vidros) também são
suscetíveis a esse tipo de falha.

Falha por Fadiga:

As maiorias das falhas em máquinas ocorrem devido a cargas que variam no


tempo, e não a esforços estáticos. Essas falhas ocorrem, tipicamente, em níveis de
tensão significativamente inferiores aos valores da resistência ao escoamento dos
materiais. Assim, quando estão envolvidos carregamentos dinâmicos, as teorias de
falha para carregamentos estáticos podem levar a projetos sem segurança.

As falhas por fadiga sempre têm início com uma pequena trinca, pré-existente
pela manufatura do material ou que se desenvolveu ao longo do tempo, pelas
deformações cíclicas, ao redor dos pontos de concentração de tensões.

A falha por fadiga é geralmente de natureza frágil mesmo em materiais dúcteis e a


fratura ou rompimento do material geralmente ocorre com a formação e
propagação de uma trinca que se inicia em pontos onde há imperfeição estrutural
ou de composição e/ou de alta concentração de tensões (que ocorre geralmente na
superfície). A superfície da fratura é geralmente perpendicular à direção da tensão
à qual o material foi submetido. Os esforços alternados que podem levar à fadiga
podem ser: Tração, tração e compressão, flexão e torção.

Portanto, é fundamental que o projeto de peças dinamicamente carregadas, sejam


elaborados de modo a minimizar a concentração de tensões.

Estágios na Falha por Fadiga:

Costuma-se dividir o processo de fadiga em três ciclos: Nucleação, propagação da


trinca de fadiga e ruptura catastrófica.

Estágio I (Nucleação / Início da Trinca): Corresponde à nucleação da trinca por


deformação plástica localizada e o seu crescimento inicial, ao longo de planos de
escorregamento, sob a influência de tensões de cisalhamento. As trincas começam
a se nuclear e a se propagar por planos orientados a aproximadamente 45° do eixo
de tensão. O crescimento das trincas neste estágio é da ordem de micrometros por
ciclo. Uma vez iniciada, a trinca se propaga nos correspondentes planos
cristalográficos até encontrar contornos de grão. Este estágio NÃO é visível a
olho nu na superfície da fratura, pois normalmente não se estende por mais de 2 a
5 grãos. Pode corresponder de 0% a 90% do número total de ciclos que o
componente suporta antes de fraturar. A presença de entalhes e altas tensões
localizadas reduz a duração deste estágio. Ocorre devido a imperfeições,
partículas, inclusões, etc. (em escala microscópica os metais não são homogêneos
e isotrópicos) e pontos de concentração de tensão, que contenha uma componente
de tensão de tração. Pode ter uma pequena duração para o seu início.

Estágio II (Propagação): Corresponde ao crescimento da trinca num plano


perpendicular à direção da tensão principal de tração. A transição do estágio I para
o estágio II se dá através da formação de numerosos degraus, também não visíveis
a olho nu. Já a fratura no estágio II é sempre visível, pode corresponder à maior
parte da área da fratura e é a mais característica do processo de fadiga. A
propagação se dá em uma direção perpendicular ao eixo de tensão. Neste estágio,
a trinca normalmente apresenta estrias características, visíveis apenas ao
microscópio eletrônico, que correspondem às posições da frente de propagação
nos vários ciclos de tensões.

Já no aspecto macrográfico a fratura apresenta as chamadas marcas de praia,


produzidas devido a alterações no ciclo de tensões, seja no valor ou na frequência
de aplicação das tensões; paradas intermediárias também podem produzir estas
marcas. As marcas de praia podem se apresentar nítidas, ocupando área
considerável na superfície de fratura, ou pequena área e podem ser difíceis de
distinguir em consequência do escorregamento entre as superfícies ou de
solicitação moderada.

Em ligas de alumínio de alta resistência a superfície de fadiga pode ser facilmente


confundida com fratura frágil. As marcas de praia não se formam quando não há
alteração no ciclo de tensões. É o que se observa em corpos de prova fraturados
em laboratório sob ciclo constante e envolve o maior tempo de vida da peça e se
houver a presença de corrosão sua velocidade irá aumentar (na corrosão sob
fadiga, a trinca aumenta até mesmo sob carregamento estático).

Estágio III (Falha catastrófica): Corresponde à fratura brusca final que ocorre no
último ciclo de tensões quando a trinca desenvolvida progressivamente atinge o
tamanho crítico para propagação instável. Assim, a área da fratura desenvolvida
progressivamente depende das tensões aplicadas e da tenacidade do material. Em
princípio é possível que o material se deforme antes da ruptura final, mas
normalmente as fraturas de fadiga são macroscopicamente “frágeis”, ou seja, não
apresentam deformações macroscópicas.

Aspectos a ressaltar na fratura por fadiga:

A área ocupada pela região de fratura brusca final diminui com o aumento da
tensão para o mesmo material;

Múltiplos pontos de nucleação indicam severa concentração de tensões; isto é


mais nitidamente observado quando as tensões são elevadas. Estas múltiplas
frentes eventualmente se unem à medida que as trincas se propagam. Antes de
constituirem uma única frente, as trincas são separadas por degraus, constituindo
um aspecto característico conhecido como marcas de catraca;
A trinca avança mais nas regiões de maior triaxialidade de tensões, adquirindo por
isso uma forma convexa (exemplo: high stress, no stress concentration, tension);
quando a região de maior triaxialidade é deslocada para a periferia, devido a
entalhe, a frente da trinca pode adquirir a forma de M (high stress, mild
concentration, tension) ou inverter completamente a curvatura, que passa a
côncava (low stress, severe concentration, tension);

A diferença entre o aspecto das fraturas resultantes de flexão unidirecional e


tração é basicamente a localização do início da trinca, que no primeiro caso
corresponde à fibra externa mais solicitada a tração;

Em flexão bidirecional a zona de fratura brusca final é central quando a


solicitação máxima for a mesma em ambos os sentidos;

Em flexão-rotação o centro de curvatura da frente de propagação se desloca em


sentido contrário ao da rotação do eixo e a zona de fratura final tende a se deslocar
para o centro com o aumento da tensão;

Em torsão unidirecional a fratura tende a se propagar a 45º com o eixo de torção,


formando superfícies em hélice, como é típico em molas helicoidais. Quando a
torção é bidirecional a fratura se mantém no plano normal ao eixo com degraus
tipo dente de serra;

Em flexão unidirecional de eixos engastados a fratura tende a se propagar para


dentro do engastamento.

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