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PS
PS
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MODIFICAÇÃO

O
DO

R
COMPORTAMENTO
G
KS
O
BO
EX
D
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ALBERT BANDURA
STANFORD UNIVERSITY

PS
U
MODIFICAÇÃO

O
R
DO G
COMPORTAMENTO
KS
O

Tradução:

E va N ic k
BO

Psicóloga. Livre-Docente em Psicometria. Professora


Titular da U.F.RJ. Professora da Universidade Santa
Úrsula, do Instituto de Psicologia da U.F.R.J., do Centro
de Psicologia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas
(Cursos de Mestrado e Doutorado), da Universidade
EX

Gama Filho e da Universidade Federa) Fluminense


(Curso de Mestrado)

LUCIANA P e OTTA
D

Psicóloga Graduada pela Universidade Santa Úrsula.


Professora de Psicologia da Universidade Santa Úrsula.
licenciatura em Filosofia pela Faculdade Nacional de
IN

Filosofia

Capa:

N a n c i M o n t e ir o

inKRflíiKMcnnA
PS
U
O
R
G
KS
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BO
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ISBtf 85-201-0075-9
(Edição original:
ISBN 0-03-081151-1 Holt, Rinehart and Winston, Inc., New York)

Esta 1.* edição em português é tradução e adaptação da l.a edição do original


Principles o f Behavior Modification by Albert Bandura
Copyright © 1969 by Holt, Rinehart and Winston, Inc.

Este intro não pode ser reproduúdo, total ou parcialmente, sem autorização escrita do editor.

Direitos exclusivos para a língua portuguesa


Copyright © 1979 by Editora Intcramericana Leda.
Rua Coronel Cabrita, 8 — Rio de Janeiro — RJ

Impresso no Brasil — Printed in Brazil


PS
U
O
Ginny, Mary e Carol

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G
KS
O
BO
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IN
Prefácio
Este livro apresenta os princípio» psicológicos bá­ em cada etapa do desenvolvimento, e aqueles que
sicos que governam o com portamento hum ano são elaborados tendem a produzir resultados sufi­

PS
dentro do contexto conceituai da aprendizagem so­ cientemente favoráveis para resistir a uma avaliação
cial. Nos últimos anos, acumulou-se um conjunto rigorosa. Os resultados bem sucedidos, obtidos
considerável de conhecimentos a respeito dos me» pelos procedimentos de aprendizagem social em es­
canismos mediante os quais o comportamento é tudos cuidadosamente controlados, justificam ex­

U
adquirido e modificado. Mas, apesar deste cresci­ pectativas otimistas para os desenvolvimentos ulte­
mento vigoroso das pesquisas sobre o comporta­ riores desta abordagem. As numerosas investiga­
mento humano, um grande número de processos ções apresentadas nesta obra também ilustram

O
psicológicos que são altamente influentes no fun­ como a compreensão dos mais importantes proces­
cionamento humano foi negligenciado, ou apenas sos de mudança pode ser obtida por pesquisas en­

R
parcialmente investigado. Este volume apresenta genhosas a respeito de problemas sociais significati­
uma revisão dos recentes avanços teóricos e expe­ vos. Contrariando muitas críticas atuais, a pesquisa
rimentais, no campo da aprendizagem social. Dá básica não precisa contentar-se com medidas de­
ênfase especial aos papéis importantes desempe­
nhados pelos processos vicários, simbólicos e de
auto-regulação, aos quais mesmo as teorias con­
G
pendentes inconseqüentes.
Este livro se ocupa não apenas da validade dos
princípios apresentados, -mas também das condi­
KS
tem porâneas do com portam ento dão, relativa­ ções sob as quais eles podem servir de instrumento
mente, pouca atenção. para o progresso humano. As questões de valor,
O valor de uma teoria psicológica deve ser jul­ que surgem nas aplicações dos procedimentos de
gado não apenas por quão bem ela explica os resul­ aprendizagem social para obter várias modificações
tados de estudos de laboratório, mas também pela psicológicas, são, portanto, examinadas de perto, e
O

eficácia dos procedim entos de modificação do uma atenção especial é dada aos efeitos das práticas
comportamento que produz. Nos últimos anos, tes­ sociais sobre a auto-avaliação e o auto progresso do
BO

temunhamos aplicações amplas dos métodos deri­ homem.


vados dos princípios da aprendizagem social na Enquanto este livro estava sendo escrito, o autor
modificação de fenômenos sociais importantes em contribuiu com capítulos sobre os processos de mo­
contextos familiares, educacionais, clínicos e vários delação para o Volume II do Advances in Experimen­
outros. Pelo fato de exigirem uma especificação tal Social Psychology (Bandura, 1965) e para o Ciba
clara das condições de tratamento, e uma avaliação Foundation Symposnun: The Role of Leaming and Psy-
EX

objetiva dos resultados, as abordagens baseadas na chotherapy (Bandura, 1968). O Cap. 3 contém uma
aprendizagem social, que são apresentadas nesta versão revista e atualizada de parte do material que
obra, contêm um aspecto autocorrehvo que as dis­ originalmente apareceu nas publicações acima cita­
tingue de outros empreendimentos de mudança, das.
nos quais as intervenções permanecem mal defini­
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Muitas pessoas contribuíram de uma ou outra


das e os seus efeitos psicológicos são raramente ava­ forma para este empreendimento. Agradeço since­
liados objetivamente. ram ente a Ted Rosenthal e Rogers Elliott, que
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Tradicionalmente, novos procedimentos de mu­ leram as versões preliminares do manuscrito e


dança social são entusiasticamente promovidos e deram muitas sugestões valiosas. Também estou em
somente depois que os métodos foram aplicados débito com inúmeros estudantes e colegas que me
durante algum tempo, por um grupo de entusias­ ajudaram, por meio de pesquisas em colaboração e
tas, é que os testes sistemáticos de eficácia são efe­ pela troca de idéias, a aumentar o valor do que es­
tuados. Normalmente, os métodos são, então, ar­ crevi. Tenho uma dívida pessoal especial com o
quivados sem cerimônia, por estudos controlados meu antigo aluno e colega, Richard Walters, que
subseqüentes. Portanto, os profissionais desta área morreu tragicamente no auge de sua carreira pro­
vieram a encarar qualquer nova abordagem como dutiva. Embora ele nunca tivesse lido o que escrevi
um modismo transitório. Contudo, quando os tes- aqui, nossas acaloradas discussões durante projetos
les de laboratório precedem as aplicações sociais, os em colaboração ajudaram muito a esclarecer algu­
novos métodos são sujeitos a um exame cuidadoso mas das questões teóricas discutidas neste livro.
vil
v iii PREFÁCIO

O preparo deste volume envolveu um trabalho os desenhos e as fotografias. Também desejo pagar
considerável, e desejo expressar a minha gratidão um tributo de gratidão a Darlene Lapham que,
às pessoas que ajudaram a tom ar a tarefa menos muito eficientemente, datilografou o manuscrito.
árdua. Agradeço especialmente a Jane Crane por Finalmente, a dedicatória deste volume expressa
decifrar versões preliminares ilegíveis e pelas mui­ a minha profunda gratidão à minha família, que
tas horas de esforço considerável para preparar o sacrificou muitas atividades de fim de semana e de
manuscrito para publicação. Agradecimentos são férias, enquanto eu estava absorvido na tarefa de
devidos a Robert O’Connor, pelo seu auxílio com escrever este livro.

A l b e r t B andura
StaTiford, California
Abril de 1969

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KS
O
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índice
1

PS
Processos Causais , 1
Interpretação dos Processos Causais, 10

U
A Aprendizagem Social como um Processo de Influência Recíproca, 25
Substituição de Sintomas, 26
Eficiência dos Métodos Convencionais de Mudança Comportamental, 28

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Sumário, 33
Referências, 35

R
2
G
KS
Questões de Valores e Objetivos, 41
Especificação Comportamental de Objetivos, 42
Fatores que Impedem a Especificação de Objetivos, 44
Processos de Decisão na Seleção de Objetivos, 57
O

Sumário, 64
Referências, 65
BO

3
EX

Modelação e Processos Vicários, 69


Conceituações Teóricas da Aprendizagem por Observação, 70
Estabelecimento de Novos Padrões de Respostas Através d a Modelação, 83
Condicionamento Vicário das Respostas Emocionais, 97
D

Extinção Vicária, 101


Efeitos Inibitórios e Desinibitórios de Experiências Vicárias, 111
IN

Efeitos de Facilitação da Resposta das Influências Modeladoras, 113


Utilização dos Princípios da Modelação na Mudança SódoCultural Planejada, 115
Sumário, 116
Referências, 118

4
Controle Positivo, 129
Interpretações Teóricas dos Processos de Reforçamento, 129
Componentes Essenciais das Práticas de Reforçamento, 133
Implicações Éticas das Práticas de Reforçamento, 138
Aplicações de Sistemas de Contingência, 142
Aplicações de Organização Social das Contingências de Reforçamento, 153
Sumário, 165
Referências, 167

PS
Controle Aversivo, 174
Apresentação de Reforçadores Negativos, 175
Aplicações de Sistemas de Contingências Aversivas, 187
Remoção de Reforçadores Positivos, 198

U
Sumário, 202
Referências, 204

O
R
6
Extinção , 210
Interpretação do Processo de Extinção, 210
G
KS
Extinção do Comportamento Reforçado Positivamente, 216
Extinção do Comportamento Defensivo, 227
Sumário, 242
Referências, 244
O
BO

7
Dessensitização por Contracondicionamento, 252
O Controle das Variáveis na Dessensitização, 256
EX

Identificação dos Determinantes de Estímulo do Comportamento Emocional, 273


Neutralização das Ameaças de Forma Simbólica ou Realista, 279
Atividades Antagônicas no Contracondicionamento, 283
Acompanhamentos Fisiológicos do Comportamento Emocional, 286
D

Sumário, 288
Referências, 290
IN

8
Contracondicionamento Aversivo, 297
Desenvolvimento da Aversão Condicionada e da Esquiva, 297
Desvios Sexuais, 302
Modificação de Atividades Simbólicas, 310
Alcoolismo, 311
Considerações Édcas na Terapia de Aversão, 323
Sumário, 324
Referências, 325
In d ice

9
Controle Simbólico das Modificações do Comportamento, 333
Papel da Consciência de Contingências na Modificação do Comportamento, 333
O Condicionamento Verbal como Função da Consciência, 335
Efeitos Interativos das Variáveis Cognitivas e de Incentivo, 340
Controle Simbólico dos Fenômenos de Condicionamento Clássico, 341
Implicações do Controle Simbólico para a Modificação do Comportamento, 344
Discrepância entre os Sistemas de Resposta e o Inconsciente, 346
Conseqüências Atitudinais de Mudanças Afetivas e de Comportamento, 349

PS
Estratégias de Mudança de AütudeÀ, 352
“Internaiização” e Persistência de Mudanças Comportamentais, 360
Estabilização das Mudanças Comportamentais por Meio do Desenvolvimento
de Funções de Auto-Regulação, 362

U
Sumário, 364
Referências, 365

O
índice Nominal, 373

R
índice Alfabético, 381
G
KS
O
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IN
1

Processos Causais

PS
O desenvolvimento de princípios e procedimen­ cados igual e indiscriminadamente até aos fenóme­
tos de mudanças comportamentais está determ i­ nos sociais, como se evidencia pela designação fre­
nado, em grande parte, pelo modelo de causali­ qüente de padrões de respostas culturais como
dade a que o autor subscreve. Os métodos usados “doentes” ou “sadios". Se Hipocrates tivesse repre­

U
para modificar fenômenos psicológicos não podem sentado as anomalias comportamentais como pro­
ser compreendidos por completo, portanto, inde­ dutos de experiências idiossincráticas de aprendiza­
pendentemente da teoria de personalidade sobre a gem social ao invés de expressões de uma enfermi­

O
qual estão fundamentados. As principais diferenças dade somática, a conceitualização e o tratamento
entre orientações teóricas rivais se revelam de dos padrões de resposta divergentes poderiam ter

R
modo mais flagrante nas suas interpretações do tomado um caminho radicalmente diferente.
comportamento acentuadamente desviante. Conse­ Um modelo de quase-doença é ainda am pla­
qüentemente, os sistemas que foram propostos mente empregado nas explicações do comporta­
para explicar estas condições causadoras de perple­
xidade serão considerados aqui em detalhe, embora
este livro se ocupe apenas parcialmente com ques­
G
mento flagrantemente desviante, mas a patologia
subjacente é geralmente considerada como sendo
de natureza psíquica, ao invés de neurofisiológica.
KS
tões relativas ao comportamento desviante. Este esquema conceituai se tornou ainda mais con­
As concepções psicopatológicas mais antigas en­ fuso quando a adequação da analogia da doença ao
caravam as anomalias do com portamento como comportamento social foi sendo cada vez mais criti­
manifestações externas de maus espíritos, que pe­ cada (Szasz, 1961). A maioria dos teóricos da per­
netravam no corpo da vítima e afetavam o seu sonalidade eventualmente abandonou a noção de
O

comportamento de maneira adversa. Por esta ra­ que o comportamento desviante é uma manifesta­
zão, o tratamento era dirigido para o exorcismo dos ção de uma doença mental subjacente; não obs­
BO

demônios por vários métodos, como abrir um bu­ tante, rotulam sem hesitação os comportamentos
raco no crânio da vítima, executar vários rituais anômalos como sintomas e acautelam contra os pe­
mágicos e religiosos, ou assaltar brutalmente — fí­ rigos da substituição de sintomas. Nestas teorias, as
sica e socialmente — o portador dos espíritos noci­ condições que supostamente controlam o compor­
vos. Hipocrates exerceu uma grande influência no tamento continuam a funcionar analogamente a
sentido de suplantar as concepções demoníacas do substâncias tóxicas na produção de respostas des­
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com portam ento desviante rotulando-as como viantes; contudo, os agentes perturbadores com­
doenças ao invés de manifestações demoníacas. Die­ preendem um conjunto de forças psicodinâmicas
tas saudáveis, hidroterapia, sangramento e outras hostis (por exemplo, impulsos reprimidos, traços
formas de intervenção física, algumas benignas, óu- dotados de energia, complexos psíquicos, tendên­
tras menos humanas, começaram a ser cada vez cias latentes, autodinamismos e outros tipos de sis­
D

mais empregadas como tratamentos corretivos. temas energéticos), um tanto similares aos espíritos
Apesar dos métodos psicológicos terem gradual­ nocivos dos tempos antigos. Muitas teorias contem­
IN

mente substituído os procedimentos físicos na mo­ porâneas de psicopatologia empregam, desta ma­
dificação dos padrões de resposta desviantes, a ana­ neira, um modelo quase-médico elaborado de um
logia da saúde e doença física continuou, não obs­ amálgama dos conceitos de enfermidade e demo-
tante, a dominar as teorias psicopatológicas. Nesta nologia, os quais possuem em comum a crença de
conceitualização, os padrões de comportamento que o comportamento desviante é uma função de
que se afastam amplamente das normas sociais e forças internas inimigas. Conseqüentem ente, a
éticas aceitas são considerados como derivativos ou atenção se focaliza, geralmente, não sobre o pró­
sintomas de uma doença subjacente. A modificação prio comportamento problemático, mas sobre os
dos desvios sociais tornou-se, desta forma, uina espe­ agentes internos presumivelmente influentes que
cialidade médica, com o resultado de que as pessoas, devem ser exorcizados pela “catarse”, “ab-reação” e
ao exibirem comportamentos atípicos, são rotuladas aquisição do discernimento por meio de um pro­
“pacientes” sofredores de uma “doença mental” e cesso interpretativo extenso. Na realidade, a modi­
são geralmente tratadas em estabelecimentos com ficação direta do assim chamado comportamento
orientação médica. Os conceitos de doença são apli­ sintomático é considerada não apenas ineficaz mas
1
2 PROCESSOS CAUSAIS

até perigosa, porque, afirma-se, a remoção do sin­ com o bem-estar dos outros são habitualmente tole­
toma não exerce nenhum efeito sobre o distúrbio rados; desvios que produzem conseqüências compen­
subjacente, que se manifestará novamente num sadoras para os membros de uma sociedade, como
ouiro. sintoma, possivelmente ainda mais debili­ no caso das invenções tecnológicas e das inovações
tante. intelectuais e artísticas, podem ser ativamente pro­
movidas e recom pensadas generosam ente. Por
ROTULAÇÃO SOCIAL DO COMPORTAMENTO outro lado, desvios que geram conseqüências de
DESVIANTE aversão para com os outros elicitam uma desapro­
Embora a maioria dos psicoterapeutas concor­ vação social intensa, são imediatamente rotulados
dem que a remoção direta do "sintoma” não é anormais e geralmente provocam pressões coerciti­
aconselhável e poucos admitem engajar-se em tais vas para eliminá-los.
O critério de adequação conduz a sérios proble­

PS
formas de tratamento, é de estranhar quão pouca
atenção foi dedicada à definição do que constitui mas em sociedades, tais como a nossa, que são dife­
um “sintoma”. Categorizar um padrão de compor­ renciadas em muitas subculturas cujos membros
tamento como sintomático de um distúrbio subja­ subscrevem normas comportamentais divergentes
cente na realidade envolve um conjunto complexo e, portanto, não estão de acordo quanto ao que é

U
de critérios, os quais são, em sua maioria, bastante comportamento social adequado. Aqueles membros
arbitrários e subjetivos. Se certas ações específicas de grupos sociais que desejam recompensas que são

O
são denominadas de normais ou sintomáticas vai altamente, valorizadas na cultura mas carecem dos
depender do fato de que certos juizes sociais e/ou a meios de obtê-los de modos legítimos (Cloward e
própria pessoa aprovem ou não o comportamento Ohlin, 1960; Merton, 1957), são muitas vezes for­

R
que está sendo exibido. Uma vez que a rotulação çados a se engajar em atividades socialmente inacei­
dos sintomas reflete primariamente as respostas va- táveis. Nestes casos, os padrões anti-sociais não são
lorativas que um determ inado com portam ento
evoca em outros, ao invés de qualidades discrimi­
náveis do próprio comportamento, um padrão de
resposta idêntico pode ser visto como um derivativo
G
apenas sancionados normativamente, mas o am­
biente social dá amplas oportunidades a estas pes­
soas, por meio de contingências apropriadas de re-
forçamento e por meio de modelos de papéis, para
KS
patológico ou como um comportamento sadio por desenvolver e aperfeiçoar modos desviantes de
pessoas cujas orientações de julgamento diferem. A comportamento. De acordo com a estrutura nor­
agressividade nas crianças, por exemplo, pode ser mativa prevalente nestas subculturas, um compor­
reforçada positivamente e encarada como um sinal tamento anti-social habilmente executado repre­
O

de masculinidade e desenvolvimento social sadio senta um comportamento a ser imitado ao invés de


por alguns pais, enquanto o mesmo com porta­ um doentio, e é governado pelos mesmos típos de
mento é geralmente encarado por agentes educa­ variáveis que controlam os padrões de resposta
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cionais, legais, ou outros agentes sociais como um pró-sociais apresentados pelos membros da socie­
sintoma de um distúrbio de personalidade (Ban- dade maior.
dura, 1960; B andurae Walters, 1959). Outros subgrupos são classificados como desvian­
A designação do comportamento como patoló­ tes socialmente e, portanto, como “doentes” ou
gico envolve, desta forma, juízos sociais que são in­ “loucos”, não porque eles aderem a meios cultu­
fluenciados, entre outros fatores, pelos padrões ralmente condenados de obter objetivas altamente
EX

normativos das pessoas que fazem os julgamentos, valorizados, mas porque se afastam do sistema so­
o contexto social no qual o comportamento é exi­ cial dominante e rejeitam os próprios alvos cultu­
bido, certos atributos do comportamento e nume­ rais básicos. A maioria conformista numa sociedade
rosas características da própria pessoa desviante. pode ro tu lar grupos não-conform istas, como
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Uma teoria adequada do comportamento desviante “boêmios”, “beatniks” e “hippies”, que recusam a
deve, portanto, se preocupar com os fatores que esforçar-se para obter alvos muito valorizados na
determinam os juízos avaliativos. Infelizmente, ape­ cultura, como exibindo um comportamento desa-
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sar do uso generalizado de classificações diagnosti­ daptativo. Da perspectiva dos desviantes, o estilo de
cas e das conseqüências potencialmente perigosas vida dos membros conformistas é uma manifesta­
de rotular as pessoas como desequilibradas men­ ção sintomática de uma sociedade supercomerciali-
talmente, houve surpreendentemente poucos estu­ zada, “doente”. Desta forma, o mesmo padrão de
dos sistemáticos dos fatores que governam tal com­ comportamento pode ser visto como um sintoma
portamento ajuizante. por um grupo social e ser julgado como sadio e re­
A psicopatologia é caracteristicamente inferida forçado positivamente por pessoas que seguem um
do grau de desvio das normas sociais que definem código de conduta diferente. Similarmente, quando
como as pessoas devem se comportar em diferentes uma sociedade altera radicalmente suas normas so­
ocasiões e lugares. Conseqüentemente, a adequação ciais e legais, a presença ou ausência das mes­
das respostas simbólicas, afetivas e sociais a deter­ mas respostas, pode ser julgada inapropriada e,
minadas situações constitui um critério de impor­ conseqüentemente, rotulada de sintoma de uma
tância principal na rotulação do comportamento patologia subjacente- Assim, um cidadão socializado
“sintomático”. Afastamentos dos padrões normati­ em outros aspectos que comete um homicídio bru­
vos que não são inconvenientes nem interferem tal será diagnosticado como sofrendo de uma per-
PROCESSOS CAUSAIS 3

turbação mental séria, mas a incapacidade de um pontos menos extremos na intehsidade-da-resposta


recruta militar de se comportar de forma homicida contínua. A linha que separa a normalidade da
no campo de batalha será igualmente vista como anormalidade pode ser localizada diferentemente
sintomática de uma “neurose de guerra”. Este úl­ dependendo dos limites de tolerância à aversidade
timo exemplo ilustra como o comportamento pode dos-diferentes juizes. Mesmo que um alto grau de
ser considerado sintomático em virtude de mudan­ consenso pudesse ser conseguido ao designar os li­
ças nas normas da sociedade, ao invés de uma psi- mites aceitáveis de amplitude para os vários com­
copatologia refletida no próprio comportamento. portamentos, não existe evidência de que respostas
A nossa discussão até aqui se ocupou do compor­ emocionais de alta intensidade são mediadas por
tamento desviante de membros de grupos, que processos psicopatológicos internos, enquanto que
apóiam-se mutuamente e reforçam as suas ideologias respostas similares de menor força são governadas

PS
e ações. Alguns indivíduos apresentam excentrici­ por processos internos, não patológicos.
dades comportamentais grandes que parecem to­ Os déficits comportamentais são também freqüen­
talmente inexplicáveis; pessoas de diferentes sub­ temente interpretados como sintomas de perturba­
grupos que não compartilham os mesmos sistemas ção emocional, particularmente quando os déficits
normativos se inclinam a ver estas excentricidades produzem dificuldades e aversão para os outros.

U
como manifestações patológicas. Mesmo nestes ca­ Crianças adequadamente dotadas, por exemplo,
sos, quando a história idiossincrática de aprendiza­ que são incontinentes e que exibem deficiências

O
gem social para o comportamento é conhecida não marcantes em habilidades interpessoais, verbais e
há necessidade de admitir um processo mórbido acadêmicas, e adultos que não são capazes de cum­
subjacente. Lidz, C ornelison, T e rry e Fleck prir exigências de tarefas sociais, conjugais e voca­

R
(1958) relatam um caso, por exemplo, no qual ir­ cionais tendem a ser rotulados como perturbados
mãos esquizofrênicos acreditavam, entre outras coisas emocionalmente. Admite-se geralmente, além do
estranhas, que “desacordo” significava prisão de
ventre. Este comportamento conceituai claramente
inapropriado era o resultado de uma exposição a
G
mais, que, quanto maiores os déficits, mais extensa
a psicopatologia subjacente. A natureza arbitrária e
relativista do critério da competência ou do déficit
contingências de aprendizagem social peculiares e tornâr-s*-ia facilmente aparente se os padrões mí­
KS
não uma expressão de uma doença mental. Sempre nimos de competência exigidos numa determinada
que os filhos discordavam da mãe, ela lhes dizia situação fossem modificados. Se os padrões fossem
que estavam com prisão de ventre e exigia uma la­ colocados num nível comparativamente baixo, pra­
vagem intestinal. Os meninos eram então despidos ticamente todos os membros de uma sociedade se­
O

e submetidos a lavagens intestinais, um procedi­ riam julgados competentes e sadios, ao passo que a
mento que dramaticamente condicionou um signi­ grande maioria de repente adquiriria uma psicopa-
ficado inusitado à palavra “desacordo”. Os casos ci­ tologia se fossem adotados padrões excessivamente
BO

tados por Lidz e seus associados (Lidz, Fleck, e elevados. Neste último caso, terapêutas e diagnosti-
Cornelison, 1965) fornecem evidência compelativa cadores poderiam dedicar muito tempo para locali­
do desenvolvimento de delírios, suspeita, sentimen­ zar a fonte da patologia dentro dos indivíduos.
tos exagerados da própria importância, negação ex­ A intenção atribuída a uma ação irá afetar a sua
trema da realidade, e outras formas de comporta­ categorização pelos outros como expressão sinto­
mento “esquizofrênico”, por meio do reforçamento
EX

mática. Quando as variáveis que governam os fe­


direto e de sua transmissão social pela modelação nômenos físicos e biológicos permaneciam desco­
paterna de padrões inacreditáveis de comporta­ nhecidas, uma multidão de forças internas e divin­
mento desviante. dades eram invocadas como agentes causais. À me­
Além da influência dos compromissos normati­ dida que o conhecimento científico aumentava,
D

vos na determinação das respostas avaliativas, cer­ estas forças im pulsionadoras imaginárias foram
tas propriedades do comportamento nos convidam substituídas por conceitos explanatórios envol­
IN

com-facilidade a rotular um distúrbio emocional de vendo variáveis manipuláveis. Similarmente, as in­


sintomádco. Respostas de magnitude elevada, por terpretações dos fenômenos psicológicos muitas
exemplo, muitas vezes produzem experiências de­ vezes admitem agentes patológicos internos em
sagradáveis para os outros; são, portanto, mais casos nos quais o desvio aparece como ininteligível.
aptas a serem consideradas manifestações patológi­ Se uma pessoa se engaja em um comportamento
cas do que o são respostas de intensidades baixas não-aprovado para obter objetos materiais geral­
ou moderadas. Um menino que está continuamente mente considerados valiosos, suas atividades —
lutando com as outras crianças será geralmente sendo facilmente compreensíveis — são menos
visto como exibindo uma exuberância juvenil; em aptas a serem vistas como manifestações de doença
contraste, uma criança cujo comportamento fisica­ emocional do que se o seu comportamento des­
mente agressivo é mais violento e daninho será, viante não tivesse nenhum valor aparentemente uti­
com toda a probabilidade, vista como emocional­ litário. Delinqüentes que batem na cabeça das víti­
mente perturbada. Embora respostas emocionais mas para aproveitar-se e extrair suas carteiras são
diretas e intensas possam ser categorizadas com geralmente rotulados ladrões semiprofissionais que
fidedignidade, é provável que surjam desacordos exibem uma agressão instrumental para a produ­
na rotulação de comportamentos que incidem em ção de rendimentos. Contrastando, delinqüentes
4 PROCESSOS CAUSAIS

que simplesmente assaltam estranhos fisicamente, mente, podem não ter nenhum valor utilitário apa­
mas não demonstram interesse nas posses materiais rente, é raramente rotulado como um comporta­
de suas vítimas, supostamente estão apresentando mento emocionalmente perturbado. Certos sub­
uma agressão emocional de tipo perturbado pecu­ grupos simplesmente valorizam e recompensam
liar. É evidente que em muitos casos de agressão um “batucar” habilidoso mais do que o virtuosismo
por assim dizer não-utilitária, o comportamento é musical.
altamente instrumental para obter a aprovação e A dicotomia instrumental versus musical, por­
admiração de seus pares e para incrementar o sta- tanto, parece refletir primariamente diferenças nos
tus na hierarquia social do grupo de referência. A tipos de recompensas procurados, e não diferenças
aprovação do grupo de pares é muitas vezes mais básicas na direção teleológica do próprio compor­
poderosa do que recompensas tangíveis como um tamento, ou na natureza dos eventos mediadores
incentivo para, e reforçador de, comportamento internos. Como certos membros da sociedade ten­

PS
desviante agressivo (Buehler, Patterson e Furniss, dem a ser criados sob contingências atípicas de re­
1966). forçamento social, eventos que ordinariamente são
O papel influente do reforçamento social na re­ neutros ou aversos para outras pessoas podem ad­
gulação de comportamento perigoso e sem sentido quirir uma forte valência positiva; conseqüente­

U
é claramente revelado num estudo de campo por mente, o com portam ento estranho exibido por
Yablonsky (1962), que também achou que as con­ esses indivíduos pode parecer possuir pouco ou
tingências de reforçamento dominantes em muitos nenhum valor instrumental, e assim tende a ser ex­

O
bandos de delinqüentes m udaram de atividades plicado por referência a processos psicopatoiógicos
anti-sociais utilitárias para assaltos destrutivos exe­ internos.

R
cutados de maneira “fria” e aparentemente indife­ Certas exigências comportamentais são prescritas
rente em relação a pessoas e a propriedades. A de acordo com a idade, sexo, posição social, ocupa­
maneira pela qual a agressão assumiu um valor que
confere status e no qual a ameaça de perda da “re­
putação” pode compelir uma pessoa a se engajar
num assalto homicida é vividamente ilustrada no
G
ção, raça, origem étnica ou religião de uma pessoa.
Portanto, os atributos pessoais também entram no
julgamento social de comportamento que se desvia
das exigências dos papéis. Por exemplo, um com­
KS
excerto seguinte de uma entrevista com um dos ra­ portamento considerado normal numa idade pre­
pazes estudados por Yablonsky. coce pode ser visto como um sintoma de perturba­
“M o m e n ta n ea m en te com ecei a p e n sa r nisso lá ção da personalidade mais tarde, como no caso da
d e n tro d e m im ; ten h o m in h a o pinião fo rm ad a , não enurese. É muito adequado, neste contexto, repetir
vou p e rte n c e r a n e n h u m b a n d o . E ntão e u e n tro .
O

a pergunta de Mowrer (1950): UE quando é que um


A lgum a coisa ap arece, e aí vêm todos os m eus am i­ comportamento persistente deste tipo de repente
gos a m eu en co n tro . C om o j á disse antes, sou in te­
ligente e assim p o r diante. V ão v indo — depois
cessa de ser normal e se torna um sintoma [pág.
BO

falam p a ra m im o q u e vão fazer. C om o, "G ente, 474]?”. Ou considere-se o atributo do sexo. A tole­
sairem os e m atarem o s esse cara”. Eu digo: “T á le­ rância cultural diferencial para comportamentos
gal” . Eles con tin u am a falar. Eu disse: “G ente, tô habitualmente atribuídos ao outro sexo para ho­
n a d e vocês”. E u m esm o, n ão q u e ro ir, m as q u a n d o mens e mulheres ilustra o papel das características
eles com eçam a fa la r sobre o q u e vão fazer, eu sexuais na atribuição de um status sintomático a
digo: “Ei, ele não vai a rru in a r m in h a reputação. padrões de comportamento desviante. Usar vesti­
EX

N ão vou d e ix a r qu e ele se to rn e m ais conhecido do mentas femininas, por parte dos homens, é consi­
q u e e u ”. E e u toco a bola p ra fre n te .” (pág. vii)
derado indicativo de uma perturbação psicológica
* Contingências externas de reforçamento ao invés séria que exige rápida atenção legal e psiquiátrica.
de uma doença emocional interna também pare­ Por outro lado, as mulheres podem adotar indu­
D

cem ser os principais determinantes do comporta­ mentária, estilos de penteado e uma ampla gama
mento de outro jovem envolvido num assassinato de padrões de resposta caracterisricamente mascu­
de bando: “Se eu metesse a mão na faca, teria apu­ linos sem serem rotuladas como mentalmente per­
IN

nhalado o cara. Isto me teria dado uma sensação turbadas. Como o comportamento do papel mascu­
melhor. As pessoas me respeitariam pelo que Fiz e lino ocupa uma posição de prestígio relativamente
coisas assim. Diriam: *Aí vai um assassino frio.’ elevada e de poder na nossa sociedade, e muitas
[pág. 8]”. Contingências de reforçamento similares vezes é mais generosamente recompensado do que
operavam nas práticas de um bando apreendido o comportamento do papel feminino, a emulação
que utilizava ataques contra pessoas sem provoca­ das tendências masculinas pelas mulheres é mais
ção como a sua exigência principal de admissão. facilmente compreensível e, portanto, menos apta a
Cada assalto físico, que deveria ser observado por ser interpretada por meio de referências a proces­
um membro do grupo para ser válido, era avaliado sos mórbidos.
em 10 pontos; e um total de 100 pontos era exigido Existe ainda outro lado para a influência de atri­
para se tornar um membro com todas as prerroga­ butos pessoais nas respostas de julgamento. A his­
tivas (San Francisco, Chronicle, 1964). tória anterior da aprendizagem social e as caracte­
Deve ser notado de passagem que um compor­ rísticas da pessoa que emite os julgamentos pode
tamento pró-sociai à procura de aprovação, como afetar significativamente a sua designação de com­
feitos atléticos ou realizações musicais que, similar­ portamentos particulares como indicativos de saúde
PROCESSOS CAUSAIS 5

mental ou patologia psíquica. Spohn (1960) desco­ guns dos principais fatores que determinam a atri­
briu que os valores sociais do terapeuta estavam re­ buição da doença ao comportamento desviante.
lacionados aos seus juízos da saúde mental dos Processos de julgamento sociais similares são, na­
com portam entos do paciente que refletiam di­ turalm ente, envolvidos na atribuição de rótulos
mensões de valores similares; isto é, os terapeutas "descritivos como agressão, altruísmo, dependência
julgavam que os pacientes que mais se assemelhas­ ou realização a padrões de resposta particulares.
sem a eles eram os mais sadios.
Embora a presença da doença psíquica seja fre­ DETERMINANTES INTERNOS HIPOTÉTICOS
qüentemente julgada em termos de desvios de um DO COMPORTAMENTO
certo conjunto particular de normas sociais, em As questões levantadas no que se refere à utili­
muitos casos baseia-se primariamente sobre a auto- dade e validade do conceito de "sintoma” se apli­
defimção. Como mostraram Terwilliger e Fiedler cam igualmente à psicopatologia que se presume

PS
(1958), as pessoas muitas vezes se rotulam a si estar subjacente ao comportamento problemático.
mesmas como emocionalmente perturbadas, ao Da focalização da atenção sobre os agentes e forças
passo que outros podem julgá-las estar funcio­ internas, muitas teorias fantasiosas do comporta­
nando adequadamente dentro das normas sociais mento desviante emergiram. A história do desen­
prevalecentes. Discrepâncias avalia tivas deste tipo

U
volvimento de um comportamento social é rara­
surgem tipicamente quando as pessoas impõem mente conhecida, e sua reconstrução a partir do
exigências excessivas a si mesmas e sofrem angús­ material de entrevista elicitado pelos terapeutas ou

O
tias subjetivas como resultado do fracasso de alcan­ diagnosticadores é de validade duvidosa. De fato, o
çar padrões auto-impostos. Uma teoria compreen­ conteúdo da reconstrução é altamente influenciado
siva do desvio deve levar em consideração auto-rea-

R
pelas questões sugestivas do entrevistador e o re-
ções, assim como as reações da socieade ao próprio forçam ento seletivo do conteúdo que está de
comportamento. acordo com a sua orientação teórica. Heine (1953),
G
Da discussão anterior se torna aparente que a ca- por exemplo, descobriu que clientes que foram tra­
tegorização do comportamento como sintomático tados por terapeutas centralizados no cliente, adie-
de uma patologia subjacente depende de um con­ rianos e psicanalistas, tendem a explicar as mudan­
KS

junto de critérios subjetivos e, conseqüentemente, o ças em seus comportamentos em termos das expli­
mesmo com portam ento pode ser caracterizado cações favorecidas pelos seus respectivos entrevis­
como “doente” ou "sadio” por juizes diferentes, em tadores. Mesmo um levantamento superficial de
diferentes contextos sociais e com base nas caracte- protocolos de entrevista revelaria que psicoterapeu-
ríst:cas sociais dos agentes. É verdade, natural­ tas de diferentes filiações teóricas tendem a encon­
O

mente, que questões de valor e julgamento social trar evidência para os seus próprios agentes psico-
também surgem no diagnóstico de perturbações fí- dinâmicos preferidos em comparação com aqueles
BO

sic.is. Nestes casos, o modelo sintoma-doença é bas- citados por outras escolas. Desta forma, os freudia­
tanic apropriado, visto que patologias orgânicas in­ nos são muito mais aptos a desenterrar complexos
ternas existem e podem ser de fato verificadas in­ de Edipo e ansiedade de castração, os adlerianos a
dependentemente de suas manifestações periféri­ descobrir sentimentos de inferioridade e anseios de
cas. Tum ores cerebrais e disfunções envolvendo poder compensatórios, os rogerianos a achar evi­
órgãos respiratórios, circulatórios ou digestivos são dências compelativas para autoconceitos inapro-
EX

eventos observáveis. No que se refere ao compor­ priados, e os existencialistas são fadados a diagnos­
tam ento desviante, a analogia com o modelo ticar crises existenciais e ansiedades. É igualmente
sintoma-doença é errônea porque não existem órg­ verdadeiro que os skinnerianos, predizivelmente,
ãos infectados ou entidades de doenças psíquicas irão discernir condições deficientes de reforça-
que podem ser identificados como agentes causais. me nto como determinantes importantes do com­
D

As condições psíquicas que se admitem estar subja­ portamento desviante. Neste último esquema expli­
centes ao mau funcionamento comportamental são cativo, porém, as condições controladoras suspeitas
IN

apenas abstrações do comportamento. Na analogia são passíveis de variação sistemática; conseqüente­


da doença, essas abstrações não apenas recebem mente as relações funcionais entre as contingências
substância e existência independentes do compor­ de reforçamento e o comportamento são facilmente
tamento a partir do qual foram inferidas, mas são verificáveis.
então evocadas como causas destes mesmos refe­ Modelos teóricos de validade duvidosa persistem
rentes comportamentais. Por estas razões, o com­ em grande parte porque não estão apresentados de
portamento assim chamado sintomático pode ser forma refutável. A falta de conhecimento preciso
mais adequadamente explicado em termos da teo­ da gênese dos desvios comportamentais impede
ria da aprendizagem social e dos valores do que por ainda mais qualquer avaliação séria dos determi­
meio de uma analogia médica não apropriada. nantes sugeridos, que estão tão envolvidos que
Uma apresentação extensa de uma taxonomia ba­ nunca poderiam ser produzidos sob condições de
seada na aprendizagem social dos fenômenos com- laboratório. Q uando a verdadeira história de
poriamentais, genericamente subsumidos sobre o aprendizagem social do comportamento desadap-
termo “psicopatologia”, é oferecida em outro lugar tado é conhecida, os princípios da aprendizagem
(Bandura, 1968). A discussão precedente reviu al­ parecem providenciar uma adequada interpretação
6 PROCESSOS CAUSAIS

dos fenômenos psicopatológicos, e explicações psi- traste, as teorias psicodinâmicas tendem a conside­
codinâmicas em termos de uma perturbação subja­ rar os eventos internos como relativamente autô­
cente aos sintomas se tornam supérfluas. A falha da nomos. Estes agentes causais hipotéticos geral­
suposição de que forças psicodinâmicas produzem mente apresentam apenas uma tênue relação com
comportamento sintomático pode melhor ser ilus­ os estímulos externos, ou até com os “sintomas” que
trada por casos nos quais os antecedentes dos supostamente produzem. O famoso caso de Freud,
padrões de resposta aberrante são conhecidos. Tais do “Little Hans”, reinterpretado por Wolpe e
exemplos são difíceis de obter porque exigem a Rachman (1960), ilustra algumas das principais di­
produção do comportamento desviante sob condi­ ferenças nos modelos explanatórios.
ções controladas. Ayllon, H aughton, e Hughes Little Hans exibia, entre outras coisas, uma fobia
(1965) oferecem uma ilustração vívida de como um de cavalos. Freud (1955) interpretou o comporta­
padrão estranho de comportamento — desenvol­ mento fóbico da seguinte maneira:
Ele não tinha apenas medo de que os cavalos o

PS
vido, mantido e subseqüentemente eliminado numa
mulher esquizofrênica simplesmente pela alteração mordessem ... mas também de carroças, de cami­
de suas conseqüências de reforçamento — foi in­ nhões transportando móveis e de ônibus (a sua
terpretado erroneamente como uma manifestação qualidade comum sendo, como presentemente se
de eventos psicodinâmicos complexos por diagnos- tornou claro, a de estar todos pesadamente car­
regados), de cavalos que começavam a andar, de

U
ticadores que não estavam a par das condições es­
pecíficas de reforçamento que regulavam o com­ cavalos que pareciam grandes e pesados, e de cava­
los que andavam depressa. O significado destas es­

O
portamento da paciente. pecificações foi explicado pelo próprio Hans: ele
Infelizmente, os antecedentes exatos do compor­ tinha medo de que os cavalos caíssem, e conseqüen­
ta mento desviante raramente são conhecidos, e na temente incorporou na sua fobia tudo que parecia

R
ausência de técnicas poderosas que permitam con­ conduzente a facilitar a sua queda... [pág. 265].
trole adequado sobre os fenômenos comportamen- Ele (o pai) elicitou de Hans a lembrança de um
tais, tentativas clínicas não possuíam, até recente­
G acontecimento em Gmunden, cuja impressão es­
mente, os aspectos autocorretivos necessários para tava escondida atrás da recordação da queda do
cavalo que puxava o ônibus. Enquanto estavam
eliminar teorias fracas ou inválidas de psicopatolo- brincando de cavalo, Fritzl, o companheiro de
gia. Em conseqüência, interpretações rivais do quem gostava tanto, mas que era, talvez, ao mesmo
KS

comportamento social retiveram por décadas um tempo, o seu rival com suas muitas amiguinhas,
status seguro com pouco risco de que um tipo bateu seu pé contra uma pedra e caiu, e o pé co­
qualquer de teoria poderia se provar mais convin­ meçou a sangrar. Ver cair o cavalo do ônibus
cente do que outra. recordou-lhe este acidente... A primeira pessoa
que serviu de cavalo a Hans deve ter sido o seu pai,
O

Em anos recentes, entretanto, houve um afasta­


e foi isto que lhe permitiu ver Fritzl como um subs­
mento fundamental das visões convencionais sobre tituto do seu pai quando o acidente ocorreu em
a natureza, causas e tratam entos de disfunções Gmunden.... No fim, o seu pai entrou no simbo­
BO

cornportamentais. De acordo com esta orientação, o lismo anal, e reconheceu que havia uma analogia
comportamento que é nocivo- ao indivíduo ou se entre uma carroça pesadamente carregada e um
afasta amplamente das normas éticas e sociais acei­ corpo carregado de fezes, entre a maneira pela
tas não é visto como sintomático de algum tipo de qual uma carroça é dirigida através de um portão e
doença mas como um modo pelo qual o indivíduo a maneira pela qual as fezes deixam o corpo, e
assim por diante... [págs. 126-127],
EX

aprendeu a lidar com o ambiente e com as exigên­


Podemos agora reconhecer que todos os ca­
cias auto-impostas. O tratamento se torna então
minhões de móveis, carroças e ônibus eram apenas
primordialmente um problema de aprendizagem caixas de cegonhas, e só tinham interesse para
social do que um de domínio médico. Neste es­ Hans como representações simbólicas da gravidez;
quema conceituai, os vestígios remanescentes do e que quando um cavalo pesado ou pesadamente
D

modelo doença-demonismo foram afastados. Pa­ carregado caiu, ele só poderia ter visto nisto uma
drões de respostas não são vistos como sintomas, e coisa — um nascimento, um parto. Desta forma, o
cavalo caído não era apenas o seu pai à morte, mas
IN

a sua ocorrência não 6 atribuída a forças internas,


nocivas. a sua mãe em parto, também [pág. 128].
A aprendizagem social e as teorias psicodinâmi­ O artigo de Freud relata pelo menos quatro inci­
cas não apenas diferem quanto ao ponto de visuali­ dentes nos quais os cavalos, reais ou simbólicos, es­
zar o comportamento desviante como uma quase* tavam associados com experiências provocadoras
doença ou como um produto da aprendizagem, de medo, capazes de produzir uma reação fóbica
mas também em relação ao que consideram ser os condicionada. Hans tinha ficado amedrontado ao
fatores controladores significativos e no status ver cavalos sendo fustigados num carrossel; foi ad­
atribuído aos eventos internos. Como mostraremos vertido para que evitasse cavalos porque poderiam
mais adiante, a aproximação da aprendizagem so­ machucá-lo; assustou-se quando um amigo se feriu
cial trata os processos internos como eventos enco­ acidentalmente ao brincar de cavalo; e, no episódio
bertos que são manipuláveis e mensuráveis. Estes que imediatamente precedeu o início do compor­
processos mediadores são extensamente controla­ tamento fóbico, Ficou atemorizado por um acidente
dos por eventos estimuladores externos que por de ônibus no qual ele acreditou que um cavalo ti­
sua vez, regulam as respostas manifestas. Em con­ vesse morrido.
PROCESSOS CAUSAIS 7

No esquema psicanalítico, a perturbação psíquica PAI: O que você pensou quando o cavalo caiu?
interna é a causa básica ou o fato instigador das HANS: Agora será sempre assim. Todos os cavalos
respostas fóbicas, ao passo que os estímulos exter­ de ônibus cairão... [pág. 49],
PAI: Quando o cavalo caiu, você pensou no seu pa­
nos (cavalos) supostamente exercem pouca ou ne­
pai?
nhuma influência controladora sobre o comporta­ HANS: Talvez. Sim. É possível... (pág. 51).
mento desviante, exceto como um ponto focal con­ PAI: De que tipo de carroça você ainda tem medo?
veniente para os sentimentos edípicos e de castra­ HANS: De todas das.
ção projetados. PAI: Você sabe que isso não é verdade.
HANS: Não tenho medo de carruagens e parelhas
Ela (a fobia) se estende a cavalos e carroças, ao ou carros com ura só cavalo. Tenho medo de
fato de que cavalos caem e mordem, a cavalos de ônibus e carroças de bagagem, mas apenas
uma característica particular, a carroças que estão quando elas estão carregadas, não quando estão
pesadamente carregadas. Revelarei imediatamente vazias. Quando há um cavalo e a carroça está

PS
que todas estas características foram derivadas da carregada até o máximo, então tenho medo;
circunstância de que a ansiedade originalmente não mas se houver dois cavalos e ela estiver total­
tinha nenhuma referência a cavalos, masfoz transposta a mente carregada, então não tenho medo.
eies secundariamente (os grifos são adicionais) e agora PAI: Você tem medo de ônibus porque há muita
se tinha tomado fixa sobre aqueles elementos do gente dentro?

U
complexo cavalo que se mostravam bem adaptados HANS: Porque há muita bagagem no topo.
para certas transferências [pág. 51]. PAI: Quando a mamãe estava tendo a Hanna, ela
também estava carregada até o topo? [págs.

O
Esta exposição deixa de explicar a variação tanto 90-91].
no padrão como na intensidade das reações de an­

R
siedade de Hans em diferentes circunstâncias. De A interpretação edípica não apenas falha em ex­
fato, os dados do caso fornecem evidência conside­ plicar o padrão discriminativo do comportamento
rável de que pistas externas serviram como estímu­ fóbico de Hans, mas também em explicar sadsfato-
G
los primários elidtadores e controladores para as riamente por que ele também tinha medo de estra­
respostas fóbicas de Hans mais do que simples alvos das de ferro e locomotivas, uma fobia que prova­
incidentais para sentimentos projetados. velmente se generalizou a partir do complexo de
KS

estímulos de veículos de transporte. A interpreta­


Consideremos o episódio traumático principal ção psicanalítica exigiria que a locomotiva e os tri­
que estava relacionado com o início da fobia de lhos da estrada de ferro fossem também represe rv
Hans. Enquanto passeava com a sua mãe, Hans viu tações simbólicas do pai castrador e da mãe grá­
um grande cavalo de ônibus cair e dar pontapés. Ele vida.
O

ficou aterrorizado e pensou que o cavalo tinha sido A estrutura conceituai de seqüências causais nas
morto no addente. Havia três importantes elemen­ teorias psicodinâmicas de comportamento é asso­
tos neste complexo de estímulos — cavalo grande,
BO

lada por sérios problemas. Um determinante in­


transporte com carga pesada, e o veículo e o cavalo terno amorfo não pode possivelmente explicar a
viajando em grande velocidade. A ocorrência e a extraordinária variedade de comportamentos hete­
intensidade das reações fóbicas subseqüentes de rogêneos, assím como ás mudanças em sua incidên­
Hans variavam predizivelmente em função dos cia e magnitude sob diferentes situações estimula­
padrões específicos destes três estímulos críticos. doras, em relação a diferentes pessoas e em ocasi­
EX

Hans tinha mais medo de cavalos grandes que pu­ ões diferentes. Como pode uma fobia de cavalos ser
xavam carroças do que de cavalos pequenos; se as­ atribuída a um complexo de Édipo subjacente e
sustava mais com um veículo a mover-se rapida­ medos projetados de castração se uma pessoa res­
m ente do que com um de pouca velocidade, ponde fobicamente a um cavalo puxando um veí­
mostrava-se mais atemorizado à vista de veículos culo carregado pesadamente, mas tem relativa­
D

pesadamente carregados do que à vista de veículos mente pouco medo de dois cavalos puxando um
vazios, e sentia medo quando uma carroça puxada veículo carregado? Quando diversos insumos de es­
IN

por um cavalo dava uma volta: tímulos produzem expressões comportamentais


correspondentem ente diversas então quaisquer
HANS: E eu tenho mais medo de carroças que car­
regam mobília. mediadores internos implicados na seqüência cau­
PAI: Por quê? sal devem ser pelo menos espedficos a sua ativação
HANS: Penso que quando cavalos atrelados a uma deve estar proximamente regulada pelos estímulos
carroça estão carregando uma carga pesada irão ambientais discriminativos.
cair. As dificuldades conceituais associadas com as
PAI: Então você não tem medo de uma carroça pe­ formulações psicodinâmicas aplicam-se igualmente
quena? às teorias de traço da personalidade. Estas aborda­
HANS: Não. Não tenho medo de uma carroça pe­ gens admitem que as pessoas possuem disposições
quena nem de um caminhão de correspondên­
cia. Tenho mais medo quando aparece um ôni­ de resposta estáveis e generalizadas que determi­
bus. nam o comportamento numa variedade de situa­
PAÍ: Por quê? Por que é tão grande? ções. Conseqüentemente, considera-se suficiente
HANS: Não. Porque uma vez um cavalo de ônibus uma amostragem de algumas classes limitadas de
caiu. resposta que são consideradas como indicadores
8 PROCESSOS CAUSAIS

confiáveis de como as pessoas tenderão a se com­ didas destinadas a avaliar o mesmo traço, relações
portar sob condições particulares. Os tipos de com­ fracas entre componentes de dimensões mais am­
portamentos selecionados para a mensuração va­ plas de traços, e pouca consistência de padrões de
riam, Alguns dos procedimento de avaliação que comportamento em diferentes situações estimula­
foram advogados em uma ou outra ocasião são doras. Por outro lado, desempenhos intelectuais,
amostras breves de comportamento manifesto que que são mais ou menos uniformemente recompen­
têm uma certa semelhança com a descrição de tra­ sados por diferentes agentes, em diferentes ocasi­
ços, aceitações de afirmativas que descrevem esta­ ões e diferentes contextos, mostram uma consistên­
dos afetivos, interesses, ou padrões de respostas, e cia substancial.
respostas artificiais eliciadas por estímulos relati­ No processo de avaliação, os dados comporta-
vamente ambíguos como manchas de tinta, figuras mentais, qualquer que seja a maneira pela qual eles
pouco definidas, famílias de bonecas e sentenças foram obtidos, são tipicamente convertidos em tra­

PS
incompletas. ços ou constructos psicodinâmicos que estão muito
O pressuposto básico das teorias de traço — que afastados dos sentimentos reais e das ações das pes­
as pessoas apresentam modos generalizados de soas em avaliação. Esta prática reside no pressu­
comportamento que podem ser preditos a partir de posto de que abstrações representam sistemas mais
genéricos, portanto, possuem maior poder predi-

U
uma amostragem restrita de respostas — encontra
pouco apoio empírico. Para fins de ilustração, con­ tivo. Como Mischel (1968) notou, numa revisão da
sideremos o traço “agressividade”. Várias investiga­ evidência a respeito desta questão, a transformação

O
ções (Bandura, 1960; B andurae Walters, 1959) aos muda o foco da atenção daquilo que a pessoa faz
determinantes de aprendizagem social do compor­ para especulações sobre o que ela tem; da preocu­
tamento agressivo mostraram que tanto rapazes pação com o comportamento do cliente para inte­

R
adolescentes como pré-adolescentes apresentam resse nas categorias diagnósticos do comportamento.
padrões altam ente discriminativos de respostas A evidência indica que estas construções hipotéticas
G
agressivas que variam consideravelmente em fun­ são melhores preditoras dos estereótipos semânti­
ção das pessoas com que éstão interagindo (por cos e conceituais dos diagnosticadores do que dos
exemplo, pais, professores, irmãos ou companhei­ atributos reais dos clientes e da realidade psicoló­
ros). Além do mais, a incidência da agressão mesmo
KS
gica. Desta forma, não é de surpreender que as es­
em relação aos mesmos objetos difere amplamente, tratégias de avaliação que derivam do ponto de
dependendo de respostas físicas, verbais ou outras vista dos traços dinâmicos geralmente falharam em
formas mais atenuadas das respostas que estão se igualar à eficácia preditiva dos métodos atuariais
sendo medidas. A discriminação das respostas (Meehl, 1954).
O

agressivas dos rapazes refletia proximamente a A crença persistente nas disposições gerais de
quantidade considerável de treinamento de discri­ resposta é atribuída por Mischel (1968) à tendência
minação que tinham recebido. Os pais consistente-
BO

para construir consistências com portam entais


mente castigavam a agressão dirigida contra eles mesmo a partir de desempenhos variáveis. Por­
mesmos, mas simultaneamente encorajavam e re­ tanto, a generalidade deve emergir no domínio do
forçavam positivamente o comportamento agres­ constructo inferencial, ao passo que um alto grau
sivo de seus filhos em relação a pessoas fora da de especificidade pode surgir no nível comporta­
casa. mental. Entre os fatores listados como reforçadores
EX

É evidente a partir da observação informal de da impressão de consistência estão incluídas cons-


contingências diferenciais caracteristicamente apli­ tâncias físicas de aparência, características lingüísti­
cadas a sistemas de respostas sociais que, felizmente cas e aspectos estilísticos; regularidades nas situa­
para fins de sobrevivência, as práticas culturais são ções de estímulo nas quais uma pessoa é repetida­
demasiado variáveis para produzir traços generali­ mente observada; confiança em categorias de traços
D

zados. A probabilidade de que um dado padrão de amplos e ambíguos que englobam comportamentos
comportamento será recompensado, ignorado ou heterogêneos; utilização de itens de teste que re­
IN

castigado é dependente, entre outros fatores, das querem que a pessoa avalie o seu comportamento
características do agente, da forma específica e in­ em contextos sociais “típicos”, ao invés de uma va­
tensidade do comportamento, dos objetos contra os riedade de situações específicas; e pressões psicoló­
quais as ações são dirigidas, das situações sociais em gicas fortes para manter uma visão consistente, es­
qúe ocorrem e de vários fatores temporais. Desta tável de eventos. As inconsistências, portanto, ten­
forma, um alto grau de flexibilidade comportamen- dem a ser resolvidas passando por alto, ignorando
tal é exigido se uma pessoa estiver capaz de lidar ou reinterpretando evidências discrepantes.
com as complexidades de exigências ambientais A preocupação com os agentes psíquicos internos
sempre mutáveis. No caso de sistemas de resposta e traços dotados de energia tem sido responsável,
social, muitos dos quais são caracterizados por ele­ em grande parte, pelo progresso limitado no de­
vada especificidade comportamental, a mensuração senvolvimento de princípios empiricamente sólidos
dos traços é uma atividade fadada ao desaponta­ do comportamento humano. A brecha entre insu-
mento. Na realidade, uma revisão compreensiva da mos estimuladores e eventos de respostas manifes­
literatura empírica pertinente, por Mischel (1968), tos tende a ser preenchida rapidamente com cons­
revela baixas íntercorrelações entre diferentes me­ tructos diversos, animistas, todo-poderosos e capa­
PROCESSOS CAUSAIS 9

zes de gerar e explicar quase qualquer fenômeno métodos que sejam bem-sucedidos em promover
psicológico. Estes constructos, naturalm ente, se uma mudança social favorável. Se os processos
prestam facilmente a pseudo-explicações (Skinner, educacionais, que também dependem do funcio­
1961), nas quais dar um novo nome a um fenô­ namento neurofisiológico, tivessem sido historica­
meno com porta mental é oferecido como uma ex­ mente, mal-interpretados como fenômenos médicos,
plicação. Por exemplo, pessoas que exibem com­ principalmente, a nossa sociedade, sem dúvida, es­
portamentos de isolamento, delirantes e alucinató­ taria face à face com o mesmo déficit crítico de faci­
rios, respostas emocionais inadequadas e déficits lidades educacionais e pessoal instrucional bem
comportamentaís serão rotuladas como esquizofrê­ treinado que caracteriza os nossos empreendimen­
nicas. A presença destes comportamentos desvian- tos atuais de “saúde mental”.
tes é então atribuída a uma esquizofrenia subja­ Embora a designação das excentricidades com-
cente, explicação esta que é completamente circular portamentais como manifestações de doença tenha

PS
e não contém nenhuma informação acerca de de­ resultado inicialmente num tratamento mais hu­
terminantes causais. Uma explicação causai ade­ mano, como Szasz (1961) assinala convincente­
quada deve especificar claramente as variáveis in­ mente, a aderência continuada a esta analogia
dependentes que produzem e mantêm o compor­ tornou-se um empecilho sério. Muitas pessoas que
tamento esquizofrênico observado. De maneira si­ se beneficiariam muito do tratamento psicológico

U
milar, traços, complexos e dinâmicas, que represen­ evitam procurar ajuda porque temem ser estig­
tam os constructos descritivos do assessor, muitas matizadas como perturbadas mentais, o que muitas

O
vezes são transformados em entidades ativas dentro vezes traz consigo conseqüências sociais nefastas.
do cliente que supostamente causam seu compor­ Aqueles que são compelidos a procurar uma solu­
tamento. ção para os seus problemas interpessoais pela an­

R
As principais deficiências das teorias que expli­ gústia crônica são, tipicamente, alocados a um
cam o comportamento primariamente em termos papel de doentes e considerados como relativa­
G
de causas internas conjeturais teriam sido facil­ mente desvalidos, dependentes e incompetentes no
mente demonstradas se tivessem sido julgadas, não manejo das suas vidas diárias. Já que os seus des­
em termos da sua facilidade em interpretar fenô­ vios comportamentaís são tratados como expressões
menos comportamentaís que já ocorreram, e sim na de patologias internas psíquicas, estas pessoas são,
KS

base de sua eficácia em predizê-los ou modificá-los. portanto, liberadas das conseqüências naturais de
Uma vez que os determinantes internos propostos suas ações. Neste contexto, é importante distinguir
por tais teorias (como estruturas mentais, comple­ o manejo judicioso das contingências de reforça-
xos de Édipo e inconsciente coletivo) não podiam mento que visam alterar o curso do futuro compor­
O

ser induzidos experimentalmente, e raramente pos­ tamento dos julgamentos morais de responsabili­
suíam conseqüências inequívocas, as formulações dade pessoal de ações passadas. Ganha-se pouco ao
psicodinâmicas gozavam de imunidade à verifica­ condenar os delinqüentes pela sua história de com­
BO

ção experimental genuína. Se é que o progresso na portamento anti-social, mas muito fazendo-os ex­
compreensão do comportamento humano deve ser perimentar novas conseqüências de respostas que
acelerado, as teorias psicológicas devem ser julga­ os ajudarão a desenvolver um modo de vida mais
das pelo seu poder preditivo e pela eficácia dos efetivo. Quando os indivíduos são rotulados doen­
procedimentos de modificação do comportamento tes mentais, isto muitas vezes resulta não apenas na
suspensão das conseqüências de respostas habituais
EX

que produzem.
essenciais à mudança, mas também na substituição
de contingências que promovem tendências mal-
CONSEQÜÊNCIAS ADVERSAS DAS adaptativas (Ayllon e Michael, 1959). Além do
INTERPRETAÇÕES MÓRBIDAS DO mais, como será mostrado mais adiante, para as
COMPORTAMENTO DESVIANTE
pessoas que são institucionalizadas por longo
D

A conceitualização do comportamento desviante tempo, a estigmatização acompanhante, as exigên­


como manifestações de doença tem impedido, de cias do papel do paciente numa cultura dos hospi­
IN

vários modos, o desenvolvimento de métodos efi­ tais mentais, as oportunidades limitadas para exe­
cientes de mudança comportamental. Em primeiro cutar comportamentos que são necessários na vida
lugar, conduziu a um apoio ponderável sobre in­ da comunidade, e o desenvolvimento da depen­
tervenções físicas e químicas, procura incessante de dência institucional, produzem impedimentos ulte­
drogas como remédios rápidos para problemas in­ riores ao reajustamento bem-sucedido às exigências
terpessoais, e negligência, a longo termo, das variá­ ambientais típicas.
veis sociais como determ inantes influentes dos A orientação médica em relação ao comporta­
padrões de resposta desviantes. Em segundo lugar, mento desviante resultou também num desinte­
a rotulação errada, em parte por acidente histórico, resse nas, e falta de facilidades para, modificações
dos desvios sociais como sintomas de doença mental de formas de problemas psicológicos menores mas
estabeleceu o treinamento médico como a prepara­ não menos incômodas. Pessoas com dificuldades de
ção ótima para o trabalho psicoterapêutico. De fato, comportamento circunscritas, justificadamente se
tal treinamento, em função de sua preocupação negam a rotular-se doentes mentais e a iniciar um
primária com processos somáticos e patologias, nos tratamento caro e prolongado que não oferece ne­
deixa itial preparados para elaborar e implementar nhum a g aran tia de êxito. D esta form a, por
10 PROCESSOS CAUSAIS

exemplo, pessoas que sofrem de fobias de serpen­ questões de objetos e normas culturais. Até os pró­
tes podem ser incapazes de executar o seu trabalho prios diagnosticadores podem ceder à tentação de
sob certas condições, de participar de acampamen­ estigmatizar qualquer dissidência como psicopato-
tos e outras atividades ao ar livre, ou de residir em lógica. Numa ilustração deste tipo (Gitelson, 1962),
locais habitados por serpentes inofensivas. Existem o afastamento da ortodoxia na teoria psicanalítica é
agora tratam entos derivados de princípios de explicado não por discordâncias fatuais e teóricas,
aprendizagem social que podem eliminar efetiva­ inas em termos de “narcisismo patológico", “neuro­
mente tais fobias em qualquer pessoa em poucas ses de transferência” e outros maus funcionamen­
sessões (B andura, B lanchard e R itter, 1969). tos psicodinâmicos nos membros dissidentes.
Centros psicológicos que oferecem tratamentos cur­ Szasz (1965), que tem estado especialmente preo­
tos e altamente eficazes para disfunções comporta- cupado com a promoção de prescrições morais fan­
mentais específicas ofereceriam serviços terapêuticos tasiadas de diagnósticos psiquiátricos, escreveu uma
série de artigos sobre o mau uso contemporâneo da

PS
valiosos para muitas pessoas que, sem eles, seriam
compelidas a aceitar restrições desnecessárias em noção de doença mental. Argumenta que, num es­
certas áreas do seu funcionamento psicológico. forço para assegurar um tratamento mais benevo­
A designação de ações e crenças divergentes lente das pessoas em dificuldades, elas são certifi­
como “doentes” também pode ter um impacto im­ cadas como sofredoras de uma doença mental. Esta

U
portante no processo mais geral de mudança social. vantagem, porém, é ganha às expensas da estigma­
Aperfeiçoamentos nas condições de vida dentro de tização, degradação e restrição da liberdade pes­

O
uma sociedade exigem a modificação continuada soal. Ao invés do “contrabando do humanismo”
de .seus padrões institucionalizados de comporta­ por motivos psiquiátricos, ele advoga uma confron­
mento e a substituição de velhos padrões de con­ tação franca das questões eticossociais envolvidas

R
duta por novos que se adaptem mais às circunstân­ nas práticas da sociedade e esforços ativos para
cias alteradas. Reformas sociais propostas, contudo, promover reformas necessárias. Para tomar a lega­
tipicamente são enfrentadas com fortes resistências, lização do aborto como exemplo, Szasz (1962) ar­
G
especialmente se representam um desvio acentuado gumenta que seria mais honesto dar às pessoas o
das tradições estabelecidas e ameaçam interesses já direito de determinar por si mesmas se desejam
assentados. Conseqüentemente, as pessoas muitas trazer uma criança ao mundo do que utilizar a
KS

vezes acham necessário violentar códigos de com­ doença psiquiátrica como subterfúgio para fazer
portam ento institucionalizados para forçar uma abortos. Como analogia, se os divórcios só fossem
mudança no sistema social. Nestes casos, o desvio concedidos à base da certificação da doença mental,
serve a uma função positiva ao promover modifica­ a incidência das perturbações mentais aumentaria
ções construtivas. A população conformista, apesar astronômica e repentinamente.
O

de seus protestos, eventualmente obtém lucro dos


desvios dos não-conformistas. Interpretação dos Processos Causais
BO

A resistência a mudanças sociais advogadas as A preocupação com os agentes internos produto­


vezes assume a forma de rotular publicamente de res de respostas resultou numa negligência das va­
perturbados emocionalmente aqueles que advogam riáveis externas que, não obstante, exercem con­
práticas divergentes. Esta desvalorização diagnós- trole sobre o comportamento. Um organismo que
tica é mais facilmente aplicada quando os desvian- é impelido de dentro mas relativamente insensível
tes sociais tentam , como geralm ente o fazem, aos estímulos ambientais ou às conseqüências ime­
EX

diferenciar-se da população em geral adotando in­ diatas de suas ações não sobreviveria por muito
dumentárias pouco convencionais, estilos de pen­ tempo. De falo, o funcionamento humano envolve
teado discrepantes ou símbolos e rituais peculiares. sistemas de controle inter-relacionados, nos quais o
Em certas sociedades totalitárias, entretanto, não é comportamento é determinado por eventos de es­
incomum silenciar autores que propõem certas re­
D

tímulos externos, por sistemas internos de proces­


formas sociais e políticas, diagnosticando-os como samento de informações e códigos reguladores, e
mentalmente perturbados e internando-os em hos­ por processos reforçadores de retroalimentação de
IN

pitais psiquiátricos (Crankshaw, 1963). Embora a respostas.


nossa própria sociedade raramente imponha tais
sanções legais, não-conformistas ativos são muitas
vezes desacreditados por serem caracterizados O Controle do Comportamento por Meio de Estímulos
como “p e rv e rso ” e membros da “ala lunática”. D urante as fases iniciais do desenvolvimento
Uma sociedade preservaria melhor o seu potencial humano, os estímulos, exceto aqueles inerente­
de mudança definindo o desvio social como inova­ mente aversivos, exercem pouca ou nenhuma in­
dor, ao invés de comportamento “doentio”. Tal fluência sobre os indivíduos. Eventualmente, po­
prática favoreceria a avaliação das mudanças pro­ rém, resultando do passar por experiências diretas
postas na base de seus méritos e conseqüências ou vicárias, o comportamento dos indivíduos co­
prováveis a longo prazo, como deveria ser o caso. meça a ser regulado por eventos estimuladores an­
Como o controle social pela estigmatização do tecedentes que transmitem informações sobre as
desvio como um mau funcionamento psíquico ga­ conseqüências prováveis de certas ações em dadas
nhou terreno na nossa sociedade, seria surpreen­ situações. O desenvolvimento de reações antecipa-
dente se tais rotulações errôneas fossem restritas a tórias apropriadas a pistas ambientais recorrentes
PROCESSOS CAUSAIS 11

possui um valor funcional e de sobrevivência consi­ Dois pacientes sofredores de asma bronquial grave
derável. Na realidade, um índivíduo que não inalaram substâncias provocadoras de alei gia nebu-
aprendesse a evitar perigos físicos, que não reagisse lizadas às quais eram hipersensíveis. Após repetidas
apropriadamente a sinais de trânsito e outras pistas inalações do extrato que servia como o estímulo
orientadoras, por exemplo, e que permanecesse in­ não-condicionado para os ataques de asma, a inala­
diferente a estímulos sociais e simbólicos importan­ ção de um solvente neutro da substância provoca­
tes sofreria uma extinção dolorosa rápida. dora de alergia isolada, que inicialmente não pro­
duzia mudanças respiratórias, provocou ataques de
CONTROLE DAS RESPOSTAS AUTONÔMICAS asma como os demonstrados por sinais clínicos e
POR MEIO DE ESTÍMULOS medidas de capacidade vital. Nas fases ulteriores do
Muitos problemas para os quais as pessoas pro­ experimento, inalações de oxigênio puro e até a
curam alívio envolvem uma superadvidade autonô­ apresentação do bocal, ambos inicialmente estímu­

PS
mica angustiante, refletida num a variedade de los neutros, tinham adquirido o poder de provocar
queixas somáticas de natureza funcional, incluindo ataques asmáticos que não podiam ser disünguidos
a “tensão” crônica e as reações de ansiedade, per­ dos induzidos pelas próprias substâncias provoca­
turbações gastrintestinais e distúrbios respiratórios doras de alergia.
e cardiovasculares. A emotividade condicionada é

U
No experimento descrito, as respostas asmáticas
também implicada geralmente, especialmente na foram condicionadas a elementos da situação de
fase de aquisição, nas reações obsessivo-fcompulsi- inalação e do aparelho por meio da assodação con­

O
vas, inibições comportamentais e comportamentos tígua. Não é de surpreender, portanto, que análi­
fóbicos ou outros comportamentos de evitação ses do com portam ento asmático por Dekker e
Drogas depressivas podem oferecer um alívio tem­ Groen (1956) produzissem um conjunto extrema­

R
porário de respostas autonômicas intensas, mas nos mente variado de estímulos eliriadores altamente
casos em que estão sob controle de estímulos, os específicos no grupo de pacientes estudados; estes
G
processos de aprendizagem social que são capazes incluíam a visão da poeira, discursos radiofônicos
de neutralizar as propriedades de evocação de por políticos influentes, coros de crianças, o hino
emoções dos eventos estimuladores oferecem o tra­ nacional, elevadores, peixes dourados, aves em ca­
tamento mais direto e eficaz.
KS
tiveiro, o cheiro de perfumes, quedas d'água, cor­
As respostas autonômicas podem ser facilmente ridas de bicicleta, carros de polícia e cavalos. Uma
colocadas sob controle dos estímulos ambientais por vez que os estímulos eliciadores críticos foram iden­
meio de operações clássicas de condicionamento. Se tificados em um caso particular, Dekker e Groen
um estímulo inicialmente ineficaz ou condicionado foram capazes de induzir ataques de asma me­
O

é associado de perto com um estímulo não-condi­ diante a apresentação do estímulo condicionado em


cionado capaz de provocar uma dada resposta fisio­ forma real ou gráfica. Em alguns casos, natural­
lógica, o estímulo condicionado por si só gradual­ m ente, eventos interpessoais mais complexos
BO

mente adquire o poder de evocar a resposta fisioló­ podem servir como estímulos eliciadores principais.
gica ou o seu equivalente. Embora alguns tipos de
respostas autonômicas sejam mais difíceis de condi­ De interesse particular é a observação dos inves­
cionar do que outros, quase todas as formas de rea­ tigadores de que o despertar de emoções intensas
ções somáticas de que é capaz o organismo, in­ por si só falhou em produzir reações asmáticas, ao
cluindo modificações respiratórias e de batimentos passo que a exposição a estímulos asmáticos condi­
EX

cardíacos, aumentos na tensão muscular, secreções cionados específicos tipicamente provocou disfun­
gastrintestinais, reações vasomotoras e outros índices ções respiratórias acentuadas. Esta última observa­
de reação emocional (Bykov, 1957; Kimble, 1961), ção é corroborada por Ottenberg, Stein, Lewis e
têm sido classicamente condicionados a estímulos Hamilton (1958) num estudo do condicionamento
inócuos. Eventos ambientais também podem adqui­ clássico e extinção de respostas asmáticas em co­
D

rir a capacidade de controlar o despertar eletrence- baias. Ataques similares à asma, que ocorriam
falográfico por meio de associações, ou com estímu­ prontamente na presença de estímulos condiciona­
IN

los externos evocativos ou estimulação central di­ dos, não podiam ser induzidos por meio de proces­
reta (John, 1967). sos provocadores de emoções, envolvendo ruídos
Estudos de laboratório referentes à produção de intensos, estímulos dolorosos e choque elétrico. À
ataques asmáticos ilustram como as reações psicos­ vista destes achados, esperar-se-ia que a neutraliza­
somáticas podem ser trazidas sob controle dos es­ ção direta dos estímulos provocadores específicos
tímulos. Noelpp e Noelpp-Eschenhagen (1951, (Moore, 1965; Walton, 1960) seriam eficazes na
1952), por exemplo, demonstraram que após repe­ modificação de respostas asmáticas sob controle de
tido acasalamento de ataques asmáticos induzidos estímulos ambientais, mas que a redução geral das
com um estímulo auditivo, muitas das cobaias do perturbações emocionais pode ter pouco impacto
estudo apresentaram disfunções respiratórias ca­ sobre a perturbação respiratória.
racterísticas da asma bronquial em resposta ao es­ T anto os processos como os resultados que
tímulo auditivo condicionado atuando sozinho. O acompanham as operações clássicas condicionantes
controle por meio de estímulos de ataques hum a­ são consideravelmente mais complexas do que o
nos asmáticos foi similarmente demonstrado num princípio geral possa implicar. As pessoas muitas
experimento por Dekker, Pelser e Groen (1957). vezes apresentam suscetibilidade diferencial ao
12 PROCESSOS CAUSAIS

condicionamento autonômico, o que sugere que namento de ordem superior obtidos com sistemas
outras variáveis — possivelmente genéticas, fisioló­ de sinalização externos e respostas periféricas
gicas ou psicológicas — são fatores contribuintes. podem também ocorrer numa base interoceptiva. A
Será também mostrado mais adiante que a repre­ inflação duodenal repetida, servindo como estí­
sentação cognitiva da relação contingente entre o mulo condicionado de primeira ordem, foi empare­
estímulo condicionado e não condicionado facilita lhada com o choque elétrico aplicado à pata de um
acentuadamente o condicionamento clássico. Estes cão. A inflação duodenal foi mais tarde associada
achados lançam dúvidas sobre as teorias periféricas com uma campainha, o estímulo condicionado de
do condicionamento. -segunda ordem. Testes subseqüentes revelaram
que o estímulo auditivo por si só adquiriu a capaci­
Condicionamento de Ordem Superior. Muitas das dade de provocar respostas de esquiva, muito em­
respostas emocionais que as pessoas exibem a obje­ bora jamais tenha sido diretamente associado com a

PS
tos específicos não são produtos das associações di­ estimulação aversiva. As propriedades aversivas dos
retas das experiências afetivas com os próprios ob­ estímulos interoceptivos foram assim transferidas a
jetos. Algumas pessoas, por exemplo, podem res­ um estímulo externo anteriorm ente inócuo por
ponder ansiosamente a cobras sem jamais ter tido meio da sua ocorrência conjunta.
quaisquer encontros diretos aversivos com elas. Si­

U
Outros processos de condicionamento complexo,
milarmente, as pessoas muitas vezes apresentam
incluindo um pré-condicionamento sensorial, no
emoções intensas à vista ou menção de grupos de
qual dois estímulos neutros são associados antes

O
minoria ou de nacionalidades impopulares na base
que um estímulo do par receba potência de elicia-
de pouco ou nenhum contato pessoal, Estes tipos
ção, também têm sido demonstrados com estímulos
de reações são freqüentem ente estabelecidos na

R
interoceptivos. Além do mais, muitos dos achados
base de condicionamentos de ordem superior nos
acima foram replicados em experimentos envol­
quais um estímulo que adquiriu poder de eliciação Gvendo tanto sujeitos humanos com fístulas preexis­
mediante sua associação direta com experiências
tentes como grupos não-clínicos, nestes pela mani­
primárias serve de base para um condicionamento
pulação de mudanças de pressão interna por meio
ulterior (Davenport, 1966).
da técnica do balão de manómetro. Estas demons­
KS

Condicionamento Interoceptivo. Estímulos externos trações da condicionabilidade da estimulação visce­


têm sido mais freqüentemente empregados em ex­ ral fornecem algum conhecimento muito necessário
perimentos de condicionamento clássico, mas nos sobre o processo im portante, mas pouco com­
últimos anos vários pesquisadores (Bykov, 1957; preendido, do controle do com portamento por
ü^zran, 1961; Slucki, Adam e Porter, 1965) for­ meio de estímulos internos. O fato de que estímulos
O

neceram numerosas demonstrações de condicio­ interoceptivos podem entrar em processos de con­


namento interoceptivo, no qual tanto respostas au­ dicionamento de ordem superior, desta forma in­
BO

tonômicas como instrumentais se tornam condicio­ vestindo outros estímulos internos e externos tem-
nadas a estimulações viscerais diferenciadas. Inves­ poralmente contíguos de poder controlador, obscu­
tigações de laboratório destes processos internos de rece grandemente a gênese de um dado padrão de
condicionamento são possíveis pela formação de reatividade.
fístulas numa víscera ou pela exteriorização cirúr­ Condicionamento Clássico Vicário. Apesar de que,
gica de órgãos internos. Uma grande variedade de sem dúvida, muitas respostas emocionais são adqui­
EX

processos estimuladores tem sido empregada, in­ ridas à base da experiência direta, muito da apren­
cluindo estímulos de pressão aplicados mediante dizagem humana resulta de um processo de condi­
distensões de cavidades viscerais por meio de balões cionamento vicário (Bandura, 1965; Bandura e
de borracha inflados com água ou ar, estímulos Rosenlhal, 1966; Berger, 1962). Sob certas condi­
D

térmicos, estímulos táteis de membranas mucosas ções, que serão elaboradas num capítulo ulterior, as
por arranhões ou jatos de ar, e estímulos químicos respostas emocionais de outra pessoa, veiculadas
irritantes, geralmente apresentados por meio de por manifestações vocais, faciais e posturais provo­
IN

processos de irrigação. Diferentes formas e combi­ cam reações emocionais nos observadores. Qual­
nações de reações viscerais, dos músculos do esque­ quer estímulo regularmente associado com respos­
leto e sensoriais são então condicionadas aos even­ tas emocionais eliciadas nos observadores por pistas
tos internos de estimulação. sociais efetivas podem, eventualmente, adquirir
Em alguns dos paradigmas experimentais, sensa­ propriedades de provocação das emoções. Nas in­
ções dos órgãos internos são emparelhadas com vestigações de laboratório do condicionamento clás­
choques elétricos que provocam respostas de es­ sico vicário, uma pessoa, o executante ou modelo,
quiva. Após várias apresentações conjuntas, as res­ tipicamente sofre um procedimento de condicio­
postas de esquiva são consistentemente eliciadas namento aversivo, no qual um estímulo anterior­
apenas pelos estímulos internos. Em outros casos, mente neutro (um som) é apresentado, e pouco
tanto os estímulos condicionados como os não- após o modelo demonstra dor e outras reações
condicionados são apresentados internam ente emocionais supostamente em resposta à estimula­
como, por exemplo, quando as mudanças respira­ ção de choque. Os observadores que testemunham
tórias são especificamente condicionadas a disten­ este processo de condicionamento do modelo apre­
sões intestinais rápidas. Os fenômenos de condicio­ sentam respostas emocionais ao som apenas, apesar
PROCESSOS CAUSAIS 13

de não terem sido eles próprios expostos à estimu­ as paredes até que a casa toda era destruição de
lação aversiva. Tais processos vicários são envolvi­ ponta a ponta. Sabia que eu gostava de vesti-lo com
dos, de modo importante, uão apenas no desenvol­ roupas bonitas, portanto, arrancava os botões das
vimento da em ocionalidade condicionada, mas camisas e evacuava nas calças." [Moser, 1965, pág.
96.]
também na sua modificação.
A discussão anterior torna aparente que a reatí-
vidade autonômica pode ser posta sob controle de As investigações de laboratório de processos de
combinações relativamente complexas de estímulos controle por estímulos muitas vezes envolvem si­
internos e externos que podem ser contíguos ou tuações simples nas quais os estímulos diferem num
temporalmente remotos dos estímulos não-condi- único atributo ou em algumas dimensões facil­
donados fisiologicamente eficazes. O fato de que mente identificáveis. Na maioria das circunstâncias
novos eventos estimuladores podem se tom ar liga­ da vida real as pistas que designam conseqüências

PS
dos ao comportamento emocional numa base vicá­ prováveis geralmente aparecem como parte de uma
ria, assim como pela experiência direta, acrescenta variedade desconcertante de eventos irrelevantes. É
ainda algo mais à complexidade dos processos de necessário, pois, abstrair o aspecto crítico comum a
condicionamento. Além do mais, uma vez que os uma variedade de situações. O com portam ento
pode ser trazido sob controle de propriedades abs­

U
estímulos condicionados adquiriram podêr de eli-
ciação, esta capacidade se transfere ou generaliza tratas de estímulos se as respostas contendo o ele­
para outros conjuntos de estímulos que possuem mento crítico forem reforçadas, ao passo que as

O
propriedades físicas similares a pistas semantica­ respostas a todos os outros padrões de estímulos
mente reladonadas, e até a estímulos altamente dis- aos quais falta o elemento essencial não são refor­
çadas. Deve-se notar aqui que a função controla­

R
similares envolvidos nas redes associativas cogniti­
vas das pessoas, que também podem ser singulares. dora de vários estímulos sociais e ambientais é ge­
ralmente estabelecida simplesmente informando as
G
pessoas a respeito das condições de reforçamento
CONTROLE DO COMPORTAMENTO que estão operando em diferentes situações, ao
INSTRUMENTAL POR ESTÍMULOS invés de deixá-las descobrir isto sozinhas por meio
de um processo aborrecido de reforço seletivo.
KS

A discussão anterior estava toda ela reladonada


com a aquisição de controle por meio de estímulos Contudo, a existência de conseqüências diferenciais
de respostas autonômicas e eletrencefalográficas. é essendal para manter o controle relacionado com
Os comportamentos instrumentais são trazidos sob estímulos produzidos por meios instrucionais.
controle discriminativo de estímulos se a ocorrência Na discussão de processos de controle por meio
O

dos mesmos é associada a conseqüências diferen- de estímulos tem sido habitual distinguir entre as
dais, dependendo da presença ou ausênda de es­ funções eliciadoras ou discriminativas ou de dire­
tímulos particulares. Este processo é mais clara­ ção de respostas dos eventos estimuladores (Skin-
BO

mente ilustrado em estudos simples de laboratório, ner, 1961). Como ja notamos anteriorm ente, as
nos quais certas respostas são reforçadas apenas na respostas autonômicas são elíciadas pelos seus estí­
presença de um estímulo (por exemplo, luz verde), mulos controladores, independentemente das suas
mas nunca num contexto estimulador diferente conseqüêndas subseqüentes. Um estímulo condi­
(por exemplo, luz vermelha). Depois que a discri­ cionado asmático por exemplo, induzirá modifica­
ções respiratórias a parte dos efeitos sodais resul­
EX

minação se formou, uma pessoa responde apenas


na presença da luz verde. Desta forma, ao se intro­ tantes das reações somáticas. Por outro lado, no
duzir 110 ambiente um estímulo discriminativo, isto caso de respostas instrumentais, os estímulos dis­
significa que se um desempenho particular é possí­ criminativos simplesmente modificam a probabili­
vel de ser reforçado, uni considerável grau de con­ dade de que uma dada resposta irá ocorrer, mas
D

trole sobre o comportamento pode ser conseguido. não a eliciam. Além do mais, o controle por meio
de estímulos de comportamentos operantes ou ins­
A citação seguinte apresenta um exemplo mais trumentais é estabelecido e mantido pelas conse­
IN

realista do controle do comportamento por meio de qüêndas diferenciais das respostas, ao invés da as­
estímulos ocorrendo em condições naturais. Nesta sociação temporal de conjuntos de eventos estimu­
ilustração, um padrão elaborado de com porta­ ladores.
mento agressivo por parte de um menino autista Sob condições naturais, o comportamento geral­
era raramente exibido na presença do pai, porém mente é regulado pelas características de pessoas às
livremente expresso na sua ausência. quais as respostas são dirigidas, o contexto social,
Sempre que meu marido estava em casa, Billy era fatores temporais e uma pletora de pistas verbais e
um menino-modelo. Ele sabia que seu pai o casti­ simbólicas que significam conseqüêndas prognosti­
garia rapidamente e sem manifestações de emoção cáveis das respostas. As situações sociais, especial­
se ele se comportasse mal. Mas quando o pai dei­ mente aquelas que envolvem um grande número
xava a casa, Billy ia para a janela e vigiava até que o de pistas multidimensionais, poucas vezes ocorrem
carro fosse embora. Tão logo isto acontecesse, ele
se transformava por com pleto. . . “Abria meu ar­ novamente com exatamente os mesmos elementos
mário de roupas,rasgava meus vestidos de “toillete” constituintes. Por causa da constante variação na
e urinava sobre as minhas roupas. Quebrava os natureza e padrões dos estímulos, a aprendizagem
móveis e corria de um lado para o outro mordendo social seria um processo interminável e excessiva1-
14 PROCESSOS CAUSAIS

mente trabalhoso se as respostas fossem inteira­ juntar-se às outras crianças, os professores não lhe
mente específicas à situação na qual tivessem sido prestavam nenhuma atenção especial.
originalmente reforçadas. Contudo, desempenhos Na segunda fase do programa, um novo con­
que foram reforçados na presença de certas pistas junto de práticas reforçadoras é instituído. Conti­
são também controlados por outros estímulos rela­ nuando com o exemplo acima, os professores para­
cionados física ou semanticamente com as mesmas. ram de recompensar o brinquedo solitário com
Depois que o controle generalizado por meio de es­ atenção e apoio. Ao invés disto, sempre que o me­
tímulos foi estabelecido ele pode ser estreitado, se nino procurou outras crianças, o professor imedia­
necessário, por reforçamento diferencial de respos­ tamente se juntou ao grupo e lhe deu toda a sua
tas a estímulos cujas diferenças são progressiva­ atenção. Em pouco tempo, o isolamento do menino
mente reduzidas (Terrace, 1966). declinou acentuadam ente e ele estava passando
aproximadamente 60 por cento do seu tempo brin­

PS
Controle Comportamental dos Resultados cando com as outras crianças (Fig. 1-1).
Um organismo que respondesse antecipatoria- Depois que as mudanças desejadas no compor­
mente a pistas ambientais informativas mas perma­ tamento foram produzidas, as práticas de reforça­
necesse sem responder aos resultados produzidos mento originais são reinstaladas para determinar se

U
pelo seu comportamento teria uma duração de vida o comportamento inicial era de fato mantido pelas
tragicamente breve. Felizmente, as respostas ins­ suas conseqüências sociais. Nesta terceira etapa, por
trumentais são extensivamente controladas pelas

O
exemplo, os professores novamente não prestaram
suas conseqüências imediatas. Respostas que resul­ atenção à sociabilidade da criança mas, ao invés,
tam em efeitos não recompensadores ou punitivos’ respondiam com cuidados reconfortantes sempre

R
são geralmente eliminadas, ao passo que aquelas que ela estava sozinha. O efeito deste tratamento
que são bem-sucedidas em assegurar resultados po­ tradicional de “higiene mental” foi o de aumentar o
sitivamente reforçadores são mantidas e fortaleci­ afastamento da criança até atingir o nível elevado
G
das. Existe alguma evidência (Kimmel, 1967; Miller original (Fig. 1-1).
1969) de que respostas autonômicas, em relação Na fase final do programa as contingências tera­
às quais se acreditava a n terio rm en te fossem pêuticas são reintroduzidas, o comportamento des­
KS

apenas sujeitas ao condicionamento clássico, podem viante é eliminado e os padrões desejados de com­
também ser modificadas instrumentalmente, até portam ento são generosam ente reforçados. No
certo ponto, por meio de conseqüências diferen­ caso acima, depois que a reatividade social foi bem
ciais. Na realidade, DiCara e Miller (1968) foram estabelecida a freqüência da atenção positiva dos
capazes de estabelecer um controle surpreenden­
O

adultos foi gradualmente diminuída à medida que


temente preciso sobre atividades vasomotoras por o menino começou a derivar satisfação crescente
meio de reforçamento diferencial. das atividades de jogo com seus companheiros. Ob­
BO

Reforçamento Externo. Pesquisas conduzidas por servações de acompanhamento mostraram que o


Harris, Wolf e Baer (1964) elaboradas para mo­ menino manteve o seu padrão social de comporta­
dificar perturbações de comportamento flagrantes mento, que contrastava acentuadamente com o seu
em crianças de escola maternal, mediante a altera­ isolamento prévio.
ção das respostas de atenção dos professores, for­ Crianças com uma grande variedade de distúr­
necem demonstrações impressionantes de como o bios de comportamento participaram de tais pro­
EX

com portam ento desviante pode ser controlado gramas, e em cada caso o com portam ento mal
pelas suas conseqüências sociais. Cada caso envolvia adaptativo foi eliminado, reinstalado, e removido
uma replicação intra-sujeito na qual o comporta­ uma segunda vez simplesmente pela alteração da
mento foi satisfatoriamente eliminado e reinstalado reatividade social dos professores (Harris, Wolf e
D

por meio de uma variação sistemática das contin­ Baer, 1964). Demonstrações adicionais de controle
gências de reforçamento. Este é um método extre­ por reforçamento de comportamentos flagrante­
mamente poderoso para isolar as condições contro­ mente desviantes tanto em crianças como em adul­
IN

ladoras dos fenômenos comportamentais. O proce­ tos são providenciadas por Ayllon e seus associados
dimento em cada caso contém quatfo etapas. (Ayllon e Azrin, 1965; Ayllon e Michael, 1959) e
Em primeiro lugar, a criança é observada por um por Wolf, Risley e Mees (1964).
certo período de tempo para medir a incidência do O controle do comportamento por reforçamento
comportamento desviante, os contextos nos quais é demonstrado também pela evidência de que a
ocorre tipicamente, e as reações que provoca nos freqüência e os padrões de resultados diferentes
professores. Em um caso, um menino extrem a­ produzem diferentes tipos de desempenhos (Fers-
mente isolado gastava aproximadamente 80 por ter e Skinner, 1957). Quando os sujeitos são re­
cento do seu tempo em atividades solitárias em compensados cada vez que exibem o comporta­
áreas isoladas da escola maternal. A observação re­ mento desejado (esquema contínuo) e depois o re­
velou que os professores involuntariamente refor­ forço é completamente retirado, tendem a aumen­
çavam o seu isolamento, prestando muita atenção tar a reatividade por um curto período de tempo e
a ele, refletindo seus sentim entos de solidão, depois apresentam um decréscimo rápido de de­
consolando-o e encorajando-o a brincar com as ou­ sempenho, muitas vezes acompanhado por reações
tras crianças. Porém, quando o menino se decidia a emocionais.
PROCESSOS CAUSAIS 15

PS
U
O
R
Figura 1-1. Percentagem de tempo que um menino autista ocupou na interação social antes do início do tratamento,
durante períodos em que o comportamento social em relação aos companheiros foi positivamente reforçado e durante
G
períodos quando os professores prestavam atenção a seus brinquedos solitários. Harris, Wolf e Baer, 1964.
KS

Às vezes o comportamento é reforçado apenas fixa, entretanto, uma pessoa deve completar uma
depois que passou um período específico de tempo quantidade específica de trabalho para cada re­
(esquema de intervalos fixos). Períodos de paga­ forço. Como nestas circunstâncias o reforço de­
mento, horários de refeições, períodos de recrea­ pende do próprio comportamento da pessoa, estes
esquemas geralmente geram uma reatividade ele­
O

ção, e outras atividades recompensadoras planeja­


das com regularidade ilustram ciclos temporais de vada e estável. Começando com uma razão baixa e
reforçamento que regulam certos aspectos do com­ gradualmente aumentando o número de desempe­
BO

portamento humano. Quando as recompensas são nhos exigidos por reforço, razões elevadas de de­
dispensadas numa base temporal fixa, as conse­ sempenho podem ser desenvolvidas e mantidas por
qüências positivas são as mesmas qualquer que seja um período longo com um mínimo de reforço.
a quantidade de comportamento produzido d u ­ Apesar dos esquemas de razões serem extraordina­
rante o intervalo interveniente. Nestas condições, riamente eficientes para gerar resultados compor-
uma vez que a pessoa desenvolva uma discrimina­ tamentais elevados, as pessoas nas situações extra-
EX

ção temporal, as respostas produzidas após o refor­ laboratório, onde têm muito mais liberdade de
çamento são raras mas aceleram rapidamente, à ação, tendem a se afastar de situações com esque­
medida que se aproxima a ocasião do próximo re­ mas que requerem desempenhos substanciais para
forço. Em situações naturais nas quais os ciclos retornos mínimos, e a selecionar agentes reforça­
dores mais benéficos,
D

temporais de reforçamento podem se estender por


várias horas, dias, semanas e/ou até meses, a apro­ Na vida diária, a maioria dos reforços é disponí­
vação social oü formas coercitivas de pressão são vel não apenas numa base intermitente, mas tam­
IN

geralmente usadas para manter uma razão estável bém em esquemas variáveis. Os efeitos dos esque­
de desempenho. Não obstante, mesmo com estes mas de intervalos variáveis e de razões variáveis sobre
incentivos adicionais, o esquema de intervalos fixos o desempenho foram extensamente estudados sob
tende a gerar apenas um mínimo de resultados es­ condições controladas de laboratório. No primeiro
perados numa dada situação, especialmente se a caso, o lapso de tempo entre reforços sucessivos é
atividade em si é um tanto desagradável. Por outro variado aleatoriamente em torno de algum valor
lado, quando certos desempenhos se tornaram in­ médio temporal; nos esquemas de razões variáveis,
trinsecamente recompensadores, as satisfações de­ o número de respostas por reforço é variado em
rivadas da própria atividade podem superar em torno de uma razão média selecionada. Como os
grande parte a influência de recompensas que reforços são dispensados imprevisivelmente, as dis­
ocorrem temporalmente. criminações temporais ou de razão habituais que
Muito do comportamento humano é sustentado resultam numa reatividade cíclica não podem se
por esquemas de razão nos quais o reforço é con­ desenvolver; conseqüentemente, esquemas variá­
tingente da quantidade de comportamento e não veis geram razões de resposta mais elevadas e mais
da passagem do tempo. Num esquema de razão estáveis, e desempenhos consistentes maiores do
16 PROCESSOS CAUSAIS

q ue os resultados q u e o correm n u m a base reg u la r num esquem a de razão variável. O sujeito p ro d u ziu
ou tlxa. C ontudo, m esm o com reforços irregulares, dois conjuntos acem u ad a m en te d iferen tes d e d e ­
os esquem as d e razão são mais eficientes do q u e os sem p en h o s, cada q u al co rre sp o n d e n d o às curvas
esquem as d e intervalo. A evidência d a pesquisa d e típicas de respostas destes tipos de esquem as. Fi­
fato revela q u e, d e todas as variações nos p ro ced i­ nalm ente, deve ser assinalado que d iferen tes tipos
m en to s d e esquem as disponíveis, o esq u em a d e de eventos de conseqüências positivas e negativas
razão variável é o mais p o te n te p ara susten tar o possuem um p o d e r d e c o n tro le d ife re n c ia l. As
co m p o rtam ento. U m a observação casual dos afic­ questões teóricas e os achados em píricos relevantes
cionados das m áquinas de apostas em Las Vegas a esta variável de refo rçam en to serão considerados
atestam a g en eralid ad e e a validade dos achados de em capítulos subseqüentes desta obra.
laboratório. R eforçam ento Vicário. Até agora a discussão estava
A evidência do controle d e co m p o rtam en to po r relacionada com o g rau em q u e a reativ id ad e é re ­

PS
m eio d e esquem as d e refo rçam en to possui im plica­ g u lad a p o r resu ltad o s ex tern o s q u e atingem d ire ­
ções im po rtan tes p ara a com preensão do co m p o r­ tam en te o su jeito q u e a p re se n ta o d esem p e n h o .
tam en to e d e suas m odificações. A queles q u e foram Existe evidência considerável (Bandura, 1905) de que
criados sob condições mais ou m enos contínuas d e o co m p o rtam en to d e observadores p o d e ser subs­

U
reforçam ento tendem a se desencorajar facilmente e tan cialm en te m o d ificad o em fu n çã o d e te ste m u ­
a d eix ar d e re sp o n d e r q u an d o se d efro n tam com n h a r o co m p o rtam e n to de o u tras pessoas e as con­
u m a não recom pensa ou fracasso fru stra d o r. Em seqüências p ara elas. A observação d e co n seq ü ên ­

O
contraste, pessoas cujos p adrões d e respostas foram cias reco m p en sad o ras g eralm en te in crem en ta d e ­
apenas reforçados in te rm ite n tem en te persistirão no sem p en h o s sim ilares, ao passo q u e o testem u n h o d e

R
seu co m p o rtam e n to p o r um p erío d o d e tem po c o n ­ resu ltad o s q u e co n d u z em ao castigo e x e rce um
siderável, ap e sa r dos obstáculos e re fo rç o in fre - efeito in ib id o r sobre o co m p o rtam en to . Investiga­
q ü en te. Isto, n atu ralm en te, é a história d e refor- ções sistem áticas d a eficácia relativa d o re fo rç a ­
G
çam enio que é mais característica d e todos os p a­ m en to d ireto e vicário revelam q ue as m udanças
drões de resposta estáveis, incluindo os desviantes. exibidas p o r observadores são d a m esm a m ag n i­
Além d o mais, q u an d o são realizados esforços para tu d e (K a n fe r, 1965) o u , sob c e rta s co n d iç õ e s,
KS

ex tin g u ir tal com p o rtam en to , não é inusitado q ue p o dem até ex ced er as alcançadas p o r sujeitos que
um pai ou o u tras pessoas cedam te m p o rariam en te fo ram refo rç ad o s n o seu d e s e m p e n h o (B erg er,
reco m pensando o co m portam ento, particu larm en te 1961; M arlatt, 1968.) Além d o mais, processos vicá­
se ele contin u a sem cessar ou au m en ta d e razão e rios d e refo rçam en to são governâdos p o r variáveis
intensidade. Q u aisq u er reforços que ocorram d u ­ com o a p ercen tag em (Bisese, 1966; K anfer, 1965),
O

ran te o processo d e extinção, porém , irão rein sta­ in te rm itê n c ia (R o se n b a u m e B ru n in g , 1966) e


lar o com portam ento* m uitas vezes num nível mais m ag n itu d e (B runing, 1965) d o reforço, essencial­
BO

elevado d o q u e ocorreria se não tivesse sido tentada m ente d a m esm a m aneira com o o co rre q u a n d o são
a extinção. aplicad o s d ire ta m e n te a um su jeito q u e d e se m ­
Existem o u tras variações sutis nos pad rõ es d e r e ­ p en h a um co m p o rtam en to . E m bora a eficácia d e
fo rçam ento q u e influenciam significativam ente as várias práticas de refo rçam en to vicário seja bem es­
características do com portahiento. C om o será mos­ tabelecida, as m udanças com p o rtam en tais exibidas
trad o mais adiante, o refo rç am e n to diferencial d o pelos observadores p o dem ser in te rp re tad a s d e vá­
EX

co m p o rtam en to q u e é persistente, ou d e elevada rias m aneiras.


m ag n itude, é o u tra form a de interm itência q u e es­ U m a explicação possível é em term os d a função
tab elece um c o m p o rta m e n to d esv ian te e d e s re ­ discrim inativa o u inform ativa dos estím ulos re fo r­
g rad o d e inusitada tenacidade. Os reforços tam bém çadores ap resen tad o s ao m odelo. As conseqüências
p o dem ser aplicados d e m a n eira a p ro d u z ir um d e respostas vivenciadas p o r o u tra pessoa sem d ú ­
D

co m p o rtam e n to atrasado. Este resultado é obtido vida transm item inform ações ao o b serv ad o r a res­
em estudos d e laboratório d a n d o recom pensas dis­ peito das contingências de refo rçam en to prováveis
associadas com d esem p en h o s análogos em situações
IN

poníveis depois que se passou um d eterm in a d o p e ­


ríodo d e tem po, mas apen as se o sujeito deixou d e sem elhantes. O conhecim ento dos tipos d e respos­
re sp o n d e r d u ra n te o intervalo. C ada vez q u e o su ­ tas q u e te n d e m a ser rec eb id as com ap ro v ação
je ito resp o n d e p rem a tu ram e n te, o p erío d o im posto ou desaprovação p o d e mais ta rd e p ree n ch er um a
de esp era se inicia d e novo. A um en tan d o g rad u a l­ função auto-instrucional, facilitando ou inibindo o
m ente o intervalo d e tem po, o autocontrole do su­ c o m p o rta m e n to im itativo. A in fo rm a ç ã o o b tid a
je ito p o d e ser aum entado. pelo te stem u n h o dos resultados vivenciados p o r o u ­
Na vida diária, d iferen tes classes d e co m p o rta­ tros seria especialm ente in flu en te na regulação do
m en to social são controladas p o r esquemas m últiplos co m p o rtam e n to sob condições nas quais existe co n ­
de reforçamento que op eram co n c o rre n te ou a lte rn a ­ siderável am b ig ü id ad e em relação às ações q ue são
tivam ente. Este processo é d ram a tic am e n te ilus­ p erm itidas ou passíveis de punição e o n d e o o b ser­
tra d o n u m e x p e rim e n to co n d u z id o p o r F e rste r v ador acredita q ue as contingências dos m odelos
(Fersier e S kinner, 1957), no qual as respostas da tam bém se aplicam a ele p ró p rio . É altam en te im ­
m ão direita d o sujeito foram reforçadas num es­ provável, p o r exem plo, que te ste m u n h a r a ap ro v a­
quem a de razão fixa, ao passo que as respostas com ção social da agressão física exibida p o r um a pessoa
a m ão esq u erd a foram sim ultaneam ente reforçadas q ue o cu p a um papel singular, com o um policial, in-
PROCESSOS CAUSAIS 17

crementasse grandemente a agressividade imitativa recompensadoras e punitivas. Como já menciona­


de cidadãos observadores. Portanto, são necessários mos anteriormente, as pistas de prazer e dor emiti­
experimentos para testar a magnitude dòs efeitos das por um modelo geralmente eliciam respostas
do reforçam ento vicário como uma função da afetivas correspondentes no observador. Estas res­
comparabilidade das sanções sociais habitualmente postas emocionais despertadas vicariamente podem
aplicadas a modelos e observadores. facilmente se tornar condicionadas às próprias res­
Tipicamente, as respostas dos modelos são refor­ postas modeladas ou a estímulos ambientais que
çadas diferencialmente, dependendo das pessoas estão regularmente correlacionados com as reações
para as quais o comportamento é dirigido e os con­ afetivas do sujeito que desempenha o comporta­
textos sociais nos quais é expressado. Quando as mento. Em conseqüência, a iniciação subseqüente
conseqüências diferenciais são correlacionadas com de respostas equivalentes pelo observador ou a pre­
as diferentes condições estimuladoras, a observação sença de estímulos ambientais correlacionados

PS
do padrão de reforçamento associado com as res­ tende a gerar um certo grau de envolvimento emo­
postas dos modelos ajuda o observador a identificar cional. De uma forma similar, testemunhar a não-
os estímulos sociais ou ambientais para os quais o ocorrência de conseqüências aversivas antecipadas
comportamento modelado é mais apropriado. Estas para um modelo pode extinguir, nos observadores,
pistas relevantes podem ser difíceis de distinguir respostas emocionais previamente estabelecidas que

U
sem uma retroalimentação informativa observada. são despertadas vicariamente por desempenhos
Portanto, mediante exposição repetida aos resulta­ modelados. É possível, portanto, que os efeitos faci-

O
dos obtidos pelos outros, um observador não só ad­ litadores ou supressivos da observação das conse­
quire conhecimento das contingências de reforça- qüências afetivas para o modelo podem em parte
menlo previsíveis como também pode discernir as ser mediados pelo condicionamento vicário ou ex­

R
situações nas quais é mais apropriado exibir um tinção das respostas emocionais.
dado-padrão de comportamento. A aprendizagem
Finalmente, os reforços aplicados a outra pessoa
discriminativa resultante pode facilitar mais tarde o
desempenho de respostas comparáveis na presença
G
podem ter conseqüências importantes na avaliação
social. A punição tende a desvalorizar o modelo e
de pistas às quais o modelo previamente teria res­
seu comportamento, ao passo que modelos que re­
pondido com conseqüências favoráveis. {Church,
KS

cebem elogios e admiração tendem a ser investidos


1957; McDavid, 1962; Paschke, Siinon e Bell, com prestígio e competência (Bandura, Ross e
1967.)
Ross, 1963; Hastorf, 1965). Modificações no sta-
A observação dos resultados reforçadores e das tus do modelo, por sua vez, podem afetar signifi­
reações concomitantes dos modelos também pode cativamente o desempenho subseqüente de respos­
O

ter efeitos ativadores ou motivacionais importantes tas equivalentes por parte dos observadores. Um
sobre o observador. A simples visão de reforços al­ evento vicário particular, dependendo de sua natu­
tamente valorizados pode produzir um despertar
BO

reza e contexto, pode produzir assim modificações


antecipatório que, por sua vez, irá afetar o nível do comportamentais nos observadores por meio de
desempenho imitativo. Desta forma, por exemplo, um ou mais dos cinco processos analisados.
testem unhar um sujeito recompensado com um
doce por executar uma dada seqüência de respostas Os efeitos das conseqüências observadas sobre o
irá transmitir a mesma quantidade de informação desempenho também tendem a ser influenciados
EX

sobre as prováveis contingências de reforçamento a pelas condições sociais sob as quais ocorrem os
um observador faminto e a um observador saciado, eventos vicários. Praticamente sem exceção, os es­
mas os seus desempenhos imitativos subseqüentes tudos discutidos acima empregam um paradigma
irão, provavelmente, diferir radicalmente por causa no qual o comportamento dos observadores é me­
dos efeitos diferenciais do estado de privação dido depois que eles testemunharam uma outra
D

sobre o poder ativador do incentivo antecipado. Da pessoa ser recompensada ou punida por um agente
mesma forma, variações na magnitude dos reforços com o qual os observadores nunca tiveram contato
IN

observados, apesar de fornecerem inform ação algum e cm contextos sociais que diferem dos seus
equivalente sobre a permissão de executar respos­ próprios. As conseqüências observadas podem ter
tas equivalentes, têm efeitos motivacionais diversos efeitos comportamentais diferentes sob condições
sobre os observadores (Bruning, 1965). Como no onde os sujeitos reforçados e os observadores são
caso do reforçamento direto, a motivação produ­ membros do mesmo grupo que estão presentes no
zida pelos incentivos nos observadores tende a afe­ mesmo contexto e interagindo com os mesmos
tar a rapidez, intensidade e persistência com a qual agentes sociais. Observadores que testemunham
as respostas equivalentes são executadas. outros membros serem recompensados por um
Um evento de reforçamento vicário não apenas certo padrão de comportamento podem tempora­
fornece informação sobre as contingências de re­ riamente incrementar suas respostas similares; en­
forçamento prováveis, conhecimento sobre os tipos tretanto, se os seus comportamentos são consisten­
de situações nas quais o comportamento é apro­ te mente ignorados, tendem a abandonar aqueles
priado, e apresenta incentivos que possuem pro­ comportamentos modelados ou até reagirem ne­
priedades ativadoras, mas também inclui expres­ gativamente ao tratamento preferencial do(s) agen-
sões afetivas dos modelos que vivem experiências te(s).
18 PROCESSOS CAUSAIS

Auto-Reforçamento. Embora o poder controlador não preenchem as exigências comportamentais


das conseqüências externas não possa ser minimi­ adotadas ele se nega às recompensas disponíveis e
zado, o auto-reforçamento pode freqüente sobre­ reage de modo autodepreciativo. Mais tarde, os ob­
pujar a influência de resultados externos na dire­ servadores desempenham as tarefas, nas quais re­
ção do com portamento social, especialmente no cebem uma amplitude predeterminada de escores o
caso de crianças mais velhas e adultos. Até recen­ se registram os desempenhos pelos quais eles se re­
tem ente, os fenôm enos de auto-reforçam ento compensam. Dentro deste paradigm a genérico,
foram virtualmente ignorados na teoria e experi­ foram estudados os efeitos independentes e intera­
mentação psicológica, talvez como resultado da tivos de diversas variáveis relevantes teoricamente,
preocupação com a aprendizagem de seres infra- incluindo, entre outras,a história anterior do refor-
humanos. Diferentemente dos seres humanos, os çamento pelo comportamento de realização e grau
quais continuamente se engajam em comportamen­ de diferença na habilidade por parte dos modelos

PS
tos auto-avaliativos e auto-reforçadores, ratos ou cie comparação (Bandura e Whalen, 1966); pre­
chimpanzés não se inclinam a dar-se tapinhas nas sença de pistas de modelação conflitantes (Ban­
costas por desempenhos louváveis ou a censurar-se dura, Grusec e Menlove, 1967; McMains e Liebert,
por que se perdem em becos sem saída. Em con­ 1968); qualidades recompensadoras do modelo e
traste, as pessoas tipicamente se impõem certos reforçamento social do comportamento de estabe­

U
padrões de comportamento e se auto-aplicam con- lecimento de padrões do modelo (Bandura, Grusec
seqüencias recompensadoras ou punitivas, depen­ e Menlove, 1967); se a auto-recompensa material é

O
dendo de se os seus desempenhos são inferiores, acompanhada por auto-avaliação verbal (Liebert e
equivalentes ou excedem as suas exigências auto- Allen, 1967); e a generosidade com que as recom­
impostas. pensas simbólicas são auto-aplicadas (M arston,

R
As respostas auio-reforçadoras são, em certa ex­ 1965a).
tensão, diretamente estabelecidas por meio de re­ G Os resultados destes estudos mostram que as pes­
forços seletivos aplicados inicialmente por agentes soas geralmente adotam os padrões de auto-refor-
.de socialização. Neste processo de aprendizagem, çamento exibidos pelos modelos-exemplo, avaliam
um agente adota um critério do que constitui um seus próprios desempenhos relativamente a este
padrão e depois servem como seus próprios agen­
KS
desempenho valioso e consistentemente recom­
pensa as pessoas por igualar ou exceder o padrão tes reforçadores. Por exemplo, aqueles que foram
adotado, ao mesmo tempo que não recompensa ou expostos a modelos que impõem padrões baixos
pune desempenhos que não atingem o padrão. tendem a ser elevadamente auto-recompensadores
Quando, subseqüentemente, as pessoas assumem o e auto-aprovadores para desempenhos relativa­
O

controle sobre a aplicação de reforços tendem a se mente medíocres. Em contraste, pessoas que obser­
reforçar em uma maneira seletiva similar. Em um varam modelos aderiram a exigências de desem­
estudo que investigou os efeitos do treinamento penho severas apresentam considerável autonega-
BO

avarento e indulgente sobre a razão do auto-refor­ ção e auto-insatisfação ein relação a realizações ob­
çamento, kanfer e Marston (1963) recompensaram jetivamente idênticas. Estes achados ilustram como
os desempenhos de certos adultos generosamente a auto-estima, o autoconceito e os processos de
com reforços simbólicos, acompanhados de uma auto-avaliação relacionados podem ser considera­
atitude de aprovação para com a auto-recompensa, dos num contexto de aprendizagem social, A partir
EX

ao passo que com outros sujeitos o experimentador desta perspectiva, um autoconceito desfavorável é
distribuiu alguns reforços simbólicos a contragosto definido em termos de uma elevada freqüência de
e acautelou os sujeitos contra a solicitação de re­ auto-reforçamento negativo e, ao contrário, um au-
compensas para desem penhos não-m eritórios. loconceito favorável se reflete numa incidência re­
Aqueles que receberam o treinamento generoso lativamente elevada de auto-reforçamento positivo
D

subseqüentemente se recompensaram a si próprios (Marston, 1965b).


muito mais freqüentemente numa tarefa diferente Embora padrões específicos de respostas auto-
IN

do que os sujeitos que foram treinados severa­ reforçadoras possam ser adquiridos por meio da
m ente, apesar das realizações dos dois grupos observação sem a mediação do reforço externo di­
terem sido bem comparáveis. reto, indubitavelmente a avaliação de desempenhos
Existe um corpo de evidência substancial 110 qual que são inferiores, equivalentes ou excedem uma
os processos de modelação desem penham um norma de referência resulta parcialmente de refor­
papel altamente influente na transmissão de pa­ ços diferenciais passados. Assim, por exemplo, os
drões de auto-reforçamento. Num experimento pais que esperam que seus filhos superem o de­
prototípico (Bandura e kupers, 19(34), os sujeitos sempenho médio do seu grupo em quaisquer tare­
observam um modelo no desempenho de uma ta­ fas que executem, irão recompensar seleiivãmente
refa na qual ele adota ou um elevado padrão de realizações superiores e punir ou não recompensar
desempenho ou um critério relativamente baixo realizações médias ou de nível inferior. Níveis dife­
para o auto-reforçamento. Nos ensaios em que o renciais de realização assumem, desta forma, valên­
modelo atinge ou excede a exigência auto-imposia cias positivas e negativas, e o padrão de desem­
ele se recompensa materialmente e expressa auto- penho comum às várias atividades é eventualmente
avaliações positivas, mas quando suas realizações abstraído e aplicado a novas tentativas. Isto é, uma
PROCESSOS CAUSAIS 19

pessoa para a qual o desempenho médio foi repeti­ os reforços foram automaticamente distribuídos
damente desvalorizado irá considerar realizações sempre que alcançavam o nível pré-determinado.
modais em nóvas tarefas como inadequadas e reali­ Para verificar se a produtividade comportamental
zações que ultrapassam os níveis modais como re­ dos sujeitos era devida à operação do reforço con­
comendáveis. Uma vez que as propriedades avalia- tingente ou à gratidão pelas recompensas disponí­
àvas das realizações diferenciais estão bem estabe­ veis, as crianças no grupo do controle pelo incen­
lecidas, equivalências adequadas ou inadequadas tivo desempenhavam a tarefa depois de terem re­
tendem a eliciar respostas auto-reforçadoras simila­ cebido o suprimento de recompensas numa base
res, quaisquer que sejam os desempenhos específi­ não-contingente. Um quarto grupo trabalhava sem
cos que estão sendo comparados. Nesta etapa, todo quaisquer incentivos para estimar a quantidade de
o processo se torna relativamente independente do respostas produzidas pelas próprias propriedades
reforçamento externo e das contingências específi­ da tarefa. Uma vez que a capacidade de manter

PS
cas das situações de treinamento originais, mas durante certo tempo um comportamento que exige
continua dependente de avaliações cognitivas ba­ esforço é o atributo mais importante de uma ope­
seadas na equivalência entre padrões auto-impos- ração de reforçamento, a medida dependente foi o
tos, desempenho e as realizações dos modelos de número de respostas que as crianças exibiam até
referência. Os critérios de comparação social se que não mais desejassem continuar a atividade.

U
tornam envolvidos porque, no caso da maioria dos Como mostramos graficamente na Fig. 1-2, tanto
desempenhos, não existem critérios objetivos de os sistemas autodirigidos como os impostos exter­

O
adequação; portanto, as realizações das outras pes­ namente sustentaram um número substancialmente
soas precisam ser utilizadas como a norma em rela­ maior de respostas do que a condição de recom­
ção à qual a auto-avaliação significativa pode ser pensa não-contingente ou a condição de não-

R
feita. recompensa, as quais não diferiram uma da outra.
Em condições naturais, as práticas de modelação De interesse ainda maior é a prevalência com a qual
G
e reforçamento muitas vezes operam concomitan- crianças na condição autodirigida se impuseram es­
temente de vários modos que suplementam ou con­ quemas de reforçamento altamente desfavoráveis.
trabalançam uns aos outros. Resultados de pesqui­ Nenhuma criança escolheu o escore mais baixo que
sas em que ambas estas fontes de influência são va­ exigia o mínimo de esforço, ao passo que aproxi­
KS

riadas sim ultaneam ente (McMains e Liebert, madamente a metade delas selecionou o nível de
19138; Mischel e Liebert, 1966; Rosnhan, Frede- realização mais elevado como o desempenho que
rick e Burrowes, 1968) m ostram que as auto- merecia auto-recompensa. Além do mais, um terço
recompensas são aplicadas avarentamente quando das crianças subseqüentemente alterou o seu pa­
O

padrões de desempenho severos foram consisten- drão inicial para um nível mais alto, sem um acrés­
temente modelados e impostos, ao passo que as cimo compatível na quantidade de auto-recom­
condições de aprendizagem social nas quais as pes­ pensa, desta forma impondo a si próprias uma
BO

soas modelam e reforçam exigências comportamen- razão mais desfavorável de trabalho em relação ao
tais suaves produzem padrões generosos de auto- reforçamento. Este comportamento é tanto mais
recompensa do comportamento. Na vida diária, as surpreendente porque a auto-imposição de exigên­
pessoas freqüentemente modelam o próprio com­ cias de desempenho severas ocorreu na ausência de
portamento que censuram nos outros. Práticas dis­ qualquer vigilância social e sob condições que eram
crepantes nas quais os modelos prescrevem padrões
EX

muito permissíveis a respeito da auto-recompensa.


severos para os outros mas se impõem padrões sua­ Pode-se assumir razoavelmente que a maioria das
ves, ou se impõem exigências austeras e lenientes crianças mais velhas adquiriram padrões de realiza­
nos outros, reduzem a probabilidade de que nor­ ção por meio da modelação e do reforçamento di­
mas elevadas sejam internalizadas. ferencial, e passaram por experiências nas quais
D

De relevância particular para os processos auto- recom pensar-se por desem penhos julgados de
reguladores é a evidência de que o reforçamento pouco valor foi desaprovado socialmente. Portanto,
IN

autodirigido pode, de fato, manter o comporta­ sob condições nas quais as pessoas têm ampla opor­
mento. Para testar a eficácia relativa de sistemas de tunidade para otimizar seus resultados materiais
reforçamento autodirigidos e impostos extrema­ engajando-se em comportamentos que possuem
mente, B andura e Perloff (1967) realizaram o dim inuído valor de auto-apreciação, tendências
seguinte experimento: Crianças trabalhavam numa conflitantes intensas podem ser despertadas. Por
tarefa na qual poderiam obter escores progressi­ um lado, os indivíduos são tentados a maximizar as
vamente mais elevados à medida que suas respostas recompensas com um custo mínimo para si pró­
evidenciavam maiores esforços. As crianças na con­ prios, mas que, por outro lado, desempenhos de
dição de auto-reforçam ento selecionavam seus qualidade inferior produzem conseqüências auto-
próprios padrões de realização e se recompensa­ avaliadoras negativas, as quais, se suficientemente
vam sempre que atingiam suas normas auto-impos- intensas, podem inibir a autooompensação não me­
tas. As crianças alocadas a uma condição de refor­ recida. Na realidade, muitas das crianças do expe­
çamento imposto externamente foram equiparadas rimento se impuseram exigências de desempenho
ao grupo da auto-recompensa, de tal modo que o que conduziam a esforços elevados com um mí­
mesmo padrão de desempenho lhes foi atribuído e nimo de recompensa material. Estes achados diver­
20 PROCESSOS CAUSAIS

PS
U
O
R
G
KS
O

Figura 1-2.
Produtividade comportamental de crianças sob condições em que suas respostas foram auto-reforçadas ou
externamente reforçadas ou em que receberam recompensas numa base não contingente ou não receberam recom­
pensa nenhuma. Bandura e Perloff, 1967.
BO

gem do que se poderia esperar com base nas teorias ja r os efeitos dos resultados externos (Kanfer,
de custo-recom pensa, a não ser que estas formula­ 1968) complica a interpretação das mudanças com-
ções incluam os custos de auto-estima decorrentes portameniais supostamente devidas ao reforça­
de recompensar um comportamento desvalorizado.
EX

mento externo.
Depois que um sistema de reforçamento autodi- As discussões da psicopatologia geralmente enfa­
rigido foi bem estabelecido, um dado desempenho tizam condições de déficit, inibições de resposta e
produz dois conjuntos de conseqüências — uma mecanismos de esquiva. Contudo, problemas pes­
reação de auto-avaliação assim como algum resul­ soais resultam freqüentemente de disfunções nos
D

tado externo. Em muitos casos as conseqüências au- sistemas de auto-reforçamento. Muitas das pessoas
togeradas e ocorrendo externamente podem entrar que procuram tratamento não são nem incompe­
IN

em conflito; quando, por exemplo, certas linhas de tentes nem ansiosamente inibidas, mas vivenciam
ação são aprovadas e encorajadas por outros mas, uma grande dose de angústia pessoal que deriva de
se efetuadas, conduzem a reações autocríticas e padrões de auto-avaliação excessivamente elevados,
auto-avaliativas negativas. Nestas circunstâncias, os muitas vezes apoiados por comparações desfavorá­
efeitos do auto-reforçam ento podem prevalecer veis com modelos conhecidos pelas suas realizações
sobre as influências externas. Ao contrário, padrões extraordinárias. Este processo tipicamente dá ori­
de respostas podem ser efetivamente mantidos por gem a reações depressivas, sentimentos de inferio­
operações de auto-reforçamento sob condições de ridade e falta de propósitos, e a uma disposição
apoio externo mínimo. É, talvez, por causa dos efei­ diminuída para o desempenho por causa de conse­
tos estabilizadores do auto-reforçamento que as qüências negativas autogeradas. Em suas formas
pessoas habitualmente não se comportam como ca­ mais extremas, este problema se reflete nos com­
ta ventos em face das contingências de reforça­ portamentos designados para escapar da angúsda
mento conflitantes que encontram repetidamente autogerada por meio do alcoolismo, idéias grandio­
no seu ambiente social. O fato de que o auto-refor­ sas, falta de disposição para se engajar em ativida­
çamento pode substituir, suplementar ou sobrepu­ des que possam ter implicações importantes de
PROCESSOS CAUSAIS 21

auto-avaliação e outras formas de comportamento auto-relatos verbais e outros índices indiretos de


de esquiva. A modificação dos padrões de auto- eventos que ocorrem num nível particular. Nas dis­
reforçamento constitui um objetivo psicoterapêu- cussões dos problemas metodológicos e das ques­
tico principal em condições que envolvem autode- tões teóricas que se relacionam com os processos
mandas excessivamente intensas. simbólicos é habitual enfatizar as limitações e as
O comportamento social é geralmente regulado, imprecisões dos auto-relatos. Assinala-se que, de­
em certa extensão, por operações ocultas de auto- vido a uma facilidade defeituosa de autodescriçào e
reforçam ento que se apóiam em conseqüências de várias influências distorsivas, os eventos públicos
simbolicamente geradas na forma de auto-apro­ e privados podem estar imperfeitamente correla­
vação, reações que aumentam a auto-estirna, ou au- cionados. Os eventos particulares não são só difíceis
todesvalorização. Pessoas que falharam no desen­ de identificar, mas como não podem ser direta­
volvimento de sistemas de reforçamento autodiri- mente manipulados possuem valor limitado na aná­

PS
gidos, ou que tornam a auto-recompensa contin­ lise causal ou no controle prático do comporta­
gente do desempenho habilidoso de comportamen­ m ento. Estes argum entos dissuasivos, porém ,
tos anti-sociais, exigem uma vigilância social consi­ nunca citam os estudos inumeráveis que demons­
derável para assegurar que não transgridam as tram que, sob muitas condições, eventos ocultos au-
todescritos possuem um poder preditivo maior e

U
normas. Similarmente, indivíduos que se impõem
padrões de comportamento permissivos se incli­ uma maior influência reguladora sobre o compor­
nam a apresentar um comportamento de realização tamento do que as variáveis externamente manipu­

O
baixo e um padrão de vida liberal de autogratifica- ladas às quais se atribui tipicamente o papel expla-
ção. natório central nos processos de mudança.

R
Existe evidência considerável de que não é possí­
Regulação Simbólica do Comportamento vel explicar satisfatoriamente o comportamento hu­
Algumas teorias psicológicas, admitindo embora mano enquanto se permanece inteiramente fora do
G
que as co-variações de estímulos-resposta são me­ organismo, uma vez que o comportamento mani­
diadas por eventos ocultos, apesar disso, aderem festo é muitas vezes governado por uma estimula­
rigorosamente a explicações causais do comporta­ ção autogerada que é relativamente independente
KS

mento apresentadas quase exclusivamente em ter­ de eventos estimuladores ambientais. A guisa de


mos de variáveis manipuláveis externam ente. A ilustração, consideremos um experimento condu­
perseguição de causas externas se apóia na pressu­ zido por Miller (1951) para demonstrar como as
posição básica de que os processos ocultos são le­ reações emocionais podem ser colocadas sob con­
trole do pensamento. Solicitou-se aos estudantes
O

galmente determinados por eventos que ocorrem


externamente, e, portanto, podem ser deixados de que pronunciassem em voz alta os símbolos T e 4 à
lado no prognóstico e controle do comportamento. medida que estes eram apresentados numa seqüên­
BO

Este ponto de vista foi advogado com mais força cia aleatória. O pronunciamento de T foi consisten-
por Skinner (1953): “A objeção aos estados internos tem ente seguido de estimulação de choque, ao
não é que eles não existam, mas que não são rele­ passo que o 4 nunca recebeu choques. Depois que a
vantes numa análise funcional. Não podemos expli­ discriminação foi estabelecida, apresentou-se aos
car o comportamento de qualquer sistema perma­ sujeitos uma série de pontos; e eles receberam ins­
necendo inteiramente dentro dele; eventualmente, truções de pensar T para o primeiro ponto, 4 para
EX

temos que nos dirigir para forças que operam de o segundo, e assim por diante, numa seqüência alter­
fora sobre o organismo [pág. 35].” nada. Os sujeitos apresentaram uni padrão de
respostas autonômicas altamente discriminativo,
A prática comum de invocar agentes ou estados sendo que os pensamentos de T produziram muitas
internos espúrios como determinantes do compor­ respostas autonômicas e os pensamentos de 4 não
D

tamento produziu também uma cautela justificada produziram praticamente nenhuma reação. Estas
em relação às variáveis inferenciais, Depois que um respostas discriminativas não podem ser explicadas
IN

dado padrão de respostas foi atribuído à ação de em termos das propriedades dos estímulos externos
um homúnculo psíquico, a procura das condições de pontos, os quais eram idênticos e apenas assina­
controladoras cessa imediatamente. Embora o uso lavam as ocasiões para atividades cognitivas autoge-
de entidades animistas mais coloridas em esquemas radas que produziam reações emocionais. De fato,
explanatórios esteja declinando, a tendência para a função trivial dos estímulos externos poderia ser
oferecer novos rótulos descritivos para os fenôme­ inteiramente eliminada simplesmente instruindo os
nos comportamentais à guisa de explicações conti­ sujeitos para gerar os pensamentos aversivos e neu­
nua florescento. tros numa seqüência não previsível, e para abaixar
A negligência relativa dos fenômenos vivenciais uma tecla para sinalizar qual o evento cognitivo que
resulta primariamente de sua acessibilidade limi­ estava prestes a produzir. O conhecimento do pa­
tada. Os processos de pensamento são diretamente drão de pensamentos autogerados do sujeito per­
acessíveis apenas para a pessoa na qual ocorrem e, mitiria um prognóstico preciso de suas respostas
portanto, a sua presença, ausência e natureza exata autonômicas. Em situações naturais, um estímulo
não podem ser verificadas independentemente. Em externo breve muitas vezes inicia uma longa cadeia
conseqüência, somos forçados a nos apoiar sobre de atividades cognitivas que é determ inada em
22 PROCESSOS CAUSAIS

grande parte por elos mediacionais associativos do ceitualização com o controle por meio de um estí­
que pelo insumo ambiental temporalmente remoto. mulo abstrato, mediante o qual, pelo reforçamento
Sob condições nas quais os processos de pensa­ seletivo, uma propriedade comum de diversos es­
mento essencialmente servem como um primeiro tímulos complexos vem a controlar a resposta. O
elo nas seqüências causais, pode-se predizer o com­ autor argumenta que “o termo controle por meio de
portamento de forma muito precisa na base de estímulos abstratos é um tanto preferível kformação de
uma estimulação interna definida pelo sujeito. Até conceitos porque enfatiza as propriedades controla­
que instrumentos que discriminem diferenças sutis doras do estímulo ao invés de um processo interno
entre eventos simbólicos sejam desenvolvidos, uma e não alcançável [pág. 404]”. As limitações deste
abordagem compreensiva do entendim ento do tipo de abordagem se tornam facilmente aparentes
comportamento humano terá que se apoiar sobre em casos, como os citados acima, nos quais os dife­
um indivíduo tanto como agente quanto como objeto rentes estímulos não possuem nenhuma proprie­

PS
de estudo. A maioria dos experimentos atuais sim­ dade física em comum mas precisam ser categori­
plesmente evita as questões do controle interno por zados na base de um atributo rotulado simbolica­
meio de estímulos, confinando a pesquisa àqueles mente.
fenômenos comportamentais que podem ser postos Na maioria das funções de nível superior, as re­

U
sob a influência das propriedades físicas dos estí­ gras implícitas que regulam o comportamento não
mulos externos. podem ser definidas apenas em termos de proprie­
Em um artigo dedicado ao controle de eventos im­ dades de estímulos ou combinações de elementos

O
plícitos, Homme (1965) indica que os problemas da estimuladores. Em um experimento conduzido por
definição e detectação de respostas encobertas Sassenrath (1962), por exemplo, apresentou-se aos

R
foram desnecessariamente exagerados. Argumenta estudantes uma série de palavras de diferentes ta­
com razão que sob a maioria das condições a pre­ manhos, às quais deveriam responder com núme­
sença ou ausência de atividades encobertas pode ros corretos que só poderiam ser consistentemente
G
ser facilmente detectada pela pessoa na qual estão produzidos recorrendo-se a um código complicado
ocorrendo. Como será mostrado no último capí­ e não especificado. O princípio de aplicação do re­
tulo, as pessoas não somente são capazes de discri­ forço consistiu de 11 menos o número de letras na
KS

minar fidedignamente os eventos internos, mas palavra estímulo, de modo que as respostas corretas
podem manipulá-los também fazendo com que o tinham que ser determinadas por transformações
auto-reforçamento seja contingente à sua ocorrên­ simbólicas de estímulos externos. Os sujeitos even­
cia. Além do mais, reações afetivas induzidas pelo tualmente fizeram transformações simbólicas exa­
pensamento podem ser empregadas com sucesso tas, que então se tornaram estímulos internos para
O

com o objetivo de controlar o nosso próprio compor­ a produção de respostas corretas. O processo de
tamento manifesto. Nos exemplos acima, as ativi­ auto-reforçamento, no qual as pessoas se auto-apli-
BO

dades implícitas constituem ou fenômenos impor­ cam conseqüências recompensadoras ou punitivas


tantes por si mesmos ou antecedentes causais ao na base de padrões de conduta implícitos, é outro
invés de simples acompanhantes internos dos even­ fenômeno que envolve um comportamento interno
tos comportamentais e ambientais. regulado por regras.
Existem inúmeros processos psicológicos nos O comportamento também pode ser governado
quais eventos mediadores internos precisam ocor­ até certo ponto por mediadores imaginários que re­
EX

rer antes que os estímulos externos possam exercer presentam eventos comportamentais previamente
um controle sobre os desempenhos manifestos. Me­ observados e situações ambientais. É extremamente
diadores verbais, na forma de auto-instruções, res­ difícil pensar a respeito das ações de pessoas em
postas de categorização implícita ou elos por meio dados contextos ou aspectos do seu ambiente físico
de associações de palavras comuns são talvez os re­
D

sem vivenciar imagens visuais correspondentes. O


guladores simbólicos mais prevalentes do compor­ papel altamente influente dos processos simbólicos
tamento. As pessoas muitas vezes são obrigadas a se na modificação do comportamento é mais evidente
IN

apoiar no autocontrole verbal quando os estímu­ na aprendizagem observacional ou vicária (Ban-


los externos para as respostas corretas estão ausen­ dura, 1965). O paradigma utilizado para estudar
tes (Bem, 1967; Luria, 1961). Da mesma forma, em este fenômeno envolve um procedimento de aqui­
muitas variantes de comportamento conceituai ou sição não vinculado a respostas, no qual a pessoa
em generalizações semânticas, as pessoas apresen­ apenas observa o comportamento do modelo mas
tam uma resposta comum a estímulos altamente não exibe respostas instrumentais manifestas; tam­
dissimilares (por exemplo, alcachofras, morangos, bém não se aplica nenhum estímulo reforçador d u ­
lagostas, sopa de cebola, costelas de carneiro, pão rante o período de aquisição. A exposição a in­
integral, vinho e “soufflé” de chocolate). O desem­ fluências de modelação é um meio extremamente
penho nestas condições é governado por uma regra eficiente de transm itir e modificar o com porta­
mediadora ou um atributo comum rotulado ver­ mento social e conceituai. Como neste modo de
balmente (comestíveis sadios) e não pelas caracterís­ aquisição de respostas os observadores apenas
ticas físicas dos estímulos externos apenas (Bourne, podem adquirir respostas perceptivas e outras res­
1966). Numa explicação não mediacionaí do com­ postas implícitas que se assemelham aos padrões
portamento conceituai, Ferster (1968) iguala a con- modelados enquanto estes ocorrem, mediadores
PROCESSOS CAUSAIS 23

verbais e imaginários que governam a subseqüente Outras demonstrações da regulação interna do


recuperação e reprodução de respostas desempe­ comportamento são fornecidas por estudos (Bailey,
nham um papel proeminente na aprendizagem ob­ 1955; Bailey e Porier, 1955; Levine, 1953), nos
servacional. quais sujeitos infra-humanos devem aprender a
Existe um corpo crescente de evidência (Bower, responder diferencial mente na base de estimulação
1969; Paivio, 1969) de que os processos de imagina­ interna associada com diferentes estados de pulsões
ção servem a uma função mediadora ao facilitar a como sede ou fome porque o ambiente não contém
aprendizagem verbal associativa. Nestes estudos, nenhuma pista orientadora distitigüível. Sob essas
mediadores imaginários são manipulados experi­ condições, as pistas diferenciais fornecidas pelos es­
mentalmente ao instruir os sujeitos para ligar os tados internos de pulsão, ou mesmo imensidades
membros de cada par de termos de estímulo e res­ diferentes de pulsões idênticas, dão origem a pa­
postas com uma imagem distintiva, e usando itens drões de comportamento dissiniilares. Estes achados

PS
de estímulo que variam na sua capacidade de evo­ são consistentes com os citados anteriormente nos
car imagens vívidas. Os achados demonstram que quais estímulos internos são dotados de proprieda­
durante as apresentações aos pares os sujeitos codi­ des controladoras por meio do condicionamento in-
ficam os estímulos e as respostas em imagens men­ teroceptivo.
tais para representação na memória; mais tarde, os O poderoso controle interno do comportamento

U
estímulos servem como pistas que reinstalam a é vividamente ilustrado no comportamento des-
imagem composta a partir da qual o componente viante flagrante para o qual as contingências con­

O
da resposta é decodificado na sua forma verbal troladoras são geradas quase inteiramente de modo
original. A aprendizagem associativa mediacionada simbólico. O trecho citado abaixo (Bateson, 1961)
por meio de imagens é muito superior àquela na foi retirado de um relato de um paciente relativo à

R
qual este tipo de processo representacional opera sua psicose muito antes que se tornasse moda es­
minimamente. crever sobre suas experiências psiquiátricas. O nar­
G
Existe alguma evidência que sugere que mediado­ rador tinha sido criado de forma escrupulosamente
res incitadores também podem exercer uma função moral, sendo que até os padrões de com porta­
reguladora sobre o comportamento emocional. De mento mais aprovados socialmente eram conside­
rados desviantes, pecaminosos e tendentes a provo­
KS
acordo com a teoria do processo duplo do compor­
tamento de esquiva, os estímulos adquirem, por car a ira de Deus; conseqüentemente, muitos atos
meio de sua conjunção têmpora) com as experiên­ inócuos, como aceitar medicação, provocavam
cias aversivas, a capacidade de produzir reações in- apreensões terríveis, que, por sua vez, motivavam e
citadoras que possuem componentes centrais e au­ mantinham rituais excessivamente dolorosos desti­
O

tonômicos. Também se assume que as respostas ins­ nados a evitar as conseqüências desastrosas imagi­
trumentais de esquiva se tornam parcialmente con­ nadas.
dicionadas a estímulos correlacionados com a inci­
BO

Durante a noite acordei com uma impressão ter­


tação. A evidência mais direta de que os mediado­ rível, escutei uma voz falando comigo e imaginei
res incitadores que operam primordialmente no que a minha desobediência à fé, ao tomar o remé­
nível central exercem um controle discriminativo dio de noite, não tinha apenas ofendido a Deus,
sobre o comportamento de esquiva é apresentada mas tornou o trabalho da minha salvação extre­
por Solomon e T ü rn e r (1902). Os animais pri­ mamente difícil, pelo seu efeito sobre o meu espí­
rito e humor. Ouvi que só poderia ser salvo agora
EX

meiro aprenderam a executar uma resposta de es­ ao transformar-me em um corpo espiritual. .. Um


quiva a um estímulo luminoso. Foram então esque- espírito veio e se preparou para me orientar nas
leticamente imobilizados por meio do curare para minhas ações. Estava deitado de costas e o espírito
prevenir que as respostas de esquiva fossem condi­ parecia aterrissar no meu travesseiro ao lado da
cionadas diretamente a estímulos externos; o cho­ minha orelha direita, e comandar meu corpo. Fui
D

que foi emparelhado com um som enquanto que colocado num a atitude cansativa, descansando
um som contrastante nunca foi associado à estimu­ sobre os meus pés, meus joelhos levantados e sobre
IN

lação aversiva. Em testes subseqüentes, os animais a minha cabeça, e obrigado a balançar o meu corpo
de lado a lado sem cessar. Enquanto isso, ouvia
apresentaram essencialmente o mesmo grau de es­ vozes do lado de fora e dentro de mim, e sons
quiva em resposta à luz e ao som com valência ne­ como o ranger de correntes, e a respiração de
gativa, que ambos evocaram com reações comuns grandes foles e a força das chamas. Compreendi
de incitamento, ao passo que respostas de esquiva que só pela misericórdia de Jesus eu estava salvo de
raramente ocorreram em relação ao som neutro. ver, assim como ouvir, o inferno em volta de mim,
Considerando que a luz e os sons nunca foram as­ e que se eu não fosse obediente a seu espírito, ine­
sociados, e assumindo que o curare bloqueou todas vitavelmente acordaria no inferno antes da manhã.
as atividades dos músculos esqueléticos (Black, Depois de algum tempo descansei um pouco, e de­
pois, movido pelo mesmo espírito, assumi uma po­
1967), desta forma evitando qualquer condiciona­
sição similar no chão, onde permaneci até que eu
mento diferencial das respostas de esquiva aos sons, compreendi que o trabalho do Senhor estava ter­
o poder controlador do estímulo auditivo com va­ minado, e que agora a minha salvação estava asse­
lência negativa tem que ser mediado ou por even­ gurada; ao mesmo tempo, a orientação do espírito
tos no sistema nervoso central ou por mecanismos me deixou, e fiquei em dúvida sobre o que fazer
de retroalimentação autonômica. depois. Compreendi que isto provocou a Deus,
24 PROCESSOS CAUSAIS

t imo se eu estivesse fingindo ignorância quando blasfêmia ter-se apossado de mim ,.. que eu preci­
sabia o que tinha que fazer, e, após certa hesitação, sava, no poder do Espírito Santo, me redimir e me
escutei o comando: “Assuma novamente sua posi­ livrar dos espíritos de zombaria e blasfêmia que
ção no chão”, mas eu não linha orientação ou talvez se tinham apossado de mim.
nenhuma orientação perfeita para fazê-lo, e por A maneira pela qual eu era tentado a fazer isto
isso não podia assumi-la de novo. Disseram-me, era jogando-me para trás no topo da minha cabeça,
contudo, que a minha salvação dependia da manu­ e, descansando apenas no topo da minha cabeça e
tenção desta posição da melhor maneira que eu sobre os meus pés, virar de um lado para outro até
pudesse até de manhã; e, oh! grande foi a minha que quebrasse o meu pescoço. Suponho que então
alegria quando percebi os primeiros raios da au­ já estava num estado de delírio febril, mas o meu
rora, que eu não acreditava que pudesse aparecer bom senso e prudência ainda se recusavam a exe­
tão cedo [págs. 28-29]. cutar esta ação estranha. Fui então acusado de falta
de fé e covardia, de temer o homem mais do que a

PS
A citação acima nos dá um exemplo claro de Deus.
como o comportamento pode vir a ser colocado sob Tentei executar a ordem, o empregado me im­
o controle completo de contingências fictícias e re­ pediu. Deitei-me contente por ter-me mostrado
pronto a obedecer apesar da sua presença, mas
forços fantasiados suficientemente poderosos para agora eu era acusado de não ter coragem de lutar
sobrepujar a influência das contingências de refor-

U
com ele até chegarmos às vias de fato. Novamente,
çam ento existentes no am biente social. Desta tentei fazer o que me ordenavam. O empregado
forma, a aceitação de um remédio, ato que mais me segurou, eu livrei-me dele dizendo-lhe que era

O
tarde foi considerado como rebelião contra a des­ necessário para a minha salvação; ele deixou-me
crença no Deus Todo-Poderoso, gerou alucinações e desceu as escadas. Tentei, então, fazer o que
extremamente aversivas de torturas infernais, cujo tinha começado; mas agora percebi ou que eu não

R
cessar era contingente do desem penho de um conseguia jogar-me assim em volta da minha ca­
beça ou que o meu medo de quebrar o pescoço era
com portamento estranho e árduo. A não-ocor-
realmente demasiado forte para a minha fé. Neste
rência de ameaças subjetivamente vivenciadas mas
objetivamente não existentes, indubitavelm ente
G caso, eu certamente zombava, pois os meus esfor­
ços não eram sinceros.
serve como um mecanismo importante para manter Falhando nas minhas tentativas, ordenaram-me
muitos outros tipos de comportamento psicótico. que expectorasse violentamente, para me livrar dos
KS

Dada à conjunção de contingências fictícias e um meus dois inimigos formidáveis; e depois me disse­
sistema reforçador interno poderoso, o comporta­ ram para beber água, e o Todo-Poderoso estava sa­
mento da pessoa tende a permanecer sob um con­ tisfeito; porém que eu não estava satisfeito (nem
trole ambiental muito precário mesmo com a ocor­ poderia, sinceramente, estar, porque sabia que
não tinha executado suas ordens), e deveria tomar
O

rência de punições externas severas e experiências de novo a minha posição; assim o fiz, o meu aten-
não confirmadoras flagrantes. dente veio com um assistente e me forçaram a co­
BO

Quando abri a porta, vi um empregado gordo no locar uma camisa de força. Mesmo assim eu tentei
hall, o qual me explicou que lá estava para me im­ de novo assumir a posição que me ordenavam to­
pedir de sair, em virtude de ordens dadas pelo dr. mar. Eles então amarraram as minhas pernas aos
P. e meu amigo; quando reclamei, entrou no meu pés da cama, e assim me seguraram [págs. 34-35].
quarto e ficou adiante da porta. Insisti em sair; ele,
em me impedir. Adverti-o do perigo que ele corria O processo de modificação do comportamento
ao se opor à vontade do Espirito Santo, roguei que será conceitualizado de maneira muito diferente,
EX

me deixasse passar ou, de outra forma, algum mal dependendo de se a pessoa admite que as respostas
lhe aconteceria, porque eu era um profeta do Se­ são reguladas predominantemente por eventos es­
nhor. Ele não se mostrou nem um pouco abalado timuladores externos ou parcialmente por eventos
pelo meu discurso, portanto, após adverti-lo várias mediadores simbólicos. Nas interpretações não-
vezes, pelo desejo do Espírito cuja palavra eu ou­
D

mediacionais, a aprendizagem é descrita como um


via, segurei um dos seus braços, tentando atrofiá-
lo; minhas palavras foram em vão, nenhum efeito processo mais ou menos automático, no qual os es­
ocorreu e eu estava envergonhado e atônito. tímulos se tornam associados com as respostas ma­
IN

Pensei eiHão: me fizeram de tolo! Mas eu não nifestas por meio do reforço diferencial. Em con­
passei a desconfiar das doutrinas que fizeram-me traste, nas formulações mediacionais o aprendiz
expor a esse erro por tal motivo. As doutrinas, tem um papel muito mais ativo e a sua reatividade
pensei, são verdadeiras; mas eu sou ridicularizado é sujeita a uma determinação cognitiva extensiva.
pelo Todo-Poderoso pela minha desobediência a Na base da saliência de eventos ambientais e expe­
elas e, ao mesmo tempo, tenho a culpa, assim como riências passadas de aprendizagem, as pessoas sele­
a tristeza de trazer descrédito à verdade, pela
minha obediência a um espírito de ridículo, ou
cionam os estímulos aos quais irão responder; os
minha desobediência ao Espírito Santo; pois não eventos ambientais são codificados e organizados
faltavam vozes a me sugerir que a razão pela qual o para representação na memória; hipóteses provisó­
milagre falhou era que eu não aguardara que o rias relativas aos princípios que governam a ocor­
Espírito orientasse a minha ação quando a palavra rência do reforço são derivadas de conseqüências
foi dita e que tinha agarrado o braço do homem diferenciais que acompanham o comportamento
com a mão errada .. . [pág. 33], manifesto; e depois que uma dada hipótpse implí­
As vozes me informaram que a minha conduta cita foi adequadamente confirmada por ações cor­
era devida ao fato de um çspírito de zombaria e respondentes bem-sucedidas, as regras ou princí­
PROCESSOS CAUSAIS 25

pios de mediação servem para orientar o desem­ posta de contenda exigida, produziram um meio
penho de respostas apropriadas em ocasiões futu­ altamente aversivo. Quando as mudanças de res­
ras. Evidências empíricas relevantes relacionadas posta são selecionadas como dados para a análise,
com estas duas abordagens teóricas serão revistas no como é o caso quase invariavelmente, então as con­
último capítulo desta obra. tingências ambientais aparecem como condições fi­
Tem sido habitual na teorização psicológica cons­ xas, controladoras; se, ao contrário, os dados fos­
truir esquemas explanatórios inteiros a partir de sem analisados em função da quantidade de esti­
uma só formá de controle comportamental, com a mulação aversiva criada por cada sujeito, então o
negligência relativa de outras variáveis e processos ambiente se torna o evento mutável, que pode va­
obviamente influentes. Assim, por exemplo, alguns riar consideravelmente para sujeitos diferentes e
psicólogos tenderam a se concentrar sobre o con­ em ocasiões diferentes para o mesmo sujeito.
trole de estímulos efetuado principalmente por Dentro do contexto da análise ambiental, poder-se-

PS
meio de operações de condicionamento clássico; os ia, por exemplo, administrar álcool a um grupo de
skinnerianos focalizaram primordialmente o con­ sujeitos no paradigma de Sidman e água a outros, e
trole do comportamento por meio do reforçamento depois comparar os tipos de ambientes aversivos
externo; e pesquisadores que favorecem interpre­ produzidos sob ajndições de intoxicação e sobrie­
tações cognitivas têm estado mais preocupados com dade.

U
os processos mediacionais. Estas adesões entusiásti­ As situações interpessoais, naturalmente, ofere­
cas a processos parciais são tipicamente acompa­ cem uma latitude muito maior para determinar as

O
nhadas por certo desdém em relação às variáveis contingências que mantêm o comportamento. Em
aceitas por teóricos dos outros grupos. Uma teoria trocas sociais, o com portamento de uma pessoa
compreensiva do comportamento humano tem que exerce um certo grau de controle sobre as ações

R
englobar todas as três fontes da regulação do com­ dos outros. Para dar um exemplo, contra-reações
portamento, isto é, controle por meio de estímulos, provocadas por respostas hostis são provavelmente
G
controle simbólico interno e controle pelos resulta­ muito diferentes das provocadas por respostas
dos. Em muitas situações, naturalmente, dois ou amistosas. A análise experimental feita por Rausch
mais destes processos podem operar simultanea­ (1965), das trocas seqüenciais entre crianças, revela,
mente dirigindo a reatividade. de fato, que o ato estimulador imediatamente’pre­
KS

cedente por parte de uma pessoa era o principal


A Aprendizagem Social como um determ inante da resposta da outra pessoa. Ém
Processo de Influência Recíproca aproximadamente 75 por cento dos casos, o com­
As teorias psicodinâmicas da personalidade tipi­ portamento hostil provocou respostas inamistosas,
O

camente descrevem as ações desviantes dos indiví­ ao passo que atos cordiais antecedentes raramente
duos como impelidas por forças internas poderosas as elicitaram. As crianças agressivas, desta forma,
que não são apenas capazes de controlar, mas criaram pelas suas ações um ambiente hostil, ao
BO

de cuja existência nem ao menos têm reconheci­ passo que crianças que apresentavam modos de
mento. Por outro lado, as formulações comporta- resposta interpessoais amistosas geravam um meio
mentais muitas vezes caracterizam os padrões de social amistoso. Estes achados dem onstram que
resposta como dependentes das contingências am­ pessoas, muito longe de serem reguladas por um
bientais. O ambiente é apresentado como uma pro­ ambiente impositivo, desempenham um papel ativo
na construção das suas próprias contingências de
EX

priedade mais ou menos fixa que influencia os in­


divíduos e à qual o seu comportamento eventual­ reforçamento por meio de seus modos característi­
mente se adapta. Nenhum destes pontos de vista a cos de resposta. A teoria da interação social pro­
respeito do homem é especialmente encorajador ou posta por Thibaut e Kelley (1959) se apóia for­
inteiramente exato. temente sobre contingências de reforçamento mú­
D

O funcionamento psicológico, de fato, envolve tuo. As pesquisas estimuladas por esta conceituali-
uma interação recíproca contínua entre o compor­ zação oferecem numerosas demonstrações de como
resultados em trocas diádicas são conjuntamente
IN

tamento e as suas condições controladoras. Embora


as ações sejam reguladas pelas suas conseqüências, determinadas pelo comportamento de ambos os
o ambiente controlador é, por sua vez, muitas vezes participantes.
significativamente alterado pelo comportamento. Poder-se-ia argumentar que se cada pessoa par­
Exemplos da maneira pela qual o comportamento cialmente cria o seu próprio ambiente, então não
modifica o ambiente podem ser encontrados até em resta ninguém para ser influenciado. Este aparente
experimentos simples com sujeitos infra-humanos. paradoxo deixa de levar em conta o fato de que a
Como meio de estudar a aquisição de respostas de reciprocidade é raramente perfeita, já que o com­
esquiva, Sidman (1960, 1966) elaborou um para­ portamento não é o único determinante de eventos
digma no qual os animais podiam postergar a ocor­ subseqüentes. Além do mais, eventos controladores
rência de choques aversivos abaixando uma ala­ e controláveis geralmente ocorrem num padrão al­
vanca. Nestas condições, alguns animais criaram ternativo e não concorrente até que a seqüência de
para si mesmos um ambiente essencialmente livre interação seja terminada. O processo de reforça­
de punições, ao passo que outros, os quais por uma mento recíproco envolvido na produção involuntá­
ou outra razão eram vagarosos em adquirir a res­ ria e no fortalecimento de acessos de raiva em
26 PROCESSOS CAUSAIS

crianças serve para ilustrar este último ponto. Na produtos secundários de distúrbios psíquicos. Pro­
maioria dos casos, as solicitações suaves de crianças cessos recíprocos nocivos podem ser melhor elimi­
não são atendidas porque os pais estão ocupados nados retirando-se o reforço que aptfia o compor­
com outras atividades. Se exigências subseqüentes tamento desviante e apressando-se em elaborar
também não são recompensadas, a criança irá ge­ meios mais construtivos de assegurar as reações de­
ralmente apresentar progressivamente formas mais sejadas dos outros.
intensas de comportamento que se tornam crescen­ O tratamento de um indivíduo somente é justifi­
temente aversivas aos pais. Neste ponto da seqüên­ cável porque existe certo grau de autodeterminação
cia de interação, a criança está exercendo um con­ dos resultados. À medida que padrões de compor­
trole aversivo sobre os pais. Eventualmente, os pais tamento recém-estabelecidos criam processos de re­
são forçados a term inar o comportamento incô­ forçamento reciprocamente favoráveis, eles serão
modo dando atenção à criança, desta forma refor­ efetivamente mantidos durante certo tempo. Con­

PS
çando uma reatividade desregrada. Tais práticas de tudo, nos casos em que o comportamento da pessoa
reforçam ento diferencial são extrem am ente efi­ exerce pouco ou nenhum controle sobre as ações
cientes na produção de formas aversivas de com­ dos outros, talvez por causa de disparidades em
portam ento de inusitada resistência. Alguns dos status ou poder, pode-se tornar necessário efe­
exemplos mais vívidos do controle recíproco nocivo tuar modificações nas outras pessoas importantes

U
são oferecidos no estudo clássico de Levy (1943), a para ela ou no próprio sistema social.
respeito da superdependência infantil:

O
O paciente (4 anos e 9 meses) dirige o lar pelos Substituição de Sintomas
seus gritos e voz imperativa A mãe sempre satisfaz Terapeutas que subscrevem inodelos psicodinâ-
suas exigências para não ouvi-lo b e rra r. . . O pa­

R
micos geralmente admitem que a modificação di­
ciente é desobediente, hiperativo, imprudente em
relação aos pais; xinga-os, dá pontapés e arranha- reta do comportamento desviante tende a originar
os quando suas vontades não estão satisfeitas . .. uma “substituição de sintomas”. Esta questão, como
G
[págs. 361-363}. outras que estão relacionadas com o desenvolvi­
mento e tratamento das disfunções comportamen-
Em comando completo, dominando a mãe e a
irmã, que sempre cediam em cada caso para não tais, se tornou confusa a ponto de não poder mais
KS

serem obrigadas a agüentar suas cenas, um rapaz ser elucidada pelo uso de um esquema conceituai
de quatorze anos se recusou a ir à escola. Ficava inadequado que obscurece completamente os pró­
deitado na cama, ordenava sua irmã a lhe trazer o prios fenômenos que pretende esclarecer. É ainda
café da manhã, trazer suas roupas e batia nela mais ofuscada por argumentos partidários de que
quando o desobedecia [pág. 163]___ tais fenôm enos não existem (Yates, 1958), e
O

A mãe afirma que ele (criança de 10 anos) foi contra-argumentos de que a substituição de sinto­
estragado por ela mesma e pela avó maternal, e mas não apenas ocorre, mas que as formas trans­
BO

que mais tarde ela cedia às suas exigências em prol formadas podem colocar em perigo a própria vida
da paz e do sossego ... Sempre que se lhe recusava dos clientes atirados a um destino fatal (Bookbin­
algo, ele conseguia as coisas por meio dos berros der, 1962). Resultados relevantes citados mais
[págs. 383-384]... Quando os gritos já não surtiam adiante levam-nos a suspeitar que os prognostica-
efeito, ele usava o método de apoquentar, monoto­
namente repetindo suas éxigências [pág. 163]. dores de conseqüências perniciosas pretendem
mais dissuadir inovações terapêuticas que proteger
EX

Os materiais de casos acima ilustram como certas o bem -estar dos clientes. Na realidade, como
práticas de reforçam ento geram um com porta­ Grossberg (1964) assinalou, muito mais sério do
mento particular, o qual, em virtude de suas pro­ ponto de vista humanitário é o fracasso das psicote-
priedades aversivas, por sua vez cria as próprias rapias “profundas" em efetuar mudanças significa­
condições que tendem a perpetuá-lo. Desta forma, tivas nas condiçõep comportamentais que produ­
D

enquanto que a programação da natureza assegu­ zem sofrimento crônico e uma desencorajante in-
rou que a aflição das pessoas não ficasse por muito capacitação social e profissional.
IN

tempo sem atendimento, também ofereceu a base O debate sobre a substituição de sintomas en­
para o estabelecimento de padrões de resposta so­ volve um fenômeno psicológico importante, mas
cialmente perturbadores. As dificuldades interpes­ poucos progressos para resolvê-lo serão obtidos, à
soais tendem a surgir em condições nas quais uma medida que for apresentado distorcidamente como
pessoa desenvolveu uma estreita amplitude de res­ uma questão de tratamento sintomático versus tra­
postas sociais que periodicamente forçam ações re­ tamento não-sinLomático, ou de modificação de
forçadoras dos outros por meio do controle aver­ eventos causais versus comportamentais. Mesmo se
sivo (por exemplo, queixas incessantes, comporta­ os conceitos de sintoma e doença mental fossem
mento agressivo, dependência, desempenho de pa­ pertinentes às disfunções comportamentais, o que
péis de doente e expressões emocionais de rejeição, não são, a hipótese de substituição de sintomas
sofrimento e aflição, e outros modos de resposta nunca poderia ser testada satisfatoriamente porque
que atraem a atenção). As estratégias de tratamento falha em especificar precisamente o que constitui
são bem diferentes, dependendo de se tal compor­ um “sintoma”, quando a substituição deveria ocor­
tamento é visto em termos do seu valor funcional rer, e quais as condições sociais nas quais ocorrerá
no controle da reatividade dos outros ou como com maior probabilidade e a forma do sintoma
PROCESSOS CAUSAIS 27

substituto. Se fosse possível obter um consenso na cionais e convencionais de pensar e de agir [pág.
elaboração de uma lista exaustiva de possíveis com­ 3],
portamentos sintomáticos, seríamos forçados, para Ao tratar a realização persistente de um compor­
provar definitivamente que a substituição de sin­ tamento estranho e aparentemente sem semido,
tomas não ocorre, a efetuar avaliações repetidas e este terapeuta, na base de sua explicação causal,
completas do comportamento do cliente por um submeteria a mulher a um exame interpretativo ex­
período indeterminado. Este trabalho exaustivo tenso de seus conflitos sexuais e idéias de onipotên­
mesmo assim não serviria para nada, porque não cia. Por outro lado, o terapeuta comportamental,
existem critérios fidedignos para determinar se a encarando os resultados recompensadores como o
ocorrência dos com portamentos “sintomáticos” principal determinante do àssim chamado sintoma
após complemento do tratamento representa pro­ psicótico, alteraria a contingência de reforçamento
dutos •secundários substitutos emergentes de uma que orientava o com portamento. Na realidade,
patologia psíquica, desenvolvim ento de novos quando as recompensas ocasionais por carregar

PS
modos de respostas, desadaptadas às pressões am­ uma vassoura foram, completamente retiradas, o
bientais, ou a persistência de velhas formas de “sintoma” desapareceu prontamente e, de acordo
comportamento desadaptado que passaram des­ com um estudo de acompanhemento de dois anos,
percebidas até que comportamentos ainda piores nunca reapareceu.

U
fossem eliminados. À luz das considerações acima, seria ao mesmo
A questão da substituição de sintomas nunca tempo mais exato e mais vantajoso redefinir a con­

O
teria sido apresentada na sua forma atual engana­ trovérsia tratamento causal versus tratamento sin­
dora se tivesse sido reconhecido que não se pode tomático como se ocupando prim ariam ente da
eliminar o comportamento como tal, exceto talvez questão se uma forma particular de terapia escolhe

R
por meio da remoção direta dos sistemas neurofi- modificar as condições que, na realidade, exercem
siológicos necessários. Os padrões de resposta só um controle forte, fraco ou não significativo sobre o
podem ser modificados alterando as condições esti­
muladoras que regulam a sua ocorrência. Portanto,
G
comportamento em questão.
De acordo com o ponto de vista da aprendizagem
todas as formas de psicoterapia, apesar de seus títu­ social, no decurso do seu desenvolvimento, uma
los honoríficos autoconcedidos e objetivos virtuo­ pessoa adquire diferentes maneiras de lidar com as
KS

sos, efetuam mudanças comportamençais por meio pressões e exigências ambientais. Estas várias estra­
de uma manipulação deliberada ou involuntária de tégias de resposta formam uma hierarquia orde­
variáveis controladoras. nada pela probabilidade de obter resultados favo­
As abordagens psicoterápicas, psicodinâmicas e ráveis em certas situações. Um modo particular de
O

de aprendizagem social estão, portanto, igualmente reagir pode ocupar uma posição dominante em vá­
preocupadas com a modificação dos determinantes rias hierarquias; estratégias subordinadas podem
“subjacentes” de padrões de resposta desviantes; diferir de uma situação para outra e podem variar
BO

contudo, estas teorias diferem, muitas vezes radi­ amplamente na sua freqüência de ocorrência rela­
calmente, no que julgam ser estas “causas", uma di­ tiva tanto às tendências de resposta dominantes e
ferença crucial que, por sua vez, influencia os tipos entre si. Conseqüentemente, os efeitos de remover
de condições estimuladoras favorecidas nos dife­ um padrão de respostas dominante dependerá do
rentes tratamentos. Para tomar um exemplo sim­ número de diferentes áreas de funcionamento nas
quais é caracteristicamente ativado, e a natureza e
EX

ples, mas elucidativo, num esforço de obter uma


melhor compreensão de alguns dos fatores que força relativa das disposições de resposta inicial­
orientam o comportamento desviante que costuma mente mais fracas.
ser rotulado “sintomático”, Ayllon, Haughton e Podemos distinguir vários tipos diferentes de tra­
Hughes (1965) induziram e sustentaram por certo tamento que tendem a produzir modificações pe­
D

j tempo uma resposta estranha de carregar uma vas­ quenas, imprevisíveis ou não persistentes no com­
soura num esquizofrênico adulto por meio de um portamento desviante, sugestivas de “substituição de
sintomas”. Um tratamento que falha em alterar as
IN

reforçam ento positivo periódico do com porta­


mento. Um psicoterapeuta, que não estava a par principais condições controladoras do comporta­
das condições que tinham estabelecido e mantido mento desviante certamente se mostrará ineficaz.
este padrão de resposta, invocou as seguintes cau­ Similarmente, um programa de terapia mal elabo­
sas subjacentes: rado que visa apenas eliminar padrões comporta-
me ma is desadaptados não garante por si só que os
O seu andar constante e compulsivo, segurando modos desejados de comportamento irão aparecer.
uma vassoura desta maneira, poderia ser visto Isto é principalmente verdadeiro quando a remo­
como um procedim ento ritual, uma ação má­ ção do comportamento desviante é obtida mediante
gica . . . A sua vassoura poderia ser, então: (1) uma retirada de suas conseqüências positivas usuais pela
criança que lhe dá amor e à qual ela, por sua vez,
oferece seu devotamento, (2) um símbolo fálico, (3)
punição ou pela imposição de restrições externas.
o cetro de uma rainha onipotente . . . este é um No tratamento de extinção, à medida que as ten­
procedimento mágico por meio do qual a paciente dências de resposta dominantes são eliminadas por
realizou os seus desejos, expressos numa maneira meio da não-recompensa, a pessoa se volta para li­
que está muito além dos nossos modos sólidos, ra­ nhas alternativas de ação, que provaram ser de
28 PROCESSOS CAUSAIS

algum valor no passado. Se essas formas inicial­ A discussão precedente focalizou abordagens
mente mais fracas são não desviantes e adequada­ que, se usadas como o único método de tratamento,
mente reforçadas, então os padrões desviantes ten­ podem não somente eliminar uma forma de com­
dem a ser abandonados em favor de alternativas portamento desviante, mas conduzir a outra forma
competidoras sem a emergência de quaisquer ca­ diferente. O problema de substituição de respostas
racterísticas negativas. Se, por outro lado, o con­ desviantes pode, porém, ser facilmente combatido
junto subordinado de respostas no repertório do incluindo-se no programa de tratamento original
cliente é em grande parte insatisfatório, o terapeuta processos que efetivamente removem as condições
é obrigado a encarar a tarefa de eliminar uma reforçadoras que sustentam o comportamento des­
longa sucessão de padrões de resposta não eficien­ viante e concorrentemente apoiam a emergência de
tes. modos desejáveis de comportamento alternativo.
A substituição de respostas também tende a ocor­ Tais estratégias de tratamento serão revistas com­

PS
rer quando o comportamento desviante é elimi­ pletamente nos capítulos subseqüentes, não apenas
nado não pela remoção de suas condições de manu­ para produzir modificações duradouras na direção
tenção, mas pela superimposição de um conjunto escolhida, mas também para colocar em ação mu­
competidor de variáveis controladoras (Bandura, danças benéficas em áreas relacionadas de funcio­
namento psicológico.

U
1962). Desta forma, por exemplo, um comporta­
mento anti-social que serve como um meio eficienir
de assegurar um reforço positivo pode ser tempo­ Eficiência dos Métodos Convencionais

O
rariamente suprimido por meio de castigos severos. de Mudança Comportamental
Contudo, se o ofensor aprendeu relativamente L. tn levantamento casual de métodos contempo­
poucos modos de comportamento pró-sociais, a

R
râneos de mudança com portam ental mostraria
eliminação de um padrão desviante será provavel­ uma multiplicidade de “escolas” de abordagem,
mente seguido por outro conjunto de respostas cada qual reivindicando razões de melhoria acentua­
G
desviantes que são melhor sucedidas em evitar a das para a sua clientela particular. Um exame mais
descoberta e as punições subseqüentes. Além do profundo destas abordagens de tratamento, porém,
mais, o comportamento suprimido tende a reapa­ revela que os sistemas aparentemente múltiplos re­
KS
recer em situações nas quais a probabilidade de presentam essencialmente um único procedimento:
descoberta é baixa ou a ameaça da punição é mais todos utilizam uma relação social e se apóiam for­
fraca. temente sobre métodos de interpretação verbal
Substituições bem-sucedidas de comportamento para induzir mudanças no comportamento social.
desviante também ocorrem em condições nas quais Além do mais, apenas um pequeno número de
O

as respostas defensivas são ou punidas ou restritas pessoas que exibem desvios de comportamento são,
fisicamente sem neutralizar as propriedades aversi­ na realidade, tratadas, com graus variados de su­
BO

vas das situações subjetivamente ameaçadoras. Este cesso, por métodos interpretativos.
processo é bem ilustrado pelo estudo clássico do Em primeiro lugar, a maioria das personalidades
co m p o rtam en to de esquiva de M iller (1948). anti-sociais, que constituem uma fração considerá­
Aplicou-se um choque elétrico a animais que esta­ vel da população desviante, apenas “servem seu
vam no compartimento branco de uma caixa de tempo” em instituições penais ou permanecem sob
choques. Os animais aprenderam a escapar da es­ vigilância legal. Como tais pessoas geralmente não
EX

timulação dolorosa atravessando uma porta que respondem às técnicas tradicionais, muitos psicote-
dava acesso a um compartimento preto. As pistas rapeutas se tornaram pessimistas sobre o valor da
brancas inicialmente neutras rapidamente adquiri­ psicoterapia para modificar o comportamento “psi-
ram propriedades aversivas e os animais continua­ copático” ou anti-socialmente desviante. No caso de
ram com suas respostas de esquiva, muito embora a delinqüentes mais jovens, instituições de correção,
D

estimulação por meio de choques tivesse sido intei­ embora muitas vezes oferecendo um ambiente mais
ramente suspensa. Os animais foram então coloca­ estruturado e não punitivo do que as crianças ti­
IN

dos no compartimento branco com a porta fechada nham experimentado antes, raram ente oferecem
para bloquear o comportamento de fuga. Contudo, programas sistemáticos que são efidentes na pro­
a porta poderia ser aberta girando-se uma roda. Os dução de modificações de comportamento e atitu­
animais aprenderam rapidamente a girar a roda e des duradouras. Similarmente, a maioria das pes­
mantiveram este comportamento pela redução do soas que exibem disfunções com por ta men tais fla­
medo. Quando as condições foram novamente alte­ grantes, que também derivam pouco benefício das
radas de maneira que girar a roda já não abria mais abordagens tradicionais de entrevistas, recebem
a porta, mas o animal poderia escapar do compar­ principalmente medicação, “terapia ocupacional”
timento ameaçador abaixando uma alavanca, a sob a forma de desempenho de rotinas institucio­
primeira resposta foi rapidamente descartada, ao nais, atividades recreativas e custódia nas institui­
passo que a segunda se estabeleceu firmemente. ções mentais, das quais se tornam residentes inter­
Desta forma, intervenções que eliminavam respos­ mitentes ou permanentes. Na realidade, os psicóti­
tas de esquiva sem reduzir o potencial ativador dos cos menos socialmente reativos são habitualmente
estímulos condicionados aversivos apenas produzi­ colocados em enfermarias essencialmente de custó
ram novas formas de comportamento defensivo. dias, onde recebem apenas medicação e onde mu-
PROCESSOS CAUSAIS 29

tuamente extinguem seus comportamentos sociais Terra iniciam programas de tratamento caros e de­
limitados. Os métodos convencionais de mudança morados para efetuar modificações nas respostas
com porta mental também não tiveram um impacto dos seus Rorschach, TAT ou MMPI, ao invés de
muito benéfico sobre os problemas amplamente di­ sobrepujar inibições comportamentais, obter con­
fundidos de alcoolismo, drogaadição e uma pletora trole sobre o alcoolismo, ou de outra forma levan­
de outros problemas sodais importantes que, em tar o nível do seu funcionamento social. Como os
alguns casos, requerem modificação dos sistemas correlatos comportamentais dos resultados dos tes­
sociais e não do comportamento de indivíduos iso­ tes de personalidade são postos muito em dúvida
lados. (Mischel, 1968), a evidência de que as respostas aos
Mesmo na amostra restrita de pessoas que con­ testes mudaram é de limitado valor para julgar o
sultam os psicoterapeutas e são aceitas para trata­ sucesso relativo de dadas abordagens de trata­
mento, as taxas de evasão e as estimativas de mu­ mento. Isto é especialmente verdadeiro pelo fato

PS
dança comportamental para aqueles que permane­ de que as respostas aos testes de personalidade são
cem sob tratamento nos oferecem poucas razões facilmente deturpadas por vieses de disposições
para complacência. Entre 30 e 60 por cento deste para respostas, influenciadas por expectâncias im­
grupo altamente selecionado (diagnosticado pre­ plícitas inerentes ao contexto e outras influências
dom inantem ente como neuróticos e excluindo estranhas.

U
casos flagrantemente psicóticos, alcoólatras, anti-so­ Uma terceira linha para a avaliação da eficácia
ciais e com envolvimento neurológico) terminam o terapêutica, em voga por muito tempo, focaliza as

O
tratamento contra o conselho de seus terapeutas mudanças no comportamento verbal dos clientes
após várias entrevistas iniciais (Frank, Gliedman, nas situações de entrevista. Pesquisadores dedica­
Im ber, Nash e Stone, 1957; Garfield e Kurz, dos gastaram literalmente milhares de horas árduas

R
1952; Im b er, Nash e Stone, 1955; K irtner e contando a freqüência das afirmações de auto-refe-
Cartwright, 1958; Knight, 1941; Kurland, 1956; rência dos clientes, observações auto-exploratórias,
G
Mensh e Golden, 1951; Rickles, Klein e Bas- verbalizações afetivas, comentários de resistência,
san, 1950). Daqueles clientes que permanecem nos razões de tipos e símbolos e uma pletora de outros
programas de terapia, qualquer que seja o tipo de conteúdos verbais. Embora esta abordagem forneça
tratam en to aplicado, cerca de dois terços são dados facilmente quantificados, que possuem al­
KS

usualmente avaliados como exibindo algum grau guma validade aparente, há pouca evidência de que
de melhora (Appel, Lhamon, Myers e Harvey, mudanças observadas no comportamento verbal
1951; Eysenck, 1952; Frank et al., 1957; Kirtner dos clientes influenciem consideravelmente sua rea-
e Cartwright, 1958; Zubin, 1953). Embora os alga­ tividade interpessoal de todos os dias. Estes índices
O

rismos acima sejam baseados em estudos de adul­ verbais, portanto, são mais pertinentes para avaliar
tos, há pouca razão para crer que o quadro seja o condicionamento verbal do que processos1fun­
muito diferente no caso de crianças (Levitt, 1963). damentais de mudança comportamental.
BO

CRITÉRIOS DE MUDANÇA
Uma vez que as pessoas tipicamente procuram a
ajuda de psicoterapeutas para modificar modos de
O algarismo de melhoria de dois terços, que tem reagir interpessoais inadequados e as conseqüências
sido aceito amplamente e sem espírito crítico como adversas que estes provocam, é de surpreender que
a taxa-base típica da mudança que acompanha as até recentemente as mudanças comjx rtamentais
EX

terapias de entrevista, superestima a quantidade de como medida de êxito não foram apenas seria­
benefício que as pessoas na realidade derivam de mente negligenciadas, mas muitas vezes acusadas
tais tratamentos. Os critérios sobre os quais os jul­ de superficiais. Na realidade, não existe nenhum
gamentos de eficácia terapêutica geralm ente se outro empreendimento que se diz humanitário no
apóiam deixam muito a desejar. Em muitos casos as qual as preocupações principais dos clientes são
D

impressões globais dos psicoterapeutas em relação a postas de lado de modo tão arrogante. Quaisquer
seus resultados servem como os principais indica­ que sejam as mudanças de personalidade, que um
IN

dores dos resultados. Considerando que tais avalia­ psicoterapeuta possa escolher para promover, elas
ções refletem a competência profissional dos tera­ devem ser consideradas de valor dúbio se não se
peutas, é razoável admitir que os terapeutas não refletem no comportamento social do cliente. Para
subestimem o valor terapêutico de seus métodos. usar um exemplo análogo, tratamentos médicos
Testes projetivos e questionários de personali­ que, baseados nas impressões dos médicos e outros
dade também foram extensivamente empregados indicadores ambíguos, supostamente promovem
como medidas principais para avaliação da psicote- mudanças fisiológicas profundas mas, narrealidade,
rapia. Sua popularidade muito difundida prova­ não produzem mudanças evidentes no sofrimento e
velmente é atribuível mais à sua disponibilidade e disfunções físicas, seriam sumariamente deixados
facilidade de aplicação e correção do que à sua re­ de lado como ineficazes e enganadores. C lara­
levância direta aos tipos de mudanças comporta- mente, medidas objetivas de mudanças no compor­
mentais que os clientes esperam alcançar por se tamento constituem os critérios mais severos e mais
submeter à psicoterapia. Se o proverbial marciano importantes do poder de um dado método de tra­
fosse rever a literatura sobre os resultados da tera­ tamento. Como as áreas de funcionamento que re­
pia, indubitavelmente concluiria que os homens da querem modificação podem diferir grandemente
30 PROCESSOS CAUSAIS

de pessoa a pessoa, medidas de mudança globais média de mudança em relação aos controles não-
que servem para todos os propósitos devem ser tratados, mas o tratamento geralmente produz efei­
substituídas por critérios comportamentais que são tos mais variáveis. Ao passo que, os controles ou não
específicos e adaptados individualmente aos objeti­ mudam ou melhoram em certa extensão, aqueles
vos de tratamento selecionados pelo cliente (Pascal que receberam tratamento ou permanecem sem
e Zax, 1956). Achados de estudos comparativos modificações e, se beneficiam um pouco, atingem
que utilizam índices de melhora baseados em mu­ uma melhora considerável ou ficam piores. Para
danças comportamentais (Fairweather, 1964; Laza- que estas diferenças de variação não reavivam tem­
rus, 1961; Paul, 1966) fornecem taxas de sucesso porariamente o interesse nos métodos de uma mu­
que são substancialmente mais baixas do que o al­ dança comportamen tal fraca, é necessário assinalar
garismo lendário de melhora de dois terços geral­ que os efeitos induzidos pelos tratam entos são
mente citado para as terapias de entrevista. menos favoráveis, e, portanto, menos variáveis

PS
Além do mais, algarismos de melhora geralmente quando são usadas medidas mais severas e social­
apresentam um quadro enganoso da eficácia dos mente mais significativas. Isto está muito bem ilus­
métodos de entrevista porque o número de clientes trado pelos resultados de uma pesquisa conduzida
evadidos invariavelmente foram excluídos das aná­ por Rogers (1967) e seus colaboradores sobre a efi­
lises estatísticas, Quando um procedimento particu­ cácia da terapia centrada no cliente.

U
lar fornece uma taxa de atrito relativamente alta, Aplicou-se a esquizofrênicos uma bateria de tes­
deixar de lado aqueles que abandonam o trata­ tes incluindo o Rorschach, o MM PI, o Teste de

O
mento ao avaliar a psicoterapia se torna especial­ Apercepção Temática, a Escala de Inteligência de
mente crítico. Suponhamos, por exemplo, que de Wechsler, Escalas de Reação da Ansiedade, os Tes­
100 pessoas que iniciaram o tratamento, 80 o aban­ tes de S troop, a Escala de A utoritarism o de

R
donaram após várias entrevistas iniciais, ao passo Adorno, o Q-sort e as Escalas de Avaliação Psiquiá­
que todos os 20 casos permanecentes exibiram uma trica de Wittenborn. Um grupo de esquizofrênicos
G
melhora significativa. Se aqueles que abandonam o participou de um tratamento intensivo centrado no
tratamento são ignorados, o tratamento aparece cliente com terapeutas altamente qualificados, ao
como 100 por cento eficiente, quando, na reali­ passo que um grupo de controle equivalente não
dade, apenas 20 por cento dos casos se beneficia­ recebeu terapia nenhuma, Depois de completa a
KS

ram dele. O leitor recordará que uma considerável fase de tratamento a bateria de testes foi reaplicada
percentagem dos clientes que iniciam tratamentos e dois psicólogos clínicos fizeram julgamentos glo­
de entrevista os abandonam após algumas visitas. bais, principalmente a partir do Rorschach e do
MMPI, do grau de mudança nos níveis de funcio­
TAXAS DE MELHORA PARA CASOS
O

namento psicológico dos pacientes. Os grupos tra­


NÀO-TRATADOS tados e não-tratados não diferiram em média
A fim de demonstrar que a psicoterapia é uma quanto à melhora, embora alguns dos pacientes
BO

condição que contribui para resultados observáveiá, que receberam tratam ento, diferentem ente dos
é necessário comparar as mudanças apresentadas controles, apresentaram algumas melhoras mais
por clientes que se submeteram a tratamento com consideráveis e outros apresentaram uma mudança
as de um grupo comparável de casos não-tratados. para pior. Numa tentativa de explicar esta variabi­
Tal grupo de comparação é essencial para fornecer lidade, o comportamento dos terapeutas foi ava­
liado a partir de amostras gravadas de suas entre­
EX

uma estimativa da influência de experiências não-


terapêuticas concomitantes que podem contribuir vistas, em função da sua consideração positiva, em­
de maneira considerável para mudanças demons­ pa tia e autenticidade. Exceto para os escores era
tráveis no comportamento dos clientes. Assumindo uma escala do MMPI, os pacientes que receberam
que os dois grupos são razoavelmente equivalentes altos níveis das condições supostamente terapêuti­
D

em relação às variáveis relevantes, qualquer mu­ cas não diferiram significativamente dos pacientes
dança diferencial entre casos tratados e não-tra­ cujos terapeutas apresentaram baixa reatividade
IN

tados pode ser então vista como induzida terapeuti- positiva ou dos controles não-tratados, em autocon-
camente. Existem relativamente poucos estudos de ceitos, funcionamento intelectual, avaliações de seu
resultados psicoterapêuticos que preenchem os re­ comportamento na enfermaria hospitalar e avalia­
quisitos mínimos de um grupo adequado de con­ ções globais baseadas em vários testes de personali­
trole e especificação clara e medida objedva dos re­ dade. Parece, em vista do padrão geral de resulta­
sultados. dos, que um paciente hospitalizado tem pouco a
Bergin (1966) reviu achados de sete estudos (que ganhar submetendo-se à terapia centrada no cliente
preenchem as exigências mínimas de um plano de e pode, de fato, sofrer algumas perdas se o seu te­
dois grupos e algumas medidas de mudança), nos rapeuta for desprovido de amabilidade.
quais os resultados de um grupo tratado e um Face à crescente evidência de que as terapias de
grupo comparável de clientes não-tratados foram entrevista têm eficácia limitada, alguns pesquisado­
comparados. Todos os sete estudos, envolvendo di­ res concluíram que os estudos de resultados deve­
ferentes formas de terapia e critérios diversos, mos­ riam ser sustados enquanto se fizessem esforços in­
tram que as pessoas submetidas à psicoterapia não tensificados para elucidar o processo subjacente a
diferem significativamente quanto à quantidade estes procedim entos. Os estudos de resultados
PROCESSOS CAUSAIS 31

foram imediatamente rebaixados, os investigadores sob um conjunto de circunstâncias sociais e desapa­


ficaram absorvidos em análises minuciosas das tro­ recessem sob outros.
cas verbais enire os terapeutas e seus clientes, e na De modo contrário às terapias físicas, na avalia­
ausência de quaisquer alternativas promissoras as ção dos métodos psicológicos é importante distin­
práticas tradicionais não apenas sobreviveram inal­ guir entre a indução, generalização e manutenção
teradas mas foram profissionalmente consagradas. do comportamento, uma vez que esses processos
A possibilidade de que uma abordagem de conver­ são governados por variáveis um tanto diferentes.
sas à modificação do comportamento desviante é O fato de que mudanças estabelecidas podem não
inerentemente fraca demais para justificar estudos mais ser evidentes algum tempo depois que o tra­
de processos exaustivos foi raramente considerada. tamento foi interrompido não significa necessaria­
Sob condições em que um dado procedimento de mente que o método é inadequado. Ao contrário,
tratamento exerce um controle comportamental pode ser extrem am ente poderoso para induzir

PS
fraco m uitas o u tras variáveis estra n h as (por mudanças, mas os ganhos podem ter vida curta
exemplo, características de personalidade dos tera­ porque as condições adequadas de manutenção não
peutas, atributos sociais dos clientes, variações téc­ foram previstas. Similarmente, em alguns casos,
nicas menores de procedimentos) emergirão isola­ mudanças comportamentais duradouras são conse­
damente ou em combinação como determinantes guidas, mas elas não se transferem a situações ex­

U
da mudança. Ao invés de examinar estes fatores traterapêuticas, desta forma exigindo procedimen­
limitantes, seria muito mais proveitoso elaborar tos suplementares para assegurar efeitos ótimos de

O
novos métodos que fossem suficientemente pode­ transferência. Os estudos de resultados deveriam,
rosos para sobrepujar suas influências. Se é que portanto, ser planejados para fornecer dados não
erros similares de estratégia de pesquisa possam ser confundidos quanto à magnitude, generalidade e

R
evitados no desenvolvimento de novas abordagens durabilidade dos resultados associados com as
de tratamento, é essencial estabelecer a superiori­ dadas abordagens de tratamento.
G
dade relativa de uma abordagem particular antes
de iniciar estudos intrincados de processos que pos­ PSICOTERAPIA E EXPERIÊNCIAS AMISTOSAS
sam elucidar mecanismos subjacentes ou sugerir re­
finamentos ulteriores de procedimento. Também é Da ausência de razões diferenciais de melhora
KS

necessário escolher critérios de mudança severos e para grupos tratados e não-tratados parece que as
não ambíguos para estabelecer exatamente o que mudanças com portamentais favoráveis, quando
um dado método de tratamento pode ou não con­ ocorrem, devem ter sido produzidas por fatores
seguir. que não se relacionam com os métodos especiais
que são rigorosamente aplicados pelos psicotera-
O

Processos Múltiplos que Orientam Mudanças Compor­ peutas. Portanto, não é de surpreender que o trei­
tamentais. A avaliação de procedimentos psicológi­ namento especializado intensivo e a experiência
cos é muitas vezes desnecessariamente obscurecida
BO

com procedimentos psicoterapêu ticos tradicionais


pelo uso de conceitos tais como “cura”, “remissão não apenas falham em aumentar a incidência de
espontânea” e “recaída” que podem ser apropria­ resultados favoráveis, mas, em certos casos, podem
dos na descrição do curso de processos de doença interferir com o estabelecimento de condições de
física, mas são enganadores quando aplicados a aprendizagem social que tendem a promover mu­
mudanças comportamentais que são orientadas por danças benéficas. Poser (1966), num projeto de
EX

variáveis sociais. Neste último caso, as questões per­ pesquisa ousado, comparou as modificações no
tinentes são se um dado conjunto de condições funcionamento psicológico de pacientes psicóticos
pode induzir com êxito uma mudança no compor­ que ou receberam cinco meses de psicoterapia de
tamento, se as mudanças estabelecidas se generali­ grupo com psiquiatras e assistentes sociais psiquiá­
zam a situações extraterapêuticas e se as mudanças tricos, discussões de grupo com estudantes não
D

são mantidas num considerável período de tempo. graduados ou nenhum tratamento especial. Os es­
Como estes fenômenos são fundamentalmente di­ tudantes que responderam a um anúncio, para em­
IN

ferentes dos processos mórbidos eles exigem um prego no verão, foram selecionados sem quaisquer
esquema conceituai separado e mais adequado. As­ requisitos adicionais, não possuíam treino ou expe­
sim, se um tumor maligno primário foi removido riência em psicoterapia e não receberam nenhuma
cirurgicamente, é razoável falar de curas e recaídas sugestão de como deveriam conduzir suas sessões.
possíveis, já que as células cancerosas podem não Os pacientes vistos pelos estudantes apresentaram
ter sido completamente extirpadas. Em contraste, o ganhos maiores do que os controles ou os casos tra­
comportamento desviante não pode ser erradicado tados por psicoterapeutas profissionais; estes dois
pela remoção de um determinante global interno; últimos grupos não diferiam muito um do outro.
ao invés disso, a ocorrência do comportamento Rioch e seus associados (Rioch, Elkes, Flint, Us-
desviante é extensivamente controlada pelas suas dansky, Newman e Silber, 1963) também verifi­
conseqüências prováveis e pode, portanto, variar caram que mulheres casadas escolhidas, que recebe­
consideravelmente em diferentes contextos am ­ ram um treino prádco de tempo parcial num pe­
bientais, em relação a pessoas diferentes e em dife­ ríodo de dois anos na aplicação de métodos psicote­
rentes ocasiões. Isto seria análogo ao fato de que rapêu ticos, se saíram tão bem quanto os seus com­
tumores malignos aparecessem numa dada pessoa petidores profissionais. Contudo, tendo em vista os
32 PROCESSOS CAUSAIS

achados de Poser, seria essendal estudar a eficácia meteram a alguma forma tradicional de psicotera­
comparativa de um grupo de terapeutas não-trei- pia (Bergin, 1966). Os tipos de clientes que derivam
nados para determinar se a instrução prolongada algum benefício da participação em formas con­
foi irrelevante para os resultados obtidos pelas vencionais de psicoterapia tendem a exibir vários
donas-de-casa treinadas. graus de melhpria favorável com pouco ou ne­
Contudo, permanece a questão de saber por que nhum tratamento formal (Frank et al., 1959; Sas-
certas pessoas sofrem mudanças e outras não, este­ low e Peters, 1956; Taylor, 1955). Estas mudanças
jam envolvidas ou não em terapia formal. Investi­ demonstráveis são provavelmente em função de
gações comparativas dos atributos dos clientes que experiências de aprendizagem social, resultantes de
term inaram o tratam ento prem aturam ente com interações interpessoais casuais ou mais estrutura­
aqueles clientes que permanecem e melhoram são das com médicos, advogados, padres, professores,
particularmente relevantes a respeito. Em relação amigos próximos e respeitados, e outros agentes
às pessoas que continuam o tratamento, aquelas sociais que possuem algum grau de prestígio, poder

PS
que o abandonam tipicamente provêm de níveis social e bom julgamento. Todas essas diferentes
sócio-econômicos inferiores, são não-conformistas fontes de influência social ap aren tem en te se
em relação a figuras de autoridade, são impulsivas, apóiam primariamente sobre elementos terapêuti­
relativamente não-ansiosas, têm uma história pre- cos comuns — embora não os mais fidedignos e po­

U
gressa de comportamento anti-social, apresentam tentes — para a modificação do comportamento so­
déflcits na reatividade verbal e emocional, exibem cial.
uma inabilidade relativa para estabelecer e manter Os dados gerais de resultados que acompanham

O
relações sociais e reconhecem poucas contingências o tratamento por meio da conversa indicam a ne­
entre o seu próprio comportamento e as ações das cessidade de distinguir entre psicoterapia de um

R
outras pessoas em relação a elas. Em contraste, lado, e experiências de amizade de outro. Num livro
aquelas que permanecem geralmente provêm de provocante intitulado Psicoterapia: A Compra da Ami­
níveis sócio-econômicos superiores, são mais bem- Gzade, Schofield (1964) argumenta que os psicotera-
educadas, apresentam disposição para èxplorar peutas essencialmente oferecem a seus clientes uma
seus problemas pessoais, reagem ao reforço social, amizade substituta de apoio que não requer trei­
são sugestionáveis, introspectivas, relativamente an­ nam ento profissional técnico. Argumenta ainda
KS

siosas, não satisfeitas consigo mesmas e auto- que uma ampla gama de pessoas na sociedade, em
condenadoras (Auld e Myers, 1954; Frank et al., virtude de seus papéis sociais supra-ordenados, sua
1957; Hiler, 1954; Imber et al., 1955; Katz, Lorr sabedoria e devoção, são igualmente capazes de
e R ubinstein, 1958; L orr, Katz e R ubinstein, oferecer amizades e discussões satisfatórias de
1958; McNair, Lorr e Callahan, 1963; Ru^ins- preocupações pessoais. Portanto, indivíduos que
O

tein e Lorr, 1956). Exceto em relação aos índices necessitam de um amigo compreensivo e digno de
sódo-econômicos e educacionais — que geralmente confiança com quem podem periodicamente com­
BO

se correlacionam significativamente com a conti­ partilhar os seus problemas, e aqueles que estão à
nuação no tratamento mas tendem a não estar rela­ procura de uma fé ou doutrina que adicionaria
cionados com os resultados — a maioria das variá­ maiores objetivos às suas vidas, fariam melhor em
veis de personalidade citadas também é preditora procurar o conselho e apoio emocional de colegas
de uma melhoria subseqüente na psicoterapia. As­ respeitados e agentes sociais esclarecidos do que se
sim, o tipo de pessoa que continua a participar e dirigir a psicoterapeutas cujo treino não lhes asse­
EX

melhorar na psicoterapia possui atributos similares gura experiência especial no domínio dos valores.
àquelas pessoas que nos estudos de laboratório de Deve ser reconhecido que, embora discussões sé­
conformismo, mudanças de atitudes e condicionabi- rias no contexto de uma amizade que apóia possam
lidade dem onstram m aior reatividade a quase ser altamente significativas e satisfatórias, geral­
D

qualquer forma de procedimento de influência so­ mente têm pouco impacto sobre as dificuldades
cial (Berg e Bass, 1961; Biderman e Zimmer, 1961; comportamentais específicas das pessoas. Poucos
Janis e Hovland, 1959). gagos crônicos, por exemplo, foram curados por
IN

Os achados acima indicam que as características meio da amizade, conversa introspectiva e conse­
sociais dos clientes, e não o método psicoterapêu- lhos sábios. Na modificação do com portamento
tico escolhido, são os principais determinantes dos desviante persistente e para sobrepujar déficits
sucessos da psicoterapia tradicional. Isto pode ex­ comportamentais, a amizade por si só não basta. É
plicar por que, apesar de acentuadas divergências necessário organizar condições de aprendizagem
conceituais, todas as “escolas” de psicoterapia con­ social que devem ser mantidas habilmente por um
seguem taxas similares de melhoria (Appel et al., longo período de tempo para conseguir mudanças
1951; Miles, Barrabee e Finesinger, 1951), e em­ psicológicas desejadas e mantê-las adequadamente.
bora as diferenças possam ocasionalmente favore­ Estas atividades, para as quais a “psicoterapia” é um
cer os grupos tratados (Frank, Cliedman, Imber, rótulo adequado, exigem habilidades singulares e
Sione e Nash, 1959; Leary e Harvey, 1956) a procedimentos especializados para efetuar mudan­
magnitude da mudança comportamental exibida ças de comportamento previsíveis.
por casos não-tratados não é substancialm ente Os anos recentes testemunharam uma prolifera­
menor do que a mudança em clientes que se sub­ ção acentuada de empreendimentos psicológicos
PROCESSOS CAUSAIS 33

destinados a curar todos os tipos de doenças sociais. ABORDAGENS BASEADAS EM PRINCÍPIOS DE


Estes empreendimentos incluem, entre outras coi­ APRENDIZAGEM SOCIAL
sas, meditação, massagens, treinamento de sensibi­ Nos capítulos subseqüentes desta obra feerão con­
lidade e maratonas de encontros sociais, nos quais sideradas em detalhe várias abordagens de apren­
participantes de todas as camadas sociais recebem dizagem social à modificação de diversos fenôme­
oportunidade? para analisar as reações interpes­ nos psicológicos. Os princípios em que cada método
soais dos outros. Enquanto tais programas não são se apóia serão revistos conjuntamente com testes
mal representados e as pessoas os acham pessoal­ experimentais de sua eficácia. Além disto, os tipos
mente recompensadores, não requerem nenhuma de mudanças comportamentais para as quais cada
validação posterior. Se, por outro lado, são comer­ procedimento melhor se adapta serão discutidos.
cializados como formas de psicoterapia, então os
Embora maior ênfase seja dada a variáveis psico­
advogados de tais procedimentos devem se preo­
lógicas que exercem um forte controle sobre o

PS
cupar com as conseqüências de suas práticas e as­
sumir a responsabilidade para a verificação empírica comportamento, alguma atenção será dedicada a
de suas reivindicações. Além do mais, considera­ procedim entos farmacológicos, particularm ente
ções éticas exigem que os clientes especifiquem de quando são empregados como auxiliares dos pro­
que modo desejam mudar, que os resultados pre­ cedimentos de aprendizagem social. A ênfase psico­

U
tendidos do processo terapêutico sejam tornados lógica, porém, não pretende minimizar os determi­
conhecidos, e que os clientes sejam informados da nantes genéticos, bioquímicos e neurofisiológicos

O
possibilidade de que as intervenções terapêuticas do comportamento. Um modelo de aprendizagem
poderão possibilitá-los a lidar mais eficientemente social não admite, decerto, que o comportamento se­
com os problemas de vida em relação aos quais de­ ja determinado exclusivamente por variáveis psico­

R
sejam ajuda. lógicas. A dotação genética e os fatores constitucio­
nais podem colocar certos limites tantò sobre os
Enquanto os terapeutas estão promovendo os tipos de repertório comportamental que podem ser
G
seus discernimentos favorecidos nas abordagens de desenvolvidos numa certa pessoa, e a rapidez de
entrevista, podem muitas vezes simultaneamente aquisição da respostas. Em certos casos, condições
(embora inadvertidamente) recompensar os seus neurofisiológicas podem contribuir para o mau
KS

clientes com aprovação por exibir padrões de res­ funcionamento comportamental observado. Além
posta desejados e mostrar desaprovação de formas do mais, fatores biológicos e psicológicos tipica­
desadaptadas; podem reduzir as ansiedades por mente interagem de maneiras sutis e complexas na
meio de suas reações permissivas e de apoio em re­ produção de certos padrões de comportamento so­
lação às auto-revelações perturbadoras de seus cial.
O

clientes; e inevitavelmente modelam várias atitudes,


valores e maneiras interpessoais de com porta­ Também deve ser assinalado, de passagem, que
mento que os clientes tendem a imitar. Muitas das variáveis fisiológicas, na medida em que servem
BO

mudanças terapêuticas que ocorrem na terapia como fatores contribuintes, tendem a'ser associadas
convencional podem portanto derivar prim aria­ com efeitos não-específicos, refletindo-se no ritmo
mente da aplicação involuntária de princípios de geral de reatividade e no nível de aquisição das res­
aprendizagem social. O ponto que desejamos frisar postas. Estas variáveis, contudo, não determinam
é que estes resultados benéficos são mais facilmente padrões de comportamento específicos, os quais são
devidos a experiências particulares de aprendiza­
EX

atingíveis quando os princípios são aplicados de


maneira mais considerada e sistemática. gem social. A dotação genética não pode explicar a
Mesmo que as formas tradicionais de psicotera­ diferença entre um esquizofrênico que acredita
pia tivessem provado ser altamente eficientes, ainda firmemente ser Jesus Cristo, e outro que não tem
assim teriam valor social limitado. Um método que tais idéias megalomaníacas. O conteúdo idiossincrá­
D

requer um treino extensivo e altamente dispen­ tico comportamental é obviamente aprendido, ao


dioso, que só pode ser desempenhado por pessoal invés de produzido fisiologicamente. As variáveis
IN

de capacidade também não explicam flagrantes dé-


profissional, que precisa ser continuamente aplicado
ficits em respostas motoras, afetivas ou conceituais
numa base de um a um, por um período de tempo
que estão claramente dentro das possibilidades da
prolongado, e é mais benéfico a pessoas altamente
pessoa. Infelizmente, o comportamento desviante é
sugestionáveis auto-selecíonadas não pode possi­
muitas vezes prematuramente atribuído a determi­
velmente ter muito impacto sobre os inúmeros
nantes fisiológicos, uma atribuição que não só re­
problemas sociais que exigem atenção psicológica.
sulta em pessimismo terapêutico mas também efeti­
Progressos importantes na resolução destes pro­
vamente retarda qualquer investigação psicológica
blemas serão obtidos concentrando-se no desenvol­
ulterior de fenômenos comportamentais.
vimento de princípios altamente eficazes de m u­
dança com porta mental e utilizando o grande nú­
mero de pessoas não profissionais que podem ser Sumário
treinadas para implementar programas sob orien­ Este capítulo apresentou uma interpretação ba­
tação e direção competentes. Esta abordagem ofe­ seada na aprendizagem social dos mecanismos re­
receria mais ajuda a maior número de pessoas do guladores do com portam ento e contrasta esta
que é possível com as práticas profissionais atuais. abordagem com teorias que tendem a atribuir pro­
34 PROCESSOS CAUSAIS

priedades causais a forças internas hipotéticas. A cárias. O comportamento instrumental é, da mesma


diferença nos modelos conceituais são especial­ forma, precisamente regulado por estímulos am­
mente flagrantes nas explicações do com porta­ bientais que em virtude da sua associação com dife­
mento desviante que tradicionalmente foram des­ rentes contingências de reforçamento assinalam as
critos como subprodutos sintomáticos de uma conseqüências que tendem a acompanhar certas li*
doença quase-mental. A partir de uma perspectiva nhas de ação. Algumas formas de comportamento
da aprendizagem social, com portam entos que desviante refletem primariamente um controle por
podem ser nocivos ao indivíduo ou que se afastam meio de estímulo deficiente ou inapropriado.
grandemente das normas sociais e éticas aceitas são Um segundo sistema de controle comportamen-
considerados não como manifestações de uma pato­ tal envolve processos de retroalimentação de repos­
logia subjacente mas como modos, aprendidos pela tas» principalmente sob a forma de conseqüêndas
]ressoa, de lidar com exigências ambientais e auto- reforçadoras. Tanto os comportamentos pró-sociais

PS
ini postas. como os flagrantemente desviantes podem ser su­
A psicopatologia não é apenas uma propriedade cessivamente eliminados e reinstalados pela varia­
inerente ao comportamento mas reflete as reações ção de suas conseqüêndas imediatas. Estes efeitos
avaliativas de agentes sociais a ações que violam có­ conseqüentes e influentes podem induir experiências
digos de conduta prescritos. A rotulação social de

U
sensoriais que são intrinsecamente produzidas pela
um dado padrão de resposta como patológico é, de própria atividade, por meio de resultados tangíveis
fato, influenciado por numerosos critérios subjeti­ ou simbólicos organizados exteriormente, ou por

O
vos incluindo a aversidade do comportamento, os reações de auto-avaliaçâo. A suscetibilidade do
atributos sociais da pessoa desviante, os padrões compôrtamento ao controle por meio do reforça­
normativos das pessoas que fazem os julgamentos,

R
mento é também demonstrada pelo fato de que até
o contexto social, no qual o comportamento é de­ variações sutis na freqüência e padrão dos resulta­
sempenhado, e uma pletora de outros fatores. Con­ dos levam a características de desempenho diferen­
G
seqüentemente, o mesmo padrão de resposta pode tes.
ser diagnosticado como “doente” ou pode ser nor-
mativamente sancionado e considerado digno de O terceiro, e em certo sentido o mais influente
imitação por grupos diferentes, em ocasiões dife­ mecanismo regulador, opera por meio de processos
KS

rentes ou em diferentes contextos ambientais. Con­ de mediação central. Neste nível superior os insu-
siderando a natureza arbitrária e relativista do ju l­ mos de estímulos são codificados e organizados; hi­
gamento social e da definição do desvio, o valor póteses preliminares sobre os princípios que gover­
principal da dicotomia normal versus anormal re­ nam a ocorrência de recompensas e punições são
O

side na orientação de ações sociais e legais de agen­ desenvolvidas e testadas na base das conseqüências
tes da sociedade preocupados com a manutenção diferenciais que acompanham as respectivas ações;
de uma sociedade que funcione efetivamente. Esta e, uma vez estabelecidas, regras e estratégias implí­
BO

dicotomia, porém, possui pouco significado teórico, citas servem para orientar desempenhos apropria­
visto que não existe nenhuma evidência de que os dos em situações específicas. Uma reatividade afe­
comportamentos assim dicotomizados sejam ou tiva simbolicamente gerada e operações encobertas
qualitativamente diferentes ou estejam sob controle de auto-reforçam ento também podem figurar
de variáveis fundamentalmente diferentes. proeminentemente na regulação de reações mani­
As teorias de personalidade geralmente admitem festas.
EX

que 'traços dotados de energia e estados motivado- Neste esquema conceituai o homem não é nem
nais ocultos impelem o comportamento numa va­ um sistema impelido internamente ou um reagente
riedade de direções. Estas condições hipotéticas in­ passivo à estimulação externa. Ao invés disso, o
ternas tendem a ser vistas como relativamente au­ funcionamento psicológico envolve uma interação
D

tônomas da estimulação externa e a sua relação recíproca entre o comportamento e o seu ambiente
com o comportamento permanece um tanto vaga. controlador. O tipo de comportamento que a pes­
Na teoria da apr.endizagem social tanto os compor­
IN

soa exibe em parte determina suas contingêndas


tamentos desviantes como pró-sociais são adquiridos ambientais, que, por sua vez, influenciam o seu
e mantidos na base de três sistemas de regulação comportamento. Nos capítulos subseqüentes desta
distintos. obra os princípios de aprendizagem sodal necessá­
Alguns padrões de resposta estão primariamente rios para explicar adequadamente o desenvolvi­
sob controle externo de estímulos. A reatividade mento do comportamento pró-sodal e-desviante
autonômica, como as mudanças nas reações cardio­ serão elaborados de forma mais detalhada. Tam ­
vasculares e gastrintestinais, e o comportamento bém demonstraremos como estes princípios podem
emoriona) podem ser efetivamente colocados sob ser aplicados com êxito para a melhoria de proble­
controle de eventos ambientais por meio da asso- mas de desenvolvimento e clínicos, e para conduzir
riação contígua com experiências ou diretas ou vi­ uma mudança cultural e sodal mais ampla.
PROCESSOS CAUSAIS 35

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PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
2
Questões de Valores e Objetivos
A especificação dos objetivos é de importância dagens comportamentais modificariam somente o

PS
central no desenvolvimento e execução de progra­ comportamento superficial. Essa diferença apa­
mas para a modificação do comportamento. Caso rente de objetos, entretanto, existe, antes de mais
os objetivos sejam definidos de modo imperfeito, o nada, nas conceituações dos terapeutas e não na
agente da modificação comportamental não terá prática como tal.

U
uma base racional para a seleção dos procedimen­
tos apropriados de tratamento ou para a avaliação A força do ego, exemplificando, é um constructo
da eficiência de sua intervenção. Exemplos de hipotético e não uma entidade existente dentro do

O
como a escolha dos resultados determina a seleção cliente. Não se pode observar nem modificar cons­
dos procedimentos podem ser observados em di­ tructos hipotéticos. O comportamento do indivíduo
— definido de modo amplo para incluir expressões

R
versas práticas sociais. Um médico, por exemplo,
não prescreve determinada medicação ou interven­ cognitivas, emocionais e motoras — constitui a
ção cirúrgica a seu cliente sem antes decidir que única classe de eventos que podem ser alterados
mudanças físicas deseja induzir; um pesquisador
não escolhe variáveis independentes para estudo
antes de especificar os fenômenos que deseja modi­
G
por meio de procedimentos psicológicos e é, por­
tanto, o único objeto significativo da psicoterapia.
De modo semelhante, as variáveis de estímulo são
os únicos eventos que o terapeuta pode modificar,
KS
ficar; um agente de viagens não seleciona um ro­
teiro para um cliente antes de informar-se de seu a fim de efetuar mudanças comportamentais. A
destino; e um professor não distribui tarefas a seus psicoterapia, como qualquer outro em preendi­
alunos na ausência de algum tipo de objetivo edu­ mento de influência social, é, portanto, um pro­
cacional. De modo semelhante, o primeiro passo cesso no qual o terapeuta organiza as condições de
O

importante em qualquer programa de modificação estímulo que produzem as desejadas mudanças


do comportamento que pretenda obter sucesso será comportamentais no cliente. Se, por exemplo, um
psicoterapeuta criar condições favoráveis ao au­
BO

o de estabelecer as mudanças a serem alcançadas.


m ento da freqüência dos com portam entos dos
Freqüentemente, os objetivos principais dos em­ quais se infere a força do ego, dir-se-á que o cliente
preendimentos de mudança social não são nunca adquiriu uma força do ego crescente em função do
apresentados claramente, resultando na permanên­ tratamento. Por outro lado, se a freqüência dos
cia de programas sem direção ou oferecendo expe­ comportamentos representativos da força do ego
riências de aprendizagem selecionadas de modo
EX

mostrar redução no decurso do tratamento, dir-


fortuito a partir das preferências pessoais dos agen­ se-á que o cliente sofreu uma perda na força do
tes da mudança e não das necessidades específicas ego. Evidentemente, a força d '' ego é simplesmente
dos receptores. Ainda mais freqüentemente, entre­ uma abstração hipotética, cujos supostos referentes
tanto, objetivos amplos são especificados somente comportamentais constituem a única realidade que
D

em termos de estados hipotéticos mal definidos (em o psico terapeuta pode modificar.
lugar de resultados comportamentais), os quais
fornecem poucas indicações para a seleção de mé­ Em última análise, as abordagens da aprendiza­
IN

todos e experiências de aprendizagem apropriados. gem social e todas as outras formas de tratamento
De fato, a conceituação de abstrações psicológicas existentes modificam o mesmo objeto, isto é, os fe­
como propriedades internas dos clientes em vez de nômenos comportamentais. A maior parte das dis­
como constructos hipotéticos dos terapeutas resul­ cussões sobre processos indutores de modificação,
tou numa considerável confusão a respeito do tipo entretanto, se focaliza no tratamento das inferên­
de mudanças efetuadas pelas diferentes aborda­ cias feitas a partir de eventos comportamentais,
gens na modificação do comportamento. como se tais abstrações existissem independente­
Geralmente supõe-se que as abordagens compor­ mente e causassem seus referentes comportamen­
tamentais e psicodinâmicas lidem com objetos fun­ tais. Os filósofos das ciências já se manifestaram a
damentalmente diferentes. Os métodos psicodinâ- respeito dos perigos envolvidos em se atribuir po­
micos tratariam complexos, impulsos reprimidos, tência causal a propriedades descritas do compor­
forças do ego e aparelhos mentais, as causas subja­ tamento. Suas observações, entretanto, tiveram
centes do comportamento, enquanto que as abor- pouco impacto sobre os teóricos da personalidade.
41
42 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

Nem traços nem tipos, como conceitos, têm qual­ dubitavelmente arregimentar um bom número de
quer existência real. São simples palavras, e pala­ seguidores, portadores da mesma extraordinária
vras não existem nem no olho do observador nem convicção da importância vital e potência causativa
nas pessoas observadas. Não se pode dizer que um dos zoognicks que mostram os partidários das for­
homem tenha um tipo ou um traço, mas sim que se
ajusta a um tipo ou traço. No momento, esse ajus­ ças da libido, dos complexos de Édipo, dos incons­
tamento não seria exato, uma vez que as dimensões cientes coletivos e dos dinamismos do self. Final­
da personalidade ainda não foram suficientemente m ente, os hum anistas abraçariam a leoria do
quantificadas para permitir medidas acuradas. No zoognick como mais adequada à complexidade dos
caso dá altura, a medida pode ser precisa e pouca seres humanos, em comparação com as simplistas
ou nenhuma confusão pode surgir de se dizer que doutrinas mecanicistas que insistem teimosamente
um homem, tem uma certa altura. Observação e em afirmar ser o zoognick o próprio comporta­
conceito estão ■relacionados tão estreitamente que a mento divergente rebatizado.
frase não é em geral considerada como signifi­

PS
A maior parte das abordagens de tratamento de­
cando mais do que diz, isto é, que a extensão de
um determinado dado da observação numa certa dica atenção extraordinariamente pequena à sele­
direção se ajusta a uma seção de uma dimensão ção de objetivos; quando são eles especificados
ideal de distância. Mas, se se tentar ajustar um (Mahrer, 1967), os resultados pretendidos incluem
certo modo da conduta humana ao traço da cora­ geralmente uma variedade de virtudes abstratas

U
gem, a imprecisão da correspondência entre ( C o m ­ descritas por meio de termos socialmente aceitáveis,
portamento e conceito leva a uma reificação enga­ tais como reorganização do self, restauração da efi­

O
nadora. O conceito separa-se do comportamento, ciência funcional, desenvolvimento da individuação
adquire noções indefinidas em sua fuga da reali­ e auto-realização, estabelecimento do equilíbrio
dade e, finalmente, ganha uma existência real in­ homeostático, substituição do id pelo ego e do su­

R
dependente de direito próprio, de modo que,
quando se diz que um homem tem coragem, passa perego pelo ego consciente, estabelecimento da
ele a ser considerado como o afortunado proprie­ identidade, fortalecimento da força do ego, aceita­
tário de algo consideravelmente mais significativo
do que um certo padrão de comportamento [Pratt,
1939, pág. 115].
G
ção da autoconsciência, obtenção do autoconheci-
mento, maturidade emocional e saúde mental posi­
tiva. Embora alguns desses termos aludam a carac­
terísticas comportamentais vagamente definidas, a
KS
De modo semelhante, uma pessoa afligida pelo que
se denom ina “ego fraco” passará a ser visuali­ maior parte deles se refere a nebulosos estados hi­
zada como sofrendo de algo muito mais significa­ potéticos. Essas abstrações fornecem pouca iti for­
tivo do que os referentes comportamentais a partir mação, a não ser que sejam em seguida definidas
dos quais é esse constructo inferido. em termos de comportamento observável.
O

Para melhor ilustrar esse ponto, passemos a de­ Especificação Comportamental de


signar os comportamentos das pessoas que violam
Objetivos
BO

os códigos legais e sociais de comportamento e se


envolvem freqüentemente em atividades agressivas Objetivos estabelecidos de modo conveniente têm
como sendo as expressões externas de um zoognick pelo menos duas características básicas (Mager,
inferido. Com base nas práticas clínicas predomi­ 1961). Em primeiro lugar, devem especificar e des­
nantes, o zoognick acabaria por representar um crever os comportamentos considerados apropria­
agente funcionando intrapsiquicamente. Um hon­ dos aos resultados desejados. O termo “comporta­
EX

roso poder causativo seria então atribuído ao hipo­ mento” é usado em sentido amplo, de modo a in­
tético zoognick, enquanto que o comportamento cluir um complexo de atividades observáveis e po­
observado e do qual foi o conceito inferido seria tencialmente mensuráveis cobrindo classes de res­
depreciado, passando a constituir uma manifesta­ postas motoras, cognitivas e fisiológicas.
ção comportamental superficial. Mais tarde, testes Após terem sido os objetivos especificados em
D

psicológicos seriam construídos a fim de medir a desempenho e preferivelmente em termos mensu­


força do zoognick, na base dos quais os especialistas ráveis, será possível tomar as decisões necessárias
IN

em diagnóstico atribuiriam tautologicam ente o sobre as experiências que mais provavelmente pro­
comportamento dos clientes à ação do zoognick duzirão os resultados desejados. Por exemplo, a de­
subjacente. Procedendo na pressuposição de que claração, “Aumentar a autoconfiança e a auto-esti-
“as variáveis do paciente não são concebidas como ma da pessoa”, designa um objetivo terapêutico,
sendo comportamentos, mas constructos corres­ mas fornece pouca orientação, já que não revela os
pondendo a constelações internas” (Wallerstein, tipos de com portam ento que deverá a pessoa
1963), os objetivos psicoterapêuticos seriam estabe­ apresentar após ter obtido um aumento em sua
lecidos em termos de remoção do pernicioso zoog­ auto-estima. Uma vez que a auto-estima e os com­
nick. De outro lado, a modificação direta do com­ portamentos capazes de produzi-la, no caso de um
portamento viria a ser considerada não somente cliente particular, tenham sido descritos, é possível
superficial mas potencialmente perigosa, um a vez estabelecer as condições que criarão os comporta­
que a eliminação das expressões sintomáticas pode­ mentos convenientes, produzindo-se assim a condi­
ria forçar o zoognick a emergir sob outras formas ção de auto-avaliação positiva. Em alguns casos,
igualmente perniciosas. Um expoente da teoria do aprender determinadas habilidades pode ser alta­
zoognick suficientemente carismático poderia in­ mente relevante para a aquisição de auto-estima;
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 43

em alguns casos, desenvolver competência interpes­ resultados desejados são definidos por meio de
soal, que garantirá respostas positivas de outros, termos observáveis e mensuráveis, torna-se pron­
pode ser muito apropriado; em outros casos, elimi­ tamente aparente quando os métodos obtiveram
nar comportamentos sociais alienantes pode ser ne­ êxito, quando falharam e quando necessitam de
cessário, se se desejar alterar a auto-avaliação; e, fi­ maior desenvolvimento para aumentar sua potên­
nalmente, nos casos em que a pessoa é relativa­ cia. Essa característica autocorretiva constitui uma
mente competente do ponto de vista social e voca­ salvaguarda contra a perpetuação das abordagens
cional, o aumento no comportamento de auto-esti- ineficazes, que são dificilmente elimináveis se as
ma pode exigir a modificação de padrões de com­ mudanças, que se supõem devam produzir, perma­
portamento rígidos e auto-impostos, a partir dos necem ambíguas.
quais são formuladas as respostas de auto-apro-
vação e autodesaprovação. De modo semelhante, a
SEQÜÊNCIA DE OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

PS
não ser que os objetivos especifiquem o comporta­
mento que exibirão as pessoas quando felizmente O estabelecim ento de com portam ento social
auto-realizadas, internamente integradas, pessoal­
complexo e a modificação dos padrões de resposta
mente reconstruídas, homeostaticamente equilibra­
existentes podem ser realizados de modo mais con­
das ou emocionalmente amadurecidas, fornecerão

U
sistente através de um processo gradual em que a
eles muito pouca orientação.
pessoa participa de uma seqüência de aprendiza­
Além de descrever os com portam entos que gem ordenada, que a orienta passo a passo em di­

O
refletem as metas escolhidas, os objetivos devem reção a desempenhos mais intrincados e difíceis.
freqüentemente sofrer maior elaboração por meio Embora a especificação dos objetivos últimos for­
da especificação das condições sob as quais espera-

R
neça alguma orientação e continuidade a um pro­
se que o comportamento ocorra. Suponhamos que grama de mudança, o progresso diário é altamente
o aumento da assertividade seja a meta para o tra­ influenciado pela definição de objetivos interme­
tamento de um indivíduo excessivamente passivo.
Após ter sido o comportamento assertivo definido
com suficientes detalhes de modo a deixar poucas
dúvidas a respeito das habilidades interpessoais a
G
diários e das experiências de aprendizagem neces­
sárias à sua consecução. Uma formulação com­
preensiva de objetivos deverá, portanto, conter uma
KS
seqüência de metas intermediárias que levem gra­
serem aprendidas, condições apropriadas podem dualmente a modos de comportamento mais com­
ser estabelecidas para a produção das mudanças plexos.
desejadas. Para se demonstrar, entretanto, que a Esse princípio de gradação é amplamente apli­
pessoa alcançou o objetivo, não será exigido que cado nos procedimentos de aprendizagem social
O

exiba comportamento assertivo em todas as situa­ discutidos nos capítulos seguintes. Em cada caso, o
ções sociais. Pelo fato de serem as exigências inter­ com portamento complexo final é analisado em
pessoais muito complexas, o funcionamento social
BO

submetas m enores, colocadas em seqüência de


efetivo requer um repertório de comportamentos m odo a a sse g u rar um p rogresso ótim o Por
bem discriminado. Assim, uma formulação com­ exemplo, respostas de medo e comportamento de
pleta de objetivos deverá especificar até que ponto esquiva defensivo podem ser eliminados com su­
o comportamento modificado deverá ser vinculado cesso por exposição direta aos eventos aversivos
a condições sociais. (Grossberg, 1965; Herzberg 1945); por exposição a
EX

A ênfase na especificação comportamental de modelos que apresentam corajosamente compor­


metas não pretende encorajar a seleção de resulta­ tamento de aproximação em situações provocado­
dos inconseqüentes. Em vez disso, coloca grandes ras de medo (Bandura, Blanchard e Ritter, 1968;
responsabilidades sobre os agentes da mudança em Bandura, Grusec e Menlove, 1967); ou pela re­
termos de levá-los a analisar cuidadosamente os ob­ produção simbólica de eventos ameaçadores num
D

jetivos complicados, que não podem ser atingidos contexto de fortes respostas positivas incompatíveis
com sucesso por método algum enquanto perma­ (Wolpe, 1958). O terapeuta organiza prim eira­
IN

necerem encobertos em termos gerais e mal-defini- mente um conjunto ordenado de situações amea­
dos. O comportamento complexo é um agregado çadoras às quais o cliente responde com graus cres­
de com ponentes mais simples que devem ser centes de ansiedade. Inicialmente, é apresentado ao
aprendidos individualmente e apropriadamente in­ cliente o evento menos ameaçador sob condições
tegrados. Após serem os desempenhos complexos favoráveis, até que sua resposta emocional seja
adequadamente analisados, poder-se-á passar para completamente extinta. À medida que o tratamento
a fase da descrição das condições que permitirão a progride, as propriedades de eliciar medo das si­
aprendizagem dos comportamentos componentes. tuações aversivas são gradualmente aumentadas,
Sem esse tipo de análise comportamental, os agen­ até que a resposta emocional a eventos que origi­
tes da mudança não saberão como proceder, e sim­ nalmente eram por ele considerados altamente
plesmente regressarão às rotinas favoritas. ameaçadores seja extinta. Embora a gradação do
A definição comportamental dos objetivos não estímulo não seja uma condição necessária à extin­
fornece somente orientação na seleção de procedi­ ção do comportamento de medo, permite ela con­
mentos apropriados mas desem penha também trole maior sobre a orientação e o progresso das
uma importante função de avaliação. Quando os mudanças do comportamento.
44 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

A organização hierárquica das experiências de PRECONIZAÇÃO DO REFORÇAMENTO SOCIAL


aprendizagem é ainda mais útil em program as NÀO CONTINGENTE
formulados para desenvolvimento de novos pa­ É convicção praticamente geral que expem iuias
drões de comportamento, uma vez que os elementos de “relação” não contingentes constituam os prin­
de resposta que compõem os desempenhos com­ cipais determinantes da mudança comporta mental
plexos podem eles próprios constituir compostos e, conseqüentemente, que os métodos específicos
relativamente complicados. Portanto, padrões de em pregados tenham im portância secundária.
resposta complexos não podem ser ensinados sem Numa atmosfera “terapêutica” em que o terapeuta
se estabelecer antes os componentes necessários. Na exiba permissividade e atitudes incondicionalmente
prática social, modos de comportamento intricado positivas e despidas de qualquer propósito de jul­
são melhor alcançados passo a passo, pela modela­ gar, afirma-se, uma variedade de métodos, dentro
ção de respostas cada vez mais complexas (Ban­ de certos limites amplos, poderá produzir mudan­

PS
dura, 1969; Lovaas, 1967) e reforçamento da ela­ ças essencialmente semelhantes no comportamento.
boração gradual de respostas. Esse ponto de vista — que é, de alguma forma,
A adequada colocação em seqüência dos objetivos análogo ao de contar com “o jeito de lidar com o
interm ediários pode ajudar na consecução das doente” em vez de com intervenções terapêuticas
metas de diversos modos. Quando se avança em di­

U
específicas no tratamento de enfermidades físicas
reção a um resultado final de aprendizagem com­ — pode ser seriam ente questionado p o r um
plicado através de submetas sucessivas, as experiên­ exemplo em que os objetivos aparecem claramente

O
cias de fracasso podem ser reduzidas a um mínimo, identificados. Suponhamos que duas crianças te­
já que nenhuma submeta requer habilidades consti­ nham sido encaminhadas para tratamento, uma
tuintes que os participantes já não possuam. O grau

R
passiva e não agressiva e a outra exibindo um pa­
de reforçamento positivo pode portanto ser man­ drão de comportamento altamente agressivo. Uma
tido em nível alto pelo progresso contínuo. Se, de vez que a meta é aum entar a assertividade na
outro lado, se exigir das pessoas que desempenhem
comportamento complexo prematuramente, passa­
rão elas por. um número grande de fracassos des­
necessários. Essas experiências podem prejudicar o
G
criança passiva e diminuir as tendências dominado­
ras da criança hiperagressiva, deverá o terapeuta
utilizar os mesmos métodos? A resposta no caso é
KS
claramente negativa. Com base nos princípios esta­
programa de tratamento por diminuir a motivação belecidos da mudança comportamental, os proce­
positiva, por facilitar o aparecimento de respostas dimentos destinados a reduzir inibições (Wolpe,
obstrutivas ç de esquiva, e inesmo por aumentar os 1958), a apresentação de modelos de comporta­
comportamentos divergentes para cuja modificação mento assertivo (Bandura, 1965) e o reforçamento
O

o tratamento foi inicialmente projetado. Objetivos de padrões de respostas assertivas (Jaclc, 1934;
graduados permitem maior controle sobre o resul­ Page, 1936; Walters e Brown, 1963) são altamente
tado da aprendizagem e orientam e focalizam o
BO

apropriados e efetivos para promover aumento na


com portam ento dos participantes ao longo de assertividade. Esses métodos, entretanto, seriam
todos os estágios do tratamento. Programas de mu­ claramente inapropriados no tratamento da criança
dança mal organizados que apresentam experiên­ hiperagressiva, uma vez que simplesmente reforça­
cias de aprendizagem isoladas, acidentais e coloca­ riam o já persistente comportamento divergente. A
das em seqüência inadequada produzirão resulta­ retirada de recompensas por agressão (Brown e El-
EX

dos desencorajadores, em bora sejam válidos os liott, 1965), combinada com modelação e reforça­
princípios que estariam supostamente orientando m ento positivo de respostas de frustração não*
as práticas sociais. agressivas (Chittenden, 1942), é altamente eficiente
na redução da agressividade. Embora em ambos os
casos cordialidade, compreensão, interesse e outros
D

Fatores que Impedem a Especificação de


fatores da situação de relação se apliquem igual­
Objetivos mente, não seria realístico esperar que esses fatores
IN

Em vista da importância da definição das condi­ gerais aumentassem a agressividade numa criança e
ções de aprendizagem necessárias em termos de a reduzissem em outra. Não obstante, os terapeutas
metas específicas, é de surpreender que a questão freqüentemente aderem a um único conjunto de
dos objetivos tenha recebido tão pouca considera­ condições terapêuticas, desconsiderando a natureza
ção na teorização e prática da psicoterapia. Quase do comportamento divergente do cliente. O com­
sem exceção, os tratados de psicoterapia contêm portamento desadaptativo poderá ser, desse modo,
prescrições detalhadas das condições essenciais fortalecido em vez de enfraquecido, nos casos em
para efetuar mudanças e observações sobre os pe­ que as experiências de aprendizagem são inapro-
rigos do desvio dos métodos prescritos. Os resulta­ priadas.
dos que tais procedimentos pretendem produzir e O ponto de vista da relação na modificação do
os julgamentos de valor implicados por essas metas comportamento implica também em que nenhuma
são expostos de modo inadequado. Diversas razões modificação significativa permanente no compor­
possíveis podem ser consideradas para o caso dessa tamento social pode ser obtida, a não ser que uma
tradicional desatenção com respeito às questões da relação social seja firm em ente estabelecida. Do
seleção de metas. mesmo modo, até recentemente, acreditou-se con-
QUESTÕES de valores e o bjetivo s 45

fiantem erue que um a relação professor-estu- riências da relação podem exercer controle pode­
dante cordial constituiria pré-condição necessária roso sobre o comportamento. As questões centrais,
ao processo educacional. Estudos comparativos, en­ contudo, são as seguintes: deve a relação social ser
tretanto, revelam que os programas de auto-ins- considerada como condição necessária ou facilita-
trução podem igualar ou até mesmo sobrepujar a dora para a aprendizagem e deve ela ser utiliza­
eficácia de instrutores na promoção da aprendiza­ da ritualística ou ponderadam ente para benefi­
gem. A suposição de que fatores da situação de re­ ciar o recipiente? O Cap. 4 apresenta um bom vo­
lação constituem requisitos para a aquisição e modi­ lume de evidência empírica dem onstrando que
ficação de comportamento social é refutada por um comportamentos altamente divergentes apresenta­
sem-número de estudos de aprendizagem social. É dos tanto por crianças quanto por adultos —■in­
possível , por exemplo, adquirir padrões complexos cluindo comportamento infantil, tendências auto-;
de comportamento social por meio da observação destrutivas, comportamento hipocondríaco e deli­

PS
de modelos simbólicos ou de vida real, com os quais rante, alheamento extremo, anorexia crônica, ata­
não se tenha estabelecido nenhuma relação prévia ques psicogênicos, tendências psicóticas e outros
(Bandura, 1965). Além disso, inúmeras respostas comportamentos prejudiciais — podem ser elimi­
utilizadas em situação interpessoal foram adquiri­ nados, reinstalados e substancialmente aum enta­

U
das sob condições em que estava ausente qualquer dos, dependendo do volume de interesse, atenção e
relação interpessoal. Esse processo de transferência cuidado solícito que esses comportamentos eliciam
foi experimentalmente demonstrado por Walters e em outras pessoas. Uma relação positiva tem, por

O
Brown (1963), que constataram que crianças, quan­ conseguinte, tanto a potencialidade de ajudar
do intermitentemente reforçadas por golpear um quanto de prejudicar. As atitudes benevolentes e

R
grande boneco, apresentavam subseqüentemente bem-intencionadas, freqüentemente preconizadas
um aumento no comportamento fisicamente agres­ por inúmeras teorias da personalidade, podem de
sivo com relação a outras crianças em situações de fato promover contingências de reforçamento so­
frustração.
As experiências da situação de relação são fre­
qüentem ente designadas como influências não-
G
cial que levam a conseqüências prejudiciais; essa
observação sugere que as práticas de criação de
crianças, educacionais e terapêuticas, devem ser ava­
KS
específicas e contrastadas com diversos procedi­ liadas por seus efeitos sobre os recipientes e não
mentos de aprendizagem que são considerados pela intenção hum anitária dos agentes da m u­
como influências específicas. É difícil conceber in­ dança. Inúmeras pessoas bem-intencionadas que
fluências não-específicas em trocas sociais. Cada aderem a essas práticas de higiene mental, as quais
expressão de uma pessoa elicia algum tipo de res­ têm sido am plam ente divulgadas ao longo dos
O

posta no outro participante, o que inevitavelmente anos, podem algumas vezes, de modo inadvertido,
cria uma contingência específica de reforçamento manter ou mesmo aumentar exatamente os pro­
BO

que tem um efeito específico no comportamento blemas que pretendem com seus esforços resolver
imediatamente anterior. Numerosos estudos sobre (Harris, Wolf e Baer, 1964; Gelfand, Gelfand e
processos de mudança estimulados pela teoria do Dobson, 1967; Lovaas, Freitag, Gold e Kassoria,
reforçamento social revelam que respostas inter­ 1965).
pessoais têm efeitos específicos e previsíveis sobre o A suposição principal envolvida na maior parte
comportamento. É possível, obviamente, para um das abordagens convencionais do tratamento é a de
EX

agente de mudança apresentar respostas unifor­ que os clientes reviverão, em sua relação com o psi-
memente positivas ou negativas sem levar em conta coterapeuta, os padrões interpessoais desadaptati-
o comportamento da outra pessoa. Em tais casos, vos que caracterizam suas interações quotidianas
entretanto, seria mais correto caracterizar a intera­ com pessoas significativas. Uma vez evocada com
ção social como envolvendo reforçamento indiscri­
D

diversas intensidades e sob diversas formas, a natu­


minado em vez de reforçamento não-contingente. reza inapropriada dessas reações transferidas po­
Já foi dem onstrado por H art, Reynolds, Baer, derá ser demonstrada e presumivelmente modifi­
IN

Brawley e Harris (1968), e outros mais, que abun­ cada no ambiente terapêutico. Alexander (1956),
dante receptividade social, apresentada nessa base entre outros, questionou essas suposições a respeito
“não-condicional”, não pode nem criar nem manter dos fenômenos de transferência. Argumentou ele
características de personalidade convenientes. Inte­ ue a diferença marcante da situação terapêutica e
resse desprovido de direção é claramente insufi­ as características sociais do terapeuta poderá vir
ciente. a constituir um estímulo pouco conveniente para a
Antes que os leitores concluam que as aborda­ eliciação de fortes respostas generalizadas. Assim
gens da aprendizagem social negligenciam as variá­ sendo, inúmeros problemas comportamentais dos
veis da relação, é preciso enfatizar aqui que, muito clientes não seriam efetivamente modificados so­
ao contrário, os processos de reforçamento social mente em termos de relação com o terapeuta. Além
desempenham um papel de grande importância na disso, as pessoas que têm uma vida emocionalmente
modificação e manutenção de padrões de persona­ pobre tornam-se freqüentemente mais interessadas
lidade. De fato, foi a pesquisa realizada dentro do em obter reforçamento positivo do terapeuta do
quadro de referência da aprendizagem social que que em resolver seus problemas interpessoais. As
mostrou, do modo mais conclusivo, que as expe­ mudanças na personalidade podem também ser di­
46 QUESTÕES de valores e objetivo s

ficultadas se o terapeuta, devido a satisfações limi­ sintam mais confortáveis. Se igual raciocínio diri­
tadas em suas próprias relações não profissionais, gisse a prática da medicina — suponham um pa­
usar seus clientes como fonte substituta de gratifi­ ciente portador de um tumor no cérebro que con­
cação. Por essas e outras razões, Alexander reco­ sulta um médico que se sente mais à vontade pro­
mendou maior utilização de relações extra terapêu­ cedendo a apendicectomias —» uma considerável
ticas para efetuar mudanças no comportamento so­ porção da população de pacientes já teria deixado
cial. há muito esse mundo enquanto que uma porção
Ficou evidente, a partir dos estudos sobre resul­ ainda maior se veria desprovida de convenientes es­
tados apresentados no Cap. 1, que, seja o que for truturas anatômicas. A modificação do comporta­
que os clientes revivam com seus terap eu tas, mento bem sucedida exige determinadas condições
são relativamente poucos os efeitos benéficos dessas de aprendizagem. Assim sendo, ao se planejar um
representações que filtram para as relações inter­ programa de mudança, o foco principal deverá ser

PS
pessoais da vida diária. É bem mais provável que a dirigido sobre os objetivos desejados e as condições
relação artificial forneça gratificações substitutas convenientes e não sobre o conforto dos agentes da
para as que estão faltando nas relações naturais do mudança. Essa posição não minimiza as diferenças
cliente, em vez de servir como um veículo impor­ individuais na capacidade dos terapeutas para criar
tante de mudança de personalidade. As pessoas se­ tipos diferentes de condições de aprendizagem.

U
riam mais fundam entalm ente ajudadas se seus Muito pelo contrário, acentua a necessidade de se­
padrões de comportamento fossem modificados de lecionar agentes de mudança na base dos resulta­

O
modo a permitir que pudessem auferir maiores sa­ dos desejados da aprendizagem.
tisfações das relações de suas vidas diárias, tor­ A desconsideração comum de métodos e objeti­
nando assim desnecessárias as relações compradas. vos deriva também do fato de que a maior parte

R
Inúmeros psicoterapeutas que não subscrevem a dos psicoterapeutas são treinados essencialmente
teoria da transferência pressupõem entretanto que num único enfoque de tratamento, o qual é por
uma atitude benevolente não-contingente para com
os clientes poderá produzir mudanças benéficas na
personalidade. A aderência estrita à posição de que
G
eles aplicado, com pequenas variações, a um amplo
número de padrões de comportamento divergente.
Os rogerianos oferecem a seus clientes um tipo par­
KS
os terapeutas devem m ostrar-se incondicional­ ticular de psicoterapia para todos os propósitos, os
mente receptivos é virtualmente impossível, con­ psicanalistas um tipo-padrão de algum modo dife­
forme demonstrado em numerosas análises de con­ rente; da mesma forma, adlerianos, junguianos,
teúdo (Bandura, Lipsher e Miller, 1960; Dittes, sullivanos, gestaltistas, existencialistas e rank.ianos
1957; Goldman, 1961; Winder, Ahmad, Bandura e apresentam outras tantas formas diferentes de psi­
O

Rau, 1962). Os terapeutas, incluindo aqueles que coterapia para todos os casos. Uma vez que o
preconizam uma atitude positiva incondicional cliente deve conformar-se com o método oferecido,
ao invés de ter procedimentos especialmente sele­
BO

(Murray, 1956; Truax, 1966), exibem consistentes


padrões de respostas de aprovação e desaprovação cionados para ele em termos de objetivos específi­
com relação ao comportamento de seus clientes. cos, o tratamento recebido é fortuitamente deter­
Mesmo se fosse possível uma aprovação e aceitação minado pela escola a que se filia o psicoterapeuta.
social incondicional, não seria ela mais significativa A afiliação a escolas não determina somente a
como pré-condição para a mudança do que o re- amplitude dos procedimentos que um terapeuta
EX

forçamento não contingente na modificação de empregará em sua prática; ela definirá também os
qualquer forma de comportamento. Se fosse esse problemas centrais do cliente, para cuja solução as
princípio de fato aplicado na criação dos filhos, os técnicas da escola foram criadas. Psicanalistas des­
pais deveriam responder de modo aprovador e afe­ cobrirão e resolverão complexos de Édipo; adleria­
tuoso quando seus filhos'aparecessem com ardgos nos descobrirão problemas de inadequação e tenta­
D

roubados ou se comportassem de modo inade­ rão alterar a resultante luta compensatória pelo
quado na escola ou quando atacassem fisicamente poder; rogerianos identificarão e -reduzirão as dis-
IN

seus irmãos ou companheiros ou se recusassem a crepandas do self ideal; rankianos trabalharão com
seguir qualquer rotina doméstica ou ainda apresentas­ as ansiedades de separação; existencialistas promo­
sem comportamento cruel. “Amor incondicional” tor­ verão ativamente o autoconhecimento. Assim, nos
naria as crianças desorientadas, irresponsáveis e com­ enfoques terapêuticos tradicionais, procedimentos
pletamente imprevisíveis. De modo semelhante, se e objetivos tendem a ser pré-seledonados com pe­
os pesquisadores praticassem reforçamento positivo quena referência às diversas formas de divergência
indiscriminado nos experim entos a respeito do exibidas por diferentes pessoas. Considerando o
processo de aprendizagem social, os resultados ob­ modo addental por meio do qual as divergências
tidos seriam igualmente pequenos. Talvez seja essa com porta menta is são pareadas com as condições de
circunstância relevante para os dados sobre resul­ aprendizagem, não é de surpreender que os clien­
tados da psicoterapia discutidos no capítulo intro­ tes freqüentem ente interrompam a terapia após
dutório. somente algumas entrevistas e que não seja possível
Outro corolário do ponto de vista da relação es­ determinar a probabilidade de melhora para os que
tabelece que os psicoterapeutas devam selecionar os continuam. O enfoque da aprendizagem sodal não
métodos de tratamento no emprego dos quais se se baseia sobre um único conjunto de condições
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 47

para efetuar mudanças na personalidade; ao con­ Goldman, 1961; Murray, 1956; Rosenthal, 1955;
trário disso, fornece, dentro de um quadro de refe­ Truax, 1966; Winder et al., 1962), é de surpreen­
rência unificado, diversos métodos para a modifi­ der que inúmeros terapeutas continuem a conside­
cação de multiformes fenômenos psicológicos. ra r o processo psicoterapêutico como não envol­
Os psicoterapeutas menos fortemente compro­ vendo influência e controle comportamental.
metidos com uma determinada orientação teórica Em seus últimos escritos, Rogers (1956), um im­
tentam geralmente variar as técnicas adotadas de portante proponente da posição anticontrole, reco­
diferentes sistemas para problemas particulares. nheceu que os psicoterapeutas de fato manipulam e
Entretanto, pelo fato de a literatura não fornecer controlam o comportamento de seus clientes na si­
critérios explícitos para a escolha de diferentes mé­ tuação de tratamento. Argumenta ele, entretanto,
todos, o conjunto de procedimentos conhecido por que esse controle externo benevolente acaba por
um terapeuta é utilizado na realidade de acordo produzir pessoas “auto-realizadas", “flexíveis” e

PS
com sua intuição. Essas tentativas são, portanto, “criativamente adaptativas", cujo comportamento
menos definidas, menos compreensivas e geral­ pós-terapia fica sob controle interno e livre da su­
mente menos eficientes do que um programa em jeição à influência do terapeuta. Os resultados
que determinadas intervenções são levadas a cabo reais, entretanto, estão em considerável desacordo
devido a seus efeitos demonstrados sobre o com­ com essas pretensões idealizadas. Uma breve com­

U
portamento social. paração dos protocolos de entrevistas de casos tra­
tados por terapeutas rogerianos com os de clientes
SELEÇÃO DE OBJETIVOS E QUESTÕES ÉTICAS

O
de terapeutas representando diferentes orientações
DO CONTROLE COMPORTAMENTAL teóricas revela claramente que, ao contrário de so­
Os objetivos comportamentais não são freqüen­ frerem um processo de individualização e auto-

R
temente especificados, de modo a evitar o reconhe­ realização, os clientes foram completamente condi­
cimento dos julgamentos de valor e as influências cionados e convertidos ao sistema de crenças, ao
sociais envolvidas na modificação do com porta­
mento. Psicoterapeutas que subscrevem métodos
coloquiais costumam descrever essa forma de tra­
tamento como um processo de influência social
G
vernáculo e às interpretações da realidade específi­
cos de seus respectivos psicoterapeutas. A confor­
midade no comportamento verbal é parcialmente
obdda por meio do reforçamento seletivo. A análise
KS
não-contingente, em que o terapeuta serve como seqüencial das trocas verbais em casos tratados por
um catalisador incondicionalmente amoroso, per­ Rogers revelou que o terapeuta aprovava consisten-
missivo, compreensivo e empático para os esforços temente determinados comportamentos e desapro­
do cliente na obtenção da autodescoberta e da vava outros (Murray, 1956; Truax, 1966). À me­
O

auto-realização. Em contraste, os psicoterapeutas dida que o tratamento prosseguia, aumentava a


de orientação comportamental são tipicamente des­ freqüência das respostas aprovadas enquanto dimi­
critos como anti-humanistas, maquiavélicos mani­ nuía a verbalização desaprovada.
BO

puladores do comportamento humano (Jourard, No debate freqüentemente citado entre Rogers e


1961; Patterson, 1963; Rogers, 1956; Shoben, Skinner (1956) a respeito das implicações morais do
1963). Na verdade, até onde o psicoterapeuta — controle do com portam ento, Rogers estabelece
independentemente de sua posição teórica — tenha uma distinção entre três tipos de controle; tal dis­
obtido sucesso na modificação do comportamento tinção fornece uma ilustração excelente do uso de
EX

de seus clientes, deliberadamente ou não manipu­ uma reclassificação conveniente a fim de minimizar
lou ele os fatores que o controlam. É interessante as decisões éticas que devem ser tomadas por tera­
notar a esse respeito que condições impostas a ou­ peutas e outros agentes de mudança. Na primeira
tros de modo não planejado são geralmente consi­ categoria, designada de controle externo, a pessoa A
deradas de modo favorável, enquanto que condi­ cria condições que alteram o comportamento da
D

ções idênticas, estabelecidas após cuidadosa avalia­ pessoa B sem o seu consentimento. A segunda
ção de seus efeitos sobre outros, são freqüente­ forma e presumivelmente a mais humanitária, de­
IN

mente consideradas culpáveis. Não existe nenhum nominada influência, envolve processos em que A
outro empreendimento que dê um valor tão alto ao estabelece condições que modificam o comporta­
desconhecimento, freqüentemente a expensas do mento de B, às quais ela dá um certo grau de con­
bem-estar do cliente. E possível que esse sistema de sentimento. A distinção entre controle externo e in­
valores centrado no terapeuta viesse a mudar rapi­ fluência entretanto é mais aparente do que real.
damente, se os contratos terapêuticos estabeleces­ Em muitos exemplos, certas condições são impostas
sem que a remuneração financeira devesse ser feita aos indivíduos sem sua concordância, conheci­
pelo menos parcialmente contingente ao volume de mento ou compreensão e das quais poderão eles vir
mudança demonstrável obtida pelos clientes nos a se livrar mais tarde modificando docilmente seu
problemas interpessoais para os quais solicitaram com portamento na direção sutilmente prescrita
ajuda. pelos agentes controladores. Assim, por exemplo,
Em vista da substancial evidência obtida em pes­ pessoas que foram legalmente encam inhadas a
quisa de que psicoterapeutas servem como modelos hospitais para doentes mentais ou instituições pe­
e reforçadores positivos para o comportamento de nais podem participar voluntariamente de progra­
seus clientes (Bandura, Lipsher e Miller, 1960; mas de tratamento, a fim de adquirir os tipos de
48 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

comportamento que melhorarão suas condições de turbadoras na estrutura do self dos clientes. Entre­
vida na instituição e lhes assegurarão uma alta rá­ tanto, após terem sido os valores parentais interna­
pida. Uma distinção ética mais fundamental pode lizados suplantados pela adoção das atitudes e
ser feita em termos de se estabelecer se o poder de padrões do terapeuta, o cliente é lisonjeiramente
influenciar outros é utilizado para a conveniência descrito — pelo psicoterapeuta — como auto-reaii-
do controlador ou para o benefído do controlado, zado, flexivelmente criativo e autodirigido!
a qual poderia substituir a que é feita em termos do Uma boa parte da controvérsia entre Rogers e
critério ilusório de consentimento voluntário. Skinner está centralizada em tomo de suas prefe­
O controle interno, a terceira categoria de Rogers, rências de valores para outros. Skinner preconiza
envolve um processo em que a pessoa estabelece as que as pessoas devem ser tornadas “realmente feli­
condições necessárias para controlar suas próprias zes, seguras, produtivas, criativas e dirigidas para o
respostas. Embora os sistemas auto-reguladores de­ futuro”; Rogers argumenta em termos de autodire-

PS
sempenhem um papel influente na regulação do ção e auto-realização de potencialidades como os ob­
comportamento humano, não são eles inteiramente jetivos prescritos para a influênda social. É necessá­
independentes das influêndas externas. Os siste­ rio observar entre parênteses que, no contexto da
mas auto-reguladores são transmitidos através de prodamação do objetivo da auto-realização, Rogers
processos de modelação e de reforçamento. Após levanta-se de modo vigoroso contra a auto-reali­

U
uma pessoa ter adotado um conjunto de padrões zação em termos skinnerianos. O leitmotiv dessa
comportamentais para proceder à auto-avaliação, apresentação parece ser o da conform idade de

O
tenderá ela a selecionar associados que comparti­ crenças em vez da auto-realização. Como acontece
lhem sistemas de valores e normas comportamen­ geralmente nas disputas sobre os resultados tera­
tais semelhantes (Bandura e Walters, 1959; Elkin e pêuticos, "felicidade” e “conform idade com as

R
Westley, 1955). Os membros desse grupo de refe­ normas sociais’' são selecionados como exemplo de
rência, por sua vez, servem para reforçar e susten­ produtos inconvenientes equadonados com passi­
tar seus padrões de conduta autoprescritos. Uma
pessoa que escolhe um pequeno grupo de referên­
cia seledonado, que não compartilha dos valores do
público em geral, pode parecer altamente indivi­
G
vidade; a auto-realização, de outro lado, é apresen­
tada como um objetivo enobrecedor. Para contraba­
lançar as duas escalas avaliativas, é preciso notar
que a ética da auto-realização centrada no self po­
KS
dualista e “internamente dirigida” quando, de fato, deria ser igualmente posta em questão em termos
é ela muitíssimo dependente da aprovação e desa­ morais, particularmente pelas vítimas inocentes dos
provação real ou imaginada de alguns poucos indi­ déspotas auto-realizados ou das pessoas centradas
víduos cujo julgamento considera como fundamen­ em seu próprio self, menos óbvias, mas igualmente
O

tal. egoístas. Metas universalmente aceitas são dificil­


Durante o andamento da psicoterapia, adotam os mente alcançáveis porque todos os diversos padrões
clientes de modo semelhante, por meio da modela­ de comportamento entusiasticamente promovidos
BO

ção, os valores, atitudes e padrões de conduta de por terapeutas de linhas diferentes podem ser usa­
seus terapeutas para a auto-avaliação (Pentony, dos para produzir efeitos humanos antagônicos.
1966; Rosenthal, 1955). A receptividade à influên- A característica mais notável da atada retórica,
d a da modelação pode ser particularmente aumen­ aparentem ente humanista, consiste em que ne­
tada numa relação em que a pessoa desenvolveu nhum dos partidpantes parece reconhecer que a
EX

uma forte ligação positiva com um modelo in­ escolha dos objetivos comportamentais pertence de
fluente (Bandura e Huston, 1961; Henker, 1964; direito ao cliente. Uma pessoa pode não estar pro­
Mussen e Parker, 1965), condição essa que é consi­ curando na terapia nem a segurança de Skinner
deravelmente enfatizada na maior parte das psico- nem a conversão de Rogers sob a forma de auto-
terapias. Estudos sobre os efeitos da modelação re­ realização. Voltaremos em breve a essa questão de
D

velaram ainda que as pessoas tendem a desempe­ padronização de valores e à inclinação dos terapeu­
nhar o comportamento do modelo em sua ausência tas de impor a seus clientes seus próprios acarinha­
IN

(Bandura e Kupers, 1964; Bandura, Ross e Ross, dos objetivos.


196S), e respondem a situações novas de maneira Contrariamente às crenças de Rogers, Shoben e
consistente com as disposições do modelo, mesmo outros críticos, as abordagens orientadas do ponto
que não tenham nunca observado o com porta­ de vista com portam ental envolvem usualmente
mento do modelo em resposta aos mesmos estímu­ quantidade consideravelmente menor de controle e
los (Bandura e Harris, 1966; Bandura e McDonald, manipulação desnecessários de atitudes e de valores
1963; Bandura e Mischel, 1965). Essas descobertas do que nos procedimentos baseados sobre o mo­
indicam que, após terem sido adotados atitudes e delo psicodinâmico. Nesses tratamentos, qualquer
atributos comportamentais do modelo, continua ele comportamento, não importa quão trivial ou apa­
a influendar e a indiretamente controlar as ações rentem ente irrelevante, tende a ser visualizado
do sujeito, embora não esteja mais fisicamente pre­ como um derivativo de forças psicodinâmicas en­
sente. De fato, na conceituação feita por Rogers cobertas e é portanto sujeito a análise e reinterpre-
(1951) do desajustamento, os valores parentais in- tação em termos das predileções teóricas do tera­
trojetados são concebidos como influências patológi­ peuta. Assim sendo, virtualmente nenhum aspecto
cas prolongadas que mantêm incongruências per­ da vida do diente — seu comportamento sodal,
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 49

conjugal e sexual, suas crenças religiosas e políticas, moral, deveriam eles preocupar-se mais a respeito
sua escolha vocacional, suas práticas de treina­ de sua própria limitada eficácia em ajudar pessoas
mento infantil — escapa ao repetido escrutínio e dispostas a se submeter a sacrifícios financeiros para
influência do terapeuta ao longo de um período de obter as mudanças desejadas, em vez de devanear
vários anos. Uma vez que essa abordagem tende a sobre seus poderes potenciais. A tendência de exa­
considerar as dificuldades comportamentais como gerar as possibilidades do controle comportamental
manifestações superficiais de eventos internos mais por métodos psicológicos tão-somente, sem consi­
fundamentais e freqüentemente inconscientes, as deração da cooperação voluntária do cliente, e a
tentativas de influência são principalmente dirigi* falha em reconhecer a natureza recíproca do con­
das para temas de relevância questionável. Não é trole interpessoal obscurece tanto as questões éticas
incomum, portanto, encontrar clientes cujos siste­ quanto a natureza dos processos de influência so­
mas de valores tenham sido completamente modifi­ cial.

PS
cados, a despeito da pequena melhora apresentada Ao discutir as questões morais e práticas do con­
para as dificuldades comportamentais que os leva­ trole comportamental é essencial reconhecer que a
ram inicialmente a solicitar ajuda. influência social não é uma questão de impor con­
Ao contrário disso, os terapeutas de orientação troles onde antes não existiam. Todo o comporta­
comportamental confinam geralmente sua inter­

U
mento é inevitavelmente controlado e a operação
venção terapêutica aos problemas comportamentais das leis psicológicas não pode ser suspensa por con­
apresentados pelo cliente. São eles classificados cepções românticas do comportamento humano, da

O
como estilos de comportamento aprendidos e não mesma forma que a rejeição indignada da lei da
como expressões de processos inconscientes esoté­ gravidade como anti-humanista não pode impedir
ricos ou como manifestações de doença mental.

R
as pessoas de caírem. Como foi observado por
Além disso, os procedimentos e objetivos são com­ Homme e Tostí (1965) “ou se manipulam as con­
pletamente claros, o tratamento tem tipicamente tingências ou são elas manipuladas por addeute.
pequena duração e é evidentemente dirigido para
uma meta. É óbvio que, dentro dessa interação al­
tamente estruturada, o terapeuta deve exercer con­
G
De qualquer forma, se trata de contingêndas e
produzirão seu efeito [pág. 16]”. O processo de
mudança do comportamento envolve portanto a
trole responsável sobre condições que afetam seg­
KS
substituição das condições que até então controla­
mentos relevantes do comportamento do cliente, ram o comportamento de uma pessoa por condi­
uma vez que pretenda cumprir suas obrigações te­ ções novas. A questão moral básica não diz respeito
rapêuticas. Nesse tipo de abordagem, entretanto, o a se deve o comportamento humano ser controlado
psicoterapeuta está menos inclinado a conformar os mas sim por quem, por que modos e para que fins.
O

sistemas de crenças de seus clientes de acordo com O critério prindpal que pode ser aplicado no ju l­
seus próprios pontos de vista. Embora possa pare­ gamento das implicações éticas das abordagens de
cer paradoxal, os psicoterapeutas que se orgulham
BO

influênda sodal (Kelman, 1965) consiste no grau


de ser não-m anipulativos e não-controladores em que promovem liberdade de escolha. É necessá­
estão freqüentemente envolvidos, embora talvez in­ rio contudo acrescentar que, se. desejarmos preser­
voluntariamente, numa prática mais disfarçada e var o individualismo, deverá ele ser moderado por
rpais manipulativa do que a dos terapeutas com­ um sentido de obrigação social. Instituições custo­
prometidos com o enfoque comportamental. É pre­ diais criadas pelas sociedades estão em grande
EX

ciso esclarecer, entretanto, que os princípios com­ parte populadas por individualistas socialmente
portamentais não estabelecem a maneira pela qual prejudiciais. A liberdade de auto-expressão de uma
são aplicados. Sem dúvida alguma, alguns terapeu­ pessoa pode ser restrita de diversos modos, cada
tas do comportamento abusam do direito das pes­ um dos quais apresenta problemas éticos algo dife­
soas de decidir sobre a direção em que desejam ter rentes no restabeledmento da autodeterminação.
D

seu comportamento modificado e agem como agen­


tes terapêuticos desprovidos de consideração e res­ Auio-restrições sob a forma de inibições condido-
nadas e respostas de autocemura freqüentemente
IN

peito por valores.


limitam de modo severo a amplitude efetiva de
comportamentos de uma pessoa e os tipos de op­
ESTABELECIMENTO DA LIBERDADE DE ções que poderia provavelmente tomar em conside­
ESCOLHA ATRAVÉS DE ABORDAGENS ração. Em inúmeros casos, por exemplo, as pessoas
COMPORTAMENTAIS são incapazes de partia par livremente de intera­
As discussões sobre as implicações morais do con­ ções sodais potencialmente recompensadoras de­
trole comportamental enfatizam quase sempre o vido a severas fobias; são elas incapazes de
papel maquiavélico dos agentes de mudança e as empenhar-se em atividades de realização, agressi­
manobras autoprotetoras dos controlados. O fato vas ou heterossexuais; ou negam a si próprias grati­
de a maior parte das pessoas procurar tratamento ficações socialmente permissíveis devido a padrões
somente em último caso, com a esperança de modi­ de conduta auto-impostos e austeros. Programas de
ficar padrões de comportamento seriamente afliti­ tratamento destinados a reduzir auto-restrições são
vos para si próprios ou para outros, é freqüente­ raramente considerados como eticamente reprová­
mente negligenciado. Até onde estejam os terapeu­ veis, uma vez que tendem a restaurar a espontanei­
tas dispostos a se envolver em problemas de ordem dade e a liberdade de escolha entre diversas opções
50 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

de ação. Questões éticas surgem somente se um amplo âmbito de alternativas socialmente toleradas
agente de mudança utiliza sua influênda egoistica- ou de não estabelecer nenhum limite para seu pró­
mente ou para tornar seus clientes socialmente ir­ prio comportamento e ser relegadas pela sodedade
responsáveis. a determinadas instituições. O dilema ético é mais
Deficiências comportamentais também restringem sério quando as normas sociais são questionadas
consideravelmente a liberdade de escolha e redu­ por inúmeros membros da sodedade e novos pa­
zem portanto as oportunidades de autogoverno. As drões de comportamento são preconizados. Existem
posições das pessoas em diversas hierarquias de es­ hoje em dia abertas controvérsias sobre a morali­
tatutos e poder são em grande medida determina­ dade do homossexualismo, da relação sexual pré-
das por suas competências sociais, educadonais e marital, do uso de drogas que não implicam em
vocadonais. O grau de controle que uma pessoa dependênda, da desobediência civil a leis injustas e
pode exercer sobre suas próprias atividades, o de inúmeras formas de comportamento social que

PS
poder de formar e de modificar o seu próprio am­ são publicamente definidas como ilegais. Em casos
biente e a acessibilidade e o controle dos recursos como esses, os agentes terapêuticos poderão apoiar
desejados aumentam com posições e estatutos mais mudanças na orientação socialmente prescrita ou
altos. Pessoas que desenvolveram capaddades inte­ dar legitimidade a padrões divergentes, depen­

U
lectuais e vocacionais superiores desfrutam de uma dendo das conseqüêndas sociais e pessoais do com­
ampla latitude de escolhas ocupacionais; possuem portamento, das preferências do cliente e da escala
de valores do próprio terapeuta.

O
elas considerável liberdade de regular tanto suas
próprias atividades quanto o comportamento de Inúmeras pessoas cuja liberdade é limitada por
outros; e têm elas os meios financeiros de obter restrições socialmente impostas e que procuram

R
privilégios adidonais que aumentam mais ainda sua ajuda psicoterapêutica não estão na realidade for­
autonomia. De modo contrário, os que abandonam tem ente apegadas a seu com portam ento diver­
a escola e são, portanto, defidentes em termos de
proficiência sócio-vocacional, acabam relegados a
um estatuto subordinado, em que não somente seu
bem-estar está sujeito a controles externas arbitrá­
G
gente; mas, pelo fato de ser ele poderosamente re­
forçador ou porque não dispõem de alternativas
mais satisfatórias, têm dificuldade em abandoná-lo.
O estabelecimento do autocontrole e a redução das
KS
rios mas também são eles irreversivelríiente canali­ valêndas positivas associadas com atividades diver­
zados numa vida econômica e sodal que restringe gentes exigem algumas vezes a utilização de proce­
ainda mais suas oportunidades de utilizar suas po- dimentos aversivos como parte do programa de tra­
tendalidades e de afetar suas próprias circunstân- tamento. O uso de métodos aversivos pode ser cri­
aas de vida. A eliminação dessas deficiêndas com­
O

ticado como sendo, se não antiterapêutico, certa­


portamentais pode aum entar substandalmente o mente anti-humanista. Mas, não é muito mais hu­
nível de autodeterminação em diversas áreas do m anitário oferecer ao cliente a escolha entre
BO

fundonamento social. submeter-se a uma experiência penosa breve para


Restrições socialmente impostas à liberdade de auto- eliminar comportamento prejudicial ou suportar,
expressão ocorrem como respostas a comporta­ por inúmeros anos, as conseqüências nodvas e fre­
mentos divergentes tjue violam os códigos legais. Al­ qüentemente irreversíveis, que decorrerão inevita­
coólatras crônicos, viciados em drogas, divergentes velmente se seu comportamento se mantiver inalte­
sexuais, delinqüentes, psicóticos, não-conformistas rado?
EX

e ativistas sodais podem ter suas liberdades cassa­


das por determ inados períodos ou indefinida­ Restrições à liberdade comportamental surgem
mente, quando suas ações públicas são considera­ também de discriminação socialmente sancionada. Em
das como sodalmente prejudiciais e podem por­ tais casos, a liberdade de uma pessoa é limitada de­
vido à cor de sua pele, religião, antecedentes étni­
D

tanto ser submetidos a controle sodal. Problemas


éticos espedais têm maior probabilidade de surgir cos, dasse sodal ou outras características secundá­
sempre que a restauração de sua liberdade venha a rias. Quando a autodeterminação de uma pessoa é
IN

ocorrer de modo contingente ao abandono por externamente restringida por práticas sociais pre-
parte do indivíduo dos padrões de comportamento judidais, as mudanças necessárias devem ser feitas
socialmente proibidos. Se um agente de mudança a nível de sistema social.
agir em oposição à sociedade que o apóra institu- Admite-se freqüente e erroneamente (London,
cionalmente, estará ele furtando-se às responsabili­ 1964) que as psicoterapias tradicionais abracem
dades sodais mais amplas que lhe foram conferi­ fervorosamente a causa do humanismo enquanto
das. Se, por outro lado, ele impuser a seu cliente que as abordagens comportamentais, por motivos
cativo condições destinadas a forçar a conformi­ nunca esclarecidos, não estariam supostamente in­
dade a normas sodais, ele estará subvertendo o di­ teressadas nas implicações morais de suas práticas
reito do cliente de escolher como deseja viver sua ou tomariam posição antagônica com relação aos
vida. Esses dilemas morais são menos difíceis de re­ valores humanistas. De fato, a terapia comporta­
solver nos casos em que o comportamento da pes­ mental é um sistema de princípios e procedimentos
soa prejudica ou infringe a liberdade de outros. e não um sistema de ética. Seus métodos, como
Essas pessoas têm a escolha de recobrar sua auto­ quaisquer outros procedimentos efetivos, diga-se
nomia, submetendo-se a mudanças dentro de um de passagem, podem ser utilizados tanto para
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 51

ameaçar a liberdade e dignidade humanas quanto ção realizada pelos clientes de seu próprio compor­
para garanti-las. tamento e das contingências ambientais que reci­
Quando a liberdade é discutida em termos abs­ procam ente o influenciam . C ontrariam ente à
tratos é em geral equacionada com não-deter- crença comum, as abordagens comportamentais
minismo; reciprocamente, o automatismo é asso­ não somente podem apoiar uma moralidade hu­
ciado com a posição determinista. A questão de se manista, mas também, devido à sua relativa eficiên­
saber se liberdade e determinismo são compatíveis cia em estabelecer autodeterminação, mostram-se
ou irreconciliáveis depende da maneira pela qual esses métodos muito mais promissores do que os
são os processos causais conceituados. De acordo procedimentos tradicionais para a promoção da li­
com as principais teorias da personalidade, as ações berdade comportamental e da realização das po­
humanas seriam ou impelidas de dentro por forças tencialidades humanas.
encobertas ou externamente predeterminadas. Se
OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS NA

PS
os indivíduos fossem meros organismos passivos e
MODIFICAÇÃO DE ESTADOS INTERNOS E
reativos que respondem a influências externas, en­
tão seu comportamento seria inevitável; e, por conse­
DISFUNÇÕES COMPLEXAS
guinte, seria absurdo elogiá-los por suas realizações Até então, a falha em não orientar o tratamento
ou puni-los por suas transgressões. Seria mais sen­ para os resultados comportamentais desejados foi

U
sato, desse ponto de vista, elogiar ou castigar os de­ atribuída à prevalência de determinados métodos
terminantes externos. Mas, como tais eventos são terapêuticos utilizados para todos os propósitos, à

O
também inevitavelmente determinados por condi­ confiança em que fatores inerentes a uma relação
ções antecedentes, a análise resulta numa infinita benevolente viriam a produzir diversas mudanças e
regressão de causas. Um certo grau de liberdade é à relutância em reconhecer as questões de valores e

R
possível dentro de um ponto de vista determinista, controle comportamental envolvidos na modifica­
se se reconhecer que o comportamento de uma ção do comportamento social. A falha em nãó espe­
pessoa constitui um fator contribuinte para os
eventos causais subseqüentes. Como já foi visto na
discussão anterior sobre os processos de influência
recíproca, os indivíduos desempenham um papel
G
cificar os objetivos em termos comportamentais se
origina também em parte do ponto de vista de que,
em inúm eros casos, estados internos psíquicos
podem constituir os principais problemas necessi­
KS
ativo na criação de seu próprio ambiente controla­ tando modificações. Essas condições são usual­
dor. mente definidas em termos amplos tais como infeli­
Do ponto de vista da aprendizagem social, a li­ cidade, ausência de significado e propósito na vida
berdade não é incompatível com o determinismo. e sentimentos de inutilidade. Antes de discutir sobre
O

Na realidade, a pessoa é considerada livre até onde como poderiam os eventos fenomenológicos ser
pode ela influenciar os eventos futuros por meio da efetivamente alterados, é preciso notar que se tor­
nou altamente elegante formular os próprios pro­
BO

direção que dá a seu comportamento. É possível


dem onstrar prontam ente que uma pessoa pode, blemas comportamentais concretos em abstratos
dentro dos limites de suas capacidades comporta- termos cósmicos. Compreende-se de fato que seja
mentais e opções ambientais, exercer substancial menos desagradável apresentar as próprias aflições
controle sobre sua vida social, fazendo com que como manifestações de moléstias sociais de aliena­
planeje e execute rigorosamente cursos de ação ra­ ção, exploração ou desumanização do que reconhe­
EX

dicalmente diferentes em dias alternados. Mesmo cer desesperadoras deficiências pessoais, inadequa­
admitindo que a seleção de um determinado curso ções heterossexuais evidentes, fracasso intelectual,
de ação dentrfc alternativas disponíveis constitua ela falta de vocação e produtividade e inabilidade em
própria o resultado de fatores determ inantes, estabelecer relações interpessoais satisfatórias.
pode, apesar disso, uma pessoa exercer algum con­ Problemas abstratos como infelicidade e falta de
D

trole sobre as variáveis que governam suas próprias objetivo não podem ser modificados com sucesso
escolhas. De fato, está sendo feito uso crescente de por nenhum a form a de tratam ento, enquanto
IN

sistemas de autocontrole (Ferster, N um berger e permanecerem desvinculados de seus determinan­


Levitt, 1962; Harris, 1969; Stuart, 1967), em que tes experienciais concretos. Uma pessoa não se
indivíduos regulam suas atividades para realizar sente abstratamente infeliz; é muito mais provável
seus próprios desejos por meio da autodireção de­ que se mostre afligida por problemas específicos
liberada de contingências de reforço. O processo de que se originam em seu modo de funcionar na área
autocontrole começa informando-se aos indivíduos social, vocacional, sexual e familiar. Após terem
que tipo de comportamentos deverão eles desem­ sido identificadas as condições contribuintes, um
penhar para produzir os resultados desejados, de program a de tratam ento adequado poderá ser
que modo poderão criar estímulos para aumentar a formulado. A principal dificuldade na modificação
ocorrência dos desempenhos requeridos e como de condições complexas não reside no fato de
deverão agir para estabelecer conseqüências auto- serem as abordagens comportamentais inaplicáveis;
reforçadoras destinadas a mantê-los. Os procedi­ mas sim por ser o fenômeno psicológico geral­
mentos de mudança compor ta mental que envolvem mente descrito em termos abstratos globais, sem
o desempenho de papéis dependem também da au­ que haja a preocupação de especificar claramente
todeterminação de resultados por meio da regula­ seus determinantes.
52 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

Maiores progressos poderiam ser obtidos no tra­ da maneira mais bem-sucedida. Alguns teóricos
tamento dos assim chamados distúrbios complexos, afirmam que o comportamento constitui essencial­
se fossem eles conceituados como condições psico­ mente um produto secundário das experiências fe-
lógicas envolvendo múltiplos problemas com graus nomenológicas; selecionam portanto eles esses úl­
variados de interdependência — e não como nebu­ timos eventos como o tema principal das conversa­
losos estados gerais. A partir dessa perspectiva, a ções terapêuticas. De acordo com a teoria da
alteração de disfunções comportamentais comple­ aprendizagem social, autodescrições e experiências
xas não requererá métodos radicalmente diferentes fenomenológicas são parcialmente produtos secun­
dos aplicados na modificação de distúrbios isolados. dários de resultados produzidos por comportamen­
Esse ponto poderá ser melhor ilustrado, se se con­ tos. Pessoas, por exemplo, que não possuem as
siderar o problema de deficiências de aprendiza­ competências sociais e vocacionais necessárias para
gem. Uma criança pode ter desenvolvido habilida­ satisfazer as exigências ambientais e que recorrem a
des acadêmicas satisfatórias em todas as áreas com estratégias competitivas inconvenientes provocarão

PS
exceção da matemática. Uma outra criança mostra sem dúvida inúmeras conseqüências adversas, que
grande deficiência na matemática e em outras darão origem a desalento, a auto-avaliações negati­
áreas, evidencia falta das habilidades comporta­ vas e a outros problemas subjetivos. De modo seme­
mentais sociais que lhe permitiriam manter relações lhante, as que recebem reforço positivo inadequado

U
interpessoais satisfatórias e não desenvolveu a por suas atividades vocacionais e interpessoais ex­
competência motora necessária às atividades lúdi­ perimentarão sentimentos de alienação e de falta
cas. Não existe um único tratamento não-específico de objetivos. A p a rtir de uma perspectiva de

O
que possa simultaneamente criar competência nas aprendizagem social, eventos fenomenológicos,
áreas de funcionamento intelectual, lingüístico, so­ bem como outros eventos internos, podem ser mais
cial e motor. Programas separados terão que ser eficientemente modificados por meio de mudanças

R
desenvolvidos para cada tipo de problema. Entre­ comportamentais e da retroalimentação das conse­
tanto, os procedimentos usados para desenvolver qüências resultantes do que através dos procedi­
competência na aritmética serão essencialmente os
mesmos no caso do problema único e no caso de
problemas múltiplos. É essa precisamente a abor­
G mentos convencionais de entrevista.
Um estudo de laboratório realizado por Keister
(1938) ilustra como eventos fenom enológicos
KS
dagem empregada por Lovaas (1967) ao estabele­ podem ser alterados por retroalimentação a partir
cer funções da linguagem, capacidades interpes­ de uma série de primorosos experimentos cuidado­
soais e habilidades intelectuais e ao eliminar com­ samente conduzidos. O autor selecionou um grupo
portamento altamente bizarro em crianças autistas de crianças que exibia tendências extremamente
que apresentam, sob formas extremas, um dos dis­ desadaptativas, incluindo afastamento, destrutivi-
O

túrbios psicológico^ mais generalizados e mais dade, birras e choro, e expressões de sentimentos
complexos com que os psicoterapeutas têm que li­ de incompetência quando diante de tarefas de so­
dar. Exemplos adicionais de modificação bem su­
BO

lução de problemas. Keister não obteve medidas do


cedida de problemas multiformes através de diver­ autoconceito das crianças, mas é altamente provável
sos tratamentos específicos são apresentados por que, como resultado de repetidas experiências de
Patterson e Brodsky (1967) e por Risley e Wolf fracasso, essas crianças tenham acabado por se ava­
(1966). Os desenvolvimentos da terapia do compor­ liar em termos negativos. No programa de trata­
tamento se fazem, de certa maneira, de forma para­ mento, as crianças resolviam uma série de proble­
EX

lela aos da medicina, onde tratamentos globais para mas graduados que se tomavam progressivamente
todas as finalidades e de eficácia limitada foram fi­ mais difíceis, tornando assim possível a construção
nalmente substituídos por procedimentos específi­ de habilidades para tratar com tarefas de dificul­
cos poderosos para o tratamento de distúrbios físi­ dade crescente. Além disso, o pesquisador recom­
cos particulares: pensou consistentemente as soluções corretas das
D

O processo de mudança comportamental «ão é crianças bem como os comportamentos orientados


tão fragmentário quanto poderiam implicar as ob­ para a tarefa. Uma comparação pré e pós-teste das
IN

servações acima. A maior parte das funções psico­ respostas das crianças a tarefas excessivamente difí­
lógicas são pelo menos interdependentes. Assim ceis mostrou que as experiências de sucesso foram
sendo, mudanças convenientes numa área do com­ altamente efetivas na substituição das tendências
portamento podem produzir modificações benéfi­ desadaptativas existentes por comportamento cons­
cas em outras áreas não envolvidas diretamente no trutivo e produtor de autoconfiança.
programa de tratamento. Freqüentemente, como Pelo fato de não terem sido as mudanças cogniti­
será demonstrado mais adiante, um problema rela­ vas e de atitudes sistematicamente avaliadas em
tivamente circunscrito pode ter conseqüências so­ program as orientados para o com portam ento,
ciais muito amplas; e uma mudança num compor­ supõe-se geralmente que esses tipos de aborda­
tamento divergente específico pode ter efeitos psi­ gem de tratamento alteram somente o funciona­
cológicos difusos. mento comportamental específico. Diversos expe­
Se o objetivo principal da terapia é a modificação rimentos foram recentem ente planejados, espe­
de eventos fenomenológicos, surge a questão empí­ cialmente para fornecer evidência empírica das
rica de saber como tais mudanças podem ser feitas conseqüências afetivas e cognitiva* das mudanças
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 53

comportamentais. Bandura, Blanchard e Ritter lação ao nível ótimo de respostas de interpretação


(1969) descobriram que a eliminação de compor­ para promover introvisão. De acordo com Rogers
tamento fóbico foi acompanhada por marcantes (1951), por exemplo, os clientes se empenharão em
mudanças nas atitudes com relação às situações auto-exploração progressivamente mais profunda,
previamente temidas. Além disso, a sensibilidade desde que o terapeuta identifique somente os sen­
emocional dèsadaptativa, apresentada não somente timentos expressos de modo mais ou menos explí­
com relação ao estímulo fóbico mas também com cito. De outro lado, Fenichd (1941) e outros preco-
relação a situações outras que não as envolvidas na nizadores dos procedimentos psicanalíticos, reco­
condição especificamente tratada, também mostrou mendam que os terapeutas avancem um pouco
considerável redução. Num estudo prelim inar, além daquilo que os clientes estejam prontos para
Wahler e Poilio (1968) demonstraram de modo se­ aceitar e experim entar emocionalmente a cada
melhante que as mudanças comportamentais pro­ momento determinado. De modo contrário, Klein
duzidas num menino, por meio de reforçamento (1960), Berg (1947) e Rosen (1953), entre outros,

PS
social seletivo, alteraram favoravelmente sua auto- afirmam que mudanças de personalidade rápidas e
avaliação e a avaliação de outros. Como seria de se fundamentais podem ser obtidas somente por meio
esperar, sua avaliação dos eventos estreitamente li­ de interpretações profundas de processos internos
gados aos objetivos do tratamento mostrou a m u­ dos quais o cliente está com pletamente incons­
dança mais substancial. ciente. Pesquisas realizadas a esse respeito (Collier,

U
A verdade é que não somente são as auto-ati- 1953; Dittmann, 1952; Harway, Dittmann, Raush,
tudes e os estados subjetivos fundamentalmente Bordin e Rigler, 1955) mostraram interesse especial

O
afetados pelas experiências produzidas pelo com­ nas tentativas de medir a profundidade das respos­
portamento; mas, uma mudança favorável também tas interpretativas do terapeuta, que são tipica­
mente distribuídas num continuum que se estende

R
promove a aceitação da pessoa e um aumento no
estatuto social (Hastorf, 1965). A retroalimentação desde a repetição superficial de observações do
social positiva obtida pela competência comporta- cliente até a sugestão de relações causais e eventos
mental pode ter portanto conseqüênçias fenomeno-
lógicas importantes. Nos capítulos seguintes» será
apresentada evidência de pesquisa mostrando que
G
psicológicos que são completamente estranhos à
visão que os cÉentes têm de si próprios. Além disso,
as trocas verbais que ocorrem entre o terapeuta e o
cliente têm sido ocasionalmente analisadas, numa
KS
modificações cognitivas e afetivas podem ser alcan­
çadas com maior sucesso através de mudança com- tentativa de estabelecer relações entre variações nas
portamental planejada do que por meio de tentati­ respostas interpretativas e índices verbais de pro-
resso terapêutico (Colby, 1961; Dittmann, 1952;
vas de alterar diretamente eventos internos. A su­
perioridade relativa de uma abordagem do tipo f rank e Sweetland, 1962; Speisman, 1959).
O

comportamental origina-se provavelmente do fato A despeito da falta de consenso com relação aos
de poder uma mudança básica no comportamento procedimentos interpretativos ótimos, supõe-se
BO

fornecer uma base genuína e objetiva sobre a qual geralmente que a hábil identificação de impulsos
construir a pessoa auto-respeito, autoconfiança e reprimidos, que se manifestam sob diversas formas
dignidade. derivativas, tomará gradualmente conscientes os de­
terminantes inconscientes do comportamento do
INTROVISÀO COMO OBJETIVO TERAPÊUTICO cliente. Após terem sido os eventos inconscientes
Os tipos de psicoterapia mais tradicionais consi­ trazidos para a consciência, supôe-se que cessem
EX

deram a obtenção da introvisão ou do autoconhe- de funcionar como instigadores poderosos do com­


cimento como pré-requisito para a produção de portamento ou que se tornem mais suscetíveis de
mudanças comportamentais amplamente generali­ controle mediado pela cognição. Acredita-se por­
zadas e duradouras. Assim sendo, o desenvolvi­ tanto que, com a obtenção da introvisão, as respos­
mento da introvisão constitui um dos principais ob­ tas automáticas indiscriminadas serão substituídas
D

jetivos das estratégias de entrevista. Por essa razão, por comportamento voluntariamente dirigido.
dentre as inúmeras questões técnicas discutidas nas Embora a aquisição da introvisão seja conside­
IN

exposições de procedimentos terapêuticos, as rela­ rada uma meta essencial do tratamento e resulte
tivas a ocasião e profundidade das interpretações, a supostamente numa variedade ampla de efeitos
métodos para canalizar as verbalizações para áreas benéficos, a introvisão não foi nunca adequada­
supostamente carregadas de conflito, a estratégias mente definida (Zilboorg, 1952) nem foi clara­
para lidar com as resistências dos clientes e a expli­ mente especificada ou demonstrada a maneira pela
cações da possível significação simbólica de respos­ qual possibilitaria ela mudanças comportamentais.
tas verbais e não-verbais receberam sempre atenção Além das dificuldades de definir introvisão, a his­
considerável. tória do comportamento do cliente é raramente co­
Na prática terapêutica, o desenvolvimento da in­ nhecida, e o conteúdo reconstruído tanto de even­
trovisão é em grande parte alcançado pela interpre­ tos históricos quanto de contemporâneos é alta­
tação repetidamente feita pelo terapeuta das res­ mente influenciado pela investigação dirigida pelo
postas verbais, afetivas e sociais que os clientes re­ terapeuta e pelo reforçamento seletivo das verbali­
portam ou exibem em situação terapêutica. Um zações do cliente. Assim, como salientou Marmor
certo número de autoridades propôs regras com re­ (1962), surgem as escolas de psicoterapia com seu
54 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

conjunto favorito de hipotéticos agentes internos e INTROVISÃO: CONVERSÃO SOCIAL OU


sua própria marca favorita de introvisão; por sua PROCESSO DE AUTODESCOBERTA?
vez, podem ser eles confirmados prontamente por Foi sugerido, na seção precedente, que as ativi­
procedimentos de entrevista autoconfirmadores. dades interpretativas podem ser mais acurada­
Por essas razões, psicoterapeutas de diferentes mente representadas como influência social direta
orientações teóricas descobrem continuamente seus do que como um processo envolvendo a delicada
agentes psicodinâmicos preferidos, mas são incapa­ levitação de forças reprimidas da mente incons­
zes de descobrir evidência das causas subjacentes dente do diente. Os relatos dos psicoterapeutas de
enfatizadas por seus rivais teóricos: que seus clientes alcançaram o autoconhedmento
significam geralmente, em termos comportamen-
tais, que os clientes aprenderam a rotular eventos
Mas, o que i introvisão? Para um freudiano, signifi­
ca uma coisa, para um jungúiano outra, para um ran- estimuladores sodais, seqüências causais passadas e
kiano, homeyano, adleriano ou sullivano mais outra. presentes e suas próprias respostas em termos das

PS
Cada escola apresenta sua marca particular de introvi­ predileções teóricas e da linguagem de seus psico­
são. Quais são as introvisóes corretas? O fato é que terapeutas. Na prática tradicional, a introvisão re­
pacientes tratados por analistas de todas essas escolas presenta prinapalm ente uma forma de comporta­
poderão não somente responder favoravelmente mento auto-avaiiativo que é condidonável e extin-
como também acreditar profundamente nas intro-

U
guível, como são os desempenhos não-verbais. Se
visões que lhes são fomeádas. Até mesmo inter­ subordinarmos o desenvolvimento da introvisão ao
pretações reconhecidas como “inexatas*' mostraram

O
possuir valor terapêutico! Além disso, o problema é quadro de referênda mais amplo da persuasão social,
ainda mais complicado; dependendo do ponto de muito do que foi descoberto pela psicologia social
vista do analista, os pacientes de cada escola pare­ experimental pode ser aplicado ao conhecimento

R
cem apresentar precisamente o tipo de dados fe- de como os terapeutas induzem, alteram e contro­
nomenológicos que confirmam as teorias e inter­ lam as introvisóes de seus clientes — mesmo se, em
pretações de seus analistas 1 Assim, cada teoria alguns casos, aderem os terapeutas a crenças tão
tende a ser autoconfirmadora. Freudianos elidam
material sobre complexo de Édipo e ansiedade de
castração; adleriano» sobre luta pelo poder e sen*
G
idiossincráticas sobre as condições que determinam
o comportamento humano a ponto de forçar os li­
mites da racionalidade.
timentos de inferioridade; homeyanos sobre ima­
KS
gens idealizadas; sullivanos sobre relações interpes­ Diversos fatores da situação de tratamento con­
soais insatisfatórias, etc. O fato i que, numa transa­ tribuem para o processo de persuasão, particular­
ção tão complexa como é o processo terapêutico mente quando se aplica a mudanças na maneira
psicanalitico, o impacto que exercem o terapeuta e em que os dientes concebem suas próprias ações e
o paciente um sobre o outro, e particularmente o
O

o que as determina. Como se observou no capítulo


primeiro sobre o segundo, tem profundidade anterior, devido à seletividade inidal e atritos pos­
incomum. Aquilo em que o psicanalista mostra in­ teriores durante o desenrolar do tratamento, os
teresse, o tipo de perguntas que faz, o tipo de
BO

dados aos quais reage ou ignora e as interpretações tipos de pessoas que procuram a psicoterapia e
que apresenta — tudo isso exerce um impacto su­ permanecem nela exibem atributos pessoais seme­
gestivo sutil mas significativo sobre o paciente, de lhantes aos das pessoas que, nos estudos de labora­
modo a produzir certos tipos de dados de prefe­ tório sobre conformismo, mudanças de atitude e
rência a outros [Marmor, 1962, pág. 289]. condidonabilidade, são facilmente sujeitas à in­
fluência sodal. Além da seleção de dientes persua-
EX

síveis, os terapeutas, em virtude de seu treinamento


A avaliação adm a apresentada, da arbitrariedade específico e sua perícia, são considerados em ter­
das introvisóes derivadas de modo psicoterapêu- mos de alto prestígio e credibilidade. Pontos de
tico, recebe um certo apoio das descobertas feitas vista expressados por fontes de alta credibilidade
D

num experimento realizado por Heine (1953), em exercem geralmente mais influência sobre as opini­
que clientes que haviam sido tratados por terapeu­ ões dos redpientes do que os expressados por fon­
tas da linha psicanalitica rogeriana e adleriana tes de baixa credibilidade (Berg e Bass, 1961; Ber-
IN

foram solidtados a espedficar os fatores responsá­ gin, 1962; Hovland, Janis e KeUey, 1953). Interpre­
veis pelas mudanças em suas personalidades. Em­ tações feitas por psicoterapeutas de grande prestí­
bora os dientes tratados por terapeutas de corren­ gio têm, portanto, maior probabilidade de alterar
tes teóricas diferentes tenham reportado um grau as opiniões que os clientes construíram a respeito
semelhante de melhora, tendiam eles a explicar seu de si próprios do que de produzir descrença ou
comportamento em termos da interpretação favo­ destruir sua confiança no terapeuta.
recida por seus respectivos terapeutas. Esses resul­ Outro fato, estreitamente ligado a esse último,
tados, e outros que serão citados mais adiante, indi­ que parece tanto aumentar a conformidade de ati­
cam sobremaneira que o conteúdo da introvisão e o tudes quanto diminuir a depreciação do terapeuta,
“inconsdente” emergente de um cliente particular consiste na ambigüidade da situação terapêutica.
podem ser previstos de modo mais acurado a partir Usualmente, as metas do tratamento, ainda que
do conhedmento do sistema teórico de crenças de discutidas com algum detalhe, são apresentadas
seu terapeuta do que da história real da aprendi 2a- somente de modo geral; os dientes recebem so­
gem sodal do cliente. mente instruções gerais sobre a natureza da tarefa
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 55

terapêutica e a maneira pela qual os objetivos deve­ tes, conforme recomendado por Rosen (1953) e
rão ser alcançados. Freqüentemente, o terapeuta se Klein (1960)?
esforça por permanecer ambíguo, de modo a facili­ A procura de um nível ótimo de interpretação
tar a generalização inapropriada de padrões desa- poderá constituir na verdade uma tarefa estéril
daptadvos de comportamento paia seu dispor. Ain­ uma vez que, de acordo com a teoria da persuasão,
da mais im portante, o tema das interpretações a eficiência da variação dos graus de comunicações
diz respeito principalm ente a inferências sobre discrepantes é altamente dependente dos atributos,
processos internos não observáveis em vez de lidar credibilidade, prestígio social e poder do comuni­
com eventos comportamentais mais objetivos. Os cador. Terapeutas que não desfrutam de alta cre­
clientes não teriam, sem dúvida algUma, nenhuma dibilidade e prestígio, por exemplo, mostrar-se-ão
dificuldade em verificar a validade dos juízos do te­ relativamente ineficientes em produzir mudanças
rapeuta sobre questões factuais; entretanto, têm de atitude, mesmo se aderirem fervorosamente a
eles pequena base objetiva para avaliajr se possuem interpretações que sejam apenas moderadamente

PS
ou não complexos de Édipo, hostilidade reprimida, diferentes das crenças que os clientes alimentam a
tendências homossexuais latentes, impulsos orais respeito de si próprios. Por outro lado, quando os
sádicos e outras forças motivacionais esotéricas, 'psicoterapeutas são considerados como consti­
cuja identificação é ainda mais complicada pelo fato tuindo uma fonte de alta credibilidade e possuem o

U
da freqüente inferição, tanto a partir da alta inci­ poder de recompensar e punir o comportamento
dência quanto da ausência do mesmo comporta­ do cliente, então as interpretações “profundas”
mento. Estudos sobre submissão social (Asch, 1952; podem ser altamente influentes na formação das

O
Berg e Bass, 1961) docum entaram abundante- introvisões do cliente a respeito de si próprio. Tal­
mente que as pessoas podem ser mais facilmente vez seja essa a razão por que Rosen, que exerce
induzidas a aceitar as opiniões de outros sobre as­ considerável poder de recompensa e de coerção

R
suntos subjetivos e pouco familiares do que na in­ sobre seus pacientes psicóticos, acha que interpre­
terpretação de eventos para os quais existem pistas tações profundas produzem rápidas mudanças de
objetivas. Após terem alterado seu julgamento, os
sujeitos tipicamente subestimam a extensão de sua
submissão e o papel da influência social na modifi­
G
atitude; enquanto que estratégias interpretativas
semelhantes, utilizadas por terapeutas qué não pos­
suem o mesmo grau de controle sobre o ambiente
KS
cação de suas opiniões (Rosenthal, 1963). de seus clientes, geralmente se mostram ineficien­
tes. Os efeitos de interação dessas diferentes variá­
O fato de prometer o tratamento psicológico alí­ veis sociais sobre a conformidade das auto-avalia>
vio das aflições ocasionadas pelas dificuldades ções aparecem claramente ilustrados no estudo de
com portam entais do cliente tam bém trabalha Bergin (1962), que manipulou independentemente
O

contra a possibilidade de vir ele a recusar ás intro- tanto a credibilidade do comunicador quanto o
visões oferecidas pelo psicoterapeuta, que é fre­ grau de incongruência das interpretações.
qüentemente procurado como último recurso. A
BO

aflição facilita geralmente a persuasão, especial­ Na condição de alta credibilidade, estudantes


mente se as soluções apresentadas como efetivas na universitários foram entrevistados individualmente
redução do stress são postas também à disposição no Departamento de Psiquiatria de um centro mé­
(Chu, 1966; Dabbs e Leventhal, 1966). dico pelo pesquisador, que se apresentava ostensi­
vamente como o diretor de um projeto de avaliação
Na pesquisa sobre mudança de atitudes, as opi­ profunda da personalidade. Para facilitar ainda
EX

niões selecionadas para modificação envolvem em mais a verossimilhança da situação, os estudantes


geral assuntos de ordem social em vez de ordem foram escoltados pela recepcionista da clínica até a
altamente pessoal. Um estudo realizado por Bergin sala do experimento, que ostentava, entre outras
(1962), sobre as interpretações como comunicações coisas, um equipamento de registro psicofisiológico,
persuasivas, demonstra que as variáveis envolvidas uma impressionante coleção de volumes de medi­
D

no controle de atitudes sociais desempenham um cina e psiquiatria e um grande retrato de Sigmund


-papel igualmente influente na alteração das auto- Freud.
IN

atitudes que freqüentemente interessam aos tera­ Após terem os estudantes avaliado suas caracte­
peutas. rísticas interpessoais em diversas escalas de avalia­
Ao fazer interpretações, o terapeuta comunica ção, foram eles submetidos a uma extensa bateria
informações sobre o cliente que é de alguma forma de testes psicológicos que foram apresentados como
discrepante com relação à visão que tem ele de si medidas válidas dos dinamismos subjacentes da
próprio. A controvérsia a respeito da profundidade personalidade. Numa sessão realizada alguns dias
da interpretação ótima poderia portanto ser refor­ mais tarde, o pesquisador informou aos estudantes
mulada do seguinte modo: podem as auto-adtudes que, de acordo com os resultados da avaliação pro­
de uma pessoa ser alteradas mais rapidam ente funda, seu nível de autocompreensão era muito
por meio da apresentação de uma série progressiva acurado em todos os traços avaliados, com exceção
de comunicações moderadamente discrepantes, li­ da área masculinidade-feminilidade. Receberam
geiramente além do ponto que o cliente se mostra então eles, de acordo com designaçào aleatória, in­
disposto a aceitar, ou por meio da confrontação terpretações que os descreviam como moderada­
clara com comunicações extremamente divergen­ mente, altamente ou extremamente mais femininos
56 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

nutenção é fortemente governada pelas condições


de reforçamento existentes. Resultados obtidos com
inúmeros experimentos de condicionamento verbal
e análises das interações cliente-terapeuta, que
foram citados anteriormente, fornecem evidência
ampla de que os psicoterapeutas reforçam seleti­
vamente a conformidade com suas próprias opi­
niões sobre as causas do com portamento e que
clientes podem prontamente assegurar-se da apre­
ciação e da aprovação de seus terapeutas por meio
da reiteração das introvisões adequadas.
Parece, portanto, a partir das descobertas acima
apresentadas, que as psicoterapias interpretativas

PS
representam principalm ente uma conversão do
cliente ao ponto de vista do terapeuta em vez de
um processo de autodescoberta. Não é de sur­
Figura 2*1. Mudança média na auto-avaliação conside­ preender, portanto, que a introvisão possa ser ob­
rada mais aceitável por sujeitos como função da credibi­

U
lidade do comunicador e do grau de discrepância da in­ tida sem se ajudar o cliente com relação às dificul­
terpretação em comparação com a visão que tinham os dades que o levaram antes de mais nada a procurar
ajuda. Não há nenhuma razão, por exemplo, para

O
sujeitos de si próprios. Bergin, 1962.
se esperar que um gago convertido ao Freudia-
nismo, Junguianism o, Existencialismo, Behavio-

R
rismo — ou a qualquer outro sistema téorico —
(ou masculinas, para o caso de moças) do que ha­ comece a falar fluentemente. Sua gagueira seria
viam julgado ser. Mais tarde, voltaram os estudan­ mais provavelmente eliminada por meio das neces­
tes a se avaliar, de modo que pudessem ser verifi­
cadas m udanças em suas auto-avaliações. Do
mesmo modo, os estudantes da condição de baixa
G
sárias experiências de reaprendizagem do que pela
descoberta gradual de introvisões predeterminadas.
Para explicar a falta de adequação entre introvisão
KS
credibilidade completaram as auto-avaliações ini­ e comportamento social, diferentes variedades de
ciais, receberam um dos três níveis de interpreta­ introvisão foram distinguidas. Existe, de um lado,
ções discrepantes com relação ao estatuto mascu­ a “introvisão intelectual”, que se supõe ocorrer
lino e repetiram depois a auto-avaliação. Nesses ca­ quando as respostas cognidvas estão presentes mas
sos, entretanto, as avaliações foram feitas num de­ está ausente o comportamento social ou emocional
O

crépito escritório situado num porão por um rapa­ que deveria acompanhá-las. Existe também a “in­
zinho magricela na base de observação casual. trovisão emocional”, que é tipicamente definida em
BO

Os resultados, apresentados graficamente na Fig. termos dos efeitos dos quais consütui presumivel­
2-1, mostram que, em condições de alta credibili­ mente a causa. Se o cliente exibe mudanças com-
dade, quanto mais divergente a interpretação tanto portamentais, obteve ele a “introvisão emocional”;
maior a mudança nas auto-atitudes; de outro lado, se fracassa em modificar seu comportamento social,
quando as interpretações tinham origem num a então adquiriu somente a “introvisão intelectual”.
fonte de baixa credibilidade, o volume de mudança Embora o ponto de vista de que constitui a intro­
EX

das atitudes decrescia com o aumento da discre­ visão um pré-requisito para a mudança comporta-
pância entre os julgamentos dos participantes. mental seja am plamente aceito, alguns teóricos
Embora a generalidade do comportamento de (Alexander, 1963) consideram a introvisão uma
auto-avaliação conformista não possa ser determi­ conseqüência da mudança em vez de seu determi­
D

nada a partir das descobertas do estudo acima, su­ nante. Assim, à medida que as ansiedades são pro­
gere ele, contudo, de modo marcante, que as pes­ gressivamente reduzidas por meio das condições
soas têm a disposição de adotar atributos subjacen­ permissivas da situação de tratamento, pensamen­
IN

tes errôneos que lhes sejam sugeridos por especialis­ tos até então inibidos são gradualmente restaurados
tas de prestígio. Pode-se supor que os esforços per­ na consciência. Recentemente, entretanto, inúme­
suasivos dos psicoterapeutas acabam por ser espe­ ros terapeutas vêm se tornando cada vez mais cé­
cialmente efetivos porque as mesmas interpretações ticos com respeito ao valor das introvisões relacio­
são apresentadas, de modo repetido, durante tra­ nadas a hipotéticos eventos psicodinâmicos. As
tamento prolongado e são dirigidas não somente questões éticas e empíricas levantadas a respeito das
para os supostos determinantes inconscientes como terapias interpretativas aplicar-se-iam igualmente
também para a resistências dos clientes contra as às abordagens comportamentais, se também elas
introvisões oferecidas. usassem procedimentos de entrevista de modo se­
Comunicações sugestivas oferecidas por agentes melhante para ensinar os clientes a construir seu
de prestígio, sob condições de ambigüidade e in­ próprio funcionam ento psicológico em termos
tensa afiição pessoal, podem ser apropriadas para comportamentais e não efetuassem nenhuma mu­
transmitir introvisões a clientes; mas, após terem dança significativa nos problemas de personalidade
sido as autocrenças socialmente induzidas, sua ma­ para os quais os clientes procuraram ajuda.
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 57

Embora a introvisão de pressupostos determ i­ de que seu comportamento está sendo modificado;
nantes psíquicos das respostas interpessoais possua os estudos sobre condicionamento verbal são tipi­
validade questionável e tenha pequeno efeito sobre camente citados como evidência. Essa descrição do
o comportamento, considerável evidência experi­ poder de controle pode ser muito lisonjeira, mas,
mental, que será examinada no capítulo final, su­ na realidade, é extremamente difícil influenciar o
gere que o f onhecimento das relações entre respos­ comportamento de outra pessoa sem seu conheci­
tas e suas contingências pode influir de modo mar­ mento e seu concurso. De fato, como já foi salien­
cante sobre o desempenho observável. Contraria­ tado (Bandura, 1962), os experimentos de condi­
mente à natureza arbitrária e enigmática dos even­ cionamento verbal demonstram na verdade a fra-
tos psicodinâmicos, a função controladora das con­ qufza relativa das tentativas de influência sutil. No
tingências ambientais é prontamente demonstrável estudo do condicionamento verbal típico, a classe
e passível de verificação. de respostas a ser modificada não é identificada
para o sujeito e o experimentador utiliza delibera­

PS
OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS E damente reforçamentos sutis verbais e não-verbais
“SAÜDE MENTAL POSITIVA” (por exemplo, acenos, sorrisos, “bem”, “certo” e ou­
tros gestos) de modo que o sujeito tenha dificul­
Discussões a respeito das práticas psicoterapêuti-
dade em reconhecer a contingência reforçadora da

U
cas e de socialização costumam condenar a falta de resposta. Nessas circunstâncias, os sujeitos que dis­
consenso entre os cientistas sociais sobre o que
cernem a base sobre a qual está o reforço sendo
constitui “saúde mental positiva”. Subjacpnte a esse

O
administrado mostram mudanças crescentes nas
interesse por um acordo está a crença em que os
respostas críticas; de outro lado, os que não são ca­
princípios da m udança com portam ental não
pazes de fazê-lo não demonstram geralmente ne­
podem ser adequadamente aplicados até que uma

R
nhum condicionamento. Entretanto, se o experi­
concepção conveniente de saúde mental e da natu­
mentador selecionar incentivos .atraentes e especifi­
reza da “vida boa” seja desenvolvida. O fato de que
uma concepção universal da saúde mental viria a
requerer a padronização de valores fica geralmente
obscurecido pela natureza abstrata do discurso. Por
G
car que comportamento será recompensado, pode-
se com certeza predizer que os sujeitos produzirão
as desejadas respostas em nível assintótico quase
instantaneamente.
KS
outro lado, quando as questões são colocadas de
forma mais específica, torna-se aparente que a A fascinação psicológica por processos de in­
busca de critérios uniformes de “bom” funciona­ fluência social sutil e encoberta, e a ineficiência
mento não é somente uma empresa estéril; poderá comparativa desses procedimentos são também
ela também levantar problemas éticos sérios, caso demonstrados pelo curto interesse despertado pela
O

os padrões venham a ser oficialmente adotados e experimentação sobre percepção subliminar. Os es­
impostos à população. Quem prescreverá qual a tudos iniciais geraram considerável alarme público
atividade ocupacional, a crença política ou religiosa, diante da possibilidade de estarem os cientistas
BO

o estilo de vida, as relações sociais ou conjugais oy comportamentais abrindo caminho para a “mente
as preferências artísticas “mais saudáveis”? inconsciente”, fornecendo assim aos persuasores
As pessoas diferem amplamente quanto a grupos escondidos da Madison Avenue um meio de co­
sociais e ao longo do tempo em seus pontos de vista merciar com mensagens subliminares que modela­
sobre o padrão ideal de vida. De fato, conforme ob­ riam e controlariam os interesses, atitudes e ações
sociais das pessoas sem seu conhecimento. Essa
EX

servado no capítulo introdutório, modos de com­


portamento julgados anormais e causadores de afli­ imagem é ainda mais reforçada pelas descrições
ção num grupo social podem ser considerados populares das potencialidades do controle psicoló­
como convenientes e dignos de ser imitados em gico, evocando associações macabras de 1984 e Ad­
outra subcultura. Numa sociedade que valorize o mirável Mundo Movo, em que as pessoas são domi­
D

individualismo, a “vida boa" pode assumir uma nadas por tecnocratas possuidores de terríveis mé­
ampla variedade de padrões aceitáveis. Embora al­ todos de controle comportamental. Alguns estados
chegaram a pôr em vigor leis destinadas a controlar
IN

guns elementos possam vir a ser abstraídos da hete­


rogeneidade, uma tal destilação não produziria os controladores potenciais. A evidência de pes­
senão um conjunto de apagados atributos gerais. quisa, como de hábito, introduziu uma nota de so­
Cientistas sociais podem prestar uma grande contri­ briedade nessas fantasias extravagantes. Investiga­
buição no domínio ético poV meio da verificação ções feitas sobre a estimulação subliminar mostra­
das conseqüências de diferentes éstilos de vida. In­ ram claramente que estímulos em níveis supralimi-
formações desse tipo poderão ser usadas por outros nares têm efeitos mais acentuados sobre o compor­
ao fazerem sua própria escolha de valores. tamento dos sujeitos do que os estímulos que se si­
tuam abaixo do limiar da percepção (McConnell,
Cutler e McNeil, 1958). A estimulação subliminar
Processos de Decisão na Seleção de ou não produz nenhuma mudança comportamen-
Objetivos lal ou, quando i i i u í l o , produz mudanças fracas e
Observação freqüentemente levantada contra as fragmentárias.
abordagens com porta mentais diz respeito ao fato Apesar disso, a realização de programas de mu­
de estarem quase sempre as pessoas inconscientes dança em condições cie obscura ambigüidade é al-
58 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

gumas vezes recomendada, na suposição de que o mais provavelmente levarão às mudanças psicológi­
conhecimento da pessoa das tentativas de influên­ cas desejadas. Após a especificação de cursos alter­
cia não só despertará um comportamento prejudi­ nativos de ação e suas prováveis conseqüências, o
cial de contracontrole como também reduzirá a po­ cliente pode participar da seleção dos resultados de
tência dos estímulos reforçadores. Embora essas seu tratamento. Esse processo de decisão não difere
suposições possam ter alguma validade em situa­ do diagnóstico médico, em que um paciente pro­
ções em que as tentativas de influência são princi­ cura alívio para um determinado mal, mas não é
palmente destinadas a induzir pessoas a realizar capaz de especificar as causas do mesmo ou a medi­
ações contrárias a seus interesses e sistemas de valo­ cação apropriada. Assim, deve o médico detectar os
res (por exemplo, publicidade, persuasão política), fatores que produzem o mal e indicar as probabili­
são elas menos apropriadas para situações em que o dades de benefícios imediatos e a longo prazo que
aprendiz seleciona seus próprios objetivos. De fato, resultariam de intervenções curativas alternativas.
o conhecimento de resultados especificados e o Uma vez que tenha o cliente selecionado uma das

PS
compromisso tomado para com eles, compartilha­ alternativas, ele não somente espera como também
dos com o agente da mudança, tendem a aumentar exige que o terapeuta manipule e controle eventos
a avaliação positiva dos esforços do agente da mu­ de modo que obtenha o desejado restabeleci­
dança e a facilitar a aceitação de sua influência. mento. Um médico que fracasse em assumir con­

U
trole total sobre o progresso do tratamento pode
ser acusado de imperícia no exercício da medicina.
RESPONSABILIDADES DE DECISÃO DOS Por outro lado, problemas éticos sérios poderão

O
AGENTES DE MUDANÇA E DOS CU ENTES surgir, se um paciente consultar um médico espe­
As implicações éticas do controle comportamen- cialista e for prontam ente submetido a radicais

R
tal não podem ser discutidas de modo significativo procedimentos médicos ou cirúrgicos sem que se
sem a especificação do alcance do comportamento obtenha sua concordância com base na compreen­
são clara da maneira em que seu estado físico será
de tomada de decisões do cliente e do agente da
mudança. Em qualquer tipo de empreendimento
de influência social, existem dois sistemas de deci­
são básicos. Um conjunto de decisões diz respeito à
G
modificado. Embora os exemplos apresentados se
tenham focalizado nas implicações éticas do tra­
balho terapêutico, processos de decisão e questões
KS
seleção de metas; requerem essas decisões juízos de de valores análogos estão envolvidos quando uma
valor. O segundo conjunto de decisões, que envolve pessoa consulta advogados, arquitetos, banqueiros e
questões de natureza empírica, diz respeito à sele­ outros agentes sociais que possuem o poder de in­
ção de procedimentos específicos para a consecução fluenciar devido à sua perícia profissional. Até re­
centemente, o principal obstáculo a uma séria utili­
O

das metas selecionadas. Nesta última área, o agente


da mudança deve encarregar-se da tomada da deci­ zação da abordagem de tomada de decisão como a
são, uma vez que o cliente não está em posição de descrita acima, nas tentativas de mudança compor­
BO

prescrever as contingências de aprendizagem ne­ tamental, consistia em serem as alternativas de tra­


cessárias à modificação de seu com portamento. t a m e n to limitadas e os T e s u lta d o s incertos.

Contudo, embora o agente da mudança determine Seria ingenuidade supor que os agentes de mu­
os meios pelos quais resultados específicos deverão dança não desempenham papel algum na determi­
ser alcançados, o cliente deve desempenhar o papel nação de metas. Na psicoterapia, por exemplo,
principal na determ inação das direções em que para não influenciar a escolha de comportamentos
EX

deve seu comportamento ser modificado. Até onde pelo cliente, o terapeuta seria forçado a efetuar,
o diente funciona como o principal tomador de de­ com extrema objetividade, um levantamento com­
cisões na área dos valores, as questões éticas fre­ pleto de todos os resultados alternativos possíveis
qüentemente levantadas com respeito ao controle na base do qual o cliente pudesse fazer a sua es­
D

comportamental se tornam pseudoquestões. colha. Na prática, entretanto, somente alguns pou­


Quando o cliente deseja mudar uma área limi­ cos objetivos possíveis podem ser examinados e
IN

tada de comportamento divergente, os objetivos são comparados. O sistema de valores do psicotera-


auto-evidentes e o agente da mudança pode proce­ peuta pode não só determ inar em parte a amplitu­
der ao tratam ento assim que tenham sido espe­ de e os tipos de resultado selecionados para consi­
cificadas as experiências de aprendizagem apro­ deração, mas também a ênfase relativa colocada
priadas aos resultados desejados. Mais freqüente­ sobre as prováveis conseqüências associadas com as
mente, contudo, ou pela incerteza dos clientes com diversas alternativas. Assim, uma certa usurpação
relação aos benefícios que pretendem obter com o da prioridade do cliente quanto à tomada de deci­
tratamento, ou porque suas metas são apresentadas sões na área dos valores é inevitável. Se as preferên­
de modo muito amplo, a identificação de resultados cias de valores do agente da mudança fossem expli­
relevantes deve constituir o objetivo inicial do pro­ citamente identificadas como seus vieses pessoais
grama. Em tais casos, é necessário realizar uma em vez de apresentadas ao cliente como verdades
cuidadosa análise com portam ental, de m odo a científicas, o problema seria bem menos sério. Se os
identificar as condições sociais que estão dirigindo valores fossem expressados de modo mais explícito,
o padrão de respostas do cliente e a amplitude de os clientes estariam mais inclinados a selecionar te­
modificações comportamentais e situacionais que rapeutas na base de posições morais semelhantes, e
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 59

se tornariam, portanto, mais receptivos à influência meio da obtenção da introvisão. Após reestruturar
do terapeuta. o problema central, o terapeuta tenta alcançar obje­
Ocasionalmente, um a pessoa pode selecionar tivos que são em geral completamente diferentes
metas que o agente da mudança não esteja disposto dos originalmente apresentados pelo cliente. Se o
a promover ou porque os resultados visados en­ cliente for suficientemente convencido de que está
tram em conflito com seus valores básicos ou por­ resolvendo problemas mais gerais, suas dificulda­
que não possui a perícia necessária na utilização dos des comportamentais assumirão importância se­
métodos que levariam aos objetivos escolhidos. cundária no decurso da terapia, de modo que,
Nesses casos, pode ele recusar-se a participar do mesmo se não forem modificadas, poderá ele supor
tratamento ou, se as mudanças desejadas lhe pare­ que o contrato foi cumprido. A introvisão foi alcan­
cerem apropriadas, pode indicar ao cliente um çada.
outro profissional. Um contrato terapêutico envolve uma obrigação
Problemas especiais na seleção de metas podem

PS
da pane do terapeuta de modificar os problemas
também surgir quando as pessoas se mostram con­ apresentados pelos clientes. Um terapeuta pode co­
fusas a respeito de seus próprios valores e propósi­ locar no mercado um tipo particular de introvisão
tos; ou quando apresentam deficiências severas em sem levantar objeções de ordem ética desde que
seu comportamento orientado para a realidade e acrescente duas importantes ressalvas: primeira,

U
pequena capacidade de comunicação. Pode-se colo­ deverá ele informar aos clientes que as introvisões
car em questão a capacidade dessas pessoas para se­ que provavelmente alcançarão refletem seu próprio

O
lecionar para si próprias objetivos realmente signi­ sistema de crenças; e segunda, que o fato de
ficativos. Fairweather, Sanders, Maynard e Cressler alcançá-las poderá vir a ter um impacto muito pe­
(1969) mostraram em seu trabalho com esquizofrê­ queno nas dificuldades comportamentais que os le­

R
nicos crônicos que esses indivíduos podem partici­ varam a procurar a terapia. Torna-se evidente,
par com sucesso da stleção de metas pessoais desde pelos resultados das abordagens interpretativas,
que as alternativas sejam definidas em termos com­
preensíveis de desempenho e seja dada aos clientes
a responsabilidade pela tomada de decisões que
afetam suas vidas diárias. Algumas pessoas alta­
G
que o terapeuta que leva seus clientes a acreditar
que as introvisões aliviarão seus problemas compor-
tamentais tem muito poucas probabilidades de rea­
lizar as mudanças que subentende.
KS
mente divergentes podem naturalmente recusar-se
a buscar modificações de qualquer tipo. Freqüen­ TOMADAS DE DECISÃO SUCESSIVAS
temente constituem elas uma ameaça para si pró­
Decisões a respeito de objetivos não são irrevogá­
prias ou para o bem-estar de outros. Se essas pes­
veis. As conseqüências que resultam das mudanças
O

soas não se mostram dispostas a participar da sele­


comportamentais representando os resultados ini­
ção de metas de tratamento, não significa isso que
cialmente selecionados podem levar a revisões de
se devam abandonar as tentativas de tratamento.
objetivos subseqüentes. Os objetivos iniciais devem
BO

Algumas vezes, é necessário supor que a pessoa não


esteja em condições de exercer suficiente controle receber um estatuto provisório de modo a fornecer
sobre seu comportamento e esperar que, com a in­ ao cliente oportunidades para fazer experiências
com novos comportamentos e experimentar suas
tervenção apropriada, alcance ela um estado de
conseqüências; poderá ele então decidir se deseja
auto-interesse no qual desejará modificações adi­
ou não continuar empenhado no curso de ação es­
cionais dentro de uma ampla série de alternativas
EX

colhido. Além disso, durante o tratamento, áreas de


socialmente toleradas.
funcionamento comportamental previamente igno­
radas podem vir a se tornar mais importantes do
REDEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DO CLIENTE que as metas originais. Sempre que for necessário,
A discussão precedente teve como tema principal o programa de tratamento pode ser facilmente reo-
D

os problemas criados pelas incertezas sobre o que rientado em direção a novos objetivos e a experiên­
desejam realmente as pessoas obter com o trata­ cias de aprendizagem apropriadas. Pelo fato de
IN

mento. Uma questão ética muito mais importante, manter flexibilidade na seção, sucessão e regulação
embora largamente ignorada, diz respeito à redefi­ dos objetivos, o programa de tratamento perma­
nição unilateral pelo terapeuta das metas apresenta­ nece altamente sensível à retroalimentação das mu­
das pelo cliente. Essa revisão do contrato compor- danças resultantes e o terapeuta menos inclinado a
tamental ocorre mais freqüentemente nas aborda­ invocar uma moratória prolongada para a modifi­
gens que focalizam a principal atenção não sobre o cação do comportamento enquanto procura pelo
comportamento do cliente mas sobre estados inter­ objetivo fundamental. A preocupação com a identi­
nos inferidos. O terapeuta toma usualmente a posi­ ficação acurada do problema central reflete um re­
ção de que o cliente não sabe qual é o seu problema síduo do ponto de vista revivalista em psicopatolo-
real e que só pode ele ser revelado por meio de gia, de acordo com o qual diversos problemas in­
uma longa série de entrevistas interpretaüvas; os terpessoais se originariam de uma experiência cen­
problemas comporta mentais do cliente são em ge­ tral patogênica. Acredita-se além disso que a revivi-
ral subestimados e considerados como derivativos su­ fkação e ab-reação do trauma central resultará em
perficiais de condições subjacentes que se supõe rápidas e amplamente generalizadas mudanças na
seriam m odificadas d e' m odo mais efetivo por personalidade.
60 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

Contrariamente a essa posição, pesquisas sobre o aprendizagem social, os que têm contato mais in­
processo de aprendizagem social (Bandura e Wal- tensivo com o cliente, uma vez que recebam trei­
ters, 1963) fornecem considerável evidência de que namento apropriado, podem servir como os agen­
o comportamento divergente é tipicamente contro­ tes de mudança mais poderosos. Sua eficácia po­
lado por diversas variáveis e não é gerado por um tencial deriva do fato de que em tais posições exer­
único agente patogênico. Um tratam ento bem- cem eles controle considerável sobre as condições
sucedido exige, portanto, a seleção e consecução de que regulam o comportamento. Aplicações bem-
uma variedade de objetivos específicos, ao invés de sucedidas desse princípio geral são fornecidas pelas
um único resultado de valor geral. A extensão em novas abordagens na terapia infantil, em que os
que mudanças num sistema de comportamento afe­ pais são utilizados no tratamento- do com porta­
tam outras áreas de funcionamento será parcial­ mento de seus próprios filhos (Hawkins, Peterson,
mente determinada pela semelhança dos dois sis­ Schweid e Bijou, 1966; O ’Leary, O'Leary e Becker,
temas e pelo grau em que o comportamento alte­ 1967; Patterson, Ray e Shaw, 1968; Risley e Wolf,

PS
rado põe o cliente em contato com novos modelos 1966; Russo, 1964; Wahler, Winkel, Peterson e
de papéis e com novos padrões de reforçamento. Morrison, 1965; Williams, 1959).
Em um programa bem formulado, uma análi­
SELEÇÃO DOS AGENTES DE MUDANÇA
E DO LOCAL DO TRATAMENTO se comportamental cuidadosa é realizada em primei­

U
ro lugar, a fim de se identificarem as condições sociais
Após terem sido estabelecidas as metas e as ne­ que mantêm os diversos distúrbios do comporta­

O
cessárias experiências de aprendizagem, surge um mento. Em seguida, os padrões de respostas diver­
novo conjunto de decisões para a seleção dos agen­ gentes a serem eliminados e os comportamentos de­
tes de mudança que, em virtude de seu treina­ sejados a serem fortalecidos são claramente especi­

R
mento especializado ou relações estreitas com o ficados. Recebem então os pais uma descrição deta­
cliente, são melhor indicadas para implementar os lhada de como devem eles alterar suas maneiras ca­
procedimentos de tratamento. Na prática clínica
tradicional, as mudanças no comportamento são
caracteristicamente efetuadas por psicoterapeutas
profissionais em consultórios, principalmente atra­
G
racterísticas de reagir ao comportamento de seus fi­
lhos a fim de obter mudanças terapêuticas. Envolve
isso tipicamente uma reversão das práticas de re­
fo rçam en to d iferen cial ad o tad as pelos pais.
KS
vés da modificação dos conteúdos verbais simbóli­ Quando o comportamento divergente da criança
cos, Embora a decidida preferência por ambientes recebia previamente atenção e o comportamento
artificiais e substitutos simbólicos em contraposição desejado passava praticamente ignorado, os pais
à ocorrência natural dos eventos tenha sido teori­ eram aconselhados agora a ignorar ou reforçar ne­
O

camente jusdficada, essas condições de tratamento gativamente seu comportamento aberrante e a res­
foram provavelmente adotadas mais para a conve­ ponder positivamente às formas de comportamento
niência do terapeuta do que por qualquer superio­ que desejavam promover. \< >c. ; lso de problemas de
BO

ridade terapêutica comprovada. De fato, os resul­ deficiência comportameiua! (Lovaas, 1966), um


tados de estudos controlados demonstram que o programa de modelagem graduada é então proje­
comportamento divergente pode ser modificado de tado, enquanto que, nos distúrbios motivados por
modo mais amplo e mais rápido pelo tratamento de medo (Bentler, 1962), a reexposição graduada a si­
eventos reais do que de seus equivalentes simbóli­ tuações ameaçadoras é implementada pelos pais.
cos (Bandura, Blanchard e Ritter, 1969) e que pro­
EX

É preciso observar aqui que tentativas de modifi­


gramas de mudança realizados em ambientes natu­
rais se mostram muito superiores a programas se­ cação do comportamento por meio de conselhos
têm uma longa história, em geral negativa. Seus re­
melhantes administrados em instituições psiquiátri­
sultados insignificantes resultam provavelmente da
cas (Fairweather et al., 1969).
natureza do conselho dado e do fato de que instru­
D

Como conseqüência dos princípios da generaliza­ ções somente têm eficiência limitada, a não ser que
ção, entende-se que as condições ótimas para efe­ sejam combinadas com outros procedimentos que
IN

tuar mudanças comportamentais, do ponto de vista ajudem a alterar e a apoiar o comportamento dos
da maximização dos efeitos da transferência, exi­ pais. Os pais podem compreender os princípios da
gem que as pessoas desempenhem os padrões de m udança, mas podem te r d ificu ld ad e s para
comportamento desejado de modo bem-sucedido traduzi-los em ações apropriadas. A fim de minorar
nas diversas situações sociais em que o comporta­ esse problema, as estratégias de tratamento são de­
m ento é mais ap ro p riad o . Em co n trap artid a, lineadas de modo extremamente detalhado; mas,
quando o tratamento fica principalmente centrali­ além disso, inicialmente, as práticas recomendadas
zado sobre respostas verbais expressadas num con­ são modeladas pela pessoa encarregada do plane­
texto aü'pico e invariante, não é possível supor-se jamento do programa enquanto os pais observam a
que as mudanças induzidas se generalizarão neces­ interação. Após terem sido os procedimentos ade­
sariamente para os desempenhos da vida real de quadam ente dem onstrados e ter-se obtido um
modo considerável. certo grau de controle sobre o comportamento di­
As questões referentes ao local e conteúdo do vergente da criança, os pais tomam gradualmente a
tratamento estão estreitamente ligadas à escolha seu cargo a função terapêutica. Os pais são direta­
dos agentes de mudança. Do ponto de vista da mente supervisionados até que obtenham profi­
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 61

ciência em lidar com o comportamento do filho comportamentais não são facilmente reproduzíveis
sem direção externa. numa clínica, o processo de mudança pode ser ini­
Instruções detalhadas, combinadas com demons­ ciado de modo mais efetivo em casa, com os pais
trações e prática supervisionada, constituem meios funcionando como terapeutas. A praticabilidade da
efetivos de introduzir m udanças no com porta­ abordagem do tratamento em casa foi demonstrada
mento dos pais, mas são necessários resultados fa­ por Hawkins et al., em 1966.
voráveis para garantir a adesão às práticas reco­ O caso ilustrativo que apresentaram envolveu um
mendadas. O problema do reforçamento dos pais é menino de quatro anos de idade que exigia agressi­
particularmente crítico nos estágios iniciais do tra­ vamente atenção constante, comportava-se fre­
tamento, quando a retirada das conseqüências posi­ qüentemente de maneira agressiva e fisicamente
tivas, que tinham sido periodicamente evocadas perigosa e era em geral muito difícil de ser contro­
pelo comportamento divergente da criança, produ­ lado. Após ter sido medida a linha de base da inci­
zem freqüentemente um aumento temporário em dência do comportamento hiperagressivo, foi ini­

PS
tal comportamento. Durante esse período, pode ser ciado o programa de tratamento. A mãe foi ins­
necessário fornecer considerável apoio social para truída para prosseguir com suas atividades caseiras;
manter o desejado comportamento dos pais. Em e, cada vez que o menino exibia comportamento
fases posteriores, as mudanças positivas no compor­ que exigia alguma providência, o observador indi­

U
tamento da criança funcionam como fontes natu­ cava um entre três modos possíveis de responder.
rais e poderosas de recompensa para os esforços Todas as vezes em que o menino se comportava de
dos pais, de modo que os novos padrões de intera­ modo repreensível, a mãe era avisada para lhe

O
ção familiar tornam-se reciprocamente reforçado­ dizer que parasse ou para colocá-lo em seu quarto
res e, portanto, capazes de se automanter. Às vezes, d u ra n te um intervalo cu rto . Por o u tro lado,

R
pode ser difícil para os pais levar a cabo os pro­ quando ele se comportava de modo recomendável,
gramas necessários devido a condições sociais que, a mãe era encorajada a dem onstrar interesse e
independentemente da criança, afetam seu com­ aprovação. Conforme mostra a Fig. 2-2, as novas
portamento. Tais obstáculos podem ser superados
com sucesso por meio da modificação das influên­
cias conflitantes impostas aos pais.
G
práticas de reforçamento produziram um decrés­
cimo notável no comportamento indesejável. Na
fase seguinte a mãe foi solicitada a retomar suas
KS
Quando o comportamento divergente de uma práticas habituais de punir os comportamentos in­
criança é suficientemente predominante para ocor­ desejáveis e ignorar os desejáveis, mas ela teve difi­
rer freqüentemente na situação clínica, podem os culdades em reproduzir seu estilo anterior. As con­
pais obter a prática necessária por meio de sessões tingências terapêuticas foram mais uma vez restabe­
de consulta supervisionadas sobre estratégias de lecidas e um estudo do seguimento do caso foi rea­
O

tratam ento a serem aplicadas em casa. Similar­ lizado aproxim adam ente um mês mais tard e,
mente, nos casos em que os principais problemas quando a interação mãe-filho foi observada du­
BO
EX
D
IN

Figura 2-2. Número de intervalos de 10 segundos em que o menino exibiu comportamento inconveniente durante cada
sessão de uma hora. Hawkins et al., 1966.
62 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

rante diversas sessões sem nenhuma orientação ul­ mento está sendo modificado e eliminem rotinas
terior. Os resultados totais mostram não somente antigas que tinham algum valor funcional, é de se
que a mãe manteve as mudanças favoráveis no esperar uma certa resistência. Na fase inicial de um
comportamento do filho por longo tempo após projeto de Ayllon e Azrin (1964), destinado a res­
ter-se o terapeuta retirado de cena mas também tabelecer comportamentos de cuidados pessoais em
que o menino comportava-se geralmente de ma­ esquizofrênicos crônicos, notou-se, por exemplo,
neira mais afetuosa e atenciosa, que contrastava de que os atendentes do hospital deixavam freqüen­
modo marcante com sua beligerância indiscrimi­ temente de pôr em prática os procedimentos esta­
nada anterior. Conforme salienta Hawkins, o prin­ belecidos, mesmo após terem sido repetidamente
cipal beneficio em utilizar os pais como agentes de instruídos a fazê-lo. Somente após terem recebido
mudança consiste no fato de poderem eles, após os atendentes a retroalimentação a respeito de seus
adquirir prática em métodos de tratamento efeti­ próprios desempenhos e as conseqüências sociais

PS
vos, aplicá-los de modo bem-sucedido a futuros de seu próprio comportamento, dedicaram-se eles
problemas de desenvolvimento numa variedade de fielmente ao programa prescrito.
circunstâncias. Os esforços dos agentes de mudança são reforça­
Embora a discussão até então se tenha concen­ dos e mantidos até certo ponto pelas experiências
trado na implementação de programas de mudança

U
positivas que resultam das mudanças favoráveis no
por parte dos pais, os mesmos princípios gerais se comportamento de seus clientes. De fato, alguns es­
aplicam quando outros agentes de mudança de­ tudos (Hawkins et al., 1966; Wahler e Pollio, 1968)

O
sempenham funções semelhantes. A direção da tiveram dificuldades em utilizar a rèplicação intra-
mudança deve ser defmida em termos de compor­ sujeito para dramatizar as relações funcionais entre
tamento observável; os métodos para alcançar esses

R
comportamento e suas conseqüências porque os
resultados devem ser claramente especificados e, de pais, após terem experimentado os benefícios das
preferência, modelados; orientação suficiente deve mudanças comportamentais produzidas em seus fi­
ser fornecida para assegurar o bom êxito; e, se ne­
cessário, conseqüências favoráveis especiais pa­
ra a prática dos procedim entos recom endados
devem ser organizadas. As abordagens comporta-
G
lhos, mostravam-se extremamente relutantes em
reverter às suas antigas práticas de reforçamento.
Entretanto, quando as condições de tratamento ne­
KS
cessárias são difíceis de criar ou de manter, quando
me ntais, como mostraremos mais tarde, utilizam a taxa de melhora é relativamente lenta ou a evi­
professores, enfermeiras, companheiros e estudan­ dência do progresso tem fraco valor reforçador, é
tes de modo amplo, sob a orientação de pessoas que desejável fornecer recompensas adequadas também
possuem conhecimento e competência profissional para os agentes de mudança. Por exemplo, para
O

na área dos princípios da mudança comportamen- aumentar o desempenho de determinados instru­


tai. Também até certo ponto, indivíduos são solici­ tores, Wolf, Giles e Hall (1968) criaram uma con­
tados a funcionar como seus próprios agentes de tingência de bônus monetário relacionada com a
BO

mudança, aprendendo como regular contingências produtividade de seus estudantes. O fornecimento


e conseqüências auto-reforçadoras, a fim de modi­ de poio apropriado para o com portam ento do
ficar seu próprio comportamento nas direções de­ agente, que constitui um aspecto crítico dos pro­
sejadas. Sujeitos não-profissionais são freqüente­ gram as de m udança com p o rtam en tal, recebe
mente selecionados para implementar programas usualmente pouca atenção, com a conseqüência de
EX

de mudança, não somente como uma maneira eco­ serem procedimentos essenciais aplicados de modo
nômica de aliviar a séria falta de pessoal, mas por­ indiferente ou somente esporadicamente. Qualquer
que estão eles numa posição mais vantajosa para suspensão temporária de contingências, particu­
obter melhores resultados do que os profissionais, larmente nas fases iniciais de um programa, resulta
que só podem ter um contato breve com o cliente em geral no reforçamento intermitente do compor­
D

num ambiente artificial em que o comportamento tamento indesejado. Não devem portanto os pro­
divergente é exibido d e modo bem pouco fre­ gramas de tratamento ser tentados, a não ser que
IN

qüente. Quando o comportamento é modificado no contingências apropriadas sejam sistematicamente


ambiente social natural por pessoas que normal­ aplicadas.
mente exercem algum controle sobre o comporta­
mento, é bem menos provável que suija o pro­ QUESTÕES ÉTICAS NA MUDANÇA
blema de não se generalizarem as mudanças indu­ SOCIAL E CULTURAL
zidas ou de não se manterem por muito tempo. A maior parte da discussão apresentada sobre a
Em muitos programas de mudança comporta- seleção de metas estava principalmente centralizada
mental, a equipe supervisora instrui os agentes de na obtenção de mudanças comportamentais em
mudança sobre como implementar os procedimen­ base individual. Reconhece-se, entretanto, de modo
tos selecionados, mas não fornece demonstração geral, que muitos dos problemas que uma socie­
das práticas desejadas nem organizam as conse­ dade enfrenta não podem ser resolvidos a nível in­
qüências favoráveis para seus esforços. Uma vez dividual, mas exigem mudanças em sistemas sociais
que as novas práticas comportamentais requerem inteiros.
freqüentemente que os agentes de mudança devo­ Uma série de situações em que novas contingên­
tem atenção crescente às pessoas cujo comporta­ cias são introduzidas-em bases sociais amplas dão
2UESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 63

>rigem a questões importantes sobre a moralidade alternativas serão estabelecidos. A questão principal
i os processos de decisão que orientam as mudan- reside aqui em se saber se a autoridade para a sele­
;as instituídas. Nos casos envolvendo comporta­ ção de metas deverá pertencer a uma elite política
mento divergente amplamente difundido, tal como ou tecnológica ou se deverá ser determinada atra­
delinqüência ou condições predominantes de defi­ vés da participação informada e cooperadora da­
ciência resultantes de ambientes empobrecidos, queles cujas vidas serão afetadas por qualquer polí­
mudanças sociais profundas são necessárias para se tica que venha a ser adotada. Se se for partidário
obter a reabilitação. Por exemplo, tentativas de re­ do valor da determinação pelo grupo dos objetivos
duzir a incidência de comportamento anti-social sociais, então mais atenção deverá ser dada ao de­
por meio do tratamento de membros individuais senvolvimento de métodos ótimos para esclarecer
por acaso apreendidos constituem esforços estéreis. as conseqüências associadas com as diferentes esco­
Problemas de grupo exigem soluções de grupo. lhas de valores, para identificar as preferências co­
Novos ambientes sociais envolvendo contingências letivas e para resolver conflitos entre diferentes

PS
apropriadas, modelos de papéis e incentivos devem grupos de interesse. Além disso, salvaguardas e
ser criados, se é que modos de com portamento apoios sociais adequados devem ser providenciados
construtivo devem ser estabelecidos e normativa- para as tentativas garantidas de influência pessoal
mente sancionados. das políticas sociais. Contemplando o futuro não

U
À medida que se acumula conhecimento sobre as tão distante, Hofstadter (1967), por exemplo, prevê
causas e conseqüências de padrões sociais diferen­ a utilização da tecnologia do computador, em que
tes, e os princípios de mudança comportamental as decisões individuais por voto são conectadas a

O
sofrem novos desenvolvimentos, a sociedade ganha computadores que recolhem dados de modo quase,
meios não somente de evitar o desenvolvimento de instantâneo, a fim de permitir maior participação

R
problemas sociais graves mas também de realizar individual nas tomadas de decisão da sociedade
seus objetivos declarados. Programas preventivos e sempre que praticável.
sistemas aperfeiçoados de vida social exigem novas Sob o efeito de uma burocratização ampla, que
práticas sociais, algumas das quais podem vir a se
chocar com as ideologias e tradições de diversos
grupos de interesse. Controvérsias éticas, portanto,
G
efetivamente obscurece as responsabilidades da
tomada de decisões, a maioria das pessoas acaba
por sentir que é pequeno o controle positivo que
KS
surgem inevitavelmente com respeito aos tipos de podem exercer sabre seu ambiente. Conseqüente­
mudança social preconizados, bem como sobre os m ente, ficam elas inclinadas a responder com
métodos pelos quais deverão ser eles alcançados. aquiescência relutante a importantes mudanças so­
O conflito de valores resultante de pressões ciais que são freqüentemente orientadas por consi­
derações econômicas, decretos baseados na régua
O

intra-sociais para a mudança ocorre de modo mais


amplo nos casos em que estão envolvidas mais de de cálculo e conveniências políticas. As pessoas que
uma cultura, isto é, quando uma sociedade se es­ se sentem mais ativamente inclinadas a participar
BO

força para introduzir novos padrões de comporta­ acabam por ser frustradas pela faita de modos
mento em outras sociedades que ocupam posições prontamente acessíveis de afetar as decisões sobre
subordinadas. Em inúmeros casos, as mudanças as prioridades culturais que devem ser promovidas.
preconizadas, que envolvem práticas médicas pre- Entretanto, temos assistido nos últimos anos a exi­
venuvas, reorganização de sistemas econômicos e gências veementes, principalmente de parte dos
de agricultura, criação de programas educacionais membros mais jovens da sociedade, de maior parti­
EX

e introdução de tecnologias que libertam a popula­ cipação nas tomadas de decisão que afetam o de­
ção de trabalho aviltante, têm o poder de enrique­ senvolvimento e qualidade de suas vidas.
cer a vida social e de desenvolver a liberdade hu­ Os conflitos de valores surgem não somente na
mana. Embora as mudanças possam ter resultados formulação de metas comuns mas também na sele­
D

benéficos, exigem elas freqüentemente modifica­ ção de métodos para a indução das mudanças dese­
ções radicais de crenças e modos de viver estabele­ jadas. De um modo ou de outro, decisões são to­
cidos e são portanto compreensivelmente combati- madas sobre até onde objedvos sociais devem ser
IN

das. Além disso, tais tentativas de influência envol­ promovidos por meio de métodos coercitivos, por
vem tipicamente a exportação não somente de meio de reforçamento positivo de comportamentos
modos melhores de alcançar objetivos culturais apropriados ou por meio de modelos a serem imi­
como também de novas ideologias e fins últimos. É tados os quais exemplificam os padrões comporta-
principalmente a imposição de novos padrões de mentais desejados.
moral, alguns dos quais podem ser disfuncionais no A noção de mudança social planejada tem a ten­
am biente estranho, e da prescrição externa de dência de despertar na mente das pessoas associa­
como o povo de uma outra cultura deve viver suas ções negativas de arregimentação, invasão da priva­
vidas que dá origem a problemas éticos. cidade e redução da autodeterminação. De fato,
Os processos de decisão e as questões de valores conform e argum entaram d e form a irrefutável
envolvidos na seleção das metas de grupo são, sob Benne (1949) e Mannheim (1941), a mudança so­
muitos aspectos, semelhantes aos que operam no cial planejada coletivamente, em vez de ser anti-
nível individual. Primeiramente, é necessário deci­ individualista, geralmente protege e amplia a liber­
dir que objetivos sociais dentre uma variedade de dade humana. A necessidade de planejamento so-
64 QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS

ciai origina-se do falo de serem as experiências das mento deve ser modificado, as preocupações fre­
pessoas, em inúmeras áreas de funcionamento so­ qüentemente apresentadas sobre a manipulação
cial, reciprocamente determinadas pelas ações de humana tornam-se essencialmente pseudoquestões.
cada uma. Assim, se os motoristas não dispusessem O papel do agente da mudança no processo de de­
do benefício dos códigos de tráfego, eles se obstrui­ cisão deve consistir principalmente na exploração
riam e se prejudicariam continuamente uns aos ou­ de cursos alternativos de ação praticáveis e suas
tros; mas, por terem concordado com alguns pou­ prováveis conseqüências, na base da qual os cli­
cos regulamentos convenientes, tiveram seu bem- entes podèm fazer escolhas bem informadas, En­
estar pessoal e sua liberdade de movimentos alta­ tretanto, o sistema de valores do agente da mu­
mente ampliados. Sem alguns controles sociais dança intrometer-se-á inevitavelmente, até certo
sobre o comportamento humano, a liberdade pes­ ponto, no processo de seleção de metas. Esses vieses
soal estaria constantemente ameaçada, Paradoxal­ não são necessariamente prejudiciais, desde que

PS
mente, individualistas zelosos atacam freqüente­ clientes e agentes de mudança endossem valores
mente justamente as instituições sociais que são es­ semelhantes e o agente da mudança identifique seu
tabelecidas para proteger a liberdade de auto- julgamento como preferências pessoais em vez de
expressão. apresentá-lo como denotando prescrições científi­
cas. Muito mais séria do ponto de vista ético é a

U
Os problemas de restrições inadequadas ocorrem
freqüentemente quando o controle social é esten­ redefinição unilateral de metas por meio das quais
dido indevidamente a áreas de funcionamento que os psicoterapeutas freqüentemente impõem o obje­

O
não envolvem conseqüências interdependentes de tivo da introvisão (que envolve principalmente sutis
nenhuma importância. Crenças, estilos de vida e conversões a determinadas crenças) a pessoas que
hábitos pessoais considerados não convencionais desejam mudar seu funcionamento comportamen­

R
podem ser negativam ente sancionados mesmo tal.
quando essas atividades, deixando de lado seu pe­
queno valor irritante, raramente afetam o bem-
estar de outros. Pressões desse tipo para a padroni­
zação da vida constituem de fato ameaças à liber­
dade pessoal.
G Problemas comportamentais de proporções am­
plas não podem ser nunca adequadamente elimi­
nados em bases individuais, mas exigem tratamento
e prevenção a nível de sistemas sociais. À medida
KS
que as ciências do comportamento continuarem
progredindo em direção ao desenvolvimento de
Sumário princípios de mudança eficientes, a capacidade do
Um dos principais obstáculos ao desenvolvimento homem de criar o tipo de ambiente social que mais
O

de programas de mudança efetivos tem origem na desejar será substancialmente aumentada. Os proces­
falha em não especificar precisamente o que deve sos de decisão por meio dos quais são estabelecidas
ser realizado; ou então, na prática ainda mais co­ as prioridades culturais devem, portanto, ser mais
BO

mum, de definir as metas estabelecidas em termos explícitos, de modo a garantir que a “engenharia
de estados internos hipotéticos. Quando os objeti­ social” seja utilizada pra produzir condições de vida
vos permanecem ambíguos, as experiências de que enriqueçam a existência e a liberdade compor­
aprendizagem são desordenadas e quaisquer que tamental em vez de efeitos humanos aversivos. O
sejam os procedimentos consistentemente aplicados controle sobre as escolhas de valores a nível social
tendem eles a ser determinados mais pelas prefe­ pode ser aumentado por meio da formulação de
EX

rências pessoais dos agentes de mudança do que novos sistemas de tomadas de decisão coletivas, que
pelas necessidades do cliente. permitam aos membros participar de modo mais
Os métodos e condições de aprendizagem apro­ direto no estabelecimento dos objetivos do grupo.
priados para qualquer program a de m udança Nas discussões sobre as implicações éticas dos di­
D

comportamental não podem ser convenientemen­ ferentes modos de obter mudanças na personali­
te selecionados, até que as metas desejadas te­ dade, os comentadores freqüentemente emprestam
IN

nham sido claram ente definidas em termos de de modo errôneo uma moralidade negativa às
comportamento observável. Progresso rápido po­ abordagens comportamentais, como se fosse ela
derá vir a ser assegurado se objetivos intermediá­ inerente a esses procedimentos. A teoria da apren­
rios forem estabelecidos, os quais descrevem as se­ dizagem social não é um sistema de ética; é, isto
qüências de aprendizagem ótimas para a introdu­ sim, um sistema de princípios científicos que podem
ção dos componentes comportamentais de desem­ ser aplicados com sucesso à obtenção de qualquer
penhos sociais mais complicados. A necessidade de resultado moral. Na realidade, devido à sua eficácia
especificação comportamental dos objetivos fica relativa, as abordagens comportamentais se mos­
mais claramente ilustrada no caso de padrões com­ tram muito mais promissoras do que os métodos
plexos de comportamento, que não podem ser al­ tradicionais para o desenvolvimento da autodeter­
cançados de modo algum até que sejam analisados minação e a realização das capacidades humanas.
em suas funções constituintes essenciais. Se aplicadas em direção a objetivos apropriados, os
A seleção de metas envolve escolhas de valores. métodos da aprendizagem social podem tornar-se
Até onde as pessoas tomam a principal responsabi­ um apoio completamente efetivo para uma morali­
lidade de decidir a direção em que seu comporta­ dade humpnista.
QUESTÕES DE VALORES E OBJETIVOS 65

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D
IN
3
Modelação e Processos Vicários
Um dos modos fundamentais pelos quais novos ções antecedentes ou m antenedoras, conforme

PS
tipos de comportamento são adquiridos e padrões aparece ilustrado pela posição de Parsons (1951),
existentes são modificados envolve modelação e quando afirma que “uma ligação catética generali­
processos vicários. De fato, a pesquisa realizada zada” constitui o pré-requisito para a identificação,
den tro do quadro de referência da teoria da mas não é essencial ou está ausente no caso da imi­

U
aprendizagem social (Bandura, 1965a; Bandura e tação. Kohlberg (1963), por outro lado, reserva o
Walters, 1963) demonstra que virtualmente todos termo “identificação” para comportamento imita-
os fenômenos de aprendizagem resultantes de ex­ tivo, que se supõe estar sendo mantido pelo reforço

O
periência direta podem ocorrer em base vicária intrínseco da semelhança percebida, e utiliza o
através da observação do comportamento de outras constructo “imitação” para respostas instrumentais

R
pessoas e de suas conseqüências. Assim, p o r mantidas por recompensas extrínsecas. Outros de­
exemplo, uma pessoa pode adquirir complicados finem imitação como a apresentação de comporta­
padrões de respostas simplesmente observando o mento imitativo na presença do moedelo, reser­
desempenho de modelos apropriados; respostas
emocionais podem ser condicionadas por observa­
ção das reações afetivas de outras pessoas enquanto
G
vando identificação para o desempenho do com­
portamento do modelo na ausência deste último
(Kohlberg, 1963; Mowrer, 1950). Como se pode
KS
passam por experiências dolorosas ou agradáveis; observar, é pequeno o consenso quanto aos crité­
comportamentos de medo ou de esquiva podem ser rios de distinção; contudo, alguns teóricos pressu­
extintos vicariamente através da observação do põem que a imitação produz identificação, enquanto
comportamento de aproximação modelado em di­ que outros afirmam, com convicção igualmente
reção aos objetos temidos, sem que nenhuma con­ forte, que a identificação resulta em imitação.
O

seqüência adversa ocorra para o sujeito envolvido; A não ser que se possa demonstrar que a apren­
inibições podem ser induzidas pela observação da dizagem vicária de diferentes classes de comporta­
BO

punição do com portamento de outros; e, final- mento imitativo é dirigida por variáveis diferentes,
meme, a expressão de respostas bem aprendidas distinções propostas em termos de tipos de respos­
pode ser acentuada e socialmente regulada através tas envolvidas não são somente gratuitas, mas tam­
de ações de modelos influentes. Os procedimentos bém causam confusão desnecessária. Progresso li­
de modelação são, portanto, altamente apropriados mitado será obtido na elucidação dos processos de
à obtenção de diversos resultados, incluindo elimi­ mudança comportamental se, por exemplo, meca­
EX

nação de deficiências com portamen tais, redução de nismos de aprendizagem fundamentalmente dife­
medos excessivos e inibições, transmissão de siste­ rentes forem invocados, sem uma adequada base
mas auto-reguladores e facilitaçâo social de padrões empírica, para a explicação da aquisição de uma
de comportamento em escala grupai. resposta social versus dez respostas sociais inter­
D

Fenômenos vicários são geralmente classificados relacionadas, que são arbitrariamente designadas
de diversos modos. São usualmente utilizados ter­ como aspectos diversos de um dado papel. Os re­
mos como “modelação”, “imitação”, “aprendizagem sultados de inúmeros estudos, que serão discutidos
IN

por observação”, “identificação”, “cópia”, “aprendi­ mais adiante, demonstram que a aquisição de res­
zagem vicária”, “facilitaçâo social”, “contágio” e postas imitativas isoladas e de inteiros repertórios
“desempenho de papel”. Na teoria da personali­ comportamentais é, de fato, determ inada pelos
dade, a identificação foi mais freqüentemente dis­ mesmos tipos de condições antecedentes. Além
tinguida da imitação na base pressuposta de que a disso, a retenção e a reprodução retardada de res­
imitação envolve a reprodução de respostas discre­ postas imitativas discretas requerem a mediação
tas, enquanto que a identificação envolve tanto a por representação dos estímulos modeladores. Há
adoção de diversos padrões de comportamento também pouquíssimas razões para se supor, tanto
(Kohlberg, 1963; Parsons, 1955; Stoke, 1950) em bases empíricas quanto teóricas, que os princí­
quanto representações simbólicas do modelo (Em- pios e processos envolvidos na aquisição de respos­
merich, 1959) ou sistemas de significados semelhan­ tas imitativas desempenhadas na presença de mo­
tes (Lazowick, 1955). Algumas vezes, entretanto, a delos sejam diferentes das desempenhadas mais
distinção é feita em termos da diferença nas condi­ tarde em sua ausência. De fato, se os diversos crité-
69
70 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

rios enumerados acima forem seriamente aplica­ sos desinibitórios não estão envolvidos porque o
dos, isoladamente ou em diversas combinações, na comportamento em questão é socialmente sancio­
categorização dos resultados da modelação, grande nado e, portanto, só raramente ou nunca foi pu­
parle dos comportamentos imitativos, tradicional­ nido. Um exemplo simples de facilitação social apa­
mente rotulados como de imitação, passariam a ser rece nas situações em que uma pessoa observa aten­
considerados comportamentos de identificação, e tamente uma vitrina e os demais transeuntes res­
boa parte dos dados obtidos em situação natural, pondem de maneira semelhante. Nas seções se­
antes cilada como evidência de aprendizagem de guintes, as variáveis e processos mediadores que di­
identificação, seria reclassificada como imitação. rigem esses diversos fenômenos de modelação
É evidentemente possível estabelecer distinções serão discutidos m inuciosamente. As m aneiras
entre diversos termos descritivos com base em va­ pelas quais as influências de modelação podem ser
riáveis antecedentes, mediadoras ou comportamen- utilizadas com sucesso para efetuar mudanças indi­

PS
lais. Entretanto, também se pode questionar a con­ viduais e mudanças sociais mais amplas serão tam­
veniência de fazê-lo, uma vez que existem numero­ bém examinadas.
sas indicações de ser essencialmente o mesmo o
processo de aprendizagem envolvido, independen­
Conceituações Teóricas da
temente da generalidade do que é aprendido, dos Aprendizagem por Observação

U
modelos que apresentaram os padrões de compor­ As formulações mais antigas, que datam de Mor­
tamento a serem adquiridos e das condições de es­ gan (1896), Tarde (1903) e McDougall (1908), con­

O
tímulo sob as quais o comportamento imiiativo é sideram a modelação como uma tendência inata.
subseqüentemente desempenhado. Essa interpretação em termos instintivos dissuadiu

R
a investigação empírica das condições sob as quais
TRÊS EFEITOS DE INFLUÊNCIAS DA ocorre a modelação; e, devido às reações veementes
MODELAÇÃO contra a doutrina dos instintos, até recentemente
G
Para elucidar as influências vicárias é essencial até mesmo os fenômenos classificados desse modo
distinguir entre diferentes tipos de modificação do foram repudiados ou amplamente ignorados nas
comportamento resultantes da exposição a estímu­ explicações teóricas dos processos de aprendiza­
KS
los modeladores, porém a distinção deve ser feita gem.
em termos de critérios mais fundamentais do que
os discutidos acima. Existe grande evidência (Ban- TEORIAS DA ASSOCIAÇÃO E DO
dura, 1965a; Bandura e Walters, 1963) de que a CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
exposição a influências modeladoras tem três efei­ À medida que a doutrina do instinto caía em des­
O

tos claramente diferentes, cada um dos quais de­ crédito, um certo número de psicólogos, entre os
terminado por um conjunto diferente de variáveis. quais Hum phrey (1921), Allport (1924) e Holt
BO

Prim eiram ente, um observador pode adquirir (1931), passou a explicar o comportamento de mo­
novos padrões de respostas que não existiam pre­ delação em termos de princípios associativos. A
viamente em seu repertório comportamental. Para contigüidade temporal entre os estímulos modela­
demonstrar experimentalmente essa aprendizagem dores e a resposta semelhante do imitador foi con­
por observação ou efeito modelador, é necessário que o siderada como a condição suficiente para a ocor­
modelo exiba respostas novas que o observador rência da imitação. De acordo com a conceituação
EX

ainda não aprendeu a desempenhar e que deve de Holt, por exemplo, quando um adulto copia a
mais tarde reproduzir de forma substancialmente resposta de uma criança, esta última tende a repetir
idêntica. Qualquer comportamento que tenha uma o comportamento imitado e, à medida que essa se­
probabilidade de ocorrência muito baixa ou nula qüência associativa circular continua, o comporta­
na presença de estímulos apropriados pode ser mento do adulto torna-se um estímulo de eficiência
D

classificado como resposta nova. crescente para as respostas da criança. Se durante


Em segundo lugar, a observação de ações mode­ essa imitação mútua espontânea o adulto desem­
IN

ladas e suas conseqüências para o modelo pode for­ penha uma resposta que é nova para a criança, esta
talecer oú enfraquecer respostas inibitórias nos ob­ a copiará. Piaget (1952) descreve do mesmo modo
servadores. Os efeitos inibitórios e desinibitórios o processo de modelação como sendo um processo
tornam-se evidentes quando a incidência de com­ em que os comportamentos espontâneos do imita­
portamento imitativo ou dessemelhante aumenta, dor servem inicialmente como estímulos para res­
geralmente em função de ter o sujeito observado postas semelhantes do modelo em seqüências imita-
um modelo experimentar conseqüências positivas, tivas alternadas. Também Allport considerou os
e diminui quando o modelo não as experimenta. fenômenos da modelação corçio exemplos de condi­
Em terceiro lugar, o comportamento de outras cionamento clássico de verbalizações, respostas mo­
pessoas serve como estímulo discriminativo para c toras ou emoções a determinados estímulos sociais
observador, facilitando a ocorrência de respostas com que foram associados por contigüidade.
previamente aprendidas da mesmg classe geral. As diversas teorias associativas isolaram uma das
Esse efeito de facilitação da resposta pode ser distin­ condições sob as quais as pistas para modelação
guido da desinibição e da modelação pelo fato de podem adquirir funções eliciadoras de comporta­
não ser aprendida nenhuma resposta nova; proces­ mentos imitativos que já existam no repertório de
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 71

comportamentos do imitador. Essas teorias entre­ m e n te ir r e le v a n te ou p o d e r ia a té m esm o


tanto não podem explicar os mecanismos psicológi­ constituir-se num empecilho para o processo de
cos que dirigem a aquisição de respostas novas du­ aquisição. Ao contrário disso, a maior parte das
rante a seqüência de interações modelo-observador. formas de imitação envolve aprendizagem de respos­
Além disso, as demonstrações de aprendizagem por tas em vez de aprendizagem de lugar, na qual os
observação em seres humanos e animais não come­ sujeitos combinam elementos comportamentais em
çam em geral com o modelo reproduzindo respos­ novas respostas complexas somente pela observação
tas semi-irrelevantes do aprendiz. Ao usar proce­ do desempenho de modelos sociais, sem nenhuma
dimentos de modelação para ensinar um pássaro oportunidade de desempenhar o comportamento
mainá a falar, por exemplo, o treinador não se em­ do modelo na ocasião da exposição e sem que ne­
penha inicialmente num comportameuto de cocori- nhum reforço seja administrado tanto aos modelos
car circular; em vez disso, começa ele dizendo o quanto aos observadores (Bandura, 1965a). Nesse

PS
que deseja ensinar, expressões essas que claramente último caso, as pistas de modelação constituem um
não existem sob forma integrada no repertório aspecto indispensável do processo de aprendiza­
vocal do pássaro. gem. Além disso, uma vez que o paradigma do re­
forçamento na aprendizagem por observação re­
TEORIAS DO REFORÇAMENTO

U
quer que o sujeito desempenhe a resposta imitativa
Com o advento dos princípios do reforçamento, antes de poder aprendê-la, a teoria apresentada
as explicações teóricas da aprendizagem transferi­ por Miller e Dollard evidentemente explica mais

O
ram a ênfase do condicionamento clássico para a adequadamente o desempenho de respostas seme­
aquisição instrumental de respostas baseada nas lhantes previamente aprendidas do que a sua aqui­
conseqüências reforçadoras. As teorias dos fenô­ sição. Continuando com o exemplo da aprendiza­

R
menos de modelação supuseram de modo seme­ gem da linguagem, para que um pássaro mainá
lhante que a ocorrência da aprendizagem por ob­ aprenda a palavra “reforço” imitativamente, deverá
G
servação seria contingente ao reforçam ento do ele pronunciar a palavra "reforço” em meio a voca­
comportamento imitativo. Esse ponto de vista foi lizações randômicas, emparelhá-la acidentalmente
claramente exposto por Miller e Dollard (1941) em com as respostas verbais do treinador e obter assim
KS
seu trabalho clássico Social Leaming and Imitation. um reforço positivo. As condições que Miller e Dol­
De acordo com essa formulação, as condições ne­ lard consideram como necessárias para a aprendi­
cessárias para aprendizagem por modelação in­ zagem por imitação limitam severamente os tipos
cluem um sujeito motivado que é positivãmente re­ de mudanças com portamentais que podem ser
forçado por imitar as respostas corretas de um mo­ atribuídas à influência de modelos sociais.
O

delo durante uma série de respostas de ensaio e A análise skinneriana dos fenômenos da modela­
erro inicialmente randômicas. ção (Baer e Sherman, 1964; Skinner, 1953), que é,
BO

Os experimentos realizados por Miller e Dollard sob inúmeros aspectos, semelhante à proposta ori­
envolveram uma série de problemas de discrimina­ ginariamente por Miller e Dollard, também estabe­
ção entre duas escolhas, em que um líder treinado lece o reforço como condição necessária para a
r.espondia a estímulos ambientais ocultados do su­ aprendizagem por observação. Nessa abordagem, a
jeito', de modo que *este último dependia tão-so- modelação é tratada corno uma forma de empare-
mente das pistas fornecidas pelo comportamento lhamento de estímulos em que a pessoa imita o pa­
EX

do modelo. As escolhas do líder eram consistente- drão de estímulos gerado por suas próprias respos­
mente recompensadas e o sujeito observador era tas às pistas modeladoras apropriadas. A duplica­
reforçado de modo semelhante sempre que imitava ção do estímulo dá-se presumivelmente através de
essas respostas. Essa forma de imitação foi denomi­ um processo de reforçamento diferencial. Quando
nada pelos autores com portam ento “imitativo- o comportamento de imitação é positivamente re­
D

dependente”, uma vez que os sujeitos dependiam forçado e respostas divergentes não são recompen­
do líder para as pistas relevantes e imitavam suas sadas ou são punidas, o comportamento de outros
IN

respostas. Com base nesse paradigma, foi demons­ passa a funcionar como estímulo discriminativo
trado que os sujeitos aprendiam prontamente a se­ para reforçamento no controle das respostas so­
guir seus respectivos modelos e generalizavam as ciais.
respostas de cópia para situações novas, modelos Mais recentemente, Gewirtz e Stingle (1968) con­
novos e diferentes estados motivacionais. ceituaram a modelação como sendo análoga ao pa­
Embora esses experimentos tenham sido ampla­ radigma do emparelhamento-com-amostra usado
mente aceitos como demonstrações de aprendiza­ para estudar a aprendizagem de discriminação.
gem imitativa, representam eles de,fato somente o Nesse procedimento, um sujeito escolhe entre um
caso especial de aprendizagem de lugar por discri­ certo número de estímulos para comparação um es­
minação, era que o comportamento de outros for­ tím ulo que com partilhe de um a p ro p ried ad e
nece estímulos discriminativos para respostas que já comum com o estímulo-amostra. Embora a modela­
existem no repertório comportamental do sujeito. ção e o desempenho no emparelhamento-com-
De fato, se as pistas ambientais relevantes tivessem amostra tenham alguma semelhança pelo fato de
sido apresentadas de modo mais claro, o compor­ ambos envolverem um processo de emparelha-
tamento dos modelos ter-se-ia tornado completa­ mento, não podem eles de fato ser considerados
72 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

idênticos. Uma pessoa pode chegar a apresentar es­ reforçamento e que aproximadamente metade das
colhas perfeitamente corretas no emparelhamento crianças restantes, cujos dados foram reportados,
de árias líricas com um recital wagneriano, mas mostrou incrementos no comportamento imitativo
permanecer totalmente incapaz de desempenhar o reforçado, porém não exibiu a resposta modela­
comportamento vocal exibido na amostra. A dis­ da não-reforçada em qualquer nível significativo.
criminação acurada de estímulos constitui uma Uma vez que o reforço não exerceu efeitos clara­
pré-condição para a aprendizagem de respostas por mente previsíveis sobre a ocorrência da imitação
observação, mas não se equivale a ela. A principal generalizada, esta deve ter sido em grande parte
controvérsia existente entre as teorias da modela­ determinada por outras variáveis não-mensuradas
ção está concentrada em torno da questão de se es­ e não-controladas.
tabelecer quais são as condições necessárias e sufi­ Usando procedimentos de reforçamento seme­
cientes para a aquisição de respostas novas em lhantes com modelos sociais .e incentivos mais po­

PS
bases observacionais. derosos, Baer, Peterson e Sherman (1967) foram
Em condições naturais, o comportamento exibido capazes de estabelecer imitação generalizada em
por modelos é tipicamente reproduzido na ausên­ três crianças severamente retardadas, que apresen­
cia de reforçam ento direto. Conseqüentemente, tavam inicialmente um nível muito baixo de com­

U
teorias que presumem que alguma forma de re­ portamento imitativo (ver Fig. 3-1). Após ter um
forço seja necessária à aprendizagem tendem a in­ longo período de imítação-reforço contingente au­
vocar um a fonte intrínseca de reforçam ento. mentado de modo marcante o comportamento imi­

O
Supõe-se então que, se a reprodução acurada de es­ tativo nessas três crianças (sessões 1-14), algumas
tímulos modeladores for consistentemente recom­ respostas de imitação puderam ser efetivamente
mantidas sem reforçamento, quando eram rando-

R
pensada, a semelhança com porta me n ta 1 por si só
adquire propriedades reforçadoras secundárias. A micamente intercaladas entre imitações positiva­
partir de então, a pessoa tenderá a apresentar alta m ente reforçadas (sessões 15-26). E ntretanto,
incidência de ações precisamente imitativas, as
quais, devido ao seu valor de recompensa adqui­
rido, serão fortalecidas e mantidas mesmo se não
G
ambos os tipos de respostas imitativas declinaram
rapidamente quando aprovação social e alimento
foram apresentados às crianças em base temporal e
KS
forem nunca externamente reforçadas. não contingentemente ao comportamento imitativo
Baer e seus colegas realizaram diversos experi­ (sessões 27-31). Foi em seguida demonstrado que
mentos organizados para dem onstrar o controle os dois tipos de respostas de emparelhamento pu­
por reforço intrínseco da imitação generalizada. deram ser rapidamente reinstaladas em seu alto
Num estudo (Baer e Sherman, 1964), três respostas nível anterior pela reintrodução de resposta-refor-
O

imitativas (acenar com a cabeça, caretear e verbali­ çamento contingente (sessões 32-38).
zações novas) foram estabelecidas em crianças pe­ Foi demonstrado de modo semelhante que crian­
ças esquizofrênicas podem adquirir e manter ter­
BO

quenas por meio do reforçamento social de um


fantoche que tinha instruído explicitamente os su­ mos noruegueses imitativamente sem nenhum re­
jeitos a imitar seu comportamento modelado. Para forçamento (Lovaas, Berberich, Perloff e Schaeffer,
um subgrupo de crianças que tinham mostrado um 1966); e crianças em idade pré-escolar imitaram pa­
aumento no responder imitativo, o fantoche exibiu lavras russas não reforçadas (Brigham e Sherman,
comportamento não-reforçado de pressionar uma 1968), enquanto eram elas reforçadas por palavras
EX

alavanca entremeado entre as outras três respostas inglesas quando corretamente reproduzidas.
imitativas recompensadas. Sob tais condições, al­ Embora a disposição generalizada de imitar o
gumas das crianças imitaram o pressionar da ala­ comportamento de outros possa ser desenvolvida
vanca com diversas freqüências, mesmo sem ter fazendo-se com que diferentes pessoas reforcem
sido nunca esta resposta específica positivamente diversos tipos de comportamento numa variedade
D

reforçada. A fim de demonstrar a dependência da de situações, não demonstra necessariamente esse


imitação generalizada do reforçamento direio de fato que as propriedades reforçadoras sejam ine­
IN

outras respostas imitativas, a aprovação social por rentes à semelhança comportamental. Se fosse esse
acenar com a cabeça, caretear ou apresentar verba­ de fato o mecanismo em ação, as respostas imitati­
lizações novas foi descontinuada com dois sujeitos. vas não sofreriam extinção abrupta e marcante (ver
Esse procedimento de extinção resultou numa re­ Fig. 3-1) no momento em que é retirado o reforço
dução do comportamento imitativo de pressionar a para a subclasse mais ampla de respostas imitativas,
alavanca numa das crianças; quando o reforça­ uma vez que não seria de se esperar que as pistas
mento das outras três respostas modeladoras foi de semelhança perdessem seu valor reforçador tão
restabelecido, o pressionamento imitativo da ala­ repentinamente. Em vez disso, as recompensas in­
vanca também reapareceu. trínsecas que têm origem na duplicação precisa da
A referência freqüente ao estudo acima como resposta deveriam manter o comportamento imita­
fornecendo evidência para a função auto-refor­ tivo por algum tempo, mesmo na ausência de re­
çadora da imitação de respostas negligencia o fato forços administrados externamente. Estudos que
de que, mesmo sob exigência explícita, o compor­ incluíram variações mais extensas nas condições de
tam en to im itativo de um terç o das crianças incentivo mostraram, de fato, que a imitação gene­
mostrou-se completamente imune às operações de ralizada está em grande parte sob o controle do in­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 73

PS
U
O
R
G
Figura 3-1. Percentagem de respostas modeladas reforçadas e não reforçadas reproduzidas por uma criança durante
períodos em que as recompensas foram apresentadas contingentemente à ocorrência de respostas de imitação ou após
a passagem de um determinado período de tempo (DRO). Baer, Peterson e Sherman, 1967.
KS

centivo, e não sob o do seu valor recompensador respostas reforçadas seguidas pela série de respos­
O

inerente. Berkowitz (1968) descobriu que crianças tas prontamente discrimináveis e nunca reforçadas,
retardadas, recompensadas com respostas imitati- o observador poderia acabar por reconhecer que as
vas somente ao fim da sessão experimental mos­ últimas respostas nunca produzem resultados posi­
BO

travam uma alta taxa de comportamento imitativo tivos e, muito provavelmente, descontinuaria sua
desde que as recompensas alimentares estivessem reprodução. A hipótese discriminativa leva pois a
presentes na sala. Durante as sessões em que o ali­ uma predição que é oposta à derivada do princípio
mento não esteve à vista, a imitação baixou sensi­ do reforçamento secundário. De acordo com a ain-
velmente; mas foi prontamente restabelecida pela terpretação d a aquisição da função reforçadora,
introdução da visão do alimento. quanto mais longamente forem reforçadas as res­
EX

É preciso notar que o fenômeno de laboratório postas imitativas tanto mais fortemente ficará a se­
rotulado de "imitação generalizada” envolve so­ melhança comportamental provida de proprieda­
mente imitação ao longo de respostas sob condições des reforçadoras e, conseqüentemente, maior de­
em que os sujeitos são instruídos a repetir o com­ verá ser a resistência à extinção de respostas empa­
D

portamento do experimentador. Um teste mais ri­ relhadas não-reforçadas. Ao contrário, a hipótese


goroso da imitação generalizada deveria incluir di­ discriminativa levaria à predição de que quarito
ferentes modelos desempenhando diferentes res­ mais se prolongar as práticas de reforçamento dife­
IN

postas em diferentes situações sociais. Uma explica­ rencial mais provavelmente será capaz o observa­
ção alternativa para essa forma limitada de modela­ dor de distinguir entre comportamento imitatiyo
ção generalizada pode ser oferecida em termos de reforçado e não-reforçado, tendo como resultado
discriminação em vez de processos de reforçamento um rápido declínio das respostas imitativas não-
secundário. Quando um pequeno número de res­ reforçadas.
postas modeladas não-recompensadas é distribuído A ocorrência de modelação generalizada é tam­
randomicamente entre um número maior consis­ bém provavelmente determinada em parte pelas
te ntemente reforçado, os dois conjuntos de respos­ condições invariantes sob as quais são realizadas as
tas não podem ser facilmente distinguidos, sendo experiências de laboratório. Respostas reforçadas e
portanto bem provável que tais respostas venham a não-reforçadas são tipicam ente exibidas pelo
ser desempenhadas com freqüênda semelhante. Se, mesmo modelo, na mesma situação social, durante
por outro lado, a complexidade discriminativa da o mesmo período de tempo e após terem sido os
tarefa de modelação fosse reduzida, fazendo-se sujeitos explicitamente instruídos a se comportar
com que o modelo desempenhasse uma série de imitativamente. Por outro lado, sob condições natu­
74 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

rais, que são altamente variáveis e mais facilmente zagem social, dois dos eventos (R S r) do para­
distingüíveis, parece existir considerável especifici­ digma dos três termos estão ausentes durante a
dade com relação à modelação do comportamento. aquisição, e o terceiro elemento (Srf ou estímulo
Se respostas de emparelhamento produzissem de modelador) está tipicamente ausente da situação
fato automaticamente efeitos auto-reforçadores, em que a resposta aprendida por observação é de­
então as pessoas deveriam apresentar reprodução sempenhada. DejTKxlo semelhante à teoria de Mil-
ampla de todos os comportamentos modelados por ler e Dollard, a interpretação skinneriana dos fe­
crianças, barbeiros, policiais, delinqüentes, profes­ nômenos da modelação explica satisfatoriamente o
sores e outros. Na realidade, as pessoas tendem a controle de respostas de emparelhamento, previa­
ser seletivas com respeito ao que reproduzem, su­ mente aprendidas, por seus estímulos antecedentes
gerindo esse fato que o desempenho imitativo seja e suas conseqüências imediatas. Entretanto, não é
principalmente regulado por seu valor utilitário e capaz de explicar como uma nova resposta de em­
não por reforçamento inerente derivado da seme­ parelhamento é adquirida por observação na pri­

PS
lhança da resposta comportamental. Em outras pa­ meira vez. Ocorre isso por meio de processos sim­
lavras, a teoria da imitação generalizada explica bólicos encobertos durante o período de exposição
mais do que tem sido até então observado. Parece aos estímulos modeladores, antes da apresentação
tratar-se mais de um caso de comportamento regu­ da resposta manifesta ou do aparecimento de qual­

U
lado do que de aprendizagem, uma vez que as pes­ quer evento reforçador. De fato, se tivessem sido as
soas sabem como imitar o comportamento de ou­ crianças do experimento de Baer e Sherman testa­
tras. O desempenho constitui antes de mais nada das em termos de aprendizagem vicária imediata­

O
uma função dos resultados antecipados os quais, mente após ter o modelo feito a demonstração das
por sua vez, são parcialmente determinados pelo quatro respostas críticas, é provável que tivessem

R
grau de semelhança entre situações novas e passa­ reproduzido o repertório modelado sem ter que
das, nas quais determinadas respostas foram refor­ ser submetidas a qualquer operação do tipo i-
çadas. mitação-reforçamento contingente. Como mostra­
Implicações importantes para o tratamento deri-
vaih das interpretações da modelação generalizada,
uma vez que, em ambos os casos, a meu» consiste
G
remos mais adiante, a aprendizagem por observa­
ção envolve a codificação simbólica e a organização
central de estímulos modeladores, sua representa­
KS
em estabelecer tendências para a modelação que ção na memória, sob forma verbal ou imaginada, e
não se restrinjam ao ambiente de tratamento mas sua subseqüente transformação de formas simbóli­
se generalizem a outros ambientes mais naturais. cas em formas motoras equivalentes. Devido à na­
Na base da hipótese do reforçamento secundário, o tureza inferencial desses processos básicos, os beha-
vioristas funcionais m ostram -se inclinados a
O

programa de treinamento deveria incluir conside­


rável treinamento de imitação sob um generoso es­ considerá-los de limitado interesse científico. Entre­
quema de reforçamento. A suposição envolvida é a tanto, os fenômenos da modelação devem ser anali­
BO

de que quanto mais reforços uma pessoa receber sados não somente em termos das variáveis da sele­
por emparelhamento de comportamentos, mais re­ ção de respostas, mas também em termos de seus
forçador se tornará para ela imitar em qualquer determinantes mediadores antes que as condições
outra situação. Na base da hipótese discriminativa, necessárias e suficientes para a modelação possam
por outro lado, o programa deveria envolver so­ ser acuradamente especificadas.
mente operações de reforçamento necessárias o su­ Ao se avaliar o papel do reforço nos processos de
EX

ficiente para estabelecer o comportamento de em­ modelação, é essencial distinguir entre a aquisição
parelhamento, o qual seria então recompensado da resposta e o desempenho, uma vez que esses even­
por pessoas diferentes numa variedade de situa­ tos são determ inados por variáveis diferentes.
ções. Não se supõe que a generalização ocorra au­ Inúmeras pesquisas, diferindo consideravelmente
D

tomaticamente; deve ser ela construída no pro­ na escolha dos incentivos, tipos de emparelhamento
grama de tratamento. de respostas e idade dos sujeitos mostraram que o
A análise skinneriana dos fenômenos da modela­ desem penho de em parelham ento de respostas
IN

ção está inteiramente apoiada sobre o paradigma- sofre aumento substancial ao se recompensar tal
padrão dos três termos Sd -►R -* Sr, onde re­ com portam ento tanto com relação ao modelo
presenta o estímulo discriminativo modelado, R (Bandura, 1965a; Kanfer, 1965; Parke e Walters,
uma resposta manifesta de emparelhamento e S f o 1967) quanto com relação aos sujeitos (Kanareff e
estímulo reforçador. E difícil perceber como pode­ Lanzetta, 1960; Lanzetta e Kanareff, 1959; Metz,
ria ser esse esquema aplicado à aprendizagem por 1965; Schein, 1954; Wilson e Walters, 1966); en­
observação, em que um observador não desem­ quanto que o comportamento imitativo sofre redu­
penha manifestamente as respostas do modelo du­ ção pela punição direta ou vicária. Entretanto, os
rante a fase de aquisição, em que reforços não são resultados de um experimento relacionado com a
administrados quer ao modelo, quer ao observador, distinção entre aprendizagem e desempenho for­
e em que o primeiro aparecimento da resposta ad­ necem apoio à teoria de que a aquisição de respos­
quirida pode ser retardado por dias, semanas ou tas de emparelhamento resulta principalmente da
até mesmo meses. Neste último caso, que repre­ contiguidade de estímulos e processos simbólicos
senta uma das formas predominantes de aprendi­ associados, enquanto que o desempenho de respos-
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 75

Las aprendidas por observação depende em grande atrativos apresentados contingentemente à sua re­
pane da natureza das conseqüências reforçadoras produção das respostas do modelo, de modo a
para o modelo ou para o observador. promover o desempenho do que tinham adquirido
Nesse estudo {Bandura, 1965b), crianças obser­ por meio da observação. Conforme aparece na Fig.
varam um modelo Filmado que exibia uma seqüên­ 3-2, a introdução de incentivos positivos eliminou
cia de respostas novas verbais e físicas de natureza completamente as diferenças de desempenho pre­
agressiva. Numa condição do tratamento, o modelo viamente observadas, revelando uma quantidade
foi severamente punido após ter exibido o compor­ de aprendizagem equivalente entre as crianças nas
tamento agressivo; na segunda, o modelo foi gene­ condições de modelo recompensado, de modelo
rosamente recompensado com guloseimas e elo­ punido e de ausência de conseqüências. Do mesmo
gios; a terceira condição não apresentava nenhuma modo, a diferença inicialmente ampla entre crian­
conseqüência para a resposta do modelo. O teste de ças de sexos diferentes, a qual em estudos seme­
desempenho de imitação realizado após a exposição lhantes, tipicamente interpretada como refletindo

PS
revelou que as contingências de reforço aplicadas uma deficiência de identificação com o papel mas­
às respostas do modelo resultaram em diferentes culino por parte das meninas, foi virtualmente eli­
graus de com portam ento de em parelham ento. minada.
Comparadas com sujeitos da condição do modelo Os resultados do experimento precedente e de

U
punido, as crianças do grupo do modelo recom­ outros que discutiremos mais adiante sugerem que
pensado e as do grupo em que o modelo não so­ a análise comportamental, preconizada pelos pro­
freu conseqüência alguma desempenharam espon­ ponentes da abordagem skmneriana, poderia de­

O
taneam ente uma variedade significativam ente senvolver a compreensão dos processos de modela­
maior de respostas imitativas. Além disso, os meni­ ção se fosse dividida em análise da aprendizagem e

R
nos reproduziram quantidade maior do repertório análise do desempenho. A análise da aprendizagem
do modelo do que as meninas, aparecendo essa di­ se refere à maneira pela qual variáveis em operação
ferença de modo particularmente marcante no tra­ por ocasião da exposição aos estímulos modelado­
tamento do modelo punido (Fig. 3-2).
Em seguida ao teste de desempenho, as crianças
dos três grupos receberam incentivos altamente
G
res determinam o grau de aprendizagem do com­
portamento modelado. A análise do desempenho,
por outro lado, refere-se a fatores que dirigem a
KS
O
BO
EX
D
IN

Figura 3-2. Número médio de diferentes respostas imitadvas reproduzidas por crianças como função das conseqüências
da resposta para o modelo de incentivos positivos. Bandura, 1965b.
76 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

disposição das pessoas de desempenhar a resposta ordem superior, o observador ficará predisposto a
que aprenderam. reproduzir as respostas de emparelhamento devido
Embora exista ampla evidência de que conse­ à retroalimentação sensorial positiva que as acom­
qüências reforçadoras podem alterar significativa­ panha.
mente a probabilidade de ocorrência futura de res­ Existe evidência substancial (Bandura e Huston,
postas de emparelhamento, eventos conseqüentes 1961; Grusec, 1966; Henker, 1964; Mischel e Gru-
dificilmente poderão servir como condição prévia sec, 1966; Mussen e Parker, 1965) de que a mode­
para a aquisição de respostas que já tenham sido lação pode ser aumentada por meio da ampliação
desempenhadas. A importante questão de se saber das qualidades reforçadoras de um modelo ou
se o reforçamento constitui um pré-requisito para a fazendo-se o observador testemunhar situações em
aprendizagem observacional pode ser resolvida de que o modelo experiencia resultados recompensa­
modo mais definitivo pelo uso de organismos infra- dores. Esses mesmos estudos, entretanto, contêm
alguns achados contraditórios com relação à teoria

PS
huma nos, cuja história de reforçamento pode ser
controlada. Num estudo preliminar, Foss (1964) des­ da retroalimentação afetiva.. Mesmo se as qualida­
cobriu que pássaros são capazes de imitar padrões des reforçadoras de um modelo forem igualmente
sonoros não-usuais apresentados num gTavador associadas com os diferentes tipos de comporta­
mesmo na ausência de qualquer reforçamento pré­ mentos que desempenhar, os efeitos modeladores

U
vio de respostas de emparelhamento. Na aprendi­ tendem, contudo, a se mostrar específicos em vez
zagem humana, sob condições em que incentivos de gerais. Isto é, a alimentação do modelo aumenta

O
são repetidam ente apresentados a um modelo à a reprodução de algumas respostas, não tem efeito
medida que exibem uma série contínua de respos­ algum sobre outras e pode de fato diminuir a ado­
tas, a observação de resultados reforçadores ocor­ ção de algumas outras (Bandura, Grusec e Men-

R
rendo no início da série poderá levar a aumentar a love, 1967a). Estudo limitado realizado por Foss
vigilância do observador com respeito ao compor­ (1964), em que alguns pássaros mainás foram ensi­
tamento subseqüentemente modelado. A antecipa­
ção de reforçam ento positivo para respostas de
emparelhamento por parte do observador pode,
portanto, influenciar indiretam ente o curso da
G
nados a reproduzir assobios incomuns apresenta­
dos num gravador, também não foi capaz de con­
firmar a proposição de ser a modelação intensifi­
cada por condicionamento positivo. Os mainás imi­
KS
aprendizagem observacional por promover e foca­ taram sons diferentes de modo proporcional, quer
lizar respostas de observação. tivessem sido apresentados na ausência de qualquer
reforço quer quando os pássaros estavam sendo
TEORIA DA RETROALIMENTAÇÃO AFETIVA alimentados. Deve-se notar, entretanto, que nem o
O

A teoria da imitação por retroalimentação senso- estudo de Foss nem os experimentos citados ante­
rial de Mowrer (1960) salienta semelhantemente o riormente utilizaram o tipo de relação temporal
papel do reforço, mas contrariamente às aborda­ entre pistas de modelação e administração de re­
BO

gens precedentes que reduzem a imitação a um forços que seria considerada ótima para emprestar
caso especial de aprendizagem instrumental, Mow­ aos eventos modeladores uma valência afetiva.
rer enfatiza o condicionamento clássico de emoções Numa elaboração da teoria da imitação por re­
positivas e negativas acom panhando o reforça­ troalimentação afetiva, Aronfreed (1968) apresen­
mento de estímulos que se originam das respostas tou o ponto de vista de que estados afetivos agra­
de emparelhamento. Mowrer distingue duas for­ dáveis ou aversivos tornam-se condicionados aos
EX

mas de aprendizagem imitativa em termos de ser o padrões cognitivos do comportamento de um mo­


observador reforçado direta ou vicariamente. No delo. Supõe-se então que os desempenhos imitati-
primeiro caso, o modelo desempenha uma resposta vos sejam controlados por retroalimentação afetiva
e, ao mesmo tempo, recompensa o observador. de intenções e das pistas proprioceptivas geradas
D

Através de repetidas associações por contigüidade durante o desempenho de um ato manifesto. Essa
do comportamento do modelo com experiências conceituação da imitação é dificilmente verificável
IN

recompensadoras, adquirem essas respostas gra­ do ponto de vista empírico, uma vez que não espe­
dualmente um valor positivo para o observador. Na cifica de modo suficientemente detalhado as carac­
base da generalização do estímulo, o observador terísticas dos padrões, o processo pelo qual os
pode mais tarde produzir experiências de retroali­ padrões cognitivos são adquiridos, a maneira pela
mentação auto-reforçadoras simplesmente repro­ qual as valências positivas se tornam condidicona-
duzindo tão acuradamente quanto possível o com­ das aos padrões ou como as propriedades de des­
portamento do modelo positivamente valorizado. pertar emoções dos padrões são transferidas para
Na segunda forma de aprendizagem imitativa ou intenções e pistas proprioceptivas intrínsecas às
“empática", o modelo não somente exibe a res­ respostas manifestas. Existe, entretanto, alguma
posta, mas também experimenta as conseqüências evidência experimental que tem implicações impor­
reforçadoras. Supõe-se pois que o observador, por tantes para as pressuposições básicas das noções de
sua vez, experiende empaticamente os concomitan­ retroalimentação.
tes sensoriais do comportamento do modelo e tam­ As teorias da retroalimentação, particularmente
bém intua suas satisfações ou seu desconforto. as que se apóiam de modo parcial sobre as funções
Como resultado -desse condicionamento vicário de controladoras das pistas proprioceptivas, são seria­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 77

mente desafiadas pelos achados dos experimentos antecipados com base em conseqüências prévias
de condicionamento envolvendo a aplicação de cu­ que foram diretamente enfrentadas, vicariamente
rare, nos quais os animais são esqueleticamente experienciadas ou auto-administradas.
imobilizados durante o condicionamento aversivo Embora as concepções da modelação por retroa­
ou extinção. Esses estudos (Black, 1958; Black, limentação não exijam que uma resposta seja de­
Carlson e Solomon, 1962; Solomon e T u rn e r, sempenhada para que possa ser aprendida, não
1962) demonstram a ocorrência dos fenômenos da conseguem entretanto explicar a aquisição de com­
aprendizagem na ausência de respostas esqueléticas portamento imitativo quando não são dispensados
e sua retroalimentação proprioceptiva correlata. reforços nem ao modelo nem ao observador. Além
Resultados de estudos com eliminação do influxo disso, uma grande parte das respostas adquiridas
sensorial (Taub, Bacon e Berman, 1965; Taub, por observação não recebem uma valência afetiva.
Teodoru, Ellman, Bloom e Berman, 1966) também Fica tal fato exemplificado pelos estudos de apren­
mostraram que as respostas podem ser adquiridas, dizagem por observação de tarefas perceptomoto-

PS
desempenhadas de modo discriminativo e extin­ ras a partir de demonstrações filmadas (Sheffield e
guidas, mesmo que a retroalimentação sensorial Maccoby, 1961), que não contêm os estímulos posi­
somática seja cirurgicamente abolida. Parece evi­ tivos ou aversivos essenciais ao condicionamento
dente, a partir desses achados, que a aquisição, in­ clássico de respostas emocionais. Já havia Mowrer

U
tegração, facilitação e inibição de respostas podem salientado, é claro, que as experiências sensoriais
ser levadas a cabo por meio de mecanismos cen­ não só condicionam classicamente emoções positi­

O
trais, independentemente da retroalimentação sen­ vas ou negativas, mas produzem também sensações
sorial periférica. ou imagens condicionadas. Na maior parte dos
É também evidente que a rápida seleção de res­ casos de aprendizagem observacional, imagens ou

R
postas dentre um conjunto variado de alternativas outras formas de representação simbólica dos estí­
não pode ser dirigida por retroalimentação pro­ mulos modeladores podem constituir os únicos
prioceptiva, uma vez que relativamente poucas res­
postas poderiam ser ativadas, mesmo de modo in­
cipiente, durante os períodos caracteristicamente
breves que antecedem a decisão (Miller, 1964). Re­
G
mediadores importantes. As teorias da imitação por
retroalimentação sensorial podem, portanto, ser
principalmente relevantes para os casos em que as
respostas modeladas são acqmpanhadàs de conse­
KS
conhecendo esse problema, Mowrer (1960) levan­ qüências reforçadoras relativamente potentes, ca­
tou a hipótese de que o exame e seleção de respos­ pazes de dotar os estímulos correlacionados com a
tas iniciais poderiam ocorrer principalmente a nível resposta de propriedades motivadoras. O condicio­
simbólico em vez de a nível de ação. namento afetivo deverá, portanto, ser considerado
O

como condição facilitadora em vez de necessária


O funcionam ento hum ano seria inflexível e para a modelação.
não-adaptativo se o responder fosse controlado
pela afetividade inerente ao próprio com porta­
TEORIAS DA MEDIAÇÃO POR CONTIGÜIDADE
BO

mento. Uma vez que são as respostas sociais alta­


mente discriminativas, é extremamente duvidoso Quando uma pessoa observa o comportamento
que os padrões comportamentais sejam regulados de um modelo,mas não desempenha nenhuma res­
por qualidades afetivas implantadas no comporta­ posta manifesta, pode ela adquirir as respostas mo­
mento. Tomando a agressão como exemplo, as res­ deladas enquanto estão ocorrendo somente sob
EX

postas de atacar fisicamente pais, companheiros e form a de rep resen tação cognitiva. Q ualquer
objetos inanimados diferem muito pouco, se é que aprendizagem que se realize sob essas condições
diferem; entretanto, respostas de agressão física ocorre puramente em base observacional ou enco­
contra os pais são em geral fortemente inibidas, berta. Esse modo de aquisição de respostas foi de­
enquanto que a agressão física contra companhei­ signado apropriadam ente de aprendizagem sem
D

ros é livremente exprimida (Bandura, 1960; Ban- ensaio (Bandura, 1965a), porque o observador não
dura e Walters, 1959). Além disso, em determina­ se envolve em nenhum ensaio de resposta manifesta,
IN

dos contextos bem definidos, particularmente em embora possa necessitar de múltiplos ensaios obser­
esportes competitivos de contato físico como o vacionais para reproduzir acuradamente os estímu­
boxe, as pessoas iniciam e mantêm com facilidade los modelados. Diversas análises teóricas da apren­
comportamento físico agressivo e continuado. É dizagem por observação (Bandura, 1962, 1965a;
possível, portanto, predizer mais precisamente a Sheffield, 1961) atribuem um papel importante a
expressão ou inibição de respostas agressivas idên­ mediadores da área da representação, que se su­
ticas a partir do conhecimento do contexto de estí­ põem sejam adquiridos com base num processo de
mulos (por exemplo, igreja, sala de esportes), do aprendizagem por contigüidade. De acordo com a
objeto (por exemplo, pais, padre, policial ou com­ formulação dos autores, a aprendizagem observa­
panheiro) e de outras pistas que apontam para con­ cional envolve dois sistemas de representação — o
seqüências previsíveis do que a partir da avaliação da imaginação e o verbal. Após terem sido os estímu­
do valor afetivo do comportamento agressivo. Foi los modeladores codificados em imagens ou pala­
amplamente demonstrado (Bandura, 1968) que a vras para representação na memória, funcionam
seleção e desempenho de respostas de emparelha- eles como mediadores para a subseqüente recupe­
me n to são principalmente dirigidos por resultados ração e reprodução da resposta.
78 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

Supõe-se que a formação de imagens ocorra aprendizagem observacional revelou que as crian­
através de um processo de condicionamento sen­ ças que rotularam verbalmente os padrões modela­
sorial. Isto é, durante o período de exposição, os dos reproduziram um número significativamente
estímulos modeladores eliciam nos observadores maior de respostas de emparelhamento do que as
respostas perceptivas que se tornam associadas em que simplesmente assistiram ao filme; estas últimas,
seqüência e centralmente integradas com base na entretanto, por sua vez mostraram um nível mais
contigüidade temporal da estimulação. Se seqüên­ alto de aprendizagem em com paração com as
cias perceptivas são repetidamente eliciadas, um es­ crianças envolvidas na simbolização competitiva.
tímulo constituinte adquire a capacidade de evocar O trabalho de Gerst (1969) fornece evidência ul­
imagens (isto é, percepções centralmente ativadas) terior em apoio à influência das operações de codi­
dos eventos estimuladores associados, mesmo se ficação simbólica na aquisição e retenção de respos­
não estiverem mais fisicamente presentes (Conant, tas modeladas. Sujeitos observaram um modelo

PS
1964; Ellson, 1941; Leuba, 1940). Assim, por filmado desempenhar respostas motoras comple­
exemplo, se uma campainha for tocada em associa­ xas, variando com respeito à facilidade com que
ção com o retrato de um carro, o som da cam­ podiam ser verbalmente codificadas. Foram eles
painha por si só tenderá a eliciar a imagem do instruídos a codificar os itens sob a forma de ima­
carro. Sob condições em que os eventos estimula­ gens vívidas, de descrições verbais concretas dos

U
dores forem altam ente correlacionados, como elementos da resposta e de rótulos sintéticos con­
quando um nome é consistentemente associado venientes que incorporassem os ingredientes essen­

O
com uma dada pessoa, é virtualmente impossível ciais das respostas. Em comparação com o desem­
ouvir o nome sem visualizar a imagem das caracte­ penho do grupo de controle, cujos sujeitos não ti­
rísticas físicas da pessoa. Os achados dos estudos veram a oportunidade de produzir mediadores

R
acima citados indicam que, ao longo da observação, simbólicos, todas as três operações de codificação
fenômenos perceptivos transitórios produzem ima­ intensificaram a aprendizagem observacional (Fig.
gens relativamente duráveis e recuperáveis das se­
qüências modeladas do comportamento. O restabe­
lecimento posterior das imagens mediadoras serve
como orientação para a reprodução do comporta­
G
3-3). A rotulação concisa e a codificação por ima­
gens foram igualmente efetivas em promover re­
produção im ediata das respostas modeladas, e
ambos os sistemas mostraram-se superiores nessa
KS
mento imitativo. condição à forma verbal concreta. Entretanto, um
O segundo sistema de representação, que prova­ teste subseqüente de retenção dos comportamen­
velmente explicaria a notável velocidade da apren­ tos imitativos demonstrou que a rotulação concisa
dizagem por observação e a retenção prolongada constituía o melhor sistema de codificação para re­
O

dos conteúdos modelados por parte dos seres hu­ presentação na memória. Os sujeitos dessa condi­
manos, envolve a codificação verbal de eventos ob­ ção conservaram uma quantidade significativa do
servados. A maior parte dos processos cognitivos que aprenderam, enquanto que os outros, que se
BO

que regulam o comportamento é principalmente apoiaram sobre as imagens e as verbalizações con­


verbal ao invés de visual. Para dar um exemplo cretas, mostraram uma perda substancial das res­
simples, a rota percorrida por um modelo pode ser postas de emparelhamento.
aprendida, retida e mais tarde reproduzida mais Os resultados de um programa de pesquisa, utili­
precisamente pela codificação verbal da informação zando o procedimento de aquisição sem emissão de
EX

visual numa seqüência de voltas direita-esquerda resposta (Bandura, 1965a), indicaram que a orga­
(por exemplo, DDEDD) do que por dependência nização de elementos comportamentais em novos
das imagens mentais do itinerário percorrido. A padrões semelhantes as respostas modeladas pode
aprendizagem observacional e a retenção são facili­ ocorrer a nível central sem apresentação de res­
tadas por tais códigos, uma vez que estes podem posta manifesta. A presente teoria presume, entre­
D

conservar uma grande quantidade de informações tanto, que a contigüidade de estímulos é condição
numa forma facilmente armazenável. Após terem necessária, mas não suficiente, para a aprendiza­
IN

sido as seqüências modeladas de respostas trans­ gem por observação. Os fenômenos da modelação
formadas em símbolos verbais facilmente utilizá­ de fato envolvem diversos subprocessos inter-rela­
veis, os desempenhos posteriores do com porta­ cionados de modo complexo, cada um deles com
mento imitativo poderão ser efetivamente contro­ seu próprio. conjunto de variáveis controladoras.
lados por auto-instruções verbais encobertas. Logo, uma teoria compreensiva da aprendizagem
O papel influente da representação simbólica na por observação deve abranger os diversos subsiste­
aprendizagem verbal é revelado num estudo (Ban­ mas que dirigem os fenômenos mais amplos. As
dura, Grusec e Menlove, 1966) em que crianças principais funções componentes que influenciam
foram expostas a diversas seqüências complexas de de modo marcante a natureza e o grau da aprendi­
comportamento modelado num filme, durante o zagem por observação serão discutidas a seguir.
qual assistiam com atenção ou verbalizavam as res­
postas novas à medida que eram apresentadas pelo PROCESSOS DE ATENÇÃO
modelo ou contavam rapidamente enquanto assis­ Uma vez. que a estimulação contígua repetida tão-
tiam ao filme para* impedir a codificação verbal das somente não resulta sempre em aquisição da res­
pistas de modelação. Um teste subseqüente de posta, é evidente que condições adicionais são ne-
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 79

cessárias para a ocorrência da aprendizagem por


observação. ExpoT simplesmente as pessoas a se­
qüências características de estímulos modeladores
não garante por si só que atentarão elas acurada­
mente para as pistas, que selecionarão necessaria­
mente os evehtos mais relevantes no conjunto total
de estímulos ou que serão capazes de perceber con­
venientemente as pistas para as quais foi sua aten­
ção dirigida. Um observador não logrará adquirir
comportamento imitativo, ao nível de registro sen-
sorial, se não atentar para os aspectos característi­
cos das respostas do modelo ou se não os reconhe­
cer ou distinguir. Para produzir aprendizagem,

PS
portanto, a contigüidade do estímulo deve ser
acompanhada de observação discriminativa.
Um certo número de variáveis controladoras da
atenção, algumas relacionadas com as condições de

U
incentivo, outras com as características do observa­
dor e outras ainda com as propriedades das pistas

O
modeladoras como tais, exercem influência na de­
terminação de quais estímulos modeladores serão
pbservados e quais serão ignorados. A seletividade

R
dos estímulos modeladores pode ser em parte fun­
ção de suas propriedades físicas inerentes baseadas
em intensidade, tamanho, nitidez e novidade. Im­
portância m uito m aior tem en tre tan to para a
aprendizagem social a diferenciação aprendida dos
atributos do modelo (Miller e Dollard, 1941). Por
G
KS
serem repetidam ente recompensadas por imitar
certos tipos de modelos e não serem recompensa­
das por imitar o comportamento de modelos pos­
suidores de características diferentes, as pessoas
O

aprendem finalmente a discriminar entre pistas Figura 3-3. Percentagem de respostas modeladas repro­
modeladoras que significam diferentes probabili­ duzidas pelos sujeitos do grupo de controle e pelos que
dades de reforçamento. Assim, modelos que te­ codificaram o comportamento modelado sob a forma de
BO

nham dem onstrado alta com petência (Gelfand, imagens, descrições verbais concretas ou rótulos concisos
1962; Mausner, 1954a, b; Mausner e Bloch, 1957; para representação na memória. Gerst, 1969.
Rosenbaum e Tucker, 1962), que se apresentem
como peritos (Mausner, 1953) ou celebridades
(Hovland, Janis e Kelley, 1953) e que possuam sím­ jeito, que afetam as relações e preferências sociais,
bolos conferidores de status (Lefkowitz, Blake e também determinarão em grande escala os tipos de
EX

Mouton, 1955), têm maior probabilidade de obter modelos a quem será um sujeito repetidamente ex­
mais atenção e de servir de fontes mais influentes posto e, conseqüentemente, os modos de compor­
de comportamento social do que modelos a quem tamento que serão mais perfeitamente aprendidos.
faltem tais qualidades. Outras características como Uma teoria da aprendizagem vicária adequada
D

idade (Bandura e Kupers, 1964; Hicks, 1965; Ja- deve também explicar por que, sob condições es­
kubczak e Walters, 1959), sexo (Bandura, Ross e sencialmente idênticas de estimulação modeladora,
Ross, 1963a; Maccoby e Wilson, 1957; Ofstad, algumas pessoas apresentam níveis mais altos de
IN

1967; Rosenblith, 1959, 1961), poder social (Ban­ aquisição de respostas do que outras. Existe evidên­
dura, Ross e Ross, 1963b; Mischel e Grusec, 1966) e cia razoável de que características dos observadores,
status étnico (Epstein, 1966), que estejam correla­ que derivam de suàs experiências prévias de
cionadas com diferentes probabilidades de refor­ aprendizagem social, podem ser associadas com di­
çamento, influenciam do mesmo modo o grau em ferentes padrões de observação. A forma com que
que os modelos que possuem tais atributos serão se­ são reproduzidos padrões modelados é significati­
lecionados para imitação. vamente influenciada por características dos obser­
A valência afetiva dos modelos, mediada por suas vadores, tais como dependência (jakubczak e Wal­
qualidades atrativas ou outras características re­ ters, 1959; Kagan e Mussen, 1956; Ross, 1966),
compensadoras (Bandura e Huston, 1961; Grusec e auto-estima (de Charms e Rosenbaum, 1960; Gel­
Mischel, 1966), pode aumentar a aprendizagem ob­ fand, 1962; Lesser e Abelson, 1959), nível de com­
servacional eliciando e mantendo forte comporta­ petência (Kanareff e Lanzetta, 1960), e status racial
mento de atenção. No nível social, as afiliações or­ e sócio-econômico (Beyer e May, 1968); e inúmeros
ganizacionais e as circunstâncias de vida de um su- estudos demonstraram que os efeitos dos estímulos
80 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS

modeladores são parcialmente determinados pelo condições, apresentações repetidas dos estímulos
sexo dos observadores. Pessoas que foram freqüen­ modeladores serão necessárias para a produção de
tem ente recom pensadas por exibir com porta­ respostas imitativas completas e precisas.
mento imitativo (Miller e Dollard, 1941; Schein, Finalmente, a proporção e o nível da aprendiza­
1954) tendem também a se mostrar mais atentas a gem por observação serão afetados pela discrimi-
pistas modeladoras. Finalmente, variáveis motiva- nabilidade dos estímulos modeladores. Característi­
cionais e estados emocionais transitórios alteram de cas modeladas altamente discerníveis podem ser
modo significativo os limiares perceptivos e, por­ mais prontam ente aprendidas do que atributos
tanto, facilitam, impedem ou .canalizam de outros sutis que devem ser abstraídos de respostas hetero­
modos as respostas de observação (Bandura e Rx> gêneas diferindo em numerosas dimensões do es­
senthal, 1966; Easterbrook, 1959; Kausler e Trapp, tímulo. Em sistemas de respostas altamente intrica­
1960). dos, tais como o com portam ento verbal, p o r
exemplo, as crianças experimentam considerável

PS
É difícil avaliar, a partir de medidas do desem­
penho unicamente, se os efeitos das características dificuldade em adquirir estruturas lingüísticas por­
do observador refletem diferenças no grau de que as características identificadoras de diferentes
aprendizagem por observação ou na disposição de construções gramaticais não podem ser pronta­
desempenhar o que foi aprendido. Os resultados mente distinguidas dentro de expressões orais ex­

U
de diversos estudos utilizando uma análise de trem am ente diversas e complexas. E ntretanto,
aprendizagem da modelação (Bandura, Grusec e quando pistas modeladoras verbais são combinadas

O
Menlove, 1966; Grusec e Brinker, 1969; Maccoby e com procedimentos planejados para aumentar a
Wilson, 1957) revelaram que as características do discrim inabilidade sintática (B andura e Harris,
observador podem servir como determinantes da 1966; Lovaas, 1966a; Odom, Liebert e Hill, 1968),

R
aprendizagem por observação. padrões de com portamento lingüístico relativa­
O comportamento de observação pode ser efeti­ mente complicados podem ser adquiridos e modifi­
vamente intensificado e focalizado sobre determi­
nados pontos por meio da organização de condi­
ções de incentivo apropriadas. Se informarmos às
G
cados por meio da observação.
Nas aplicações terapêuticas de procedimentos de
modelação, a aprendizagem observacional é fre­
qüentemente retardada por falhas na discriminação
pessoas envolvidas na observação que serão solici­
KS
tadas mais tarde a reproduzir as respostas de um que têm origem em deficiências de habilidades
dado modelo e recompensadas em termos do nú­ cognitivas, limitações no comportamento sensorio-
mero de elementos desempenhados corretamente, motor ou aprendizagem anterior inconvéniente.
é de se esperar que prestem muito mais atenção aos Em tais casos, um programa de treinamento de dis­
O

estímulos modeladores relevantes do que as pessoas criminação poderá acelerar consideravelmente os


expostas aos mesmos eventos modelados sem pre­ processos de modelação. Winitz e Preisler (1965)
disposição alguma para observá-los e aprendê-los. mostraram, por exemplo, que crianças, as quais
BO

A influência facilitadora do incentivo sobre a aprenderam a discriminar entre sons corretos e in­
aprendizagem observacional m ostrar-se-á alta­ corretos anteriormente articulados, foram capa?es
mente operativa no caso da exposição a modelos de apresentar subseqüentemente melhor aprendi­
múltiplos que exijam atenção seletiva a pistas con­ zagem imitativa de palavras do que crianças que
flitantes. De fato, o controle por incentivo do com­ não haviam recebido um pré-treinamento em dis­
criminações relevantes.
EX

portamento de observação pode, em inúmeros ca­


sos, sobrepor-se aos efeitos das variações nas carac­
terísticas do observador e atributos do modelo. É PROCESSOS DE RETENÇÃO
preciso notar, entretanto, que, na presente teoria, Até aqui, a discussão envolveu o registro senso-
as variáveis do reforçamento, até onde exercem in­ rial e a codificação simbólica dos estímulos modela­
D

fluência sobre o processo de aquisição, funcionam dores. Entretanto, existe uma outra função compo­
principalmente aumentando e mantendo a atenção nente básica a ser considerada na. aprendizagem
IN

a pistas modeladoras. observacional, função essa virtualmente ignorada


Além das variáveis que dirigem a atenção, as nas teorias da imitação; trata-se da retenção dos
condições de entrada do estímulo (isto é, freqüên­ eventos modelados. A fim de reproduzir compor­
cia, número, distribuição e complexidade dos estí­ tamento social sem a presença contínua de pistas
mulos modeladores apresentados aos observadores) modeladoras externas, uma pessoa deve ser capaz
também regulam até certo ponto a aquisição de de reter a entrada original de estímulos sob forma
respostas modeladas. A capacidade do observador simbólica. Constitui essa atividade problema parti­
de processar informações estabelece limites defini­ cularmente interessante nos casos em que pessoas
dos para o núm ero de pistas modeladoras que adquirem padrões sociais de comportamento por
podem ser adquiridas durante uma única exposi­ meio da observação e são capazes de retê-los por
ção. Assim sendo, se estímulos modeladores são longos períodos de tempo, mesmo se as tendências
apresentados numa freqüência ou nível de comple­ de resposta são raramente ou nunca ativadas sob a
xidade que excedam as capacidades receptivas do forma de comportamento manifesto até que seja al­
observador, a aprendizagem observacional será ne­ cançada a idade ou o estatuto social em que tal ati­
cessariamente limitada e fragm entária. Sob tais vidade é apropriada ou permissível.
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 81

Existe grande número de controvérsias teóricas trolador, uma pessoa imaginará diferentes cursos
com relação aos processos da memória, que não de ação para recebimento de ajuda ou evitação de
serão reexaminadas aqui porque não interessam censura e tentará antecipar, tão acuradam ente
aos objetivos deste livro. As questões principais quanto possível, as prováveis respostas do modelo a
dizem respeito aos problemas de se saber se os tra­ essas tentativas de aproximação. De outro lado, ha­
ços de memória são estabelecidos por incrementos verá pouco incentivo para se preparar ou para pra­
ou em termos de tudo-ou-nada; se existe um único ticar encobertamente o comportamento de modelos
mecanismo para a memória ou dois; e às especula­ que não possuam poder de recompensar ou punir.
ções sobre os processos bioquímicos e neurofisioló- O ensaio antecipatório implícito de respostas
gicos por meio dos quais os pós-efeitos neurais modeladas pode ser mantido até certo ponto por
transitórios da estimulação resultam em alterações reciprocidade de papel e ameaça por parte dos con­
estruturais relativamente permanentes no sistema troladores de recursos; contudo, é preciso notar

PS
nervoso central. Embora os mecanismos da memó­ que as pessoas também se mostrarão inclinadas a
ria não tenham sido até agora adquadamente expli­ praticar respostas modeladas que se mostrarem efe­
cados, pesquisas de laboratório identificaram um tivas na produção de resultados recompensadores.
certo número de condições que facilitam a reten­ Além disso, de acordo com a teoria da aprendiza­
ção, algumas das quais mostraram ser capazes de gem social, o comportamento de modelos podero­

U
aumentar os desempenhos de modelação. sos será observado, ensaiado e reproduzido, mesmo
Entre as inúmeras variáveis que governam os que os observadores não tenham nenhuma intera­

O
processos de retenção, as operações de ensaio efetiva­ ção direta com eles, visto que seu comportamento
mente estabilizam e fortalecem as respostas adqui­ terá muito provavelmente alto valor utilitário. É
ridas. O nível de aprendizagem observacional pode isso particularmente verdadeiro no caso de mode­

R
portanto ser consideravelmente desenvolvido atra­ los que possuam o poder de peritos em especia­
vés da prática ou ensaio manifesto de seqüências de lidades particulares. Seria desnecessário, por
respostas modeladas, especialmente se o ensaio for
encaixado após segmentos naturais de um padrão
m odelado mais am plo (Margolius e Sheffield,
G
exemplo, pàra um novato estabelecer uma relação
de papéis complementar com um mecânico de au­
tomóveis qualificado, a fim de dominar sua perícia
por meio da observação durante o treinamento de
KS
1961). Ainda de maior importância é a evidência de
que o ensaio encoberto, que pode ser prontamente aprendizagem. O comportamento de ensaio é sem
posto em prática quando a participação manifesta é dúvida dirigido por tipos diferentes de condições
ou impedida ou impraticável, pode de modo seme­ de incentivo, alguns dos quais podem ser comple­
lhante aumentar a retenção de respostas de imita­ tamente independentes do modelo cujo comporta­
O

ção adquiridas (Michael e Maccoby, 1961). Poucos mento está sendo imitado.
são os dados, entretanto, a respeito dos tipos de Supõe-se geralmente que os efeitos de facilitação
respostas que são mais suscetíveis ao fortalecimento do ensaio não resultem da mera repetição, mas sim
BO

através do ensaio encoberto. Inúmeros experimen­ de processos mais ativos. A interpolação do ensaio
tos envolvendo uma variedade de tarefas (Morri- em complicadas seqüências modeladas distribui a
sett, 1956; Perry, 1939; Twining, 1949; Vandell, aprendizagem; isso reduz a perda por interferência
Davis e Clugston, 1943) mostraram que o ensaio dentro da série de outros elementos apresentados
simbólico de atividades desenvolve significativa­ (Margolius e Sheffield, 1961). A reprodução de com­
EX

mente seu desempenho posterior. Tais práticas pa­ portamento emparelhado, quer em nível manifesto,
recem ser mais efetivas para tarefas que dependam quer em nível encoberto, também fornece ao ob­
fundamentalmente de funções simbólicas. servador a oportunidade de identificar os elemen­
O papel influente da prática encoberta de com­ tos da resposta que não foi capaz de aprender, e
assim dirigir sua atenção às pistas modeladoras ne­
D

portamentos modelados foi altamente enfatizado na


explicação de Maccoby (1959) do processo de iden­ gligenciadas por ocasião da exposição seguinte
tificação. De acordo com esse ponto de vista, as ati­ (McGuire, 1961). Finalmente, a reprodução perió­
IN

vidades de controle, alimentação e prestação de dica de segmentos modelados tem boa probabili­
cuidados requerem com portamentos recíprocos dade de elidar e manter maior atenção aos estímu­
explícitos por parte de pais e filhos. Conseqüente­ los modeladores do que a observação passiva de
mente, ao longo de freqüentes interações mutua­ longas e contínuas seqüências de comportamento
mente dependentes, ambos os participantes apren­ (Hovland, Lumsdaine e Sheffield, 1949; Maccoby,
dem, antecipam e ensaiam de modo encoberto as Michael e Levine, 1961).
respostas costumeiras uns dos outros. Além da fre­ As operações de codificação simbólica, a que nos refe­
qüência e da intimidade das interações sociais, o rimos anteriormente, são ainda mais eficientes do
grau de poder exercido pelo modelo sobre recursos que os processos de ensaio na facilitação da reten­
desejados é considerado como constituindo um de­ ção a longo prazo de eventos modelados. Durante a
terminante importante da freqüência do ensaio de exposição às seqüências de estímulos, os observado­
papel a nível simbólico. Nessa teoria, o ensaio de res se mostram inclinados a codificar, classificar e
papel vicário serve fundamentalmente como fun­ reorganizar elementos em esquemas familiares e de
ção defensiva; isto é, no esforço de dirigir seu com­ rememoração mais fácil (Bower, 1969; Mandler,
portamento por modelos que possuam poder con­ 1968; Paivio, 1969; Tulving, 1968). Esse meca­
82 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

nismo de codificação pode tomar diversas formas, disponibilidade das respostas componentes neces­
tais como representar os elementos do estímulo em sárias. Padrões de comportamento de complexi­
imagens vívidas, traduzir seqüências de ações em dade de ordem superior são produzidos pela com­
sistemas verbais abreviados e agrupar padrões de binação de componentes previamente aprendidos
comportamento constituintes em unidades integra­ que podem, por si sós, representar compostos rela­
das maiores. Os benefícios resultantes do ensaio tivamente complicados. Padrões de respostas mode­
podem de fato ser amplamente atribuídos não aos ladas são mais prontamente atingidos quando re­
efeitos associativos fortalecedores da repetição, mas querem principalmente a síntese de componentes
sim aos processos de codificação e organização em previamente adquiridos em novos padrões exibidos
operação durante as representações repetidas. pelos modelos. Por outro lado, observadores que
Decréscimos na reterçção resultam freqüente­ não dispõem de alguns dos componentes necessá­
mente e de modo direto da interferência ou do de­ rios exibirão, com toda a probabilidade, somente

PS
saprender que têm origem ou em conteúdos ante­ reprodução parcial do comportamento de um mo­
riormente aprendidos ou em informações de ob­ delo. Em tais casos, os elementos constituintes
servações subseqüentes. Esses processos de interfe­ devem ser primeiro estabelecidos através da mode­
rência são altamente influenciados pelo grau, distri­ lação e, em seguida, de modo graduado, conjuntos
de complexidade crescente poderão ser adquiridos

U
buição temporal e organização serial da entrada de estí­
mulos. Sob condições de exposição maciça, quando imitativamente. Assim, por exemplo, quando uma
os estímulos modeladores são apresentados em se­ criança autista muda não é capaz de imitar a pa­

O
qüências longas e ininterruptas, efeitos substanciais lavra bebê, o terapeuta modela os sons componentes
de interferência são produzidos, efeitos esses que e, após terem sido esses elementos estabelecidos
não só prejudicam a retenção mas que podem tam­ através da imitação, a criança reproduz pronta­

R
bém resultar no desenvolvimento de respostas de mente a palavra bebê (Lovaas, 1966b). Como será
modelação altamente errôneas. Num estudo (Ban- ilustrado mais tarde, procedimentos de modelação
dura, Grusec e Menlove, 1966), por exemplo,
crianças que haviam observado cinco seqüências de
comportamento modelado relativamente comple­
xas, durante uma única exposição, combinavam al­
G
graduada mostraram ser altamente efetivos na mo­
dificação de deficiências comportamentais maciças.
Em diversos casos, padrões de respostas modela­
KS
dos foram adquiridos e conservados sob forma de
gumas vezes, de modo errôneo, elementos de seg­ reprçsentações, embora não pudessem ser repro­
mentos diferentes em reproduções comportamen- duzidos sob forma comportamental devido a limi­
tais subseqüentes. O volume de esquecimento e de tações físicas. Poucos entusiastas do jogo de bas­
intrusão entre padrões variará com o grau de seme­ quete poderiam reproduzir com sucesso os notá­
O

lhança dos elementos comportamentais nas várias veis desempenhos de um altíssimo jogador profis­
seqüências modeladas. De outro lado, as pistas mo- sional a despeito de sua atenção e cuidadoso ensaio.
deladoras apresentadas em unidades menores e em
BO

Reprodução comportamental acurada de pistas


intervalos espaçados são muito menos suscetíveis a modeladoras é também dificilmente obtida sob
perdas através da interferência associativa. condições em que o desempenho do modelo é diri­
gido por ajustamentos sutis de respostas internas,
PROCESSOS DE REPRODUÇÃO MOTORA que não são nem observáveis, nem comunicáveis.
O terceiro principal componente dos fenômenos Um indivíduo que deseje tornar-se cantor de ópe­
EX

da modelação envolve a utilização de representa­ ras poderá auferir consideráveis benefícios da ob­
ções simbólicas de padrões modelados sob a forma servação da perfeita voz do instrutor; entretanto, a
de conteúdos verbais ou de imagens para a direção reprodução vocal satisfatória será prejudicada pelo
dos desempenhos manifestos. Supõe-se que o res­ fato de não serem as respostas dos músculos da la­
tabelecimento de esquemas representativos fornece ringe e respiratórios do modelo nem prontamente
D

uma base para a auto-instrução com respeito à ma­ observáveis nem facilmente descritas de modo ver­
neira pela qual as respostas componentes devem bal. O problema da reprodução comportamental
IN

ser combinadas e postas em seqüência para produ­ torna-se ainda mais complexo no caso de habilida­
zir novos padrões de comportamento. O proces­ des motoras altamente complicadas, tais como o
so de direção representativa é essencialm ente golfe, em que uma pessoa não pode observar boa
o mesmo que a aprendizagem de respostas sob parte das respostas que está apresentando e deve,
condições em que uma pessoa segue, por meio de portanto, basear-se principalmente nas pistas de re­
comportamentos, um padrão externamente apre­ troalimentação proprioceptiva. Por essas razões,
sentado, ou é dirigida através de uma série de ins­ desempenhos que abranjam um número conside­
truções para apresentar novas seqüências de res­ rável de fatores motores requerem em geral, além
postas. A única diferença é que, nesses últimos ca­ da direção de um modelo proficiente, alguma prá-
sos, o desempenho é dirigido por pistas externas, tica manifesta.
enquanto que na modelação retardada a reprodu­
ção compor ta mental é monitorizada pela reprodu­ PROCESSOS MOTTVACIONAIS E DE INCENTIVO
ção simbólica dos estímulos ausentes. Uma pessoa pode adquirir e reter eventos mode­
O grau e nível da aprendizagem por observação lados e possuir as capacidades para a execução ha­
serão parcialmente dirigidos, a nível motor, pela bilidosa de com portam ento m odelado, mas a
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 83

aprendizagem poderá vir a ser raramente ativada a dominar complexas tarefas ocupacionais ou so­
sob a forma de desempenho manifesto, se sanções ciais. Se roedores, pombos ou primatas que labu­
negativas ou condições desfavoráveis de incentivo tam em situações planejadas de laboratório viessem
estiverem p resen tes. Sob tais circunstâncias, a ser eletrocutados, esquartejados ou contundidos
quando incentivos positivos são introduzidos, a pelos erros que inevitavelmente ocorrem durante
aprendizagem observacional é prontamente tradu­ as primeiras fases da aprendizagem, pouquíssimos
zida em ação (Bandura, 1965b), As variáveis de in­ desses aventurosos sujeitos conseguiriam sobreviver
centivo não somente regulam a expressão mani­ ao processo de modelagem.
festa do com portamento imitativo, mas também Mesmo deixando de lado a questão da sobrevi­
afetam a aprendizagem por observação ao exerce­ vência, é bem pouco provável que inúmeras classes
rem controle seletivo sobre as pistas modeladoras às de respostas viessem a ser adquiridas se o treina­
quais a pessoa se mostrará muito provavelmente mento social procedesse unicamente por meio do

PS
mais atenta. Além disso, facilitam a retenção sele­ método das aproximações sucessivas com reforça­
tiva pela ativação da codificação deliberada e ensaio mento diferencial das respostas emitidas. A técnica
das respostas modeladas que têm alto valor utilitá­ da modelagem reforçada exige que o sujeito de­
rio. sempenhe algum tipo de aproximação da resposta

U
Fica pois evidente, a partir da discussão acima, terminal antes que possa aprendê-la. Nos casos em
que os observadores não funcionam como passivos que um padrão comportamental representar uma
gravadores video-tape, que registram e estocam in­ combinação de elementos altamente incomuns, se­

O
discriminadamente todas as pistas modeladoras en­ lecionados a partir de um número quase infinito de
contradas na vida diária. Do ponto de vista da alternativas, a probabilidade de ocorrência da res­
aprendizagem social, a aprendizagem por observa­ posta desejada, ou até mesmo de uma que lhe seja

R
ção constitui um fenômeno complexo envolvendo remotamente semelhante, é nula. Conseqüente­
múltiplos processos, no qual a ausência de respostas mente, não pode o procedimento de modelagem
G
apropriadas de emparelhamento em seguida à ex­ ajudar muito na evocação das necessárias respos­
posição a estímulos modeladores pode ser o resul­ tas constituintes a partir do comportamento espon­
tado de faihas no registro sensória], de transforma­ taneamente emitido. É extrem am ente duvidoso,
ção inadequada de eventos modelados em modos por exemplo, que um experimentador possa ensi­
KS
simbólicos de representação, de decréscimo na re­ nar um pássaro mainá a emitir a frase “aproxima­
tenção, de deficiências motoras ou de condições ções sucessivas” por reforçam ento seletivo dos
desfavoráveis de reforçamento. guinchos e grasnidos aleatoriamente apresentados
pela ave. Por outro lado, donas-de-casa são capazes
O

Estabelecimento de Novos Padrões de de estabelecer um extenso repertório verbal em


Respostas Através da Modelação seus amigos emplumados por meio da modelação
BO

A pesquisa e as interpretações teóricas dos proces­ verbal das frases desejadas, quer pessoalmente,quer
sos de aprendizagem focalizaram-se quase que ex­ por meio de gravações. Semelhantemente, se as
clusivamente sobre um único modo de aquisição de crianças não fossem expostas a modelos verbais,
respostas, o qual é exemplificado pelo paradigma muito provavelmente seria impossível ensinar-lhes
do condicionamento instrum ental ou operante. os tipos de respostas que constituem a linguagem.
Nesse procedimento, um organismo é instigado, de Nos casos em que estão envolvidos padrões de
EX

um modo ou de outro, a desempenhar respostas e comportamento complicados, a modelação toma-se


as aproximações progressivas ao comportamento um aspecto indispensável da aprendizagem.
final desejado são seletivam ente refo rçad as. O reforçamento diferencial pode ser exclusiva­
Supõe-se geralmente que o com portamento hu­ mente utilizado para evocar novos padrões de
D

mano complexo se desenvolva de modo semelhante comportamento sob condições em que as respostas
em condições naturais, seguindo pois esse tipo de são compostas de elementos prontamente disponí­
modelagem gradual. veis, em que existem estímulos capazes de ativar
IN

Felizmente, em razão da sobrevivência e eficiên­ ações que se assemelham aos padrões desejados, em
cia, a maior parte da aprendizagem social não se oue respostas erradas não produzem conseqüências
desenvolve da maneira antes descrita. Nas pesqui­ indesejáveis e em que o agente da aprendizagem
sas de laboratório sobre processos de aprendiza­ possui persistência suficiente. Mesmo nesses casos,
gem, os pesquisadores geralmente organizam am­ o processo de aquisição de respostas pode ser con­
bientes comparativamente benignos, nos quais os sideravelmente abreviado e acelerado pelo forne­
erros não produzem conseqüências fatais para o cimento de modelos sociais apropriados. Tal fato é
organismo. Em contraste, os ambientes naturais particularmente verdadeiro se um padrão de com­
estão carregados de conseqüências potencialmente portamento abranger alguns jelementos que são ra­
letais, que desapiedadamente ocorrem para qual­ ramente desempenhados. Por exemplo, Luchins e
quer sujeito que cometa qualquer erro. Por essa ra­ Luchins (1966) descobriram que estudantes univer­
zão, seria extremamente insensato contar princi­ sitários cometeram mais de um milhar de erros e
palmente com os métodos de ensaio e erro ou de jamais chegaram a adquirir inteirapiente uma se­
aproximações sucessivas para ensinar crianças a qüência complicada de comportamentos, quando a
nadar, adolescéntes a dirigir automóveis ou adultos única orientação para a resposta que recebiam es­
84 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS

tava constituída da retroalimentação diferencial de A observação informal evidencia que as expe­


elementos corretamente desempenhados. Em con­ riências de aprendizagem vicária e os procedimen­
trapartida, sujeitos que observaram modelos refor­ tos de orientação da resposta, envolvendo tanto
çados aprenderam o comportamento envolvido ra­ modelos vivos quanto simbólicos, são extensamente
pidamente, e não sofreram a exasperação e a frus­ utilizados na aprendizagem social para encurtar
tração evidenciadas pelo grupo de ensaio-e-erro. ao máximo o processo de aquisição. De fato, seria
Problema semelhante surge se a presença de difícil imaginar uma cultura em que linguagem,
comportamentos dominantes preestabelecidos im­ costumes, padrões vocacionais e de lazer, costumes
pede a emissão das desejadas respostas subordina­ familiares e práticas educacionais, sociais e políticas
das que ocorrem raram en te e, p o rtan to , não fossem modeladas em cada novo membro através
podem ser influenciadas pelo reforço (Bandura e de um processo gradual de reforçamento diferen­
Harris, 1966; Bandura e McDonald, 1963). Esse úl­ cial sem a orientação da resposta por meio de mo­

PS
timo ponto está ilustrado num experimento plane­ delos que exemplificam os repertórios culturais
jado para testar se o julgamento moral reflete uma acumulados em seu próprio comportamento. Na
seqüência fixa de desenvolvimento, conforme suge­ aprendizagem social em condições naturais, as res­
rido pela teoria de Piaget (1948), ou se é modificá­ postas são tipicamente adquiridas através de mode­
lação em largos segmentos ou in toto, e não por

U
vel por variáveis de aprendizagem social. Numa das
condições do estudo (Bandura e McDonald, 1963), meio de uni processo de ensaio-e-erro fragmentá­
crianças que exibiam uma orientação moral pre­ rio.

O
dominantemente subjetiva ou observavam modelos Um bom volume de aprendizagem social é fo­
adultos que expressavam julgamentos morais obje­ mentado através da exposição a pistas modeladoras

R
tivos ou não eram expostas aos modelos, mas eram comportamentais sob forma real ou pictória. Entre­
positivamente reforçadas sempre que expressavam tanto, após ter sido atingido o desenvolvimento
julgamentos morais objetivos que iam de encontro adequado da linguagem, a maioria das pessoas
às suas tendências de avaliação predominantes. A
apresentação de modelos mostrou ser altamente
efetiva na alteração das respostas de julgamento
G baseía-se de modo considerável sobre pistas modela­
doras verbais para dirigir seus comportamentos. As­
sim, por exemplo, um indivíduo pode usualmente
KS
das crianças (Fig. 3-4). Por outro lado, o procedi­ montar um equipam ento mecânico complicado,
mento exclusivo de reforçamento provocou pouca adquirir habilidades sociais e vocacionais rudimen­
mudança na orientação de julgamento das crianças tares e aprender modos apropriados de se compor­
devido à ausência relativa do comportamento dese­ tar em quase todas as situações simplesmente por
jado. meio da imitação das respostas descritas nos ma­
O

nuais de instrução. Se as respostas relevantes esti­


verem claramente especificadas e suficientemente
detalhadas, modelos verbalmente simbolizados
BO

podem ter efeitos semelhantes aos induzidos pela


apresentação de comportamentos análogos (Ban­
dura e Mischel, 1965). O uso de formas verbais de
modelação torna possível transmitir uma variedade
quase infinita de valores e de padrões de respostas;
EX

apresentá-las de maneira comportamental seria al­


tam ente difícil e exigiria um enorme gasto de
tempo.
A discussão acima tem grande relevância para a
questão do controle instrucional do com porta­
D

mento. Ao se investigar o processo de controle ver­


bal, é essencial distinguir entre as funções instiga­
IN

doras e modeladoras das instruções. É muito mais


provável que as instruções tenham como resultado
desempenhos corretos quando forem capazes tanto
de ativar uma pessoa para responder quanto para
descrever as respostas apropriadas e a ordem em
que devem ser desempenhadas. Pouco será obtido,
por exemplo, se se instruir uma pessoa que não
teve nenhum contato anterior com carros a dirigir
um automóvel. Em estudos em que se comparou a
Figura S-4. Percentagem média de respostas de julga­ eficiência relativa das instruções e modelação verbal
mento moral objetivo produzidas por crianças subjetivas (Masters e Branch, 1969), ambos os tipos de in­
qae foram reforçadas por julgamentos objetivos ou fluências produzem seus efeitos através da modela­
expostas a modelos reforçados que exemplificaram uma ção verbal, diferindo somente na explicitação com
orientação avaliativa objetiva. Traçado a partir de dados que as respostas requeridas são definidas. Como
de Bandura e McDonald, 1967. seria de esperar, os maiores ganhos no desem­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 85

penho são obtidos quando o comportamento dese­ habilidosos demonstradores. Os observadores mi-
jado é claramente especificado ao invés de ser infe­ ves apresentaram soluções imitàtivas instantanea­
rido de alguns poucos exemplos. mente em 76% dos testes! Adler e Adler (1968)
Os componentes básicos no desenvolvimento de descobriram que cachorrinhos novos resolvem pro­
unidades de comportamento integradas e comple­ blemas por meio da aprendizagem observacional
xas estão usualm ente presentes nos repertórios logo após terem seus olhos se tornado funcionais.
comportamentais dos sujeitos, quer como produtos Resultados de diversos experimentos (Darby e Rio-
da maturação, quer como produtos de aprendiza­ pelle, 1959; Herbert e Harsh, 1944) mostram que
gem por observação e condicionamento instrumen­ os incrementos no desempenho, resultantes da ob­
tal anteriores. Por exemplo, as pessoas podem pro­ servação, não são atribuíveis ao fato de poder ter a
duzir uma variedade de sons elementares como demonstração do modelo simplesmente chamado a
parte de sua dotação natural. Por combinação dos atenção para estímulos não-sociais relevantes na si­

PS
sons existentes, um indivíduo pode criar uma res­ tuação.
posta verbal nova e altamente complexa, como, por Estudos com animais, com poucas exceções, en­
exemplo, supercalifragiUsticexpiaUdocious. De modo volveram respostas relativam ente simples que
semelhante, as pessoas são dotadas da capacidade foram reproduzidas ou simultaneamente ou ime­
de mover seus dedos, mas arranjos complexos de

U
diatamente após a demonstração. Embora não dis­
seqüências de movimentos são necessários para que ponhamos de dados comparativos relevantes, é al­
um indivíduo possa ser capaz de tocar um con­ tamente provável que, ao contrário dos seres hu­

O
certo para piano. Embora a maior parte dos ele­ manos que são capazes de adquirir por observação
mentos em atividades que são tipicamente modela­ e reter unidades de comportamento amplas e in­
das em estudos de aprendizagem por observação tegradas, espécies inferiores demonstrem uma ca­

R
esteja sem dúvida presente, a combinação particu­ pacidade limitada para reprodução retardada de
lar dos componentes em cada resposta pode ser estím ulos m odeladores devido a deficiências
única.
Existem inúmeros experimentos sobre aprendi­
zagem observacional em espécies infra-humanas,
G
sensoriomotoras. Imitação retardada requer tam­
bém alguma capacidade de simbolização, uma vez
que os estímulos modeladores ausentes devem ser
KS
desde os primeiros estudos de Thorndike (1898) e retidos em códigos de meinória simbólicos. Como
Watson (1908). Essas investigações iniciais, realiza­ era de se esperar, a evidência mais poderosa da
das numa época em que estavam em voga interpre­ aprendizagem de respostas por observação em
tações da imitação em termos de instinto, afastaram animais provém de estudos naturalísticos de imita­
sumariamente a existência da aprendizagem obser­ ção imediata e retardada de respostas humanas por
O

vacional na base de resultados desapontadçres, a primatas criados em famílias humanas (Hayes e


partir de um certo número de animais testados com Hayes, 1952; Kellogg e Kellogg, 1933). Estudos de
campo do comportamento social de primatas (Ima-
BO

incentivos fracos e sob condições que não permi­


tiam observação adequada do desempenho do de­ nishi, 1957; Kawamura, 1963) fornecem do mesmo
monstrador. Estudos subseqüentes, realizados sob modo ilustrações dramáticas da maneira em que
condições experimentais favoráveis, mostraram de padrões idiossincrásicos de comportamento são ad­
modo geral que os primatas podem aprender a re­ quiridos e transmitidos a outros membros da sub-
solver problemas manipulativos (Hayes e Hayes, cultura através da modelação. O processo de pro­
EX

1952) e animais de ordem inferior podem adquirir pagação é grandemente influenciado pelas redes de
discriminações (Bayroff e Lard, 1944; Church, associação preexistentes e pelo estatuto social do
1957; Miller e Dollard, 1941; Solomon e Coles, inovador.
1954), respostas de pressionamento de alavancas Os dados disponíveis, cobrindo diversas espécies,
(Corson, 1967) e comportamento de fuga (Anger- sugerem portanto que o grau e o nível da aprendi­
D

meier, Schaul e James, 1959), e podem dominar ta­ zagem observacional serão determinados pela posi­
refas relativamente complicadas (Herbert e Harsh, ção dos sujeitos quanto às capacidades seiisoriais re­
IN

1944) mais rapidamente por meio da observação do queridas para uma acurada receptividade dos estí­
que os modelos originais foram capazes de fazê-lo mulos modeladores, às capacidades motoras necessá­
por ensaio-e-erro ou técnicas de modelagem de rias para uma precisa reprodução comportamental
respostas. Por exemplo, Warden e seus associados e à capacidade para mediação por representação e ensaio
(Warden, Fjeld e Koch, 1940; Warden e Jackson, encoberto, a qual constitui fator crucial para a aquisi­
1935) utilizaram um volume considerável de tempo ção bem-sucedida e a retenção a longo prazo de se­
treinando macacos rhesus, por meio de métodos de qüências de comportamento complexas e extensas.
ensaio-e-erro, a tentarem dominar quatro tarefas No caso de seres humanos, uma ampla variedade
de solução de problemas em que os animais abriam de padrões de resposta diferindo consideravel­
portas para obter passas puxando correntes, gi­ mente em conteúdo, novidade e complexidade
rando maçanetas ou manipulando trincos num de­ foram transmitidos através de procedimentos de
terminado modo prescrito. Após o treinamento, os modelação em condições de laboratório. Entre as
modelos primatas manipularam os quebra-cabeças, diversas classes de comportamento que foram de­
enquanto macacos naives, a quem se apresentara senvolvidas, temos padrões de respostas estilísticos
um conjunto igual de problemas, observavam os (Bandura, Grusec e Menlove, 1966; Bandura, Ross
86 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

e Ross, 1963b), modos distintos de comportamento sobre efeitos modeladores generalizados são reali­
agressivo (Bandura, Ross e Ross, 1963a; Hicks, zados por experimentadores diferentes, em situa­
1965; Kuhn, Madsen e Becker, 1967), padrões ções diferentes, com os modelos ausentes e com di­
dramáticos de desem penho (Marshall e Hahn, ferentes itens estimuladores. Os resultados revela­
1967), reações de frustração (Chittenden, 1942) e ram que os observadores respondem a novas situa­
estilos de ensino (Feshbach, 1967; McDonald e Al- ções de estímulos de uma maneira consistente com
len, 1967). Num nível ainda mais alto de complexi­ as disposições dos modelos, mesmo quando os su­
dade, foi possível demonstrar que, através da expo­ jeitos não testemunharam nunca o comportamento
sição a modelos, as pessoas podem adquirir padrões dos modelos em resposta aos mesmos estímulos.
para respostas de auto*reforçamento e auto-avalia- Na forma de modelação de ordem superior
ção (Bandura e Kupers, 1964; Bandura e Whalen, acima descrita, os estímulos modeladores transmi­
1966; Bandura, Grusec e Menlove, 1967b), com­ tem informações aos observadores sobre as caracte­

PS
portamento conceituai (Flanders e Thistlethwaite, rísticas das respostas apropriadas. Os observadores
1969; Reed, 1966), orientações de julgam ento devem abstrair atributos comuns exemplificados
moral (Bandura e McDonald, 1963), padrões auto- em diversas respostas modeladas e formular um
impostos de atraso de gratificação (Bandura e Mis- princípio para a geração de padrões de comporta­
chel, 1965), estruturas lingüísticas (Lovaas, 1966a) e mentos semelhantes. As respostas desempenhadas

U
variações fonéticas características no comporta­ por sujeitos corporificando a regra derivada da ob­
mento verbal (Alyokrinskii, 1963; Hanlon, 1964). servação muito provavelmente se assemelharão ao

O
comportamento que o modelo se mostraria incli­
GENERALIDADE DAS INFLUÊNCIAS DA nado a exibir em circunstâncias sem elhantes,
MODELAÇÃO mesmo quando os sujeitos envolvidos não tenham

R
Constitui suposição geral, com base na evidência nunca testemunhado o comportamento do modelo
de produzirem as pessoas freqüentemente respos­ nessas situações específicas. A abstração de regras a
tas novas nunca vistas ou desempenhadas antes,
que os princípios da aprendizagem não podem ex­
plicar o comportamento inovativo. As teorias que
Gpartir de pistas modeladoras é realizada por meio
da aprendizagem de discriminação vicária (Ban­
dura e Harris, 1966), na qual as respostas do mo­
delo contendo os atributos relevantes são reforça­
KS
utilizam os princípios da modelação foram critica­
das de modo semelhante, na suposição errônea de das enquanto que as que não apresentam tais as­
que a exposição ao comportamento de outros não pectos críticos são consistentemente não-recom-
poderia senão produzir a imitação de respostas pensadas.
modeladas específicas. Embora as variáveis da modelação desempenhem
O

Na maior parte das pesquisas experimentais dos um papel importante no desenvolvimento da maior
processos de modelação, um único modelo exibe parte dos comportamentos sociais, sua posição com
relação à aprendizagem da linguagem é única.
BO

um conjunto limitado de respostas e os observado­


res são subseqüentemente testados quanto à dupli­ Uma vez que os indivíduos não podem adquirir pa­
cação precisa da resposta sob condições de estímulo lavras e estruturas sintáticas sem exposição a mode­
semelhantes. Esses paradigmas experimentais res­ los verbalizadores, é óbvio que alguma quantidade
tritos não podem fornecer resultados que se esten­ de modelação é indispensável à aquisição da lin­
dam para além das respostas particulares demons­ guagem. Entretanto, devido ao caráter altamente
EX

tradas. Por outro lado, estudos utilizando procedi­ generativo do comportamento lingüístico, supõe-se
mentos mais complexos indicaram que comporta­ comumente que a imitação não pode desempenhar
mento inovativo, orientações comportamentais ge­ um papel muito grande no desenvolvimento e pro­
neralizadas e princípios para a geração de combi­ dução da linguagem. O principal argumento, ba­
nações novas de respostas podem ser transmitidos a seado numa concepção imita ti va da modelação, de­
D

observadores por meio da exposição a pistas mode- clara que crianças podem construir uma variedade
ladoras. Sob condições em que são fornecidás opor­ quase infinita de sentenças que nunca escutaram.
IN

tunidades para a observação do comportamento de Conseqüentemente, ao invés de imitar e memorizar


modelos heterogêneos (Bandura, Ross e Ross, expressões específicas que tenham ouvido, as crian­
1963b), os observadores tipicamente apresentam ças aprendem conjuntos de regras em cujas bases
padrões de comportamento representando diversas podem elas gerar um número ilimitado de senten­
combinações entre elementos de diferentes mode­ ças gramaticais.
los. Ilustrações da eficiência dos procedimentos de E óbvio que as regras sobre relações gramaticais
modelação para o desenvolvimento de tendências entre palavras não podem ser aprendidas a não ser
conceituais e comportamentais generalizadas são que sejam exemplificadas no comportamento ver­
fornecidas por estudos planejados para modificar bal de modelos. Uma questão importante refere-se,
orientações de ju lg am en to m oral (B andura e portanto, às condições que facilitam a abstração de
McDonald, 1963) e padrões de comportamento de regras das pistas modeladoras verbais. O princípio
atraso de gratificação (Bandura e Mischel, 1965). subjacente às diversas respostas do modelo pode
Nesses estudos, os modelos e os observadores res­ ser mais facilmente discernido se suas característi­
pondem a conjuntos de estímulos inteiramente di­ cas específicas forem repetidas em respostas envol­
ferentes na situação de influência social. Testes vendo uma variedade de estímulos diferentes. Se,
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 87

por exemplo, uma pessoa colocar uma série de ob­ envolvendo análises em seqüência de verbalizações
jetos sobre mesas, sobre cadeiras, sobre caixas e de crianças e as respostas dos pais apresentadas
sobre outros objetos e simultaneamente verbalizar imediatamente em seguida. Esses estudos revelam
as relações preposicionais comuns entre esses obje­ que a fala de crianças pequenas é quando muito
tos, uma criança acabará Finalmente por discernir o semigramatical; em aproximadamente 30% dos ca­
princípio gramatical. Poderá ela então facilmente sos, os adultos repetem a verbalização das crianças
gerar uma nova sentença gramatical se um hipopó­ sob forma gramaticalmente mais complexa, acen­
tamo de brinquedo for colocado sobre um xilofone tuando os elementos que podem ter sido omitidos
e lhe pedirem para descrever o evento estimulador ou empregados de modo inconveniente (Brown e
apresentado. Bellugi, 1964); e as crianças freqüentemente re­
Ao contrário das respostas sociais que são em produzem as reconstruções gramaticalmente mais
geral prontamente adquiridas, a aprendizagem da com plicadas m odeladas pelos adultos (Slobin,
linguagem é consideravelmente mais difícil; as sen­ 1968).

PS
tenças representam padrões de estímulos comple­ As descobertas prometedoras baseadas em estu­
xos, em que os aspectos identificadores das estrutu­ dos de laboratório dos processos de modelação in­
ras sintáticas não podem ser facilmente discrimina­ dicam que o programa eficiente de modificação
dos. O papel influente tanto da modelação quanto Comportamental é aquele em que os agentes da

U
dos processos de discriminação no desenvolvimento mudança modelam o comportamento que desejam
da linguagem é demonstrado pelos achados de um seja adquirido pelos clientes. Durante os últimos
experimento (Bandura e Harris, 1966) planejado anos, um certo número de procedimentos de mo­

O
para alterar o estilo sintático de crianças pequenas delação foram projetados e sistematicamente apli­
que não tinham nenhum conhecimento gramatical cados para efetuar mudanças psicoterapêuticas.

R
formal dos aspectos lingüísticos que foram manipu­ Essas abordagens de tratamento serão examinadas
lados. As construções gramaticais escolhidas para mais adiante.
serem modificadas foram a frasé preposicional, que
tem uma alta freqüência básica de ocorrência, e a
voz passiva, que é gramaticalmente mais complexa
e raramente exibida por crianças pequenas,
G
ELIMINAÇÃO DE CONDIÇÕES DE DEFICIÊNCIA
ATRAVÉS DA MODELAÇÃO
Uma boa parte das perturbações generalizadas
KS
Desta form a, o reforçam ento social, mesmo do comportamento, que são as mais dificilmente
quando combinado com situação estimuladora de tratáveis, caracterizam-se por deficiências conside­
atenção para identificação das-características das ráveis não só no comportamento, mas também nas
sentenças “corretas”, não se mostrou efetivo para funções psicológicas básicas essenciais à aprendiza­
aumentar o uso de passivas nas sentenças geradas
O

gem. Os casos mais severos, tais como crianças au­


pelas crianças em resposta a um conjunto de subs­ tistas e esquizofrênicos adultos, manifestam geral­
tantivos simples. A maior parte dos sujeitos não mente pouca ou nenhuma fala funcional; não pos­
BO

produziu uma só sentença passiva e, conseqüente­ suem eles as habilidades sociais que levam a rela­
mente, não ocorreram respostas que pudessem ser ções reciprocamente recompensadoras; e os estímu­
reforçadas. Nem foram as crianças capazes, dentro los interpessoais, que servem comumente como o
do tempo de exposição relativamente breve, de dis­ meio principal de influência social, têm freqüente­
cernir a categoria sintática crítica simplesmente por mente impacto relativamente pequeno sobre eles.
observar um modelo construir uma série de sen­ Uma vez que o com portam ento hum ano é em
EX

tenças passivas. Ao contrário, crianças foram capa­ grande parte adquirido através da modelação e re­
zes de gerar um número significativamente maior gulado por pistas verbais e reforçadores simbólicos,
de passivas quando as pistas modeladoras verbais deficiências profundas em funções dessa natureza
foram combinadas com procedimentos destinados a criam os principais obstáculos ao tratamento. Essas
D

aumentar a discriminabilidade sintática. A condição questões são melhor exemplificadas pelo trata­
de tratamento mais poderosa foi aquela em que a mento de autistas.
predisposição à atenção foi induzida, construções A eliminação do comportamento autista é ainda
IN

passivas modeladas foram intercaladas com algu­ mais complicada pelo fato de ficarem tais crianças
mas sentenças na voz ativa, de modo a promover a caracteristicamente absorvidas em atividades moto­
diferenciação de propriedades gramaticais relevan­ ras repetitivas e outras formas de comportamento
tes, e tanto o modelo quanto as crianças foram re­ auto-estimulador. Conseqüentemente, perm ane­
compensados por construções passivas. No caso de cem elas a maior parte do tempo completamente
uma construção sintádca tão comum como as frases fechadas às influências ambientais relevantes. O
preposicionais, o reforçamento aliado com situação auto-isolamento marcante aparece também geral­
estimuladora de atenção mostrou-se efetivo em al­ mente aliado a forte resistência às exigências situa-
terar o uso de preposições pelas crianças, mas as cionais, como fica evidenciado pela sua ausência de
pistas modeladoras não se constituíram num fator disposição de desempenhar respostas apropriadas
contribuinte significativo. que são obviamente capazes de apresentar (Covan,
Evidência ulterior do papel influente desempe­ Hoddinoth e Wright, 1965). Quando exigências
nhado pelos processos modeladores na aquisição da comportamentais dentro de suas capacidades são
linguagem é fornecida por estudos naturalísticos firmemente estabelecidas, as crianças se mostram
88 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

inclinadas a evitar responder fugindo do terapeuta externos resulta dos efeitos da interferência da alta
ou recorrendo a birras ou a atividades motoras bi­ ativação central, de ativação insuficiente, da intensa
zarras (Lovaas, 1966a; Colby, 1967). Quando tais preocupação das crianças com sua própria estimu­
comportamentos aversivos perdem seu valor fun­ lação autoproduzida ou de qualquer outro fator.
cional de evitar exigências sociais através do não-re- Qualquer que seja a razão envolvida, é evidente
forçam ento consistente, crianças autistas tipica­ que pouco progresso poderá ser alcançado, em
mente respondem com comportamento apropriado termos de se efetuar mudanças comportamentais, a
(Risley e Wolf, 1967). Entretanto, o contracontròíe não ser que se adquira controle adequado sobre o
aversivo e a falta de respostas positivas acabam fi­ comportamento de atenção das crianças. O método
nalmente por extinguir os esforços organizados de de Lovaas para desenvolver as funções da lingua­
terapeutas menos persistentes. Resultados de tra­ gem em crianças profundam ente autistas, que
tamento desapontadores são, portanto, freqüente­ apresentam alheamento marcante e comportamen­
mente atribuídos a disfunções neurofisiológicas. tos auto-estimuladores bizarros durante a maior

PS
Embora as variáveis fisiológicas desempenhem parte do tempó, leva ao controle da atenção através
provavelmente um papel contribuinte no autismo é de diversos meios. Primeiro, o terapeuta estabelece
preciso notar que mesmo organismos biologica­ estreito contato físico sentando-se diretam ente
mente deficientes são capazes de aprender desde diante da criança, de modo que não possa ela igno­
rar as respostas que estão sendo modeladas. Se­

U
qúe sejam estabelecidas condições apropriadas- É
entretanto evidente, a partir das características des­ gundo, durante a sessão, não se permite à criança
favoráveis do comportamento autista, que inter­ evitar a tarefa terapêutica por meio do alheamento

O
venções extraordinárias devem ser utilizadas, parti­ ou recorrendo a atividades bizarras. Se necessário,
cularmente nas fases iniciais, se é que se deseja efe­ o terapeuta impede fisicamente a criança de se des­
viar, estabelece contato visual pedindo-lhe que olhe

R
tuar mudanças fundamentais no funcionamento
psicológico das crianças autistas. para ele, recusa atenção positiva, dirige-se firme­
Um dos enfoques comportamentais mais estimu­ mente à criança ou até mesmo lhe dá um pequeno
lantes no tratamento do autismo, no qual figuram
de modo proeminente procedimentos de modela­
ção, foi desenvolvido por Lovaas e seus colegas
Gtapa na coxa para interromper comportamento bi­
zarro estereotipado. Firmes intervenções desse tipo,
se utilizadas convenientemente, podem servir a
funções terapêuticas, quando a falha em não res­
KS
(Lovaas, 1967). O programa terapêutico está ba­
seado na concepção de que a reabilitação total de ponder apropriadamente às exigências da situação
crianças autistas e esquizofrênicas pode ser melhor refletem não-disposição ao invés de inabilidade. Tal
alcançada por meio do estabelecimento de funções fato está dramaticamente ilustrado nas seqüências
de estímulo que tornem o sujeito mais sensível a de um filme representando o programa de apren­
O

influências sociais. Esse processo envolve princi­ dizagem da linguagem (Lovaas, 1966b). Um tera­
palmente o desenvolvimento nas crianças da capa­ peuta pergunta repetidamente a uma menina qual
é a cor de um lápis amarelo; e ela responde sacu­
BO

cidade de responder a pistas modeladoras, o au­


mento do valor discriminativo de eventos estimula­ dindo os braços de maneira cada vez mais bizarra e
dores, de modo que as crianças venham a atentar e careteando de modo peculiar. Finalmente, a me­
responder de modo apropriado a aspectos de seu nina leva uma palmada na coxa e é solicitada a
ambiente que tinham até então ignorado, e o esta­ dizer o nome da cor; o comportamento bizarro
belecimento de propriedades reforçadoras para a cessa abruptamente e éla responde calmamente,
EX

aprovação social e outros estímulos simbólicos. ‘amarelo”. Reforço alimentar, expressões de afeto
Após ter sido estabelecida uma poderosa atitude de e aprovação social são apresentados contingente­
modelação e as crianças se tenham tornado ade­ mente à imitação, como meios adicionais de aumen­
quadamente sensíveis às influências ambientais, a tar e manter a atenção da criança às pistas modela­
tarefa principal de ampliar a competência social e doras.
D

intelectual das crianças pode ser efetivamente le­ Se o repertório comportamental das crianças está
vada a cabo por pais, professores e outros agentes. empobrecido, suas reproduções comportamentais
IN

Uma vez que' a com unicação interpessoal e a podem ser deficientes, ainda que prestem grande
aprendizagem social são am plamente mediadas atenção às pistas modeladoras; isso significa que os
através da linguagem,o desenvolvimento de habili­ componentes necessários das respostas modeladas
dades lingüísticas é também selecionado como um estão ausentes. Em tais casos, padrões complexos
objetivo central do tratamento. de comportamento devem ser reduzidos a peque­
Como foi anteriormente observado, os resultados nas subunidades de comportamento, cada uma das
da modelação dependem de uma percepção acu­ quais é estabelecida através da modelação. Seqüên­
rada do ambiente. Crianças autistas geralmente cias de aprendizagem projetadas de modo inconve­
apresentam recepção deficiente dos estímulos ex­ niente, as quais resultam em experiências éstressan-
ternos, deficiência essa que tem sido atribuída por tes de fracasso, prejudicam o controle da atenção
alguns pesquisadores a um dano neurofisiológico por reduzir a motivação da criança para observar as
(Hutt, H utr e Ounsted, 1965; Rimland, 1962). respostas modeladas e por ativar comportamentos
Ainda não se pode determinar, a partir dos dados de fuga disruptivos. A fim de evitar esse problema,
disponíveis, se o registro deficiente dos estímulos as respostas modeladas são cuidadosamente gra­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 89

duadas em termos de complexidade, de modo a as­ ris (1968) em programas terapêuticos para crianças
segurar às crianças um alto grau de sucesso na re­ pequenas deficientes da fala.
produção com por lamentai. Como exemplificado pelo caso ilustrado na Fig.
Para ensinar fala comunicativa a crianças autistas, 3-5, podem ser necessários diversos dias para que
é utilizado um procedimento de modelação e refor- uma criança autista domine a primeira palavra, mas
çamento, no qual o terapeuta exibe formas pro­ a aprendizagem subseqüente de imitação de pala­
gressivamente mais complexas de comportamento vras procede em ritmo comparativamente rápido.
verbal e recompensa as reproduções que cada vez O fato de ser o estabelecimento de dois sons e uma
se aproximam mais das respostas modeladas. Ao resposta verbal acompanhado pela reprodução
ensinar um a criança muda a falar, por exemplo, o imediata de inúmeras palavras novas, compostas de
terapeuta recompensa primeiro qualquer compor­ elementos que não foram jamais diretamente trei­
tamento de atenção visual e qualquer som emitido nados, indica que as crianças autistas possuem,

PS
pela criança. Quando a vocalização tiver sido au­ maior competência lingüística e compreensão de
m entada, o terap eu ta pronuncia um som e a aspectos gramaticais do que se acredita comu-
criança só é recompensada se produzir uma res­ mente. Era de esperar que alguma aquisição de lin­
posta vocal dentro de um certo limite de tempo. guagem viesse a ocorrer através da aprendizagem
Após ter Picado a fala do terapeuta estabelecida por observação como função da exposição extensa

U
como um estímulo efetivo para as vocalizações da à fala gramatical. A ausência de comportamento
criança, é ela reforçada somente pelas reproduções verbal em crianças autistas pode, portanto, repre­

O
verbais precisas dos sons específicos, palavras e fra­ sentar em parte uma deficiência motivacional ao
ses modeladas pelo terapeuta. Por esse método, as invés de comportamental. Permanece entretanto a
crianças são ensinadas primeiramente a pronunciar questão de se saber se o aumento abrupto na pro­

R
sons elementares que tenham componentes visuais dutividade resulta da aquisição pelas crianças de
marcantes e possam ser sugeridos manualmente; e uma disposição para a mpdelàção, de terem elas
então, gradualmente, são acrescentadas expressões
mais complicadas e combinações de palavras. Mé­
todos essencialmente semelhantes, destinados a es­
tabelecer a imitação verbal, são descritos mui deta­
G
c o m p re e n d id o q u e as tá tic a s de o p o sição
tornaram-se não-funcionais ou de quaisquer òutros
fatores.
Lovaas também fornece alguma evidência de
KS
lhadamente por Risley e Wolf (1967) no tratamento que, durante a fase inicial do treinamento de imita­
de crianças autistas, e por Sloane, Johnston e Har- ção, incentivos extrínsecos podem ser essenciais à
O
BO
EX
D
IN

Figura 3-5. Freqüência da imitação verbal de uma criança autista previamente muda durante os primeiros 26 dias de
treinamento. As palavras e os sons foram impressos com letras minúsculas nos dias em que foram introduzidos e
treinados, e com letras maiúsculas nos dias em que foram aprendidos. Lovaas, Berberich, Perloff e Schaeffer, 1966.
90 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

PS
U
O
R
Figura 3-6. Percentagem de respostas modeladas reproduzidas corretamente e incorretamente por uma criança autista
G
durante períodos em que as recompensas foram apresentadas contingentemente à imitação perfeita da fala do adulto
(contingente à resposta) ou após a passagem de um certo período de tempo (contingente ao tempo). Lovaas, 1967.
KS
observação e reprodução acuradas dos desempe­ apropriadas às palavras impressas na ausência de
nhos do terapeuta. As crianças exibiram um nível pistas vocais ou ilustradas.
alto de respostas imitatívas acuradas quando as re­ Após terem sido as crianças ensinadas a falar e a
compensas foram apresentadas contingentemente à
O

rotular corretamente objetos e atividades comuns, é


imitação perfeita da fala do adulto; ao contrário, iniciado o treinamento em funções lingüísticas abs­
quando as crianças foram recompensadas de modo tratas. Consiste esse programa essencialmente em
BO

igualmente generoso após ter decorrido um certo recompensar as respostas discriminativas das crian­
período de tempo sem consideração da qualidade ças a eventos modelados verbalmente ou de modo
de suas verbalizações, seu comportamento imitativo comportamental. Sempre que a criança não conse­
deteriorou progressivamente até apresentar pe­ gue responder ou responde incorretamente, é ela
quena semelhança com as respostas dos modelos auxiliada por pistas verbais ou manuais que são
(Fig. 3-6). Entretanto, em estágios posteriores do gradualmente esmaecidas em ensaios sucessivos. O
EX

tratamento, mudanças semelhantes na apresenta­ treinamento preposicional ilustra as discriminações


ção do reforço não afetaram de modo prejudicial básicas que são desenvolvidas. O emparelhamento
os resultados da modelação. comportamental de um estímulo verbal pode ser
Quando as crianças se mostram capazes de imitar mais facilmente apresentado por crianças autistas
D

palavras novas, passam a aprender um vocabulário do que a rotulação verbal de eventos não-verbais.
de rótulos de modo que possam entender o que Assim sendo, inicialmente o adulto apresenta uma
significam as palavras. Trata-se no caso de uma instrução verbal envolvendo uma preposição (por
IN

forma de aprendizagem associada por emparelha- exemplo, “Ponha a bola dentro da caixa”) e a
mento, em que o terapeuta apresenta um objeto criança é recompensada por realizar a resposta mo­
(por exemplo, um copo de leite) ou modela uma tora apropriada ao estímulo verbal. Se a criança
atividade (por exemplo, bate palmas) e simulta­ não consegue executar a resposta corretamente, o
neamente fornece o rótulo verbal correto. Nos en­ terapeuta desloca a mão da criança com a bola até a
saios sucessivos, a pista verbal do adulto é gradual­ caixa enquanto verbaliza a ação. Na segunda dis­
mente retirada até que finalmente a criança for­ criminação, objetos são distribuídos de um modo
nece sozinha a resposta verbal correta a eventos particular e solicita-se à criança que descreva ver­
não-verbais. Desse modo, uma ampla variedade de balmente as relações entre os objetos, usando as
associações objeto-palavra são aprendidas e discri­ preposições adequadas. No terceiro estágio, em que
minadas. A habilidade da leitura é estabelecida de se passa à conversação gramadcal, a criança res­
modo semelhante; entretanto, as associações letra- ponde verbalm ente a um estím ulo verbal (por
figura e letra-palavra são apresentadas às crianças exemplo, “Onde coloquei a bicicleta?”), sem a re­
até que aprendam a emitir as respostas verbais presentação concomitante com portam ental dos
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 91

eventos aos quais se faz referência. Como em ou­ ças; padrões de respostas complexos são gradual­
tras formas de aprendizagem de regras, as crianças mente elaborados por atividades de modelação em
são ensinadas a generalizar a regra lingüística por pequenas unidades de dificuldade crescente; pistas
meio da modelação de uma variedade de objetos manuais são utilizadas se as crianças não conse­
numa variedade de relações preposicionais. Essen­ guem responder. As pistas são gradualmente es­
cialmente os mesmos procedimentos foram empre­ maecidas e o reforçamento por comportamento in­
gados com sucesso para estabelecer formas de duzido é mais tarde retirado para eliminar o mero
comportamento lingüístico e conceituai de comple­ responder passivo. Após ter sido o comportamento
xidade crescente (Lovaas, Berberich, Kassorla, imitativo fortemente desenvolvido, o controle de
Klynn e Meisel, 1966; Lovaas, Dumont, Klynn e estímulo do com portamento das crianças é des­
Meisel, 1966). Nos casos de crianças ecolálicas, res­ viado das pistas modeladoras para pistas verbais e
postas de imitação inapropriadas são extintas atra­ estímulos ambientais apropriados. As crianças po­
vés da remoção do reforço; porém, sob os demais dem, por exemplo, envolver-se inicialmente em ativida­

PS
aspectos, o programa de treinamento é semelhante des de pintura somente quando são modeladas por
ao empregado nos casos de crianças mudas. Entre­ um adulto, mas o reforçamento do comportamento
tanto, uma vez que as crianças ecolálicas já desen­ de pintar em resposta a sugestões verbais e material
volveram a fala imitativa, já começam elas num artístico leva as crianças a aprender finalmente a

U
nível mais adiantado e avançam com ritmo mais rá­ desempenhar tais atividades sem requerer um mo­
pido. delo apropriado.

O
O treinamento formal da linguagem é conve­ Os resultados encoraj adores do projeto antes
niente para o estabelecimento de habilidades ver­ descrito sugerem que uma abordagem que abranja
bais, mas pode resultar em fala desprovida de es­ a modelação e o reforçamento mereceria consi­

R
pontaneidade e manifestamente dependente de deração no que diz respeito ao tratamento dos dis­
pistas externas específicas. Para remover esse pro­ túrbios esquizofrênicos. Uma vez que os resultados

G
blema, após terem sido estabelecidas as necessárias benéficos são alcançados com enfermeiras, pais e
habilidades para fala gramatical generativa, as crian­ estudantes universitários servindo como terapeutas,
ças são ensinadas a usar sua linguagem para ini­ essa abordagem de tratamento adquire significação
ciar e manter interações sociais, expressar seus de­ social adicional. Entretanto, a evidência de que as
KS
sejos e emoções e procurar e trocar informações crianças variam tremendamente no seu grau de
sobre seu ambiente. A fala espontânea autogerada aprendizagem, particularmente nos estágios iniciais
é inicialmente promovida de diversos modos. Pri­ do treinamento, indica a necessidade de estudos
meiro, removendo objetos e atividades desejadas comparativos para desenvolver procedimentos que
O

até que as crianças verbalizem seus desejos, são elas permitam ainda maior controle sobre os processos
ensinadas a influenciar e controlar seu ambiente de de mudança. Por exemplo, a discriminação dos es­
modo verbal; segundo, são elas encorajadas a de­ tímulos modeladores é um importantç pré-requi­
BO

senvolver comentários e histórias sobre atividades sito para sua aquisição. No caso da aprendizagem
apresentadas de modo pictórico em revistas e livros da linguagem, um breve programa de pré-treina-
e recompensadas por verbalizações novas e crescen­ mento em discriminação pode acelerar de modo
temente elaboradas; terceiro, são elas solicitadas a considerável os resultados da modelação e reduzir a
relatar, detalhadamente, experiências passadas; e variabilidade resultante das deficiências na percep­
finalmente os conceitos que aprenderam nas tare­ ção da fala.
EX

fas formais são estendidos para interações diárias Para crianças que não conhecem o significado
informais. De fato, à medida que o tratam ento das expressões modeladas, a reprodução das pala­
progride, os procedimentos de treinamento formal vras pode constituir um exercício enfadonho e can­
são incorporados em interações interpessoais mais sativo. Um programa preliminar destinado a pro­
D

naturais, onde aprovação verbal, expressão de duzir a compreensão das palavras tornará a situa­
afeto, atividades lúdicas e experiência de realização ção mais significativa e poderá talvez facilitar uma
substituem os reforços primários como eventos re­ aprendizagem produtiva de palavras. Uma seqüên­
IN

forçadores principais. cia sem elhante a esse tipo foi em pregada por
Habilidades de cuidados pessoais, padrões de ati- Humphrey (1966) ao desenvolver funções da lin­
vidade lúdica, com portam entos apropriados ao guagem em crianças autistas. A fim de assegurar a
papel sexual, habilidades intelectuais e modos de atenção necessária, as crianças são colocadas num
comportamento interpessoal podem ser estabeleci­ quarto semi-escuro e equipadas com fones de ou­
dos em crianças audstas mais rapidamente do que vido. Na fase inicial do programa, relativa à com­
padrões lingüísticos por meio da modelação das preensão da linguagem, as crianças observam figu­
atividades apropriadas e reforçamento da imitação ras de objetos projetadas sobre uma tela e ouvem os
das crianças (Lovaas, Freitag, Nelson e Whalen, rótulos verbais co rrespondentes sem te r que
1967). O programa de treinamento em comporta­ reproduzi-los. Após ter sido a associação palavra-
mento não verbal baseia-se sobre os memsos méto­ objeto repetida o número suficiente de vezes para
dos fundamentais empregados na aprendizagem da estabelecer o significado das expressões, as crianças
linguagem. O terapeuta estabelece primeiro con­ são reforçadas pela produção correta das verbaliza­
trole sobre o comportamento de atenção das crian­ ções modeladas. A generalização e a discriminação
92 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

não são deixadas ao acaso. Assim, as crianças vêem cessem as respostas alternativas. Nesses casos, o
primeiro um cão como o objeto focal de um slide, processo de mudança pode ser grandemente facili­
mas mais tarde é ele apresentado como parte de tado pelo uso de procedimentos de modelação des­
conjuntos de animais que aumentam gradativa- tinados a transmitir, eliciar e manter modos de res­
mente e que devem ser acuradamente discrimina­ posta que sejam incompatíveis com o comporta­
dos. Por meio da indusão de imagens ou demons­ mento divergente que o terapeuta esteja tentando
trações representando ações, atributos qualificado- eliminar. Foi essa de fato a estratégia empregada
res e inter-relações de objetos, o mesmo procedi­ por Chittenden (1942), ao modificar respostas hi-
mento pode ser estendido para desenvolver habili­ peragressivas e de dominação apresentadas por
dades lingüísticas de com plexidade crescente. crianças diante de situações frustradoras.
Humphrey também descobriu ser vantajoso incluir Tornou-se pressuposição geral, na base das teo­
amostras das próprias crianças ou de seus compa­ rias psicodinâtnicas e dos modelos'energéticos da
nheiros desempenhando determinadas atividades personalidade, que tanto a participação vicária em

PS
em seu ambiente natural; a imediação desses estí­ comportamentos agressivos quanto a sua expressão
mulos faz deles estímulos especialmente vívidos e direta serviriam para descarregar '‘energias e afetos
irresistíveis. Éssa abordagem é semelhante, sob reprimidos”, e portanto para reduzir, pelo menos
inúmeros aspectos, à aprendizagem da linguagem temporariamente, a incidência de comportamento
sob condiçoes naturais, quando crianças observam

U
agressivo. Orientados por essa teoria da catarse,
um volume considerável de comportamento verbal inúmeros pais, educadores, profissionais da área da
antes que sejam ensinadas a produzir palavras e reabilitação e psicoterapeutas infantis encorajam

O
sentenças gramaticais. Entretanto, as seqüências sutil ou encobertamente crianças hiperagressivas a
ótimas para o treinamento de palavras e significa­ expressar agressão de um modo ou de outro. A
dos ainda não foram descobertas.

R
evidência total de estudos de laboratório (Bandura,
Com a exceção de algumas poucas aplicações 1965a; Berkowitz, 1969) indica claramente que as
(Sherman, 1965; Wilson e Wakers, 1966), ainda psicoterapias envolvidas na utilização desses proce­
não houve uma utilização sistemática de procedi­
mentos de modelação no tratamento de psicóticos
adultos. Trata-se de fato surpreendente se se con­
siderar que a maioria de casos crônicos apresenta
G
dimentos convencionais de catarse ou ab-reação
podem estar involuntariamente mantendo o com­
portamento divergente em sua força original ou,
KS
ainda mais provavelmente, aumentando-o, em vez
deficiências com portamentais debilitadoras que de produzir as esperadas reduções nas tendências
devem ser corrigidas para que possam eles funcio­ agressivas. Ao contrário disso, a terapia baseada
nar de modo efetivo na vida comunitária. A negli­ nos princípios da aprendizagem social se concentra,
gência relativa dessa poderosa abordagem resulta desde o início, sobre o desenvolvimento e fortale­
O

provavelmente em grande parte do fato de estarem cimento de padrões de comportamento construti­


os terapeutas fortemente comprometidos exclusi­ vos alternativos. Procedendo nessa posição, Chit­
vamente com os métodos do condicionamento ope­
BO

tenden utilizou procedimentos de modelação sim­


rante ou com procedimentos de entrevista em que bólica para alterar as reações agressivas das crianças
uma boa quantidade de tempo é devotada à análise à frustração.
dos comportamentos ineficazes dos pacientes. Crianças excessivamente dominadoras e hipera­
gressivas observaram e discutiram uma série de
MODIFICAÇÃO DE PADRÕES DE RESPOSTAS onze cenas de 15 minutos, em cada uma das quais
PREPOTENTES ATRAVÉS DA MODELAÇÃO
EX

bonecas, representando crianças de idade pré-esco-


Até aqui a discussão concentrou-se sobre o uço lar, exibiam uma solução agressiva e uma solução
dos procedimentos de modelação para resolver o alternativa cooperativa para conflitos de ordem in­
problema de deficiências com portamentais. Em terpessoal em circunstâncias representativas de in­
terações da vida diária. Além da modelação desses
D

inúmeros casos, um agente de mudança tem que


en fren tar o problem a oposto — o de elim inar dois padrões de respostas competitivos, as conse­
padrões fortem ente estabelecidos de com porta­ qüências da agressão foram apresentadas como de­
IN

mento divergente ou desadaptativo. Pode-se tentar sagradáveis, e as da cooperação como reforçadoras.


alcançar esse objetivo por meio de um programa de Numa das situações modeladas, por exemplo, dois
reforçam ento diferencial, em que o com porta­ meninos iniciam uma briga pela posse de um car­
mento socialmente desejável é positivamente refor­ rinho; durante a luta o carro é quebrado e os dois
çado e padrões de respostas divergentes são ou não meninos ficam sem ele. Ao contrário, a alternativa
recompensados ou punidos. O reforçamento sele­ cooperativa mostra os meninos divertindo-se com o
tivo constitui freqüentemente um processo lento e brinquedo, após terem resolvido brincar com o
insuficiente, quando uma pessoa exibe uma forte carro de modo organizado, um de cada vez.
tendência dominante para responder e modos de Crianças submetidas à modelação por meio da
comportamento alternativos desejáveis estão estabe­ apresentação de reações diferentes e suas conse­
lecidos de modo muito fraco ou não existem em qüências mostraram redução na agressividade do­
seu repertório comportamental. Em tais circuns­ minante (conforme medição por meio de teste si-
tâncias, seria necessário esperar um tempo desne­ tuacional, em que dois meninos foram colocados
cessariamente longo ou indefinido até que apare­ num quarto com um só brinquedo) quando compa-
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 93

PS
U
O
R
Figura 3-7. Grau de comportamento cooperativo e dominador exibido por crianças altamente agressivas antes e depois
de serem submetidas a tratamento com modelação simbólica. Extraído de dados de Chittenden, 1942.

radas com um grupo de crianças de comporta­


G
que causam somente uma contrariedade branda até
KS
mento hiperagressivo semelhante, que não tinham os extrem am ente irritantes. A criança e outros
recebido tratamento. Ainda mais interessante foi a membros do grupo interpretam essas situações que
descoberta de que as crianças expostas à modelação se vão agravando crescentemente e praticam meios
discriminativa mostraram uma redução significativa não-violéntos e efetivos de resolvê-las.
O

em dominação e um aumento na cooperação, con­ O program a de tratam ento estabelecido por


forme avaliação da observação comportamental na Chittenden apóia-se principalmente em técnicas de
escola m aternal antes do tratam ento, im ediata­ modelação. Após terem sido os padrões de compor­
BO

mente após o tratamento e um mês mais tarde (Fig. tamento introduzidos por meio de alguma forma
3-7). Não é possível determinar, a partir desses da­ de modelação, sua manutenção será amplamente
dos, a contribuição relativa do reforçamento vicário controlada pelas prádcas de reforçamento existen­
e da modelação nos resultados obtidos. Os comen­ tes no ambiente natural. Por conseguinte, será ne­
tários e representações espontâneas das crianças cessário organizar conseqüências favoráveis para
durante os ensaios de teste, em que foram elas soli­ manter padrões de comportamento recém-adqui-
EX

citadas a fornecer suas próprias soluções aos confli­ ridos. Esse procedimento se aplica de modo parti­
tos sociais envolvendo os bonecos, indicaram que cular a um comportamento ordinariamente asso­
haviam aprendido as estratégias cooperativas. Al­ ciado com condições de reforçamento que não che­
gumas, entretanto, também apresentaram evidên­ gam a um nível ótimo, como no caso da coopera­
D

cia de terem ficado fortemente afetadas pelas con­ ção, que é mais difícil de estabelecer e manter. O
seqüências apresentadas: “Olhe, não vamos deixar uso combinado de procedimentos de modelação e
eles brigarem; não gosto de ver eles baterem um no
IN

reforçamento é provavelmente o modo mais eficaz


outro, isso dói .. .Diga a eles para perguntar a de transmitir, eliciar e manter padrões de resposta
Darrell (nome do sujeito) o que devem fazer. ‘Per­ social.
guntem pra mim, Sandy e Mandy (nomes dos bo­ Existe evidência adicional de que as abordagens
necos). Eu digo pra vocês brincarem um de cada vez; de modelação simbólica, nas quais os padrões de
assim não é preciso brigar1 (Chittenden, 1942, pp. respostas desejados são demonstrados concreta-
53-54)”. mente através de atividades lúdicas, podem ser es­
Num relatório prelim inar, Gittelm an (1965) pecialmente apropriadas para a modificação do
ilustra como os métodos de representação compor­ comportamento de crianças pequenas. Marshall e
tamental podem ser adaptados para a modificação Hahn (1967) mostraram que crianças em idade
de comportamento agressivo em crianças mais ve­ pré-escólar, que participaram de diversas sessões de
lhas. São elas primeiramente solicitadas a descrever jogos com bonecos com um adulto que represen­
situações que tipicamente as levam à agressão e be­ tava temas comumente usados nas brincadeiras das
ligerância. Uma hierarquia de itens irritantes é no crianças, subseqüentemente aumentaram sua re­
entanto construída, desenvolvendo-se a partir dos presentação dramática com companheiros em suas
94 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

tamental que reflete freqüentemente tanto defi­


ciências em habilidades sociais quanto medo de
contatos interpessoais estreitos. Metade dessas
crianças foi exposta a um filme de controle, en­
quanto um grupo emparelhadp observou um filme
sonoro mostrando uma variedade de interações so­
ciais num nível de atividade de animação crescente.
Cada seqüência filmada representava uma criança
que inicialmente observava a atividade de interação
a uma certa distância, mas que finalmente juntava-
se às crianças e interagia com elas, com conseqüên­
cias positivas evidentes. Numa avaliação compor-
tamental realizada imediatamente após a sessão de

PS
tratamento, as crianças pertencentes ao grupo de
controle permaneceram notavelmente retraídas,
enquanto que as crianças que haviam recebido a
modelação simbólica mostraram um aumento subs­

U
tancial na interação social até o nível da Unha de
base exibida por crianças não-retraídas (Fig. 3-8).
Com o fornecimento de prática adequada e de re-

O
forçam ento para as habilidades sociais recém-
Figura 3-8. Grau de interação social mostrada por crian­ estabelecidas, esse comportamento adquirirá sem

R
ças retrai das nas condições de modelação simbólica e con­ dúvida maior valor funcional e se manterá.
trole antes e depois das sessões experimentais. A linha
tracejada representa o grau de interação social exi­
OUTRAS APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS E
bida por um grupo de crianças não-retraídas, cujo com­
portamento foi observado na fase pré-teste do estudo.
O’Connor, 1969.
G INSTRUCIONAIS DA MODELAÇÃO
As aplicações dos procedimentos de modelação
não estâo de modo algum confinadas a crianças ou
KS
a condições extremamente divergentes. Os métodos
de representação comportamental são freqüente­
interações diárias. A ausência de qualquer mudança mente utilizados para uma ampla variedade de
significativa no com portamento lúdico dos gru­ propósitos, em que as pessoas que desejam desen­
O

pos de controle de crianças, que ou tinham rece­ volver novas competências são expostas a modelos
bido a mesma quantidade de cordialidade e atenção reais ou simbólicos do comportamento desejado.
do adulto durante o jogo com blocos e quebra- Oportunidades são fornecidas a essas pessoas para
BO

cabeças ou não tinham tido nenhum contato com o desempenhar esses padrões, inicialmente sob con­
adulto, indica que a modelação e o apoio do com­ dições não-ameaçadoras, antes que sejam encoraja­
portamento social lúdico havia sido o principal de­ das a aplicá-los em suas vidas diárias. Uma vez que,
terminante. na abordagem da modelação, uma pessoa observa e
Os estudos acima mostram como o mesmo mé­ pratica meios alternativos de e comportar em con­
todo, jogo com bonecos, pode ser utilizado de dições semelhantes às da vida real, a transferência
EX

modos radicalmente diferentes dependendo de ser da aprendizagem para situações naturais é gran­
o comportamento concebido em termos psicodinâ- demente facilitada.
micos ou em termos da aprendizagem social. No Algumas abordagens de tratamento, como a te­
primeiro caso, as crianças são tipicamente induzidas rap ia do papel estabelecido de Kelly (1955),
D

a representar no jogo com a boneca suas tendências apóiam-se quase exclusivamente sobre procedimen­
a responder de modo agressivo ou de qualquer tos de modelação. Na fase inicial, o terapeuta es­
outro modo igualmente negativo a pais, professo­ creve um esboço de personalidade apropriado à
IN

res, irmãos e companheiros, comportamento esse representação do cliente. É ele então solicitado a
que, se transferido para situações de vida real, virá desem penhar os com portam entos relativos ao
a exacerbar ainda mais seus problemas. Ao contrá­ papel de modo continuado, como se fosse ele real­
rio, no segundo caso, a abordagem em questão for­ mente a pessoa descrita no esboço. Por exemplo,
nece soluções mais satisfatórias para os conflitos in­ uma pessoa passiva e não-assertiva pode receber
terpessoais e modela modos de comportamento be­ um papel ativo e assertivo. Os novos padrões com-
néficos, que têm grande probabilidade de promo­ portamentais, que estâo em geral em contraste
ver experiências sociais positivas. marcante com o modo de responder habitual do
Resultados de um estudo de O ’Connor (1969), cliente, são constantemente representados por di­
envolvendo modelação simbólica positiva, empres­ versas semanas ou por outro qualquer período de
tam confirmação empírica adicional aos pontos de tempo previamente estabelecido. Essa fase do pro­
vista expostos acima. Crianças em idade pré-escolar grama é estruturada para o cliente como represen­
foram selecionadas com base na apresentação de tando um breve período experimental com novas
retraimento social extremo, um problema compor- características em vez de se tratar de uma adoção
MODELAÇÀO E PROCESSOS VICÁRIOS 95

permanente. Ainda mais, o cliente não é nunca so­ neira em que são eles expressados, as conseqüên­
licitado a se tornar o novo personagem, mas sim a cias mais prováveis do comportamento modelado
comportar-se como se fosse ele em bases de ensaio. podem ser controladas em extensão considerável,
A ênfase em experimentação breve e simulação é ao invés de deixadas a circunstâncias fortuitas.
considerada essencial para minimizar a ameaça ini­ Há inúmeras outras abordagens de tratamento
cial de se introduzir mudanças drásticas no modo em que as técnicas de modelação, rotuladas de
de vida de uma pessoa. modo variado como representação psicodramática
A prescrição de um papel por si só terá um valor (Moreno, 1958; Sturm, 1965), ensaio comporta-
limitado, a não ser que uma pessoa saiba como tra­ mental (Lazarus, 1966; Wolpe e Lazarus, 1966) e
duzir suas características em ações concretas sob representação de papéis (Corsini e Putzey, 1957)
uma variedade de condições. Na abordagem de são utilizadas para corrigir deficiências de respostas
Kelly, as sessões de tratamento, usualmente marca­ específicas ou para transmitir repertórios mais ex­
tensos de comportamento social. A modelação sob

PS
das para dias alternados, são principalmente devo­
tadas ao ensaio do papel prescrito da maneira como forma de prática de papel foi também adotada am­
poderá ele ser aplicado aos eventos diários envol­ plamente para o treinamento de habilidades indus­
vendo relações sociais e vocacionais, interações he­ triais e administrativas (Corsini, Shaw e Blake,
terossexuais, relações parentais e orientações de 1961). As estratégias a serem seguidas na imple­

U
vida. Terapeuta e cliente geralmente alternam-se mentação dos princípios da modelação são apresen­
na representação do papel. Por meio da troca do tadas em termos fortemente prescritivos, e os mé­

O
papel, o cliente não só se beneficia das demonstra­ todos têm recebido o crédito de amplo sucesso; en­
ções feitas pelo terapeuta de modos convenientes tretanto, como acontece geralmente na literatura
de se relacionar com os outros, mas também expe- psicoterapêutica, estudos rigorosamente controla­

R
riencia como as pessoas são afetadas pelos compor­ dos dos resultados obtidos estão virtualmente au­
tamentos sendo modelados. sentes.
Após terem sido novas formas de respostas a di­
ferentes tipos de situações adequadamente ensaia­
das, e as experiências do cliente na implementação
do papel detalhadamente discutidas, o cliente de­
G
A eficiência das abordagens de modelação será
largamente determinada pelo que está sendo re­
presentado. Se os agentes da mudança encorajam
principalmente seus clientes a desempenhar suas
KS
cide se deseja ou não adotar os comportamentos do formas de comportamento usuais e ineficientes,
novo papel em bases mais duradouras. Se tiver para reconstruir experiências passadas de relações
achado o novo papel efetivo e desejar continuar e para reavivar as reações emocionais provocadas
com o programa, os ensaios comportamentais são por suas inadequações, então tais métodos não al­
O

repetidos tanto quanto necessário. Com o aumento cançarão provavelmente melhor resultado do que
da experiência, o cliente torna-se cada vez mais ha­ as abordagens de entrevistas interpretativas que
bilidoso e confortável no desempenho dos compor­ acentuam de modo semelhante os aspectos negati­
BO

tamentos do novo papel, até que finalmente são vos envolvidos. Por outro lado, as abordagens de
eles espontaneamente desempenhados. tratamento que utilizam procedimentos de modela­
Embora haja razões suficientes, a partir da evi­ ção para estabelecer modos efetivos de se compor­
dência fornecida pelos estudos de modelação, para tar apresentam freqüentemente a falha de não in­
se esperar que o tipo de abordagem preconizado cluir um programa de treinamento de transferên­
por Kelly deva ser altamente eficaz, não houve ten­ cia adequado, no qual os clientes tenham a oportu­
EX

tativas sistemáticas para medir o grau de sucesso as­ nidade de testar suas habilidades recém-adquiridas
sociado com esse método particular. Também seria sob condições que levem à produção de conseqüên­
necessário pesquisar se as práticas recomendadas — cias recompensadoras. Se os próprios agentes da
a seleção do comportamento altamente contras­ mudança representarem as competências interpes­
D

tante continuamente representado sob situação si­ soais convenientes e organizarem condições ótimas
mulada em todas as áreas do funcionamento social para que seus clientes aprendam e pratiquem
modos mais efetivos de lidar com problemas poten­
IN

— constituem de fato as condições ótimas para o


estabelecimento de comportamentos do novo pa­ ciais, então esse tipo de enfoque obterá quase cer­
pel. Os resultados desejados poderiam ser mais tamente bons resultados.
consistentemente obtidos por uma adoção gradual Antes de passar a outras questões, gostaríamos
do papel em situações sociais progressivamente de fazer um breve comentário sobre a natureza dos
mais difíceis do que pela representação completa efeitos produzidos por meio dos processos de mo­
do papel desde o início. Sob um procedimento gra­ delação. Quando as pessoas são deliberdadamente
duado, as exigências comportamentais seriam ajus­ instruídas para observar e reproduzir o comporta­
tadas às capacidades do cliente a qualquer mo­ mento exemplificado por outros ou um papel re­
mento, ficando assim reduzida a possibilidade de construído imaginariamente, pode existir uma ten­
serem suas primeiras tentativas de se comportar de dência de considerar as mudanças resultantes como
modo diferente recebidas com desagrado pelos ou­ fictícias e superficiais. De fato, como será mostrado
tros. Por meio de uma seleção cuidadosa, tanto das no capítulo final, as técnicas de representação de
situações de vida real em que o cliente representa papel provaram ser um dos meios mais efetivos na
novos modos de comportamento quanto da ma­ indução de mudanças estáveis, tanto na área afetiva
% MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

quanto na área das atitudes. Essas descobertas for­ pia é também demonstrada por Pentony (1966).
necem apoio para o ponto de vista de que eventos Não se pode determinar, contudo, a partir desses
dè auto-avaliação e cognitivos podem constituir dados, se a semelhança de valores pode ser atri­
parcialmente epifenômerros, que têm origem nas buída à modelação ou ao reforçamento diferencial
competências do sujeito e nas conseqüências de seu das verbalizações dos clientes; sem dúvida alguma,
comportamento. A modelação, mesmo sob condi­ ambos os tipos de processo de influência estiveram
ções simuladas, pode ter efeitos de grande alcance. em operação.
Tem havido recentemente diversas demonstra­
ções de que as classes de respostas que os psicote-
PROCESSOS DE MODELAÇÃO NAS rapeutas tradicionais estão interessados em modifi­
PSICOTERAPIAS DE ENTREVISTA car podem ser influenciadas de modo significativo
Supõe-se geralmente que modificações da perso­ por procedim entos de m odelação. Schwartz e

PS
nalidade em tratamentos verbais convencionais são Hawkins (1965) descobriram que esquizofrênicos
çbtidas em parte pela identificação dos clientes com adultos, cujas declarações emocionais foram positi­
seus psicoterapeulas. Entretanto, como observou vamente reforçadas em terapia de grupo, aumenta­
Mowrer (1966), os terapeutas modelam caracteristi­ ram as expressões afetivas quando seu grupo rece­
camente uma área muito limitada de comporta­ beu dois pacientes-modelos que verbalizavam fre­

U
mento social; e o que exemplificam eles de modo qüentemente seus sentimentos; sob as mesmas con­
mais proeminente pode ter valor utilitário muito dições de reforçamento, as respostas afetivas dimi­

O
pequeno para os clientes. A parcimônia de pistas nuíram quando os modelos em questão passaram a
modeladoras úteis aparece como particularmente exibir verbalizações predominantemente não-afe-
evidente nas abordagens de tratamento que advo­ tivas. Marlatt, Jacobsen, Johnson e Morrice (1966)

R
gam uma espécie de incógnita comportamental, em descobriram que entrevistados se mostravam mais
que os sentimentos, opiniões pessoais e respostas inclinados a revelar problemas pessoais após terem
sociais do terapeuta são exibidos tão pouco quanto
possível, de maneira a facilitar a ocorrência de rea­
ções de transferência infantis. Até onde o compor­
tamento taciturno e interpretativo dos terapeutas
G
testemunhado uma breve conversação na sala de
espera, em que a auto-revelação de um modelo foi
aceita e socialmente recompensada pelos entrevis­
tadores,, do que quando o comportamento do mo­
KS
vier a ser imitado pelos clientes em suas relações delo era desencorajado ou os sujeitos não eram ex­
sociais, como não é raro, correrão eles o perigo de postos a modelos que admitiam ter determinados
serem considerados ou maçantes ou verdadeiras problemas.
pestes. Ao contrário das práticas convencionais, que Um dos obstáculos à condução eficiente da tera­
O

preconizam um certo grau de ambigüidade e de pia de entrevista tem origem no fato de estarem os
dissimulação para o terapeuta, Mowrer defende o clientes usualmente confusos sobre o que supõem
ponto de vista de que os agentes terapêuticos devam fazer para obter efeitos benéficos e às expli­
BO

devem ativamente modelar o que se supõe que seus cações verbais que transmitem de modo inade­
clientes devam aprender a organizar as condições quado os comportamentos requeridos. Esta ambi­
necessárias à promoção dessa identificação. Assim güidade pode ser facilmente resolvida se se forne­
sendo, na terapia de integração (Drakeford, 1967; cer aos clientes exemplos concretos das respostas
Mowrer, 1964), que se destina a levar os clientes a terapêuticas apropriadas (Marlatt, 1968a, 1968b).
reconhecer que são parcialmente responsáveis por
EX

Em diversos estudos, Truax e seus colegas (Truax e


suas situações de vida devido a seus comportamen­ Carkhuff, 1967) demonstraram que aqueles clien­
tos censuráveis e envolvidos em duplicidade, o tes que ouviram trechos gravados exemplificando o
pró p rio terap eu ta consisteptem ente m odela a auto-exame (considerado como comportamento te­
auto-revelação e a responsabilidade pessoal rapêutico “bom”) antes de serem submetidos a tra­
D

Durante o curso do tratamento por conversação, tamento apresentaram subseqüentemente maior


algumas das atitudes e preferências pessoais do te­ mudança positiva numa série de testes de persona­
IN

rapeuta são inevitavelmente reveladas através de lidade do que os clientes que receberam o mesmo
suas reações seletivas e comentários interpretativos tipo de tratamento sem a experiência inicial de
(Parloff, Iflund e Goldstein, 1960).’Essas atitudes modelação.
inferidas são muito provavelmente imitadas pelos Os estudos adm a indicam que os procedimentos
clientes, ainda que os terapeutas tentem m anter de modelação podem ser empregados com sucesso
neutralidade no domínio dos valores. Alguma evi­ para induzir mudanças no comportamento verbal.
dência sugestiva desse efeito é apresentada por Ro- Entretanto, considerando a relação fraca que existe
senthal (1955), que descobriu que os clientes consi­ entre alterações no nível verbal — quer sob a forma
derados como exibindo um grau maior de melhora de preferência de valores e declarações verbais,
clinica alteraram seus valores nas áreas de sexo, quer sob a forma de endossamento de itens de tes­
agressão e autoridade na direção dos valores de tes de personalidade — e modos de resposta não-
seus terapeutas, enquanto que os clientes conside­ verbais, p>arece-nos que os modelos poderiam ser
rados como não tendo m elhorado se tornaram usados de modo mais vantajoso para promover
menos semelhantes a seus terapeutas. A ocorrência comportamentos interpessoais efetivos de modo di­
da congruência de valores durante o curso da tera­ reto.
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 97

Condicionamento Vicário das Respostas ções entre as crianças pequenas, mas a reação de­
Emocionais crescia progressivamente com o aumento da idade.
Supõe-se geralmente que as pessoas desenvolvem A relação inversa obtida foi atribuída à maior habi­
respostas emocionais com base na estimulação do­ lidade das pessoa mais velhas tanto de discriminar
lorosa ou agradável direta experienciada em asso­ entre situações reais e imaginárias quanto de ate­
ciação com determinados lugares, pessoas ou acon­ nuar a aversão das pistas de perigo por meio da
tecimentos. Embora inúmeras respostas emocionais previsão de resultados finais favoráveis. Como era de
sejam sem dúvida adquiridas por meio do condi­ esperar-se, as reações emocionais a cenas eróticas
cionamento clássico, a aprendizagem afetiva em foram mais fortes entre os sujeitos dos grupos de
seres humanos ocorre freqüentemente por meio de idade maior.
emoções vicariamente ativadas. Inúmeros compor­ Demonstrações mais recentes da instigação emo­
tamentos fóbicos, por exemplo, têm origem não em cional vicária por meio de estimulação filmada
foram fornecidas por uma série de experimentos

PS
experiências reais desagradáveis com o estímulo
fóbico, mas sim do fato de testemunharem os sujei­ realizados por Lazarus e seus associados (Lazarus,
tos outras pessoas responderem medrosamente Speisman, Mordkoff e Davison, 1962). Registros
diante de certas coisas ou serem feridas por elas contínuos de respostas autônom as de sujeitos
(Bandura, Blanchard e Ritter; 1969; Bandura e foram obtidos, durante a apresentação de um filme

U
Menlove, 1968). De modo semelhante, pessoas ad­ que mostrava um ritual primitivo da puberdade
quirem freqüentemente, com base na exposição a realizado por uma tribo australiana, no qual um
menino nativo era submetido a uma grosseira ope­

O
correlações de estímulos modeladas, atitudes emo­
cionais intensas com relação a membros de grupos ração genital. Estudantes universitários apresenta­
minoritários ou nacionalidades impopulares com ram reação autônoma intensa enquanto assistiam às

R
quem tiveram pouco ou nenhum contato. cenas em questão, aparecendo as respostas de
Como foi sugerido acima, o condicionamento modo particularmente marcante quando a opera­
ção era acompanhada por soluços e outras pistas
emocional vicário resulta da observação de expe-
rienciarem outras pessoas efeitos emocionais positi­
vos ou negativos em associação com determinados
eventos estimuladores. Ambos os processos de con­
G
indicadoras de dor por parte dos jovens iniciados.
Tanto o cancelamento das pistas vocais de dor
quanto a inclusão de comentário sonoro minimi­
KS
dicionamentos direto e vicário são dirigidos pelos zando a aversão da operaçao apresentada reduzi­
mesmos princípios básicos de aprendizagehn asso­ ram significativamente o nível de ativação emocio­
ciativa, mas diferem quanto à fonte de ativação nal dos sujeitos; de modo inverso, comentários en­
emocional. No protótipo direto, o próprio aprendiz fatizando o sofrimento e oá perigos de tais opera­
ções aumentaram a ativação fisiológica dos sujeitos
O

é o recipiente da estimulação produtora de dor ou


prazer, enquanto que, nas formas vicárias, alguma (Speisman, Lazarus, Mordkoff e Davison, 1964).
outra pessoa experiencia a estimulação reforça­ Numa análise erudita dos processos vicários,
BO

dora, e suas expressões afetivas, por sua vez, ser­ Berger (1962) restringe o fenômeno de instigação
vem como estímulos ativadores para o observador. vicária a situações em que um observador responde
Portanto, esse processo de condicionamento so­ emocionalmente às supostas experiências afetivas
cialmente mediado exige tanto a ativação vicária de um executor. Uma vez que o estado emocional
das respostas emocionais quanto o estreito empare- de uma outra pessoa não é observável diretamente,
lhamento temporal desses estados afetivos com os sua presença, qualidade e intensidade serão tipica­
EX

estímulos ambientais. mente inferidas tanto dos estímulos que incidem


sobre o executor quanto das pistas comportamen-
tais indicativas de ativação emocional. Segundo
ATIVAÇÃO EMOCIONAL VICÁRIA Berger, uma pessoa pode ser vicariamente insti­
D

P esquisas e x p e rim e n ta is desse fe n ô m e n o gada na base de'inferências errôneas de eventos es­


interessaram-se pela determinação dos fatores que timuladores, como no caso de uma mãe que res­
dirigem o grau em que as pessoas se tornam emo­ ponde com reação de medo ao presenciar a queda
IN

cionalmente ativadas pelas experiências de outras. de seu filho, mesmo se a criança não sofreu ne­
Alguns desses estudos tentaram identificar as pistas nhum ferimento. Semelhantemente, um transeunte
sociais que se mostram mais influentes na produção pode reagir com apreensão ao ouvir um grito sú­
da ativação vicária, enquanto ainda outros foram bito, muito embora, sem que ele o saiba, se trate de
planejados para elucidar as condições da aprendi­ um grito simulado como parte de um jogo.
zagem social a partir das quais as pistas sociais se Argumentou Berger que um grito forte que eli-
tomam portadoras do poder de elidar emoção. cia uma resposta de medo no observador pode re­
Um dos primeiros estudos sobre a ativação afe­ presentar um caso de instigação pseudovicária,
tiva vicária foi relatado por Dysinger e Ruckmick porque a pista vocal pode servir simplesmente
(19SS), que mediram as respostas autônomas de como um estímulo condicionado de medo, inde­
crianças e adultos diante de cenas filmadas exi­ pendentemente da resposta emocional incondiao-
bindo situações perigosas e cenas de romantismo nada do executor ou da situação estimuladora. A
erótico. Os achados mostraram que cenas de pe­ base para tal distinção está sujeita a debate, uma
rigo, conflito ou tragédia eliciavam as maiores emo­ vez que as pistas expressivas são os indicadores ob­
98 MODELAÇÃO -E PROCESSOS VICÃRIOS

serváveis de um suposto estado emocional do exe­ respostas de esquiva do que reproduções do mesmo
cutor e, como será mostrado mais tarde, é precisa­ animal em atitudes que não denotam medo indica
mente porque tais pistas sociais adquiriram pro­ que somente simples expressões faciais e de postura
priedades de evocar emoção que um observador constituem pistas suficientes para eliciar respostas
pode ser vicariamente ativado pelas experiências de emocionais. As pesquisas mostraram, além disso,
outras pessoas. Existem casos, contudo, em que co- que respostas emocionais em macacos podem ser
variações nas respostas emocionais de observadores vicariamente ativadas não somente pela visão de
e executores não envolvem necessariamente pro­ suas parelhas experimentais, mas também, através
cessos de instigação vicárria. Após um determinado da generalização do estímulo, por outro macaco
estímulo ambiental ter adquirido forte poder de que não esteve nunca envolvido nas contingências
eliciação para um observador, suas respostas emo­ aversivas iniciais. Ainda mais, a mera exposição a
cionais serão muito provavelmente evocadas dire­ macacos reagindo de modo apreensivo ou medroso
tamente pelo estímulo condicionado, independen­ pode reinstalar respostas de esquiva no observador,

PS
temente do com porta nr^ento de outros. Assim, por após terem sido elas extintas até um nível nulo.
exemplo, quando indivíduos sentem medo ao ouvir Os estudos citados demonstram que expressões
o som de um alarme de fogo no edifício em que afetivas exibidas por outros podem servir como es­
estão trabalhando, poderão eles estar respondendo tímulos aversivos condicionados, mas não explicam

U
de modo semelhante, devido a histórias de condi­ como tais pistas adquirem esse poder. A hipótese
cionam ento iguais, mas independentem ente às de resultar a sensibilidade a pistas expressivas de
mesmas pistas não-sociais. Em tais circunstâncias, é

O
experiências de aprendizagem social recebe apoio
altamente difícil estabelecer de modo preciso as de Miller, Caul e Mirsky (1967), que descobriram
fontes çle estímulo do estado emocional do sujeito, que macacos criados em isolamento social total du­

R
uma vez que o comportamento de outros, depen­ rante a infância mostravam-se incapazes de res­
dendo de seu caráter, sem dúvida alguma aumenta ponder, quer comportamentalmente, quer autono­
ou diminuí os efeitos dos estímulos ambientais eli-
ciadores. A demonstração mais convincente da ins­
tigação vicária é portanto fornecida sob condições
em que as respostas emocionais do observador são
G
mamente, a expressões faciais de emoção de outros
macacos. Há evidência de que pistas sociais signifi­
cando ativação afetiva adquirem propriedades de
evocar emoção por meio do mesmo processo de
KS
eliciadas inteiramente pelas expressões afetivas do condicionamento clássico que está envolvido no es­
executor. Tais condições são estabelecidas por meio tabelecimento da valência positiva ou negativa para
de procedimentos que garantam que os estímulos estímulos ambientais não-sociais. Assim, se expres­
eliciadores de respostas emocionais no executor sões afetivas de outros foram repetidamente segui­
não são observáveis pelos sujeitos observadores ou
O

das por conseqüências emocionais para os observa­


têm para eles valência neutra. dores, pistas sociais afetivas tão-somente adquirem
Miller e seus colegas (Miller, Banks e Ogawa, gradualmente o poder de instigar reações emocio­
BO

1962, 1963; Miller, Murphy e Mirsky, 1959) identi­ nais em observadores. Em situações naturais, tais
ficaram, através da utilização de um engenhoso covariações emocionais ocorrem freqüentemente.
procedimento de condicionamento de esquiva coo­ Pessoas que estão experienciando emoções positivas
perativo, algumas das pistas sociais que servem muito provavelmente tratarão os outros amavel­
como estímulos condicionados para a ativação afe­ mente, o que ativará neles emoções agradáveis; em
tiva em “observadores. Macacos rhesus foram pri­ contrapartida, quando as pessoas estão deprimidas,
EX

meiramente treinados a esquivar-se de um choque doentes, sofrendo ou irritadas, os outros sofrerão


elétrico por meio do pressionamento de uma alavanca muito provavelmente conseqüências negativas. A
sempre que surgia um estímulo luminoso. Após o demonstração mais clara de como a responsividade
treinamento de esquiva, os animais foram sentados vicária é estabelecida foi fornecida por estudos de
D

em aposentos diferentes e a alavanca foi removida laboratório com sujeitos infra-humanos, em que as
da cadeira de um macaco e o estímulo luminoso da necessárias contingências sociais e temporais são
instituídas.
IN

outra. Assim, o animal que tinha acesso ao estímulo


luminoso devia comunicar-se por meio de pistas Church (1959) submeteu grupos de ratos a con­
afetivas com o seu companheiro, equipado com a seqüências aversivas emparelhadas ou não e a uma
alavanca para resposta, o qual poderia então reali­ condição de controle em que nenhum estímulo
zar a resposta instrumental apropriada que permi­ aversivo foi apresentado. Na condição de conse­
tiria a ambos os animais esquivar-se da estimulação qüências emparelhadas, os animais receberam cho­
dolorosa. As pistas de sofrimento exibidas pelos ques breves após ter um outro rato recebido um
macacos estimulados em antecipação ao choque choque da duração de 30 segundos, terminando a
mostraram-se altamente efetivas na eliciação do estimulação aversiva para ambos os animais simul­
inedo em seus companheiros observadores, con­ taneamente. Animais na condição de conseqüências
forme refletido no aumento dos batimentos cardía­ não-emparelhadas receberam o mesmo número de
cos e no desempenho rápido de respostas discrimi­ choques breves, mas não foram eles temporalmente
nadas de esquiva (Miller, 1967). A descoberta de associados com estimulação dolorosa infligida a
que slides coloridos mostrando o animal-estímulo outro rato. Em seguida à fase de condicionamento
com medo ou experimentando dor eliciam mais emocional do experimento, a ativação emocional
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 99

vicária foi medida em resposta às reações de sofri­ ativa em vez de sobre a identificação automática
mento de outro rato, que estava recebendo choques através da semelhança. De fato, se pessoas que pos­
contínuos numa gaiola vizinha. Os animais que ha­ suem as mesmas características experienciassem ra­
viam experienciado previamente as conseqüências ramente éfeitos semelhantes, exibiriam muito pro­
emparelhadas foram afetados de modo marcante vavelmente uma empatia fraca. A influência rela­
pelas respostas de sofrimento do outro rato; o tiva da semelhança pessoal e da semelhança de efei­
grupo de controle inostrou pouca responsividade tos sobre a ativação vicária poderia ser melhor ava­
empática; e animais cujas experiências dolorosas liada por um experimento em que pessoas seme­
passadas não foram associadas com as respostas de lhantes experienciassem conseqüências opostas an­
sofrimento de outro membro de sua espécie mos­ teriormente ao teste de empatia enquanto que o
traram um efeito intermediário entre os dos dois contrário acontecesse para pessoas dessemelhantes.
grupos. Poder-se-ia prevpr, a partir do ponto de vista da

PS
O condicionamento nos seres humanos é fre­ teoria da aprendizagem social, que os efeitos dis­
qüentem ente mediado por meio de estimulação crepantes sobrepujariam a influência dos efeitos da
simbólica autogerada, a qual também desempenha semelhança pessoal. A mais forte responsividade
um papel influente nas respostas vicárias (Bandura empática deveria evidentemente ocorrer sob condi­
e Rosenthal, 1966; Stotland, Shaver e Crawford, ções de alta semelhança entre observador e modelo

U
1966). Na teoria da personalidade, a ativação emo­ e conseqüências análogas.
cional vicária é tipicamente discutida sob o conceito
CONDICIONAMENTO CLÁSSICO VICÁRIO

O
de empatia. Dentro do quadro de referência da
personalidade, supõe-se de modo geral que um ob­ Na seção anterior revisamos algumas das condi­
servador torna-se empaticamente ativado como re­ ções sob as quais as respostas emocionais de um

R
sultado de ser capaz de intuir as experiências e es­ modelo, transmitidas por manifestações auditivas,
tados afetivos de outra pessoa. A pesquisa relatada faciais ou-de postura, adquirem a capacidade de
por Stotland indica, entretanto, que um processo
algo diferente pode estar envolvido. Observadores
reagiram de modo mais emocional à visão de uma
pessoa sendo submetida a estimulação dolorosa
G
ativar respostas emocionais em observadores. No
caso de condicionamento clássico vicário, as emo­
ções vicariam ente eliciadas nos observadores
KS
tornam-se condicionadas através da associação por
quando foram previamente solicitados a imaginar contigüidade a estímulos anteriormente neutros.
como eles próprios se sentiriam se estivessem sendo fe­ Um dos primeiros experimentos de laboratório
ridos do que quando foram solicitados a imaginar sobre esse processo foi relatado por Kriazhev
como a outra pessoa se sentia durante o tratamento. (1934), que condicionou um animal em cada sete
O

Essas descobertas sugerem que as pistas afetivas pares de cães a estímulos apresentados em associa­
modeladas produzem ativação vicária em grande ção com alimento ou choque elétrico, enquanto que
parte por meio de um processo interveniente de o outro membro do par simplesmente testemu­
BO

auto-estimulação, envolvendo representação imagi­ nhava o procedimento. O cão observador rapida­


nária de conseqüências aversivas ou agradáveis mente desenvolvia respostas salivares antecipatórias
ocorrendo para o próprio sujeito em situações se­ ao sinal para alimento e agitação, e mudanças res­
melhantes. piratórias condicionadas ao sinal para choque. En­
Entre os diversos determinantes inter-pessoais da tretanto, esse breve relato não contém informação
EX

responsividade empática, a semelhança percebida suficiente sobre os detalhes do procedimento expe­


entre modelo e observador recebeu a maior quan­ rimental para se determinar se as reações dos ob­
tidade de atenção. Descobriu-se de modo geral que servadores ao estímulo condicionado foram testa­
a semelhança percebida promove ativação vicária das na ausência dos modelos.
(Stotland, 1969), mas por que se daria tal fato ainda Os estudos de laboratório sobre condicionamento
D

não foi adequadamente estabelecido. Uma explica­ clássico vicário em seres humanos (Barnett e Bene-
ção plausível poderia ser fornecida em termos de detti, 1960; Berger, 1962) envolvem tipicamente o
IN

semelhanças de efeitos ou conseqüências. Supõe-se condicionamento de respostas autônomas a estímu­


que pessoas que possuem interesses e características los ambientais neutros através de experiências ob­
semelhantes compartilhem de inúmeras experiên­ servacionais. Nos estudos de Berger (1962), por
cias e conseqüências. É muito mais fácil para uma exemplo, um grupo de observadores foi informado
pessoa imaginar que as conseqüências relativas de qile o modelo receberia um choque sempre que
a indivíduos semelhantes também se aplicariam uma luz se atenuasse, sendo a atenuação da luz
a ela do que imaginar a mesma coisa a respei­ precedida em cada ensaio pelo toque de uma ci­
to de experiências de pessoas com quem tem mui­ garra. Um segundo grupo de observadores foi in­
to pouco em comum. Assim, por exemplo, uma pes­ formado de que o executor faria um movimento
soa, que viaja freqüentemente por via aérea, tem com o braço sempre que a luz se atenuasse, mas
a tendência de ser mais empaticamente ativada do que não estaria recebendo nenhum a estimulação
que alguma outra que nunca voa, ao ouvir notí­ aversiva. Em duas outras condições, o modelo era
cias de mortes num acidente com um avião comer­ supostamente submetido a choques,, mas evitava
cial. Essa explicação pressupõe que a responsivi­ fazer movimentos com o braço, ou não recebia
dade vicária está baseada sobre a aiito-avaliação choques nem fazia movimentos. A medida do con­
100 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

dicionamento vicário era a freqüência da resposta outra pessoa sendo submetida a experiências de
galvânica da pele do obseryador ao som d a, cigarra, condicionamento aversivo, nas quais uma cigarra
•que servia como estímulo condicionado. Observa­ soava a intervalos periódicos e, pouco tempo de­
dores que haviam sido informados de que o mo­ pois, o modelo fingia estar sentindo dor suposta­
delo estava recebendo estimulação aversiva e que mente em resposta ao recebimento de choques elé­
testemunharam as respostas de dor simuladas do tricos dolorosos. Antes da fase do condicionamento
modelo por meio da retirada do braço exibiram um vicário do estudo, os grupos de observadores foram
alto grau de condicionamento vicário, em compara­ submetidos a diferentes graus de ativação emocio­
ção com os observadores dos outros três grupos. nal manipulada tanto psicologicamente quanto fi-
Numa extensão ulterior do condicionamento so­ siologicamente, por meio da adm inistração de
cialmente mediado, Craig e Weinstein (1965) des­ doses variadas de adrenalina, um estimulante sim­
cobriram que a observação de um executor expe- pático. A freqüência com que os observadores ma­
rienciando fracassos repetidos produz ativação nifestaram respostas galvânicas da pele, condicio­

PS
emocional vicária, que se torna condicionada a pis­ nadas somente ao soar da cigarra, mostrou consti­
tas ambientais anteriormente neutras. tuir uma função positiva do grau de stress psicoló­
Embora o fenômeno de condicionamento vicário gico (Fig. 3-9). Entretanto, uma função monotônica
tenha sido claramente demonstrado, as pessoas di­ decrescente é obtida quando, além do estresse si-

U
ferem amplamente no grau com que desenvolvem tuacional, os sujeitos experienciavam ativação cres­
respostas emocionais condicionadas de modo ob­ cente fisiologicamente induzida. Se for possível
servacional e na estabilidade das respostas adquiri­ supor que as cinco condições de tratamento repre­

O
das. Uma vez que esse processo exige que o obser­ sentam níveis diferenciais de ativação emocional
vador experiencie conseqüências dolorosas vica- numa única dimensão, então os resultados combina­

R
riamente, produzindo-se assim ativação afetiva, as dos sugerem uma relação de U invertido entre a
variáveis que influem sobre o nível geral da emoti­ magnitude da ativação e o condicionamento vicário.
vidade do observador muito provavelmente serão
capazes de retardar ou promover a aprendizagem
vicária. Há alguma evidência (Bandura e Rosen-
thal, 1966) de que a ativação emocional constitui de
G Enquanto o estudo acima estabelece uma relação
entre nível de ativação e condicionamento vicário, a
maneira pela qual a ativação intensa produz efeitos
disruptivos ainda está para ser demonstrada. Os re­
KS
fato um determinante significativo do condiciona­ latos dos sujeitos sugerem que os efeitos disruptivos
mento vicário, mas essas últimas variáveis não estão podem em parte ser mediados por respostas com­
relacionadas de forma simplesmente linear. Nesse petitivas autogeradas, destinadas a reduzir a aversi-
experimento, grupos de adultos observaram uma vidade da situação de instigação vicária. Em alguns
O

casos, tomou esse processo a forma de uma focali-


zação intensa sobre estímulos externos irrelevantes,
com a exclusão das pistas dolorosas perturbadoras:
BO

“Quando percebi quão doloroso era o choque para


ele, concentrei minha visão num ponto que não me
permitisse focalizar diretamente seu rosto ou suas
mãos.” A maior parte dos observadores tentou di­
minuir a estimulação aversiva originada pela reação
de dor do modelo pondo em ação atividades com­
EX

petitivas de nível cognitivo: “Tentei manter-me


calmo. Pensei a respeito de verbos latinos e de
composição latina.” Alguns poucos sujeitos, entre­
tanto, tentaram utilizar respostas cognitivas de
D

maior poder competitivo: “Finalmente, tentei pen­


sar na moça com quem dormi na noite passada.
Isso manteve minha mente afastada desses malditos
IN

choques.” Até onde um observador, obrigado a as­


sistir a eventos desagradáveis, for capaz de atenuar
a ativação desagradável produzindo pensamentos
competitivos ou desviando sua atenção dos estímu­
los perturbadores, os estímulos associados muito
provavelmente adquirirão propriedades aversivas
relativamente fracas. Neste experim ento, o uso
Figura 3*9. Percentagem média de RPGs exibidos por su­ deliberado de estratagemas de esquiva e de neutra­
jeitos durante a fase da aquisição, na qual o som e as pis­ lização da estimulação foi relatado de modo mais
tas de dor do modelo ocorriam em associação temporal freqüente por pessoas nas condições de ativação
estreita, e durante testes em que o som anteriormente mais alta.
neutro foi apresentado isoladamente para avaliação de
suas propriedades aversivas condicionadas. As cinco con­ A pesquisa discutida até então estava inteira­
dições de tratamento representam graus crescentes de mente relacionada ao condicionamento vicário ba­
ativação afetiva. Bandura e RosenthaJ, 1966. seado em índices autônomos. A emotividade condi­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 101

cionada é também freqüentem ente medida em extinta, então tanto a motivação quanto um con­
termos de supressão comportamental. Se experiên­ junto de estímulos controladores do comporta­
cias desagradáveis forem repetidamente empare­ mento de esquiva serão removidos. Black (1958)
lhadas com estímulos neutros, adquirem eles o mostrou que a neutralização de um estímulo aver­
poder de evocar reações emocionais que tendem a sivo através da utilização exclusiva de procedimen­
inibir o comportamento instrumental em sua pre­ tos de extinção facilitou de modo notável a elimina­
sença. Crooks (1967) mostrou que forte supressão ção subseqüente do comportamento de esquiva.
comportamental pode ser estabelecida somente na Alguma evidência sugestiva inicial da ocorrência
base de experiências de observação. Após terem da extinção vicária é fornecida por Masserman
sido testados quanto à amplitude com que manipu­ (1943) eJones (1924), em estudos exploratórios da
lavam determinados objetos, macacos participaram eficácia terapêutica relativa dos procedimentos de
de um experimento de condicionamento vicário de modelação. Masserman produziu fortes inibições
medo durante o qual observaram o som de vocali­ alimentares em gatos emparelhando respostas de

PS
zações de dor (através de ufti gravador de fita) aproximação ao alimento com estimulação aversiva.
sempre que um macaco-modelo tocava num objeto Na fase terapêutica do experimento, os animais
particular. Mais tarde, os observadores também inibidos observaram um companheiro de gaiola,
foram submetidos a um procedimento de condicio­ que não havia sido negativamente condicionado,

U
namento de controle, no qual testemunhavam os exibir aproximação rápida e resposta de alimenta­
contatos do modelo com um objeto diferente em­ ção. Os observadores inicialmente encolhiam-se ao
parelhado com as vocalizações de dor tocadas de

O
ser apresentado o estímulo condicionado, mas, com
trás para diante, obliterando assim o valor de per­ a exposição continuada a seu companheiro despro­
turbação dos sons. Em teste subseqüente, os ani­ vido de medo, começaram a avançar, a princípio de

R
mais observadores brincaram livremente com os modo hesitante e em seguida de modo mais cora­
itens de controle, mas evitaram ativamente os ob­ joso, até a caixa-meta, e consumiram o alimento.
jetos que acompanharam experiências suposta­
mente dolorosas para outro animal.
Embora o comportamento emocional seja com
toda a probabilidade desenvolvido com freqüência
G
Alguns dos animais, entretanto, mostraram pe­
quena redução no comportamento de esquiva, ape­
sar da fome prolongada e dos ensaios repetidos de
modelação. Além disso, as respostas de esquiva
KS
nas situações de vida diária através de processos vi­ reapareceram em alguns animais depois de ter sido
cários, poucas são as ocasiões em que as formas o animal sem medo removido, indicando o fato
aversivas do. condicionamento clássico podem ser que, neste último caso, os estímulos modeladores
utilizadas intencionalmente para propósitos tera­ serviram tão-somente como inibidores tem porá­
O

pêuticos. Existem relatos clínicos (Miller, Dvorak e rios externos das respostas de esquiva. Jones
T u rn e r, 1960), e n tre tan to , em que o contra- (1924), de forma semelhante, obteve resultados va­
condiáonamento aversivo foi aplicado em situação riados ao extinguir respostas fóbicas em crianças
BO

de grupo para criar aversão ao álcool em alcoóla­ por meio da exposição a companheiros que se
tras crônicos. Reações aversivas são rapidamente es­ comportavam sem ansiedade na presença dos obje­
tabelecidas sob tais condições, e a maior parte dos tos evitados.
clientes exibe fortes efeitos de condicionamento vi­ Uma vez que a não-ocorrência de conseqüências
cário. Condicionamento vicário positivo, de outro aversivas antecipadas é condição requerida para a
lado, tem sido raramente empregado sistematica­ extinção do medo, as exibições modeladoras que
EX

mente para o desenvolvimento da empatia, de rea­ têm maior probabilidade de produzir fortes efeitos
ções agradáveis e atitudes sociais favoráveis. em observadores medrosos são aquelas em qpJe os
desempenhos que consideram-nos como perigosos
são repetidamente demonstrados como seguros sob
D

Extinção Vicária grande variedade de circunstâncias ameaçadoras.


Padrões de respostas emocionais podem ser ex­ Entretanto, se se pretende que as pessoas sejam in­
IN

tintos bem como adquiridos em base vicária. A ex­ fluenciadas pelo comportamento modelado e suas
tinção vicária de medos e de inibições comporta- conseqüências, então as respostas de observação
inentais é obtida fazendo-se com que as pessoas ob­ necessárias devem ser eliciadas e mantidas. A apre­
servem modelos desempenhando comportamentos sentação de respostas modeladas de aproximação
provocadores de medo sem experienciar conse­ com relação à situação mais ameaçadora desde o
qüências adversas. Como podem as respostas de .es­ início, como ocorreu nos estudos acima citados, tem
quiva ser extintas sem ter sido eliciadas pode ser grande probabilidade de gerar alto nível de ativa­
melhor explicado em termos de uma teoria de pro­ ção de medo nos observadores. Até onde tais con­
cesso duplo do comportamento de esquiva. Con­ dições ativam respostas de esquiva (como retrair-se
forme observado na discussão anterior sobre pro­ ou desviar o olhar), destinadas a reduzir vicaria-
cessos causais, estímulos aversivos condicionados mente a ansiedade instigada, impedirão elas a ocor­
evocam a ativação emocional que exerce um certo rência da extinção vicária. A eficiência dos proce­
grau de controle sobre as respostas instrumentais. dimentos de extinção vicária pode, portanto, de­
Conseqüentemente, a partir dessa teoria, se a capa­ pender em parte da maneira como os desempenhos
cidade de ativação de um estímulo ameaçador for modelados são apresentados.
102 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS

As respostas de esquiva podem ser consistente- altamente positivo, destinado a contra-atacar as


mente extintas com o mínimo de ansiedade se as reações de ansiedade. As propriedades geradoras
pessoas forem expostas a uma seqüência graduada de medo dos desempenhos modelados foram gra­
de estímulos aversivos que progressivamente se dualmente aumentadas, de sessão para sessão, por
aproximam em semelhança ao evento mais temido. meio da variação simultânea do çerceamento físico
Na aplicação do princípio da generalização do es­ dos cães, do envolvimento direto e íntimo das res­
tímulo à extinção vicária, as pessoas observam ini­ postas de aproximação modeladas e da duração da
cialmente um modelo que responde de modo posi­ interação entre o modelo e seu companheiro ca­
tivo a situações que possuem baixo nível de ativa­ nino. Um segundo grupo de crianças observou os
ção. Após terem sido extintas as respostas emocio­ mesmos desempenhos modelados graduados, mas
nais a ameaças atenuadas, pistas modeladoras pro­ um contexto neutro. Nas duas condições de trata­
gressivamente mais aversivas, enfraquecidas pela mento descritas, o conjunto de estímulos continha
generalização da extinção da ansiedade a partir das tanto as pistas modeladoras quanto a observação

PS
exibições anteriores, são gradualmente introduzi­ repetida do animal temido. Portanto, a fim de
das e neutralizadas. A graduação do estímulo não é medir os efeitos da exposição ao objeto ameaçador
uma condição necessária para a extinção vicária, como tal, um terceiro grupo de crianças observou o
mas permite ela maior controle sobre o processo de cão no contexto positivo, mas com o modelo au­

U
mudança e provoca menor eliciação da ansiedade sente. Um quarto grupo participou das atividades
do que as abordagens envolvendo exposição repe­ positivas, mas não foi sequer exposto nem ao cão
tida a eventos modelados portadores de alto valor nem às exibições modeladoras.

O
de ameaça. Completa a série de tratamentos, as crianças
Além das variáveis da exposição ao estímulo, os foram mais uma vez submetidas ao teste de esquiva,

R
aspectos qualitativos do comportamento modelado consistindo de seqüência graduada de tarefas de in­
têm grande probabilidade de influir sobre os resul­ teração com o cão. Foram elas solicitadas, por
exemplo, a aproximar-se e acariciar o cão, soltá-lo,
tados da extinção vicária. Os estudos sobre ativação
emocional vicária revisados anteriormente demons­
traram que impressões afetivas negativas de outros
podem servir como pistas poderosas para a ativação
G
remover sua coleira e alimentá-lo, permanecendo
cada criança um determinado período de tempo
sozinha num aposento com o animal. O conjunto
KS
de medo e esquiva nos observadores. Pode-se, por­ de tarefas final e mais difícil apresentado às crian­
tanto, esperar que respostas de aproximação mode­ ças era o de entrar no pequeno cercado com o cão
ladas acompanhadas por expressões afetivas positi­ e, após ter fechado o portão, acariciá-lo e permane­
vas produzam maiores efeitos de extinção do que as cer sozinha com ele sob condições de confinamento
provocadoras de medo.
O

acompanhadas por ansiedade. Por exemplo, os es­


forços de modelação dos pais destinados a dominar A evidência de que o comportamento divergente
os medos das crianças são freqüentemente anula­ pode ser modificado por um método particular tem
BO

dos porque os próprios pais se mostram apreensi­ significado terapêutico limitado, a não ser que se
vos e são forçados a entrar num contato tenso com possa demonstrar que os padrões de resposta esta­
os objetos temidos. belecidos se generalizam para estímulos outros que
Como parte de um programa de pesquisa desti­ não os encontrados na situação de tratamento e que
nado a elucidar o fenômeno da extinção vicária, di­ as mudanças induzidas perduram mesmo após
versos procedimentos de modelação efetivos foram terem sido descontinuadas as condições terapêuti­
EX

desenvolvidos para modificar os distúrbios da an­ cas. Portanto, as crianças foram submetidas a testes
siedade. O prim eiro estudo da série (Bandura, para comportamento de esquiva com relação a cães
Grusec e Menlove, 1967b) envolveu um teste rigo­ diferentes, após o término do programa de tra­
roso da extensão em que um forte comportamento tamento e mais uma vez um mês depois.
D

de esquiva de longa duração pode ser vicariamente O procedimento de modelação produziu extin­
extinto. Também explorou o estudo a possibilidade ção vicária de respostas de esquiva altamente está­
de poder a indução de respostas afetivas positivas
IN

vel e generalizada (Fig. 3-10). Os dois grupos de


nos observadores, durante a exposição a pistas mo­ crianças, que haviam observado o companheiro-
deladoras potencialmente ameaçadoras, apressar o modelo interagir sem medo com o cão, exibiram
processo de extinção vicária. comportamento de aproximação significativamente
Crianças pequenas, que mostravam medo de cães, maior, tanto em direção ao animal experimental
conforme revelado pelos pais e demonstrado num quanto em direção a um animal não-familiar, do
teste real de comportamento de esquiva de cães, que as crianças das condições de exposição ao cão e
foram designadas para uma das quatro condições de controle, as quais não diferiram entre si. O con­
do tratamento. Um grupo participou de oito breves texto positivo, entretanto, não contribuiu muito
sessões du ran te as quais observou um compa- para os resultados favoráveis obtidos. Evidência ul­
nheiro-m odelo desprovido de m edo de exibir terior da eficiência do método está constituída pelo
interações com um cão, que se tomavam progres­ fato de que 67 por cento das crianças que recebe­
sivamente mais provocadoras de medo. Para es­ ram o tratamento de modelação foram capazes de
sas crianças, o com portamento de aproximação permanecer a sós com o cão no cercado. Ao contrá­
modelado foi apresentado num contexto de festa rio, este último teste foi levado a cabo por relativa­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 103

mente poucas crianças das duas condições de con­


trole.
É de se supor, a partir do conhecimento dos p ro ­
cessos de generalização, que os efeitos da extinção
vicária sejam parcialmente determinados pela va­
riedade de elementos estimuladores que tenham
sido neutralizados. A exposição a diversos modelos
que exibam comportamento desprovido de medo
com relação às diversas formas dos objetos temidos
deverá produzir completa extinção da ativação do
medo e, conseqüentemente, extensa redução do
comportamento de esquiva. Por outro lado, obser­

PS
vadores cuja responsividade emocional a um con­
junto restrito de elementos modelados for extinta
poderão exibir efeitos de extinção mais fracos.
Além disso, sob condições em que uma série de es­
tímulos aversivos é apresentada uma vez somente,

U
determ inadas características dos observadores
podem também influenciar a extensão em que são

O
as respostas emocionais extintas. Observadores al­
tamente suscetíveis à ativação emocional se mostra­
riam inclinados a responder a exibições modelado-

R
ras ameaçadoras com medo acentuado e poderiam Figura 3-10. Média dos escores de aproximação ao cão
portanto mostrar resistência relativamente forte à obtidos por crianças em cada uma das condições de tra­
extinção vicária. Assim sendo, a emotividade pode
servir como um determinante adicional do grau em
que o comportamento de esquiva virá a ser redu­
zido por meio de procedimentos de modelação.
G
tamento nos três diferentes períodos de avaliação. Ban­
dura, Grusec e Menlove, 1967.

nais (permanecer sozinho com o cão no cercado) de


KS
As proposições acima foram testadas num se­ crianças que observaram o modelo único e das que
gundo experimento (Bandura e Menlove, 1968), testemunharam a modelação múltipla mostraram
com a utilização da mesma metodologia de avalia­
ção com crianças que exibiam severo comporta­
O

mento de esquiva a cães. Neste projeto, entretanto,


os desempenhos dos modelos foram apresentados
numa série de Filmes curtos, de modo a testar a efi­
BO

cácia das técnicas de modelação simbólica que po­


deriam vir a ser usadas em aplicações terapêuticas.
Um grupo de crianças, que participou de um tra­
tamento com modelo único, observou um homem
desprovido de medo exibir as mesmas interações
EX

com um cão, progressivamente provocadoras de


medo, conforme ocorrera no experimento prece­
dente. O segundo grupo de crianças, recebendo
um tratamento de modelos múltiplos, observou di­
versos meninos e meninas diferentes, de idades va­
D

riadas, interagindo positivamente com inúmeros


cães. O tamanho e a ferocidade do cão aumenta­
IN

vam progressivamente, a partir de cães pequenos e


não-ameaçadores até as variedades mais imponen­
tes. As crianças designadas para o grupo de con­
trole assistiram a filmes sem nenhuma relação com
cães.
Os escores de aproximação a cães obtidos pelas
crianças das três condições nas fases de pré-teste,
pós-teste e seguimento do experimento são expos­
tos graficamente na Fig. 3-11. As crianças que ob­
servaram comportamento de aproximação mode­
lado sem conseqüências adversas para o modelo
exibiram reduções duradouras e generalizadas no Figura 3-11. Mediana dos escores de aproximação ao cão
comportamento de esquiva, enquanto que os con­ obddos por crianças que receberam o tratamento de mo­
troles não mostraram mudanças a esse respeito delo único ou de modelo múldplo ou que participaram
Comparação da incidência de desempenhos termi- do grupo de controle. Bandura e Menlove, 1968.
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

PS
U
O
R
G
KS
O
BO

Figura 3-12. Uma menina que tinha medo de cães empenhando-se em interações desprovidas de medo, após exposição
à série de filmes em que um companheiro-modelo exibia interações progressivamente ameaçadoras com cães. Bandura
e Menlove, 1968.
EX

ser a última forma de tratamento superior na eli­ res mostram o com portam ento desprovido de
minação completa do comportamento de esquiva medo do modelo; as inferiores assinalam as intera­
de cães. Embora a modelação tenha sido igual­ ções da criança com os animais, que ela corajosa­
D

mente efetiva, independentemente da severidade mente encerrou no cercado, após o teste formal.
do comportamento fóbico das crianças, as que ma­ A comparação dos resultados dos dois experimen­
nifestavam uma ampla variedade de medos se be­ tos sugere que a modelação simbólica é menos po­
IN

neficiaram algo menos do tratamento de modela­ derosa do que a demonstração ao vivo do mesmo
ção múltipla do que as outras crianças com poucos comportamento. Embora o tratamento com modelo
medos. único tenha realizado mudança significativa nas
Como teste ulterior do valor terapêutico da mo­ respostas de esquiva dás crianças, não enfraqueceu
delação simbólica, crianças do grupo de controle ele suficientemente seus medos de modo a permitir
receberam um tratamento de modelo múltiplo que levassem a cabo o comportamento terminal
antes de ter sido completado o experimento princi­ ameaçador de aproximação. Entretanto, a eficiên­
pal. As crianças-controle, cujo comportamento de cia menor da modelação simbólica pode ser con­
esquiva permanecera imutável em diversos testes tornada por uma amostragem mais ampla de mo­
realizados durante o período de controle, demons­ delos e de objetos estim uladores aversivos. As
traram um aumento notável no comportamento de crianças submetidas ao tratamento de modelação
aproximação a cães após o tratamento. A intrepidez diversa não somente mostraram melhora conti­
crescente de uma das crianças do grupo de con­ nuada no comportamento de aproximação entre os
trole, que havia sido tratada subseqüentemente, períodos de pós-teste e seguimento, mas também
aparece ilustrada na Fig. 3-12. As figuras superio­ realizaram os desem penhos terminais em grau
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 105

comparável a crianças portadoras de igual compor­ tinção vicária poderiam vir a mostrar-se.relativa­
tamento de esquiva que, no experimento anterior, mente fracos e imprevisíveis.
observaram comportamento desprovido de medo O terceiro projeto (Bandura, Blanchard e Ritter,
realizado por um só modelo pm situação de vida 1969) utilizou um planejamento experimental ela­
real. Hill, Liebert e Mott (1968)« Spiegler, Liebert, borado para avaliar a eficiência comparativa da
McMains e Fernandez (1968) também eliminaram modelação e do tratamento de dessensibilização na
com sucesso comportamento de esquiva persistente produção de mudanças comportamentais, afetivas e
em crianças e adultos por meio de breve modelação de atitudes. Os participantes eram adolescentes e
simbólica, mas no segundo estudo os desempenhos adultos que sofriam de fobia a' cobras e que, na
modelados foram acom panhados por narrativa maior parte dos casos, restringiam desnecessaria­
persuasiva e outras variáveis destinadas a mitigar o mente suas atividades e afetavam de modo negativo
medo. o funcionamento psicológico de diversos modos.

PS
A potência das influências da modelação na Algumas das pessoas eram incapazes de executar
transmissão da ansiedade é amplamente reconhe­ suas tarefas em situações em que houvesse a mais
cida, mas seu valor terapêutico foi algumas vezes remota possibilidade de que pudessem vir a entrar
questionado (Jersild e Holmes, 1935) na base de em contato com cobras; outras não podiam tomar
que os medos persistem mesmo quando freqüen­ parte em atividades recreativas como caçar, fazer

U
temente ocorre a modelação sob condições ordiná­ jardinagem, acampar ou fazer excursões devido a
rias de vida. A eficiência de qualquer princípio de seu medo mortal a cobras; e outras ainda evitavam

O
aprendizagem depende não somente de sua vali­ comparar casas em áreas rurais ou experiendavam
dade mas também d a maneira em que é ele imple­ notável sofrimento sempre que se viam na presença
mentado. Experiências de aprendizagem organiza­ de cobras criadas como animais de estimação no

R
das de modo inconsistènte, casual e inadequado decurso de suas atividades sociais ou ocupacionais.
produzirão resultados desapontadores, indepen­ Na fase inicial do experimento, os participantes
dentemente da irrefutabilidade do princípio que
estaria supostamente dirigindo o tiatamento.
Em numerosos casos, medos fracos são indubita­
G
eram submetidos a um teste comportamental que
media a força de sua esquiva a cobras. Além disso,
preenchiam um inventário completo de medos, de
modo a se poder determinar se a'eliminação do
KS
velmente extintos ou substancialmente reduzidos
por meio de modelação fortuita em condições na- medo a cobras estaria associada com mudanças
turalísticas. Entretanto, experiências de modelação concomitantes em outras áreas de ansiedade. Foi
cuidadosamente planejadas são essenciais para a também obtida a classificação de atitudes em diver­
modificação das tendências de esquiva mais tena­ sas escalas descrevendo diversos encontros com co­
O

zes. Existe alguma evidência (Bandura e Menlove, bras e nas dimensões avaliativas da técnica do dife­
1968) de que pais de crianças que exibem medos rencial semânticos. As últimas medidas foram in­
cluídas para fornecer dados relativos ao interes­
BO

severos não fazem nenhuma tentativa para domi­


nar os medos de seus filhos porque sofrem eles sante mas inadequadam ente investigado efeito
próprios das mesmas apreensões. Conseqüente­ sobre atitudes das mudanças comportamentais in­
mente, é raro que modelem comportamentos de duzidas por meio dos métodos da aprendizagem
ausência de medo e, nas pouco freqüentes ocasiões social.
em que o fazem, os esforços de modelação não en­ Os casos foram individualmente emparelhados
EX

volvem a apresentação cuidadosamente graduada na base de seu comportamento de esquiva e desig­


dos estímulos ameaçadores, sem o que tal método nados para uma de quatro condições. Um grnpo
não só se tornará provavelmente ineficiente mas participou de um tratamento de modelação simbó­
poderá até mesmo exacerbar reações de ansiedade. lica auto-administrado, no qual observavam um
Uma Cena de modelação doméstica muito comum, filme apresentando crianças pequenas, adolescentes
D

por exemplo, é aquela em que um pai acaricia dili­ e adultos envolvidos em interações progressiva­
gentemente um cão que lhe salta em tom o e simul­ mente ameaçadoras com uma grande cobra (Fig.
IN

taneamente tenta convencer o filho, que se afasta 3-13). Para aumentar ainda mais o poder desse mé­
com medo, a tocar o animal amarrado. Ao contrá­ todo, dois outros aspectos foram acrescentados: os
rio disso, os tratamentos de modelação, além da uti­ sujeitos foram ensinadps a induzir e manter um es­
lização do princípio da graduação para reduzir a tad a de. relaxamento inibidor da ansiedade, du­
ativação do medo, envolvem exposições concentra­ rante o período da exposição, e lhes foi permitido
das a exibições de modelação sob condições de ob­ regular o ritmo da apresentação dos estímulos por
servação protegida e variação ampla das caracterís­ meio do controle remoto de seu aparecimento e de
ticas do modelo, da intimidade do comportamento dispositivos de reversão. O fundamento lógico do
de aproximação e das propriedades aversivas do segundo aspecto envolve a convicção de que um
objeto temido. Se fossem as seqüências de modela­ tratamento de modelação auto-regulado permitiria
ção apresentadas de modo amplamente disperso e maior controle sobre a extinção ao que aquele.em
casual, e restringidas às respostas mais reservadas que as pessoas fossem expostas a uma seqüência de
de acarinhar dos adultos (que as crianças seriam pistas aversivas sem consideração de suas reações
provavelmente levadas a discriminar como sendo as de ansiedade. Os sujeitos foram instruídos a parar o
mais capazes de protegê-las), os resultados da ex­ filme sempre que um determinado desempenho
106 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 107

m odelado provocasse ansiedade, a re lo rn a r o filme Os sujeitos designados p ara o terceiro g ru p o re ­


ao princípio da seqüência aversiva e a voltar a in­ ceberam a fo rm a p ad ro n iz ad a do tratam e n to de
d u zir relax am ento p ro fu n d o . Reviam eles então a dessensibilização criad a p o r W olpe (1958). N esse
cena am eaçadora rep etid am en te desse m odo, aié p rocedim ento, o relax am en to p ro fu n d o foi sucessi­
q u e fosse c o m p le ta m e n te n e u tra liz a d a a n tes de vam ente p are ad o com representações im aginadas
passarem ao item seguinte d a seqüência grad u ad a. de cobras, organizadas em o rd em d e aversão cres­
A pós estarem os sujeitos treinados na utilização dos cente. Com o nas o u tras condições, o tratam en to foi
controles d o p ro jeto r e do relaxam ento auto-indu- m antido até que as reações d e ansiedade dos sujei­
zido, o ex p e rim en tad o r retirava-se da situação e os tos fossem totalm ente extintas ou se com pletasse o
sujeitos dirigiam seu p ró p rio tratam en to até que tem po m áxim o estabelecido.
sua ansiedade diante das cenas apresen tad as fos­ Os sujeitos designados p ara a condição d o con­
se co m p letam ente extinta. trole particip aram da avaliação co m p o rtam en tal e

PS
O seg u n d o g ru p o d e sujeitos recebeu um a form a d e atitudes, sem ser subm etidos d ep o is às p rá ti­
cas de tratam en to . Esse g ru p o forneceu p rincipal­
d e tra ta m e n to que com binava a m odelação g ra ­
d u a d a com p a rtic ip a ç ã o d irig id a . O s p rin cip ais m ente um co n tro le p ara as m udanças resultantes
elem entos desse m étodo foram desenvolvidos p o r das operações d e m ed id a repetidas. U m a'p seu d o te-

U
R itter (1968, 1969a) com o dessensibilização p o r rapia d e relação não foi em p re g ad a p o rq u e div er­
sas pesquisas an terio res haviam d em o n strad o que o
contato. No procedim ento utilizado no presente es­
co m portam en to d e esquiva de cobras não é afetado

O
tud o , o m odelo d em onstra inicialm ente o com por­
tam en to desejado sob condições de observação se­ p o r tais e x p e riê n c ia s . A lém disso, os c o n tro le s
guras; em seguida, os sujeitos são ajudados, p o r foram subm etidos mais ta rd e à adm inistração do

R
m eio d e dem onstrações adicionais e d esem p en h o tratam en to de m odelação simbólica sem o relaxa­
co n ju n to , a ex e cu tar respostas progressiv am en te m ento, de m odo a avaliar sua contribuição às m u ­
danças p roduzidas p o r este m étodo.
mais difíceis. S em pre que os sujeitos não eram ca­
pazes d e d esem p e n h ar um d ad o com p o rtam en to
após a d em o nstração som ente, representavam eles
as atividades tem idas ju n ta m e n te com o modelo. A
G
A o té rm in o d a s é rie d e tr a ta m e n to s ,
os proced im en to s d e avaliação foram readm inis-
trados a todos os sujeitos. A fim de d eterm in a r a ge­
KS
orientação física era en tão g rad u a lm en te redu zid a n eralid ad e dos efeitos d a extinção, m etad e dos su­
até que fossem capazes d e d esem p en h ar o com por­ jeitos em cada u m a das condições foi testada inici­
tam ento p o r si sós. alm ente com a cobra fam iliar, d e listras m arro n s
e, em seguida, com u m a cobra não-fam iliar, d e
N a aplicação desse m étodo p a ra a elim inação d a m anchas verm elhas, notavelm ente d ife re n te em sua
O

fobia a cobras, a cada passo o p ró p rio ex p erim en ­ coloração; os sujeitos restantes foram testados com
ta d o r desem p enhava o co m portam ento em questão as duas cobras na o rd em inversa. O teste co m p o r­
BO

e g rad u a lm en te levava os sujeitos a tocar, m an ip u ­ tam ental consistiu d e um a série d e tarefas que re­
lar e envolver o corpo d a cobra, p rim eiro com as qu eriam q ue os sujeitos se aproxim assem , o lh as­
mãos enluvadas e depois nuas, en q u a n to m an tin h a sem, tocassem e envolvessem u m a cobra com mãos
a cobra seg u ram en te presa pela cabeça e pelo rabo. nuas e enluvadas; retirassem a cobra d e sua gaiola,
Se um sujeito se m ostrasse incapaz d e tocar a cobra a deixassem solta no aposento e em seguida a reco­
após am pla d em onstração, e ra en tão ele solicitado a locassem na gaiola; a m antivessem a 12 cm d o p ró ­
EX

colocar sua m ão sobre a d o e x p e rim e n ta d o r e a prio rosto e finalm ente tolerassem a cobra no colo,
movê-la g rad u alm en te p ara baixo até tocar o corpo conserv an d o as m ãos imóveis ao lado. Im ed iata­
d a cobra. Q u an d o os sujeitos já não sentiam mais m ente antes e d u ra n te o d esem p en h o de cada ta­
n en h u m a ap reen são com relação a locar a cobra refa, os sujeitos avaliavam a intensidade da ativação
d o m edo n u m a escala de 10 intervalos, p a ra m ed ir
D

sob essas condições d e segurança, a ansiedade com


respeito ao contato com a cabeça e o rabo da cobra a extinção da ativação afetiva aco m p an h an d o res­
e ra en tão extinta. Mais u m a vez, o ex p e rim en tad o r postas de aproxim ação específicas.
IN

desem p en h av a o co m p o rtam en to d e m odo d esp ro ­ Com o ilustrado na Fig. 3-14, os sujeitos do g ru p o


vido de m edo, e então ele e o sujeito d esem p en h a­ de contro le não m ostraram m u d an ça n o co m p o r­
vam as respostas em conjunto; à njedida que os su­ tam ento de esquiva, a m odelação simbólica e a d es­
jeito s se tornavam m enos m edrosos, o ex p erim en ­ sensibilização p ro d u ziram reduções substanciais e a
ta d o r red u zia g rad u a lm en te sua participação e con­ m odelação ao vivo, com binada com participação d i­
trole sobre a cobra até q u e os sujeitos fossem capa­ rigida, elim inou a fobia a cobras em v irtualm ente
zes d e m a n ter a cobra em seu colo sem assistência, todos os sujeitos (92 p o r cento). Os procedim entos
d e d e ix a r a c o b ra so lta no a p o s e n to e d e p o is de m odelação não som ente ex tin g u iram respostas
recu p erá-la e de p erm itir q u e se deslocasse livre­ de esquiva d e longa duração, m as tam bém n eu tra li­
m en te sobre seus corpos. O progresso através d e zaram as p ro p rie d ad e s eliciadoras d e an sied ad e dos
tarefas d e aproxim ação g rad u a d a foi estabelecido estím ulos fóbicos. Am bos os tratam en to s de m o d e­
d e acordo com a ap reensão dos sujeitos. Q u an d o lação tiveram com o resultado red ú ção considerável
declaravam eles ser capazes d e d e se m p e n h a r um a na ansied ad e an tecip ad a e de d esem p en h o . E m ­
atividade com pouco ou n en h u m m edo, eram então bora sujeitos q ue tin h am recebido tratam e n to d e
iniciados n u m a interação mais difícil. dessensibilização tam bém tivessem ex p erim en tad o
106 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS

a c o m p a n h a d a p o r u m a re d u ç ã o n o n ú m e ro d e
m edos a anim ais e u m a dim inuição geral na inten­
sidade d a an sied ad e em diversas o u tras áreas d e
fu n c io n a m e n to . A m o d e laç ão p a rtic ip a n te , p o r
o u tro lado, p ro d u ziu am plas red u çõ es de m edos
com relação a ü m a v aried ad e cie am eaças envol­
vendo ta n to eventos interpessoais q u an to n ão so­
ciais. A tran sferên cia o b tid a reflete a o peração d e
pelo m enos dois processos algo d iferen tes. O p ri­
m eiro envolve a generalização dos efeitos d a ex tin ­
ção dos estím ulos tratad o s a fontes de an sied ad e re­
lacionadas. O seg u n d o tem com o conseqüência o

PS
refo rçam en to positivo d e um senso de capacidade
p o r m eio d o sucesso, o q u al m itiga respostas em o ­
cionais a situações p o te n cia lm e n te am eaçad o ras.
A pós te r d o m in a d o com sucesso u m a fobia q u e os
a to rm e n ta ra d u ra n te a m aio r p a rte d e suas vidas,

U
os sujeitos relatavam um au m en to na confiança de
q u e p o d eriam lid ar de m odo efetivo com o u tro s

O
eventos provocadores de m edo.
A pós a avaliação pó s-tratam en to , os sujeitos do
g ru p o d e co n tro le fo ram subm etidos ao tratam en to

R
de m odelação sim bólica sem o co m p o n en te d o re ­
laxam ento. A m odelação sim bólica exclusiva levou

Figura 3-14. Número médio de respostas de aproximação


à cobra realizadas por sujeitos antes e depois de receber
G
a red u çõ es substanciais na ativação d o m edo e no
co m p o rtam en to d e esquiva: 45 p o r cento dos sujei­
tos exibiu d e s e m p e n h o te rm in al com relação às
d u as cobras. N en h u m a d iferen ç a significativa foi
KS
tratamentos diferentes. Bandura, Blanchard e Ritter,
1969. e n c o n tra d a n o c o m p o rta m e n to d e ap ro x im açã o
en tre os sujeitos q u e foram subm etidos à ,m odela­
ção simbólica exclusiva e os q u e foram subm etidos
à m odelação sim bólica com relax am en to . E n tre ­
O

m e n o r ativação em ocional ao ex ecu tar respostas d e tanto, os sujeitos q ue em p arelh a ram a m odelação
aproxim ação a cobras, a m agnitude dessa redução com o relax am en to exigiram um n ú m e ro m en o r d e
d o m edo foi m en o r do q u e nos casos dos sujeitos exposições p ara n eu tralizar as cenas aversivas, ex-
BO

das condições d e m odelação. p erienciaram su b seq ü en tem en te m en o r ativação do


Os achados desse ex p erim en to tam bém revelam m edo ao d esem p e n h ar respostas d e aproxim ação a
q u e aplicações d e procedim entos d e aprendizagem cobras e m ostraram m aiores m udanças positivas em
social têm conseqüências im portantes na área das suas atitudes com relação a cobras.
atitu d es. Tanto a m odelação sim bólica q u a n to a A fim d e d eterm in a r, em casos envolvendo so­
EX

dessensibilização, que envolvem principalm ente a m ente m elhora parcial, -se as deficiências tin h am
extinção de afetos negativos ativados p o r estím ulos origem no m é to d o d e tra ta m e n to ou no sujeito,
aversivos, p ro d u ziram m udanças favoráveis nas ati­ todas as pessoas que n ão foram capazes d e ex ecu tar
tudes com relação a cobras. De m odo consistente o co m p o rtam en to term in al receberam em seguida
com a expectativa teórica, a condição d e tratam en to o tratam e n to d e m odelação participante. O com ­
D

q u e red u ziu as p ro p rie d ad e s eliciadoras d e ansie­ p o rtam en to d e fobia a cobras foi com pletam ente
d ad e das cobras e p erm itiu aos sujeitos envolver-se ex tin to em todos esses sujeitos após um n ú m ero
IN

em in te ra ç õ e s e s tre ita s com co b ra s p ro d u z iu a breve le sessões, in d e p e n d e n te m e n te d e idade,


m aior m u d a n ça na atitu d e. Esses achados serão sexo, predisposição à an sied ad e o u severidade do
exam inados de m odo d etalhado em capitulo poste­ co m p o rtam en to de esquiva (Fig. 3-J5). Além disso,
rio r, que trata especificam ente dos processos que esse tratam en to ' su p le m e n ta r p ro d u z iu red u çõ es
dirigem a m odificação de atitudes. adicionais n o m edo a o u tro s tipos de am eaças e
A análise dos escores no inventário d e m edos mos­ tam bém m udanças adicionais de atitudes.
trou um cerlo g rau d e reduções d e m edos além da Avaliação realizada uin mês após revelou que as
fobia especificam ente tratada, sendo os decréscim os m u d a n ç a s b e n é fic a s p r o d u z id a s no c o m p o r ta ­
a p ro x im a d a m e n te p ro p o rc io n ais à p o tên cia dos m ento, atitu d es e responsividade em ocional foram
(ratam entos em pregados. Os sujeitos do g ru p o de efetivam ente m antidas. O s clientes tam bém m ostra­
controle não m ostraram n en h u m a m udança nem ram a evidência d e q ue a m elhora co m p o rtan ien ial
no n ú m e ro nem na im ensidade dos m edos. A des­ tin h a -se g e n e ra liz a d o das situ açõ es te ra p ê u tic a s
sensibilização p roduziu um a redução som ente na p ara as d a vida real. Foram eles capazes de partici­
severidade dos m edos com relação a o u tro s ani­ p a r d e a tiv id a d e s re c re a tiv a s tais com o, ca ça r,
m ais, e n q u a n to q u e a m o d e la ç ã o sim bólica foi acam par, ex cu rsio n ar e fazer ja rd in ag em , q ue evi-
MODELAÇÀO E PROCESSOS VICÁRIOS 109

PS
U
O
R
Figura S-15. Número médio de respostas de aproximação à cobra obtidas de sujeitos antes e depois (pòs-teste) de
receber tratamentos diferentes. Os sujeitos do grupo de controle foram submetidos subseqüentemente a tratamento de
modelação simbólica sem relaxamento. Todos os sujeitos das condições de dçssensibilização, modelação simbólica e

G
controle tratado que não foram capazes de desempenhar o comportamento de aproximação terminal receberam então
o tratamento de modelação ao vivo e participação dirigida (logo após). O comportamento de aproximação à cobra de
sujeitos de todos os quatro grupos foi avaliado mais uma vez num estudo de seguimento realizado um mês mais tarde.
Bandura, Blanchard e Ritter, 1969.
KS

Lavam a n te r io r m e n te d e v id o a o se u p r o f u n d o No tratam e n to de m odelação participante, três


m edo a cobras; não experienciavam mais eles so­ processos estão em o p eração e p o d em co n trib u ir
O

frim e n to c o n sid eráv e l q u a n d o c o n fro n ta d o s d e em g rau s variados p a ra essas notáveis m u d an ças


n»odo in esp erad o com cobras no decurso d e suas psicológicas. Incluem eles observação de co m p o r­
atividades sociais ou ocupacionais; era m eles capa­ tam en to desp ro v id o de m edo sen d o rep etid am en te
BO

zes de m a n ip u lar cobras inofensivas; e alguns che­ m odelado sem n en h u m a conseqüência desfavorá­
g aram m esm o a servir com o terapeutas-m odelos vel; info rm ação incidental recebida a respeito dos
p ara seus p ró p rio s filhos e am igos m edrosos. objetos tem idos; e co n tato pessoal d ireto com os o b ­
je to s am eaçadores q ue não provocam efeitos desfa­
R itte r (1968) o b tev e sucesso u n ifo rm e sem e- voráveis. N um ex p erim en to d estin ad o a isolar a in­
'h a n te com procedim entos d e m odelação d e g ru p o flu ên c ia rela tiv a dessas variáveis c o m p o n e n te s,
EX

ad m in istrados a crianças que apresentavam m edo a B lanchard (1969) em p arelh o u sujeitos em term os
cobras. G rupos de crianças participaram de d uas d e se u c o m p o rta m e n to d e e s q u iv a a c o b ra s e
sessões d e 35 m inutos em q u e ou sim plesm ente ob­ designou-os a um a e n tre q u a tro condições. U m su­
servavam o utras crianças não-m edrosas exibir inte­ je ito em cada q u arte to recebeu o p ro ced im en to p a ­
D

rações estreitas com um a cobra ou eram subm eti­ dronizado, q ue inclui os benefícios d a m odelação,
dos à fo rm a de tratam en to de m odelação partici­ inform ação e in teração d irig id a com um a cobra.
pante, d u ra n te a qual o te ra p eu ta exibia respostas Um seg u n d o sujeito sim ultaneam ente observava as
IN

positivas à cobra e grad u alm en te levava as crianças sessões de m odelação e ouvia d eterm in ad as trocas
a executar o co m portam ento tem ido. Fobias a co­ verbais, sendo assim exposto ta n to à influência d a
b ras fo ra m c o m p le ta m e n te ex tin ta s em 53 p o r m odelação q u an to à da inform ação. O terceiro su­
cento das crianças p o r m eio d a m odelação exclusi­ jeito recebia som ente o co m p o n en te d a m odelação
vam ente e em 80 p o r cento das crianças q u e foram en q u a n to q ue o q u arto , que sim plesm ente partici­
subm etidas a m odelação com binada com p articipa­ p a ra dos p ro ce d im en to s de testag em , n ão expe-
ção dirigida. A potência dessa ab o rd ag em recebe rienciava n en h u m a das influências em questão. A
confirm ação adicional d e Rimm e M ahoney (1969), Fig. 3-16 resu m e as m u d an ças co m p o rtam en tais,
q ue ex tin g uiram com sucesso o com portam ento de afetivas e de atitudes associadas com essas diversas
esquiva a cobras em adultos p o r m eio d a m odelação condições de tratam en to . A m odelação foi resp o n ­
participante; tais adultos tinham -se m ostrado inca­ sável p o r ap ro x im ad am en te 60 p o r cento d a m u ­
pazes de o b te r m elh o ra em seu c o m p o rtam e n to dança d o co m p o rtam en to e 80 p o r cento das m u ­
q u an d o receberam recom pensas m onetárias cres­ danças nas atitudes e na ativação d o m edo; a p a rti­
centes p o r ex ecu tar um a série g rad u a d a de respos­ cipação d irigida contribuiu com o in crem en to res­
tas de aproxim ação. tante. Influências inform acionais, p o r o u tro lado,
110 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

PS
U
O
R
G
KS

Figura 3-16» P ercentagem de m u d an ça em c o m p o rtam e n to d e aproxim ação, m ed o e atitu d es exibida p o r sujeitos que
foram subm etidos a d ifere n te s c o m p o n en tes do tratam e n to d e m odelação com participação dirigida. B lanchard, 1969.
O
BO

não tiveram nen h u m efeito em n en h u m a das três v e r b a l m e n t e d i r i g i d o , a q u a l, p o r s u a v e z ,


classes d e respostas. m ostrou-se su p e rio r à dem onstração breve exclu­
O co m ponente da abordagem da m odelação d e ­ siva.
n o m in a d o p articip a çã o d irig id a co n tém dois as­ É necessária pesquisa adicional p ara esclarecer os
pectos im portantes. Os observadores participantes mecanism os p o r m eio dos quais os p rocedim entos
EX

desem p enham respostas progressivam ente mais di­ de m odelação levam a efeitos de extinção. R esulta­
fíceis e, se necessário, o m odelo os assiste fisica­ dos d o ex p erim en to d e B a n d u ra, B lanchard e Rit­
m ente na execução do co m p o rtam en to requerido te r (1969) fornecem , em bases tentativas, apoio à
etn cada passo d a série g rad u a d a de tarefas. A fim proposição d e ser o co m p o rtam en to d e esquiva re ­
d e av aliar a in flu ê n c ia desses elem en to s, R itte r
D

duzido através da extinção vicária da ativação d o


(1969b) adm inistrou u m dos três tratam entos a su­ m edo. D u ra n te o tratam e n to de m odelação sim bó­
jeitos p o rtad o res de acrofobia d u ra n te um a única lica, os sujeitos avaliavam a in ten sid ad e da advação
IN

sessão de 35 m inutos. P ara um g ru p o de sujeitos, o do m ed o a cad a cena m o d elad a e às reexposições


e x p e rim e n ta d o r exibiu resp o stas d e su b id a q u e subseqüentes aos m esm os estím ulos. Com o aparece
cresciam em seu aspecto am eaçador e assistia fisi­ na Fig. 3-17, os sujeitos m o stra ra m u m d eclínio
cam ente o sujeito a ex ecu tar com portam entos imi- progressivo na ativação d o m edo com cada exposi­
tativos; na seg u n d a condição, o ex p e rim e n ta d o r ção sucessiva ao co m p o rtam en to d e aproxim ação
dem o n strava o com portam ento, mas só dirigia ver­ m odelado. Indivíduos q ue co m binaram a m odela­
balm ente os sujeitos na execução de com p o rtam en ­ ção sim bólica com re la x a m e n to e x p e rie n c ia ra m
tos imitativos; um terceiro g ru p o sim plesm ente ob­ um a redução m aior no m edo q u an d o d a seg u n d a
servava as atividades dem onstradas. Ao fim da ses­ exposição às cenas aversivas d o q ue os q u e recebe­
são, os sujeitos eram mais um a vez subm etidos a ram a m odelação simbólica exclusivam ente. E n tre ­
um teste com portam ental que exigia que realizas­ tanto, em reexposições subseqüentes o g rau d e ex­
sem d eterm inadas escaladas no alto de um edifício tinção d o m ed o foi essen cialm en te o m esm o. A
de sete andares. A m odelação aco m p an h ad a d e d e­ pressuposição teórica mais im p o rtan te recebe apoio
se m p e n h o fisicam ente d irig id o p ro d u z iu m aio r adicional de um estu d o feito p o r B lanchard (1969),
m u d an ça do que a m odelação com d esem p en h o que tam bém reg istro u decréscim os na ativação do
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 111

m ed o com reexposições sucessivas aos estím ulos


m odeladores. D escobriu ele q u e, q u a n to m ais com*
p letam en te fosse a ativação do m ed o vicariam ente
ex tin ta, ta n to m aior e ra a red u ção no co m p o rta­
m en to de esquiva e mais generalizadas as m udanças
com portam entais.
O processo d e m u dança associado com o p o d e­
roso p ro ced im en to envolvendo m odelação com bi­
n ad a com participação d irig id a p o d e ser concei­
tuado d o seguinte m odo: a m odelação rep e tid a d e
respostas de aproxim ação dim inui o potencial d e
ativação d e estím ulos aversivos abaixo d o lim iar

PS
p a ra ativação de respostas d e esquiva, p erm itin d o
assim às pessoas se envolverem , m uito em bora de
um m o d o um pouco ansioso, em com p o rtam en to
d e aproxim ação. C ontato d ireto com am eaças q ue

U
j á não são mais objetivam ente justificadas fornece
u m a v aried ade d e novas experiências que, se favo­
ráveis, levam à extinção adicional d a ansiedade re­

O
sidual e de tendências d e esquiva. Sem o benefício
d a extinção vicária prévia, a reinstalação d e com ­ Figura 3-17. Nível médio de ativação do medo evocado

R
p o r ta m e n to se v e ra m e n te in ib id o r e q u e r g e r a l­ por estímulos modeladores inicialmente e após cada ex­
m ente um p ro g ra m a p ro lo n g ad o e tedioso. A pós posição subseqüente às mesmas cenas filmadas em sujeitos
ter sido o co m p o rtam en to d e aproxim ação em di­ submetidos às modelações simbólicas simples e com rela­
reção a objetos a n te rio rm e n te tem idos com pleta­
m ente restau rad o , as novas experiências resultantes
d ão origem a substancial reorganização de atitudes.
G
xamento. A média foi calculada para cenas em cada exibi­
ção e marcada para as primeiras seis exposições somente,
uma vez que os sujeitos raramente necessitam de mais do
que seis apresentações para neutralizar qualquer cena de­
KS
Os achados dos estudos acim a exam inados indi­ terminada. Bandura, Blanchard e Ritter, 1969.
cam q u e u m a fo rm a p o d e ro sa d e tra ta m e n to é
aqu ela em q ue os p ró p rio s agen tes terap êu tico s
m odelam o co m p o rtam en to desejado e organizam
p o rtam en to m odelado p u n id o , assim com o as que
O

condições ótim as p a ra que os clientes se engajem


em atividades sem elhantes até que possam desem ­ não fo ram subm etidas a n e n h u m a exposição ao
p e n h a r o co m p o rtam e n to d e m odo a p ro p riad o e m odelo, p o d em exibir u m a incidência d e respostas
BO

d espid o de m edo. Os resultados terapêuticos asso­ igu alm en te baixa. Os efeitos inibitórios p o rtan to
ciados com essa a b o rd a g e m são su ficien te m e n te podem ser m elh o r avaliados p o r m eio d a m edida
convenientes p ara g ara n tir sua extensão u lterio r a d a red u ção na resp o sta a p a rtir dos níveis d e linha
o u tro s tipos d e condições de ansiedade. É sem d ú ­ d e base o u p o r com paração com d esem p en h o s de
vida mais a p ro p riad o p a ra as disfunções co m p o r­ sujeitos q u e ten h am observado o m esm o com por­
tam en tais em q u e as co nseqüências tem idas são tam en to m o d elad o sem n e n h u m a conseqüência. No
EX

passíveis de observação. e x p e r im e n to c ita d o a n t e r io r m e n t e ( B a n d u r a ,


1965b), p o r exem plo, crianças q ue haviam obser­
Efeitos Inibitórios e Desinibitórios de vado o co m p o rtam en to agressivo de um m odelo re ­
sultar em punição severa d esem p e n h aram resp o s­
Experiências Vicárias tas im itativas d e n ú m e ro significativam ente m en o r
D

Além d a aquisição de co m p o rtam e n to s in s tru ­ d o q u e os sujeitos q ue observaram as m esm as ações


m entais e em ocionais p o r m eio de experiências d e te r com o resu ltad o recom pensas o u n en h u m a co n ­
IN

observação, a exposição a eventos m odelados pode seqüência evidente De fato, a punição vicária p ro ­
fortalecer ou en fraq u e cer as inibições dos observa­ duziu virtu alm en te supressão com pleta d e agressão
d o res d e padrões de respostas bem aprendidos. A imitativa em m eninas, cujas inibições com relação a
ocorrência d e efeitos inibitórios é indicada q u an d o , form as físicas d e agressão são inicialm ente relati­
com o função d a observação das conseqüências n e­ vam ente fortes. Evidência adicional p a ra os efeitos
gativas de um a resposta p ara o m odelo, os observa­ supressivos d a pu n ição vicária é fo rn ecid a p o r estu ­
d o re s m o stram o u re d u ç ã o d a m esm a classe d e dos c o m p a ra n d o rec o m p en sa vicária co n sisten te
co m p o rtam entos ou um a red u ção geral d a respon- com recom pensa sucessiva e punição d o -com por­
sividade. E preciso observar q u e, q u an d o o sujeito tam ento d o m odelo (Rosekrans e H artu p , 1967).
te ste m u n h a u m com p o rtam en to que é subseqüen­ Punição subseqüente te n d e a cancelar os efeitos de
tem en te p u n id o , os efeitos d e facilitação d a res­ intensificação co m p o rtam en tal das conseqüências
posta d as pistas m o d elad o ras po d em ser contra- recom p en sad o ras p a ra o m odelo.
atacados pelos efeitos supressivos dos resultados in­ Os estudos citados dem onstram a influência ini­
convenientes. Q u a n d o essas influências opostas são bitória de resultados negativos observados num m o­
de força com parável, pessoas q u e observaram com- d elo p a ra o co m p o rtam en to agressivo dos observa­
112 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

dores. Walters e seus associados (Parke é Walters, zir comportamento conflitivo em situações de ten­
1967; Walters, Leate Mezei, 1963; Walters, Parke e tação (Ross, 1962).
Cane, 1965) mostraram, do mesmo modo, que a Blake e seus associados (Blake, 1958) realizaram
observação de companheiros-modelo, punidos por pesquisas sobre algumas das condições que deter­
se engajarem em atividades lúdicas proibidas, au­ minam a influência de modelos conformistas ou
mentou a resistência dos observadores a compor­ não nas inibições dos observadores em situações de
tam ento divergente quando eram tentados de proibição. Num estudo, Freed, Chandler, Mouton e
modo semelhante com os objetos proibidos. Num Blake (1955) descobriram que, embora a exposição
estudo comparativo, Benton (1967) descobriu que a modelo não-conformisia tenha baixado a resis­
observadores que haviam testemunhado outros su­ tência de estudantes à divergência, as transgressões
jeitos serem censurados por m anipular objetos ocorriam mais freqüentemente quando a restrição
proibidos mostraram mais tarde o mesmo grau de era relativamente fraca e o modelo violava as indi­

PS
inibição de resposta apresentada pelos executores cações proibitivas, enquanto que a combinação de
punidos. Os possíveis mecanismos através dos quais forte restrição e um modelo conformista provocava
a punição vicária produz efeitos inibitórios foram a incidência mais baixa de divergência. Um se­
discutidos com algum detalhe no capítulo introdu­ gundo experimento (Krimbell e Blake, 1958) de­
tório deste livro. monstrou que a eficiência de pistas modeladoras

U
Em inúmeros casos, as pessoas respondem de para a modificação de inibições varia com o nível
modo autopunitivo e autodesvalorizador a seu pró­ do observador de instigação para a transgressão.

O
prio comportamento, que pode ser considerado Em condição de provocação extrema, os sujeitos
permissível òu mesmo recomendável por outros. desconsideravam tanto a restrição imposta quanto o
modelo conformista. Entretanto, sob condições em

R
Resultados de pesquisas sobre a transmissão social
de sistemas de reforçamento auto-regulado (Ban- que a instigação não era muito forte de modò a
dura e Kupers, 1964; Bandura, Grusec e Menlove, forçar a divergência, sujeitos que observaram um
1967b) fornecem evidência de que testem unhar
punição auto-administrada por um modelo inibe os
observadores no desempenho do Comportamento
G
modelo conformista exibiram comportamento mais
submisso do que outros que .testemunharam um
modelo violar a proibição.
Em situações naturalísticas, os observadores fre­
KS
desvalorizado. O bservação de reforços a u to - .
administrados por um modelo tem o mesmo efeito qüentemente presenciam as transgressões do mo­
sobre comportamento transgressivo, conforme foi delo serem de fato recompensadas ou punidas. Em
demonstrado por Porro (1968). No caso, crianças outras ocasiões, entretanto, podem somente inferir
assistiram a um Filme em que um modelo exibia as conseqüências prováveis a partir de símbolos e
O

respostas de auto-aprovação para suas transgres­ atributos discriminativos do modelo que tendem a
sões; 80 por cento delas subseqüentemente manipu­ ser correlacionados com reforçamento diferencial.
laram brinquedos que tinham sido proibidas de A maneira pela qual características distintivas do
BO

locar enquanto que o grau de transgressão foi so­ modelo significando resultados prováveis podem
mente de 20 por cento para crianças que haviam aumentar a eficiência de um modelo na redução de
observado o mesmo modelo expressar reações au­ inibições aparece ilustrada num experimento reali­
tocríticas com relação a suas transgressões. zado por Lefkowitz, Blake e Mouton (1955). Viola­
Restrições comportamentais, estabelicidas por ções dos sinais de tráfego por uma pessoa de status
EX

modelação prévia ou condicionamento aversivo di­ presumivelmente alto, vestido com terno impecá­
reto, podem ser reduzidas na base de experiências vel, sapatos brilhantes, camisa branca e gravata
de observação. Esses efeitos desirúbitóríos são eviden­ produzem uma incidência de violação por parte
tes quando observadores exibem aum ento em dos pedestres maior do que a mesma transgressão
comportamento socialmente desaprovado como desempenhada pelo mesmo modelo metido em um
D

função da observação de modelos que são recom­ par de calças amarrotadas, sapatos velhos e camisa
pensados ou não experienciam nenhuma conse­ azul de qualidade ordinária. A diferença na redu­
IN

qüência desagradável por desempenhar respostas ção' da restrição, notada nesse último experimento,
proibidas. A redução de inibições por meio da mo­ é provavelmente atribuível ao fato de serem as
delação foi demonstrada claramente em estudos de transgressões cometidas por pessoas que ocupam
formas intensas de agressão física, que tendem a posição alta numa hierarquia de prestígio menos
ser inibidas em observadores como resultado de freqüente e severamente punidas do que as come­
treinamento sodal passado (Bandura, Ross e Ross, tidas por transgressores de status baixo. A indul­
1963a; Epstein, 1966; Walters e Llwellyn Thomas, gência envolvida poderá ser temporariamente es­
1963; Wheeler, 1966). Foi também demonstrado tendida também ao imitador, quando a transgres­
(Grosser, Polansky e Lippitt, 1951; Ross, 1962) que são é desempenhada ao mesmo tempo que a do
a incidência de outros tipos de divergência por modelo-divergente.
parte dos observadores é significativamente aumen­ Outras propriedades discriminativas do modelo,
tada como resultado da observação de transgres­ tais como idade, sexo, status sócio-econômico,
sões não punidas do modelo. Por outro lado, mode­ poder social, raízes étnicas e status intelectual e vo­
los conformistas tendem a fortalecer as respostas de cacional, que são associadas com contingências de
autocontrole do observador, e desse modo a redu­ reforçamento previsíveis, podem do mesmo modo
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 113

in flu e n c ia r a a m p litu d e em q u e atos p ro ib id o s É geralm en te mais fácil desinibir d o q ue inibir


serãò im itados. Os efeitos do refo rç am e n to vicário padrõ es de resposta p o r m eio d e processos vicários.
são, é claro, consideravelm ente enfraquecidos ou A razão principal p ara essa d iferen ça é que o com ­
anulados, sob condições em que o com p o rtam en to p o rtam en to geralm ente sujeito a sanções negativas
d iv erg en te do m odelo é consideravelm ente inapro- é f r e q ü e n te e p o s itiv a m e n te r e f o r ç a d o r p a r a
p riad o ao sexo (D ubanoski, 1967), status ou papel quem o d esem p en h a, mas é socialm ente su p rim id o
social d o observador, fazendo com que qu alq u er p ara a conveniência e bem -estar de outros. Assim,
te n d ên c ia im itativa seja pessoalm ente suprim ida. po r exem plo, violando proibições e restrições, as
Sob a m aior p arte das circunstâncias, as pessoas pessoas p o dem satisfazer suas necessidades im edia­
adotam p ro n tam en te as respostas m odeladas que tas d e m odo mais d ireto e efetivo d o que o b ed e­
p arecem mais ap ro p riad a s ou qu e tenham valor u ti­ cendo a penosas exigências institucionalizadas; de
litário. E n treta n to , em algum as situações d e solução m odo sem elh an te, ad o tan d o um co m p o rtam en to
transgressivo, podem elas ter acesso a d e te rm in a ­

PS
d e p r o b le m a s e r e a liz a ç ã o d e ta re fa s , p o d e m
desenvolver-se tendências contrárias p o r m edo d e dos recursos que, de o u tro m odo, lhes seriam ne­
vir a ser o co m p o rtam en to im itativo considerado gados. Assim, não é necessária g ra n d e q u an tid ad e
trapaça, cópia ou subserviência e, p o rtan to , social­ de m odelação d iv erg en te reco m p en sad a para re d u ­
m ente d esap ro v ad o (Luchins e Luchins, 1961; P at­ zir vicariam ente os efeitos supressivos sobre com ­

U
terson, L ittm an e B row n, 1968; Schein, 1954). O po rtam en to pessoalm ente reco m p en sad o r. Em co n ­
efeito inibitório das sanções negativas antecipadas trap a rtid a, efeitos inibitórios são bem mais difíceis
d e estabelecer e m an ter p o r m eio de punição vicá­

O
p ara a im itação p o d e ser d o m in ad o nos observado­
res através do refo rçam en to positivo das respostas ria ou d ireta, q u an d o envolve ela o ab an d o n o de
do m odelo (Clark, 1965). co m p o rtam en to s q ue levam a refo rçam en io im e­

R
diato e d ireto . C o n sid eran d o q u e a exposição a
É in te ressa n te n o ta r q u e, q u a n d o u m m odelo m odelos divergentes Filmados ten d e a en fraq u ecer
exibe co m p o rtam en to punível, a ausência d e con­ as restrições co m p o rtam en tais, poder-se-ia supot
seqüências adversas an tecipadas a u m en ta o com ­
p o rtam en to d e transgressão nos observadores no
m esm o g rau em que o au m en ta o fato de testem u­
G
que as exibições ap resen tad as na televisão de tran s­
gressões executadas com sucesso ten h am eleitos d e ­
sinibi tórios sobre os observadores.
KS
n h arem o m odelo experien ciar resultados recom ­
p e n sa d o re s (B a n d u ra , 1965b; W alters, P arke e Efeitos de Facilitação da Resposta das
C a n e, 1965). Essas d e s c o b e rta s su g e re m q u e a Influências Modeladoras
não-reação a atividades a n te rio rm e n te proibidas
O c o m p o rta m e n to de m odelos serve com fre ­
po d e a d q u irir, através do co n tra ste , significação
O

qüência sim plesm ente com o pistas discrim inativas


positiva. Efeitos d e contraste d e reforçam ento se­
m elhantes foram d em o n strad o s em estudos sobre para os observadores, ao facilitar a expressão de
respostas previam ente ap re n d id as q u e não são em
BO

refo rçam en to d ireto (Buchw ald, 1959a, 1959b), em


geral subm etidas a sanções negativas. Estudos de
que a não-recom pensa seguindo a punição funcio­
n o u a n a lo g a m e n te a u m in cen tiv o positivo, e n ­ cam po e d e laboratório m ostraram q ue a probabili­
d ad e de o co rrên cia de um a am pla v aried ad e d e
q u an to que a n ão -recom pensa seguindo um a série
com p o rtam en to s n eu tro s ou socialm ente aprovados
d e recom pensas o p ero u com o incentivo negativo".
pode ser substancialm ente au m en ta d a com o função
De fa to , m e sm o u m in c e n tiv o p o sitiv o fra c o ,
de te ste m u n h a r o observ ad o r a ação de m odelos
EX

q u a n d o co n trastad o com eventos an terio res mais


simbólicos ou de vida real. A lguns dos co m p o rta­
recom pensadores, p o d e a d q u irir valor refo rç ad o r
m e n to s q u e f o ra m a ssim fa c ilita d o s in c lu e m
negativo (Buchw ald, 1960). Os efeitos de resultados
a p re sen ta r-se p a ra serviços v o lu n tário s (Rosena-
o b s e rv a d o s s o b re o c o m p o r ta m e n to im ita tiv o
bum , 1956; Rosenbaum e Blake, 1955; S chachter e
po d em p o rta n to ser d eterm in ad o s em g ra n d e p arte
D

pelo con texto em q u e ocorrem os eventos e as san­ Hall, 1952), d esem p e n h ar atos altruísticos (Blake>
R osenbaum e D uryea, 1955; Bryan e T est, 1967;
ções h ab itu ais associadas com d e te rm in a d o s p a­
IN

H a r r i s , 1 9 6 8 ; R o s e n h a n e W h ite , 1 9 6 7 ),
d rõ es de respostas m odelados.
em p en h a r-se n u m a ta re fa d e ação social (Blake,
Devido ao fato de terem utilizado os estudos a n ­ M outon e H ain, 1956; H elson, Blake, M outon e
teriores m odos divergentes d e com portam ento, q ue O lm stead, 1956), assistir pessoas em ap u ro s (Bryan
p o dem ser p ro n tam en te desinibidos p o r m eio d a e T e s t, 1967), p r o c u r a r in fo rm a ç ã o re le v a n te
omissão de conseqüências negativas, os resultados (K rum boltz e T h o re se n , 1964; K rum boltz, Vare-
não fornecem evidência clara da ocorrência de r e ­ n h o rst e T h o resen , 1967) e selecionar certos tipos
fo rçam en to vicário positivo. E n tretan to , os achados de alim ento (D uncker, 1938; Bam w ell, 1966), ati­
d e um ex p e rim en to (B andura, G rusec e Menlove, vidades (M adsen, 1968) ou artigos (B andura, Ross
1967b) envolvendo co m p o rtam e n to m odelado posi­ e Ross, 1963b; G elfand, 1962). A lgum as das fo rm u ­
tivam ente sancionado revelam q u e as recom pensas lações teóricas mais im p o rtan tes dos processos imi-
sociais dispensadas a u m m odelo au m en tam as res­ tativos (M iller e D o llard , 1941; S k in n e r, 1953)
postas d e im itação em com paração a um a condi­ m ostraram -se de fato quase q ue exclusivam ente in ­
ção em q u e as ações exem plificadas não pro d u zem teressadas na função discrim inativa das pistas so­
conseqüências evidentes. ciais. No ex p erim en to prototípico, as respostas do
114 MODELAÇÀO e p r o c e ss o s v ic á r io s

m odelo servem com o ocasião em q u e um o u tro o r ­ dos aos pares d o q ue q u an d o são alim entados em
ganism o virá m uito provavelm ente a ser refo rçad o situação d e isolam ento; e galinhas saciadas recom e­
p o r d esem p e n h ar respostas sem elhantes. A pós um çarão a com er ao ver o u tras aves serem alim enta­
perío d o d e exposição a refo rç am e n to diferencial, as das. É in teiram en te possível que, nessas ocasiões, as
tendências imitativas se to rn am fortem en te estabe­ pistas m odeladoras sirvam p rin cip alm en te a um a
lecidas; p o r o u tro lado, alteran d o as contingências, fu n ç ã o de orientação, co n sid eran d o que as respostas
d e m odo que respostas im itativas não sejam nunca consum aiorias das galinhas são reinstaladas e m an­
refo rçad as e as respostas nâo-im itativas recebam tidas pelo g rão p ara o qu al sua atenção foi d e novo
recom pensas consistente m ente, a im itação fica r e ­ dirigida. O fato d e c o n ter fre q ü en te m e n te o con­
du zida a um nível m uito baixo ou a zero (M iller e ju n to de estím ulos ao q u al estão os anim ais obser­
D ollard, 1941). vadores resp o n d en d o , além das pistas sociais, estí­
O s etó lo g o s fo rn e c e m e x te n sa d o c u m e n ta ç ã o m ulos liberadores e o u tro s eventos am bientais co n ­
sobre a função d e facilitação d a resposta das pistas tro lad o res d a resposta to rn a com plicada a identifi­

PS
sociais em p ássaro s, p eixes e m a m ífero s (H all, cação e a análise do fen ô m en o m im ético genuíno.
1963; T h o rp e , 1956). T ipicam ente, a visão de c e r­ Os co m p o rtam en to s dos m odelos p odem funcio­
tas respostas executadas p o r um anim al elicia um n ar não som ente com o pistas discrim inativas p ara
p ad rã o d e co m p o rtam en to sem elhante ou idêntico respostas sem elhantes, mas servir tam bém p a ra d i­

U
em o u tro s m em bros d a m esm a espécie. Esse p ro ­ rigir a atenção dos o bservadores p ara os objetos es­
cesso é g eralm ente d esignado de “facilitação social” tim u lad o res p articu lares m anipulados pelo execu­

O
ou “contágio co m p o rtam en tal”, q u an d o é p resu m i­ to r (C raw ford e Spence, 1939). C om o conseqüên­
velm ente d eterm in a d o p o r refo rçam en to discrim i­ cia, os observadores p o dem su b seq ü en tem en te uti­
nativo an terio r, e “m im etism o”, q u an d o p adrões d e lizar os mesmos objetos em m aior extensão, em bora

R
respostas incondicionadas co rresp o n d en tes são su­ não necessariam ente d e m odo imitativo. N um e x ­
postam ente eliciadas d e m odo instintivo. p e rim e n to d e m o d e laç ão (B a n d u ra , 1962), p o r
C o n fo rm e salienta H in d e (1953), a ocorrência d e
G
exem plo, o m odelo su rrav a um boneco d e plástico
co m p o rtam e n to im itativo em anim ais é com fre ­ com um m alho. C rian ças q u e haviam observ ad o
q ü ên cia a trib u íd a e rro n e a m e n te a processos d e esse ato agressivo exibiram mais ta rd e q u an tid ad e
m im etism o. Em p rim eiro lugar, o q u e parece ser sig n ific ativ am en te m a io r d e tal c o m p o rta m e n to
KS
co m p o rtam en to m im ético p o d e envolver p adrões q u an d o m artelavam um pino d e m ad eira d o q u e a
de respostas que ten h am sido d e fato estabelecidos exibida pelos sujeitos d o g ru p o d e co n tro le e pelos
p o r m eio de apren d izag em social an terio r. Mesmo que tinham observado um m odelo não-agressivo.
nos casos em q ue o co m p o rtam e n to im itativo é cla­ Os efeitos de acentuação do estímulo devem ser distin­
O

ram e n te instintivo, é fré q ü en te m e n te difícil d e te r­ guidos d a facilitação social, u m a vez q u e o co m p o r­


m in ar se as pistas sociais constituem os estím ulos ta m e n to d o o b se rv a d o r no p rim e iro caso p o d e
eliciadores críticos. “Estím ulos-sinais” (T inbergen, a p r e s e n ta r se m elh an ça p e q u e n a o u m esm o n e ­
BO

1951), ou “ lib e r a d o r e s ” ( T h o r p e , 1956), sob a n h u m a com as atividades d o modelo.


fo rm a d e exibição d e cores, seqüências d e m ovi­ £ evidente que os o bservadores n ão são igual­
m entos p rep a ra tó rio s, pistas posturais e vocaliza­ m ente afetad o s pelas ações d e o u tro s com q u em
ções específicas servem fre q ü en te m e n te com o estí­ venham a e n tra r em contato; nem são os executo­
m ulos incondicionados p a ra pad rõ es com pletos de res igualm ente in flu en tes na evocação dos tipos d e
co m p o rtam e n to instintivo em o u tro s m em bros d a co m p o rtam en to s em q u e estão em p en h ad o s. A sus-
EX

espécie. Assim , q u a n d o os estím ulos lib erad o res cetibilidade à facilitação social está am p lam en te d i­
ap ro p riad o s são exibidos p o r um m odelo d u ra n te o rigida p o r três co n ju n to s d e variáveis, discutidos
d esem p en h o de u m a d a d a atividade, as respostas lo n g am en te nas seções p re c e d e n te s e em o u tras
co rresp o n d en tes ap re sen ta d as p o r anim ais obser­ obras. Incluem elas características d o o bservador,
D

vadores podem estar prin cip alm en te sob o controle c o n tin g ê n c ia s d e r e f o rç a m e n to asso ciad as com
d e estím ulos liberadores em vez de sob o controle co m p o rtam en to im itativo na situação p articu lar e
d e p istas c o m p o rta m e n ta is d o m o d elo . T em o s, os atrib u to s d o m odelo (B an d u ra, 1968; C am pbell,
IN

com o exem plo, as penas brancas do rabo d e um 1961; Klanders, 1968).


pássaro voando p ara o alto servindo com o estím ulo Nas análises d e ap ren d izag em d a facilitação so­
e lic ia d o r d o vôo p a r a o u tro s m e m b ro s d e u m cial com o função dos atrib u to s d o m odelo (M iller e
b an d o (A rm stro n g , 1942). U m m odelo artificial, D ollard, 1941), a generalização d o estím ulo e o re ­
co n v en ientem ente provido das penas necessárias, fo rçam en to diferencial são utilizados com o os p rin ­
em b o ra imóvel, p o d e rá levar um bando d e pássaros cipais fundam entos explicativos. De conform idade
a lev an tar vôo. com essa in terp retação , os m odelos sociais d iferem
A pseudom im ese aparece tam bém evidente em na ex tensão com q ue seu co m p o rtam en to p o d e rá
casos em q u e o co m p o rtam e n to d o m odelo dirige a vir a te r sucesso na p ro d u ção d e resu ltad o s favorá­
atenção do o b servador p ara estím ulos am bientais veis. P or conseguinte, as pessoas são mais fre q ü e n ­
que, p o r sua vez, eliciam pad rõ es d e respostas in a­ te m e n te re c o m p en sa d as p o r im itar o c o m p o rta ­
tas sem elhantes. Foi d e m o n stra d o , p o r exem plo, m en to d e m odelos q u e são inteligentes, q u e pos­
q u e anim ais consom em qu an tid ad es consideravel­ suem certas com p etên cias sociais e técnicas, q u e
m en te m aiores d e alim ento q u an d o são alim enta­ d esfru ta m d e p o d e r social e que, em v irtu d e d e sua
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS 115

habilidade, ocupam posições altas em diversas hie­ surgir de novos padrões de respostas não podem
rarquias de status. Por outro lado, os comporta­ em geral ser claramente demonstrados até que te­
mentos de modelos que são inefetivos, mal infor­ nham sido utilizados durante um certo período de
mados e que alcançaram status vocacional, intelec­ tempo. Uma vez que as "inovações não obtêm fre­
tual e social baixo aparecem como possuindo valor qüentemente sucesso e seus promotores geralmente
utilitário consideravelmente menor. Como resul­ superestimam suas potencialidades, as pessoas se
tado de refòrçamento diferencial por imitação de mostram compreensivelmente apreensivas quanto a
modelos que possuem diversos atributos, as caracte­ abandonar comportamentos existentes de utilidade
rísticas identificadoras passam a servir gradual­ estabelecida por novos com portam entos envol­
mente como estímulos discriminativos, que sinali­ vendo conseqüências possivelmente superiores mas
zam as conseqüências prováveis associadas com incertas. A maior parte das pessoas portanto apre­
comportamento modelado por diferentes agentes senta relutância em modificar suas práticas costu­

PS
sociais. Além disso, através ao processo de genera­ meiras até que tenham os novos comportamentos
lização do estímulo, o efeito do prestígio de um se mostrado recompensadores para os aventurosos
modelo migra de uma área do comportamento que os adotam. Terceiro, padrões convencionais
para outra e as respostas imitativas tendem a se ge­ são usualmente fortalecidos por sistemas de crenças
neralizar para pessoas não-fami liares, na medida e códigos morais, que anunciam conseqüências de­

U
em que compartilhem de características semelhan­ sastrosas para os que abandonam as práticas so­
tes a modelos produtores de recom pensas do cialmente sancionadas. Assim, por exemplo, práti­

O
passado. cas psicoterapêuticas ineficientes e sistemas de me­
O fato de estar o comportamento social sob o dicina caseira são muito mais difíceis de remover
amplo controle de estímulos modeladores sugere quando as pessoas estão aterrorizadas pelas crenças

R
que os fenômenos sociais podem ser parcialmente de que procedimentos inovadores as afetarão pre­
regulados por meio da alteração de influências judicialmente em ocasiões e modos mal definidos
modeladoras focais. Lippitt e seus colegas (Lippitt,
Polansky e Rosen, 1952; Polansky, Lippitt e Redl,
1950) mostraram, em diversos estudos de campo,
que pessoas a quem se atribui alto poder social
G
do que quando tais crenças supersticiosas não
foram usadas para reforçar a adesão a costumes
existentes.
KS
constituem as principais fontes de comportamento Um quarto obstáculo à introdução e difusão
bem-sucedida de novos modos de comportamento
imitativo para outros membros do grupo. Esses
é criado por indivíduos em posições de autoridade
achados indicam que as atitudes e ações de grupos
que têm um interesse adquirido em preservar pres­
inteiros podem ser modificadas de modo mais rá­
tígio tradicional e estruturas de poder. Estão eles
O

pido e mais difuso por meio da mudança das nor­


aptos para se opor ativamente a quaisquer mudan­
mas de conduta modeladas pelas fontes principais
ças que possam ameaçar seu status econômico e so­
do contágio comportamental; contrariamente, as
BO

cial, particularmente se os novos programas estão


tentativas de alterar o com portamento de cada
associados com agências externas. O contracontrole
membro individualmente provariam ser excessiva­
da elite é geralmente mantido através das pressões
mente laboriosas e ineficientes.
coercitivas exercidas sobre os membros menos pri­
vilegiados, que têm o máximo a ganhar das mu­
Utilização dos Princípios da Modelação danças e estão, portanto, mais receptivos a novos
EX

na Mudança Sócio-Cultural Planejada caminhos.


As sociedades enfrentam continuamente o pro­
blema de introduzir e obter aceitação ampla de Fica assim evidente, a partir da discussão anteri­
novas práticas destinadas a melhorar a qualidade or, que, se desejarmos ^ue os programas destinados a
alterar padrões sócio-culturais venham a ser bem-
D

da vida social. Envolve essa necessidade, com fre­


qüência, a realização de mudanças em grupos rela­ sucedidos, deverão eles utilizar poderosos proce­
tivamente circunscritos, como no caso de projetos dimentos de mudança para dominar as condições
IN

específicos para o desenvolvimento de comunida­ de reforçamento desfavoráveis inicialmente asso­


des. Em outras ocasiões, entretanto, modificações ciadas com práticas que divergem das costumeiras.
mais profundas são introduzidas nas práticas eco­ As abordagens de mudanças de atitudes foram ex­
nômicas, políticas, educacionais e sociais que alcan­ tensamente utilizadas na suposição de que uma
çam a cultura inteira. modificação no sistema de crenças constitui um
pré-requisito vital para a aceitação de novos com­
A maior parte das mudanças socialmente signifi­ portamentos. Essa estratégia mostrou-se somente
cativas envolve algumas conseqüências negativas, parcialmente bem-sucedida. Uma abordagem dife­
que passam a servir inicialmente como barreiras à rente, que se concentra nas novas alternativas em
mudança. Em primeiro lugar, as pessoas são solici­ vez de nos obstáculos, promove as condições ótimas
tadas a dedicar um certo volume de seu tempo, para produzir as mudanças comportamentais dese­
energia e recursos, que poderiam de outro modo jadas. Práticas novas, que se mostram benéficas
ser usados para gratificação pessoal, para aprender para quem as emprega, tornam-se fortemente esta­
novos hábitos pessoais e maneiras de viver diferen­ belecidas e as atitudes incongruentes vêm a ser
tes. Segundo, os resultados benéficos que poderão modificadas para coincidir com o comportamento
116 MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÁRIOS

adotado ou são reconstruídas de um modo que seja cas para as pessoas menos favorecidas e, portanto,
consistente com as crenças preexistentes. desejadas por elas. Nesse caso, poucas mudanças
Entre a variedade de métodos disponíveis para serão obtidas, a não ser que as pessoas que adotam
acelerar mudanças sociais, a modelação desem ­ novos padrões sejam protegidas de maus-tratos e
penha um papel altamente influente. Se novos sejam estabelecidas condições para que as novas
padrões de respostas devem ser aprendidos, os práticas tragam alguns benefícios para todas as pes­
adotantes em potencial devem ser expostos a mode­ soas envolvidas. Pode ser isso parcialmente conse­
los competentes na exibição do comportamento de­ guido através do uso de contingências socialmente
sejado e que tenham a maior probabilidade de imi­ interdependentes, em que os resultados recompen­
tação. Uma vez que o reforçamento vicário pode sadores para uma certa pessoa sejam determinados
facilitar a modelação, os que exemplificam os pa­ tanto pelo grau com que desempenha o comporta­
drões preconizados devem ser adequadamente re­ mento desejado quanto pelo conjunto dos desem­
compensados para demonstrar aos outros os bene­ penhos individuais do grupo inteiro. Mostraremos

PS
fícios das novas práticas. Além das influências da no Cap. 4 como a inclusão do reforçamento do
modelação, novas contingências de reforçamento grupo pode afetar favoravelmente o desempenho
devem ser introduzidas no sistema social para favo­ de seus membros. Entretanto, se uma minoria or­
recer a adoção e desempenho continuados dos ganizada continuar a forçar a obediência a prádcas

U
novos padrões de com portam ento (Holmberg, antigas, então deverão ser aplicados controles aver­
1960). Os efeitos benéficos de novas práticas e habi­ sivos. Os objetivos desejados devem ser postos em
lidades geralmente não se tornam aparentes até vigor por meio da legislação social e sua desobe­

O
que tenham sido aplicados por um longo período. diência produzir conseqüências custosas. Pres-
Um agente de mudanças pode, portanto, enfrentar supõe-se, pois, que as agencias de mudanças exer­

R
o problema de levar pessoas céticas a estabelecer e çam algum grau de controle sobre os recursos re­
dar continuidade a um enfadonho processo de pu­ compensadores disponíveis para a, comunidade e so­
rificação da água por um longo período antes que bre suas lideranças, que tenham o p o d er de
possam obter qualquer evidência clara de que seu
trabalho está levando à redução de doenças infec­
ciosas. Como observou Erasmus (1961), novas prá­
G
impor sanções negativas e que tenham apoio social
suficiente para afrontar as repercussões políticas
das mudanças postas em vigor. Num esforço para
KS
ticas cu ltu ra is são mais p ro n ta m e n te aceitas tentar evitar ofender as lideranças existentes, as
quando produzem benefícios observáveis imediatos agências sociais geralmente se valem para, a imple­
e a relação causal entre o novo comportamento e mentação de mudanças desejadas da elite tradicio­
resultados convenientes possa ser facilmente verifi­ nal, a qual, infelizmente, utiliza com freqüência
cada. A questão de espetaculosidade e da imediação essas oportunidades para continuar a promover
O

dos resultados pode provavelmente explicar a pre­ seus próprios interesses.


ferência por meios agressivos sobre os menos es­ Sob condições em que os preconizadores das ino­
BO

trepitosos para forçar a mudança social. vações não tenham nem poder de recompensar
Nos casos em que a vantagem a ser obtida por nem poder de controlar, deverão eles primeiro es­
novos padrões de comportamento fica considera­ tabelecer seu valor, demonstrando em áreas que
velmente retardada, é necessário fornecer incenti­ apresentam pouca ou nenhuma resistência que as
vos imediatos subsidiários para mantê-los até que práticas preconizadas produzem resultados alta­
ocorram os benefícios a longo prazo e tomem sua mente favoráveis. Após terem assim promovido sua
EX

função reforçadora. Essas recompensas subsritutas credibilidade e potência modeladora, estarão eles
temporárias podem envolver compensação finan­ em posição mais favorável para tentar as modifica­
ceira, reconhecimento social, posições nas novas ções que conflítam com as tradições existentes e in­
hierarquias de liderança e formas apropriadas de teresses adquiridos.
D

recompensas simbólicas conferidoras de status. É


perfeitamente possível que muitos dos fracassos dos Sumário
programas de mudança cultural que são atribuídos Este capítulo trata principalmente dos processos
IN

a resistências que têm origem em crenças conflitan­ de modelação por meio dos quais novos rtiodos de
tes resultem de fato da falha em fornecer modelos comportamento são adquiridos e padrões de res­
a serem imitados e apoios de reforçamento ade­ postas existentes são extensamente modificados por
quados para as práticas novas. meio da observação do comportamento de outras
Outro fator importante que milita contra a mu­ pessoas e de suas conseqüências para elas.
dança social reside em serem as pessoas que ado­ Foi apresentada uma teoria da aprendizagem por
tam novos padrões de comportamento freqüente­ observação em termos de processos múltiplos de
mente submetidas a sanções negativas por parte de conformidade com a qual eventos estimuladores
companheiros invejosos e funcionários importantes modelados são transformados e retidos em códigos
cujos interesses podem estar sendo ameaçados. Cria de memória sob forma verbal ou de imagens. Mais
essa circunstância problemas especialmente difíceis, tarde, o restabelecimento desses mediadores repre-
quando aqueles que ocupam posições poderosas sentacionais, em conjunção com pistas ambientais
minam e bloqueiam as reformas sociais que não apropriadas, dirigem a reprodução comportamen-
promovem seus próprios interesses mas são benéfi­ lal tias respostas imítativas. O desempenho das res­
MODELAÇÃO E PROCESSOS VICÃRIOS 117

postas aprendidas de modo observacional está am­ envolva a extinção vicária de reações de ativação
plamente regulado por resultados reforçadores que para. baixo do nível de ativação das respostas de es­
podem ser externamente aplicados, auto-adminis- quiva, permitindo assim às pessoas desempenhar
trados ou vicariamente experienciados. Uma vez comportamentos de aproximação. O fato de a eli­
que fenômenos de modelação são controlados por minação do potencial de ativação dos estímulos
diversos subprocessos inter-relacionados, a ausência ameaçadores por meio de um procedimento de ex­
de efeitos modeladores em cada caso determinado tinção em termos de não-resposta reduzir subse­
pode resultar de falhas no registro sensorial devido qüentemente o comportamento de esquiva fornece
a atenção inadequada a pistas sociais relevantes, apoio adicional para uma teoria da aprendizagem
codificação simbólica deficiente de eventos mode­ de processo duplo, em que efeitos classicamente
lados em mediadores funcionais de comportamento condicionados dirigem parcialm ente respostas
manifesto, decréscimo na retenção, deficiências aprendidas instrumental mente.

PS
motoras ou condições desfavoráveis de reforça- A exposição a eventos modelados pode também
mento. fortalecer ou enfraquecer as inibições dos observa­
dores com relação a padrões de comportamentos
Processos de modelação foram amplamente utili­
zados com considerável sucesso, para inúmeros existentes. A ocorrência desses efeitos inibitórios ou
desinibitórios é principalmente determinada por

U
propósitos, especialmente para o desenvolvimento
de modos de comportamento conceituai e interpes­ conseqüências reais ou inferidas para as respostas
soal. Nessa abordagem, agentes da mudança mode­ do modelo. O refonçamento positivo das ações dos

O
lam os comportamentos em questão e organizam as modelos geralmente facilita comportamento seme­
condições ótimas para que os observadores possam lhante nos observadores, caso seja ele apropriado a
aprender a praticar as atividades até que sejam de­ seus papéis e status sociais; entretanto, a observação

R
sempenhadas de modo habilidoso e espontâneo. de conseqüências punitivas para os modelos tende a
Além da utilização dos princípios de modelação inibir responsividade semelhante nos outros. Esses
para o estabelecimento de competências sociais e
cognitivas, a responsibidade emocional pode ser
condicionada e extinta em base vicária. No caso de
G
efeitos de reforçamento vicário podem constituir o
resultado da informação transmitida pelas conse­
qüências sofridas pelo modelo quanto ao que cons­
titui ações permitidas ou punidas em determinadas
KS
condicionamento afetivo vicário, a exposição a res­
postas emocionais de um modelo ativa nos obser­ situações, de aumentos na motivação por observa­
vadores respostas emocionais que se tomam condi­ ção de outros recebendo incentivos desejados, de
cionadas, através da associação contígua, a deter­ mudanças no status do modelo produzidas por rea­
minadas pistas presentes na situação. Entretanto, o ções sociais depreciativas ou elogiosas e da aquisi­
O

ção ou extinção vicária de respostas emocionais


grau da responsividade vicária depende parcial­
mente de um processo de auto-estimulação inter­ através da exposição às expressões afetivas de mo­
mediário, envolvendo representação simbólica de delos quando submetidos a experiências recompen­
BO

conseqüências semelhantes ocorrendo para o pró­ sadoras ou punitivas.


prio observador na mesma situação. Expressões O comportamento de modelos funciona com fre­
afetivas de um modelo têm maior probabilidade de qüência simplesmente como estímulos discriminati­
eliciar auto-ativação intensa em observadores sob vos ao facilitar a expressão, por parte de outras
condições em que os participantes tenham vivido pessoas, de comportamentos semelhantes, que em
geral não são submetidos a sanções negativas e por­
EX

experiências agradáveis ou desagradáveis seme­


lhantes. tanto não envolvem mecanismos inibitórios. Mode­
los sociais diferem consideravelmente na amplitude
A extinção vicária do comportamento emocional com que seu comportamento tem a probabilidade
é obtida por meio da exposição de um observador de ser bem-sucedido na produção de resultados fa­
D

a eventos modelados, em que as respostas de apro­ voráveis. Como resultado de reforçamento diferen­
ximação de um modelo com relação a objetos temi­ cial repetido para a imitação de modelos que dife­
dos não produzam efeitos desfavoráveis ou possam rem quam o a inteligência, idade, status sócio-
IN

levar a conseqüências positivas. Estudos sobre ex­ econômico, competências sociais e vocacionais,
tinção vicária revelam que esse procedimento, par­ prestígio e poder, os atributos do modelo que signi­
ticularmente quando combinado com participação ficam conseqüências prováveis para o comporta­
dirigida, não só produz reduções duradouras e ge­ mento exemplificado determinam em grande parte
neralizadas em persistentes comportamentos de es­ que modelos terão os maiores efeitos de facilitação
quiva, mas também induz a mudanças de atitude de da resposta. Pelo fato de esLar o comportamento
longa duração e diminuição do medo com relação a social sob controle amplo de estímulos de modela­
objetos que não foram nunca especificamente in­ ção, as atitudes e ações de grupos podem ser modi­
cluídos no programa de tratamento. Supõe-se que ficadas por meio da alteração das normas de con­
um fator importante nos procedimentos de mode­ duta modeladas pelas principais fontes de contágio
lação que acelera as mudanças com por tamen tais comportamen tal.
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PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
4
Controle Positivo
Na modificação de condições psicológicas que re­ tamento. Um evento reforçador é aquele que reduz

PS
fletem primariamente déficits comportamentais, o um impulso satisfazendo ou removendo a necessi­
desenvolvim ento de repertórios complexos de dade. Uma forma mais compreensiva deste ponto
comportamento e o fortalecimento das respostas de vista da redução dos impulsos foi aventada por
existentes constituem objetivos importantes. Além Miller e Dollard (1941), que enfatizaram as pro­
do mais, depois que o comportamento estiver bem priedades ativadoras de estímulos fortes ao invés

U
estabelecido, é necessário criar condições apropria­ das necessidades. De acordo com a sua teoria da
das para mantê-lo num nível satisfatório. Os proce­ redução do estímulo, qualquer estimulação, seja ou

O
dimentos de reforçamento são os mais adequados não baseada numa necessidade, pode se tornar um
para estes propósitos. impulso se for suficientemente intensa; a redução
Foi amplamente demonstrado que o comporta­ da estimulação aversiva possui efeitos reforçadores.

R
mento é controlado pelas suas conseqüências, em Existe um considerável corpo de evidência de
grande extensão. Quaisquer tentativas, portanto, que as operações indutoras de impulsos aumen­
para produzir mudanças permanentes na reativi-
dade devem alterar a incidência e, muitas vezes, a
natureza dos resultados reforçadores que são habi­
tualmente produzidos por dados modos de res­
G
tam grandemente a potência dos estímulos refor­
çadores e que a atenuação ou o término da estimu­
lação aversiva pode ter fortes efeitos reforçadores
KS
sobre o comportamento. A concepção homeostática
posta. Existem duas classes amplas de conseqüên­ do reforçamento recebe mais apoio ainda de estu­
cias — eventos recompensadores e punitivos — que dos que demonstram que procedimentos destina­
servem como determinantes importantes do com­ dos a alterar diretamente os estados fisiológicos,
portamento. O presente capítulo se preocupa prin­ excluindo o reforçamento secundário derivado da
O

cipalmente cora o estabelecimento e com a manu­ estimulação sensorial e das respostas consumató-
tenção de padrões de resposta por meio da aplica­ rias, podem funcionar como reforçadores eficientes
ção sistemática do reforçamento positivo.
BO

do comportamento manifesto. Animais privados de


alimentação, por exemplo, aprendem a dar respos­
Interpretações Teóricas dos Processos de tas que resultam na colocação direta de substâncias
Reforçamento nutritivas nos seus estômagos (Miller e Kessen,
Quando uma dada resposta é seguida por unia 1952) ou na injeção endovenosa de glicose (Cham-
conseqüência positivamente reforçadora, a probabi­ bers, 1956; Coppock e Chambers, 1954) de forma
EX

lidade de que a resposta seja repetida em ocasiões contingente das respostas corretas. De forma simi­
subseqüentes aumenta. Embora haja poucas dispu­ lar, injeções endovenosas de insulina, que produ­
tas a respeito da validade do princípio empírico do zem um rápido decréscimo no nível do açúcar do
reforçamento, numerosas explicações alternativas sangue, têm efeito punitivo sobre o comportamento
foram propostas para o modo pelo qual o reforça­ (Coppock, Headlee e Hood, 1953).
D

mento produz os seus efeitos (Hilgard e Bower, O pressuposto de que o reforçamento requer a
1966; Kimble, 1961). As várias abordagens teóricas redução dos impulsos foi inicialmente questionado
IN

diferem à medida que consideram os estados pul- por experimentos que demonstraram que a saca­
sionais, os eventos estimuladores ou as proprieda­ rina não nutritiva reforça o comportamento (Shef-
des das respostas como sendo os fatores críticos que field e Roby, 1950). Similarmente, a cópula sem
governam os processos de reforçamento. ejaculação, que não produz redução de tensão
HIPÓTESE DA REDUÇÃO DOS IMPULSOS (Sheffield, Wulff e Backer, 1951; Whalen, 1961),
poderia servir como uma recompensa eficaz. Con­
Uma teoria do reforçam ento influente (Hull, tudo, as conclusões derivadas destes achados
1943) admite que os efeitos das conseqüências re­ quanto à validade da teoria do reforçamento ba­
forçadoras são produzidos pela redução das neces­ seado na redução dos impulsos foram contestadas
sidades. Ao interpretar o processo do reforçamento por Miller (1963) na base de evidência de que dar
primário, admite-se que a privação ou a estimula­ sacarina a animais com fome de fato reduz o seu
ção dolorosa produzem uma necessidade fisiológica consumo subseqüente de alimentos, e com base no
que dá origem a um impulso que ativa o compor­ pressuposto de que o sexo não pode envolver um
129
130 CONTROLE POSITIVO

impulso unitário que só pode ser reduzido pela eja­ suais e auditivos revelaram que estímulos novos e
culação. Ao responder a críiicas da teoria da redu­ complexos funcionam como reforçadores mais efi­
ção dos impulsos baseadas no fáio de que as pes­ cazes do que eventos estimuladores simples e fami­
soas muitas vezes se engajam em comportamentos liares. Os dados também indicam que, como é o
que produzem uma estimulação mais imensa, caso com incentivos biologicamente relacionados, a
Brown (1955) assinalou que o impulso uão pode ser potência dos reforçadores sensoriais é aumentada
definido apenas em termos da imensidade da esti­ pela privação de experiências sensoriais e é dimi­
mulação. A razão para isto é que os estímulos fortes nuída pelas operações de saciação de estímulos.
podem ]>erder a sua função de ativação se apresen­ A existência do reforçamento sensorial foi de­
tados com valores que aumentam gradativameute, monstrada de forma convincente, mas a natureza
se tiverem sido associados com experiências recom­ dos mecanismos que provocam o fenômeno não foi
pensadoras, ou se se lornain discriminativos para ainda esclarecida. Berlyne (1900) e Harlow (1953)
uma reatividade menos ativa. DesLa forma, Brown

PS
postularam impulsos de curiosidade, manipulativos
argumenta coerentemente que a definição de vim e exploratórios que presumivelmente são elictados
estímulo impulsivo deve incluir, além da sua imen­ por estímulos externos novos e reduzidos pela ex­
sidade, ouLros critérios como a quantidade e tipo da posição contínua a tal estimulação. No experimento
ex]>eriência anterior com o estímulo, e a maneira e que serve de protótipo, os animais colocados numa

U
o contexto em que c apresentado. caixa herm eticam ente fechada à luz e ao som
Deve ser assinalado de passagem que, embora re­ aprendem a desempenhar respostas discriminativas
sultados de experimentos que envolvem a alimen­

O
que abrem uma porta, permitindo-lhes ver o am­
tação por meio de fístulas e injeção de substâncias biente externo |x>r alguns minutos, ou a pressionar
nmriiivas demonstrem que a redução de uma ne­ alavancas para uma estimulação auditiva. A princi­

R
cessidade fisiológica pode ser suficiente para refor­ pal dificuldade para explicar o comportamento dos
çar uma resposta instrumental, lais estudos não es­ animais em termos de um impulso de curiosidade
tabelecem, necessariamente, as bases fisiológicas do
reforçamento. Qualquer explicação fisiológica desse
lipo pode ser levada até o ponto em que os efeitos
reforçadores são interpretados em termos de alte­
G
eliciado externamente é que os animais uão são ex­
postos aos estímulos novos antes que as respostas,
das quais se presumem que os estímulos sejam a
causa, foram executadas com êxito. Como assinala
KS
rações intracelulares. Embora relações estabelecidas Brown (1953): "Se a exploração visual fornecesse o
a nível molecular possam ter um considerável signi­ único motivo significativo, então os macacos devem
ficado teórico quanto aos mecanismos básicos do ter sido não tnoitvados alé que a janela se abrisse depois
reforçamento, o conhecimento deste tipo é de utili­ de nma resposta correta. Mas os macacos pareciam
dade limitada na elaboração de programas incenti-
O

motivados. Poder-se-ia concluir, portanto, que a


vadores, sendo extremamente improvável que, tia motivação eficaz foi despertada antes que os ma­
prática social, iremos alterar diretamente eventos cacos pudessem ver, não como uma conseqüência
BO

neurofisiológicos para influenciar a reatividade. do falo de ver [pág. 54].” As experiências visuais e
auditivas que ocorrem mais distalmente podem
HIPÓTESE DA ESTIMULAÇÃO SENSORIAL servir como eventos reforçadores, mas é evidente
Embora alguns eleitos reforçadores possam ser que as respostas instrumentais devem ser aüvadas
governados por estados impulsivos viscerais, exis- por estímulos antecedentes.
lem limitas condições de reforçamento que não pa­ lanio Mifler (Myers e Miller, 1954) como Mow-
EX

recem envolver a redução de necessidades fisiológi­ rer (1900) reituerprelaram os efeitos do reforça-
cas ou a remoção de estímulos aversivos, a não ser inento sensorial em termos da redução de um im­
que se passe a aceitar uma pletora de impulsos sen- pulso aversivo. Admitem que a monotonia produz
soriais e de atividade. Os animais aprendem a de­ o tédio, que possui propriedades aversivas, e que o
D

sempenhar respostas que produzem estimulação vi­ confinamento severo e a redução drástica do con­
sual ou auditiva, ou oportunidades para se engajai tato sensorial com o ambiente podem gerar uma
em atividades manipulativas e exploratórias (Bar-
IN

apreensão considerável. Miller e Mowrer argumen­


nes e Baron, I9(>1; Buller, 1958a; kish, 19<)<>; Mi- tam, portanto, que se mudanças na estimulação
les, 195K). l'm cerio número de estudos, realizados sensorial aliviam o tédio e reduzem a ansiedade,
principalmente com bebês (Rheingold, Slanle\ e então o comportamento é reforçado pela retroali­
l)oyle, 1904) e crianças (Odom, 1964; Stevenson e mentação sensorial de modo consisLente com a teo­
Odom, 1904), também mostraram que a retroali­ ria da redução dos impulsos. Não encontraríamos
mentação visual e auditiva pode ser eficaz na modi­ problemas em testar a eficácia dos reforçadores
ficação e manutenção do comportamento. Estes sensoriais sob condições que não despertam a an­
achados parecem indicar que muitos comporta- siedade, mas é extremamente difícil manter um
menios humanos — particularmente as respostas nível baixo ou não variado de insumo sensorial, o
de aproximação, de observação e manipulativas — qual em grande pane determina o valor de incen­
são reforçados ]>ela retroalimentação sensorial que tivo de estímulos visuais e auditivos específicos, sem
é automaticamente produzida. produzir um tédio concomitante. O problema de
Investigações dos fatores que podem contribuir determinar se os efeitos de reforçamento sensorial
para as propriedades reforçadoras dos eventos vi­ são atribuíveis á eliminação do tédio ou a proprie­
CONTROLE POSITIVO 131

dades recompensadoras inerentes aos estímulos alimentação, dinheiro, sensações novas, atenção e
novos é ainda mais complicado pelo fato de que a aprovação social, estimulação intracraniana etc.) e
maioria das atividades exploratórias produzem sua eficácia sob várias condições de privação.
uma rápida saciação. Baseando-se nos resultados de uma série enge­
Algu us investigadores (Fox, 1962; Isaac, 1962;nhosa de experimentos, Premack (1965) apresen­
Leuba, 1955) ofereceram unia explicação neurofi- tou uma explicação do reforçamento que enfatiza a
resposta reforçadora ao invés do estímulo reforçador.
siológica tio reforça mento sensorial que é sitnilar,
em certos aspectos, à operação dos impulsos ho- Nestas investigações, os valores de reforçamento de
meosiáiicos. Baseados na evidência de que a pro­ atividades diferentes são estimados a partir do
longada privação de insumos sensoriais resulta tempo pelo qual os sujeitos se engajam de forma
numa disfunção psicológica, admite-se que, para espontânea em determ inados com portam entos
que haja um funcionamento «fisiológico normal, o quando não existem restrições de tempo ou res­
posta. Se a oportunidade para se engajar na ativi­

PS
organismo deve manter um nível ótimo de estimu­
lação sensorial. Portanto, os sujeitos desempenha­ dade mais recompensadora for tornada condicional
rão respostas instrumentais para aumentar o in- ao desem penho prévio de com portam entos de
sumo sensorial se houver um déficit, e inversa­ baixa probabilidade, então estas últimas respostas
mente, trabalharão para reduzir a estimulação sen­ aumentam de freqüência. Baseado nestes achados,

U
sorial se ela excede o nível ótimo. Premack propôs o seguinte princípio de reforça­
mento: para cada par de atividades, a mais prová­
É difícil de explicar, com base num impulso para
vel reforçará a menos provável.

O
quantidades ótimas de estimulação sensorial, por
que animais confinados numa caixa insípida, à Dados obtidos por Premack indicam que, sob
prova de luz e som, irão trabalhar incessantemente condições apropriadas, praticamente qualquer ati­

R
para certas visões e sons mas não desempenham vidade pode funcionar como um reforçador eficaz.
respostas que são insLrumentais para produzir es­ Desta forma, animais que preferem correr ao invés
tímulos com valências negativas nas mesmas moda­
lidades sensoriais. Desta forma, macacos desempe­
nham respostas para ter a oportunidade de ver ou­
G
de comer desempenharão respostas consumatórias
para libertar uma roda de'atividades que lhes per­
mita correr, ao passo que sujeitos que preferem
tros macacos, películas cinematográficas e trens elé­
comer e não correr se engajarão num comporta­
KS
tricos, e para ouvir os sons de uma colônia de ma­ mento de corfida para ter acesso ao alimento. Além
cacos no ambiente externo, ao passo que a visão ou do mais, pela manipulação das condições de priva­
os sons emitidos por um cachorro ou vocalizações ção, a relação de reforçamento entre atividades
aflitivas rapidamente suprimem suas tendências pode ser facilmente invertida, com o resultado de
O

exploratórias (Bluter, 1954; 1958b). Os achados que eventos reforçadores são convertidos em even­
claramente indicam que o conteúdo e não a quanti­ tos passíveis de reforço. Para continuar com o
dade de insumo sensorial pode ser o fator crítico exemplo acima, comer reforçará o comportamento
BO

que determina a incidência das respostas explora­ de correr etn animais privados de comida, mas de­
tórias. Estudos nos quais tanto a quantidade da es­
pois que eles forem alimentados e a sua mobilidade
timulação sensorial e a valência condicionada de es­
tiver sido restrita, comer pode servir como a ativi­
tímulos visuais e auditivos são manipulados sistema­
dade instrumental que é reforçada pelas oportuni­
ticamente ofereceriam uma base para deierminar dades para correr. A reversibilidade é aparente­
se os efeitos do reforçamento sensorial são melhormente um fenômeno geral que se estende até a
EX

interpretados em termos de princípios da estimula­auto-estimulação intracraniana, que pode servir


ção ótima, reforçam ento secundário, ou o seu como um reforçador extremamente poderoso de
efeito interativo. respostas instrumentais. Quando a probabilidade
A existência de impulsos sensoriais manipulati-de beber, por exemplo, é maior do que a estimula­
D

vos e exploratórios é geralmente interida dos pa­ ção cerebral, o beber reforça a auto-estimulação in­
drões de resposta, ao invés de ser definida em termos
tracraniana (ICS), e inversamente, nos animais para
das condições antecedenLes para a produção do os quais o ICS é mais recompensador que beber,
IN

impulso específico. A não ser que impulsos e res­ tornar o ICS condicional ao beber produz um au­
postas sejam diferenciados operacionalmente, não mento no comportamento de beber (Holstein e
existem limites para a proliferação dos estados pul-
Hundt, 1965). Se novas pesquisas demonstrarem
sionais que podem ser mais economicamente expli­ que a estimulação elétrica do sistema límbico, que
cados em termos de disposições de resposta. Se não se admite ser inerentemente reforçador, for ela
forem empregados critérios independentes, novos mesma reforçável por eventos de respostas contin­
impulsos ou motivos podem ser invocados para gentes, podemos então questionar a existência de
cada evento reforçador ou comportamento preva- uin centro cerebral integrado que governa todo o
lente. reforçamento. Como Premack assinala, teríamos
que localizar outra região de reforçamento central
HIPÓTESE DA RESPOSTA PREPOTENTE nos casos em que a estimulação intracraniana é
Ao descrever as propriedades essenciais dos aumentada pelo seu valor instrumental em produ­
eventos reforçadores, geralmente se enfatiza a na­ zir eventos de resposta mais altamente preferidos.
tureza dos estímulos reforçadores (por exemplo, Também não é claro como explicações em termos
132 C O M ROLE POSITIVO

de focos de reforçamento central podem elucidar a zida pelas ações de uni sujeito que desempenha um
reversão das funções instrumentais e recompensa­ papel.
doras de uma dada atividade. Na realidade, a evi­ Esta breve descrição torna evidente que even­
dência experimental demonstra convincentemente tos consideravelmente diferentes, que aparentemen­
que o reforçamento é uma propriedade relacional e te não possuem propriedades em comum, podem
não absoluta da atividade. Um evento resposta par­ todos servir uma função reforçadora. Uma teoria
ticular não terá nenhuma potência reforçadora em do reforçamento que imegra adequadamente estas
relação à atividade mais altam ente preferida, conseqüências heterogêneas num sistema unificado
porém funcionará como um reforçador positivo ainda não foi formulada. Considerando que a po­
eficaz quando emparelhado com resposta de menor tência reforçadora de um dado evento é determi­
valor. nada felacionalmenie, uma teoria compreensiva do
reforçamento não pode se basear em propriedades
Quando os eventos reforçadores são definidos
inerentes ao próprio evento. Os achados experi­

PS
em termos de seus efeitos — como estímulos que
mentais indicam, contudo, que se pode utilizar uma
aumentam a probabilidade das respostas preceden­
amplitude maior de reforçadores do que os geral­
tes — o princípio empírico do reforçamento torna- mente empregados em program as de mudança
se alvo da crítica da circularidade. Revidando,
comportamental.
Meehl (1950) argumenta que esta crítica ignora o

U
fato de que os reforçadores são transituacionais,
isto é, um estímulo que foi eficaz para reforçar uma
FUNÇÃO DE INCENTIVO DOS REFORÇADORES

O
resposta pode ser usado preditivãmente para refor­ Até aqui, a discussão se preocupou prim aria­
çar outros tipos de resposta. Os achados discutidos mente com os efeitos de aumento do desempenho
acima, porém, indicam que o pressuposto da transi- de vários eventos contingentes, quer fossem re­

R
tuacionalidade só é válido sob certas condições limi­ dutores de impulsos, sensoriais ou sob a forma de
tadoras porque a maioria dos estímulos não pos­ atividades prepotentes. Duas explicações diferentes
sui um a p o tên cia re fo rç a d o ra g en eralizad a.
Premack resolve o problema da circularidade de­
finindo o poder reforçador de conseqüências dife­
rentes, independentemente das mudanças de res­
G
foram propostas quanto à forma pela qual as con­
seqüências reforçadoras afetam o comportamento.
Algumas teorias do reforçamento pressupõem que
os resultados positivos das respostas têm um efeito
KS
posta. fortalecedor direto sobre as associações de estímu­
los e respostas, e que, por conseguinte, a aprendi­
É altamente duvidoso se os efeitos reforçadores zagem ocorre apenas como conseqüência do refor­
de respostas prepotentes podem ser interpretados çamento. A teoria da contiguidade, por outro lado,
O

como processos de redução dos impulsos ou meca­ distingue entre aquisição e desempenho. A apren­
nismos de respostas sensoriais. Não houve virtual­ dizagem, de acordo com este ponto de vista, pode
mente nenhuma especulação ou pesquisa relativa ocorrer mediante a associação contígua de eventos
BO

aos aspectos específicos da prepotência que podem estimuladores e processos cognitivos acompanhan­
contribuir para o seu potencial reforçador e, por­ tes na ausência de recompensas e punições imedia­
tanto, os processos associados permanecem obscu­ tas. Para fazer um teste da aprendizagem por con-
ros. Embora o princípio da resposta prepotente tigüidade foram empregados paradigmas experi­
possa abranger uma grande amplitude de condições mentais nos quais a reatividade manifesta ou o re­
que funcionam como reforçadores efetivos, não forçamento, ambos necessários para o fortaleci­
EX

pode explicar a eficácia de conseqüências que não mento associativo, são eliminados. Os resultados
envolvem desempenho de respostas. Assim, nos gerais destas investigações oferecem um apoio subs­
casos em que o comportamento é fortalecido ou tancial para o princípio da contigüidade. Nos estu­
pela introjeção direta de substâncias nutritivas no dos de precondiconamento sensorial, por exemplo,
D

estômago ou na corrente sangüínea, ou por conse­ se um de dois estímulos neutros que foram repeti­
qüências mais convencionais como elogio, atenção dam ente emparelhados é então condicionado a
positiva, recompensas monetárias ou vários tipos de uma resposta, o segundo estímulo também se torna
IN

retroalimentação sensorial, parece difícil aplicar o capaz de evocar a resposta sem nenhuma associação
princípio da resposta prepotente. Mesmo quando direta reforçada (Seidel, 1959). Muitos experimen­
pares de respostas são organizados numa relação tos, utilizando procedimentos cirúrgicos e de cu­
contingente, a especificação correta do evento re­ rare para evitar respostas motoras durante a aquisi­
forçador é complicada pelo fato de que mudanças ção ou extinção, consistentem ente obtiveram
na estimulação sensorial que acompanham o com­ aprendizagens na ausência de uma reatividade ma­
portamento ao invés da própria atividade podem nifesta. Semelhantemente, inúmeros estudos de
ser primariamente responsáveis pelos efeitos refor­ modelação mostraram que novos padrões de res­
çadores. A contribuição relativa das conseqüências posta podem ser adquiridos pela observação, sem
sensoriais do comportamento para o efeito refor­ que os observadores se engajem em qualquer ativi­
çador total pode ser avaliada por paradigmas vicá­ dade manifesta ou recebam qualquer estimulação
rios nos quais as respostas de um observador empa­ reforçadora.
relhado podem ser mantidas pelo testemunho das Embora a aquisição de respostas seja, em grande
m udanças na estimulação visual e auditiva produ- parte, dependente da contigüidade do estímulo, as
CONTROLE POSITIVO 133

variáveis cie reforçamento são consideradas como se devem ser otimamente eficazes. Em terceiro lu­
seiulo altamente influentes na regulação do de­ gar, um procedimento fidedigno para eliciar ou in­
sempenho. Contudo, uesia iuierprelação mais cog­ duzir os desejados padrões tle resposta é essencial;
nitiva tios processos tle mudança comporlanieniais, caso contrário, se ocorrem raramente ou nunca,
admite-se que os reforçadores afetam o desem­ existirão poucas oportunidades para influenciá-los
penho principalmente por meio de suas funções in­ por meio tio reforçamento contingente.
formativas e tle incentivo. Conseqüências reforça­
doras veiculam informação sobre o tipo ile compor­ SISTEMA DE INCENTIVOS
tamento exigido em dada situação. A antecipação Geralmente se aceita que a motivação é crucial
tias recompensas desejadas pelo desempenho dos para a mudança coniportaniental. Na maioria das
comportamentos exigidos pode aumentar e manter teorias tia personalidade, a motivação é conceituali-
a reaúvidade apropriatla mesmo que a apresenta­ zatla como sistemas energéticos d u arad o u ro s
ção dos reforçadores ganhos possa ser adiada du­ dentro do organismo, rotulados de forma diversa

PS
rante um tempo considerável. Na realidade, na como necessidades, impulsos ou motivos que impe­
maioria tios casos, as pessoas são motivadas por e lem e mantêm a reatividade. Quando a motivação é
trabalham para recompensas antecipadas ao invés tratada como se fosse uma entidade interna persis­
tle resultados reforçadores imediatos. tente, este tipo de orientação não apenas impede o

U
A ocorrência contígua de evenios estimuladores desenvolvimento tle programas eficientes de modi­
não assegura que eles serão necessariamente obser­ ficação, mas também cria um pessimismo quanto à
vados. Recompensas antecipadas podem influen­

O
possibilidade de tratar pessoas que presumivel­
ciar, em certa extensão, aquilo a que as pessoas mente carecem da motivação exigida. Oferece tam­
prestarão atenção. Desta forma, despertando, foca­ bém uma razão conveniente para os fracassos que

R
lizando e mantendo a atenção para eventos estimu­ resultam primariamente do uso de métodos fracos
ladores relevantes, o que é necessário para a tle controle comportamental.
aprendizagem, os reforçadores podem servir como
determinantes indiretos da aquisição de respostas. A
principal controvérsia entre as teorias de aprendi­
zagem relaciona-se, portanto, com a maneira pela
G
As teorias de incentivo da motivação pressupõem
que o comportamento é, em grande parte, ativado
pela antecipação de conseqüências reforçadoras.
Deste ponto de vista, a motivação pode ser regu­
KS
qual o reforçamento afeta a aprendizagem, ao invés lada pela formação de condições de incentivo e
de se o reforçamento desempenha um papel no pelos meios de saciação, privação e operações de
processo de aquisição. condicionamento que afetam a eficácia relativa dos
O pressuposto básico de que o reforçamento é vários reforçadores em qualquer momento deter­
um pré-requisito para a aprendizagem é difícil de ser
O

minado. Assim, por exemplo, ao produzir esforços


refutado empiricamente. Demonstrações da aprendi­
intelectuais em crianças que mostram pouco inte­
zagem por meio da contigüidade sozinha são mui­ resse por atividades acadêmicas, deveríamos orga­
BO

tas vezes afastadas invocando-se fontes de reforça­ nizar condições favoráveis de reforçamento com re­
mento obscuras ou não detectadas que presumi­ lação ao comportamento de realização, ao invés de
velmente operam na situação. Uma interpretação
tentar criar de forma mal definida um motivo de
puramente cognitiva dos efeitos de reforçamento é, realização, cuja presença é tipicamente inferida dos
contudo, desafiada pelos resultados dos experimen­ comportamentos que presumivelmente ativa.
tos com sujeitos infra-humanos, nos quais substân­
Dado que o desempenho é em grande parte de­
EX

cias nutritivas reforçadoras são introduzidas dire­


terminado pelas condições dê reforçamento, o de­
tamente no estômago ou por via endovenosa. Nes­ senvolvimento e a seleção de um sistema eficaz de
tes casos, os reforçadores não são observáveis e,
incentivos é de importância central. O papel in­
conseqüentemente, os seus efeitos de aumento de fluente das variáveis de reforçamento na mudança
respostas não podem ser atribuídos a fatores de in­
D

comportamental é ilustrado pelos resultados de ex­


formação ou incentivo. A evidência geral parece perimentos que comparam a reatividade com ou
indicar que os reforçadores podem ter tanto efeitos
sem reforçamento contingente. Como parte de um
IN

de fortalecimento associativo como efeitos de au­ programa de pesquisa a respeito da leitura, por
mento do desempenho. exemplo, Staats e seus colegas (Staats, Staats,
Componentes Essenciais das Práticas de Schutz e Wolf, 1962) apresentaram a crianças prè-
escolares um material program ado destinado a
Reforçamento ensinar-lhes a ler as palavras individualmente e de­
Existem três aspectos essenciais na aplicação pois combinadas em sentenças curtas. Quando as
bem-sucedida dos procedimentos de reforçamento. crianças foram elogiadas pelas respostas corretas
Em primeiro lugar, deve-se selecionar reforçadores mas não lhes foi oferecida nenhuma recompensa
que sejam suficientemente poderosos e duradouros extrínseca, elas trabalharam nas tarefas de leitura
para manter a reaúvidade durante longos períodos, durante 15 a 20 minutos, depois ficaram entedia­
enquanto padrões complexos de comportamento das e inquietas, e pediram para ir embora. Depois
estão sendo estabelecidos e fortalecidos. Em se­ que elas já não queriam mais ficar na situação, re­
gundo lugar, os eventos reforçadores devem ser compensas tangíveis, consistindo de balas, adornos
tornados contingentes do comportamento desejado e fichas que podiam ser trocadas por brinquedos
134 CONTROLE POSIIIVO

atraentes, (oram introduzidas. Sob a influência dos verbais, os reforçadores sociais habituais não são
reforçadores positivos, contingentes das realizações eficazes para modificar o seu comportamento, e as
em leiuira, a "atenção limitada” (.las crianças repen­ atividades escolhidas muitas vezes carecem de um
tinamente aumentou, e elas não só ilabalharam valor de recompensa adquirido para tais pessoas.
com entusiasmo nas tarefas de leiuira diiranie 13 \estes casos, os agentes de mudança se vêem for­
inimnos como também participaram ativamente de çados a se apoiar, inicialmente, em reforçadores
sessões adicionais. primários, geralmente na forma de comida. Para
L'in segundo grupo cie crianças de quatro anos aumeiitar os efeitos do tratamento, as sessões de
originalmente desempenhou a tareia de leitura sob condicionamento geralmente são conduzidas antes
condições cie reforçamento durante duas sessões, ou durante o horário das refeições, ocasiões em que
sendo depois retiradas as recompensas até que as as recompensas alimentares são mais eficazes na
crianças deixassem de participar, moiueiuo em que manutenção de um alto nível de reatividade (Lo-
os incentivos extrínsecos foram novamenLe reinsta­ vaas, Berberich, Perloff e Schaeffer, 1966).

PS
lados. Durante as sessões iniciais de reforçamento, Embora as recompensas alimentares j>ossam ser
as crianças prestavam atenção ao material de leitura utilizadas com eficácia durante períodos curtos, não
e trabalhavam ativamente para adquirir novas res­ é possível apoiar-se nelas, exclusivamente, em pro­
postas de leitura. Quando os reforçadores foram gramas de modificação. As preferências por ali­

U
retirados, porém, a atenção, participação e realiza­ mentos muitas ve/.es variam consideravelmente
ções de leitura das crianças se deterioraram rapi­ entre os indivíduos e até na mesma pessoa de
damente. Staats (1965) dem onstrou ainda que, tempo em tempo. Mais importante, porém, o valor

O
dado um sistema de incentivo apropriado, até de incentivo da comida depende grandemente do
crianças imiiio pequenas se engajarão em aüvida- nível de privação de alimentos num dado mo­

R
des de aprendi/agem complexas, maniendo-se in- mento; conseqüentemente, a comida rapidamente
leressadas durante uma longa série de sessões. perde o seu valor reforçador pela saciaçào. Como
os programas de mudança exigem sessões freqüen­
As mudanças acentuadas na reaLividade positiva
ocorridas nos estudos acima citados ilustram como
a baixa persistência em tarefas acadêmicas resul­
tante de incentivos inadequados é muitas vezes er-
G
tes e às vezes demoradas, é necessário utilizar os
eventos reforçadores que possuem um valor de in­
centivo mais permanente.
KS
roneameuLe atribuída a déficits básicos cia criança, Para indivíduos que apresentam grandes defi­
na forma de dificuldade de concentração da aten­ ciências nos reforçadores condicionados, e que por­
ção ou baixo limiar de resistência à frustração. tanto só reagem a conseqüências físicas primitivas,
Levin e Simmons (1902) também descobriram que um objetivo inicial importante do Lratametilo é
a baixa persistência em meninos hiperagressivos, dotar estímulos sociais e simbólicos de proprieda­
O

que geralmente é interpretada na teoria clinica des reforçadoras. O desenvolvimento de reforçado­


(Redl e VVineman, 1951) como refletindo elevada res sociais é especialmente crítico, uma vez que o
BO

impulsividade, fraco controle do ego e uma incapa­ comportamento humano é freqüentemente fortale­
cidade generalizada de tolerância cla frustração, cido, mantido e modificado por elogio, aprovação,
pode de fato ser devida a um reforçamento positivo encorajamento, atenção positiva e afeição.
inadequado. Quando os meninos apenas eratn elo­ Geralmente um estímulo neutro adquire pro­
giados pelas respostas apropriadas, rapidamente priedades reforçadoras por meio da associação re­
deixavam de responder, às vezes de forma alta­ petida com o reforçamento primário (Kelleher e
EX

mente desorganizadora, jogando o material pela Gollub, 1962; Zimmerman, 1957). No seu trabalho
janela ou subindo nos arquivos. Por outro lado, com crianças autistas, Lovaas e associados (Lovaas,
quando a comida era usada como reforço, os meni­ Freitag, Kinder, Rubenstein, Schaeffer e Simmons,
nos continuavam a trabalhar na tarefa, mesmo 1966) verificaram que propriedades reforçadoras
D

quando o reforçamento foi reduzido progressiva­ negativas poderiam ser facilmente condicionadas
mente e eventualmente eliminado. As dificuldades ao estímulo verbal “não” por meio da associação
alegadas de concentração das crianças retardadas com a estimulação aversiva. Por outro lado, um
IN

ou com lesões cerebrais também diminuíram consi­ número muito grande de sessões em que a palavra
deravelmente pela criação de condições de incen­ “bom” foi contiguamente emparelhada com a co­
tivo favoráveis (Martin e Powers, 1967). Os estudos mida não teve êxito em dotar o estímulo social
acima, e os resultados obtidos por outros investiga­ de qualquer valor de recompensa. Os resultados
dores (Slack, 1960; Whitlock e Bushell, 1967; Wolf, contrastantes foram atribuídos a diferenças de
Giles e Hall, 1968) indicam que os incentivos ex­ atenção por parte das crianças. Prestavam muita
trínsecos muitas vezes são essenciais, especialmente atenção a pistas externas durante a estimulação ne­
durante as primeiras fases de programas de modi­ gativa, ao passo que em sessões que empregavam
ficação do comportamento. recompensas elas se engajavam num comporta­
A questão do incentivo apresenta maiores pro­ mento de auto-estimulação considerável e pareciam
blemas no tratamento de pessoas que manifestam tão absortas que não reparavam nos estímulos so­
um retardo profundo e severo do desenvolvimento ciais relevantes. Decidiu-se então utilizar um par-
social. Como já assinalamos previamente, tais indi­ digma de condicionamento instrumental no qual as
víduos geralmente são pouco reativos a estímulos crianças só recebiam recompensas alimentares se se
CONTROLE POSITIVO 135

aproximassem do terapeuta sempre que ele dissesse mente usado na seleção de eventos reforçadores.
a palavra "bom”. Desla forma, as crianças se viam C onsiderando que certas atividades preferidas
obrigadas a prestar atenção à pisla verbal apro­ podem reforçar atividades de menor valor, inúme­
priada e a discriminá-la de outros estímulos que es- ros eventos podem ser utilizados com eficácia para
livessein ocorrendo ao mesmo lempo. Depois que o iniciar e manter o comportamento desejado. Nas
eslínuilo social foi estabelecido como discriminativo aplicações práticas deste princípio (Homme, 1966),
para o reforçam ento primário, as respostas de essencialmente uma pessoa concorda em desempe­
aproximação das crianças foram recompensadas in- nhar uma certa quantidade de comportamento de
Lermitentemente numa razão crescente para au­ baixa probabilidade para poder se engajai numa
mentar ainda mais a capacidade recompensadora atividade preferida por um período de tempo es­
da pisia verbal. Este procedimento se revelou alta­ pecífico. Além da sua flexibilidade e simplicidade,
mente eficaz. Nas fases seguintes do experimento, este tipo de sistema de reforçamento permite a uti­

PS
novas respostas podiam ser estabelecidas e manti­ lização de atividades que ocorrem naturalmente
das em crianças autistas por meio da apresentação como reforçadores, organizando-se as mesmas em
contingente da aprovação verbal isolada. Além do contingências temporais apropriadas. As atividades
mais, o estímulo social manteve sua {jotência refor­ recompensadoras são freqüentemente utilizadas em
çadora durante um longo período mediante a asso­ combinação com reforçadores generalizados. Em

U
ciação periódica com recompensas alimentares. tais aplicações, os indivíduos ganham fichas jjelo
Com crianças menos gravemente autistas, os re­ desempenho do comportamento desejado, fichas

O
forçadores sociais foram estabelecidos mais rapi­ estas que depois podem ser usadas para obter,
damente. Nestes casos, a aprovação verbal e a afei­ entre outras coisas, acesso às atividades preferidas.
ção sob forma de abraços e carícias mantinham a A discussão acima enfatizou o papel influente do

R
reatividade positiva das crianças durante numero­ reforçamento extrínseco com pessoas que, por uma
sas sessões dedicadas à aprendizagem da linguagem ou outra razão, não apresentam uma motivação in­
e à aquisição de habilidades sociais. Ocasional­
mente, porém, recompensas aliinentares acompa­
nhavam os reforçadores sociais como meio de pre­
servar a sua eficácia. Muitos dos programas de mo­
G
trínseca suficiente para desenvolver os repertórios
de comportamento necessários para lidar com efi­
cácia com as exigências ambientais habituais. Deve
ser assinalado aqui, porém, que num programa de
KS
dificação a serem discutidos mais adiante se apóíam tratamento cuidadosamente planejado os incentivos
g ra n d em en te em re fo rç a d o re s interpessoais, extrínsecos deveriam ser eliminados gradualmente
respondendo-se com atenção, interesse e aprovação e substituídos por sistemas de reforçamento simbó­
ao comportamento desejado, e ignorando-se consis- licos e autodirigidos à medida que os padrões novos
O

tentemente ou desaprovando-se socialmente ativi­ de comportamento adquirem propriedades refor­


dades indesejáveis. çadoras secundárias. Esta questão, que se relaciona
Um estímulo que foi associado durante muitas com problemas da durabilidade das mudanças in­
BO

ocasiões com muitos tipos de reforçadores primá­ duzidas e com as implicações humanísticas de dife­
rios e secundários adquire a capacidade de funcio­ rentes formas de influência comportamental, será
nar como um reforçador generalizado. No trata­ discutida extensivamente numa seção subseqüente
mento de crianças pequenas ou de adultos para os deste capítulo.
quais os estímulos sociais positivos ou verbais têm
EX

um valor de incentivo fraco, empregam-se muitas


vezes reforçadores generalizados tangíveis. Os de­ ORGANIZAÇÃO DAS CONTINGÊNCIAS
sempenhos adequados são recompensados com Depois de escolhidos os reforçadores adequados
créditos monetários, fichas ou pontos que podem que possuam um valor de incentivo suficiente para
depois ser usados para obter uma variedade de ob­ manter uma reatividade estável, é necessário orga­
D

jetos recompensadores, ou então privilégios espe­ nizar as contingências entre os desempenhos espe­
ciais. Um sistema de incentivo que utiliza fichas cíficos e os estímulos reforçadores. Pais, professores
IN

possui várias vantagens sobre outras formas de re­ e psicoterapeutas intuitivamente empregam re­
compensas financeiras: O valor de reforço das fi­ compensas nas suas tentativas de influenciar e mo­
chas é relativamente independente de estados de dificar o comportamento, mas seus esforços muitas
privação momentâneos; as fichas não estão sujeitas vezes produzem resultados limitados porque os mé­
a efeitos de saciação e, portanto, retêm as suas pro­ todos são utilizados inadequada, inconsciente e/ou
priedades de incentivo durante períodos longos; ineficazmente. Em muitos casos são dadas recom­
podem ser facilmente apresentadas, se necessário, pensas consideráveis, mas elas não são tomadas
imediatamente após o desempenho apropriado; e condicionais ao comportamento que os agentes de
finalmente, já que os indivíduos podem trocar suas mudanças desejam promover; grandes atrasos mui­
fichas economizadas por uma variedade de itens tas vezes ocorrem entre a ocorrência do comporta­
atrativos de sua própria escolha, é provável que a mento desejado e suas conseqüências previstas; pri­
motivação e a reatividade se mantenham num nível vilégios especiais, atividades ou recompensas são
consistentemente elevado. geralmente oferecidos de acordo com esquemas
Nos últimos anos o princípio de probabilidade fixos de tempo ao invés de exigências de desem­
diferencial de Premack (1965) tem sido extensiva­ penho; e, em muitos casos, os reforçadores positi-
136 CONTROLE POSITIVO

vos são inadvertidamente tornados contingentes para oferecer orientação positiva e apoio para
dos tipos errados de comportamento. novos modos de conduta, ao invés de extrair uma
A maioria dos programas de tratamento resi­ obediência mínima a exigências situacionais. Os
denciais, por exemplo, é conduzida numa base de programas de mudança social se tornariam muito
contingência da punição e não-contingência da re­ mais eficientes, especialmente na modificação de
compensa. Isto é, os participantes obtêm os benefí­ perturbações aberrantes muito difundidas, se, ini­
cios recompensadores máximos praticamente sem cialmente, o ambiente fosse organizado para ofere­
restrições, mas estas recompensas e privilégios são cer recompensas não contingentes num nível ade­
rapidamente retiradas sempre que os residentes quado mas relativamente baixo, e reforçadores pre­
forem não-cooperadores, desafiantes ou agitados. feridos fossem fáceis de obter contingentes da
Em um centro residencial de tratamento para me­ ocorrência de padrões de resposta desejados. Nes­
ninos delinqüentes visitado pelo autor, as crianças tas condições, um programa de reabilitação pode
ser mantido primariamente numa base de reforça-

PS
recebiam 20 pontos ao chegar, o que inicialmente
lhes assegurava acesso a todos os recursos recom­ mento positivo sem necessidade de recorrer àquelas
pensadores que a instituição oferecia. Contudo, os medidas punitivas que usualmente são empregadas
meninos eram. penalizados com a perda de pontos e em tratamentos residenciais.
de privilégios conseqüentes sempre que exibissem O com portamento é influenciado uão apenas

U
um comportamento desviaiue ou infringissem as re­ pelas contingências que operam na situação, mas
gras da casa. Num contexto institucional no qual também pelos aspectos temporais do reforçamento.

O
recompensas não-contingentes são oferecidas em Achados de estudos experimentais (Renner, 1964)
alto nível, os membros da equipe assumem o papel demonstram que as mudanças comportamentais
]x>uco invejável de agentes punitivos, e os meninos ocorrem de modo mais eficiente quando o refor­

R
só podem se mover numa direção para baixo. Desta çamento é tornado imediatamente contingente do
forma, a ameaça de castigo está sempre presente, comportamento que se deseja promover; geral­
mas os incentivos positivos para a mudança com-
portamental, embora amplamente disponíveis, são
mal organizados. Nestas circunstâncias, a maioria
dos participantes obedece, de má vontade, às exi­
G
mente, o grau de controle exercido pelo reforça­
mento decresce com o aumento do atraso. Sempre
que ocorre um atraso entre uma determinada res­
posta e suas conseqüências previstas, outros com­
KS
gências mínimas da instituição para evitar penali­ portamentos aparecem no período interveniente e
dades decorrentes de qualquer violação das regras. a resposta que ocorre mais próxima do resultado
Similarmente, na maioria das facilidades psiquiátri­ adiado é imediatamente reforçada. Como tipica­
cas, no máximo os pacientes podem manter suas mente temos pouco controle sobre as respostas que
O

recompensas adotando apenas um papel passivo de podem ocorrer num intervalo temporal específico,
pacientes. o reforçamento adiado pode na realidade fortale­
A necessidade de organizar contingências de re- cer formas de com portamento que o agente de
BO

forçam ento apropriadas é ilustrada dram atica­ mudança não tinha nenhuma intenção de promo­
mente por estudos nos quais as recompensas são ver.
mudadas de uma contingência de respostas para Na base de resultados de estudos de laboratório
uma contingência temporal (Lovaas, Berberich, sobre o reforçamento adiado, admite-se geralmente
Perloff e Schaeffer, 1966; Baer, Peterson e Sher- que os efeitos das conseqüências recompensadoras
man, 1967). Durante sessões em que as recompen­
EX

serão diminuídos ou até eliminados, a não ser que


sas são condicionais à ocorrência do com porta­ sejam imediatamente contingentes dos desempe­
mento desejado, os padrões apropriados de res­ nhos desejados. Esta conclusão necessita de uma
posta são exibidos num nível consistentemente ele­ qualificação porque se baseia em evidência de ex­
vado; em contraste, sob condições nas quais estas perimentos ou com sujeitos infra-humanos ou sob
D

mesmas recompensas são dadas depois que certo condições nas quais a base para o reforçamento não
tempo se passou, independentemente do compor­ é explicada. Quando as contingências impostas
tamento do cliente, há uma queda acentuada do
IN

sobre o organismo não são especificadas claramente


comportamento desejado. A reinstalação do refor- desde o início, intercalar um adiamento entre a
çamento contingente da resposta rapidamente res­ ocorrência da resposta e suas conseqüências au­
taura o alto nível de reatividade. Estas mudanças menta a dificuldade de identificar a relação arbitrá­
comportamentais são especialmente flagrantes con­ ria, especialmente se durante o período interve­
siderando que os fatores de relação interpessoal e a niente uma série de respostas for desempenhada.
quantidade de recompensa permanecem constantes Como resultado, respostas inadequadas tendem a
durante todas as fases do tratamento, exceto a or­ ser reforçadas não-intencionalmente. Einbora a
ganização das contingências. Reduções essencial­ evidência experimental relevante não exista, há
mente similares de reatividade são obtidas quando razão para esperar, a partir da observação infor­
se oferecem recom pensas aos indivíduos sem mal, que, no caso de seres humanos, as atividades
quaisquer exigências de desempenho (Ayllon e Az- simbólicas podem mediar eficazmente uma contin­
rin, 1965; Bandura e Perloff, 1967). gência de reforçamento adiada sem perda visível
Num programa eficaz de mudança, as contin­ do controle com porta me mal. Portanto, se as con­
gências de reforçamenio deveriam ser organizadas tingências são explicitamente definidas para um
CONTROLE POSITIVO 137

indivíduo, ele é capaz de ligar conseqüências even­ forçamento é aumentado deste modo em pequenas
tuais com desempenhos específicos. A mediação etapas em direção a formas mais complicadas de
verbal irá. provavelmente, eliminar respostas irre­ comportamento até que eventualmente apenas o
levantes mesmo que um tempo considerável possa comportamento desejado é reforçado.
se escoar entre o desempenho do comportamento A utilização eficiente dos procedim entos de
exigido e suas conseqüências. Uma pessoa que é aproximação sucessiva é ilustrada num estudo de
paga em função do que produz, por exemplo, pro­ K.ing, Armitage e Tilton (1960), destinado a au­
vavelmente manterá um nível de desempenho ele­ mentar a reatividade interpessoal de esquizofrêni­
vado, embora receba o seu pagamento total no final cos gravemente isolados. Trabalhando com o pres­
do mês ao invés de em pequenas quantidades ime­ suposto de que as respostas motoras poderiam ser
diatamente depois de completar cada unidade de eliciadas mais facilmente nestes pacientes do que
trabalho. um comportamento verbal ou social, os terapeutas
Com crianças pequenas, adultos acentuadamente

PS
primeiramente lhes deram a tarefa de executar
desviantes cujo comportamento está sob um con­ uma única resposta motora que redundava em re­
trole fraco de estímulos e indivíduos cujos esforços compensas sociais e materiais. Em fases sucessivas,
se extinguem rapidamente sob contingências de re- a complexidade da tarefa foi aumentada, e respos­
forçamento adiado, poderá ser necessário, inicial­ tas interpessoais foram eliciadas e recompensadas.

U
mente, empregar recompensas concretas imediatas; Ainda, nas fases subseqüentes, as recompensas só
em outro caso, tais pessoas tendem a exibir um de­ eram apresentadas quando os pacientes se comuni­

O
créscimo rápido da reatividade se as conseqüências cavam verbalmente e cooperavam com o terapeuta
reforçadoras são adiadas. Por outro lado, pessoas e outros pacientes para resolver problemas de certa
que reagem ao controle instrucional geralmente são complexidade. Três outros grupos de pacientes,

R
capazes de funcionar adequadamente sob um re- em parelhados com o grupo de reforçam ento
forçam ento adiado desde que as contingências quanto à gravidade da perturbação e a duração da
sejam explicitam ente definidas e os incentivos
sejam suficientemente atraentes. Além do mais, sa­
tisfações imediatas derivadas da própria atividade e
sinais de progresso muitas vezes suplementam, e
G
hospitalização, concorrentemente participaram de
uma terapia de entrevista tradicional, ou terapia
lúdica, ou não receberam nenhum tratamento. A
abordagem do reforçamento provou ser mais eficaz
KS
podem eventualmente substituir os reforçamentos do que todas as outras três técnicas na produção de
extrínsecos últimos na manutenção do comporta­ mudanças favoráveis no comportamento social em
mento. termos da observação na enfermaria e de entrevis­
tas padronizadas. Depois de 15 semanas de terapia,
INDUÇÃO E EVOCAÇÃO DE RESPOSTAS
O

os pacientes tratados pelo método do reforçamento


A escolha de incentivos poderosos e uma organi­ apresentavam um com portam ento mais verbal,
zação habilidosa das contingências serão, em si, de menos resistência à terapia, mais interesse nas ati­
BO

pouca importância, a não ser que estejam disponí­ vidades ocupacionais. e estavam mais preparados à
veis métodos para produzir as respostas que devem transferência para uma enfermaria mais adiantada,
ser reforçadas. Se o comportamento que um agente do que os pacientes nos três outros grupos. Bens-
de mudança deseja fortalecer já está presente- e berg e seus colegas (Bensberg, 1965; Bensberg,
ocorre com certa freqüência, então a aplicação con­ Cowell e Cassei, 1965) oferecem ilustrações adicio­
nais de como mudanças substanciais podem ser ob­
EX

tingente dos incentivos pode, desde o início, au­


mentar e manter os padrões de resposta desejados tidas até com crianças profundamente retardadas
em alto nível. Muitos casos referidos para trata­ ao recompensar pequenos incrementos no desem­
mento, porém, apresentam déficits comportamen- penho até que as habilidades mais complexas sejam
tais, e, portanto, modos complexos de comporta­ estabelecidas.
D

mento devem ser organizados em etapas crescentes, Entre os proponentes do condicionamento ope­
das quais cada um a é facilm ente ad q u irid a . rante admite-se, em larga escala, que o procedi­
IN

Quando o nível inicial do comportamento desejado mento acima, que é denominado aproximação su­
é extremamente baixo e se o critério de reforça- cessiva, modelagem ou diferenciação de respostas,
mento for inicialmente muito elevado, a quase tota­ ajusta-se de forma ideal ao desenvolvimento de
lidade das respostas da pessoa não é reforçada, de modos de resposta novos e organizados que pre­
modo que seus esforços se extinguem gradual­ viamente estavam ausentes do repertório compor-
mente e a sua motivação diminui. Conseqüente­ tamental do organismo. Conseqüentemente, muitos
mente, nas etapas iniciais geralmente se adota um terapeutas gastam inúmeras horas pacientemente
baixo critério de reforçamento de forma que as modelando o comportamento, pedaço por pedaço,
respostas que estão dentro das capacidades indivi­ quando na realidade este procedimento tedioso
duais, mas apenas têm uma ligeira semelhança com pode ser drasticamente reduzido. Como demons­
o comportamento desejado, são reforçadas. Depois tramos no capítulo precedente, padrões complexos
que aproximações grosseiras ao padrão complexo de comportamento podem ser desenvolvidos em
de comportamento se tornam mais freqüentes, o seres humanos mais rapidamente pela modelação
reforçamento é tornado contingente de uma va­ gradual combinada com o reforçamento positivo
riante de resposta mais próxima. O critério de re­ das respostas emparelhadas. Contudo, o condicio-
138 CONTROLE POSITIVO

nameuio operante por meio da aproximação suces­ qualquer espécie, envolve a orientação de respostas f í ­
siva pode ser empregado exclusivamente com um sicas, nas quais os indivíduos são auxiliados fisica­
êxito considerável para reinstalar respostas previa­ mente a darem as respostas corretas. Ao ensinar a
mente adquiridas que foram extintas e para forta­ crianças autistas as relações gramaticais eiure os ob­
lecer desempenhos estabelecidos de torma fraca jetos (Lovaas, 1966), por exemplo, se uma criança
como resultado de condições de incentivo inade­ deixasse de executar a resposta correspondente à
quadas. Desta forma, selecionando reforçadores instrução verbal, “Ponha o bloco dentro da caixa”,
poderosos e organizando as contingências necessá­ o terapeuta moveria a mão da criança com o bloco
rias, um terapeuta pode induzir um catatónico até à caixa e recompensaria a ação desempenhada
mudo que possui um repertório lingüístico a reto­ passivamente. Em ensaios subseqüentes a quanti­
mar a comunicação verbal (Isaac, Thoinas e Gol- dade de orientação manual é gradualmente redu­
diamond, 1960); esquizofrênicos que desenvolve­ zida até que o comportamento é executado sem as­
ram repertórios adequados de trabalho podem ser sistência.

PS
induzidos a participar de novo de atividades voca­ Implicações Éticas das Práticas de
cionais (Ayllon e Azrin, 1965); delinqüentes que se Reforçamento
recusam a obedecer às exigências escolares podetn O uso deliberado do reiórçamento positivo, es­
ser motivados a melhorar o seu desempenho aca­ pecialmente sob a forma de recompensas tangíveis,

U
dêmico (Cohen, 1968); e, em experimentos de con­ muitas vezes causa objeções éticas e preocupações
dicionamento verbal, estudantes universitários que com os efeitos perniciosos que podem resultar de
possuem o comando de uma grande quantidade áe

O
tais práticas. A atitude expressa mais comumente
pronomes pessoais podem ser sutilmeme induzidos é a de que o comportamento desejável deveria ser
a emitir estas respostas verbais numa razão relati­ intrinsecamente satisfatório. Teme-se que se as pes­

R
vamente elevada (Krasner, 1958). soas forem recompensadas freqüentemente se in­
Além de utilizar o método da aproximação suces­ clinarão a um comportamento adequado a não ser
siva e da modelagem comportameutal para a pro­
dução de respostas complexas, podemos nos apoiar
em instruções verbais que especificamente informam
os indivíduos de como e quando desempenhar o
G
que sejam pagas para isto, e que, quando as recom­
pensas habituais forem eliminadas, as pessoas dei­
xarão de responder. Admite-se também que não só
as práticas de recompensa estabelecem um compor­
KS
comportamento reforçável (Baer e Woll, 1967). tamento fraco e pouco permanente como o refor­
Contudo, nos casos que não reagem a formas sociais çamento contingente tende a interferir no de­
de orientação de respostas, pode ser necessário senvolvimento da espontaneidade, criatividade, sis­
empregar estímulos não-sociais que exercem um temas motivacionais intrínsecos e outras caracterís­
O

forte controle sobre o comportamento em questão, ticas determinantes da personalidade altamente va­
mesmo que o objetivo eventual seja o de fazer com lorizadas. Algumas das críticas mais veementes con­
que o comportamento ocorra em resposta a condi­ sideram o uso deliberado do reforçamento como
BO

ções estimuladoras inteiramente diferentes. Ao uti­ enganador, manípulativo e um insulto à integri­


lizar procedim entos de pistas uão-sociais, inicialmente dade pessoal dos seres humanos.
se introduz estímulos discriminativos que exercem Em função das razões apresentadas acima, a
um forte controle sobre o comportamento dese­ maioria das pessoas cujo próprio comportamento é
jado. Depois que as respostas forem evocadas e fortemente influenciado pelo reconhecimento so­
firmemente estabelecidas, os apoios dos estímulos cial, elogios, aprovação, privilégios especiais e in­
EX

arbitrários são “apagados” ou gradualmente retira­ centivos monetários apressa-se em desacreditar o


dos à medida que o controle é transferido a estímu­ uso das práticas recompensadoras (Bandura e Wal-
los que tendem a funcionar como os principais eli- ters, 1959; Sears, Maccoby e Levin, 1957) e em
ciadores em condições naturais. Desta forma, por negar que o seu comportamento foi externamente
D

exemplo, ao aumentar o comportamento de prestar regulado (Rogers, 1960). Também é necessário as­
atenção em crianças severaínènte rptardacias que sinalar que, paradoxalmente, encontramos menos
eram totalmente não reativas, Bensberg (L965) ini­ preocupação pelo uso de métodos aversivos de con­
IN

cialmente projetou luzes numà parede enquanto, trole por ameaças, coerção e privação de privilé­
simultaneamente, lhes dizia parã olhar para a luz, gios, métodos estes que muitas vezes produzem re­
recompensando-as por esta atitude. Desta maneira, sultados comportamentais negativos inapropriada-
respostas de prestar atenção, que são um pré-requi­ mente atribuídos a procedimentos que se apóiam
sito da aprendizagem social, foram aumentadas e em incentivos positivos.
eventualmente colocadas sob o controle de estímu­ O fato de que o comportamento é fortemente in­
los verbais. O uso de tarefas graduadas quanto à fluenciado pelas suas conseqüências não é um fe­
dificuldade também inclui casos nos quais as condi­ nômeno criado pelos cientistas do comportamento,
ções estimuladoras são prganizadas para que o assim como os físicos não são responsáveis pela lei
com portam ento recompensável possa ser facil­ da gravidade. O processo de seleção natural favo­
mente eliciado em cada passo sucessivo. receu organismos com sistemas de retroalimentação
Um método final para evocar o comportamento controladores adaptaüvos nos quais as conseqüên­
desejado, que é às vezes empregado com pessoas cias reforçadoras servem como o principal regula­
que se demonstram não-reativas a estímulos de dor do comportamento. Na realidade, se o coinpor-
CONTROLE POSITIVO 139

lamento não mudasse em função de seus resulta­ forçam entos m ediados pelos agentes d e m udança
dos, a duração das nossas vidas seria drasticamente são de pouca m onta, a não ser q u e os padrões de
reduzida. A seleção dos tipos de incentivos me­ resposta persistam p o r m uito tem p o depois que as
diante os quais o comportamento dos outros deve contingências especialm ente criadas forem ab an ­
ser estabelecido, orientado e mantido, é, natural­ donadas. H á várias m aneiras pelas quais os sistemas
mente, uma questão de ética. Contudo, os efeitos de reforçam ento podem ser elaborados e alterados
comportamentais que resultam da aplicação de di­ no d ec u rso d o tratam e n to p ara asseg u rar que o
ferentes procedimentos psicológicos é, em sua tota­ co m p o rtam en to existente não se extingue rap id a­
lidade, uma questão empírica. A evidência disponí­ m ente.
vel a partir dos estudos de laboratório e psicoterá- M u dança na Freqüência ou M agn itu de do R ejorça­
picos sugere que os procedimentos de reforça­ mento. D ejxás que os p ad rõ es de resposta foram
mento, se executados cuidadosa e habilmente, firm e m e n te estab elecid o s p o r m eio d o re fo rç a ­

PS
podem produzir mudanças permanentes 110 com­ m enio contínuo, o esquem a é g rad u alm en te alte­
portamento social e facilitar a aquisição de sistemas rado, oferecendo-se reco 111peusas a intervalos cada
de reforçamenio autodírigidos. Se, por outro lado, vez mais variados, de m odo q u e as conseqüências
as técnicas operantes forem aplicadas grosseira­ re c o m p e n s a d o ra s só o c o rra m p e rio d ic a m e n te .
mente e os incentivos não forem apropriados aos

U
Com o m ostram os no capítulo in tro d u tó rio , o com ­
níveis de desenvolvimento do indivíduo, então o p o rtam en to in term iten tem en te reforçado é ex tre ­
programa de mudança pode ser insultante e inefi­
m am ente resisLente à extinção. A d u rab ilid ad e d o

O
caz.
co m portam en to sob condições m enos favoráveis de
Ao discutir a utilização sistemática dos incentivos
r e f o r ç a m e n t o ta m b é m p o d e s e r a u m e n ta d a
positivos é importante reconhecer que um pro­

R
reduzindo-se g radativam ente a q u an tid ad e d a re­
grama de mudança representa um contínuo de ex­
com pensa d epois q u e o co m p o rtam e n to foi su fi­
periências psicológicas nas quais o tipo, quantidade
cientem en te fortalecido, ou au m en tan d o -se a q u an ­
e fonte do reforço que regula o comportamento são
gradualmente modificados. Portanto, os incentivos
empregados inicialmente para estabelecer novos
padrões de comportamento social e para desenvol­
G
tidade d e trab alh o p o r recom pensa (Staats e Bui-
terfield, 1965).
M u dança na Localização do Reforçamento. Xa m aio­
KS
ver reforçadores simbólicos podem diferir conside­ ria dos casos, m uitas recom pensas interpessoais e
ravelmente do estímulo que, ao final, assume fun­ m ateriais d iferen tes esião potencialm ente d isp o n í­
ções controladoras e reforçadoras. veis, mas p erm an ecem inacessíveis aos indivíduos
Os críticos dos métodos de reforçamento geral­ que carecem das habilidades sociais e vocacionais
O

mente criam a impressão de que os agentes de mu­ p ara atingi-las. Sim ilarm ente, p o r causa de déficits
dança trabalham com pessoas amadurecidas e mo­ com portam en tais ou Lendências inibitórias, as pes­
tivadas intrinsecamente, mas que, ao invés de ape­ soas podem d eixar de p articip ar de atividades que
BO

lar para motivações simbólicas mais elevadas, insis­ lhes forneceriam ricas fontes d e p razer. Se fosse es­
tem em impor a elas incentivos materiais grosseiros. tabelecida um a proficiência nas habilidades neces­
Indubitavelmente existem alguns terapeutas que sárias e respostas sociais, elas p o deriam ser a d e ­
aplicam os procedimentos incentivadores de forma q u ad a m e n te apoiadas pelos refo rç am e n to s re g u ­
impensada e ineficiente. Via de regra, porém, as larm ente disponíveis no am biente. O principal ob­
recompensas primárias são empregadas nos está­ jetivo do refo rçam en to es}jecificamenle organizado
EX

gios iniciais com pessoas que não são reforçáveis é desenvolver e m an ter rep ertó rio s co m p o rtam en ­
com outros tipos de eventos e que, de modo con­ tais até o p o n to em q ue o indivíduo estabelece um
trário, permaneceriam inacessíveis ao tratamento. contato bem -sucedido com foiues existentes de re­
Nestes últimos casos não seria mais apropriado se fo rçam en io positivo. U m a vez q ue isto é conse­
D

apoiar em incentivos mais avançados do ponto de guido, as contingências arb itrárias podem ser (o-
vista do desenvolvimento, do que seria ensinar talm ente retirad as sem en fraq u ecer ou red u zir o
crianças pequenas a contar começando com os co m portam en to social.
IN

princípios das matemáticas avançadas. Depois que


L'm excelenLe exem plo tia m u dança bem -suce­
as funções de reforçamento foram concebidas a
d id a d a localização d o refo rç am e n to nos adultos
eventos estimuladores sociais e simbólicos, então re­
que eram agentes d e m udança p ara os co m p an h ei­
forçadores mais sutis e de ocorrência natural come­ros é oferecido 110 tratam en to de um a m enina ex ­
çam a ser empregados em maior quantidade. Sem o tre m a m e n te r e tr a íd a , à qu al nos re fe rim o s no
treino concreto inicial, pessoas psicologicamente in­
Cap. (3 (Allen, H art, Buell, H arris e VVolf, 19(H).
capacitadas são relegadas a uma existência subu- Depois de um breve período 110 qual o interesse e a
maiia em instituições de custódia. atenção do professor foram tornados contingentes
d a interação com os com panheiros, a m enina co­
SISTEMAS DE REFORÇAMENTO E meçou a se en g ajar num a considerável q u an tid ad e
DURABILIDADE DAS MUDANÇAS
COMPORTAMENTAIS d e jogos sociais com as o u tras crianças. C ontudo,
qu an d o o refo rçam en io ad u lto para as interações
As demonstrações de que o comportamento pode com os com panheiros foi tem p o rariam en te rem o ­
ser mantido num nível satisfatório por meio de re- vido d u ra n te a p rim eira fase d o tratam ento, ela re ­
140 CONTROLE POSITIVO

verteu ao seu padrão isolado de comportamento; a ção. Mais tarde, as fichas foram gradualmente eli­
reinstalação da contingência terapêutica restauroü minadas e o comportamento cooperador foi man­
o jogo social a seu nível anterior elevado. À medida tido de forma estável apenas pela aprovação social.
que a menina passou a sentir um prazer cada vez A fim de adquirir proficiência eni comportamen­
maior nas atividades lúdicas com os companheiros, tos complexos, as pessoas são obrigadas a se engajar
as recompensas adultas para a interação com as ou­ em longas horas de árduo trabalho, a desistir de
tras crianças foram gradualmente diminuídas para atividades competitivas atraentes e a adiar uma ple­
uma quantidade normal de atenção, e o esquema tora de gratificações imediatas que podem estar fa­
do não-reforçamento dos contatos com os adultos cilmente disponíveis. Uma vez que o processo de
foi gradualmente relaxado. Eventualmente, o pro­ aprendizagem envolve um certo grau de auto-sacri­
grama de tratamento parou por completo e não fício e outros aspectos negativos, muitas pessoas
foram mais organizadas contingências especiais. deixam de desenvolver competências mínimas, em­
Contudo, o aumento da interação social com as ou- bora ameaças e pressões coercitivas lhes sejam im­

PS
Lras crianças persistiu, como ficou patente a partir postas continuamente. Este problema prevalente
de observações do comportamento feitas em várias pode ser retificado de forma mais satisfatória e
ocasiões depois do término do programa. Em ou­ humana aplicando uma contingência de recom­
tros estudos de casos, especificamente elaborados pensa arbitrária até que o comportamento seja de­

U
para investigar a durabilidade das mudanças com- senvolvido num estágio 110 qual possa produzir
jjortamentais (Baer e WoJf, 1907), mosLraram que conseqüências reforçadoras naturais. Assim, por

O
se os adultos mantiverem o seu apoio de reforça- exemplo, recompensas extrínsecas podem ser tem­
mento do comportamento social nas crianças até porariamente empregadas para ensinar as crianças
que elas consigam interações reciprocamente re­ a ler, mas depois que os textos impressos se tornam

R
compensadoras com as outras crianças, o compor­ suficientemente reforçadores para apoiar um de­
tamento infantil passará cada vez mais para o con­ senvolvimento ulterior de capacidades de leitura, a
trole dos companheiros e pouco será afetado pela
retirada tio reforça mento social por parte dos adul­
tos.
Os resultados dos estudos acima, e outros condu­
G
contingência artificial pode ser retirada. Muitas
formas de comportamento como a facilidade de
comunicação e as habilidades de manipulação, que
permitem ao homem regular mais eficientemente o
KS
zidos de modo semelhante, mostram que padrões seu ambiente, persistem com pouco apoio externo
de comportamento estabelecidos mantêm sua força porque são funcionais 11a produção de resultados
depois que as conseqüências especialmente organi­ recompensadores. Novos desempenhos também
zadas são abandonadas, desde que o comporta­ são parcialmente sustentados pela retroalimentação
O

mento seja trazido sob a influência de contingências sensorial que produzem naturalmente.
favoráveis 110 meio social do indivíduo. Em casos, Quando as recompensas são associadas contínua
porém, nos quais as práticas de reforça me iito nas e explicitamente com pistas que significam compe­
BO

situações naturais são ou deficientes ou grande­ tência ou exatidão, então os estímulos simbólicos
mente desviantes, é duvidoso se mudanças compor- que possuem valor informativo e as diferenças
lamentais permanentes podem ser conseguidas, a qualitativas de desempenho adquirem proprieda­
não ser que o programa seja ampliado para incluir des reforçadoras secundárias. Neste nível de de­
membros significativos do ambiente social do iindi­ senvolvimento mais elevado, pistas que designam a
víduo.
EX

adequação do desempenho podem ser tão reforça­


Mudança na Forma de Reforçai/tento. Nas discussões doras quanto os incentivos financeiros (Lewis, Wall
prévias tio tratamento de crianças autistas, mostra­ e Aronfreed, 19(>3; Miller e Estes, 1961). Uma vez
mos como o seu comportamento só podia inicial­ que a retroalimentação de respostas informativas se
mente ser modificado mediante o uso de reforça­ lorna unia fonte de satisfação pessoal, a manuten­
D

dores primários imediatos que eram gradualmente ção do comportamento se torna menos dependente
reduzidos e eventualmente abandonados à medida de incentivos sociais ou materiais extrínsecos. De­
IN

que os estímulos sociais adquiriam funções de re- vemos assinalar, contudo, que qualquer reforça-
forçamento. Outra ilustração da transformação de meuto oriundo da confirmação da exatidão das
apoios reforçadores do comjiorlamento 110 decurso respostas é provavelmente mediado por meio de
do tratamento é oferecida por Wahler (1968) que um processo de auto-rerorçamento e não automati­
modificou, com êxúo, o comportamento extrema­ camente gerado. É extremamente improvável, por
mente antagonístico de crianças alterando as práti­ exemplo, que a retroalimentação da exatidão em
cas reforçadoras dos pais. Um programa inicial 110 tarefas que são pessoalmente desvalorizadas ou são
qual os pais ignoravam a resistência de seus filhos a consideradas elementares tenha muito, se é que o
solicitações e recompensavam o comportamento de tem, valor reforçador. Por outro lado, a confirma­
cooperação por meio da aprovação demonstrou ser ção de êxitos que excedem os padrões pessoais do
relativamente ineficaz. Um sistema de reforça- que constitui um desempenho valioso tenderá a ati­
meiuo subseqüente que combinava a aprovação dos var auto-avaliações positivas.
pais com fichas que poderiam ser trocadas por O nível mais elevado de autonomia é obtido
brinquedos valorizados produziu aumentos dratiiá- quando o com portam ento gera conseqüências
l í c o s e persistentes no comportamento de coopera­ auto-avaliativas ou outras conseqüências auto-
CONTROLE POSITIVO 141

reforçadoras. Em tais casos, a pessoa estipula a si nhosidade necessária, não é de surpreender que,
própria padrões de realização explícitos e cria embora os princípios de reforçamento já existam
conseqüências a u to recompensadoras ou autopuni- há muitas décadas, a derivação de procedimentos
tivas, dependendo da qualidade do comportamento eficientes seja desapontadoramente vagarosa. Por
em relação a seus padrões auto-impostos. Reações motivos similares, o uso de sistemas de contingência
de auto-avaliação podem não apenas m anter o por amadores ou por práticos operantes menos in­
comportamento sob condições de apoio externo ventivos é muitas vezes assustadoramente grosseiro.
mínimo, mas podem também sobrepujar a influên­
cia de recompensas sociais para um com porta­ ESPECIFICAÇÃO DAS CONTINGÊNCIAS DE
mento que conflita com as próprias normas da REFORÇAMENTO
conduta aceitável. Já discutimos previamente como Na maioria das investigações experimentais dos
os procedimentos de modelação e reforçamento processos de reforçamento, as instruções que espe­

PS
podem ser usados para estabelecer padrões de de­ cificam o comportamento desejado e suas conse­
sempenho intrínseco mediante os quais um indiví­ quências programadas são deliberadamente mini­
duo dirige o seu próprio comportamento. mizadas ou ignoradas por completo. Realmente,
Os padrões estabelecidos de com portam ento Skinner (1963) nos acautelou vigorosamente contra
tendem a persistir numa variedade estonteante de

U
o uso de procedimentos de controle instrucional
contingências de reforçamento se os eventos refor­ em experimentos de aprendizagem porque eles
çadores significativos são ou intrinsecamente rela­ iludem e obscurecem a análise funcional do com­

O
cionados com o comportamento, ou são auto-admi- portamento. As experiências de laboratório desti­
nistrados. As condições necessárias para desenvol­ nadas a explorar até que ponto os fenômenos com­
ver repertórios complexos de comportamento por

R
portamentais podem ser trazidos sob o controle de
meio de métodos de reforçamento foram explici­ diferentes tipos de condições de reforçamento de­
tamente definidas e em geral são fielmente cum­ veriam, naturalmente, evitar combinar variáveis de
pridas. Procedimentos para desenvolver funções
reforçadoras em eventos simbólicos necessitam ser
ainda refinados e aplicados sistematicamente a
programas de mudança comportarnental. A julgar
G
tal modo que suas contribuições individuais não
possam ser distinguidas. Contudo, uma adesão rí­
gida a procedimentos isolados não é de bom alvitre
KS
em programas de mudança que freqüentemente
pela evidência dos estudos de laboratório, os tipos precisam com binar uma variedade de métodos
de mecanismos auto-reguladores que os comenta­ para obter resultados ótimos. Alguns estudiosos
dores humanisticamente orientados consideram ser devotados à abordagem operante, contudo, muitas
amiiéticos às abordagens comportamentais são, de vezes se apóiam exclusivamente sobre práticas de
O

fato, desenvolvidos mais facilmente a partir de mé­ reforçamento para desenvolver padrões de respos­
todos derivados da teoria da aprendizagem social. tas que podem facilmente ser produzidos por sim­
ples instruções, demonstrações de comportamento
BO

Muitas vezes também se admite, erroneamente,


que os programas de mudança baseados em princí­ ou pistas verbais de modelação apropriadas.
pios de reforçam ento envolvem uma tecnologia Uma considerável evidência experimental, que
mecânica simples que pode ser aplicada quase re­ será revista num capítulo ulterior, demonstra que a
flexivamente por qualquer pessoa que possua sufi­ consciência das contingências de reforçamento e
ciente perseverança. Ao contrário, o em prego resposta podem acelerar acentuadamente a modifi­
EX

bem-sucedido dos métodos de aprendizagem social cação com portarnental. Também é abundante­
exige considerável engenhosidade e sensível reaü- mente evidente, como qualquer pai ou mãe pode
vidade a mudanças psicológicas dos indivíduos du­ testemunhar, que conselhos, instruções, solicitações
rante o período de tratamento. Entre outros requi­ e outras formas verbais de orientação muitas vezes
sitos, é necessário elaborar sistemas eficientes de in­ não têm efeitos permanentes ou não são levados em
D

centivo, selecionar esquemas de reforçam ento consideração. Estudos sistemáticos conduzidos com
apropriados, organizar contingências essenciais e crianças (O’Leary, 1968) e adolescentes (Phillips,
IN

modificá-las gradualmente à medida que o trata­ 1968) mostram, de fato, que prescrever regras de
mento progride. Também é necessário criar méto­ conduta é ineficaz, por si mesmo, para mudar o seu
dos para evocar respostas desejadas com uma fre­ comportamento. O poder da influência verbal é em
qüência suficiente para que se tornem fortemente grande parte determinado pelas conseqüências de
estabelecidas. Finalmente, é necessário selecionar e resposta antecipadas ou acompanhantes. Isto é re­
treinar pessoas apropriadas para utilizar os proce­ velado num estudo de Ayllon e Azrin (1964) desti­
dimentos em contextos naturais. Ao passo que nos nado a avaliar a eficácia relaüva de instruções e do
tratamentos convencionais as pessoas freqüente­ reforçamento, usados isoladamente e em conjunto,
mente são deixadas livres para, por sua própria para reinstalar um comportamento social nas refei­
conta,transferir o que quer que tenham aprendido ções em adultos esquizofrênicos.
no quotidiano, as abordagens da aprendizagem so­ O programa de tratamento tentava obter dos pa­
cial dedicam considerável atenção às condições ne­ cientes o comportamento de apanhar os talheres no
cessárias para assegurar uma generalização ótima e centro de serviço, o que faziam raramente; ao invés
para manter os novos modos de comportamento es­ disso, preferiam comer com suas próprias mãos.
tabelecidos. Tendo em vista a quantidade de enge- Após um período de linha de base observacional,
142 CONTROLE POSITIVO

PS
U
Figura 4-1. Percentagem de pacientes que apanharam os talheres durante o período de linha de base, durante a fase
de reforçamento na qual as respostas apropriadas foram imediatamente recompensadas e durante um período em que

O
as instruções foram combinadas com o reforçamento. Ayllon e Aírin, 1964.

R
durante o qual não foram organizadas conseqüên­ das conseqüências de resposta, praticamente todos
cias especiais, um procedimento de reforçamento
foi introduzido, no qual os pacientes que apanha­
vam os utensílios necessários recebiam imediata­
mente, sem qualquer explicação, uma escolha de
G
os pacientes exibiam regularm ente o comporta­
mento adequado. A comparação dos dois conjuntos
de dados revela que o acesso adiado a recompensas,
produzido pela não-reatividade, foi consideravel­
KS
alimentos extra ou de cigarros. Numa fase subse­ mente mais poderoso na modificação do compor­
qüente, foram adicionadas instruções aos procedi­ tamento dos pacientes do que recompensas extras
mentos de reforçamento, nas quais os auxiliares para o desempenho das respostas apropriadas.
explicavam: “Por favor, apanhe sua faca, garfo e
O

colher, e você terá a possibilidade de escolher entre Aplicações de Sistemas de Contingência


leite e café extras, cigarros ou balas.”
Como mostra a Fig. 4-1, o reforçamento isolado O crescimento extensivo de programas que utili­
BO

não produziu qualquer mudança no com porta­ zam incentivos positivos de uma ou outra forma‘nos
mento dos pacientes. Aqui, o procedimento de re­ impede de fazer uma resenha completa das inúme­
forçamento foi totalmente ineficaz porque a grande ras aplicações clínicas, corretivas e de desenvolvi­
maioria dos pacientes nunca exibia quaisquer res­ mento dos princípios de reforçamento. Ao invés
postas que pudessem ser reforçadas, e os poucos disto, algumas contribuições representativas que
EX

que ocasionalmente apanhavam os talheres nunca ilustram os procedimentos e sua eficácia na modifi­
descobriam por que recebiam gratificações adicio­ cação de uma vasta gama de comportamentos serão
nais. Ao contrário, quando as instruções foram discutidas. Como as investigações das variáveis de
combinadas com as conseqüências réforçadoras os reforçamento isoladas são geralmente feitas por
pacientes apresentavam um aumento súbito e acen­ pesquisadores que trabalham dentro de um con­
D

tuado do comportamento apropriado, e um certo texto skinneriano, o grau de êxito destes métodos
número manteve esta mudança depois que as re­ raramente é avaliado pelo uso de grupos de con­
IN

compensas contingentes foram abandonadas. trole para medir a contribuição de variáveis não
Para avaliar a eficiência das instruções apresen­ controladas, ou por meio de comparações de gru­
tadas isoladamente, pediu-se a um segundo grupo pos que envolvem operações experimentais dife­
de pacientes que apanhasse os talheres necessários rentes. Ao contrário, o plano de replicação intra-
em cada refeição. Descobriu-se que as instruções subjetiva é geralmente usado para isolar as variá­
eram inicialmente eficientes para a metade dos pa­ veis que governam a mudança. Neste método de
cientes, mas na ausência de quaisquer conseqüên­ pesquisa, um dado padrão de comportamento é
cias por seguir ou ignorar os pedidos, as diretivas repetidamente induzido e eliminado no mesmo su­
verbais cedo perderam quase todo seu poder con­ jeito, por meio da reversão sucessiva das condições
trolador (Fig. 4-2). Durante a fase seguinte, as ins­ de tratamento (Sidman, 19li0). A replicação intra-
truções continuavam, mas, além disto, os pacientes subjetiva é o meio mais convincente de demonstrar
tinham acesso imediato ao balcão onde se servia a a relação funcional entre os fenômenos comporta-
comida sem pre que apanhassem seus talheres, mentais e suas condições controladoras. Contudo,
sendo mandados para o fim da fila quando não o existem certas limitações e problemas avaliativos no
faziam. Sob a influência combinada das instruções e uso desta metodologia.
CONTROLE POSITIVO 143

PS
U
O
R
G
KS

Figura 4-2. Percentagem de pacientes que apresentaram as respostas apropriadas durante a linha de base, durante a
instrução e durante a fase de combinação do reforçamento com a instrução, Ayllon e Azrin, 1964.
O
BO

A replicação intra-subjetiva é bastante apro­ mite que os sucessos resultam das variáveis de re­
priada para a investigação dos processos de con­ forçamento manipuladas. É inteiramente possível,
trole do desempenho mas não pode ser empregada porém, que em casos bem-sucedidos, as mudanças
no estudo de fenôftienos de aprendizagem nos de comportamento sejam em grande parte devidas
quais certas experiências produzem uma mudança à influência de variáveis inobservadas que variam
EX

mais ou menos irreversível no comportamento de paralelamente com a reversão das condições de tra­
um organismo. Por exemplo, depois que pessoas tamento. O problema de avaliação se torna ainda
adquiriram a linguagem comunicativa, habilidades mais complexo pelo fato de que, nos casos em que
de leitura e várias competências sociais e psicomo­ se consegue um controle comportamental bem-
toras, não é possível apagar essas capacidades de sucedido, não foram desenvolvidos critérios estatís­
D

resposta e assim restaurar os déficits comportamen- ticos para avaliar se a magnitude da mudança pro­
tais originais por meio de operações de não-refor- duzida por um dado tratamento excede a variabili­
IN

çamento ou qualquer outro procedimento psicoló­ dade resultante de fatores não controlados que
gico. operam enquanto a condição de ti*atamento não
No uso desta metodologia surge um certo nú­ está atuando. Muitos leitores indubitavelmente se
mero de complicações interpretativas mesmo no es­ sentiram frustrados ao tentar avaliar conclusões ci­
tudo das mudanças de desempenho. Não existe di­ tadas por investigadores à base da inspeção visual
ficuldade em avaliar os resultados quando mudan­ de curvas de freqüência que não apenas envolvem
ças sucessivas acentuadas de comportamento ocor­ considerável variabilidade durante as condições de
rem rápida e consistente mente em diferentes sujei­ linha de base, mas diferem grandemente de sujeito
tos. Em muitos casos, porém, não só as mudanças para sujeito e são um tanto irregulares em sucessi­
de com portam ento acom panhantes são menos vas replicações.
dramáticas, mas alguns indivíduos permanecem es­ O plano de replicação intra-subjetiva também
sencialmente não-afetados pela exposição repetida impede uma avaliação precisa da eficiência relativa
às mesmas condições de tratamento. Fracassos de de diferentes variáveis de tratamento. Mudanças
replicação geralmente são atribuídos a inadequa­ que são produzidas seqüencialmente num dado in­
ções nos reforçadores usados, enquanto que se ad­ divíduo pela aplicação de métodos diversos não
144 CONTROLE POSITIVO

jxxlem ser comparadas diretamente por inúmeras pessoas que até então se mostravam totalmente re-
razões. O grau de influência necessário para criar fraiárias a ouiros métodos de modificação.
uma mudança inicial pode diferir do necessário
MODIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO SOCIAL
para efetuar melhoras adicionais num dado com-
poriamenio. Ao desenvolver funções lingüísticas DESVIANTE
em’ crianças autistas, por exemplo, Lovaas (190(3) O reforço diferencial tem sido amplamente em­
descobriu que as mesmas eram lenias em adquirir pregado para a modificação do comportamenio
as primeiras palavras, mas que a aprendizagem de desvia me tanto de adultos como de crianças. Nestes
palavras subseqüentes ocorria numa razão relati- programas de tratamento, as conseqüências re­
vamenie rápida. Um aumento similar da razão de compensadoras pelo comportamento desejado são
aquisição das respostas à medida que o tratamento tipicamente combinadas com a extinção, a modela­
progredia foi notado por Siaals, \linke, Goodwin e ção e, em alguns casos, com procedimentos puniti­
Landeen (1967). vos. Contudo, os estudos relatados nesta seção são

PS
Em muitos casos, a linha de base original não é primariamente organizados em função do controle
recuperável; conseqüentemente, os efeitos de va­ do comportamento por meio de suas conseqüências
riáveis diferentes sobre o comportamento deve ser positivas.
comparado com níveis de desempenho dissímilares. Ayllon e seus associados conduziram um extenso

U
Mesmo que a linha de base original de respostas programa de pesquisas sobre o desenvolvimento de
possa ser recuperada, pode ser muito mais fácil procedimentos de reforçamento para a modificação

O
reinstalar um dado comportamento do que criá-lo de perturbações graves de com portam ento em
inicialmente. Zeilberger, Sampen e Sloane (1968) adultos psicóticos. Nos estudos mais antigos (Ayllon
mosiraram, de fato, que o comportamento pode ser e Michael, 1959), as enfermeiras e os atendenies

R
modificado mais rapidamente da segunda vez, uma eram treinados para registrar a freqüência com que
descoberta que é evidente na maioria dos gráficos os pacientes exibiam padrões específicos de com­

G
baseados em experimentos nos quais as mesmas va­ portamento, e para organizar, em situações natu­
riáveis controladoras são sucessivamente aplicadas e rais, as contingências de reforçamento — geral­
retiradas. Não apenas o desempenho anterior das mente sob a forma de atenção social e recompensas
respostas aumenta a rapidez com que elas podem alimentares — necessárias para obter as mudanças
KS
ser reinstaladas depois de terem sido extintas, mas desejadas. Não dando atenção, a formas estranhas
durante as experiências iniciais são adquiridas dis­ de com portam ento e reforçando seletivamente
posições para a aprendizagem que podem resultar padrões racionais de resposta, as 'enferm eiras
na melhoria acentuada do desempenho de respos­ foram bem-sucedidas em reduzir acentuadamente
O

tas muito diferentes (kimble, 19(51; Harlow, 1949). ou eliminar completamente verbalizações psicóticas
(Ayllon e Haughton, 1964), anorexia crônica (Ayl­
Finalmente, o valor reforçador de um dado lon, Haughton e Osmond, 1964), e uma pletora de
BO

evento pode ser acentuadamente alterado pelo con­ outros comportamentos desviantes de há muito
traste com condições prévias ou contemporâneas de existentes e considerados indicativos de uma pato­
reforça mento (Buchwald, 1960; Dunham, 1968). logia psicótica (Ayllon, 1963; Ayllon e Michael,
Portanto, mudanças seqüenciais associadas com di­ 1959). Em estudos posteriores (Ayllon e Azrin,
ferentes tipos de operações de reforçamento refle­ 1965, 1968), o escopo dos métodos de condiciona­
tem influências relacionais, assim como as proprie­ mento operante foi ampliado pelo uso de uma
EX

dades específicas dos procedimentos de reforça­ maior amplitude de incentivos positivos, que foram
mento. Portanto, os pressupostos implícitos de que aplicados numa base de grupo para estabelecer
o controle repetitivo não altera a modificabilidade competências sociais e vocacionais em pacientes
do comportamento em questão, que o comporta­ psiquiátricos crônicos. Um relato detalhado deste
mento é igualmente modificável em níveis diferen­ programa será apresentado mais adiante.
D

tes, e que as operações de reforçamento não são


Foram relatados numerosos projetos nos quais os
afetadas pelo contraste nas condições de incentivo
princípios de reforçamento são sistematicamente
IN

são provavelmente todos impossíveis de manuten­


empregados para alterar o comportamento des-
ção. A potência relativa de diferentes variáveis con­
viante em crianças. Estes estudos oferecem um tes­
troladoras pode, portanto, ser avaliada mais ade­
temunho impressionante de que o comportamento
quadamente mediante o uso de planos experimen­
tais que envolvem grupos emparelhados. das crianças pode ser poderosamente controlado
pelas conseqüências sociais oferecidas pelos adultos.
Alguns dos relatórios publicados a respeito de Cada caso envolve uma replicação íntra-subjetiva,
técnicas de reforçamento se baseiam em casos indi­ na qual a incidência de determinados padrões de
viduais, nos quais, por motivos práticos ou éticos, a resposta é objetivamente registrada sob contingên­
reversão sucessiva das contingências não foi ten­ cias de ocorrência natural e durante períodos sub­
tada. Embora estes tipos de estudos ofereçam evi­ seqüentes em que as contingências terapêuticas são
dência menos convincente quanto às variáveis res­ alternadamente aplicadas e retiradas. Estes achados
ponsáveis pelas mudanças observadas, os resultados demonstram que comportamentos problemáticos
não deixam de ter um importante valor sugestivo, persistentes podem ser eliminados com êxito, reins­
especialmente quando são obtidas mudanças em talados e extintos uma segunda vez, alterando-se a
CONTROLE POSITIVO 145

quantidade de interesse e atenção por parte dos experimentos nos quais a eficácia relativa de diver­
adultos, produzidos pelo com portam ento des- sos métodos de terapia seja avaliada sistematica­
viante. Entre as perturbações tratadas com êxito mente, os resultados de diversas investigações con­
por meio de tal reforçamento seletivo estão o iso­ troladas com pacientes esquizofrênicos (King, Ar-
lam ento extrem o (Allen et al., 1964; Brawley, niitage e Tilton, 1960; Peters e Jenkitis, 1954;
Harris, Allen, Fleming e Peterson, 1969; Johnston, Schaeffer e Martin, 1966) e perturbações cle caráter
Kelley, Buell, Harris e Wolf, 1963), o engatinhar anti-social (Colman e Baker, 1968) revelam que o
regressivo (Harris, Johnston, Kelley e Wolf, 1964), tratamento baseado nos princípios de reforçamento
passividade extrema (Johnston, Kelley, Harris e produz maiores mudanças no com portam ento
Wolf, 1966), hiperatividade e com portam ento interpessoal do que os programas que seguem li­
agressivo (Allen, Henke, Harris, Baer e Reynolds, nhas convencionais.
1967; Hall, Lund e Jackson, 1968), e sentimentos Numa extensão significativa dos procedimentos
depressivos e extrema superdependência (Wahler e de reforçamento, Patterson e seus colegas (Patter-

PS
Pollio, 1968). son, Ray e Shaw, 1968) obtiveram algum êxito na
Um aspecto notável dos procedimentos acima modificação do com portam ento desviante alte­
apresentados, além da sua eficácia demonstrada, é rando os padrões de reforçamento de sistemas fa­
o fato de que os programas de mudança são con­ miliares e de grupos de companheiros. De acordo

U
duzidos dentro de contextos naturais por professo­ com a formulação etiológica dos autores, o compor­
res e pais mediante a utilização de eventos reforça­ tamento desviante ocorre, cle forma típica, sob
dores que formam parte natural de relações inter­

O
condições de baixos níveis de reforçamento positivo
pessoais espontâneas. É possível, naturalm ente, e interações sociais não-recíprocas entre os mem­
modificar o comportamento sob condições artifi­ bros da família. As crianças são, portanto, forçadas

R
ciais com incentivos altamente atrativos, os quais a utilizar formas extremas de comportamento para
são raramente» usados, por motivos práticos ou eliciar reações reforçadoras dos outros. Como uma
outros em situações do quotidiano, Embora os
resultados de tais estudos possam ter algum
valor ao demonstrar que uma forma determinada
de comportamento pode ser controlada por conse­
G
conseqüência ulterior da não-reciprocidade, as
crianças tendem a se tornar cada vez mais contro­
ladas pelo grupo de companheiros e menos reativas
aos adultos. Esta mudança, por sua vez, leva os
KS
qüências artificiais, tais procedimentos de trata­ adultos a lançarem mão de formas aversivas de
mento eventualmente têm que ser substituídos por controle, o que reduz ainda mais a sua influência
várias razões: Primeiro, mudanças comportamen- como agentes de reforçamento.
tais estabelecidas sob condições artificiais devem ser
suplem entadas com um trein o de generaliza­ A abordagem de tratamento, que envolve um
O

ção, tanto aos tipos de tarefa como aos tipos de programa de quatro passos, ocorre no lar. Depois
incentivo usados, para assegurar efeitos de trans­ de duas semanas de observação da linha de base,
relativa às interações familiares, os pais recebem
BO

ferência adequados. Mesmo que procedimentos ar­


tificiais fossem igualmente eficientes, freqüente­ um folheto especialmente preparado destinado a
mente exigiriam equipamento especializado e pes­ familiarizá-los com os princípios gerais do reforça­
soal treinado, o que limita a sua aplicabilidade. mento, extinção, controle aversivo, reforçamento
Além do mais, embora os dados relevantes rara­ involuntário do comportamento desviante e com
mente sejam obtidos, também é necessário levar em procedimentos para registrar o comportamento in­
EX

conta as possíveis conseqüências auto-avaliativas terpessoal. Na segunda fase, pede-se aos pais que
que as intervenções arbitrárias têm sobre seus reci­ façam uma lista dos comportamentos infantis que
pientes, assim como efeitos sociais sobre as atitudes desejam modificar. É-lhes atribuída, então, uma
e o comportamento dos outros que tiveram opor­ hora especial durante cada dia para registrar a in­
tunidades de observar o tratamento. cidência destes comportamentos, as conseqüências
D

por eles geradas e os membros da família que ofe­


Inúmeros estudos empregando técnicas de refor­ reciam as conseqüências. Depois de aprenderem a
çamento foram publicados em anos recentes, mas
IN

observar as contingências interpessoais com exati­


carecem do aspecto de controle replicativo. Não
dão, os pais são ajudados, mediante amplas de­
obstante, relatam resultados favoráveis com pro­ monstrações e prática supervisionada, a alterar as
blemas clínicos diversos como o comportamento au­
contingências de reforçamento que oferecem tanto
tista (Lovaas, 1968), anorexia grave (Bachrach,
para os padrões de resposta desviantes como para
Erwin e Mohr, 1965; Leitenberg, Agras e Thom­
os desejados. Os problemas familiares são assim
son, 1968), fobias escolares (Patterson, 1965), com­ modificados um de cada véz.
portamento socialmente desorganizador (Zimmer-
man e Zimmerman, 1962), mutismo (Sherman, Quando necessário, novas prádcas de reforça­
1965; Straughan, 1968), convulsões psicogênicas mento também são introduzidas no contexto da
(Gardner, 1967), atividades automutiladoras (Allen sala de aula e no grupo de companheiros. O con­
e Harris, 1966), comportamento anti-social (Col- trole sobre o comportamento desviante em situa­
man e Baker, 1968) e inúmeros outros tipos de ções extrafamiliares é tipicamente obtido por meio
comportamento desviante, alguns dos quais discuti­ de um procedimento de contingência no grupo de
remos nas seções seguintes. Embora haja poucos companheiros, no qual tanto a criança como seus
146 CONTROLE POSITIVO

companheiros inicialmente recebem recompensas competências dentro dos limites de suas habilida­
desejadas pelo bom comportamento. Os reforçado­ des.
res materiais são então retirados gradualmente até
que eventualmente o comportamento da criança APRENDIZAGEM SIMBÓLICA
seja inteiramente mantido pelo reforçamento social Ein anos recentes, os procedimentos de reforça-
dos professores e companheiros. Depois que o pro­ menio têm sido usados com êxito em conjunção
grama formal de tratamento termina, mantém-se cotn materiais de instrução programada para esta­
um contato telefônico num esquema de diminuição belecer formas simbólicas complexas de comporta­
progressiva, e durante um período de seis meses mento. O programa de pesquisa de Staats (1905) ua
são feitas observações no lar. aquisição do com portam ento de leitura é um
Os resultados baseados em seis famílias que par­ exemplo destes procedimentos.
ticiparam do programa descrito mostram que os A leitura envolve processos complicados nos
quais as crianças devem aprender tanto a discriminar

PS
pais reduziram a freqüência com que reforçavam
positivamente o comportamento desviante de uma entre símbolos verbais intricados como a associar
taxa média de 35 por cento durante o período da respostas verbais apropriadas aos mesmos. A com­
linha de base a 10 por cento no fim do programa plexidade surge primariamente porque os mesmos
de intervenção. A modificação das contingências elementos numa palavra-estímulo composta devem

U
familiares não apenas diminuiu o comportamento eliciar respostas diferentes, dependendo do con­
desviante emitido pela família, mas também au­ texto em que ocorrem. Como as palavras contêm

O
mentou a quantidade de reforçamento social posi­ muitas propriedades estimuladoras comuns (por
tivo no sistema social como um todo, e produziu exemplo, “courisel” e “council”) e, na maioria dos
uma qualidade de maior reciprocidade nas intera­ casos, a diferenciação da palavra se apóia em pistas

R
ções entre os vários membros da família. Além do sutis, o desenvolvimento das respostas de leitura
mais, estas mudanças favoráveis tendem a ser efeti­ constitui uma tarefa associativa de discriminação de
vamente mantidas durante um certo decurso de
tempo. Embora esta abordagem pareça ser promis­
sora, a acentuada variabilidade das taxas de linha
de base do comportamento desviante antes que as
G
formas muito exigente. Além das dificuldades
criadas pela elevada similaridade de estímulos, o
material instrucional tipicamente serve como uma
fonte fraca de reforçam ento positivo, especial­
KS
novas práticas de reforçamento sejarçi inauguradas mente para crianças pequenas. Um programa de
e também a reatividade diferencial das famílias ao leitura eficiente requer, portanto, treino extensivo,
programa indicam que novos aperfeiçoamentos e utilizando um material que é cuidadosamente colo­
avaliações são necessários. cado em seqüência, um emparelhamento repetido
de palavras com as suas associações verbais ou pic­
O

tóricas, uma retroalimentação imediata e contínua


DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS da exatidão das respostas, e um sistema de incenti­
E DE AUTOGOVERNO EM CRIANÇAS
BO

vos capaz de manter a atenção das crianças e uma


GRAVEMENTE RETARDADAS elevada reatividade por longos períodos de tempo.
As técnicas de reforçamento também mostra­ Estas condições essenciais são incorporadas no mé­
ram-se valiosas para estabelecer habilidades bá­ todo semi-automático elaborado por Staats para es­
sicas sociais e de autocuidado em crianças pro­ tudar a aquisição da leitura.
fundamente retardadas, as quais, por causa do seu Na fase inicial do pré-treínamento, as crianças
EX

nível primitivo de comportamento, são geralmente eram reforçadas para imitar vogais simples ou pala­
consideradas ineducáveis e portanto são relegadas a vras ditas pelo experimentador. Depois que a mo­
enferm arias institucionais. Tais crianças foram delação verbal tenha sido bem estabelecida, é mos­
treinadas em seus hábitos higiênicos (Giles e Wolf, trada uma palavra com vários desenhos de objetos
D

1966; Hundziak, Mowrer e Watson, 1965), apren­ simples, um dos quais corresponde ao estímulo im­
deram a se vestir sozinhas, a se alimentar com uten­ presso, e o experimentador pronuncia a palavra.
sílios, a cuidar da sua própria aparência, e a reagir Quando, por meio de conseqüências discriminati­
IN

a comandos verbais, o que é de considerável ajuda vas, as crianças aprenderem a emparelhar as pala­
no processo de treinamento social (Bensberg, Col- vras com suas representações pictóricas, sem auxí­
well e Cassei, 1965; Girardeau e Spradlin, 1964; lios de pistas orais, começa o verdadeiro treino da
Minge e Bali, 1967; Roos, 1965). Além disso, a efi­ leitura. A tarefa de leitura é apresentada às crian­
cácia destes métodos para desenvolver habilidades ças primariamente sob a forma de um processo dis­
de comunicação, padrões de respostas interpessoais criminativo de emparelhamento com a amostra.
e outras formas complexas de comportamento nos Em cada seqüência de aprendizagem, uma palavra-
retardados graves está sendo explorada. Bensberg amostra é mostrada na abertura de cima de um
assinala, entre parênteses, que tais programas não painel, e é emparelhada por uma de três palavras
beneficiaram apenas as crianças retardadas, mas as mostradas simultaneamente numa linha debaixo
funções das pessoas que cuidavam destas crianças, de janelas. O experimentador pronuncia a palavra-
que utilizavam os procedimentos de treinamento, estímulo e pede às crianças que repitam a palavra e
m udaram do cuidado custodiai árido para uma escolham o item comparável dentro das alternativas
participação ativa em ajadar as crianças a ganhar apresentadas. Se a criança lê a palavra correta-
JONTROLE PO SITIVO 147

netue, ela é im ediatam ente refo rçad a com fichas aprovação em q u alq u er m atéria escolar; ap esar de
ue podem ser trocadas p o r b rinquedos pré-sele- oito anos e m eio de instrução em classe, sua capa­
ionados ou o u tro s ileiis desejados. Q u an d o a res­ cidade d e leitura p erm anecia no nível d o 2." ano.
posta d a criança é incorreta, a sequência total é re- Em v irtu d e das suas atitudes não-caridosas e com ­
>etida. Depois q u e as crianças ap re n d em a ler as p o rtam en to em relação à eq u ip e escolar, e danos
>alavras individualm ente, elas são apresen tad as em ocasionais à p ro p rie d a d e escolar, ele e ra conside­
entenças e em parág rafo s curiós com postos d e ma- rad o ineducável, incorrigível e m en talm en te re ta r­
erial já p reviam ente ap ren d id o , dado.
N uina tarefa d e aprendizagem da discrim inação, U tilizando-se m éto d o s paralelos aos em p reg ad o s
a taxa d e e rro p o d e ser c o n tro la d a eficazm ente nos estudos d e laboratório, o rapaz ap re n d e u p ri­
pelo uso d e procedim entos de pistas e alternativas m eiro a ler as palavras ap resen tad as isoladam ente,
le estím ulos q ue são facilm ente discrim inados d a depois com binadas em sentenças, e finalm ente o r­
;scolha co rre ia . A b a n d o n a n d o g ra d u a lm e n te os ganizadas em histórias curtas. O s itens d e vocabulá­

PS
ipoios e s tim u la d o re s d o c o m p o rta m e n to a p r o ­ rio, que foram selecionados d e m aterial-p ad rão d e
priado e e m p re g a n d o co n tra ste s c a d a vez mais leitura organizados d e acordo com o nível de difi­
inos e n tre as altern ativ as d e estím u lo (R ocha e culdade, eram ap re sen ta d o s in d iv id u alm en te em fi­
Jilva e Ferster, 1966) as crianças podem eventual- chas e pedia-se ao rapaz q u e os pronunciasse. De­

U
n eiu e a p re n d e r a reag ir a aspecLos sutis das pala- pois d e cada resposta d e leitu ra correLa, o rapaz re­
/ras. A m aioria das o u tra s atividades simbólicas, cebia recom pensas artificiais q u e ele econom izava
:omo a abstração e a form ação d e conceitos, d e ­ p ara vários artigos e p a ra tro car p o r d in h eiro . De­

O
fe n d e tam bém do estabelecim ento d e discrim ina­ pois que o rapaz lin h a m eslria dos itens d e vocabu­
ções su tis . I s to p o d e s e r m e lh o r c o n s e g u id o lário ele g anhava recom pensas adicionais p ara a lei­

R
itiliz an d o -se p rim e iro c o n tra ste s re la tiv a m e n te tu ra co rreia oral de p arág rafo s, leitu ra silenciosa d e
rrosseiros, substituindo os mesmos p o r diferenças histórias inteiras, e p ara respostas co rretas a ques­
;ucessivam ente m enores e n tre os estím ulos. tões q u e visavam a m ed ir a co m p reen são d o con­
E m bora n ão tenham sido feitas com parações com
outros m étodos instrucionais p o r causa d a natureza
exploratória desta pesquisa, Staats acum ulou consi­
G
te ú d o das histórias.
D urante o p ro g ra m a de trein am e n to o rapaz co­
briu um a g ra n d e am p litu d e d e m aterial d e leitu ra
KS
deráveis d ados (Staats, Finley, M inke e W olf, L964; sem p e rd e r o interesse. Não ap en as ad q u iriu novas
Staats, M inke, Finley, W olf e Brooks, 1964) a res­ respostas de leitu ra num a razão relativam ente ele­
peito d o valor potencial deste pro g ram a p ara esta­ vada, mas m o stro u u m a habilidade crescente p ara
belecer o co m p o rtam e n to d e leitura em crianças ler palavras novas na p rim e ira ap resen tação , re ­
pré-escolares. Além d o mais, a influência dos es­ te n d o m u ito d o q u e tin h a a p re n d id o . Este p ro ­
O

quem as d e refo rçam en to sobre a taxa d e aquisição gresso notável tam bém se refletiu nos escores nos
da leitu ra foi estu d ad a sistem aticam ente em vários testes d e leitura, obtidos antes, d u ra n te e depois do
BO

casos coin replicações intra-subjetivas. O s resulta­ té rm in o de cerca de 40 h o ras d e trein am e n to d e


dos, em bora um tanto variáveis, d em onstram q ue le itu ra d istrib u íd a s p o r u m p e río d o d e q u a tro
sob condições d e ref o rçam ento as crianças m antêm m eses e m eio (Fig. 4-3). Q u e o p ro g ra m a breve d e
um elevado interesse na ta re fa d e leitura, e conti­
n uam a a d q u irir novas respostas d e leitura n um a
série extensa d e sessões, em bora, p o r motivos ex p e­
EX

rim e n ta is , a in te ra ç ã o social e n tr e o tu to r e a
criança fosse severam ente restringida. Em aplica­
ções educacionais ou corretivas, questionaríam os,
sem dúvida, a sabedoria d e a d e rir tão rigidam ente
a tais práticas im pessoais e de se ap o iar exclusiva­
D

m ente sobre refo rçad o res m ateriais. C om o seria d e


se e s p e ra r pelas pesquisas an terio res, o refo rç a­
IN

m en to in term iten te geralm ente produziu taxas de


respostas d e leitura m ais elevâdas d o q u e o re fo r­
çam en to co ntínuo. A lém d o mais, nos períodos em
q ue o refo rçam en to foi te m p o rariam en te ab an d o ­
n ad o , o co m p o rtam e n to d e le itu ra se d e te rio ro u
rap id am en te.
Estes p rocedim entos foram inicialm ente ad a p ta ­
dos p o r Staats ao estu d o d a aquisição d a leitura em
crianças re ta rd a d a s e à leitura corretiva num ado­
lescente d elin q ü en te (Staats e B utterfield , 1965).
Este ú ltim o caso envolveu um rapaz d e 14 anos
Figura 4-3. Escores no teste de leitura obtidos após oito
anos e meio de' instrução regular em sala de aula e depois
q u e , além d e a c u m u la r u m a h istó ria v a ria d a e de quatro meses e meio durante os quais as respostas de
c o m p rid a d e u m c o m p o rta m e n to agressivo des­ leitura foram positivamente reforçadas. Staats e Butter­
tru id o r, n u n ca tin h a receb id o q u a lq u e r nota d e field, 1965.
148 CONTROLE POSITIVO

ira ia n ie n to pro d u ziu efeitos educacionais e com - tuados, ap esar tios n um erosos anos gastos inutil­
p o riam eiuais generalizados é indicado pelo faio d e m ente em ir à escola.
que o rapaz recebeu noias m édias mas suficientes Desde q u e sejam elaborados habilidosam ente e
p ara a aprovação em iodas as disciplinas pela p ri­ ad ap tad o s às exigências individuais, os sislemas tle
m eira vez na sua ca rreira escolar tu rb u len ta, dim i­ auto -in siru ção possuem vários aspecios q ue podem
n u in d o tam bém ac e n tu a d a e ev e n iu a lm e n ie ces­ facilitar o processo de aprendizagem . Em p rim eiro
sando o sen co m p o riam e n io agressivo desafiador. lugar, apresen tam o m aterial ao estu d an te num a
O p ro g ra m a inteiro, aplicado p o r um funcionário ordem g rad u al bem organizada. A utilização tle se­
en c arreg ad o d a vigilância de réu s beneficiados pelo qüências o rd en a d as logicam ente evita q ue os alunos
“ s u r s i s ” , envolveu um gasto total d e US$ 20.31 para fiquem confusos o u p erd id o s pela om issão tle eta­
os itens que seriam trocados p o r fichas. pas in term ed iárias essenciais na exposição; isto re ­
Essencialm ente os m esm os procedim entos foram move um im p o rta n te aspecto aversivo tia iustruçào
aplicados com cerio g rau de êxito p o r adultos vo­ c o n v e n cio n al. Em se g u n d o lu g a r, o fe re c e m ao

PS
luntários e estu d an tes do 2.° g rau no ensino d e ha­ aluno um a retro alim en tação im ediata d a exatidão
bilidades d e leitura a crianças retard ad as, em ocio­ das suas respostas, aju d an d o -o a vigiar co n tin u a­
n a lm e n te p e riu rb a d a s e c u h u r a lm e n ie p rivadas m ente a sua co m p reen são tio assunto. Em terceiro
(Staais et al., 19(37). As crianças ad q u irira m as res- lugar, com o o alu n o pode p ro ced er p ara um a nova

U
posias d e lei lu ra num a razão acelerada, apesar do info rm ação ap en as se ti eu respostas co rretas aos
m aterial insirucional le r au m en ta d o de dificuldade itens preced en tes, a participação ativa exigida do
alu n o força um a observação cuidadosa d o m aterial

O
e a q u an tid ad e d e refo rç am e n to extrínseco te r sido
progressivam ente reduzida. C on iu d o , vários p ro ­ estim ulador. Desta form a, se o aluno com eça a d e ­
blem as m etodológicos associados com as tarefas-cri- v an ear em classe, o co n teú d o insirucional, assim

R
tério, assim com o o falo d e que sujeitos tio g ru p o com o um rio, co n tin u a a fluir, ao passo que na ins­
d e coiu ro le receberam trein o especial com maLe- tru çã o p ro g ra m a d a o tu to r p acien te p e rm a n ec e
inativo en q u a n to o alu n o «ião eslá engajado. Em
riais sim ilares, im pedem a execução d e um lesie se­
vero para saber se um p ro g ra m a que envolve con­
tingências rígidas e refo rç ad o res m ateriais p roduz
resultados m elhores do q u e as práticas educacionais
G
q u arto lugar, o aspecto tle auio-estabelecim ento d o
progresso nos m étodos de instrução p ro g ra m ad a
to rn a possível um a instrução individualizada para
KS
padronizadas. pessoas q ue d iferem em habilidade e m estria tio
Sislemas de Auto-Inslrnçào. A aquisição das habili­
m aterial. Nos sistemas co m putadorizados, nos quais
d ad es cognitivas básicas e d o conhecim ento, que um novo co n teú d o instrucional é escolhido em cada
são o pré-requisiio para atividades simbólicas su p e­ e ta p a na b ase tios d e s e m p e n h o s a n te r io r e s d o
ap ren d iz, os alunos jxxlem g era r suas p ró p rias se­
O

riores, re q u e r a ap resentação rep e tid a cle q u an ti­


d ad es substanciais de co n teú d o abstrato e d e p rin ­ q ü ê n c ia s ó tim as tle a p re n d iz a g e m . F in alm en te,
cípios, assim com o uni treino de discriminação intrin­ um a vez q ue os erro s são drasticam en te reduzidos
BO

cado. C om o m uitas destas funções podem ser exe- [jor um a progressão g rad u al tia d ificuldade do con­
cm adas mais eficientem ente p o r técnicas d e auto- te ú d o , a a p re n d iza g em com os p ro g ra m as auto-
ensino p ro g ra m ad o do q u e p o r m étodos conven­ insirucionais é pouquíssim o am eaçadora. As carac­
cionais d e tre in a m e n to , os sistem as in sirucionais terísticas tle p rogresso individual e tle não-am eaça
sem i-auiom áticos esião sendo cada vez mais usados são especialm ente im p o riam es em aplicações clíni­
para a aprendizagem simbólica. Ao avaliar o papel cas ou em endativas a pessoas q ue tiveram um a ex ­
EX

desias ab ordagens no processo educacional, deve­ periência m uito extensa tle fracasso e q u e d iferem
mos enfatizar q u e a quesiào crucial não é o apoio g r a n d e m e n te nas á re a s tle c o n te ú d o n as q u ais
so b re u m a a p re s e n ta ç ã o m e câ n ica v ersu s u m a apresenLam déficils.
apresentação social do m aterial estim ulador, mas o N um esforço para aliviar o m edo tle q u e as m á­
D

saber qu e sislemas tuioriais, aplicados isoladam ente quinas possam substituir os pedagogos reais, tem
ou em com binação, m elhor se aproxim am tias con­ sitio h ábito re le g a r o en sin o tle m aterial faiu al,
dições ótim as p ara a aprendizagem . E m bora os co­ árid o , a en g en h o s tle instrução p ro g ram ad a, rese r­
IN

m entadores sociais m uitas vezes atribuam um a le­ vando as -habilidades criativas, tle solução tle p ro ­
gião d e virtudes aos m odos convencionais de ins­ blem as e conceituais a professores que seriam libe­
trução e um a p letora d e efeilos d an in h o s aos m éto­ rados tle tarefas rotineiras. Com o Resnick (1963)
dos prog ram ad o s, m uitos in siru to res tle fato não assinala com razão, a d ificuldade tle en sin ar habili­
ap resentam o tipo tle organização tio conteú d o que dades intelectuais com plexas resulta p rim ariam en te
asseguraria um a aprendizagem ráp id a e um a re ­ não tias lim itações in eren tes aos procedim entos tle
ten ção eficaz; m uitos a p re se n ta m o m aterial d e instrução p ro g ram ad a, mas tio fatò d e q ue as ativi­
m aneira a ex tin g u ir os interesses intelectuais dos d ad es cognitivas são usu alm en te descritas em le r­
alunos; e m uitas vezes muitos, in advertidam ente, mos niuiio gerais ou en tão p erm anecem essencial­
estabelecem fo n e s tendências tle esquiva com rela­ m en te n ão definidas. Por esta razão, m esm o p ro ­
ção ao assu n to que está sendo ensinado. C onse­ fessores tle talento m uitas vezes têm d ificuldade em
q ü en tem en te, m uitos alunos, esjíecialm ente aqueles tlecidir q u e tipos tle ex periência d e ap ren d izag em
q ue são pouco m otivados ou m enos dotados intelec­ seriam os mais ap ro p riad o s p ara o desenvolvim ento
tu alm en te, ap re sen ta m déficils intelectuais acen­ das ap tid õ es abstraias. D epois q u e os co m p o ria-
CONTROLE POSITIVO 149

mentos componentes tias habilidades mais comple­ zagem programada com recursos audiovisuais. Em
tas foram adequadamente especificados não há conseqüência, as atividades de pesquisa se preocu­
razão para que estas não possam ser ensinadas por param excessivamente com comparações entre as
seqüências de aprendizagem cuidadosamente prepa­ instruções convencionais e variações menores de
radas. Na realidade, há evidências que sugerem características do programa, ao invés de realizaFem
Ljue os méiodos aulo-iusirucionais podem ser utili­ investigações sistemáticas dos processos de aquisi­
zados com eficiência no ensino de habilidades inte­ ção associados com sistemas de auto-instrução. Este
lectuais relativanienie complexas como as funções último tipo de pesquisa não apenas aumentaria a
tia linguagem, raciocínio matemático, tomada de eficiência da instrução programada, mas também
decisões, pensamento abstraio, estratégias de solu­ elucidaria processos de aprendizagem fundamen­
ção de problemas, uma grande amplitude de h a b i­ tais envolvidos em habilidades complexas. Por
lidades vocacionais e não-vocacionais, e os conceitos exemplo, a aprendizagem da leitura por meio de
básicos e princípios de diversas áreas de estudo. um método automatizado de emparelhamento com

PS
Além tio mais, numerosas investigações comparati­ amostras aplicado a crianças pequenas num pe­
vas (Silberman, 1902; Slolurow, 1963) geralmente ríodo extenso de tempo deveria fornecer informa­
mostraram que a instrução program ada é pelo ções básicas sobre processos discriminativos, a fim
menos ião eficiente como, e às vezes melhor do de suplementar o conhecimento derivado de estu­

U
que, os méiodos convencionais de ensino, redu­ dos breves de laboratório em pregando procedi­
zindo ainda substancialmente o tempo dos alunos, mentos idênticos com um conteúdo menos signifi­
o cusio e o número de profissionais necessários. cativo.

O
Como o desenvolvimento de aiitudes favoráveis em Embora atualmente muita atenção esteja voltada
relação aos assumos ensinados é uma parte tão im­ para as variáveis programáticas e tecnológicas, as

R
portante do processo de aprendizagem como a exigências de incentivo para a aprendizagem têm
aquisição de habilidades intelectuais específicas sido essencialmente ignoradas. Este estado de coisas
(Mager, 19(>8), a avaliação dos sistemas tutoriais
deveria medir lanto atitudes como realizações. Infe­
lizmente, os efeitos alitudinais da instrução pro­
gramada, ou do ensino convencional, raramente
G
resulta em grande parte dos pressupostos ampla­
mente divulgados de que o formato programado é
eficaz para assegurar a atenção e que a retroali­
mentação informativa a respeito da exatidão das
KS
são levados em conta. respostas funciona como um reforçador positivo
Com ulteriores avanços na auio-instrução, tanto automático para manter a reatividade. Isto pode
do ponto tle vista tecnológico (nas áreas de sistemas ser verdade para as pessoas que aprenderam a va­
de projeção tle figuras, programação vocal e o uso lorizar realizações intelectuais, ou que esperam de­
tle computadores para permitir aos alunos uni con­ rivar alguns benefícios imediatos do aumento da
O

trole mais completo sobre as seqüências de apren­ sua competência em áreas específicas de funciona­
dizagem) e no conhecimento dos processos de aqui­ mento. Contudo, para alunos inteligentes alta­
BO

sição, deveria ser possível organizar condições óti­ mente motivados, uma programação linear passo a
mas de aprendizagem mais facilmente e estender a passo envolvendo respostas fortemente induzidas, o
instrução programada a formas ainda mais com­ que assegura uma aprendizagem bem-sucedida em
plexas tle comportamento simbólico. Na realidade, indivíduos com menos talento, pode oferecer in­
num estudo elaborado da instrução por meio de crementos tão triviais no desempenho que a tarefa
computadores, realizado por Atkinson e Suppes de aprendizagem não se torna nem desafiadora
EX

(Alkinson, 196S) alunos de l.a série do l." grau re­ nem pessoalmente recompensadora. Embora estes
ceberam toda a sua instrução de leitura e matemá­ efeitos negativos possam ser evitados até certo
tica por meio de unidades de aprendizagem apre­ ponto ajustando-se o tamanho das unidades infor-
sentadas na televisão e controladas por um compu­ macionais ao nível de aptidão, o problema do in­
centivo se torna muito mais sério no caso de pes­
D

tador central. O computador apresenta o material,


vigia os desempenhos dos alunos, e continuamente soas para as quais os sinais de realização intelectual
ajusta a seqüência de aprendizagem às capacidades precisam ser estabelecidos como recompensas efi­
IN

e ao progresso individual de cada aluno. A instru­ cazes. Nestes casos, um sistema de incentivos ex­
ção fornecida por este sistema produz maior profi­ trínsecos deve ser adicionado aos procedimentos de
ciência tio que o modo usual de ensino na sala de auto-instrução para que seja possível manter per­
aula. Se os custos puderem ser reduzidos, sistemas manentemente o interesse e a reatividade dos alu­
baseados em computadores poderão eventualmente nos.
substituir as técnicas convencionais de instrução em
muitas áreas de estudo. Tais sistemas instrucionais MUDANÇA GOMPORTAMENTAL
poderiam, de fato, oferecer várias formas de mate­ AUTOMANIPULADA
rial educativo em diferentes níveis e sob condições A maioria dos programas que estivemos discu­
ótimas de aprendizagem a lares, escolas, facilidades tindo até agora consegue mudanças comportamen-
comerciais e outros contextos equipados com uni­ tais primariamente pela manipulação externa das
dades de ensino televisionadas. contingências de reforçamento. Os anos recentes
O progresso nesta área tem sido impedido, em testemunharam um crescente interesse nos proces­
certa extensão, pela identificação entre a aprendi­ sos de autocontrole pelos quais os indivíduos regu-
150 CON TROLE POSITIVO

lam o seu próprio comporia mento organizando tlessem «s seus desempenhos anteriores, assegu­
contingências apropriadas para si mesmos. Estas rando assim um a|>erfeiçoamento contínuo.
tentativas auto-dirigidas compreendem unia varie­ Como o comportamento está extensivamente sob
dade de estratégias, algumas das quais foram origi­ controle de estímulos externos, as pessoas podem
nalmente propostas por Fersler, Nürnberger e Le- regular a freqüência com que se engajam em certas
vitt (1962). atividades alterando as condições estimuladoras sob as
Os esforços de auto-influência geralmente não quais o com portam ento habitualm ente ocorre.
são bem-sucedidos porque envolvem auto-instru- Comer em excesso, por exemplo, ocorrerá mais
ções vagas que não têm implicações comportamen- freqüentem ente quando alimentos gostosos são
tais imediatas. Além do mais, a não ser que as apresentados em lugares muito freqüentados da
auio-insiruções sejam apoiadas por operações de casa do que quando são guardados fora da vista da
reforçamento, externas ou auto-apliçadas, não con­ pessoa e tornados menos acessíveis. Na realidade,
seguirão elas exercer muito controle sobre o com­ demonstrou-se que, comparadas com indivíduos de

PS
portamento. A seleção de objetivos bem definidos, tanto peso normal, as pessoas obesas são menos reativas a
intermediários como últimos, é um aspecto essen­ estados internos cle fome (Stunkard e koch, 1964),
cial de qualquer programa de mudança autodiri- ao passo que o seu comportamento alimentar é ex­
gido. Os objetivos que os indivíduos escolhem para cessivamente dependente de estímulos externos re­
lacionados com a comida (Schachter, 1967). Algum

U
si mesmos devem ser especificados em termos
comportameniais suficientemente detalhados para grau tle autocontrole pode ser conseguido desta
forma por organizações ambientais sábias que re­

O
oferecer uma orientação adequada às ações que
devem ser tomadas diariamente para atingir os re­ duzem os determinantes externos do comporta­
sultados desejados. mento. Ao contrário, a incidência de atividades de­
sejadas pode ser aumentada pela introdução de es­

R
Para aumentar ainda mais o engajamento em re­ tímulos apropriados.
lação aos objetivos, os participantes devem fazer O comportamento que oferece um reforço posi­
acordos contratuais para praticar comportamentos
auiocontroladores nas suas atividades diárias. As­
sim, por exemplo, na modificação do comporta­
mento de fumar (Tooley e Pratt, 1967) e obesidade
G
tivo imediato, por exemplo, comer, fumar e beber,
tende a ser desempenhado em situações diversas e
ocasiões variadas. Portanto, outro aspecto impor­
KS
tante da mudança autom anipulada envolve um
(Fersler, Nürnberger e Levitt, 1962), os clientes progressivo estreitamento do controle dos estímulos
concordam em restringir cada vez mais, em etapas sobre o com portam ento. C ontinuando com o
graduadas, os lugares e as ocasiões em que se enga­ exemplo da obesidade, os indivíduos são encora­
jarão no comportamento nào-desejado. Sob condi­ jados gradualmente a delimitar as circunstâncias
O

ções em que os indivíduos voluntariamente se com­ nas quais comem até que eventualmente o seu
prometem com certas linhas de ação, as tendências comportamento alimentar é colocado sob o con­
subseqüentes ao tlesvio tendem a ser contrariadas
BO

trole de um conjunto específico de condições esti­


pelas auto-avaliações negativas. Por meio deste me­ muladoras. Este resultado é obtido fazendo-se com
canismo, e reações sociais antecipadas em relação às que os clientes se comprometam com um programa
outras jiessoas, os compromissos contratuais refor­ graduado no qual deixam de comer em contextos
çam a aderência às práticas corretivas. não-ligados às refeições, i.e., fora do horário regu­
Satisfações derivadas de mudanças evidentes' lar tle alimentação, e enquanto estão engajados em
EX

ajudam a snsiemar as tentativas bem-sucedidas. Os outras atividades como assistir a televisão, ler ou
indivíduos |>odem, portanto, utilizar registros objeti­ ouvir rádio. Um procedim ento essencialmente
vos de mudanças comportameniais como uma fonte similar é empregado para aumentar o comporta­
adicional de reforçamento para o seii comporta­ mento esforçado que está sob um controle situacio-
nal fraco. Assim, para conseguir que os alunos es­
D

mento de autocontrole. Em estudos dos processos


autodiretivos, realizados por Kolb, Winter e Berlew tudem produtivamente, uma mesa e uma ocasião
(1968), os alunos usavam contadores em miniatura específica são desti nados ao estudo e todos os estí­
IN

jiara manter um registro exato da freqüência com mulos potencialmente perturbadores são retirados.
que apresentavam os comportamentos desejados e Para preservar o valor estimulador da mesa para o
não-desejados durante o dia. Os dados foram apre­ comportamento de estudo, sempre que os estudan­
sentados graficamente para oferecer uni quadro tes jíercebem que seus pensamentos divagam ou
claro das mudanças comportameniais que os alunos seus interesses diminuem, devem eles deixar a si­
esiavam conseguindo com os seus próprios esfor­ tuação e se ocupar com outras atividades. Desta
ços. Uma retroalimentação diária deste tipo não só maneira se consegue períodos progressiva mente
[jossui uma função reforçadora, mas também serve inais longos de estudo concentrado (Fox, 1966;
para evitar uma realização irregular e feita de má Goldiamond, 1965).
vontade tios procedimentos autoprescritos. Num Os procedi mentos anteriores se destinam prima­
estudo destinado a aperfeiçoar o comportamento riamente à instituição de um comportamento auto-
de auto-instrução, Fox (1966) descobriu que os controlado; entretanto, a não ser que conseqüên­
alunos que registravam a sua produtividade diária cias |x)sitivas também sejam organizadas, as práucas
continuavam a trabalhar nas tarefas até que exce- bem-intencionadas serão de curta duração. O com-
CONTROLE POSITIVO 151

portamento de autocontrole é difícil de se manter volta ao peso anterior [pág. 79].” De um modo di­
porque é associado, pelo menos inicialmente, com verso das abordagens que se focalizam no consumo
condições relativamente desfavoráveis de reforça- de calorias ou nas causas internas inferidas do
mento. Tipicamente, atividades prepotentes ofere­ comer eiH excesso, os programas de autocontrole
cem um reforçatnento positivo imediato para o in­ tentam obter uma mudança permanente nos pa­
divíduo, ao passo que as suas conseqüências aversi­ drões do comportamento alimentar regulando as
vas não são experimentadas por algum tempo. Ao condições estimuladoras e as conseqüências autoge-
contrário, as medidas de autocontrole geralmente radas do comportamento. Stuart (1967) relata re­
produzem efeitos desagradáveis imediatos, en­ duções de peso acentuadas e duradouras em oito
quanto que os benefícios pessoais são adiados con­ mulheres obesas que seguiram um programa que
sideravelmente. Portanto, operações de auto-rejor- combinava os vários elementos acima discutidos
çamento são empregadas para oferecer um apoio (Fig. 4-4). Num estudo controlado, Harris (1969)
imediato do comportamento de autocontrole até descobriu que homens e mulheres que foram trei­

PS
que os benefícios que eventualmente aparecem nados para usar procedimentos de autocontrole
tomem para si a função reforçadora. similares perderam peso e mantiveram a perda,
As contingências que os indivíduos organizam enquanto um grupo de controle em parelhado,
para si mesmos podem envolver diferentes tipos de que recebeu cartões com o cálculo das calorias e foi

U
eventos reforçadores. Pede-se-lhes que selecionem incentivado a reduzir o peso, continuou obeso.
uma variedade de atividades que julgam recom­ Ambos os estudos revelam ainda que esta aborda­
pensadoras e que as tornem contingentes do de­ gem é acompanhada de poucas desistências e não

O
sempenho do comportamento desejado. Ver televi­ tein efeitos emocionais desagradáveis. Os achados
são, tomar café, ler revistas, períodos de recreação, preliminares encorajadores indicam que os méto­

R
recompensas financeiras ou alimentos gostosos po­ dos de autocontrole merecem investigações sistemá­
dem, por exemplo, se tornar condicionais a uma ticas ulteriores tanto como tratamentos em si como
certa quantidade de comportamento de estudo. funcionando como meios complementares a outros
Como assinalamos no capítulo introdutório, o re-
forçamento autom anipulado pode desempenhar
uma importante função de manutenção do com­
G
procedimentos.

CONDICIONAMENTO VERBAL
KS
portamento (Bandura e Perloff, 1967). No caso de O método de reforça mento positivo também tem
comportamentos apetitivos poderosos, é possível se sido amplamente aplicado nos estudos do condicio­
engajar em atividades positivamente competitivas, namento verbal. Estas investigações tipicamente uti­
para ajudar o autocontrole, sempre que a instiga­ lizam uma situação de entrevista livre ou de apren­
ção para desempenhar um comportamento não- dizagem discriminativa, na qual um experimenta­
O

desejado seja elevada. A disposição para desempe­ dor seletivamente reforça certas classes de respostas
nhar um comportamento prepotente também pode verbais e ignora todas as outras verbalizações. O re-
BO

ser reduzida gerando-se conseqüências aversivas forçamento geralmente consiste em acenar com a
im ediatas, ou sim bolicam ente (Cautela, 1960; cabeça, sorrir, repetir ou parafrasear as observa­
Homme, 1965), ou por meio do uso de engenhos ções do entrevistado, ou simples afirmações verbais
de estimulação portáteis (McGuire e Vallance, com conotações positivas. A simplicidade do proce­
1964). O modo pelo qual efeitos aversivos autoge- dimento e a sua semelhança com as entrevistas clíni­
rados têm sido utilizados para obter controle sobre cas conduziram a uma rápida adoção dos paradig­
EX

perversões sexuais, alcoolismo crônico e outros mas de condicionamento verbal para a testagem de
tipos de comportamento de adição recebe uma con­ hipóteses sobre os processos de interação psicote-
sideração detalhada no Cap. 8. rapêuticos. Os resultados gerais de inúmeros estu­
Como um aspecto final dos programas de mu­ dos (Kanfer, 1968; Krasner, 1962; Salzinger, 1959)
dança autodirigidos, aumentos no comportamento
D

revelam que os entrevistadores podem exercer um


desejado e reduções no comportamento não-dese- controle substancial sobre o conteúdo do compor­
jado são tentados gradativamente. Desta forma, a tamento verbal dos sujeitos mediante respostas se­
IN

incidência do desconforto sentido é mantida baixa, lecionadas. Foi demonstrado, por exemplo, que
e um progresso constante em relação ao alvo even­ expressões afetivas, afirmações positivas ou negati­
tual pode ser conseguido. vas de auto-referência, verbalizações confiantes,
A eficácia das abordagens autodirigidas em rela­ hostis e afiliativas, expressões de opiniões e crenças,
ção à modificação do comportamento é melhor respostas “alucinatórias” e “neuróticas”, referências
ilustrada na modificação da obesidade, que se mos­ maternais, memórias da primeira infância e respos­
trou refratária a uma grande variedade de proce­ tas comuns a estímulos de associação verbal podem
dimentos médicos e psicológicos. Stunkard (1958) ser aumentadas por um mínimo de reforçamento
descreve sucintamente os resultados usuais associa­ social e diminuídas abstendo-se de reações que vei­
dos com os tratamentos convencionais como segue: culam interesse ou aprovação. Experimentos desti­
“A maioria das pessoas obesas não permanece no nados a isolar as variáveis que orientam a extensão
tratamento da obesidade. Daqueles que permane­ do condicionamento verbal mostraram que a reati-
cem no tratamento, a maioria não perde peso, e vidade dos sujeitos aos reforçadores sociais é afe­
daqueles que perdem peso, a maioria novamente tada por fatores como as características do experi-
152 CONTROLE PO SITIVO

PS
U
O
Figura 4-4. Perdas de peso alcançadas por oito mulheres que usaram procedimentos de autocontrole. Stuart, 1967

R
mentador, os tipos de eventos reforçadores empre­ pessoas muitas vezes permanecem em tratamento
gados, o cometklo das respostas escolhidas para
modificação, as interpretações dos sujeitos em rela­
ção aos estímulos reforçadores, as características de
G
por períodos prolongados, e que a potência do te­
rapeuta como um agente reforçador é aumentada
pelo seu status elevado e pela dependência emocio­
KS
personalidade e o estado emocional dos entrevista­ nal do cliente, não é de surpreender que os clientes
dos, e a qualidade da relação entre o experimenta­ muitas vezes apresentem mudanças acentuadas no
dor e seus sujeitos. seu comportamento verbal.
A significância teórica e prática dos experimentos As pessoas raramente iniciam uma psicoterapia e
O

que demonstram que o conteúdo verbal é modi­ gastam, com boa-vontade, tempo, dinheiro e es­
ficável pelo reforçam ento depende em grande forço consideráveis apenas para aprender a falar
parte dos eventos psicológicos que se deseja expli­ de modo diferente. Portanto, a questão da utilidade
BO

car ou modificar. Se estivermos interessados em do condicionamento verbal como método de trata­


elucidar os processos de comunicação associados mento deve ser considerada. Pouca importância te­
com formas de tratamento mediante a conversação, rapêutica pode ser atribuída aos procedimentos de
então os procedimentos de condicionamento verbal condicionamento verbal, a não ser que seja de­
oferecem um análogo laboratorial da entrevista clí­ monstrado que os comportamentos verbais estabe­
nica, desde que a situação tenha certa semelhança lecidos no contexto do tratamento se generalizam
EX

com a psicoterapia, as intervenções reforçadoras do para outras pessoas no ambiente natural e, ainda
entrevistador sejam análogas às empregadas regu­ mais importante, que as mudanças verbais influen­
larmente pelos terapeutas e as classes de respostas ciam os comportamentos não-verbais em extensão
escolhidas para estudo exemplifiquem as preocu­ considerável. Vários investigadores descobriram
D

pações de tratamento dos psicoterapeutas. Neste que as mudanças nas respostas verbais apresentam
contexto, os estudos de condicionamento verbal in­ alguma transferência para situações diferentes
dicam fortemente que o conteúdo específico das (Ullmann, Krasner e Collins, 1961) e podem afetar
IN

verbalizações do cliente» que geralmente são toma­ as respostas não-verbais (Lovaas, 1961; 1964); con­
das como refletindo processos intrapsíquicos, tudo, a maioria dos estudos falhou em obter gene­
pode ser em grande parte determinado pelo in­ ralização, por meio de medidas de tarefas que va­
teresse seletivo e atenção do entrevistador. Isto é riavam quanto à similaridade (Rogers, 1960; To-
c o rro b o ra d o p o r análises de c o n tin g ê n c ia s bias, 1960; Ullmann, Krasner e Edinger, 1964; Wil­
re sp o sta -refo rça m e n to com o o co rre n a tu ra l­ liams, 1959).
m ente em interações psicoterapêuticas (Ban- Os efeitos contraditórios e fracos de generaliza­
dura, Lipsher e Miller, 1960; Goldman, 1961; ção acima assinalados não são surpreendentes
Murray, 1956; T ruax, 1966; W inder, Ahmad, quando consideramos que as manipulações expe­
Bandura e Rau, 1962). O reforçamento positivo de rimentais na maioria dos estudos de condiciona­
certos tipos de respostas verbais por parte dos tera­ mento são praticamente insuficientes para produzir
peutas aumenta a sua ocorrência, ao passo que os um efeito de condicionamento; o que se dirá então
clientes evitam discutir questões que produzem da generalização das respostas ou dos estímulos? É
reações menos favoráveis. Considerando que as possível que modificações maiores poderiam ser ob*
CONTROLE POSITIVO 153

lidas por meio do condicionamento verbal se os en­ Aplicações de Organização Social das
trevistadores continuassem o tratamento por pe­ Contingências de Reforçamento
ríodos mais longos e instituíssem programas siste­ Até agora, a discussão eslava primariamente vin­
máticos de treino de generalização. A generalidade culada à alteração de respostas circunscritas de in­
é usualmente assegurada variando-se as configura­ divíduos isolados por meio do reforçamento posi­
ções dos estímulos. Isto requer a mudança dos tivo. Em muitos casos, os agentes de mudança se
agentes reforçadores e a modificação das condições defrontam com a tarefa muito mais complexa de
de tratamento, de modo que tanto o contexto social efetuar modificações extensas nas atitudes e no com­
como as respostas que estão sendo reforçadas sejam portamento de grandes grupos de indivíduos em
cada vez mais similares às encontradas no ambiente estabelecimentos educacionais, de reabilitação ou
natural. Como notamos anteriormente, os terapeu­ outros estabelecimentos sociais. Para obter mudan­
tas muitas vezes escolhem modificar o comporta­ ças comportamentais extensas é necessário alterar
mento verbal num hospital ou num consultório ao

PS
práticas institucionalmente organizadas do sistema
invés de alterar o com portamento social direta­ social maior de maneira que irão simultaneamente
mente sob condições naturais, mais por motivos de afetar o cqmportamento individual de maneira be­
conveniência do que por motivos de eficácia tera­ néfica. Algumas das questões e problemas associa­
pêutica. Seria muito mais significativo e vantajoso dos com os sistemas de contingências orientados

U
efetuar as mudanças comportamentais desejadas para o grupo são melhor ilustradas nas aplicações
desde o início e oferecer aos clientes tarefas de de­ de tratamento dos procedimentos de reforçamento
sempenho graduadas para realizar no seu meio so­

O
em populações institucionalizadas.
cial. Tal abordagem evita os problemas desnecessá­ Nos últimos anos apareceram numerosos estudos
rios associados com estratégias circulares de trata­ sociológicos do hospital psiquiátrico como sistema

R
mento que começam com o condicionamento ver­ social (Dunharn e Weinberg, I960; Goffman, 1961;
bal, e que devem mais tarde ser suplementadas por Stanton e Schwartz, 1954; Wessen, 1964), cada qual
uma série de procedimentos destinados a estabele­
cer e a transferir padrões de resposta social a situa­
ções extraterapêuticas. Há ocasiões, naturalmente,
quando os agentes de mudança se defrontam com
G
documentando os efeitos debilitadores que as práti­
cas institucionais prevalentes têm sobre a população
de seus membros. Por causa do grande número de
pacientes que precisam ser tratados com recursos
KS
o problema de restabelecer uma comunicação ver­ pessoais e materiais limitados, a maioria das insti­
bal em pessoas mudas (Isaac, Thomas e Goldia- tuições, apesar dos seus objetivos expressos, está
mond, 1960; Salzinger, Feldman, Cowan e Salzin- primariamente preocupada com o governo e o con­
ger, 1965; Sherman, 1965), ou de modificar verba­ trole social dos pacientes, ao invés da sua reabilita­
lizações delirantes ou outros tipos de verbalizações
O

ção, Para manter a eficiência e a economia, a insti­


desviantes (Ayllon e Haughton, 1964; Ayllon e tuição deve efetuar certas mudanças no comporta­
Michael, 1959; Richard e Dinoff, 1962). O condi­ mento dos doentes que são incompatíveis com a
BO

cionam ento verbal pode ser um procedim ento consecução de um funcionamento social adequado
apropriado, embora não necessariamente o mais e que muitas vezes se mostram mais perniciosas do
eficiente para estes objetivos. que os problemas comportamentais que original­
Além do uso do condicionamento verbal como mente conduziram à hospitalização dos pacientes.
um método para obter a compreensão dos proces­ A socialização inicial dos pacientes geralmente
sos de entrevista e como técnica de tratamento, esta envolve algum grau de supressão de modos indivi­
EX

abordagem tem sido empregada para estudar a in­ dualizados de comportamçnto. Ao serem admiti­
fluência de certas variáveis no processo de aprendi­ das à instituição, as pessoas são caracteristicamente
zagem. Achados iniciais de experimentos de condi­ privadas da maioria de suas posses pessoais, seus
cionamento verbal foram aceitos como demonstra­ direitos civis, seu status social, suas satisfações cos­
D

ções impressionantes da aprendizagem automática tumeiras, sua privaticidade e sua individualidade,


inconsciente. Contudo, análises mais detalhadas dos de modo que possam ser manejadas eficazmente
desempenhos condicionados como função da cons­ em grandes grupos. Durante o período de institu­
IN

ciência que os sujeitos tinham das contingências de cionalização, o comportamento dos pacientes é es­
reforçamento levantaram questões fundamentais a treitamente regulado e acomodado a rotinas hospi­
respeito do que, na realidade, é aprendido em tais talares fixas. Sob estes tipos de contingências orga­
experimentos (isto é, respostas verbais ou hipóteses nizacionais, a iniciativa, a autoconfiança e a autode­
acerca de contingências). Com a conceitualização terminação, necessárias ao ajustamento indepen­
do condicionamento verbal como um processo de dente satisfatório fora do hospital, são geralmente
testagem de hipóteses ao invés de um processo au­ extintas, ao passo que os comportamentos mais dó­
tomático de fortalecimento de resposta, o foco do ceis do papel do paciente trazem as maiores re­
interesse da pesquisa se deslocou das variáveis tra­ compensas e a promoção no sistema graduado de
dicionais de aprendizagem para o papel da cons­ enfermarias. Além do mais, quaisquer tarefas que
ciência no processo de aprendizagem. Os resulta­ sejam atribuídas aos pacientes contribuem prima­
dos desta linha de pesquisa e a sua implicação pai^a riamente para a manutenção do hospital e não para
teorias da mudança comportamental serão revistos o desenvolvimento ulterior de habilidades ocupado*
mais adiante. nais. Com a retirada prolongada dos incentivos ha-
154 CONTROLE POSITIVO

bítuais para sustentar repertórios comportamentais designados pela equipe como repostas a reforçar.
complexos, os pacientes geralmente apresentam Em segundo lugar, uma moeda simulada, que pode
uma perda progressiva de competência social e vo­ ser trocada por uma variedade de objetos deseja­
cacional, que os torna ainda mais incapazes para dos, atividades e privilégios especiais, pode ser
governar suas vidas lá fora. ganha pelo desem penho dos com portam entos
Além do reforçamento da dependência institu­ apropriados. Em terceiro lugar elabora-se um sis­
cional e perdas comportamentais por meio de in­ tema de trocas no qual um número especificado de
centivos deficientes, o abandono gradual dos pa­ pontos ou fichas é necessário para a compra de vá­
cientes pelos seus parentes, a sua estigmatização rios objetos e privilégios, à semelhança das transa­
como mentalmente doentes, e a sua perda de con­ ções financeiras na comunidade externa.
tato com pessoas e eventos contemporâneos fora do O controle poderoso exercido por procedimentos
hospital contribuem ainda mais para a cronicidade. de reforçamento de grupo sobre o comportamento

PS
A maioria dos pacientes que são sujeitos aos pa­ d e .unia população inteira de uma enfermaria psi­
drões tradicionais de contingência nos hospitais psi­ quiátrica é inelhor exemplificado por uma série de
quiátricos durante um período de tempo de vários experimentos (Ayllon e Azrin, 1965) nos quais as
anos se torna permanentem ente resignada ou a contingências organizacionais de reforçam ento
uma vida institucional regimentada simples ou a foram sistematicamente variadas. Em cada um dos

U
um padrão de “uma vida de paciente intermitente” estudos, poderiam ser usadas as fichas ganhas para
(Friedman, von Mering e Hinko, 1966). Embora, assegurar, entre outras coisas, a privaticidade (por

O
na troca pela autodeterminação a residência no exemplo, a escolha do dormitório, a escolha do
hospital ofereça mais conforto físico e menos exi­ grupo de refeições, a seleção de móveis pessoais e
gências rígidas do que os pacientes com limitados uma divisão do quarto), liberdade para deixar a en­

R
recursos pessoais podem atingir no seu próprio fermaria e o terreno do hospital, uma audiência
ambiente social, é evidente que eles são raramente particular com os membros da equipe hospitalar,
alegres ou contentes com a sua existência abrigada.
Portanto, mudanças radicais nos padrões de con­
tingências de reforçamento no nível do sistema so­
cial são necessárias para que os estabelecimentos
G
oportunidades de recreação (por exemplo, filmes,
concertos, funções sociais, aluguel exclusivo de um
rádio ou de um aparelho de televisão), e uma va­
riedade de artigos que poderiam ser obtidos me­
KS
institucionais possam desempenhar uma im por­ diante uma solicitação especial.
tante função de reabilitação. Um experimento, conduzido em um grupo de
Os anos recentes testemunharam um uso cada pacientes femininas crônicas, estudou a influência
vez maior do reforçamento contingente numa base das contingências de reforçamento sobre o desem­
O

de grupo. Estes procedimentos foram aplicados sis­ penho das pacientes em trabalhos fora da enferma­
tematicamente, por exemplo, em enfermarias hos­ ria que normalmente eram efetuados por pessoal
pitalares para psicóticos altamente debilitados (Au- hospitalar pago. Na fase inicial, cada paciente esco­
BO

howe e krasner, 1968; Ayllon e Azrin, 1965) e al­ lhia a sua tarefa preferida e recebia 70 fichas por
coólatras (N arrol, 1967), em program as sócio- cada dia de seis horas completas. Para verificar se a
educacionais para crianças retardadas (Bijou, 1965; seleção das tarefas era na realidade determinada
Girardeau e Spradlin, 1964), em programas aca­ por incentivos extrínsecos ou por recompensas so­
dêmicos corretivos para crianças que abandonam a ciais e intrínsecas derivadas da própria atividade,
escola ou têm baixo rendimento (Clark, Lackowicz na segunda fase do estudo as pacientes já não rece­
EX

e Wolf, 1968; Wolf, Giles e Hall, 1968), em sistemas biam um pagamento por participar de suas tarefas
educacionais para lidar com perturbações de com­ preferidas, mas podiam ganhar fichas por executar
portamento (O’Leary e Becker, 1967) e para fo­ trabalhos não-preferidos. Durante a terceira fase, o
mentar um comportamento produtivo em sala de reforçamento original para a tarefa preferida foi
D

aula (Hall, Panyan, Rabon e Broden, 1968) e em reinstalado.


instituições de reabilitação para adolescentes delin­ Em contraste acentuado com o desempenho de
IN

qüentes (Cohen, 1968). Diferentemente dos siste­ trabalho geralmente irregular e letárgico das pa­
mas tradicionais de tratamento, estes programas cientes antes do programa de incentivos, sob o sis-,
contêm sistemas de incentivos de remuneração pelo lema de economia simulada todas as pacientes apa­
trabalho e estruturas de contingência que são alta­ reciam pontual e regularmente ao trabalho, sem se
mente compatíveis com as usadas na sociedade em queixar, muito em bora tivessem liberdade pa­
geral. ra deixá-lo sempre que o desejassem. O fato de
Existem três características principais das práticas que a estrutura de contingências era altamente
de reforçamento orientadas para os grupos na me­ influente na regulação do com portam ento do
dida em que são aplicadas a populações que exi­ grupo é demonstrado pelo fato de que todas as pa­
gem, pelo menos inicialmente, o uso de incentivos cientes, exceto uma, mudaram as suas tarefas ime­
extrínsecos. Em primeiro lugar, os comportamen­ diatamente quando o reforçamento foi deslocado
tos essenciais a um funcionamento eficiente no das tarefas preferidas para as não-preferidas (Fig.
dia-a-dia (por exemplo, autogoverno, realizações 4-5). Quando as pacientes foram informadas de
educacionais, com portamento social apropriado, que as pessoas com as quais estavam trabalhando
desem penho satisfatório no trabalho etc.) são estavam muito satisfeitas com o seu desempenho e
CONTROLE POSITIVO 155

PS
U
Número médio de horas em que os pacientes trabalhavam por dia quando o reforçamento positivo varioa

O
Figura 4-5.
entre tarefas preferidas e n ã o - p r e f e r i d a s . Ayllon e Azrin, 1965.

R
gostariam que elas continuassem, mas que para dar O sistema de contingências também foi igual­
uma chance às outras pacientes no desempenho da
tarefa não haveria distribuição de fichas, várias pa­
cientes explicaram às enfermeiras: “Não, querida,
G
mente eficiente para manter uma participação ativa
das pacientes em várias atividades da enfermaria,
incluindo tarefas complexas çomo nutricionistas,
auxiliares de secretaria, garçonetes e balconistas da
KS
eu não posso trabalhar na lavanderia sem receber
nada. Trabalharei no laboratório. Se eu não for
paga, não poderei pagar o meu aluguel.” . . . “Você
quer dizer que se eu trabalhar no laboratório não
serei paga? Preciso das fichas para comprar cigar­
O

ros para o meu namorado e para comprar roupas


novas para que eu possa ficar bonita como as outras
moças [págs. 363-365].”
BO

Num experimento subseqüente, quando as pa­


cientes recebiam as fichas numa base não-contin-
gente cada manhã, ao invés de depois de um dia de
trabalho, todas deixaram de trabalhar dentro de
uma semana. Por outro lado, quando o reforça­
EX

mento foi novamente tom ado condiciona] ao de­


sempenho de uma tarefa, as pacientes imediata­
mente retornaram ao trabalho. Estas mudanças
acentuadas de comportamento são especialmente
interessantes, considerando os relatos das pacientes
D

de que trabalhavam para se m anter ativas, por


causa de relações sociais agradáveis, satisfações pes­
IN

soais derivadas do próprio trabalho e outras gratifi­


cações intrínsecas. Obviam ente, neste caso, os
a u to relatos eram indicadores pouco fidedignos das
condições que na realidade mantinham o seu com­
portamento.
A maneira pela qual as -pacientes gastavam o seu
dinheiro é também muito informativa. Era usado
principalm ente para assegurar a privaticidade
Figura 4-6. Número total de horas em que um grupo de
(45%), artigos vários (34%) e afastamentos da en­
ferm aria (21%), ao passo que praticam ente ne­ 44 pacientes esquizofrênicos partiapou de atividades de
nhuma ficha foi gasta para audiências particulares reabilitação quando as recompensas eram condicionais ao
com a equipe do hospital (0,001%), para serviços término bem-sucedido das tarefas e quando estas mesmas
religiosos (0,0002%) e atividades de recreação recompensas foram oferecidas quer os pacientes tivessem
(0,0008%). ou não tomado parte nas atividades. AyUon e Azrin, 1965.
156 CONTROLE POSITIVO

cipais do comportamento social dos outros mem­


bros. Conseqüentemente, à medida que as condi­
ções de incentivo modificaram o comportamento
de modelos dotados de prestígio, outros pacientes
podem ter imitado as suas ações independente­
mente das recompensas oferecidas. Como Schwartz
e Hawkins (1965) mostraram, um comportamento
de grupo substancialmente diferente pode ocorrer
sob as mesmas condições de reforçamento, depen­
dendo do comportamento de modelos influentes.
Esta influência onipresente das pistas de modelação
complica a interpretação do controle replicativo in-

PS
tragrupo pela manipulação das variáveis de refor­
çamento. Uma complicação adicional foi infeliz­
mente introduzida em vários estudos pela designa­
ção do período não-contingente como “férias pa­
gas", o que traz consigo uma forte sugestão de que

U
o trabalho poderia ser temporariamente abando­
nado. As mudanças observadas foram, portanto,

O
provavelmente uma função composta de condições
de incentivo, influências de modelação e disposi­
ções sustentadas pelas instruções.

R
As sucessivas alterações de desempenho consis-
tentemente obtidas pela variação sistemática das es­

Figura 4-7. Número total de horas gastai cada dia pelo


grupo de 44 pacientes desempenhando atividades “da en­
fermaria” durante períodos em que as recompensas eram
G
truturas de contingência oferecem demonstrações
experimentais convincentes de que as práticas de
reforçamento institucional podem determ inar o
grau em que as pessoas exibirão iniciativa, envolvi­
KS
dadas depois do término das tarefas de trabalho, quando mento e participação ativa nas atividades disponí­
os incentivos positivos não foram usados e as várias ativi­
dades e privilégios estavam livremente disponíveis, e veis. Estes princípios e procedimentos têm sido
quando as contingências de reforçamento foram reintro- aplicados numa extensa base com uma intenção te­
duzidas no sistema social. Ayllon e Azrin, 1965. rapêutica deliberada em vários contextos institu­
O

cionais.
Atthowe e R rasner (1968) estabeleceram um
programa de incentivos numa população psiquiá­
BO

loja do hospital, em trabalhos de limpeza e arrum a­ trica de uma enfermaria completa, com 86 pacien­
ção das enferm arias, lavanderia, auxiliares dos tes esquizofrênicos crônicos cujo tempo de hospita­
programas recreativos, cuidado pessoal dos outros lização variava de 4 a 49 anos, com uma residência
pacientes, e serviços especiais. Como mostramos na institucional mediana de 24 anos. Como grupo,
Fig. 4-6, quando as recompensas eram dependentes estes pacientes tinham mantido uma existência apá­
tica, isolada e quase que inteiramente vegetativa na
EX

do término bem-sucedido de desempenhos, os pa­


cientes trabalhavam fervorosamente; quando sim­ enfermaria. Participavam de forma mínima das ro­
plesmente recebiam fichas numa base não-contin- tinas hospitalares, e muitas vezes negligenciavam o
gente, gradualmente deixaram de trabalhar; con­ seu próprio cuidado ou a troca de roupas, a não ser
tudo, quando os procedimentos de reforçamento que ajudados por auxiliares de enferm aria. A
D

contingente foram reinstalados, a sua panicipação maioria tinha perdido por completo o contato com
foi reiniciada imediatamente e se manteve no nível a comunidade externa e estava essencialmente re­
IN

elevado da primeira fase. signada a uma residência institucional permanente.


É especialmente interessante notar que quando Num esforço de reinstalar o comportamento in­
os incentivos foram completamente retirados e as terpessoal e autodiretivo de maneira que os pacien­
recompensas e os privilégios institucionais foram tes pudessem funcionar mais eficientemente, foi
colocados à disposição livremente, similarmente às adotado um sistema de fichas que envolvia quase
práticas hospitalares usuais, resultou uma perda todas as fases da vida na enfermaria e no hospital.
acentuada no comportamento (Fig. 4-7). Os pacientes foram informados de que, no futuro,
As rápidas mudanças comportamentais provoca­ certos privilégios, atividades recreacionais, passes,
das por condições alternadas de incentivos não de­ mesadas e numerosos outros eventos recompensa­
monstram necessariamente que o reforçamento é o dores poderiam ser comprados com as fichas. Os
único fator controlador. Em situações sociais, o pacientes recebiam muitas oportunidades de ga­
comportamento sempre permanece parcialmente nhar as fichas mediante um comportamento social
sob o controle dos estímulos modeladores. As pes­ apropriado. Além de cuidar de si mesmos, ser res­
soas que ocupam uma posição de prestígio num ponsáveis e cuidar do seu alojamento, os pacientes
grupo social geralmente servem como fontes prin­ poderiam ganhar fichas por participar em várias
CONTROLE PO SITIVO 157

atividades sociais e vocacionais. Cada paciente era fato, um contribuinte significativo para as mudan­
imediatamente recompensado depois do término ças observadas é demonstrada pela participação so­
bem-sucedido de alguma atividade desejável. Um cial aumentada dos pacientes quando eram recom­
sistema de sanções negativas e multas fietidas foi pensados mais generosamente, ao passo que a par­
estabelecido para controlar comportamentos acen- ticipação nas atividades de grupo declinava um
tuadamente desorgapizadores e roubo de fichas. pouco quando a razão das trocas era reduzida mais
Este último problema atesta o fato de que os com­ tarde a seu nível original.
portamentos criados pela economia simulada eram, Entre as mudanças generalizadas estavam uma
de fato, análogos aos que ocorriam na comunidade comunicação social maior dos pacientes, medida
externa maior. por avaliações de comportamento, e maior inte­
Aqueles que funcionavam de forma mais inde­ resse pela comunidade externa. Isto se refletia no
pendente e podiam assumir responsabilidade com­ uso crescente de passes, de uma média de 9 por
pleta pelas suas tarefas eram recompensados mais semana antes do tratamento a 37 por semana de­

PS
generosamente. Contudo, recebiam as fichas ape­ pois que o programa de incentivos foi instituído.
nas uma vez por semana para ensinar-lhes a contro­ Na realidade, 26 por cento dos pacientes deixaram
lar os seus gastos. Utilizando sistemas bancários e o hospital de dia ou com passes noturnos pela pri­
de organização de orçamentos, os pacientes eram meira vez em muitos anos, e um paciente, para

U
preparados para o êxito na vida da comunidade. quem o hospital se tinha convertido num local
Bônus especiais em fichas também eram oferecidos permanente de residência, se aventurou a sair pela
se os pacientes recebessem avaliações satisfatórias primeira vez em 43 anos!

O
no seu treinamento industrial e fizessem contribui­ As taxas de alta também confirmaram os efeitos
ções valiosas para o seu grupo social. benéficos das novas práticas de reforçam ento.

R
O programa de incentivo da enfermaria também Vinte e um pacientes deixaram o hospital por meio
espelhava as práticas da sociedade em outro as­ do grupo privilegiado, quase o dobro da taxa de
pecto. Os pacientes que eram capazes de funcionar altas da mesma enfermaria no ano anterior. Os re­
produtivamente nas suas tarefas, que tinham um
plano de alta realista e suficientes economias em fi­
chas para pagar uma taxa substanciai de entrada,
G
sultados gerais do projeto indicam que a alteração
das estruturas de contingência num sistema social
hospitalar pode não apenas agir para anular os
KS
podiam, se existissem vagas, se juntar a um grupo efeitos entorpecentes d a institucionalização prolon­
privilegiado na enfermaria que os liberava de quase gada, mas também produzir aumentos generaliza­
todas as restrições institucionais. Os membros rece­ dos nos modos autodiretivos e interpessoais de
biam um cartão de crédito que lhes permitia uma comportamento.
liberdade considerável em regular o seu próprio Um programa compreensivo de tratamento não
O

com portam ento. Dava-lhes todas as vantagens tem apenas por objetivo produzir um funciona­
dentro do sistema de fichas e outras vantagens adi­ mento eficiente em áreas circunscritas dentro da
BO

cionais. Tinham, por exemplo, liberdade para esco­ instituição, mas restabelecer as competências sociais
lher seus lugares para comer e dormir, recebiam e vocacionais necessárias para um autogoverno
passes extras nos dias de semana e privilégios ilimi­ bem-sucedido na sociedade em geral. Pacientes ins­
tados de saída nos fins de semana, e podiam depo­ titucionalizados que possuem habilidades valiosas
sitar o seu dinheiro nos bancos da comunidade sem no mercado e que têm um ambiente razoavelmente
quaisquer restrições a sua retirada. adequado para o qual retornar podem, indubita­
EX

A eficácia deste programa de treinamento foi velmente, se beneficiar muito de programas que
avaliada em termos de vários índices, incluindo oferecem uma orientação adequada e apoio refor­
tanto alterações nos comportamentos específicos çador para padrões adaptativos de comportamento.
que eram envolvidos nas contingências de reforça- Resultados favoráveis podem ainda ser assegurados
inento e resultados mais generalizados. Consistentes pelo uso de facilidades transicionais que incorpo­
D

com os resultados de Ayllon e Azrin (1965), ram sistemas de contingência que fomentam o tra­
descobriu-se que os com portamentos desejados balho assalariado e uma participação cada vez mais
IN

eram restaurados rápida e dramaticamente depois ativa na vida da comunidade. Contudo, pacientes
da introdução dos incentivos. Isto é mostrado mais hospitalizados crônicos, que carecem de recursos
claramente pelo decréscimo acentuado da freqüên­ pessoais e sociais, apresentam o problema de reabi­
cia com que os auxiliares tinham que acordar os litação mais desafiador. Resultados baseados em es­
pacientes, ajudá-los a se vestir, fazer suas camas e tudos de acompanhamento mostram que aproxi­
prepará-los para as atividades diárias. O número de madamente 70 por cento dos pacientes crônicos,
infrações matinais caiu de uma taxa de linha de que receberam alta de hospitais psiquiátricos vol­
base de aproximadamente 75 por cento por se­ tam dentro de 18 meses, qualquer que seja o tipo
mana antes do reforçamento a cerca de 9 por cento de tratamento recebido durante o período de hos­
depois de vários meses de tratamento. Os pacientes pitalização (Fairweather, Simon, Gebhard, Wein-
também apresentavam uma maior participação nas garten, Holland, Sanders, Stone e Reahl, 1960;
atividades de grupo, que também eram desempe­ Fairweather e Simon, 1963). Como conseqüência
nhos especificamente reforçados. Alguma evidência desta elevada taxa de readmissão, os hospitais se
adicional de que o sistema de incentivos era, de defrontam com uma população sempre crescente
158 CONTROLE POSITIVO

de pacientes crônicos. Além do mais, pelas razões ascendendo a um nível superior ou voltando para
citadas acima, a maioria destes pacientes está desti­ um mais baixo, dependendo da adequação das de­
nada a uma residência institucional permanente. cisões tomadas pelo grupo.
É geralmente reconhecido que, a não ser que os Desta forma, os comportamentos sociais exigidos
papeis e as competências sociais adquiridos pelos tanto dos pacientes como da equipe eram acentua-
pacientes em contextos institucionais aproximem-se damente diversos nos dois programas. No trata­
dos comportamentos essenciais para fazer face às mento convencional a equipe hospitalar era prima­
exigências mais rigorosas da comunidade, é alta­ riamente responsável pela regulamentação das ati­
mente improvável que eles sejam capazes de conse­ vidades diárias dos pacientes, por tomar decisões
guir um ajustam ento in d ep en d e n te satisfató­ relativas à distribuição de dinheiro, passes e outros
rio. l endo isto em mente, Fairweather e seus cole­ tipos de privilégios, e pela execução de vias de ação
gas (Fairweather, 1964) conduziram um experi­ disciplinares ou corretivas. Os pacientes, por sua
mento de campo elaborado para determinar se pa­ vez, ocupavam o papel tradicional subordinado dos

PS
cientes cronicamente hospitalizados podem ser de­ pacientes. Em contraste, embora a equipe no grupo
volvidos à comunidade, dando-se-lhes oportunida­ de tomada de decisões pudesse contrariar ou modi­
des para desenvolver, dentro do hospital, alguns ficar recomendações orientadadas para a ação pro­
dos comportamentos de solução de problemas e au­ postas pelos pacientes, os membros da equipe fun­

U
togoverno exigidos na comunidade externa. cionavam primordialmente como consultores ou
Os participantes, predominantemente pacientes pessoas a quem recorrer na última instância. Esta
esquizofrênicos, foram em parelhados quanto à estrutura social dava aos pacientes uma considerá­

O
idade, diagnósüco e duração da hospitalização, e vel liberdade e responsabilidade para governar suas
atribuídos aleatoriamente a um programa hospita­ atividades e tomar decisões que afetavam significa­

R
lar convencional ou a grupos de soluções de pro­ tivamente o comportamento dos seus membros.
blemas liderados pelos pacientes. Os programas de Num esforço para controlar os possíveis efeitos
tratamento eram similares em todos os aspectos, das características diferenciais da equipe sobre o
com a única exceção de que os pacientes nos dois
grupos desenvolviam atividades diferentes durante
duas sessões diárias de duas horas. Os pacientes do
G
comportamento social dos pacientes, os dois con­
juntos de membros da equipe trocaram de enfer­
marias na metade do experimento. A eficácia rela­
KS
programa de tratamento convencional participa­ tiva das abordagens de tratamento foi objetiva­
vam de tarefas individuais e tinham unja hora de mente avaliada em termos de diferentes critérios,
recreação durante o tempo em que o outro grupo incluindo um conjunto de avaliações do comporta­
se engajava em trabalhos de grupo e sessões de to­ mento, preferências sociometricamente obtidas,
mada de decisões. auto-avaliações, índices administrativos e questio­
O

Na condição de tarefas de grupo foi aplicado um nários de atitude. A ftiaioria das avaliações compor-
sistema de incentivos no qual os participantes rece­ tamentais foi executada durante as 27 semanas do
BO

biam recompensas financeiras e privilégios de passe experimento, outras foram obtidas ao término do
cada vez maiores, contingentemente ao desenvol­ estudo e seis meses após o mesmo.
vimento de quatro níveis de um comportamento Os dados volumosos deste estudo de campo, am­
social e autodiretivo progressivamente mais com­ bicioso e bem executado, demonstram que o pro­
plexo. A responsabilidade para avaliar ou modifi­ grama especificamente destinado a restabelecer a
car o comportamento de cada membro e para fazer reauvidade interpessoal e o comportamento auto-
EX

funcionar o sistema de incentivos foi delegada ao dirigido nos pacientes apresentou resultados consis-
grupo. Este se reunia diariamente para discutir o tentemente superiores. Os pacientes nesta última
progresso dos membros individuais, seus proble­ condição de tratam ento rapidam ente formaram
mas e modos construtivos mediante os quais tais grupos coesos, nos quais os membros apresentavam
problemas poderiam ser contornados ou modifica­
D

um interesse mútuo crescente, ajuda mútua e res­


dos. Qualquer membro da equipe hospitalar pode­ ponsabilidade. Organizaram o seu próprio grupo
ria ser convidado a oferecer informações fatuais de empregos, entrevistaram e aconselharam pa­
IN

necessitadas pelo grupo para chegar a uma decisão cientes, e assumiram responsabilidade total para lo­
razoável, mas a equipe se abstinha de recomendar calizar empregos para os membros elegíveis. Tam­
que linhas de ação deveriam ser tomadas. bém estabeleceram programas educativos informais
Cada semana, o grupo também tinha encontros nos quais membros do grupo que tinham habilida­
com a equipe hospitalar para apresentar suas re­ des ou conhecimentos específicos ensinavam.
comendações relativas ao nível alcançado por cada Os climas contrastantes das duas enfermarias são
membro individual, assim como o dinheiro e os ainda mais acentuadamente revelados nas atitudes
passes concomitantes para a próxima semana, as específicas e comportamentos sociais dos padentes.
ações tomadas com relação ao comportamento pro­ Em relação aos padentes que receberam o cuidado
blemático e suas avaliações do progresso, moral e e tratamento convencionais, aqueles que estavam
funcionamento do seu grupo. A equipe, então, no programa de recompensas graduadas mostra­
de posse das recomendações do grupo, aprovava vam uma reatividade interpessoal maior, mais co­
algumas e rejeitava outras. Se fosse necessário, o municação verbal e um comportamento menos es­
grupo inteiro poderia ser recompensado ou punido tranho. Alguns destes dados comparativos são re­
DONTROLE POSITIVO 159

PS
U
O
R
G
KS
O

Figura 4-8. Mudanças comportamentais apresentadas por pacientes que receberam o tratamento hospitalar con­
vencional ou um programa destinado a estabelecer competências de soluções de problemas ou de autogoverno, a)
percentagem de observações durante as quais os pacientes manifestaram comportamento patológico; b) percentagem
BO

de observações durante as quais os pacientes se engajaram em interações sociais que envolviam três ou mais pessoas; c)
tempo total em que os dois grupos de pacientes permaneceram silenciosos durante os encontros semanais da enfermaria;
d) número médio de pacientes participantes das discussões nas reuniões semanais da enfermaria. Fairweather, 1964.
EX

sumidos graficamente na Fig. 4-8. Nas suas respos­ foram efetuadas no comportamento dos pacientes,
tas ao teste sociométrico e aos questionários, os pa­ apesar da equipe explicitamente oferecer apenas
cientes do grupo de incentivos viam os seus com­ um conjunto geral de contingências e relativamente
panheiros de forma mais positiva; viam o seu tra­ poucos incentivos concretos. Os investigadores rela­
D

tam ento como mais difícil e exigente, mas, ao tam que as recompensas monetárias e o privilégio
mesmo tempo, mais benéfico; e demonstravam um de passes eram essenciais na fase inicial do trata­
mento, mas que depois dos pacientes estabelecerem
IN

maior otimismo em relação a sua alta eventual, em­


prego futuro e desenvolvimento de relações inter­ relações mutuamente recompensadoras uns com os
pessoais próximas ao voltar para a comunidade. outros, o orgulho das suas realizações, a competição
Estas expectativas positivas foram em grande parte com os outros grupos e a aprovação e desaprovação
confirmadas pelo estudo de acompanham ento. sociais mútuas se tornaram os principais eventos re­
Comparados com os pacientes que receberam o tra­ forçadores que regulavam o seu comportamento
tamento tradicional, aqueles que participaram do diário. Estes achados sugerem que os pacientes
programa do grupo de incentivos permaneceram podem modificar com êxito e apoiar o comporta­
menos tempo no hospital, tinham um maior nú­ mento dos outros pacientes por meio de um refor-
m ero de em pregos pagos, se encontravam de çamento social mútuo, desde que sejam fornecidas
forma mais regular com seus amigos e se engaja­ linhas de comportamento e incentivos, que sejam
vam num nível mais elevado de interação verbal organizadas condições que levem à formação de
com os outros. um grupo coeso, e que a responsabilidade da mu­
É interessante notar que, no presente programa dança seja prim ariam ente delegada ao grupo.
de tratamento, mudanças generalizadas favoráveis Como as exigências com portam entais que um
160 CONTROLE PO SITIV O

PS
U
Figura 4-9. Número de infrações ocorrentes sob dois tipos de sistemas de contingência: 1) Na condição de administra­

O
ção, um dos rapazes comprou uma situação de administrador que lhe atribuía a responsabilidade de selecionar indiví­
duos para desempenhar as tarefas e de pagar-lhes ou aplicar-lhes uma multa de acordo com a qualidade do seu
trabalho. O administrador recebia ou perdia pontos de acordo com o número de tarefas completas. 2) Na condição de

R
multas, a equipe impunha penalidades a todo o grupo pelo fracasso no desempenho das tarefas exigidas. Os números
sob as setas indicam o número de pontos que constituíam as multas do grupo. Phillips, 1968.

grupo faz em relação a seus membros com consen­


timento comam tendem a encontrar menos resis­
G
equipe em relação às atividades do grupo, espe­
cialmente nas primeiras etapas do tratamento, os-
KS
tência do que as contingências im postas pela tipos de contingências de reforçamento que um
equipe, um programa de tratamento mediado pelo dado grupo de pacientes pudesse adotar seria en­
grupo pode conseguir uma mudança mais natural e tregue a fatores fortuitos.
em mais alto grau do comportamento social. Num l endo em visia as mi^lanças generalizadas na
projeto que avaliava a eficácia de um sistema de re-
O

reatividade interpessoal obtida por Fairweather,


forçamento por meio de fichas para tratar meninos seria de interesse considerável comparar sistemati­
pré-delinqüentes, Phillips (1968) descobriu que camente a eficácia relativa dos sistemas de reforça*
BO

grandes penalidades aplicadas pela equipe ao mento aplicado pela equipe, envolvendo um con­
grupo inteiro falharam na redução do comporta­ junto elaborado de contingências exatas do tipo
mento indesejável, ao passo que este foi rápida e usado por Ayllon, Atthowe e Krasner, com um
permanentemente eliminado quando penalidades em que alguns incentivos são usados para fomentar
menores foram individualmente aplicadas por um uma forte coesão do grupo, mas as funções contro­
membro do grupo que tinha assumido a responsa­ ladoras são em grande parte delegadas aos mem­
EX

bilidade de lidar com atividades perturbadoras bros do grupo. Os méritos destas duas abordagens,
(Fig. 4-9). que envolvem muitos princípios comuns, poderiam
O êxito de sistemas de contingência manipuladaser facilmente combinados para formar um pro­
pelo grupo ainda se apóia sobre os processos de re­ grama no qual um conjunto especificado de con­
D

forçamento, exceto que os reforçadores interpes­ tingências de reforçamento é desenvolvido e execu­


soais são favorecidos em detrimento de recompen­ tado pelos próprios pacientes sob a orientação da
sas materiais, e os membros do grupo, ao invés da equipe médica.
IN

equipe, funcionam como os principais agentes re­ Outra variável de contingência importante que
forçadores. Embora Fairweather enfatize o funcio­ requer uma investigação sistemática é a relacionada
namento autônomo dos grupos e a emergência com o fato de saber se recompensas estão ligadas a
gradual das normas de grupo, deve ser assinalado desempenhos individuais ou a conjuntos inteiros de
que os membros da equipe continuamente aplica­ comportamento. No último sistema, são elaboradas
vam contingências específicas aos grupos, tanto em fases sucessivas que requerem níveis de funciona­
seus comunicados escritos descrevendo os compor­ mento progressivamente mais elevados em várias
tamentos problemáticos de membros individuais áreas diferentes. À medida que os indivíduos pro­
que se esperava que o grupo controlasse como nas gridem por estas etapas seqüenciais, adotando os
suas respostas avaliativas às decisões do grupo. Por­ padrões de comportamento exigidos, recebem re­
tanto, não é de surpreender que cada grupo desen­ compensas e privilégios num a quantidade cres­
volvesse padrões de reforçamento que fomentavam cente. Ao tratar um grupo de adolescentes delin­
as mudanças comporta mentais desejadas. Na au­ qüentes, Martin, Burkholder, Rosenthal, Tharp e
sência de uma monitoria adequada por parte da Thorne (1968) descobriram que um sistema de re-
CONTROLE POSITIVO 161

força me li to contingente à fase produzia mudanças biente social para o qual os pacientes retornam é o
mais rápidas e uniformemente positivas no com- principal determinante de um ajustamento bem-
(joriamento do que um sistema prévio no qual res­ sucedido à comunidade, Fairwealher decidiu insti­
i s t a s específicas eram individualmente reforçadas. tuir um subsistema social que provou ser altamente
\ a realidade, esla última estrutura de contingência eficaz no hospital numa residência cotnuniiária
produziu muitas disputas e acusações de parciali­ onde as exigências comportameniais são essencial­
dade, porque, num esforço de assegurar um refor- mente as mesmas de qualquer membro residente
çamenu) adequado do progresso feito pelos jovens na comunidade. Um grupo de pacientes crônicos
funcionando em diferentes níveis, se lhes exigia sa­ foi formado no hospital, e, depois que eles conse­
tisfazer a diferentes padrões com poria mentais e guiram alcançar um grau suficiente de organização
realizações diversas para obter recompensas simila­ e coesão no hospital e tiveram um treino adequado
res. Os autores atribuem a maior eficácia do sis­ no com portamento de tomada de decisões para
tema de reforçamento ligado a comportamentos de funcionarem eficiente mente, o grupo foi transfe­

PS
papel ao faio de que uma especificação clara dos rido para uma residência localizada tia comuni­
objetivos seqüenciais e dos compor lamentos neces­ dade. Ali os membros eram responsáveis, como
sários para a promoção de nina fase a ouLra servem unidade, para regular o comportamento recíproco,
como deixas e guias positivos para mudanças nas cuidando dos negócios da residência, incluindo a

U
direções desejadas. compra e a preparação de alimentos, mantendo re­
Na maior parte das aplicações dos princípios de gistros dos gastos e empréstimos pessoais do seu
reforçamento a pessoas grandemente incapacita­ próprio banco de poupança e, quando necessário,

O
das, as melhorias comportamentais são inicialmente obtendo informações sobre a dosagem de remédios
obtidas por um reforçamento imediato de desem­ de um médico da localidade, assim como a adminis­

R
penhos específicos. Contudo, à medida que suas tração dos medicamentos. Além disso, os pacientes
competências aumentam, os indivíduos são promo­ operavam um negócio rentável (um serviço de lim­
vidos a um sistema de fases análogo às estruturas peza, tanto comercial como residencial, suplemen­
de reforçamento hierárquico existentes na vida da
comunidade.
Apesar das mudanças favoráveis no comporta­
G
tado por trabalhos de jardinagem, transportes ge­
rais e pinturas) na comunidade. Assumiam a maior
parte da responsabilidade de receber e processar
KS
mento produzidas pelo programa do grupo de in­ ordens de serviço, arranjar transporte para o tra­
centivos desenvolvido por Fairweather, as taxas de balho, atribuição dos pacientes a tarefas apropria­
readmissão para os pacientes que receberam as di- das a seu nível de funcionamento, e administração
feremes formas de tratamento foram essencial­ do sistema de incentivos financeiros. Inicialmente,
mente as mesmas. Oitenta por cento dos psicóticos uma equipe de pesquisa coordenava as operações
O

que tinham sido hospitalizados por um período diárias da residência, mas mais tarde esta função
breve mantiveram um ajustam ento adequado à foi desempenhada com mais êxito ainda por unia
pessoa leiga com consultas periódicas oferecidas
BO

comunidade, ao passo que apenas 45 por cento dos


que tinham sido institucionalizados por dois ou por um membro da equipe de pesquisa. A função
mais anos permaneceram fora do hospital ao fim primordial da consulta era fornecer informações
de seis meses. Estes dados oferecem mais uma justi­ necessárias, avaliar o funcionamento do grupo,
ficativa para as questões que cada vez mais estão rever quaisquer problemas pessoais e organizacio­
sendo discutidas, a respeito da conveniência de con­ nais que surgiam e avaliar as soluções recomenda­
EX

duzir program as de modificação do com porta­ das pelo grupo. A renda dêrivada do negócio, que
mento dentro de um contexto hospitalar. As exi­ foi de t:m total de 52.000 dólares num período de
gências com portamentais para um ajustamento dois anos e nove meses, era distribuída semanal­
bem-sucedido ao hospital e à comunidade diferem mente entre os participantes, sendo que a parte
destinada a cada membro era determinada pela sua
D

em tantos aspectos fundamentais que, mesmo que


as práticas de reforçamento institucionais possam produtividade e a quantidade de responsabilidade
estabelecer e fortalecer alguns dos padrões de res­ que ele assumia na organização.
IN

posta consistenies com os da sociedade ein geral, a A fim de avaliar a eficácia relativa deste pro­
maioria dos comportamentos sociais e vocacionais grama, baseado na comunidade, um grupo indivi­
que podem ser desenvolvidos nos hospitais tem um dualmente emparelhado de 75 pacientes recebeu o
valor de transferência limitado. Afastamentos mais tratamento das decisões tomadas em grupo no hos­
radicais das abordagens institucionais convencio­ pital, junto com os tipos convencionais de ajuda e
nais são claramente necessários para que se possa terapia ambulatorial após a alta da instituição. Me­
devolver os psicóticos cronicamente hospitalizados didas repetidas das mudanças nas auto-avaliações
à sociedade como membros socialmente produtivos. dos pacientes, suas atitudes, comportamento inter­
Um segundo experimento conduzido por Fair­ pessoal e habilidade para manter um ajustamento
weather e seus associados (Fairweather, Sanders, independente satisfatório na comunidade foram
Maynard e Cressler, 1969) representa um exemplo realizadas.
de um programa inovador que tem uma promessa Os resultados deste projeto mostram que, dentro
considerável para a reabilitação de psicóticos crôni­ de unia subcomunidade de apoio, indivíduos croni­
cos. Baseado na evidência de que o tipo de am­ camente marginais podem lidar com os seus negó-
162 CON TRO LE PO SITIVO

PS
U
O
R
G
KS

Figura 4-10. Percentagem de (empo em que os pacientes nos programas de residência e de hospital permaneciam na
comunidade durante um período de acompanhamento de 40 meses. O programa de residência foi terminado após 33
O

meses. Fairweather et al., 1969.


BO

cios diários e também ter uma vida valiosa e cons­ competências sociais e vocacionais necessárias para
trutiva. Um estudo de acompanhamento de qua­ viver independentemente. Contudo, aqueles que
renta meses revelou que o subsistema criado expe­ não têm famílias imediatas para a elas retornar e
rimentalmente sustentava os pacientes na comuni­ pouco ou nenhum recurso financeiro, e aqueles
dade, ao passo que aqueles tratados no hospital que provavelmente seriam incapazes de obter um
EX

eram incapazes de se ajustar à vida lá fora (Fig. emprego individualmente no mercado de trabalho
4-10). As diferenças entre estes grupos sáo ainda aberto por causa de sua idade avançada, habilida­
mais surpreendentes no seu funcionamento voca­ des vocacionais limitadas e estigmatização podem
cional: o sistema residencial permitia aos pacientes obter o ajustamento mais satisfatório no seu pró­
D

manter um trabalho remunerado, ao passo que ne­ prio sistema social de apoio. Individualm ente,
nhum dos pacientes que receberam o tratamento podem não ser capazes de enfrentar as exigências
no contexto h ospitalar estava em pregado em
IN

da vida comunitária, mas como grupo podem fun­


tempo integral (Fig. 4-11). Estes resultados benéfi­ cionar como indivíduos auto-sustentadores e pro­
cos foram obtidos a um custo individual de 6 dóla­ dutivos que de outra forma seriam institucionaliza­
res por dia, comparados com os 14 dólares no hos­ dos para o resto das suas vidas.
pital do qual foram retirados os pacientes, 12 dóla­
res no hospital estadual local, 45 num hospital par­
SISTEMAS DE REFORÇAMENTO DE GRUPOS NA
ticular local e 56 dólares num hospital local do mu­
nicípio.
MODIFICAÇÃO DA DELINQÜÊNCIA
O objetivo principal do tipo de programa resi­ Num programa elaborado por Cohen (1968; Co-
dencial discutido acima é criar uma subcomunidade hen, Filipczak, Bis, Cohen, Goldiamond e Larkin,
sem i-autônom a, na qual indivíduos m arginais 1968) para vencer déficits educacionais em adoles­
podem funcionar de modo socialmente produtivo, centes delinqüentes, as práticas de reforçamento
ao invés de servir como uma facilidade transicional. institucional sào, em muitos aspectos, análogas às
Alguns dos participantes podem eventualmente estruturas de contigência operando na comunidade
deixar a residência depois que desenvolverem as maior.
lONTROLE POSITIVO 163

PS
U
O
R
G
Figura 4-11. Percentagem de tempo em que os pacientes dos programas de residência e de hospital estavam emprega­
dos durante tempo integral nos 40 meses de acompanhamento. Fairweather et al., 1969.
KS

A adoção de, e aderência a, padrões de compor­ apoiado numa economia de pontos foi portanto es­
tamento pró-sociais é altamente dependente das tabelecido para fomentar comportamentos acadê­
O

proficiências adequadas nas habilidades educacio­ micos. Os pontos obtidos por escores de rendi­
nais e vocacionais necessárias para uma aquisição mento elevados em cursos instrucionais programa­
BO

legítima de recursos que são altamente valorizados dos e outras atividades acadêmicas podiam com­
pela cultura. A maioria dos delinqüentes se en­ prar acomodações favoráveis e uma ampla gama de
contra em desvantagem por causa de déficits gros­ serviços e comodidades. Partindo de um paga­
seiros nas habilidades educacionais necessárias a mento básico de 10 a 15 dólares por semana, pagos
um ajustamento vocacional satisfatório. Em conse­ para um rendimento escolar elevado e um numero
qüência, aqueles que valorizam posses caras e as re­ míninuo de horas de trabalho acadêmico, os rapazes
EX

compensas sociais que se seguem a símbolos de sta­ poderiam ganhar um nútnçro adicional de pontos
tus elevado são forçados a recorrer a meios des- pelo estudo.
viantes para obtê-los. Não importa que outros obje­ A maioria das sanções coercitivas impostas aos
tivos possam ser selecionados na reabilitação de de­ delinqüentes pelas instituições corretivas estava au­
D

linqüentes, pouco progresso será alcançado ná alte­ sente deste programa. Ao invés disto, havia um
ração do comportamento anti-social, a não ser que grande apoio sobre incentivos positivos, iniciativa
os ofensores habituais sejam dotados de habilidades individual e autodeterminação. Consistentemente
IN

vocacionais que permitam alcançar de modo legí- com o sistema básico de contingências na vida diá­
iimo as recompensas materiais e sociais desejadas. ria lá fora, os rapazes pagavam pelos seus quartos
Portanto, o programa experimental elaborado por particulares (6 dólares a semana, ou 600 pontos) e
Cohen focalizou prim ordialm ente a criação de selecionavam refeições que variavam na sua escolha
competências educacionais e de atitudes favoráveis de alimentos. Utilizavam os pontos para alugar
a atividades acadêmicas. itens recreativos e salas particulares, e para pagar a
Os garotos adolescentes, escolhidos aleatoria­ tutoria em cursos desejados. Podiam também pagar
mente para o programa experimental de uma po­ pela admissão a atividades de recreação ou lazer
pulação institucionalizada, apresentavam históricos oferecidas por um salão de projetos e com prar
escolares extrem am ente pobres. Todos tinham mercadorias disponíveis na loja do projeto ou por
abandonado a escola, tinham muito pouco interesse meio de catálogos de venda pelo correio. Sempre
por questões acadêmicas e nenhum deles derivava que possível, os preços dos itens correspondiam a
alguma satisfação intrínseca das. atividades intelec­ taxas na comunidade externa. Dentro deste am­
tuais. Um sistema de recom pensas extrínsecas biente, os rapazes tinham considerável IthtMiUidt*:
164 CONTROLE POSITIVO

determinavam as suas próprias rotinas de estudo e membro não são afetados pelo comportamento dos
descanso, selecionavam as suas próprias atividades outros. Pode-se, naturalmente, influenciar o grau
lie lazer e planejavam seus próprios programas ex­ de interação social entre as pessoas mesmo numa
ternos, ajudavam no planejamento das refeições e base de reforçamento individualista simplesmenie
tinham privilégios de enviar cartas e receber visitas. pela recompensa das respostas de cooperação (Co-
Um rapaz poderia deixar de participar de qual­ hen e Lindsley, 1964), ou outras formas de com­
quer atividade escolar ou de reabilitação, mas se os portamento social.
seus pontos caíam abaixo de 1.200, ele era posto Em algumas ocasiões, um agente de mudança
em "socorro”. Embora esle problema surgisse ra­ jxxle ser chamado para aumentar o nível de res­
ramente, enquamo estivesse de “socorro” o rapaz ponsabilidade mútua, coesão, compromisso e con­
perdia o seu quarto particular, comia a refeição ins­ tribuição a um alvo comum a todos os membros do
titucional comum e nao tinha nenhum luxo extra. grupo. Esle objetivo pode ser alcançado de forma
Este sistema de tratamento corresponde, de perto, mais eficiente instituindo-se contingências de refor­

PS
aos princípios sugeridos antes para alterar o com­ çamento numa base grupai. Nestas circunstâncias,
portamento numa base de reforçamento positivo os resultados recompensáveis individuais depen­
criando um ambiente 110 qual as gratificações não- dem do nível de desempenho do grupo e, ao con­
contingentes são oferecidas num nível adequado, trário, um comportamento censurável de qualquer

U
porém baixo, e 110 qual o desempenho de modos membro do grupo pode produzir conseqüências
desejados de comportamento produz novas recom­ negativas para o grupo inteiro. Fazendo com que as
pensas. Se um tal sistema for bem administrado, as pessoas compartilhem nas conseqüências de suas

O
ações hostis e de resistência por parte dos parti­ decisões e ações, o grau de responsabilidade social e
cipantes devem ser acentuadaniente reduzidas envolvimento social é aumentado desta forma.

R
porque o seu próprio comportamento determina o Houve algumas investigações de laboratório da
seu bem-estar, não as ordens da administração. produtividade do grupo como função de diferentes
Sob contingências ambientais especificamente
elaboradas para apoiar a aprendizagem, os rapazes
delinqüentes que tinham recebido poucas aprova­
ções prévias pelo estudo e tinham abandonado a
G
lipos de estruturas de contingência grupais. Glaser
e klaus (1966) descobriram que o comportamento
de grupo era influenciado por contingências de re­
forçamento do mesmo modo que o comportamento
KS
escola, trabalharam produtivamente em atividades individual quando se exigia que iodos os membros
educacionais autodirigidas. Estudaram consciente­ do grupo se desempenhassem de forma correta para
mente nas suas horas de folga e ganharam mais do produzir resultados recompensadores para si pró­
que dois graus num leste padronizado de rendi­ prias. O rendimento do grupo aumentou quando
mento escolar durante um período de oito meses.
O

os desempenhos corretos em equipe eram reforça­


Estes resultados favoráveis sugerem que os ambien­ dos positivamente, ao passo que a razão de respos­
tes reforçadores da aprendizagem podem ser usa­ tas correias declinou quando o desempenho em
BO

dos com êxito não apenas na reabilitação de delin­ grupo não mais resultava em conseqüências refor­
qüentes, mas também na reabilitação de outras çadoras. Por outro lado, uma estrutura de contin­
criat iças educacional mente retardadas. gência 11a qual uma resposta correta por qualquer
O sistema de contingências acima discutido linha membro produzia um reforçamento para todo o
por objetivo a implantação quase exclusiva de com­ grupo muitas vezes resultou numa deterioração do
portamentos escolares e, embora mudanças benéfi­ desempenho para o grupo ou para os membros in­
EX

cas nas atitudes e 110 comportamento social fossem dividuais. Esta última condição é análoga a situa­
notadas, não houve nenhum esforço intencional ções naturais onde os indivíduos se beneficiam dos
para alterar os padrões de resposta interpessoais. esforços de outra pessoa. O declínio da readvidade
As contingências poderiam, naturalmente, ser fa­ pode facilmente ser controlado pelo uso de uma
cilmente estendidas para incluir um com porta­
D

contingência dupla, de modo que os resultados in­


mento cooperativo, responsável e autocontrolador, dividuais sejam determinados lanio pela extensão
o qual, por sua vez, suplementado pela proficiência da sua própria contribuição como pelo desem­
IN

numa ocupação escolhida, removeria as principais penho geral do grupo. O leitor lembrar-se-á certa­
barreiras pessoais a um ajustamento pró-social bem mente de que o programa de tratamento residen­
sucedido. cial de Fairvveather se apoiava neste Lipo de sistema
de contingência para a alocação das recompensas
SISTEMAS DE CONTINGÊNCIA financeiras.
INTERDEPENDENTES Wolf e Risley (1967) oferecem alguma evidência
Os sistemas sociais precedentes envolvem prima­ sugestiva com relação à eficácia relativa dos siste­
riamente contingências grupais, mas os reforça- mas de contingência individual e grupai. Eles es­
menios ainda são administrados numa base indivi­ tudaram a quantidade de comportamento desorga-
dual. Por exemplo, o pagamento das tarefas é ge­ nizador em sala de aula apresentado por uma
ralm ente o mesmo para todos os membros do criança na ausência de qualquer reforçamento es­
grupo, embora a compensação real dependa do pecial e durante períodos subseqüentes, nos quais
lipo e da quantidade de trabalho realizado por cada ou ela sozinha ganhava cinco pontos, ou ela e seus
pessoa. Sob tais condições, os resultados de um colegas ganhavam cada qual um ponto pelo com-
CONTROLE POSITIVO 165

poriainenio aceitável dela própria. É interessante maioria das sociedades. Portanto, quando contin­
notar que as atividades da criança foram controla­ gências interdependentes são instituídas para au­
das de forma mais eficiente sob a contingência mentar a unidade do grupo e a sua responsabili­
grupa], mesmo que esta só produzisse um quinto dade, cada meinbro também deveria ter oportuni­
do reforçam ento oferecido na base individual. dades para uma realização independente.
A parentem ente, por meio da recom pensa em
grupo, os agentes de mudança foram capazes de Sumário
assegurar o auxílio dos colegas na modificação de O presente capítulo fez uma resenha das teorias
comportamento de sua companheira. Os achados de reforçamento em termos da sua ênfase relativa
do presente estudo de casos, e os citados anterior­ sobre as funções dos reforçadores, ou de associação
mente, são suficientemente interessantes para justi­ e fortalecimento ou de incentivo. A evidência em
ficar uma exploração sistemática ulterior dos efei­ relação às explicações alternativas dos efeitos do re-
tos de diferentes estruturas de. contingência grupai forçamento em termos de redução dos impulsos,
sobre o desempenho social.

PS
estimulação sensorial e oportunidades para se enga­
Práticas de reforçam ento orientadas para o ja r em respostas prepotentes também foi revista. O
grupo têm sido adotadas em larga escala na Uniào faio de que eventos acentuadam ente diversos
Soviética para o propósito explícito de desenvolver podem assumir funções reforçadoras e que o seu
uma fone moralidade coletivista em seus cidadãos valor é determinado por propriedades relacionais e

U
(Bronfenbrenner, 1962). Este objetivo é alcançado não-fixas apresenta dificuldades para a elaboração
pelo uso de coletivos escolares, onde o comporta­ de uma teoria inclusiva do reforçamento.
mento das crianças é regulado por recompensas e

O
Como o comportamento é em grande parte go­
castigos aplicados numa base grupai, de modo que vernado pelas suas conseqüências, o reforçamento
iodos os membros de uma dada unidade social são diferencial foi extensivamente aplicado, tanto iso­

R
afetados pelas ações de cada indivíduo. A socializa­ ladamente como em combinação com outros méto­
ção na escola é iniciada nos graus elementares distri­ dos, para sobrepujar déficits comportamentais,
buindo as crianças em unidades de filas. Mantêm-se
registros diários do desempenho de cada grupo
numa variedade de atividades sociais e acadêmicas.
Os graus que uma pessoa recebe são baseados no
G
manter padrões de resposta existentes e alterar o
comportamento desviante que é apoiado pelos seus
efeitos recompensadores.
Três conjuntos de variáveis são importantes na
KS
desempenho geral da sua unidade, e não nas suas aplicação eficiente dos prindpios de reforçamento.
realizações individuais e, de tempo em tempo, as Em primeiro lugar, é essencial elaborar um sistema
filas mais bem-sucedidas são elogiadas em público, de incentivos capaz de manter um elevado nível de
recebendo privilégios especiais. A realização cole­ reatividade durante longos períodos. Sem incenti­
tiva é ainda mais reforçada introduzindo-se compe­
O

vos adequados, o controle comportamental tende a


tições, não apenas entre filas, mas também entre permanecer fraco e instável. Em segundo lugar, os
salas de aula, escolas, distritos etc. Desta maneira, eventos reforçadores devem ser condicionais à
BO

contingências cooperativas são mantidas dentro de ocorrência do comportamento desejado. Embora


grupos cujo número de membros cresce constan­ práticas de reforçamento sejam comumente usadas
temente, enquanto que, simultaneamente, fortes para modificar o comportamento em contextos na­
contingências competitivas são instituídas entre turais, estes esforços muitas vezes são minimamente
unidades sociais progressivamente maiores. eficientes porque as conseqüências intencionais são
Além de inculcar orientações coletivas por meio inadequadamente programadas, as respostas erra­
EX

de incentivos de grupo, o controle e a modificação das podem ser reforçadas inadvertidam ente e,
do comportamento é delegado ao grupo de colegas. mesmo quando contingências adequadas são elabo­
Inicialmente os professores estipulam os padrões radas, elas muitas vezes só se aplicam esporadica­
de comportamento e avaliam o desempenho do mente.
D

grupo. Tão cedo quanto possível, porém, a respon­ A terceira exigência se relaciona com métodos
sabilidade da avaliação do comportamento dos in­ suficientemente poderosos para induzir ou eliciar
divíduos e da aplicação de recompensas e sanções os modos desejados de respostas com freqüência
IN

é delegada aos membros da unidade social. Esta suficiente para que possam ser fortemente estabe­
transferência é conseguida designando*se monito­ lecidos por meio do reforçamento positivo. Várias
res de fila para cada atividade que devem julgar as estratégias diferentes podem ser usadas com este
tarefas, criticar falhas dos seus companheiros e ela­ propósito. A abordagem mais popular, embora não
borar meios eficientes para ajudar os outros mem­ necessariamente a mais eficiente, se apóia sobre um
bros da sua coletividade. Sempre que os indivíduos processo de moldar gradualmente as respostas emi­
são elogiados pela sua ajuda mútua, a contribuição tidas em padrões desejados pelo reforçamento sele­
para a realização do grupo é cuidadosamente regis­ tivo de aproximações cada vez mais maiores. Con­
trada. tudo , na maioria dos casos as respostas complexas
Uma aplicação universal e rígida dos sistemas de podem ser criadas mais rapidamente pela provisão
reforçamento orientados para o grupo que amor­ de guias de desempenho sob a forma de pistas de
daçam a autonomia e a autodeterminação são cla­ modelação verbais ou comportamentais apropria­
ramente antitéticas aos objetivos valorizados pela das. Outro método, aplicável quando as respostas já
166 CONTROLE POSITIVO

estão disponíveis mas são raramente exibidas, de­ Resultados de uma miríade de projetos nos quais
pende das técnicas de indução e apagameiuo nas as condições exigidas são adequadamente estabele­
quais quaisquer estímulos que exercem um forte cidas demonstram que o reforçamento contingente
controle sobre o comportamenio desejado é usado pode ser um meio altamente eficiente de estabele­
até que sua incidência seja suficientemente aumen­ cer e modificar diversas classes de resposta. Isto é
tada, depois do que os estímulos auxiliares são gra­ revelado de forma mais impressionante por estudos
dualmente retirados. nos quais um comportamento desviante tenaz é su­
cessivamente eliminado e reinstalado, variando-se
O processo de mudança comportamentaf é ainda as suas conseqüências sociais. Tal controle replica-
mais complicado pelo fato de que é necessário or­ tivo poderoso sobre o com portam ento não tem
ganizar condições de aprendizagem adicionais para apenas considerável significância terapêutica, mas
que os padrões de resposta estabelecidos possam se acentua o papel influente das contingências am­
generalizar além da situação específica de trata­

PS
bientais na regulação das perturbações de compor­
mento, e persistir muito tempo depois que as con­ tamento. Condições que são geralmente atribuídas
tingências especificamente criadas tenham sido re­ a determinantes internos complexos, que se pre­
tiradas. Mudanças permanentes do comportamento sume operar em grande parte a nível inconsciente,
podem ser obtidas reduzindo-se gradualmeute a respondem de maneira ordenada ao controle ex­

U
freqüência ou a m agnitude do reforçainento; terno.
deslocando-se o lugar do reforçamento de agentes Em anos recentes tem havido um reconheci­

O
de mudança Lransitórios a contingências favoráveis mento crescente de que, em sua maioria, os proble­
existentes no ineio social da pessoa; e alterando a mas sociais devem ser tratados primariamente a nível
forma dos eventos que assumem funções reforça­ de sistemas sociais e não a nível individual. Portan­

R
doras. Desta forma, incentivos extrínsecos arbitrá­ to, uma considerável importância é atribuída a exten­
rios, que podem ser necessários durante as primei­ sões dos procedimentos de reforçamento demons­
ras etapas do tratamento, podem ser gradualmente
retirados e substituídos por pistas simbólicas que
significam realizações de desempenho conjugadas
com conseqüências auto-avaliativas e com outras
G
trando que mudanças amplas nas atitudes e no
com portamento podem ser obtidas aplicando-se
contingências organizacionais aos membros de um
determinado grupo. Sistemas interdependentes de
KS
conseqüências auto-reforçadoras. À medida que contingência, nos quais os resultados para os mem­
tais eventos estimuladores que são mais intrinseca­ bros individuais dependem do desempenho con­
mente relacionados com os desempenhos adquirem junto do grupo e não de suas próprias realizações,
uma capacidade de reforçam ento, padrões de também foram empregados com êxito para aumen­
comportamento pessoalmente valorizados podem
O

tar a produtividade e o nível de apoio mútuo, res­


ser automantidos com um mínimo de apoio ex­ ponsabilidade e coesão dos grupos sociais. Contin­
terno. gências de reforçamento duplas nas quais os resul­
BO

tados individuais são deierminados em conjunto


As mudanças efetuadas nos padrões de resposta pela natureza de suas próprias contribuições e pelo
social podem ser am p lam en te g en eralizadas desempenho geral do grupo tendem a produzir o
conduzindo-se o tratamento dentro de contextos funcionamento social mais produtivo.
sociais naturais, modificando-se diretamente as prá­ Embora o comportamento possa ser eficiente­
ticas reforçadoras das pessoas que normalmente mente controlado variando-se as suas conseqüên­
EX

exercem algum grau de controle sobre o compor­ cias positivas, sanções negativas são habitualmente
tamento crucial e variando-se sistematicamente as empregadas, especialmente nos esforços para redu­
condições estimuladoras sob as quais o comporta­ zir padrões de resposta nocivos. Us processos en­
mento é estabelecido. volvidos no controle aversivo são revistos a seguir.
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5
Controle Aversivo
Conseqüências negativas são amplamente usadas veremos mais tarde. Boa parte dos resultados des­

PS
para modificar o comportamento, mas tais práticas favoráveis, entretanto, que são algumas vezes asso­
são geralmente desaprovadas. Existem diversas ciados com a punição, não são necessariamente ine­
razões, algumas racionalmente fundamentadas e rentes aos métodos como tais, mas resultam do
outras insustentáveis, pelas quais é a punição consi­ modo inconveniente como são usados. G rande

U
derada de modo desfavorável. Uma das principais quantidade do comportamento humano é de fato
objeções ao controle aversivo tem origem na crença modificada e rigorosamente regulada por contin­
difundida de que forças internas, freqüentemente gências aversivas naturais sem nenhum efeito in­

O
inconscientes, constituem os principais determinan­ conveniente. Na base de conseqüências negativas,
tes do comportamento. A partir dessa perspectiva, as pessoas aprendem a evitar ou a se proteger de

R
a punição pode temporariamente suprimir certas quedas perigosas, objetos quentes ou em chamas,
expressões, mas os impulsos subjacentes conservam sons ensurdecedores e outros estímulos nocivos;
sua força e exercem pressão contínua para des­ trocam elas suas roupas para se m anter con­
carga através de ações alternativas. Além disso,
quando a punição é descrita na teoria comporta-
mental como possuindo efeitos inibitórios ou su­
G
fortáveis em temperaturas abafadas ou frias; e se
empenham em considerável quantidade de com­
portamento que é quase inteiramente mantido pela
KS
pressivos, também tal descrição contém a implica­ remoção de estímulos irritantes. Nos casos em que
ção de que tendências de respostas não-expressadas certas atividades podem ter efeitos danosos, con­
permanecem ativas em nível encoberto, reque­ tingências aversivas devem ser socialmente organi­
rendo, portanto, neutralização contínua. zadas de modo a assegurar a sobrevivência. Rara­
Tanto os efeitos imediatos quanto os de longo mente é a punição criticada como ineficiente ou
O

prazo das sanções negativas podem ser considera­ por acarretar efeitos colaterais prejudiciais quando
dos de modo menos deformado, se supormos que o usada, por exemplo, para ensinar crianças peque­
BO

comportamento é amplamente determinado por nas a não inserir objetos metálicos em tomadas elé­
suas conseqüências. Até quando um determinado tricas, a não atravessar ruas movimentadas diante do
padrão de respostas produzir resultados aversivos sinal vermelho e a não desempenhar comporta­
de força suficiente para suplantar os efeitos de ou­ mentos que resultem em mutilação. Certos tipos de
tras condições mantenedoras, não será ele usado. sanções négativas, se aplicadas de modo ponde­
Se modos mais efetivos de obtenção dos resultados rado, podem da mesma forma ajudar na elimina­
EX

desejados forem desenvolvidos durante esse pe­ ção do comportamento autofrustrador e do com­
ríodo, a mudança comportamental iniciada por portamento socialmente prejudicial sem criar ne­
meio da punição será conservada após terem sido nhum problema especial.
descontinuadas as contingências aversivas. Assim, Raramente é a punição utilizada como método
por exemplo, se o comportamento competitivo for único para modificar o comportamento: contudo se
D

tornado não-funcional por meio do estabeleci­ usada de modo judidoso em conjunto com outras
mento de conseqüências desfavoráveis e a coopera­ técnicas destinadas a promover opções de respostas
IN

ção recompensada, a competição será finalmente mais efetivas, esses procedim entos combinados
abandonada sem nenhuma repressão de energia in­ podem apressar o processo de mudança. Além
terna. Quando a pessoa se comporta de modo coo­ disso, conseqüências aversivas são usadas com fre­
perativo, não significa isso que esteja ela supri­ qüência para modificar comportamento divergente,
mindo ativamente uma resposta competitiva ati­ que é automaticamente auto-reforçador pelo pró­
vada de modo simultâneo, da mesma maneira que prio fato de sua ocorrência, e nos casos em que cer­
uma pessoa sentada não está continuamente lu­ tos padrões de respostas devem ser postos rapida­
tando contra uma resposta de ficar de pé, o que se mente sob controle, devido a seus efeitos nocivos
esforça simultaneamente por expressar. sobre quem o desempenha ou sobre outras pessoas.
O uso do controle aversivo é também freqüente­ As conseqüências negativas podem envolver
mente posto em questão na base de que produz tanto a remoção de reforçadores positivos quanto a
uma certa variedade de produtos secundários inde­ apresentação de estímulos aversivos. Os eventos
sejáveis. Esse argumento tení um certo valor, como dessa última categoria podem tomar a forma de
174
CONTROLE AVERSIVO 175

punição física, estimulação por choque, retroali­ ticas dos agentes sociais punitivos. O grau de con­
mentação auditiva desagradável ou reprimendas trole exercido pelas conseqüências aversivas sobre o
verbais. No primeiro caso, podem ser instituídos comportamento em cada caso particular é, por­
custos para respostas ou as pessoas podem vir a ser tanto, altamente dependente de um conjunto de
privadas de privilégios, posses, contatos sociais e variáveis operativas além das contingências de pu­
outros eventos reforçadores positivos aos quais este­ nição.
jam habituadas. Embora ambas as operações repre­ Diversas formulações teóricas foram apresenta­
sentem formas de punição, têm elas efeitos diferen­ das para explicar os variados efeitos comportamen­
tes sobre o comportamento e podem produzir di­ tais produzidos por diferentes tipos de punição.
versos efeitos colaterais ^ reações antagônicas com Teorias da emotividade condicionada (Estes, 1944),
relação aos agentes punitivos. Conseqüentemente, por exemplo, atribuem os efeitos da punição prin­
os achados de pesquisas e de aplicação dessas duas cipalmente a reações emocionais que são classica­
formas de punição serão discutidos separadamente. mente condicionadas a estímulos ambientais d u ­

PS
rante o andamento do tratamento aversivo. Mais
Apresentação de Reforçadores Negativos tarde, a exposição à situação ameaçadora gera uma
Teorias e pesquisa sobre punição mostraram-se ativação emocional que perturba ou inibe a res­
principalmente interessadas pelo grau em que pa­ posta. O principal apoio a esse ponto de vista é for­

U
drões de respostas podem ser removidos através da necido por um sem-número de estudos demons­
administração direta de estímulos aversivos. Por trando que o comportamento pode ser suprimido
pela apresentação de estímulos ambientais que te­

O
motivos éticos óbvios, os estudos das mudanças
comportamentais produzidas por punição de alta nham sido previamente pareados com experiências
intensidade ou longa duração restringiram-se a su­ aversivas. A teoria da punição apresentada por

R
jeitos infra-hum anos. Pesquisas de laboratório Mowrer (1960) supõe que emoções negativas são
sobre os efeitos da punição em seres humanos utili­ condicionadas não somente aos estímulos ambien­
tais, mas também às pistas proprioceptivas geradas
zam tipicamente estímulos físicos fracos ou conse­
qüências negativas simbólicas. Nesses estudos, a
punição é aplicada a respostas que estão sendo si­
multaneamente mantidas com esquema de refor-
G
pelo próprio comportamento punido.
De conformidade com as interpretações em ter­
mos de competição de respostas (Guthrie, 1935), a pu­
KS
çamento positivo intermitente ou a padrões de res­ nição produz mudanças comportamentais por eli-
posta que estão sendo submeddos à extinção. ciar respostas incompatíveis na presença de pistas
que anteriormente controlavam o comportamento
CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS punido. As respostas competitivas são presumivel­
DOS EFEITOS DA PUNIÇÃO
O

mente condicionadas de modo direto, por conti-


Quando qualquer comportamento é seguido por güidade, aos estímulos presentes na ocasião da pu­
conseqüências aversivas, produzem elas geralmente nição. A generalidade dessa explicação, que não
BO

uma redução ou cessação da responsividade. Após utiliza processos mediadores, é seriamente posta à
terem sido as conseqüências aversivas descontinua­ prova pelos resultados de experimentos em que es­
das, o comportamento reaparece algumas vezes, tímulos previamente neutros são dotados de pro­
sugerindo esse fato que a punição suprime as ten­ priedades de inibir respostas sob condições em que
dências de respostas, mas não as elimina. Sob de­ animais são esqueleticamente imobilizados com cu­
terminadas condições, entretanto, a punição pode rare para impedir a ocorrência da resposta motora
EX

produzir m udanças duradouras no com porta­ (Rescorla e Solomon, 1967). Não obstante, em con­
mento. Como mostraremos mais tarde, o grau em dições ordinárias a punição ativa respostas instru­
que um comportamento é positivamente reforçado mentais bem como medo; conseqüentemente, a
constitui um determinante tanto do poder de redu­ punição pode produzir comportamentos notavel­
D

ção da punição quanto da extensão em que as res­ mente diferentes sob níveis semelhantes de ativação
postas punidas são subseqüentemente restabeleci­ emocional, dependendo do tipo de resposta que
das. Além das contingências recompensadoras que originalmente evocava (Bolles, 1967). Portanto, o
IN

mantém o comportamento punido, os efeitos do mesmo estímulo punitivo pode acelerar ou retardar
mesmo podem variar consideravelmente em função o desempenho do mesmo comportamento, depen­
de inúmeras outras variáveis (Azrin e Holz, 1966; dendo da maneira como venha a ser aplicado, seja
Church, 1963; Solomon, 1964), incluindo a inten­ evocando respostas que sejam compatíveis ou que
sidade, duração, freqüência e distribuição das con­ entrem em conflito com as atividades em curso
seqüências aversivas; sua relação temporal com o (Fowler e Miller, 1963).
comportamento a ser modificado; a força das res­ Enquanto a teoria precedente explica os efeitos
postas punidas; a disponibilidade de padrões de da punição em termos de aprendizagem associativa
comportamento alternativos que sejam positiva­ competitiva, as explicações por condicionamento da
mente reforçáveis; a presença de estímulos discri­ esquiva (Dinsmoor, 1954) enfatizam as conseqüên­
minativos que indicam a probabilidade de resultar cias reforçadoras que são produzidas pelo compor­
um dado desempenho em conseqüências adversas; tamento incompatível e servem para mantê-lo. Até
o nível de instigação para desempenhar o compor­ onde retraimento, esquiva e inibição da resposta
tamento negativamente sancionado; e as caracterís­ fornecem alívio com respeito à estimulação pertur-
176 CONTROLE AVERSIVO

badora, o comportamento é por esse modo refor­ para fortalecer novos desempenhos. Após ter um
çado. ruído suprimido completamente uma resposta re­
As teorias acima mencionadas enfatizam a capa­ compensada em esquizofrênicos crônicos, foi ele
cidade da punição em motivar, reforçar e eliciar então pareado de modo intermitente com fichas
respostas. Por outro lado, as hipóteses da discrimi­ que tinham valor de recompensa. Mais tarde, o
nação (Holz e Azrin, 1961, 1962) focalizam a função ruído contingente somente manteve um número
informativa dos eventos punitivos. Os efeitos inibi­ enorme de respostas numa tarefa nova. Os experi­
tórios produzidos por meio da punição vicária, por mentos acima ilustram como os eventos punitivos
exemplo, resultam em grande parte da informação podem alcançar funções reforçadoras duradouras,
transmitída aos observadores de que certos tipos de que após se tornam dissociadas das condições ori­
desempenho são negativamente sancionados em si­ ginais de reforçamento. O comportamento auto-
tuações particulares (Bandura, 1965). As proprie­ punitivo resultante, quer esteja sendo mantido por

PS
dades discriminativas da punição são também cla­ medo de ameaças que já não existem quer por an­
ram ente reveladas por experimentos em que a tecipação de recompensas ocasionais que já não
ordem temporal da punição, recompensa e extin­ estão mais disponíveis, aparece claramente como
ção são sistematicamente variadas. Punições seve­ inapropriado, se considerado em termos de reali­
ras, que precedem regularm ente a recompensa, dade objetiva.

U
acabam por sinalizar p c ? orçamento positivo e acele­ No material apresentado acima, revisamos sepa­
ram a resposta; contrariamente, punições até então radamente os diversos efeitos que podem os estí­

O
fracas e ineficentes, quando precedem a remoção mulos punitivos te r sobre o com portam ento.
de recompensas, reduzem a resposta. De modo se­ Grande parte dos teóricos adere a uma concei-
melhante, punições que iniciam um período de alí­ tuação ein termos de processos múltiplos para a

R
vio com relação à estimulação dolorosa adicional maneira como a punição leva à redução da resposta
tornam-se sinalizadores de segurança e levam a um e para os fatores que dirigem toda recuperação
aumento da responsividade (Hendry e Van Toller,
1964).
Evidência adicional da maneira pela qual estímu­
G
subseqüente das respostas punidas. De conformi­
dade com esse ponto de vista, a estimulação dolo­
rosa produz ativação emocional generalizada e res­
postas de retraimento e fuga, que são habitualmen­
KS
los punitivos podem adquirir propriedades nota­
velmente diferentes através de sua relação com ou­ te incompatíveis com o comportamento em questão
tros eventos reforçadores é demonstrada de modo e podem, portanto, substituí-lo. Qualquer estímulo
notável por Sandler e Quagliano (1964). Após ma­ ambiental e qualquer resposta que regularmente
cacos terem aprendido a prem er uma alavanca precede ou acompanha as experiências aversivas
O

para evitar o recebimento de choques, uma se­ adquire, através da associação por contigüidade, a
gunda contingência envolvendo estimulação dolo­ capacidade de ativar reações emocionais por algum
rosa auto-administrada foi introduzida. Premer a tempo, após ter sido a punição descontinuada.
BO

alavanca evitava a ocorrência do choque original, Além do condicionamento emocional, qualquer


mas também produzia um choque elétrico de inten­ resposta que seja bem-sucedida na eliminação ou
sidade menor. À medida que o experimento pro­ esquiva de estimulação aversiva é instrumental-
gredia, o choque auto-administrado foi gradual­ mente reforçada. As respostas punidas permane­
mente aumentado até igualar o estímulo aversivo cem suprimidas até quando os eventos ameaçado­
res mantenham sua capacidade de gerar reações de
EX

que estava sendo esquivado. Entretanto, os animais


não mostraram redução alguma na freqüência das medo intenso e comportamento de esquiva incom-
respostas autopunitivas de premer a alavanca, em­ paLível. Esse período fornece a oportunidade para
bora esse comportamento não estivesse mais ser­ que outros modos de comportamento se estabele­
vindo em termos de “o m enor de dois males” çam, modos esses que, se suficientemente vigoro­
D

Ainda mais surpreendente, após ter sido o choque sos, serão capazes de suplantar as tendências de
que esquivavam completamente descontinuado en­ respostas punidas. Entretanto, na ausência de al­
IN

quanto as respostas de premer a alavanca (que se ternativas adequadamente recompensadas, após ter
tinham tornado agora inteiramente inúteis) ainda sido a punição descontinuada, as propriedades
produziam conseqüências dolorosas, os animais aversivas dos estímulos mantenedores podem ser
continuavam a se punir desnecessariamente com as extintas por meio da exposição repetida a situações
imensidades de choque que os tinham levado ante­ provocadoras de medo ou de eliciações de respostas
riormente a trabalhar para evitar. Qualquer pessoa parcialmente suprimidas sem conseqüências desa­
que observasse o comportamento autopunitivo des­ gradáveis, por observação de desempenhos não-
ses animais, sem ter conhecimento de sua história punidos ou por outros modos de informação. Nes­
de aprendizagem prévia, ficaria sem dúvida intri­ ses tipos de condições, o comportamento inibido fi­
gada com seu tenaz “masoquismo”. nalmente reaparecerá.
As descobertas de um estudo de Ayllon e Azrin
(1966) identificam as condições sob as quais um es­ LOCUS DO CONTROLE AVERSIVO
tímulo anteriormente punitivo pode não somente Como observado na discussão precedente, diver­
manter a resposta por meio de seu valor de infor­ sas interpretações alternativas foram propostas com
mação, mas servir também como reforço positivo relação à fonte dos estímulos controladores para os
CONTROLE AVERSIVO 177

processos inibitórios criados por meio da punição. com o estímulo sobre a aquisição, generalização e
De acordo com uma explicação, o controle reside extinção da supressão condicionada de respostas
principalmente nos estímulos ambientais, Assim, se que haviam sido interm itentem ente reforçadas.
uma pessoa é submetida regularmente a experiên­ Para os sujeitos do grupo de estímulos, os choques
cias punitivas numa situação particular, as pintas foram continuamente associados com um som, mas
ambientais, através de suas novas propriedades de as respostas de premer a alavanca não foram nunca
evocar emoção, produzem supressão generalizada punidas; por outro lado, na condição da resposta, o
do comportamento, esquiva dos eventos situacio- som foi apresentado e os animais só recebiam os
nais ameaçadores ou atividades destinadas a evitar choques quando premiam a alavanca na presença
sua ocorrência. do estímulo auditivo. Ambos os procedimentos re­
Uma segunda interpretação supõe que o controle sultaram em supressão quase completa da resposta
aversivo reside no próprio comportamento punido. sempre que o som era apresentado. Entretanto, o
Quando conseqüências punitivas aparecem contin­ método destinado especificamente a dotar as pistas

PS
gentemente a certos tipos de respostas, supõe-se ambientais de propriedades aversivas produziu
que pistas proprioceptivas que acompanham a res­ perturbação emocional e inibição generalizada
posta adquiram a capacidade de ativar reações maiores, mostrando-se mais resistente à extinção.
emocionais condicionadas. A estimulação aversiva, Resultados essencialmente idênticos foram obddos

U
gerada pela iniciação de comportamento anterior­ em estudo anterior (Hunt e Brady, 1951), mesmo
mente punido, evita a completação da seqüência de quando os sujeitos na condição de punição contin­
ação. Acredita-se que a inibição da resposta seja re­ gente à resposta receberam maior número de cho­

O
forçada pela terminação da ativação emocional ques. Num experimento muito bem planejado, em
produzida pela resposta. Assim, nesse último caso, que houve equiparação do número e da distribui­

R
indivíduos aprendem a evitar sofrimento autoge- ção temporal dos choques, Hoffm an e Fleshler
rado por meio da supressão do comportamento do­ (1965) descobriram que animais punidos somente
tado de valência negativa. respondiam na presença de certas pistas, exibiam
Um certo número de pesquisadores tem compa­
rado o poder supressivo da punição quando é ad­
ministrada em base contingente à resposta ou em
G
m enor supressão comportamental e extinguiam
mais rapidamente do que os sujeitos emparelhados
que eram punidos durante a apresentação das
KS
conjunção com estímulos ambientais específicos in­ mesmas pistas sem consideração de seu comporta­
dependentemente do comportamento em questão. mento. Fornecem assim esses resultados a evidência
Revelam esses estudos que ambos os tipos de con­ de que, sob certas condições, as inibições estão
tingências aversivas reduzem a resposta; mas, há principalmente ligadas à situação, e não à resposta.
Ao contrário da conclusão acima, Azrin (1956)
O

discordância quanto a que método produz maior


supressão comportamental. No experimento origi­ descobriu que a punição produzida pela resposta
nal» Estes (1944) descobriu que animais, que ha­ foi consideravelmente mais efetiva do que a estimu­
BO

viam recebido choques somente em ocasiões em lação aversiva não contingente na supressão de
que não estavam engajados em comportamento de comportamento recompensado. Azrin atribui os re­
prem er a alavanca, exibiam essencialm ente o sultados conflitantes ao fato de terem os sujeitos em
mesmo grau de supressão e recuperação subse­ seu experimento recebido choques severos durante
qüente das respostas de premer a alavanca que os um longo período de tempo, enquanto que os es­
sujeitos cuja punição fora estritamente contingente tudos anteriores haviam utilizado períodos de pu­
EX

à ocorrência da resposta. Num teste ulterior para nição relativamente breves. Essa interpretação não
se descobrir se os efeitos supressivos eram dirigidos explica inteiramente os diversos resultados porque
por estfmulos ambientais ou por pistas produzidas Boe e Church (1967) reportam que a punição con­
pela resposta, os animais cujo comportamento de tingente à resposta é mais supressiva do que o cho­
que não contingente, mesmo quando administrada
D

premer a alavanca havia sido punido foram deixa­


dos na situação para um período de adaptação com durante breve período. Além disso, Camp (1965),
a alavanca removida. Essa providência evitava a eli- utilizando uma ampla variedade de imensidades de
IN

citação da resposta punida, mas permitia a neutra­ choque, descobriu que os efeitos supressivos da
lização das pistas situacionais ameaçadoras. Um punição contingente à resposta eram maiores do
leste subseqüente de extinção revelou que a mera que os e fe ito s in ib itó rio s da p u n iç ã o não-
reexposição à situação provocadora d e m edo, contingente, mas as diferenças entre os dois proce­
porém sem a ocorrência de experiências desa­ dimentos eram relativamente pequenas.
gradáveis adicionais, resultou em extinção quase A inibição da resposta deve ser, com m uita
completa da supressão condicionada. Os achados probabilidade, altamente ligada à situação quan­
desse estudo sugerem assim que as pistas internas do as experiências aversivas ocorrem re p e ti­
que acompanham a resposta punida exercem in­ dam ente no mesmo am biente. Se, p o r o u tro
fluência relativamente pequena sobre o processo lado, respostas selecionadas são punidas na pre­
inibitório. sença de estímulos específicos e não incorrem em
H unt e Brady (1955) estenderam a pesquisa conseqüências negativas dentro do mesmo am­
acima num estudo comparativo da influência da biente quando outros fatores estão ausentes, então
punição contingente à resposta e da correlacionada os estímulos onipresentes terão menos prohabili-
178 CONTROLE AVERSIVO

dade de se tornarem dotados de forte poder su- mantido quando mudanças nos estados afetivos,
piessivo. Sob condições naturais, é clarof raramente que constituem conseqüências reforçadoras intrín­
a punição é contingente ao comportamento so­ secas, são mediadas por pistas produzidas pela res­
mente, nem são as pessoas invariavelmente punidas posta.
em d eterm inadas situações. Ao invés disso, o Testes empíricos da teoria da retroalimentação
mesmo comportamento pode ser permitido ou pu­ afetiva da internalização pesquisaram principal­
nido no mesmo ambiente, dependendo da pessoa mente a supressão comportamental como função
para quem o comportamento é dirigido, do papel da apresentação temporal da punição. No para­
ocupado pelo executor do comportamento, da oca­ digma experimental típico, em cada uma das séries
sião e das circunstâncias específicas sob as quais o de ensaios as crianças eram solicitadas a escolher
comportamento é exibido, das condições instigado­ entre um brinquedo altamente atrativo e um relati­
ras e de inúmeros outros fatores. vamente desinteressante. Numa das condições, o

PS
Teorias periféricas da inibição da resposta, que experimentador repreende verbalmente as crianças
enfatizam a resposta esquelética e a sua retroalimen­ assim que fazem um movimento em direção ao
tação proprioceptiva concomitante, não podem ex­ brinquedo atrativo; nos outros tratam entos, as
plicar adequadamente a maneira altamente discri­ crianças só são verbalmente repreendidas depois de
minativa com que as mesmas respostas são livre­ terem alcançado o brinquedo e com ele se divertido

U
mente apresentadas ou suprimidas sob condições durante períodos de tempo variados. No teste da
ligeiramente diferentes. A regulação do compor­ supressão comportamental internalizada, é apre­

O
tamento humano com base em experiências puniti­ sentado às crianças um brinquedo altamente atra­
vas é, sem dúvida alguma, mediada em grau consi­ tivo e um desinteressante e anota-se se elas tocam
derável através de mecanismos centrais. As princi­ ou não o brinquedo atrativo durante a ausência do

R
pais questões teóricas e evidência básica envolvidas experimentador. O fundamento lógico para a sele­
no controle simbólico da responsividade, que constitui ção da variável temporal reside no fato de se supor
um terceiro locus para o controle aversivo, são
apresentadas 110 capítulo final deste livro. Supõe
essa concepção que, na base de informações trans­
mitidas por conseqüências anteriores da resposta
G
que a punição aplicada no início de uma transgres­
são empresta o máximo de ansiedade a pistas que
acompanham respostas preparatórias; como conse­
qüência, o comportamento é suprimido em seus es­
KS
experimentada em conjunto com diferentes pistas tágios iniciais. Por outro lado, se a punição é apli­
situacionais, temporais e sociais, os indivíduos infe­ cada seguindo a transgressão, a ansiedade e suas
rem a probabilidade de que um dado curso de ação respostas inibitórias concomitantes não são evoca­
será ignorado, recompensado ou punido. O com­ das até que o ato desaprovado tenha sido comple­
O

portamento é portanto parcialmente dirigido por tado.


conseqüências antecipadas que são simbolicamente Antes de avaliarmos os principais achados desses
produzidas. Assim, conseqüências aversivas anteci­ estudos, é preciso notar que os testes do controle
BO

padas terão efeitos de inibição da resposta, en ­ comportamental internalizado tipicamente envol­


quanto que a antecipação de resultados recompen­ vem um número tão grande de estímulos externos
sadores facilitará o desempenho do mesmo com­ de apoio que a supressão da resposta não pode ser
portamento. Além da influência de resultados es­ atribuída somente a conseqüências intrinsecamente
perados, conseqüências auto-avaliadoras também mediadas. As medidas pós-treinamento do auto­
figuram de modo proeminente na auto-regulação
EX

controle são caracteristicamente obtidas pelo mes­


do comportamento. mo experimentador, durante a mesma sessão ex­
Um certo número de estudos utilizando opera­ perimental e na mesma sala experimental, quando
ções punitivas foi realizado com crianças numa ten­ são apresentadas às crianças objetos estimuladores
tativa de elucidar os processos de internalização. idênticos ou semelhantes e possuindo as mesmas
D

Num a m o n o g rafia co m preensiva, A ro n freed propriedades relacionais dos estímulos utilizados


(1968) conceitua internalização como constituindo durante o treinamento. Embora o agente punitivo
IN

essencialmente um processo em que estados afeti­ se ausente da sala, inúmeras pistas controladoras
vos aversivos ou agradáveis tornam-se ligados a pis­ externas permanecem. Seria de fato interessante
tas produzidas pela resposta e suas representações estudar a diminuição progressiva das respostas de
cognitivas. Esse resultado é presumivelmente ob­ autocontrole à medida que progressivamente mais
tido na base do condicionamento clássico da ansie­ pistas comuns à situação de punição são removidas.
dade a estímulos proprioceptivos inerentes à ação Resultados de diversos experimentos baseados
como tal e, através do gradiente temporal do refor- nesse procedimento (Aronfreed, 1968; Aronfreed
çajnento, a seus precursores comportamentais e e Reber, 1965; Benton, 1967; Walters, Parke e
cognitivos. Assim sendo, estímulos que acompa­ Cane, 1965) mostram que crianças punidas nos
nham movimentos preparatórios, ou mesmo inten­ estágios iniciais da seqüência de resposta divergem
ções, ativam a ansiedade, a qual, por sua vez, evita a menos freqüentemente do que as crianças punidas
resposta. A supressão do comportamento é auto- somente após a cotnpletação da transgressão. Além
reforçadora pela redução resultante da ansiedade. disso, quanto mais tempo as crianças permanece­
Conseqüentemente, de acordo com essa concepção, rem engajadas no comportamento divergente mais
o comportamento se torna internalizado ou auto- fraca será a supressão com portam ental subse­
CONTROLE AVERSIVO 179

qüente. Esses achados foram interpretados como resultados negativos foram atribuídos à separação
fornecendo forte evidência de ser o com porta­ insuficiente dos componentes dos estímulos resul­
mento regulado por conseqüências afetivas condi­ tantes nas diferentes condições de punição; con­
cionadas aos resultantes estímulos intrínsecos corre* tudo, uma interpretação alternativa pode ser apre­
latos de um ato punido. Resultados de experimen­ sentada em termos de redução do efeito perturba­
tos com animais, que pesquisaram os efeitos do dor da recompensa que ocorre na condição da pu­
atraso da punição sobre a resistência à tentação (So- nição retardada.
lomon, T urner e Lessac, 1968), são também fre­ Parece também altamente provável que uma pes­
qüentemente citados como corroborando a media­ soa ao censurar uma criança antes mesmo de ser
ção intrínseca da supressão comportamental. um ato divergente desempenhado venha a ser con­
Os achados produzidos pelos experimentos sobre siderada como muito mais proibitiva e punitiva do
apresentação temporal da punição não podem ser que uma outra que não mostra desaprovação até

PS
convenientemente interpretados com respeito à hi­ que a criança já se tenha engajado no comporta­
pótese da retroalimentação afetiva porque, entre ou­ mento transgressivo por algum tempo. De fato,
tros problemas metodológicos, as manipulações do nesse último caso, o punidor deve aparecer como
tempo envolvem uma confusão de variáveis. Na uma pessoa muito mais branda ou, pelo menos,
condição da punição prematura, o comportamento como inconsistente. As crianças punidas nos pri­

U
transgressivo produz somente punição, enquanto meiros estágios podem, portanto, tornar-se relutan­
que na condição da punição retardada o compor­ tes em desempenhar o comportamento proibido

O
tamento recebe recompensa imediata e punição não em decorrência da ligação de estados afetivos a
subseqüente. O efeito supressivo da recompensa pistas incipientes produzidas pela resposta, mas sim
imediata seguida pouco tempo depois por punição devido aos intensos medos antecipados evocados

R
é muito mais fraco do que o da punição isolada. No cognitivamente pelo severo disciplinador.
estudo realizado por Solomon, por exemplo, ca­ Além dos problemas metodológicos considerados
chorros novos privados de alimento, que foram fi­
sicamente punidos pelo experimentador assim que
tocavam em alimento proibido, exibiam maior re­
sistência à divergência do que cachorros novos pu­
G
adma, o tipo de tarefa de discriminação udlizado
na maior parte dos experimentos sobre a ocasião da
punição não é <J mais conveniente para a determi­
nação do grau em que a supressão da resposta é
KS
nidos pouco tempo após terem começado a consu­ mediada por suas pistas proprioceptivas. Deve-se
mir a saborosa carne de cavalo. A diferença na ini­ isso ao fato de envolver a seleção, tanto de objetos
bição da resposta, que tem sido freqüentemente atradvos quanto não-atrativos, respostas de alcance
atribuída por outros autores à ligação da ansiedade virtualm ente idênticas e, portanto, ativação do
O

em diferentes pontos na seqüência das pistas pro­ mesmo padrão de estimulação interoceptiva. Con­
duzidas pela resposta, simplesmente demonstra que seqüentemente, até onde a ansiedade estíver condi­
uma resposta é mais efetivamente jnibida ppr puni* cionada a pistas inerentes à própria resposta, o ato
BO

ção somente do que por uma recompensa inicial de tentar alcançar o objeto não-atrativo deveria ser
seguida por punição. Confundir os efeitos da re­ igualmente suprimido. A demonstração do controle
compensa e da punição, conforme observa Solo­ do comportamento por estímulos proprioceptivos
mon, é vantajoso para a compreensão das práticas exigiria que os sujeitos desempenhassem respostas
naturais de socialização, mas os dados têm valor li­ diferentes, cada uma delas produzindo diferentes
mitado para a elucidação dos processos intrínsecos padrões de estimulação interna que ficariam asso­
EX

de condicionamento. ciados a conseqüêndas diferentes. Além disso, a


É do mesmo modo difícil descobrir se diferenças fim de se avaliar que contribuições fornece o
semelhantes, obtidas nas pesquisas citadas ante­ afeto proprioceptivamente ativado à supressão da
riorm ente, derivam do conseqüente condiciona­ resposta, seria necessário medir os efeitos indepen­
D

mento aversivo das pistas produzidas pela resposta dentes das discriminações cognitivas e das conse­
ou do fato de que, nas condições de punição retar­ qüências afetivas simbolicamente geradas. Por ana­
dada, as crianças são recompensadas por lhes ser logia com os experimentos sobre a ocasião da puni­
IN

permitido brincar brevemente com um brinquedo ção, uma pessoa que tentasse alcançar uma cobra
altamente atrativo antes da administração da re­ repulsiva ou uma deliciosa sobremesa estaria, com
primenda. Como seria de supor, levando em conta toda a probabilidade, experimentando estados emo­
os efeitos de promoção da resposta do reforça- cionais aversivos e prazeirosos, respectivamente.
mento positivo, quanto mais tempo ficam as crian­ Entretanto, como as respostas desempenhadas para
ças engajadas no comportamento transgressivo re­ tentar alcançar ambos os objetos produzem padrões
compensador tanto mais fraca é a punição subse­ de estimulação interoceptiva essencialmente idênti­
qüente. Por outro lado, quando as crianças são pu­ cos, os estados afetivos resultantes devem ser me­
nidas quase imediatamente após cometer o ato proi­ diados centralmente e não perifericamente.
bido (Parke e Walters, 1967; Walters e Demkow, Pelas razões apresentadas acima, é duvidoso que
1963), as diferenças na supressão da resposta entre os paradigmas da ocasião do reforçamento possam
sujeitos punidos mais cedo e mais tarde tornam-se fornecer evidência decisiva a respeito das teorias da
extremamente pequenas e, na sua maior parte, es­ retroalimentação sensória! da internalização. Entre­
tatisticamente desprovidas de significância. Esses tanto, os experimentos de condicionamento com
180 CONTROLE AVERSIVO

curare — em que animais são esqueleticamente crian ças eram v e rb alm en te c e n su ra d a s p o r


imobilizados durante o condicionamento aversivo aproximar-se ou manipular brinquedos proibidos
ou a extinção — realizados por Solomon e seus as­ numa tarefa de discriminação de dupla escolha,
sociados (Black, 1958; Black, Carlson e Solomon, seus companheiros em parelhados simplesmente
1962; Solomon e T urner, 1962), esclarecem consi­ observavam os desempenhos punidos. Num teste
deravelmente a questão da mediação central ou pe­ subseqüente de transgressão, os observadores mos­
riférica das tendências de respostas inibitórias. Os traram a mesma quantidade de inibição da resposta
achados dem onstram que respostas emocionais em comparação com as crianças cujo comporta­
condicionadas podem ser prontamente adquiridas mento motor foi repetidamente punido.
e extintas independentemente da resposta esquelé­ Na teoria da internalização de Aronfreed (1968),
tica e de sua retroalimentação proprioceptiva corre­ os estados afetivos tomaram-se assodados não so­
lata. A partir dos resultados gerais da série de ex­ mente às pistas proprioceptivas, mas também atra­
perimentos com curare, parece que, quando res­

PS
vés da generalização para trás, às intenções e repre­
postas de aproximação a certos objetos estimulado­ sentações cognitivas do ato punido. Nenhuma pes­
res discrimináveis são submetidas à punição, os es­ quisa empírica foi até agora realizada em que so­
tímulos externos também adquirem a capacidade mente as intenções verbalizadas fossem punidas.
de eliciar respostas emocionais condicionadas que Entretanto, existe alguma evidência, que será exa­

U
podem, por sua vez, controlar respostas instrumen­ minada no Cap. 8, demonstrando que a punição da
tais de modo completamente independente de me­ representação por imagens de atividades sexuais

O
canismos de retroalimentação correlacionados com divergentes fica associada com uma redução no
a resposta. com portamento correspondente. Aronfreed d e­
O papel dos processos centrais na inibição com- monstrou que, quando da punição, crianças são in­

R
portamental poderia ser estabelecido por meio dos formadas de que a seleção de brinquedos atrativos
procedimentos tradicionais, com a inclusão de con­ proibidos é desaprovada porque seu funciona­
dições de treinamento em que os sujeitos simples­
mente verbalizassem suas escolhas e fossem puni­
dos sempre que escolhessem os itens desaprovados
sem realizar nenhuma resposta de tentar alcançá-
G
mento é difícil de ser descrito e são em conseqüên­
cia mais apropriados para crianças mais velhas, os
sujeitos mostram-se mais tarde menos inclinados a
violar a proibição. É difícil avaliar sem estudos adi-
KS
los. Se crianças nessas condições exibissem um grau donais se tais instruções facilitam o comportamento
de supressão igual ao de sujeitos cujas respostas submisso porque “criam uma estrutura cognitiva”
motoras de escolha tivessem sido punidas, então os ou p o r o u tras razões. É possível su p o r, por
achados indicariam que a retroalimentação pro­ exemplo, que punições arbitrariamente adminis­
O

prioceptiva não participa do processo regulatório. tradas venham a gerar mais ressentimento e com­
Essa questão também pode ser facilmente pesqui­ portamento de oposição do que quando a base da
sada por meio da comparação dos efeitos inibitórios sanção negativa é consideravelm ente explicada
BO

da punição, quando administrada à parte do corpo (Pastore, 1952). Sob condições em que a base para a
que responde e quando administrada à parte que punição é prindpalm ente transmitida pelos atribu­
não responde. Num experim ento relatado por tos físicos dos objetos proibidos, o papel das fun­
Kaufman (1964), adultos participaram de uma ções cognitivas fica consideravelmente reduzido.
série de sessões que consistiam de períodos alter­ Por outro lado, quando os fatores que determinam
nados de respostas punidas e não-punidas. Na me­ quando dados desempenhos incorrerão em puni­
EX

tade dos períodos de punição, o choque foi admi­ ção são complexos e difirilmente identificáveis, a
nistrado na mão que executava a resposta, en ­ informação das regras que regulam as contingên­
quanto que, na outra metade, a mão que não res­ cias de punição deveria facilitar a auto-regulação da
pondia recebeu o choque. Com intensidades baixas responsividade.
D

e altas, variações no local da punição não tiveram Ao se avaliar o papel dos processos cognitivos no
efeitos diferentes; mas, com intensidades modera­ controle comportamental, é essencial distinguir
das, o choque aplicado à mão que respondia pro­ entre os efeitos da representação cognitiva das
IN

duziu supressão ligeiramente maior. Alguma evi­ próprias respostas e as conseqüências antecipadas
dência adicional de que a inibição da resposta cons­ simbolicamente geradas. Em teorias que se supõem
titui principalmente um fenômeno cognitivamente serem as propriedades de ativação da emoção dire­
controlado aparece no £ato de que, sob punição se­ tamente condidonadas às respostas, a inidação de
vera, os sujeitos suprimiam completamente a res­ comportamento de valência negativa ou seus equi­
posta, mas as mesmas respostas eram desempenha­ valentes cognitivos aparece como podendo evocar
das em freqüênda alta e estável durante períodos automaticamente efeitos negativos que põem em
de não-administração de choques na mesma sessão. ação a inibição da resposta. Uma conceituação al­
Outro meio efetivo de avaliar se as pistas produ­ ternativa dos mecanismos de controle consideraria
zidas pela resposta assumem funções controladoras, que os desempenhos são internamente regulados
através do condicionamento afetivo, consistiria na não por emoções diretamente ligadas ao compor­
indusão de observadores participantes nos para­ tamento, mas sim por conseqüêndas aversivas ante­
digmas de punição. Esse procedimento foi, de fato, cipadas. Em face de resultados esperados diferen­
utilizado por Benton (1967). Enquanto grupos de tes, o mesmo comportamento pode ser inibido ou
CONTROLE AVERSIVO 181

livremente expresso, o que não poderia ocorrer se punição branda ou severa por tocarem um brin­
a ativação emocional fosse diretam ente evocada quedo atrativo mas proibido. Metade dos sujeitos
pela resposta. em cada tratam ento passou por um breve pe­
Diversos estudos que foram realizados dentro do ríodo livre de vigilância, durante o qual podiam
quadro de referência da teoria da dissonância cog­ eles transgredir sem risco de punição, enquanto
nitiva também levantam uma questão que é rele­ que o experimentador que introduzia a proibição
vante para o controle aversivo. Supõe-se nessa for­ permanecia no aposento com o outro grupo de
mulação que, se uma pessoa receber justificação in­ crianças. Virtualmente, nenhuma das crianças em
suficiente para seu comportamento, as cognições nenhum dos grupos violou a proibição. Imediata­
inconsistentes resultantes gerarão um estado aver­ mente após a sessão, reavaliaram elas sua preferên­
sivo que poderá ser reduzido, entre outros meios, cia pelos diversos brinquedos e, aproximadamente
pela desvalorização da atividade. Quando um indi­ um mês mais tarde, tiveram a oportunidade de

PS
víduo evita desem penhar um com portam ento brincar com o brinquedo proibido sob condições
transgressivo devido à ameaça severa, supõe-se que permissivas. O com portam ento transgressivo
tenha uma desculpa adequada para seu comporta­ mostrou-se baixo entre as crianças que receberam a
mento submisso e, portanto, continue a valorizar al­ ameaça branda e que se abstiveram de divergir na
tamente a atividade proibida. Em contrapartida, se ausência de vigilância social. As crianças que foram

U
exibir ele inibição da resposta em seguida a uma ameaçadas com punição severa e não transgredi­
ameaça branda, poderá vir a convencer-se de que ram na ausência do experimentador mostraram-se

O
os objetos desejados não tinham grande valor, a fim mais inclinadas a manipular o brinquedo anterior­
de eliminar a dissonância perturbadora criada. mente proibido e não diferiram, quanto a isso, dos
sujeitos na condição combinando ameaça branda e

R
Aronson e Carlsmith (1963) testaram a noção
acima, fazendo com que crianças avaliassem, após vigilância social. É um pouco difícil explicar esses
três tipos de intervenção, um brinquedo que ha­ resultados em termos de dissonância cognitiva, uma
viam inicialmente classificado em segundo lugar.
Na fase envolvendo ameaça branda, o experimen­
tador informou às crianças que ficaria aborrecido
G
vez que, ao contrário do que se esperava e dos
achados de Aronson e Carlsmith, o brinquedo
proibido não foi mais desvalorizado sob sanções
brandas do que sob ameaça de punição severa, ü
KS
se brincassem com o brinquedo proibido; na condi­
ção de ameaça forte, as crianças foram informadas autor interpreta os achados discrepantes como in­
de que, se utilizassem o brinquedo, o experimenta­ dicando que os sujeitos não selecionaram a desvalo­
dor ficaria muito zangado e retiraria todos os ou­ rização do objeto proibido como o meio principal
tros brinquedos; e, na condição de controle, o ex­ de reduzir a dissonância nesse experimento parti­
O

perimentador simplesmente removeu o brinquedo cular. Essa explicação pode ter alguma validade,
crucial para determinar se seu valor podia ser au­ mas levanta questões quanto à possibilidade de ser
a hipótese da dissonância cognitiva refutada empi­
BO

mentado simplesmente por se chamar a atenção


sobre ele. Ambas as ameaças produziram submissão ricamente.
comportarnental completa em todas as crianças, su­ Resultados do estudo precedente diferem de um
gerindo que a presença de outros brinquedos atra­ amplo corpo de evidência baseada em experimen­
tivos, incluindo o item de maior preferência não- tos com animais (Azrin e Holz, 1966; Church,
proibido, havia enfraquecido enormemente a insti­ 1963), crianças (Parke e Walters, 1967) e adultos
EX

gação à transgressão. Com respeito à linha de pre­ (Powell e Azrin, 1968; Rotenberg, 1959), demons­
ferência pelo brinquedo, em seguida à ameaça trando que o grau de redução da resposta constitui
branda, 36 por cento das crianças reduziram sua uma função crescente da intensidade da punição.
preferência pelo brinquedo proibido, enquanto Punição branda geralmente produz pequena mu­
nenhuma das crianças reduziu sua apreciação do dança em desempenhos positivamente reforçados;
D

objeto proibido em seguida à ameaça severa ou re­ em níveis intermediários, conseqüências aversivas
moção física dos itens. Embora ameaças variando têm efeitos parcialmente supressivos, enquanto que
IN

em severidade tenham afetado a avaliação da pre­ punição intensa tipicamente resulta em reduções
ferência, resta demonstrar se é possível produzir estáveis no comportamento.
avaliação negativa de atividades desejadas somente A evidência conflitante pode ser interpretada de
por meio de ameaças, independentemente de sua diversos modos. Nos experimentos acima, conse­
severidade. qüências punitivas foram realmente administradas
A punição é habitualmente aplicada com a inten­ de modo contingente à ocorrência do comporta­
ção de criar controles comportamentais que possam mento transgressivo, enquanto que os estudos
perdurar em situações apropriadas, mesmo quando sobre dissonância envolveram uma única ameaça
os agentes punitivos não estejam mais presentes. verbal de punição. Uma segunda e ainda mais crí­
Mudanças na preferência somente têm portanto tica diferença diz respeito ao tipo de comporta­
significação limitada, a não ser que fique também mento que está sendo controlado. Na abordagem
dem onstrado que tais mudanças influenciam o do paradigma da dissonância, as respostas são ini­
com portam ento au to controlador subseqüente. bidas com relação a uma entre diversas alternativas
Num experimento bem planejado por Freedman positivas possíveis. Sob essas condições vantajosas, a
(1965), grupos de crianças foram ameaçadas com instigação à transgressão é aparentemente tão fraca
182 CONTROLE AVERSIVO

que um'a branda ameaça verbal é suficiente para postas que são negativamente sancionadas. Puni­
produzir obediência em todos os sujeitos» indepen­ ções -severas, particularmente se aplicadas durante
dentemente de eslar o agente da proibição presente período longo, podem resultar em ampla generali­
ou não. Dada uma tendência de resposta de qual­ zação dos efeitos supressivos a padrões de compor­
quer força, o comportamento transgressivo é ordi­ tam en to socialm ente desejáveis. Assim, p o r
nariamente desempenhado mais freqüentemente exemplo, punição severa repetida da agressão pode
em situações livre de vigilância social do que não somente vir a elihiinar esse comportamento in­
quando o agente desaprovador está fisicamente conveniente, mas também sufocar a assertividade.
presente (Hicks, 1968). Por contraste, em estudos A amplitude da inibição generalizada que tem ori­
sobre o controle aversivo, os pesquisadores selecio­ gem na punição contingente varia inversamente
nam respostas altamente resistentes à mudança ou com o grau de semelhança das novas situações com
o comportamento a ser eliminado tem sua força as do treinamento aversivo original (Desiderato,

PS
aumentada e é contemporaneamente mantido num 1964; Hoffman e Fleshler, 1961; Honig e Slivka,
favorável esquema de reforçam ento positivo. É 1964). Amplos segmentos do comportamento têm,
precisamente sob esse tipo de circunstâncias que a portanto, a probabilidade de serem negativamente
punição é empregada na vida quotidiana. Nas apli­ afetados, sob condições em que as contingências de

U
cações de procedimentos aversivos, utiliza-se um punição são ambíguas ou quando as sanções nega­
mínimo de sanções negativas necessárias à obtenção tivas são aplicadas a uma área ampla de respostas
de um controle comportamental adequado. Depois sociais em situações diversas.

O
disso, o controle é geralmente mantido por conse­ Embora a princípio a inibição condicionada apre­
qüências negativas ocasionais sob formas mais fra­ sente ampla transferência, se a punição for descon­

R
cas e amplamente simbólicas. tinuada o gradiente da generalização se reduz gra­
dualmente até que finalmente o sujeito só suprime
PROBLEMAS POTENCIAIS QUE SURGEM DO a resposta no contexto de estímulos em que o com­
CONTROLE AVERSIVO
Devido aos complexos e variados efeitos da puni­
ção, o controle aversivo, particularmente quando
G
portamento foi punido. Contudo, estudo realizado
por Hoffman, Fleshler e Jensen (1963) sugere que
alguns pós-efeitos podem persistir. Quando ani­
KS
mediado socialmente, deve ser em pregado com mais são submetidos a stress emocional sem relação
cuidado e habilidade nos programas de mudança definida com o episódio anterior três anos após ter
comportamental. Muitas das conseqüências inde­ sido a supressão comportamental quase completa­
sejáveis que podem acompanhar a punição podem mente extinta, os animais ainda exibem inibição
ser até certo ponto evitadas. Alguns desses produ­ considerável na presença dos antigos estímulos
O

tos secundários comuns e os meios de minimizá-los aversivos. Essas pistas não somente readquiriram,
são discutidos em seguida. sob ativação emocional geral, parte de sua capaci­
BO

Generalização da Inibição Condicionada. A punição dade anterior de suprimir o comportamento, mas


é mais freqüentemente empregada para reduzir a os estímulos condicionados originais conservaram
incidência de padrões de comportamento repetiti­ sua potência aum entada durante algum tempo
vos. Os efeitos das conseqüências aversivas, entre­ após a terminação da condição estressante. Eviden­
tanto, não estão especificamente confinados às res- temente, punições administradas num determinado
período podem sensitizar o organismo para os an­
EX

tigos estímulos aversivos, de modo que seu poder


supressivo venha a ser facilmente restabelecido,
pelo menos temporariamente, por experiências es-
tressantes originadas de outras fontes.
D

A generalização inapropriada ou excessiva da


inibição e da sensitização pode ser facilmente evi­
tada pelo uso de procedimentos de discriminação,
IN

conforme demonstrado por Hoffman e Fleshler


(1964). Durante o desenvolvimento da supressão
condicionada, os animais foram punidos por res­
ponder na presença de um tom de 1.000 ciclos por
segundo (cps), mas a resposta ao tom adjacente de
900 cps não foi nunca acompanhada por choque.
Testes subseqüentes da generalização revelaram
que, embora os tons de 1.000 cps ou mais tivessem
fortes efeitos supressivos, o treino de discriminação
produziu pequena inibição comportamental para
Figura 5-1. Generalização da supressão da resposta exi­
bida por sujeitos após treino de discriminação durante o
estímulos na parte inferior do gradiente (Fig. 5-1).
qual um tom de 1.000 cps foi pareado com choque, mas Além disso, quando os animais eram colocados sob
um de 900 cps não o foi. Uma razão de 1,0 indica supres­ condições de stress emocional após terem sido as
são completa. Traçado com base em dados de Hoffman e inibições amplamente extintas, a supressão da res­
Fleshler, 1964. posta foi amplamente acentuada na presença do
CONTROLE AVERSIVO 183

tom de 1.000 cps e superiores, mas a freqüência da


resposta a estímulos auditivos de 900 cps ou inferio­
res não foi afetada. Como aparece graficamente na
Fig. 5-2, os procedimentos de discriminação redu­
ziram drasticamente os efeitos inibitórios e evita­
ram que certos estímulos generalizados adquirissem
e mantivessem poder de supressão latente que pu­
desse subseqüentemente ser restabelecido por ex­
periências estressantes sem relação definida com o
episódio anterior.
Os achados acima indicam, portanto, que um
agente de mudança que desejar restringir a ampli­

PS
tude e direção da supressão comportamental não
deverá simplesmente aplicar sanções negativas a
padrões de resposta indesejáveis, mas também or­
Figura 5-2. Efeitos do stress emocional sobre a generali­
ganizar conseqüências diferentes para formas de zação da supressão da resposta produzida por treino de
comportamento correlatas em diferentes contextos discriminação anterior. Uma razão de 1,0 representa su­

U
sociais. Por exemplo, o comportamento de agressão pressão completa. Hoffman e Fleshler, 1964.
física deve ser punido, mas a assertividade conve­

O
niente recompensada. Além do reforçamento sele­
tivo, a discriminação é grandemente facilitada pelo são mais facilmente encontrados quando existe des-
uso de apoios verbais. Por meio de rotulação dara continuidade marcante nas exigências culturais,

R
do comportamento que é permitido e dos que são como acontece no caso do comportamento dexual.
punidos, pela especificação das ocasiões e lugares Assim, uma criança que foi severamente punida
em que certos cursos de ação se mostram apropria­
dos ou inconvenientes, pode ser assegurada maior
especifiddade para os efeitos da punição.
Condicionamento Emocional. O utro acompanha­
G
por todas as suas expressões de curiosidade sexual
poderá vir a tornar-se ansiosa a respeito de sexo e
perm anecer sexualm ente inibida em suá vida
adulta, quando esse comportamento já será sodal-
KS
mento possível do controle aversivo, que já foi dis­ mente aprovado e esperado dela. Quando existe
cutido amplamente em seções anteriores, é consti­ descontinuidade marcante em termos temporais ou
tuído pela capacidade da punição de dotar estímu­ situacionais, o uso de procedimentos de treina­
los anteriormente neutros de propriedades evoca- mento social que resultam em comportamento rí­
O

doras de emoção. Qualquer comportamento que gido e inflexível é contra-indicado.


sirva para esquivar, remover ou pospor estímulos Torna-se aparente, a partir dos resultados de um
ameaçadores reduz a perturbação emocional e é experimento de Whiting e Mowrer (1943), que,
BO

portanto automaticamente reforçado, mesmo se as dependendo da maneira em que é utilizada, a pu­


contingências da punição já não estiverem mais nição pode ser mais eficiente em inibir o compor­
em ação. Esses elidadores de medo, estabeleddos de tamento a expensas da adaptabilidade futura a cir­
modo inadvertido, dão freqüentem ente lugar a cunstâncias diferentes. Utilizando um paradigma
padrões de comportamento de esquiva capazes de da socialização, Whiting e Mowrer utilizaram três
criar suas próprias condições de manutenção. As métodos para treinar animais a selecionar um ca­
EX

respostas de esquiva resultantes podem ser mais so­ minho trabalhoso e tortuoso para obtenção de re­
cialmente indesejáveis do que o comportamento compensa alimentar em vez de um outro caminho,
que a punição pretendia originalmente reduzir e, direto e consideravelmente mais fádl. Sempre que
uma vez estabelecidas, podem ser consideravel­ a via mais fácil era escolhida durante o treina­
D

mente mais difíceis de eliminar. mento, um grupo de animais encontrava uma bar­
Como veremos mais tarde, nem todas as formas reira física, o segundo grupo não recebia recom­
IN

de punição criam ativação emocional condidonada. pensa, enquanto que o terceiro era punido com
É mais provável que a aprendizagem do medo choque elétrico. Os animais punidos abandonaram
acompanhe procedimentos baseados na apresenta­ a passagem curta mais rapidamente; contudo, tam­
ção social de estímulos dolorosos. Sanções negativas bém persistiram mais tempo na via tortuosa após
envolvendo principalmente a remoção de reforça­ terem sido removidas as sanções negativas origi­
dores positivos não têm geralmente efeitos de ati­ nais. Para que o leitor não conclua que a rigidez
vação do medo. Por meio de escolha cuidadosa dos comportamental constitui um concomitante ine­
procedimentos de punição, é possível evitar ou mi­ vitável do controle aversivo, é necessário enfatizar
nimizar a ocorrência de condicionamento emocio­ que a punição combinada com treino de discrimi­
nal indesejável. nação teria resultado em responsividade apropria­
Inflexibilidade Comportamental. Em muitos casos, os damente flexível. Se, por exemplo, atalhos curtos
agentes de mudança têm que enfrentar a tarefa de levarem a choque na presença de uma luz vermelha
desencorajar padrões de comportamento que serão mas resultarem em recompensa sempre que a luz
não somente permitidos, mas também esperados estiver ausente, os animais adquirirão, sem dúvida
em períodos posteriores da vida. Tais problemas alguma, inibições discriminadas e reverterão rapi-
184 CONTROLE AVERSIVO

damente ao caminho fácil, após a descontinuação mente, a retirada de situações parcialmente aversi­
da contingência de socialização ser sinalizada por vas é suficientemente reforçadora para contraba­
remoção permanente das pistas ambientais signifi­ lançar os efeitos de condições de reforçamento re­
cando punição. lativamente desfavoráveis à que leva o comporta­
A natureza transitória da supressão comporta- mento de fuga. Punições de intensidades relativa­
mental induzida por meio da punição, freqüente­ mente baixas, embora ineficazes na supressão do
mente notada em estudos de laboratório, não é de com portam ento, levarão entretanto o sujeito a
surpreender, tendo em vista os curtos períodos du­ fugir da situação (Azrin et al., 1965). Ilustra esse
rante os quais a punição é tipicamente aplicada. En­ fato as limitações dos controles aversivos quando
tretanto, existe evidência limitada mas consistente aplicados na ausência de restrições ou atrações que
(Solomon, 1964) de que, sob certas condições, impeçam a retirada.
mesmo a punição excepcionalmente breve pode re­ Até onde sanções negativas promovem o medo e

PS
sultar em distúrbios profundos do sistema nervoso a esquiva ativa com relação aos agentes de mu­
autônomo e inibições duradouras. Poucos choques dança, suas oportunidades de influenciar o com­
administrados num animal durante uma resposta portamento de outros ficam reduzidas. Trata-se no
consumatória podem produzir inibições alimenta­ caso de um empecilho sério, quando se lida com
res extremamente poderosas (Lichtenstein, 1950), extensas mudanças em atitudes e comportamento

U
levando freqüentemente a um estado de inanição social que são mais efetivamente promovidas por
em meio a abundância de suprimento de alimentos meio da modelação. Com contato social restrito,

O
(Appel, 1961; Masserman, 1943). Os fatores res­ haverá pequena aprendizagem de identificação.
ponsáveis por essa aprendizagem de inibição ex­ Não se deve supor, a partir dessas observações, que
tremamente rápida e duradoura ainda não foram a punição invariavelmente reduz a modelação es­

R
identificados, mas a ocasião da punição parece ser pontânea. Risley (1968) mostrou que, no caso de
uma variável influente. Não é possível, a partir dos crianças tão envolvidas em comportamento bizarro
dados limitados disponíveis, determinar se o poder
supressivo extraordinário da punição bem plane­
jada esteja principalmente confinado a respostas
consumatórias em espécies sub-humanas. É preciso
G
auto-injurioso que permanecem indiferentes à es­
timulação social, a eliminação do comportamento
inconveniente por meio da punição aumenta sua
atenção e responsividade a pistas modeladoras.
KS
exercer extrema cautela na utilização de procedi­
mentos aversivos, se se desejar replicá-los com As tendências à fuga podem, é claro, ser até certo
comportamento instrumental desempenhado por ponto contrabalançadas,aumentando-se o valor de
seres humanos. recompensa dos ambientes em que as punições são
periodicamente administradas e promovendo-se a
O

Esquiva de Agentes e Situações Punitivas. Com pou­


cas exceções, nas pesquisas de laboratório dos efei­ valência positiva dos agentes de mudança. Um alto
tos da punição, os animais são confinados à apare­ nível de reforçamento positivo pode criar barreiras
BO

lhagem usada ou sua liberdade de movimentos é de psicológicas tão poderosas contra a retirada que as
alguma forma fisicamente limitada, de modo a não pessoas permanecerão em situações que também
ser possível escapar da situação experimental. Nem têm aspectos punitivos. É preciso também notar
têm os sujeitos a liberdade de escolher se voltarão a que a punição baseada sobre a remoção de reforça­
situações em que seu comportamento é punido ou dores positivos, embora temporariamente frustra-
de interromper sua estada todas as vezes que se dora, tende contudo a manter e até mesmo a au­
EX

sentirem descontentes com o tratamento inóspito mentar as tendências de aproximação com respeito
infligido por seus anfitriões. Em situação natural, a agentes de mudança.
entretanto, as pessoas podem geralmente evitar ou Modelação Negativa. Nas aplicações sociais do con­
restringir, até certo ponto, o contato com os agen­ trole aversivo, é preciso também considerar a fun­
D

tes punitivos e as situações sociais em que sanções ção modeladora do comportamento punitivo. Em
negativas são freqüentem ente aplicadas (Azrin, inúmeros casos, as pistas modeladoras fornecidas
IN

1958; Powell e Azrin, 1968). Por essa razão, mesmo pelas ações disciplinares são inconsistentes com re­
se a punição mostrar ser altamente efetiva no con­ lação aos efeitos do treinamento direto e portanto
trole do com portamento, poderá revelar-se de se contrapõem a eles. Se, por exemplo, um pai
valor limitado sob circunstâncias nas quais os even­ punir seu filho fisicamente por ter batido num
tos desagradáveis possam ser facilmente esquiva­ companheiro, o que pretende ele com a punição é
dos. que a criança deixe de agredir seus companheiros.
Os poucos estudos permitindo fuga de situações Concomitantemente com tal intenção, contudo, o
que contêm alguma característica negativa revelam pai está desavisadamente fornecendo exemplos ví­
que os sujeitos repetitivamente recuam para situa­ vidos do próprio comportamento que pretende re­
ções não punitivas, mesmo se os locais de refúgio duzir na criançá. Por medo da retaliação, a criança
forem menos recompensadores (Azrin, Halse, Holz pode não contra-agredir na presença do pai, mas
e Hutchinson, 1965) exigirem maior dispêndio de pode não obstante isso vir a modelar seu compor­
esforços para uma dada recompensa (Dardano e tamento pelo comportamento do pai, quando tiver
Sauerbrunn, 1964) ou não oferecerem nenhum re­ ela própria que lidar com o comportamento de ou­
forço positivo (Hearst e Sidman, 1961). Aparente­ tros ou lentar controlá-lo.
CONTROLE AVERSIVO 185

De modo consistente com a teoria da modelação, 1959, 1960; Holz, Azrin e Ulrich, 1963). Pais que
Hoffman (1960) descobriu em mães que, ao força­ utilizam freqüentemente controles aversivos pode­
rem a obediência a suas exigências através de técni­ riam sem dúvida apresentar testemunhos corrobo-
cas assertivas de poder, tinham Filhos que exibiam rativos de que, após um certo tempo, a punição
assertividade de poder agressiva ao controlar o deixa de exercer muito efeito sobre o comporta­
comportamento de seus companheiros. Embora a mento de seus filhos.
direção da relação causal não possa ser estabelecida Punição severa produz redução notável de com­
de modo inequívoco a partir desses dados, resulta­ portamentos reforçados de .modo intermitente com
dos baseados em estudos de laboratório (Bandurâ, pouca ou nenhuma recuperação, enquanto as res­
1965) dem onstram claram ente que padrões de postas continuarem a incorrer em conseqüências
comportamento agressivo podem ser prontamente aversivas. Altas intensidades de punição são entre­
transmitidos através da modelação adulta. Num ex­ tanto necessárias para manter a supressão compor-

PS
perimento já citado, Mischel e Liebert (1966) des­ tamental, se a punição for administrada somente de
cobriram que sanções negativas impostas a crianças modo intermitente, não existirem alternativas re­
eram menos efetivas quando o comportamento do compensadas, o comportamento estiver fortemente
agente modelador era inconsistente do que quando estabelecido e for simultaneamente apoiado por

U
os padrões impostos e modelados eram congruen­ condições de reforçamento altamente favoráveis
tes. Indicam esses achados que qualquer pessoa, (Azrin e Holz, 1966; Boe, 1964).
que esteja tentando controlar respostas inconve­

O
nientes específicas, deverá evitar modelar formas PUNIÇÃO E DISPONIBILIDADE DE MODOS
punitivas de comportamento que possam não só ALTERNATIVOS DE RESPOSTA
contra-atacar os efeitos do treinamento direto, mas

R
Conseqüências punitivas severas deverão ser
também aumentar a probabilidade de que, em oca­
aplicadas durante um longo período de tempo para
siões futuras, o indivíduo possa responder a pro­
blemas interpessoais de modo imitativo.

EFEITOS DA PUNIÇÃO SOBRE O


G
reduzir efetivamente o comportamento em pessoas
que, devido a seus repertórios comportamentais
restritos, possuam poucos meios alternativos de ob­
tenção de reforços positivos. Os efeitos da disponi­
KS
COMPORTAMENTO SIMULTANEAMENTE bilidade da resposta sobre o poder supressivo da
REFORÇADO
punição aparecem claramente ilustrados num ex­
Recorre-se freqüentemente à punição como mé­ perim ento de laboratório realizado por Mowrer
todo de controle social quando o reforço positivo, (1940), em que animais foram ensinados a se ajus­
O

que’ mantém o comportamento inconveniente, não tarem de dois modos a uma situação aversiva. Um
pode ser identificado ou quando, apesar de conhe­ grupo aprendeu primeiramente a sentar sobre as
cido, não pode ser prontamente modificado. E con­ patas traseiras, a fim de reduzir a intensidade de
BO

sideravelmente mais fácil, embora menos efetivo, um choque. Após ter sido essa resposta aprendida,
por exemplo, punir o comportamento anti-social de as condições foram alteradas de modo que os sujei­
delinqüentes do que rem over as contingências tos podiam desligar o choque completamente acio­
subculturais que moldam e controlam essas ações. nando um pedal. Uma vez que essa última resposta
Na maior parte das pesquisas examinadas aqui, a competitiva era consideravelmente mais efetiva,
punição foi aplicada a determinadas respostas após tomou-se ela em pouco tempo fortemente estabele­
EX

terem sido removidas as recompensas que as man­ cida. Um segundo grupo de sujeitos aprendeu so­
tinham, a fim de se determinar se a adição de con­ mente a resposta de premer o pedal. Quando a
seqüências aversivas acelerava o processo de extin­ resposta de premer o pedal foi subseqüentemente
ção. As pesquisas sobre os efeitos da punição sobre punida em ambos os grupos, os animais que tinham
D

comportamentos que são simultaneamente manti­ aprendido uma só resposta continuaram a desem­
dos por reforçamento positivo se revestem, con­ penhar o comportamento punido durante toda a
tudo, de importância consideravelmente maior, duração do experimento, enquanto todos os ani­
IN

uma vez que os padrões de respostas que as pessoas mais menos um que tinham à disposição dois
tentam freqüentemente modificar têm como con­ modos diferentes de ajustamento reverteram rapi­
seqüência alguns resultados recompensadores para damente ao primeiro padrão de comportamento.
os sujeitos que as desempenham. A evidência dis­ Azrin e seus associados (Herman e Azrin, 1964;
ponível indica geralmente que a punição não tem Holz, Azrin e Ayllon, 1963) dem onstraram , de
efeitos de redução duradouros sobre o comporta­ modo semelhante, com adultos psicóticos, que a
mento que estiver sendo simultaneamente mantido punição era em geral inefetiva quando a resposta
por um esquema favorável de reforçamento posi­ punida constituía o único meio de obtenção de re­
tivo. Estímulos brandos e moderadamente puniti­ forço positivo. De outro lado, quando os pacientes
vos reduzem tipicamente a ocorrência de compor - aprendiam uma maneira alternativa de obter re­
taménto intermitentemente reforçado, mas, à me­ compensas, a punição produzia uma imediata e-
dida que a punição continua, os sujeitos se adaptam completa redução do comportamento indesejável.
às conseqüências aversivas e exibem alguma recu­ Os achados acima sugerem que pessoas que dis­
peração da responsividade, mesmo enquanto a con­ põem de poucas opções de respostas mostrar-se-ão
tingência de punição está ainda atuando (Azrin, lentas em abandonar comportamentos que resul-
186 CONTROLE AVERSIVO

tam em conseqüências negativas. Essa é uma das rer, 1943) demonstraram de modo consistente que
razões pelas quais a punição é inefetiva na modifi­ respostas podem ser rápida e du rad o u ram en ­
cação dos padrões anti-sociais de delinqüentes e in­ te eliminadas, quando o comportamento em ques­
fratores adultos a quem faltam modos alternativos tão é punido e respostas competitivas são simul­
socialmente aceitáveis de responder para adquiri­ taneamente recompensadas. Um programa de tra­
rem os bens que valorizam. Em tais condições, a tamento baseado sobre uma combinação de con­
punição do comportamento anti-social poderá levar trole aversivo das respostas divergentes e reforça­
os infratores a adotar modos mais seguros de de­ m ento positivo de respostas desejadas pode
senvolver suas atividades ilegítimas ou a alterar m ostrar-se altam ente efetivo na eliminação de
suas técnicas de modo a evitar a descoberta e a pu­ padrões de comportamento seriamente problemáti­
nição em ocasiões futuras. Um exemplo excelente cos. Quando o reforçamento diferencial é aplicado
do modo em que a punição resulta em refinamento a modos de comportamento competitivos, as res­

PS
do comportamento anti-social em vez de em sua postas punidas podem ser contra-atacadas pela in­
eliminação aparece na autobiografia de um talen­ terferência de respostas eliciadas pelos estímulos
toso infrator habitual. aversivos ou pelo comportamento competitivo man­
tido na base de reforçamento positivo. Em tais cir­
Meu ambiente na prisão estava de tal forma apar­

U
tado da vida, era algo tão distante que às vezes
cunstâncias, uma supressão duradoura é provavel­
eram as circunstâncias reais que me pareciam fan­ mente obtida mais pela prepotência das alternativas
tásticas. Nesses períodos, eu examinava os traba­ recompensadas do que pelas respostas inibitórias

O
lhos que havia feito e os analisava mentalmente estabelecidas. Esse fato é sugerido pelos achados de
para ver se podiam ser aperfeiçoados. Então, vol­ um experimento realizado por Timmons (1962),
tava a examinar meus erros e tentava descobrir que comparou a eficácia relativa da extinção, puni­

R
como tinham ocorrido e como me haviam levado à ção verbal e contracondicionamento de uma res­
prisão. Assim, vocês podem ver, sempre tinha posta competitiva na eliminação de respostas ver­
muito que fazer enquanto estava lá, sem nenhuma
ocupação senão pensar. E planejar trabalhos futu­
ros. Oh sim, se fosse feito um levantamento, ficaria
provado que a maioria dos grandes trabalhos cri­
Gbais anteriormente apropriadas. O contracondicio­
namento mostrou ser mais poderoso, mas a adição
da punição ao contracondicionamento pouco con­
tribuiu para os processos de mudança. Entretanto,
KS
minosos e milhares de pequenos crimes foram pla­
nejados na cadeia. Planejados até os mínimos deta­ essa conclusão poderá não se aplicar quando o
lhes, porque não há interesses alternativos suficien­ comportamento inconveniente estiver tão forte­
tes para ocupar a mente dos prisioneiros [Hill, mente estabelecido que poucas oportunidades pos­
1955, pág. 39]. sam surgir para a recompensa de tendências com­
O

petitivas. Também foi demonstrado que mesmo


Até onde os refinamentos no comportamento di­ uma punição branda, que tem mais valor informa­
vergente aumentarem a confiança do indivíduo de tivo do que inibitório, pode facilitar a mudança
BO

que será capaz de evitar a descoberta e a punição eomportamental na mesma proporção de níveis se­
em ocasiões subseqüentes, terá esse comportamento veros de punição, desde que respostas alternativas
grande probabilidade de ser repetido. sejam concomitante mente recompensadas (Boe,
1964).
REDUÇÃO COMPORTAMENTAL ATRAVÉS DE
REFORÇAMENTO POSITIVO DE RESPOSTAS
EX

COMPETITIVAS Numa análise compreensiva dos efeitos da puni­


ção, Solomon (1964) considerou a crença difundida
Os achados de laboratório acima revisados indi­ de que a punição constitui somente um procedi­
cam que modos de comportamento preexistentes mento efetivo temporário de controle do compor­
têm grande probabilidade de em ergir quando tamento como uma lenda originada no sentimenta­
D

padrões de respostas dominantes são reduzidos lismo de corações ternos. Os achados examinados
através da punição. Estímulos que exercem algum nas seções precedentes, embora não inteiramente
IN

grau de controle sobre diferentes tipos de respostas consistentes, fornecem apesar disso considerável
podem também ser utilizados em combinação com documentação empírica de que, sob uma ampla va­
procedimentos aversivos para eliciar tendências de riedade de condições, os efeitos redutivos da puni­
respostas mais fracas. A suspensão temporária do ção tendem, de fato, a ser transitórios. As conclu­
comportamento desaprovado fornece assim uma sões extraídas desse amplo corpo de pesquisa não
o p o rtu n id ad e de fortalecim ento de respostas podem ser facilmente desconsideradas como lendá­
emergentes ou ativamente eliciadas. Quando as al­ rias ou espúrias. É igualmente verdadeiro que pu­
ternativas desejadas não existem no repertório nições administradas em combinação com outros
eomportamental do sujeito, a modelação positiva e procedimentos podem produzir mudanças dura­
os procedimentos de reforçamento podem ser utili­ douras no comportamento (Beach, Conoviu, Stein-
zados de modo efetivo para estabelecer e fortalecer berg e Goldstein, 1956; Boe e C hurch, 1967;
padrões de respostas incompatíveis com o compor­ Storms, Boroczi e Broen, 1963). Além disso, inú­
tamento desadaptativo. meros estudos mostraram que inibições e compor­
Os resultados de diversos experimentos (Boe, tam entos de esquiva tenazes são estabelecidDs
1964; Hòlz, Azrin e Ayllon, 1963; Whiting e Mow- quando a ativação, emocional é condicionada a es­
CONTROLE AVERSIVO 187

tímulos ambientais e autogerados através de proce­ DISTÜRBIOS DA FALA


dimentos aversivos. Contingências aversivas têm sido amplamente
A partir desses resultados diferentes, parece que usadas por Goldiamond (1965a), tanto na produção
qualquer julgamento abrangente dos efeitos da pu­ experimental da gagueira quanto na sua elimina­
nição resulta em autocontradição. Não se pode sus­ ção. Antes de discutir os detalhes dessa abordagem
tentar que a punição é ineficaz porque tem so­ e de sua eficiência terapêutica, algumas das condi­
mente efeitos supressivos temporários e? ao mesmo ções consideradas como controladoras no caso dos
tempo, argumentar contra sua utilização na base de problemas de fluência serão aqui examinadas. In­
que produz ela comportamento que é excepcio­ terpretações em termos de aprendizagem dos dis­
nalmente resistente à mudança. De modo seme­ túrbios funcionais da fala conceituam geralmente a
lhante, também existe contradição quando estudos gagueira como resposta de esquiva que é evoca­
em que a punição resulta em morte por inanição da por estímulos verbais na presença de pistas si-

PS
auto-imposta (Lichtenstein, 1950) ou inibição des­ tuacionais potencialmente ameaçadoras. Os diver­
necessária de modos efetivos de obter reforça- sos esquemas explicativos (Brutten e Shoemaker,
mento (Whiting e Mowrer, 1943) são citados como 1967; Shames e Sherrick, 1963; Sheehan, 1958;
evidência do poderoso controle aversivo do com­ Wischner, 1950) diferem principalmente no papel
portamento, mas a rigidez comportamental e ou­ que atribuem à emotividade condicionada e aos

U
tros produtos secundários indesejáveis da punição processos de reforçamento positivo e negativo na
são tratados como preocupações desprovidas de regulação dos problemas de fluência.

O
fundamento. Inúmeras avaliações foram feitas das característi­
cas de personalidade dos gagos e de seus pais, mas
Aplicações de Sistemas de Contingências faltam estudos sobre as contingências que ocorrem

R
Aversivas naturalmente em associação com os problemas de
tluência. Com base em dados retrospectivos de fa­
Quando procedimentos aversivos são necessários
à correção de uma situação prejudicial, são eles ge­
ralmente considerados pelos adultos como uma
parte desagradável, embora necessária, do trata­
G
mílias de gagos e de não-gagos, Johnson (1942),
que preconizou uma abordagem de aprendizagem
semântica, considerou como críticas as seguintes
condições com respeito ao desenvolvimento inicial
KS
mento, comparável às rotinas dolorosas da medi­ dos distúrbios da fala. Todas as crianças pequenas
cina física, em vez de como um assalto interpessoal. exibem algumas repetições de palavras, frases e sí­
Por essa razão, pacientes raramente desenvolvem labas sem o acompanhamento de nenhuma ativação
medos am plam ente generalizados e com porta­ emocional ou autoconsciência de ser sua fala defi­
mento hostil com respeito a dentistas ou médicos
O

ciente (Davis, 1939, 1940). Entretanto, os pais das


cujas intervenções produzem inicialmente expe­ crianças que mais tarde passam a exibir problemas
riências altamente desagradáveis. Conseqüente­ de fala sérios rotulam essas deficiências normais de
BO

mente, se apresentadas num contexto de trata­ gagueira e respondem a ela com aumento de vigi­
mento, contingências aversivas poderão vir a ter lância, reprimendas verbais e tentativas ansiosas de
menos efeitos colaterais adversos do que quando correção. Supõe-se então que, como conseqüência
são elas apresentadas ditatorialmente para eliminar de avaliações negativas e interpretações errôneas de
um comportamento que tem alto valor funcional
deficiências naturais, reações de ansiedade se tor­
para o sujeito que o desempenha.
nem condicionadas ao ato de comunicação verbal.
EX

Quando o controle aversivo é utilizado para mo­ As repetições anteriormente desembaraçadas são
dificar comportamento social prejudicial, as mes­ agora acompanhadas de bloqueios, prolongamen­
mas conseqüências punitivas podem ser fortemente tos, tensão muscular, alterações respiratórias e mo­
ressentidas ou aceitas de bom grado, dependendo vimentos faciais e corporais compensatórios. Uma
D

da intenção percebida do agente e de serem as san­ vez que os problemas de fluência adquiram pro­
ções aplicadas principalm ente para sua própria priedades aversivas, são eles transform ados-em
IN

conveniência ou para beneficio do sujeito envol­ respostas de gagueira e, de modo semelhante a ou­
vido. Efeitos emocionais indesejáveis podem ser tras fo rm as de co m p o rta m e n to de esquiva,
substancialmente reduzidos pela organização ante­ tornam-se capazes de criar suas próprias condições
cipada de contingências contratuais explícitas, que mantenedoras.
definam claramente os limites gerais dos compor­ Resultados de estudos de laboratório que serão
tamentos permitidos e punidos. Sempre que o examinados mais tarde não se mostram inteira­
comportamento indesejável for desempenhado, as mente consistentes com a formulação etiológica
conseqüências aversivas deverão ser imediatamente acima mencionada. Estímulos regularmente asso­
aplicadas, consistentemente e de modo positivo. Se ciados com punição podem ter efeitos disruptivos
as conseqüências preestabelecidas forem implemen­ sobre a fala, mas conseqüências negativas apresen­
tadas de maneira não punitiva, as sanções negativas tadas de modo especificamente contingente aos
tenderão a ser consideradas pelo sujeito como con­ problemas de fluência reduzem geralmente sua
seqüências legítimas e previsíveis de seu compor­ ocorrência (Brookshire e Martin, 1967; Siegel e
tamento em vez de como reações arbitrárias e vin­ Martin, 1966; Quist e Martin, 1967). Pode-se con­
gativas. cluir, a partir desses achados, que a punição leva a
188 CONTROLE AVERSIVO

um aumento da freqüência da fala não-fluente so­ imediata redução da tensão sobrepujem os efeitos
mente se os efeitos disruptivos da ativação classica­ inibitórios da punição temporária mais remota.
mente condicionada sobrepujam os efeitos reduti- Na sua te o ria da g a g u e ir a p o r c o n flito
vos das conseqüências punitivas. Outro determi­ aproximação-esquiva, Sheehan (1958) considera de
nante importante dos problemas de fluência, que é modo semelhante a gagueira como redutora da an­
em geral ou ignorado ou relegado a nível secundá­ siedade, mas postula ele um processo de reforça­
rio nas teorias da ansiedade da gagueira, consiste mento em dois estágios. A gagueira, de acordo com
110 fato de poder o solícito interesse parental apre­ Sheehan, constitui uma resultante de necessidades
sentado contingentemente à fala não-fluente fun­ competitivas de se comunicar e de se evitar falar.
cionar como um poderoso reforçador positivo de Sempre que as tendências conflitantes de aproxi­
Lal comportamento. Os pais podem assim,portanto, mação e esquiva alcançam um ponto de equilíbrio,
de modo inadvertido, aumentar os problemas de o fluxo da fala é interrompido ou bloqueado. A

PS
fluência de seus filhos através de sua atenção sele­ inibição momentânea da fala reduz o medo gerado
tiva. pela comunicação verbal, reforçando assim o blo­
A modelação familial pode também desempe­ queio e, pelo fato de diminuir o gradiente de es­
nhar um papel influente, quer de modo direto quiva motivado pelo medo, libera a palavra blo­
quer de modo indireto, no desenvolvimento de queada. Além disso, a redução da tensão que se

U
padrões de fala não-fluente. Nelson (1939) compa­ segue à completação da palavra reforça as respostas
rou a incidência de gagos em três gerações de famí­ de gaguejar precedentes bem como qualquer mo­

O
lias de 204 gagos e de um grupo emparelhado que vimento facial ou corporal que as acompanhe na
não exibia nenhum problema de fala. A gagueira tentativa de auxiliar a restauração da fluência.
apareceu em mais do que uma geração em somente Brutten e Shoemaker (1967) consideram ser a

R
2 por cento dos não-gagos, enquanto que a incidên­ gagueira um fenômeno que envolve tanto proces­
cia foi de 51 por cento nas famílias de gagos. Evi­ sos de condicionamento clássico quanto instrumen­
dência mais direta da força do exemplo é fornecida
por Van Riper (1937), que descobriu que gagos não
só exibem uma proporção mais alta de fala não-
fluente após exposição a um modelo gago em com­
G
tal, assumindo o prim eiro deles papel mais in­
fluente. De acordo com esse ponto de vista, os pro­
blemas de fluência refletem os efeitos disruptivos
KS
da ativação emocional que se tornou classicamente
paração com um modelo não-gago, mas também condicionada a certas pistas situacionais e de pala­
passam a adotar alguns dos aspectos idiossincráticos vras através de experiências desagradáveis. Diver­
do comportamento verbal do modelo gago. Nelson sos estudos foram publicados fornecendo alguma
defende a hipótese da transmissão genética na base evidência em apoio à influência da ativação classi­
O

de que, em alguns casos, os pais não apresentam cam ente condicionada sobre os problem as de
gagueira ou o contato com avós não-fluentes foi li­ fluência. Hill (1954) descobriu que estudantes exi­
mitado. A interpretação genética pode muito bem biam desorganização da fala na presença de uma
BO

ser válida, mas uma explicação em term os de luz que havia sido previamente pareada com a
aprendizagem social é igualm ente sustentável. apresentação de um choque. Aumentos semelhan­
Adultos que sofreram de problemas de fala num tes nos problemas de fluência foram também obti­
período inicial de suas vidas ou cujos pais apresen­ dos durante períodos de stress emocional produ­
taram gagueira mostram-se inclinados a responder zido por punição arbitrária (Stassi, 1961) ou por
com interesse excessivo à fala não-fluente natufal
EX

exposição a estímulos que sinalizam a ocorrência de


de seus filhos, aum entando assim tal comporta­ eventos punitivos (Savoye, 1959). Quando a ga­
mento mesmo na ausência de gagueira modelada. gueira é conceitualizada principalmente como uma
Sheehan (1958) e Wischner (1950) fornecem os forma de desorganização comportamental em vez
relatos mais detalhados do mecanismo de reforça- de como resposta de esquiva, supõe-se que inclua
D

mento negativo que estaria mantendo as respostas um componente instrumental secundário. Assim,
de gaguejar. Suas interpretações diferem princi­ os gagos adotariam modos idiossincráticos de ex­
IN

palmente no ponto da seqüência da fala em que o pressão nas áreas da fonação, articulação e resso­
reforçamento supostamente ocorreria. De confor­ nância, destinados a permitir a fuga ou a evitação
midade com Wischner, a ansiedade eliciada por dos distúrbios emocionais ocasionados pelos pro­
palavras específicas e pistas situacionais resulta em blemas de fluência. Essas respostas de ajustamento,
bloqueio momentâneo da porção final de uma res­ a maior parte das quais toma uma forma não-
posta verbal, numa tentativa de pospor ou evitar verbal, são instrumentalmente reforçadas pela sub­
desaprovação social antecipada, embaraço ou ou­ seqüente completação da palavra e resultante redu­
tras experiências negativas. Supõe-se que o com­ ção da aflição. A partir desse esquema explicativo,
portamento de gaguejar seja reforçado em virtude conclui-se que a gagueira só poderá ser efetiva­
de sua estreita justaposição temporal com a redu­ mente eliminada pela extinção das propriedades
ção de ansiedade e tensão que acompanha a com- provocadoras de emoção dos estímulos ameaçado­
pletação bem-sucedida da palavra em que é a difi­ res.
culdade experimentada. Embora a gagueira produ­ Em vista da crença difundida de ser a redução da
za geralmente também conseqüências negativas, ansiedade o principal mecanismo mantenedor dos
Wischner supõe que os efeitos recompensadores da problemas funcionais da fala, é de supreender que
CONTROLE AVERSIVO 189

um número relativamente pequeno de estudos de estendido para teste de sua eficácia terapêutica. Em
laboratório tenha sido realizado com o propósito vez disso, o autor (Sheehan, 1954) advoga as mes­
específico de avaliar essa hipótese central. Os me­ mas abordagens de entrevista que envolvem consi­
canismos de reforçamento' adotados nas teorias dis­ derável gasto de tempo e que já mostraram ter
cutidas acima são bastante adequados para explicar valor limitado na alteração de outras formas de
a persistência incomum dos problemas da fala. Se comportamento divergente.
as respostas de gaguejar produzem reforçamento No experim ento citado, qualquer possível re­
quase instantâneo através da redução da ansiedade forço das respostas de gaguejar ocorrendo no
que se segue à sua ocorrência, como se supõe, seria ponto terminal da seqüência verbal foi removido. A
possível prever-se que a gagueira jamais se extin­ eficiência do reforço pode ser reduzida se um in­
guiria, a não ser que conseqüências especiais fos­ tervalo de tempo ou outras atividades intervêm
sem de alguma forma prontam ente interpostas entre uma resposta e suas conseqüências previstas.

PS
entre o aparecimento do bloqueio e a completação No estudo de Sheehan, o arranjo tem poral de
da resposta. Entretanto, um estudo retrospectivo eventos não foi o mais favorável para eliminar o
de Sheehan e Martyn (1966), mostrando que apro­ problema de fluência; isto é, as respostas de gague­
ximadamente 80 por cento dos estudantes universi­ jar terminavam finalmente com a completação das
tários que foram gagos acabaram finalmente por palavras a qual, por sua vez, era seguida pelas con­

U
adquirir fala fluente, sugere que a recuperação da seqüências negativas de ter que repetir a palavra
gagueira sem intervenção especial exige também em que o sujeito encontrava dificuldades. Assim, a

O
explicação do mesmo modo que a exige a persis­ completação bem-sucedida da palavra era punida
tência da fala não-fluente. de modo mais forte do que repetições e bloqueios
Além do número reduzido de dados experimen­ temporalmente remotos. Resultados de um estudo

R
tais sobre aquisição e manutenção das respostas de realizado por Daly e Cooper (1967), entretanto, le­
gaguejar, as teorias da redução da ansiedade não vantam dúvidas quanto à suposição de que a puni­
fornecem modos específicos de tratamento. Um
experimento de Sheehan (1951), entretanto, apre­
senta implicações terapêuticas que não foram
nunca desenvolvidas. Nesse estudo, foi apresentada
G
ção contingente ao gaguejar possa vir a ter maior
efeito redutivo. Esses pesquisadores compararam a
freqüência da fala não-fluente sob condições em
que o choque era administrado durante o ato de
KS
a hipótese de que o ponto do reforçamento das gaguejar ou imediatamente após a completação de
respostas de gaguejar está constituído pela redução cada palavra gaguejada. O sistema contingente ao
da ansiedade que se segue à completação da pa­ gaguejar produziu redução maior da não-fluência,
lavra. Assim, numa téntativa de evitar o reforça­ mas a diferença não foi estatisticamente significa­
O

mento de respostas de gaguejar, foram organizadas tiva. No m étodo p ro jeta d o p o r G oldiam ond
condições em que somente a fala fluente podia (1965a) para modificação da gagueira crônica, que
tornar-se instrumental na completação de cada pa­ será examinado em seguida, cada momento de
BO

lavra em sentenças apresentadas. Gagos adultos não-fluência produz uma imediata conseqüência
liam determinadas passagens em voz alta em dias desagradável.
diferentes sob duas condições em ordem contraba­ Não ficou inteiramente claro no artigo de Gol­
lançada. Nas condições de controle, os sujeitos sim­ diamond, que é, sob outros aspectos, bastante in-
plesmente liam o material seis vezes em sua ma­
EX

neira habitual sem a organização de nenhuma con­


seqüência especial para a não-fluência. No trata­
mento não-reforçado, entretanto, os sujeitos liam as
passagens em voz alta cinco vezes, mas eram solici­
tados a repedr cada palavra gaguejada até que a
D

emitissem de modo fluente antes de passarem para


a palavra seguinte. Assim, o comportamento de ga­
IN

guejar prolongava em vez de eliminar o stress e a


tensão conseqüentes. No sexto ensaio experimental
e no sétimo ensaio de ambas as condições os sujei­
tos liam passagens da maneira em que o faziam
norm alm ente. A comparação da freqüência de
comportamento não-fluente entre condições e lei­
turas sucessivas (Fig. 5-3) demonstra que o gague­
ja r foi substancialmente reduzido e permaneceu
significantem ente mais baixo quando produziu
conseqüências negativas; de outro lado, sob condi­
ções ordinárias, a freqüênda do gaguejar diminuiu
ligeiramente, provavelmente como função da adap­
tação, mas foi subseqüentemente restaurada em seu
nível original. A despeito desses achados encoraja- Figura 5-3. Freqüênda de gaguejo em leituras sucessivas
dores, o procedimento experimental não foi nunca em condições experimental e de controle. Sheehan, 1951.
190 CONTROLE AVERSIVO

formativo, o que considera ele como condições crí­ (1940), mostrou, de fato, que o comportamento
ticas para a aquisição e manutenção das respostas não-fluente ocorria mais freqüentemente quando
de gaguejar. Embora reconhecendo que a gagueira as crianças estavam emocionalmente ativadas ou
pode envolver um componente emocional, a teoria desejavam conquistar a atenção de outros.
da redução da ansiedade é sumariamente afastada. Praticamente todas as formas de abordagem te­
Em vez disso, inúmeros relatos de cunho anedótico rapêutica foram aplicadas numa ocasião ou em ou­
são apresentados para ilustrar que gagos são ge­ tra aos problemas da fala, com graus limitados de
ralmente submetidos a exigências menores em ter­ sucesso. Goldiamond (1965a) relata resultados uni­
mos de realização, são menos freqüentemente soli­ formemente favoráveis com gagos por meio de pu­
citados a desempenhar tarefas difíceis, têm seus nição contingente ao gaguejar, os quais, se confir­
erros encarados com maior compreensão pelos ou­ mados por uma avaliação mais extensa realizada ao
vintes, recebem prazos mais longos para responder longo de um período de tempo mais dilatado, virão
a perguntas e podem realmente obter atenção po­

PS
a representar uma notável realização terapêutica.
lida por meio de sua não-ftuência. Esses relatos Na primeira fase do procedimento, os gagos são
acentuam tanto a função de esquiva das respostas instruídos a ler em voz alta trechos de determina­
de gaguejar quanto o seu valor na obtenção de res­ das páginas durante períodos de aproximadamente
postas positivas por parte de outros. 50 minutos, de modo a fornecer uma medida de

U
Devido à natureza das contingências utilizadas, os linha de base do gaguejar. Nessa avaliação inicial,
achados de um experimento projetado para produ­ são registradas a velocidade da leitura e a freqüên­

O
zir respostas de gagueira num sujeito normalmente cia do comportamento de gaguejar. Durante a fase
fluente (Flanagan, Goldiamond e Azrin, 1959) têm do tratamento do programa, a velocidade da leitura
valor limitado na elucidação das condições sob as é deliberadamente diminuída e conseqüências ne­

R
quais seria a gagueira mais provavelmente adqui­ gativas são apresentadas de modo contingente à
rida. Nesse experimento, um sujeito recebia choque ocorrência de respostas de gaguejar. Retroalimen­
contínuo; um bloqueio verbal entretanto desligava
o choque por 10 segundos e cada emissão não-
fluente adicional pospunha a estimulação aversiva
por um tempo determinado. Como era de prever, a
G
tação auditiva retardada da própria voz da pessoa é
utilizada como estímulo aversivo produzido pelo
gaguejar.
Pausas ocorrem freqüentemente como partes na­
KS
freqüência do bloqueio aumentou consideravel­ turais da fala fluente e, conseqüentemente, um ob­
mente, até o ponto em que o sujeito quase evitava servador independente teria que suspender o jul­
completamente a estimulação desagradável por gamento para decidir se uma determinada hesita­
meio de fala continuamente não-fluente. Embora ção estaria representando uma pausa natural ou
O

demonstre esse estudo que é possível induzir com­ um bloqueio na fala. De maneira a garantir que as
portam ento verbal divergente, é altam ente im­ conseqüências aversivas sejam apresentadas de
provável que os pais de sujeitos gagos punam con­ modo im ediatam ente contingente à fala não-
BO

tinuamente o comportamento fluente de seus filhos fluente, o cliente auto-administra a retroalimenta­


e só respondam de modo não-punitivo quando suas ção negativa na base de suas próprias definições da
crianças bloqueiam a fala e gaguejam. De fato, os resposta. Durante a leitura oral do material apre­
achados discutidos anteriormente indicam que o sentado em velocidade baixa, o cliente preme um
padrão de contingências naturais constitui, prova­ pequeno comutador para cada palavra bloqueada,
velmente, o oposto exato daquele imposto no es­ que imediatamente desvia a fala para um disposi­
EX

tudo acima. Podemos aceitar que experimentos não tivo de retroalimentação retardada durante um
sejam projetados para reproduzir de modo deta­ tempo determinado. Esse procedimento estabelece
lhado os eventos estimuladores que ocorrem na finalmente um padrão de comportamento verbal
vida real, mas devemos pelo menos exigir que as lento e isento de gaguejo.
D

contingências experimentais apresentem alguma Após ficar o padrão fluente substituto estabili­
semelhança com a realidade social, se é que seus zado, o comportamento verbal do cliente é progres­
resultados pretendem ter valor explicativo.
IN

sivamente modificado na direção da fala normal. É


Os estudos anteriormente relatados sugerem que isso obtido por meio da aceleração da velocidade da
a fala não-fluente pode ser influenciada em graus leitura de modo gradual, através do controle mecâ­
variados por pelo menos três conjuntos de condi­ nico do material para os níveis normais de linha de
ções controladoras. Primeiro, estímulos ameaçado­ base ou para nível superior. Ao mesmo tempo, a
res podem produzir desorganização da fala por retroalim entação retardada é também gradual­
meio da ativação de respostas emocionais antecipa- mente esmaecida. Por exemplo, o período de atraso
tórias. Segundo, a‘redução da ansiedade e da ten­ pode ser reduzido de uma duração inicial de 250
são associadas com a completação das respostas de milissegundos para 200, 150, 100, 50 milissegundos
gagueira podem servir para reforçá-las. E terceiro, e finalmente completamente eliminado.
a fala não-fluente pode ter algum valor funcional Um resumo dos procedimentos e mudanças con­
para obtenção de atenção e abrandamento de exi­ comitantes na fluência verbal obtidas com o pri­
gências quanto a desempenhos, conforme sugerido meiro sujeito que se submeteu a essa forma de tra­
por Goldiamond. Uma análise situacional de pro­ tamento é apresentado na Fig. 5-4. Durante o pe­
blemas de fluência em crianças, realizada por Davis ríodo de linha de base, que se estendeu ao longo
CONTROLE AVERSIVO 191

dos primeiros 21 dias, o sujeito leu aproximada­


mente 110 palavras por minuto e gaguejou em
cerca de 15 palavras por minuto. Nas sessões 22-33,
empenhou-se ele na autodefinição de gaguejo sem
nenhuma conseqüência contingente à resposta. A
partir da 34.a sessão, a velocidade da leitura foi di­
minuída e foi introduzida a retroalimentação re­
tardada produzida pelo gaguejar. Na sessão 47, foi
estabelecido o controle temporal da velocidade da
leitura e algumas sessões mais tarde a retroalimen­
tação retardada foi gradualmente esmaecida em
dias sucessivos, Como mostrado na figura, durante
a fase terminal do experimento, o sujeito estava

PS
lendo aproximadamente 140 palavras por minuto,
nível esse bem superior ao de sua linha de base
prévia, enquanto que as respostas de gaguejar, que
se estendiam de 0,2 a 0,6 palavra por minuto,

U
foram quase completamente eliminadas.
Goldiamond relata mudanças ainda mais d ra­

O
máticas na fluência verbal (Fig. 5-5) em um se­
gundo sujeito que, devido a limitações de tempo,
participou de uma versão altamente condensada do

R
procedimento-padrão. A retroalimentação retar­
dada produzida pelo gaguejo combinada com apre­
sentação lenta de material de leitura foi introduzida
após três sessões; pouco tempo depois, a velocidade
de leitura foi aumentada em estágios sucessivos e a
contingência aversiva gradualmente removida. No
G
KS
oitavo dia, o final do tratamento, o cliente estava
lendo 256 palavras por minuto sem manifestar um
só problema de fluência.
Dados quantitativos são apresentados para oito
O

gagos crônicos. Em todos os casos, a fala fluente foi


estabelecida e mantida na situação de laboratório,
mesmo quando a velocidade da verbalização foi
BO

aumentada e as conseqüências negativas removidas.


Goldiamond também relata melhoras concomitan­
tes na fala do cliente em ambientes naturais, mas
aparentemente nenhuma avaliação objetiva foi rea­
Figura 5-4. Redução da freqüência de gaguejar e estabe­
lizada. De acordo com um relato posterior de pes­ lecimento de leitura fluente num gago crônico. Goldia­
quisa (Goldiamond, 1965b),-padrões fluentes de lei­
EX

mond, 1965a.
tura rápida, que se mantiveram em condições de
laboratório, foram estabelecidos em 30 gagos em
prazo notavelmente curto. Esses achados prelimi­
nares indicam que os procedimentos projetados um papel, quando imitam o estilo verbal de uma
D

por Goldiamond podem ser considerados como outra pessoa ou quando sozinhos. Por essa razão,
realmente promissores. Entretanto, a avaliação de conseguir que uma pessoa leia um texto sem gague­
sua eficácia terapêutica deve ser adiada até que tes­
IN

ja r quando sozinha numa cabina não constitui um


tes mais rigorosos sejam realizados e resultados de teste poderoso. A não-fluência diminui semelhante­
seguimento a longo prazo sejam fornecidos. mente em situações em que reações sociais negati­
Relatos de modificações no comportamento de vas por parte dos ouvintes são minimizadas. Assim,
gaguejar devem ser considerados com cautelá, de­ gagos podem experim entar pequena dificulda­
vido à evidência de que o comportamento verbal de verbal quando falam com pessoas muito mais
não-fluente varia consideravelmente em função das jovens do que eles, para audiências consideradas
características sociais e das exigências de comunica­ como socialmente ou intelectualmente inferiores,
ção de situações diferentes. Um exame da literatura ou com pessoas sobre as quais exercem autoridade.
relevante feito por Bloodstein (1949) revela que as Esses achados sugerem que testes rigorosos de
respostas de gaguejar são grandemente reduzidas fluência deverão ser organizados em termos de
sob condições de exigências menores para a comu­ comunicação social em vez de em termos de leitura
nicação interpessoal. Por exemplo, gagos podem oral, em situações de avaliação envolvendo audiên­
geralmente cantar e contar fluentemente, podem cias intimidadoras. Gravações da fala sob esse tipo
falar de modo desembaraçado quando representam de condição podem ser obtidas sem dificuldades.
192 CONTROLE AVERSIVO

de leitu ra na m an eira lenta e sem gaguejos d esen ­


volvida no laboratório, intercalados com leitu ra oral
ráp id a.
O m é to d o criad o p o r G o ld iain o n d segue um a
abordagem exclusivam ente o p era n te. Se todos os
gagos q ue se su b m eterem a esse tipo d e tratam e n to
se to rn a re m capazes d e co n v ersar flu en tem e n te,
m esm o sob condições sociais estressantes, en tão ob­
viam ente n en h u m p ro ced im en to adicional será ne­
cessário. Por o u tro lado, se seu d esem p en h o a p r e ­
sen tar m elh o ra considerável mas co n tin u arem eles
a exibir alguns problem as d e fluência em certas si­

PS
tuações ativ ad o ras d e em oção, en tão p o d e r-s e ia
p en sar em um p ro g ra m a de dessensibilização. Da­
dos publicados a resp eito d e alguns casos parecem
ind icar q ue a fala não-fluente co n tro lad a p o r estí­
m ulos aversivos condicionados p o d e ser elim inada

U
de m odo bem -sucedido p o r m eio d a extinção da
responsividade em ocional a essas ameaças.

O
U m caso ilu strativ o é fo rn ecid o p o r W alton e
M ather (1963) no tratam e n to d e um arq u iteto de

R
40 anos de id ad e, q ue sofria d e um d istú rb io d a
articulação caracterizado p o r bloqueios e ra n g e r d e
dentes. Os estím ulos co n tro lad o res dos problem as
G
de fluência d o cliente incluíam situações em que
e ra solicitado a fo rn e ce r in fo rm açõ es específicas,
p articu larm en te na presença de estranhos, su p erv i­
KS
sores e pessoas a quem desejava im pressionar. Foi
utilizada inicialm ente um a técnica em q u e <J te ra ­
p eu ta lia trechos de um livro e o cliente im itava
suas verbalizações sem ver o texto. E m bora esse
m étodo se m ostrasse altam en te efetivo na p ro d u ção
O

d e fala flu en te na situação d e tratam en to , o com ­


p o rtam en to d e gaguejar, en tre tan to , persistia em
contextos n aturais. A se g u n d a estratégia d e trata-
BO

rhento foi d iretam e n te p ro jetad a p a ra n eu tralizar


os estím ulos d eterm in an tes dos bloqueios d a fala.
Ao com pletar-se o tratam e n to de dessensibilização,
no qual situações g erad o ras d e gaguejos foram re ­
petid am en te p are ad as com relax am en to , o cliente
EX

estava em condições de co n v e rsar flu en tem e n te,


m esm o q u a n d o com unicava inform ações específicas
a pessoas investidas d e au to rid ad e. D evido à d e ­
te rm in aç ão m ú ltip la d o s p ro b lem as d e flu ên cia,
um a estratég ia d e tratam en to com b in an d o p ro ce­
D

d im en to s d e re fo rç a m e n to p a ra re s ta u ra r a fala
Figura 5-5. Eliminação dos problemas de fluência por flu en te com m étodos q u e possam ex tin g u ir o p o ­
meio da retroalimentação retardada produzida pelo ga­ tencial d e ativação d e estím ulos eliciadores de g a­
IN

guejo e desenvolvimento de leitura rápida e fluente. Gol­


diamond, 1965a. guejo p o d eria m ostrar-se ex trem am en te eficiente
na elim inação d o co m p o rtam e n to não -flu en te em
circunstâncias sociais estressantes.
Q u a n d o o co m p o rtam e n to é m odificado em co n ­
sultórios ou lab oratórios clínicos, o p roblem a d e CONTROLE DO COMPORTAMENTO
AUTOLESIVO
tran sferência insuficiente das m udanças p a ra situa­
ções d e vida cotidiana surge com m uita fre q ü ê n ­ Um dos distúrbios mais desconcertantes e p e ri­
cia. G old iam ond te n to u lidar com essa dificuldade gosos, q ue ap arece d e m odo p re d o m in a n te e n tre
na elim inação d a g ag u eira utilizando p ro ced im en ­ crianças esquizofrênicas, envolve o co m p o rtam en to
tos a d ic io n a is e s p e c ific a m e n te p ro je ta d o s p a ra autolesivo. E m suas fo rm as mais extrem as, as criart-
p ro m o v er m aior generalização d a fala flu en te para ças esm u rra m T epetidam ente seus p ró p rio s rostos,
o am b ien te social n atu ra l. Exercícios d e fala são batem a cabeça com violência co n tra objetos d u ro s
prescritos ao cliente p a ra realização em casa. Esses ou p o n tiag u d o s, m o rd em e. arran c am pedaços d e
exercícios envolvem essencialm ente breves períodos ca rn e de seus p ró p rio s corpos o u ap resen tam um
CONTROLE AVERSIVO 193

outro tipo qualquer de comportamento automuti- extinção, pode ele aumentar temporariamente em
lador. Devido ao sério risco de lesão física perma­ intensidade, o que pode tornar-se potencialmente
nente, essas crianças são em geral conservadas con­ perigoso. Essas respostas podem ser pronta e com­
tinuamente sob restrição .física. pletamente eliminadas por meio da aplicação con­
As condições mantenedoras do comportamento tingente de uns poucos choques dolorosos. Em
autolesivo ainda não foram completamente com­ um dos diversos casos relatados por Bucher e Lo­
preendidas, mas inúmeros experimentos mostra­ vaas (1968), um menino esquizofrênico de sete anos
ram que é esse comportamento passível de controle de idade, que havia apresentado comportamento
através da variação das conseqüências reforçadoras. autolesivo desde os dois anos, desempenhou cerca
Lovaas, Freitag, Gold e Kassorla (1965) descobri­ de 3.000 respostas de esmurrar seu próprio rosto
ram que respostas de autolesão podiam ser redu­ durante um período de 90 minutos, quando foi li­
zidas por pistas representadas por estímulos que berado de restrições físicas. Esse comportamento

PS
indicavam a remoção de reforço social para outros foi quase totalmente eliminado em quatro sessões,
comportamentos e tendiam a aum entar em fre­ com a utilização de 12 choques contingentes. Com­
qüência e intensidade quando reações sociais eram portam ento autodestrutivo, que havia persistido
apresentadas contingentemente à sua ocorrência. por um período de seis anos, foi também rápida
Demonstrações de que o comportamento autolesivo e duradouramente removido numa menina esqui­

U
pode ser reduzido através do reforçamento de res­ zofrênica, após ter recebido um total de 15 cho­
postas fisicamente incompatíveis e aumentado pela ques por bater com a cabeça (Fig. 5-6). Em cada ca­

O
extinção de atividades competitivas pouco revelam so relatado, conseqüências aversivas contingentes
sobre as variáveis que controlam esse comporta­ não somente removeram com portam ento auto-
mento. As mudanças produzidas por variações das mutilador, mas as crianças choramingavam menos e

R
contingências aplicadas diretamente ao comporta­ mostravam-se muito mais inclinadas a atender às
mento autolesivo são de muito maior interesse. solicitações do terapeuta.
Foi demonstrado (Bucher e Lovaas, 1968; Lovaas
et al., 1965) que expressão física de afeto e comen­
tários bondosos e tranquilizadores, apresentados às
crianças quando se empenhavam em comporta­
G
De modo semelhante, Tate e Baroff (1966) obti­
veram controle rápido sobre comportamento auto­
lesivo crônico em um menino psicótico parcialmen­
te cego, por meio de procedimentos de punição. O
KS
mento autolesivo, levavam-nas a responder de comportamento, que ele havia exibido continua­
modo ainda mais autodestrutivo; em contrapartida, mente por cinco anos, incluía vigorosas batidas com
era esse com portamento prontam ente reduzido a cabeça, pancadas no rosto e pontapés auto-
para sua linha de base original quando as reações aplicados. Devido ao fato de ser o contato físico
O

positivas eram descontinuadas. Sugerem esses com pessoas altamente reforçador para o menino,
achados que o comportamento autolesivo pode ser foi ele utilizado como evento conseqüente na pri­
parcialmente mantido por suas conseqüências so­ meira fase do programa de tratamento. Uma série
BO

ciais, embora não seja muito clara a evidência sobre de passeios diários foi organizada, em cada um dos
esse ponto. Mudanças sutis no reforçamento social, quais o terapeuta removia sua mão da mão da
como permanecer o experimentador com a criança criança e parava de falar sempre que ocorria uma
embora sem lhe dar atenção, parecem não afetar a resposta autolesiva; o contato físico era restabele­
freqüência de respostas autolesivas (Lovaas et al., cido se o menino não se golpeava por um período
de três segundos. Como pode ser visto na Fig. 5-7,
EX

1965; Risley, 1968). Remoção mais completa da in­


teração social por um período breve, sempre que a produziu essa contingência uma redução dramática
criança se comportar de modo autolesivo, reduz no comportamento autolesivo.
tais atividades, mas ocasionalmente não são elas Na segunda fase do programa, o choque contin­
afetadas nem mesmo por essas conseqüências mais gente à resposta foi usado para eliminar o compor­
D

poderosas (Risley, 1968). Quaisquer que sejam as tamento remanescente de bater com a cabeça, que
variáveis controladoras em cada caso específico, os constituía uma .ameaça adicional para seus olhos.
IN

achados preliminares indicam que comportamento Foi explicado ao menino que, se continuasse a se
autolesivo crônico e intratável pode ser eliminado golpear, receberia choques dolorosos. A contingên­
de modo bem-sucedido com efeitos benéficos por cia aversiva, combinada com elogio verbal e reações
meio de aplicação breve de uma cofitingência aver­ afetivas por comportamento conveniente, eliminou
siva. permanentemente as respostas autolesivas. Como
A punição é geralmente usada como um com­ até então o menino havia ficado fisicamente restrito
plemento tanto dos procedimentos de extinção ao leito, após ter sido completado o programa de
quanto do reforçamento diferencial de padrões de tratamento passou ele a participar livremente das
respostas competitivos. Um breve afastamento so­ atividades diárias com satisfação e espontaneidade
cial contingente ao comportamento autodestrutivo crescentes.
é geralmente suficiente para sua remoção perma­ Risley (1968) fornece relato detalhado de um
nente (Hamilton, Stephens e Allen, 1967; Lovaas et caso em que conseqüências sociais foram total­
al., 1965; Wolf, Risley e Mees, 1964). Em alguns mente ineficentes para reduzir comportamento au­
casos, entretanto, quando o comportamento auto- tolesivo. Tratava-se de uma menina de seis anos, de
mutilador é inicialmente colocado em processo de comportamento notavelmente divergente, que so-
194 CONTROLE AVERSIVO

PS
U
O
R
Figura 5-6. Freqüência de comportamento autolesivo e quantidade de esquiva e choro exibidos por uma criança autista

G
durante as sessões pré-tratamento (de 1 a 15), e quando tal comportamento foi punido com choque (P) ou com a
reprimenda verbal “não” (N) durante as sessões 16, 17, 19 e 21. Os numerais abaixo dos números das sessões identifi­
cam o terapeuta presente durante a sessão. Bucher e Lovaas, 1968.
KS

frera inúmeros ferimentos no rosto e no corpo duziu nenhuma mudança significativa. Ao contrá­
como conseqüência das perigosas atividades de es­ rio dos casos citados acima, breve isolamento físico
calada a que se dedicava continuamente. Um pro­ contingente ao perigoso comportamento de escalar
O

grama de reforç^mento diferencial, a partir do também não se mostrou efetivo. Após terem esses
qual o comportamento de escalar foi ignorado e as outros métodos falhado, foi aplicada a punição com
respostas incompatíveis recompensadas, não pro­ choque combinada com reprimenda verbal. A ad­
BO
EX
D
IN

Figura 5-7. Média diária das freqüências de respostas autolesivas desempenhadas por minuto nos dias de controle,
quando tais respostas não foram seguidas por conseqüências espedais, e em dias experimentais, quando o comporta­
mento de se autogolpear produziu breve remoção de contato físico. Tate e Baroff, 1966.
CONTROLE AVERSIVO 195

ministração de diversos choques e, mais tarde, a espasmo do distúrbio foi obtida de dois modos:
reprimenda verbal somente, eliminaram comple­ primeiro, os clientes traçavam vários padrões de li­
tamente as escaladas inapropriadas quando o expe­ nhas (similares aos movimentos requeridos para o
rimentador estava presente, mas não se notou re­ ato de escrever) sobre uma placa de metal com um
dução aparente nesse com portamento em casa. estilete, e qualquer desvio do traçado produzia um
Quando a mãe subseqüentemente aplicou choque choque. Em seguida a esse treino no aparelho, pas­
contingente em casa, as escaladas perigosas declina­ savam eles a escrever com uma caneta eletrificada
ram prontamente de uma freqüência média de 29 que produzia um choque todas as vezes que o pole­
para 2 por dia em um período de poucos dias. Em gar exercia pressão excessiva. No tratamento da
seguida, o comportamento foi convenientemente cãibra de datilógrafos, um pequeno dispositivo
controlado fazendo-se com que a criança se sen­ eletrificado foi colocado na palma das mãos dos su­
tasse em uma cadeira por um breve período após jeitos, de modo que o ato de contrair os dedos

PS
cada comportamento de escalar, sobre a palma produzia a aplicação de um choque.
É importante observar que programas surpreen­ Relatam os autores que, após 3 a 6 semanas de
dentemente breves de choque contingente e reti­ treinamento, escrita de qualidade satisfatória foi
rada de reforço não são somente efetivos na remo­ restabelecida em 24 dos casos; os clientes foram ca­

U
ção do comportamento autolesivo de longa duração pazes de voltar a seus empregos, que freqüente­
mas também promovem em geral o funcionamento mente envolviam o ato de escrever por períodos ex­
social. Essas mudanças relacionadas adicionais são tensos, e os estudos de seguimento realizados até

O
claramente reveladas nos achados relatados por quatro anos e meio mais tarde mostraram que a
Risley (1968). Após ser o com portam ento dis- melhora se tinha mantido. Cinco clientes reagiram
ruptivo autolesivo removido, as crianças se tornam

R
de modo favorável ao tratamento, mas subseqüen­
mais atentas, socialmente sensíveis e exibem com­ temente mostraram recorrência da disfunção mus­
portamento imitativo crescente, o que lhes permite cular, enquanto que 10 casos não apresentaram
adquirir novos padrões de comportamento. Se es­
tudos adicionais apoiarem essa conclusão, não há
justificativa de se deixar crianças se mutilarem ou
G
nenhuma melhora. Os casos em que houve fracasso
tinham sofrido desse problema motor durante um
longo período de tempo (de 6 a 21 anos), o que
KS
transcorrerem seus primeiros anos inutilmente, explica parcialmente o fato de não terem respon­
submetidas a condições de restrição física. dido bem ao tratamento.
DISFUNÇÕES MOTORAS Os procedimentos projetados por Liversedge e
Em uma das primeiras aplicações de contingên­ Sylvester são suficientemente efetivos para merecer
O

estudos controlados a fim de se isolar os fatores


cias aversivas, Liversedge e Sylvester (1955; Sylves-
ter e Liversedge, 1960) trataram 39 casos de cãibra responsáveis pelo sucesso dessa abordagem de tra­
tamento. Uma vez que a técnica envolve tanto a di­
BO

de escrivão por meio de um procedimento em que


se utilizou choque contingente à resposta. Na maior reção da resposta quanto a punição das respostas
de tremores e espasmos, é possível supor-se que o
parte dos casos, tremores e espasmos dos músculos
retreinamento dirigido com retroalimentação não
da mão eram eliciados somente por estímulos alta­
aversiva possa por si só efetuar mudanças. Além
mente específicos relacionados com o ato de escre­
disso, é necessária informação sobre quais tipos de
ver, mas os mesmos grupos de músculos não eram
indivíduos obtêm benefícios duradouros da aplica­
EX

afetados quando envolvidos em situações sem rela­


ção exclusiva de contingências aversivas, sobre os
ção com tal comportamento. Conforme já obser­
que requerem formas de tratamento suplementares
vado em outros tipos de comportamento diver­
ou alternativas e sobre os casos para os quais os
gente, os indivíduos que exibiam esse problema
procedimentos aversivos são contra-indicados.
ocupacional não apresentavam nenhuma caracterís­
D

tica psicológica comum, sugerindo esse fato que A partir dos achados de Liversedge e Sylvester, é
contingências de reforçamento específicas e não fa­ possível supor-se que as contingências aversivas te­
IN

tores psicodinâmicos constituíam os determinantes nham maior sucesso na modificação de disfunções


críticos. Não é portanto de surpreender que um motoras controladas diretamente por estímulos na
certo número desses clientes, que se submeteram a situação de escrever, que não possuam um forte
diversas formas convencionais de psicoterapia, acu­ valor de provocadores de emoção. Por outro lado,
saram pequena ou nenhuma melhora com relação em casos em que tremores musculares e tensões re­
a seu problema. Conseqüentemente, Liversedge e fletem os efeitos disruptivos de intensa ativação e-
Sylvester pesquisaram a eficiência de conseqüências mocional,. a punição pode aumentar ainda mais a
aversivas na alteração de cada componente do dis­ valência negativa das situações de escrever e por
túrbio físico. isso mesmo exacerbar a condição. A esse respeito,
A fim de remover os tremores, um dos elementos Beech (1960) forneceu alguma evidência experi­
da incapacidade motora, os clientes foram solicita­ mental preliminar de que os métodos de extinção e
dos a inserir um estilete numa série de orifícios dessensibilização podem ter sucesso com indivíduos
progressivamente menores; todas as vezes que o es­ altamente ansiosos, cujos problemas de escrita não
tilete fazia contato com o lado do orifício, o cliente mostram melhora com a aplicação de conseqüên­
recebia um choque. A remoção do componente de cias negativas contingentes.
196 CONTROLE AVERSIVO

Em um caso, por exemplo, o sujeito se submetera em combinação com relaxamento, o estudante foi
a um ano inteiro de psicanálise, um ano de hipno- capaz de escrever de modo rápido e relaxado sem
terapia e 10 sessões de condicionamento aversivo, manifestar nenhum distúrbio muscular. O anúncio
sem obter nenhum melhoramento em suas cãi­ de um exame final, entretanto, restabeleceu as res­
bras de escrivão que duravam há cinco anos. Assim postas de tremores, embora sob forma menos in­
que tomava uma caneta, o dedo indicador se con­ tensa. Uma segunda série de sessões de dessensibi­
traía e o pulso se dobrava abruptamente, causando lização dirigidas para situações de exame eliminou
dor intensa, cansaço e imobilização da mão. O efetivamente a incapacidade de escrever do estu­
cliente participou de sete sessões de extinção, cada dante.
uma dàs quais consistiu de uma evocação maciça de Os estudos de casos relatados por Beech foram
firmes contrações do dedo, até o ponto em que não principalmente destinados a demonstrar que os dis­
podia mais contraí-lo. Testes de escrita, adminis­ túrbios da escrita, que estão aparentemente sob o

PS
trados após cada período de extinção, mostraram controle de estímulos aversivos e podem portanto
não somente um rápido e progressivo declínio na ser exacerbados pela punição, podem ser modifica­
incidência da contração do dedo, mas também uma dos em condições de laboratório por meio de ou­
mudança semelhante nos espasmos do braço não- tros métodos. Embora esses achados tenham um
tratado. Além disso, no dia seguinte à sessão expe­ certo valor, aplicações mais extensas e avaliação

U
rimental final, o cliente foi capaz de escrever 24 li­ desses procedimentos são necessárias para o estabe­
nhas com somente uma ocorrência de espasmo na lecimento de sua utilidade na eliminação dos dis­

O
mão. túrbios motores ocupacionais.
Resultados semelhantes, embora menos estáveis, Um estudo realizado por Barrett (1962) fornece
foram obtidos por extinção envolvendo evocação uma demonstração de laboratório da redução de

R
repetida da resposta com um segundo cliente, que tiques por meio da utilização de conseqüências da
apresentava ambas as mãos severamente imobiliza­ resposta automaticamente programadas. O cliente,
das. Tentativas de escrever produziam intensas e
dolorosas contrações musculares e, quando muito,
garatujas ilegíveis; sua mão esquerda, que havia usa­
do anteriormente para datilografar, mantinha-se
G
um contador de 38 anos de idade, apresentava um
extenso número de múltiplos tiques que se haviam
mostrado refratários a tratamentos psicoterápicos e
farmacológicos. De acordo com o relato do cliente,
KS
firmemente cerrada e ele só podia abri-la por pou­ os tiques se haviam desenvolvido após uma expe­
cos segundos de cada vez. Em uma tentativa de riência amedrontadora no exército, quando acor­
extinguir o comportamento de cerrar a mão em pu­ dou uma noite com uma sensação de sufocação
nho, o cliente realizou repetidamente respostas de acompanhada por uma incapacidade temporária de
O

fechamento da mão em um dinamômetro, até o respirar ou deglutir. Na ocasião do estudo, seu pa­
ponto de não poder mais apertar a pega do apa­ drão motor incluía contrações dos músculos do
relho. Após 33 sessões de extinção, foi ele capaz de pescoço, peito, ombro e do abdome, movimentos
BO

abrir sua mão por período indefinido; entretanto, de cabeça, piscar de olhos, abertura da boca, outros
preocupações a respeito de seu trabalho e expe­ movimentos faciais e dificuldades de deglutir.
riências interpessoais estressantes tipicam ente D urante as sessões experim entais, o cliente
reinstalavam os problemas motores. Uma vez que sentava-se confortavelmente numa cadeira de bra­
as situações que envolviam o ato de escrever elicia- ços projetada de modo que os movimentos espas­
EX

vam ansiedade considerável no cliente, os tremores módicos produzidos pelos tiques eram automatica­
e espasmos associados com o ato de escrever foram mente registrados e punham em funcionamento o
tratados por meio do p roced imen to-padrão de des­ sistema de controle de contingências. A organiza­
sensibilização, no qual atividades de escrever ima­ ção dás contingências foi programada para que
ginadas eram progressivamente desempenhadas cada tique produzisse ou uma breve interrupção de
D

em um contexto de relaxamento. Escrita de quali­ música ou ruído. A música foi escolhida como estí­
dade satisfatória e sem tremores foi temporaria­ mulo positivo porque o cliente trabalhava parte do
IN

mente restabelecida dessa maneira, mas foi seguida tempo como músico e a interrupção de concertos
mais tarde por recaídas repetidas. de jazz gravados, selecionados por ele próprio, po­
No caso acima, as disfunções motoras estavam dia servir como um evento negativo adequado.
aparentemente controladas, em grande parte, por Os efeitos da retirada da música e da apresentação
eventos perturbadores de ordem vocacional e in­ do ruído foram comparados com os esforços deli­
terpessoal. É possível que mudanças mais duradou­ berados do cliente para controlar seus tiques. Re­
ras pudessem ter sido obtidas, se se tivesse proce­ sultados baseados em oito sessões mostraram que,
dido à neutralização da ativação emocional a essas enquanto a freqüência dos tiques podia ser redu­
últimas situações. Esse tipo de abordagem foi utili­ zida de alguma forma pelo autocontrole, pelo ruído
zado com sucesso com um estudante estrangeiro, produzido pelo tique e música contingente, as re­
que não era capaz de tomar notas de aulas devido a duções mais dramáticas e mais estáveis resultaram
severos tremores na mão e conseqüente cansaço. da interrupção da música produzida pelo tique.
Após participar de um programa breve de dessen­ Esse último procedimento reduziu a freqüência dos
sibilização, em que situações envolvendo o ato de tiques de 55 a 85 por cento abaixo do nível de linha
escrever, imaginadas ou reais, eram apresentadas de base durante as diversas sessões, mas permanece
CONTROLE AVERSIVO 197

a questão de se saber se a continuação da contin­ tuação de tratamento, mas permanece a questão de


gência de punição branda, por um período mais se saber se terão grande efeito sobre a extinção nas
longo, poderia finalmente eliminar ou reduzir de situações de vida diária. A razão para isso, que será
modo considerável a ocorrência de tiques em am­ explicada detalhadamente mais tarde, reside no
bientes naturais, quando estivesse ausente a retroa­ fato de poderem os clientes reconhecer que a puni­
limentação negativa. Sugere o autor que, em apli­ ção arbitrária contingente utilizada no tratamento
cações terapêuticas desse método, o cliente poderia está completamente ausente nas situações extrate-
ser capaz de modificar distúrbios motores e outros rapêuticas. Sob condições em que os esquemas de
sob sua própria direção, se lhe fosse fornecido um reforçamento em situações diferentes são clara­
controlador de contingências portátil a ser combi­ mente distinguíveis, o efeito do reforçamento par­
nado com rádio, televisão ou vitrola em sua própria cial não é suposto poder transferir-se para o no­
casa. Essa complicada aparelhagem , entretanto, vo contexto. De qualquer forma, durante as séries

PS
poderia ser dispensada, se estudos comparativos de tratamento, um terço das respostas de esquiva
demonstrassem que um simples procedimento de dos clientes a figuras de homens são reforçadas
extinção, envolvendo repetidas evocações não- pela terminação do choque; em um terço dos en­
reforçadas dos tiques, poderia ser igual ou mais saios, os estímulos aversivos são administrados,
efetivo do que os métodos que utilizam punição mesmo se o cliente desempenha as respostas de es­

U
contingente à resposta. quiva apropriadas dentro do tempo estabelecido; c,
nos ensaios restantes, a retirada do slide é retar­

O
DESVIOS SEXUAIS dada por períodos de tempo variados após ter sido
O Cap. 8 descreve procedimentos de condicio­ a resposta de esquiva apresentada
namento clássico destinados a eliminar aberrações Além de estabelecer respostas de esquiva com re­

R
sexuais por meio da atribuição de propriedades lação a homens, procura-se condicionar as proprie­
aversivas aos estímulos eliciadores do comporta­ dades do alívio da ansiedade a mulheres, por meio
mento em questão. Foram realizadas algumas ten­
tativas de se controlar o comportamento sexual di­
vergente por meio da estimulação aversiva contin­
G
da introdução de slides representando mulheres
contiguamente com a remoção das figuras dos ho­
mens. Para aumentar ainda mais as tendências de
aproximação a mulheres, o cliente pode pedir a
KS
gente à resposta. Feldman e MacCulloch (1964,
1965) fornecem relato detalhado de um método de volta do slide de uma mulher após ter sido remo­
tratamento, principalmente baseado em um para­ vido e assim pospor as experiências aversivas pe­
digma de condicionamento de esquiva, desenvol­ riodicamente associadas com os estímulos dos slides
vido por eles para a modificação do homossexua­ de homens. A apresentação e retirada dos slides de
O

lismo. mulheres é controlada pelo terapeuta, de modo a


Os clientes são primeiramente solicitados a ava­ evitar qualquer reforçamento inadvertido do com­
liar a atratividade de uma extensa série de slides portamento de esquiva com relação a mulheres.
BO

exibindo homens vestidos e completamente nus. É Inicialmente, o slide do homem menos atraente é
também preparada uma hierarquia semelhante de pareado com o da mulher mais encantadora. Um
slides de mulheres, variando em atratividade. A fim determinado slide de homem é exibido repetida­
de facilitar os efeitos de transferência, sempre que mente até que o cliente relate indiferença ou desa­
possível são usados slides de homens e mulheres grado com relação a ele e, além disso, retire o slide
EX

das relações do cliente. dentro de um segundo ou dois; a figura feminina


No procedim ento de condicionamento de es­ seguinte é introduzida quando o cliente consisten-
quiva, é apresentado o slide de um homem sobre temente solicita a volta do item feminino prece­
uma tela em um quarto em penumbra e o cliente dente. Esse mesmo processo é repetido com os su­
é instruído para deixar o slide projetado na tela cessivos pares de estímulos na hierarquia de figuras.
D

até quando continuar a lhe parecer sexualmente U ma sessão típica envolve completação de cerca de
atraente. O cliente é informado de que lhe serão 30 ensaios e requer 20 minutos para a sua realiza­
IN

administrados choques durante os períodos de pro­ ção. As séries de tratamento, que chegam em média
jeção, mas que ele pode acionar um comutador que a 15 sessões, continuam a ser aplicadas até que o
simultaneamente põe fim à projeção e aos choques. cliente exiba uma mudança clara na sua orientação
Se ele desligar a projeção dentro de um período de sexual. Além disso, o cliente volta ao consultório
8 segundos, o choque é esquivado; se, por outro para cerca de 8 ou 10 sessões de “incentivo” du­
lado, continuar a observar o slide além do tempo rante o ano seguinte à completação do programa.
designado, receberá um choque doloroso através Feldman e MacCulloch (1965) apresentam resul­
de eletródios ligados à sua perna. tados preliminares para 19 homossexuais crônicos
Na suposição de que procedimentos de treina­ não-selecionados e tratados com esse método. Três
mento variados produzirão respostas de esquiva al­ casos abandonaram a terapia; 10 entre 12 clientes
tamente resistentes à extinção, a ocorrência de con­ com menos de 40 anos e 1 entre 4 casos com mais
seqüências negativas é variada randomicamente de 40 obtiveram mudanças acentuadas em sua
com respeito à sua freqüência e distribuição. Con­ orientação sexual. De acordo com os autores, o in­
tingências aversivas imprevisíveis podem produzir teresse dos clientes em homens diminuiu conside­
freqüências estáveis de respostas de esquiva na si­ ravelmente e as práticas homossexuais foram vir­
198 CONTROLE AVERSIVO

tualmente eliminadas, enquanto que interesses, pleta só poderá ser feita após a realização de estu­
fantasias e comportamento heterossexuais aumen­ dos controlados.
taram substancialmente. Além disso, em todos os
casos menos um, o comportamento heterossexual Remoção de Reforçadores Positivos
desenvolvido, notado imediatamente após o trata­ Consequências aversivas sob a forma de punição
mento, foi mantido ou aumentado durante os pe­ física são raram ente utilizadas como método de
ríodos de seguimento que variaram de 2 a 14 me­ controle do comportamento em situações naturais.
ses. A remoção de reforçadores positivos, por outro
MacCulIoch, Feldman e Pinshoff (1965) também lado, é uma maneira muito comum de se exercer
registraram as latências das respostas e os concomi­ controle aversivo (Bandura e Walters, 1959; Sears,
tantes fisiológicos do condicionamento de esquiva Maccoby e Levin, 1957). É esse método exemplifi­
em uma pequena subamostra de casos, a fim de cado por sanções negativas, em que pessoas são

PS
determinar se as medidas de respostas obtidas du­ privadas por um certo tempo de recompensas e
rante o tratamento tinham valor para a predição do privilégios que estão em geral disponíveis, como,
comportamento sexual pós-terapia. Clientes que al­ por exemplo, o uso de televisão, automóveis ou cer­
cançaram e mantiveram uma orientação heterosse­ tas facilidades; são elas temporariamente removidas
xual exibiram latências de respostas de esquiva a de situações recompensadoras; são impedidas de

U
estímulos homoeróticos progressivamente mais cur­ sair ou de participar de atividades agradáveis; ou
tas; mostraram eles fortes respostas de aproxima­ são elas temporariamente forçadas a privar-se de

O
ção a fotografias femininas à medida que a terapia outros objetos ou passatempos que valorizam. Pena­
progredia, e exibiam respostas autônomas condi­ lidades de caráter monetário são também freqüen­
cionadas a figuras masculinas. Em contraste, aque­ temente impostas como punição, particularmente

R
les que voltaram às práticas homossexuais exibiram no caso de adultos.
irregularidade considerável nas latências das res­ A remoção de reforçadores positivos como téc­
postas, tendências fracas de aproximação a estímu­
los- femininos e pequeno ou nenhum condiciona­
mento autônomo. Esses resultados, embora extre-
memente interessantes e consistentes com os corre-
Gnica de punição deve ser operacionalmente distin­
guida dos procedim entos de extinção, em bora
ambos os métodos possam estar reduzindo a res­
posta através de alguns processos comuns. Na ex­
KS
latos que seriam de esperar para o caso de uma tinção, conseqüências que ordinariamente seguem
aprendizagem de esquiva bem-sucedida, devem ser o comportamento são simplesmente descontinua­
confirmados em uma amostra mais ampla antes das; na punição, o comportamento resulta na apli­
que seu valor preditivo possa ser adequadamente cação de conseqüências aversivas através da priva­
O

avaliado. ção de reforçadores positivos. Assim, ao se extin­


Feldman e MacCulIoch atribuem os resultados guir a agressão mantida pela atenção dos compa­
terapêuticos principalmente ao componente de es­ nheiros, o comportamento é consistentemente ig­
BO

quiva do procedimento de tratamento. As mudan­ norado; sob a contingência de punição, entretanto,


ças comportamentais também refletem os efeitos da as recompensas originadas da atenção dos compa­
aversão classicamente condicionada a estímulos nheiros são contrapostas ao confinamento do su­
masculinos e o valor de redução do stress das pistas jeito em seu próprio quarto, à perda do privilégio
femininas. Os resultados altamente favoráveis rela­ de assistir à televisão ou a qualquer outro tipo de
conseqüência negativa. Como também acontece
EX

tados por Feldman e MacCulIoch são particular­


mente impressionantes, quando se considera que com outras formas de controle aversivo, a quanti­
não houve seleção de casos e que os programas su­ dade de redução de comportamento produzida por
plementares destinados a desenvolver adequados punição através da remoção de reforçadores positi­
repertórios de com portam entos heterossexuais vos dependerá, entre outros fatores, da magnitude
D

foram raramente utilizados. relativa das conseqüências opostas. O modo mais


Bond e Evans (1967) eliminaram com sucesso o efetivo de se eliminar permanentemente respostas
indesejáveis é, sem dúvida alguma, o de remover as
IN

fetichismo com relação a roupas de baixo por meio


da aplicação contingente de conseqüências aversi­ condições positivas que mantêm o comportamento.
vas em dois meninos que repetidamente saqueavam Em inúmeras situações, entretanto, as recompensas
varais de roupa para se apoderarem de roupas de dispensadas por outras pessoas não podem ser fa­
baixo femininas. Foram apresentados aos meninos, cilmente controladas. Em tais circunstâncias, san­
em ordem randômica, 20 objetos fetichistas e 20 ções negativas podem ser efetivamente empregadas
objetos neutros; e foram eles punidos com choques para reduzir padrões de respostas divergentes e
intermitentes enquanto removiam os objetos feti­ mantê-las sob controle, enquanto modos alternati­
chistas. Relatam os autores que, após diversas ses­ vos de comportamento estejam sendo estabelecidos
sões, os meninos perderam seu interesse em roupas e fortalecidos.
de baixo femininas e descontinuaram permanen­
temente seus saques aos varais. Os métodos utiliza­ ESTUDOS EXPERIMENTAIS DA PUNIÇÀO POR
REMOÇÃO DO REFORÇO
dos nos estudos acima parecem conter algumas
promessas para a modificação de comportamento Estudos de laboratório sobre a eficiência da pu­
sexual divergente, mas uma avaliação mais com­ nição por remoção do reforço foram amplamente
CONTROLE AVERSIVO 199

confinados a procedimentos em que a ocorrência des negativas (Ferster, 1960; Ferster, Appel e Hiss,
de respostas selecionadas produzia uma perda ou 1962). Ao contrário dos efeitos da punição física,
afastamento tem porário do reforço positivo até entretanto, os eventos estimuladores que sinalizam
então disponível. Um certo número desses experi­ o advento da remoção do reforço não parecem dar
mentos foi principalmente destinado a determinar origem a ativação emocional disruptiva (Leiten­
se a punição por remoção de reforço positivo fun­ berg, 1965).
ciona como um estímulo aversivo análogo à estimu­ Diversas tentativas foram feitas para comparar o
lação por choque ou outros eventos fisicamente do­ poder relativo da remoção do reforço e da apresen­
lorosos (Azrin e Holz, 1966; Leitenberg, 1965). Os tação de estímulos fisicamente aversivos na redução
resultados geralmente demonstram que as conse­ de padrões de respostas selecionados. Tolman e
qüências da remoção de reforço positivo podem Mueller (1964) utilizaram tipos diferentes de puni­
produzir reduções duráveis em respostas, se um ções com um macaco rhesus jovem, que havia de­

PS
modo alternativo de comportamento estiver dispo­ senvolvido uma notável afinidade por um dedo do
nível para o sujeito (Holz, Azrin e Ayllon, 1963) ou pé; dormia geralmente com ele na boca e o sugava
se tiverem sido removidas as contingências que enquanto se movimentava sobre as duas mão e um
mantinham o comportamento (Baer, 1961; Nigro, pé. Uma vez que o macaco havia interagido princi­
1966). palmente com seres humanos (as práticas de cria­

U
Os resultados de um experimento ilustrativo rea­ ção de macacos não teriam provavelmente produ­
lizado por Baer (1962), entretanto, revelam que os zido um sugador crônico do dedo do pé), o contato

O
efeitos redutivos são transitórios, no caso de com­ visual com pessoas (vistas através de uma pequena
portam ento que continue a produzir poderosas janela) serviu como reforçador positivo. Períodos
conseqüências auto-reforçadoras. Meninos peque­ de punição, durante os quais a janela era fechada

R
nos que apresentavam persistente comportamento todas as vezes que o macaco colocava o dedo do pé
de chupar o polegar foram colocados em uma sala na boca e aberta após a remoção do dedo, foram
onde se exibiu um desenho animado. Os dois me­
ninos assistiam ao filme juntos, mas a interrupção
do desenho se dava de modo contingente ao com­
G
alternados com períodos de não-punição, durante
os quais a ja n ela perm aneceu continuam ente
aberta. A segunda fase do experimento seguiu pro­
cedimento semelhante; o fechamento da janela, en­
portamento de chupar o polegar por parte de um
KS
deles, enquanto que essa mesma resposta não resul­ tretanto, foi substituído por sons desagradáveis
tava em interrupção do filme no caso do segundo contingentes à colocação do dedo do pé na boca,
menino. No meio do experimento, as condições que eram eliminados assim que o dedo era remo­
foram invertidas. A interrupção contingente do de­ vido. Durante a punição não-contingente, os sons
O

senho animado produziu um decréscimo notável aversivos foram simplesmente apresentados a in­
no comportamento de chupar o polegar, mas ne­ tervalos periódicos sem consideração do compor­
nhuma redução ocorreu quando a punição foi rela­ tamento do animal. A punição através de estimula­
BO

cionada randomicamente ao comportamento. En­ ção sonora aversiva produziu redução marcante do
tretanto, durante os períodos em que a punição comportamento de chupar o dedo; a recuperação
contingente foi suspensa, os meninos prontamente foi retardada, mas, uma vez emitida a resposta,
reverteram ao comportamento de chupar o pole­ reapareceu ela com freqüência relativamente alta.
gar. Destarte, a punição por remoção dos estímulos so­
EX

Os estudos acima demonstram que a remoção ciais resultou num decréscimo menos abrupto; a
breve de um reforço pode funcionar de modo recuperação foi mais gradual e menos completa.
análogo a um estímulo aversivo na redução do Dados com parativos são de avaliação ditícil
com portam ento. Efeitos redutivos semelhantes quando baseados em experim ento com sujeito
podem ser obtidos por punição por meio da con­ único, no qual a potência dos estímulos punitivos
D

tingência do custo da resposta, na qual pontos mo­ não foi equacionada e possíveis efeitos ae ordem
netários são perdidos todas as vezes que for de­ não foram controlados. Entretanto, os achados de
IN

sempenhado o comportamento negativamente san­ Tolman e Mueller foram essencialmente corrobo­


cionado (Elliott e Tighe, 1968; Weiner, 1962). Pes­ rados por McMillan (1967), que avaliou a eficácia
quisas de laboratório de outros efeitos comporta- relativa do choque contingente e da remoção tem­
mentais da remoção do reforço fornecem evidência porária de recompensas na eliminação de uma res­
adicional de que possui essa prática algumas das posta contemporaneamente reforçada. Ambos os
propriedades funcionais de um evento aversivo. Foi tipos de punição reduziram as respostas pratica­
demonstrado (Ferster, 1958; Morse e Herrnstein, mente ao mesmo grau, mas os procedimentos de
1956; Zimmerman, 1963) que o comportamento remoção do reforço ficaram associados a uma
que evita ou elimina a remoção do reforço é efeti­ menor recuperação comportamental.
vamente mantido praticamente do mesmo modo A utilização complementar da punição por remo­
em que são as respostas de esquiva mantidas por ção do reforço tem certas vantagens sobre os pro­
seu sucesso em evitar a ocorrência de conseqüên­ cedimentos fisicamente aversivos. Como mostrado
cias fisicamente danosas. Além disso, estímulos anteriormente, intervenções aversivas podem ativar
neutros que são regularmente associados com a medo e esquiva dos agentes punitivos e assim en­
remoção do reforço tendem a adquirir proprieda­ fraquecer sua influência potencial. Em contraste,
200 CONTROLE AVERSIVO

métodos que envolvem principalmente a remoção programa prescrito sob orientação e direção dos
de reforçadores positivos não somente geram efei­ psicólogos.
tos emocionais muito mais fracos, mas tendem A maior parte dos problemas comportamentais
também a promover e manter a orientação em di­ recorrentes do menino, que dificultavam qualquer
reção aos agentes que controlam os recursos positi­ tentativa de tratamento, foi eliminada por um pro­
vos desejados. Se a restauração dos reforçadores cedimento combinando extinção e punição através
positivos é feita de modo contingente ao desem­ da remoção de reforço. Na modificação do com­
penho de comportamentos alternativos, rápidas portam ento de acessos de cólera, por exemplo,
mudanças com por lamentais podem de fato resul­ sempre que o menino se esbofeteava e choramin­
tar. gava, era colocado em seu quarto, onde permanecia
até que o acesso terminasse. Durante a fase inicial
CONTROLE COMPORTAMENTAL POR do tratamento, os atendentes apresentavam elabo­
REMOÇÃO DE REFORÇADORES POSITIVOS

PS
radas explicações e justificativas enquanto o escol­
A remoção do reforço mostrou ser um meio efe­ tavam até o quarto e o cumulavam de atenções
tivo de controlar comportamentos inconvenientes quando retornava, com o resultado de passar o
que freqüentemente impedem o próprio desenvol­ menino a exibir freqüentes acessos de cólera segui­
vimento da pessoa e prejudicam seriamente o dos de breves e maquinais voltas para o quarto. Um

U
bem-estar de outros. Se combinada com métodos tempo mínimo de 10 minutos foi então instituído
que promovem alternativas construtivas, essa forma para a permanência no quarto, e os atendentes

O
de controle comportamental pode ser útil na ob­ foram instruídos para minimizar o inadvertido re-
tenção de mudanças duradouras no com porta­ forçamento social. Sob essa contingência, a fre­
mento social. qüência dos violentos acessos de cólera declinou

R
Nas aplicações dos procedimentos de remoção de gradualmente e finalmente desapareceu. Proble­
reforçadores positivos, comportamentos que são mas com relação à alimentação — o menino rou­
considerados inaceitáveis e as conseqüências que
passarão a produzir são claramente explicados an­
tecipadamente. Quando a exclusão social é empre­
gada como a conseqüência negativa, como geral­
G
bava alimento do prato de outras crianças, atirava-o
pelo aposento ou comia com os dedos — foram ra­
pidamente eliminados de modo semelhante. Os
atendentes simplesmente o removiam da sala de re­
KS
mente acontece, cada transgressão rçsulta numa feições durante o resto da sua refeição sempre que
breve remoção social que é levada a cabo imedia­ se apoderava de alimento dos outros meninos ou
tamente, naturalmente e de maneira firme mas não quando o atirava em volta após uma advertência, e
hostil. Se, durante o intervalo da remoção, a pessoa retiravam seu prato por alguns minutos sempre
O

continuar a exibir comportamento turbulento, o que comia com os dedos.


período de exclusão é prolongado até a cessação do A utilização da exclusão social leva algumas vezes
comportamento. Sob esse tipo de contingência, o a novos problemas que devem ser depois resolvi­
BO

autocontrole é rapidamente estabelecido. Uma vez dos. Durante o período de isolamento, a criança
que a atenção social que acompanha uma interven­ pode, por exemplo, passar a quebrar a mobüia do
ção disciplinar pode reforçar o comportamento di­ quarto, infligir-se ferimentos ou exibir outros com­
vergente precedente, o agente da mudança deve portamentos prejudiciais. Esse problema surgiu sob
minimizar tanto quanto possível a interação social e forma branda durante o tratamento dos padrões
verbal enquanto estiver sendo aplicada a sanção do com portam ento de dorm ir do menino, que
EX

negativa. eram extremamente irregulares e exigiam a pre­


A maneira pela qual as contingências de remoção sença prolongada dos pais ou dos atendentes à
podem ser empregadas como parte de um pro­ hora de dormir. Após a completação das agradáveis
grama amplo é ilustrada no tratamento de um me­ rotinas da hora de dormir, o menino era posto na
D

nino autista de três anos de idade por Wolf, Risley cama, deixando a porta do quarto aberta. Se se re­
e Meers (1964). Além de comportamento social e cusasse a permanecer na cama, a porta era fechada,
o que inicialmente deu origem a acessos de cólera.
IN

verbal severamente retardado, o menino exibia vio­


lentos acessos de cólera que incluíam bater a ca­ Esses acessos foram controlados por meio da exten­
beça, golpear a própria face, puxar o cabelo e arra­ são do tempo em que a porta permanecia fechada
nhar o rosto. Após um acesso de cólera, ficava ele até depois da cessação do ataque. Sob a contingên­
ferido, sangrando e se recusando a dormir á noite, cia de punição cumulativa, os acessos rapidamente
obrigando um dos pais ou os dois a permanecer ao desapareceram e padrões de sono normal foram es­
lado de sua cama. Sedativos, tranqüilizantes e res­ tabelecidos na sexta noite. Semelhantemente, a re­
trição física foram aplicados sem sucesso. Quando moção destrutiva dos óculos cessou em cinco dias,
se tornou claro que a Tecusa em usar óculos (que se quando o menino era colocado em seu quarto por
tornaram necessários após a correção cirúrgica de 10 minutos sempre que atirava seus óculos ou até
problemas de catarata) poderia levar finalmente à que cessassem os ataques de cólera que porventura
cegueira, a equipe do hospital convidou alguns psi­ se desenvolvessem.
cólogos para que projetassem um programa de tra­ O relato acima enfatizou os controles aversivos. É
tamento para ele. Aiendentes do hospital, e mais preciso notar que, no programa total, o reforça-
tarde os próprios pais, puseram em execução o mento positivo foi também extensamente utilizado
CONTROLE AVERSIVO 201

para leVar o menino a usar os óculos, e foi ele posi­ des diárias sociais e recreativas, após ter sido elimi­
tivamente orientado e recompensado por padróes nado o contínuo comportamento de automutilação.
de comportamento mais apropriados. Antes do tra­ Fizeram os autores a interessante observação de
tamento, o menino não dispunha de nenhum a que, em seguida à remoção do difuso comporta­
habilidade de comunicação, que foi depois gra­ mento divergente, os sujeitos começaram a fazer
dualmente estabelecida através da modelação re­ contato com aspectos do ambiente potencialmente
forçada. O desenvolvimento de competências mais recompensadores, que sempre estiveram disponí­
recompensadoras contribuiu, sem dúvida alguma, veis e que automaticamente reforçaram modos de
para a eficácia da punição branda. comportamento adequados. Uma vez que se tenha
iniciado uma interação auto-regulada entre com­
À medida que as condições do menino melhora­
portamento e contingências comportamentais, am­
vam, os contatos com sua família e sua casa foram plas mudanças podem surgir mesmo se comporta­
progressivamente aumentados. Inicialmente, os mentos alternativos não tiverem sido deliberadamente

PS
pais visitavam o hospital por uma hora e observa­ estabelecidos.
vam o modo pelo qual acessos de cólera e proble­
mas à hora de dormir eram tratados pelos atenden- Diversos relatos de casos adicionais foram publi­
tes. Subseqüentemente, os pais fizeram diversas vi­ cados, fornecendo dados quantitativos que indicam
sitas por semana, durante as quais um atendente os a eficácia dos procedimentos de remoção na modi­

U
observava e instruía enquanto lidavam com o filho. ficação de diversos distúrbios comportamentais.
Em seguida, começou o menino a fazer pequenas Sloane, Johnston e Bijou (1968) eliminaram rapi­

O
visitas aos pais em casa, acompanhado por um damente agressividade extrema num menino em
atendente, seguidas de visitas progressivamente idade pré-escolar, e Burchard e Tyler (1965) redu­
mais longas. Após a alta, não manifestou mais seve­ ziram o comportamento anti-social de um adoles­

R
ros problemas comportamentais, tornou-se crescen­ cente delinqüente por meio da exclusão social con­
temente verbal e as interações em família passaram tingente. Esse procedimento foi também utilizado
a ser consideravelmente mais agradáveis. Os pro­
cedimentos de reforçamento foram extensamente
aplicados durante diversos anos durante sua per­
manência numa escola maternal, onde o menino
G
por Tyler e Brown (1967) em termos grupais com
delinqüentes institucionalizados. O “staff’ de um
centro de reabilitação teve dificuldades em contro­
lar comportamento disruptivo e agressivo em me­
KS
fez progressos suficientes para poder matricular-se ninos delinqüentes, que se mostravam excessiva­
numa escola pública (Risley e Wolf, 1966; Wolf, mente turbulentos durante os períodos de recrea­
Risley, Johnston, Harris e Állen, 1967). Os proce­ ção, mas não tanto a ponto de merecerem punições
dimentos de remoção foram usados ocasionalmente severas. Foi então instituído um programa envol­
O

nas primeiras fases para eliminar os acessos de có­ vendo períodos breves de punição branda por
lera, exibidos sempre que era solicitado a desem­ comportamento inadequado, a fim de controlar o
penhar determ inadas tarefas, e para controlar grupo. Todas as vezes que um menino exibia um
BO

comportamento lesivo para com outras crianças. comportamento faltoso era imediatamente colo­
cado num aposento do “cottage” por 15 minutos,
Já foram feitas referências a diversos estudos em sem nenhuma ameaça, invectiva, sermão ou nego­
que o comportamento autolesivo em crianças autis­ ciação para uma segunda oportunidade. De modo
tas foi completamente eliminado ou consideravel­ consistente com achados anteriores, remoção social
mente reduzido por remoção de reforço. Métodos breve produziu um declínio marcante na incidência
EX

semelhantes foram utilizados com sucesso por Ha­ do comportamento disruptivo. A fim de se deter­
milton, Stephens e Allen (1967) na eliminação de minar se a punição tinha efeitos duradouros, as
comportamento agressivo lesivo e autodestrutivo conseqüências aversivas foram descontinuadas; em
em adolescentes severamente retardados. Em cada vez disso, o “staff’ repreendia os meninos verbal­
D

caso, o indivíduo foi fisicamente confinado a uma mente, e ocasionalmente fechava o local de recrea­
cadeira numa área reservada aos procedimentos de ção temporariamente quando seu comportamento
remoção por um período determinado em seguida mostrava-se completamente incontrolável. Durante
IN

à ocorrência de comportamento lesivo. Num caso, o período em que sanções negativas foram removi­
por exemplo, uma menina bateu a cabeça e as cos­ das houve um aumento rápido na freqüência das
tas contra uma parede num total de 35.906 vezes faltas. Entretanto, quando a contingência de puni­
durante quatro períodos de observação de seis ção foi subseqüentemente reinstalada, o compor­
horas — cerca de uma vez em cada três segundos! tamento disruptivo cedeu com igual rapidez e per­
Quando foi mais tarde utilizada a contingência de maneceu num nível baixo. Aparentemente, os me­
remoção, o comportamento de bater com a cabeça ninos foram capazes de discriminar rapidamente as
sofreu rapidíssima redução para um nível negli- mudanças nas condições de reforçamento e regula­
genciável de 7, 2, 0, 1,0 por cinco semanas sucessi­ ram seu comportamento em conformidade. Ficou
vas e nunca mais reapareceu durante os nove meses assim provado que constitui o controle aversivo
em que se fez um estudo de seguimento. De impor­ uma técnica de controle altamente efetiva; mas, ao
tância considerável, tanto do ponto de vista clínico contrário dos achados anteriores, não foi capaz de
quanto ético, é o fato de os retardados terem pas­ produzir m udanças durad o u ras no com porta­
sado a participar com prazer evidente das ativida- mento.
202 CONTROLE AVERSIVO

Os resultados conflitantes são provavelmente de­ belecidas anteriormente de maneira consistente e


vidos aos tipos de sistemas de reforçamento criados objetiva tem maior probabilidade de levar a criança
pelos companheiros nas instituições para delin­ a considerar as intervenções disciplinares como
qüentes. Um estudo de observação feito por Bueh- conseqüências naturais e inevitáveis de seu compor­
ler, Patterson e Furniss (1966) revelou que compa­ tamento, ao invés de tratamento arbitrário e malé>
nheiros delinqüentes fornecem amplo reforça- volo por parte do professor. Se a criança recusar-se
menio positivo para comportamento anti-social, e a sair quando for solicitada, o d ireto r deverá
tipicamente punem atitudes e comportamento que removê-la, e o período de exclusão será automati­
se mostram conformes às normas institucionais. Se camente prolongado.
as sanções negativas aplicadas pelos membros do Quando a criança chega em casa, os pais são ins­
“staff’ forem suficientemente fortes para sobrepujar truídos a mantê-la no local durante o resto do ho­
a influência dos companheiros, o comportamento rário escolar, mas a evitar puni-la, censurá-la ou
socialmente conformista poderá ser obtido e man­ aplicar qualquer outra medida disciplinar. A fun­

PS
tido enquanto permanecerem em efeito as sanções ção do psicólogo é a de estruturar e supervisionar o
institucionais. Entretanto, quando os controles programa, oferecer aos participantes assistência po­
aversivos forem removidos, as práticas de reforça­ sitiva quando necessária e decidir quando devem as
mento dos companheiros reinstalarão rapidamente contingências ser descontinuadas.
os padrões de comportamento divergente. Para al­

U
Relatam os autores que aplicação sistemática das
cançar mudanças estáveis no comportamento, é conseqüências de exclusão produz rápida e dura­
preciso modificar os sistemas de contingências pra­ doura redução de comportamento cronicamente

O
ticados pelos companheiros como foi feito, por disruptivo, mas nenhum dado quantitativo é apre­
exemplo, por Cohen (1968), que colocou com su­ sentado e não há nenhuma especificação das condi­
cesso o modo de vida dos delinqüentes dentro da

R
ções sob as quais é esse método mais eficiente. É
instituição em bases de autodeterminação. Quando aparente que um procedimento de exclusão não
as contingências são organizadas de modo que o produzirá nenhuma modificação comportamental
comportamento construtivo venha a ser adequa­
damente reforçado e o comportamento anti-social
tenha vantagens lim itadas, as personalidades
anti-sociais se mostram menos inclinadas a procu­
G
ou poderá até mesmo aumentar as respostas diver­
gentes, se a situação da qual a pessoa está sendo
removida não é recompensadora ou é altamente
KS
desagradável. Sob tais circunstâncias, a remoção
rar recompensas logrando os membros do “staff’ terá efeitos reforçadores e não punitivos. Foi mos­
ou a partir das reações perturbadas de outros às trado por meio de estudos de laboratório (Herrns-
transgressões produtoras de crises (Colman e Ba­ tein, 1955), por exemplo, que o comportamento
ker, 1968). que produz uma remoção temporária da situação
O

A “exclusão sistemática” está sendo cada vez mais de reforçamento aumenta em freqüência, se as
empregada na situação escolar (Chapman, 1962; condições de reforçamento que o comportamento
evita são relativamente desfavoráveis.
BO

Kiersey, 1958), como um meio de controlar com­


portamento seriamente perturbador em crianças A eficiência dos procedimentos de exclusão pode
depois de terem falhado todos os métodos disponí­ provavelmente ser altamente facilitada se, além da
veis. Nesse programa, a criança» seus pais, seu pro­ contingência de punição, a criança receber certos
fessor, o psicólogo escolar e o diretor se reúnem privilégios e recompensas por cada período de
para organizar contingências explícitas entre o aulas durante o qual não apresentar com porta­
EX

comportamento disruptivo da criança e suas conse­ mento disruptivo. Seria também interessante pes­
qüências sociais. Nessa reunião, o papel de cada quisar o grau em que o comportamento divergente
participante é especificamente delineado. É expli­ diminui como função das diferentes durações da
cado que a escola não pode perm itir que uma exclusão, dos tipos de situação para a qual é a
criança continue a perturbar as atividades educa­ criança removida e da atratividade ao ambiente do
D

cionais de uma classe inteira. A ajuda da criança é qual é retirada. Achados de estudos utilizando con­
solicitada para controlar, tanto quanto possível, o tingências de remoção para controlar comporta­
IN

comportamento que tem efeitos perturbadores em mento seriamente divergente indicam que períodos
todos os envolvidos. Todas as vezes que a criança muito breves de exclusão podem funcionar tão bem
exibir comportamento que claramente exceda cer­ ou até melhor do que a suspensão de um dia in­
tos limites explicitamente definidos, o professor lhe teiro das atividades escolares.
solicitará que deixe a escola pelo resto do dia. A fim
de remover qualquer reforçamento posidvo inad­ Sum ário
vertido para o comportamento divergente, o pro­ O presente capítulo discutiu os processos pelos
fessor é instruído para não ameaçar, induzir, solici­ quais padrões de respostas são eliminados através do
tar ou censurar a criança, e também para não se uso de estímulos punitivos. Conseqüências de puni­
envolver em tentativas de persuadi-la a alterar seu ção podem envolver tanto a remoção de reforçado­
comportamento. Em vez disso, as sanções estabele­ res positivos quanto a apresentação de eventos
cidas previamente são aplicadas imediata, franca e aversivos. Supõe-se que a punição desenvolva seus
diretamente e com toda a naturalidade. O fato de efeitos redutivos pela produção de medo condicio­
o professor aplicar contingências discutidas e esta­ nado que elicia comportamentos inibitórios ou pela
CONTROLE AVERSIVO 203

facilitação do aparecimento de respostas que são tente são consideravelmente mais encorajadores do
incompatíveis com o comportamento punido .e são que os achados de laboratório nos levariam a fazer
portanto capazes de suplantá-lo. O grau de con­ crer. C om portam ento auto m u tilad o r crônico,
trole exerddo pela punição é em grande parte uma cãibras ocupacionais enfraquecedoras de longa
função da intensidade, duração e distribuição das duração, gagueira, agressão anti-social e padrões
conseqüências aversivas, sua relação temporal com divergentes de comportamento social foram subs­
o comportamento a ser modificado, a força com tancialmente reduzidos ou eliminados por métodos
que as respostas punidas estão sendo concomitan- baseados sobre a aplicação contingente de conse­
temente reforçadas, a disponibilidade de modos al­ qüências negativas.
ternativos de comportamento para a obtenção de
recompensas, o nível de instigação para o desem­ A relativa ineficiência da punição ha produção
penho de comportamento negativamente sancio­ de efeitos redutivos duráveis em situação de labora­
nado e as características psicológicas dos agentes tório deve ter provavelmente resultado do fato de

PS
punitivos. constituir a resposta punida, com poucas exceções,
o único meio de obter recompensas. Portanto, não
Um certo núm ero de teorias diferentes foi é de surpreender que, em situações em que só é
proposto com relação ao locus do controle aver­ possível uma resposta, o comportamento punido
sivo. Estímulos ambientais que são regularmente

U
seja desempenhado por algum tempo mesmo se in­
associados com experiências punitivas podem correr em conseqüências aversivas, e reapareça fre­
tornar-se eliciadores condicionados de medo e ter qüentemente quando a punição é descontinuada.

O
efeitos supressivos sobre o comportamento. Uma Ao contrário disso, as pessoas têm geralmente nu­
segunda interpretação é a de que estímulos pro- merosas opções disponíveis na vida diária. Mesmo
prioceptivos tendo origem no próprio comporta­

R
se a punição puder somente inibir temporariamente
mento punido adquirem propriedades reforçado­ as respostas dominantes, durante o período de su­
ras negativas através da associação com experiên­ pressão, modos alternativos de com portam ento
cias punitivas em ocasiões anteriores. Embora a
punição contingente à resposta produza efeitos re-
dutivos, a evidência de que inibições comportamen-
tais podem ser prontamente adquiridas e extintas,
G
podem ser suficientemente fortalecidos para su­
plantar as tendências de resposta originais. Além
disso, a breve cessação do comportamento que é al­
KS
tamente perturbador para outros pode evpntual-
sob o efeito do curare ou através de experiências mente dar origem a reações positivas por parte de
vicárias sem a intervenção de nenhuma resposta pessoas envolvidas. As novas condições de reforça-
motora, desafia seriamente os pontos de vista peri­ mento criadas pela cessação das respostas divergen­
féricos de que o controle aversivo resida principal­ tes podem promover e manter o seu abandono.
O

mente em pistas produzidas pela resposta. Ao con­ Pela mesma razão, roedores ou pombos, que fos­
trário disso, esses achados dão peso à teoria de que sem subitamente cumulados de pelotas de alimento
os efeitos da punição são mediados através de me­
BO

e de crescente atenção positiva por parte de seus


canismos de controle central. Na base de conse­ aliviados companheiros, após inibirem uma res­
qüências de respostas anteriores, experimentadas di­ posta de premer a alavanca socialmente perturba­
reta ou vicariamente sob diferentes circunstâncias, dora, abandonariam sem dúvida alguma a acari­
os indivíduos inferem a probabilidade de que um nhada alavanca mais rapidamente do que o fariam
determinado curso de ação virá a produzir resulta­ se nenhuma atividade alternativa estivesse disponí­
dos punitivos. A representação simbólica dessas
EX

vel e a inibição da resposta não produzisse nenhum


conseqüências antecipadas pode exercer algum outro resultado que não a remoção da estimulação
grau de controle sobre a responsividade manifesta. aversiva e a perda das recompensas alimentares.
O mesmo comportamento pode, portanto, ser li­ Por essas e outras razões, as implicações sociais dos
vremente expresso ou inibido em situações ambien­ achados de laboratório com relação ao controle
D

tais semelhantes, como resultado de discriminações aversivo devem ser aceitas com reservas.
complicadas de diferenças nas contingências de re-
forçamento.
IN

Alguns dos citados produtos secundários do con­


Formas aversivas de controle foram principal­ trole aversivo podem ser evitados ou reduzidos em
mente empregadas para eliminar respostas persis­ grande parte pelo uso de procedimentos de discri­
tentes que são automaticamente auto-reforçadoras minação em conjunto com conseqüências punitivas.
por sua própria ocorrência, para reduzir a incidên­ Além disso, a punição baseada sobre remoção de
cia de padrões de comportamento seriamente de- reforçadores positivos reduz em geral o comporta­
sadaptativos para os quais os reforços positivos mento indesejável sem produzir aprendizagem de
m antenedores não podem ser identificados ou medo ou comportamento de esquiva. Esse proce­
prontam ente eliminados e para colocar rapida­ dimento tende também a manter fortes tendências
mente sob controle respostas que têm conseqüên­ de aproxim ação aos agentes da m udança, e,
cias lesivas para o sujeito que as desempenha ou quando a reinstalação de aprovação, posses ou j>ri-
outros. Enquanto os achados de estudos controla­ vilégios é realizada de modo contingente a compor­
dos são ainda um tanto limitados, resultados preli­ tam ento mais apropriado, fornece ele apoio e
minares da aplicação de procedimentos aversivos à orientação mais positivos do que a mera adminis­
modificação de comportamento divergente persis­ tração de conseqüências negativas.
204 CONTROLE AVERSIVO

A eliminação duradoura de comportamento in­ quanto modos alternativos de comportamento estão


conveniente pode ser mais efetivamente facilitada sendo estabelecidos e fortalecidos. Outros meios de
pela punição se padrões de resposta competitivos enfraquecer o comportamento indesejável, basea­
forem simultaneamente recompensados. Sanções dos sobre operações de extinção, serão discutidos
negativas podem, portanto, ser utilizadas com su­ no próximo capítulo.
cesso para controlar respostas indesejáveis en ­

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EX
D
IN
6
Extinção
Q uando o reforçam ento para uma resposta exerce uma influência supressora tempofária sobre

PS
aprendida não é apresentado, os indivíduos conti­ o comportamento. Um certo apoio para a hipótese
nuarão a exibir este comportamento por um tempo da fadiga é fornecido pelo fenômeno bem conhe­
limitado. Sob repetido não-reforçamento, porém, o cido da remissão espontânea. Quando uma res­
comportamento decresce e eventualmente desapa­ posta foi inicialmente extinta, ela tende a reapare­

U
rece. Este decréscimo na reatividade como função cer, embora tipicamente com força reduzida, com o
da repetição não-recompensada de uma resposta passar do tempo, sugerindo uma dissipação de uma
recebe o nome de extinção. Em situações naturais, forma transitória de controle inibitório. O fato, po­

O
os padrões de resposta sustentados pelo reforça­ rém, de que a quantidade de recuperação que se
mento positivo são freqüentem ente eliminados segue a extinções sucessivas se torna progressiva­

R
simplesmente pela descontinuidade das recompen­ mente menor até que eventualmente chega a zero
sas que geralmente produzem o comportamento. O claramente indica que processos adicionais estão
comportamento de esquiva, que é mantido com envolvidos. Portanto, Hull postulou que além da
grande força pelo seu êxito em evitar experiências
aversivas antecipadas, pode, similarmente, ser ex­
tinto se, quando impedido de ocorrer na presença
G
inibição produzida pela resposta, a extinção tam­
bém envolve a produção de uma inibição condicio­
nada. O decréscimo persistente do comportamento
KS
de estímulos ameaçadores, nenhuma conseqüência foi explicado como segue: Quando a inibição rea­
adversa é gerada. Com a exposição repetida não- tiva atinge um alto nível, a cessação da atividade
reforçada a ameaças subjetivas, o comportamento alivia o estado motivacional aversivo, e, conseqüen­
protetor que é desapropriado às circunstâncias al­ temente, quaisquer estímulos associados com a pa­
teradas é eventualmente abandonado. Em ambos os rada da resposta se tornam inibidores condiciona­
O

casos o processo de extinção é essencialmente o dos. Nesta formulação, a redução da fadiga resul­
mesmo, em bora os procedim entos variem de tante do término do comportamento que produz
BO

acordo com a natureza das conseqüências mante­ uma estimulação aversiva constitui o evento refor­
nedoras. çador primário.

Interpretação do Processo de Extinção Seguir-se-ia da teoria da inibição que quaisquer


condições que aumentam a quantidade de inibição
A ia/ao de extinção é governada poi uma sei lc reativa deveriam facilitar a extinção. Os dois fatores
de fatores, entre os quais estão a irregulariedade que foram mais intensivamente investigados neste
EX

com que o comportamento foi reforçado no pas­ contexto são a razão da evocação das respostas e a
sado, a quantidade de esforço necessária para quantidade de esforço exigida para desempenhar o
desempenhá-lo, o nível de privação presente du­ comportamento. Em geral, os achados das pesqui­
rante a extinção, a facilidade com que mudanças sas (Kimble, 1961) indicam que há pouca diminui­
nas condições de reforçamento podem ser percebi­
D

ção nas respostas quando os ensaios de extinção são


das e a disponibilidade de modos alternativos de amplamente distribuídos no tempo, ao passo que a
resposta. Por causa da diversidade de variáveis con­ extinção ocorre rapidamente com urna evocação
IN

troladoras, um certo número de conceitualizações maciça de respostas. A evidência referente ao efeito


teóricas d ife re n te s da extinção foi p ro p o sto da quantidade de esforço sobre a extinção é um
(Kimble, 1961), cada qual enfatizando um aspecto tanto equívoca, mas a maioria das investigações
separado do fenômeno. Estas formulações e a evi­ mostrou que desempenhos envolvendo um gasto
dência em seu apoio serão revistas a seguir. considerável de esforço se extinguem com mais ra­
pidez do que aqueles que exigem pouco esforço.
TEORIA DA INIBIÇÀO CONDICIONADA
Embora a teoria da fadiga explique certos fenô­
De acordo com a teoria da extinção de Hull menos de extinção, há muitos fatos que não podem
(1943), a eliciação repetida não-reforçada de uma ser explicados adequadamente em termos da inibi­
resposta que demanda esforço gera um estado de ção gerada pelas respostas (Gleitman, Nachmias e
inibição análogo à fadiga, o qual tende a se opor à Néisser, 1954; Kimble, 1961; Mowrer, 1960). Em
recorrência da resposta. Como esta inibição reativa primeiro lugar, tanto a inibição reativa como a
se dissipa com o tempo, ela presumivelmente só condicionada dependem de uma evocação repetida
210
EXTINÇÃO 211

da resposta. Existe ampla evidência, contudo, que o dança no foco da'atenção para outros aspectos dis­
desempenho não-reforçado do comportamento é tintos do ambiente. No primeiro caso, que essen­
uma condição facilitadora mas não necessária da cialmente envolve um processo de contracondicio-
extinção. Estes achados são baseados em diferentes namento, a extinção resulta do desenvolvimento de
paradigmas, em cada um dos quais as respostas são novas respostas incompatíveis aos mesmos estímu­
ou parcialmente ou totalmente extintas sem jamais los, ou do reaparecimento de respostas de interfe­
terem sido desempenhadas. Nos estudos de “extin­ rência que foram previamente aprendidas.
ção latente”, por exemplo, animais que são sim­ Quaisquer condições, à parte da omissão do re­
plesmente colocados diretamente na caixa de alvo forçamento, que reduzam a probabilidade da ocor­
vazia um certo número de vezes, subseqüentemente rência do comportamento original, irão facilitar o
extinguem respostas instrumentais com maior ra­ aparecimento de padrões de resposta competido­
pidez do que grupos de controle colocados em ou­ res. Algumas destas condições, originalmente pro­

PS
tras situações que não possuem recom pensas postas por Guthrie (1935) incluem a introdução dos
(D eese, 1951; Sew ard e Levy, 1949; Moltz, estímulos controladores numa intensidade tão re­
1955). A extinção das respostas de esquiva pode, duzida que eles falham em evocar o comporta­
similarmente, ser grandemente facilitada indepen­ mento não-desejado; a repetição dos estímulos con­
dentemente das reações dos músculos do esqueleto troladores depois que as respostas originais foram

U
apresentando-se repetidamente um estímulo aver­ inibidas pela fadiga, para que novas tendências
sivo condicionado a sujeitos que estão muscular­ comportamentais possam ser aprendidas; e a apre­

O
mente imobilizados pelo curare (Black, 1958). Além sentação dos estímulos no contexto de eventos es­
do mais, as respostas autonômicas, que não produ­ timuladores mais poderosos que evocam respostas
zem estados de fadiga, também sofrem a extinção incompatíveis suficientemente fortes para sobrepu­

R
com uma eliciação repetida não-reforçadora. A ex­ ja r o comportamento indesejado. As técnicas de
tinção das não-respostas é talvez mais claramente prevenção das respostas que se apóiam sobre bar­
revelada pelos experimentos de extinção vicariante
(Bandura, 1968), nos quais resposlas de esquiva
com as quais é difícil de lidar e que já se instalaram
há mutio tempo são completamente eliminadas
G
reiras físicas (Carlson e Black, 1959; Solomon,
Kamin e Wynne, 1953) também fornecem um
meio para assegurar a ocorrência de respostas al­
ternativas na presença de estímulos condicionados
KS
utilizando-se apenas experiências de observação. aversivos. Numa teoria da extinção que enfatiza
A limitação das explicações da extinção em ter­ processos condicionados de relaxamento, Denny e
mos de inibição produzida pelas respostas também seus associados (Denny e Weisman, 1964; Weis-
é aparente nas investigações da resistência à extin­ tnan, Denny, Platt e Zerbolio, 1966) argum en­
O

ção como função das variações da percentagem, tam que o término ou a omissão de estimulação
magnitude e padrão serial do reforçamento, e das aversiva automaticamente produz respostas de re­
condições de aquisição variáveis. Embora os níveis laxamento que se generalizam retroativam ente
BO

terminais da aprendizagem alcançados sob circuns­ para a situação eliciadora de medo e competem
tâncias constantes e variáveis sejam essencialmente com o comportamento de esquiva.
idêniicos, aumentar as irregularidades das condi­ Dada a emergência de respostas competitivas,
ções de reforçamento e treino aumenta a resistên­ qualquer que seja a sua fonte, a natureza do refor­
cia subseqüente à extinção. Finalmente, em certos çamento que mantém as novas tendências compor­
EX

casos a eliciação não-reforçada pode resultar numa tamentais dentro da situação de extinção perma­
extinção extremamente rápida, às vezes num só en­ nece como digna de explicação. O leitor se recor­
saio antes que muita inibição reativa se possa de­ dará que a redução da fadiga associada com a ces­
senvolver. A evidência geral de pesquisa indica, sação do comportamento que demanda esforço era
portanto, que, embora a inibição produzida pela vista, na teoria de Hull, como reforçadora das res­
D

resposta possa ser um dos determinantes da extin­ postas inibitórias. Algumas pesquisas sugerem que
ção, sem dúvida existem processos adicionais en­ a cessação dos efeitos emocionais aversivos gerados
IN

volvidos. por estímulos provocadores de medo ou por uma


não-recompensa repetida também pode fornecer
A TEORIA DAS RESPOSTAS COMPETIDORAS um reforçamento de apoio.
Na in terp retação interferencial da extinção Page apresenta uma série de experimentos que
(Guthrie, 1935; Estes, 1959), o decremento de uma ilustram a extinção do comportamento de esquiva
resposta durante a evocação não-reforçada resulta por meio do desenvolvimento de respostas incom­
do aparecimento de respostas incompatíveis sufi­ patíveis. No estudo inicial (Page e Hall, 1953), os
cientemente fortes para sobrepujar o comporta­ animais aprenderam a evitar choques aplicados em
mento em andamento. Estas respostas competido­ um compartimento de uma caixa de alternação de
ras podem ser ligadas aos mesmos estímulos ou a posições escapando para um com partim ento
diferentes eventos estimuladores. Neste último neutro. As respostas de esquiva foram então extin­
caso, a diminuição da resposta reflete primaria­ guidas de duas maneiras: os animais do grupo de
mente uma inibição externa provocada pela ocor­ controle receberam ensaios de extinção regulares
rência simultânea de novos estímulos prepotentes nos quais executavam respostas de esquiva até que
que evocam tendências antagônicas, ou pela mu­ deixassem de fugir do compartimento ameaçador;
212 EXTIINÇÀO

os sujeitos experimentais foram detidos no compor­ a não-recompensa adquirem propriedades de eli-


tamento provocador de medo durante os cinco ciação de reações (Wagner, 1963), sua presença
primeiros ensaios e depois receberam ensaios de atenua a reatividade (Amsel e Surridge, 1964) e o
extinção tradicionais. O grupo da barreira extin­ escapar de pistas que significam não-recompensa
guiu o comportamento de esquiva aproxim ada­ pode reforçar novos desempenhos (Wagner, 1963).
mente três vezes mais depressa que o grupo de con­ O aparecimento de novo comportamento que é
trole. antagônico a respostas não-reforçadas indubitavel­
Para determinar se a eliminação das respostas de mente acelerará o processo de extinção. Em muitos
esquiva no primeiro estudo era devida à aquisição casos, porém, a eliminação rápida do comporta­
de respostas competidoras de proteção ou à neutra­ mento não-recompensado resulta do desenvolvi­
lização dos estímulos eliciadores de medo, Page mento de expectativas a respeito da probabilidade
(1955) conduziu um segundo experim ento que futura do reforçamento ao invés do condiciona­
m ento gradual de respostas incompatíveis aos

PS
procedeu da seguinte maneira: A fase inicial do es­
tudo, que duplicou o procedim ento do experi­ mesmos estímulos controladores. A teoria da dis­
mento anterior, similarmente demonstrou que os criminação da extinção, que será revista a seguir,
animais primeiro detidos no compartimento amea­ trata a extinção como um fenômeno mediado cen­
çador subseqüentemente extinguiram suas respos­ tralmente, e não perifericamente.

U
tas muito mais rapidamente do que os animais de
controle que receberam ensaios de extinção regula­ TEORIA DA DISCRIMINAÇÃO

O
res. Na segunda fase do estudo, projetada para As interpretações da extinção em termos da dis­
medir as propriedades aversivas dos estímulos con­ criminação enfatizam o papel dos processos obser­
dicionados, os animais foram colocados no compar­ vacionais e cognitivos. De acordo com esta formula­

R
timento neutro depois de terem sido privados de ção, o comportamento é desempenhado durante
alimento e o experimentador mediu a rapidez com algum tempo depois que o reforçamento foi omi­
que entravam no compartimento de choque para
obter a comida. Além disso, um grupo de animais
de controle que nunca tinham sido expostos à esti­
mulação de choque foi testado. As latências das
G tido porque o sujeito falhou ao não reconhecer que
as contingências prévias de reforçamento não estão
mais operando. SeguirTse-ia, desta hipótese, que
variáveis capazes de reduzir a discriminabilidade
KS
respostas de aproximação foram, em média, 25, 60 entre condições prévias de reforçamento e as de ex­
e 110 segundos para os grupos de controle, extin­ tinção deveriam prolongar a resposta em condições
ção regular' e prevenção da resposta, respectiva­ de não-recompensa.
mente. Os dois conjuntos de dados mostram que Numerosos experimentos, nos quais a diferença
O

sob exposição forçada a estímulos eliciadores de entre aquisição e extinção ou foi sistematicamente
medo um modo dominante de resposta de esquiva variada ou é facilmente inferível, fornecem evidên­
foi eliminado, mas os animais, apesar disso, retive­ cia de apoio à hipótese da discriminação. O com-
BO

ram algum medo do compartimento negativo. Estes portamenLo estabelecido sob reforçamento intermi­
achados indicam que os estímulos ameaçadores tente, per exemplo, é mais resistente à extinção do
continuam a gerar estimulação aversiva e que que as respostas que seguem um reforçamento con­
quaisquer respostas de proteção que os animais tínuo. Quando as recompensas são retiradas subi­
adotaram na situação foram reforçadas pela omis­ tamente, é razoável supor que as pessoas que forem
são de choques dolorosos. reforçadas cada vez que respondem irão reconhe­
EX

Na extinção do comportamento de esquiva, a au­ cer a mudança mais rapidamente do que aquelas
sência de conseqüências aversivas esperadas for­ que sem pre forem reforçadas irregularm ente.
nece uma fonte poderosa de reforçamento para Quanto mais baixa a freqüência do reforçamento,
respostas competidoras. Na eliminação do compor­ menos discerníveis são as mudanças. Talvez seja
D

tamento previamente mantido pelo reforçamento por motivos similares que, mesmo sob idêntico
positivo, a redução das reações emocionais aversi­ grau de reforçamento parcial, o comportamento
vas produzida pela omissão de recompensas anteci­ recom pensado de forma irregular se extingue
IN

padas também pode constituir o principal reforço menos rapidamente do que as respostas estabeleci­
para respostas antagônicas. De acordo com a inter­ das por um esquema regular, previsível, de refor­
pretação de frustração da extinção (Amsel, 1962; çamento interm itente (Ferster e Skinner, 1957;
Wagner, 1966), a repetição não-recompensada de Kimble, Mann e D ufort, 1955; L ongenecker,
respostas gera uma reação aversiva capaz de evocar Krauskopf e Bitterman, 1952). Além do mais, o
tendências de respostas conflitantes que interferem comportamento que se segue a um treino que in­
no com portam ento em curso. S uplantando o clui uma longa série de ensaios consecutivos não-
comportamento não-recompensado, as respostas reforçados é altamente resistente à* extinção (Sla-
competidoras reduzem as reações emocionais per­ mecka, 1960). Estas últimas condições devem tor­
turbadoras e são desta forma reforçadas negativa­ nar especialmente difícil determinar quando a ex­
mente. De um modo consistente com estas especu­ tinção começou.
lações teóricas, foi mostrado que a não-recompensa As discriminações podem ser formadas não ape­
produz efeitos aversivos análogos às operações de nas na base da freqüência e dos padrões de estímu­
punição. Os estímulos previamente associados com los reforçadores, mas também em termos de outros
EXTINÇÃO 213

aspectos distinguíveis do ambiente que significam O papèl potencialmente influente das experiências
uma mudança nas prádcas de reforçamento. A pre­ observacionais na extinção é patenteado por estudos
sença, durante a extinção, de estímulos que pre­ citados anteriormente, os quais empregaram pro­
viamente significaram que o desem penho ade­ cedimentos de extinção vinculados à não-resposta.
quado será reforçado, resulta numa extinção mais A simples observação de que as situações que ante­
rápida do que quando as pistas discriminativas po­ riormente ofereciam recompensas já não contêm
sitivas estão ausentes (Elam, Tyler e Bitterman, mais as mesmas facilita a eliminação das respostas
1954; McNamara e Paige, 1962; Slamecka, 1960). instrum entais de aproximação. Além do mais,
Estes achados, que são contrários à teoria do refor­ quanto maior o número de estímulos positivamente
çamento secundário, estão de acordo com a hipó­ discriminadores retidos na situação na qual as re­
tese da discriminação. Se respostas na presença de compensas eram dadas anteriormente, mais rápida
estímulos que anteriormente significavam uma ele­ será a extinção da resposta (Denny e Ratner, 1959;
vada probabilidade de recompensa não são mais re­

PS
Molt7, 1955).
forçadas, torna-se aparente que as contingências E nquanto a eficácia dos procedim entos de
originais de reforçam ento não estão mais ope­ extinção observacionais foi bem estabelecida sob
rando. Contudo, Longstreth (1966) interpretou uma variedade de condições (Deese, 1951; Dyal,
achados semelhantes em crianças em tçrmos da 1963; K o p p m an e G rice, 1963; S ew ard e

U
teoria da frustração, segundo a qual sempre que Levy, 1949; Wilson e Dyal, 1963), os decréscimos
um estímulo anteriormente ligado a uma recom­ da resposta podem ser interpretados de várias ma­

O
pensa é apresentado subseqüentemente sozinho neiras. Uma possível explicação é em termos de
gera respostas emocionais aversivas que interferem processos cognitivos. A observação repetida de que
com o comportamento que está sendo desempe­ recompensas anteriormente disponíveis são agora

R
nhado. ausentes, indubitavelmente veicula informação ao
observador sobre as condições de reforçamento al­
Condições irregulares de aprendizagem também
deveriam aumentar a complexidade da discrimina­
ção e, portanto, prolongar a persistência de desem­
penhos não-recompensados. Em vários experimen­
G
teradas. Contudo, quando os estímulos ambientais
que significam as contingências de reforçamento
associadas a dado comportamento também são re­
movidos, a situação observada apresenta pouca se­
KS
tos, padrões de resposta que foram adquiridos sob
melhança a tal comportamento e, portanto, oferece
condições estimuladoras diversas (por exemplo,
pouca informação a respeito da situação original.
mudanças flagrantes nos estados de impulsão, es­
Não há nenhuma razão para supor que sob tais cir­
tímulos ambientais, desempenhos exigidos, e na
freqüência, magnitude e atraso do reforçamento) cunstâncias as expectativas relacionadas com as
O

são extinguidos sob circunstâncias inalteradas. Os contingências de reforçamento habituais devessem


ser modificadas em alguma extensão. Uma exposi­
resultados destes estudos mostram que a resistência
ção repetida a contextos estimuladores anterior­
BO

à extinção'aumenta com a maior variabilidade nas


co n d içõ es de a p re n d iz a g e m (M cC lelland e mente recompensadores também pode extinguir as
McGown, 1953; McNamara e Wike, 1958; Mac- propriedades reforçadoras secundárias dos estímu­
kintosh, 1955). los ambientais que foram regularmente associados
com o reforçam ento prim ário (Moltz e Maddi,
Embora os achados acima sejam consistentes com 1956). Este último resultado também serviria para
acelerar o processo de extinção.
EX

a hipótese da discriminação, eles podem ser ade­


quadamente explicados sem necessidade de evocar A pesquisa acima citada foi primariamente con­
processos simbólicos. Sob variadas circunstâncias finada a sujeitos infra-humanos; talvez por esta
diferentes tipos de resposta são aprendidos para razão os mecanismos de respostas fracionárias an-
uma variedade de estímulos. Portanto, seria neces­ tecipatórias e as pistas proprioceptivas associadas
D

sário um tempo maior para extinguir um conjunto foram freqüentemente evocados como fatores ex-
variado de respostas do que uma simples resposta planatórios, No caso de seres humanos, que pos­
suem capacidades superiores de discriminação e
IN

dada a um número limitado de estímulos apresen­


tados sob condições invariantes. Os resultados de simbolização, o valor informativo das experiências
um estudo por Brown e Bass (1958), contudo, observacionais ligadas a contingências de reforça­
questionam tanto a interpretação discriminativa mento assumiriam uma importância consideravel­
como a resposta múltipla. Neste experimento, os mente maior na eliminação do comportamento
sujeitos foram tanto treinados como submetidos à não-reforçado.
extinção sob condições estimuladoras constantes e De acordo com este ponto de vista mais cogni­
variáveis. A persistência do comportamento não- tivo, a extinção primariamente reflete a operação
recompensado foi primariamente afetada pela va­ de conjuntos inibitórios, ao invés da perda do com­
riação da estimulação durante a extinção, ao invés portamento ou a sua desconexão com estímulos-
do grau de contraste entre aquisição e extinção previamente controladores. Por esta razão, o com­
que deveria facilitar a discriminação, ou pela quan­ portamento pode ser descartado sem ao menos 1er
tidade de mudança nas condições estimuladoras sido desempenhado com base na observação de que
durante a aquisição que deveria promover uma tal comportamento não é mais reforçado, pode ser
aprendizagem mais generalizada. prontamente substituído por modos de respostai
214 EXTINÇÃO
mais utilitários e facilmente reinstalados sempre gações de controle simbólico da extinção revelam
que as contingências originais de reforçam ento que as pessoas às quais se informa simplesmente
forem restauradas. que o reforço foi retirado apresentam um decrés­
A teoria do controle cognitivo da extinção é cimo acentuado tanto nas respostas condicionadas
apoiada por várias linhas de evidência, algumas das autonômicas (Cook e Harris, 1937; Grings e Lock-
quais são discutidas amplamente no capítulo final. hart, 1963; Notterman, Schoenfeld e Bersh, 1952;
A extinção é grandemente facilitada pela conscien­ Wickens, Allen e Hill, 1963) quanto no comporta­
tização de que as conseqüências usuais foram afas­ mento instrumental de esquiva (Lindley e Moyer,
tadas; e, reciprocamente, é retardada sob instru­ 1961; Moyer e Lindley, 1962), ao passo que sujeitos
ções desviantes que reduzem a discriminabilidade desinformados apresentaram um declínio mais
da mudança no reforçamento (Spence, 1966). De gradual na reatividade.
fato, quando a apresentação do reforço é imbuída A influência das contingências verbalizadas na
numa tarefa desviante que garante a exposição aos facilitação da extinção pressupõe uma história de

PS
eventos estimuladores mas impede o reconheci­ reforçamento diferencial na base da qual as pistas
mento da sua relação contingente, a taxa de extin­ verbais se tornam indicadores confiáveis de
ção é a mesma para respostas originalmente adqui­ prováveis conseqüências de resposta. Nos casos em
ridas sob reforçamento parcial ou contínuo. que os agentes sociais ou as comunicações verbais

U
O achado comum de que o reforçamento irregu­ são considerados indignos de confiança, onde as
lar produz um comportamento que é mais resis­ conseqüências reais e imaginadas de certas ações
tente à extinção do que o reforçamento contínuo são altamente nocivas, e onde os eventos ambientais

O
também é desconfirmado quando a discriminabili­ não são totalmente previsíveis, o controle verbal da
dade entre aquisição e extinção é neutralizada, extinção tende a ser fraco. É extremamente im­

R
informando-se aos sujeitos no início da extinção provável, por exem plo, que inform ar pessoas
que estímulos dolorosos não serão apresentados em que têm fobias a cobras que um determinado réptil
ensaios subseqüentes (Bridger e Mandei, 1965). é inofensivo irá resultar em qualquer decréscimo
Como pode ser visto na Fig. 6-1, o efeito do refor­
çamento parcial foi obtido para sujeitos desinfor-
mados, mas a conscientização induzida essencial­
G perceptível no comportamento de esquiva em rela­
ção às cobras.
O poderoso controle simbólico sobre respostas
KS
mente aboliu respostas autonômicas condicionadas emocionais desenvolvidas sob condições de labora­
que poderiam ter sido adquiridas num esquema de tório contrasta acentuadamente com a qualidade
reforçam ento de 100 por cento como num es­ refratária dos medos adquiridos por meio de expe­
quema de 25 por cento. Numerosas outras investi­ riências naturais. A diferença pode surgir parcial-
O
BO
EX
D
IN

Figura 6-1» Taxa de extinção das ondas GSR em função da conscientização e do esquema de reforçamento empregado
durante a fase de aquisição. Bridger e Mandei, 1965.
EXTINÇÃO 215

mente do grau de controle exercido por agentes de comportamento. Depois que um sujeito se persua­
mudança sobre os eventos temidos. Os experimen­ diu de que ele realmente gosta de se engajar no
tadores podem remover completamente quaisquer comportamento, torna-se mais resistente à extinção
ameaças potenciais da situação desligando o apa­ quando as recompensas extrínsecas são mais tarde
relho de choques ou removendo os eletródios. Em removidas.
contraste, os objetos temidos naturalmente e que
são ordinariamente inócuos podem, contudo, oca­ Diferentes tipos de condições de reforçamento
sionalmente produzir efeitos daninhos, apesar de são identificados como especialmente aptos a indu­
afirmações em contrário. Mesmo cobras e cães ino­ zir a dissonância durante o período de aquisição. O
fensivos às vezes mordem. Contudo, esta expli­ comportamento que freqüentemente não é recom­
cação não reconcilia totalmente os achados em con­ pensado, que exige um grande dispêndio de es­
tradição, porque as pessoas com fobias a cobras vi- forço e para o qual as recompensas são adiadas,
vendam uma perturbação emocional considerável seria mais resistente à extinção. Tais autores (Law­

PS
uando se deparam com figuras de répteis (Ban- rence e Festinger) demonstraram, numa série de
u ra , B lan ch ard e R itter, 1969), ao m esm o experimentos bem elaborados com sujeitos infra-
tempo em que reconhecem não ter sentido sua agi­ humanos, que respostas estabelecidas sob essas
tação, uma vez que cobras pictóricas não podem condições menos vantajosas são na realidade mais
persistentes do que aquelas que são contínua e

U
infligir nenhum dano. A evidência geral parece
indicar que o comportamento emocional é contro­ imediatamente recompensadas, com pouco dispên­
lado por duas diferentes fontes de estímulos. Uma dio de esforço.

O
é a reação emocional autogerada por atividades Outros investigadores têm, naturalmente, atri­
simbólicas na forma de pensamentos geradores de buído a influência destas variáveis de reforçamento

R
emoção a respeito de eventos ameaçadores ou sobre a extinção à operação de outros mecanismos
agradáveis. A segunda é a resposta evocada dire­ envolvendo os processos de discriminação, os efei­
tamente por estímulos condicionados aversivos. O
primeiro componente seria prontamente suscetível
à extinção por meio de uma reestruturação cogni­
tiva das prováveis conseqüências das respostas, ao
G
tos da frustração, e o contracondicionamento de
respostas competidoras. Estas teorias alternativas
devem, portanto, ser testadas sob condições nas
quais elas fazem p ro g n ó stico s opostos. Por
KS
passo que a eliminação do segundo componente exemplo, a resistência à extinção que se segue tanto
pode exigir uma exposição repetida não-reforçada a um esquema variável como a um esquema total­
a eventos am eaçadores direta ou vicariamente mente regular do mesmo reforçamento parcial
(Bridger e Mandei, 1964). A taxa diferencial de ex­ total foi estudada. O número absoluto de ensaios
tinção de respostas emocionais oriundas da auto-
O

não-recompensados é o mesmo em ambas as condi­


estimulação simbólica e da evocação direta externa ções; os sujeitos se defrontam com o mesmo nú­
é discutida mais amplamente em ulteriores consi­ mero de ocasiões nas quais a dissonância poderia
BO

derações da regulação simbólica do com porta­ ser despertada e presumivelmente reduzida. A teo­
mento. As investigações de laboratório nas quais ria da dissonância prognosticaria a mesma taxa de
elevada credulidade é assegurada aos relatórios extinção sob ambas as condições, ao passo que a
verbais dos experimentadores, os estímulos aversi­ teoria da discriminação nos levaria a esperar que o
vos são de imensidades relativamente fracas e os esquema imprevisível produzisse o comportamento
experimentadores possuem um controle total sobre mais persistente. Bitterman e seus associados con­
EX

a ocorrência de eventos aversivos, podem portanto duziram vários experimentos nos quais os sujeitos
fornecer uma explicação insuficiente do processo são reforçados em 50 por cento dos ensaios de trei­
de extinção, particularmente no que se aplica ao namento; para um grupo as recompensas são ad­
comportamento de esquiva refratário. ministradas ao acaso, ao passo que os sujeitos no
D

outro grupo são regularmente reforçados nos en­


TEORIA DA DISSONÂNCIA COGNITIVA
saios de número ímpar. O comportamento é muito
Lawrence e Festinger (1962) propuseram uma mais resistente à extinção (Tyler, Wortz e Bitter­
IN

explicação, em termos dos processos de dissonância man, 1953) depois de um reforçamento aleatório
cognitiva, da razão pela qual o comportamento que de 50 por cento do que após um reforçamento re­
originalmente foi adquirido sob condições relati­ gular alterando 50 por cento das reações. Resulta­
vamente desfavoráveis de reforçamento pode ser dos análogos são obtidos na extinção de reações au­
especialmente resistente à extinção. De acordo com tonômicas que não envolvem o desempenho de
esta interpretação, quando um sujeito é induzido a quaisquer respostas que exigem esforço (Longe-
se engajar num comportamento que é insuficien­ necker, Krauskopf e Bitterman, 1952). Além do
temente recompensado, cria-se um estado aversivo mais, o treinam ento intensificado, que oferece
de dissonância cognitiva péla informação conflitante maior número de oportunidades de redução da
de ter feito esforços para uma recompensa inade­ dissonância, facilita a extinção qué se segue ao re­
quada. Sob circunstâncias nas quais não é fácil ao forçam ento alternativo, mas não tem nenhum
sujeito deixar de responder, a dissonância resul­ efeito sobre o comportartiento recompensado de
tante é reduzida ao aumentar a atratividade ou o acordo com um padrão imprevisível (Capaldi,
valor da atividade para justificar a continuação do 1958).
216 EXTINÇÃO

um reforçamento positivo intermitente. Tais con­


A questão de saber se achados do tipo acima rela­
tingências tendem a surgir sob condições nas quais
tados contradizem a teoria da dissonância não pode
ser resolvida enquanto existe alguma ambigüidade as respostas desejadas e até formas leves de com­
a respeito das condições que tendem a produzir portamento desviante são tipicamente ignoradas.
Por outro lado,, a reatividade persistente ou intensa
uma elevada dissonância. Será que sujeitos que re­
petidam ente desempenham um comportamento produz conseqüências aversivas para os outros, que
que exige esforço sabendo que é pouco provável involuntariamente reforçam o comportamento in­
que sejam recom pensados vivenciam mais ou cômodo com seus esforços para eliminá-lo. Por
menos dissonância do que se esperassem resultadoscausa de sua qualidade aversiva, o comportamento
compensadores? Os autores admitem que esta úl­ desviante prontamente cria condições que tendem
tima condição tende a produzir mais dissonância. a perpetuá-lo. É verdade, naturalmente, que as ati­
Pareceria, contudo, que os sujeitos na primeira vidades importunas são também freqüentemente
condição estão exibindo um comportamento mais punidas, mas um esquema de reforçamento que

PS
combina a recompensa intermitente com ocasionais
irracional e deveriam, por isso, vivenciar maiores
punições geralmente resulta num comportamento
pressões para justificar suas ações, persuadindo-se
de que realmente gostam da atividade. Por outro que é resistente à mudança. Além do mais, muitas
intervenções que pretendem ser punições na reali­
lado, os sujeitos que efetuaram o desempenho por­
que esperavam ser recompensados possuem justifi­ dade servem como reforços positivos que mantêm o

U
comportamento indesejável. Contingências de au-
cativas adequadas sem que necessitem atribuir atra­
toderrotas geralmente não são notadas porque as
tivos adicionais à atividade. Se o desempenho relu­

O
pessoas tendem a ver apenas os resultados imedia­
tante de uma ação é aceito como evidência compor-
tamental para a existência da dissonância (Law- tos, ao passo que raramente avaliam sistematica­
mente as mudanças produzidas pelas suas práticas,
rence e Festinger, 1962), então os sujeitos trei­

R
nados sob o reforçamento alternado nos experi­ ou os efeitos a longo prazo que o seu comporta­
mentos acima vivenciaram uma dissonância mais mento pode ter em relação aos outros. Portanto,
severa. À medida que o treino progredia, eles con­
tinuaram a desempenhar o comportamento nos en­
saios não-recompensados embora evidenciando con­
siderável hesitação.
G
sistemas sociais maléficos são muitas vezes criados
involuntária e mutuamente sustentados, porque o
com portamento desviante é recompensado pela
atenção que recebe e técnicas de controle ineficien­
KS
A literatura contém outros achados que não tes são reforçadas pelo seu êxito em sustar tempo­
podem adequadamente ser explicados quer pela rariamente desempenhos perturbadores.
teoria da dissonância ou pelas formulações alterna­Os efeitos reforçadores positivos de reprimendas
tivas. Young (1966) mediu a resistência à extinção
verbais são bem ilustrados num estudo de campo
O

como uma função da variação no esforço exigido por Madsen et al. (1968) do comportamento desor-
pela resposta, na freqüência da recompensa e do ganizador no contexto da sala de aula. Depois que
número de ensaios não-recompensados. Os resul­ foi registrada a freqüência com que as crianças
BO

tados mostraram que, sob condições nas quais os abandonavam as suas carteiras, os professores con-
anim ais ex p erim entaram m uitos ensaios não- sisten temente as repreendiam por estar de pé e
recompensados durante a aquisição, quanto maior lhes ordenavam que se sentassem. As admoestações
era o esforço necessário para desempenhar a res­prontamente aumentaram o número de crianças
posta, tanto mais rapidamente ela era extinta, ao
em pé (Fig. 6-2). Na fase subseqüente de linha de
passo que a relação oposta foi obtida quando o pe­
EX

base os professores reduziram as reprimendas ao


río d o de tre in o incluía m enos ensaios não- seu nível moderado original, o que produziu uma
recom pensados. Para com plicar ainda mais o redução correspondente do número de crianças em
quadro, não foi encontrada nenhuma relação entrepé. Contudo, quando os procedimentos foram alte­
a quantidade de esforço exigida pela resposta e a
rados de maneira que o comportamento transgres­
D

resistêncií à extinção para sujeitos treinados sob re­


sor evocou ordens freqüentes de “senta”, as crian­
forçamento contínuo. ças voltaram a se pôr de pé com freqüência. Du­
IN

É aparente a partir dos achados experimentaisrante a fase final do estudo, os professores ignora­
revistos nas seções precedentes, que nenhuma con-
vam o comportamento de ficar de pé e elogiaram
ceitualização teórica pode abranger adequada­ as crianças por trabalharem em suas carteiras, uma
mente todas as diversas variáveis que governam o prática que reduziu a incidência do comportamento
decréscimo no comportamento quando o reforço é desorganizador a seu nível mais baixo
retirado. Uma pessoa pode deixar de responder Na eliminação do comportamento mantido pelo
por muitas razões diferentes; portanto, uma expli­
reforçamento positivo, a extinção pode ser obtida
cação compreensiva dos fenômenos de extinção simplesmente pela retirada das conseqüências re­
exige uma teoria de processos múltiplos. forçadoras. Em programas de mudança social os
Extinção do Comportamento Reforçado procedimentos de extinção são muitas vezes combi­
nados com o reforçamento positivo do comporta­
Positivamente mento incompatível. Quando a extinção é um com­
Previamente mostramos como o comportamento ponente num procedimento multiforme, sua con­
desviante persistente é muitas vezes mantido por tribuição separada para as mudanças comporta-
EXTINÇÃO 217

PS
U
O
R
Figura 6-2. Número de crianças em pé na sala de aula durante os períodos de linha de base e quando este comporta­
G
mento produziu reprimendas verbais ou quando respostas incompatíveis foram positivamente reforçadas. Madsen et
al., 1968.
KS
mentais é difícil de avaliar, e a categorização do mé­ continuam a fazê-lo, a criança irá, com muita pro­
todo de tratamento é um tanto arbitrária. Várias babilidade, exibir um padrão discriminativo de
questões relacionadas com o processo de extinção comportamento negativo em relação aos outros de
são reveladas no estudo de Williams (1959), que acordo com as suas práticas habituais de reforça­
O

conseguiu a eliminação de um com portam ento mento. A taxa de extinção pode ser ainda mais im­
agressivo exigente num menino pequeno. Esta pedida se o mesmo agente, por meio da inconsis­
criança tinha estado doente durante os primeiros tência nas suas próprias ações, coloca o comporta­
BO

dezoito meses da sua vida e exigira considerável mento num esquema de reforçamento parcial. No
atenção e cuidados especiais. Durante este período, caso discutido acima, por exemplo, os pais e uma
sem dúvida se estabeleceu um forte com porta­
mento de dependência. Quando a criança se recu­
perou, os pais tentaram redrar um pouco da aten­
EX

ção que lhe tinham dado previamente. A criança


respondeu com intensos protestos, forçando os pais
a atendê-la e assim involuntariamente reforçar a
choradeira, as explosões de mau humor, e as exi­
gências para sua presença constante e atenção indi-
D

vidida, especialmente na hora de se deitar. Os pais


foram instruídos para pôr a criança na cama de
IN

maneira tranqüila e não-punitiva e, após terminar


esta rotina, ignorar os gritos de raiva da criança.
Sob estas contingências de extinção houve um de­
créscimo acentuado imediato na duração das crises
de raiva, seguido por uma extinção quase completa
dos acessos de mau hum or em poucos dias (Fig.
6-3). A criança já não chorava mais quando ficava a
sós no quarto, mas, ao contrário, brincava satisfeita
até que ficasse com sono.
Em situações do dia-a-dia às vezes é difícil conse­
guir uma extinção generalizada do comportamento
desviante porque diferentes agentes sociais são in­
consistentes nas suas práticas de reforçamento. Figura 6-3. Duração do choro em duaS séries de extinção
Desta forma, se os país não mais recompensam os nas quais o comportamento desviante não foi mais refor
acessos de fúria, mas outros adultos significativos çado socialmente. Williams, 1959.
218 EXTINÇÃO

tia alternavam-se na rotina desagradável de colo­ ções psicóticas continuaram menos freqüentes do
car a cria n ça na cam a. Os acessos de raiva que o eram no começo do programa de extinção e
foram rapidam ente reinstalados e reforçados, não mais provocavam o comportamento punitivo
depois de terem sido extintos, pela atenção dada por parte dos outros pacientes.
pela tia numa ocasião em que a criança resolveu Um relatório de Groot (1966) fornece algumas
fazer “manha” depois de ter sido posta para dor­ inform ações sobre as mudanças colaterais que
mir. Foi então efetuada uma segunda série de ex­ podem resultar da extinção de um comportamento
tinção, a qual resultou numa eliminação completa e desviante relacionado. Também ilustra como, sob
estivei dos acessos de raiva (Fig. 6-3). O compor­ condições nas quais as práticas de tratamento são
tamento de atirar longe a comida e outros compor­ apoiadas independentemente dos efeitos que têm
tam entos desorganizadores foram extintos de sobre os recipientes, é freqüentemente mais difícil mo­
m odo sim ilar, rem ovendo-se im ediatam ente a dificar as práticas da equipe de tratamento do que
criança da mesa sempre que ela deliberadamente modificar o comportamento dos clientes. Um es­

PS
deixava cair ou jogava longe o alimento do seu quizofrênico crônico, que tinha recebido trata­
prato. Quando esta prática foi instituída da pri­ mento de choques e insulínico, terapia individual
meira vez, o menino foi removido da sua cadeira 12 e de grupo e uma lobotomia, se engajava continua­
vezes, mas após isto o comportamento de atirar mente em verbalizações psicóticas e escrevia nume­

U
fora a comida declinou rapidamente e cessou por rosas cartas estranhas. Um programa de extinção
ocasião da sétima refeição (Williams, 1962). foi aplicado às verbalizações psicóticas, e os seus
efeitos concomitantes sobre o comportamento de

O
Se intermitentemente reforçado, o controle aversi­
vo de uma criança em relação aos seus pais tende a escrever cartas estranhas e a incidência de compor­
se generalizar para outras áreas de comportamento tamento perturbado foram medidos. Quando a ex­

R
e outras pessoas. Como foi demonstrado por Wil­ tinção foi instituída, o número de cartas estranhas
liams, depois que os comportamentos coercitivos aumentou de uma linha de base de aproximada­
mente 13 cartas por semana para 43 cartas em dois
inapropriados são extintos, a atmosfera familiar
muda de uma na qual ocorriam constantes batalhas
para outra de interações recíprocas recompensado­
ras.
G
dias, e depois declinou t se estabilizou em cerca de
5 cartas por semana. A freqüência relativa do com­
portamento perturbado também decresceu de 71
KS
A importância de se estabelecerem contingên­ por cento durante o período de linha de base a
cias uniformes na implementação de um progra­ apenas 16 por cento quando o programa de extin­
ma de mudança baseado na extinção é também ção estava sendo implementado. Tanto os compor­
mostrada num caso relatado por Ayllon e Michael tamentos perturbados como o número de cartas
psicóticas aumentaram quando a equipe voltou a suas
O

(1959). Uma paciente, que exibia uma conversa


psicótica extremamente persistente, tinha sido su­ próprias práticas preferidas, ao passo que os de­
jeita a consideráveis censuras verbais e tinha levado sempenhos desviantes diminuíram quando as en­
BO

surras em várias ocasiões por parte dos outros pa­ fermeiras foram novamente persuadidas a não dar
cientes num esforço de mantê-la calada. Os pacien­ atenção às verbalizações psicóticas.
tes respondiam negativamente às verbalizações de­ Como parte de um programa de pesquisa no de­
lirantes dessa m ulher, mas as enferm eiras, de senvolvimento de procedimentos para a modifica­
tempo em tempo, prestavam atenção às suas verba­ ção do comportamento psicótico, Ayllon e seus as­
lizações estranhas a fim de “chegar à raiz de seus sociados (Ayllon e H aughton, 1962; Ayllon e
EX

problemas” ou então respondiam com afirmativas Michael, 1959) oferecem numerosos exemplos nos
superficiais de simpatia e compreensão. A paciente quais o comportamento desviante de psicóticos in­
recebia assim um reforçamento social intermitente ternados é extinto pela retirada das suas conse­
para um comportamento que em outras ocasiões qüências positivamente reforçadoras. Em um es­
D

era punido ou ignorado. Instruiu-se as enfermeiras tudo (Ayllon e Haughton, 1962), um grupo de
a não dar atenção à verbalização psicótica e a refor­ esquizofrênicos, que exibiam sérios problemas rela­
çar uma conversa sensata. Embora as respostas psi­ cionados com a comida, du ran te muito tempo
IN

cóticas da paciente tivessem persistido por três anos permaneceu totalmente sem reagir a advertências
antes disto, du rante um período relativamente de que as refeições estavam sendo servidas e a ou­
breve de tratamento a percentagem destas respos­ tros apelos persuasivos. Conseqüentemente, os pa­
tas caiu de 91 a menos de 25. Contudo, um au­ cientes eram individualmente levados para a sala de
mento das verbalizações psicóticas ocorreu na nona refeições pelo pessoal da enfermaria, alimentados
semana de tratamento, quando, sem conhecimento com colher ou com tubos, e sujeitos à “terapia” de
do pessoal da enfermaria, uma assistente social teve eletrochoque e outras formas de tratamento puniti­
várias entrevistas com a paciente e inadvertidamen­ vas e infantilizadoras.
te reforçou sua fala psicótica; o efeito destas entre­ A equipe de pesquisa assumiu que o reforço so­
vistas generalizou-se para as interações da paci­ cial involuntário das enfermeiras, sob a forma de
ente com as enfermeiras e também com outros paci­ apelos, persuações e alimentação dos pacientes,
entes. Reforços fornecidos pelos empregados do hos­ mantinha seus problemas com a comida, uma con­
pital e outras visitas à enfermaria produziram ou­ tingência que também serviu para reduzir a função
tros acréscimos temporários. Contudo, as verbaliza­ controladora dos estímulos verbais. Todos os refor­
EXTINÇÃO 219

ços sociais por ignorar a advertência quanto ao pesquisa de estudos sócio-psicológicos que d e­
horário das refeições e recusas de comer foram, monstra o fato de que depois que um padrão de
portanto, retirados; após a advertência de que che­ resposta foi persistentemente modificado, 3 cogni­
gara a hora da refeição, a sala de refeições ficava ção parece se acomodar para apoiar ou justificar o
aberta durante 30 minutos, e qualquer paciente novo comportamento.
que deixasse de aparecer simplesmente ficava sem Procedimentos similares de extinção foram usa­
comer. Sob esta nova contingência de reforça- dos por Ayllon e Haughton (1964) para modificar
mento, os pacientes prontamente atendiam ao cha­ o repertório verbal aberrante em três mulheres
mado para as refeições e os problemas crônicos de diagnosticadas como esquizofrênicas crônicas. Em
comida foram completamente eliminados. cada caso, após um período de observação da linha
É interessante notar que afirmações delirantes de de base, o comportamento verbal desviante foi ex­
que a comida estava envenenada ou que Deus os tinto retirando-se a atenção social e as recompensas
linha instruído para não comer, desapareceram tangíveis sempre que as pacientes se engajavam ou

PS
logo que os pacientes começaram a se alimentar so­ em verbalizações psicóticas ou em queixas psicos­
zinhos (Ayllon e Michel, 1959). Estes achados somáticas. Nestas ocasiões, as enferm eiras e os
sugerem que em alguns casos respostas delirantes atendentes da enfermaria pareciam distraídos, en­
podem ser um produto e não uma fonte do com­ tediados ou simplesmente dirigiam a sua atenção

U
portam ento desviante. A dotando um papel de para outro evento que estivesse ocorrendo na en­
doente, apoiados por justificativas delirantes, os pa­ fermaria. Para demonstrar que as mudanças obser­
cientes são melhor sucedidos em atrair a atenção e vadas durante o período de extinção não eram de­

O
o cuidado do pessoal ocupado da enfermaria, que, vidas a outras variáveis, as verbalizações desviantes
de outra forma, rejeitaria exigências inapropriadas foram positivamente reforçadas na segunda fase do

R
de atenção personalizada. Na realidade, as enfer­ experimento, após a qual as contingências de extin­
meiras freqüentemente encorajavam e reforçavam ção foram novamente reinstaladas.
positivamente padrões de resposta infantis na su­ A Fig. 6-4 mostra a modificação das verbalizações
posição de que os pacientes eram incapazes de um
comportamento maduro orientado para a realida­
de, visto que eles eram “mentalmente doentes”.
G
delirantes numa paciente cujo conteúdo de con­
versa nos 14 anos precedentes tinha sido dominado
por auto-referêndas régias (por exemplo, “Eu sou
KS
As mudanças verificadas nas crenças delirantes que a Rainha. A Rainha quer um cigarro. .. .Como
se seguiram à reinstalação da alimentação própria está o Rei Jorge, você o viu?”). Os resultados forne­
estão de acordo com uma considerável evidênda de cem uma flagrante evidência de que a atenção so-
O
BO
EX
D
IN

Figura 6-4.Mudanças na incidência de comportamento verbal psicótico e neutro como resultado nas variações de
reforçamento social destas duas classes de verbalizações. Ayllon e Haughton, 1964.
220 EXTINÇÀ

Figura 6-5. Freqüência das queixas somáticas durante o período de linha de base e quando verbalizações somáti

PS
foram sucessivamente recompensadas com atenção e ignoradas. O aumento temporário das queixas somáticas mos­
trado pela seta na quarta fase do tratamento coincide com a visita de um parente. Ayllon e Haughton, 1964.

U
cíal da equipe exercia um controle considerável reforçamento social positivo tendem a produzir
sobre o comportamento verbal aberrante da cliente. uma elevada incidência de comportamento des­
As respostas verbais psicóticas foram aumentando viante que se destina chamar a atenção sobre o pa­

O
gradativamente como função do reforçamento po­ ciente. Naqueles ambientes familiares que também
sitivo, mas decresceram rapidam ente quando a oferecem um reforçamento social mínimo, o inte­

R
atenção social foi retirada. A freqüência das respos­ resse e a atenção podem ser dados primariamente a
tas verbais apropriadas também decresceu óu au­ distúrbios somáticos ou perturbações psicológicas
mentou de forma similar pela alteração das contin­ que não podem ser ignorados facilmente. Walton
gências de reforçamento.
As Figs. 6-5 e 6-6 ilustram a modificação do
comportamento de queixas somáticas em duas m u­
G (1960a), por exemplo, relata um caso de uma mu­
lher de 20 anos que sofria de uma prolongada neu-
rodermatite na parte de trás de seu pescoço, a qual
KS
lheres que continuamente alegavam inúmeros sin­ era agravada continuamente por um coçar persis­
tomas físicos na ausência de qualquer disfunção or­ tente. A cliente tinha feito inúmeros tratamentos
gânica. Suas preocupações somáticas e as respostas médicos, incluindo pomadas, pílulas, loções e tera­
emocionais acompanhantes como chorar e soluçar pia de raios X, mas a sua condição dermatológica
foram drasticamente reduzidas quando elas não permanecia essencialmente inalterada. Uma avalia­
O

foram mais consoladas, ou deixaram de receber ção das inter-relações da família revelou que o
simpatia e atenção para queixas de vários achaques filho, que sempre tinha tido um status preferencial,
BO

ou dores. Sem dúvida, neste último caso, o processo estava no momento recebendo quase toda a atenção
de extinção foi acelerado pelo reforço positivo con­ dos pais e os seus limitados recursos financeiros, ao
corrente de reações verbais mais apropriadas. passo que a filha tinha sido relegada a uma posição
Como demonstram os estudos de Ayllon e seus inferior, ignorada. Com o advento da dermatite,
colegas, os ambientes institucionais que carecem de porém, a filha recebeu mais atenção solícita do que
EX
D
IN

Figura6*6. Freqüência das queixas somáticas durante o período de linha de ha se e quando as verbalizações somáticas
foram sucessivamente recompensadas com atenção e ignoradas. Ayllon e Haughton, 1964.
e x t i n ç Ao 221

jamais tinha tido, e o Seu noivo, que expressava a Miller (1969) especula que as condições psicos­
sua solicitude a respeito da dermatite de forma si­ somáticas podem ser desenvolvidas em parte por
milar, freqüentemente auxiliava na aplicação das meio da atenção contingente e outras conseqüên­
pomadas prescritas. cias reforçadoras. Se isto for o caso, deveria ser
Na suposição de que o comportamento de coçar, possível modificar as respostas viscerais envolvidas
que perpetuava a condição dermatológica, estava nas perturbações psicossomáticas pelo uso dos pro­
sendo inadvertidamente reforçado pelo elevado cedimentos de extinção e reforçamento diferencial.
nível de atenção, os membros da família foram ins­
truídos para que ignorassem a dermatite, e ao CURSO TEMPORAL DA EXTINÇÃO
noivo foi dito que abandonasse a rotina de passar a Quando o reforçamento de um comportamento
pomada. Seguindo-se à retirada das ministrações anteriormente recompensado é retirado, o sujeito
solícitas, o comportamento de coçar diminuiu e no tende a exibir, durante as fases iniciais da extinção,

PS
fim de três meses a dermatite tinha desaparecido uma aceleração ou intensificação temporária do
por completo. Um seguimento de quatro anos não comportamento num esforço para produzir o re­
revelou nenhuma recorrência da neurodermatite; a forçamento habitual. Isto é especialmente verda­
cliente estava casada e feliz e tinha um emprego sa­ deiro em relação a desempenhos que foram manti­
tisfatório. Walton atribui a eliminação do coçar dos num esquema de reforçamento contínuo. Um

U
compulsivo à rápida acumulação do potencial inibi­ acesso de raiva que não é notado, tipicamente
tório com o desempenho não-recompensado e a se­ atinge imensidades ensurdecedoras; exigências ini­

O
leção eventual de meios menos dispendiosos de es­ ciais leves de dependência, se não atendidas,
forço para obter a atenção. Uma explicação mais podem culminar com um forte pontapé nas cane­
plausível seria em termos da discriminação das con­ las; e o comportamento negativo de chamar a aten­

R
tingências de reforçamento alteradas por parte da ção que é consistentemente ignorado tipicamente
cliente, ao invés da provocação de potenciais inibi­ assume formas cada vez mais ridículas. Contudo, se
tórios produzidos pelas respostas.
No caso acima, uma perturbação somática foi in­
diretam ente p erp etu ad a pelo com portam ento
motor reforçado que exacerbava a condição. Um
G
estas respostas mais vigorosas também não são
bem -sucedidas, elas declinam gradualm ente e
padrões alternativos de comportamento emergem.
As seqüências particulares e os padrões de res­
KS
engenhoso programa de pesquisa de Miller (1969) posta que aparecem durante as últimas fases da ex­
fornece evidência impressionante de que as respos­ tinção são primariamente determinadas pelas op­
tas fisiológicas envolvidas nas condições psicos­ ções de resposta disponíveis para o indivíduo. À
somáticas podem ser diretamente modificadas pelo medida que modos dominantes de comportamento
O

reforçamento contingente. Nestes estudos, os ani­ são extintos, uma pessoa irá experimentar vias al­
mais são tratados com curare para eliminar as in­ ternativas de ação que foram bem-sucedidas em
fluências mediadas pelos músculos esqueléticos, e ocasiões prévias em situações similares. Nenhum
BO

as respostas fisiológicas espontâneas são alteradas problema especial é criado pelo uso da extinção so­
pela aplicação de conseqüências reforçadoras zinha, desde que as alternativas disponíveis sejam
sempre que ocorrem respostas viscerais de uma desejáveis. Se, contudo, as respostas no repertório
taxa ou intensidade selecionada. Os animais são ti­ do indivíduo são em grande parte inadequadas, um
picamente reforçados por uma estimulação cere­ agente de mudança pode se defrontar com a tarefa
bral ou pela cessação de choques elétricos. Os resul­
EX

árdua de extinguir uma longa sucessão de padrões


tados de num erosos experim entos consistente- de com portam ento não-apropriados. Este p ro ­
mente mostram que mudanças viscerais na direção blema pode ser facilmente evitado se os procedi­
recompensada são produzidas sempre que aumen­ mentos de extinção forem combinados com méto­
tos ou decréscimos nas respostas fisiológicas são re­ dos que eliciam modos de resposta mais eficientes.
D

forçados. Uma grande variedade de respostas vis­ A utilização simultânea da extinção e dos proce­
cerais, incluindo modificações nas batidas cardíacas, dimentos de reforçamento é ilustrada por um de
pressão sangüínea, atividade vasomotora, contra­
IN

vários estudos (Allen, Hart, Buell, Harris e Wolf,


ções intestinais e taxa de formação da urina, foram 1964) destinados a modificar perturbações de com­
substancialmente modificadas por este procedi­ portamento em crianças pequenas na base dos prin­
mento. A precisão do controle de respostas visce­ cípios de reforçamento. O caso envolvia uma me­
rais pelo reforçamento é acentuadamente ilustrada nina de idade pré-escolar que exibia uma flagrante
por um experimento (Di Cara e Miller, 1968) no passividade e isolamento das interações com seus
qual animais são recompensados por respostas va- companheiros, elevada dependência dos adultos, a
somotoras relativamente maiores em um ouvido do qual geralmente assumia a forma de queixas hipo­
que no outro. Animais aprenderam a responder condríacas, chamando a atenção para coleções de obje­
com uma atividade vasomotora diferencial nos dois tos incidentais e a atividades estereotipadas simples
ouvidos, indicando uma especificidade muito maior que poderiam chamar e manter o interesse dos
do funcionamento autônomo da que tinha sido adultos. A maior parte do tempo, contudo, ela fi­
previamente assumida. cava só ou sentada em caixotes, apesar dos esfor­
Baseando-se na evidência de que as respostas vis­ ços dos professores para estruturar atividades de
cerais são sujeitas a controle pelo reforçamento, recreação com um grupo de crianças que a aceita­
222 EXTINÇÃO

PS
U
O
R
G
Figura 6-7. Grau de comportamento social apresentado por uma criança como resultado das variações no reforçameíito
soda) das interações com os adultos e com os companheiros. Allen et al., 1964.
KS

va. Estas tentativas eram em parte malsucedidas aumentaram de aproximadamente 10 até cerca de
porque o professor se retirava pouco depois que a 60 por cento, ao passo que os contatos cóm os adul­
O

menina se juntava ao grupo, desta forma fazendo tos caíram de 40 a menos de 20 por cento (Fig.
com que a perda do mestre fosse contingente da 6-7).
BO

participação social. Rapidamente ela estava de pé Com o objetivo de determinar se o reforçamento


na periferia, procurando um professor, ou rever­ diferencial era o determinante das mudanças com-
tendo a alguma forma de atividade solitária. Além portam entais, as contingências originais foram
deste, comportamento autista, a menina apresen­ reinstaladas. Neste período, os professores deram
tava defeitos de fala e uma série de comportamen­ atenção total à menina quando esta entrava em
tos de tiques. contato com eles, brincavam com ela quando se
EX

Para aumentar a sua reatividade social, o com­ achava sozinha, observavam-na quando ela se enga­
portamento isolado foi consistentemente não-re- java em atividades solitárias e conversavam com ela
compensado e ela recebia um mínimo de atenção enquanto esta permanecia perto deles. Nenhuma
para contatos com adultos que competiam com os tentativa foi feita para iniciar ou recompensar a in­
D

jogos com o grupo de companheiros. Contudo, teração social com os companheiros. Nestas condi­
a atenção era dada livre e acaloradamente sempre ções, o contato da menina com os adultos aumen­
que ela se aproximava ou interagia com os compa­ tou, as queixas hipocondríacas e os problemas de
IN

nheiros. Inicialmente, por causa de seu forte com­ articulação reapareceram e ela imediatamente vol­
portamento de esquiva, aproximações a interações tou ao seu padrão isolado de comportamento (Fig.
sociais, como ficar de pé próxima das outras crian­ 6-7). Vários dias depois que as contingências tera­
ças ou o brinquedo paralelo, foram positivamente pêuticas foram novamente instituídas, os contatos
reforçadas. Um professor se aproxim ava dela da menina com os adultos se estabilizaram em cerca
sempre que estava próxima dos companheiros, de 25 por cento e as interações sociais com os
conversava com ela, comentava a respeito da ativi­ companheiros aumentaram para o nível anterior de
dade de jogo próxima e sugeria maneiras de parti­ cerca de 60 por cento.
cipar da brincadeira. Mais tarde, a atenção, aprova­ À medida que as atividades de jogo e os compa­
ção e proximidade do adulto foi tornada contin­ nheiros se tornaram mais agradáveis para a me­
gente ao jogo direto com as outras crianças. A in­ nina, as recompensas dos adultos pela interação
trodução destas novas contingências produziu uma com as crianças foram progressivamente dimi­
mudança flagrante e rápida no comportamento so­ nuindo e o esquema de não-reforçamento dos con­
cial da menina: as interações com os companheiros tatos com os adultos foi gradualmente relaxado. No
EXTINÇÃO 223

fim do período de 10 dias, o programa foi inter­ uso combinado da extinção e da modelação fornece
rompido e não foram mais organizadas quaisquer considerável orientação positiva.
contingências especiais. Estudos observacionais fei­
MODIFICAÇÃO DE PADRÕES DE RESPOSTA
tos durante vários períodos após o tratamento reve­ AGRESSIVOS
laram que a menina continuava a apresentar um
elevado nível de interação social com outras crian­ As teorias sobre as condições que governam a
ças (Fig. 6-7). Não apenas o padrão isolado de ocorrência e a modificação do com portam ento
comportamento foi modificado com êxito, mas a agressivo têm sido consideravelmente influenciadas
sua fala, que era lenta, interrompida e freqüente­ pela hipótese da frustração-agressão até bem recen­
mente inaudível, melhorou consideravelmente. Já temente (Berkowitz, 1962; Dollard, Miller, Doob,
não mais exigia remédios desnecessários e apresen­ M owrer e Sears, 1939). De acordo com este
tava uma capacidade muito maior para se afirmar e ponto de vista, a agressão é a resposta natural do­
minante à frustração, e reações não-agressivas só

PS
defender quando necessário.
Resultados similares foram obtidos num proce­ tendem a ocorrer se a agressão não foi recompen­
dimento combinado de extinção e reforçamento no sada ou punida. Como a agressão era considerada
tratamento de dois meninos pré-escolares que exi­ uma resposta não-aprendida à frustração, a pes­
biam freqüentes episódios de choro quando ligeira­ quisa estimulada por esta teoria se preocupava

U
m ente frustrados ou contrariados pelas outras principalmente com os efeitos da frustação sobre a
crianças (H a rt, A llen, Buell, H arris e Wolf, agressão, com sua inibição e deslocamento e com

O
1964). A observação revelou que os seus gritos lan­ a ocorrência da catarse. Por outro lado, as questões
cinantes geralmente eliciavam palavras de conforto cruciais de como padrões relativamente complexos
e um interesse solícito por parte dos professores. de comportamento agressivo eram originalmente

R
Conseqüentemente, os professores foram instruí­ aprendidos e a influência de um sem-número de
dos para não prestar atenção aos episódios de variáveis controladoras além da “frustração” foram
choro, a não ser que a criança se tivesse machu­
cado. Se ela estava perto da professora quando co­
meçava a chorar, esta se afastava ou se ocupava
com outros afazeres. Por outro lado, sempre que a
G
em grande parte ignoradas.
O homem é dotado de mecanismos neurofisioló-
gicos que lhe permitem comportar-se agressiva­
mente, mas a ativação destes mecanismos depende
KS
criança lidava com situações de stress de modo da estimulação e está sujeita a controle cortical.
mais construtivo, ela prontam ente recebia uma Portanto, a freqüência com que o comportamento
atenção aprovadora. Dentro de cinco dias depois da agressivo é apresentado, as formas específicas que
introdução das novas contingências, a choradeira toma, as situações nas quais é expresso e os alvos
O

diminuiu de 5 a 10 vezes por manhã a pratica­ que são selecionados para ataque estão fortemente
mente um nível zero, e continuou sendo negli- influenciados pela experiência social. Uma teoria
genciável daí por diante. Etzel e Gerwirtz (1967) da aprendizagem social relativa à agressão distin­
BO

conseguiram resultados igualmente favoráveis com gue a aquisição de respostas instrumentais que pos­
crianças que persistiam no choro ao combinar a ex­ suem potencial destrutivo ou causador de dores das
tinção do mesmo com o reforçamento de um com­ condições que governam o seu desempenho subse­
portamento mais alegre. qüente. Padrões de resposta agressivos são caracte­
Como revelam os estudos acima, a modificação risticam en te a d q u irid o s sob condições não-
frustradoras na ausência de intenção de dano e
EX

do comportamento por meio da extinção pode ser


conseguida rapida e previsivelmente pela eliciação muitas vezes em relação a objetos inanimados. As­
e reforçamento de modos de resposta desejáveis sim, por exemplo, os recrutas militares adquirem e
além da eliminação de conseqüências recompensa­ aperfeiçoam habilidades combativas por meio de
doras pelo comportamento disfuncional. Alguns muitas horas de prática de tiro ao alvo e lutas simu­
D

dos efeitos emocionais que acompanham a extinção ladas; os boxeadores desenvolvem os seus socos
também podem ser evitados desta maneira. Con­ u tiliz a n d o bolas de tr e in o e p a r c e iro s de
disputa os quais não pretendem necessariamente
IN

tudo, se as alternativas construtivas só são fraca­


mente estabelecidas ou são inexistentes no repertó­ machucar; e os caçadores adquirem os rudimentos
rio comportamental do indivíduo, um agente de básicos da caça atirando em alvos inanimados antes
mudança poderá ter que esperar por um tempo de sair à procura de vítimas. Na realidade, se os
demasiadamente longo ou indefinido até que elas repertórios agressivos só fossem ensinados en ­
apareçam. Sob estas condições, ao invés de confiar quanto os indivíduos estivessem com sentimentos
na ocorrência fortuita de eventos favoráveis, um hostis e tivessem objetivos de lesão, muitos dos tuto­
agente de mudança pode tanto facilitar como con­ res e dos aprendizes provavelmente seriam desfi­
trolar eficientemente o curso do tratamento, provi­ gurados durante a fase de aquisição. A maioria das
denciando modelos recompensados que apresen­ teorias da agressão separa um conjunto limitado de
tem modos alternativos de obter os resultados dese­ variáveis que podem influenciara desempenho de
jados. Os indivíduos que estão sendo submetidos à respostas agressivas, mas na maior parte das vezes
extinção sozinhos podem aprender o que não é negligenciam o componente básico da habilidade.
mais eficiente, mas permanecer inseguros sobre O processo de aquisição e subseqüente utilização
possíveis vias de ação construtivas, ao passo que o do comportamento agressivo é melhor exemplifi­
224 EXTINÇÀO
cado nos estudos de laboratório -que usam situações doras, nas quais o êxito para um membro produz
de treino e teste acentuadamente diferentes. Wal- resultados punidores para o outro. Feshbach (1964)
ters e Brown (1963) mostraram que meninos que oferece uma interpretação um tanto diferente do
tinham sido interm itentem ente reforçados com fenômeno. Por meio de exemplos, e admoestações,
bolas de gude porque tinham esmurrado uma bo­ as crianças aprendem uma norma de retaliação:
neca automática mais tarde exibiram um compor­ quando a lesão é perpetrada, o agressor inicial deve
tamento físico mais agressivo em relação a outras ser machucado. Admite-se ainda que a percepção
crianças numa situação competitiva do que meninos da dor nas pessoas que nos atormentam é viven-
que não tinham recebido treino prévio nas respos­ ciada como satisfatória porque a retaliação seguida
tas de esm urrar. Reciprocamente, no estudo de de êxito restaura a auto-estima.
Chittenden (1942), já revisto previamente, as crian­ Para avaliar a função reforçadora da provocação
ças cujas respostas agressivas foram reduzidas da dor, Feshbach, Stiles e Bitter (1967) realizaram
numa situação de brinquedo com bonecas por meio um experimento no qual alunos do sexo feminino

PS
de um reforçam ento diferencial m odelador e participaram de uma tarefa de condicionamento
vicário tendiam muito menos a reagir agressiva­ verbal depois de terem sido tratados de uma
mente numa situação interpessoal de frustração, maneira hostil ou amistosa por um associado do
tanto em testes situacionais como nas suas intera­ experimentador. Para metade dos sujeitos em cada
ções do dia-a-dia. condição, a resposta verbal correta era reforçada

U
Existe um substancial corpo de evidência (Ban- pela visão do associado submetido a choques elétri­
dura e Waiters, 1963) de que novos modos de cos, ao passo que para os outros alunos o evento

O
comportamento agressivo são prontamente adqui­ contingente foi um raio de luz. Os sujeitos encoleri­
ridos por meio da observação de modelos agressi­ zados que observaram o provocador sentir dor
vos. Os achados destas investigações controladas mostraram um aumento das respostas condiciona­

R
apoiam estudos de campo que demonstram o papel das, mas os sujeitos que não tinham sido insultados
crucial da modelação na gênese do comportamento não demonstraram este acréscimo. Estes achados
agressivo anti-social (McCord e McCorti, 1958) e
na transmissão cultural de padrões de resposta
agressivos (Bateson, 1936; Whiting, 1941). As in­
fluências de modelação continuam a regular a rea-
G parecem indicar que sob a provocação da raiva as
pistas de dor podem servir como reforçadores posi­
tivos, embora necessitemos de informações adicio­
nais antes que as diferenças de condicionamento
KS
tividade agressiva, em certa extensão, mesmo de­ possam ser inequivocamente atribuídas à influência
pois que o comportamento foi adquirido. O com­ da provocação da cólera. Testemunhar outra pes­
portamento de modelos continuamente exerce um soa sentir dor elida respostas emocionais (Berger,
controle seletivo sobre os tipos de resposta exi­ 1962), e os observadores que estão emocionalmente
O

bidos por outros em qualquer situação apresen­ despertos são condicionados mais facilmente por
tada. Além do mais, o fato de ver indivíduos com­ tais apresentações do que sujeitos não despertos
portando-se agressivamente sem conseqüências (Bandura e Rosenthal, 1966). Como o despertar
BO

adversas reduz as restrições nos observadores, des­ das emoções facilita o condicionamento, um plano
ta forma aum entando a freqüência com que se experimental, no qual os efeitos das pistas de dor
engajam em atividades agressivas (Wheeler, 1966) e em sujeitos encolerizados e amedrontados fossem
a aspereza com que tratam os outros (Epstein, comparados, seria mais adequado para avaliar se as
1966; Hartmann, 1969). conseqüências condicionadas são devidas especifi­
camente à raiva ou aos efeitos gerais da deflagração
EX

Depois que os padrões agressivos de comporta­


mento foram aprendidos, eles podem ser mantidos emocional.
por uma grande variedade de eventos reforçado­ Uma teoria compreensiva da agressão deve ex­
res. Teorias que postulam a existência de impulsos plicar não só as ações agressivas que são primaria­
agressivos (Dollard et al., 1939; Feshbach, 1964) mente reforçadas por conseqüências lesionais, mas
D

admitem que as pistas de dor e outras conseqüên­ também as classes muito mais amplas de compor­
cias injuriosas vivenciadas pela vítima constituem os tamento agressivo nas quais a lesão é essencial­
IN

principais reforçadores do comportamento agres­ mente irrelevante ou, no melhor dos casos, uma
sivo. O processo pelo qual os sinais de injúria e afli­ condição controladora secundária. Se houver qual­
ção adquirem propriedades reforçadoras positivas quer validade nos estudos naturalísticos que mos­
nunca foi estabelecido. Sears, Maccoby e Levin tram que o reconhecimento social é muitas vezes
(1957) sugerem que as expressões da dor e do des­ contingente ao desempenho do comportamento de
conforto produzidas em outros pelo com porta­ assaltos e se a agressão é definida como o compor­
mento agressivo são freqüentemente seguidas de tamento que pretende produzir conseqüências le­
uma retirada das frustrações ou de conseqüências sionais, então algumas das atividades interpessoais
recompensadoras para o agressor. Por meio de tal mais violentas seriam excluídas da nossa considera­
associação emparelhada, as pistas de dor adquirem ção. É evidente que as pessoas freqüentemente lan­
um valor de recompensa condicionado. Poderíamos çam mão da agressão não em função de pistas de
também esperar que as expressões de sofrimento dor, mas porque ela possui um elevado valor uti­
adquirissem propriedades de satisfação sob condi­ litário. Por meio do comportamento agressivo ou
ções de conseqüências interdependentes competi­ da dominância pela força verbal ou física, os indi-
EXTINÇÃO 225

víduos podem obter recursos materiais, mudar as Estudos psicofisiológicos, alguns dos quais discu­
regras para adequá-las aos seus próprios desejos, tidos no Cap. 8, mostram que as situações que pro­
obter controle sobre e forçar a subserviência dos vocam medo e raiva produzem reações fisiológicas
outros, acabar com a provocação e remover barreiras altamente similares (Ax, 1953; Schachter, 1957).
físicas que bloqueiam ou atrasam a consecução de Além do mais, o mesmo estado fisiológico induzido
resultados desejados. Portanto, não é de surpreen­ diretamente por um estimulante simpático pode ser
der que os padrões agressivos e dominadores sejam vivenciado como raiva ou euforia dependendo do
tão prevalentes. tipo de comportamento emocional exibido por ou­
A análise sistemática das contingências de refor- tras pessoas na mesma situação (Schachter e Singer,
çamento em interações que ocorrem naturalmente 1962). Estes dados lançam dúvida sobre a pressu­
revelam, de fato, que o comportamento agressivo é posição de que a frustração cria uma forma dife­
fortalecido e mantido, em certa extensão, pelas suas rente de deflagração emocional que somente pode
conseqüências sociais positivas. Nas subculturas ser reduzida por meio do comportamento agres­

PS
desviantes, nas quais a agressão física é vista como sivo. Na realidade, contrariando a teoria dos impul­
um comportamento a imitar (Buehler, Patterson sos agressivos, os achados de numerosos experi­
e Furniss, 1966; W olfgang e Ferracuti, 1967; mentos controlados revelam que, muito longe de
Yablonsky, 1962), a agressão é muitas vezes delibe­ produzir uma redução catártica da agressão, o de­

U
radamente recompensada e sancionada coletiva­ sempenho do comportamento agressivo num con­
mente. Os estudos da agressão que ocorrem em situa­ texto permissivo a mantém no seu nível original
ções familiares e outras situações sociais mostram que (Feshbach, 1956; Kenny, 1952; Mallick e McCan-

O
os indivíduos são muitas vezes inadvertidamente dless, 1966). Também foi repetidamente mostrado
treinados para se comportar de modo agressivo por que a participação vicária nas atividades agressivas

R
pessoas que normalmente repudiam tal comporta­ aumenta a probabilidade de que os observadores se
mento. Por causa das suas propriedades aversivas o comportem de modo agressivo (Bandura, 1965;
com portam ento agressivo não apenas chama a Berkowitz, 1969).
atenção, mas é muitas vezes bem-sucedido na re­
moção de exigências de desempenho desagradáveis
e no controle do comportamento das outras pes­
G
A persistência dos efeitos da frústração emocio­
nal pode ser interpretada mais adequadamente em
termos de um mecanismo de auto-eliciação ao invés
KS
soas. Tanto os pais (Hawkins, Peterson, Schweid de um impulso agressivo remanescente que neces­
e Bijou, 1966) quanto os companheiros (Patter­ sita ser descarregado por meio de um comporta­
son, Littman e Bricker, 1967) desta forma refor­ mento de assalto ou destrutivo. Depois que uma
çam intermitentemente as respostas agressivas. pessoa foi insultada, tratada de forma injusta ou
O

Um processo similar de reforçam ento tipica- frustrada de outra maneira, a excitação emocional
ifiente o p era em níveis sociais mais am plos. resultante é repetidamente revivida e muitas vezes
Quando as exigências legítimas e os esforços cons­ aumentada em ocasiões posteriores por meio da
BO

trutivos necessários para a produção de mudanças reinstalação simbólica dos incidentes que provoca­
necessárias são repetidamente frustrados por pes­ ram a raiva. Desta forma, pensar sobre o trata­
soas que se beneficiam do sistema prevalente, isto mento lesivo e as possíveis conseqüências aversivas
evoca ações mais intensas e desorganizadoras que dos episódios perturbadores pode reinstalar senti­
não podem ser ignoradas. Em muitos casos, as mentos intensos muito depois que as reações ini­
práticas existentes carecem de justificação sufi­ ciais à situação se apagaram. A persistência desses
EX

ciente para poder resistir a quaisquer esforços con­ estados emocionais, de acordo com o ponto de vista
juntos e agressivos para forçar as mudanças. Em da aprendizagem social, é atribuída à estimulação
conseqüência, o com portamento agressivo even­ autogerada e não à existência de um reservatório
tualmente é bem-sucedido para assegurar os objeti­ não descarregado de impulsos agressivos. Se uma
D

vos desejados e, como qualquer outro comporta­ pessoa se engajasse em novas atividades que afas­
mento eficaz modelado, é am plamente imitado tam as ruminações provocadoras de emoção, ou se
como método de obter uma mudança social. ela reinterpretasse a experiência provocadora origi­
IN

As teorias dos “impulsos” agressivos admitem nal numa luz mais favorável, a “tensão” tenderia a se
que a frustração provoca um impulso agressivo ou reduzir acentuadamente. Por exemplo, uma pessoa
“drive”, que somente pode ser reduzido por meio que está com raiva por causa de uma insulto pre­
de alguma forma de comportamento agressivo. A sumido irá provavelmente vivenciar uma redução
partir de uma perspectiva da aprendizagem social, rápida e completa da raiva, sem ter que assaltar
a frustração é vista como uma condição facilitadora, ninguém, ao saber que apesar de tudo ela foi con­
e não necessária, da agressão. Isto é, a frustração vidada para o acontecimento social. Da mesma
produz um estaco geral de intensificação emocio­ forma, admitindo-se que o decréscimo na violência
nal que pode conduzir a uma variedade de respos­ das emoções é uma conseqüência de mudanças nas
tas dependendo dos tipos de reação à frustração atividades simbólicas, ao invés de um efeito
que foram previamente aprendidos e das conse­ catártico por ter vivenciado vicariamente a agres­
qüências reforçadoras tipicamente associadas com são, deveríamos esperar que indivíduos emociona­
linhas diferentes de ação. Esta conceitualização é dos sentissem efeitos igualmente salutares ao mer­
apoiada por várias linhas de evidência. gulhar na leitura de um livro fascinante, assistir a
226 e x t í n ç Ao

um filme, ir ao teatro ou assistir a uni programa O papel influente desempenhado pelos fatores
de televisão que não apresente cenas de agressão. de aprendizagem social na agressão é também de­
Os resultados de vários experimentos, os quais di­ monstrado por estudos nos quais o comportamento
ferem acentuadamente quanto às características dos agressivo é induzido em primatas por meio da es­
sujeitos, à forma pela qual a agressão é expressa e timulação elétrica do hipotálamo (Delgado, 1967).
às medidas dependentes, estão de acordo com as A estimulação talâmica de um macaco que assume
considerações teóricas acima expressas. Kahn um papel dominante na colônia o instiga a atacar
(1966) sujeitou estudantes universitários a expe­ membros machos subordinados. Em contraste, a es­
riências provocadoras de raiva, sendo que depois timulação talâmica elicia um comportamento sub­
ou eles expressaram seus sentimentos de raiva a um misso e de medo num macaco de posição social in­
“médico” encorajador e simpático ou simplesmente ferior. Ainda mais impressionante é a evidência de
permaneceram inativos por um período equiva­ que a estimulação elétrica do mesmo mecanismo
lente. Os alunos que participaram da entrevista cerebral pode evocar quantidades diferentes de

PS
catártica dem onstraram significativamente mais agressão no mesmo animal quando a sua posição
raiva do que os do grupo de controle e, durante o social é modificada pela alteração na espécie de
período de recuperação, os sujeitos submetidos à membros da colônia. Desta forma, a estimulação ta­
catarse eram em geral mais excitados fisiologica- lâmica elicia um comportamento submisso no ani­

U
mente do que os alunos da condição de controle. mal quando ele ocupa uma posição hierárquica in­
Num experimento realizado com crianças, Mallick ferior, e agressividade acentuada quando é o
e McCandless (1966) descobriram que a reinterpre- membro dominante do grupo.

O
tação dos eventos provocadores de raiva reduziu Na aprendizagem humana, as respostas à frus­
substancialmente o comportamento agressivo em tração freqüentemente se originam da observação

R
relação ao opositor, ao passo que a livre expressão de modelos paternos e de outros modelos que for­
da agressão física não diminuiu o seu comporta­ necem repetidos exemplos de como lidar com even­
mento punitivo. Kaufmann e Feshbach (1963a,b) tos frustradores. Conseqüentemente, quando ob­
fornecem mais evidência sugestiva para os efeitos
mitigadores da raiva dos processos cognitivos.
O termo frustração foi empregado com condi­
G servadores se deparam com situações de stress
tendem a responder imitativamente ao invés de sfe
engajar num comportamento de ensaio e erro ini­
KS
ções excepcionalmente diferentes incluindo a obs­ cial. Somente quando uma pessoa aprendeu o
trução, omissão ou atraso do reforçainento, a reti­ comportamento agressivo como uma resposta do­
rada de recompensas e a aplicação de estímulos minante a estímulos que despertam as emoções é
punitivos. Foi demonstrado, em pesquisas que en­ que haverá uma elevada probabilidade dela reagir
volveram tanto sujeitos animais como humanos, agressivamente à frustração. Por exemplo, Ban-
O

que essas operações produzem resultados bastante dura (1962) descobriu que crianças que tinham ob­
diferen tes, e que até a mesma condição nem servado um modelo comportar-se de forma agres­
BO

sempre tem um efeito comportamental invariante. siva reagiam à frustração dando pontapés, batendo
A maneira pela qual os indivíduos respondem a com martelos e outras respostas agressivas imita ti -
condições vistas como frustradoras é prim aria­ vas, ao passo que crianças que também tinham sido
mente determ inada pelos padrões de comporta­ frustradas e que tinham observado um modelo
mento previamente aprendidos para lidar com tais não-agressivo apresentaram menos respostas agres­
situações. sivas do que um grupo de controle que imitava o
EX

A importância do treino direto no desenvolvi­ comportamento inibido do seu modelo. O papel in­
mento das respostas de frustração é demonstrada fluente da modelação na formação de reações de
num experim ento de Davitz (1952). Depois de frustração ou de stress é bem documentado em
terem sido observados na interação livre, vários inúmeros estudos que mostram que os padrões de
comportamento desviantes são muitas vezes trans­
D

grupos de crianças participaram de sessões de trei­


namento nas quais os comportamentos competiti­ mitidos por meio da modelação familiar.
vos e agressivos foram louvados e encorajados. Em É evidente que, como resultado de padrões dife­
IN

contraste, outros grupos de crianças foram recompen­ renciais de modelação e reforçamento, a frustração
sados por um comportamento construtivo e coopera- pode eliciar uma ampla variedade de respostas.
dor. Todas as crianças foram depois severamente frus­ Quando frustradas, algumas pessoas podem se tor­
tradas e, im ediatam ente após esta experiência, nar dependentes e procurar ajuda e apoio, algumas
foram de novo observadas na interação livre. As se isolam e apresentam-se resignadas, algumas têm
crianças que tinham sido treinadas a um comporta­ disfqnções psicossomáticas, outras procuram refú­
mento agressivo mostraram um aumento na agres­ gio em experiências induzidas por drogas e doses
são, ao passo que as crianças que tinham recebido anestesiadoras de álcool, algumas reagem agressi­
tre in o no c o m p o rta m e n to d e c o o p e ra ç ã o vamente e a maioria simplesmente intensifica os es­
mostraram-se de forma mais construtiva em res­ forços construtivos para sobrepujar os obstáculos
posta à frustração. Este estudo ilustra como a frus­ com que se defrontam. Portanto, não causa sur­
tração serve como um estímulo elidador que faz presa que, em estudos de laboratório nos quais a
sobressair quaisquer respostas que dominam os re­ frustração é sistematicamente variada, ela às vezes
pertórios comportamentais dos sujeitos. aumenta a agressão (Berkowitz, 1964; Geen, 1968;
EXTINÇÃO 227

Hartmann, 1969), não tem efeito sobre o compor­ bais. Scott, Burton e Yarrow (1967) relatam resul­
tamento agressivo (Buss, 1966; Jegard e Walters, tados similares num estudo controlado de um me­
1960; Walters e Brown, 1963), ou reduz as respos­ nino de escola maternal que apresentava freqüen­
tas de agressão (Kuhn, Madsen e Becker, 1967). tes reações de agressão não-provocada. Quando as
Os experimentos que relatam respostas positivas à condições usuais de reforçamento adulto estavam
frustração usualmente exercem uma influência so­ operando, o menino exibia uma elevada freqüência
mente quando estão conjugados com um treino de com portam ento negativo em relação a seus
prévio na agressão ou com uma exposição a pistas companheiros. Em contraste, durante períodos em
modeladoras agressivas. O fato de que achados ne­ que os adultos significativos consistentemente igno­
gativos ocorreram em estudos nos quais outras ravam as ações agressivas e concorrentem ente
variáveis foram altamente influentes apóia o ponto davam atenção ao comportamento desejado, o me­
de vista de que a frustração é apenas uma, mas não nino exibia um acréscimo significativo de formas
necessariamente a mais importante das variáveis positivas de interação com as outras crianças.

PS
que determinam o comportamento agressivo. Na
realidade, de acordo com a teoria da aprendizagem Extinção do Comportamento Defensivo
social, seria possível produzir indivíduos altamente Como Mowrer (1950) noiou previam ente, o
agressivos oferecendo-lhes modelos cujas agressões comportamento humano é freqüentemente ativado

U
são bem-sucedidas e recompensando intermitente­ não por desconfortos físicos imediatos mas por
mente o com portamento agressivo enquanto se efeitos aversivos antecipados. Isto é, as donas-de-
mantém a frustração em níveis baixos. Seguir-se-ia,

O
casa não precisam sentir fome para ir comprar co­
dos achados revistos nas seções anteriores, que mida; os proprietários de residências não esperam
mudanças duradouras no comportamento agres­ até sentir o desconforto de uma casa pegando fogo

R
sivo podem ser conseguidas com êxito reduzindo-se para comprar um seguro contra incêndio; os alu­
o valor utilitário da agressão por meio do desenvol­ nos usualmente não esperam sentir a aflição criada
vimento de modos alternativos de respostas mais
eficazes.
Uma variedade de procedimentos de aprendiza­
gem social tem sido empregada com êxito na modi­
G
pelo fracasso nos exames para começar a estudar; e
usualmente os motoristas não esperam que o carro
pare por falta de gasolina para reabastecê-lo. Por
meio de mecanismos de representação, os eventos
KS
ficação do comportamento agressivo extremado. futuros podem ser convertidos em estímulos atuais
Chittenden (1942) obteve reduções na agressivi que são funcionalmente similares aos estímulos físi­
dade por meio da modelação de modos mais cons cos na sua capacidade de evocar linhas de ação
trutivos de lidar com conflitos interpessoais. Vário adaptativas.
investigadores (Hawkins et al., 1966; Sloane, Johns-
O

Da mesma forma, o comportamento de esquiva


ton e B ijo u , 1968; Z e ilb e rg e r, S am p en e pode ser fortemente reforçado pelo seu êxito em
Sloane, 1968) eliminaram violentos acessos de raiva p re v en ir a ocorrência de experiências d e sa ­
BO

e um comportamento de assalto físico reduzindo a gradáveis antecipadas. Este processo é ilustrado


quantidade de reforço social que os pais e os pro­ pelo caso apócrifo de um indivíduo seriamente
fessores forneciam para tal comportamento. Nos compulsivo, o qual, quando o psiquiatra lhe per­
programas acima descritos, conseqüências aversi­ guntou por que razão ele estalava os seus dedos in­
vas, geralmente consistindo de afastamento social, cessantemente, respondeu que isto afastava os leões
são aplicadas para o assalto físico e o comporta­ ferozes. Quando lhe disseram que não havia leões
EX

mento destrutivo, e um comportamento social de­ nas proximidades, o cliente compulsivo respondeu,
sejável é promovido ativamente. “Vê, dá resultado”. A realidade deste fenômeno é
A agressão também foi eficientemente modifi­ demonstrada de forma flagrante por meio de estu­
cada por um reforçamento social diferencial no dos de laboratório da esquiva não-sinalizada, nos
D

qual o comportamento agressivo é colocado num quais os animais podem impedir o choque por uin
esquema de extinção. Brown e Elliott (1965) ins­ período fixo de tempo cada vez que desempenham
truíram os professores a ignorar a agressão e a re­ uma resposta defensiva (Sidman, 1966). Sob estas
IN

compensar o comportamento cooperativo num es­ condições, os animais apresentam uma taxa estável
forço para reduzir a quantidade de agressão exi­ de comportamento de esquiva, e, como resultado,
bida por 27 meninos numa turm a de escola mater­ raramente se defrontam com os eventos punitivos
nal. Sob estas contingências de reforçamento, a in­ atuais. Além do mais, o comportamento de esquiva
cidência da agressão tanto física como verbal dimi­ persiste durante muito tempo depois que os estímu­
nuiu. Depois que o programa foi interrompido, o los aversivos foram retirados, e é facilmente reinsta­
comportamento de agressão física mostrou alguma lado em ocasiões futuras por algumas poucas expe­
recuperação durante um período de seguimento, o riências negativas.
que foi atribuído ao fato de que os professores Depois que o comportamento de esquiva foi de­
achavam difícil não atender e interagir com os me­ senvolvido com êxito, elé pode ser controlado cog-
ninos quando eles se engajavam em tais aüvidades. niüvamente e por meio de estímulos discriminati­
Os procedimentos de reforçamento social foram vos sem necessitar de um deflagramento das emo­
novamente aplicados consistentemente e produzi­ ções. N uma comparação de diferentes procedimen­
ram reduções adicionais nos assaltos físicos e ver­ tos de extinção, Notterman, Schoenfeld e Bersh,
228 EXTINÇÃO
(1952) condicionaram as batidas cardíacas a um A extinção do comportamento de esquiva é ob­
tom p o r meio de uma estimulação de choque. tida pela exposição repetida a eventos ameaçadores
Quando os ensaios de extinção foram iniciados, o sem a ocorrência de quaisquer conseqüências adver­
tom foi apresentado a um grupo de sujeitos sem sas. O principal obstáculo para se obter uma extin­
comentários, informou-se ao segundo grupo que os ção rápida é o caráter auto-reforçador do compor­
choques tinham sido permanentemente retirados e tamento de esquiva, o qual deriva de sua capaci­
ao terceiro grupo foi dito que poderia evitar o dade de remover ou adiar a ameaça antecipada.
choque abaixando uma tecla telegráfica sempre que Além do mais, a inibição de respostas que foram
o tom fosse apresentado. A conscientização das punidas no passado e a evitação bem-sucedida de
contingências alteradas facilitem a extinção, mas as situações que provocam medo efetivamente impe­
respostas autonômicas foram quase que completa­ dem o indivíduo de reavaliar as condições de refor-
mente eliminadas quando os sujeitos dispunham de çamento que prevalecem atualmente. A deflagra­
um meio adequado para evitar a estimulação aver­ ção antecipatória e os comportamentos defensivos

PS
siva (Fig. 6-8). que não são mais objetivamente justificados são
Em condições naturais, os indivíduos periodica­ assim protegidos da extinção. Uma contínua reex-
mente se defrontam com experiências punitivas e posição a estímulos provocadores de medo sem
freqüentem ente se deparam com situações que conseqüências desfavoráveis eventualmente elimina

U
provocam medo. As atividades defensivas, são, por­ tanto o comportamento emocional como o instru-
tanto, reforçadas não somente pela evitação de m ertal por meio dos mecanismos que já discutimos
ameaças potenciais, mas também pela redução do previamente. Muitas variações de procedimentos

O
medo que acompanha o escape de situações aversi­ de extinção foram elaboradas para acelerar e obter
vas que provocam perturbações. Em experimentos melhor controle sobre os processos de extinção.

R
destinados a avaliar separadamente os vários fato­
res que pudessem reforçar o comportamento de
esquiva, Kamin (1956, 1957) descobriu que ou a EXPOSIÇÃO FORÇADA POR MEIO DA
terminação do sinal que provocava o medo ou a
evitação de uma estimulação fisicamente dolorosa
aumentava a freqüência de respostas de esquiva e a
G PREVENÇÃO DE RESPOSTAS
O comportamento de esquiva pode ser rapida­
mente eliminado bloqueando-se a sua ocorrência
KS
rapidez com que estas eram desempenhadas. O na presença de estímulos que eliciam o medo. Con­
comportamento de esquiva era mais pronunciado tudo, existe alguma evidência para indicar que a
quando terminava o aparecimento de sinais provo­ exposição forçada pode produzir apenas mudanças
cadores de medo e também quando evuava a esti­ temporárias sem alterar o potencial de deflagração
mulação de choque. de situações subjetivamente ameaçadoras. Em al­
O
BO
EX
D
IN

Figura 6-8. Extinção das respostas de batidas de coração a um estímulo condicionado em sujeitos que não sabiam
que Q. choque tinha sido retirado, tinham sido avisados que não haveria mais choques ou receberam uma resposta
motipra para evitar o choque. B-l representa o número de batidas cardíacas durante o período de liríha de base em
resposta ao som antes do condicionamento aversivo. Redesenhado de Notterman, Schoenfeld e Bersh, 1952.
e x t i n ç Ao 229

guns casos, por exemplo, a cessação das respostas no qual animais confinados numa situação ameaça­
de esquiva apenas reflete a formação de discrimi­ dora adquiriram uma longa sucessão de respostas
nações errôneas que protegem a capacidade de de esquiva à medida que cada resposta precedente
despertar o medo dos estímulos ameaçadores da era obstruída. A importância de distinguir entre
extinção. Solomon, Kamin e Wynne (1953) treina­ mudanças que refletem a neutralização do estímulo
ram cachorros para pular uma barreira numa caixa e substituição de respostas é também ilustrada pela
especial sempre que se tocava um a campainha evidência de que sujeitos que extinguiram respostas
antes de um choque elétrico intenso. Depois que o de esquiva a um dado estímulo condicionado po­
com portam ento de esquiva foi bem aprendido, dem, no entanto, ter algum medo deste estímulo,
instituiu-se a extinção. Sob o procedimento regular medido pela supressão do comportamento recom­
de extinção, os animais continuaram a desempe­ pensado sempre que o estímulo era apresentado
nhar a resposta de esquiva ao som da campainha (Kamin, Brimer e Black, 1963).
com uma rapidez não diminuída por várias cente­ Avaliações dos efeitos variados que acompanham

PS
nas de ensaios sem receber nenhum choque adicio­ o impedimento da resposta sugerem que este mé­
nal. Nesta etapa da investigação, várias modifica­ todo pode produzir rápidas mudanças comporta-
ções do procedimento foram introduzidas. Para al­ mentais sem lograr a extinção do jnedo. Isto é mos­
guns animais, uma barreira de vidro, que impedia a trado por evidência que, quando comparado com a

U
resposta de salto, foi colocada entre os comparti­ extinção regular, o comportamento que foi elimi­
mentos da caixa, mas esse método também se de­ nado pelo bloqueio de respostas reaparece com
monstrou ineficaz para facilitar a extinção para a maior freqüência em apresentações ulteriores do

O
maioria dos animais. Neste experimento, a obstru­ estímulo condicionado (Benline e Simmel, 1967);
ção física foi utilizada somente no quarto e no sé­ os sujeitos relutam mais em se aproximar das pistas

R
timo dos dez ensaios que os cachorros recebiam d u ­ eliciadoras de medo, indicando que estas retiveram
rante cada sessão diária. Sob estas mudanças previ­ algumas das suas propriedades aversivas (Page,
síveis de estímulos os animais aparentemente dis­ 1955); e que não somente os sujeitos cujo compor­
criminavam entre os ensaios nos quais a barreira
era apresentada como segura e aqueles nos quais
era ausente como perigosa. Conseqüentemente,
G
tamento defensivo fqi removido desta maneira são
mais suscetíveis a um condicionamento aversivo
subseqüente, mas também o comportamento de es­
KS
continuavam a pular rapidamente nestes últimos quiva restabelecido é mais resistente à extinção
ensaios, mas permaneciam sem mostras de pertur­ (Polin, 1959).
bação em função do tom aversivo sempre que a Os métodos de prevenção da resposta raramente
barreira de vidro fosse introduzida. foram empregados clinicamente. Contudo, Meyer
Evidência para a interpretação discriminativa da
O

(1966) apresenta resultados interessantes com per­


resistência acentuada à extinção é oferecida por turbações obsessivas severas, o que sugere que esta
Carlson e Black (1959), que replicaram o experi­ abordagem pode ser de valor na modificação de
BO

mento acima, com a exceção que a barreira de certas condições comportamentais. Um caso envol­
vidro foi empregada durante a série inicial de en­ via uma mulher de 33 anos que estava quase total­
saios, de extinção, após a qual ela foi permanente­ mente incapacitada por rituais de limpeza. Ela fobi-
mente retirada. Sob esse procedimento, o compor­ camente evitava tocar objetos comuns e deixou de
tamento de esquiva foi rapidam ente eliminado. ter relações sexuais com medo da contaminação. A
Usando um método similar, Page e Hall (1953) maior parte do tempo era gasta lavando e lim­
EX

também demonstraram que a técnica da prevenção pando a casa de modo compulsivo. A segunda mu­
de respostas pode acelerar a extinção, desde que lher sofria há 36 anos de “pensamentos de blasfê­
seja empregada em cada ensaio durante uma série mia” intrusivos que se centralizavam sobre o fato
longa na fase inicial de extinção. W einberger de ter relações sexuais com o Espírito Santo. A
D

(1965) também demonstrou que a taxa de extinção culpa e a ansiedade resultantes eram aliviadas pelo
do comportamento de esquiva aumenta com dura­ desempenho de vários comportamentos rituais um
ções longas de exposição forçada a eventos que certo número de vezes. Estes pensamentos obsessi­
IN

provocam medo. vos e rituais permaneceram inalterados pela terapia


O bloqueio de resposta na presença de estímulos de eletrochoque e lobotom ía mas, de acordo
aversivos pode produzir mudanças comportamen- com a cliente, a condição foi agravada por 1 1 anos
tais por meio de diversos procedimentos. Pode de psicanálise, nos quais a maioria dos estímulos
também extinguir as propriedades aversivas dos es­ era interpretada como símbolos sexuais. Conse­
tímulos ameaçadores de maneira que eles percam a qüentemente, ela deixou de comer objetos oblon­
sua capacidade de evocar medo e esquiva. Alterna­ gos e qualquer atividade que concebivelmente po­
tivamente, pode eliminar as respostas de esquiva deria ter conotações sexuais (por exemplo, fechar
obstruídas sem alterar o potencial de deflagração gavetas, inserir pregos, limpar receptáculos gran­
dos estímulos temidos produzindo novas formas de des, entrar no metrô etc.) evocava um comporta­
comportamento defensivo que são inevitavelmente mento ritualístico.
bem-sucedidas em afastar ameaças não-existentes. Pediu-se às clientes que desempenhassem ati­
Este processo de substituição de respostas é melhor vidades ameaçadoras (por exemplo, tocar os trincos
exemplificado pelo experimento de Miller (1948), da porta, lidar com recipientes de lixo, imaginar ter
230 e x t in ç ã o

relações sexuais com o Espírito Santo, comer salsi­ com o EC numa intensidade total. De fato, 80 por
chas etc.) e o pessoal da enfermaria as impedia de cento dos animais na condição de mudança de es­
se engajar no comportamento ritualístico destinado tímulos rapidam ente extinguiram as respostas
a evitar conseqüências desagradáveis. As mulheres emocionais a versões mais fracas do EC e, conse­
evidenciavam uma aflição intensa quando, pela qüentemente, não apresentavam nenhum compor­
primeira vez, o desempenho das atividades ritualís- tamento de esquiva quando confrontados com o es­
ticas foi irtipedido. Contudo, as' suas reações emo­ tímulo anteriormente aversivo em elevada intensi­
cionais gradualm ente diminuíram, e o compor­ dade.
tamento de esquiva e os rituais compulsivos foram
substancialmente reduzidos depois que as restri­ Um procedimento graduado pode produzir uma
ções tinham sido removidas. De acordo com estudos extinção comparativamente rápida porque respos­
de acompanhamento, a primeira cliente continuou tas competidoras tendem a ocorrer mais na pre­
com a sua rotina de limpeza, mas a sujeira a inco­ sença de estímulos aversivos fracos do que em formas

PS
modava muito menos, suas relações familiares me­ mais intensas que ativam um forte comportamento
lhoraram muito, ela passou a ter novamente rela­ de esquiva. Uma vez que as respostas de não-
ções sexuais e era capaz de participar de um certo esquiva ocorrem em situações que contém poucos
número de atividades sociais que ela previamente elementos que provocam medo, as respostas com­

U
evitava por medo de contaminação. A segunda petidoras também se generalizam para estímulos
cliente diminuiu os comportamentos ritualísticos de similares contendo um maior número de elementos
cerca de 80 a 4 por dia e a ocorrência de pensa­ amedrontadores. Desta maneira é possível extin­

O
mentos intrusivos foi reduzida de modo similar. guir o comportamento emocional sem eliciar ne­
Estes resultados preliminares encorajadores suge­ nhum comportamento de esquiva, desde que os es­

R
rem que o comportamento de esquiva que é pode­ tímulos condicionados aversivos sejam aumentados
rosamente m antido pelo afastamento de conse­ em incrementos suficientemente pequenos.
qüências daninhas imaginárias pode inicialmente
exigir um procedimento de extinção forçada para
sua eliminação.
G O processo de extinção pode ser ainda mais ace­
lerado coinbinando-se a mudança dos estímulos
aversivos com condições estimuladoras positivas
destinadas a evocar um comportamento capaz de
KS
EXPOSIÇÃO A AMEAÇAS GRADUADAS QUANTO
À AVERSIVIDADE sobrepujar as tendências de esquiva. Empregando-
se este tipo de procedimento múltiplo, que é expli­
O comportamento defensivo não apropriado é cado com mais detalhes no próximo capitulo, a
freqüentemente extinto pela introdução de estímu­ ocorrência de um comportamento não receoso a
los aversivos com intensidades fracas que não evo­
O

ameaças subjetivas pode ser melhor controlada.


cam respostas aversivas, aum entando-se depois Isto é corroborado por Poppen (1968) num estudo
gradualmente o seu valor de ameaça até que a de laboratório comparando cinco métodos diferen­
BO

maioria das situações am edrontadoras seja neu­ tes para eliminar as inibições comportamentais.
tralizada. Pela hábil aplicação dos procedimentos Depois que os animais aprenderam a pressionar
de mudança de estímulos, a capacidade de deflagra­ uma alavanca para obter comida, receberam cho­
ção do estímulo aversivo pode ser eliminada sem ques imediatamente depois que ouviram um som,
eliciar medo ou formas alternativas de comporta­ até que este tivesse adquirido a capacidade de su­
mento defensivo. primir totalmente as respostas. Os estímulos de
EX

Vários estudos compararam a eficácia relativa da choques foram então retirados e aos animais foi
extinção regular e o procedimento de mudança atribuída uma de cinco condições de tratamento.
de estímulos usado sozinho ou como um compo­ Para um grupo de sujeitos que recebiam extinção
nente de um método múltiplo para eliminar as rea­ regular, o som eliciador de medo foi apresentado
D

ções emocionais. Num experimento de Kimble e periodicamente na intensidade usada no treina­


Kendall (1953) os animais desempenharam respos­ mento; para um grupo de contracondicionamento
o som de treino foi acompanhado por recompensas
IN

tas de esquiva à luz (EC) que previamente tinha


sido associada com o choque. As respostas de es­ em comida; um terceiro grupo recebeu extinção,
quiva da metade dos animais foram extintas pelo aplicada gradualmente, na qual o som aversivo foi
método convencional de apresentação repetida do introduzido com baixa intensidade e progressiva­
estímulo condicionado eliciador de medo, numa in­ mente aumentado à medida que variações mais fra­
tensidade de treino sem o choque. Para os sujeitos cas foram neutralizadas; para os sujeitos recebendo
da segunda condição, a intensidade do EC foi gra­ o tratamento de contracondicionamento graduado,
dualmente aumentada em pequenas etapas de zero as mudanças do estímulo aversivo foram combina­
até o nível utilizado durante o treino, e depois a luz das com recompensas de comida e, finalmente, um
foi apresentada na intensidade do treino assim quinto grupo de sujeitos participou de um proce­
como para o primeiro grupo. Os sujeitos inicial­ dimento de “inundação”, no qual o som de treino
mente expostos ao estímulo condicionado aversivo foi apresentado continuamente por períodos de
em intensidades graduadas abandonaram o com­ dez minutos. O grau de supressão das respostas foi
portamento de esquiva duas vezes mais rápido do medido por diferenças na taxa de respostas antes e
que o grupo que desde o início foi confrontado na presença do som ameaçador.
EXTINÇÃO 2S1

PS
Figura 6*9. Reduções na supressão de respostas obtidas por sujeitos em cada uma das cinco condições de tratamento

U
durante dez sessões de extinção. Um valor zero indica supressão completa da resposta de pressionar uma barra, inter­
mitentemente reforçada, ao passo que uma razão de 0,50 representa nenhuma inibição da resposta. Poppen, 1968.

O
R
As reduções na supressão das respostas obtidas um até que ela pròferiu uma série de palestras para
pelos vários procedimentos de tratamento são re­ um auditório de nove ouvintes. Para assegurar
sumidas na Fig. 6-9. A extinção regular foi a menos ainda mais a generalização adequada de efeitos de
eficiente para eliminar o medo condicionado, mas o
potencial deste método foi consideravelmente au­
mentado pela apresentação do estímulo ameaçador
G
extinção, as condições estimuladoras foram conti­
nuamente variadas utiliza ndo-se várias salas de aula
diferentes, fazendo com que a estudante visuali­
KS
de forma gradual. As inibições comportamentais zasse seus novos colegas durante as palestras de
foram removidas de modo mais rápido e completo demonstração e fazendo com que o próprio tera­
reduzindo-se a aversividade dos estímulos eliciado- peuta estivesse ausente durante algumas de suas
res de medo pela apresentação gradual, combinado sessões. Após completar a série de extinção, a estu­
com a eliciação simultânea de respostas incompatí­ dante proferiu seis palestras e obteve conceito “B"
O

veis. Um padrão de resultados essencialmente simi­ no curso de oratória do qual ela antes tinha fugido,
lar foi obtido para o número de ensaios necessários procurando um médico depois de uma tremenda
BO

para eliminar completamente as inibições comporta­ luta para completar um discurso de um minuto.
mentais. Tanto a apresentação dos estímulos amea­ De acordo com a teoria psicanalítica, as interpre­
çadores numa série graduada quanto a eliciação das tações destinadas a reduzir a força das defesas
respostas competidoras aceleraram a extinção, mas devem preceder a rotulação das expressões de im­
o procedimento que combinava estes dois fatores pulsos. Na base de deduções consistentes com esta
reduziu o tempo de extinção para a metade. última teoria, feitas a partir do paradigma de con­
EX

Foram publicados alguns estudos de casos nos flito de Miller (1948), Dollard e Miller (1950) pro­
quais um procedimento de extinção graduado foi puseram o ponto de vista de que a ansiedade que
utilizado para modificar um comportamento emo­ motiva as respostas de esquiva num conflito de
cional intenso. Uma ilustração do uso deste princí­ aproxim ação-afastam ento deveria ser reduzida
antes de se tentar reforçar o comportamento de
D

pio é fornecida por Grossberg (1965) no trata­


mento de uma mulher que sofria de uma fobia de aproximação.
falar em público tão severa que ela era incapaz de
IN

completar um curso de oratória exigido para com­ A pessoa com uma neurose grave que chega até o
pletar os créditos do seu curso universitário, consultório do psicoterapeuta é um caso especial­
mesmo com a ajuda de tranqüilizantes, terapia de mente selecionado com tendências de esquiva espe­
grupo com outras pessoas que sofriam da mesma cialmente fortes. Portanto, tentar aumentar a sua
fobia e 30 horas de psicoterapia individual. motivação para se aproximar dos objetivos irá ape­
nas aumentar o seu medo e conflito. Este aumento
O programa de extinção consistiu de 17 sessões, na sua infelicidade tenderá a fazê-la abandonar a
nas quais a estudante fez palestras cada vez mais terapia. É exatamente isto o que parece acontecer.
longas a audiências cada vez maiores em situações Os terapeutas descobriram que a primeira coisa a
que gradualmente se aproximavam das condições fazer é concentrar-se na redução dos medos que
da sala de aula. Inicialmente, a estudante lia tre­ motivam o afastamento (isto é, analisar as resistên­
chos familiares e não-familiares de um livro, e de­ cias) ao invés de tentar aumentar a motivação para
se aproximar do alvo temido [pág. 359].
pois fazia pequenos discursos ao terapeuta sozinho
no seu consultório e em uma sala de aula pequena, Esta teoria implica que o comportamento de es­
vazia. Os ouvintes foram depois introduzidos um a quiva pode ser modificado de forma mais eficiente
232 EXTINÇÃO

por procedimentos interpretativos de entrevista, e intensas (Haslam, 1965; Walton, 1960c) e respos­
que não deve ser feita nenhuma tentativa, durante tas de esquiva mais circunscritas (Freem an e
as etapas iniciais do tratamento, de conseguir que Kendrick, 1960). Numa série de estudos individuais
os clientes desempenhem o com portam ento te­ interessantes, Foster (1967; Foster e Campos,
mido. É altamente provável que, se os terapeutas 1964) foi capaz de melhorar os espasmos clínicos e
forçassem os seus clientes a se aproximar das situa­ a disritmia no EEG evocada por uma estimulação
ções que provocam mais medo, logo no início, os estroboscópica ou certas seleções musicais por meio
clientes realmente sentiriam uma ansiedade muito da apresentação repetida dos estímulos sensoriais
intensa, e que até se retirassem da psicoterapia. eliciadores inicialm ente em níveis inócuos e
Contudo, a evidência experimental revista previa­ aproximando-se gradualmente das formas evocati­
m ente dem onstra que as respostas de esquiva vas.
podem ser prontamente extinguidas se os sujeitos Walton e Mather (1963b) relatam que procedi­
são expostos a estímulos aversivos que inicialmente mentos de extinção similares forneceram resultados

PS
são fracos e depois gradualmente vão aumentando variáVeis cóm o c o m p o rta m e n to obsessivo-
de intensidade. Um procedim ento de extinção compulsivo, que como se presume foi original­
deste tipo foi, de fato, empregado com êxito por mente condicionado a estímulos produzidos pelas
Herzberg (1941) no tratamento de uma dona-de- respostas ao invés de pistas ambientais. Tentando

U
casa que sofria de agorafobia. Esta mulher apresen­ explicar esses resultados diversos, Walton e Mather
tava intensa ansiedade e reações psicossomáticas distinguem as estratégias de comportamento di­
sem pre que saía sozinha; conseqüentem ente, rigidas para a eliminação “do impulso condicionado

O
recusava-se a sair de casa a não ser na companhia autonômico mais básico” (CAD) daquelas dirigidas
de outra pessoa ou então transportada num táxi. para a eliminação do comportamento de esquiva a

R
Primeiro foi-lhe atribuída a tarefa de andar sozinha estímulos ambientais generalizados. De acordo com
num parque, o que constituía uma ameaça conside­ o seu raciocínio, nas perturbações agudas de ansie­
ravelmente mais fraca do que andar na rua. As rea­ dade as respostas instrumentais de esquiva são eli-
ções de ansiedade na sitiiação do parque foram fa­
cilmente extintas, e então ordenou-se-lhe que an­
dasse sozinha numa rua tranqüila na vizinhança.
G ciadas pelo impulso condicionado autonômico sub­
jacente; conseqüentemente, nesta última condição o
tratamento deve se concentrar na extinção da reati-
KS
Deste modo, a cliente foi gradualmente exposta a vidade autonômica, já que a sua remoção irá elimi­
pistas progressivamente mais eliciadoras de medo, nar respostas associadas de esquiva sem nenhuma
até que eventualmente ela conseguia andar em intervenção direta.
quase todos os lugares sozinha sem experimentar Para apoiar esta suposição, Walton e Mather
ansiedade ou reações psicossomáticas. Herzberg
O

citam dois casos masculinos tratados com êxito, os


(1945) utilizou tarefas de desempenho graduadas quais ap resen tav am p ertu rb açõ e s obsessivo-
de forma similar em combinação com métodos de compulsivas intensas de origem recente. Num dós
BO

entrevista para eliminar várias formas de compor­ casos, um ritual de lavar as mãos, que se acredi­
tamento de esquiva e para promover novos padrões tava ser evocado pela ansiedade de culpa sobre
de resposta. Em alguns desses casos, portanto, os fantasias violentas de agressão, desapareceu depois
clientes se defrontam com tarefas relativamente que o cliente passivo recebeu um treinamento de
exigentes com experiências preparatórias insufi­ auto-afirmação. Um desenvolvimento similar de
cientes que poderiam assegurar um progresso mais auto-afirmação no segundo cliente resultou numa
EX

eficaz. redução dos pensamentos obsessivos a respeito da


Deve ser dito de passagem que as abordagens de homossexualidade e destrutividade, que se julgava
tratamento utilizando tarefas de desempenho gra­ originarem-se das preocupações antecipatórias das
duadas são tão consistentes com o paradigma de reações sociais negativas em relação ao seu compor­
D

conflito de Miller do que as teorias que focalizam as tamento servil..


tendências de esquiva. Isto é, a evocação não pu­ Em perturbações com portam entais de longa
nida de respostas fracamente inibidas produz efei­ data, Walton e Mather afirmam que pistas outras,
IN

tos de extinção que se generalizam para as formas que não as originalmente envolvidas no condicio­
mais inteiisamente inibidas de comportamento, re­ namento aversivo, podem, por meio do processo da
duzindo assim todo o gradiente de esquiva. Desta generalização de estímulos, adquirir uma potência
maneira, a ansiedade associada com variantes su­ eliciadora de modo que as respostas de esquiva “se
cessivamente mais próximas do comportamento de­ tornem funcionalmente autônom as” ou parcial­
sejado pode ser progressivamente extinta até que mente independentes do CAD cronologicamente
os clientes sejam capazes de executar as respostas- anterior. Portanto, a modificação de perturbações
alvo sem experimentar reações emocionais fortes. crônicas requereria a extinção tanto das respostas
Esta estratégia, de fato, tem sido aplicada com êxito condicionadas autonômicas iniciais quanto do pró­
à modificação das agorafobias (Jones, 1956; Meyer, prio comportamento de esquiva. Os resultados de
1957; White, 1962), claustrofobias (Meyer, 1957; vários casos crônicos, que apresentaram apenas
Walton e Mather, 1963a), padrões de resposta com­ uma melhora parcial quando o seu tratamento foi
pulsivos (Walton, 1960b), fobias escolares (Ganvey e restrito ou aos estímulos condicionados originais ou
Hegrenes, 1966; Kennedy, 1965), inibições sexuais às próprias respostas de esquiva, são apresentados
EXTINÇÃO 253

como um apoio parcial da última hipótese pro­ O tratamento se destinava especificamente a di­
posta. minuir as ansiedades sexuais mediante o empare-
Os pressupostos de Walton e Mather sobre as Ihamento da relaxação induzida por drogas com
condições que regulam o comportamento de es­ cenas de interação progressivamente mais íntimas
quiva sáo negados por um corpo de evidência con­ com homens. Conseqüentemente, suas respostas de
siderável de que o comportamento de esquiva não ansiedade aos estímulos heterossexuais foram acen-
está sob controle autonômico. Estes achados, que tuadamente reduzidas:
serão discutidos em detalhe no Cap. 7, apóiam o
ponto de vista de que as respostas de esquiva auto­ Ela podia passar por homens na rua, sentar ao lado
deles nos transportes públicos, esperar com eles em
nômicas e instrumentais são co-efeitos do condicio­ filas para entrar nas lojas ou nos ônibus, e falar com
namento aversivo e não eventos ligados causal- eles. Ela relatou dois incidentes desta natureza com
mente. Quando as respostas emocionais são condi­ satisfação. Havia esperado por meia hora numa
cionadas a um estímulo particular, outras pistas que

PS
fila diante da parada de ônibus com um homem
recaem sobre a mesma dimensão estimuladora fí­ jovem e tinham tido uma conversa bastante longa,
sica ou semântica também adquirem potência de que quase resultou na marcação de um encontro
eliciação por meio do processo de generalização. posterior. Numa segunda ocasião, ela reatou um
Uma avaliação comportamental sistemática prova­ conhecimento de longa data com um rapaz da sua

U
idade [pág. 167].
velmente revelaria que tanto os estímulos primários
como os secundários evocam a reatividade autonô­ De acordo com os princípios de generalização, o

O
mica e de esquiva. Também não é verdade que a medo generalizado da cliente em relação à micção,
amplitude da generalização dos estímulos é neces­ à defecação e aos excrementos, estímulos muito afas­
sariamente determinada por fatores temporais. O tados dos estímulos sexuais primários, foi apenas

R
foco autonômico-motor no tratam ento proposto parcialmente reduzido.
por Walton e Mather, de fato, reduz-se à questão Num segundo conjunto de dados apresentados
de saber se as reações emocionais deveriam ser ex­
tintas a estímulos primários ou generalizados ao
invés de uma distinção impulso-comportamento.
Os resultados relatados pelos autores estão comple­
G
por Walton e Mather, uma mulher solteira desen­
volveu preocupações obsessivas a respeito da con­
taminação pela sujeira e rituais compulsivos de
lavar as mãos, depois de um caso amoroso com um
KS
tamente de acordo com os prognósticos, feitos a homem casado, o que lhe provocou profundos sen­
partir do princípio da generalização, de que a re­ timentos de culpa. Neste caso particular, porém, as
dução no comportamento emocional será maior em ansiedades sexuais não foram tratadas, mas as res­
relação aos estímulos que foram neutralizados, postas compulsivas a estímulos eliciadores generali­
qualquer que seja a sua posição no gradiente de
O

zados foram extintas. Pediu-se à mulher que de­


generalização. Os decréscimos na emotividade con­ sempenhasse uma série de tarefas graduadas de
dicionada tornar-se-ão progressivamente menores acordo com sua potência e o seu valor contamina­
BO

quanto mais distantes os estímulos evocativos não tivo. como, por exemplo, usar pias e vasos sanitários
tratados são em relação àqueles que foram selecio­ em banheiros públicos, tocar os trincos das portas,
nados para o tratamento de extinção. apanhar objetos do chão e andar em ruas sujas de
Em um dos relatos (Walton e Mather, 1963b) poeira. O comportamento compulsivo da cliente foi
que apóiam a formulação acima, uma mulher sol­ substancialmente reduzido por este programa, mas
teira de 24 anos que tivera uma criação excepcio­ as suas ansiedades sexuais não diminuíram.
EX

nalmente moralista sofria de ansiedades sexuais in­ Pareceria, a partir dos dados discutidos acima,
tensas. Qualquer forma de contato físico ou social conjuntamente com os achados de laboratório a
com hom ens, e até mesmo as relações sexuais respeito da generalização dos efeitos de extinção
dentro do casamento, era considerada pecaminosa. (Bass e Hull, 1934; H offeld, 1962; Hovland,
D

Após a adolescência, período no qual a exposição à 1937), dé que a decisão a respeito de orientar um
informação sexual e um episódio masturbatório ge­ program a de extinção no sentido dos estímulos
raram sentimentos de culpa intensos, as ansiedades primários ou os generalizados, ou ambos, deveria
IN

sexuais acentuadas da moça se generalizaram para ser determ inada pela natureza e amplitude das
as funções geniturinárias. Durante este período ela mudanças que se deseja produzir.
desenvolveu .uma preocupação obsessiva a respeito Uma aplicação de grupo interessante de extinção
da micção e da defecação, e instituiu rituais elabo­ graduada é descrita por Saul e seus associados
rados destinados a assegurar a limpeza absoluta. As (Saul, Rome e Leuser, 1946), no tratamento da
respostas de ansiedade também se transferiram ansiedade intensa e am plam ente generalizada
para a urina e as fezes dos animais; de modo que oriunda de experiências militares traumáticas. Foi
ela evitava cuidadosamente bancos no parque, pos­ mostrada aos soldados, num contexto seguro e re-
tes de iluminação e cadeiras em casas particulares laxante, uma série de filmes de cenas de combate,
nas quais pudessem ter ficado animais de estima­ iniciando-se por exposições que eles podiam tole­
ção. Por causa da sua incapacidade de usar banhei­ rar. Inicialmente, os filmes mostraram cenas prepara­
ros públicos e bancos, e a sua acentuada restrição tórias de combate, seguidas de cenas de bombardeio
de interações sociais com homens, a moça foi even­ aéreo e de superfície das quais a apresentação de
tualmente forçada a deixar o seu emprego. feridas e destruição tinha sido retirada. Em sessões
234 EXTINÇÃO
posteriores, apresentou-se aos soldados cenas gra­ oposição. Felizmente, existem vários fatores que
dualmente mais assustadoras. Além de regular a apóiam os esforços de aproximação apesar da an­
aversividade dos estímulos pictóricos, a apresenta­ siedade. A aflição e o funcionamento inadequado
ção de ruídos de combate provocadores de ansie­ criados pelos medos e inibições não-apropriados,
dade também foi controlada. No início, as cenas de juntamente com a expectativa de eventuais benefí­
combate eram apresentadas silenciosamente, e só cios, indubitavelmente servem como atrativos fortes
gradualmente o som foi introduzido. Dia a dia os para que as pessoas se engajem em atividades ante­
ruídos de metralhadoras, explosões e bombardeio riormente inibidas. Além disso, recompensas sociais
aéreo foram aumentados até que a intensidade na forma de interesse e aprovação pelos agentes de
total foi alcançada. Como uma ulterior salvaguarda mudança e outros indivíduos significativos funcio­
contra uma deflagração excessiva de emoções, cada nam como incentivos positivos para o desempenho
soldado recebeu o seu próprio controle de volume, de comportamentos essenciais. Finalmente, a habi­
com o qual poderia regular a quantidade de esti­ lidade com a qual as experiências de exdnção são
mulação aversiva. organizadas é um fator influente, facilitando ou

PS
Uma média de 12 apresentações de aproxima­ impedindo a mudança comportamental. Se as pes­
damente 15 minutos cada efetivamente extinguiu soas forem inicialmente encorajadas a desempe­
as respostas emocionais intensas dos soldados, que nhar os comportamentos inibidos sob condições al­
passaram a reagir com calma e até tédio a cenas tamente favoráveis a possibilidade de resultados

U
que os tinham terrificado anteriormente. Uma evi­ negativos que poderiam pôr em perigo a motivação
dência adicional de que a dessensibilização dos sol­positiva é minimizada. Ao tornar a progressão em
cada tarefa sucessiva tão gradual que os fracassos

O
dados tinha sido coroada de êxito nos é fornecida
pelas suas reações relativamente não-perturbadas a ocorram raramente, as recompensas associadas com
um filme de üma invasão por fuzileiros navais que o. progresso tangível continuo ajudarão a fortalecer

R
apresentava um combate muito intenso e um nú­ a disposição para tentar tarefas mais difíceis. Em
mero muito grande de feridos graves. Além do alguns casos, contudo, o agente de mudança terá
necessidade de introduzir alguns incentivos positi­

jornal falado, e apresentavam uma reatividade emo­


cional geral diminuída a uma variedade de ruídos,
G
mais, eram capazes de assistir a filmes comerciais,
os quais a maioria tinha evitado ances por causa do vos mais poderosos para manter os indivíduos em
situações subjetivamente ameaçadoras. Além do
mais, quando o program a de extinção é auto-
KS
sons e até música em relação aos quais eles antes aplicado em situações do dia-a-dia, como é freqüen­
eram hipersensitivos. temente o caso, as tarefas de desempenho devem
ser especificadas em detalhe considerável para que
Os resultados do estudo acima não podem ser sejam implementadas pelos clientes com elevada
adequadamente avaliados na ausência de um grupo probabilidade de êxito.
O

de controle não-tratado e uma investigação mais


sistemática das mudanças na reatividade emocional. O papel influente da retroalimentação na susten­
Contudo, os resultados favoráveis fornecidos por tação e aceleração da extinção de comportamentos
BO

estudos de modelação utilizando filmes graduados fóbicos é ilustrado por estudos nos quais uma re­
q u an to à av ersividade (B an d u ra e M enlove, troalimentação precisa do desempenho é seqüen­
1968) sugerem que os procedimentos de extinção cialmente adicionada e removida. Num experi­
em grupo envolvendo ameaças apresentadas picto­ mento (Leitenberg et al., 1968), mulheres com
ricamente poderiam ser empregados de modo efi­ claustrofobia e fobia de facas foram instruídas para
ciente para extinguir medos comuns que já não são se engajar nas atividades temidas em períodos cada
EX

apropriados. vez mais longos, sob condições nas quais, para cada
ensaio, elas anotavam o tempo exato em que fica­
vam num recinto pequeno ou olhavam para facas
O PAPEL DOS INCENTIVOS POSITIVOS NA ou então não recebiam informações quanto ao
D

EXTINÇÃO
tempo gasto. A retroalimentação explícita facilitou
A seleção de tarefas de desempenho apropriadas a mudança comportamental, a omissão dos dados
e a sua organização seqüencial geralmente é consi­ relativos ao tempo produziu um declínio no de­
IN

derada em detalhe, mas o papel importante que os sempenho, e a reinstalação da retroalimentação


fatores de incentivo desempenham nos programas conduziu a uma melhoria renovada. Contudo, adi­
de extinção é muitas vezes negligenciado. Mesmo cionar elogios à retroalimentação informativa não
quando um agente de mudança planejou uma se­ acelerou mais a razão do progresso. Utilizando um
qüência ótima de atividades, seus esforços não vale­ plano seqüencial similar, Agras, Leitenberg e Bar-
rão muita coisa, a não ser que os indivíduos real­ íow (1968) demonstraram que a retroalimentação
mente desempenhem os procedimentos necessários do desempenho era também um fator poderoso na
que lhes foram prescritos. Considerando que o eliminação de um comportamento agorafóbico in­
programa, para que possa ter êxito, exige que as tenso (Fig. 6-10). Estes achados indicam que o fra­
pessoas entrem em situações ameaçadoras que casso no reconhecimento de uma melhora progres­
eram previamente evitadas, e que desempenhem siva no desempenho pode obstruir seriamente o
respostas que provocam medo, não é surpreenden­ progresso e criar sendmentos desnecessários de de-
te que ocorra um certo grau de relutância e até de sencorajamento.
EXTINÇÃO 235

PS
U
O
R
Figura 6-10. Efeitos do reforçamento social e do
não-reforçam ento de melhorias de desem penho
sobre a razão de progresso de dois clientes agorafó-
bicos. Agras, Leitenberg e Barlow, 1968.
G
KS
O
BO
EX
D
IN

É importante lembrar que nem todo o compor­ é que qualquer mudança comportamental significa­
tamento de esquiva necessariamente representa um tiva deva ser conseguida, as recompensas associadas
problema de ansiedade. Em alguns casos, as condi­ com o comportamento de esquiva devem ser reti­
ções aversivas originais cessaram de operar e o radas e tornadas contingentes de modos de res­
comportamento de esquiva é, de fato, primaria­ posta mais benéficos.
mente mantido pelas suas conseqüências positivas. Em muitos casos, o comportamento de esquiva é
Uma criança com fobia escolar, por exemplo, pode apoiado tanto por reforços positivos quanto negati­
continuar a evitar as situações escolares depois que vos. Portanto, alcançar os objetivos do tratamento
elas perderam o seu valor ameaçador, por causa de de forma apenas parcial pode produzir algum de­
maior atenção e outras recompensas associadas com sapontamento por causa da perda dos benefícios
o ficar em casa. Sob estas condições, um programa anteriormente derivados da perturbação compor­
de extinção do medo seria inapropriado e inútil. Se tamental. Nestes casos, é necessário providenciar
2S6 EXTINÇÁ

recompensas substitutas adequadas. Também seria painha, com uma barreira física colocada para evi­
recomendável protelar temporariamente o compor­ tar a resposta de esquiva; o grupo de “inundação"
tamento desviante que possui elevado valor funcio­ recebeu cada dia 100 segundos de uma estimulação
nal até que fontes adicionais de recompensa sejam auditiva contínua numa situação de resposta livre; e
estabelecidas. É necessário, portanto, identificar os o grupo de controle apenas recebeu quatro dias de
fatores que mantêm o comportamento desviante descanso. Nas fases subseqüentes do experimento,
antes de iniciar os procedimentos de mudança, e todos os animais receberam uma série idêntica de
utilizar esta informação para preparar os indiví­ ensaios de extinção regular, seguida de dois dias de
duos para as mudanças nos reforçamentos habi­ recondicionamento da esquiva, tios quais a cam­
tuais que a sua recuperação provavelmente irá painha foi de novo associada com o choque elétrico,
produzir. e finalmente uma série de ensaios regulares de
reextinção.
EXTINÇÃO p o r m e i o d e e x p o s i ç ã o Como resumimos graficamente na Fig. 6-11, os

PS
PROLONGADA OU MACIÇA A ESTÍMULOS animais que foram expostos continuamente ao es­
AVERSIVOS
tímulo eliciador de medo por longo tempo extin­
Na abordagem de extinção precedente, os estí­ guiram as respostas de esquiva muito mais rapida­
mulos aversivos são inicialmente apresentados em mente do que o grupo da barreira ou o grupo

U
baixas intensidades que são facilmente toleráveis, e de controle em ambas as fases de extinção. Os re­
as situações de maior stress são gradualmente in­ sultados também indicam que a extinção baseada
troduzidas à medida que as respostas emocionais a na exposição forçada por meio de restrições físicas

O
ameaças mais fracas são eliminadas progressiva­ não possuía valor duradouro e pode, de fato, ter
mente. Considerando que nas investigações de la­ impedido a eliminação do comportamento de es­

R
boratório a extinção é tipicamente obtida em rela­ quiva. Se as respostas forem impedidas fisicamente,
ção a estímulos aversivos na intensidade de treino, podem não ocorrer, e portanto estão impossibilita­
é evidente que a extinção do medo pode ser conse­ das de ser eÜmmadas por meio da não-recompensa.
G
guida sem graduação dos estímulos. Na realidade, Desta forma, inicialmente, os sujeitos fisicamente
até a exposição prolongada ou maciça a esdmulos impedidos mostraram uma extinção mais rápida do
aversivos em elevadas intensidades pode produzir que os animais do grupo de controle, mas tanto nas
KS
uma extinção rápida e estável das respostas de es­ fases ulteriores como na reextinção, o grupo da
quiva. barreira apresentou uma incidência muito maior de
Polin (1959) treinou animais para pular um respostas de esquiva, embora ambos os grupos co­
obstáculo ao ouvir o som de uma campainha para meçassem no mesmo nível de recondicionamento.
evitar o choque elétrico. Depois disso, os animais
O

Stampfl (Stampfl e Levis, 1967) elaborou um mé­


receberam quatro dias de treino diferencial de ex­ todo de tratamento, denominado terapia implosiva,
tinção: Um grupo recebeu 20 ensaios diários de que se baseia na exposição maciça dos clientes a es­
BO

uma exposição de cinco segundos ao som da cam­ tímulos imaginários altamente aversivos. A avalia-
EX
D
IN

Figura 6-11. Razão de extinção e de recondicionamento do comportamento de esquiva eliminado por diferentes pro­
cedimentos de extinção. Polin, 1959.
EXTINÇÃO 237

ção desta abordagem particular é um tanto compli­ A terapia implosiva se baseia na premissa de que
cada pelo fato de que a conceitualização de pertur­ a extinção- da ansiedade pode ser conseguida de
bações psicológicas parece ter uma relação limitada maneira mais eficaz por meio da eliciação repedda
com o procedimento de extinção efetivamente em­ de respostas emocionais intensas sem a ocorrência
pregado. Admite-se que os estímulos mais proxi­ de conseqüências fisicamente nocivas. Principal­
mamente associados com as experiências traumáti­ mente em razão da facilidade, a í respostas emocio­
cas estão investidos de intensa ansiedade e são, por­ nais são ativadas simbolicamente. O terapeuta des­
tanto, reprimidos e inacessíveis. Outros estímulos creve vividamente as experiências mais revoltantes
mais remotamente ligados com o trauma também e terríveis concebíveis, e os clientes devem imaginar
adquirem propriedades de eliciação da ansiedade, que estão ativamente engajados nestas atividades
embora em menor grau. Estes estímulos aversivos chocantes. Um sujeito que lava as mãos compulsi-
mais fracos, que são vivenciados como ameaçado­ vamente em sua obsessão a respeito da sujeira, por

PS
res, eiiciam um comportamento de esquiva mesmo exemplo, deve visualizar-se colocando sua mão
quando a ameaça focal está ausente. As respostas numa lata de lixo e depois retirando-a, com a sua
de esquiva ativadas na etapa inicial da seqüência de mão respingando uma mistura revoltante de muco,
estímulos protegem, com êxito, os estímulos rema­ saliva, vômito e fezes. Se se acredita que a fobia à
nescentes, mais ameaçadores, da extinção. sujeira deriva da ansiedade sobre as funções anais,

U
Em estudos de laboratório citados em apoio à também se pede ao cliente que imagine residir num
formulação acima, Levis (1966, 1967) empregou tanque séptico onde ele faz as suas refeições, recebe

O
um paradigma no qual os animais receberam um os amigos e se locomove neste local encharcado.
condicionamento aversivo comum, exceto quanto Stampfl raciocina que “aquele que viveu num tan­
ao fato de que vários estímulos diferentes precede­ que séptico não precisa ter medo do lixo encon­

R
ram o aparecimento da estimulação de choque. Em trado numa lixeira”. Este método decididamente
um experimento, primeiro a porta do comparti­ não é apropriado para terapeutas melindrosos. As
mento de choques foi levantada, seis segundos após
acenderam-se luzes, depois houve o toque de uma
campainha, o qual, por sua vez, foi seguido do choque.
Durante a extinção, os animais rapidamente saíram
G
cenas aflitivas são apresentadas repetidamente com
floreios apropriados até que cessem de provocar
reações emocionais. Este procedimento é repetido
com outras variações pará as principais fontes de
KS
do compartimento ameaçador ao aparecimento do perturbação. A fim de acelerar o processo de extin­
primeiro sinal de perigo, impedindo, assim, a reex- ção, os clientes também são instruídos para recriar
posição aos estímulos aversivos remanescentes. cenas perturbadoras na sua imaginação nos interva­
Eventualmente, respostas de esquiva à pista inicial los entre as sessões de tratamento.
O

foram extintas, mas o contato resultante com a se­ Relativamente pouco tempo é gasto para tentar
gunda pista temida, que retinha a aversividade descobrir as fontes cruciais de ansiedade num dado
transmitida pelas experiências primárias, tempora­ caso. Isto é devido, em parte, à suposição de que a
BO

riam ente reinstalou o potencial deflagrador do extinção da reatividade emocional a situações ex­
primeiro estímulo, de forma que ele recuperou a tremamente ameaçadoras irá se generalizar am­
sua capacidade para manter o comportamento de plamente a Outras que provocam menos medo.
esquiva por algum tempo antes que fosse perma­ Uma segunda razão é que os eliciadores de ansie­
nentemente neutralizado. Um processo de reaqui­ dade que se supõem reprimidos são selecionados
sição similar, embora progressivamente mais curto, rotineiramente de um conjunto limitado de catego­
EX

ocorreu com cada estímulo da seqüência, resul­ rias relacionadas com agressão, sexo, rejeição, fun­
tando numa quantidade fenomenal de respostas de ções orais e anais, dano físico, castigo, perda do
esquiva. Um animal, por exemplo, executou 921 controle dos impulsos e culpa.
respostas de esquiva ao estímulo mais remoto, 75 à A extinção é geralmente iniciada com os estímu­
D

segunda pista ameaçadora, mas apenas 4 ao estí­ los ambientais que são eliciadores evidentes de
mulo diretamente associado com as experiências comportamento de esquiva. Depois que estas pistas
IN

dolorosas. “contingentes dos estímulos”, em relação às quais se


O paradigma acima se ajusta bem à demonstra­ acredita que provoquem menos ansiedade, foram
ção do condicionamento e extinção seqüencial dos neutralizadas, os clientes se deparam repetida­
estímulos aversivos, mas não fica claro qual a rele­ mente com os eventos supostamente reprimidos de
vância, se é que ela existe, do conceito de repressão forma terrificante. Parece altamente improvável, a
em relação ao fenômeno. O termo repressão é ge­ partir do material de casos citados, que as pistas he­
ralmente usado para denotar inibição do pensa­ terogêneas selecionadas para extinção possam ter
mento. O potencial deflagrador de um estímulo ocorrido seqüencialm ente no condicionamento
aversivo pode ser preservado da extinção pela evi- traumático. Também existe alguma ambigüidade
tação das pistas precedentes, não importando se os na implementação de procedimentos implosivos
eventos protegidos são simbolicamente representa­ porque não são apresentados critérios explícitos
dos. Além do mais, o fato de deixar de pensar -a para determinar quando o tratamento deveria se
respeito de situações eliciadoras de medo não im­ confinar aos determinantes evidentes do compor­
pede a pessoa de estar repetidamente exposta a tamento de esquiva ou estendido às fontes hipotéti­
elas. cas de ansiedade. Desta forma, os clientes podem
238 EXTINÇÃO

ser sujeitos desnecessariamente à estimulação aver­ diferiu de forma significativa no grupo de terapia
siva, enquanto que os terapeutas estão neutrali­ implosiva (70 por cento) e de terapia verbal (40 por
zando determ inantes hipotéticos de relevância cento), estes sujeitos eram consideravelmente mais
questionável. A relação tênue entre os preceitos corajosos do que aqueles que receberam bibliotera-
conceituais e a prática também é mostrada em ava­ pia (10 por cento). Além disso, o procedimento im-
liações experimentais de terapia implosiva, na qual plosivo foi bem-sucedido com 67 por cento das
conteúdos supostamente significantes do ponto de alunas que previamente não tinham conseguido
vista dinâmico nunca são perseguidos. pegar numa cobra após terminar a terapia verbal
Resultados de experiências com animais (Polin, ou a biblioterapia. O fato de que uma breve discus­
1959; Poppen, 1968) e algumas aplicações clínicas são verbal produziu critérios de desem penho
(Malleson, 1959) indicam que o comportamento de aceitáveis em 40 por cento dos casos sugere que ou
esquiva pode ser extinto por uma exposição pro­ o comportamento de esquiva de muitos dos sujeitos
longada ou maciça a estímulos subjetivamente era fraco ou então o teste não era suficientemente

PS
ameaçadores. Estudos preliminares (Hogan, 1966; difícil. Em avaliações futuras da terapia implosiva
Levis e Carrera, 1967) demonstram que a terapia seria portanto adequado exigir desempenhos mais
implosiva produziu maior redução do número de provocadores de medo em relação aos objetos fóbi-
respostas desviantes no MMPI do que o tratamento cos, e testar a generalidade e estabilidade das mu­
danças comportamentais obtidas por este método.

U
convencional. Tais resultados são um tanto não
convincentes por causa da fraca medida de critério Contrariando os resultados dos estudos prece­
usada. Investiga.ções subseqüentes de laboratório dentes, Mealiea (1967) relata achados baseados

O
apresentam evidência, baseada em medidas objeti­ num experimento bem planejado que lança dúvi­
vas de respostas comportamentais de mudança, de das sobre a eficácia do método implosivo. Sujeitos

R
que esse método pode conseguir extinção do com­ com fobias de cobras foram submetidos ou a uma
p o rtam en to de esquiva. Em um experim ento dessensibilização gravada em fita, terapia implosiva
(Kirchner e Hogan, 1966), alunas que temiam ratos que evocou imagens causadoras de extrema ansie­
foram ou alocadas a uma condição de controle na
qual receberam a instrução de im aginar cenas
agradáveis, enquanto ouviam música, ou receberam
Gdade, um procedimento de dessensibilização modi­
ficado no qual o relaxamento foi emparelhado com
cenas retiradas do tratam ento implosivo, uma
KS
terapia implosiva de grupo. Para minimizar possí­ pseudoterapia com binando o relaxam ento com
veis influências sociais, os sujeitos desta última con­ imagens agradáveis ou nenhum tratamento. O
dição escutavam por meio de fones de ouvido num comportamento de aproximação a cobras desem­
laboratório de línguas a uma fita gravada com uma penhado pelos diferentes sujeitos antes do trata­
hora de duração que descrevia, entre outras cenas mento, imediatamente após o tratamento e um mês
O

atem orizantes, ratos m orderem , arrancando a após o tratamento é resumido graficamente na Fig.
carne e atacando uma pessoa em massa. Um teste 6-12. A dessensibilização graduada se mostrou su­
BO

para o comportamento aversivo revelou que 62 por perior às outras condições na redução do compor­
cento dos sujeitos na condição implosiva eram ca­ tamento de esquiva em relação a cobras e em rela­
pazes de pegar num rato branco, ao passo que 26 ção a um segundo animal temido, que serviu como
por cento dos controles executavam o mesmo com­ medida de generalização. Contudo, os sujeitos que
portamento. Resultados essencialmente similares receberam a terapia implosiva não diferiram de
foram obtidos num segundo experimento (Hogan e qualquer um dos grupos de controle. Em vista
EX

Kirchner, 1967) na base de uma única sessão de desses resultados negativos, o método implosivo
tratamento implosivo individual. Sessenta e sete deveria ser utilizado com cautela até que tenha sido
por cento dos sujeitos tratados e 9 por cento dos submetido a um maior número de testes de labora­
controles, podiam pegar num rato num teste com- tório.
portamental subseqüente. Deve-se fazer uma distinção entre os procedi­
D

A eficácia deste método foi também avaliada mentos de “inundação” nos quais os estímulos aver­
num estudo comparativo (Hogan e Kirchner, 1968) sivos condicionados são simplesmente apresentados
IN

com alunas que tinham medo de cobras. Um grupo em formas intensas dos procedimentos implosivos
participou de uma' sessão implosiva de 45 minutos que apresentam relatos vívidos das conseqüências
na qual deveriam imaginar cobras viscosas andando perigosas que os objetos temidos podem produzir.
sobre os seus corpos, mordendo-as sem cessar e fi­ Existe uma diferença considerável entre expor as
nalmente se enroscando em volta de seus pescoços, pessoas repetidamente a uma coleção atemoriza-
estrangulando-as lentamente. Um segundo grupo dora de ratos sem quaisquer efeitos negativos e
de sujeitos, alocados a uma condição de terapia mostrá-los comendo carne humana. Algumas das
verbal, discutiu as suas relações interpessoais, suas conseqüências apresentadas podem nunca ter ocor­
experiências prévias com cobras e recebeu uma rido com os sujeitos fóbicos e poderiam estabelecer,
comunicação reconfortadora no sentido de que as pelo menos temporariamente, uma nova base de
cobras eram inofensivas. O terceiro grupo de sujei­ autodeflagração receosa. É interessante notar, a
tos leu material a respeito dos mitos e hábitos das respeito, que os tipos de conseqüências chocantes e
cobras. Ao passo que a percentagem de sujeitos ca­ nauseantes utilizadas na terapia implosiva para ex­
pazes de pegar numa cobra após o tratamento não tinguir o comportamento de esquiva também estão
EXTINÇÃO 239

sendo usados para criar aversões em relação a obje­


tos atraentes ou aditivos. É inteiramente concebível
que os estímulos aversivos possam ter efeitos acen-
tuadam ente diferentes dependendo do nível de
medo do sujeito e a válência dos objetos com os
quais foram emparelhados. Também há motivo
para esperar que os estímulos aversivos condicio­
nados possam inicialmente aumentar a reatividade
negativa, mas que, com repetidas apresentações,
possam perder eventualmente a sua capacidade de
despertar emoções. Obter uma melhor compreen­
são tanto dos processos de extinção do medo como
do condicionamento aversivo exigiria uma análise

PS
detalhada das mudanças na magnitude e qualidade
da deflagração emocional numa série de ensaios em
que as experiências aversivas são eliciadas em con­
junção com objetos atraentes, neutros e provoca­

U
dores de medo.

EXTINÇÃO BAS£ADA NA EVOCAÇÃO MACIÇA

O
DE RESPOSTAS
A evocação repetida não-reforçada do compor­

R
tamento voluntário cria conseqüências aversivas sob Figura 6-12. Número m édio de respostas de ap ro x im a ­
a forma de dor e fadiga, que inibem as respostas ção a cobras desempenhadas por sujeitos em cada uma
produtoras de desconforto. Operações sucessivas
de extinção deste tipo tipicamente resultam num
declínio progressivo, e eventualmente na elimina­
ção completa do comportamento. O método do de­
G
das cinco condições antes do tratamento, imediatamente
após o tratamento e um mês após. Desenhado a partir de
dados de Mealíea, 1967.
KS
sempenho maciço foi aplicado numa base limitada
a tiques incapacitadores e outros movimentos es­ originem de um a variedade de condições de
pasmódicos que se mostraram refratários a uma aprendizagem,
pletora de mínistrações médicas e psicológicas.
Respostas de esquiva que são automaticamente
O

Estes padrões de contração muscular são geral­ auto-reforçador as, quando ocorrem, podem ser
mente conceitualizados como respostas condiciona­ eliminadas de várias maneiras diferentes. Numa
BO

das de esquiva, que originalmente foram evocadas abordagem orientada para o estímulo neutraliza­
em situações altamente traumáticas (Yates, 1958). ríamos os estímulos aversivos condicionados contro­
Presume-se que os tiques provavelmente ocorreram lando a ocorrência do comportamento de esquiva.
por acaso numa proximidade temporal acentuada Por outro lado, numa abordagem orientada para a
do térm ino ou da redução de uma estimulação resposta, são feitos esforços para anular o valor re­
aversiva intensa e, por meio da correlação aciden­ compensador das respostas de esquiva ou pela apli­
EX

tal, adquiriram qualidades reduzidoras de emoção. cação externa de conseqüências negativas (Barrett,
A contração muscular possui algum valor inerente 1962; Goldiamond, 1965), ou pela evocação maciça
de diminuição da dor e da tensão que por sua vez que resulta em efeitos aversivos produzidos pelas
aumentaria ainda mais o caráter auto-reforçador respostas. Os procedimentos de dessensibilização
destas respostas. O fato de que a incidência de ti­
D

não foram utilizados para eliminar tiques, mas os


ques aumenta sob condições de stress e excitação métodos de extinção reativa o foram.
é considerado como evidência sugestiva para a in­ Um fator que influencia a taxa de exdnção ba­
IN

terpretação da “redução de tensão”. seada nos procedimentos reativos é a freqüência


É impossível descobrir, por meio de relatos re­ com que as respostas são desempenhadas. Em ge­
trospectivos, as contingências atuais sob as quais os ral, tende a haver pouca diminuição na força do
tiques foram estabelecidos; contudo, existe ampla comportamento de esquiva quando os ensaios de
evidência observacional de que animais em experi­ extinção são amplamente distribuídos, ao passo que
mentos de condicionamento aversivo freqüente­ sob condições de evocação maciça os efeitos aversi­
mente adquirem respostas similares a tiques que vos ocorrem rapidamente e, conseqüentemente, a
são altamente resistentes à extinção durante muito extinção é acelerada (Calvin et al., 1956; Edmonson
tempo depois que a estimulação nociva foi redrada. e Amsel, 1954). De acordo com achados de labo­
Considerando, porém, que movimentos estereoti­ ratório, Yates (1958) relata que a evocação maciça
pados persistentes também foram estabelecidos por de respostas na qual uma mulher voluntariamente
meio do reforçamento casual em experimentos que desempenhou tiques múltiplos durante uma hora,
empregavam contingências de recompensa (Skin­ seguida de um descanso prolongado, foi o proce­
ner, 1948), é provável que os tiques, de fato, se dimento mais eficaz para extinguir as respostas mo­
240 EXTINÇÃO

toras. Depois do programa experimental, a cliente dos na condição drogada muitas vezes não se trans­
fez os exercícios em casa (Jones, 1960) e anotou o ferem para o estado não-drogado.
número de tiques que ela era capaz de produzir in­ Em oposição aos resultados favoráveis preceden­
tencionalmente durante cada período de um mi- tes, Feldm an e W erry (1966) não conseguiram
nüto. Os resultados demonstram um declínio pro­ obter nenhum decréscimo no balançar da cabeça e
gressivo na incidência de respostas emitidas volun­ pestanejar num garoto adolescente por meio da
tariamente com períodos sucessivos de extinção, prática maciça. Os autores atribuem o fracasso à
assim como uma redução significativa nos seus ti­ presença de uma elevada ansiedade. É inteiramente
ques involuntários nas situações do dia-a-dia. possível que estes achados conflitantes sejam em
Clark (1966) tratou três adultos, todos os quais parte devidos às consideráveis diferenças no modo
manifestavam uma repetição explosiva de obsceni­ pelo qual a extinção foi conduzida. Os outros inves­
dades e outros palavrões junto com vários tiques tigadores utilizaram períodos prolongados de de­

PS
motores. Por causa deste comportamento peculiar sempenhos maciços durando várias horas, ao passo
um dos homens era incapaz de aparecer em pú­ que no estudo de Feldman e Werry o menino pra­
blico ou ter quaisquer amigos, ao passo que o se­ ticou o tique da cabeça apenas em sessões de cinco
gundo estava ameaçado de perder o seu emprego minutos por causa da tonteira resultante, ao passo
por causa do seu incessante vociferar. Um regime que o pestanejar serviu como um controle não pra­

U
de prática maciça foi utilizado, no qual os clientes ticado. Contudo, esta interpretação pode não expli­
repetiam os tiques verbais tantas vezes quanto fosse car totalmente as discrepâncias. Dados publicados

O
possível, até que não mais conseguissem emiti-los. por Abi Rafi (1962) mostram que até o mesmo pro­
Em um dos três casos, uma mulher na qual o tique cedimento de evocação prolongada da resposta
motor era mais acentuado, parou com o tratamento pode produzir resultados diferentes. Em um caso,

R
depois de um início relutante; nos outros dois, os de um homem que perdeu muitas horas de sono
espasmos musculares desapareceram espontanea­ por causa da interferência de caretas acentuadas,
mente à medida que os tiques verbais eram extintos
com êxito. Os clientes permaneceram livres de ti­
ques como foi corroborado por entrevistas de se­
guimento gravadas.
G
houve um benefício considerável com este método
O segundo caso foi o de uma senhora idosa que era
forçada a deixar muitas atividades que lhe davam
prazer por causa de um tique de bater com o pé
KS
que perturbava muito as outras pessoas. A evocação
Resultados positivos similares são relatados por maciça prolongada não produziu nenhum decrés­
Costello (1963) no tratamento de um menino de 12 cimo aparente da resposta. O seu tique obstinado
anos que apresentava um tique persistente de foi subseqüentemente modificado com êxito pelo
pestanejar. Em primeiro lugar, instruiu-se o me­
O

treinamento no autocontrole, no qual movimentos


nino para produzir os tiques deliberadamente em incipientes do pé ativavam uma campainha para
frente de um espelho por períodos de cinco minu­ evitar a continuação das reações. Poderíamos inda­
BO

tos várias vezes ao dia. A duração da prática maciça gar, em função da resposta favorável da cliente a
foi gradualmente aumentada para sessões de uma um simples tratamento alternativo, se maiores pro­
hora. Embora não sejam apresentados dados quan­ gressos poderiam ser conseguidos na modificação
titativos, o autor relata que a freqüência dos tiques do comportamento se os fracassos fossem menos
declinou acentuamente e permaneceu num nível freqüentemente atribuídos a estados inferidos de
baixo quando novamente avaliado um ano depois. ansiedade.
EX

Baseado no pressuposto de que a extinção ocorre Os estudos acima relatados indicam que um pro­
mais rapidamente sob condições de impulsões bai­ grama de prática maciça prolongada pode extin­
xas ao invés de altas, Walton (1961; 1964) utilizou guir tiques extremamente persistentes, mas os fato­
um desempenho maciço combinado com a medica­ res específicos responsáveis pelas mudanças obser­
D

ção para reduzir o deflagramento emocional ao vadas e os procedim entos mais eficientes não
eliminar tiques intensos em dois meninos. Um deles podem ser demonstrados a partir dos dados acima.
apresentava movimentos violentos de braços e per­ A interpretação dos resultados é especialmente
IN

nas que tomavam muito difícil fazer as refeições e complicada quando remédios ou outros métodos
perturbavam todos na vizinhança imediata; o se­ são usados conjuntamente com a repetição do de­
gundo sofria há on 2e anos de um balancear vigo­ sempenho. Até mesmo as condições ótimas reco­
roso da cabeça e uma expiração nasal barulhenta. mendadas de prática maciça devem ser aceitas com
Em ambos os casos, os tiques foram permanente­ rfeserva, uma vez que os dados experimentais de
mente eliminados pela extinção reativa. A contri­ apoio (Yates, 1958) são baseados em um único jcaso,
buição da medicação para estas mudanças não pode no qual tanto a duração como a intensidade da res­
ser avaliada, porém, na ausência de casos tratados posta foram variadas continuamente; conseqüen­
sem o suplemento farmacológico. Mesmo que as temente, não fica nada claro se as mudanças na
respostas possam ser extintas mais rapidamente taxa de extinção representam os efeitos cumulati­
num estado tranqüilizado do que num estado sem a vos de um desempenho anterior não-reforçado ou
administração de drogas, o uso clínico das drogas as variações na duração das sessões de evocação. Se
pode ser contra-indicado. A razão disto, como será os efeitos aversivos produzidos pela resposta de­
mostrada depois, é que os efeitos de extinção obti­ sempenham um papel influente na eficiência dos
EXTINÇÃO 241

métodos de prática maciça, seria de considerável in­ críticas, portanto, que permanecem para ser res­
teresse investigar as taxas de extinção como função pondidas se relacionam com o grau de generaliza­
tanto do tamanho do desempenho repetido como ção dos efeitos de extinção a comportamento não-
dos esforços ocasionados pela resposta. De acordo verbal e em relação a outras pessoas. Estas questões
com a hipótese da inibição, um gasto maior de es­ são especialmente críticas, já que não é incomum
forços, qüe poderia ser variado em termos do vigor que os clientes expressem pensamentos e sentimen­
com o qual as respostas são desempenhadas, deve­ tos livremente na segurança do contexto de entre­
ria resultar numa extinção mais rápida. vista, mas permaneçam inibidos e receosos nas suas
A eliminação do comportamento persistente sob interações diárias. Se um grau satisfatório de trans­
condições de evocação maciça não-reforçada é ge­ ferência puder ser demonstrado, o que é duvidoso
ralmente atribuída ao desenvolvimento de respos­ em vista dos resultados geralmente desencorajado-
tas condicionadas inibitórias que surgem de estados res, estudos controlados seriam necessários para
de fadiga reativos. Como notamos antes, contudo, avaliar a eficácia relativa dos procedimentos de ex­

PS
as respostas de interferência podem surgir de um tinção verbal e das abordagens que empregam tare­
número muito grande de fontes; portanto, os resul­ fas de desempenho graduadas na eliminação de um
tados da extinção podem refletir vários processos comportamento afetivo inapropriado e de esquiva.
diferentes. Além do mais, alguma redução nos ti­ "Ab-reação” e extinção. Mudanças efetuadas por

U
ques é provavelmente atribuível a esforços aumen­ procedimentos de ab-reação, nos quais os clientes
tados de autocontrole (Barrett, 1962). são induzidos a reviver eventos passados traumáti­

O
cos por meio da hipnose, barbitúricos aplicados por
via endovenosa ou pela inaláção de anestésicos,
A EXTINÇÃO NAS ABORDAGENS DE
podem também ser explicadas em termos de um

R
ENTREVISTA
processo de extinção. Durante a reinstalação simbó­
As abordagens de tratamento baseadas na entre­ lica dos episódios traumáticos, os indivíduos tipi­
vista geralmente consideram que a permissividade
é uma condição importante para a mudança com-
portamental. Espera-se que quando um cliente re­
petidamente expressa pensamentos e sentimentos
G
camente expressam tendências emocionais intensas
similares às vivenciadas na época dos incidentes
provocadores de medo. A expressão emocional é
freqüentem ente acompanhada por uma redução
KS
que, como resultado de uma história prévia de pu­ no comportamento de esquiva que fora original­
nição, elidam ansiedade ou culpa, mas que não são mente eliciada na situação traumática e subseqüen­
desaprovados ou criticados pelo terapeuta, as res­ temente generalizada para outras situações simila­
postas emocionais inadequadas do cliente serão res de stress.
gradualmente extintas pela falta de reforçamento.
O

O processo de c o n d ic io n a m e n to aversivo
Também se presume que os efeitos de extinção irão traumático, generalização e extinção, é ilustrado
se generalizar a pensamentos que se relacionam numa ab-reação bem-sucedida com o emprego do
BO

com tópicos que também podem ser inibidos e ao éter de uma perturbação de ansiedade aparente­
com portam ento verbal e físico correspondente mente oriunda de uma experiência de combate
(Dolfard e Miller, 1950). atemorizante ocorrida há 18 anos (Little e James,
Alguma evidência sugestiva para a relação entre 1964). O cliente tinha matado dois jovens soldados,
a permissividade e a extinção da emocionalidade atirando nas suas costas com uma arma escondida
condicionada associada com o comportamento ver­ enquanto era preso perto das linhas inimigas. De­
EX

bal é fornecida por dois estudos relatados por Dit- pois de desarmar dois outros soldados, ele atraves­
tes (1957 a,b). Em uma das investigações (195*7 b) sou* uma porta numa pequena casa de campo e en­
que envolvia análises das seqüências de interação controu 12 tropas inimigas despertando. Ele ficou
específicas entre o cliente e o terapeuta, Dittes per­ de guarda sobre eles durante 10 horas de tensão,
D

cebeu que respostas permissivas da parte do tera­ finalmente matou o sargento deles, que continua­
peuta em relação a afirmações sexuais eram segui­ m ente exortava os soldados para se atirarem
das por decréscimos nas respostas autonômicas do contra o seu capturador, e trouxe os prisioneiros
IN

cliente, em afirmações de resistência e esquiva e in­ para o acampamento à hora do crepúsculo. No dia
terrupções na verbalização. Uma análise seqüencial seguinte, ele apresentou um a paraplegia tem ­
de 30 intervenções psicoterapêuticas com o mesmo porária quando um a granada explodiu na vizi­
cliente revelou que inicialmente as afirmações se­ nhança. Após a sua saída do Exército, o cliente con­
xuais eram acompanhadas por uma deflagração tinuou a sentir uma ansiedade crônica e culpa, evi­
emocional forte, mas que com a evocação repetida tou todas as funções militares e durante 18 anos foi
as respostas de ansiedade a expressões verbais se­ incapaz de abrir e atravessar uma porta se ouvisse
xuais foram gradualmente extintas vozes do outro lado.
Há toda razão para se esperar que se os psico- O cliente recebeu cinco sessões de ab-reação, nas
terapeutas respondam favoravelmente em relação quais ele recriava, pela ação e com violenta emo­
às expressões verbais dos pensamentos e sentimen­ ção, o episódio militar traumático. Os autores rela­
tos do cliente, expressões estas que anteriormente tam uma redução progressiva da ansiedade e da
eram punidas, as rçspostas emocionais acompa­ culpa em cada sessão. Além do mais, a fobia de
nhantes serão eventualmente extintas. As questões abrir portas foi eliminada, e de acordo com um re­
242 EXTINÇÃO

latório de seguimento após 12 meses, o cliente es­ ças assinaladas refletem um efeito genuíno de ex­
tendeu seu raio de interação social e continuou a tinção, ao invés de um processo geral de adaptação^
não ter dificuldades em passar por quaisquer por­ Os procedimentos de ab-reação são provavel­
tas. mente mais adequados para produzir uma extinção
As técnicas hipnóticas- e farmacológicas de ab- rápida e estável das respostas emocionais desenvol­
reação atualmente em uso derivam historicamente vidas em situações traum áticas de condiciona­
do trabalho pioneiro de Freud e Breuer (1940) que mento, desde que as ameaças não estejam mais presentes.
utilizaram a ab-reação hipnótica na modificação de Dados clínicos (Shrovon e Sargant, 1947) parecem
perturbações sensoriomotoras funcionais tais como apoiar este ponto, apesar de que nos casos em que
anestesias, neuralgias, paralisias, perturbações da a ab-reação é usada juntam ente com mudanças
vista, convulsões epileptóides e outras formas de ambientais drásticas, assim como outros procedimen­
reações defensivas. Este m étodo, contudo, foi tos de tratamento, é impossível isolar os fatores

PS
abandonado por Freud em favor dos procedimen­ responsáveis pelas modificações comportamentais
tos de livre associação e interpretação porque a ex­ relatadas.
pressão afetiva parecia produzir apenas uma elimi­ Os relatos tradicionais do processo de ab-reação
nação temporária das perturbações comportamen- geralm ente atribuem os resultados benéficos à
tais associadas. “descarga de emoções represadas” e à “elaboração”

U
Como mostramos antes a fim de obter uma ex­ do material recordado espontaneamente. Do ponto
tinção permanente ou completa das respostas emo­ de vista da teoria da aprendizagem, o fator tera­

O
cionais é necessário apresentar os estímulos elícia- pêutico crítico é a repetida eliciação das respostas
dores de medo repetidamente sem reforçamento. emocionais sem reforçamento ao invés das descar­
gas de energia ou dos discernimentos históricos.

R
Durante o curso da extinção, as respostas emocio­
nais tendem a reaparecer com certa força, embora Por essa razão, não é inesperado que pessoas as
a quantidade de recuperação diminua com as ex­ quais expressam sentimentos acentuadamente hos­
tinções sucessivas. Não é, portanto, surpreendente
que algumas poucas sessões de extinção, nas quais o
cliente foi simbolicamente reexposto a eventos es­
G
tis, dependentes ou depressivos enquanto estão sob
o efeito de barbitúricos e anestésicos deixem de
o bter benefícios d u rad o u ro s (H ordern, 1952)
quando as contingências de reforçam ento que
KS
timuladores altamente traumáticos, falhassem em
reduzir a reatividade emocional a um nível zero geram e mantêm estes estados emocionais desa­
estável. Se Freud tivesse estendido as séries de ex­ gradáveis permanecem inalteradas. Discussões da
tin ção , é provável que o seu p ro c e d im e n to eficácia dos procedimentos de ab-reação estão ge­
“catártico” original tivesse se mostrado mais efi­ ralmente limitadas à influência das características
O

ciente do que a forma interpretativa prolongada de de personalidade do cliente e dos procedimentos


tratamento que ele depois adotou. indutores da emoção, hipnóticos, barbitúricos ou
anestésicos. Contudo, tanto na teoria como na
BO

Uma demonstração de laboratório interessante prática clínica, não se dá virtualmente nenhuma


do declínio progressivo do comportamento emo­ atenção às variáveis que determinam a taxa de ex­
cional com ab-reações hipnóticas repetidas de um tinção.
episódio traumático é oferecida por Lifshitz e Blair
(1960). O sujeito, uma mulher de 23 anos, reviveu Sumário
durante uma regressão etária hipnótica um quase No processo de extinção, quando as conseqüên­
EX

afogamento que ela tinha tido aos 10 anos de cias reforçadoras de um determinado padrão de
idade. “Ela estava na praia com seu pai, entrou resposta são consiste ntemente retiradas a recorrên­
longe demais na água, foi atirada por uma sucessão cia do com portamento é dim inuída e eventual­
de ondas, inalou e engoliu água, e estava com medo mente cessa. Já que os efeitos de decréscimo do
D

de se afogar quando o pai a salvou [pág. 248].” não-reforçam ento são controlados por diversas
Sob hipnose, o sujeito lembrou espontaneamente variáveis, várias interpretações teóricas diferentes
IN

este episódio específico sete vezes, durante cada da extinção foram propostas.
qual as seguintes reações autonômicas foram cohti- Contrariamente à conotação do termo, o com­
nuamente registradas: duração da ab-reação reve­ portamento extinto é agastado mas não permanen­
lada especialmente por expressões faciais; batidas temente perdido. De fato, o comportamento não
cardíacas imediatamente antes da descrição da ex­ reforçado é muitas vezes abandonado sem ser de­
periência desagradável; razão respiratória máxima sempenhado somente em função da observação de
durante a ab-reação; reatividade GSR; atividade mudanças nas condições do reforçamento, e é fa­
dos músculos frontais; temperatura das faces e mo­ cilmente recuperável pela reinstalação das contin­
vimento corporal geral. Como é m ostrado no gências originais de tal reforçamento. Tais mudan­
Quadro 6-1, a evocação repetida não-reforçada das ças rápidas no comportamento sugerem que os fe­
respostas emocionais ao evento traumático passado nômenos de extinção refletem primariamente a
produziu uma diminuição da reatividade emocio­ operação de conjuntos inibitórios cognitivamente
nal. O fato de que o sujeito continuou a exibir res­ m ediados ao invés da alteração de associações
postas fisiológicas acentuadas a outros eventos estímulos-resposta específicos. Isto é, quando um
traumáticos não relacionados indica que as mudan­ organismo percebe que as conseqüências usuais das
EXTINÇÃO 243

Quadro 6-1. Análise dos Registros Poligráficos (Lifshitz. e Blair, 1960)

Duração da ab-reação 2' 2' rio" l' 1' l' 1'


Taxa respiratória máxima 36/min 39/min 18/min 24/min 24/min 24/min 27/min
durante a ab-reação
Número de ondas GSR durante 16 16 6 9 1 0 3
a ab-reação
Batidas cardíacas basais 81/rrun 72/min 90/min 87/min 87/min 93/min 81 /min
(média de 20 segundos)
Batidas cardíacas máximas 100/min 120/min 95/min 100/min 100/min 105/min 90/min
durante a ab-reação
Atividade dos músculos frontais Moderada Moderada Pouca Muito Muito Pouca Pouca

PS
durante a ab-reação pouca pouca
Temperatura da face durante Queda Queda Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma Nenhuma
a ab-reação (temperatura mudança mudança mudança mudança mudança
dos dedos
do pé)
Movimento na cama durante Moderado Acentuado Nenhum Nenhum Nenhum Muito Pouco

U
a ab-reação pouco

O
respostas foram retiradas, o comportamento é des­ ção da extinção de respostas indesejáveis com pro­
cartado e suplantado por padrões de resposta al­ cedimentos de controle de estímulos e com a mode­

R
ternativos. Contudo, no caso de um com porta­ lação e o reforçam ento positivo das tendências
mento intenso de esquiva, o controle cognitivo competidoras de respostas.
pode ser relativamente fraco e a ausência de conse­
qüências aversivas deve ser repetidamente viven-
ciada, direta ou vicariamente, antes que o compor­
tamento seja abandonado.
G
A extinção do comportamento de esquiva é con­
seguida mediante a exposição repetida a estímulos
subjetivamente ameaçadores sob condições desti­
KS
nadas a assegurar que nem as respostas de esquiva
Sob condições nas quais nenhum reforço é apli­ nem as conseqüências adversas antecipadas ocor­
cado externam ente durante a fase de extinção, ram. O principal obstáculo para eliminar o compor­
admite-se que o desempenho continuado do com­ tamento defensivo surge porque a evitação bem-
portamento não-recompensado gere efeitos aversi­ sucedida de eventos que já não são mais perigosos
O

vos e que a sua cessação produza um reforçamento preserva a sua aversividade e o impedimento de
negativo para padrões de resposta competidores. conseqüências antecipadas reforça as atividades de­
Isto pode tomar a forma de redução da fadiga,
BO

fensivas. Foram feitas tentativas para facilitar a ex­


eliminação de efeitos aversivos resultantes da omis­ tinção do comportamento de esquiva bloqueando a
são de recompensas esperadas, ou a redução do sua ocorrência na presença de estímulos elicia’d ores
medo resultante da ausência das conseqüências de medo, Tal exposição forçada pode simples­
aversivas. mente produzir outros tipos de respostas de es­
O comportamento que é mantido pelo reforça­ quiva sem alterar o potencial deflagrador das situa­
EX

mento positivo é extinto retirando-se as suas conse­ ções temidas.


qüências recompensadoras. A omissão de recom­
pensas esperadas para dados desempenhos pode O comportamento defensivo inapropriado é mais
gerar efeitos emocionais aversivos que funcionam freqüentemente eliminado por um processo de ex­
da mesma forma que o castigo, como é demons­ tinção que envolve uma mudança gradual do estí­
D

trado por evidência de que os estímulos previa­ mulo. Isto é conseguido reexpondo-se os indiví­
mente associados com a não-recompensa adquirem duos inicialmente a estímulos aversivos em imensi­
dades fracas que não evocam respostas de esquiva,
IN

capacidade de deflagração, sua presença reduz a


reatividade e o escape das pistas significa que e depois gradualmente a ameaças cada vez maiores,
a não-recompensa pode reforçar novos desempe­ até que as situações mais amedrontadoras sejam
nhos. Um comportamento é reduzido pela não- completamente neutralizadas. Se os estímulos aver­
recompensa e modos de resposta alternativos even­ sivos são aumentados em incrementos suficiente­
tualmente emergem. O grau de variabilidade com- m ente pequenos, o com portam ento emocional
portamental e as características das novas ações que pode ser extinto com sucesso e com um mínimo de
ocorrem durante o curso da extinção dependem eliciação de medo e de respostas de esquiva.
das opções que os indivíduos aprenderam ante­ O procedimento mais recente de extinção en­
riormente para assegurar o reforçamento. Apoiar- volve uma exposição prolongada e maciça a eventos
se apenas na extinção, portanto, não garante que os profundamente perturbadores que são simbolica­
padrões de resposta desejados aparecerão, a não mente criados. Resultados preliminares mostram
ser que estejam fortemente desenvolvidos. As mu­ que o comportamento de esquiva pode ser elimi­
danças com por tamen tais podem ser aceleradas e nado desta maneira, mas os efeitos plertos deste
efetivamente controladas, contudo, pela combina­ método ainda não foram adequadamente avaliados.
244 EXTINÇÃO

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R
G
KS
O
BO
EX
D
IN
7
Dessensitização por Contracondicionamento
Dentre os vários métodos de modificação do estimulação aversiva na ausência dos indícios críti­

PS
comportamento derivados da teoria da aprendiza­ cos. Na segunda fase, os animais sào submetidos a
gem, os mais amplamente aplicados ao comporta­ um procedimento de condicionamento clássico no
mento no qual a emotividade condicionada desem­ qual um tom (S") é repetidamente emparelhado
penha um papel proeminente são aqueles deriva­ com um choque para dotá-lo de potencial de exci­

U
dos do princípio do contracondicionamento. Estas tação, enquanto um tom diferente (S°) nunca é as­
condições psicológicas, que constituem aquelas ob­ sociado com estimulação de choque com vistas a
servadas com maior freqüência nos tratamentos preservar as suas propriedades neutras; durante a

O
por entrevista tradicional, incluem estados de an­ fase de condicionamento clássico, os animais são
siedade, tensões crônicas e outras formas de hipe- submetidos à imobilização esqueletal pelo uso do

R
ratividade autônoma, que se refletem em uma va­ curare a fim de se evitar a reatividade instrumental.
riedade de perturbações somáticas de natureza Depois de completado o condicionamento emocio­
funcional. A emotividade condicionada também nal diferencial, S" e S° são apresentados a interva­
está envolvida na maioria das inibições comporta-
mentais e dos padrões de resposta de esquiva.
O capítulo introdutório abordou o processo pelo
G
los aleatórios sob condições nas quais os sujeitos
estão livres para dar respostas motoras, sendo me­
dida a freqüência com a qual estes dois estímulos
KS
elidam respostas de esquiva. O estímulo que foi do­
qual eventos originariamente neutros, através de
tado de capacidade de excitação evoca proporções
sua conjunção com experiências aversivas, adqui­
de comportamento de esquiva caracteristicamente
rem propriedades deflagradoras de emoção. Se
elevadas, o que raramente ocorre na presença do
eventos de valência negativa forem repetidamente
estímulo neutro. Além disso, outras variáveis do
O

associados com experiências positivas, os estímulos


condicionamento clássico que afetam as proprieda­
perdem gradualmente sua qualidade aversiva. Este
des de ativação dos estímulos produzem em geral
resultado é obtido eliciando-se atividades que sejam
BO

diferenças correspondentes no comportamento ins­


incompatíveis com respostas emocionais na pre­
trumental de esquiva. Há também evidêndas de que
sença de estímulos deflagradores de medo ou an­
o emparelhamento anterior de um estímulo com ex­
siedade. periências reforçadoras facilita ulteriorm ente a
aprendizagem e retarda a extinção da reatividade
RELAÇÃO ENTRE CONDICIONAMENTO instrumental ao mesmo indício ou a indídos simila­
EX

EMOCIONAL E REATIVIDADE INSTRUMENTAL res (Bower e Grusec, 1964;. Trapold e Winokur,


A maior parte dos procedimentos de dessensiti­ 1967).
zação que serão discutidos neste capítulo é proposta Embora a influênda dos processos de condicio­
na suposição de que a supressão da excitação emo­ namento clássico na reatividade instrumental tenha
D

cional condicionada fará decrescer ou eliminará o sido bem estabelecida, não foi determinada a natu­
comportamento instrumental de esquiva. Na pre­ reza dos mediadores e os mecanismos através dos
sente discussão, a excitação emocional engloba quais o controle do comportamento é realizado.
IN

tanto os processos de excitação autônoma como os Foram propostas muitas explicações alternativas,
centrais. Este resultado pressupõe que os efeitos do testadas primeiramente com paradigmas de condi­
condicionamento clássico exerçam um controle cionamento aversivo (Rescorla e Solomon, 1967). A
mediacional sobre o comportamento instrumen- estimulação dolorosa não elicia apenas reações
talmente aprendido. Em numerosos experimentos emocionais internas, mas também respostas não
com sujeitos infra-humanos tem-se demonstrado aprendidas e outras previamente adquiridas de
que respostas de esquiva a estímulos dados podem fuga. Sob condições nas quais os sujeitos sejam li­
ser estabelecidas através dos clássicos emparelha- vres para responder de forma motora enquanto
mentos prévios do estímulo com experiências aver­ submetidos a condiaonamento clássico, é possível
sivas (Rescorla e Solomon, 1967). Estes estudos que as respostas instrum entais também estejam
em pregam tipicam ente um paradigm a de três sendo aprendidas e reforçadas de maneira ope­
estágios, no qual os animais aprendem primeira­ rante. Existe alguma evidência, fom edda por Solo­
mente a dar respostas instrumentais de esquiva à mon e T urner (1962), sugerindo que os mediadores
252
DESSENSIT1ZAÇÁO POR CONTRACONDICIONAMENTO 253

esqueleüàs não podem sozinhos dar conta da trans­ dida única de reatividade como índice adequado de
ferência. Eles observaram estes efeitos de transfe­ excitação autônoma.
rência mesmo quando os animais foram condicio­ Um teste mais crítico da hipótese de que as res­
nados classicamente sob efeito do curare, que pre­ postas autônomas desempenham função media­
vine quanto à reatividade esqueletal. Entretanto, dora no comportamento de esquiva é fornecido
estes procedimentos não excluem conclusivamente pelas investigações de laboratório sobre aquisição e
os mediadores motores porque sob níveis mais bai­ manutenção de respostas de esquiva em animais
xos de influência do curare as respostas eletro- submetidos à simpatectomia (Wynne e Solomon,
miográficas podem ser aumentadas através do re- 1955). Neste último experimento,- a função autô­
forçamento contingente, podendo posteriormente noma foi eliminada num grupo de cães através do
facilitar a ocorrência de respostas de esquiva no es­ seccionamento cirúrgico do segmento simpático do
tado normal (Black, 1967). Além do mais, como sistema nervoso autônomo, de procedimentos de

PS
perceberam Rescorla e Solomon (1967), mesmo em bloqueio parassimpático pelo uso de medicação
sujeitos postos totalmente sob efeito do curare, atuante sobre o nervo pneumogástrico (vago) ou
eventos neurais efereiiles, que regulam central- pela combinação dos tratamentos cirúrgico e far­
mentfe a reatividade, podem ser eliciados e modifi­ macológico. Os animais foram então treinados para
cados durante o condicionamento clássico.

U
esquivar-se de um choque intenso saltando por
Muitas teorias populares em psicopatologia admi­ sobre uma barreira à apresentação de um sinal lu­
tem que os efeitos do condicionamento aversivo minoso. Depois da aprendizagem de esquiva, o

O
controlam o comportamento de esquiva através de choque foi aplicado de maneira descontínua a fim
mediadores autonômicos. De acordo com esta interpre­ de examinar o processo de extinção das respostas
tação, indícios de valência negativa eliciam excita­ de saltar unicamente ao aparecimento da luz. Parti­

R
ção autônoma (usualmente designada como ansie­ ciparam da mesma situação experimental animais
dade), a qual produz retroalimentação autônoma, não operados, os quais funcionaram como grupo
possuindo tanto propriedade de estímulo como de
pulsão. O com portamento de esquiva eventual­
mente se tom a condicionado à sua estimulação au-
tonomicamente produzida, de tal modo que tanto
G
de controle para comparação. Além disso, dois cães
foram submetidos aos procedimentos cirúrgico-
farmacológicos e ao teste de extinção depois que as
KS
respostas de esquiva tinham sido bem estabelecidas.
instiga como dirige o cumprimento de padrões de Os resultados demonstram que a remoção de
resposta defensiva. respostas autônomas periféricas tem apenas um
Tal teoria da ansiedade recebe um baixo nível de efeito parcial na aquisição de comportamento de
confirmação empírica se, como geralmente acon­ esquiva, ocorrendo as diferenças principalmente na
O

tece, a ansiedade for equacionada com a reativi­ fase inicial de aprendizagem. Os animais submeti­
dade autônoma periférica. Estudos nos quais res­ dos à simpatectomia foram mais lentos do que os
BO

postas autônomas e de esquiva são medidas simul­ de controle para escapar do choque, necessitando
taneamente revelam que estes dois conjuntos de de um número significativamente maior de tentati­
eventos podem estar parcialmente correlacionados, vas para aprender sua prim eira resposta de es­
mas não vinculados de maneira causal. Black (1959) quiva e tendendo mais rapidamente- à extinção,
descobriu que, durante a extinção, as respostas de embora, a este respeito, as diferenças tenham sido
esquiva ainda persistiram por muito tempo, mesmo pequenas. No entanto, a rapidez da extinção nos
EX

depois das respostas autônomas terem sido extin­ animais que foram privados de seu funcionamento
tas. Notterman, Schoenfeld e Bersh (1952) também autonômico normal, depois das respostas de es­
demonstraram que, depois dos sujeitos terem sido quiva terem sido firmemente estabelecidas, não di­
supridos de um procedimento efetivo para enfren­ feriu daquela dos animais de controle. Além disso,
tar uma situação potencialmente ameaçadora, con­ não foi obtida qualquer relação consistente entre o
D

tinuaram eles a m ostrar com portam ento de es­ padrão da aprendizagem de esquiva e a porção do
quiva adequado, embora sua reatividade autônoma sistema nervoso autônomo bloqueada ou submetida
IN

estivesse completamente extinta. Este achado é pos­ a resseção.


teriorm ente confirmado por Grings e Lockhart Todos os animais submetidos à simpatectomia
(1966), que relatam o fato de que os sujeitos exi­ adquiriram em algum momento respostas estáveis
bem uma queda súbita em excitação autônoma de­ de esquiva. Isto sugere que a excitação autônoma
pois de aprenderem que podem evitar de modo eficaz pode desempenhar um papel de facilitação, mas
a estimulação dolorosa pela execução de uma res­ não é indispensável para o estabelecimento do
posta de esquiva apropriada. A possibilidade de comportamento de esquiva; a manutenção das res­
generalização dos resultados precedentes é limi­ postas de esquiva previamente aprendidas é apa­
tada, no entanto, pelo fato de ter sido medida uma rentemente ainda menos dependente da estimulação
única resposta autônoma. Face à evidência (Lacey, retroativa autônoma. As evidências tomadas em
1950) de que os indivíduos revelam variação consi­ conjunto indicam, pois, que outros mecanismos di­
derável em suas formas características de reativi­ versos da excitação autonômica dirigem as respos­
dade fisiológica ao stress, e de que as diferentes tas de esquiva. Na verdade, os períodos de latência
respostas não são altamente intercorrelacionadas, de reações autonômicas e de suas retroalimentações
não há possibilidade de se considerar qualquer me­ associadas são mais longos do que aqueles das res-
254 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

postas esqueletais; conseqüentemente, o compor­ Estudos particularmente relevantes são os que de­
tamento de esquiva é tipicamente executado antes m onstram que a neutralização de um estímulo
que seja possível eliciar reações autônomas. Este aversivo por si só facilita marcantemente a exünção
fato por si só impossibilita o controle autônomo do comportamento de esquiva. Num experimento
quanto ao comportamento de esquiva. realizado por Black (1958), depois que os animais
Num retrospecto amplo de literatura pertinente, aprenderam a dar respostas de esquiva ao choque
Rescorla e Solomon (1967) propõem a perspectiva frente a um tom foram eles esqueletalmente imobi­
de que a reatividade instrumental é regulada prin­ lizados com curare para evitar resultados ambíguos
cipalmente por mediadores centrais passíveis de esta­ devidos a qualquer extinção de desempenho du­
belecimento e eliminação por intermédio de opera­ rante o período de tratam ento. Os animais do
ções de condicionamento do tipo clássico. Tal pers­ grupo de controle passaram por 50 tentativas de
pectiva é defensável, principalmente se nos ba­ extinção de desempenho e lhes foi então adminis­
trado curare sem tratamento especial. O grupo ex­

PS
searmos mais na exclução de hipóteses incompatí­
veis do que nas evidências confirmatórias. À me­ perimental teve simplesmente a experiência de 50
dida que processos centrais exercem controle tanto apresentações do tom provocador de medo durante
sobre a reatividade autonômica como sobre a ins­ o estado de imobilização por curare. Num teste
trumental, estes dois sistemas de respostas estão, subseqüente, aqueles submetidos ao tratam ento

U
em geral, parcialmente correlacionados. Os princi­ clássico de extinção necessitaram aproximadamente
pais obstáculos à clarificação do papel dos media­ de 40 tentativas regulares de extinção para eliminar

O
dores centrais no comportamento de esquiva são completamente seu com portamento de esquiva,
criados pelo fracasso em se estabelecer a localização e enquanto que o grupo submetido à extinção de de­
a natureza dos sistemas mediacionais, além de índi­ sempenho precisou de 450 tentativas suplementa­

R
ces mais válidos de suas atividades. O problema se res antes que os animais parassem de dar respostas
tom a ainda mais complexo pela evidência sugestiva de esquiva.
(Lacey, 1967) de que sistemas de excitação diferen­
tes — eletrencefalográficos, autônomos e compor-
tamentais — podem ser funcionalmente isoláveis.
Embora em geral apareçam concomitantemente,
G No estudo anterior, a extinção clássica foi obtida
pela exposição repetida a estímulos deflagradores
de ansiedade sem qualquer experiência adversa. O
processo de extinção pode ser acelerado pela apre­
KS
excitações fisiológica e comportamental podem ser sentação de estímulos de caráter ameaçádor junta­
dissociadas farmacologicamente de forma m ar­ mente com estímulos .positivos que eliciam respos­
cante. Portanto, os organismos podem estar cen­ tas incompatíveis suficientemente fortes para su­
tralmente excitados mas comportamentalmente não plantar as reações de ansiedade. Gale, Sturmfels e
O

respondentes ou, de forma contrária, podem estar Gale (1966), por exemplo, descobriram que a emo­
comportamentalmente excitados na ausência de tividade condicionada era eliminada mais rapida­
ativação central, conforme mensurada por sinais mente com apresentações repetidas de estímulos
BO

eletrocorticais padronizados. Estas descobertas in­ aversivos em p arelh ad o s com com ida do que
dicam que, sob certas condições, estímulos externos quando os mesmos estímulos eram apresentados
podem controlar respostas de esquiva de forma in­ sozinhos.
dependente da excitação Fisiológica. Todavia, fica Os efeitos facilitadores do eliciamento de respos­
claro a partir de estudos nos quais os estímulos são tas antagônicas na extinção do comportamento
dotados de propriedades de excitação fisiológica
EX

emocional são ainda mais claramente ilustrados por


sob efeito do curare que estes não são diretamente Poppen (1968). Como parte de um experimento
condicionados a respostas de esquiva, visto que mais amplo, ele comparou a rapidez com a qual
estas nunca ocorrem. Pelo contrário, nos estágios inibições comportamentais eram eliminadas em
iniciais as respostas parecem ser controladas por animais quando estímulos aversivos graduados
D

eventos mediadores comuns a outros estímulos com eram apresentados sozinhos ou em conjunção com
relação aos quais as respostas de esquiva tenham recompensas alimentícias. A Fig. 7-1 mostra o nú­
sido previamente aprendidas. Depois que as respos­
IN

mero médio de exposições necessárias para extin­


tas de esquiva ocorrem habitualmente na presença guir o medo em cada um dos valores de estímulo
de indícios com conseqüências reforçadoras, tais es­ de uma hierarquia aversiva em sujeitos submetidos
tímulos aversivos condicionados eventualmente ad­ a extinção graduada e contracondicionamento gra­
quirem valor discriminativo e podem exercer con­ duado. A reatividade emocional foi eliminada em
trole sobre o comportamento de esquiva sem defla­ ambos os grupos numa razão igualmente rápida
gração emocional. Este tipo de modificação na loca­ quando com estímulos de valor de ameaça baixo e
lização do controle de estímulo está de acordo com moderado. Entretanto, quando a comparação foi
a observação comum de que as funções mediadoras feita ao nível de ameaça severo, os sujeitos subme­
diminuem à medida que os padrões de resposta se tidos ao tratamento de contracondicionamento de­
tornam uma rotina. mandaram um número substancialmente menor de
Seja qual for o mecanismo regulador específico, exposições para superar seu medo.
o fato de que o comportamento explícito seja modi­ Na literatura referente à terapia do comporta­
ficável por procedim entos de condicionamento mento, designa-se tipicamente como “extinção”
clássico tem importantes implicações terapêuticas. aquelas operações nas quais estímulos aversivos são
DE5SENSITIZAÇÃO POR CONTRACOND1CIONAMENTO 255

apresentados sozinhos, enquanto os vários proce­


dimentos que combinam a deflagração do medo e
estímulos positivos são rotulados de “contracondi-
cionamento”. Estes métodos são freqüentemente
discutidos como se envolvessem processos funda­
mentalmente diferentes. Na verdade, o contracon-
didonamento é um fator importante na extinção.
Isto é, durante repetições não-reforçadas de um es­
tímulo, estados inibitórios temporários e mudanças
inevitáveis no complexo de estímulo eventualmente
eliciam respostas concorrentes com força suficiente
para substituir as reações originais. De acordo com

PS
esta interpretação do processo, os procedimentos
de extinção convencionais freqüentemente envol­
vem uma espécie de contracondicionamento não
dirigido. Uma vantagem importante dos métodos
que incluem eliciamento de contra-respostas é que

U
a ocorrência e a força de atividades concorrentes
são controladas ao invés de deixadas a cargo de fa­

O
tores fortuitos; isto permite maior contrple sobre os
resultados desejados.

R
CONCEITUAÇÃO DO PROCESSO DE
CONTRACONDICIONAMENTO Figura 7-1. Número médio de ensaios não-reforçados
necessários para eliminar a supressão da resposta em cada

G
Embora aplicações do princípio de contracondi­ um dos valores de estímulos da hierarquia aversiva me­
cionamento já tivessem sido relatadas por Jones em diante procedimentos de extinção e contracondiciona­
1924, esta abordagem recebeu pouca atenção até mento. Poppen, 1968.
que Wolpe (1958) elaborou um procedimento en­
KS
genhoso que ampliou grandemente a variedade de
perturbações que poderiam ser tratadas por este
método. Baseando-se numa cuidadosa análise dos gradores de emoção. Em segundo lugar, os eventos
estímulos determinantes da reatividade emocional, aversivos são inicialmente apresentados de forma
O

o terapeuta elabora uma lista ordenada de situações atenuada, de modo que as respostas emocionais a
às quais o cliente reage com graus crescentes de an­ serem neutralizadas sejam relativamente fracas e
siedade ou esquiva. Quando o contracondiciona­ portanto facilmente extinguíveis. Supõe-se que o
BO

mento se baseia em procedimentos de relaxamento, potencial deflagrador das situações mais aversivas
o terapeuta induz no cliente um estado de relaxa­ seja progressivamente reduzido pela generalização
mento profundo, que presumivelmente contra- da extinção da ansiedade dos itens precedentes
ataca a ansiedade, e solicita-lhe que visualize o item mais fracos. Por meio de sucessivos avanços de ex­
mais fraco na hierarquia dos estímulos causadores tinção e generalização, estímulos de aversividade
de emoção. Se o cliente sentir qualquer perturba­
EX

crescente podem ser neutralizados gradualmente


ção emocional, a cena aversiva é imediatamente re­ sem evocar uma ansiedade de uma intensidade di­
tirada, o relaxamento é reinstalado e o item é repe­ fícil de contracondicionar. A terceira variável se re­
tidamente apresentado até que cessa de evocar a laciona com os pré-requisitos temporais necessários,
ansiedade; se o relaxamento permanecer incólume isto é, tanto o estímulo redutor da ansiedade como
D

na presença imaginária da ameaça, as respostas o estímulo aversivo devem estar associados conti-
emocionais do cliente ao próximo item da hierar­ guamente.
IN

quia são submetidas à extinção, prosseguindo-se Como mostraremos mais tarde, o método de des-
assim com a série graduada. Desta maneira, a in­ sensitização de Wolpe tem-sé mostrado eficiente
tensidade dos estímulos aversivos é aumentada de para modificar o comportamento emocional, mas
sessão para sessão até que os eventos mais ameaça­ as especulações teóricas a respeito da maneira pela
dores tenham sido completamente neutralizados. qual a ansiedade é adquirida e os mecanismos que
Detalhes ulteriores deste método especial e suas va­ governam o processo de contracondicionamento
riantes foram publicados por Wolpe (1961), Wolpe (Wolpe, 1958) são em grande parte contestados por
e Lazarus (1966) e Lazarus (1964). achados empíricos. De acordo com as formulações
Wolpe considera três conjuntos de variáveis es­ de Hull, Wolpe favorece uma teoria da redução das
senciais para obter resultados de contracondicio­ pulsões em relação ao condicionamento clássico e
namento consistentes. Em primeiro lugar, é neces­ uma teoria da fadiga em relação à extinção. Con­
sário escolher um estímulo neutralizador da ansie­ trastando com este ponto de vista, os resultados ex­
dade capaz de induzir uma condição competidora perim entais (Mowrer, 1960; Solomon e Brush,
de intensidade suficiente para sobrepujar as rea­ 1956) claramente apóiam uma teoria da contigüi-
ções normalmente evocadas pelos indícios defla- dade em relação ao condicionamento, no sentido
256 DESSENSITIZAÇÂO POR CONTRACONDICION AMENTO

de q ue a reatividade em ocional é m elhor ad q u irid a d e extin ção associados com este m étodo. Infeliz­
e fortalecida m ediante a associação d e um estím ulo m ente, os resultados d e m uitos destes estudos não
com o início do choque, ao invés d a sua redução. p o dem ser in te rp re tad o s, p o rq u e os tam an h o s das
E m b o ra a fa d ig a r e s u lta n te d a ev o c a ç ã o n ão - am ostras são p eq u en o s d em ais p ara p ro v a r algum a
re fo rç a d a d o c o m p o rta m e n to q u e exige esforço coisa, as m edidas dos resu ltad o s são inadequadas,
possa fo m en tar o ap arecim en to d e respostas inibi- as condições d e tratam en to são aplicadas d u ra n te
d o ras na extinção do desem penho, é duvidoso se p eríodos excessivam ente breves, e p o rq u e existem
um a fadiga suficiente, se é q u e q u a lq u e r fadiga o u tras deficiências m etodológicas q u e g eralm en te
p ode ser g erad a p o r respostas simbólicas e a u to ­ são d esculpadas pelo fato dos ex p erim en to s serem
nôm icas p ara explicar os decréscim os d e ansiedade ap en as exploratórios. E m bora os au to re s d e tais es­
obtidos por m eio d e ensaios distribuídos nos tra ta ­ tu d o s g e ra lm e n te reco n h eçam -n o s com o tecnica­
m entos d e dessensitização simbólica. U m a in te rp re ­ m ente insuficientes, os achados resu ltan tes são ra­

PS
tação m ais plausível d a extinção nestas condições é ram e n te afastados pelo seu valor d e evidência insu­
q u e as respostas em ocionais são elim inadas g ra ­ ficiente. Os achados d e alguns ex p erim en to s que
d u alm en te p o r um a eliciação d elib erad a d e respos­ são bem p lanejados em o u tro s aspectos p o dem ser
tas incom patíveis e p o r so b rep o r estím ulos aversi­ e n g a n ad o res p o rq u e o teste co m p o rtam en tal usado
vos a eventos positivos q u e m itigam a excitação au- re q u e r, n o m áxim o, um contato breve com o objeto

U
loprovocada. tem ido (por exem plo, tocar o u seg u rar u m a cobra).
De acordo com a m aioria das teorias tradicionais As condições d e tra ta m e n to q u e p are cem igual­

O
da psicopatologia, W olpe (1958) ad o ta a posição d e m en te eficientes com base n u m critério d e teste
q ue a ansiedade é a principal causa d eterm in a n te fraco pod eriam o ferec er resu ltad o s d iferen tes se ti­
d o co m p o rtam e n to d e esquiva n ão -apropriado. A vessem sido usadas tarefas d e d esem p e n h o mais

R
ansiedade é d efin id a p rincipalm ente em term os d e exigentes e am eaçadoras.
unia super-reatividade d a divisão sim pática do sis­ As pesquisas discutidas nas seções su bseqüentes
te m a n erv o so a u tô n o m o . O s efe ito s d o c o n tra -
co n d ic io n a m e n to são e x p lica d o s p o r W olpe em
term os d e processos d e inibição recíp ro co s qu e
o co rrem ao nível do sistem a nervoso au tônom o.
G
se lim itam p rin cip alm en te a ex p erim en to s q u e são
suficientem ente bem p lanejados p ara p erm itir u m a
in te rp re ta ç ã o significativa dos d ad o s. A m aio ria
destes estu d o s em p re g a o p arad ig m a d a fobia a co­
KS
Este esquem a conceituai se baseia p rincipalm ente b ras o rig in alm en te elab o rad o p o r Lazovik e L ang
no pressuposto d e que as reatividades sim páticas e (1960). Este tipo d e p ertu rb ação fóbica é especial­
parassim páticas são em geral fisiologicam ente a n ta ­ m e n te a d a p ta d o ao esclarecim ento d o p apel das
gônicas. Assume-se ainda q u e o relax am en to m us­ variáveis consideradas com o sendo co n trib u id o res
O

cu lar, o c o m p o rta m e n to sexual, as resp o stas d e in flu en tes n o processo d e co ntracondicionam ento.
afirm ação e outras estim ulações agradáveis eliciam O motivo disto é q u e a incidência de fobias d e co­
um a reatividade parassim pátiça que, se suficiente­ b ras é re la tiv a m e n te alta, a fo rça d o c o m p o rta ­
BO

m ente forte, inibe as respostas p red o m in an tem en te m en to d e esquiva p o d e ser objetivam ente m ed id a e
sim páticas da ansiedade. en co n tro s não ex p erim en tais com cobras, que po­
E im p o rta n te te r em m ente que o princípio psico­ d eriam c o n fu n d ir os efeitos d o tratam en to , o cor­
lógico d o co n tra co n d icio n am en to e a eficácia d e rem ra ra m e n te o u p o d em ser co n trolados.
p rocedim entos baseados neste princípio são in d e­
EX

p en d en tes d a validade das especulações neurofisio- PAPEL DAS RESPOSTAS COMPETIDORAS DA


lógicas d e W olpe. N a realid ad e, c o n tra ria n d o a teo ­ ANSIEDADE E PROCESSOS EXTRÍNSECOS
ria periférica d a ansiedade de W olpe, os achados d e Se, d e fato, os m étodos d e dessensitização envol­
pesquisa citados a n terio rm en te indicam q u e as res­ vem um processo d e .contracondicionam ento, en tão
postas autonôm icas e d e esquiva são co-efeitos, ao a associação co n tíg u a dos estím ulos am eaçadores
D

invés d e eventos causalm ente ligados. À m ed id a co m re sp o sta s in ib itó ria s d a a n s ie d a d e d e v e ria


q u e a extinção é g o vernada p o r m ecanism os m u­ co nstituir um a condição necessária p ara um a elim i­
IN

tu am ente inibitórios, é mais provável que eles o p e ­ nação ráp id a do co m p o rtam en to de esquiva. N um
rem a nível subcortical do q u e no sistem a au tô n o ­ tratam e n to relativam ente com plexo, co n ten d o n u ­
m o. E in te r e s s a n te n o ta r, n e s te c o n te x to , q u e m erosos elem en to s, é possível q u e q u a lq u e r n ú ­
existe algum a evidência (John, 1961) d a existência m ero d e variáveis, o p e ra n d o isoladam ente ou em
d e dois sistemas d e excitação reciprocam ente inibi­ c o m b in a ç ã o , se ja re s p o n s á v e l p e lo s r e s u lta d o s
tórios na form ação reticular que servem com o m e­ observados. Assim, p o r exem plo, o co m p o rtam en to
diad o res do co m p o rtam en to d e defesa e ap ro x im a­ d e esquiva p o d e ser red u zid o , em certo g rau , ap e­
ção. nas p elo trein o d e relaxam ento, p o r u m a exposição
g rad u al a situações p rogressivam ente mais am eaça­
O Controle das Variáveis na d o ras o u p o r expectativas d e q u e a participação
Dessensitização n u m p ro g ra m a d e tra ta m e n to irá resu ltar em m o­
Foram realizados alguns exp erim en to s d e labora­ dificações favoráveis. O u tra possível fo n te d e in ­
tório p ara d e te rm in a r se as variáveis com ponentes fluência é a- relação social q u e se desenvolve e n tre
nos p rocedim entos d e 'lessensitização são necessá­ os agen tes d e m u d an ça e seus clientes. A fim de
rias, facilitadoras o u irrelevantes p ara os resultados co m p ro v ar se os m étodos d e dessensitização alcan­
d e s s e n s it iz a ç ã o po r CONTRACONDICIONAMENTO 257

çam os seus efeitos por meio de processos de con- não suspeitadas. No projeto inicial (Lang e Lazovik,
tracondicionamento ou por outros processos ex­ 1963; Lang, Lazovik e Reynolds, 1965), que envol­
trínsecos, Davison (1968) realizou um experimento via adultos com fobias de cobras, um grupo rece­
que se desenrolou da seguinte maneira. beu a forma padronizada do tratamento de dessen­
Estudantes com fobias de cobras foram indivi­ sitização; um segundo grupo participou num a
dualmente emparelhados à base da força do seu forma de terapia de relacionamento na qual, após
comportamento de esquiva em relação a uma cobra receber um a explicação plausível do seu trata­
e alocados a uma dentre quatro condições. Para m ento placebo, discutiu experiências não rela­
aqueles que receberam o tratamento que preenchia cionadas com a sua fobia no contexto de um rela­
as exigências do contracondicionamento, represen­ xamento profundo. Um grupo de controle que não
tações imaginárias de interações com cobras pro­ recebeu tratamento também foi incluído.
gressivamente mais ameaçadoras foram contigua- Os sujeitos de controle e os que receberam a

PS
mente emparelhadas com o relaxamento muscular, pseudoterapia não apresentaram mudanças signifi­
como na prática padronizada. Um segundo grupo cativas ou no seu comportamento de esquiva a co­
participou de um tratamento de pseudocontracon- bras ou em quaisquer dos índices de ansiedade reti­
dicionamento que era idêntico ao procedimento rados de auto-avaliações. Contrastando com este
empregado na primeira condição, exceto que os fato, os sujeitos que receberam o tratamento de

U
conteúdos simbólicos emparelhados com o relaxa­ contracondicionam ento exibiram um com porta­
mento eram experiências infantis inteiramente des­ mento de aproximação a cobras maior relativo aos

O
ligadas das cobras. Por causa da crença muito di­ resultados combinados dos dois últimos grupos, e
fundida de que as perturbações da ansiedade re­ sentiam menos ansiedade em relação às cobras.
presentam manifestações derivadas de conflitos in­ Contudo, os resultados deste estudo devem ser

R
fantis reativados, foi possível utilizar itens irrele­ aceitos com reserva por várias razões. Durante a
vantes às cobras sem pôr em perigo a verossimi­ medida do comportamento fóbico o experimenta­
lhança da abordagem de tratamento. Este grupo
oferecia um controle para o efeito de variáveis ex­
trínsecas associadas com as experiências de relacio­
nam ento, expectativas de mudanças benéficas,,
G
dor modelou cada resposta de aproximação antes
de pedir ao sujeito que executasse a mesma tarefa.
Embora a quantidade de modelação possa não ter
sido suficiente para reduzir respostas inibitórias em
KS
treino de relaxamento ou outros fatores possivel­ sujeitos-controle, ela pôde facilitar o comporta­
mente não reconhecidos. O terceiro grupo recebeu mento de aproximação em sujeitos cujas tendências
as mesmas cenas graduadas provocadoras de medo de esquiva foram enfraquecidas, até certo ponto,
e que envolviam cobras, mas na ausência de qual­ por meio do contracondicionamento prévio. Resul­
O

quer relaxamento. Esta condição de exposição ser­ tados de outros estudos (Wolpin e Raines, 1966)
viu primariamente como controle para a influência também são confundidos de maneira semelhante
de uma exposição repetida a estímulos ameaçado­ pela extensa modelação de interações íntimas com
BO

res. Finalmente, um pequeno grupo de controle os objetos temidos durante a aplicação dos testes de
participou dos procedimentos de avaliação sem re­ esquiva. A magnitude dos escores de mudança faz
ceber qualquer forma de tratamento interveniente. crer que algumas das diferenças entre os grupos
Com o objetivo de equiparar os grupos quanto à num nível marginal de significância poderiam se
duração e os padrões específicos de experiência, os mostrar não-s ig n ifica tivas se a dessensitização ti­
estudantes nos grupos de pseudocontracondicio- vesse sido comparada apenas com a pseudoterapia
EX

namento e exposição foram emparelhados com os ao invés de combinada com o grupo-controle não-
seus parceiros no tratamento de contracondiciona­ tratado. Não há dúvida, porém, de que os estudan­
mento, cujo progresso determinou o número total tes que haviam sido dessensitizados com êxito à
de sessões de tratamento, a duração de cada sessão, maioria dos itens na hierarquia de ansiedade alcan­
D

e o número e duração de cada exposição ao estí­ çaram reduções substancialmente maiores no com­
mulo. Depois que os tratamentos foram completa­ portamento de esquiva do que os sujeitos no grupo
IN

dos aplicou-se novamente aos estudantes o teste de relação ou no grupo de controle.


comportamental envolvendo 13 interações progres­ Lang (1968) elaborou um procedimento de des­
sivamente mais íntimas com uma cobra. Apenas sensitização autodirigido que torna possível mani­
aqueles estudantes para os quais os eventos elicia- pular as variáveis de contracondicionamento de
dores de medo foram associados com o relaxa­ forma mais confiável e permite maior controle ex­
m ento apresentaram aum entos substanciais no perimental em relação a processos extrínsecos. Se­
comportamento de aproximação a cobras, ao passo qüências graduadas e situações ameaçadoras e ins­
que os estudantes nos grupos de pseudocontracon- truções de relaxamento são pré-gravadas em fitas
dicionamento, exposição e controle fracassaram em magnéticas que são controladas pela pessoa que está
atingir qualquer redução significativa das respostas sendo submetida a tratamento. Depois de ouvidas
de esquiva. as instruções de relaxamento, automaticamente se
Lang e seus associados também investigaram a apresenta um item deflagrador da ansiedade.
questão de saber se a extinção do comportamento Sempre que os sujeitos sinalizam sentimentos de
de esquiva mediante a dessensitização é atribuível a aflição, pede-se-lhes que parem de visualizar a
influências de relacionamento ou a outras variáveis cena, o relaxamento é reinduzido e então se repete
258 DESSENSITIZA ÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

o item. Se os sujeitos indicam um aumento de an­ mente na Fig. 7-2. Todos os três tratamentos pro­
siedade durante a reexposição à mesma cena aver­ duziram reduções nos ataques de respiração ofe­
siva, eles são conduzidos de volta ao item prece­ gantes de acordo com os auto-relatos dos clientes,
dente da hierarquia. Enquanto que os sujeitos sina­ mas apenas o método de contracondicionamento
lizam uma excitação diminuída com exposições su­ melhorou significativamente a função respiratória
cessivas a uma dada cena, ela é repetidam ente baseada em medidas físicas.
apresentada até que cesse a eliciação de respostas Embora os achados relatados por Davison (196S)
emotivas. Desta maneira, os sujeitos dirigem o seu e Rachman (1965) pareçam indicar que o relaxa­
próprio tratamento de dessensitização durante a mento desempenha um papel altamente influente
série graduada. na dessensitização simbólica, esta conclusão requer
O procedimento acima foi elaborado prim or­ qualificações, tendo em vista os resultados de um
dialmente para fins de pesquisa, mas um histórico estudo realizado por Schubot (1966). O leitor se re­

PS
de um caso por Migler e Wolpe (1967) sugere que cordará que, no experimento de Davison, os sujei­
possa ter também aplicações clínicas. Um cliente tos na condição de exposição deveriam continuar a
masculino que era incapaz de participar de reuni­ visualizar cenas perturbadoras depois que tivessem
ões de equipe por causa de fortes ansiedades de sinalizado ansiedade, com o objetivo de tornar
falar em público dessensitizou-se ele mesmo, com equivalentes as durações de exposição nos diferen­

U
êxito, no seu lar, utilizando um gravador modifi­ tes tratamentos. Miller (1967) mostrou que o pro­
cado que continha instruções pré-gravadas de rela­ cedimento de dessensitização conduz a resultados

O
xamento e cenas progressivamente mais ameaçado­ igualmente benéficos, quer seja o sujeito ou o expe­
ras de situações de falar em público. Estes dados rimentador quem controla o término dos estímulos
clínicos preliminares são corroborados por resulta­ aversivos. É concebível, contudo, que se os sujeitos

R
dos de estudos comparáveis de Melamed e Lang que eram expostos apenas aos estímulos aversivos
(1967), Donner (1967) e Krapfl (1967), que desco­ tivessem podido terminar cenas ameaçadoras antes
briram que a dessensitização auto-aplicada produ­
ziu a mesma quantidade de redução no comporta­
mento de esquiva que a forma-padrão aplicada so­
cialmente. Lang também empregou com êxito o
G
que elas gerassem ansiedade excessiva, procedi­
mento que foi usado com o grupo de contracondi­
cionamento, a exposição repetida isolada poderia
eventualmente ter produzido alguma extinção do
KS
procedimento semi-automatizado para investigar comportamento de esquiva. Para comprovar esta
mudanças nos indicadores autonômicos de excita­ noção, Schubot (1966) comparou a eliminação do
ção emocional durante o curso do processo de des­ comportamento fóbico em grupos de adultos que
sensitização. foram alocados a duas condições: 1 ) aplicação da
O

Interessantes são os resultados de um estudo exposição a cenas deflagradoras de ansiedade em­


planejado por Moore (1965) para avaliar alguns parelhadas com o relaxamento ou 2 ) exposição
dos fatores que operam no método de dessensitiza­ apenas sob condições em que os estímulos aversivos
BO

ção porque eles essencialmente replicam os achados foram prontamente retirados para todos os sujeitos
citados acima com um tipo radicalmente diferente sempre que eles assinalavam estar aflitos.
de disfunção emocional. Pessoas asmádeas que não A interpretação dos resultados deste experi­
tinham reagido favoravelmente a tratamento mé­ mento bem elaborado em outros aspectos é um
dico receberam só o relaxamento ou o relaxamento tanto complicada pela falta de uma condição de
EX

combinado com sugestões de que apresentariam exposição emparelhada na qual a duração das vi­
tanto uma melhora progressiva da função respira­ sualizações é externamente controlada independen­
tória e sensibilidade reduzida a situações que pro­ temente das respostas emocionais do sujeito. Con­
vocam ataques de asma, ou receberam o tratamento tudo, os dados disponíveis (Fig. 7-3) demonstram
de contracondicionamento. Neste último procedi­ que o relaxamento era essencial para modificar um
D

mento, o relaxamento profundo foi emparelhado comportamento fóbico extremo, mas não facilitou a
com situações graduadas baseadas em dificuldades extinção de respostas de esquiva de intensidade
IN

respiratórias, fatores infecciosos e alérgicos e even­ moderada.


tos provocadores de stress. A cada paçiente foram É de considerável interesse descobrir que opera­
aplicados dois dos tratamentos durante um período ções encobertas de extinção nas quais a emotividade
de dois meses, de acordo com um plano experi­ condicionada é eliminada pela reinstauração simbó­
mental que apresentava os métodos em cada com­ lica repetida de eventos ameaçadores abaixo do
binação e em cada ordem. Os efeitos destes vários nível de stress reduzem significativamente o com­
procedimentos foram avaliados em termos de rela­ portamento de esquiva. Se as pessoas conseguissem
tórios subjetivos de ataques de asma e duas medi­ extinguir respostas emocionais inadequadas apenas
das objetivas da função respiratória. Estas incluíam pelo pensamento, esperaríamos que tais perturba­
a medida da capacidade inspiratória e a percenta­ ções fossem muito menos prevalentes. Na reali­
gem que este desempenho representava de capaci­ dade, as pessoas raramente constroem hierarquias
dade inspiratória ótima depois da inalação de uma de situações emocionalmente perturbadoras e não
dose de isoprenalina. se engajam sistematicamente em ensaios encobertos
As mudanças que acompanharam as diferentes de extinção, sob condições naturais. Além do mais,
condições de tratamento estão resumidas grafica­ nas ocasiões em que pensam sobre os eventos
DESSENSITIZAÇAO POR CONTRACOND1CIONAMENTO 259

PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D

Figura 7-2. Mudanças nos ataques de asma relatados e duas medidas fisiológicas da função respiratória associada com
cada uma de três condições de tratamento. Moore, 1965
IN

ameaçadores provavelmente revivem as conseqüên­ combinação uns com os outros. Em alguns destes
cias aversivas que acompanharam seu comporta­ experimentos, porém, o teste comportamental é
mento, desta forma reforçando e não enfraque­ excessivamente curto, os experim entadores não
cendo seus temores. Por causa da relevância da ex­ estão familiarizados com o uso do método (Cooke,
tinção encoberta para a questão geral do controle 1968) ou os sujeitos recebem um treino limitado em
simbólico do comportamento manifesto, seria im­ relaxamento (Proctor, 1968). Outros estudos, como
portante determinar se este fenômeno é facilmente o relatado por Folkins, Lawson, Opton e Lazarus
reproduzível e quais as suas condições limitadoras. (1968) sofrem de deficiências metodológicas e de
Vários investigadores descobriram que os com­ uma tendência a ler mais através dos dados do que
ponentes da dessensitização separadamente conse­ eles realmente podem oferecer. Folkins e seus asso­
guem reduções no comportamento de esquiva, mas ciados mediram auto-relatos e respostas fisiológicas
eles não ganham uma eficácia adicional quando em de estudantes a um filme que apresentava acidentes
260 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO

que possuem um potencial de contracoridiciona-


mento, este método na realidade representa uma
variante da dessensitização. Devemos ainda assina­
lar, de passagem, que, se a visualização de estímulos
aversivos é conceituada como uma operação de dis­
cernimento, então o termo possui pouco signifi­
cado.
Tomados como um todo, os vários achados indi­
cam que o relaxamento é uma condição facilitativa
mas não necessária para eliminar o comportamento
de esquiva. A evidência de que o relaxamento mui­
tas vezes acelera o processo de extinção não mostra

PS
que os benefícios derivam da manipulação explícita
das atividades musculares. Na realidade, Rachman
(1968) argumentou que os sentimentos de calma
induzidos pelo procedimento ao invés do relaxa­
mento muscular em si é o fator decisivo operante.

U
Nesta explicação alternativa, as instruções de rela­
xamento e a apresentação de cenas agradáveis à

O
imaginação reduzem a excitação afetiva que atenua
a reatividade aos estímulos aversivos. Esta interpre­
tação é consistente com o ponto de vista esposado

R
Figura 7-5. Reatividade diferencial de sujeitos fóbicos
moderados e graves a procedimentos de contracondido- nesta obra de que as modificações do comporta­
namento e extinção. Schubot, 1966. mento são em grande parte governadas por meca­

G
nismos centrais ao invés de processos periféricos.
Se as atividades competidoras que funcionam
para reduzir a capacidade de excitação de estímulos
ameaçadores são, de fato, simbolicamente media­
KS
industriais depois que eles receberam um de quatro
tipos de tratamento. Para os sujeitos na condição das, então certas mudanças na prática padronizada
simulada de dessensitização, foram apresentadas da dessensitização poderão ser vantajosas. Como
cenas breves do filme verbalmente no contexto de sugere Rachman, colocaríamos maior ênfase no de­
um relaxamento muscular e imagens agradáveis senvolvimento de imagens tranqüilas e agradáveis
O

durante três sessões. Contudo, de forma dissimilar do que nos exercícios de relaxamento motor. Esta
ao procedim ento-padrão, os estímulos de stress questão pode ser melhor resolvida por estudos de
laboratório dos efeitos mitigadores da ansiedade
BO

foram apresentados em gravação sem levar em


conta as reações emocionais dos estudantes. A se­ das imagens positivas, do relaxamento muscular e
gunda condição incluía tanto as imagens positivas de ambos em combinação um com o outro.
como exposição às cenas aversivas. Um terceiro
APRESENTAÇÃO GRADUADA DE ESTÍMULO
grupo recebeu apenas treino em relaxamento e os
estudantes da quarta condição serviram como con­ As pesquisas discutidas até o presente momento
EX

troles não-tratados. mostram que os efeitos de descondicionamento


Um efeito de tratamento foi obtido em um dos o c o rre m mesmo quando as influências sociais e de
três indicadores do auto-relato de reações de stress expectativas são controladas, e que o relaxamento
e na medida da condutibilidade da pele. Não foram funciona como uma condição facilitadora mas não
encontradas diferenças, porém» nas batidas cardía­ necessária da mudança. Não foi sistematicamente
D

cas. Os autores concluem, baseando-se na inspeção investigada a questão de saber se a apresentação


visual dos dados, ao invés da avaliação estatística graduada de estímulos aversivos é uma exigência
IN

das diferenças intergrupo, que a dessensitização fundamental da dessensitização. Se o processo de


completa é um redutor de stress menos eficiente do eliminação da ansiedade por meio da extinção do
que os seus dois componentes, relaxamento ou en­ desempenho e da dessensitização simbólica envolve
saio cognitivo, e que destes dois elementos o último processos análogos, então podem ser conseguidas
é o mais eficiente. Sugerem ainda que as abordagens reduções no comportamento de esquiva, tanto pela
orientadas para o discernimento podem ser supe­ reexposição a eventos progressivamente mais amea­
riores às técnicas de dessensitização. Tais conclu­ çadores quanto pela confrontação repetida com a si­
sões não se apóiam nem nos dados nem nas opera­ tuação mais temida desde o início. Contudo, estas
ções de tratamento. Provavelmente, todos os trata­ duas estratégias de tratamento estariam associadas
mentos reduziram a reatividade emocional compa­ com quantidades acentuàdamente diferentes de eli-
rados com o grupo de controle, mas a partir dos ciação da ansiedade. O método de confrontação
dados resumidos parece que os tratamentos não di­ mais estressante tende a gerar altos níveis de exci­
ferem significativamente entre si. Com relação aos tação emociona] que são gradualmente reduzidos
procedimentos, como o “ensaio cognitivo” envolvia com a ocorrência sucessiva não-reforçada de even­
a exposição ao estím ulo e a imagens positivas tos eliciadores de medo. Por outro lado, quando os
DESSENSmZAÇAO POR CONTRACONDICIONAMENTO 261

estímulos aversivos são introduzidos de forma ate­ ansiedade, sob condições nas quais os próprios su­
nuada e gradualmente aumentados até o seu valor jeitos controlavam a terminação das cenas aversivas,
completo de ameaça, os efeitos de extinção podem entre subgrupos que apresentavam um comporta­
ser obtidos com um mínimo de eliciação de ansie­ mento de esquiva extremado. A taxa de sinalização
dade. Na realidade, apresentando inicialmente um da ansiedade por sujeitos acentuadamente esquivos
estímulo aversivo de forma tão fraca que não elicie que recebiam a exposição sozinha foi três vezes
nenhuma ansiedade, e incrementando a sua dura­ mais elevada do que a apresentada pelos seus par­
ção e intensidade em pequenos passos progressivos, ceiros igualmente medrosos, para os quais a exposi­
deveria ser possível extinguir a reatividade emocio­ ção foi emparelhada com o relaxamento. Além do
nal sem a ocorrência de respostas emocionais. mais, as reações emodonais do último grupo foram
A extinção livre de ansiedade em situações aver­ neutralizadas mais rapidamente a cenas individuais,
sivas foi pouco estudada. Experimentos com sujei­ e eles completavam um número significativamente
tos infra-humanos (Kimble e Kendall, 1953; Pop- maior de itens na hierarquia durante o mesmo pe­

PS
pen, 1968) mostraram que a exposição a estímulos ríodo de tempo. Interessantemente, as taxas de si­
graduados quanto à aversividade produz uma ex­ nalização da ansiedade não diferiram entre os sub­
tinção mais rápida do comportamento emocional grupos moderadamente medrosos que consegui­
do que quando são repetidamente apresentados ram ganhos comparáveis no com portamento de

U
com o seu valor completo. Terrace (1966) ofereceu aproximação. De maneira consistente com o ponto
uma evidência considerável de que o comporta­ de vista expresso antes a respeito da reatividade da
mento discriminativo pode ser estabelecido com ansiedade durante a extinção, Schubot verificou

O
virtualmente nenhuma resposta a estímulos negati­ que a freqüênda da eliciação dá ansiedade era in­
vos, por meio do uso de procedimentos de mu­ versamente relacionada com o grau de extinção do

R
dança progressiva de estímulos. Desta forma, para comportamento de esquiva.
alterar as respostas dadas a um estímulo negativo Admitindo que a auto-estimulação imaginativa
(S~) ele é gradualmente introduzido num complexo dos sujeitos corresponde de maneira aproximada
estimulador positivo (S+) que evoca uma forma de­
sejável de comportamento. Os elementos nos últi­
mos estímulos são progressivamente reduzidos até
G
às cenas apresentadas pelo experimentador, os acha­
dos acima indicam que uma abordagem que com­
bine á apresentação graduada de estímulos com
KS
que eventualmente S~ sozinho produz as respostas uma eliciação deliberada de respostas neutralizado-
qüe originalmente eram controladas por S+. A evi­ ras da ansiedade presta-se mais à redução do com­
dência de que o controle pelo estímulo pode ser portamento de esquiva com um stress mínimo. Ao
transferido por este método sem respostas negati­ avaliar abordagens de tratam ento diferenciais,
vas levanta a questão de saber se é verdadeira a temos que considerar não apenas a taxa de modifi­
O

crença muito difundida de que a ocorrência de cação do comportamento de esquiva, mas também
respostas de ansiedade é uma condição necessária os prejuízos emocionais para o cliente. Este último
BO

de sua eliminação. É essencial, porém, que os estí­ critério é especialmente importante se um dado
mulos que estão sendo neutralizados possam ter método consegue resultados relativamente rápidos
uma potência de eliciação da ansiedade em sua mas afasta muitos dos partidpantes por gerar uma
forma original. Esperaríamos pouco ganho tera­ aflição excessiva.
pêutico de programas que fomentassem reações Achados de um experimento realizado por Krapfl
não-emocionais a estímulos que normalmente não (1967) são relevantes a várias das questões adma
EX

exercem controle sobre as respostas emocionais. discutidas. Os sujeitos que tinham fobias a cobras
Em outras palavras, as exigências se referem .às recebiam uma dessensitização socialmente aplicada
propriedades motivadonais dos estímulos ao invés ou várias formas de dessensitização efetuadas por
da eliciação das respostas emodonais. gravações. Nos tratamentos semi-automáticos, os
D

No paradigma de contracondicionamento, a in­ estím ulos aversivos eram apresentados ou na


trodução de respostas competidoras da ansiedade ordem de um aumento de aversividade, como no
presumivelmente perm ite às pessoas tolerar ní­ procedimento padrão, numa ordem descendente
IN

veis elevados de ameaça sem reagir ansiosamente. dos estímulos que elidavam mais ansiedade para os
Alguma evidênda sugestiva de que é isso o que na que eliciavam menos ansiedade, ou numa ordem
realidade ocorre é oferecida pelo estudo de Davi- aleatória. Dois grupos de controle também foram
son (1968), no qual sujeitos em diferentes condi­ incluídos: um que não recebeu tratamento e outro
ções de tratam ento foram emparelhados indivi­ ao qual foram apresentados estímulos agradáveis
dualmente, e portanto receberam o mesmo n ú ­ mas não relevantes a cobras. Os testes comporta-
mero, ordem, conteúdo e duração das exposições mentais de esquiva foram aplicados depois de dnco
aos estímulos. Os estudantes que viram as cenas sessões de tratamento e depois seis semanas mais
am eaçadoras no contexto do relaxam ento p ro ­ tarde.
fundo sinalizaram aflição em 27 por cento das Os sujeitos em todas as condições de tratamento
apresentações, ao passo que aqueles que receberam conseguiram aumentos permanentes no compor­
os mesmos itens sem relaxamento registraram an­ tamento de aproximação e diferiram dos dois gru­
siedade em 61 por cento dos ensaios. Schubot pos de controle neste aspecto (Fig. 7-4). Não foram
(1966) relata diferenças similares de eliciação da encontradas diferenças significativas entre as con-
262 DESSE N SITIZ AÇÀO POR CONTRA CONDICIONAM ENTO

PS
U
O
R
G
KS
O

Figura 7-4. Número médio de respostas de aproximação desempenhadas por sujeitos em cada uma de quatro condi­
ções de tratamento e duas condições de controle. Gráfico elaborado com dados de Krapfl, 1967.
BO

dições experimentais, exceto que o procedimento vidade variava diretamente com o número de asso­
aleatório consisten temente produziu efeitos mais ciações emparelhadas. É evidente, portanto, que a
fracos do que os procedimentos que utilizavam a relação temporal entre eventos estimuladores no
EX

ordem aversiva ascendente. Embora a dessensitiza- procedimento-padrão de dessensitização, embora


ção que procedeu dos itens mais aversivos para os satisfaça a exigência da associação, difere acentua-
menos aversivos tenha se mostrado eficiente nos damente do que é geralmente considerado ótimo
índices comportamentais, ela eliciou inicialmente para o condicionamento clássico. Neste último caso,
D

um nível elevado de reatividade emocional e rea­ as respostas condicionadas são produzidas mais
ções negativas ao procedimento. Nas aplicações clí­ prontamente quando o CS antecede o UCS por um
nicas, este método corre, portanto, um risco mais intervalo muito breve. Contrastando com isso, no
IN

elevado de que os clientes cessem de participar. procedimento de dessensitização, o relaxamento,


que supostamente exerce a mesma função que os
FATORES TEMPORAIS NA DESSENSITIZAÇÀO estados induzidos pelo UCS, é mantido continua­
Se os eventos estimuladores devem perder a sua mente, ao passo que os estímulos aversivos condi­
capacidade de excitação por meio de um processo cionados são apresentados brevemente com interva­
de contracondicionamento, então os estímulos pro­ los irregulares.
vocadores de emoção e os que a contrariam devem Se equacionarmos o condicionamento clássico
estar associados contiguamente. Melvin e Brown com um conjunto limitado de operações nas quais
(1964) descobriram que apresentações emparelha­ os eventos estimuladores são apresentados episodi­
das repetidas de um reforçador positivo com um camente e em conjunção temporal muito próxima,
estírriulo nocivo fisicamente reduzia o seu poder então, obviamente, o procedimento de Wolpe não
aversivo, mas apresentações temporalmente disso­ preenche estes requisitos específicos, nem, inciden­
ciadas dos mesmos eventos não alteraram sua va­ tal mente, uma grande parte da literatura demons­
lência negativa, Além do mais, a redução da aversi- trativa do condicionamento aversivo clássico. Por
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICION AMENTO 263

exemplo, experimentos nos quais os animais rece­ cia. Um estímulo condicionado não apenas evoca
bem choques elétricos em compartimentos pintados meramente uma parte componente da reação ori­
de uma certa cor, o CS (isto é, o indício da cor) está ginal, mas muitas vezes ativa respostas antecipató-
presente continuadamente e a estimulação dolorosa rias que se parecem muito pouco com a resposta
é vivenciada intermitentemente. De forma similar, não-condicionada. Seria, portanto, mais plausível
a em otividade condicionada pode ser extinta encarar os resultados do condicionamento como
quando indícios aversivos e estímulos positivos que um reflexo da operação de mecanismos mediado­
eliciam respostas antagônicas são ambos continua­ res, ao invés da ligação direta de estímulos com
mente presentes (Farber, 1948). respostas evocadas por outros eventos. Como as
A fim de estabelecer respostas condicionadas é respostas a um estímulo aversivo contém um com­
essencial que os efeitos induzidos pelo UCS ocor­ ponente autogerado não se esperaria que elas fos­
ram conjuntamente com o CS. Sob circunstâncias sem idênticas àquelas provocadas pelo estímulo ex­
terno.

PS
onde os eventos a serem condicionados ao CS são
controlados quase exclusivamente pelo UCS, exige- Similarmente, depois que um estímulo aversivo
se uma relação temporal próxima entre os dois con­ foi repetidam ente em parelhado com o relaxa­
juntos de estímulos. Conjudo, na aprendizagem mento, é excessivamente improvável que os indícios
humana, as respostas emocionais são geralmente anteriormente ameaçadores possam prontamente

U
elicíadas não apenas por um UCS externo, mas produzir uma flacidez muscular. Ao invés disto, tais
também pelas representações simbólicas de expe­ indícios não geram mais uma exictação emocional.
A interpretação precedente do contracondiciona-

O
riências aversivas ou agradáveis. O papel influente
da deflagração autogerada no condicionamento mento difere das explicações baseadas na teoria de
clássico é indicado por estudos mostrando que res­ G uthrie'(1935) ou do modelo de Wolpe (1958), os

R
postas condicionadas podem ser desenvolvidas fa­ quais admitem uma religação das respostas condi­
zendo-se com que os sujeitos apenas associem um CS cionadas aos estímulos.
com uma estimulação imaginária na ausência do
UCS apropriado; ao contrário, se os sujeitos não
perceberem que os dois estímulos estão relaciona­
dos, as respostas condicionadas geralmente não se
G
INFLUÊNCIA DO REFORÇAMENTO SOCIAL E
DAS VARIÁVEIS COGNITIVAS SOBRE A
DESSENSITIZAÇÀO
KS
desenvolvem, mesmo que o CS e o UCS sejam Os estudos revistos até agora investigaram a in­
apresentados repetidamente sob uma contigüidade fluência das variáveis de aprendizagem tradicionais
temporal ótima. As pesquisas relevantes a este pro­ nos processos de dessensitização. Esta classe de de­
blema e as interpretações alternativas de achados terminantes se preocupa primariamente com os
O

empíricos são discutidas mais plenamente no úl­ eventos estimuladores, isto é, seu conteúdo, in­
timo capítulo. Na medida em que a estimulação au­ tensidade, valência, freqüência, modo de apresen­
togerada substitui ou suplementa os insumos ex­ tação e relação temporal. As variáveis de aprendi­
BO

ternos, o condicionamento pode ocorrer sob uma zagem muitas vezes exercem efeitos diferenciais
grande variedade de arranjos temporais externos. sobre o comportamento, dependendo de variáveis
A questão de saber se os resultados da dessensitiza- sociais e cognitivas concomitantes. A relação obtida
ção são conseguidos por meio do condicionamento entre as respostas e as conseqüências de estímulo
no sentido tradicional talvez devesse ser colocada programadas, por exemplo, podem variar conside­
entre parênteses até que os processos psicológicos ravelmente quando os mesmos estímulos reforça­
EX

que fundamentam o condicionamento clássico te­ dores são aplicados por pessoas de prestígio
nham sido mais adequadamente explicados. variável (Prince, 1962), diferentes quanto à atração
Além da questão tem poral, surgem também (Marder, 1961), sexo (Epstein e Liverant, 1963;
questões a respeito da natureza da resposta condi­ Stevenson, 1965), status étnico (Smith e Dixon,
D

cionada. Deduz-se, dos estudos de laboratório do 1968) e amizade (Hartup, 1964; Patterson e Ander­
condicionamento clássico, que a resposta condicio­ son, 1964). Similarmente, as variáveis inform acio­
nada raramente, se é que o é, é idêntica ao compor­ nais podem ser influentes na determinação da rea-
IN

tamento originalmente evocado pelo estímulo não- tividade a apresentações de estímulos. Por estas
condicionado. Por exemplo, um choque dolorosÒ razões, as mudanças comportamentais efetuadas
aplicado ao antebraço de uma pessoa após a apre­ pela dessensitização não podem apenas ser atribuí­
sentação de um tom irá tipicamente eliciar reações das aos efeitos do emparelhamento de estímulos.
autonômicas, retração do braço e vocalização da dor. A aprendizagem não é apenas controlada mulii-
Depois de uma série de ensaios, a apresentação do plamente por variáveis que interagem, mas a dispo­
tom sozinho irá provavelmente eliciar uma excita­ sição para desempenhar as respostas que foram
ção autonômica e central, porém sem os elementos adquiridas pode ser afetada por uma pletora de in­
motores e vocais. Ná realidade, se o organismo fluências relacionadas com a motivação. Exigências
fosse construído de tal forma que um estímulo situacionais sutis, pressões de realização auto-
condicionado tivesse a capacidade de criar o dano impostas, expectativas de que um determinado mé­
aos tecidos que acompanha eventos fisicamente no­ todo irá resultar em mudanças benéficas e o desejo
civos, então a aprendizagem teria um valor de au­ de agradar a terapeutas conscienciosos são muitas
todestruição, ao invés de um valor de sobrevivên­ vezes in v o cad o s com o d e te rm in a n te s não-
264 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

suspeitados das mudanças psicoterapêuticas. Pro­ de comportamento aproximatório evidenciado, e à


vavelmente, tais fatores tendem mais a exercer suscetibilidade desta medida a exigências situacio-
algum controle sobre comportamentos existentes nais. A confusão metodológica da variável depen­
que as pessoas podem desempenhar prontamente dente poderia ter sido facilmente evitada ao medir
se o desejarem. Por outro lado, as influências moti- o grau de medo associado com cada resposta espe­
vacionais apenas não irão produzir padrões de res­ cífica de aproximação, ao invés de obter uma única
posta que estão faltando, nem obterão muito êxito avaliação agregada depois que o teste de esquiva
em restaurar comportamentos severamente inibi­ foi completado. Considerando que os indícios de
dos que provaram ser resistentes à pressão social expectativa, por meio dos quais as exigências situa-
repelida e à persuasão. Neste último caso, as expe­ cionais são mais freqüentemente veiculadas (Ro-
riências de aprendizagem necessárias devem ser senthal, 1966), foram explicitamente manipuladas
oferecidas. neste estudo, parece pouco lógico explicar a ausên­
A tendência prevalente de ver a determinação cia de diferenças numa medida por causa da sua

PS
múltipla do comportamento em termos de prefe­ suscetibilidade a influências situacionais. Também
rências rivais para certas variáveis componentes foram feitas comparações estatísticas de medidas de
causou muita discussão e pesquisa pouco produti­ comportamento de aproximação e de avaliações da
vas. Isto é especialmente verdadeiro com relação a melhora por meio de entrevistas entre várias com­

U
investigações que são explicitamente elaboradas binações dos grupos, exceto a alta e baixa expecta­
para negar as influências da aprendizagem. Num tiva, condições de principal relevância para a hipó­
esforço para determinar que apenas as expectativas tese da expectativa. Uma análise completa de seus

O
relativas ao tratamento poderiam explicar reduções dados publicados revela que os sujeitos experimen­
no comportamento de esquiva na terapia de des- tais obtiveram uma taxa de melhora mais elevada

R
sensitização, Efran e Mareia (1967) aplicaram a es­ do que os controles, mas os grupos de alta e baixa
tudantes com medo de cobras uma pseudoterapia expecativa não diferiram significativamente em ne­
na qual eles ocasionalmente recebiam choques elé­ nhuma destas medidas. Em contraste direto com a
tricos ao olhar para diapositivos em branco num
taquistoscópio que, segundo tinham sido induzidos
a acreditar, continham figuras dos estímulos fóbi-
G
conclusão dos autores, os resultados mostram de
fato que os aumentos no comportamento de apro­
ximação produzidos em relação às ameaças atenua­
KS
cos apresentados a níveis subliminais. Metade des­ das, embora na direção. prevista, eram essencial­
tes sujeitos foi alocada a uma condição de “baixa mente comparáveis qualquer que tenha sido a ex­
expectativa” na qual foram informados de que o pectativa do sujeito quanto à eficácia ou não do tra­
tratam ento carecia de um elemento crucial, ao tamento. Também devemos assinalar que os “prin­
passo que os sujeitos na condição de “expectativa cípios do condicionamento” não nos levariam a
O

elevada” ouviam que o tratamento fornecia resul­ prognosticar que vários emparelhamentos aleató­
tados promissores. Para aum entar ainda mais a rios do choque com um cartão em branco, espalha­
BO

manipulação da expectativa, mostraram-se aos su­ dos por uma centena de ensaios, deveriam necessa­
jeitos registros de polígrafos fictícios indicativos de riamente conduzir a um aumento de esquiva de co­
que a sua reatividade fisiológica aos “estímulos su­ bras ou aranhas. Na realidade, o resultado oposto é
bliminais” tinha decrescido no decurso do trata­ inteiramente possível considerando que os sujeitos
mento. Um grupo de controle participou nos pro­ tinham sido levados a acreditar que respostas in­
cedimentos de avaliação sem exposição a nenhum conscientes a estímulos fóbicos subliminais seriam
EX

dos procedimentos experimentais. Ao contrário de seguidos de choques dolorosos, ao passo que a


pesquisadores antecedentes, que tinham testado ocorrência dos estímulos presumidos não resultou
mudanças no comportamento de esquiva a répteis em experiências aversivas em 84 dos ensaios! Per­
vivos que tinham algum valor realista de ameaça, manece em aberto a questão de saber se o proce­
por alguma razão não explicada, Efran e Mareia dimento dos autores teria mais probabilidade de
D

usaram espécimes não-vivos dos objetos fóbicos. condicionar alívio da ansiedade, ao invés de reações
Objetos mortos deflagram inibições relativamente aversivas, a qualquer coisa que os sujeitos estives­
IN

fracas que são especialmente suscetíveis à manipu­ sem imaginando em relação aos diapositivos em
lação motivacional. branco.
Com base numa análise parcial dos dados, os au­ Pesquisas nas quais as variáveis sociais e cogniti­
tores concluem que as expectativas positivas podem vas são estudadas como componentes dos procedi­
reduzir as respostas de medo. Este achado é consi­ mentos de contracondicionamento podem oferecer
derado especialmente significativo porque punir os informações valiosas sobre o grau em que estes di­
sujeitos por reagir com medo deveria, se exercesse ferentes fatores, tanto isoladamente como em com­
algum efeito, aumentar o seu comportamento de binação, facilitam resultados de extinção. Se fosse
esquiva. descoberto que a resposta à dessensitização era par­
De fato, os três grupos de sujeitos não diferiram cialmente determinada por expectativas induzidas e
significativamente no grau de medo auto-relatado outros insumos informacionais, seus mecanismos
vivenciado durante o teste de aproximação. Os au­ de ação a in d a necessitariam ser explicados.
tores atribuem este achado negativo a uma falta de Como as expectativas negativas induzidas tendem a
independência entre o medo e a quantidade total decrescer a participação comportamental (Kelley,
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 265

1950), supostamente as variáveis cognitivas pode* presa, quando se lhes aplica um teste comporta-
riam afetar os resultados do condicionamento prin­ mental.
cipalmente por meio de processos periféricos, re­ Contrariando a conclusão dos autores de que
duzindo a atenção e eliciando uma aceitação apenas “cognições a respeito das reações internas são mo­
limitada dos procedimentos necessários. dificadores importantes do comportamento”, os su­
jeitos do grupo de retroalimentação das batidas
Um estudo de Valins e Ray (1967) destinado a cardíacas e os sujeitos do grupo de controle não di­
demonstrar que a rotulação cognitiva das nossas feriram significativamente no seu comportamento
reações fisiológicas internas pode afetar o compor­ de aproximação. Quando os sujeitos que relataram
tamento de esquiva, também sofre de deficiências ter tocado previamente uma cobra foram excluídos
metodológicas que resultam em dados facilmente da amostra, apareceu uma diferença; mas o efeito
sujeitos a interpretações erradas. De acordo com o não pôde ser necessariamente atribuído à rotulação
raciocínio dos autores, na medida em que as pes­

PS
cognitiva, porque a variável independente no
soas podem ser levadas a acreditar que não são grupo reconstituído inclui tanto influências de ro­
mais afetadas internamente por um objeto temido, tulação como de auto-seleção. Um número de fato­
elas considerarão que seu medo não é justificado e res desconhecidos associados com a exatidão da
reduzirão, concomitantemente, o seu comporta­ evocação do passado pode entrar como determi­

U
mento de esquiva. Para testar esta idéia, voluntários nantes plausíveis. Os resultados de um segundo
pagos que se avaliaram como tendo medo de cobras experimento também oferecem uma evidência limi­
foram defrontados com figuras de cobras progressi­

O
tada, uma vez que o medo inicial dos sujeitos não
vamente mais ameaçadoras, assim como com diaposi­ foi avaliado objetivamente e os efeitos do trata­
tivos nos quais aparecia a paiavra “choque”, seguida mento não foram avaliados pela quantidade de

R
de uma estimulação por meio de um choque. Um comportamento de aproximação à cobra, mas pela
grupo recebia uma retroalimentação falsa de suas quantidade de dinheiro necessário para induzir os
batidas cardíacas, sugerindo que estas não eram
afetadas pelos estímulos relativos a cobras, mas ad­
versamente afetadas por choques. Um grupo de
controle foi exposto a gravações em fita idênticas,
G
sujeitos a apenas tocar em uma oobra, uma exigên­
cia comportamental relativamente fraca.
Diferentemente da dessensitização, que elimina a
deflagração do medo por meio de reexposições não
KS
exceto que os sujeitos foram informados de que es­
tavam ouvindo sons sem sentido, ao invés de uma reforçadas a ameaças subjetivas, a abordagem cog­
ampliação de suas reações internas. Todos os sujei­ nitiva antes discutida tenta produzir mudanças
tos foram testados, então, com relação a respostas comportamentais rotulando erroneamente a reati-
de aproximação para com uma cobra. vidade emocional existente. Qualquer redução do
O

medo resultante de uma retroalimentação engana­


A fim de oferecer um teste significativo da hipó­ dora tende a ser de curta duração, a não ser que as
tese do rótulo cognitivo, é essencial pré-selecionar ocasiões de rotulação enganadora deliberadamente
BO

sujeitos que, de fato, apresentam uma excitação efetuem mudanças genuínas nas reações antecipató-
emocional e um comportamento de esquiva com re­ rias de excitação das pessoas. Se o nosso pressu­
lação às cobras. É de pouco valor, por exemplo, posto de que os estímulos condicionados geram
demonstrar que os sujeitos que não temem cobras efeitos emocionais em parte por meio de um meca­
irão desempenhar respostas de aproximação depois nismo interveniente de auto-excitação for correto,
EX

de terem sido informados de que estão interna­ então as pessoas a quem se faz crer que não
mente não-afetados por figuras de cobras. Por sentem mais m edo dos eventos am eaçadores,
outro lado, a informação errônea a sujeitos me­ podem subsequentemente reduzir as cognições que
drosos esquivadores de que não estão mais afeta­ deflagram o medo em resposta a estas situações e
dos internamente por estímulos aversivos condi­ de tal forma diminuir sua reaüvidade emotiva. Um
D

cionados produz reduções significativas no com­ teste da teoria da auto-excitação requereria medi­
portamento de esquiva, então os processos de rotu­ das de respostas fisiológicas e auto-avaliativas a-es­
IN

lação cognitiva poderiam servir como influências tímulos aversivos condicionados antes e depois
contribuidoras nos tratamentos de desse nsitização. da rotulação enganadora dos estados internos.
Em virtude da ausência de evidência objetiva rela­ Deve ser lembrado que as reivindicações cogniti­
tiva aos medos iniciais dos sujeitos com relação às vas foram minadas muitas vezes com resultados te­
cobras, este estudo não oferece nenhuma base para rapêuticos desapontadores. No caso das pessoas
julgar se a rotulação cognitiva é uma variável irre­ que apresentam inibições relativamente fracas, ex­
levante, fraca ou forte. Como 44 por cento dos plicações errôneas para a deflagração fisiológica a
sujeitos-controle desempenharam com êxito a ta­ situações que provocam medo podem diminuir seu
refa terminal de aproximação, é evidente que uma medo a ponto de levá-los a desempenhar o com­
proporção considerável da amostra já começou o portamento desejado. É duvidoso, porém, se medos
experimento sem medo algum. Outros investigado­ e inibições intensas podem ser eliminados ou por
res também descobriram, similarmente, que apro­ rotular de modo enganador as reações internas ou
ximadamente 40 por cento dos sujeitos que dizem atrib u in d o -as a fontes e rrô n ea s. Um severo
ter medo de cobras, na realidade se mostram relati­ agoráfobo, por exemplo, pode ser enganado tem­
vamente pouco medrosos, para sua grande sur­ porariamente e levado a acreditar que seu medo
266 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

não é mais justificado fisiologicamente, mas é las foram obtidas em todas as medidas, mas a me­
provável que receba uma retroalimentação interna lhoria do desempenho em situações de vida real foi
assustadora ao se defrontar com alturas na reali­ menor do que a extinção .da ansiedade a estímulos
dade temidas. Há poucas razões para esperar que simbólicos. Contudo, não se encontrou nenhuma
cogníções auspiciosas induzidas por uma rotulação relação consistente entre extinção das respostas
enganadora possam substituir as experiências cor­ GSR e aos itens do teste e a mudança comporta­
retivas de aprendizagem na modificação estável do mental relatada. Hoenig e Reed (1966) também en­
comportamento humano. contraram apenas uma correspondência parcial
Leitenberg, Agras, Barlow e Oliveau (1969) ofe­ entre o grau de redução do comportamento fóbico
recem evidência de que instruções terapeutica- e a extinção da reatividade GSR quando os indícios
mente orientadas e um reforçamento social podem fóbicos eram representados por rótulos verbais,
aumentar as mudanças favoráveis de respostas que pela imaginação e por objetos estimuladores reais.
acompanham o tratamento de dessensitização. Es­ Estes resultados discordam um tanto dos relatados

PS
tudantes com fobias de cobras a quem foi aplicado por Rachman (1966), que testou a ansiedade auto-
este procedimento disfarçado de um experimento avaliada pelos sujeitos a estímulos fóbicos reais
de visualização obtiveram alguma redução no com­ imediatamente depois que eles tinham sido dessen-
portamento de esquiva. As mudanças comporta- sitizados a representações imaginárias de situações

U
mentais, porém, foram muito maiores para os sujei­ idênticas. Uma generalização imediata da redução
tos a quem se havia dito que estavam recebendo de ansiedade, medida pelos relatos do sujeito, ocor­
uma forma de terapia bem-sucedida na redação do reu em 82 por cento dos testes. Infelizmente, ne­

O
medo, e que foram louvados pela conclusão dos nhum dos estudos precedentes envolve um teste
itens na hierarquia. Estas variáveis sociais não ex­ sistemático de comportamento de esquiva. Consi­

R
plicam o êxito da dessensitização auto-aplicada (Me- derando que o comportamento de esquiva parece
lamed e Lang, 1967; Krapfl, 1967), a não ser que, ser influenciado mais por mediadores centrais do
como sugerem os autores, os sinais de progresso que autonômicos, apoiar-se na reatividade GSR
auto-observados assumam uma função reforçadora
similar.
G como o único indicador da excitação emocional
deixa muito a desejar.
As aparentes discrepâncias dos achados prova­
velmente dependem, em parte, de diferenças na
TRANSFERÊNCIA DOS EFEITOS DA EXTINÇÃO
KS
No procedimento-padrão de dessensitização, as gravidade das perturbações fóbicas, de se a transfe­
respostas emotivas são extintas a representações rência é medida em termos de um desempenho
simbólicas de situações que provocam medo. O tia melhorado ou diminuição na aflição subjetiva, e de
tamento não é dirigido apenas a formas atenuadas variações nos próprios procedimentos de teste.
O

de ameaças reais, mas um número relativamente Num plano experimental no qual os mesmos sujei­
limitado de estímulos aversivos é geralmente neu­ tos são repetidamente testados com estímulos reais
BO

tralizado. Desta forma, uma pessoa com uma fobia após a neutralização das contrapartes imaginadas,
social muito difundida pode ser dessensitizada a quaisquer mudanças observadas refletem os efeitos
uma dúzia ou mais de situações imaginárias que não combinados da extinção do desempenho e da des­
podem, possivelmente, abranger a grande varie­ sensitização simbólica. Uma avaliação exata da ge­
dade de circunstâncias interpessoais que provocam neralização não confundida por mudanças produ­
ansiedade. Nestas condições os efeitos da extinção zidas pelos testes requeriria a dessensitização de di­
ferentes grupos de sujeitos a diferentes níveis da
EX

têm que ser generalizados do pensar para o agir, e


as situações que podem conter alguns elementos hierarquia dos estímulos provocadores de ansie­
aversivos que nunca foram neutralizados. Os resul­ dade, medindo-se depois o seu comportamento de
tados dos estudos de laboratório revistos nas seções esquiva na situação temida real que correspondesse
precedentes demonstram amplamente que os efei­
D

ao seu item neutralizado mais elevado. Também


tos da dessensitização simbólica exercem uma in­ seria interessante investigar a generalização siste­
fluência significativa sobre o funcionamento com- maticamente como função do grau de semelhança
IN

portamental. Isto é mostrado não somente numa me­ entre os estímulos imaginários que são dessensiti-
lhoria do desempenho como também no fato de zados e os encontrados na situação de vida real.
que o número de itens hierárquicos neutralizados Do conhecimento da generalização de estímulos
com êxito se correlaciona positivamente ao grau de não esperaríamos que a dessensitização simbólica
redução do comportamento fóbico (Davison, 1968; por si só pudesse exercer grandes efeitos de trans­
Lang, Lazovik e Reynolds, 1965). Contudo, a ex­ ferência na reatividade instrumental. O grau de
tensão da transferência comportamental é um tanto generalização irá depender, entre outros fatores,
menor do que geralmente é reivindicado na base como a semelhança dos mediadores, do número de
de observações clínicas. elementos estirftuladores que diferentes situações
Agras (1967) comparou os progressos de dessen­ têm em comum. O procedimento tradicional de
sitização e reduções nas respostas GSR a cenas de dessensitização envolve uma amostra demasiado
teste imaginárias com relatos do desempenho numa limitada de elementos estimuladores aversivos, e as
situação real temida por um pequeno grupo de ameaças são neutralizadas de forma excessivamente
clientes severamente agoráfobos. Mudanças parale­ atenuada para produzir uma extinção completa das
DESSENSIT1ZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 267

respostas emocionais a eventos ameaçadores encon­ çamento social positivo e outros resultados recom­
trados em circunstâncias de vida real. Quanto mais pensadores que provêm do desem penho bem-
os estímulos imaginários do tratamento diferirem sucedido de atividades previamente inibidas podem
de suas contrapartes reais, maiores os decréscimos ajudar a extinguir quaisquer ansiedades residuais.
de transferência. De acordo com as expectativas Em alguns casos, a dessensitização é também su­
teóricas, a evidência geral dos estudos de laborató­ plementada por procedimentos de modelação que,
rio (Agras, 1967; Bandura, Blanchard e Ritter, em si mesmos, podem produzir uma extinção vicá­
1969; Davison, 1968) mostram que a dessensitiza- ria substancial da excitação emocional. Assim, por
ção simbólica reduz significativamente tanto a afli­ exemplo, no caso freqüentemente citado de Jones
ção subjetiva como o comportamento de esquiva, (1924), a extinção da fobia animal do menino não
mas o número de respostas de aproximação que os foi conseguida apenas ao dar-lhe o seu alimento
sujeitos podem desem penhar com portam ental- preferido na presença de estímulos gradualmente

PS
mente é geralmente menor do que o número que mais intensos de eliciação da ansiedade, mas tam­
foi dessensitizado com êxito na imaginação. Além bém fazendo-o observar a resposta positiva de ou­
do mais, novas respostas de aproximação são ge­ tras crianças ao brincarem com o animal temido.
ralmente acompanhadas de uma ansiedade relati­ Aumentos abruptos do comportamento de aproxi­
vamente elevada quando desempenhadas inicial­ mação eram associados com cada uma das expe­

U
mente. riências modeladoras.
Conclui-se erroneamente, às vezes, em função da Nas investigações de laboratório, naturalmente,

O
evidência de que pessoas vivenciam ansiedade ao estas influências “extrínsecas” são excluídas inten­
desempenhar respostas que deixaram de ser amea­ cionalmente. Uma vez que os resultados clínicos são
çadoras na sua forma simbólica, que os procedi­ geralmente obtidos por diversas combinações de

R
mentos de dessensitização não conseguem mudan­ métodos, os resultados são difíceis de se avaliar e
ças comportamentais por meio da extinção do po­ comparar com mudanças produzidas por procedi­
tencial excitatório dos estímulos aversivos. Como
um certo grau de perda devida à transferência
opera na dessensitização simbólica, estes procedi­
mentos tendem a produzir decréscimos de ansie­
G
mentos singulares sob condições de laboratório.
Apesar disto, achados relativos aos efeitos de trans­
ferência questionam a sabedoria de se apoiar uni­
camente sobre a dessensitização simbólica para eli­
KS
dade ao invés de uma completa extinção da ansie­ minar as inibições comportamentais e a ansiedade
dade. Foi repetidamente mostrado em estudos de condicionada. Quando tais métodos são emprega­
laboratório que os sujeitos do grupo de controle dos com fins clínicos, devem ser suplementados
manifestam uma crescente ansiedade quando de­ com tarefas graduadas de desempenho, reforça-
O

sempenham as suas respostas de aproximação pré- mento positivo do comportamento de aproximação


teste uma segunda vez, ao passo que estas mesmas para vencer a relutância inicial das pessoas fóbicas a
respostas perdem muito da sua capacidade de pro­ se reexpor a situações temidas, e procedimentos de
BO

vocar a ansiedade para sujeitos emparelhados de­ modelação para aumentar ainda mais a mudança
pois que se submetem ao tratamento de dessensiti­ do comportamento. O uso de procedimentos su­
zação. À medida que a excitação emocional é redu­ plementares para obter resultados mais consistentes
zida abaixo do limiar que ativaria respostas de es­ de extinçãb será discutido com detalhes mais
quiva, as pessoas tornam-se capazes de se engajar adiante.
num comportamento de aproximação, embora com
EX

EFICÁCIA COMPARATIVA DOS


certa ansiedade residual. PROCEDIMENTOS DE
Na prática clinica, a dessensitização simbólica é CONTRACONDICIONAMENTO
tipicamente suplementada, ou deliberada ou invo­ Foram especificamente planejados experimentos
luntariamente, com outros procedimentos que ten­ para comparar os resultados da dessensitização com
D

dem a facilitar efeitos de transferência. A dessensi­ aqueles obtidos por meio de outros métodos de
tização simbólica é combinada na maioria das vezes mudança. Paul (1966) relata um estudo metodolo­
IN

com uma extinção do desempenho na qual se soli­ gicamente sofisticado no qual ele comparou, com
cita aos clientes que desempenhem um comporta­ controles adequados, o êxito relativo das aborda­
mento anteriormente inibido em situações naturais gens de dessensitização e de entrevista para a modi­
cuidadosamente selecionadas, à medida que os seus ficação da ansiedade de desempenho debilitadora
medos se extinguem em relação a ameaças imagi­ em estudantes universitários que vivendavam uma
nárias equivalentes. Mesmo que os agentes de mu­ aflição extrema em situações onde tinham que falar
dança possam não prescrever tarefas de desem­ em público. Inicialmente, aplicou-se uma série de
penho apropriadas, a maioria das pessoas, não obs­ questionários de personalidade medindo tanto a
tante, eventualmente se engaja no comportamento reatividade em ocional generalizada q u anto a
de aproximação à medida que as suas tendências de apreensão ao falar diante de um auditório. Aqueles
esquiva gradualmente se enfraquecem pelo trata­ estudantes que receberam escores elevados nas
mento. medidas pré-teste participaram de um teste situa-
O desejo de agradar ao agente de mudança e aos cional relativamente estressante no qual se lhes soli­
outros pode induzir os indivíduos a se aventurarem citava que fizessem um discurso de improviso
num comportamento que provoca medo. O refor- diante de uma audiência não-familiar, incluindo^
268 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAM ENTO

como se disse aos estudantes, vários psicólogos clí­ A terapia foi limitada a cinco sessões distribuídas
nicos que estariam avaliando o seu desempenho. sobre um período de seis semanas. Cinco clínicos
Imediatamente antes dos discursos-teste foram praticantes, que tinham uma experiência consi­
medidos o pulso e o suor nas palmas das mãos dos derável com o uso de abordagens terapêuticas
estudantes; além disso, o seu desempenho no dis­ orientadas para o discernimento, aplicaram cada
curso foi avaliado em termos de indicadores com- um de três procedimentos terapêuticos; isto contro­
portamentais usuais de ansiedade. Na base destes lava a possível variabilidade derivada de diferenças
escores, os estudantes foram aleatoriamente aloca­ nas características dos terapeutas. Depois de com­
dos de blocos estratificados a diferentes condições pletar a série de tratamento, o grau de excitação
de tratamento e grupos de controle. fisiológica dos sujeitos, o seu disfuncionamento
Um grupo de estudantes recebeu uma psicotera- comportamental e a aflição auto-relatada foram
pia orientada para o discernimento na qual a auto- medidos na situação de teste (discurso) ameaça­
compreensão e o discernimento dos determinantes dora; aproximadamente seis semanas mais tarde o

PS
psicológicos de seus problemas de discursar eram conjunto original de questionários de personali­
debatidos por meio de técnicas interpretativas con­ dade também foi reaplicado.
vencionais. Para avaliar o grau de mudança resul­ A percentagem de estudantes em cada grupo que
tante dos efeitos da interação social e da expectativa exibiu decréscimos no comportamento emocional

U
de resultados benéficos, a um segundo grupo de de uma magnitude especificada, objetivamente ava­
estudantes foi atribuída uma condição “atenção- liada na situação padronizada de teste, é resumida

O
placebo”. Durante cada sessão estudantes recebe­ graficamente na Fig. 7-5. Análises estatísticas de
ram um placebo com fortes sugestões de que a uma variedade de medidas, incluindo a magnitude
droga que tinham recebido na realidade reduzia da mudança assim como a percentagem de casos

R
eficazmente a ocorrência da ansiedade nas situa­ apresentando decréscimos na emotividade, revelam
ções de stress. Após a aplicação dos placebos os es­ que sujeitos em todas as três condições de trata­
tudantes desem penharam uma tarefa suposta­
mente estressante que, na, realidade, produzia sen­
timentos de sonolência. Para os estudantes no
G mento mostraram um comportamento manifesto
significativamente menos indicativo da ansiedade e
relataram menos aflição no teste situacional, com­
grupo de contracondicionamento, o relaxamento parados com o grupo de controle sem tratamento.
KS
foi progressivamente associado com itens de falar Contudo, somente os sujeitos que receberam o tra­
em público numa hierarquia de ansiedade tempo­ tamento de contracondicionamento alcançaram
ral, graduada desde ler a respeito de um discurso uma redução significativa no estado de excitação fi­
duas semanas antes da apresentação a fazer um siológica comparados com os controles. Adicional­
discurso perante uma grande audiência. Estudantes
O

mente, o grupo do contracondicionamento se mos­


num grupo de controle de não-tratamento apenas trou consistentemente superior em todas as medi­
participaram em todos os procedimentos de avalia­ das aos sujeitos nas condições de discernimento e
BO

ção. atenção-placebo, que não diferiram significativa-


EX
D
IN

Figura 7-5. Percentagem de sujeitos em cada uma de quatro condições que apresentaram decréscimos na ansiedade
medida pelas avaliações comportamentais, auto-relatos de perturbação emocional e medidas de excitação fisiológica.
Gráfico elaborado com dados de Paul, 1966.
d e s s e n s i t i z a ç Ao POR CONTRACONDICIONAMENTO 269

mente uns dos outros. Dados de acompanhamento mento e placebo. Além disso, os sujeitos tratados
também mostraram que os estudantes tratados por com a dessensitização em grupo mostraram um
meio do contracondicionamento relataram sentir ganho modesto no coeficiente de rendimento mé­
menos ansiedade relacionada com fazer discursos dio, ao passo que os controles não-tratados apre­
do que os estudantes dos outros grupos de trata­ sentaram um decréscimo considerável. Este último
mento e dos grupos de controle. achado é um tanto surpreendente porque não seria
É também de interesse assinalar que os terapeu­ de esperar que os graus acadêmicos fossem deter­
tas, que em sua prática clínica favoreciam métodos minados, em qualquer grau apreciável, pela quan­
orientados para o discernimento, não apenas ava­ tidade de participação em público. A extensiva ge­
liaram os estudantes tratados pelo procedimento de neralização das mudanças favoráveis também reve­
dessensitização como tendo melhorado em grau ladas nos testes de personalidade — admitindo que
mais elevado, mas também indicaram um prognós­ estas se manifestem também no comportamento so­

PS
tico significativamente m elhor para eles. Estes cial real — pode ocorrer porque a comunicação
prognósticos foram corroborados numa avaliação verbal aparece de forma proeminente em virtual­
adicional de acompanham ento (Paul, 1967), na mente todas as atividades sociais e intelectuais. As
qual todos os sujeitos receberam os mesmos testes melhoras observadas se mantiveram com êxito,
de personalidade aproximadamente dois anos de­ como é revelado por um estudo de acompanha­

U
pois de terminado o experimento formal. A des­ mento de dois anos (Paul, 1968a). As diferenças de
sensitização forneceu a maior percentagem de su­ grupo no desempenho acadêmico oferecem um

O
jeitos (85 por cento) que mostraram decréscimos atestado ainda mais impressionante dos benefícios
(das avaliações pré-terapia) na ansiedade relacio­ duradouros que acompanham o tratam ento de
nada com os discursos dois anos mais tarde, se­ dessensitização. Dois anos depois que o projeto foi

R
guida pelos estudantes do grupo de discernimento completado, 90 por cento dos estudantes que ti­
(50 por cento), placebo (50 por cento) e controles nham recebido a dessensitização»em grupo ou gra­
não-tratados (22 por cento). As percentagens cor­
respondentes de melhoria nas medidas generaliza­
das de ansiedade interpessoal foram 36, 25, 25 e 18
por cento para os quatro grupos, respectivamente.
G
duaram ou estavam completando os seus estudos
com um bom rendimento, ao passo que 60 por
cento dos controles não-tratados tinham abando­
nado o curso. O coeficiente médio de rendimento
KS
Não apenas os casos dessensitizados mantiveram para os estudantes da condição de dessensitização
seus ganhos por este período de tempo, mas ne­ em grupo e controle, no semestre de acompanha­
nhum apresentou aumentos na ansiedade de de­ mento, foi de 3,5 e 2,4, respectivamente.
sempenho ou outra evidência de formas substitutas
Os efeitos benéficos da dessensitização sobre o
O

de comportamento desviante. Estes resultados do


acompanhamento, embora muito impressionantes, desempenho acadêmico são ainda corroborados
deveriam ser aceitos com cautela, considerando que por Mann e Rosenthal (1969) com crianças da es­
BO

se baseiam inteiram ente em m edidas de auto- cola elementar. Comparadas com controles não-
avaliação. tratados, as crianças que sofriam de ansiedade
O projeto acima discutido foi mais tarde am­ frente às provas mostraram mudanças significativas
pliado (Paul e Shannon, 1966) aplicando-se um tra­ na ansiedade e nos escores de leitura depois de re­
tamento de dessensitização em grupo a estudantes ceber a dessensitização individualm ente ou em
grupo. Interessantemente, os observadores partici­
EX

selecionados de uma lista de espera que, como con­


troles do estudo anterior, não tinham demonstrado pantes se beneficiaram no mesmo grau que os reci­
redução da ansiedade durante o intervalo de es­ pientes diretos dos procedimentos de tratamento.
pera. Estudantes nesta condição participaram de Outro teste comparativo da eficáciá dos métodos
nove sessões durante as quais suas respostas emo­ de contracondicionamento para a modificação de
D

cionais foram neutralizadas a uma hierarquia diversas formas de perturbações fóbicas é apresen­
comum de situações de falar em público. U'm tado por Lazarus (1961), que utilizou um plano ex­
IN

grupo de controle adicional, emparelhado para perimental no qual os resultados comportamentais


sexo, idade, classe e equivalente em escores de um da dessensitização em grupo foram comparados
teste de personalidade, também foi incluído. Para com os da psicoterapia de grupo convencional. O
determinar se a eliminação do medo de falar em experimento incluiu acrófobos, claustrófobos, casos
público melhorava o rendimento acadêmico, foram de impotência e clientes que exibiam cada um um
obtidos os coeficientes médios de rendimento para tipo diferente de reação fóbica. Os participantes
os semestres anterior e posterior ao tratamento. foram emparelhados quanto ao sexo, idade, e gra­
A dessensitização em grupo produziu reduções vidade do seu comportamento fóbico, e foram alea­
significativas na ansiedade auto-relatada com res­ toriamente alocados às condições de dessensitização
peito a falar em público e outras situações interpes­ e de tratamento interpretativo. Além disso, um ter­
soais, e aumentos na extroversão. Comparações ceiro grupo de clientes fóbicos, que receberam tra­
adicionais envolvendo estas mesmas medidas mos­ tamento interpretativo mais relaxamento ao tér­
traram que a dessensitização em grupo era igual­ mino de cada sessão, foi subsequentemente adicio­
mente eficiente em relação à dessensitização indivi­ nado para avaliar os possíveis efeitos do relaxa­
dual, mas superior aos tratamentos de discerni­ mento em si sobre o comportamento de esquiva. A
270 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO

mesma pessoa serviu como terapeuta para todas as tintas com êxito. Exigia-se que os sujeitos permane­
três condições de tratamento. cessem num cubículo com uma tela móvel a algu­
Somente clientes que exibiam um com porta­ mas polegadas de distância sem sentir qualquer
mento fóbico grave, medido por testes comporta- perturbação durante um período de cinco minutos.
mentais reais, foram selecionados para o experi­ Um segundo observador estava presente durante
mento. A Fim de minimizar a possível influência de os testes situacionais para oferecer uma checagem
experiências de relacionamento preliminar, as hie­ Fidedigna de que o cliente tinha vencido com êxito
rarquias de ansiedade relevantes foram construídas os critérios de tolerância. Por motivos óbvios, os
a partir das respostas escritas dos clientes aos itens homens impotentes não foram sujeitos a um teste
do questionário, ao invés de entrevistas pessoais. Os situacional, e o com portamento dos clientes no
clientes que participaram da dessensitização em grupo misto não foi medido objetivamente. Nestes
grupo foram tratados em pequenos grupos homo­ casos as razões de melhora foram baseadas em rela­

PS
gêneos separados. Para os clientes acrófobos, foi tórios de mudança comportamental signiFicativa.
contruída uma hierarquia de estímulos comum uti­ Embora os testes de capacidade de desempenho es­
lizando primariamente uma dimensão de proximi­ tejam menos sujeitos a influências extrínsecas do
dade física, começando com uma cena em que o que as medidas de auto-relato, os resultados deste
sujeito está olhando para baixo de uma altura de estudo teriam sido mais definitivos se as avaliações

U
cerca de 10 pés e terminando com itens altamente fossem apresentadas por um testador que não ti­
provocadores de ansiedade. A hierarquia de ansie­ vesse conhecimento das condições a que os sujeitos

O
dade claustrofóbica representava um continuum es­ ha\iam sido alocados, e não pelo próprio terapeuta.
timulador no qual o grau de constrição espacial e O comportamento fóbico foi completamente ex­
ventilação era variado simultaneamente a partir tinto em 13 dos 18 clientes que receberam o trata­

R
de cenas mostrando o cliente “sentado num recinto mento de dessensitização, ao passo que os trata­
grande e arejado com todas as janelas abertas” a mentos interpretativo e interpretativo mais relaxa­
“sentar-se diante de uma lareira acendida num
quarto pequeno com todas as portas e janelas fe­
chadas”. Finalmente, a hierarquia de itens estimu­
ladores construída para os homens impotentes des­
G
mento modiFicaram com êxito as respostas fóbicas
em apenas 2 entre 17 casos. Evidência adicional
para a eficácia do contracondicionamento é ofere­
KS
cida pelo achado de que 10 dos 15 clientes, cujas
crevia situações sexuais progressivamente mais ín­ fobias permaneceram essencialmente sem modiFi-
timas, variando desde sentar-se perto de uma mu­ cação pelos procedimentos interpretativos, foram
lher a uma relação sexual pré-coito desnuda. tratados com êxito pela dessensitização em grupo
Durante as sessões de dessensitização, foi intro­ em dez sessões. Um estudo de acompanhamento
O

duzido um profundo nível de relaxamento, após o conduzido a intervalos variáveis depois do término
que pediu-se aos participantes que visualizassem a do programa de tratamento revelou que 80 por
cena que tinha sido apresentada a eles e Fizessem cento dos casos que foram tratados com êxito por
BO

um sinal para o psicoterapeuta sempre que qual­ meio dos procedimentos de contracondicionamento
quer item demonstrasse ser perturbador. A razão e mantiveram suas mudanças comportamentais, de
a duração da apresentação dos itens da hierarquia acordo com um critério severo no qual até a volta
foram sincronizados de acordo com o membro mais de respostas fóbicas fracas foi considerada como
ansioso do grupo. Clientes que participaram da uma reincidência. Gelder e Marks (1968) descobri­
EX

condição de tratamento interpretativa receberam ram similarmente que um grupo de clientes fóbi-
uma forma tradicional de psicoterapia de grupo cos que não havia melhorado com 18 meses de psi­
que acentuava a exploração pessoal de sentimentos coterapia de grupo mostrava uma redução sig­
e relações interpessoais, permissividade para e acei­ nificativa do comportamento fóbico depois de al­
tação de expressões emocionais, e o desenvolvi­ guns meses de tratamento de dessensitização.
D

mento do discernimento das origens e fatores do Embora a maioria dos estudos de laboratório dis­
seu comportamento fóbico, Estes clientes recebiam cutidos nas seções anteriores tenha sido primaria­
IN

uma média de 22 sessões, o mesmo número que mente elaborada para isolar a contribuição das
suas contrapartes emparelhadas nos grupos de des­ variáveis componentes no procedimento de dessen­
sensitização. sitização, o seu resultado deve, contudo, possuir
Os resultados terapêuticos para os acrófobos e alguma relevância a respeito da eFicácia desta abor­
claustrófobos foram objetivamente avaliados por dagem. Ao avaliar os resultados deve-se fazer uma
meio de testes situacionais aplicados um mês depois distinção entre a melhora comportamental e a eli­
do término das sessões de tratamento. Os acrófobos minação completa do comportamento de esquiva.
deviam subir numa escada de incêndio a uma al­ Os achados em geral revelam que um programa re­
tura aproximada de 50 pés, depois acompanhar lativamente breve de dessensitização envolvendo de
o experimentar num elevador ao telhado do edifí­ cinco a dez sessões produz desempenhos melhora­
cio oito andares acima do nível da rua, onde, por dos em virtualmente todos os participantes. No es­
um período de dois minutos, deveriam contar os tudo de Bandura, Blanchard e Ritter (1969), por
automóveis que passavam embaixo. Um critério exemplo, 90 por cento dos sujeitos que receberam
identicamente rigoroso foi adotado como evidência o tratamento de dessensitização apresentaram au­
de que as reações claustrofóbicas tinham sido ex­ mentos no comportamento de aproximação que
DESSENSITIZAÇÁO POR CONTRACONDICIONAMENTO 271

execederam os desempenhos dos seus controles sultados comportamentais, mas são compreendidos,
emparelhados não-tratados. Contudo, dependendo ao contrário, como diferenças entre respostas de
do rigor do teste-critério, apenas entre 30 e 50 por juízo dos terapeutas (que raramente se correlacio­
cento dos sujeitos conseguem uma extinção com nam perfeitamente com o funcionamento compor­
pleta evidenciada pela sua capacidade de desempe tamental real dos clientes). Na realidade, seria de
nhar as tarefas terminais de aproximação nos testes esperar uma correspondência decrescente entre o
comportamentais (Bandura, Blanchard e Ritter, com portam ento real e as avaliações subjetivas
1968; Davison, 1968; Lang, Lazovik e Reynolds, quando nos movemos das medidas objetivas do
1965; Schubot, 1966). Deve-se assinalar, porém, comportamento do cliente para as suas próprias
que estas taxas de melhoria estão baseadas em te­ auto-avaliações, dos relatórios verbais dos clientes
rapias muito breves, limitadas no tempo, em que em relação a suas mudanças de desempenho para
todos os sujeitos são testados após várias sessões de os julgamentos de melhora dos terapeutas, das in­
tratamento qualquer que tenha sido o número de ferências dos terapeutas baseadas nos auto-relatos

PS
itens da hierarquia aos quais tenham sido dessensi- dos clientes para a informação que é registrada nas
tizados. Os limites terapêuticos reais desta forma fichas individuais, e das fichas individuais de fide-
particular de contracondicionamento podem ser dignidade não-determinada para avaliações globais
melhor estabelecidos por estudos nos quais a me­ retrospectivas feitas por outro conjunto de juizes

U
lhora comportamental e as taxas de extinção com­ que nunca tiveram qualquer contato com o cliente.
pleta são obtidas por meio de medidas objetivas Diferenças essenciais nos tipos de apontamentos de
depois que os sujeitos forám completamente des- caso feitos por terapeutas de convicções comporta­

O
sensitizados ao conjunto inteiro de estímulos pro­ mentais e psicodinâmicas também excluem qual­
vocadores de ansiedade. Ao- avaliar a eficácia dos quer comparação significativa entre as taxas de

R
procedimentos de tratamento, a incidência dos de­ êxito. Muito progresso na redução de controvérsias
sempenhos terminais deveria ser de principal inte­ inúteis a respeito da superioridade relativa de mé­
resse para desencorajar o desenvolvimento da todos rivais pode ser obtido abandonando-se o jogo
complacência acerca de métodos que consistente-
mente obtêm ganhos de desempenho, mas deixam
muitos de seus participantes comportamental mente
G
dos números de resultados no qual julgamentos dos
terapeutas em relação aos relatos verbais dos seus
clientes são avaliados em função de uma linha de
KS
incapacitados em algum grau. base lendária de dois terços de melhoria.
Há um certo número de relatórios clínicos que Estes tipos de dados de quase-resultados têm, na
apresentam dados de resultados sob a forma de melhor das hipóteses, apenas valor sugestivo. À
julgamentos do terapeuta acerca das suas taxas de parte da natureza subjetiva e geral das avaliações
O

êxito. Wolpe (1958) e Lazarus (1960, 1963b) afir­ clínicas, as intervenções terapêuticas são excessiva­
mam que entre 75 e 90 por cento,dos clientes que mente variadas, incluindo treino de afirmação, uma
trataram “estavam acentuadamente melhorados ou reexposição a situações temidas, procedimentos de
BO

completamente recuperados”. Hain, Butcher e Ste- alfvio da ansiedade, contracondicionamento aver­


venson (1966) relatam que a dessensitização foi efi­ sivo, desempenho de papéis, dessensitização simbó­
caz em 78 por cento dos casos e que melhoras mui­ lica, provocação verbal de padrões de resposta de­
tas vezes ocorreram em áreas de funcionamento sejados, réforçamento social de mudanças compor­
ocupacional, sexual e social além das fobias especi­ tamentais e uma pletora de fatores de tratamento
ficamente tratadas. Estudos de acompanhamento, não-reconhecidos, assim como uma variedade de
EX

realizados a intervalos que vão desde seis meses a influências ambientais não medidas. Conseqüente­
vários anos depois do término do tratamento, com mente, é impossível identificar que variáveis de tra­
poucas exceções mostram que os clientes não só tamento são responsáveis pelas mudanças observa­
mantêm os seus ganhos, mas apresentam mudanças das, mesmo se os números de resultados fossem
D

positivas adicionais no seu comportamento. Em válidos e as modificações comportamentais fossem


outro artigo, Wolpe (1964) reafirma a eficácia da atribuíveis a intervenções terapêuticas. De muito
terapia de dessensitização para modificar perturba­ maior interesse, porém, é o fato de que as avalia­
IN

ções complexas do comportamento. ções subjetivas de resultados de tratamento se pres­


Resultados um tanto menos favoráveis do que*os tam facilmente a reivindicações não justificadas de
dados acima foram publicados por Cooper (1963) e eficácia pelos seus proponentes e à rejeição prema­
Marks e Gelder (1965) em comparações retrospec­ tura de abordagens potencialmente promissoras
tivas de clientes tratados pela “terapia comporta- pelos seus rivais teóricos.
mental” e “psicoterapia”, feitas em termos de jul­ A prova da eficácia dos procedimentos de trata­
gamentos gerais de taxas de melhoria a partir de mento deve se apoiar numa avaliação objetiva das
históricos de casos. Numa réplica vivaz, Wolpe e mudanças comportamentais e na evidência de uma
Lazarus (1966) condenam os resultados discrepan­ covariação legal entre variávéis de aprendizagem
tes como devidos “aos esforços iniciais de noviços específicas e resultados designados, ao invés de jul­
que aprenderam os rudimentos da dessensitização gamentos gerais de melhora na “doença neurótica”,
sistemática [pág. 159]”. Dados conflitantes deste obtida pelo uso de várias combinações de procedi­
tipo não são surpreendentes desde que não sejam mentos de tratamento. Experimentos de laborató­
erroneamente considerados como medidas de re­ rio e estudos individuais controlados envolvendo
272 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

manipulações bem definidas de variáveis de trata­ England e Mohoney, 1965; Lazarus e Rachman,
mento e medidas objetivas de mudanças compor- 1957; Rosenthal, 1968; Walton e Mather, 1963a),
tamentais irão, eventualmente, fornecer informa­ de pesadelos recorrentes (Geer e Silverman, 1967)
ções fidedignas a respeito dos parâmetros críticos e insônia (Geer e Katkin, 1966), e do alcoolismo
nos métodos de contracondicionamento. Pesquisas crônico (Kraft e Al-Issa, 1967a). Finalmente, pro­
deste tipo não só deveriam aumentar grandemente blemas interpessoais complexos foram eliminados
a compreensão dos processos de condicionamento, extinguindo-se as ansiedades dos clientes associadas
mas também oferecem a base para refinamento nos com comportamentos sexuais íntimos, agressivos e
procedimentos de tratamento. Os estudos de labo­ hostis, relações sociais íntimas, censura e rejeição
ratório revistos antes representam um avanço enco- social, fracasso em cumprir exigências de realização
rajador nesta direção. externas ou auto-impostas e medo de pessoas em
Inúmeros relatórios de casos individuais são de posição de autoridade (Hain, Butcher e Stevenson,
1966; Kraft e Al-Issa, 1967b; Madsen e Ullmann,

PS
interesse não por validar alguma coisa mas porque
ilustram como os princípios do contracondiciona­ 1967; Wolpe, 1958; Wolpe e Lazarus, 1966).
mento podem ser aplicados a perturbações ansiosas Admite-se comumente, especialmente na teoriza­
muito diversas. A maioria destes estudos incluem ção psiquátrica, que o comportamento acentuada-
relatórios detalhados, muitas vezes independente­ mente desviante é primariamente uma função de

U
mente verificados, das modificações obtidas no determinantes bioquímicos, ao passo que desvios de
funcionamento comportamental dos clientes. Con­ menor intensidade são governados por fatores vi-

O
tudo, em tratamentos que envolvem o uso combi­ venciais. Aceitando-se embora que as variáveis fisio­
nado de diferentes procedimentos, a dessensitiza- lógicas possam contribuir significativamente p an fa
ção obviamente não é o único determinante das variabilidade comportamental, tal evidência não

R
mudanças observadas. É também importante lem­ justifica uma teoria dicotômica da psicopatologia,
brar que os relatórios de casos podem oferecer uma especialmente tendo em vista que não existe um
impressão excessivamente favorável da eficácia de
um determinado método de tratamento por causa
da publicação seletiva de casos bem-sucedidos.
G
critério objetivo para traçar a Unha de separação
entre os chamados padrões de respostas “neuróti­
cos” e “psicóticos”. De acordo com a tese dicotô­
mica, Wolpe (1958) questiona se os esquizofrênicos
KS
APLICABILIDADE DOS TRATAMENTOS DE podem se aproveitar da terapia de dessensitização.
DESSENSITIZAÇÀO Esta posição implica, entre outras coisas, que as
Os procedimentos de dessensitização foram utili­ pessoas consideradas psicóticas são incapazes de
zados para extinguir inúmeras fobias circunscritas, condicionamento clássico. Ao contrário deste ponto
O

porém parcialmente incapacitadoras, incluindo es­ de vista, os estudos de laboratório não só oferecem
quiva de lugares e atividades que poderiam resultar evidência de que os esquizofrênicos apresentam
em contato com animais temidos, pássaros, répteis uma condicionabilidade emocional (O’Connor e
BO

e insetos (Clark, 1963; Cooke, 1966; Friedman, Rawnsley, 1959; Vinogradov, 1962) mas, aparen­
1966; Ramsay, Barends, B renker e Kruseman, temente, diferem pouco, se é que diferem neste as­
1966), esquiva amedrontada de automóveis, aviões pecto, dos grupos julgados normais (Howe, 1958;
e outros tipos de transporte (Kraft e Al-Issa, 1965a; Spence e Taylor, 1953). Resultados favoráveis
Lazarus, 1960; Rosenthal, 1967; Wolpe, 1962); foram obtidos nos poucos casos em que os proce­
medo da água (Bentler, 1962); tempestades (Cos- dimentos de contracondicionamento foram aplica­
EX

tello, 1963); aversão ao calor que impedia a pessoa dos ao comportamento emocional exibido por indi­
de se banhar em água quente e de comer ou beber víduos diagnosticados como esquizofrênicos (Cow-
alimentos quentes (Kraft e Al-Issa, 1965b); e temor den e Ford, 1962; Zeisset, 1968).
a desastres nucleares que resultou numa esquiva de A facilidade com que a dessensitização simbólica
D

rádios, televisão, filmes, jornais, conversas e outras é conseguida depende em parte de fatores secun­
formasf de comunicação que poderiam trazer notí­ dários como a atenção, cooperação na visualização
cias de desarmonia internacional (Ashem, 1963);
IN

de cenas apresentadas verbalmente, e facilidade em


fobias escolares (Chapei, 1967); reações ansiosas a induzir respostas inibidoras de ansiedade, além das
injeções hipodérmicas e o uso de toalhas sanitárias variações na condicionabilidade dos clientes. Cow-
(Rachman, 1959), e a hospitais e ambulâncias (La­ den e Ford (1962), por exemplo, encontraram con­
zarus e Rachman, 1957); hiperestesia do gosto e siderável dificuldade em persuadir os seus clientes
tato (Beyme, 1964); perturbações autonômicas a executar os exercícios de relaxamento. É possível,
(Cohen e Reed, 1968); e apreensões persistentes portanto, que personalidades acentuadamente des-
acerca da doença, dano físico e morte (Rifkin, viantes que apresentam deficits cognitivos severos,
1968; Wolpe, 1961). um comportamento de atenção inadequado e asso­
Além das fobias isoladas, os métodos de dessensi­ ciações irrelevantes a estímulos verbais, se mostrem
tização foram aplicados à modificação de disfun­ menos reativas a formas exclusivamente simbólicas
ções comportamentais profundas resultantes de ob­ de terapia de contracondicionamento. Os casos em
sessões e compulsões incapacitadoras (Haslam, que estes tipos de fatores lim itadores operam
1965; Walton e Mather, 1963b), de claustrofobias e podem exigir, peio menos nas etapas iniciais do tra­
agorafobias, de perturbações de articulação (Gray, tamento, maior apoio em um a reexposição gra­
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 273

duada a ameaças reais, juntam ente com estímulos


cias de respostas geralm ente não apresentam
redutores de stress que podem ser externamente quaisquer problemas diagnósticos de importância.
controlados. Um agente de mudança que tem a seu dispor um
A simples presença da ansiedade e do compor­ meio eficaz para evocar o comportamento desejado
e incentivos suficientemente poderosos pode, dado
tamento de esquiva não significa necessariamente
um controle adequado sobre o ambiente, conseguir
que a emotividade condicionada é o problema cen­
tral. Uma pessoa que carece de comportamentos modificações comportamentais substanciais ao so­
necessários para lidar de modo eficiente com asbrepujar condições não determinadas mantenedo­
ras. Em contraste, os tratamentos orientados para o
exigências sociais, intelectuais e profissionais do
seu ambiente será repetidamente submetida a ex­estímulo, especialmente na sua presente etapa de
desenvolvim ento, exigem uma engenhosidade
periências punitivas. Nestas circunstâncias, as situa­
diagnostica considerável. Para atingir qualquer
ções temidas são, de fato, aversivas, e portanto a
medida de sucesso com os procedimentos clássicos
excitação emocional não é irrealista. Em casos deste

PS
de extinção, os estímulos determinantes primários
tipo os déficits comportamentais constituem o prin­
cipal problema, ao passo que o componente emo­ do com portamento emocional devem ser exata­
tivo é uma conseqüência secundária. Um trata­ mente identificados e neutralizados. Na prática
mento devotado apenas à extinção das respostas atual, a seleção das fontes de ansiedade se baseia

U
em dados coletados informalmente de entrevistas,
emotivas seria, na melhor das hipóteses, um meio efi­
ciente de produzir uma. pessoa incompetente e re­
históricos de casos e vários testes de personalidade,
laxada. Por outro lado, um tratamento que estabe­
muitos dos quais foram originalmente construídos

O
para fins inteiramente diferentes. Embora não te­
lecesse competências comportamentais decresceria
nham sido realizados estudos de fidedignidade nos
substancialmente a punitividade do ambiente social

R
quais diferentes terapeutas selecionam dos mesmos
do cliente e assim conseguiria reduções estáveis na
apreensão do mesmo. protocolos o que consideram ser* as fontes críticas
da ansiedade, não surgiria como surpresa encon­
Um programa de indução de respostas pode ser
G
trar um consenso baixo, especialmente nos casos
necessário mesmo quando as perturbações ansiosas
que envolvem problemas multiformes.
não se originam em déficits comportamentais. Pes­
soas que sofrem de medos não-realistas ou despro­Se desejarmos maximizar a eficácia dos métodos
KS
de contracondicionamento, as abordagens presen­
porcionados tendem a evitar engajar-se em ativida­
tes de avaliação informal devem ser substituídas
des produtoras de medo. Isto muitas vezes resulta
por procedimentos mais eficientes e fidedignos. Em
num processo em espiral, no qual o medo e a es­
muitos casos, naturalmente, os estímulos eliciadores
quiva impedem uma elaboração ulterior de habili­
são facilmente identificáveis. Em outros, porém, a
O

dades interpessoais,/ e competências marginais, por


ocorrência de respostas emocionais depende de es­
sua vez, fazem com que as situações ameaçadoras
sejam ainda mais provocadoras de ansiedade. Natímulos que carecem de nitidez, ou de padrões es­
BO

peciais e seqüênciais de eventos que são difíceis de


maioria dos casos, portanto, um tratamento combi­
discernir. Contudo, os indivíduos raramente estão
nado que almeja extinguir medos não-justificados e
ansiosos continuamente; ao invés disto, tendem a
instilar capacidades daria os melhores resultados.
Como a remoção do comportamento de esquiva apresentar tais reações apenas em certas ocasiões e
sob circunstâncias particulares. Covariações entre
não-justifícado permite às pessoas participar de ati­
vidades potencialmente recompensadoras, as res­eventos estimuladores e respostas emocionais po­
EX

dem, portanto, ser melhor identificadas por meio


postas de aproximação, uma vez restauradas, ten­
de uma análise cuidadosa do início e da intensidade
dem a ser mantidas eficientemente pelas suas con­
seqüências favoráveis. Contudo, as modificaçõesdo comportamento emotivo. Depois que o padrão
comportamentais iniciais são às vezes impedidasdas respostas de ansiedade foi determinado, pode­
D

mos isolar aspectos comuns das situações nas quais


pelas vantagens existentes derivadas das fobias in-
o comportamento tipicamente ocorre. Os principais
capacitadoras. Como resultado das suas condições
estímulos controladores não podem sempre ser
fóbicas, as pessoas podem sèr isentas de certas res­
IN

identificados apenas pelo exame sistemático das ca­


ponsabilidades, podem reduzir exigências familia­
racterísticas objetivas de eVentos ambientais que
res e profissionais desagradáveis, e podem obter
um controle considerável sobre o comportamento podem, d e fato, ser altam ente dissimilares. Ao
invés disto, os determinantes comuns são muitas
dos outros. Quando existem tais contingências im­
vezes revelados em relatos detalhados de pensa­
peditivas, a não ser que as recompensas que con­
tribuem para a manutenção do comportamento de mentos e reàções subjetivas que os clientes vivencia-
ram nas situações produtoras de ansiedade.
esquiva sejam retiradas, a dessensitização por si só
não causará muita melhora comportamental. Novas abordagens de avaliação são especialmente
necessárias para isolar estímulos determ inantes
Identificação dos Determinantes de quando se notam apenas relações de covariação
Estímulo do Comportamento Emocional grosseiras. Informação deste tipo pode ser obtida
por uma medida comportamental sistemática das
Procedimentos que efetuam mudanças compòr- reações emocionais tanto na presença como na au­
tamentais primariamente por meio de conseqüên­ sência de indícios contextuais e sociais específicos
274 DESSENS1TIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

que parecem estar regularmente correlacionados tamento que está sendo reforçado, còfn que fre­
com variações nas respostas de ansiedade observa­ qüência, e por que meios nos diferentes sistemas
das. Por causa das inúmeras e complexas varieda­ destinados a modificar o funcionamento psicoló­
des das histórias de aprendizagem representadas gico.
por populações clinicas, necessitamos de um proce­ Por causa das ambigüidades e impressões errô­
dimento altamente flexível de exploração de estí­ neas associadas com os termos “terapia comporta-
mulos. Quando a utilização de eventos físicos é de­ mental” e “psicoterapia”, o seu uso continuado obs­
masiadamente pesada e pouco prática, as situações curece as questões mais fundamentais neste campo.
suspeitas de provocarem medo podem ser facil­ Por exemplo, a rapidez com que um determinado
mente apresentadas de forma verbal ou pictórica. comportamento pode ser extinto depende da natu­
As respostas emotivas a essas ameaças potenciais reza das suas condições mantenedoras ao invés do
podem ser medidas comportamentalmente, fisiolo- fato de ser “monossintomático” ou parte de um
gicamente, por meio de relatos verbais ou por uma

PS
problema multiforme. De fato, muitas perturbações
combinação destes métodos. consideradas simples, como os tiques, que são ime­
Antes de nos voltar para outras questões de espe­ diatamente auto-reforçadores porque a sua ocor­
cificação de estímulos, é necessário esclarecer várias rência reduz a tensão, são inusitadamente resisten­
concepções errôneas comuns a respeito da ampli­ tes à mudança. Portanto, alguns comportamentos

U
tude de aplicabilidade dos procedimentos de con- aparentem ente simples fracassam em responder
tracondicionamehto. Na maioria das discussões po­ bem ao tratamento, ao passo que muitas perturba­
lêmicas da psicoterapia, as abordagens comporta-

O
ções complexas são prontamente modificáveis (La-
mentais e psicodinâmicas são geralmente apresen­ zarus, 1963a; Meyer e Crisp, 1966). Além do mais,
tadas como métodos rivais de tratamento adequado se as respostas emocionais são limitadas ou difusas

R
para diferentes tipos de condições de ansiedade. Os é muitas vezes determinado pela infiltração de in­
defensores dos m étodos psicodinâmicos tipica­ dícios provocadores de emoção ao invés de condi­
mente pressupõem que a dessensitização se limita
essencialmente a perturbações simples “monossin-
tomáticas” sob o controle de estímulos bem defini­
dos, ao passo que os procedimentos psicodinâmicos
G
ções existentes dentro do indivíduo. Aqueles para
os quais as cobras são ameaçadoras exibirão uma
perturbação fóbica altamente circunscrita porque
os répteis são raram ente ou nunca encontrados
KS
são adequados a problemas de ansiedade mais em contextos urbanos. C ontrastando com isso,
complexos e profundos. Os terapeutas de orienta­ quando a ansiedade foi condicionada a estímulos
ção comportamental, por outro lado, afirmam que que aparecem numa variedade de situações fre­
os procedimentos de dessensitização são aplicáveis a qüentemente encontradas, as pessoas vivenciarão
qualquer disfunção que envolva a ansiedade e vêem
O

uma ansiedade penetrante ou “difusa” (Wolpe,


as abordagens psicodinâmicas como tendo sido 1958). Similarmente, se nossos não-perturbados fó-
provadas ineficazes na modificação de condições ou bicos em relação a cobras fossem residir num local
BO

simples ou complexas. infestado de répteis eles também exibiriam pertur­


Obteríamos maior progresso no desenvolvimento bações de ansiedade difusas e incapacitadoras.
de abordagens de tratamento eficazes se estes rótu­ Discussões acerca da dessensitização muitas vezes
los sectários mal definidos fossem retirados de uso. criam a impressão de que este procedim ento é
Muito tempo foi gasto infrutiferamente em tentati­ principalmente aplicável a eventos estimuladores
vas para definir o que constitui “terapia comporta-
EX

que são facilmente especificáveis e de caráter não-


mental” e “psicoterapia”. Uma abordagem mais social; ao passo que ansiedades derivadas de agres­
produtiva e menos confundidora da compreensão são, sexo, dependência e outras fontes interpessoais
dos processos de influência social é focalizar os me­ são supostas como pertencentes ao domínio exclu­
canismos básicos por meio dos quais se produzem sivo das abordagens psicodinâmicas. Na realidade,
D

as mudanças comportamentais. Estes mecanismos os métodos de dessensitização não se restringem,


indubitavelmente são colocados em jogo em graus nem por motivos práticos nem teóricos, a qualquer
variados por condições criadas deliberada ou invo­
IN

conjunto particular de estímulos deflagradores de


luntariamente por agentes de mudança em tenta­
emoção. Uma forma de tratamento de contracon-
tivas de influência arbitrariamente denominadas dicionamento poderia, de fato, ser empregada para
terapia comportamental, psicoterapia, aconselha­ neutralizar a valência negativa de fantasias edípicas
mento, reeducação ou qualquer outro nome. Em em clientes para os quais isto poderia constituir um
cada um dos empreendimentos acima os agentes de problema.
mudança modelam certas atitudes e padrões de
resposta. Poderíamos, pois, analisar estas várias ati­ Seria talvez mais adequado dizer que a aplicabili­
vidades em termos do comportamento que os agen­ dade do tratamento de dessensitização está princi­
tes de mudança estão modelando, o seu valor fun­ palmente limitada pela engenhosidade dos terapeu­
cional para os recipientes, e a extensão na qual as tas em identificar fontes de ansiedade, especial­
condições que facilitam a modelação estão presen­ mente quando o estímulo crucial que a determina
tes. De form a similar, poder-se-ia examinar in­ permanece obscuro. Esta tarefa é complicada pela
fluências de reforçamento que operam em todas as ausência de quaisquer critérios objetivos para de­
situações sociais, para determinar qual o compor­ terminar os eventos apropriados para tratamento.
DESSENSITLZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 275

Consideremos, por exemplo, o caso de uma mulher A discussão acima não pretende implicar que os
agoráfoba que é incapaz de se aventurar a sair de estímulos determinantes são sempre inferíveis do
casa. Deveríamos dessensitilizá-la a excursões, pro­ conteúdo das respostas desviantes. Em muitos ca­
vocadoras de ansiedade, progressivamente mais sos, contudo, o comportamento emocional está sob
afastadas de casa? Poder-se-ia argumentar que o o controle de estímulos múltiplos, nos quais alguns
seu com portam ento fóbico surge de um medo dos indícios evocativos, por causa de histórias de
m órbido de encontros sexuais, apreensões de condicionamento peculiares, podem ser tematica-
abandono ou exposição desamparada a multidões, mente remotos. Também comportamentos sociais
ou de outras fontes, e são estes conteúdos que complexos caracteristicamente dependem de ativi­
devem ser enfatizados no tratamento. Para dar dades inter-relacionadas, cada qual governada por
outro exemplo, deveria uma pessoa que tem fobia a estímulos um tanto diferentes. Um desempenho
cobras ser dessensitizada a interações cada vez mais determinado pode conseqüentemente ser inibido
próximas com répteis ou a preocupações genitais, ou desorganizado por ansiedade que surge de fun­

PS
baseando-se no pressuposto de que “a vista de co­ ções componentes tematicamente diferentes que
bras provoca emoções ligadas ao pênis (Fenichel, não são prontamente evidentes. A operação destes
1945, pág. 48)”? Os estudos de laboratório acerca estímulos determinantes mais intrincados é melhor
da dessensitização fornecem alguma evidência de ilustrada pelas aplicações de procedimentos de des­

U
que a claustrofobia pode ser eliminada com êxito sensitização à modificação de diversas perturbações
neutralizando-se as emoções dos indivíduos a indícios sexuais.
de constrição espacial crescente (Lazarus, 1961) De acordo com Bond e Hutchison (1960) as clas­

O
sem focalizar os seus receios de “se sentirem sós ses mais freqüentes de estímulos eliciadores da ex­
com impulsos e fantasias perigosas (Cameron, posição para exibicionistas sexuais são experiências

R
1963, pág. 286)”; acrófobos perderam o seu medo de stress provocando sentimentos de inadequação
de alturas utilizando-se de hierarquias de elevação e mulheres que possuem certas características físi­
(Lazarus, 1961), ao invés de receios de “perder a cas que foram dotadas pelo exibicionista com va­
auto-estima” ou “impulsos autodestrutivos (Came-
ron, 1963, pág. 280)”; e inúmeros fóbicos em rela­
ção a cobras foram curados sendo dessensitizados a
G
lências sexuais inusitadamente elevadas. Os auto­
res, portanto, empregaram tanto hierarquias se­
xuais como herarquias de desvalorização no trata­
KS
estímulos de répteis, não a estímulos fálicos. Em vista mento de um homem de 25 anos que apresentava
destes interessantes achados, seria muito instrutivo uma longa história de exposição genital persistente
comparar o grau no qual o comportamento fóbico que levou a 24 acusações de exposição indecente e
é extinto quando a dessensitização é dirigida ou 11 condenações à prisão. O cliente tinha passado
contra os próprios estín\ulos fóbicos ou contra as por uma variedade de tratamentos sem benefício
O

ameaças internas hipotetizadas. Um procedimento algum, incluindo terapia individual e de grupo,


de dessensitização combinado com uma medida ob­ terapia de ab-reação com dióxido de carbono, e ad­
BO

jetiva de mudanças no comportamento de esquiva moestações de cunho moral sob hipnose; final­
oferece um çxcelente meio de testar diferentes teo­ mente, em desespero, ele recorreu a um cinto de
rias acerca dos estímulos determinantes de padrões castidade especialmente elaborado que sua esposa
de resposta emocionais. trancava de manhã e destrancava à noite. Mesmo
Como ilustramos nos exemplos precedentes, as estas restrições físicas fracassaram em controlar o
formulações psicodinâmicas admitem que as ansie­ com portam ento do cliente, que foi novamente
EX

dades são geradas internamente pela excitação de preso por assalto indecente quando tentou segurar
impulsos inconscientes que depois são deslocados e as pernas e seios de uma mulher jovem enquanto
projetados em objetos ambientais. Indícios fóbicos usava o seu cinto de castidade.
externos são, portanto, vistoS como estím ulos Três hierarquias de estímulos provocadores da
D

pseudo-evocativos. De modo contrário a esta inter­ exposição foram construídas para o tratamento de
pretação, a neutralização bem-sucedida de respos­ dessensitização. Um conjunto de estímulos foi gra­
tas emocionais a estímulos fóbicos não apenas pro­ duado à base da idade e da aparência física das mu­
IN

duz decréscimos estáveis no comportamento de es­ lheres, indo desde mulheres mais idosas, que pro­
quiva sem a emergência de novas respostas desvian- vocavam um mínimo de exposição, a mulheres jo ­
tes, mas é muitas vezes acompanhada por reduções vens e atraentes. Estes estímulos foram apresenta­
na ansiedade em outras áreas de funcionamento dos em cada um de quatro contextos em que a ex­
(Bandura, Blanchard e Ritter, 1969; Lang, Lazovik posição dos genitais ocorria freqüentemente (isto é,
e Reynolds, 1965; Paul, 1967). Estes últimos acha­ em lojas de departamentos, nas praias, nas calçadas
dos fazem com que o ponto de vista de que o com­ e nos automóveis). Além disso, foi construída uma
portamento de esquiva é controlado por valências hierarquia separada à base de situações de lavató­
de estímulos deslocadas e projetadas pareça de va­ rio, uma vez que estas serviam como os estímulos
lidade questionável, ou alternativamente, sugerem contextualm ente mais potentes para o exibicio­
que a neutralização de estímulos externos projeta­ nismo. A terceira dimensão de estírnulos continha
dos é um dos mais poderosos meios atualmente situações sociais que davam origem a sentimentos
disponíveis para extinguir as propriedades excita- de inadequação. Estes conjuntos de estímulos eli­
tórias dos eventos internos inconscientes. ciadores foram então progressivamente em pare­
276 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACOND1CIONAMENTO

lhados com um relaxamento induzido hipnotica- Mais evidências sugestivas de que em alguns
mente num período de 30 sessões. Também se ins­ casos a inibição do comportamento heterossexual
trui o cliente .a praticar o relaxamento e a iniciar pode ser mantida primariamente pela ansiedade li­
esta cadeia de respostas com a palavra “relaxe”. gada a indícios de contato social e físico e não a
À medida que o tratamento progredia, o cliente estímulos sexuais por si só, são oferecidas por Ste-
se tornou menos emocionalmente excitado por mu­ venson e Wolpe (1960) no tratamento de um pedó-
lheres provocantes, seus impulsos exibicionistas e filo e de dois homossexuais. Todos os três clientes
fantasias sexuais diminuíram de freqüência e inten­ apresentavam um comportamento acentuadamente
sidade, e ele apresentava um controle voluntário passivo, submisso e afastado que aparentemente
crescente sobre o seu comportamento de exibição derivava de um controle autoritário por pais tirâni­
em ocasiões em que sentia algum grau de excitação cos. Como conseqüência deste treino social aver­
emocional. À medida que o cliente continuava a sivo, uma classe ampla de respostas interpessoais
melhorar, ele era capaz de participar de atividades foi inibida, exceto para com meninas pequenas

PS
de grupo envolvendo contatos heterossexuais pró­ num caso, e para com companheiros masculinos
ximos sem sentir nenhuma tensão ou impulsos para não-ameaçadores e protetores nos outros dois. A
se exibir. Não mostrou nenhum comportamento estratégia de tratamento em todos os três casos con­
exibicionista por um período de 13 meses após o sistiu essencialmente no treino de um comporta­

U
término da terapia (Bond e Hutchison, 1964). Sub­ mento de afirmação social. O fato de que estes
seqüentemente, o cliente se exibiu em algumas clientes prontamente adotaram padrões exclusiva­
poucas ocasiões a mulheres em lavatórios em res­ mente heterossexuais de comportamento e os vi-

O
posta a estresses financeiros e profissionais severos, venciaram como positivamente reforçadores depois
mas mulheres provocativas em lugares públicos que as respostas afirmativas foram desenvolvidas

R
como parques, ruas e lojas de departamentos não sugerem que a sexualidade desviante era uma fun­
mais eliciavam o exibicionismo sexual. ção de ansiedades interpessoais generalizadas, ao
invés de origem sexual específica.
É interessante assinalar que no caso acima o
com portam ento sexual desviante era em parte
controlado por eventos de stress não sexuais.
Wolpe (1958) relata similarmente o tratam ento
G A relação de covariação entre o comportamento
afirmativo e a sexualidade vista nos casos preceden­
tes é demonstrada de forma convincente por Kahn
KS
bem-sucedido de um farmacêutico que sofria de (1961) num experimento de laboratório com sujei­
impotência dessensitizando-o a indícios essencial­ tos infra-humanos. Dois grupos de camundongos
mente não-sexuais. Este cliente, que tinha experi­ foram treinados para um comportamento social­
mentado relações sexuais satisfatórias com várias mente agressivo ou submisso. Ambos os grupos
foram então testados quanto à reatividade sexual
O

moças diferentes, de repente se tornou impotente


quando ele tentou o coito com uma moça amiga em relação a fêmeas virgens em estado de do. O
virgem, que cedeu relutantemente às suas insistentes treino social da agressividade e submissão teve um
BO

pressões. D urante esta sedução malsucedida, o efeito diferendal marcante sobre as respostas de
cliente percebeu que estava pensando sobre um acasalamento dos machos. Enquanto que os animais
evento perturbador da sua infância, no qual ele ou­ treinados agressivamente imediatamente persegui­
vira o coito dos pais; os protestos e o choro da mãe ram as fêmeas, copularam com elas e permanece­
tinham aparentem ente sucedido em condicionar ram sexualmente ativos durante a sessão de teste,
significados agressivos e brutais ao ato sexual. Este nem um único animal submisso se comportou desta
EX

condicionamento foi indubitavelmente facilitado maneira. Nas ocasiões infreqüentes em que os


pela acentuada hipersensibilidade a indícios agres­ submissos se aproximavam de suas companheiras
sivos e de dano físico que o menino exibia muito fêmeas, fizeram-no de modo muito hesitante e ra­
antes de testemunhar o episódio sexual dos pais. pidamente voltaram ao padrão de respostas de es­
quiva.
D

Quando o cliente iniciou a psicoterapia, ele estava


sexualmente incapacitado, não apenas pela genera­ Os achados do experimento acima podem ser in­
lização da situação dos pais à da amiga virgem, mas terpretados de várias maneiras. À medida que a
IN

também por uma generalização secundária dela agressão é um componente importante do compor­
para uma outra amiga subseqüente que se parecia tamento sexual (Ford e Beach, 1951), então qual­
fisicamente com a primeira. Na base de uma análise quer aumento ou inibição das respostas agressivas
de aprendizagem da impotência, os indícios de dor poderia estar associado com um aumento e inibição
e dano físico antecipados ocorrentes durante a de- correspondente da sexualidade. Como, porém, os
floração foram considerados os eventos críticos que animais fracassaram em iniciar quaisquer respostas
produziam as inibições sexuais. O diente foi, por­ sexuais, incluindo as preparatórias, quaisquer estí-
tanto, desse nsitizado a várias dimensões de estí­ mulos provocadores de ansiedade acompanhante
mulo, incluindo dano físico, vocalização da dor e do comportamento agressivo ou sexual não pode­
sofrimento, e trocas verbais violentas que se asse­ riam ter sido gerados na situação de teste. Portanto,
melhavam às disputas incessantes dos pais. Uma uma segunda, e possivelmente mais verossímil, ex­
reatividade sexual completa foi restaurada depois plicação destes achados é que as ansiedades de con­
que os indídos de dor e agressão perderam sua ca- tato físico previamente adquiridas motivaram e re­
paddade de evocar a ansiedade. forçaram respostas generalizadas de esquiva que
DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO 277

impediam a ocorrência de qualquer com porta­ dade a indícios heterossexuais constituiriam a estra­
mento sexual, mesmo que tais respostas estivessem tégia terapêutica nestes casos. Estes métodos são
apenas fracamente inibidas. discutidos detalhadamente no próximo capítulo.
Até agora, a discussão ilustrou como a ansiedade A necessidade de identificar os estímulos contro­
oriunda de fontes não-sexuais pode controlar a in- ladores e determinar o valor funcional das disfun­
bição de um comportamento heterossexual apro­ ções comportamentais antes de selecionar o método
priado. Na realidade, é possível delinear vários es­ de tratamento está bem ilustrada num estudo clí­
tímulos diferentes determinantes do desvio sexual, nico relatado por Lazarus (1963b). Dezesseis mu­
cada qual exigindo uma estratégia de tratamento lheres com frigidez crônica receberam o procedi­
diferente. Em primeiro lugar, temos a síndrome mento de dessensitização-padrão no pressuposto de
comportamental, à qual já nos referimos, na qual que a frigidez representa uma esquiva condicio­
os contatos físico e social despertam reações de an­

PS
nada mantida por uma ansiedade gerada sexual­
siedade, mas os estímulos sexuais em si podem pos­ mente. A dessensitização foi realizada ao longo de
suir valência positiva. Nestes casos, um programa dimensões de estímulos de intimidade crescente e
de tratamento utilizando a modelação e procedi­ outros estímulos sexualmente inibidores que eram
mentos de reforçamento destinados a fomentar e únicos em cada caso. Melhoras significativas nas re­

U
desinibir tendências de aproximação interpessoal lações sexuais, relatadas pelas mulheres e corrobo­
provavelmente resultará num aumento correspon­ radas por seus maridos, foram conseguidas em 9
dente do comportamento heterossexual.

O
das 16 mulheres para as quais a frigidez parecia ser
Um segundo padrão encontrado com freqüência determinada por ansiedades sexuais. A maioria das
é um em que a pessoa possui poucas ou nenhuma outras, das quais muitas apresentavam atitudes hos­

R
apreensão quanto a interações sociais íntimas, mas tis intensas e generalizadas em relação aos homens,
os indícios sexuais, particularmente os associados terminou a terapia depois de várias entrevistas.
com desempenho no coito, possuem valência nega­
tiva. Impotência, frigidez e outras inibições sexuais
específicas são queixas comuns associadas com esta
última síndrome. Para problemas deste tipo, a neu­
G
Este subgrupo de mulheres evidentemente necessi­
tava de um programa de tratamento cujo objetivo
fosse o de reduzir o comportamento hostil. Quando
a hostilidade em relação aos homens decorre de um
KS
tralização de estímulos relacionados com o sexo, sentido de inadequação e submissão, um programa
mediante alguma forma de procedimento de des- de treinamento de afirmação não só reduziria a ex­
sensitização, seria o m étodo a escolher. Um ploração, a que a pessoa submissa tende a estar su­
exem plo é oferecido p or Lazarus e Rachman jeita, como, ao mesmo tempo, aumentaria os senti­
(1957) que trataram com êxito um caso de impo­
O

mentos de auto-estima e autovalorização. Além de


tência de origem recente eliminando a ansiedade a estabelecer novas orientações de resposta em rela­
cenas de pré-coito. Nos casos em que as inibições ção aos homens por meio da modelação e do refor­
BO

sexuais estão menos fortemente estabelecidas, a çamento positivo, poderiam ser empregados pro­
impotência pode ser eficazmente modificada fa­ cedimentos de dessensitização para diminuir a ex­
zendo com que o cliente siga um programa de des- cessiva hostilidade a situações evocativas inevitáveis.
sensitização auto-aplicado, nas próprias situações Para obter os maiores ganhos seria talvez necessá­
sexuais (Wolpe, 1958). Este último procedimento é rio, também, reduzir o comportamento causador
descrito com mais detalhes em uma outra seção de hostilidade da parte do marido.
EX

subseqüente deste capítulo.


Indivíduos que estão mais severamente incapaci­
tados porque reagem com forte ansiedade ao con­ DECRÉSCIMOS DAS RESPOSTAS DE
tato interpessoal íntimo e a indícios específicos se ANSIEDADE COMO FUNÇÀO DA
NEUTRALIZAÇÃO DE ESTÍMULOS PRIMÁRIOS E
D

beneficiariam mais de um programa de tratamento, DE GENERALIZAÇÃO


combinando tanto a dessensitização de indícios in­
terpessoais e sexuais como treinamento nas compe­ O capítulo introdutório discutiu de que maneira
IN

tências interpessoais. as respostas emocionais eliciadas por um determi­


Finalmente, deve ser compreendido que o com­ nado estímulo tendem a se generalizar esponta­
portamento sexual desviante é às vezes mantido neamente a uma grande variedade de indícios que
por um reforçamento positivo substancial, ao passo pertencem à mesma dimensão estimuladora física
que os mecanismos de ansiedade, que podem ter ou semântica. Também foi demonstrado em nume­
figurado de maneira proeminente na gênese da rosos estudos de laboratório (Bass e Hull, 1934;
perturbação, no momento atual desempenham um Hoffeld, 1962; Hovland, 1937) que os efeitos da
papel de menor importância. Muitos padrões de extinção também se generalizam a estímulos de
comportamento homossexual são, de fato, susten­ todos os pontos do gradiente de generalização.
tados pelas recompensas positivas derivadas das Uma questão de considerável importância teórica e
alianças homossexuais (H enry, 1941; Hooker, prática é se extinguir as respostas emocionais ao es­
1961). Se a pessoa desejasse mudar sua orientação tímulo primário condicionado é mais eficiente para
sexual, procedimentos de reforçamento diferencial neutralizar toda a gama de indícios similares do
destinados a reduzir a forte valência positiva dos que dessensitizar o indivíduo a estímulos de genera­
estímulos homoeróticos e para aumentar a reativi- lização.
278 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

Muitas teorias admitem que mudanças compor- mensões. Quando as respostas emocionais são eli-
tamentais estáveis e amplas só ocorrem se o condi­ ciadas por eventos não-sociais, elas podem ser or­
cionamento prototípico envolvendo o objeto esti­ denadas em termos da proximidade física dos objetos
m ulador prim ário é modificado. Conseqüente­ temidos. O uso de uma dimensão de proximidade é
mente, uma porção considerável de tempo é tipi­ ilustrado no tratamento de Wolpe (1962), de uma
camente dedicada a uma exploração diagnóstica e a mulher que sofria de uma grave fobia de automó­
uma reconstrução da história social do cliente antes veis que se originara de um addente automobilís­
que sejam feitas quaisquer intervenções terapêu­ tico num cruzamento. Foi construída uma hierar­
ticas. Se fosse descoberto que neutralizar um estí­ quia de ansiedade envolvendo cenas nas estradas
mulo de generalização tivesse aproximadamente o nas quais os carros ficavam cada vez mais próximos
mesmo efeito sobre o gradiente de extinção do que do automóvel da cliente à medida que este se apro­
o que resultaria de extinguir as respostas emocio­ ximava de um cruzamento rodoviário.

PS
nais ao estímulo condicionado original, então faria Hierarquias de estímulos foram construídas em
pouca diferença em que ponto do continuum de termos de uma dimensão temporal para tratar medos
estímulos o agente de mudança começasse o pro­ de falar em público (Paul, 1966), ansiedades de se­
cesso de contracondicionamento. Infelizmente, os paração (Lazarus, 1960) e apreensões sobre provas
(Em ery e K rum boltz,. 1967). Um a dim ensão

U
experimentos de laboratório necessários para resol­
ver esta questão ainda não foram realizados. Con­ simbóiico-real é freqüentemente usada ao elaborar o
tudo, têm sido relatadas algumas investigações nas continuum estimulador de ansiedade. Uma série

O
quais a magnitude das respostas emocionais ao CS claustrofóbica pode variar desde ler a respeito de
originalmente usado no estabelecimento das res­ outras pessoas estarem confinadas em recintos pe­
postas condicionadas é avaliada como função da ex­ quenos a se imaginar “presa” num elevador parado

R
tinção de reações emocionais a estímulos de genera­ por períodos progressivamente maiores de tempo
lização situados a várias distâncias do CS. Achados (Wolpe, 1961); uma série de fobias a cobras pode
destes estudos (Bass e Hull, 1934; HofFeld, 1962;
Hovland, 1937) consistentemente demonstram que
neutralizar qualquer estímulo relevante, quer adja­
G
variar desde escrever a palavra “cobra” a manipular
espécimes plásticos e segurar um réptil vivo não-
venenoso (Lazovik e Lang, 1960).
KS
cente ou afastado do CS, tem o efeito de reduzir O utra maneira eficiente de graduar os indícios é
um tanto a reatividade emocional a indícios de variar o número de elementos provocadores de emoção no
todos os pontos do gradiente de generalização. O complexo estim ulador total. No tratam ento de
decréscimo de ansiedade, porém, se torna progres­ Wolpe (1962), da fobia de automóveis acima des­
sivamente menor quanto mais afastados estão os es­ crita, o valor eliciador da ansiedade das cenas de
O

tímulos do teste do estímulo selecionado para ex­ tráfego foi controlado variando a velocidade dos
tinção. automóveis, a confiabilidade dos motoristas nos
BO

Os achados acima descritos sugerem que resulta­ carros que se aproximavam, a presença ou ausência
dos positivos podem ser obtidos, em certo grau, de símbolos e sinais de tráfego, e as características
descondicionando-se qualquer estímulo que possua da pessoa que estava dirigindo o carro da cliente.
propriedades de eliciação da ansiedade, mas que os Para muitas pessoas que procuram tratamento,
maiores benefícios serão derivados se focalizarmos estímulos sociais relativamente complexos ou as
os eventos particulares que o agente de mudança próprias respostas interpessoais servem como fon­
EX

deseja neutralizar, quer eles constituam o estímulo tes primárias de ansiedade. Ao escalonar as pro­
original ou generalizado. Na base destes achados priedades de excitação da emoção de tais indícios
não há razão para esperar que dessensitizar o estí­ sociais, a natureza e a intensidade do comportamento dos
mulo condicionado primário teria um efeito mais outros podem ser utilizadas como a base para gra­
amplo sobre os indícios de generalização do que
D

duar as ameaças. Desta forma, uma pessoa que es­


neutralizar diretamente estes últimos estímulos. As­ tava grandemente perturbada por manifestações
sim, por exemplo, se as respostas de ansiedade de agressivas foi gradualmente dessensitizada a uma
IN

um dado indivíduo a pessoas de autoridade repre­ hierarquia de estímulos que variavam desde uma
sentam primariamente uma generalização de expe­ situação na qual alguns hom ens se engajavam
riências prévias de castigo por parte dos pais, bene­ numa disputa moderada a uma na qual os partici­
fícios mais rápidos e substanciais seriam derivados pantes atacavam-se fisicamente uns aos outros
de neutralizar respostas emocionais às figuras de (Wolpe, 1958); similarmente, uma série graduada
autoridade que ele teme atualmente do que às rela­ de situações de desvalorização foi elaborada para
tivas aos pais. um ginecologista que era extremamente sensível a
qualquer crítica ou rejeição das outras pessoas
DIMENSÕES DE ESTÍMULOS BÁSICOS (Wolpe, 1962). Um homem intensamente ciumento
Depois de escolhidos os estímulos a serem con- foi tratado utilizando-se uma série de hierarquias
tracondicionados, precisam eles ser escalonados em provocadoras de- ciúme, cada qual apresentando
term os do seu potencial eliciador de emoções vários graus de interações amistosas entre a noiva
quando se utiliza uma abordagem graduada. Ao do cliente e vários homens rivais (Wolpe, 1958).
elaborar as hierarquias de estímulos, a potência dos Nas ilustrações apresentadas até aqui, os deter­
indícios aversivos pode ser variada em diversas di­ minantes das respostas emocionais eram primaria­
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 279

mente indícios Sociais externos ou situacionais. Se tivas (Jones, 1924), instrui-se o sujeito para-visuali­
uma pessoa foi repetidamente punida por apresen­ zar o coelho e a imaginar a si mesmo comendo al­
tar uma forma particular de comportamento, a guma delícia culinária. Em vista do fato de o mé­
tendência a desempenhar estas respostas sociais se todo de Wolpe se apoiar grandemente nos proces­
torna, por meio da sua associação com o castigo, sos simbólicos, é surpreendente descobrir que esta
um estímulo da ansiedade. Assim, por exemplo, se abordagem é descrita criticamente como estando
o castigo ocorreu freqüentemente em conjunção preocupada apenas com processos esqueletais peri­
com o comportamento agressivo, sua expressão irá féricos (Murray, 1963; Shoben, 1963).
eiiciar reações em ocionais antecipatórias. Oa A utilização de eventos aversivos simbólicos é re­
mesma forma, se o comportamento sexual for asso­ comendada com base na afirmação de que estímu­
ciado com o castigo, as respostas sexuais irão gra­ los nesta forma possuem propriedades de eliciação
dualmente adquirir propriedades evocadoras de da emoção análogas às suas contrapartes da vida
ansiedade. Ambas as reações emocionais conside­

PS
real. Se este não fosse o caso, o método simbólico
radas são correlacionadas com a resposta ou são au- daria pouca oportunidade para diminuir o poten­
togeradas. As hierarquias de estímulos no trata­ cial deflagrador das ameaças reais, e, portanto, não
mento de tais classes de perturbações ansiosas con­ haveria efeitos de tratamento consideráveis para
teriam intensidades crescentes das respostas sociais nega­ serem transferidos de situações imaginárias a reais.

U
tivamente valenciadas, variando desde formas ate­ Os resultados de diversos estudos demonstram que
nuadas que tendem a eiiciar uma ansiedade branda os pensamentos têm capacidades de eliciação de
a expressões mais intensas capazes de provocar

O
respostas. Miller (1950) descobriu que respostas
respostas emocionais de grande magnitude. emocionais condicionadas a verbalizações manifes­
Embora a discussão precedente tenha iluminado tas se generalizavam extensivamente a seus equiva­

R
dimensões individuais ao longo das quais as pistas lentes cognitivos, de modo que pensamentos de
eliciadoras de emoção podem ser ordenadas, em eventos com valências negativas geram forte reati-
muitos casos as hierarquias de estímulo podem ser
construídas variando as pistas em várias dimensões
simultaneamente. Além do mais, muitos problemas
psicológicos são de caráter multiforme, e, conse­
G
vidade GSR, ao passo que pensamentos de respos­
tas que nunca tinham sido punidas falharam em
eiiciar qualquer excitação emocional. Barber e
Hahn (1964) mediram o desconforto subjetivo e as
KS
qüentemente, um núm ero de diferentes hierar­ respostas fisiológicas (batidas cardíacas, ten&ão dos
quias de estímulo contendo tanto pistas ambientais músculos frontais e redução da resistência da pele)
como produzidas por respostas pode ser necessá­ em sujeitos que recebiam um stress frio doloroso
rio para um dado indivíduo, a fim de abranger a ou então apenas imaginavam esta desagradável ex­
gama completa das suas respostas de ansiedade.
O

periência. Descobriram que a estimulação dolorosa


Quanto mais generalizado o comportamento emo­ imaginária produziu uma aflição subjetiva e respos­
cional, maior a necessidade de hierarquias múlti­ tas fisiológicas similares às induzidas por uma esti­
BO

plas. mulação dolorosa real. Num estudo diretamente re­


levante ao procedimento de dessensitização, Gross-
Neutralização das Ameaças de Forma berg e Wilson (1968) descobriram que instruções
Simbólica ou Realista para visualizar cenas temidas geraram uma excita­
Por razões de facilidade, economia e flexibili­ ção autonômicd significativamente maior do que
dade, o contracondicionamento é tipicamente diri­ instruções para imaginar situações neutras.
EX

gido a representações simbólicas de ameaças reais. Os indivíduos que, por uma ou outra razão, são
A apresentação simbólica evita a inconveniência incapazes de visualizar os estímulos ameaçadores de
prática e o estorvo das apresentações físicas gra­ forma vívida, ou para os quais as cenas imaginadas
duadas; também permite ao cliente terminar os es­ não evocam reações emotivas, provavelmente deri­
D

tímulos provocadores de medo sem efetuar respos­ varão pouco benefício de uma forma exclusiva­
tas de esquiva reais simplesmente pensando em mente cognitiva de tratamento de contracondicio­
outra coisa qualquer. Como ilustramos na seção namento. Não está inteiramente esclarecido por
IN

precedente, as pessoas podem ser dessensitizadas a que, em alguns casos, os estímulos simbólicos não
imagens de comportamento agressivo, intimidade adquiriram espontaneamente, por meio da genera­
sexual, rejeição social ou qualquer outro tipo de si­ lização, algum potencial de excitação emocional de
tuação provocadora de emoções. O procedimento suas contrapartes reais, às quais as respostas condi­
de dessensitização elaborado por Wolpe, portanto, cionadas foram originalmente estabelecidas. Este
representa uma forma de contracondicionamento cog­ fenômeno pode refletir, em parte, o resultado de
nitivo na qual tanto os eventos aversivos como a uma forma particular de treinamento de discrimi­
condição positiva oposta são verbalmente induzidos nação que influencia acentuadamente o gradiente
e sustentados por meio de uma auto-estimulação de generalização. Sob condições em que pensamen­
encoberta, ao invés da apresentação emparelhada tos, sentimentos e verbalizações são aceitas e até en­
dos próprios estímulos físicos. De modo diverso das corajadas, mas as ações manifestas correspondentes
formas diretas de descondicionamento nas quais, são punidas, o condicionamento emocional tende a
por exemplo, um coelho temido aparece em con­ se confinar às atividades reais. Este tipo de refor-
junção* temporal com respostas consumatórias posi­ çamento diferencial das verbalizações e ações é, de
280 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO

fato, muitas vezes recomendado nos livros popula­ e chapéus de pluma, e sofria de persistentes “so­
res sobre a educação dos filhos (Baruch, 1949), e nhos de ansiedade com pessoas jogando penas e
grandemente praticado socialmente. aves se dirigindo a ela”. As sessões de tratamento
Como os terapeutas só podem exercer um con­ foram conduzidas da seguinte maneira: Depois que
trole indireto sobre a auto-estimulaçào do cliente, sentimentos de um relaxamento tranqüilo foram
as condições de tratamento necessárias são às vezes hipnoticamente. induzidos pelo terapeuta, este pri­
difíceis de criar e de manipular numa dessensitiza- meiro apresentava uma pena a distância e gra­
ção cognitivamente mediada. Weinberg e Zaslove dualmente a trazia mais para perto, enquanto a
(1963), por exemplo, relatam que os indivíduos cliente não mostrasse nem perturbação subjetiva
ocasionalmente atenuavam a aversividade das si­ nem alterações no GSR. As repetidas apresentações
tuações apresentadas para sua visualização incorpo­ do estímulo foram intercaladas com sugestões de
rando elementos protetores. Lazovik e Lang (1960) relaxamento e tranqüilidade. Desta maneira, a mu­
lher foi descondicionada a uma grande variedade

PS
similarmente descobriram que um sujeito fóbico,
que derivava pouco benefício da dessensitização, de estímulos físicos crescentemente perturbadores,
tendia a modificar a cena apresentada visualizando que incluíam penas de todos os tipos e tamanhos,
simultaneamente a si mesmo numa situação con­ bolsas cheias de penas, aves empalhadas com as
fortável. As respostas emocionais podem ser prote­ asas dobradas e esticadas, e, finalmente, aves vivas

U
gidas da extinção, com êxito, pela introdução de em gaiolas.
indícios de segurança discriminativos (Solomon, À medida que a cliente apresentava uma cres­

O
Kamin e Wynne, 1953), Além das alterações que cente tolerância às penas, ela era encorajada a de­
atenuam o estímulo, os indivíduos às vezes geram sempenhar uma série graduada correspondente de
níveis excessivamente altos de excitação, adicio­ tarefas em situações de vida real para aumentar

R
nando involuntariam ente elementos aversivos a ainda mais o descondicionamento e a generaliza­
uma cena apresentada, Num esforço de aumentar ção. Depois de 20 sessões de tratamento, ela “ficava
o valor afetivo de estím ulos im aginários não-
excitatórios e de minimizar as modificações dos es­
tímulos em direções não desejadas, muitas vezes se
dá instruções de verbalizar em voz alta o que estão
G completamente tranqüila dormindo sobre traves­
seiros de penas, aceitava que se lhe jogassem pu­
nhados de penas, podia pôr suas mãos numa bolsa
cheia de penas e não tinha mais medo de sair de
KS
visualizando a clientes que apresentam estes tipos casa ou de aves no jardim (pág. 65)”
de problemas (Wolpe, 1958). Freeman e Kendrick (1960) similarmente em­
Os estímulos aversivos podem ser mais preci­ pregaram uma dimensão de estímulos físicos ao
samente controlados, a potência dos métodos de con- tratar uma mulher que se sentia aterrorizada por
O

tracondicionamento pode ser aumentada e os pro­ gatos, e respondia ansiosamente a uma grande va­
blemas de transferência dos efeitos de extinção a riedade de objetos peludos. Os itens da hierarquia
situações de vida real podem ser em grande parte incluíam pedaços de materiais graduados quanto à
BO

ajudados com a utilização de objetos ou situações textura e à aparência que variavam desde o veludo
que realmente provocam ansiedade. Estes benefí­ a pêlos típicos de gato, gatinho de brinquedo, figu­
cios ocorrem porque a reatividade emocional é ex­ ras de gatos, um gatinho vivo e, finalmente, um
tinta aos estímulos reais que exercem um forte con­ gato adulto. Assim como ocorre com os adultos,
trole sobre o comportamento de esquiva sob condi­ que são incapazes de produzir uma imaginação que
ções naturais, ao invés de a eventos simbólicos que produza excitação emocional, também é difícil em­
EX

podem possuir um potencial excitatório mais fraco pregar a dessensitização simbólica com crianças pe­
por causa da sua dissímilaridade com os instigado­ quenas. Conseqüentemente, as aplicações deste?
res primários. De acordo com este pressuposto, métodos a grupos de pouca idade tipicamente en­
Strahley (1966) demonstrou que sujeitos fóbicos aos volvem exposições cuidadosamente graduadas aos
D

quais se exigia interagir com o objeto temido con­ verdadeiros objetos temidos (Bentler, 1962; En-
seguiram uma maior redução do medo e no com­ glish, 1929; Jones, 1924; Lazarus, 1960).
portamento de esquiva do que sujeitos que recebe­
IN

Os estímulos aversivos têm sido ocasionalmente


ram a dessensitização simbólica. apresentados de outras formas tangíveis quando os
Alguns poucos estudos foram relatados nos quais procedimentos de imaginação são ou ineficientes
foi empregada uma série graduada de estímulos ou inaplicáveis. Friedman (1966) tratou com êxito
tangíveis no paradigma de dessensitização. Clark um surdo-mudo que estava incapacitado por uma
(1963) tratou uma mulher de 31 anos que, por mais grave fobia de cães, utilizando estímulos pictóricos
de 25 anos, tinha exibido uma fobia seriamente in- de cães organizados em tamanho e ferocidade cres­
capacitadora a penas e aves. Embora ela fosse capaz centes. Os resultados de um estudo de Leon (1967)
de visualizar cenas envolvendo aves sem apresentar sugerem que o comportamento de esquiva pode ser
muita excitação afetiva, ela era incapaz de se aven­ eliminado de forma mais perm anente, neutra­
turar fora de casa em situações nas quais havia lizando-se os estímulos aversivos de forma pictó­
qualquer possibilidade de encontrar aves (por rica, ao invés de fonna imaginária. Seager e Brown
exemplo, parques, jardins zoológicos, passeios ao ar (1967) extinguiram uma severa fobia ao vento, alte­
livre e na beira do mar); ela reagia com uma acen­ rando a capacidade eliciadora de medo de estímulos
tuada ansiedade a travesseiros de penas, almofadas auditivos. Neste último caso, gravações de ruídos do
DE5SENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO 281

vento progredindo desde brisas suaves a grandes Mais uma ilustração de como a extinção do de­
tempestades de vento foram cuidadosamente ajus­ sempenho pode até suplementar o contracondicio­
tadas em volume e turbulência às respostas emo­ namento envolvendo estímulos reais é oferecida
cionais da cliente, assim como vigiadas fisiologica- por Clark (1963) no tratamento da fobia a aves des­
mente durante o tratamento. crito antes. Depois que um estímulo aversivo parti­
cular tinha sido neutralizado com êxito (por
O contracondicionamento das respostas emocio­
exemplo, uma única pena, uma bolsa cheia de pe­
nais náo causa sérios problemas enquanto os estí­
nas, uma ave empalhada) a cliente levou os objetos
mulos físicos puderem ser manipulados com facili­
para casa. De forma similar, quando as reações
dade. Mesmo se os objetos reais não puderem ser
emocionais a aves em palhadas foram extintas,
introduzidos na situação de tratamento por causa
foram programadas visitas a um viveiro de aves e a
do seu tamanho e complexidade, a dessensitização
um museu que continha uma coleção variada de
pode ser realizada em contextos naturais nos quais
aves empalhadas. Nas últimas etapas do trata­

PS
os estímulos críticos ocorrem com regularidade. Os
mento, após a dessensitização a uma ave viva, a
problemas de procedimento, porém, se tornam
cliente visitou, com o apoio da família, um parque
consideravelmente mais difíceis nos casos em que a
cheio de patos domesticados e outras aves. Como
excitação emocional é primariamente gerada por si­
medida de precaução contra um possível recondi-
tuações sociais complexas ou pelo próprio compor­

U
cionamento negativo pela exposição prematura ou
tamento da pessoa. Seria de considerável interesse
pela ocorrência de ameaças nào-antecipadas, a
neste caso experimentar com estímulos pictóricos
cliente recebeu instruções de se retirar da situação

O
graduados (Bandura e Menlove, 1968) ou seqüên­
cias de interação social gravadas, Evidência preli­ ou terminar o comportamento de aproximação se
minar (Bandura, Blanchard e Ritter, 1969) indica este se tornasse emocionalmente perturbador.

R
que estes modos mais tangíveis de apresentação de Considerando os decréscimos de transferência de
estímulos, particularmente se combinados com pis­ situações imaginárias a situações de vida real, tare­
fas cuidadosamente selecionadas e bem cronome­
tas de modelação, podem extinguir a ansiedade de
forma mais completa do que quando as ameaças
subjetivas são cognitivamente reinstaladas. Estes
achados sugerem que seria vantajoso elaborar se­
G
tradas deveriam ser incluídas como parte inte­
grante da dessensitização. Neste tipo de trata­
mento, a dessensitização formal é principalmente
KS
qüências graduadas filmadas para objetos e situa­ utilizada para reduzir as reações ansiosas o sufi­
ções sociais que são fontes comuns de ansiedade. ciente para permitir aos clientes desempenhar as
respostas desejadas em situações anteriormente te­
midas, onde a principal extinção das respostas
DESSENSITIZAÇÀO AUTO-APLICADA EM
emocionais ocorre,
O

SITUAÇÕES DE TIPO NATURAL


Uma dessensitização auto-regulada pode não
Nas estratégias de tratam ento discutidas até apenas servir como um suplemento importante da
BO

agora, o agente de mudança manipula a apresenta­ dessensitização simbólica, mas como um método de
ção tanto dos estímulos provocadores de emoção tratamento em si. Hutchison (1962) tratou com
quanto dos estímulos competidores com a ansie­ êxito um técnico em eletrônica com uma longa his­
dade, de tal forma que as respostas aos ültimos in­ tória de exibicionismo em 26 sessões, treinando o
dícios prevaleçam sobre as primeiras. À medida cliente a desempenhar um conjunto de respostas de
que uma pessoa possa ser treinada para manipular relaxamento imediatamente após a ocorrência de
EX

com habilidade estes dois conjuntos de eventos em estímulos que tipicamente precediam a exposição
suas experiências cotidianas, ela pode conseguir genital. As primeiras entrevistas foram dedicadas à
algum grau de dessensitização autodirigida. identificação das covariações essenciais entre os
Tarefas de desempenho graduadas foram em­ eventos sociais e as respostas exibicionistas. Neste
D

pregadas com êxito em certo grau em conjunção caso particular, os determinantes críticos envolve­
com o contracondicionamento simbólico. Na reali­ ram críticas de seu supervisor ou de sua esposa, e
dade, uma vez que muitos indivíduos às vezes apre­ sentimentos de inadequação ligados às suas realiza­
IN

sentam melhoras insuficientes no desempenho de­ ções profissionais e pessoais. O cliente recebeu
pois da dessensitização simbólica completa, Meyer treino no relaxamento até que foi capaz de induzir
(1966) adotou um procedimento no qual se exige um relaxam ento m uscular rápido e profundo.
que os clientes desempenhem comportamentos sob Desta forma, ao desempenhar as respostas de rela­
circunstâncias ótimas de vida real depois que a an­ xamento imediatamente depois da ocorrência de
siedade foi com pletam ente extinta às situações experiências que eliciavam a exposição, ele foi
imaginárias correspondentes. A superioridade rela­ capaz de obter um controle completo do seu exibi­
tiva deste tipo de abordagem é corroborada empi­ cionismo. Um estudo de acompanhamento reali­
ric a m e n te p o r G a rfie ld , D arw in , S in g e r e zado um ano após o término da terapia revelou que
McBrearty (1967). Estes autores descobriram que o a exposição genital tinha sido completamente eli­
com portam ento de esquiva era mais extensiva­ minada.
mente reduzido por uma dessensitização simbólica Wolpe (1958) relata um êxito considerável com a
combinada com tarefas de desempenho graduadas dessensitização autodirigida da impotência em ho­
do que pela dessensitização sozinha. mens que eram sexualmente reativos, mas para os
282 DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACONDICIONAMENTO

quais a ansiedade produzida pelo desempenho do da excitação emocional pode servir de indício p a n
coito dava origem a ejaculações prem aturas, ou significar a presença dos eventos eliciadores
uma incapacidade de conseguir e manter a ereção. enigmáticos. Desde que o indivíduo seja capaz d e
Brevemente, o procedimento é o seguinte. O indi­ discriminar mudanças na sua excitação e induzir
víduo primeiro recebe treino no relaxamento pro­ respostas positivas de força suficiente imediata­
gressivo como uma ajuda para contrabalançar as mente com o início da excitação, as respostas in­
ansiedades eliciadas na situação sexual. Além disso, compatíveis autoprovocadas podem coincidir com
para assegurar resultados benéficos, ele é aconse­ os esdmulos eliciadores da ansiedade, desta forma
lhado a só se engajar no comportamento sexual assegurando os requisitos temporais do recondicio­
quando tiver um forte desejo positivo para fazê-lo e n a me iHo. Em contrapartida, quando as pessoas
sob as circunstâncias mais favoráveis. É então ins­ apenas se engajam no relaxamento por um dado
truído a se deitar na cama com o parceiro de um período de tempo, geralmente no fim do dia, os
modo relaxado, mas inicialmente restringir a ativi­ eventos eliciadores e os neutralizadores estão essen­

PS
dade sexual a carícias e jogos de amor preliminares. cialmente não-correlacionados.
A fim de evitar qualquer possível reforçamento da Na maioria das situações sociais as pessoas ob­
ansiedade, nenhuma tentativa de coito é feita até viamente não podem cair num relaxamento muscu­
que as inibições sexuais sejam suficientemente re­ lar completo. Este problema, porém, não impõe li­

U
duzidas. À m edida que o descondicionam ento mitações sérias à utilidade do relaxamento, porque
prossegue, o cliente tende a exibir um aumento um certo grau de redução do stress pode ser obtido

O
gradual de reatividade sexual e eventualmente o por meio do relaxamento seletivo de grupos de
coito pode ser tentado depois que as ereções ade­ músculos que não estão em uso num dado mo­
quadas forem conseguidas. Exemplos adicionais do mento (Jacobson, 1964; Wolpe, 1958). Além do

R
uso do relaxamento por indivíduos na autodireção mais, imagens positivas e atividades agradáveis nas
da ansiedade crônica são oferecidos por Jacobson quais é fácil se engajar podem servir de forma
(1964), e por Haugen, Dixon e Dickel (1958).
A extensão em que uma m udança estável no
comportamento pode ser produzida pela utilização
deliberada de respostas auto-induzidas que compe­
G
ainda mais eficiente como redutores do stress.
Nas circunstâncias de respostas livres, o uso de
eventos positivos numa situação provocadora de
medo pode acelerar a eliminação das respostas de
KS
tem com a ansiedade e a suplantam, depende de se esquiva porque os indícios positivos permitem ao
elas servem primariamente para reduzir a aflição indivíduo se expor a ameaças durante períodos
ou para neutralizar os estímulos eliciadores críticos. mais longos, e não por causa dos seus efeitos de
Nas aplicações do relaxamento por Haugen, Dixon contracondicionamento diretos. Nelson (1966) des­
O

e Dickel (1958), por exemplo, as pessoas são sim­ cobriu que os animais entravam, com-boa vontade,
plesmente instruídas a praticar o relaxamento mus­ numa situação temida duas vezes mais freqüente­
cular, mas de outro modo os terapeutas parecem mente e ali permaneciam três vezes mais tempo
BO

mostrar pouco interesse nos estímulos determinan­ quando a comida estava presente na situação do
tes das respostas emocionais. Desta forma, um que faziam quando esta estava ausente. Contudo,
cliente que consegue um relaxamento suficiente animais que foram confinados no compartimento
para contrabalançar a ansiedade, pode obter um temido por um período de tempo equivalente sem
alívio tem porário, mas se os indícios eliciadores comida apresentaram uma quantidade similar de
estão ausentes durante este processo ele continuará redução do medo. O papel influente da duração da
EX

vulnerável aos estímulos perturbadores porque as exposição sobre a extinção é ainda corroborado por
suas propriedades de excitação não foram alteradas Proctor (1968), que apresentou filmes de cobras
de modo nenhum. Qualquer descondicionamento de uma duração de 5 ou 20 segundos a sujeitos
que possa resultar de um program a de relaxa­ com fobias de cobras num paradigma de dessensiti­
D

mento dirigido exclusivamenre às respostas irá, zação. A exposição mais longa produziu maior re­
portanto, depender da ocorrência contígua fortuita dução no com portamento de esquiva. Os dados
de estímulos eliciadores e respostas competidoras comparativos relatados por Nelson entram em con­
IN

com a ansiedade. Por outro lado, nos programas de flito com o achado de Davison (1968) de que os es­
dessensitização prescrita de Hutchison (1962) e tudantes que receberam apenas exposição aos estí­
Wolpe (1958), os clientes são encorajados a induzir mulos aversivos sentiam mais afiição e apresenta­
um relaxamento muscular profundo ou outras res­ vam menos extinção da esquiva do que sujeitos que
postas competidoras enquanto estão expostos aos estí­ tinham tido a mesma exposição emparelhada com o
mulos cruciais provocadores de emoção. Sob estas condi­ relaxamento. Os eventos positivos provavelmente
ções temporais, as propriedades motivacionais dos servem ta n to com o incentivos p ara a auto-
eventos estim uladores podem ser significativa­ exposição às situações aversivas como são redutores
mente modificadas. do medo.
Se os estímulos controladores das respostas emo­ A dessensitização auto-aplicada tem várias limita­
cionais não forem identificados, os efeitos de des­ ções im portantes como método único de trata­
condicionamento podem ainda ser conseguidos em mento. Em primeiro lugar, os indivíduos muitas
certo grau desde que as respostas competidoras vezes não têm um controle suficiente sobre a inci­
ocorram numa relação temporal próxima. O início dência e intensidade dos estímulos aversivos e do
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICION AMENTO 263

contexto social no qual ocorrem (Wolpe, 1958). Em ças emocionalmente perturbadas sempre que elas
certas ocasiões será, portanto, difícil dispor de res­ estavam para ser expostas a situações potencial­
postas competidoras de força suficiente para con­ mente eliciadoras de medo.
trabalançar experiências emocionais adversas. Em Que o alimento possa servir como um neutrali-
segundo lugar, as pessoas que exibem fortes ten­ zador da ansiedade eficiente obtém apoio da evi­
dências de esquiva se inclinam a evitar situações dência sugestiva citada antes (John, 1961) de que a
temidas mesmo que objetivamente elas possam ser formação reticular possui sistemas excitatórios re­
relativamente inócuas. Finalmente, em casos que ciprocamente inibidores que mediam atividades de­
envolvem inibições severas e muito generalizadas, a fensivas condicionadas e alimentares. Durante a
extinção da ansiedade pode ser obrigada a come­ ativação alimentar, a resposta a estímulos aversivos
çar, sob condições controladas, no fim simbólico do é essencialmente eliminada. Geralmente se supõe
continuum da generalização dos estímulos. Depois que os procedimentos de contracondicionamento
que as respostas emocionais a ameaças imaginárias que empregam comida são limitados em aplicabili­

PS
foram substancialmente reduzidas, o indivíduo se dade a crianças nas quais a excitação emocional não
acha numa posição mais favorável para tentar um pode ser reduzida por meios verbais. Na realidade,
comportamento prévia mente inibido em situações os adultos poderiam facilmente dirigir um curso in­
progressivamente maís provocadoras de medo. teiro de desse nsitização por si próprios sistemati­

U
camente emparelhando estímulos aversivos reais,
Atividades Antagônicas no pictóricos ou imaginários com atividades alimenta­
Contracondicionamento res gratificantes. Tais contingências, de fato,

O
Com o objetivo de atingir o conLracondiciona- podem ser auto-aplicadas mais facilmente do que a
mento, estímulos aversivos que normalmente evo­ dessensitização baseada no relaxamento. Ainda está

R
cam respostas emocionais são introduzjdos na pre­ por demonstrar se este tipo de abordagem possui
sença de atividades incompatíveis. Embora o rela­ capacidades de contracondicionamento.
xamento tenha recebido a maior parte da atenção, Foi demonstrado que o relaxamento, que é em­
uma grande variedade de operações foi em pre­
gada para induzir tendências de respostas antagô­
nicas. A prim eira aplicação deste princípio de
G
pregado mais como o redutor de stress na des­
sensitização de adultos, aumenta a tolerância dos
estímulos aversivos e pode facilitar a eliminação do
KS
aprendizagem (Jones, 1924) se apoiou em alimentos comportamento de esquiva. Contudo, o seu modo
apetitosos. Este caso particular envolvia um menino de influência não é bem compreendido. Por causa
pequeno que exibia severas respostas de ansiedade do freqüente equacionamento da ansiedade com
de origem desconhecida a animais, e a uma pletora reatividade autonômica, as pesquisas nesta área se
de objetos peludos, incluindo casacos de pele, lã, preocuparam exclusivamente com os efeitos auto­
O

tapetes de pele e penas. Ao testar as reações do nômicos do relaxamento. Foi relatado que o rela­
menino a vários estímulos provocadores de medo, xamento muscular profundo diminui a pressão
BO

um coelho eliciou a resposta emocional maís forte, sangüínea (Jacobson, 1939), as batidas do pulso (Ja-
e portanto ele foi selecionado como o estímulo a ser cobson, 1940) e a reatividade GSR (Clark, 1963).
neutralizado. Numa avaliação mais sistemática dos efeitos fisioló­
O contracondicionam ento foi obtido alimen­ gicos relativos do relaxamento, Grossberg (1965)
tando-se o menino na presença de estímulos pro­ comparou mudanças nas batidas cardíacas, con-
vocadores d e an sied ad e inicialm ente fracos, dutáncia palmar, e tensão dos músculos da testa
EX

mas progressivamente crescentes. Enquanto comia em estudantes universitários que faziam exercícios
o seu alimento preferido, um coelho numa gaiola de relaxamento a instruções gravadas em fita, ou­
foi colocado no quarto a uma distância suficiente­ viam música que consideravam relaxante, ou sim­
mente grande para não despertar reações emocio- plesmente foram solicitados a se relaxar da melhor
m aneira que podiam sem 'aju d a externa. Não
D

i\ais mais poderosas do que as atividades consuma-


tórias positivas. Cada dia, o coelho enjaulado foi foram encontradas diferenças significativas entre os
trazido mais próximo à mesa sem evocar as habi­ três grupos. O autor sugere, porém, que estes re­
IN

tuais respostas de ansiedade, e, eventualmente, foi sultados sejam aceitos com reserva porque a con­
liberado da gaiola. Durante a fase final do trata­ tração aüva dos músculos durante os exercícios de
mento, não só o menino não demonstrava medo treino eleva as batidas cardíacas e diminui a resis­
tendo inclusive posto o coelho em cima da mesa de tência da pele, o que confundiu os efeitos autonô­
comer ou até no seu colo, mas espontaneamente micos do relaxamento.
verbalizou um sentimento positivo em relação ao Paul (1969) conduziu uma série de estudos nos
animal que previamente o tinha atemorizado. Tes­ quais os efeitos autonômicos do relaxamento mus­
tes objetivos ulteriores mostraram que os efeitos da cular são comparados com os que acompanham su­
extinção da ansiedade tinham-se generalizado a gestões hipnóticas de sonolência e relaxamento, e
todos os objetos peludos que ele temera anterior­ uma cond ição-controfe na qual os sujeitos simples­
mente. Alguns terapeutas (Bettelheim, 1950), tra­ mente recebiam ordens para relaxar. Uma varie­
balhando dentro de um contexto psicodinâmico, fi­ d ad e de m udanças fisiológicas é m edida, in ­
zeram uso extensivo de alimentos apetitosos para cluindo tensão muscular tônica do antebraço, bati­
contrabalançar as respostas de ansiedade de crian­ das cardíacas, volume respiratório, condutância da
284 DESSE.NSITIZAÇÃO POR CONTRACOXDICIONAMENTO

pele, e diferencial de ansiedade. Tanto o treino do se então à criança que feche os olhos e imagine
relaxamento como a sugestão hipnótica reduzem a uma seqüência de eventos suficientemente próxima
reatividade fisiológica a imagens de stress, mas o da vida real para poder ser acreditável, mas na qual
relaxamento obtém decréscimos um tanto maiores. é entrelaçada uma história ligada a seu herói favo­
Os estudos acima demonstram que os procedi­ rito (pág. 192)”. Depois que um grau suficiente de
mentos de indução do relaxamento podem dimi­ afeto positivo, foi criado, o terapeuta introduz na
nuir a reatividade fisiológica. Também foi mos­ narrativa o item mais baixo da hierarquia, e a
trado por Grings e Uno (1968), por meio de um criança é instruída a sinalizar se se sentir com
plano de “transferência de estímulos compostos", medo, infeliz ou desconfortável. Quando a criança
que a apresentação de um estímulo aversivo em registra perturbação, o elemento ameaçador é ime­
conjunção com o relaxamento reduz as capacidades diatam ente retirado e as imagens positivas são
de excitação do indício temido. Os sujeitos foram acentuadas. Este procedimento continua até que o
separadamente treinados para reagir emocional­ item mais fóbico tenha sido neutralizado. Na maior

PS
mente ã uma luz colorida e a relaxar sempre que a parte dos casos, a imaginação redutora de excitação
palavra “agora” fosse projetada numa tela. Em tes­ pode ser apresentada e controlada de forma mais
tes subseqüentes, os sujeitos apresentavam as res­ eficiente em ensaios de condicionamento discretos
postas autonômicas mais fortes à pista de medo co­ do que sob a forma de uma narrativa contínua.

U
lorida, a resposta mais fraca quando as pistas de Imagens agradáveis e pensamentos tranqüilizado­
medo e relaxamento eram apresentadas simulta­ res são muitas vezes usados nesta maneira com
neamente como um estímulo composto, e respostas adultos para aum entar os efeitos calmantes dos

O
de uma intensidade intermediária a um estímulo procedim entos de relaxam ento. C ontudo, não
composto contendo a pista de medo e uma palavra foram feitas tentativas para determinar os efeitos

R
neutra. Paul (1968b) relata uma relação posidva fisiológicos das imagens positivas, ou para determi­
(r = 0,50) entre um índice fisiológico composto do nar se elas aceleram a extinção do comportamento
grau de relaxamento e a redução na resposta de de esquiva.
stress. Contudo, um procedimento de relaxamento
gravado em fita foi menos eficiente do que um
aplicado socialmente, tanto em induzir o relaxa­
G Aqueles que muitas vezes medem experiências
agradáveis ou a redução do desconforto nos outros
tendem a adquirir propriedades positivas; conse­
KS
mento como em atenuar a excitação a imagens qüentemente, a simples presença de tal indivíduo
estressantes. irá eliciar respostas afetivas positivas que podem
Um procedimento de relaxamento muscular in­ servir como neutralizadores da ansiedade. Um con­
clui pelo menos três componentes distintos: suges­ tato social freqüente, mesmo não acompanhado de
tões tranqüilizadores de calma e relaxamento, ima­ funções de proteção, pode também dotar os outros
O

gens positivas, e tensão e relaxamento de vários de valências positivas (Cairns, 1966; Homans, 1961).
grupos de músculos. Os efeitos destes componentes Foi claramente demonstrado, tanto com sujeitos
BO

necessitam ser estudados separadamente, para de­ humanos como infra-humanos, que os estímulos
terminar se a atividade muscular em si contribui sociais familiares podem funcionar como redutores
significativamente para reduções no nível de exci­ de ansiedade. Mason (1960) descobriu que respos­
tação. Parece pouco provável que a pesquisa fisio­ tas indicativas de perturbação emocional eram exi­
lógica possa esclarecer os efeitos comportamentais bidas menos freqüentemente a situações de stress
do contracondicionamento numa grande extensão por macacos na presença dos companheiros do que
EX

até que uma teoria viável seja apresentada quanto à na companhia de macacos adultos (que eles ti­
natureza e localização dos mecanismos que contro­ nham visto apenas raramente desde o nascimento),
lam o comportamento emocional. Como a evidên­ outros animais, ou quando estiveram a sós na situa­
cia apóia fortemente um ponto de vista central e ção. A influência da familiaridade sobre a redução
do stress social recebe também apoio de um estudo
D

não periférico da ansiedade, seria especialmente


importante estudar os efeitos que o relaxamento ou de Kissel (1965) realizado com estudantes universi­
quaisquer outras atividades neutralizadoras da an­ tários. A companhia de um amigo foi mais eficaz
IN

siedade que poderiam ser empregadas no contra­ para diminuir a excitação autonômica ao fracasso
condicionamento têm sobre os mecanismos de exci­ induzido do que a companhia de um estranho, cuja
tação centrai. presença não tinha valor de redução da aflição.
Lazarus e Abramovitz (1962) apoiaram-se oca­ Há motivos para esperar, dos achados de labora­
sionalmente sobre imagens positivas para modificar o tório acima descritos, que as respostas induzidas pela
comportamento de medo de crianças para as quais relação podem servir para mitigar a excitação emo­
o relaxamento não era exeqüível. Este procedi­ cional em certa parte. Wolpe (1958), de fato, ar­
mento é idêntico ao método-padrão de dessensití- gumenta que os resultados favoráveis obtidos pelos
zação, exceto que os estímulos aversivos graduados métodos tradicionais de entrevista derivam prima­
são apresentados dentro de um contexto de idéias riamente do contracondicionamento inadvertido da
positivas fortes. A criança é entrevistada sobre suas ansiedade pelas respostas positivas evocadas na re­
áreas de interesse e sobre os seus ídolos, geral­ lação cliente-terapeuta. Esta interpretação é consis­
mente retirados da televisão, filmes, histórias de tente com a conceitualização de Shoben (1949) do
ficção ou da própria imaginação da criança. “Pede- processo terapêudco, como aquele no qual a ansie­
DESSENSITIZAÇÁO POR CONTRACONDICIONAMENTO 285

dade simbolicamente reinstalada é contracondiciona- nível de excitação. Como seria de esperar, este fe­
da mediante associação com as reações de conforto nômeno não ocorria com um sujeito que tinha tido
derivadas da relação terapêutica. Embora este tipo de uma experiência negativa com o operador em al­
descondicionamento seja possível, os dados de re­ guma ocasião antes da sessão experimental.
sultados revistos no capítulo introdutório sugerem A taxa na qual o comportamento emocional é ex­
que ele não ocorre com qualquer grau de consis­ tinto por agentes terapêuticos que variam nas suas
tência. As altas taxas de evasão e freqüentes apre­ propriedades redutoras de stress não foi investi­
sentações de com portam ento de esquiva pelos gada sistematicamente. Observações informais de
clientes que continuam em tratamento sugerem casos nos quais os pais servem como terapeutas na
que os terapeutas provavelmente eiiciam mais an­ eliminação do comportamento fóbico de seus filhos
siedade do que reações de conforto. Muitos dos (English, 1929) têm um valor sugestivo e estão
comportamentos amplamente prescritos do papel acordes com os achados experim entais. Uma
do terapeuta seriam, de fato, claramente contra- criança de 7 meses de idade tinha desenvolvido o

PS
indicados se fossem julgados primariamente em medo acentuado de um gato empalhado, com base
termos de sua função de induzir conforto. Os tera­ numa súbita experiência aversiva. Num esforço
peutas de persuasão psicanalítica, por exemplo, se para extinguir este medo, um terapeuta apresentou
esforçam muito para manter urri alto grau de am­ o animal empalhado repetidamente, mas cada vez a
bigüidade, baseando-se no pressuposto de que esta

U
criança reagia com afastamento, tremores e gritos
última facilita e intensifica respostas de transferên­ de susto. Quando o gato mais tarde foi oferecido
cia. Estudos controlados (Bordin, 1958; Dibner, na presença de ambos os pais, ela o aceitou com

O
1958), por outro lado, demonstram que o aumento hesitação e continou a exibir certa apreensão. Uma
da ansiedade sentida pelo cliente varia positiva­ breve experiência durante a qual a criança segu­
mente com a ambigüidade do terapeuta. Desta

R
rava o brinquedo enquanto estava no colo da mãe
forma, enquanto a ambigüidade pode facilitar a eliminou eficazmente o medo residual; depois
generalização de padrões de resposta não apro­ disto, a criança prontamente aceitou o animal em ­
priados, ela é antitética ao contracondicionamento.
O fato de que a força das respostas produzidas
pela relação não pode ser facilmente controlada ou
G
palhado e brincava com ele aparentando felicidade.
As diferenças de aflição demonstradas pela criança
em relação ao objeto temido quando os pais esta­
KS
rapidamente aumentada, se necessário para con­ vam presentes e ausentes são similares aos achados
trabalançar uma excitação emocional forte, coloca de Liddell (1950) com sujeitos infra-humanos de que
limitações adicionais na extensão pela qual as a presença da mãe aumenta a tolerância que seus
variáveis de relacionamento por si mesmas podem filhos evidenciam em relação a estímulos de stress.
criar as condições necessárias para a dessensitização Embora a eficácia relativa de diferentes pessoas pa­
O

bem-sucedida. Respostas positivas induzidas pela ra mitigar a perturbação emocional não tenha sido
relação podem, desta forma, servir como um ad­ explorada, Bentler (1962) relata um caso no qual
BO

junto importante, mas não como um substituto uma mãe extinguiu completamente uma fobia de
confiável, para procedimentos mais poderosos de água na sua filhinha pequena reexpondo-a conti­
neutralização da ansiedade. Mesmo se as reações de nuamente a quantidades progressivamente maiòres
conforto competidoras necessárias fossem forte­ de água no contexto de um contato maternal pró­
mente estabelecidas, os resultados da dessensitiza- ximo suplementado por uma flotilha de brinquedos
ção permaneceriam imprevisíveis se a introdução muito queridos. A maioria dos pais similarmente
EX

de conteúdos emocionalmente perturbadores fosse funciona como redutora eficaz de ansiedade ao


deixada por conta dos devaneios do cliente, ao modificar os medos que seus filhos têm de ruídos
invés de ser cuidadosamente regulada pelos psico- intensos, alturas, escuridão, animais e outras si­
terapeutas. tuações comuns que provocam medo (Jersild e
Alguns dos procedimentos efnpregados nos tra­ Holmes, 1935).
D

tamentos de contracondicionamento, como o rela­ Agentes farmacológicos que diminuem a excitação


xamento e as imagens agradáveis, com o propósito emocional também foram ocasionalmente em pre­
IN

explícito de induzir fortes reações de conforto, gados em casos nos quais os procedimentos psico­
podem também acentuar o valor de indício de re­ lógicos para induzir atividades competidoras se
dução da ansiedade do terapeuta. Um estudo an­ demonstraram ineficazes ou inexequíveis por várias
tigo da hipnose feito por Estabrooks (1930) de­ razões (Friedman, 1966; Walton e Mather, 1963b).
monstrou que até uma pessoa que, nas experiências Brady (1966) fez uso extensivo de barbitúricos de
dos sujeitos, tinha sido indiretam ente associada ação curta (por exemplo, meto-hexitona de sódio)
com o relaxamento adquiria propriedades de desati­ em conjunção com instruções de relaxamento como
vação. Durante as fases iniciais deste experimento, um meio rápido de produzir um relaxamento mus­
o nível de excitação autonômica dos sujeitos só de­ cular profundo. Este método foi aplicado com
crescia quando a hipnose era induzida. Contudo, notável êxito no caso do tratamento da frigidez
depois que tinham sido hipnotizados um certo nú­ grave em mulheres que raramente se engajavam no
mero de vezes, a simples presença do operador do coito porque este lhes causava considerável dor
aparelho antes da indução da hipnose tinha prati­ física, repulsa e ansiedade. Depois que foram des*
camente o mesmo efeito sobre o decréscimo do sensítizadas a hierarquias individualizadas de an­
286 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

siedade sexual, elas nâo somente se tom aram con­ transição de um estado sedado para um estado
sideravelmente mais reativas sexualmente como normal. Considerando que o comportamento de
chegaram a ter prazer erótico no coito. Num artigo esquiva é extensivamente controlado por estímulos
posterior, Brady (1967) reafirma a eficácia da des- externos, parece improvável que mudanças na es­
sensitização baseada no relaxamento induzido por timulação interna expliquem adequadamente por
meio de drogas com uma variedade de perturba­ que animais podem mostrar uma perda dramática
ções ansiosas. Friedman (1968) relata taxas de êxito de 200 respostas recompensáveis sob influência da
similarmente elevadas no tratamento da impotência droga a apenas 3 respostas esparsas na mesma si­
por meio da dessensitização com a ajuda de drogas. tuação sob condições não-drogadas (Sherm an,
Os resultados citados são suficientemente pro­ 1967). Uma interpretação alternativa envolveria
missores para justificar avaliações sistemáticas com­ déficits de aprendizagem, ao invés de generaliza­
parativas do grau em que, se isto na reaiide ocorre, ção. As drogas, especialmente em altas dosagens,
podem produzir não apenas uma desativação pas­

PS
os efeitos produzidos pelas drogas facilitam o pro­
cesso de contracondicionamento. Existe alguma sageira mas também prejudicar as funções de
evidência de laboratório para indicar que os efeitos aprendizagem. Não esperaríamos que mudanças
tranqüilizantes benéficos das drogas podem ser comportamentais que são primariamente induzidas
parcialmente erradicados pelos seus efeitos retarda­ por via química persistam após a recuperação far­

U
tários sobre a aprendizagem (Cole e Gerard, 1959; macológica. Por outro lado, doses ótimas que pro­
Mitchell e Zax, 1959; Schneider e Costiloe, 1957). duzem efeitos tranqüilizantes benéficos sem afetar
negativamente os processos de aprendizagem po­

O
Não apenas o condicionamento pode ser impedido
mas, se os resultados da experimentação animal deriam aumentar a extinção do potencial eliciador
forem aplicáveis a seres humanos, as mudanças in­ de ansiedade dos estímulos aversivos. Mesmo que

R
duzidas durante um estado drogado podem ter avaliações com parativas m ostrassem que isto
valor limitado de transferência. Barry, Etheredge e ocorre, as ajudas farmacológicas deveriam ser pri­
mariamente restritas a pessoas que não se benefi­
Miller (1965) descobriram que várias dosagens de
sódio amobarbital capacitavam os animais a reence-
tar uma resposta produtora de alimentos que tinha
sido previamente inibida pelo condicionamento do
Gciam com o uso exclusivo de procedimentos psico­
lógicos. Tendo em vista os efeitos desagradáveis das
injeções intravenosas e os perigos potenciais da de­
KS
medo, mas que a redução da inibição comporta- pendência das drogas com o uso repetido, os ga­
mental fracassava na transferência para o estado nhos em extinção deveriam ser substanciais para
normal não-drogado. Um estudo por Sherman justificar o uso freqüente das drogas como adjuntos
(1967) sugere, porém, que o decréscimo da transfe­ dos procedimentos padronizados de contracondi­
cionamento.
O

rência pode ser impedido por um procedimento de


tratamento envolvendo a redução progressiva da Deve ser assinalado, de passagem, que as pessoas
dosagem do medicamento redutor do medo. O só­ que rotineiramente consomem drogas “tranqüili­
BO

dio amobarbital restaurava o comportamento pre­ zantes” não irão necessariamente vivenciar uma ex­
viamente inibido em animais durante o estado de tinção progressiva das respostas emocionais. A ob­
sedação; contudo, sujeitos que experimentavam tenção de resultados permanentes de descondicio-
uma retirada abrupta da droga exibiam um decrés­ namento exige tanto a presença de um estado tran­
cimo precipitado no desempenho ao nível do grupo qüilo ou positivo emotivo de força suficiente
de controle de sal, ao passo que aqueles que conti­ quanto reexposições judiciosas a estímulos cruciais
EX

nuaram a receber a droga em quantidades progres­ provocadores de ansiedade. Estes requisitos da


sivamente menores mostraram um aumento mono- aprendizagem ocorrem raramente nas experiências
tônico de reatividade. Aparentamente, um trata­ da vida diária. Ao contrário, as pessoas se defron­
mento com a retirada gradual da droga pode facili­ tam muitas vezes prematuramente com situações
excessivamente ameaçadoras que resultam no re-
D

tar a extinção permanente do comportamento me­


diado pelo medo, embora, como assinala o autor, a forçamento dos comportamentos de esquiva e não
superioridade relativa desta abordagem não possa na sua extinção. Os casos mais severamente incapa-
IN

ser determinada sem dados de um grupo que é tados, por outro lado, estão geralmente sedados de
descondicionado sob uma dosagem constante da forma tão profunda que não são capazes de muito
droga por um período equivalente de tempo antes recondiciona mento.
que a droga seja abruptamente retirada.
Acompanhamentos Fisiológicos do
Permanece a questão de saber por que os orga­
nismos que repetidamente desempenham respostas Comportamento Emocional
de que têm medo, que são intermitentemente re­ As teorias da personalidade e da psicoterapia ge­
compensadas durante um estado drogado, fracas­ ralmente diferenciam entre tipos de “impulsos” ou
sam em apresentar algum grau de extinção perma­ estados emotivos como se eles representassem for­
nente do meda. Uma interpretação, favorecida por mas distintas de excitação fisiológica. Desta forma,
Barry, Etheredge e Miller (1965), pressupõe que num caso se admite que a pessoa esteja sofrendo de
ocorre uma extinção permanente, mas que a trans­ “impulsos hostis reprimidos” e ela é, portanto, en­
ferência dos efeitos terapêuticos é impedida pela corajada a expressar a agressão física ou verbal
acentuada m udança de estímulos resultante da destinada a ser uma descarga do estado afetivo hos-
DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACOND1CIONAMENTO 287

til incômodo. Em outro caso, a “ansiedade” pode estimuladoras induzentes sem dúvida desempenham
ser vista como a principal condição emocional que um papel influente. Desta forma, por exemplo, a
presumivelmente reflete uma forma um tanto dife­ excitação visceral que é gerada por uma estimula­
rente de excitação fisiológica. Se os comportamen­ ção ameaçadora será provavelmente interpretada
tos emocionais rotulados como raiva, medo ou eu­ como medo ou ansiedade; excitação produzida por
foria fossem controlados por eventos fisiológicos obstáculos e pelas atividades impeditivas de agentes
separados, então, diferentes tipos de tratamento se­ frustradores tenderá a ser vivenciada como raiva; e
riam necessários para extinguir estes diversos tipos a excitação produzida por uma estimulação alta­
de comportamento emotivo. mente agradável será identificada como alegria ou
Os estudos fisiológicos mostram que a grande va­ euforia. Num estudo destinado a identificar as ca­
riedade de emoções que as pessoas vivendam fe- racterísticas das situações que poderiam servir
no m en o lo g icam en te não é aco m p an h ad a de como pistas para diferençar entre emoções, Hunt,
uma diversidade correspodente de padrões de res­ Cole e Reis (1958) descobriram que estudantes se

PS
posta fisiológicos. Nos procedimentos habitual­ inclinavam a avaliar eventos ambientais como pro­
mente usados, os indivíduos são sujeitos a uma es­ vocadores de medo quando eram ameaçadores,
timulação que provoca medo ou raiva durante a como raiva, quando os agentes frustradores apare­
qual mudanças em numerosas respostas fisológicas ciam de form a proem inente, e como tristeza

U
são simultaneamente registradas. A interpretação quando os objetos desejados eram irrecuperavel­
destes achados é complicada pela falta de evidência mente perdidos.
independente de que os dois estímulos são com­

O
Até mesmo a operação induzidora e sua excitação
paráveis quanto à aversividade. É conseqüente­ fisiológica associada podem resultar em emoções
mente difícil determinar se as diferenças obtidas diferentes dependendo da forma das pistas efetivas

R
são atribuíveis a dessemelhanças nos aspectos quali­ de modelação que servem para definir o comporta­
tativos ou nas intensidades relativas dos estímulos mento emotivo apropriado sob condições de ambi­
aversivos. Além do mais, como notou Duffy (1962),
a não ser que seja mostrado que estímulos dissimi­
lares dentro da mesma classe emocional produzam
padrões idênticos de excitação fisiológica, a genera­
G
güidade. De acordo com a teoria da emoção apre­
sentada por Schachter (1964), quando uma pessoa
vivência um estado de excitação fisiológica e não
pode identificar claramente a sua fonte, a mesma
KS
lidade dos achados produzidos por um único estí­ condição emocional pode ser interpretada como
mulo de medo e um único estímulo de raiva ainda raiva, eüforia, ansiedade, ou outro tipo de senti­
é questionável. mento, dependendo da natureza das influências ex­
Baseado em manipulações nas quais os sujeitos ternas. A interação entre determinantes de mode­
O

sentiam choques de intensidade crescente enquanto lação, cognitivos e fisiológicos, do estado emocional
o experimentador se mostrava alarmado por causa é revelada num experimento por Schachter e Sin­
de um perigoso curto-circuito de alta voltagem no ger (1962), que procederam da seguinte maneira.
BO

aparelho, e nas quais também recebiam um trata­ Um grupo de estudantes universitários recebeu in­
mento rude e sarcástico de um auxiliar, Ax (1953) jeções de adrenalina, um estimulante simpático, e
encontrou algumas diferenças sutis nas reações fi­ foi ao mesmo tempo corretamente informado de
siológicas à provocação da raiva e do medo. Dados seus efeitos físicos colaterais. Um segundo grupo
relatados por Schächter (1957), utilizando manipu­ de sujeitos também recebeu a adrenalina mas não foi
lações análogas, mostram uma reatividade cardio­ informado de seus efeitos colaterais, enquanto que
EX

vascular essencialmente semelhante ao medo e à outros estudantes recebiam uma injeção placebo de
raiva estimulados, mas ambos diferem significati­ uma solução salina. Imediatamente depois da ma­
vamente de reações à dor induzida por um teste de nipulação experimental da excitação fisiológica,
um estímulo frio. Contudo, na base de categoriza- todos os sujeitos foram enviados a uma sala onde
D

ções subjetivas dos dados, o autor extrai uma especi­ foram expostos ao assessor do experim entador,
ficidade fisiológica maior do que os achados real­ supostamente outro sujeito, que apresentava uma
mente justificam. Parece pouco provável que dife­ raiva e agressão verbal considerável em relação ao
IN

renças pequenas num padrão de outro modo idên­ procedimento experimental. Os sujeitos do grupo
tico de reatividade fisiológica, são suficientemente adrenalina-não-informados apresentavam mais si­
discrimináveis, se é que o são, para servir como pis­ nais de raiva do que os estudantes nas condições de
tas para diferençar entre diferentes estados emoti­ adrenalina-informados ou de placebo, que não di­
vos. feriram um do outro. Em outra fase deste experi­
Os resultados de estudos tanto fisiológicos como mento, foram empregados quatro tratamentos, os
psicológicos apóiam a conclusão de que um estado três descritos acima e um no qual os sujeitos rece­
comum difuso de excitação fisiológica medeia di­ beram injeções de adrenalina e foram deliberada­
versas formas de comportamento emocional e que mente informados de forma errônea a respeito de
os diferentes estados emocionais são identificados e seus efeitos colaterais, de maneira que não tinham
discriminados primariamente em termos de estímu­ nenhuma explicação adequada para o seu estado
los externos ao invés de pistas somáticas internas. de excitação. Nesta fase, o assessor se compor­
Entre as pistas situacionais que ajudam a rotular tou numa maneira eufórica extraordinária, por
um dado estado de excitação fisiológica, as condições exemplo, jogando aviões de papel, brincando com
288 DESSENSITIZAÇÀO POR CONTRACONDICIONAMENTO

um aro e jogando basquete com o equipamento que modificar diferentes formas de comportamehto
havia na sala. Os sujeitos que sentiram a excitação afetivo. A medida que os procedimentos de contra-
fisiológica e tinham sido erroneamente informados condicionamento podem neutralizar com êxito o
ou não-in formados sobre a base de sua reatividade potencial de excitação de eventos estimuladores va-
apresentaram muita euforia, ao passo que os sujei­ lenciados, então o método deveria ser aplicável não
tos igualmente excitados, mas que tinham uma ex­ apenas a problemas de ansiedade mas também a
plicação correta, e o grupo placebo nào-excitado emoções vivericiadas como hostilidade, ciúme, íuto
foram pouco afetados pelo comportamento do as­ ou qualquer outro nome. Deveria também ser pos­
sessor. sível decrescer emoções rotuladas positivamente
Num experim ento relacionado, Schachter e por este mesmo método se a teoria do controle vis­
Wheeler (1962) aumentaram a gama da excitação ceral não-específico fosse válida. Finalmente, alguns
autonôm ica aplicando adrenalina, uma injeção problemas emocionais poderiam resultar de um ro-
salina placebo ou clorpromazina, um depressor tulam ento errôneo de estados de sentim entos;

PS
simpático, a diferentes grupos de sujeitos. Depois aceito isto, a pessoa teria que ser ensinada a discri­
de receber suas injeções, todos os sujeitos assistiram minar adequadamente os determinantes de seus es­
a uma comédia tipo “pastelão”. O grupo injetado tados de excitação.
com adrenalina mostrou-se mais divertido, medido As pessoas muitas veies vivenciam uma deflagra­

U
tanto por auto-relatos como por avaliações de com­ ção da ansiedade sem ser capazes de identificar os
portamento, do que os sujeitos placebo; ao passo estímulos evocativos. Nas terapias interpretativas
que o grupo injetado com clorpromazina foi o tais respostas emocionais são freqüentemente atri­

O
menos afetado pela apresentação da comédia. buídas a causas hipotéticas operando a nível in­
Pesquisas ulteriores, feitas por Nisbett e Schach­ consciente. Se a excitação emocional puder ser re­

R
ter (1966), mostraram que os estados emocionais duzida em certa extensão por atribuir erronea­
induzidos por estímulos am bientais são m ani­ mente as reações a fontes não-emocionais, então é
concebível que estímulos neutros pudessem se tor­
puláveis até certo ponto, como foi demonstrado
pela excitação induzida por drogas. Aplicou*se aos
estudantes choques fracos ou muito intensos depois
de terem recebido uma pílula placebo. Metade dos
G
nar investidos de propriedades evocadoras de
medo se fossem erroneamente interpretados como a
fonte das reações de ansiedade.
KS
sujeitos em cada condição foi levada a acreditar
que os efeitos colaterais que acompanhavam a Sumário
droga eram similares a reações emocionais produ­ Neste capítulo, o princípio do contracondiciona-
zidas por choques, ao passo que os outros sujeitos mento foi discutido em relação à modificação do
O

foram corretamente informados de que o choque com portam ento em ocional pela neutralização
evoca sintomas excitatórios, como palpitações e tre­ do potencial de excitação dos estímulos ameaçado­
mores. Os estudantes que receberam um choque res. O processo de recondicionamento é obtido
BO

fraco e atribuíram a sua excitação autonômica à pí­ induzindo-se atividades incompatíveis com as res­
lula toleraram uma estimulação mais dolorosa e re­ postas emocionais na presença de estímulos causa­
latavam menos dor do que aqueles que interpreta­ dores de ansiedade. Este modo de mudança com-
vam a sua excitação como devida ao choque. Còn- portamCntal se baseia no fato de que os efeitos
tudo, atribuir a excitação a uma fonte artificial não condicionados classicamente podem exercer um
tinha influência sobre a tolerância à dor quando os controle mediador, principalmente por meio de
EX

choques eram severos. Estes últimos achados indi­ mecanismos centrais, sobre o com portam ento
cam que os estados de excitação são menos suscetí­ aprendido instrumental mente.
veis a uma nova rotulação quando os estímulos con­ Três conjuntos de variáveis, umas necessárias e
troladores são aparentes e poderosos. outras apenas facilitadoras, foram destacados como
D

Tomados em conjunto, os estudos demonstram especialmente- relevantes para os processos de con-


que os estados emocionais são parcialmente uma tracondicionamfento. Em primeiro lugar, devemos
função do grau de excitação fisiológica, mas que selecionar um estímulo neutralizador da ansiedade
IN

variáveis sociais e cognitivas podem desempenhar capaz de eliciar eventos competidores de suficiente
um papel crucial na determinação tanto da natu­ força para predominar sobre as respostas caracte­
reza como da intensidade das emoções vivendadas, risticamente evocadas por indícios provocadores de
especialmente quando os indivíduos não podem ro­ emoção. Na prática, o relaxamento muscular, ali­
tular adequadamente a fonte de sua condição de mentos apetitosos, imagens positivas, respostas afe­
excitação. Desta forma, o mesmo estado de excita­ tivas induzidas pela relação, e agentes farmacológi­
ção fisiológica pode ser vivenciado como euforia, cos que reduzem a excitação emocional foram em­
raiva ou outro tipo de condição emocional depen­ pregados como neutralizadores da ansiedade. Estes
dendo das cognições definidoras e das reações afe­ tipos de atividades competidoras aumentam a tole­
tivas dos outros às situações induzentes de excita­ rância dos estímulos aversivos, aceleram a taxa de
ção. dessensitização e geralmente favorecem a extinção
Os achados precedentes têm várias implicações de um comportamento de esquiva severo.
terapêuticas importantes. Não é necessário reduzir A segunda classe de variáveis pertence aos even­
tipos específicos de excitação fisiológica a fim de tos provocadores de emoção. As questões aqui se
DESSENSITIZAÇÃO POR CONTRACOND1CIONAMENTO 289

relacionam com a identificação exata dos estímulos mente abrangem toda a gama de elementos aversi­
determinantes do comportamento emocional, e as vos contidos nas situações de vida real. O contra­
formas e imensidades com as quais os estímulos ex- condicionamento por si só também tende a efetuar
citatórios são neutralizados. Os tratamentos de con- melhoras comportamentais limitadas nas condições
tracondicionam ento são dirigidos, tipicam ente, em que a reatividade ansiosa é uma conseqüência
contra representações simbólicas de ameaças reais, realista de déficits comportamentais, ou quando as
porque, nesta última forma, podem ser facilmente recompensas associadas com o funcionamenrto res­
controlados e o método pode ser aplicado a uma taurado são sobrepujadas pelas vantagens de per­
variedade quase infinita de fontes de ansiedade. manecer comportalmente incapacitado.
Contudo, nos casos em que os estímulos simbólicos A dessensitização simbólica poderia servir prima­
carecem de capacidade eliciadora ou outras condi­ riamente para diminuir o valor de evocação da an~
ções necessárias para se atingir a dessensitização siedade dos estímulos aversivos abaixo do limiar,

PS
não possam ser adequadam ente induzidas por para ativar o com portamento de esquiva, desta
meios verbais, as ameaças reais são apresentadas de forma permitindo às pessoas engajar-se, embora
forma física, pictórica ou auditiva. um tanto ansiosamente, num novo comportamento
Na maioria das aplicações do princípio de con- de aproximação. Isto oferece a oportunidade para
tracondicionamento, os eventos aversivos são ini­

U
uma ulterior redução da ansiedade residual e do
cialmente aplicados de forma atenuada, d e modo comportamento de esquiva em situações naturais.
que as respostas em ocionais a serem contra- Em casos envolvendo perturbações ansiosas graves,

O
atacadas são relativamente fracas e podem portanto o descondicionamento poderá ter que começar com
ser extintas prontamente, A medida que itens fra­ estímulos simbólicos que estão suficientemente dis­
cos perdem o seu valor <\e produção da ansiedade,

R
tantes das ameaças reais para evocar reações menos
estímulos progressivamente mais ameaçadores, qt^e intensas. Depois que as respostas emocionais aos es­
presumivelmente foram enfraquecidos por meio de tímulos imaginários foram substancialmente redu­
generalização dos efeitos da extinção, são introdu­
zidos gradualmente. Embora a graduação dos estí­
mulos não seja uma condição necessária para alcan­
çar a dessensitização, ela permite maior controle do
G
zidas, o indivíduo estará mais preparado para se
defrontar com as situações de vida real correspon­
dentes. O comportamento emocional pode ser mais
KS
completamente extinto suplementando-se a dessen­
processo de mudança e produz uma eliciação da sitização simbólica com tarefas graduadas de de­
ansiedade mínima quando comparada com abor­ sempenho, reforçamento positivo do com porta­
dagens que envolvem uma confrontação repetida mento de aproximação desejado e procedimentos
com estímulos de alto valor ameaçador. de modelação apropriados. £ possível que a eficácia
O

A terceira variável se relaciona com os pré- da dessensitização em si seja ainda mais aumentada
requisitos temporais para a ocorrência dos resulta­ e os problemas de transferência reduzidos pelo uso
de ameaças mais tangíveis em conjunção com ativi­
BO

dos de contracondicionamento. Tanto os eventos


neutralizadores da ansiedade como os eventos aver­ dades competidoras mais poderosas.
sivos devem estar associados contiguamente. O me­ As mudanças comportamentais' obtidas pelas
canismo do condicionamento é concebido como in­ operações de dessensitização não podem ser atri­
cluindo tanto processos mediacionais como associa­ buídas apenas ao condicionamento de respostas
tivos. competidoras a estímulos provocadores de medo
EX

Numerosas investigações de laboratório e estudos por meio da associação emparelhada repetida. Ou­
individuais controlados utilizando o paradigma da tros mecanismos também estão operando. Alguma
dessensitização simbólica com o relaxamento mos­ redução no comportamento de esquiva indubita­
tram que esta abordagem é eficaz para extinguir a velmente resulta da seleção de objetivos comporta­
capacidade de excitação emocional dos estímulos mentais explícitos e reforçam ento positivo dos
D

aversivos e para reduzir o comportamento de es­ avanços progressivos em direção ao alvo escolhido.
quiva. Além do mais, melhoras generalizadas no As mudanças resultantes também refletem em
IN

funcionamento comportamental muitas vezes resul­ parte a influência da exposição a estímulos aversi­
tam de mudanças especificamente induzidas. Con­ vos independentemente dos efeitos das atividades
tudo, análises mais refinadas do grau de transfe­ competidoras explicitamente program adas. Por
rência dos efeitos de extinção dos estímulos simbó­ este motivo, o procedimento multiforme, combi­
licos a situações de vida real mostram algum de­ nando exposição graduada, eventos neutralizadores
créscimo da generalização. Não somente o número de ansiedade e reforçamento positivo, é geralmente
de respostas de aproximação que as pessoas podem mais eficaz para extinguir o comportamento de es­
desempenhar com portal mente é geralmente menor quiva do que os componentes separados, sozinhos.
do que o número que foi neutralizado com êxito de Embora os métodos de contracondicionamento
forma simbólica, mas o comportamento de aproxi­ fossem primariamente empregados para extinguir a
mação restaurado é geralmente acompanhado de “ansiedade”, a evidência de que diversos compor­
uma ansiedade moderada quando executado pela tamentos emocionais são mediados por um estado
primeira vez. Este decréscimo da transferência re­ difuso comum de excitação fisiológica indica que
flete em parte as limitações inerentes ao trabalho esta abordagem poderia ser aplicável também a ou­
exclusivo com contranarres simbólicas que rara­ tras condições emocionais. Além do mais, os pro­
290 DESSE N Srm A Ç À O POR CONTRÀCONDICIONAMENTO

cedimentos de contracondidonamento podem ser cípios que governam estas formas aversivas de con­
utilizados não só para neutralizar eventos aversivos, tracondidonamento são discutidos no capítulo se­
mas para atribuir valêndas negativas a estímulos guinte.
positivos que são potencialmente nodvos. Os prin­

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Contracondicionamento Aversivo
No capítulo precedente, mostramos como even­ priedades negativas. Assim, por exemplo, nos pro­

PS
tos a m e a ç a d o re s p o d em ser n e u tra liz a d o s gramas de tratamento nos quais uma estimulação
associando-os com experiências positivas. Algumas aversiva é apresentada a alcoólatras no ato de beber
formas de disfunções psicológicas refletem um bebidas alcoólicas, e a travestis enquanto vestem
problema contrário, resultante do fato de que cer­ roupas de baixo de mulheres, a designação do pro­
tas atividades ou objetos, que são potencialmente

U
cedimento é um tanto arbitrária.
nocivos ou socialmente proibidos, adquiriram um
valor de reforçamento excepcionalmente poderoso Desenvolvimento da Aversão

O
para o indivíduo. Tais desvios geralmente assumem Condicionada e da Esquiva
a forma de adição a várias drogas ou intoxicantes,
ou atração sexual acentuada a estímulos inapro- Os processos básicos envolvidos 110 desen\oiw-

R
priados como os manifestados no travesti, no feti- mento da aversão condicionada e da esquiva foram
chismo, no exibicionismo, na homossexualidade e em discutidos em detalhe no Cap. 5. Resumidamente,
outras expressões sexuais aberrantes. Às vezes são
feitas tentativas para controlar tal comportamento
pelo desenvolvimento de uma aversão condicio­
nada aos estímulos positivamente reforçadores
G
um objeto ou uma atividade que é repeddamente as­
sociada com experiências aversivas adquire algumas
das propriedades negativas do estímuka_ aversivo.
Enquanto os estímulos negativamente condicionados
KS
emparelhando-os contiguamente com experiências retiverem seus efeitos aversivos, o indivíduo estará
negativas. Elaborou-se uma série de métodos para inclinado a evitá-los.
produzir a aversão condicionada. Tais métodos têm Na maioria das investigações de laboratório da
sido aplicados principalmente às pessoas que dese­ aversão condicionada, estímulos anteriormente neu­
O

jam obter controle sobre um comportamento in­ tros adquirem propriedades negativas. De maior re­
tratável que pode produzir conseqüências-sérias a levância às questões da mudança comportamental,
longo prazo para elas. contudo, são os estudos que mostram que a aversão
BO

pode ser estabelecida a estímulos intensamente pre­


A abordagem do condicionamento clássico para a
feridos (Garcia, Kimeldorf e Koelling, 1955; Mas-
eliminação dos padrões de resposta desviantes deve
serman, 1943; Peacock e Watson, 1964). Embora o
ser distinguida do condicionamento instrumental
fenômeno tenha sido demonstrado, não houve ne­
aversivo, descutido no Cap. 5, no qual as tendências
nhuma pesquisa sistemática para determinar as con­
de respostas são inibidas fazendo com que conse­
dições ótimas para criar aversões persistentes.
EX

qüências punitivas se sigam à ocorrência do com­


portamento. No paradigma do condicionamento
clássico, os eventos aversivos são correlacionados aos ESTÍMULOS NÀO-CON DICIONADOS NO
estímulos com o propósito de alterar a valência dos
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO
mesmos, ao passo que no procedimento instrumen­ Até recentemente, a maioria das aplicações do
D

tal, os resultados negativos são correlacionados com as- contracondicionamento aversivo utilizou agen tes
respostas para inibir o desempenho de respostas farm acológicos nauseantes para criar as condições ne­
IN

desviantes. O castigo que é tornado contingente ao gativas exigidas. Os procedimentos específicos se­
aparecimento de um comportamento indesejável guidos nesta forma de terapia são bem ilustrados
pode temporariamente suprimir a sua ocorrência, por Lavin, Thorpe, Barker, Blakemore e Conway
mas se os estímulos positivos que evocaram o com­ (1961) no seu tratamento de um travesti masculino.
portamento estiverem ausentes durante a punição, O cliente, um chofer de caminhão, casado, com 22
provavelmente irão reter a sua atratividade. Embora a n o s , freqüentemente usava indumentária femi­
as abordagens clássica e instrumental possam ser nina, padrão de comportamento que se iniciara na
facilmente diferenciadas operacionalmente, este úl­ primeira infância, quando ele ocasionalmente usava
timo procedimento muitas vezes produz, alguns dos os vestidos de suas irmãs. Após a puberdade, ele
efeitos do condicionamento clássico. Quando um tinha orgasmos quando vestido com indumentária
determinado comportamento é punido, os estímu­ feminina, e se masturbava com o acompanhamento
los que surgem -da' própria resposta punida e os de fantasias de travesti. Usar as vestimentas do
eventos ambientais presentes podem adquirir pro­ oütro sexo se tornara um poderoso reforço sexual,
297
298 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

mas o receio de conseqüências legais sérias; uma eventos positivamente reforçadores estão adqui­
vez que ele ocasionalmente aparecia em público rindo um valor negativo e não um valor de alívio
vestido de mulher, e as pressões da sua esposa, in­ do desconforto. As exigências temporais ótimas são
duziram o paciente a procurar tratamento. difíceis de conseguir com o uso de agentes bioquí­
Este caso ilustra a aplicação cuidadosa de vários micos por causa do início gradual e muitas vezes
dos requisitos para um contracondicionam ento imprevisível das reações fisiológicas. Em conse­
bem-sucedido. Ao selecionar o estímulo condicio­ qüência, a apresentação dos estímulos condiciona­
nado é necessário determ inar quais dos aspectos dos é tipicamente adiada para algum tempo depois
específicos dos eventos estimuladores têm maior va­ que as pessoas começam a exibir reações de náusea
lência positiva. Neste caso particular, por exemplo, ou outros sinais de desconforto crescente. Além da
notou-se que a textura ou as sensações táteis da in­ questão temporal, foi mostrado (Fromer e Berko-
dumentária feminina não produziam nenhuma ex­ witz, 1964) que estímulos aversivos com um início

PS
citação sexual, mas ver-se a si próprio no espelho gradual produzem respostas aversivas considera­
vestido de m ulher era altam ente estim ulante. velmente mais fracas do que aquelas que têm um
Decidiu-se, então, empregar uma série de slides co­ início súbito. (3omo não existe nenhum modo eficaz
loridos do cliente em várias etapas de uso de rou­ de terminar abruptamente os estados aversivos in­
pas de mulher, iniciando-se apenas de calcinhas duzidos pelas drogas, as reações de náusea são pro­

U
até estar completamente trajado, para condicio­ longadas desnecessariamente. Além do mais, como
nar reações negativas a todos os aspectos do uso elas também tendem a subsidir gradualmente, o te­

O
da indumentária do sexo oposto. Além disso, uma rapeuta carece de critérios fidedignos para precisar
gravação em Fita do cliente descrevendo o compor­ o momento de retirada dos estímulos condiciona­
tamento de travesti mostrado (por ex., “eu agora dos a fim de evitar a sua associação com a redução

R
vesti e estou usando calcinhas de mulher”) acom­ do desconforto.
panhava cada slide. As pistas auditivas eram prima­ Além dos problemas criados pelo controle inade­
riamente usadas para aum entar o estímulo condi­
cionado, para assegurar a presença do estímulo
caso o cliente não estivesse prestando atenção aos
slides e para facilitar os efeitos de generalização.
G
quado sobre a razão do início, duração, intensidade
e recuperação da atividade da droga, efeitos colate­
rais fisiológicos indesejáveis são às vezes produzi­
dos, exigindo a administração de remédios adicio­
KS
Injeções intram usculares de hidrocloreto de nais. Algumas das ações das drogas que acompa­
apomorfina serviram como o estímulo incondidona- nham, mas não estão relacionadas com, os ^feitos
do, embora ocasionalmente hidrox cloreto eme- em razão dos quais estão sendo administradas, po­
tina tenha sido substituído depois que a tolerância dem, naturalmente, prejudicar o próprio processo
O

do cliente à apomorfina tenha aumentado. Tão logo de condicionamento. Drogas de ação depressora
ele dissesse estar nauseado, era projetado um slide central diminuem o condicionamento,- ao passo que
sobre a tela e iniciava-se a rotação da fita; os estímu­ drogas estimulantes facilitam a formação de respos­
BO

los pictóricos e auditivos eram prontamente retira­ tas condicionadas (Franks, 1966). A emetina é, pois,
dos dêpois que os vômitos começavam. O cliente geralmente favorecida, uma vez que a apomorfina
recebeu 66 ensaios eméticos, um cada duas horas, tem efeitos sedativos. Quando esta última droga é
durante seis dias, À medida que o condicionamento usada, estimulantes como sulfato de dexanfeta-
aversivo progredia, o travestismo assumiu suficien­ mina (Lavin et al., 1961) ou cafeína (Freund, 1960)
tes propriedades desagradáveis, de modo que o
EX

são geralmente administrados para reagir contra a


cliente já não derivava qualquer satisfação erótica sua ação depressiva. O agente farmacológico ideal
com o uso de roupas do sexo oposto. Uma série de seria uma droga estimulante que produzisse respos­
entrevistas de seguim ento tanto com o cliente tas eméticas curtas e facilmente controláveis e esti­
quanto com sua esposa revelou uma cessação com­ vesse livre de efeitos colaterais adversos. Embora a
D

pleta do comportamento travesti e continuada indi­ emetina seja mais apropriada porque não possui
ferença a roupas que anteriormente o excitavam. propriedades depressoras, sua administração fre­
IN

Em outras seções deste capítulo analisamos nu­ qüente pode resultar em seqüências cardiovascula­
merosos estudos, nos quais drogas eméticas, usual­ res (Barker, Thorpe, Blakemore, Lavin e Conway,
mente apomorfina ou emetina, foram empregadas 1961). Finalmente, o uso de métodos farmacológi­
para criar aversão. Existem, contudo, muitas des­ cos exige a hospitalização e impõe certas limitações
vantagens nos procedimentos farmacológicos que sobre a maneira pela qual os estímulos condiciona­
impõem certas limitações à sua utilidade e aplicabi­ dos podem ser apresentados.
lidade. A estimulação elétrica aversiva foi crescentemente
Estímulos contíguos com o início das experiências empregada no tratamento aversivo, principalmente
aversivas gradualm ente adquirem propriedades porque perm ite um controle preciso sobre as
negativas, ao passo que estímulos associados com a variáveis de condicionamento (Rachman, 1965).
redução ou o término do desconforto podem na Choques aversivos podem ser apresentados e ter­
realidade adquirir uma função paliativa (Mowrer, minados abruptamente; podem ser facilmente va­
1960). É, portanto, necessário exercer um controle riados em sua duração e intensidade; e, exceto no
preciso sobre a introdução temporal e a seqüência caso de perturbações cardíacas, não produzem ne­
de variáveis estimuladoras para assegurar que os nhum efeito fisiológico adverso. Este controle
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 299

maior torna possível não só organizar relações capaz de conseguir um controle temporário sobre a
temporais ótimas entre os estímulos condicionado e d roga adição num médico fazendo com que ele
incondicionado, mas também conduzir numerosos aplicasse a si mesmo um choque por meio de um
ensaios de aversão numa só sessão. O tratamento aparelho portátil sempre que o desejo da droga
pode até ser auto-aplicado em situações naturais aparecia.
nas quais o comportamento-problema é evocado.
Nos métodos discutidos até agora, o contracondi­
Durante os ensaios de condicionamento, choques cionamento aversivo é obtido por meio de uma as­
m oderadam ente severos são aplicados ao ante­ sociação repetida de uma náusea criada farmacolo-
braço (Kushner e Sandler, 1966) ou aos pés (Bla- gicamente ou por meio de uma estimulação elétrica
kemore, Thorpe, Barker, Conway e Lavin, 1963) desagradável. Uma abordagem muito mais interes­
do cliente em conjunção com os eliciadores do sante, que tem numerosas vantagens sobre os estí­
comportamento indesejado. Um número de ensaios mulos físicos nocivos, envolve a aversão induzida sim­

PS
de choque são apresentados durante cada uma das bolicamente. Nesta form a de contracondiciona­
sessões, que são marcadas num período de uma ou mento, eventos de valência positiva são repetida­
duas semanas. mente emparelhados com fortes sentimentos de
Às vezes é difícil introduzir no tratamento os náusea e respostas eméticas que são verbalmente

U
eventos estimuladores do comportamento desviante induzidas. Os conteúdos negativos verbais são ge­
na forma e intensidade com as quais são geral­ ralmente retirados de experiências desagradáveis,
mente encontrados nas situações do dia a dia. Con­

O
dolorosas ou revoltantes que ocorreram anterior­
seqüentemente, as reações de aversão podem ser mente em conexão com os objetos e atividades
condicionadas a representações verbais, pictóricas prazeirosos ou em outros contextos. Como nos ou­

R
ou imaginárias dos verdadeiros objetos do estímulo, tros paradigmas, os ensaios de condicionamento
com a esperança de que ocorrerá uma transferên­ são continuados até que os estímulos anteriormente
cia suficiente para inibir tendências de aproxima­ positivos por si só eliciam sentimentos de revulsão.
ção nas situações de vida real. McGuire e Vallance
(1964) elaboraram um aparelho de estimulação elé­
trica portátil que torna possível ao cliente, depois
G
Miller (1959, 1963) oferece várias ilustrações do
uso bem-sucedido dos métodos de aversão simbóli­
KS
de algum treino preliminar, efetuar o seu próprio cos na modificação do homossexualismo e do alcoo­
contracondicionam ento em contextos naturais lismo. A maioria dos homossexuais vivenciou rea­
sempre que se sente impelido a desempenhar o ções específicas de desgosto, numa ou outra época,
comportamento desviante. nas relações íntimas com certos parceiros masculi­
nos. Durante o tratamento,reações nauseantes revi­
O

A utilização do procedimento de antocondicio-


vidas hipnoticamente, as quais o cliente já experi­
namento é ilustrada no tratamento de um estu­
mentara em contatos homossexuais prévios, são re­
dante de pós-graduação de 25 anos que estava se
petidamente associadas com práticas homossexuais
BO

m asturbando com fantasias fetichistas, acompa­


visualizadas envolvendo os companheiros masculi­
nhadas de considerável culpa, cerca de três vezes
nos do momento. Um cliente, por exemplo, sentia
por dia durante 10 anos. O cliente começou a tera­
uma forte revulsão ao cheiro e gosto da urina e da
pia de aversão depois de ter participado num tra­
perspiração enquanto desempenhava a felação com
tamento convencional, que não tinha reduzido nem
um homem não circuncidado. Estas experiências
o seu comportamento masturbatório fetichista nem
EX

anteriores eram, portanto, empregadas como estí­


os sentimentos de culpa acompanhantes. Na fase
mulos aversivos verbais no tratamento. O autor re­
inicial do tratamento, pediu-se ao cliente que pro­
duzisse as fantasias usuais e sinalizasse levantando lata que após várias sessões o cliente ficava nau­
seado pelos seus amantes masculinos e eventual­
a sua mão quando os objetos fetichistas eram clara­
mente rompeu com todos os contatos homosse­
D

mente visualizados, ocasião em que um choque elé­


xuais.
trico era aplicado. Em sessões ulteriores, quando
o cliente era incapaz de evocar as fantasias sexual­ Respostas de esquiva estabelecidas desta maneira
IN

mente provocadoras, fotografias de pessoas vesti­ são tipicamente reforçadas por ensaios suplementa­
das com roupas fetichistas eram empregadas como res de condicionamento com intervalos mensais du­
estímulos condicionados. Além disso, ele foi encora­ rante o primeiro ano. Além de ligar uma valência
jado a usar o aparelho de condicionamento em casa negativa a respostas e objetos de amor homoeróti-
sempre que sentia vontade de se masturbar. As fan­ cos, os procedimentos de contracondicionamento
tasias fetichistas foram completamente eliminadas simbólico são também empregados para aumentar
dentro de um curto período, a incidência do com­ o valor de reforço positivo dos estímulos heterosse­
portamento masturbatório foi substancialmente re­ xuais. No caso ilustrativo acima, o cliente participou
duzida, e naquelas ocasiões em que ele se mastur­ ao mesmo tempo num número de sessões nas quais
bava, pela primeira vez em sua vida este compor­ certos atributos femininos, que ele achava d e­
tamento foi acompanhado por fantasias heterosse­ sejáveis, eram hipnoticamente aumentados e asso­
xuais. Os autores relatam resultados favoráveis com ciados às mulheres. Embora nas poucas ocasiões em
o uso do procedimento de autocondicionamento que o cliente tinha tido encontros com moças ele
para reduzir ruminações obsessivas, obesidade, escolhera tipos masculinos, após o tratamento de
fumo e alcoolismo. Similarmente, Wolpe (1965) foi contracondicionamento, era atraído por, e n u r c u a
300 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

encontros com, mulheres que possuíam atributos Uma visão alternativa dos efeitos de contracondi­
fémininos acentuados. cionamento é a de que estímulos externbs adqui­
rem a capacidade de ativar um mecanismo de
No tratamento de aversão do alcoolismo, que auto-estimulação o qual, por sua vez, produz as
será revisto mais adiante, experiências de ressaca Teações aversivas. Assim, por exemplo, depois que
verbalmente revividas são associadas contigua- uma pessoa repetidam ente experim entou forte
mente com o cheiro e gosto das bebidas alcoólicas. náusea em conjunção com bebidas alcoólicas, a
Técnicas essencialmente similares de aversão sim­ simples visão ou cheiro do álcool a leva a reviver
bólica foram aplicadas numa base limitada ao tra­ suas experiências nauseantes passadas. Nesta con­
tamento da obesidade (Cautela, 1966), alcoolismo ceitualização as reações aversivas, são, em grande
(Abram s, 1964; Anant, 1967), adições e perversões parte, auto-induzidas e não automaticamente evo­
sexuais (Kolvin, 1967). As principais vantagens cadas. Se a auto-estimulação aversiva estabelecida
desta técnica é que ela não tem efeitos colaterais

PS
por meio do contracondicionamento é suficiente­
aversivos, é altam ente adaptável e as pessoas mente potente, uma pessoa pode ser capaz de com­
podem ser ensinadas a aplicar o tratamento a si bater a disposição para se engajar num comporta­
mesmas nas situações naturais nas quais o seu com­ mento desviante pela reinstalação simbólica de rea­
portamento problemático tende a ocorrer. ções de náusea sempre que necessário.

U
A maneira pela qual o contracondicionamento é
PROCESSOS QUE GOVERNAM A AVERSÃO aplicado irá diferir em muitos aspectos importan­
CONDICIONADA

O
tes, dependendo de se ele é visto como uma forma
A maneira pela qual os procedimentos aversivos de imunização automática ou uma técnica de auto­
controle. No primeiro caso, os métodos que permi­

R
são empregados e a durabilidade das aversões re­
sultantes tendem a ser influenciadas num grau con­ tem administração precisa e uma determinação exa­
siderável pela nossa conceitualização do mecanismo ta do momento da aplicação dos estímulos são favo­
mediante o qual a estimulação aversiva produz os
seus efeitos. A maioria dos relatos tradicionais do
contracondicionam ento produz a impressão de
G
recidos. Na segunda abordagem, por outro lado, os
procedimentos são elaborados para desenvolver
aversões a certos objetos ou atividades, aversões
estas que são fortes e facilmente recriadas. Para
KS
que, como resultado da associação em parelhada
com as experiências negativas, estímulos anterior­ este objetivo, os agentes verbais e farmacológicos
mente positivos evocam reações aversivas direta e podem regenerar aversões mais naturais e simboli­
automaticamente. A relação tem poral entre os camente reproduzíveis do que o choque elétrico,
eventos estimuladores é, portanto, considerada cujas manifestações fisiológicas são relativamente
O

como um determinante principal da força e durabi­ sutis. U n procedimento ótimo pode envolver ini­
lidade das aversões condicionadas. Como mostra­ cialmente o uso combinado de indução verbal e de
drogas eméticas ou choques para criar reações
BO

remos no capítulo seguinte, este ponto de vista não


mediacional está em desacordo com certos achados aversivas vividas. Nas sessões subseqüentes, porém,
experimentais. Foi demonstrado, por exemplo, que estím ulos verbais serão usados som ente como
tanto as respostas autonômicas condicionadas como agente condicionador, embora possam ser empare­
as respostas de aversão desaparecem prontamente lhados ocasionalmente com drogas eméticas ou
quando os eletródios de choque são retirados ou os choques para preservar a sua potência. Depois que
EX

sujeitos são apenas informados de que um dado es­ um sistema aversivo de auto-estimulação foi estabe­
tímulo não será mais acompanhado de estimulação lecido com suficiente força, os indivíduos seriam
dolorosa. Além do mais, respostas emocionais con­ instruídos a evitar se engajar no comportamento
dicionadas podem ser estabelecidas cogni tivãmente desviante induzindo deliberadamente reações de
sem o apoio imediato da estimulação aversiva ex­ náusea. Quando aversões condicionadas são vistas
D

terna. Já que nos tratamentos aversivos as expe­ como reações auto-induzidas ao invés de produtos
riências negativas associadas com as atividades automáticos de emparelhamento de estímulos, o
IN

agradáveis são relacionadas com o comportamento agente de mudança assume maior responsabilidade
de forma arbitrária e não-intrínseca, os indivíduos para dispor de incentivos positivos com o objetivo
podem facilmente discriminar que, na vida diária, dè assegurar que os indivíduos utilizem este meio
as mesmas atividades não somente não são acom­ potencialmente efetivo de autocontrole. Num pro­
panhadas de conseqüências desagradáveis, mas po­ grama compreensivo de tratamento, esta prática se­
dem, de fato, ser altam ente recom pensadoras. ria, naturalmente, usada em conjunção com Outros
Dado o controle cognitivo sobre os efeitos de con­ métodos de autocontrole, assim como procedimen­
dicionamento e contingências situacionais acentua- tos destinados a reduzir a instigação para se engajar
damente diferentes, poderíamos esperar que as no comportamento desviante.
aversões condicionadas fossem facilmente extintas e Quando algumas pessoas que se submeteram ao
que mostrassem pouca transferência do tratamento tratamento aversivo mais tarde revertem a suas ati­
para as situações da vida real. Por outro lado, existe vidades desviantes, estes resultados são muitas
uma evidência considerável de que revulsões esta­ vezes atribuídos a deficiências inerentes ao próprio
belecidas usualmente se generalizam a outras situa­ procedimento de condicionamento. Tipicamente, a
ções e podem ser relativamente de longa duração. escolha inadequada de ocasiões, a má seqüência dos
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 301

eventos estimuladores, a seleção de agentes aversi­ imediatas aos estímulos que tipicamente evocam o
vos inadequados, e os déficits de condicionabilidade comportamento.
são invocados como fatores explanatórios. Similar­ O principal valor dos procedimentos aversivos é
mente as recomendações para aumentar a eficácia que eles fornecem um meio de obter controle sobre
deste método escolhem variáveis de condiciona- o comportamento nocivo durante um período de
mento. Estas incluem o uso de esquemas intermi­ tempo no qual modos de resposta alternativos e
tentes de reforçamento, a continuação dos ensaios mais recompensadores podem ser estabelecidos e
por um período suficiente para garantir a sobrea- fortalecidos. Usado sozinho, este método pode re­
prendizagem, e a inclusão de tratamentos auxiliares sultar numa supressão apenas temporária das ten­
em intervalos periódicos depois que o programa dências desviantes. A resposta à redução das taxas
formal terminou (Eysenck, 1963). Existe uma evi­ de reversão, portanto, reside no escopo do pro­
dência sugestiva (Voegtlin, Lemere, Broz e 0 ’Hol- gram a de tratam ento em pregado ao invés das

PS
laren, 1942) de que a aversão condicionada e a es­ variáveis que operam no paradigma de condicio­
quiva podem ser mantidas com êxito por meio de namento. Esta questão será discutida mais detalha­
ensaios periódicos de recondicionamento. Apare­ damente no contexto da modificação de perturba­
lhos portáteis que permitam a auto-aplicação dos ções específicas de comportamento.
estímulos aversivos e o uso judicioso de conseqüên­

U
cias geradas simbolicamente, indubitavelmente re­ EVENTOS ESTIMULADORES NO
duziriam também a disposição para se engajar no TRATAMENTO DE AVERSÃO

O
comportamento desviante. Contudo, existe pouca As conseqüências de selecionar eventos estimula­
razão para se esperar que o reforçamento intermi­ dores inapropriados para o tratamento aversivo são
tente aumentaria a durabilidade das reações aversi­

R
consideravelmente mais sérias do que aquelas para
vas. O reforçamento parcial retarda a taxa de ex­ as abordagens de dessensibilização. Neste último
tinção ao reduzir a discriminabilidade das ocasiões caso, descondicionar um estímulo irrelevante ape­
nas quais as conseqüências habituais ocorrerão ou
não (Spence, 1966). A aplicação de reforços de uma
maneira imprevisível pode produzir respostas con­
dicionadas estáveis durante o tratamento, mas as
G
nas prolonga o tratamento, ao passo que os proce­
dimentos anteriores podem estabelecer aversões e
comportamentos de esquiva desnecessários. Em­
KS
bora os riscos associados com o contracondiciona-
condições de reforçamento que prevalecem na si­ mento aversivo sejam maiores, nos tipos de pertur­
tuação de tratamento e na vida diária diferem acen- bações comportamentais que são usualmente trata­
tuadamente e são facilmente distinguíveis. A mu­ das por estes métodos os objetos recompensadores
dança 5Ítuacional ordinariamente resultaria num são facilmente identificados (por ex., bebidas alcoó­
O

rápido decremento de reatividade, a não ser que as licas, drogas específicas, objetos fetichistas, indu­
funções cognitivas fossem utilizadas num sistema mentárias do sexo oposto, estímulos auto-eróticos).
de auto-reforçamento que poderia durar muito
BO

As principais decisões, portanto, se relacionam com


tempo depois que as influências condicionadoras a variedade de estímulos condicionados e as formas
foram retiradas. nas quais serão apresentados.
As aversões induzidas são geralmente menos Quando eles são aplicados inadequadamente, os
duráveis do que o comportamento de aproximação procedimentos aversivos podem ter efeitos inibitó­
que foi restaurado pela eliminação de inibições e rios generalizados. O controle da generalização é,
EX

ansiedades. Esta taxa diferencial de reversão é pro­ portanto, uma questão importante. Um agente de
vavelmente atribuível às diferentes contingências mudança se defronta com a tarefa de apresentar
de manutenção associadas com estas duas formas estímulos aversivos suficientemente intensos para
de comportamento. No caso das condições compor- provocar forte aversão, ao mesmo tempo que res­
tamentais envolvendo o medo, a remoção das res­ tringe a generalização a uma classe particular de
D

postas de esquiva permite às pessoas se engajarem atividades. Para conseguir este objetivo duplo, os
em muitas atividades potencialmente recompensa­ eventos estimuladores devem ser distintos e cuida­
IN

doras, as quais, por sua vez, fortalecem mais ainda dosamente delimitados. Aplicações da terapia de
o novo comportamento estabelecido. Modificações aversão à modificação do homossexualismo servi­
comportamentais iniciais tendem, portanto, a colo­ rão para ilustrar este último ponto. Tipicamente,
car em ação um processo positivo de influência re­ fotografias de homens nus, parcialmente nus e
cíproca. Em contraste, o comportamento sexual completamente vestidos são contiguamente asso­
apetitivo e aditivo produz um reforçamento ime­ ciadas a experiências desagradáveis. Nestes casos,
diato muito poderoso, ao passo que as conseqüên­ as aversões são estabelecidas a uma classe geral de
cias aversivas que ocorrem são tipicamente muito estímulos, de modo que alguma generalização inde-
retardadas. Estes tipos de condições de controle re­ sejada possa ocorrer, mas os eventos esümuladores
sultam num comportamento que não somente é re- mais relevantes (isto é, práticas homossexuais espe­
fratário à mudança, mas também facilmente reins- cíficas) não são incluídos no processo de condicio­
talável por causa dos efeitos reforçadores que namento. Portanto, não há nenhuma segurança de
acompanham a sua recorrência. Os tratamentos de que o condicionamento negativo se transferirá ne­
aversão tentam impedir a recorrência do compor­ cessariamente de modo extensivo de fotografias de
tamento desviante desenvolvendo reações aversivas homens a respostas homossexuais específicas a d o .
302 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

Está claro que uma transferência mais forte 'e cir­ tamento. Para ressaltar ainda mais os estímulos vi­
cunscrita seria conseguida se as apresentações dos suais, muitas vezes são usadas gravações, nas quais
estímulos contivessem todos os aspectos do homos­ os clientes se descrevem engajando-se no compor­
sexualismo que o tratamento pretende eliminar. tamento desviante, ou eles são instruídos para de­
O problema da transferência negativa pode ser senvolver imagens mentais envolvendo as ativida­
ainda mais complicado nos casos em que o compor­ des indesejadas. No tratamento aversivo do com­
tamento existente é inteiramente satisfatório, mas portamento de jogo compulsivo, Barker e Miller
os estímulos evocadores são tão estranhos e pertur­ (1966), e Goorney (1968) utilizaram itens de jor­
badores para os outros que são feitas tentativas nais, programas radiofônicos, apresentações na te­
para anular suas capacidades deflagradoras por levisão e aparelhos de jogo reais que ordinaria­
meio de procedimentos aversivos. Esta situação mente serviam de estímulos evocativos.
ocorre mais freqüentemente no tratamento de feti- Existe alguma evidência baseada na modificação

PS
chistas heterossexuais e travestis, os quais, para do alcoolismo (Lemere e Voegtlin, 1940; Quinn e
obter uma ereção e se engajar no relacionamento Henbest, 1967) e desvios sexuais (Marks e Gelder,
sexual, precisam usar as roupas de suas mulheres 1967) de que, quando um único estímulo é utili­
(Blakemore et al., 1963), capas de chuva (Oswald, zado no contracondicionamento aversivo, as rea­

U
1962) e receber pontapés com botas de borracha ou ções de aversão resultantes podem ser altamente
sapatos de salto alto (Marks, Rachman e Gelder, específicas àquela classe particular de estímulos.
1965). Tais modos singulares de excitação sexual Conseqüentemente, quando se deseja, como no tra­

O
criam sérios conflitos conjugais, chegando até a tamento do alcoolismo, uma aversão generalizada,
condicionar revulsões nos parceiros sexuais. Um uma ampla amostra de estímulos é empregada.

R
problema similar existe quando são feitos esforços
para negar o valor de excitação sexual de fantasias Desvios Sexuais
de autoflagelação, fetichistas e sádicas que provo­ Existe uma considerável evidência intercultural
cam o comportamento masturbatório ou heterosse­
xual sem suprimir o próprio comportamento. É de
considerável importância que, em muitos dos casos
G
(Ford e Beach, 1951) de que nas sociedades onde o
homossexualismo e o travestismo são socialmente
desaprovados, as inversões sexuais ocorrem rara­
KS
publicados, fantasias sexuais mais apropriadas mente; em contraste, usar roupas do sexo oposto,
emergem à medida que o potencial deflagrador dós relações anais, contatos genitais orais e masturba­
eliciadores estranhos é eliminado, e que o compor­ ção mútua são praticados regularmente pela maio­
tamento sexual desejável é mantido no seu nível ria dos membros das sociedades nas quais tal com­
original ou ainda aumentado (Blakemore et a l, portamento é completamente sancionado e positi­
O

1963; Cooper, 1963; Kushner e Sandler, 1966; vamente reforçado. Enquanto que na nossa própria
Marks e Gelder, 1967; McGuire e Vallance, 1964; sociedade provocar dor no parceiro sêxual é consi­
BO

Oswald, 1962; Raymond, 1956). derado uma perversão sádica, em outras culturas,
A direção e extensão da generalização de efeitos insinuações de dor, resultantes da agressão que
aversivos pode ser regulada mediante um pro­ normalmente acompanha as atividades de coito,
grama de reforçamento diferencial, no qual even­ servem como reforçadores sexuais poderosos
tos indesejáveis são repetidamente associados com (Holmberg, 1946; Malinowski, 1929). Também
experiências negativas, ao passo que os desejados existem variações culturais amplas nos atributos fí­
EX

são em parelhados com conseqüências recom ­ sicos e adornos que se transformam em estímulos
pensadoras ou não aversivas. A rotulação verbal sexuais culturalmente condicionados. O que adqui­
pode também ser utilizada eficientemente tanto riu propriedades de excitação erótica em uma so­
para delimitar o que está sendo condicionado nega­ ciedade — corpulência, magreza, seios hemisféricos
rijos ou seios longos pendurados, dentes brancos
D

tivamente quanto para realçar os elementos mais


relevantes no complexo de estímulos. Para conti­ brilhantes ou enegrecidos, orelhas deformadas, na­
nuar com o exemplo acima, os estímulos pictóricos rizes e lábios deformados, pelve larga e quadris
IN

poderiam ser suplementados com descrições do amplos ou pelve estreita e quadris estreitos, cor de
cliente, gravadas com a sua voz, engajando-se em pele clara ou escura — pode ser neutro ou alta­
relações sexuais anais e interfemorais, relações ge­ mente repulsivo a membros de outro grupo social.
nitais orais, masturbação manual mútua e outras Estes dados interculturais que mostram a ampli­
formas de reatividade erótica a homens. tude dos reforçadores sexuais preferidos são um
Parece razoável esperar que, como no caso da testemunho flagrante do papel influente da apren­
dessensibilização, quanto mais inclusiva a represen­ dizagem social no desenvolvimento do comporta­
tação de estímulos relevantes no programa aver­ mento sexual que pode ser julgado desviante por
sivo, e quanto mais similares eles são aos eventos da algum grupo social.
vida real, mais potentes serão os resultados do con- Embora a nossa sociedade imponha proibições
tracondicionamento. Esta prática geralmente é se­ sociais e legais severas contra certas formas de
guida no tratamento do fetichismo, travestismo, e comportamento, as quais se acredita que tenham
as várias adições, visto que, no caso de cada uma implicações sexuais, certos membros podem, não
destas perturbações, os estímulos atrativos podem obstante, vivenciar reforçamento pouco usual e in­
ser facilmente incluídos nos procedimentos de tra­ fluências de modelação que servem para promover
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 303

e manter o comportamento sexual desvíante. O A generalização de respostas homoeróticas inten­


principal obstáculo para a compreensão dos desvios samente reforçadas é ilustrada pelo caso de u m a
sexuais humanos é que, por questões éticas, a expe­ menina de 16 anos cuja mãe se deitava com ela, en­
rimentação destinada a identificar as condições que corajando carícias mútuas nos seios e outros jogos
governam os fenômenos sexuais não pode ser exe­ eróticos. A mãe procurou o conselho de um psi­
cutada. Conseqüentemente, a procura das variáveis quiatra depois que se tomou ciumenta da ligação
controladoras relevantes deve se basear em estudos homossexual da filha com uma professora. Os
naturalísticos. Um certo número de relatórios clí­ padrões homossexuais de com portam ento nem
nicos foi publicado contendo dados que ilustram sempre são fomentados de forma tão acentuada.
os processos de aprendizagem social mediante os Em múiLos casos, o pai serve como um modelo ina­
quais estímulos e respostas culturalmente desapro­ dequado de comportamento masculino e a distri­
priados adquirem propriedades reforçadoras se­ buição de poder social dentro da constelação fami­

PS
xuais excepcionalmente intensas. liar promove uma modelação transexual (Whitener
Litin, Giffin e Johnson (1956) descrevem o de­ e Nikelly, 1964). O comportamento apropriado ao
senvolvimento do travestismo num menino que sexo não é recompensado, e, quando os pais enco­
continuamente se vestia com as roupas da sua mãe, rajam relações com os companheiros, as associações
homossexuais tendem a ser favorecidas (Fleck,

U
incluindo cosméticos e jóias, exibia um comporta­
mento quase completamente feminino e até adotou 1960; Kolb e Johnson, 1955).
um nome de menina sugerido pela sua mãe. O O reforçamento ativo do comportamento sexual

O
vestir-se com roupas de mulher apareceu primeiro desviante por parte da mãe é novamente evidente
depois de um episódio no qual a mãe, em resposta no caso de um exibicionista de 17 anos descrito por

R
ao comentário do filho de que ela parecia bonita Giffin, Johnson e Litin (1954). A mãe muitas vezes
nos seus sapatos novos, o abraçou e deu-lhe seus tomava banho com o filho, se engajava em inter­
sapatos velhos. Ele usou estes sapatos diariamente, mináveis discussões sexuais, gostava de se exibir a
obtendo considerável aprovação materna. A mãe
continuou a encorajar e recompensar o comporta­
mento sexual inadequado com demonstrações de
G
ele, e sentia prazer em olhar o corpo nu do me­
nino, especialmente os “seus belos dotes masculi­
nos”. Um fetiche de roupas foi também condicio­
KS
afeto e aprovação, enquanto que a avó e os vizinhos nado num menino de dez anos de idade por uma
suplementavam o treino materno no travestismo mãe que respondia com demonstrações de afeto
dando ao menino, em quantidades generosas, sapa­ sem pre que o menino acariciava sua roupa ou
tos velhos, chapéus, bolsas, véus de noiva e outras cumprimentava as mulheres pela sua indumentária
indum entárias femininas. Quando o com porta­ (Johnson, 1953).
O

mento invertido do menino se defrontou com de­ Que experiências eróticas podem dotar estímulos
saprovação por parte de outras pessoas, a mãe ten­ anteriormente neutros com propriedades^fle exci­
BO

tou algum treino discriminativo, dizendo ao filho: tação sexual é apoiado pélos resultados de um inte­
“Você nunca se deve vesiir assim na presença de ressante estudo de Rachman (1966), destinado a
pessoas estranhas, apenas na presença da família.” criar um fetiche moderado sob condições de labo­
Num estudo de mães e esposas de 32 travestis, Stol- ratório. Depois que fotografias de botas femininas
ler (1967) descobriu que os sujeitos foram iniciados foram repetidamente associadas com slides de mu­
no travestismo ao serem trajados em roupas de lheres nuas sexualmente estimulantes, os sujeitos
EX

m eninas ou ao serem m uito recom pensados exibiam excitação sexual (medida pelas mudanças
quando se vestiam a si próprios com indumentária de volume do pênis) às botas sozinhas e generaliza­
feminina. O comportamento de travesti foi ainda ram as respostas sexuais condicionadas a outros
mais elaborado pelas mães e esposas que dedicavam tipos de sapatos pretos. De acordo com estes acha­
muitas horas ensinando aos sujeitos como se vestir dos, McGuire, Carlisle e Young (1965) relatam que
D

com roupas femininas, como aplicar cosméticos e a sexualidade desviante muitas vezes se desen­
como se comportar como mulheres. volve por meio de um condicionamento masturba-
IN

Litin, Giffin e Johnson (1956) mostram como tório, no qual fantasias sexuais aberrantes são do­
uma mãe ativam ente condicionou o com porta­ tadas de elevado valor erótico por meio da repetida
mento de observação sexual no seu filho dormindo associação com as experiências prazerosas da mas­
com ele, e sendo física e verbalmente sedutora en­ turbação. Os detalhes do seu esquema interpreta-
quanto aparecia nua à sua frente. Quando o me­ tivo e suas implicações terapêuticas, são discutidos
nino tinha seis anos de idade, a mãe lhe tinha mos­ mais adiante.
trado sua vagina várias vezes, mas depois ela aban­ Os casos acima descritos representam uma pe­
donou o seu comportamento fisicamente sedutor quena amostra daqueles documentados nos relató­
quando o menino sugeriu que tivessem relações rios aos quais nos referimos. Três variáveis de
sexuais. O comportamento fortemente estabeleci­ aprendizagem social emergem destes estudos natu­
do de observação sexual do menino tinha se gene­ ralísticos como determinantes importantes do com­
ralizado para a empregada e outras pessoas; even­ portamento sexual desviante. A primeira conside­
tualmente ele foi preso pela polícia ao espiar nos ração envolve o grau em que os próprios pais mo­
quartos de dormir de outras casas usando uma es­ delam padrões de comportamento homossexuais,
cada. fetichistas, travestis ou exibicionistas de forma fia-
304 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

grante ou atenuada. Em segundo lugar; uma vez de estímulos apropriados ou não por meio de pro­
que as respostas são eliciadas, quer por instigação cedimentos de condicionamento diferenciais.
direta ou modelação, são dotadas de significado se­
xual exagerado e forte valência positiva. Isto pode EFICÁCIA DAS ABORDAGENS CONDICIONADAS
derivar da associação repetida com demonstrações DE AVERSÃO NAS PERTURBAÇÕES SEXUAIS
de afeto relativamente intensas, com uma intimi­ Não existem estudos controlados da eficácia rela­
dade física próxima ou do condicionamento mas- tiva dos tratamentos de aversão para a modificação
lurbatório. Na realidade, para muitas das crianças, do comportamento sexual desviante, mas há nume­
pistas inadequadas e respostas não apropriadas ad­ rosos estudos de casos que possuem um certo valor
quiriram uma valência positiva forte e, em alguns de evidência. Estes resultados relatados, embora
casos, resultaram em padrões bem desenvolvidos muito interessantes, devem ser aceitos com reserva
de comportamento sexual muito antes do início da por várias razões. Muitos dos programas de trata­

PS
puberdade. Em terceiro lugar, os pais tendem a mento envolvem uma combinação de métodos, o
manter as respostas sexuais desviantes das crianças que torna difícil avaliar a contribuição relativa dos
numa base instrumental por um longo período, procedimentos de aversão. Além do mais, as mu­
tanto pelo reforçamento direto como pelo vicário. danças nos padrões de resposta sexuais são tipica­
As respostas sexuais que adquiriram forte valên­

U
mente medidas em termos dos auto-relatos dos
cia positiva podem tam bém se to rn a r auto- clientes, embora informações substanciais sejam ob­
reforçadoras por meio das suas capacidades de re­ tidas por cônjuges e associados próximos sempre

O
dução de stress. A diminuição dos estados emo­ que possível.
cionais aversivos pelo engajamento no comporta­ Vários testes objetivos de excitação sexual foram
mento sexual pode refletir a operação de dois pro­

R
desenvolvidos, os quais começam a ser empregados
cessos psicológicos um tanto diferentes. Primeiro, para medir o progresso durante o tratamento, o
as atividades sexuais podem produzir experiências grau de alteração nos padrões de excitação sexual
agradáveis suficientemente intensas para se opor a
sentimentos de apreensão ou frustração. Segundo,
o desempenho do comportamento sexual também
modifica a situação estimuladora, dirigindo tempo­
G
no término da terapia e sua estabilidade ao longo
do tempo. Um dos procedimentos de laboratório,
o rig in alm en te elab o rad o p o r F reu n d (1963;
KS
Freund, Sedlacek e Knob, 1965) mede, por meio de
rariam ente a atenção da pessoa para longe dos uma aparelhagem especial, as mudanças no volume
eventos provocadores de stress. Esta mudança de do pênis em resposta a figuras de homens e mulhe­
atenção pode por si só produzir alívio substancial res de várias idades, ou a outros objetos eróticos.
da ansiedade. Vários estudos de validação (Freund, 1967a, b;
O

Evidência desta função de redução do stress McConaghy, 1967) mostraram que esta medida
das respostas sexuais desviantes é mostrada num pode diferenciar com êxito entre pessoas com pre­
relatório publicado por Cooper (1963). O cliente ferências homo ou heteroeróticas por adultos, ado­
BO

caracteristicamente experimentava uma excitação lescentes e crianças.


sexual aumentada em resposta a sensações táteis de Outro índice quantitativo do valor de atração dos
roupas de seda. Vestido com roupas de mulher, ele estímulos visuais é fornecido em termos das mu­
freqüentemente se masturbava até o ponto de atin­ danças de tamanho da pupila. Nesta técnica (Hess,
gir o orgasmo sentando-se numa cadeira. Embora I9í>8), os olhos do sujeito são filmados à razão de
EX

inicialmente o comportamento de travesti servisse a duas exposições por segundo enquanto ele vê itens
uma função sexual, ele mais tarde adquiriu, por de teste alternando com padrões de controle empa­
meio de uma contingência acidental, um valor ge­ relhados quanto ao brilho. O filme é depois aumen­
neralizado de término da ansiedade. Um dia, en­ tado e o diâm etro.da pupila é medido manual­
quanto sentia considerável apreensão por causa de mente, exposição por exposição, ou eletronica­
D

um exame escolar, o cliente descobriu que vestir mente por meio de células fotoelétricas. Foi mos­
roupas de m ulher provocava uma dim inuição trado que a dilatação da pupila ocorre em resposta
IN

abrupta da ansiedade. Depois disso, uma ampla a estímulos que têm alto valor de interesse, ao passo
gama de" situações de stress eliciava o compor­ que estímulos com valência negativa produzem
tamento de travesti. Vários outros autores (Bond e constrição da pupila. Achados de um estudo-piloto
Hutchison, 1964; Conn, 1954) notaram uma se­ (Hess, Seltzer e Shlien, 1965) no qual respostas pu­
qüência comportamental similar na qual a tensão pilares de homossexuais e heterossexuais foram
crescente é abruptamente reduzida pela execução medidas em relação a figuras de homens e mulhe­
de respostas sexuais desviantes. Estes dados obser­ res, confirmam que este procedimento pode dife­
vacionais parecem indicar que o comportamento renciar preferências sexuais com considerável exa­
sexual desviante de caráter especialmente persis­ tidão. Todos os heterossexuais apresentaram res­
tente é provavelmente mantido não apenas pelo re­ postas maiores a figuras de mulheres do que a de
forçamento sexual, mas também pelos seus efeitos homens, enquanto que os homossexuais mostraram
de redução de tensão. um padrão oposto, Os autores sugerpm que sejam
Nas aplicações do contracondicionamento aver­ elaborados conjuntos de estímulos figurativos para
sivo a perturbações de natureza sexual, são feitas fornecer medidas fidedignas de atração sexual.
tentativas para mudar o valor de excitação sexual Contudo, o condicionamento aversivo pode ser di­
CONTRA COND ICIONAM EN TO AVERSIVO 305

fícil de avaliar por meio de medidas da pupila por­ outros pesquisadores deveriam imitar. Um grande
que as respostas pupilares podem representar número de travestis e fetichistas recebeu um tra­
interesse sexual ou o despertar da ansiedade condi­ tamento de aversão, no qual choques eram aplica­
cionada a estímulos sexuais. Este problema inter- dos enquanto eles desempenhavam o seu compor­
pretativo não ocorre com respeito às respostas de tamento desviante ou se imaginavam desempe­
ereção. nhando estas mesmas atividades. Em cada caso, o
Embora seja habitual questionar o valor de estu­ processo de tratamento foi estudado registrando-se
dos de casos, os resultados favoráveis não devem ser as mudanças na excitação sexual por meio do uso
abandonados casualmente, visto que os desvios se­ de um aparelho para medir o volume do pênis. As
xuais são extremamente resistentes à mudança. atitudes dos clientes aos objetos de seu desvio, às
Padrões sexuais desviantes raramente mudam “es­ relações sexuais, a eles próprios e ao terapeuta
pontaneamente”, e eles se mostraram igualmente também foram medidas por escalas avaliativas do
não-reativos aos esforços planejados de psicotera- diferencial semântico. Além disso, mudanças pro­

PS
peutas que empregaram variadas estratégias (Cur- gressivas na latência das imagens sexuais e as res­
ran e Parr, 1957; Woodward, 1958). O fato de que postas acompanhantes de ereção foram registradas.
a maioria das pessoas que recebem terapia de aver­ Diferentes aspectos do comportamento desviante
são já tinha se submetido a formas tradicionais de do cliente foram modificados um de cada vez para

U
tratamento por períodos prolongados de tempo, determinar se as mudanças observadas refletiam a
porém sem qualquer grau de êxito, torna im­ operação de fatores gerais presentes em qualquer
provável que as modificações comportamentais que tratamento ou os procedimentos específicos de con­

O
acompanham o contracondicionamento aversivo tracondicionamento.
sejam atribuíveis a variáveis interpessoais e cogniti­ A Fig. 8-1 mostra as mudanças durante o curso

R
vas que são proeminentes nas terapias de entre­ da terapia de aversão na freqüência e latência das
vista. A natureza e a brevidade do tratamento tam­ respostas de ereção de um travesti a diferentes ti­
bém limitam a oportunidade para que os fatores pos de roupas femininas que ele usava regular­
sociais exerçam uma forte influência sobre os resul­
tados.
O método do caso individual pode ser eficiente­
G
mente. No início do tratamento ele era altamente
excitado sexualmente por todos os itens. Os proce­
dimentos aversivos foram então aplicados a um tipo
KS
mente empregado para avaliar a relação funcional de roupa de cada vez, começando com as calcinhas.
entre as variáveis de tratamento e as mudanças Após aproximadamente 20 ensaios, o cliente já não
comportameniais. Mostramos previamente como a apresentava quaisquer respostas de ereção às calci­
replicação intra-sujeito fornece um meio de avaliar nhas, mas respondia com uma excitação sexual não
o papel das variáveis de reforçamento nos proces­ diminuída aos outros tipos de roupa remanescen­
O

sos comportameniais. Nas suas medidas detalhadas tes. À medida que os outros itens foram contracon-
das mudanças que acompanham o contracondicio­ dicionados em série eles também perdiam a sua ca­
BO

namento aversivo, Marks e Gelder (1967; Gelder e pacidade de excitação sexual. É importante notar,
Marks, 1969) oferecem um excelente modelo que contudo, que o cliente manteve 'uma reatividade
EX
D
IN

Figura 8-1. Mudanças na freqüência e latência das respostas de ereção de um travesti a diferentes tipos de roupa
femininos à medida que eram incluídos serialmente no contracondicionamento aversivo, \larks e Gelder, 1967.
306 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

sexual elevada a estímulos heterossexuais adequa­ experiências aversivas e foi virtualmente eliminada
dos depois que as fontes desviantes de excitação se­ depois que a contingência aversiva foi reinstalada.
xual foram eliminadas. A seqüência específica das A terapia de aversão produziu muitas mudanças
mudanças comportamentais obtidas pela aplicação flagrantes e duradouras no travestismo (Blakemore
repetida da estimulação aversiva fornece uma de­ et al., 1963; Cooper, 1963; Glynn e Harper, 1961;
monstração convincente de que a alteração da exci­ Lavin et al., 1961; Marks e Gelder, 1967; Morgens-
tação sexual foi na realidade produzida pelo pro­ tern, Pearce e Rees, 1965); no fetichismo (Kushner
cesso de condicionamento. Nos casos estudados, o e Sandler, 1966; Marks, Rachman e Gelder, 1965;
recondicionamento sexual foi seguido pela elimina­ McGuire e Vallance, 1964; Oswald, 1962; Ray­
ção correspondente de desejos e atividades sexuais mond, 1956; Raymond e O’Keeffe, 1965; Thorpe,
desviantes. Schmidt, Brown e Castell, 1964); no exibicionismo
Os achados do estudo acima não só atestam a efi­ (Evans, 1967; Kushner e Sandler, 1966); e no ho­
mossexualismo (Costello, 1963; Freund, 1960; Ja­

PS
cácia do condicionamento aversivo, como também
ajudam a esclarecer a função estimuladora dos pro­ mes, 1962; Max, 1935; Miller, 1963; Thorpe et al.,
cessos simbólicos e sua modificação. Antes do tra­ 1964), Em outros casos envolvendo perturbações
tamento, imagens do comportamento desviante eli- semelhantes, a terapia de aversão efetuou cessações
ciaram respostas fortes de ereção. À medida que temporárias ou reduções no comportamento sexual

U
estas fantasias foram repetidamente associadas com desviante (Clark, 1963a, b; Freund, 1960; Oswald,
experiências desagradáveis, a latênda das imagens 1962; Thorpe, Schmidt e Castell, 1963). Outros

O
aumentou até que eventualmente elas só podiam clientes derivaram poucos benefícios deste modo de
ser produzidas com dificuldade considerável (Fig. tratamento (Freund, 1960; Solyom e Miller, 1965).
8-1). Além do mais, as ereções que originariamente É difícil identificar os fatores responsáveis pela

R
acompanhavam as fantasias diminuíram gradual­ eficácia diferencial dos métodos de aversão porque
mente com os ensaios sucessivos e eventualmente os casos envolvem variações na motivação para a
desapareceram, mesmo quando as imagens podiam
ser produzidas. O efeito seletivo do tratamento é
mostrado ainda pelo fato de que os dientes eram
capazes de produzir imagens heterossexuais sem
G
mudança, nos estímulos aversivos, na extensão em
que as atrações heterossexuais foram estabelecidas,
na duração do seguimento, no grau e duração do
comportamento homossexual, e na extensão em
KS
nenhuma dificuldade. que condições favoráveis às atividades heterosse­
xuais existiam no ambiente. O papel influente de
O padrão de mudanças de atitudes correspondeu alguns destes fatores é revelado em estudos que
de perto às modificações conseguidas na excitação contêm um número sufidente de casos para com­
sexual. Roupas sexualmente atraentes foram seleti­
O

p arar taxas de resultados. Freund (I960), por


vamente desvalorizadas à medida que os objetos exemplo, descobriu que para homossexuais que
específicos foram condicionados negativamente, ao compareciam voluntariamente para tratamento, a
BO

passo que as atitudes em relação a si próprio e as


terapia de aversão produzia orientações heterosse­
atitudes gerais em relação aos contatos sexuais e em
xuais duradouras em aproxim adam ente 45 por
relação ao terapeuta mudaram pouco durante o
cento dos casos, e 16 por cento adotaram padrões
tratamento. As mudanças seletivas consistentes ob­ heterossexuais predom inantem ente pelo menos
tidas nas respostas de ereção, nas propriedades de por algum tempo. Em contraste, apenas 6 por
excitação das fantasias desviantes, nas atitudes e no
cento daqueles que foram coagidos ao tratamento
EX

comportamento sexual manifesto indicam que nos


pelas autoridades legais e pelos parentes se torna­
casos em que o condicionamento aversivo é apli­ ram exclusivamente heterossexuais. Estes dados, de
cado adequadamente os resultados são pelo menos acordo com a interpretação de autodeflagração do
em parte atribuíveis às experiências de condido- condicionam ento apresentada antes, m ostram
namento.
D

como fatores motivacionais podem agir contra os


Achados de estudos individuais controlados por efeitos que usualmente resultam do eiuparelha-
Barlow, Leitenberg e Agras (1969) nos quais um menio de estímulos aversivos. Indivíduos recalci­
IN

pedófilo e um homossexual foram tratados com a trantes podem im pedir o desenvolvim ento de
aversão simbólica num plano replicativo, empres­ aversões deixando de prestar atenção aos estímulos
tam maior apoio à contribuição de experiências atraentes e também deixando de produzir as ima­
contíguas para as mudanças observadas. As respos­ gens acompanhantes. Podem dar sinais enganado­
tas autonômicas e avaliativas aos estímulos sexuais res em pomos cruciais no procedimento onde o te­
desviantes e a freqüência de seus impulsos sexuais rapeuta geralm ente depende da orientação do
foram medidas durante períodos em que imagens cliente. Podem até reverter a direção do coutra-
sexualmente excitantes foram emparelhadas suces­ condicionamemo evocando imagens heterossexuais
sivamente com a náusea induzida verbalmente ou enquanto estão sendo submetidos à estimulação de­
ocorreram isoladamente. A excitação sexual des­ sagradável. Finalmente, se as reações de aversão es­
viante declinou acentuadamente durante a fase de tivessem estabelecidas, elas poderiam ser facilmen­
condicionam ento aversivo, aum entou gradual­ te extintas pelo fato de os clientes repetidamente
mente quando as cenas sexualmente excitantes se engajarem em atividades homossexuais. Qual­
foram repetidamente apresentadas sem quaisquer quer que seja a razão, os resultados diferenciais as-
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 307

sociados com o desejo de modificar a orientação se­ m ostrada por Evans (1968), que descobriu que
xual reafirmam o ponto de vista de que, a não ser entre um grande grupo de desviantes sexuais 79
que os indivíduos se sintam comprometidos com os por cento usava fantasias desviantes enquanto se
objetivos escolhidos, seu comportamento tende a masturbava.
anular os efeitos dos programas de mudança. Nos casos em que as fantasias eróticas servem
McGuire, Cariisle e Young (1965) sustentam a como estímulos evocativos para atividades sexuais
tese interessante de que em alguns casos as prefe­ desviantes, o controle sobre o comportamento pode
rências sexuais desviantes são desenvolvidas me­ ser conseguido eliminando as fantasias aberran­
diante um condicionamento m asturbatório. De tes ou as suas propriedades de excitação. Evans
acordo com os autores, três fatores geralmente (1967) relata um sucesso surpreendentemente ele­
aparecem de modo proeminente nesta forma de vado no tratamento de sete exibicionistas pelo con­
aprendizagem sexual. Em primeiro lugar, em con­ dicionamento aversivo de eventos estimuladores
seqüência de experiências heterossexuais desa­ imaginários. Neste procedimento, se apresentam

PS
gradáveis ou sentimentos de inadequação física e aos clientes frases produtoras de imagens que
social, a pessoa é levada a acreditar que não pode representam um comportamento normal heteros­
conseguir uma vida sexual normal, Em segundo sexual ou atividades exibicionistas. As imagens ví­
lugar, a pessoa usualmente *tem uma experiência vidas do comportamento desviante são associadas

U
sexual que por si só não é suficiente para estabele­ com choques, que o cliente pode eliminar mudando
cer preferências eróticas desviantes, mas ela esti­ para um slide que descreve respostas sexuais nor­
mula uma fantasia para uma masturbação poste­ mais. Dos sete exibicionistas que terminaram o tra­

O
rior. O principal condicionamento admite-se acon­ tamento, cinco não experimentaram mais nenhuma
tecer em relação com as representações simbólicas. vontade de se expor e cessaram por completo o

R
A medida que a pessoa repetidamente se masturba comportamento exibicionista, ao passo que os dois
tendo a fantasia com a sua descarga sexual exclu­ remanescentes reduziram a sua freqüência de ex­
siva, as experiências agradáveis da masturbação posições genitais de um valor pré-terapêutico ele­
dotam a fantasia desviante com um valor erótico
crescente. Este é essencialmente o mesmo meca­
nismo pelo qual Rachman (1966) condicionou a ex­
G
vado de 28 por mês a 2 episódios mensais. Num
estudo subseqüente, Evans (1968) descobriu que a
rapidez do condicionamento aversivo estava rela­
KS
citação sexual a sapatos, exceto que ao invés de fo­ cionada com o conteúdo das fantasias masturbató­
tografias sedutoras, os eventos deflagrantes são ex­ rias. Os exibicionistas que utilizavam fantasias mas­
periências orgásmicas mais poderosas. turbatórias normais abandonaram o com porta­
Os autores documentam a sua tese com dados mento de exibição dentro de cerca de 4 semanas de
tratamento, ao passo que aqueles que se engajavam
O

numerosos de casos obtidos de um grande número


de desviantes sexuais. Em um desses casos, por em fantasias masturbatórias de exibição necessita­
exemplo, um rapaz de 17 anos foi altamente esti­ vam de aproximadamente 24 semanas antes que
BO

mulado sexualmente ao ver uma moça vestida ape­ cessassem as atividades desviantes. Resultados obti­
nas com as roupas de baixo. Daí por diante, ele dos por Mees (1966) na modificação de uma fanta­
freqüentemente se masturbava com o acompanha­ sia sádica sugerem que fantasias eróticas aberrantes
mento mental das imagens da moça pouco vestida. muito antigas podem ser eliminadas com mais efi­
Eventualmente, a memória das características da ciência se, além do condicionamento aversivo, as
moça se apagou, mas os anúncios e as vitrinas nas imagens heterossexuais normais são induzidas e re­
EX

quais eram apresentadas roupas de baixo de mu­ forçadas.


lheres continuaram a servir como fortes fantasias
masturbatórias. Após um período de vários anos, o CONDICIONAMENTO DIFERENCIAL DA
REATIVIDADE SEXUAL
potencial erótico destes objetos fetichistas tinha
D

aumentado ao ponto em que ele já não tinha mais Em muitos dos casos acima citados, os terapeutas
interesse pelas moças, mas derivava a sua estimula­ não apenas tentaram criar aversões a objetos ina-
ção sexual quase inteiramente das roupas de baixo propriados, mas também desenvolver atração a
IN

das m ulheres, que com prava ou roubava. Isso estímulos heterossexuais. Uma grande variedade
ajuda a explicar como fantasias extravagantes de técnicas diferenciais de condicionamento foi
podem adquirir uma valência sexual poderosa me­ empregada com este objetivo. Em uma dessas a-
diante a associação contígua com experiências mas­ bordagens, que é provavelmente muito pouco efi­
turbatórias (Mark, Rachman e Gelder, 1965; Mees, caz, clientes homossexuais além de receberem en­
1966) e, uma vez estabelecidas, por que elas são tão saios de condicionamento aversivo, vêem fotogra­
refratárias à extinção. Outros relatórios de casos fias de mulheres nuas ou parcialmente vestidas vá­
por McGuire e seus associados descrevem um pro­ rias horas depois da administração da testosterona
cesso semelhante no qual fantasias sexuais aberran­ (Freund, 1960; James, 1962). Os hormônios gona-
tes são reforçadas seletivamente; eventualmente, dais podem aumentar a excitação sexual, mas eles
elas se tornam capazes de provocar um comporta­ não determinam sua qualidade ou direção. Na rea­
mento correspondente homossexual, exibicionista lidade, tentativas para tratar homossexuais pela
ou de observação. A prevalência do condiciona­ administração de grandes quantidades de andró-
mento masturbatório na sexualidade aberrante é genos simplesmente aumentaram os seus desejos e
308 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

comportamento homoerótico (Ford e Beach, 1951; Não obstante, Solyom e Miller descobriram, du­
Perloff, 1965). Permanece duvidoso, portanto, se rante o tratamento de um grupo de homossexuais,
algum condicionamento positivo é obtido por este que as respostas pletismográficas a Figuras de mu­
método. lheres se tornavam progressivamente maiores, ao
O condicionamento masturbatório também tem passo que as respostas a Figuras masculinas não se
sido empregado como um meio de aumentar as alteraram essencialmente. Isto sugere que o condi­
propriedades de deflagração erótica dos estímulos cionamento diferencial produziu uma mudança de
heterossexuais. Como parte de um método de reaiividade predom inantem ente homossexual a
aversão-alívio, Thorpe, Schmidt, Brown e Castell uma reatividade bissexual. Contudo, estes achados
(1964) Fizeram com que os clientes se masturbassem são difíceis de interpretar porque, como os pró­
diante de fotografias de mulheres atraentes e que prios autores reconhecem, a sua medida pletis-
utilizassem estas imagens em fantasias masturbató- mográFica não diferencia entre o deflagrar das rea­
rias. Além disso, a estimulação de choque era apre­ ções sexuais ou de ansiedade. A excitação erótica

PS
sentada em combinação com frases que descreviam pode ser avaliada de modo mais válido em termos
práticas sexuais desviantes, ao passo que descrições de respostas de ereção do pênis, como demonstram
do comportamento heterossexual ocorriam com o Bancroft, Jones e Pullan (1966), que mediram mu­
término dos choques, ü s autores relatam que fan­ danças nas preferências de vários objetos num pe-

U
tasias heterossexuais de elevado valor excitatório dófilo durante o curso da terapia de aversão. Esia
podem ser fortemente estabelecidas desta maneira. medida torna possível conduzir investigações sis­
temáticas da eficácia relativa de diferentes proce­

O
Num estudo anterior, Thorpe, Schmidt e Castell
(1963) descobriram que o condicionamento mas- dimentos de condicionamento para alterar prefe­
lurbaiório por si só não eliminava fantasias homos­ rências eróticas. Também oferece um critério obje­

R
sexuais, mas que um método combinado aos con­ tivo para determ inar a duração do tratamento,
dicionamentos positivo e negativo eventualmente desta forirta nos assegurando contra o término
prem aturo ou um prolongamento desnecessário
substituiu as fantasias homoeróticas por fantasias
heterossexuais. Na ausência de dados comparativos
de respostas sexuais de indivíduos que receberam
somente os ensaios aversivos ou o procedimento
G das sessões de condicionamento.
Deve ser enfatizado aqui que o condicionamento
da atração sexual a objetos apropriados constitui
KS
combinado, não é possível determinar o grau em apenas parte de um objetivo mais amplo de trata­
que o componente positivo facilitou a mudança no mento. Pessoas que se engajaram em práticas se­
interesse sexual. xuais desviantes por longo tempo precisam não
Uma estratégia diferencial combinada também somente desenvolver a atração heterossexual, mas
O

foi a empregada por Davison (1968) ao tratar de também padrões complicados de comportamento hete­
um estudante universitário cujas atividades sexuais rossexual Isto pode exigir, entre outras coisas, a
eram confinadas à masturbação evocada por fanta­ aquisição de novos padrões de linguagem, estilos de
BO

sias de m achucar m ulheres. Prim eiram ente, o vestir, comportamentos de namoro, modos de es­
cliente recebeu instruções para utilizar a fantasia timulação sexual que estão proximamente associa­
sádica para induzir a excitação sexual, mas mastur­ dos com o coito heterossexual e muitos outros as­
bar-se enquanto olhava Figuras de mulheres encan­ pectos do comportamento sexual. A medida que
tadoras retiradas da revista Playboy. Depois que os tais mudanças comportainentais tornam as pessoas
estímulos sexuais convencionais adquiriram um va­
EX

capazes de se engajar em interações íntimas recom­


lor de excitação sexual, a fantasia sádica foi empa­ pensadoras, as experiências positivas resultantes
relhada com imagens nauseantes e suplantada exercerão uma influência poderosa sobre o desen­
por fantasias masturbatórias normais. Consistente- volvimento ulterior de preferências e sentimentos
mente com a interpretação do contracondiciona- heterossexuais.
D

mento como refletindo parcialmente processos de


autocontrole, o cliente mais tarde foi capaz de CONDICIONAMENTO DE AVERSÕES E
reinstalar e eliminar as fantasias sádicas à vontade, REFORÇAMENTO DE MODOS ALTERNATIVOS
IN

mediante condicionamento masturbatório com fan­ DE COMPORTAMENTO


tasias sádicas ou eróticas normais. A existência de modos desejáveis de comporta­
Numa terceira abordagem, um procedimento de mento sexual é provavelmente o principal determi­
condicionamento diferencial é empregado, em que nante da durabilidade das mudanças induzidas por
apresentações de figuras de homens nus são acom­ meio do contracondicionamento aversivo. A modi­
panhadas de choque elétrico, ao passo que a visua­ ficação permanente do desvio sexual por meio de
lização de figuras projetadas de mulheres nuas é métodos aversivos será, portanto, governada, não
reforçada pelo término de uma estimulação elétrica tanto pela magnitude das propriedades negativas
contínua (Solyom e Miller, 1965). Este método par­ condicionadas a estímulos previamente atraentes,
ticular se baseia no pressuposto de que estímulos mas pela disponibilidade de meios alternativos de
associados com o alívio da aversão irão adquirir obter gratificação sexual. Uma vez que os tabus se­
propriedades positivas. Não está claro, contudo, xuais que prevalecem na nossa cultura se estendem
como experiências de alívio da dor podem dotar es­ também a situações de tratamento, é extremamente
tímulos relacionados com valor de excitação sexual. difícil produzir e reforçar padrões desejados de
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 309

comportamento sexual. Conseqüentemente, as in­ administração da apomorfina, o cliente se amarrava


tervenções de tratamento são dirigidas principal­ com lençóis de borracha ou vestia uma roupa de
mente para a redução da incidência do comporta­ pesca submarina. Além disso, em dois dias sucessi­
mento desviante, mas o aparecimento e a manuten­ vos ele recebia várias injeções de testosterona e lhe
ção contínua das respostas heterossexuais são en­ eram entregues livros com fotografias de mulheres.
tregues a circunstâncias fortuitas. Dos relatórios de seguimento é aparente que as
O tratamento pelos métodos de aversão, exclusi­ roupas de borracha tinham temporariamente per­
vamente, geralmente obtém resultados favoráveis dido o seu valor erótico, mas a reinstalação do
com pessoas que apresentam uma reatividade' comportamento fetichista eta de se esperar a partir
bissexual ou se engajam em relações heteros­ do escopo limitado do tratamento, além do fato de
sexuais, embora encontrem apoio em objetos feti- que o com portamento desviante eventualmente
chistas para a excitação erótica. Por outro lado, o permitiu ao cliente desligar-se do Exército.

PS
tratamento de aversão por si só parece ter muito
menos êxito nos casos em que o comportamento
desviante constitui o único meio de obter gratifica­ Ele experimentou os artigos de borracha uma se­
ção sexual. Esta eficiência diferencial é bem ilus­ mana depois de deixar o hospital; descobriu que
trada pelo tratamento feito por Oswald (1962) em não lhe interessavam e descartou-se deles. Foi a

U
dois fetichistas atraídos por vestimentas de bor­ danças e outros eventos sociais pela primeira vez
racha. Em ambos os casos, a aversão a roupas de em anos. Depois de ü meses ele teve uma recaída e

O
borracha foi estabelecida com êxito, mas um dos depois de 4 meses adicionais levou o seu desvio às
clientes subseqüentemente voltou ao com porta­ autoridades militares e foi aposentado por invali­
mento desviante. dez. Contou-me nessa época que pretendia morar

R
No primeiro caso, as roupas de borracha serviam em Londres onde havia outras pessoas que tinham
primariamente como estímulos excitadores para os mesmos interesses que os seus. Ele tinha voltado
padrões heterossexuais exclusivos de comporta­
mento. O cliente se viu compelido a procurar tra­
tamento por causa dos conflitos conjugais decor­
rentes da recusa da sua mulher em usar a sua capa
G
ao prostíbulo, o qual, assinalou, anuncia numa pu­
blicação semanal famosa que é encontrada em
qualquer banca de jornais, disfarçado de uma loja
de roupas de borracha. Tinha feito amizade com
KS
de chuva de borracha na cama. As propriedades de um homossexual masculino (sem ter relações se­
excitação erótica dos estímulos fetichistas foram ra­ xuais com ele), o qual vira peia prim eira vez
pidamente eliminadas por meio de uma série de usando uma capa de borracha preta brilhante no
ensaios de contracondicionamento, em cada um Hyde Park numa noite linda de verão [pág. 202].
O

dos quais o cliente vestiu uma capa de chuva en­


quanto sentia náuseas provocadas pela apomorfina, O condicionamento da aversão a estímulos se­
suplementadas por uma gravação sugerindo rea­ xuais não-apropriados pode ajudar a promover o
BO

ções similares. Uma avaliação feita 21 meses após a comportamento heterossexual, desde que respostas
terapia é resumida como segue: “Ele se sente to­ alternativas já existam no repertório do cliente e de
talmente indiferente a roupas de borracha e custa a que um reforço positivo suficiente seja disponível
acreditar que jamais poderia ter tido interesse ne­ para mantê-las nas situações diárias. Estas condi­
las. A sua carreira prosperou extremamente por ções estavam claramente presentes no primeiro
EX

seus próprios esforços e talentos, e sua mulher con­ caso revisto por nós, mas o segundo cliente exibia
firma que eles são normais, felizes na sua vida se­ apenas uni repertório heterossexual fracamente
xual e em geral [pág. 201].” desenvolvido, o qual evidenLemente foi extinto du­
O segundo caso, um recruta militar de 32 anos, rante o período após o tratamento quando ele se
experim entava um a excitação sexual intensa tornou socialmente mais ativo.
D

sempre que se amarrava fortemente com uma bor­ A simples ausência do comportamento heteros­
racha preta brilhante. Este comportamento feti- sexual em si não indica necessariamente um déficit
IN

chista aparentemente se originou de uma experiên­ coinportamental. Uma pessoa pode ter desenvol­
cia anterior na qual um grupo de rapazes o pegou, vido certa capacidade e desejo por formas de se­
amarrou uma peça de borracha sobre a sua cabeça xualidade culturalmente aprovadas, mas estas ten­
e o masturbou. “Desde então ele costumava se dências são fortemente inibidas por causa de ansie­
am arrar com lençóis de borracha, um capuz de dades heterossexuais. Portanto, é importante dis­
borracha e cordas. Ele veio para o trátamento em tinguir entre déficits de desenvolvimento e efeitos
parte porque receava que pudesse se matar, já que inibitórios ao elaborar programas de tratamento
recentemente tivera dificuldade de se soltar (pág. suplementares à terapia de aversão. A inclusão de
201).” Exceto por uma ocasião na qual tivera rela­ procedimentos de extinção da ansiedade é espe­
ções sexuais numa casa.de prostitutas equipado cialmente importante na modificação de compor­
com casacos de borracha, capuzes, correias e maca­ tamento sexual desviante que é, em parte, mantido
cão de borracha, a masturbação servia como sua pelo medo de envolvimentos heterossexuais. Coo­
forma predominante de comportamento sexual. As per (1963) relata um caso deste tipo que ilustra o
sessões de contracondicionamento procederam de uso combinado de terapia aversiva e dessensibiliza­
forma similar à do caso acima relatado. Depois da ção autodirigida no tratamento de um farmacêutico
310 CONTRACOND1CIONAMENTO AVERSIVO

de 25 anos cujos problemas centrais eram o traves- neste caso tivesse se limitado ao condicionamento
tismo e a impotência. negativo das respostas de travesti, é altam ente
A discussão da necessidade de programas suple­ provável que qualquer comportamento heterosse­
mentares até agora lidou com condições nas quais xual tentado teria sido rapidamente extinto e o tra-
os rep ertórios heterossexuais são mínimos ou vestismo poderia ter recuperado sua função de gra­
fortemente inibidos. O escopo das intervenções tificação sexual.
também precisa ser estendido quando as mu­ Q uando o comportamento sexual desviante é
danças no comportamento não podem ser facil­ menos intensamente estabelecido, pode ser possível
mente conseguidas e mantidas devido a um refor- d isp en sar o co n traco n d icio n am en to aversivo
çamento sexual inadequado. Este problema é reve­ substituindo-o por um programa de tratamento ba­
lado no tratamento de um travesti relatado por seado na extinção das ansiedades heterossexuais e
Glynn e Harper (1961). Depois de uma série de en­ combinado com o reforçamento positivo dos com­

PS
saios de aversão na qual o cliente teve náuseas in­ portamentos alternativos desejados. Repertórios só-
duzidas pela apomorfina enquanto estava vestido cio-sexuais existentes podem ser ainda mais desen­
com roupas de mulher, ele exibiu revulsão à vista volvidos desta maneira e .são fortalecidos até que
da indumentária feminina, não sentiu mais desejo eventualmente se tornam mais recompensadores
de vesti-la e declinou um pedido de fazê-lo. En­ do que as tendências desviantes. Recordamos dos

U
quanto que o contracondicionamento aversivo eli­ estudos clínicos revistos anteriorm ente (Bond e
minou com êxito o comportamento de travesti, a Hutchison, 1964; Stevenson e Wolpe, 1960) que os

O
relação conjugal do cliente não oferecia absoluta­ resultados bem-sucedidos foram, de fato, conse­
mente nenhuma gratificação sexual. Embora tivesse guidos com exibicionistas e homossexuais tratados
sido casado há quatro anos, o casamento nunca apenas pelos métodos de dessensibilização. Estes

R
tinha sido consumado, devido, em grande parte, à achados sugerem a necessidade de estudos compa­
frigidez da sua mulher. As inibições sexuais acen­ rativos sistemáticos da eficácia relativa do contra­
tuadas da esposa foram, portanto, tratadas pelo
procedim ento-padrão de dessensibilização com
considerável êxito, como evidenciado pelo fato de
que “ela agora está grávida e o casamento feliz­
G
condicionamento aversivo, da dessensibilização e
dos procedimentos de reforçamento, utilizados so­
zinhos ou em combinação, com pessoas que exibem
disposições variadas para o comportamento sexual
KS
mente estabilizado”. U m estudo de seguimento sete desviante.
meses após o tratamento não revelou qualquer tra-
vestismo nem nenhum desejo da parte do cliente Modificação de Atividades Simbólicas
de usar roupas do sexo oposto. Se o tratamento
Embora o contracondicionamento aversivo tenha
O

sido mais extensamente empregado no tratamento


do alcoolismo e dos desvios sexuais, um certo nú­
BO

mero de investigadores também tentou eliminar


ruminações inusitadamente persistentes por este
método. Fantasias perturbadoras contendo elemen­
tos sexuais agressivos e outros elementos têm se
mostrado muito refratárias à mudança. Por causa
da sua acessibilidade limitada, estes tipos de fenô­
EX

menos ideativos não são facilmente investigados


experimentalmente. Em conseqüência, as condições
que governam a ocorrência e persistência de pen­
samentos emocionalmente perturbadores perma­
necem obscuras. Existe alguma evidência de pes­
D

quisa (Eriksen e Kuethe, 1956) que sugere, todavia,


que os pensamentos podem ser postos sob controle
IN

aplicando-se contingências aversivas. Neste experi­


mento em particular, os alunos foram instruídos a
produzir associações a quinze palavras, e suas asso­
ciações a cinco destas palavras foram seguidas por
choques. Associações que foram acompanhadas
pela experiência aversiva declinaram rapidamente,
enquanto que a freqüência das associações não-
punidas permanecia inalterada em ensaios sucessi­
vos (Fig. 8-2). O decre mento nas associações ocor­
reu estivessem ou não os sujeitos conscientes da
contingência de punição.
Naturalmente, é mais fácil eliminar idéias relati­
figura 8-2. Percentagens de respostas ao primeiro ensaio vamente neutras do que as formas de alta valência
repetidas em ensaios sucessivos como função do castigo. que ocorrem no tratamento. Wolpe (1958) relata
Eriksen e Kuethe, 1956. vários graus de êxito na remoção de ruminações
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO S ll

obsessivas associando a sua ocorrência com choques toda a vontade de quebrar vidros. Um estudo de
elétricos. Em pregando essencialmente o mesmo seguimento revelou que, à exceção de um incidente
procedimento, McGuire e Vallance (1964) trataram menor, o comportamento destrutivo nunca mais
com êxito um professor de 29 anos que sofria de apareceu.
pensamentos intrusivos sobre a fidelidade de sua O contracondicionamento imaginário pode ser
esposa, o que datava de uma afirmação ambígua de grande valor na modificação de perturbações
originalmente feita por sua mãe. Embora ele per­ nas quais os eventos simbólicos que possuem um
cebesse que estes pensamentos não tinham base na elevado potencial de excitação exercem um consi­
realidade, não obstante este conhecim ento de derável controle sobre o comportamento. Se os eli-
pouco lhe servia para controlar suas ruminações ciadores internos são eliminados, as ações relacio­
obsessivas. No tratamento, os choques foram asso­ nadas deveriam decrescer em freqüência. Alguns
ciados contiguamente com pensamentos acerca da investigadores assumiram, contudo, que os estímu­
afirmação desagradável da mãe e suas implicações. los simbólicos podem ser substituídos por eventos

PS
Durante a segunda e a terceira sessões, o cliente reais sem sacrificar a eficiência. Se este pressuposto
controlava o aparecimento e a intensidade do cho­ fosse válido, o método teria ampla aplicabilidade, já
que, continuando o processo de condicionamento que qualquer evento, por mais complexo que fosse,
em casa com um aparelho portátil. Dentro de um poderia ser facilmente visualizado. Na base dos

U
tempo relativamente curto, as ruminações obsessi­ princípios de generalização esperaríamos que os es­
vas foram eliminadas, mudança esta acompanhada tímulos atuais produzissem melhores resultados do
por uma diminuição geral da ansiedade.

O
que os imaginários.
A eliminação de pensamentos perturbadores no
curso da terapia de aversão é bem explicada por OUTROS COMPORTAMENTOS ADITIVOS

R
Marks, Rachman e Gelder (1965), que demonstra­ Outro problema comportamental ao qual as for­
ram que com ensaios aversivos sucessivos a latência
mas aversivas de tratamento foram aplicadas é o de
dos pensamentos pervertidos aumentava até que
eventualmente eles não mais conseguiam ser pro­
duzidos. Nos estudos i evistos anteriormente envol­
vendo uma medida mais extensiva das mudanças,
G
adição ao fumo. Estudos preliminares de casos rela­
tam razões de abstinência relativamente elevadas
acompanhando tratam entos nos quais o ato de
KS
fumar é contjguamente emparelhado com uma es­
Marks e Gelder (1967) descobriram que, durante a timulação elétrica aversiva (McGuire e Vallance,
redução das fantasias sexuais desviantes, a excita­ 1964), náusea induzida por drogas (Raymond,
ção erótica acompanhante das imagens também 1964), ou uma mistura desagradável de fumo e
diminuía progressivamente. Em aproximadamente ar quente (Wilde, 1964). Estes resultados favorá­
O

metade dos casos, porém, o condicionamento aver­ veis contrastam com os de Koenig e Masters (1965),
sivo reduziu o potencial de excitação das fantasias que compararam mudanças no com portamento
sexuais desviantes, mas não eliminou as imagens de fumo em grupos de estudantes que receberam
BO

mentais. As razões para esta suscetibilidade dife­ dessensibilização, contracondicionamento aversivo,


rencial à inibição não são aparentes. Nesle ponto, é ou aconselhamento de apoio. Um número muito
importante notar que a terapia de aversão promove pequeno de sujeitos abandonou o hábito, e o grau
uma excelente oportunidade para estudar a exten­ de redução do fumo não era relacionado com o
são na qual os processos de pensamento são susce­ tipo de tratamento empregado.
tíveis de contrQle pelo reforçamento e também ofe­
EX

rece um meio para investigar o controle simbólico Num estudo experimental utilizando controles
do comportamento manifesto. apropriados, Stollak (1968) teve pouco sucesso na
Num certo núm ero de estudos, entretanto, o modificação da obesidade ao emparelhar descrições
comportamento fortemente estabelecido foi per­ de alimentos que engordam com a estimulação de
choque. Pareceria, considerando as reduções de
D

m anentemente eliminado pelo condicionamento


aversivo de eventos simbólicos. Evans (1968) e peso permanentes obtidas pela automanipulação de
Thorpe et al. (1964), por exemplo, modificaram contingências por Harris (1969) e Stuart (1967),
IN

perturbações sexuais dotando as representações que um amplo programa de autocontrole pode ser
verbais e imaginárias das atividades desviantes com altamente eficiente, ao passo que o condiciona­
qualidades negativas pela associação com o choque, mento aversivo por si só tende a produzir resulta­
Agras (1967) também aplicou com êxito o para­ dos pouco impressionantes.
digma de condicionamento simbólico a um com­
portamento agressivo de destruição num esquizo­ Alcoolismo
frênico crônico, que tinha que ser fisicamente res­ Uma grande variedade de “perturbações de per­
tringido por causa de tendências incontroláveis de sonalidade neuróticas” foi proposta como determi­
quebrar qualquer vidro à sua vista. O cliente parti­ nante subjacente do alcoolismo crônico. Entre as in­
cipou de uma série de sessões, nas quais se pedia a terpretações mais amplamente aceitas estão aquelas
ele que se visualizasse quebrando vidros, enquanto feitas pela teoria psicanalítica, segundo a qual o al­
recebia um choque elétrico doloroso. A medida que coolismo deriva da homossexualidade latente rela­
o tratamento progredia, a latência das imagens de cionada com a fixação em “objetivos passivo-
destruição aumentou e eventualmente ele perdeu narcísicos”. Necessidades dependentes orais e es­
312 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

truturas caracterológícas são assim freqüentemente sultados geralmente mostram que o álcool em pe­
invocadas como fatores de predisposição decisivos quenas doses não tem efeitos consistentes (Docter e
no uso excessivo do álcool. Impulsos autodestruti- Perkins, 1961; McDonnell e Carpenter, 1959), mas
vos, sentimentos de inferioridade, necessidades in­ pode produzir uma redução substancial na excita­
conscientes de domínio e uma pletora de outros fa­ ção afetiva quando tomado em doses moderadas ou
tores incluindo a superproteção materna, falta de grandes (Carpenter, 1957; Greenberg e Carpenter,
cuidados maternos, imaturidade emocional e neu­ 1957). Uma comparação do álcool, meprobamato e
roses introvertidas também têm sido propostas um placebo por Lienert e Traxel (1959) revelou
como determinantes do alcoolismo. que o álcool e o tranqüilizante são igualmente efi­
Em contraste com a reivindicação muito difun­ cientes para reduzir as respostas GSR a estímulos
dida de uma personalidade pré-alcoólica, estudos verbais perturbadores. Além do mais, sujeitos que
comparativos de alcoólatras e não-alcoólatras (Sut­ tinham exibido uma elevada emotividade, medida

PS
herland, Schroeder e Tordella, 1950; Syme, 1957) várias semanas antes das sessões experimentais,
geralmente falharam na identificação de quaisquer eram tranqüilizados pelo álcool num grau maior do
traços de personalidade ou “dinâmicas subjacentes” que aqueles que previamente tinham apresentado
que poderiam diferenciar claramente os alcoólatras baixa excitação.
dos outros grupos desviantes ou, também, de pes­ As vezès assume-se erroneam ente (Chafetz e

U
soas julgadas “normais”. Mesmo se alguns correla- Demone, 1962) que os princípios do reforçamento
tos consistentes de personalidade tivessem sido ob­ não podem explicar adequadamente o alcoolismo

O
tidos, seria impossível, sem estudos longitudinais, porque as conseqüências físicas e sociais desastrosas
determinar se os padrões de personalidade dados do beber crônico de muito superam o seu valor de
representavam as conseqüências cumulativas ou as alívio temporário. Este argumento olvida o fato de

R
causas da intoxicação crônica. Não obstante, é evi­ que o comportamento é mais fortemente contro­
dente, de um amplo conjunto de achados empíricos lado pelas suas conseqüências imediatas do que
e do conhecimento dos mecanismos de manutenção
do comportamento que a procura das dinâmicas de
personalidade que supostamente controlam o beber
excessivo é uma ocupação fútil. Assim como pes­
G
pelas conseqüências retardadas, e é precisamente
por esta razão que as pessoas podem se engajar
persistentemente em um comportamento imedia­
tamente reforçador mas potencialmente autodes-
KS
soas que diferem acentuadamente em seus atribu­ trutivo. Conseqüências adversas futuras, reinstala­
tos de personalidade podem aprender a fazer um das simbolicamente no presente, podem ser sufi­
uso excessivo do tabaco, também, se houver condi­ cientemente fortes para inibir o comportamento de
ções de aprendizagem social adequadas, pessoas beber quando a instigação para o escape é relati­
O

que possuem características de personalidade di­ vamente fraca. Por outro lado, não é razoável espe­
versas podem aprender a tomar bebidas alcoólicas rar que pensamentos de futuros efeitos possam
em excesso. De fato, foi demonstrado repetida­ exercer uma influência inibitória grande nas pes­
BO

mente que qualquer que seja o comportamento soas que vivenciam um nível elevado de estimula­
desviante escolhido para estudo, ele geralmente é ção aversiva e que apresentam um padrão de res­
encontrado numa ampla variedade de tipos de per­ postas stress-alcoolismo bem estabelecido.
sonalidade. Uma abordagem muito mais frutífera EFEITOS DO ÁLCOOL SOBRE AS RESPOSTAS DE
para a compreensão do alcoolismo seria a de inves­ FUGA E ESQUIVA
tigar as contingências de aprendizagem especifica­
EX

Outras evidências das propriedades de redução


mente associadas com o comportamento de beber do stress que o álcool possui são fornecidas em
excessivamente e os mecanismos de reforçamento experimentos com animais, destinados a estudar
que mantêm a auto-intoxicação. efeitos de desiniblção e extinção das respostas de
esquiva. Achados sugestivos quanto aos efeitos re­
D

EFEITOS DO ÁLCOOL SOBRE A DEFLAGRAÇÃO dutores do medo foram originalmente relatados


EMOCIONAL E A REATIVIDADE
por Masserman e Yum (1946), num estudo no qual
IN

As teorias psicodinâmicas geralmente enfatizam gatos que tinham aprendido a desempenhar mani­
o valor simbólico do álcool na gratificação de neces­ pulações complexas para conseguir comida subse­
sidades “orais” e “passivo-dependentes”, mas pouca qüentemente inibiram as respostas manipulativas
atenção tem sido dada às propriedades farmacoló­ instrumentais e de aproximação depois que recebe­
gicas do etanol as quais, sob certas condições, o tor­ ram choques junto ao alvo. A administração de pe­
nam um poderoso reforçador positivo. quenas doses de álcool, contudo, rapidamente res­
Um conjunto de experimentos que tem ligação taurou as manipulações aproximativas para obter a
direta com as qualidades reforçadoras do etanol se recompensa do alimento. Além disso, os gatos de­
relaciona com seus efeitos sobre a excitação e reati- senvolveram uma preferência por "cocktaiís" de
vidade autonômica. Nestes estudos, as respostas fi­ leite contendo 5 por cento de álcool em relação ao
siológicas dos sujeitos são medidas antes e depois leite sozinho durante uma série de ensaios de cho­
da ingestão de álcool, sendo que o nível de condu- que, mas reverteram à sua preferência original por
tância basal e a amplitude das respostas GSR a es­ bebidas não-alcooólicas depois que a estimulação
tímulos estressantes específicos servem tipica­ aversiva foi retirada e as respostas emocionais
mente de índices de reatividade emocional. Os re­ foram completamente extintas. Numa replicação
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 313

parcial do estudo de Masserman e Yum, Sm au não-reforçado do que aqueles que tinham recebido
(1965) confirmou os efeitos mitigadores da ansie­ um placebo (Barry, Wagner e Miller, 1962), e que
dade apresentados pelo álcool. aumentavam a razão de suas respostas na presença
Para testar se o álcool reduz o comportamento de de estímulos que significavam ausência de recom­
esquiva produzido pela punição ou aum enta as pensa (Blough, 1956; Miller, 1961).
tendências de aproximação num conflito esquiva- Os dados experimentais revistos até agora, ba­
aproximação, Conger (1951) elaborou um experi­ seados na administração forçada de doses modera­
mento no qual ele treinou um grupo de animais das de etanol, indicam que o álcool pode produzir
para se aproximarem do Fim iluminado de um decréscimos significativos tanto na excitação auto­
atalho para obter comida, e um segundo grupo de nômica quanto no comportamento emocional ge­
animais para evitar o fim iluminado do atalho para rado por condições ambientais aversivas. Investiga­
escapar dos choques elétricos. Comparado ao com­ ções referentes às variáveis que governam o con­
portamento de animais de controle sóbrios, que ti­ sumo voluntário do álcool também contribuem

PS
nham recebido injeções de placebo, as respostas de para uma compreensão do desenvolvimento e ma­
esquiva dos sujeitos que receberam injeções de ál­ nutenção da auto-intoxicação. Estas pesquisas são
cool mostraram uma redução substancial de inten­ revistas a seguir.
sidade, mas as respostas de aproximação não pare­

U
ceram ser afetadas. DETERMINANTES DO CONSUMO
Alguns experimentos envolvendo sujeitos huma­ VOLUNTÁRIO DO ÁLCOOL

O
nos também demonstraram os efeitos desinibidores O método de auto-seleção tem sido extensamente
do álcool sobre as expressões verbais de comporta­ utilizado em estudos destinados a identificar os de­
mento sexual e agressivo em situações sociais em terminantes estimuladores do consumo do álcool.

R
que as pessoas bebiam álcool (Bruun, 1959; Cl^rk T ipicam ente, nestas investigações os anim ais
e Sensibar, 1955). Entre seres humanos, porém, podem escolher entre uma solução alcoólica e um
a mesma dose de álcool pode ter efeitos diversos
porque os indivíduos diferem nos tipos de respos­
tas inibidas, na força das inibições e nas variações
nas condições sociais que, em parte, servem para
G
ou mais líquidos; o nível básico do consumo volun­
tário do álcool é depois comparado com a quanti­
dade consumida sob várias condições ambientais.
Achados de estudos que utilizaram um regime
KS
definir e controlar o comportamento apropriado. forçado de álcool, nos quais toda a quantidade de
Numerosos estudos se interessaram pela influên­ líquidos ingerida pelo animal durante um certo pe­
cia do etanol sobre as respostas de fuga e esquiva ríodo de tempo é restrita a soluções que contêm
testadas numa variedade de situações de condicio­ várias concentrações de etanol, revelam que o ál­
O

nam ento aversivo que não envolviam respostas cool por si não tem propriedades acentuadas ine­
competidoras recompensadas. Nestes experimen­ rentem ente reforçadoras. Sob tais condições, os
tos, os animais aprendem inicialmente a desempe­ animais consomem quantidades pequenas não-
BO

nhar respostas que evitam o inicio de uma estimu­ intoxicantes de álcool, mas profitamente voltam a
lação aversiva ou a terminam após a sua ocorrência. tomar outros líquidos quando estes estão disponí­
Mudanças na razão das respostas de fuga e esquiva veis (Korman e Stephens, 1960; Richter, 1956). O
como função da administração do etanol são então valor reforçador positivo do álcool, inferido de
avaliadas relativamente ao desempenho de grupos acréscimõs de respostas de consumo alcoólico, pode
de controle, que recebem água ou soluções con­ ser substancialmente aumentado, porém, sob certas
EX

tendo outras drogas. O etanol em doses moderadas condições fisiológicas e psicológicas. Embora os
produz uma extinção mais rápida das respostas animais que metabolizam o etanol rapidam ente
mediadas pelo medo (Kaplan, 1956; Pawlowski, consumam maiores quantidades de álcool em situa­
Denenberg e Zarrow, 1961) e reduz a razão de res­ ções de livre-escolha do que aqueles que exibem
D

postas destinadas a postergar a ocorrência de estí­ taxas metabólicas mais baixas, estudos de variações
mulos aversivos (Hogans, Moreno e Brodie, 1961; intra-individuais revelam que deficiências de nutri­
Sidman, 1955). Além do mais, a capacidade do ál­ ção, fatores endócrinos, como insulina, e drogas
IN

cool para reduzir o comportamento emotivo é simi­ que produzem dano ao fígado aumentam o con­
lar à de outras drogas que possuem propriedades sumo voluntário do etanol (Mardones, 1960; Rod-
depressivas centrais (Korpmann e Hughes, 1959). gers e McClearn, 1962). Contudo, estudos do al­
A retirada dos reforçadores positivos depois de coolismo humano, embora sejam complicados por
um período de recompensas geralmente produz ambigüidades quanto a causa e efeito, fracassaram
efeitos aversivos que conduzem à supressão das em apontar quaisquer diferenças fidedignas entre
respostas associadas. Mais apoio para a interpreta­ alcoólatras e não-alcoólatras, no que se refere a ca­
ção dos efeitos comportamentais do etanol em ter­ racterísticas genéticas e endócrinas (Lester, 1966).
mos de processos de redução da emoção é forne­ Resultados de estudos de laboratório nos quais
cido por experimentos relativos à reinstalação de são comparados o consumo voluntário do álcool an­
respostas depois da sua inibição por meio da não- tes, durante e após a estimulação aversiva, lançam
recompensa frustradora. Sob estas condições, os alguma luz sobre os mecanismos possíveis do con­
animais que tinham recebido etanol eram mais per­ sumo de álcool. O leitor recordará que Masserman
sistentes no desempenho de um comportamento e Yum (1946) descobriram que animais que ini­
314 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

ciai mente preferiam o leite puro a uma solução de cessiva e insônia (Isbell, Fraser, Wikler, Belleville
leite com álcool desenvolveram uma preferência e Eiseman, 1955; Mendelson e La Dou, 1964). De­
pelo álcool durante períodos de stress induzido pois que a pessoa se torna fisicamente dependente
pelo ch o q u e, mas voltaram às bebidas não- do álcool, ela se vê compelida a consumir grandes
alcoólicas depois que os estímulos aversivos tinham quantidades tanto para aliviar reações físicas incô­
sido retirados e o medo extinto. Clark e Polish modas como para evitar a sua recorrência. Como a
(1960) mediram o consumo de água e de uma solu­ ingestão de intoxicantes prontamente acaba com a
ção de 20 por cento de álcool em macacos antes, estimulação aversiva fisiologicamente gerada, o
durante e depois de um treino de esquiva no qual com portamento alcoólatra é automática e conti­
íada resposta adiava, de modo breve, a ocorrência nuamente reforçado. Depois que a adição farmaco­
de choques elétricos. Embora houvesse pouca m u­ lógica ocorre, a maior parte do tempo e dos recur­
dança no consumo da água nas várias fases, o con­ sos do alcoólatra é devotada para a manutenção de
sumo de álcool aumentou durante e decresceu após um nível elevado de contínua auto-intoxicação.

PS
as sessões de condicionamento da esquiva. Embora a redução da aversão e outros reforços
Os efeitos da estimulação aversiva sobre o con­ positivos que tipicamente acompanham o beber em
sumo de álcool tendem a ser mais prolongados companhia dos outros possam explicar adequada­
quando o castigo é aplicado num a base não- mente a manutenção da embriaguez, uma teoria

U
contingente e imprevisível. Casey (1960), por adequada do alcoolismo precisa evocar variáveis de
exemplo, estudou o consumo relativo de água e de aprendizagem social adicionais, já que, obvia­

O
uma solução de álcool como função dos choques mente, a maioria das pessoas que estão sujeitas a
aversivos programados de acordo com um esquema experiências estressantes não se torna alcoólatra.
de intervalos variáveis. Sob tais condições de incer­ Tem sido habitual evocar determinantes internos

R
teza, ós animais beberam quantidades um tanto sob a forma de perturbações neuróticas de persona­
maiores de álcool durante o período de stress, lidade e patologias subjacentes como as variáveis
mas os maiores incrementos no consumo voluntário
de álcool ocorreram durante o mês seguinte, depois
que os choques tinham deixado de ser aplicados.
Por outro lado, num segundo grupo de animais
G
antecedentes diferenciais. A inadequação das teo­
rias do alcoolismo que enfatizam o papel dos traços
de personalidade e da dinâmica interior se torna
prontamente evidente nas diferenças culturais e
KS
que poderiam escolher livremente entre água ou subculturais acentuadas na incidência do alcoo­
uma solução de reserpina (que possui efeitos bas­ lismo. Na realidade, se nos baseamos na teoria de
tante retardados), as mesmas manipulaçpes deixa­ que uma “neurose” é experimental para o desen­
ram de aumentar a atração desta segunda droga. volvimento do alcoolismo crônico, teríamos que
Estes diversos resultados sugerem que a absorção
O

concluir, forçosamente, que os judeus, mormons,


relativamente rápida do álcool e a redução acom­ muçulmanos, italianos, chineses e os membros de
panhante da deflagração aversiva podem contri­ outros grupos culturais que apresentam uma taxa
BO

buir em parte para a sua eficiência como um re­ especialmente baixa de alcoolismo carecem de neu­
forço positivo sob condições de estimulação aver­ roses, privações orais, tendências autodestrutivas,
siva. Além do mais, a emotividade generalizada homossexualismo latente, cuidados maternais ex­
pode aumentar ainda os seus efeitos reforçadores cessivos e sentimentos de inferioridade, ao passo
(Korn, 1960). que tais condições nocivas devem ser altamente
prevalentes entre os irlandeses, que excedem todos
EX

APRENDIZAGEM SOCIAL DO os outros grupos étnicos quanto ao alcoolismo crô­


COMPORTAMENTO ALCOÓLATRA nico (Chafetz e Demone, 1962; McCarthy, 1959;
A pesquisa discutida acima indica que o consumo Pittman e Snyder, 1962). Talvez a evidência mais
excessivo de álcool é mantido por um reforçamento flagrante de que o alcoolismo representa um pa­
D

positivo que deriva das propriedades dê depressão drão de comportamento aprendido, e não uma
central e anestésicas do álcool. Pessoas que estão manifestação de um tipo particular de patologia
repetidamente sujeitas a stress ambiental são, con­ predispositiva subjacente, é fornecida pelas taxas
IN

seqüentemente, mais aptas a consumir doses anes­ extremamente baixas de alcoolismo entre os ju ­
tésicas de álcool do que aquelas que vivenciam deus, os quais, contudo, não vivenciam menos e em
menos stress e para as quais, portanto, o álcool só toda probabilidade vivenciam mais stress psicoló­
possui um valor reforçador fraco. Em muitos casos, gico do que membros de outros grupos étnicos co­
também, o beber excessivo pode servir primaria­ nhecidos pelo seu am or à bebida (Glad, 1947;
mente para aliviar os efeitos aversivos do tédio. Snyder, 1958). Estas diferenças étnicas e subcultu­
O uso intenso ê prolongado de bebidas alcoólicas rais no uso de intoxicantes apontam para a impor­
produz alterações no sistema metabólico que forne­ tância da aprendizagem social pré-alcoólica do
cem a base para um segundo mecanismo de manu­ comportamento de beber no desenvolvimento do
tenção que é independente do valor funcional ori­ alcoolismo.
ginal do álcool. Isto é, a retirada do álcool elicia As variáveis de aprendizagem social assumem vá­
reações fisiológicas extremamente aversivas consis­ rias formas. No nível mais geral se refletem nas
tindo de tremores, náusea, vômitos, fraqueza acen­ normas culturais que definem as contingências de
tuada, diarréia, febre, hipertensão, perspiração ex­ reforço associadas ao uso do álcool. Existe uma evi-
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 515

dênda considerável de que o consumo do álcool é irá experimentar redução do stress em muitas oca­
significativamente influenciado pelos costumes re­ siões. Uma vez que o consumo do álcool é, desta
lacionados com a bebida de determinados grupos forma, reforçado intermitentemente, será pronta­
sociais. Membros de culturas que são altamente mente eliciado sob condições frustrantes ou aversi­
permissivas em relação ao uso de intoxicantes, ou vas. Portanto, o alcoolismo tipicamente resulta da
até consideram o beber um comportamento a ser habituação após um consumo social intenso adqui­
imitado, apresentam uma maior incidência de em­ rido dentro do contexto do alcoolismo familiar.
briaguez do que indivíduos criados em culturas as A relação entre stress e alcoolismo é talvez mais
quais, por motivos religiosos ou outros quaisquer, forte entre os alcoólatras que são membros de gru­
exigem a sobriedade. Similarmente, dentro de cul­ pos subculturais que sancionam negativamente o
turas heterogêneas como a nossa, a prevalência consumo de bebidas intoxicantes, e cujos pais prati­
da intoxicação crônica varia em função dos tipos de caram abstinência total. A história de aprendiza­
condições de aprendizagem social que são associa­ gem social do alcoolismo sob essas condições nunca

PS
das com o “status”, afiliação religiosa, antecedentes foi adequadamente documentada, mas existe al­
raciais étnicos, ocupação e residência urbana ou ru­ guma evidência para sugerir que nestes casos o pa­
ral. drão de comportamento é originalmente adquirido
Embora os costumes culturais e dos subgrupos sob condições de stress elevado e depois se gene­

U
obviamente desempenhem um papel importante na raliza a circunstâncias emotivas menos agudas (Fort
determinação do -grau de alcoolismo, as injunções e Porterfield, 1961). Além disso, fora da família,

O
normativas por si só não explicam a incidência modelos da mesma idade podem desempenhar um
relativamente baixa do comportamento aditivo de papel muito influente na transmissão do compor­
beber em grupos sociais que sancionam de modo po­ tamento de beber (Skolnik, 1957).

R
sitivo o uso de bebidas alcoólicas, ou a ocorrência Na análise anterior do alcoolismo, a estimulação
do alcoolismo crônico em culturas que proíbem in­ aversiva e sua rápida redução por meio da ação de­
toxicantes.
Os costumes culturais e dos subgrupos são, em
certa extensão, transmitidos por meio do compor­
tamento de modelação dos agentes de socialização;
G
pressora das bebidas alcoólicas receberam um
papel central no desenvolvimento e manutenção do
comportamento aditivo ao álcool. Devemos enfati­
zar, contudo, que conflito, tédio, frustração e ou­
KS
conseqüentem ente, não podem os adinitir que tras condições de stress podem eliciar uma grande
membros de uma determinada classe passem por variedade de reações incluindo agressão, depen­
experiências de aprendizagem equivalentes. Estu­ dência, isolamento, somatização, regressão, apatia,
dos dos antecedentes familiares dos alcoólatras ge­ autismo, embriaguez ou comportamentos constru­
O

ralmente revelam uma incidência inusitadameme tivos. As pessoas que exibem este último padrão de
elevada de alcoolismo familiar {Fort e Porterfield, resposta ao stress serão tipicam ente julgadas
1961; Lemere, Voegtlin, Broz, 0 ’Hollaren e Tup- "normais"; em contraste, “neuroses”, “perturbações
BO

per, 1942b; Wall, 1936). Podemos argumentar que profundas da personalidade” e outros processos
estes dados apóiam uma interpretação genética do mórbidos são freqüentemente evocados como Iato­
alcoolismo, mas o padrão do com portamento de res explicativos quando as pessoas adquirir: mi um
beber que é modelado e a amplitude das circuns­ ou mais padrões de comportamento entiv os cita­
tâncias em que ocorre são de maior importância do dos acima. 'Fais patologias pressupostas represen­
que a exibição de beber moderadamente ou a abs­ tam essencialmente pseudo-explicações, uma vez
EX

tinência completa de alguns membros da família. que a principal evidência para a sua existência é o
Por exemplo, em lares italianos e judeus, o uso de comportamento que pretendem explicar.
bebidas alcoólicas diluídas, especialmente o vinho, é Do ponto de vista da aprendizagem social, os al­
aprovado sob condições claramente delimitadas coólatras são pessoas que adquiriram, por meio do
D

mas é negativamente sancionado se consumido reforçam ento diferencial e das experiências de


em quantidades intoxicantes ou situações não modelação, o consumo do álcool como uma res­
apropriadas. Quando o uso do álcool é assim res­ posta dominante altamente generalizada à estimu­
IN

trito prim ariamente às refeições ou forma uma lação aversiva. A atenção terapêutica será, por­
parte integrante de cerimônias religiosas ou outras tanto, mais eficaz se dirigida para a redução do
práticas sociais e familiares, o consumo do álcool nível de estimulação aversiva vivenciado pelos indi­
pode ser colocado sobre um controle de estímulos víduos e para a eliminação das respostas alcoólicas
suficientemente restrito para assegurar a modera­ ao stress diretamente ou, preferivelmente, estabele­
ção (Bales, 1946; Glad, 1947; Snyder, 1958). Por cendo modos alternativos de lidar com a situação.
outro lado, em situações familiares nas quais o ál­ Se lhes forem dados modos mais eficientes e re­
cool é objeto de consumo extenso numa grande va­ compensadores de lidar com as exigências ambien­
riedade de circunstâncias e é uma resposta prefe­ tais, os indivíduos terão menos necessidade de re­
rida à monotonia ou stress, um tipo similar de correr à auto-anestesia contra as experiências diá­
padrão de comportamento pode ser transmitido rias.
aos filhos que crescem. Embora o comportamento E inteiramente possível que o componente de
de beber seja, em geral, inicialmente adquirido sob stress no alcoolismo tenha recebido um peso des­
condições de não-stress, um bebedor social habitual proporcional, principalmente porque as investiga­
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

ções envolvendo variáveis psicológicas foram essen­ experimental, 17 adquiriram reações estáveis de
cialmente limitadas a procedimentos de condicio­ aversão ao álcool e 14 permaneceram totalmente
namento aversivo negligenciando outros determi­ abstêmios quando subseqüentemente avaliados em
nantes potenciais significativos do consumo do ál­ períodos que íam de 3 semanas a 20 meses. Em
cool. Além do mais, embora se tenha mostrado que contraste, todos exceto um dos sujeitos de controle
as condições fisiológicas e o stress ambiental au­ reverteram aos seus modos alcoólicos habituais
mentam o consumo do álcool, a quantidade con­ dentro de poucos dias após a sua alta do hospital.
sumida geralmente não excede a capacidade oxida- Embora o procedimento de Kantorovich desper­
tiva do animal. Em contraste, Lester (1961) desco­ tasse pouco interesse, as terapias de aversão que
briu que animais num esquema de intervalos variá­ empregavam agentes farmacológicos têm sido apli­
veis de reforço positivo mantiveram um estado estávél cadas, em larga escala, ao tratamento do alcoolismo.
e prolongado de auto-intoxicação, acompanhado Exceto por variações mínimas, os procedimentos
por sinais manifestos de embriaguez, disfunções de condicionamento são geralmente pautados nos

PS
comportamentais e o desenvolvimento de uma tole­ métodos originalmente desenvolvidos por Voegtlin
rância metabólica análoga ao alcoolismo humano. e seus associados (Lemere, Voegtlin, Broz, O'Holla-
Uma vez que a recompensa alimentar intermitente ren e Tupper, 1942a; Voegtlin, 1940) num sanató­
não pode ser considerada uma situação muito afli­ rio dedicado exclusivamente ao tratamento do al­

U
tiva, evidentemente outros fatores além da redução coolismo. O tratamento consiste essencialmente em
do stress eram primariamente responsáveis pela associar a visão, cheiro, gosto e pensamentos do ál­
embriaguez automantida. Os resultados deste úl­ cool com uma náusea induzida por drogas em 4 a 7

O
timo estudo apontam para a necessidade de inves­ sessões breves distribuídas por um período de dez
tigações experimentais de outras variáveis psicoló­ dias.

R
gicas que podem, eventualmente, produzir adição Na manhã precedente ao tratamento, o cliente
ao álcool. recebe somente líquidos e uma droga estimulante
Como o alcoolismo muitas vezes surge em intera­
ções sociais recompensadoras, o beber operante, no
qual o consumo do álcool serve primariamente a uma
função instrumental e não-reforçadora, merece um
G
(por ex., sulfato de benzedrina) destinada a aumen­
tar o processo de condicionamento. As sessões são
conduzidas num quarto semi-obscurecido, à prova
de som, do qual todos os estímulos auditivos, vi­
KS
exame cuidadoso. Neste processo a pessoa bebe suais e olfativos estranhos forara excluídos. Na
para obter uma variedade de recompensas que de­ frente da cadeira do cliente há uma mesa que con­
rivam das interações sociais com companheiros de tém uma grande variedade de líquidos incluindo
“farra”. Um beber intenso e prolongado conduz ao bourbon, whisky escocês, gim, conhaque, rum, cerveja
desenvolvimento da tolerância fisiológica e à de­
O

e vinho, iluminados por um foco de luz para foca­


pendência do álcool, o que por sua vez obriga a um lizar a atenção sobre as bebidas. O cliente recebe, em
consumo maior de álcool. Desta forma, em estágios primeiro lugar, um copo de água morna contendo
BO

avançados, mecanismos bioquímicos de redução do emetina oral, e imediatamente após uma injeção de
stress e de reforçamento social podem contribuir uma mistura de emetina-pilocarpina-efedrina. A
para a manutenção da adição ao álcool. emetina é utilizada como o agente primário da
Qualquer que seja a teoria do alcoolismo e da produção de aversão primariamente porque a sua
psicoterapia que se adote, a eliminação ou modifi­ ação emética é mais prolongada e porque não pos­
cação drástica do comportamento alcoólatra obvia­ sui os efeitos sedativos da apomorfina.
EX

mente é um objetivo de considerável importância. Exatamente antes do início dos sentimentos de


Uma das abordagens comportamentais a este pro­ náusea pede-se ao cliente que cheire, tome peque­
blema se apóia no condicionamento de proprieda­ nos goles e sinta o gosto de uma dose de whisky
des aversivas às bebidas alcoólicas. Nas seções sub­ puro. Este mesmo procedimento é repetido várias
D

seqüentes consideraremos o valor e as limitações vezes com whisky tomado puro ou misturado com
desta modalidade de terapia e as condições sob as água quente para facilitar a ação emética. A ra­
quais procedimentos alternativos ou suplementares zão pela qual se utiliza somente o whisky na ses­
IN

são essenciais para a modificação bem-sucedida do são inicial e no início de cada sessão subseqüente é
alcoolismt). que esta bebida produz maior irritação gástrica do
que a cerveja ou o vinho e assim serve para facilitar
TERAPIA DE AVERSÃO CONDICIONADA
a reação emética. Kant (1944) questionou seria­
A primeira aplicação sistemática do contracondi- mente a sabedoria de udlizar o estimulo condicio­
cionamento aversivo à modificação do alcoolismo nado para aumentar a resposta não-condicionada,
foi relatada por Kantorovich (1934). Vinte alcoóla­ uma vez que este procedimento corre um risco
tras participaram de 5 a 18 sessões nas quais pape­ muito grande de reforçar o comportamento alcoó­
letas contendo os nomes das bebidas, a visão de latra. Se de 4 a 6 doses de álcool são ingeridas antes
garrafas de vodca, vinho e cerveja, e o cheiro e o que ocorra a reação emética, é provável que gran­
gosto destas várias bebidas alcoólicas foram sucessi­ des quantidades de álcool sejam absorvidas. Nestas
vamente emparelhados com choques elétricos. Um condições, os efeitos imediatamente reforçadores
grupo-controle de 10 alcoólatras recebeu sugestões do álcool podem reduzir, ou mesmo ultrapassar, a
hipnóticas e medicação. Dos 20 clientes do grupo eficácia das experiências aversivas subseqüentes.
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 317

Considerando-se as dificuldades de cronometrar em relação a todas as bebidas alcoólicas seja estabe­


precisamente o início das reações eméticas, este fa­ lecida.
tor pode em parte explicar as variações na força da Continua a procura de um estímulo incondicio-
aversão condicionada desenvolvida por diferentes nado que teria propriedades de produção da aver­
investigadores supostamente utilizando o mesmo são suficientemente fortes sem efeitos colaterais de­
método. Enquanto Voegtlin tomou todas as pre­ sagradáveis, e que ao mesmo tempo permitiria a
cauções necessárias para evitar a absorção do álcool aplicação dos métodos de contracondicionamento
pelo cliente durante o tratamento, não está claro se num a base am b u lato rial. M iller (1959), por
outros terapeutas prestaram atenção a este ponto exemplo, relata um êxito considerável no trata­
importante da técnica. mento do alcoolismo por meio da aversão induzida
As mudanças de procedimento advogadas por hipnoticamente. O cliente é hipnotizado e instruído
Kant (1944, 1945) resolvem o problema da absor­ para reviver a sua pior ressaca, incluindo o mal-
ção do álcool sem diminuir a eficácia do tratamen­ estar geral, as dores de cabeça, a náusea e os vômi­
to. Durante as duas primeiras sessões bem antes e tos. Com o início da náusea e das reações eméticas

PS
durante a náusea, pede-se ao cliente que olhe, chei­ pede-se ao cliente que cheire e prove bebidas alcoó­
re e sinta o gosto das diferentes bebidas alcoólicas, licas, incluindo o whisky, a cerveja e o vinho, Além
devendo depois cuspi-las fora, sem enguü-las. Nas dos ensaios de condicionamento, também se diri­
sessões subseqüentes, pede-se ao cliente que beba gem sugestões diretas ao cliente de que, no futuro,

U
algum álcool quando estiver extremamente nau­ o gosto e o cheiro do álcool irão prontamente pro­
seado. Somente nas sessões terminais, quando o vocar sentimentos desagradáveis de náusea. Tanto

O
próprio álcool adquiriu a capacidade de produzir Miller como Strefchuk (1957), o qual também fez
um esvaziamento rápido do estômago, se encoraja experimentos com métodos de indução verbal sob
o cliente a tomar várias doses de álcool. hipnose, mantêm que a aversão induzida hipnoti­

R
É importante incluir todas as variedades e tipos camente evoca reações mais estáveis do que aquelas
de bebidas alcoólicas como estímulos condicionados produzidas por drogas eméticas, embora não apre­
para estabelecer as respostas de aversão mais
estáveis e generalizadas. Lemere e Voegtlin (1940),
por exemplo, relatam vários casos nos quais a aver­
são persistiu em relação à classe de bebidas origi­
G
sentem dados comparativos para apoiar esta rei­
vindicação.

EFICÁCIA DA TERAPIA DE AVERSÃO


KS
nalmente contracondicionadas, mas o cliente come­ Numerosos estudos de resultados foram relata­
çou a tomar intoxicantes em relação aos quais as dos indicando as taxas de abstinência de bebidas al­
reações de aversão nunca foram estabelecidas. Um coólicas que se seguem à aplicação do contracondi­
tratamento subseqüente envolvendo estas bebidas cionamento aversivo. Ao se avaliarem os resultados
O

produziu abstinência total. Quinn e Henbest (1967) de qualquer forma de tratamento do alcoolismo é
relatam uma especificidade similar da aversão na importante ter em mente várias qualificações. Uma
maioria dos casos em que as propriedades negativas avaliação exata do consumo de álcool por parte de
BO

foram condicionadas ao whisky apenas. Embora a uma pessoa necessitaria uma verificação continua
cerveja, o vinho e o whisky sejam usados, a maior de todas as suas atividades. Como isto obviamente
atenção geralmente é dirigida para o tipo particular é antiético e pouco prático, os resultados são tipica­
de intoxicante preferido pelo cliente. Os ensaios de mente medidos em termos de auto-relatos do com­
condicionamento são continuados até que os estí­ portamento alcoólatra, de avaliações por pessoas
mulos alcoólicos por si só eliciam reações de náusea que conhecem bem o cliente, de registros públicos
EX

e a ingestão de diferentes variedades de bebida de intoxicação, e de vários índices indiretos basea­


produz vômitos rapidamente. Na conclusão do tra­ dos na adequação do funcionamento físico, social e
tamento, o cliente é instruído de que no futuro ocupacional (Hill e Blane, 1967).
deve se abster totalmente de bebidas alcoólicas. Tem havido um consenso geral, baseado no pres­
D

Houve algumas variações no procedimento de suposto dé que os alcoólatras nunca podem aceitar
condicionam ento originalm ente elaborado por um padrão de ingestão de bebidas alcoólicas con­
Voegtlin. Miller, Dvorak e T um er (1960) relatam trolado e menos excessivo, de que a completa abs­
IN

que excelentes aversões ao álcool podem ser desen­ tenção de bebidas alcoólicas deveria ser o principal
volvidas pela aplicação deste método em grupo. Os objetivo de qualquer program a de tratam ento.
autores relatam que a presença simultânea de vá­ C onseqüentem ente, a eficácia das abordagens
rias pessoas sendo submetidas ao tratamento fre­ comportamentais é tipicamente avaliada em termos
qüentemente produz reações eméticas contagiantes, da duração da sobriedade conseguida entre seus
desta forma facilitando um processo de condicio­ clientes. Em anos recentes, vários investigadores
namento negativo. (Davies, 1962; Kendell, 1965) relataram que uma
Muitos terapeutas europeus udlizaram um mé­ pequena percentagem de alcoólatras com uma
todo de contracondicionam ento elaborado por longa história de adição ao álcool foi capaz de
Feldmann (DeMorsier e Feldmann, 1950), no qual beber moderadamente após o tratamento. Se em­
a apomorfina serve como estímulo não condicio­ pregássemos uma medida da mudança no compor­
nado e as sessões de tratamento continuam por in­ tamento alcoólatra ao invés do critério rígido da
tervalos de 2 ou 4 horas até que a aversão completa abstinência total, a proporção de casos que deri-
318 CONTRACONDJCIONAM ENTO AVERSIVO

vam alguns benefícios do programa terapêutico sas que podem resultar da cessação do comporta­
seria um pouco mais elevada. Contudo, a validade mento embriagado. A avaliação do comportamento
de avaliações de melhora mais refinadas permanece alcoólatra é portanto grandemente negligenciada
uma questão em aberto, considerando que a avalia­ em favor de mudanças psicológicas inferidas que
ção do comportamento alcoólatra antes do trata­ podem fazer com que qualquer forma de terapia
mento geralmente se baseia em relatos retrospecti­ pareça adequada mesmo se esta falhou em atingir o
vos, e não em medidas diretas da quantidade e do seu objetivo pretendido. Para se salvaguardar
padrão do consumo de álcool. Mello e Mendelson contra a perpetuação de métodos fracos na base de
(1965) desenvolveram uma medida sensível do critérios estranhos, a pesquisa de avaliação deveria
comportamento alcoólatra que poderia ser empre- incluir a avaliação do comportamento alcoólatra,
ada para estudar mudanças no consumo do álcool. quaisquer que sejam os outros critérios de resulta­
f , dado livre acesso aos participantes a um aparelho dos que se deseje usar.
de condicionamento operante no qual podem tra­ O Quadro 8-1 resume as percentagens de absti­

PS
balhar para receber reforço m onetário ou re­ nência completa obtida por diferentes investigadores
forço em forma de álcool. Depois de desempenhar que u^am o contracondicionamento aversivo. Os
um certo número de respostas, uma pequena quan­ algarismos do quadro geralm ente não incluem
tidade de álcool é dada ao participante, ou, então, casos cujo comportamento alcoólatra não é conhe­

U
um certo número de pontos que valem dinheiro é cido porque não puderam ser localizados nos estu­
registrado num contador, dependendo do tipo de dos de seguimento subseqüentes. Estes métodos,
reforço selecionado. Este procedimento permite naturalmente, não foram aplicados sob condições

O
um exame detalhado do padrão de consumo do ál­ psicologicamente esterilizadas. Os eventos condi­
cool durante um período específico. cionantes são aplicados socialmente, os clientes, in­

R
Embora um dos principais objetivos do trata­ dubitavelmente, receberam certas sugestões práti­
mento deva ser a modificação do comportamento cas para meios mais construtivos de lidar com as
problemático para o qual o cliente solicita ajuda, a suas situações de vida, e elas são provavelmente so­
eficácia de um dado método de tratamento pode
ser melhor avaliada em termos de suas conse­
qüências totais. Isto é especialmente verdadeiro do
G cialmente reforçadoras para manter a sobriedade.
Também é indubitavelmente verdadeiro que à é-
poca que os alcoólatras aparecem para a terapia
KS
alcoolismo crônico, que tem efeitos profundamente de aversão eles já receberam conselhos sábios, ape­
negativos sobre as áreas sociais, conjugais, ocupa- los apaixonados de pessoas significativas na sua
cionais e outras áreas de funcionamento. Contudo, vida, admoestações repetidas, recompensas e uma
ao enfatizar o valor de medir resultados múltiplos, variedade de remédios, sem nenhum resultado. Os
os terapeutas tendem a esquecer a relevância do resultados do tratamento são freqüentemente atri­
O

critério de abstinência (Hill e Blane, 1967). Esta buídos às influências sociais comuns, como se estas
reordenação dos critérios é muitas vezes acompa­ fossem encontradas pela primeira vez na situação
BO

nhada pela enumeração das conseqüências perigo­ de tratamento.

Quadro 8-1. Taxas de Abstinência Obtidas pela Terapia da Aversão


EX

Número de Abstinência Duraçào do


Investigador Estimulo aversivo completa (%) seguimento

Edlin, Johnson, Hletko 63 Emetina 30 3-10 meses


e Heilbrunn (1945)
D

Kant (1945) 31 Emetina 80 Nâo-especificado


Lemere e Voegtlin (1950) 4.096 Emetina 51 1 a 10 anos
Miller, Dvorak e T urner (1960) 10 Emetina 80 8 meses
IN

Shanahan e Homick ( 1946) 24 Emetina 70 9 meses


Thimann (1949) 275 Emedna 51 3 a 7 anos
Wallace (1949) 31 Emetina 42 4 a 17 meses
DeMorsicr e Fetdmann (1950) 150 Apomorfina 46 8 a 31 meses
Mestrallet e Lang (1959) 183 Apomorfina 41
Ruck (1956) Apomorfina 50 1,5 ano
Kantorovich (1934) 20 Choque elétrico 82 3 semanas a
20 meses
BlaLc (1967) 25 Choque elétrico 23 12 meses
37 Choque elétrico com 48 12 meses
treino de relaxamento
Miller (1959) 24 Aversão induzida 83 9 meses
verbalmente
Anant (1967) 26 Aversão induzida % 8 a 15 meses
verbalmente
Ashem e Donner (1968) 15 Aversão induzida 40 6 meses
verbalmente
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO S19

A variabilidade relatada das taxas de abstinência taxas de sobriedade muito mais elevadas (87 por
provavelmente reflete os intervalos diferenciais de cento) do que aqueles que se recusaram a associar-
tempo nos quais os vários investigadores fizeram as se a tais grupos (40 por cento).
suas avaliações de seguimento. Em geral, as taxas De interesse especial é a descoberta de que a dis­
de abstinência são extremamente elevadas no pe­ posição dos clientes de participar e a participação
ríodo imediatamente após o tratamento; a incidên­ em si de sessões periódicas de recondicionamento
cia de voltas ao comportamento alcoólatra é maior durante o ano imediatamente após o tratamento
durante 6 a 12 meses; depois, a abstinência declina (no qual ocorre a maioria das reversões ao alcoo­
gradualmente com o aumento da duração. O fato, lismo) aumentaram significativamente a probabili­
porém, de que certa variação nos resultados é en­ dade da abstinência continuada (Voegtlin et al.,
contrada mesmo quando procedimentos similares e 1942). De um número total de 155 clientes que ini­
intervalos iguais de seguimento são usados, sugere cialmente concordaram em participar do programa
que as diferenças também podem ser atribuídas em de pós-terapia, 91 por cento permaneceram abstê­

PS
parte à implementação inadequada dos procedi­ mios durante o ano do estudo, ao passo que a per­
mentos necessários de condicionamento, às dife­ centagem correspondente a 73 clientes que se recu­
renças nas características das amostras, e às varia­ saram a ser voluntários piara sessões de seguimento
ções na extensão em que contingências ambientais foi 71 por cento. Para oferecer mais um grupo de

U
são desfavoráveis para a manutenção da sobrie­ comparação, cada quarto caso não recebeu a opor­
dade. A ausência* conspícua de qualquer experi­ tunidade de receber ensaios de contracondiciona­
mentação controlada nesta área impossibilita a de­

O
mento adicionais após o complemento do trata­
terminação do grau em que os resultados do trata­ mento básico. Este grupo de controle obteve uma
mento podem ser afetados diferencialmente pela taxa de 70 por cento de abstinência.

R
natureza do estímulo aversivo, o número e a distri­ É difícil determinar a partir destes dados a in­
buição de sessões de condicionamento, os recursos fluência da motivação em si, porque alguns dos
de que dispõem os clientes para modos alternativos
de resposta ao stress e as contingências ambientais
associadas com o comportamento alcoólatra.
Os resultados relatados por Voegtlin e seus asso­
G
clientes que inicialmente concordaram com as ses­
sões adicionais deixaram de voltar; reciprocamente,
um número inespecífico de casos de controle, que
subseqüentemente souberam do programa, volun­
KS
ciados merecem alguma discussão já que refletem a tariamente pediram e receberam o tratamento adi­
aplicação mais judiciosa e extensiva do princípio de cional. Fica claro, porém, da análise dentro dos
contracondicionamento no tratamento do alcoo­ grupos, que as taxas de abstinência estão positiva­
lismo. Exceto naqueles casos em que a terapia foi mente relacionadas com o número de sessões de
O

contra-indicada por razões físicas (4 por cento) e os condicionam ento suplem entares (Q uadro 8-2).
casos que recusaram aceitar o tratamento depois da Baseando-nos nos resultados gerais deste estudo,
desintoxicação (5 por cento), a terapia de aversão podemos dizer que um alcoólatra que está disposto
BO

foi oferecida a todas as pessoas sem seleção ulte­ favoravelmente em relação ao tratamento penódico
rior. Conseqüentem ente, um a am plitude muito continuado tem uma probabilidade de 86 por cento
grande de idade, vários níveis sócio-econômicos e de permanecer abstêmio pelo menos durante um
praticamente todos os grupos ocupacionais estão ano.
representados. As análises estatísticas dos dados de O contracondicionamento aversivo é assim um
aproximadamente 3.000 casos tratados num pe­ método simples, breve, econômico e relativamente
EX

ríodo de dez anos revelam numerosos correlatos eficiente para produzir aversão ao álcool pelo
significativos da abstinência (Voegtlin e Broz, menos por um período limitado, e uma abstinência
1949). Os clientes de menos de 25 anos contribuí­ continuada total em aproximamente 50 por cento
ram com as taxas mais baixas de sobriedade (23 por dos clientes. A terapia de aversão oferece as vanta­
D

cento), enquanto que a incidência da abstinência gens adicionais de pronta aceitação por parte dos
aumentou com cada intervalo subseqüente de ida­ clientes e ampla aplicabilidade. As contra-indica-
de. Embora o status ocupacional, em si, não pare­ ções incluem, primariamente, certas perturbações
IN

cesse representar uma importante fonte de variân­


cia, os clientes que apresentavam uma história de
desemprego e freqüentes mudanças de trabalho
foram menos responsivos (21 por cento) do que Quadro 8-2. Percentagem de Abstinência como Função
do Número de Sessões de Condicionamento Suplementares
aqueles com histórias de emprego relativamente
estável (71 por cento). Similarmente, uma propor­ N úm ero d e
ção consideravelmente menor de casos de caridade mmAm Número de Percentagem de
(20 por cento) permaneceu abstêmia, comparada suplementam cam abatinéneia
com os casos da classe média (49 por cento) ou da
classe abastada (62 por cento). A associação conti­ Nenhuma 86 74
Uma 113 80
nuada com companheiros de “bebedeiras” explicou Duas 57 95
um certo número de retornos ao alcoolismo. Não é Três 20 90
de surpreender, entretanto, que aqueles clientes Quatro ou mais 7 100
que se filiaram a clubes de abstinência mantiveram
320 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

físicas como úlceras gastrintestinais ou hem or­ (Bowman et al., 1951; Child, Osinski, Bennett e
ragia, hérnia, cirrose hepática, condições cardía­ Davidoff, 1951).
cas e doenças coronarianas. Apesar dos resultados Por causa das reações fisiológicas violentas que
relativamente favoráveis, o tratamento aversivo do podem ser eliciadas pelo álcool quando o dissulfi­
alcoolismo nunca foi largamente aceito e com o ram está presente no organismo, a intolerância
advento do dissulfiram, as aplicações dos proce­ primária ao álcool e a dose de manutenção são ge­
dimentos de contracondicionamento declinaram ralmente estabelecidas durante um breve período
ainda mais. Embora a terapia com dissulfiram se de hospitalização no qual o cliente é mantido sob
apóie sobre contingências aversivas para a manu­ observação cuidadosa. Contudo, Martensen-Larsen
tenção da sobriedade, como veremos mais adiante, (1953), que tem escrito relatos autoritários sobre
esta abordagem objetiva primariamente eliminar o esta forma de terapia, descreve um regime terapêu­
comportamento alcoólatra e não a alteração neces­ tico que pode ser usado no tratamento ambulató­
sária das valências positivas das bebidas alcoólicas. rio. A dose inicial de dissulfiram, calculada na base
de 15 miligramas por quilo de peso corporal, é

PS
O REGIME DE DISSULFIRAM dada ao cliente durante a sua primeira consulta.
Em 1948, Hald e Jacobsen relataram experimen­ Depois do primeiro tratamento, o tamanho da dose
tos nos quais descobriram que pessoas que tives­ ótima de manutenção é regulado durante um pe­
sem ingerido Antabuse ou dissulfiram (dissulfido ríodo de vários meses, de acordo com as respostas

U
Tetraetiltiuram) por um certo período de tempo do indivíduo aos ensaios do teste de álcool e os efei­
experimentavam reações fisiológicas intensamen­ tos colaterais observados.

O
te aversivas quando, subseqüentemente, bebiam Existem consideráveis dados estatísticos relacio­
mesmo quantidades pequenas de álcool. As reações nados com a eficácia do regime de dissulfiram. Em
dissulfiram-álcool (Bowman, Simon, Hine, Macklin, geral, as taxas de abstinência associadas com perío­

R
Crook, Burbridge e Hanson, 1951) consistem ini­ dos de seguimento de duração variada são essen­
cialmente de um calor desagradável nas faces, con­ cialmente da mesma magnitude do que aquelas ob­

G
juntiva e taquicardia ocorrendo aproximadamente tidas pelo contracondicionamento aversivo (Bour-
5 a 20 minutos depois da ingestão do álcool, segui­ ne, Alford e Bowcock, 1966; Bowman et al., 1951;
dos nos próximos 20 a 50 minutos por dores de Brown e Knoblock, 1951; Child et al., 1951; Eps-
cabeça, dispnéia, tonteiras, náusea e vómitos, dores tein e Guild, 1951; Hoff e McKeown, 1953; Jacob­
KS
no peito, fraqueza física, palidez e sintomas de res­ sen, 1950; Shaw, 1951). Apesar dos volumosos
saca. Estas reações, que geralmente persistem por dados estatísticos relacionados com as abordagens
uma ou duas horas, aparentemente resultam da do contracondicionamento e do dissulfiram, há
ação do dissulfiram no bloqueio da oxidação do ál­ uma pobreza de investigações comparativas nas
O

cool no estágio do acetaldeído. Em virtude da lenta quais a eficácia relativa de diferentes modos de te­
eliminação do dissulfiram, uma única dose pode rapia é investigada sistematicamente no mesmo
fazer com que a pessoa fique fisiologicamente sen­ plano experimental. O problema da avaliação de
BO

sível a bebidas alcoólicas por um período de tempo diferentes abordagens de tratamento é ainda mais
relativamente longo. Relatos dos resultados encora- complicado pelo fato de que os psicoterapeutas que
jadores obtidos com este método, juntamente com a utilizam os procedimentos tradicionais de entrevista
sua simplicidade, conduziram ao uso generalizado geralmente limitam os seus relatórios a afirmações
do tratamento de Antabuse para o alcoolismo. prescritivas relativas à maneira apropriada de con­
O regime terapêutico geralmente é o seguinte: duzir a terapia ou a relatos elaborados dos proces­
EX

No primeiro dia após a desintoxicação administra- sos psicodinâmicos, mas geralmente deixam de
se oralmente 1 a 2 gramas de dissulfiram* com doses citar dados objetivos quanto à eficácia deste tipo de
progressivamente menores nos próximos três dias. procedimento psicoterapêutico. Levantamentos por
Depois que a intolerância primária ao álcool foi es­ meio de questionários revelam que os psicoterapeu­
D

tabelecida, são dados ao cliente um ou mais ensaios tas relutam em tratar alcoólatras por causa do seu
de teste para determinar a dose de manutenção com portamento aversivo perturbador (Hollings-
ótima de Antabuse. A dosagem é ajustada indivi­ head, 1956; Robinson e Podnos, 1966). Quando os
IN

dualmente ao nível onde os efeitos colaterais carac­ métodos de entrevista são usados, os relatórios clí­
terísticos, desagradáveis, da droga são reduzidos a nicos transmitem a impressão de que os resultados
um mínimo, mas no qual a dosagem é ainda ade­ favoráveis são desapontadoramente baixos. Embora
quada para produzir reações suficientemente in­ não haja dados adequados disponíveis para estimar
tensas para impedir que o cliente condnue a con­ com precisão as taxas básicas de mudanças na adi­
sumir álcool. As reações às doses de teste também ção do álcool sem intervenções terapêuticas, os al­
servem para impressionar o cliente com as sérias garismos médios citados são geralmente da ordem
conseqüências físicas de ingerir mesmo pequenas de 10 a 15 por cento.
quantidades de álcool enquanto está tomando o Estudos comparativos experimentais da aversão
dissulfiram . Após o térm ino do tratam ento, o condicionada e das terapias de dissulfiram são par-
cliente recebe uma dosagem de manutenção que dcularmente essenciais, visto que as duas aborda­
geralmente varia de 1/8 a 1/2 grama de dissulfiram gens mostraram ser as mais eficientes para modifi­
tomado cada dia antes do café da manhã ou à noite car e controlar o alcoolismo crônico. Contudo, dife-
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 321

rentem ente dos métodos de contracondiciona- terminar quais os critérios seletivos empregados
m ento que envolvem poucos riscos e contra- para alocar os casos aos diferentes grupos de tra­
indicações, efeitos físicos potencialmente sérios tamento, estes resultados possuem apenas valor su­
podem resultar do uso do dissulfiram se o cliente gestivo. Em vista dos resultados limitados e confli­
ingerir quantidades moderadas ou grandes de ál­ tantes, qualquer conclusão quanto à eficácia relativa
cool enquanto está sob a influência da droga. Além dos métodos sob discussão deve ser adiada até que
das reações fisiológicas ao álcool, foi notado um dados empíricos adequados estejam disponíveis.
certo número de efeitos colaterais desagradáveis do Devemos enfatizar que as modificações do com­
dissulfiram, inclusive sonolência, dores de cabeça, portamento alcoólatra produzidas pelo contracon-
gostos desagradáveis e odores do corpo, perturba­ ditionamento aversivo e pelas drogas antialcoólicas
ções gastrintestinais e às vezes um decréscimo da são obtidas por meio de mecanismos inteiramente
potência sexual. Estas reações acom panhantes diferentes. No caso do dissulfiram, a abstinência é

PS
podem ser suficientemente perturbadoras para in­ mantida numa base química. Enquanto as pílulas
duzir o cliente a terminar a medicação. Existe al­ são tomadas regularmente, as conseqüências fisio­
guma evidência, porém, de que tais efeitos colate­ lógicas potenciais do consumo de bebidas servem
rais podem ser substancialmente reduzidos pelo como inibidores poderosos. Contudo, o condicio­
decréscimo da dose diária de manutenção (Child et namento de propriedades aversivas às bebidas al­

U
al., 1951; Martensen-Larsen, 1953). O regime de coólicas é impossível por causa do intervalo tempo­
tratamento com dissulfiram é também geralmente ral relativamente longo entre a ingestão do álco­

O
contra-indicado para clientes que sofrem de per­ ol, por um lado, e o início das conseqüências aversi­
turbações cardiovasculares, cirrose do fígado, ne- vas, por outro. Conseqüentemente, o álcool retém
frite, diabetes, epilepsia,«arteriosclerose adiantada, o seu valor positivo e o cliente é capaz de beber

R
e em casos de gravidez. dentro de vários dias após terminar a medicação.
É possível que eventualmente seja encontrado Muitos alcoólatras, de fato, tomain o dissulfiram in­
G
um agente antialcoólico efetivo que produza poucos termitentemente e se entregam a “bebedeiras" du­
efeitos colaterais desagradáveis. Ferguson (1956), rante os períodos em que a sua tolerância fisioló­
por exemplo, relata uma droga, carbimídeo citrato gica ao álcool foi restaurada. A duração e o grau de
de cálcio (CCC) cuja ação é similar à do dissulfi­ abstinência são, portanto, contingentes à duração e
KS
ram na inibição do metabolismo do acetaldeído, regularidade com a qual a medicação é usada (Ja-
mas que está livre de alguns dos seus aspectos de­ cobsen, 1950).
sagradáveis. Um experimento preliminar no qual Os pré-requisitos temporais para o condiciona­
diferentes grupos de alcoólatras foram tratados mento aversivo também estão ausentes dos métodos
O

com CCC e com dissulfiram revelou que menos su­ nos quais substâncias nauseantes são adicionadas às
jeitos no grupo CCC abandonaram a medicação bebidas alcoólicas. Nestas condições, uma pessoa
por sua própria conta (Armstrong e Kerr, 1956). deixará de tomar “cocktails” eméticos, mas reterá a
BO

l endo em vista as possíveis manifestações físicas sua atração forte a bebidas alcoólicas não medica­
associadas com o dissulfiram e a inconveniência da das. Além das restrições contra o uso do álcool, fi-
automedicação continuada, a seleção desta forma siologicamente induzidas, métodos de prevenção fí­
de terapia de preferência aos métodos mais curtos, sica também eram empregados para assegurar a
seguros e mais econômicos de contracondiciona- sobriedade nos primeiros tempos da história do tra­
mento só se justificaria se a abordagem farmacoló­ tamento do alcoolismo. Eram dadas sugestões pós-
EX

gica produzisse taxas mais elevadas de resultados hipnóticas de que as pessoas desenvolveriam parali­
favoráveis. Num estudo comparativo da eficácia re­ sia do braço sempre que tentassem tomar bebidas
lativa do contracondicionamento aversivo, Anta- alcoólicas. Esta modalidade de terapia não apenas
buse, hipnoterapia de grupo e terapia ambiental, resultou numa grande quantidade de líquido en­
D

Wallerstein (1957) descobriu que o Antabuse era tornado, mas também favoreceu a aquisição de esti­
mais eficiente, de acordo com uma avaliação conju­ los de beber altamente engenhosos.
Diferentemente das abordagens precedentes, os
IN

gada baseada no grau de abstinência, ajustamento


social geral, “sentimentos subjetivos de diferença” e procedimentos de contracondicionamento, criando
mudanças na “estrutura da personalidade”. Con­ reações de aversão ao gosto, cheiro e até à idéia do
tudo, os resultados para o grupo de condiciona­ álcool, reduzem diretamente o valor positivo dos
mento diferem tanto dos obtidos por outros inves­ intoxicantes e não necessitam, portanto, da conti­
tigadores que os resultados deste experimento de­ nuação de impedimentos impostos externamente
vem ser aceitos sob reserva. Yanushevskii (1959) ao comportamento alcoólatra.
analisou os dados de seguimento de 2.000 alcoó­
latras que receberam medicação, psicoterapia, TRATAMENTO MULTIFORME DO ALCOOLISMO
hipnose, contracondicionamento com apomorfina O contracondicionamento aversivo usado isola­
ou dissulfiram numa clínica de Moscou. A aversão damente tem sido mais bem-sucedido com alcoóla­
condicionada e o dissulfiram foram superiores aos tras que desenvolveram o hábito por meio de um
outros procedimentos, mas estas duas abordagens comportamento social intenso e que possuem sufi­
terapêuticas produziram taxas de abstinência es­ cientes recursos pessoais para derivar gratificações
sencialmente similares. Como não há meio de de­ adequadas do comportamento sóbrio (Thimann,
322 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

1949; Voegtlin e Broz, 1949). Às vezes, críticos dos portamentais. Admite-se que os comportamento*
programas de tratamento dirigidos para a modifi­ de reforço positivo que estão sendo estabelecidos
cação direta do comportamento alcoólatra admitem irão competir com, e eventualmente substituir, a
erroneamente que estas abordagens estão baseadas fuga e a esquiva alcoólatra.
na premissa de que o álcool é o único problema do Num projeto-piloto, Narrol (1967) empregou
alcoólatra. Muito pelo contrário, elas admitem que princípios de reforçamento para promover ativida­
o funcionamento psicológico envolve um processo des profissionais em alcoólatras crônicos hospitali­
de influência recíproca no qual as características do zados. Foi elaborada uma economia simulada na
comportamento são determinantes importantes do qual pontos obtidos pelo desempenho de tarefas
modo pelo qual o ambiente reage a ele; quando atribuídas eram usados para obter objetos de loja,
uma pessoa muda, assim muda o ambiente. A abs­ vestuário, licenças para sair do hospital, oportuni­
tinência continua é portanto assegurada em grande dades de recreação, e casa e comida em enferma­
parte não pelo fato de que o álcool se revestiu de

PS
rias que variavam quanto ao conforto e liberdade
propriedades negativas, mas porque a eliminação que davam aos pacientes. Todos os membros deste
do com portamento alcoólatra remove as conse­ projeto devotaram aproximadamente o dobro de
qüências adversas da intoxicação crônica e cria no­ tempo às tarefas que lhes eram designadas do que
vas contingências de reforçamento com respeito a uma os alcoólatras para os quais os privilégios hospitala­

U
ampla gama de comportamentos. A restauração do res não eram contingentes do desempenho dos tra­
bem-estar físico e as experiências positivas deriva­ balhos. De acordo com resultados precedentes, este
das do funcionamento social, conjugal e financeiro

O
projeto dem onstra que uma economia simulada
melhorado podem reforçar a sobriedade e reduzir controlará o comportamento enquanto as contin­
tendências aberrantes. Por esta razão, “neuroses” e gências estiverem operando. Para testar a eficiência

R
comportamentos flagrantemente desviantes muitas terapêutica deste tipo de programa, as práticas de
vezes desaparecem depois que o alcoolismo foi con­ reforçamento deveriam ser aplicadas por um longo
trolado (Jellinek, 1962; Thom pson e Bielinski,

são, mesmo quando esta é empregada como o úni­


co método de tratamento, são pequenos em com­
G
1953). Evidentemente, os riscos da terapia de aver­
período de tempo e estendidas a uma ampla gama
de comportamentos, incluindo o comportamento
alcoólatra sob condições nas quais as bebidas alcoó­
licas estão disponíveis prontamente.
KS
paração com os perigos da embriaguez crônica.
O faio de que 40 a 60 por cento dos alcoólatras Modificação dos Padrões de Auto-Rejorçamento. Existe
que recebem terapia de aversão eventualmente vol­ uma terceira classe de alcoólatras que vivência uma
tam a beber excessivamente depois de um período grande quantidade de estimulação aversiva, não
de abstinência claramente revela que, em certos ca­
O

por causa de déficits comportamentais ou falta de


sos, este método deve ser suplementado com, ou disponibilidade de recursos recompensadores, mas
substituído por, outros programas para que a so­ porque eles impõem exigências de desempenho ex­
BO

briedade possa ser mantida. A terapia interpreta-. tremamente severas a si mesmos. Eventos e realiza­
tiva tradicional é geralmente vista como melhor ções consideradas meritórias de auto-aprovação
adequada para tais casos, uma crença que persiste pela maioria das pessoas são vistos pelos alcoólatras
apesar da evidência de que, das várias formas de que se impuseram a si próprios altos padrões de
tratamento disponíveis, as abordagens de entrevista auto-reforçamento como marginais ou inadequa­
foram as menos bem-sucedidas na modificação do dos. Conseqüentemente, tais pessoas não apenas
EX

comportamento alcoólatra crônico. negam a si próprias gratificações apropriadas mas


Desenvolvimento de Competências Comporla mentais. também se engajam em uma grande variedade de
Os alcoólatras cujo comportamento foi tempora­ autopunições, das quais escapam periodicamente
riamente controlado geralmente não permanecem por meio da intoxicação alcoólica. O principal ob­
D

abstêmios por longo tempo, se carecem das compe­ jetivo do tratamento de alcoólatras que estão es­
tências comporiamentais para assegurar gtdiifica- capando de conseqüências aversivas autogeradas
ções enquanto sóbrios. Indivíduos deficientes em envolveria a dim inuição dos padrões de au ­
IN

realizações educacionais e habilidades profissionais to-reforçamento, ao invés da eliminação de défi­


satisfatórias e aqueles que falharam, por uma ou cits comportamentais.
outra razão, em adquirir facilidade nas relações in­
terpessoais serão sujeitos a consideráveis experiên­ Dessensitização das Situações Provocadoras de Stress.
cias negativas. À medida que o álcool é usado cada Nas condições em que o comportamento alcoólatra
vez mais para oferecer um escape de uma existên­ é fortemente controlado pelo alívio da estimulação
cia não recompensadora, as competências mínimas aversiva, uma forma dessensitizante de tratamen­
iniciais do alcoólatra tipicamente se deterioram to constituiria o método de escolha. Kraft e Al-
cada vez mais, resultando em experiências aversivas Issa (1967a, b) relatam êxito na modificação do al­
ainda maiores e num comportamento de esquiva. coolismo pela dessensitização de clientes a situa­
Portanto, alcoólatras que apresentam déficits com­ ções interpessoais de stress que tipicamente costu­
porta mentais requerem um program a de trata­ mavam levá-los à bebida. Embora os tamanhos das
mento que utilize procedimentos de modelação e amostras sejam demasiado pequenos para inferir
reforçamento para estabelecer competências com- conclusões fidedignas, Blake (1967) descobriu que
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 323

os alcoólatras que recebiam a terapia de aversão seu próprio comportamento de acordo com as suas
combinada com um treino no relaxamento eram próprias normas desviantes. Portanto, a reabilitação
mais capazes de manter uma abstinência completa dos alcoólatras das favelas deve envolver um pro­
por um período de uin ano do que aqueles que só cesso extensivo de ressocialização, o que só pode ser
tinham recebido o contracondicionamento aversivo. conseguido num ambiente acentuadamente dife­
Se o relaxam ento tivesse sido deliberadam ente rente. Os alcoólatras devem adquirir, entre outras
usado para neutralizar fontes de tensão e ansie­ coisas, um novo conjunto de incentivos e normas
dade, as diferenças poderiam ter sido ainda mais com poria mentais, uma grande variedade de com­
acentuadas. petências sociais e habilidades profissionais que
A discussão até aqui focalizou os métodos indivi­ produzam estima e recompensa financeira para
duais mais adequados para a modificação de dife­ que possam participar com êxito da sociedade em
rentes condições que podem exercer controle sobre geral. Organizações sociais como a dos Alcoólatras

PS
o comportamento alcoólatra. Em muitos casos, a Anônimos (1952) podem oferecer algumas das
consecução de mudanças estáveis no alcoolismo condições de aprendizagem necessárias para a con­
exige uma combinação de procedimentos de trata­ secução dos objetivos de ressocialização, mas estes
mento na qual as pessoas são desse nsitizadas a si­ programas não alcançam aqueles que, na base de
tuações que são estressantes para elas; adquirem uma história extensa de extinção, têm poucos moti­

U
padrões recompensadores de comportamento que vos para compartilhar os valores da sociedade, e
se tornarão prepotentes sobre a auto-anestesia al­ que portanto não irão procurar voluntariamente a

O
coólica; desenvolvem aversões a bebidas alcoólicas; reabilitação. Uma vez que qualquer modificação
e aprendem outras técnicas de autocontrole para radical nas atividades sociais do alcoólatra fará, ine­
impedir o comportamento alcoólatra no seu am­ vitavelmente, com que ele perca as gratificações as­

R
biente natural. sociadas com a subcultura dos bêbados, a vontade
Abordagem dos Sislemçs Sociais ao Tratamento do Al­ de sofrer modificações comportamentais relativa­
coolismo Generalizado. O contracondicionamento, ou
outra abordagem individual de tratamento, é de
pouco valor na modificação do comportamento al­
coólatra dos favelados. Os recursos pessoais empo­
G
mente amplas não pode ser conseguida sem o ofe­
recimento de alternativas mais recompensadoras.
Para obter mudanças fundamentais no compor­
tamento de pessoas de uma subcultura desviante é
KS
brecidos destas pessoas desprivilegiadas e as con­ necessário criar sistemas sociais que ofereçam as
tingências desviantes de reforçamento que existem condições necessárias para aprender novos estilos
no ambiente dos favelados servem como influên­ de vida. Tal sistema deve ensinar habilidades no­
cias poderosas na formação de um destino alcoó­ vas, oferecer modelos de papéis exemplares e in­
O

latra irreversível. (Pittman e Gotdon, 1958). corporar um conjunto de contingências de refor­


A subcultura das favelas oferece aos isolados da çamento que possam agir contra as atividades des­
viantes, assim como promover modos mais constru­
BO

sociedade um refúgio de uma existência desmorali-


zadora e não recompensadora, na qual poucas exi­ tivos de comportamento. É interessante notar que
gências são feitas a seus membros, o anonimato é estes tipos de sistemas sociais geralmente são mais
respeitado, fracassos e tendências desviantes não bem-sucedidos quando elaborados pelas pessoas
são condenados, e as motivações de realização e ou­ para a sua própria reabilitação, como a abordagem
tros comportamentos que são ativamente reforça­ do Synanon no tratam ento da adição à droga
ilustra dramaticamente (Yablonsky, L965).
EX

dos na sociedade são ou não recompensados ou de­


saprovados (Jackson e Connor, 1953). Dentro deste
meio, além do nível baixo de controle aversivo e a Considerações Éticas na Terapia de
adoção de padrões anti-realização, os reforçamen- Aversão
tos positivos principais se centralizam no compor­ O uso de procedimentos aversivos na modifica­
D

tamento alcoólatra. O prestígio social é em grande ção do comportamento humano geralmente é rece­
parte contingente do fato de ser um bom compa­ bido de maneira fria ou hostil pelos psicoterapeutas
IN

nheiro de “farras” e da habilidade de obter o sufi­ profissionais. Em alguns casos, as técnicas aversivas
ciente para beber sem ter que apelar para o tra­ são aplicadas de uma forma eticamente censurável
balho remunerado. Similarmente, a maioria das re­ que ju stifiq u e reações de desaprovação. Por
compensas interpessoais ocorre durante o com­ exemplo; procedimentos excessivamente nocivos
partilhar do álcool em cliques de bêbados ou “gru­ são às vezes usados, embora não produzam maiores
pos de farra”. Estes padrões de reforçamento não mudanças do que estímulos de intensidades muito
apenas promovem a embriaguez contínua, mas, li­ mais fracas (Campbell, Sanderson e Laverty, 1964;
gando valores negativos a normas e exigências so­ Clancy, Venderhoof e Campbell, 1967; Hsu, 1965).
ciais, também estabelecem barreiras à reentrada na Oswald (1962) promulgou um procedimento mal
comunidade mais ampla. concebido, no qual os clientes não só recebem en­
Os alcoólatras das favelas recebem pouca ou ne­ saios maciços de aversão, mas também são sujeitos a
nhuma atenção construtiva, além das prisões repe­ afirmações insultuosas que são tocadas sem cessar
tidas pela embriaguez pública ou violação conspí­ num gravador. A razão desses assaltos pessoais
cua de outros códigos legais. Na maior parte das desnecessários, alguns dos quais são registrados na
vezes, são deixados de lado procurando controlar o voz do terapeuta, aparentemente se baseia nas im­
324 CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO

pressões de Sargeiu (1957), em que conversões so­ envolvem uma forte instigação para o comporta­
ciais são facilitadas por crises emocionais intensas. mento alcoólatra. Neste tipo de programa, as técni­
Considerando-se que as verbalizações foram “elabo­ cas de autocontrole são desenvolvidas, repetida­
radas deliberadamente para perturbar emocional­ mente testadas e adequadamente reforçadas.
mente o paciente”, é compreensível que um certo O fato de que algumas aplicações dos procedi­
número de clientes exibiu uma animosidade sus­ mentos aversivos contêm aspectos censuráveis não
peita, desligando os gravadores e não se subme­ justifica uma condenação geral do uso responsável
tendo a esta provação inexorável. Deve ser enfati­ da terapia de aversão (Allchin, 1964; Matthews,
zado que a prescrição da “lavagem cerebral”, que é 1964) sob circunstâncias especiais que demandam
antitética às práticas derivadas dos princípios de uma forma mais drástica de intervenção terapêu­
aprendizagem, serve riais para instilar uma aversão tica, assim como não se justificaria a condenação de
acentuada a agentes terapêuticos do que a eventos procedimentos cirúrgicos ou dentários com pacien­

PS
estimuladores que provocam o com portam ento tes dispostos a sofrer uma experiência dolorosa
desviante nos clientes. breve para aliviar um sofrimento mais nocivo e de
Muitas das aplicações do contracondicionamento longa duração. O desconforto breve causado por
baseadas em drogas nauseantes empregam ensaios um programa de terapia de aversão é de menor
de aversão maciços, nos quais os procedimentos são importância comparado às prisões repetidas, ostra­

U
aplicados continuamente em intervalos de duas cismo social, perturbações sérias na vida familiar e
horas durante um período de vários dias. Ray- autocondenação resultantes de um comportamento

O
mond, que originalmente elaborou este método, nocivo incontrolável. O terapeuta tem a responsabi­
subseqüentemente questionou a necessidade de um lidade de oferecer aos clientes informações sobre as
regime tão rigoroso (Raymond, 1904). Além das alternativas de tratamento disponíveis e que resul­

R
considerações de natureza ética, as experiências tados são prováveis em função de cada escolha.
aversivas maciças podem produzir muitos efeitos Dado este conhecimento, deveria ser um direito do
colaterais indesejáveis que seriamente obstroem o
progresso. Com a aplicação repetida de drogas
farmacêuticas, a tolerância física se desenvolve e as
drogas se tornam menos eficazes. Os terapeutas
G cliente decidir qual o tipo de tratamento que pre­
fere, se é que deseja se tratar.
Como notamos antes, a terapia de aversão foi
menos eficiente com desviantes sexuais que são
KS
são, portanto, forçados a usar doses cada vez maio­ coagidos ao tratamento numa tentativa de mudar o
res ou substâncias eméticas menos desejáveis para seu comportamento na direção do conformismo
obter suficientes reações eméticas (Cooper, 1963). com práticas mais convencionais. Nos casos em que
Além do mais, as pessoas que são repetidamente su­ sua conduta ameaça o bem-estar dos outros, eles
O

jeitas a experiências desagradáveis sem quaisquer podem escolher entre alterar o seu comportamento
recompensas e oportunidades para uma relação nocivo ou perder a sua liberdade. Existem outras
positiva com os terapeutas que aplicam os procedi­ formas de atividade sexual, contudo, que também
BO

mentos aversivos tendem a desenvolver ressenti­ são legalmente proibidas, como o travestismo e a
mentos, antipatia a toda a situação de tratamento homossexualidade entre dois adultos que aceitam
e comportamentos de fuga. Muitos clientes que esta prática, que geralmente não têm conseqüências
com pletaram um curso de terapia da aversão adversas para os outros. À medida que os costumes
podem necessitar voltar ocasionalmente para ses­ sexuais se modificam, é provável que um compor­
tamento sexual particular desempenhado por pes­
EX

sões suplementares caso estejam retornando a ati­


vidades desviantes anteriores. Um efeito da expe­ soas que o aceitam irá eventualmente ser conside­
riência aversiva maciça é reforçar uma forte es­ rado legal, Não obstante, as práticas sexuais des­
quiva da situação de tratamento em futuras ocasi­ viantes irão continuar a ser sujeitas ao ridículo so­
ões, mesmo que uma experiência de recondiciona- cial e, portanto, servirão como fonte de perturba­
D

mento limitada possa oferecer resultados altamente ções emocionais. Depois que a ameaça de sanções
benéficos. Por estas razões, uma quantidade subs­ criminosas é removida, pessoas que procuram alte­
rar sua orientação sexual o farão sob condições
IN

tancial de reforçamento positivo deveria ser incor­


porada aos procedimentos de condicionamento mais favoráveis para conseguir alterações compor-
aversivo. tamentais.
Se o principal objetivo das experiências aversivas
é o de dar aos clientes um meio de exercitar con­ Sumário
trole sobre o comportamento nocivo, então os clien­ Este capítulo lida principalmente com o trata­
tes deveriam desem penhar um papel ativo na mento clássico de aversão de comportamentos ex­
prática de técnicas de autocontrole na presença de tremamente persistentes que é mantido por refor­
estímulos evocadores progressivamente mais fortes, çadores positivos potencialmente nocivos, ou cultu­
ao invés de apenas servir de recipientes passivos de ralmente proibidos. Esta abordagem orientada para
e m p a re lh a m e n to de estím u lo s. A ssim , p o r o estímulo tenta estabelecer o conttole sobre o
exemplo, no tratamento do alcoolismo, depois que comportamento dotando estímulos anteriormente
as pessoas aprenderam a auto-induzir sentimentos atraentes ou representações simbólicas das ativida­
de náusea, elas deveriam ser expostas por períodos des desviantes com propriedades negativas por
cada vez maiores a situações sociais e de stress que meio da associação contígua com experiências aver­
CONTRACONDICIONAMENTO AVERSIVO 325

sivas. Estas experiências negativas são tipicamente aversivo deve ser suplementado por procedimentos,
induzidas pela aplicação de agentes farmacológicos destinados a desenvolver padrões de com porta­
nauseantes ou choques desagradáveis, ou podem mento que permitam às pessoas se engajar em inte­
tomar a forma de sentimentos de revulsão revividos rações heterossexuais recompensadoras.
simbolicamente. Resultados também variáveis foram obtidos no
O contracondicionamento aversivo não é visto tratamento pelo contracondicionamento do alcoo­
como um processo mediante o qual as reações aver­ lismo crônico. Os procedimentos aversivos utiliza­
sivas se tornam direta e automaticamente ligadas a dos isoladamente se mostraram mais bem-sucedidos
estímulos anteriormente positivos. Ao invés, o pro­ com alcoólatras que possuem suficientes recursos
cedimento de contracondicionamento estabelece pessoais para derivar gratificações adequadas do
um mecanismo aversivo de auto-estimulação que comportamento sóbrio. Na maioria dos casos, po­
permite às pessoas ir contra a disposição de se en­ rém, o tratamento também deve ser dirigido para
gajar no comportamento desviante reinstalando as condições que controlam o comportamento al­

PS
simbolicamente reações de náusea previamente vi- coólatra. Isto pode envolver o desenvolvimento de
venciadas durante o tratamento. A evidência mais competências comportamentais ao ponto em que o
direta de que as aversões condicionadas represen­ comportamento sóbrio é suficientemente reforça­
tam, em grande parte, reações auto-induzidas, ao dor para predominar sobre a esquiva anestésica; o

U
invés de produtos automáticos de emparelhamento rebaixamento de padrões de auto-reforçamento
de estímulos, é dada por estudos de laboratório que que resulta em conseqüências aversivas autogera-
demonstram que as respostas condicionadas classi­ das; e, em casos nos quais o beber excessivo é con­

O
camente são sujeitas a controle simbólico. Visto trolado pelo alívio de stress interpessoal, a dessen­
desta perspectiva, o contracondicionamento aver­ sibilização das fontes primárias de tensão e ansie­

R
sivo cria um meio de autocontrole, ao invés de umà dade.
imunidade automática de estímulos recompensado­ De interesse particular são os estudos que de­
res ou que promovem a adição. monstram que eventos simbólicos, que podem ser­
Os procedimentos aversivos foram aplicados em
maior extensão a comportamentos aditivos nocivos
e a vários tipos de aberrações sexuais. Os progra­
G
vir como eliciadores internos importantes de com­
portamento desviante, são modificáveis por meio
do condicionamento aversivo. Quando imagens que
KS
mas de tratamento que pretendem modificar as possuem valor afetivo são repetidamente empare­
perturbações sexuais geralm ente envolvem um lhadas com experiências negativas, os eventos simbó­
condicionamento diferencial da reatividade sexual, licos não apenas perdem o seu potencial de excita­
no qual a aversão a estímulos fetichistas, travestis ção, mas são também autogeradas com menos fre­
e homoeróticos é desenvolvida, enquanto que pro­ qüência. O contracondicionamento imaginário é
O

priedades concorrentes de excitação erótica são geralmente acompanhado de reduções no compor­


condicionadas a estímulosfheterossexuais. O sumá­ tamento correspondente.
BO

rio dos resultados, baseado principalmente em es­ O principal valor dos procedimentos aversivos é
tudos de casos individuais, indica que este modo de que eles providenciam um meio rápido de obter
terapia pode, além de eliminar a sexualidade des- controle sobre o comportamento nocivo durante
viante, ajudar a desenvolver o comportamento hete­ 11111 período no qual modos alternativos e mais re­
rossexual, desde que estas respostas alternativas já compensadores de comportamento podem ser es­
existam no repertório da pessoa e que as condições tabelecidos. Um tratamento que se dirige tanto aos
EX

ambientais sejam favoráveis à sua manutenção. eventos estimuladores como às respostas tende a
Por outro lado, uma forma exclusiva de terapia de dar resultados uniformemente favoráveis não ape­
aversão é muito menos eficiente nos casos que care­ nas porque altera a valência dos estímulos que evo­
cem de comportamentos heterossexuais ou nos cam o comportamento desviante, mas tambem por­
quais este comportamento é fortemente inibido. que cria padrões de resposta passíveis de reforça-
D

Nestas últimas condições, o contracondicionamento mento.


IN

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9
Controle Simbólico das
Modificações do Comportamento

PS
Tanto os comportamentos complexos como os eventualmente reconhecer as contingências de re-
desem penhos relativam ente simples que geral­ forçamento da elevada produção de respostas cor­
mente foram encarados como sendo ligações dire­ retas. Neste ponto de vista, porém, a consciência é

U
tas entre os estímulos externos e as respostas mani­ uma resultante, ao invés de uma pré-condição da
festas são extensivamente controlados por proces­ mudança.
sos simbólicos. Estas atividades de nível superior

O
A teoria dos sistemas de respostas independentes (Ver-
envolvem, entre outras coisas, a seleção estratégica planck, 1962), que é uma versão mais recente da
dos estímulos aos quais a atenção é dirigida, a codi­ posição anterior, trata a consciência apenas como

R
ficação simbólica e a organização dos insumos de um operante verbal, ao invés de um 'fator que con­
estímulo, e a aquisição, por meio da retroalimenta­ trola o desempenho. Como classes verbais e não
ção informativa, das hipóteses mediadoras ou re­
gras que desempenham um papel influente na re­
gulação da seleção das respostas.
O capítulo introdutório considerou em detalhe
G
verbais do comportamento representam sistemas
de respostas independentes, praticamente qualquer
tipo de relação pode ser obtido entre estes dois con­
juntos de eventos, dependendo da maneira em que
KS
questões relacionadas com as variáveis que gover­ as contingências de reforçamento operantes são or­
nam a ocorrência de eventos simbólicos, as diferen­ ganizadas. Desta forma, as verbalizações e as ações
tes formas que os mediadores podem assumir e as serão congruentes sob condições em que as mesmas
condições sob as quais eles exercem uma função de contingências são aplicadas a afirmações verbais e
pistas na direção de ações manifestas. O presente ca­
O

às correspondentes respostas instrumentais. Por


pítulo focaliza a extensão em que os processos de outro lado, é possível fazer com qae as verbaliza­
modificação do comportamento são afetados pela ções e as ações divirjam por meio da aplicação de
BO

consciência que a pessoa tem dos estímulos que a reforçamentos conflitantes a estas duas formas de
atingem, das respostas que exibem, das conseqüên­ resposta. Como se admite que os estímulos reforça­
cias dos seus comportamentos e das contingências dores exercem um controle automático sobre o
que existem entre estes últimos eventos. Além do cofriportamento independentemente dos seus efei­
mais, as relações entre as modificações das atitudes tos sobre a consciência, esta posição teórica também
e do comportamento são revistas com especial refe­ representa um modelo não-mediacional de mu­
EX

rência ao desenvolvimento de mecanismos de au­ dança comportamental.


to-regulação. De acordo com o ponto de vista cognitivo (Dulany,
1962, 1968; Spielberger e DeNike, 1966), que con-
Papel da Consciência de Contingências irasta acentuadamente com a formulação prece­
D

na Modificação do Comportamento dente, a consciência é considerada uni pré-requisito


.para a aprendizagem e a melhoria do desempenho.
IN

Um certo número de teorias diferentes foi suge­ A informação veiculada pelos estímulos reforçado­
rido no que se refere ao papel funcional das ativi­ res, e não os seus efeitos de fortalecimento de res­
dades simbólicas, que geralmente é incluído no postas, é acentuada neste ponto de vista. Admite-se
termo geral “consciência", no processo de modifi­ que durante a observação das conseqüências dife­
cação do comportamento. As principais visões al­ renciais associadas com os diferentes tipos de res­
ternativas são mostradas de forma simplificada na posta emitidos, os sujeitos testam várias hipóteses
Fig. 9-1, seguindo a esquematização de Farber sobre a classe de respostas exigidas e, eventual­
(1963), e Spielberger e DeNike (1966). mente, descobrem o que se supõe que eles devam
De acordo com a teoria não-niediacional da apren­ fazer. A informação adquirida, por sua vez, dá ori­
dizagem (Skinner, 1953; Thorndike, 1933), as con­ gem a intenções ou auto-instruções para produzir
seqüências reforçadoras agem direta e automatica- as respostas corretas, a força da tendência depen­
rnente para fortalecer as respostas manifestas pre­ dendo da valorização dos incentivos contingentes
cedentes. Enquanto a aprendizagem ocorre inde­ pelo sujeito. A magnitude dos ganhos em desem­
pendentemente da consciência, uma pessoa pode penho é assim primariamente uma função da exa-
333
354 CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO

PS
U
O
R
G
Figura 9-1. Esquematização da relação funcional entre a consciência e a mudança de respostas. As Unhas pontilhadas
representam eventos temporariamente contíguos, as setas denotam relações causais, e os sinais mais (+) designam a
KS
magnitude da mudança de respostas.

tidão das hipóteses orientadoras e do valor de in­ penho que fazem com que as contingências sejam
O

centivo das conseqüências. No entanto, presumi­ mais óbvias. Uma vez que a hipótese correta é esta­
velmente, nenhum condicionamento pode ocorrer belecida, pode resultar num aumento substancial
BO

sem representação simbólica parcial ou correta das da reatividade apropriada e determinadas condi­
contingências do reforçamento. ções de incentivo são adequadas.
A teoria da interação recíproca (Farber, 1963; Post- A aquisição de regras e suas funções na regula­
man e Sassenrath, 1961), poi outro lado, admite ção do desempenho são tipicamente estudadas na
que a consciência é, ao mesmo tempo» uma conse­ identificação de conceitos e outras formas de
qüência e uma condição da mudança comporta- aprendizagem discriminativa. Nestes paradigmas os
EX

mental. De acordo com este ponto de vista, uma sujeitos devem categorizar diferentes estímulos à
certa quantidade de aprendizagem pode ocorrer base de alguma propriedade comum que o experi­
pela ação automática dos efeitos, independente­ mentador arbitrariam ente selecionou como rele­
mente da compreensão dos sujeitos da base me­ vante para a classificação. Em situações mais com­
D

diante a qual os reforçamentos são aplicados. Du­ plexas, as respostas corretas são definidas em ter­
rante o processo de aprendizagem, contudo, os su­ mos de uma combinação de atributos ao invés de
jeitos não fazem apenas respostas manifestas, mas um único elemento comum. Nestas circunstâncias,
IN

também desenvolvem pensamentos ou hipóteses os sujeitos devem abstrair as dimensões de estímu­


sobre as respostas requeridas para obter reforça­ los relevantes e formular uma regra a respeito da
mento. Estas regras autogeradas servem como es­ maneira pela qual os diferentes atributos se combi­
tímulos discriminativos para dirigir ações instru­ nam para especificar o comportamento apropriado
mentais essencialmente da mesma maneira como os (Bourne, 1966; Shepard, Hovland e Jenkins, 1961).
estímulos externos controlam o comportamento. As Foram conduzidos numerosos experimentos nos
hipóteses précisas geralmente são acompanhadas quais se pede aos sujeitos que digam as regras que em­
por respostas manifestas corretas, ao passo que as pregaram para dar as respostas. Quando as hipó­
errôneas tendem a coincidir com desempenhos teses São medidas depois que os sujeitos efetuaram
inapropriados. Conseqüentemente, os eventos sim­ o desempenho e vivenciaram os resultados, é difícil
bólicos são seletivamente fortalecidos, mantidos ou determinar se as respostas foram derivadas de uma
extintos pelos reforçamentos diferenciais aplicados regra ou se a regra foi inferida das respostas corre­
ao comportamento que ocorre com maior afasta­ tas. Este problem a de interpretação não surge
mento. A emergência da consciência pode, natu­ quando as afirmações sobre as regras são registra­
ralm ente, ser facilitada por ganhos em desem­ das antes do desempenho ou quando sãò obtidas
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 335

medidas do grau em que controlam a resposta en­ condicionamento. Mais freqüentemente, porém, a
saio por ensaio. Estudos deste tipo mostram que as consciência é inferida das observações sobre o ex­
regras podem ser fortalecidas pelo reforçamento perimento relatadas pelos sujeitos ou a intervalos
direto» ou indiretamente pelos resultados das res­ periódicos durante o condicionamento ou em en­
postas aos quais elas servem como um determi­ trevistas conduzidas imediatamente após a sessão
nante primário do comportamento manifesto (Du- experimental. Em outros casos, a consciência é ma­
lany e O ’Connell, 1963; O ’Connell e W agner, nipulada indiretamente organizando-se condições
1967). Contudo, sob condições nas quais os estímu­ que faciliram ou impedem o reconhecimento de
los são mais complexos e o controle verbal das res­ contingências durante o processo de aquisição.
postas não é explicitamente encorajado, um de­
sempenho exato muitas vezes ocorre na ausência de O Condicionamento Verbal como
regras adequadam ente verbalizadas (Hislop e Função da Consciência
Brooks, 1969).

PS
Inúmeros estudos que empregam paradigmas de
Diferentes abordagens, algumas das quais discu­ condicionamento verbal foram conduzidos para de­
tidas anteriormente, foram empregadas nas análi­ terminar se as conseqüências das respostas aumen­
ses experimentais do papçl fias atividades simbóli­ tam o desempenho, primariamente, por efetuar
cas nos processos de modificação do comporta­ um controle voluntário simbólico sobre as respostas

U
mento. Estas incluíram investigações das taxas de disponíveis ou por meio de um processo de fortale­
condicionamento verbal como função da consciên­ cimento automático das respostas. Embora a ques­

O
cia das contingências de resposta e reforçamento, tão de se saber se a aprendizagem pode ocorrer
controle mediacional do condicionamento clássico e sem consciência ainda não esteja resolvida (Farber,
da extinção, ocorrência da generalização semân­ 1963; Kanfer, 1968; Postman e Sassenrath, 1961), a

R
tica na qual um assodado cognitivo comum de es­ maioria dos experimentos fracassa em obter ganhos
tímulos heterogêneos fornece a base para a genera­ de desempenho na ausência de hipóteses exatas, ou
lização, cdntrole verbal encoberto de atividades de
solução dos problemas, e influência do reconhe­
cimento e discriminação de estímulos fracos sobre o
comportamento não-verbal disçriminauvo.
G
pelo menos parcialmente corretas, a respeito das
contingências de reforçamento (Adams, 1957; Du-
lany, 1962; Spielberger e DeNike, 1966). Os sujei­
tos capazes de descrever as respostas exigidas para
KS
Os métodos para avaliar as atividades simbólicas reforçam ento geralm ente acusam um aum ento
foram igualmente variados. Em alguns estudos, a substancial das respostas apropriadas, ao passo que
consciência é manipulada instrucionalmente por a exposição às contingências de reforçamento é re­
meio de descrições explícitas das contingências de lativamente pouco eficiente na modificação dos su­
O

resposta e reforçamento dadas antes das séries de jeitos que permanecem não-cônscios.
BO
EX
D
IN

Figura 9-2. (A) Percentagem média de respostas de nomes humanos dadas por grupos cônscios, não-cônsdos e de
controle numa tarefa de condicionamento verbal. (B) Percentagem média de respostas corretas dadas por sujeitos no
grupo cônscio antes e depois da verbalização da contingência de reforçamento. Spielberger e DeNike, 1966.
SS6 CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO

Experimentos que utilizam medidas da consciên­ críticas antes que tossem capazes de relatar a con­
cia após a aquisição fornecem resultados inconclu­ tingência de reforçamento, mas aumentaram acen-
sivos, uma vez que é perfeitamente possível que os tuadamente a sua produção de respostas reforçadas
sujeitos possam se condicionar inicialmente sem es­ depois que discerniram a contingência que orien­
tarem cônscios e depois reconhecer o princípio de tava a aplicação de recompensas sociais (Fig. 9-2).
reforçamento utilizado quando ele é tornado apa­ Considerando, contudo, que cada bloco continha
rente pela produção aumentada de respostas corre­ 25 ensaios, é perfeitamente possível que a consciên­
tas. Para estabelecer se a consciência precede ou cia tivesse resultado da mudança comportamental
segue a mudança comportamental é, portanto, ne­ durante o bloco no qual a contingência foi perce­
cessário avaliar as especulações dos sujeitos sobre as bida. Um teste severo do controle mediacional das
contingências experimentais em intervalos periódi­ mudanças de desempenho exigiria um inquérito
cos d u ra n te o processo de aquisição. DeNike ensaio por ensaio.

PS
(1964), por exemplo, convidou estudantes uni­ Os resultados dos experimentos conduzidos por
versitários, que foram reforçados por respostas de investigadores que diferem amplamente nos seus
nomes humanos numa tarefa de nomear palavras, pontos de vista a respeito do papel da consciência
a escrever seus “pensamentos sobre o experimento” na aprendizagem consistentemente demonstram
depois de cada bloco de 25 palavras durante o con­ que a representação simbólica das condições de re­

U
dicionamento. Sobre a base dos relatórios escritos, forço tem um efeito fortemente facilitador sobre o
aproximadamente um terço dus sujeitos adquiriu desempenho manifesto. Contudo, os dados empíri­

O
consciência da contingência em pontos diferen­ cos divergem a respeito da questão de se alguma
tes das séries, ao passo que os restantes foram aprendizagem pode ocorrer sem mediação simbó­
considerados não-cônseios. Um grupo-controle de lica. Os achados de Dulany, DeNike e Spielberger

R
sujeitos, que foram reforçados numa base aleatória podem ser contrastados com os de Hirsch (1957),
para 10 por cento de suas respostas, também foi Philbrick e Postman (1955), e Sassenrath (1962),
incluído. Como se pode depreender da Fig. 9-2, su­
jeitos cônscios demonstraram um aumento substan­
cial nas respostas de nomes humanos, ao passo que
os sujeitos não-cônscios, como o grupo de controle,
G que também analisaram curvas de desempenho
como função do aparecimento temporal da cons­
ciência, e acharam melhoras pequenas mas signifi­
cativas do desempenho antes do enunciado correto
KS
não m ostraram quaisquer m elhoras de desem ­ das contingências, especialmente entre sujeitos que
penho. Dé interesse consideravelmente maior, con­ eventualm ente desenvolveram uma consciência
tudo, é a relação temporal obtida entre a emergên­ completa (Fig. 9-3). A evidência do condiciona­
cia da consciência e a ocorrência de grandes incre­ mento verbal sem consciência é geralmente afas­
O

mentos de desempenho. Os sujeitos não apresenta­ tada por aderentes rígidos das explicações cogniti­
ram aumento significativo no número de respostas vas como sendo provavelmente o resultado de
BO
EX
D
IN

Figura 9-S. Número médio de respostas corretas dadas a blocos de palavras a distâncias várias do ponto no qual o
princípio foi pela primeira vez corretamente verbalizado. Philbrick e Poslman, 1955.
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 337

métodos pouco sensíveis para avaliar a consciência, consciência (Krasner, 1958), geralmente se apoia­
ou a operação de hipóteses parcialmente corretas. vam em exames rápidos que podem não ter sido
Mesmo que todos os investigadores subscrevam, suficientemente sensíveis para detectar graus par­
embora com vacilações, a mesma definição opera­ ciais de consciência. A falta de fidedignidade de re­
cional da consciência (isto é, verbalização correta latórios pós-aquisição da consciência é também en­
das contingências de resposta e reforçamento), um fatizada por Weinstein e Lawson (1963), os quais
certo número de fatores pode conduzir a inexati­ descobriram que entrevistas do tipo coniumente
dões e inconsistências na composição de grupos de em pregado nesta linha de pesquisa forneciam
sujeitos cônscios e não-cônscios. Em primeiro lugar, consciência completa em apenas metade dos sujei­
a consciência geralmente é tratada como um fenô­ tos que tinham sido completamente informados,
meno de tudo ou nada, quando de fato ela pode em meados do experimento, das contingências e do
variar desde uma determinação correta, por hipó­ propósito total do estudo. Baseados em critérios

PS
teses parcialmente correlacionadas, a noções alta­ utilizados em experimentos anteriores, aproxima­
mente errôneas da razão pela qual o sujeito está damente metade da amostra teria sido falsamente
sendo recompensado. Como Adams (1957) notou, classificada e seus desempenhos melhorados inter­
formulações parcialmente corretas (por exemplo, o pretados como evidência para a aprendizagem sem
sujeito acredita que o experimentador está interes­ consciência.

U
sado em comentários sobre pessoas quando na rea­ Além da influência do tipo de medida empre­
lidade as referências familiares constituem a classe gada, a probabilidade de que os sujeitos relatem

O
de respostas corretas) pqdem produzir alguns au­ consciência é reduzida se eles foram examinados
mentos de desempenho. Uma vez que os critérios por uma pessoa do sexo feminino ou de status
de consciência são um tanto arbitrários, os tipos de baixo (Krasner, Ullmann, Weiss e Collins, 1961), se

R
relações obtidos entre eventos são parcialmente de­ uma valência negativa é ligada à classe de respostas
pendentes da rigidez das definições empregadas reforçadas (Krasner e Ullmann, 1963), se se senti-
por diferentes investigadores.
G
rem hostis para com o experim entador (Weiss,
Uma segunda complicação importante na avalia­ Krasner e Ullmann, 1960) e se eles obtiveram a in­
ção da consciência surge do fato de que um certo formação a respeito das contingências de modo es­
núm ero de outras variáveis, bem afastadas da púrio (Levey, 1967). Além do mais, existe alguma
KS
quantidade de informação relevante possuída pelo evidência (Rosenthal, Persinger, Vikan-Kline e
sujeito, pode contribuir para os tipos de relatórios Fode, 1963) de que experimentadores que são ten­
verbais que são obtidos. denciosos em esperar uma alta incidência de cons­
A consciência é freqüentemente inferida das res­ ciência a obtêm com mais freqüência do que aque­
O

postas a uma série de questões de entrevista pro­ les que admitem que ela seja um fenômeno relati­
gressivamente mais sugestivas. Portanto, o número vamente incomum.
de sujeitos julgados cônscios é determinado, em É possível controlar, até certo ponto, a operação
BO

certa extensão, pelo número e natureza das pistas do viés do experimentador, utilizando relatórios es­
informativas veiculadas pela sondagem nas entre­ critos ao invés de procedimentos de entrevista que
vistas. Quanto mais intensivo o questionamento, oferecem maiores oportunidades para a influência
m enor a probabilidade de que sujeitos parcial­ inadvertida dos relatos dos respondentes. Além do
mente cônscios sejam erroneamente categorizados mais, a relutância em divulgar julgamentos provi­
EX

como não-cônscios, mas também maior o perigo de sórios sobre o experimento e distorções intencio­
que o procedimento de avaliação em si possa indu­ nais, podem ser eficientemente controladas pelo
zir ao reconhecimento da contingência correta que oferecimento de incentivos positivos que maximiza­
não existia na época do condicionamento. Desta riam a verbalização da informação que os sujeitos
forma, Levin (1961) achou evidência de aprendiza­ realmente possuem. É evidente dos dados acima
D

gem sem consciência quando o discernimento que que, se atribuirmos muita importância a estudos de
os sujeitos tinham das contingências era estimado mediação simbólica da aprendizagem baseados na
IN

numa entrevista breve, ao passo que a categoriza- informação fornecida pelos sujeitos, então são ne­
ção dos mesmos sujeitos na base de suas respostas a cessárias pesquisas extensas para identificar as
um inquérito específico mais extenso forneceu um variáveis que influenciam a consciência relatada
conjunto peculiar de resultados, nos quais os sujei­ com o propósito de aperfeiçoar a precisão de tais
tos que não estavam cônscios tanto da contingência medidas.
como do reforçador demonstravam tanto condicio­ Por causa dos numerosos problemas associados
nam ento quanto os sujeitos que estavam plena- com os dados fenomenológicos, alguns pesquisado­
menté cônscios, e uma taxa muito maior de respos­ res recomendaram que a consciência seja relegada
tas do que um grupo que apenas estava cônscio do ao status de uma variável dependente e seja tratada
estímulo reforçador. Embora este padrão irregular como um operante verbal. Este tipo de abordagem
de relações não admitisse o pressuposto comum de resolve decisivamente um problema técnico a ex­
que avaliações compreensivas fornecem medidas pensas de uma variável independente potencial­
mais válidas, deve ser notado que estudos prévios mente influente, a qual, sob certas condições, pode
de condicionamento verbal, que relatavam incidên­ exercer um controle discriminativo mais poderoso
cias relativamente elevadas de aprendizagem sem sobre o comportamento do que as variáveis de re-
358 CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO

forçamento (Ayllon e Azrin, 1964; Dulany, 1968; não tinham recebido nenhuma informação. Estes
Kaufman, Ba^ron e Kopp, 1966). últimos grupos, de fato, não exibiram melhoras
Mesmo que aceitemos todas as deficiências dos significativas no desempenho. Neste estudo, o co­
relatos verbais como indicadores do nível d e cons­ nhecim ento do com portam ento desejado era o
ciência dos sujeitos, os achados baseados na relação fator crítico, já que a adição de conseqüências re­
temporal entre a consciência e o desempenho indi­ forçadoras na forma de sons, “Um-hmmms” ou
cam, contudo, que é possível predizer com exatidão omissão de choques elétricos não aumentou o pro­
muito maior os incrementos de desempenho du­ cesso de mudança.
rante o curso do condicionamento levando em Num estudo subseqüente, Dulany (1968) fez com
consideração as hipóteses dos sujeitos do que se as que estudantes desempenhassem uma tarefa verbal
influências auto-instrucionais não são levadas em num recinto mantido a uma temperatura de 43°C
conta. e utilizou um jato de ar contingente de 27°, 39°
A pletora de problemas metodológicos e inter- ou 65°C como reforçadores positivos, neutros ou

PS
pretativos associados com as medidas pós-aquisição negativos para diferentes grupos de sujeitos. Os es­
da consciência pode ser facilmente evitada pelo tudantes dentro de cada uma das situações de re­
uso de procedimentos de pesquisa nos quais o co­ forçamento também receberam instruções de re­
nhecim ento sobre as contingências de reforça­ forçamento diferentes: que o jato de ar significava

U
mento é experimentalmente induzido ao invés de uma resposta correta, uma resposta incorreta ou
inferido dos relatos verbais dos sujeitos. Experi­ não tinha nada a ver com o seu desempenho. Du­
mentos nos quais os sujeitos são informados das lany descobriu que as instruções de reforçamento

O
respostas apropriadas e de suas conseqüências exerceram maior controle sobre o desempenho do
antes do condicionamento revelam uma regulação condicionamento do que a natureza das conse­

R
simbólica substancial dos desempenhos manifestos. qüências reforçadoras.
Situações de condicionamento social contêm um Os achados de Dulany são, em grande parte, cor­
certo número de elementos diferentes dos quais
uma pessoa pode se tornar cônscia. Estes eventos
separáveis incluem as pistas ambientais que eliciam
o seu comportamento, a classe de respostas consi­
G roborados por Kaufman, Baron e Kopp (1966),
que deram aos sujeitos informação completa ou
mínima sobre a resposta requerida e/ou um conhe­
cimento exato ou errôneo a respeito do esquema de
KS
deradas apropriadas à situação, a ocorrência e o es­ acordo com o qual as conseqüências recompensa­
quema de reforçamentos, e a relação contingente doras seriam aplicadas. Um grupo de estudantes
entre estas últimas classes de eventos. Alguns dos foi informado, corretamente, de que as recompen­
experimentos nos quais a consciência é manipulada sas viriam a cada minuto, em média (esquema de
experimentalmente foram esjíecificamente desig­
O

intervalo variável), ao passo que outros grupos


nados para comparar a eficácia relativa do discer­ foram levados a acreditar que o seu com porta­
nimento dos diferentes aspectos do processo de in­ mento seria reforçado num intervalo fixo de um
BO

fluência com portam ental. Dulany (1962), por minuto, ou depois que tivessem dado 150 respostas
exemplo, decobriu que estudantes inform ados em média (esquema de razão variável).
acerca da contingência correta resposta-reforça­ A inspeção do Quadro 9-1 revela que o conheci­
mento, assim como aqueles que apenas receberam mento sobre o comportamento exigido aumentou
instruções de resposta, aumentaram consideravel­ acentuadamente à razão de respostas dos sujeitos.
mente a sua produção de respostas corretas compa­ Ainda mais expressivo, porém, é o achado que os
EX

rada com as suas taxas de linha de base e com esquemas ilusórios governaram a reatividade dos
o desempenho de grupos de controle que só ti­ sujeitos aproximadamente da mesma forma que o
nham sido informados dos eventos reforçadores ou fazem na realidade: As instruções de intervalo fixo
produziram taxas muito baixas, as instruções de
D

Quadro 9-1. Número Mediano de Respostas razão variável mantiveram uma produção extre­
Desempenhadas por Minuto como Função da Informação mamente elevada, e as instruções de intervalos
sobre a Resposta Requerida e Esquemas de Reforçamento variáveis geraram taxas intermediárias de resposta.
IN

Alegados (Adaptado de Kaufman, Baron e Kopp, 1966) Esquemas alegados desta forma sobrepujaram a in­
fluência do program a de reforçamento que era
atualmente imposto ao comportamento dos sujei­
tos. Um estudo ulterior mostrou que o reforça­
mento tinha pouco efeito sobre a taxa de desem­
penho sob condições de especificação mínima de
respostas, mas os estudantes que tinham recebido
instruções de razão variável combinadas com re­
compensas m onetárias eram aproxim adam ente
duplamente mais produtivos do que aqueles que
receberam as mesmas informações a respeito dos
esquemas sem quaisquer conseqüências reforçado­
ras. As influências instrucionais podem ser igual­
mente poderosas na regulação da reatividade sob
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 339

contingências aversivas. Simplesmente expor os su­ plexas, como a aprendizagem de probabilidades, na


jeitos a contingências de punição demonstrou ser qual as pessoas prognosticam eventos alternativos
um meio extrem am ente ineficiente de alterar o ou resultados que variam na freqüência de sua
comportamento, ao passo que instruções sobre o ocorrência. Nestas situações, o comportamento de
comportamento apropriado e suas conseqüências escolha das pessoas gradualmente se ajusta às pro­
imediatamente produziu um comportamento de babilidades dos eventos, embora a grande maioria
esquiva estável e discriminativo (Baron e Kaufman, dos sujeitos não apenas seja incapaz de citar as re­
1966; Scobie e Kaufman, 1969). gras de probabilidade, mas freqüentemente man­
É im portante assinalar que entre pessoas que tém hipóteses bastante errôneas (Goodnow e Post­
conseguiram uma consciência plena a extensão em man, 1955).
que este conhecimento continua a governar seu
comportamento durante a extinção depende do As discrepâncias nos resultados podem , em
tipo e esquema de reforçamento aplicado durante o parte, resultar da complexidade do princípio que

PS
processo de aquisição (Hirsch, 1957). governa a aplicação do reforçamento e as restrições
de respostas impostas pela natureza da tarefa de
Os experimentos de Ayllon e Azrin (1964), nos aprendizagem. Os estudos nos quais a verbalização
quais comportamentos altamente persistentes de é acompanhada por ganhos dramádcos em desem­
psicóticos foram modificados em contextos natu­ penho geralmente envolveram classes de respostas

U
rais, revelam q u e quando existem discrepâncias relativamente explícitas ou tarefas de discriminação
entre as contingências representadas verbalmente e simples rias quais os sujeitos devem construir sen­

O
as conseqüências reais, as influências instrucionais tenças selecionando um de vários pronomes pes­
perdem sua potência com o tempo, e o comporta­ soais ou verbos impressos em cartões. Quando a
mento fica mais extensivamente sob o controle das classe de respostas críticas não é ambígua e as al­

R
condições prevalentes de reforçam ento. Estes ternativas de respostas são severamente restritas,
dados sublinham a necessidade de grande cautela tanto a consciência quanto a “aprendizagem” ten­
na generalização a respeito da eficácia relativa das
variáveis cognitivas e de reforçamento baseada em
experimentos muito breves realizados com estudan­
tes universitários cooperativos aos quais são ofere­
G
dem a ocorrer como um evento de um só ensaio, ao
invés de um processo incremental.
Considerando a natureza fraca e inconseqüente
KS
cidas recompensas triviais para o desempenho de dos reforçadores empregados na maioria dos expe­
respostas sem conseqüência, que exigem poucos rimentos de condicionamento verbal, poderíamos
gastos de esforço, sob condições nas quais espera-se seriamente questionar se os processos de reforça­
que participem de experimentos para o cumpri­ mento, que presumivelmente governam os efeitos
mento parcial dos requisitos do seu curso. automáticos de fortalecimento das respostas, são
O

As descobertas das investigações nas quais a mesmo operantes na maioria dos estudos revistos.
consciência é experimentalmente induzida estão de Esta questão é, naturalm ente, de pouca ou ne­
BO

acordo com aquelas fornecidas por estudos que se nhuma importância para pesquisadores que se con­
tentam com uma lei de efeito empírica circular.
apóiam sobre medidas inferidas de relatórios. Vol­
Não obstante, é importante distinguir entre as pro­
tamos agora à questão principal controvertida. A
consciência é um pré-requisito para a mudança priedades informacionais e de incentivo dos estímu­
los de retroalimentação, ambas as quais podem
comportamental? Os proponentes das teorias cog­
nitivas não encontraram qualquer evidência do aumentar o número de respostas corretas (Keller,
EX

condicionamento verbal na ausência de hipóteses Cole, Burke e Estes, 1965). Luzes, ruídos e sons gu­
turais ambíguos podem dar aos sujeitos uma in­
corretas ou correlacionadas, ao passo que Postman
e seus colegas relatam, baseados em experimentos formação adequada para alterar o seu comporta­
que envolvem contingências de reforçamento mais mento, mas é extremamente duvidoso se tais even­
tos de retroalimentação possuem um grande valor
D

complexas, que uma quantidade significativa de


aprendizagem pode ocorrer antes da verbalização recompensador, determinado independentemente
da base para o reforçamento. Estas conclusões di­ das mudanças de resposta numa tarefa de condi­
IN

vergentes não parecem ser passíveis de se atribuir a cionamento.


quaisquer diferenças im portantes na definição e Visto que os procedimentos de condicionamento
avaliação da consciência. Tampouco podem ser ex­ verbal são destinados a aumentar a produção de
plicadas em termos de operação de hipóteses par­ respostas existentes sob condições nas quais tanto
cialmente corretas, já que o uso de hipóteses par­ os eventos de resposta como os eventos reforçado­
cialmente relevantes na tarefa de aprendizagem de res são altamente salientes, os achados podem ter
conceitos não facilitou o desem penho (Hirsch, maior relevância a questões de conformismo social
1957; Postman e Sassenrath, 1961), e o fenômeno é do que ao condicionamento. Embora o paradigma
evidente mesmo quando a consciência é definida de condicionamento verbal seja adequado para
para incluir verbalizações parcialmente corretas demonstrar o papel facilitador da consciência sobre
(Sassenrath, 1962). o desem penho, é pouco adequado para lançar
Algumas evidências sugestivas adicionais da mu­ muita luz sobre a questão teórica básica de se saber
dança comportamental sem consciência são forneci­ se a consciência é um pré-requisito para a aprendi­
das por investigações que envolvem tarefas mais com­ zagem ou mudança do desempenho.
340 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

A questão de se saber se a aprendizagem necessi­ cionamento verbal para elucidar o papel das ativi­
ta ser conscientemente mediada pode ser respondida dades simbólicas nos processos de mudança com-
mais decisivamente por estudos nos quais as respos­ portamental.
tas reforçadas não são observáveis pelo sujeito, ou
os eventos reforçadores carecem de pistas informa- Efeitos Interativos das Variáveis
cionais mas são de valor recompensador suficiente
para ativar mecanismos que regulam os efeitos do Cognitivas e de Incentivo
reforçamento. Uma destas condições poderia efi­ Embora a consciência das contingências ambien­
cientemente evitar o reconhecimento da contingên­ tais seja usualmente acompanhada de certos ganhos
cia empregada. Os estudos discutidos antes, nos em desempenho relativos às taxas da linha de ba­
quais as respostas corretas em animais Foram signi­ se, o nível absoluto da reatividade depois que as
ficativamente aumentadas por meio da apresenta­ contingências foram discernidas ou divulgadas
ção endovenosa de soluções nutritivas, parecem re­ permanece comparativamente baixo. Isto é, os au­

PS
futar o ponto de vista cognitivo radical. Tais even­ mentos de desempenho são geralmente da ordem
tos reforçadores não são observáveis e, portanto, de 20-30 por cento, o que dificilmente pode ser
não veiculam nenhuma informação ao sujeito. visto como uma produção maciça de respostas cor­
Há evidência de que respostas encobertas, tais retas. É também muito provável que se os experi­
como contrações mínimas invisíveis do polegar,

U
mentos fossem estendidos além da costumeira ses­
podem ser condicionadas com êxito em adultos são única, o controle simbólico, na ausência de in­
humanos sem a sua observação das respostas re­ centivos de apoio, decresceria com o tempo e o

O
compensadas (Hefferline e Keenan, 1963; Heffer- comportamento desejado poderia eventualmente
line, Keenan e Harford, 1959; Sasmor, 1966). Estes voltar a seu nível original. Além do mais, mesmo
estudos oferecem demonstrações convincentes de em situações a curto prazo que envolvem caracterís­

R
como as pessoas aprendem a responder de acordo ticas de demanda elevada, um número significativo
com as contingências de reforçamento sem media­ de sujeitos cônscios nunca apresenta qualquer
ção simbólica apropriada. Nestes últimos experi­

juntos de eletródios, ostensivamente, para medir


sua capacidade de relaxar. Uma contração do pole­
G
mentos, os sujeitos são equipados com vários con­
mudança no seu comportamento (Farber, 1963).
Portanto, os achados dos estudos de condiciona­
mento verbal, ao invés de demonstrarem a potência
do controle simbólico, de fato ilustram as limitações
KS
gar visualmente imperceptível de uma magnitude das abordagens que se apóiam prim ariam ente
selecionada, detectada pelo experim entador por sobre variáveis cognitivas para efetuar mudanças
meio da ampliação eletromiográfica, é então se­ comportamentais. Contudo, os experimentos for­
lecionada para modificação pelo reforçam ento necem considerável evidência de que a consciência
O

por meio de recompensas monetárias ou pelo tér­ combinada com variáveis relacionadas com os incen­
mino da estimulação aversiva. As respostas na cate­ tivos pode exercer uma influência poderosa sobre o
goria escolhida de amplitude aumentam substan­ comportamento.
BO

cialm ente d u ra n te o reforçam ento e declinam Spielberger, Bernstein e Ratliff (1966) compara­
abruptamente após o reforçamento ter sido reti­ ram a taxa de respostas de sujeitos cônscios e não-
rado. Como seria de se esperar, nenhum dos sujei­ cônscios durante uma fase inicial do experimento,
tos podia identificar a resposta que produzia o re­ no qual “Mm-hmm” serviu como reforçador, e de­
forçamento. pois que foi feito um esforço para aumentar o valor
A parte dos achados de laboratório, é difícil
EX

de incentivo desta verbalização desafiando os sujei­


acreditar que as planárias, peixinhos dourados ou tos a produzir tantas “Mm-hmms” quantos pudes­
outros organismos inferiores, que carecem de es­ sem. Os estudantes que permaneceram não-côns-
truturas anatômicas para a representação simbólica cios durante ambas as fases do estudo não mostra­
adequada dos eventos ambientais, não são total­ ram evidência de condicionamento; aqueles que
D

mente afetados pelas conseqüências de respostas descobriram a contingência antes da manipulação


até que corretamente compreendam as contingên­ do incentivo apresentaram melhoras moderadas no
IN

cias do experimentador. Mediadores implícitos as­ desempenho seguidas por taxas extremamente ele­
sumiriam, com efeito, um papel im portante na vadas de respostas sob as condições motivacionais
orientação do desempenho em tarefas que deman­ aumentadas; um terceiro grupo de sujeitos, que se
dam respostas na base de princípios ou regras rela­ tornaram cônscios depois da manipulação do incen­
tivamente complicados. tivo, exibiu um nível intermediário de reatividade
A evidência geral parece indicar que a aprendi­ (Fig. 9-4).
zagem pode ocorrer sem consciência, embora numa Estudos nos quais as propriedades reforçadoras
taxa lenta, mas que a representação simbólica das dos eventos de retroalimentação são avaliadas pelos
contingências resposta-refarçamento pode acelerar sujeitos (Spielberger, Berger e Howard, 1963;
acentuadamente a reatividade apropriada. A vali­ Spielberger, Levin e Shepard, 1962) ao invés de
dade deste ponto de vista, que admite uma intera­ serem variados independentemente, também reve­
ção recíproca entre a consciência e os acréscimos de lam que, entre sujeitos cônscios, aqueles que valori­
desempenho, parece ainda mais provável quando zam os reforçadores dem onstram uma elevada
percebemos as limitações dos paradigmas do condi­ produção do com portam ento-critério. Em con-
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 341

traste, sujeitos cônscios que são indiferen tes a, o u se


ab o rrecem com , vocalizações g u tu rais d o e x p e ri­
m e n tad o r p o d em ex ecu tar algum as respostas cor­
reta s p a ra c o n firm a r suas e sp e c u lações, mas d e
o u tro m o d o são tão im p ro d u tiv o s com o os seus
co m p an h eiro s não-cônscios.
Em adição à influência dos incentivos especifi­
cam en te associada com o com p o rtam en to desejado,
con ju n to s m ais gen eralizad o s p o d em d e te rm in a r
até que p o n to as pessoas se co m p o rtarão d e acordo
com o seu conhecim ento de contingências sociais.
F arber (1963) e H olm es (1967) descobriram que su­

PS
jeito s cônscios com disposições d e cooperação reve­
lavam um au m en to acen tu ad o das respostas re fo r­
çadas, mas sujeitos cônscios não-conform istas d e­
m o n stra ra m rela tiv a m e n te p o ucas m u d a n ça s no
com p o rtam en to e não diferiram , nesse respeito, de

U
sujeitos q ue p erm an eceram não-cônscios.
E n q u an to a consciência tipicam ente facilita o d e­

O
sem p en h o q u a n d o as respostas correias possuem
conotações negativas, a consciência p o d e ex e rcer
efeitos d e inibição sobre o d esem p en h o , com o é

R
m o strad o no estu d o p o r Ekm an, k ra s n e r e U llm an
(1963). E n tr e os sujeitos cônscios, a q u e le s q u e
foram levados a ac red itar q u e a ta re fa d e condicio­
n am en to verbal ex p u n h a debilidades pessoais exi­
biam m enos respostas d u ra n te os ensaios reforça­
dos com paradas com as suas taxas de linha d e base,
G
Figura 9-4. Percentagem média de respostas corretas
KS
dadas durante as fases de Unha de base (A), incentivo
ao passo q ue aqueles que foram inform ados d e que
baixo (B) e incentivo elevado (C) do experimento por su­
a ta re fa m edia em patia e calor h u m an o m ostraram jeitos que ou descobriram a contingência de reforçamento
um in crem en to substancial nas respostas refo rça­ antes ou depois da manipulação do incentivo ou que
das- Por o u tro lado, g ru p o s d e sujeitos não-cônscios permaneceram não-cônscios d u ran te o experim ento.
O

que receberam as m esm as disposições negativas e Spielberger, Bernstein e Ratliff, 1966.


benignas d em o n straram relativam ente poucos ga­
nhos de resposta e não d iferiram uns dos outros.
BO

A p a rtir das pesquisas revistas até ag o ra é ap a­


que carecem das habilidades d e d esem p en h o neces­
re n te q ue a consciência das contingências d e refor- sárias. O caso é análogo a in fo rm ar estu d an tes que
çam ento possui m aiores conseqüências com porta-
só falam inglês, em ex p erim en to s d e condiciona­
m entais sob condições de laboratório do q u e parece
m ento verbal, q u e as respostas d e critério são ad je­
ser o caso em situações n aturais ou psicoterapêuti- tivos em hindi.
cas. Esta diferença p o d e ser atrib u íd a a vários fato­
EX

res. B aseando-nos nos achados discutidos previa­ Controle Simbólico dos Fenômenos de
m en te, não esperaríam o s que o desenvolvim ento
d o d is c e r n im e n to d a s c o n tin g ê n c ia s p r o d u z is ­ Condicionamento Clássico
se muitas mudanças d e com portam ento se os incen- C.onsistenlcs c o m os estudos t io condicionam ento
D

úvos habituais fossem fracos, retardados ou apenas instrum en tal, os resultados d e num erosas investiga­
aplicados esporadicam ente, com o é o caso, m uitas ções do co n d icio n am en to clássico (G rings, 1965)
vezes, em circunstâncias realistas. Em segu n d o lu­
IN

revelam co n tro le m ediacional extenso das respostas


gar, as respostas escolhidas nos estudos ex p e rim en ­ autonôm icas condicionadas. Este processo foi d e ­
tais (p o r exem plo, respostas d e plural, verbos, p ro ­ m o n stra d o d e várias m an eiras d iferen tes. N um a
nom es pessoais, palavras que provocam em oção) abordag em ex p erim en tal d o problem a, os sujeitos
são toLalmente disponíveis no re p e rtó rio dos sujei­ foram info rm ad o s d e que o estím ulo condicionado
tos, e a tarefa é p rim a ria m e n te um a questão d e se­ seria às vezes seguido d e choque; então se lhes dá
leção d e respostas mais d o q u e d e aquisição d e res­ um choque com o am o stra ou um só ensaio confir-
postas. N a m aioria d os p ro g ra m a s d e m u d a n ça m atório d u ra n te a série de aquisição q u a n d o as
c o m p o rta m e n ta l, p o r o u tro lado, os in d iv íd u o s respostas au to n ô m icas ao estím ulo co n d icio n ad o
devem desenvolver o co m p o rtam en to exigido para são m edidas. Os estudos (B ridger e M andei, 1964;
torná-los em contato com contingências prevales- Cook e H arris, 1937; Dawson e G rings, 1969) mos­
centes, ao invés d e apen as g a n h a r inform ação sobre tram q u e as respostas autonôm icas são facilm ente
o que se teria que fazer p a ra o b te r o reforçam ento. condicionadas p o r m eio d a associação d e eventos
D iscernim entos adquiridos, p o r m ais válidos q ue estim uladores com respostas em ocionais antecipa-
possam ser, têm udlidade lim itada para indivíduos tórias.
542 CONTROLE SIM B 0U C O DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

Dados desta espécie levaram a sugestões cte que por exemplo, demonstraram que sujeitos que reco-j
se fizesse uma distinção entre o condicionamento nheceram a relação estímulo condicionado-estímuk»|
genuíno e a aprendizagem perceptual ou relacional não-condicionado enquanto estavam sendo subme­
(Grings, 1965; Razran, 1955). Implícito nesta dico­ tidos a um condicionamento diferencial de respos­
tomia está o pressuposto de que as respostas emo­ tas psicogalvânicas dem onstraram considerável
cionais condicionadas estabelecidas por meio de condicionamento autonômico. Em contraste, sujei­
manipulações instrucionais representam um fenô­ tos que permaneceram não-cônscios das contingên­
meno de "pseudocondicionamento”. Um esquema cias estim uladoras não responderam diferente­
conceituai alternativo, que tem o potencial de elu­ mente a estímulos auditivos que eram associado«
cidar o processo sem proliferar desnecessariamente com o choque, e aqueles que nunca eram empare­
variedades de aprendizagem, admitiria que o con­ lhados com a estim ulação aversiva. Dawson c
dicionamento baseado na ocorrência de eventos Grings (1969) também mostraram que emparelha-
reais versus imaginados envolve principalmente di­ mentos mascarados de estímulos condicionados e
ferenças na localização dos estímulos produtores de não-condicionados, que impediam o reconheci­

PS
emoção ao invés de diferenças no mecanismo de mento da contingência de estímulo, não foram su­
orientação. ficientes para condicionar respostas autonômica«
É extremamente improvável que a associação discriminativas.
verbal de eventos por si só seja suficiente para esta­ Com o objetivo de verificar se as covariações no

U
belecer respostas condicionadas, já que um estí­ comportamento simbólico e as respostas condicio­
mulo capaz de ativar as respostas autonômicas tam­ nadas envolvem uma relação causal, Chatterjee e

O
bém é exigido. Existe uma evidência consistente de Eriksen (1962) conduziram um experim ento no
estudos nos quais respostas autonômicas são conti­ qual a consciência das contingências do estímulo
nuamente registradas durante sessões de dessensi­ foi m anipulada previamente. Um grupo de su­

R
bilização (Clark, 1963; Mackay e Laverty, 1963) e jeitos foi informado de que um choque só se segui­
de investigações controladas de laboratório (Barber ria a uma palavra em particular numa tarefa de as­
e Hahn, 1964) de que eventos aversivos imaginados
podem produzir efeitos emocionais análogos à G
ocorrência real da estimulação aversiva. Estes acha­
dos indicam que os sujeitos podem adquirir respos­
sociação em cadeia, mas que a estimulação aversiva
seria interrompida num ponto claramente desig­
nado do experimento. Um segundo grupo recebeu
a informação de que, embora o choque sempre se
KS
tas condicionadas na ausência de um estímulo não- seguisse a uma palavra particular na lista* cada uma
condicionado externamente aplicado, na extensão das palavras remanescentes seria emparelhada uma
em que instruções prévias os conduzem a gerar vez com a estimulação aversiva e eventualmente os
pensamentos provocadores de medo em conjunção choques cessariam por com pleto. Um terceiro
O

com o estímulo não condicionado. Por outro lado, a grupo recebeu a instrução de que um certo número
instrução verbal por si só não deveria provocar de choques seria aplicado durante o experimento
qualquer condicionamento em sujeitos que não se sem implicar uma contingência regular. Os sujeitos
BO

engajassem numa auto-estimulação apropriada en­ nos dois primeiros grupos, que descobriram todos a
coberta. De acordo com esta formulação da auto- relação correta palavra-choque, apresentaram res­
excitação, o condicionamento instrucional poderia postas condicionadas de batidas cardíacas, ao passo
representar uma variante do paradigma de condi­ que os sujeitos que receberam informações míni­
cionamento básico no qual respostas autonômicas mas e permaneceram não-cônsdos não evidencia­
são induzidas cognitivamente, ao invés de direta­ ram condicionamento. O poder controlador de
EX

mente eliciadas por estímulos aversivos sob o con­ eventos simbólicos é também mostrado pela evi­
trole do experimentador. dência de que sujeitos cônscios exibiram fortes res­
A conceitualização anterior implica que, ao invés postas autonômicas ao estímulo crítico, mas não
de representar um processo simples no qual estí­ generalizaram estas respostas de modo inadequado
D

mulos externos são direta e autom aticam ente em dimensões semânticas ou físicas. Além do mais,
conectados com resjíostas manifestas, o condicio­ aqueles que foram informados de que a fase de ex­
namento clássico é parcialmente mediado por ativi­ tinção começara, apresentaram uma perda ime­
IN

dades simbólicas. Na interpretação mediaciona), o diata e virtualmente completa das respostas condi­
estímulo condicionado elicita atividades simbólicas cionadas antes de experimentar quaisquer apresen­
encobertas que produzem respostas autonômicas. tações não-reforçadas do estímulo condicionado.
Certa evidência sugestiva para o papel influente da De acordo com o achado anterior, a evidência
auto-estimulação no condicionamento instrucional mais acentuada do controle simbólico das respostas
é oferecida por Dawson (1966), que descobriu que de condicionamento clássico é fornecida por estu­
o grau de crença nas instruções de que o choque se dos nos quais a extinção da reatividade autonômica
seguiria a certo sinal e o aumento da antecipação é comparada em sujeitos aos quais se informou que
do choque estavam positivamente correlacionados não haverá nenhuma estimulação aversiva ulterior
com a extensão do condicionamento autonômico. e naqueles que não receberam esta informação. A
O papel influente das variáveis mediacionais no consciência induzida da mudança nas contingências
condicionamento clássico é também apoiado por de estímulo geralmente resulta num desapareci­
outras linhas de evidência. Fuhrer e Baer (1965), mento rápido e praticamente completo das respos­
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 543

tas condicionadas ao estímulo condicionado (Cook de controle cognitivo. Enquanto que as respostas
e Harris, 1937; Grings e Lockhart, 1963; Wickens, condicionadas pela ameaça foram rapidam ente
Allen e Hill, 1963). O decremento é mais súbito e abolidas pela remoção dos eletródios e a informa­
dramático quando os sujeitos que, apesar de afir­ ção de que os choques seriam interrompidos, res­
mativas em contrário, suspeitam que eles poderiam postas emocionais produzidas pela estimulação do­
continuar a ser chocados são excluídos da análise lorosa eram muito mais resistentes à extinção. Estes
(Bridger e Mandei, 1965). Por outro lado, sob cir­ achados apóiam o ponto de vista de que respostas
cunstâncias nas quais o nível de excitação é mantido condicionadas tipicamente contêm componentes
e a operação de fatores cognitivos é impedida pelo duais (Bridger e Mandei, 1965). Uma das partes
mascaramento dos procedimentos de condiciona­ componentes, que é produzida pelo mecanismo de
mento (Spence, 1966), a extinção procede numa auto-excitação, é facilmente manipulável por varia­
taxa comparativamente lenta depois que o refor- das cognições provocadoras de emoção. Por outro

PS
çamento foi interrompido. lado, o componente não-mediado é diretamente
Embora uma relação causal forte fosse estabele­ evocado por eventos estimuladores externos e exige
cida entre as variáveis cognitivas e a taxa de condi­ experiências desconfirmadoras para sua extinção.
cionamento clássico e extinção, não deveríamos Um estudo de Mandei e Bridger (1967) da inte­
concluir que todas as respostas condicionadas são ração entre as influências cognitivas è as contingên­

U
necessariamente mediadas conscientemente. Parece cias de estímulo empresta maior validade ao ponto
extremamente improvável que no caso do condi­ de vista de que os resultados do condicionamento

O
cionamento interoceptivo o estímulo condicionado tipicam ente refletem a operação de processos
(por exemplo, distensão intestinal) ou o estímulo associativos e mecanismos geradores simbólicos. Su­
não condicionado (por exemplo, estímulos quí­ jeitos que foram informados de que nenhum refor-

R
micos apresentados internamente) sejam simboli­ çamento negativo ulterior ocorreria apresentaram
camente representados. Nestes e em outros expe­ decréscimos acentuados na reatividade autonômica
rimentos que empregam procedimentos de estimu­
lação interna (Razran, 1961), as contingências in­
dubitavelmente estão operando abaixo do limiar da
consciência.
G
condicionada; contudo, a taxa de extinção das res­
postas diferia dependendo da ordem na qual os es­
tímulos condicionados e não condicionados foram
apresentados durante o período de aquisição e do
KS
Existe também alguma evidência para indicar intervalo temporal entre estes eventos estimulado­
que a força do controle simbólico depende de con­ res.
dições sob as quais o comportamento emocional foi A teoria não mediacional do condicionamento
originalmente adquirido. Bridger e Mandei (1964) clássico admite que os eventos estimuladores asso­
O

descobriram que o condicionamento autonômico ciados devem pelo menos ser registrados no sistema
era similar quer o estímulo condicionado estivesse nervoso do organismo para que o condicionamento
associado apenas com a ameaça de choque ou com ocorra. Portanto, em estudos que avaliam o papel
BO

a ameaça e a estimulação de choque (Fig. 9-5). Con­ da consciência no condicionamento, seria de consi­
tudo» respostas emocionais estabelecidas à base de derável valor obter evidência de que, de fato,
experiências reais dolorosas eram menos suscetíveis houve um insumo do estímulo condicionado. Não é
EX
D
IN

Figura ft-5. Respostas GSR médias durante a aquisição e extinção para grupos de sujeitos para os quais o estítnulo
condicionado foi associado à ameaça ou ao choque isolados ou a ambos. As curvas de pseudocondicionamento mostram
as respostas GSR a estímulos de controle que nunca foram emparelhados com a ameaça ou com o choque. Estes últimos
dados oferecem um controle para os efeitos dos mecanismos de excitação geral e orientação. Bridger e Mandei, 1964.
544 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

inconcebível que em experimentos que empregam capítulo anterior, a maioria dos métodos de dessen­
procedimentos de mascaramento, nos quais a aten­ sibilização representa uma forma de contracondicio-
ção do sujeilo é desviada para aspectos irrelevantes namento cognitivo, no qual as respostas de ansiedade,
da tarefa, o estímulo condicionado pode não ser as respostas de neutralização da ansiedade, ou
registrado numa maneira suficientemente consis­ ambos os conjuntos de eventos são em grande parle
ten te p ara p ro d u z ir respostas condicionadas controlados simbolicamente.
estáveis. Hernández-Péon, Scherrer e Jouvet (1956) Um processo de condicionamento de ordem su­
oferecem evidência, baseada em estudos neurofisio- perior similar está envolvido na modificação de
lógicos, de que a atenção focalizada num estímulo formas aditivas ou compulsivas de comportamento
particular simultaneamente reduz sinais aferentes por meio do c&ntracondicionamento cognitivo aversivo
ativados por outros estímulos sensoriais. O poten­ (Cautela, 1966; Miller, 1959, 1963). Na aplicação
cial auditivo evocado no núcleo coclear de gatos a deste procedimento, os indivíduos tipicamente vi­
um e.stímulo auditivo forte foi virtualmente elimi­ sualizam os objetos para os quais se sentem muito

PS
nado quando olhavam para ratos, sentiam cheiros atraídos e imediatamente revivem reações fortes de
de peixe ou recebiam choques elétricos que dis­ náusea. Resultados preliminares baseados em estu­
traíam sua atenção. Horn (1960) demonstrou uma dos de caso individuais, que foram revistos no capí­
diminuição similar das respostas neurais a uma luz tulo precedente, indicam que aversões condiciona­

U
durante a atenção ativa a outras pistas visuais e das e respostas de esquiva podem ser estabelecidas
auditivas. Embora haja certa disputa sobre se a ate­ desta maneira.
nuação dos sinais sensoriais resulta de mecanismos

O
O material discutido antes atesta o fato de que as
operando na periferia ou em níveis mais centrais, mudanças mais rápidas e permanentes no compor­
não há dúvida de que as respostas neurais a insu- tamento instrumental são conseguidas quando o

R
mos aferentes possam ser substancialmente reduzi- conhecimento das contingências é suplementado
il is pelo comportamento de atenção dirigido para por conseqüências reforçadoras apropriadas. Nas
eventos estimuladores irrelevantes.
Mesmo na ausência de uma disposição diversa
ex p erim en talm en te induzida, alguns sujeitos
podem escolher prestar atenção a estímulos estra­
G abordagens de entrevista, interpretações de contin­
gências prováveis e sugestões para vias de ação pre­
feríveis são oferecidas repetidamente, mas rara­
mente são organizados resultados favoráveis. Por
KS
nhos, deixando de obter desta forma o registro outro lado, os terapeutas que utilizam processos de
apropriado, o reconhecimento ou o condiciona­ reforçamento planejam cuidadosamente as conse­
mento. Nestas circunstâncias, a ausência da apren­ qüências comportamentais necessárias, mas muitas
dizagem pode erroneamente ser atribuída a uma vezes fracassam em especificar a base do reforça­
O

falia de reconhecimento consciente, quando, de mento. É aparente, do papel influente desempe­


fato, deriva de um registro deficiente de estímulos. nhado pelas variáveis cognitivas nos processos de
A demonstração mais decisiva de que a consciência mudança, que num programa ótimo de tratamento
BO

é uma pré-condição necessária para a aprendiza­ os agentes de mudança deveriam designar as con­
gem requeriria evidência de que, apesar de um re­ dições de reforçamento além de arranjar as conse­
gistro adequado de estímulos, o condicionamento qüências de resposta exigidas.
clássico não ocorre sem consciência da contingência Há uma aplicação potencial ulterior do conheci­
estimuladora. mento do controle simbólico que vale a pena ex­
plorar. Foi amplamente demonstrado que o com­
EX

Implicações do Controle Simbólico para portamento é parcialmente regulado pelas suas


conseqüências imediatas. Extensões deste princípio
a Modificação do Comportamento ao fenômeno da auto-regulação (Bandura e Per-
O potencial terapêmico dos processos simbolicos loff, 1967; Ferster, Nurnberger e Levitt, 1962) ofe­
D

não foi completamente explorado, embora, contra­ recem evidência de que as pessoas podem exercer
riamente à crença comum, as terapias comporta- um certo grau de controle sobre o próprio compor­
mentais se alicercem fortemente nos efeitos que são tamento arranjando contingências favoráveis para
IN

cognitivamente produzidos. Isto é particularmente si próprias. Estendendo esta noção de autogoverno,


verdadeiro nos tratamentos de dessensibilização é inteiramente possível que indivíduos possam ser
nos quais eventos estimuladorçs imaginados são ca­ capazes de controlar e alterar o seu comportamento
racteristicamente empregados para evocar respos­ por conseqüências simbolicamente produzidas.
tas emocionais que ordinariamente ocorrem aos es­ Muitas formas de comportamento que eventual­
tímulos reais. Em algumas variantes desta aborda­ mente criam efeitos sociais ou fisiológicos adversos
gem respostas neutralizadoras de emoção também são fortemente mantidas pelos seus efeitos reforça­
são induzidas simbolicamente. É verdade que o te­ dores imediatos. Se as conseqüências remotas pu­
rapeuta exerce, em certo grau, o controle instru- dessem ser movidas para a frente, ou se outros
cional sobre a ocasião e a duração das atividades tipos de resultados negativos fossem aplicados aos
implícitas do cliente, mas não ocorrerão efeitos de precursores incipientes do com portamento, sua
descondicionamento se os clientes não se engaja­ ocorrência poderia ser significativamente reduzida.
rem na representação cognitiva apropriada da se­ Na maioria dos casos, esta reorganização das con­
qüência sugerida de eventos. Como notamos num seqüências é difícil de se conseguir pela manipula-
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 345

ção dos eventos reforçadores reais. Contudo, há zes de autocontrole ideativo que podem ser utiliza­
certa evidência sugestiva de que resultados simbóli­ dos quando necessários. A abordagem mais preva­
cos possuem propriedades reforçadoras semelhan­ lente, e também a mais fútil, a esse problema é
tes a seus equivalentes físicos. Weiner (1965) desco­ aconselhar os outros a simplesmente banir os pen­
briu que imaginar as conseqüências aversivas e samentos perturbadores da sua mente.
a ocorrência real das mesmas reduzia a reativi- Se uma pessoa deseja obter maior controle volun­
dade, comparada com uma condição que não en­ tário sobre os seus processos de pensamento, ela
volvia retroalimentação, embora os resultados ima­ deve manipular variáveis que sejam capazes de eli-
ginados produzissem efeitos de redução um pouco ciar e manter atividades ideativas competidoras.
mais fracos. Estes achados dão crédito ao ponto de Isto pode ser conseguido de diferentes maneiras. A
vista de que o comportamento manifesto pode ser mais simples é a de efetuar modificações nas respos­
parcialmente regulado por operações encobertas de tas de atenção. Isto é, pensamentos perturbadores
auto-reforçamento. podem ser banidos dirigindo-se a atenção para

PS
Aplicações possíveis desta forma de controle’ eventos absorventes que eliciam atividades cogniti­
comportamental são discutidas brevem ente por vas mais fortes. Na realidade, esta forma de auto­
Homme (1965) num artigo sobre o condiciona­ controle, no qual a excitação produzida pelos pen­
mento de respostas implícitas. Ao lidar com pro­ samentos é diminuída pela absorção em material de

U
blemas como o fumar excessivo, comer demasiado leitura, programas de televisão, afazeres profissio­
e outras atividades que produzem reforços imedia­ nais e não-profissionais, e outros projetos engajan-
tos e automáticos, o indivíduo seleciona numerosas tes, é am plam ente praticada inadvertidamente.

O
conseqüências aversivas do com portamento que Sem dúvida, os indivíduos poderiam exercer maior
podem ser empregadas como reforçadores negati­ autocontrole sobre os seus processos de pensamen­

R
vos en c o b erto s. Q u a n d o d ese ja fu m a r, p o r tos e respostas emocionais relacionados por meio de
exemplo, ele imediatamente simboliza os efeitos um uso mais deliberado de atividades prepotentes
aversivos do fumar, ou revive outras experiências que são mantidas de reserva para este mesmo pro­
negativas. O fumar pode ser significativamente re­
duzido se conseqüências aversivas suficientemente
fortes puderem ser criadas por ideações antifumo.
G
pósito.
Embora até aqui a discussão tenha se preocupado
com os possíveis efeitos tranqüilizadores de mu­
KS
Tais conseqüências implicitamente produzidas, se danças de atenção, ela pode ter também uma
forem efetivas, provavelmente exercerão maior função preventiva. Em muitos casos, um estímulo
poder controlador quando aplicadas a formas inci­ externo relativamente fraco pode eliciar certos
pientes mais fracas do com portam ento do que pensamentos que,, em virtude de suas conexões as­
quando a tendência para a resposta é muito compe- sociativas, ativa conteúdos ideacionais ulteriores ca­
O

lidora, ou depois que o comportamento já foi de­ pazes de gerar respostas emocionais fortes. Inter­
sempenhado. rompendo esta seqüência associativa nas suas pri­
BO

Nos exemplos acima, as atividades cognitivas são meiras etapas, a ocorrência de uma excitação pro­
empregadas de maneira contingente como eventos duzida pelos pensamentos pode ser totalmente im­
reforçadores para reduzir a incidência de compor­ pedida.
tamentos manifestos. Muitas vezes, certos pensa­ Admitindo que as atividades simbólicas obede­
mentos produzem respostas emocionais fortes ou cem às mesmas leis psicológicas do comportamento
efeitos de desorganização do comportamento, caso manifesto, deveria ser possível influenciar significa­
EX

em que o problema passa a ser o de controlar os tivamente a natureza, incidência e potência dos
próprios eventos simbólicos. Em sua forma menos eventos encobertos. As dificuldades ein detectar a
extrema e mais prevalente, este tipo de disfunção presença de respostas implícitas apresentam um
tende a prejudicar a eficiência e a produtividade da forte obstáculo ao seu controle por práticas de re-
D

pessoa. Como Dollard e Miller (1950) assinalam, o forçamento se aderirmos ao paradigma convencio­
trabalho produtivo e criador requer, entre outras nal, no qual um agente externo dirige a ocorrência
coisas, uma atenção concentrada na tarefa. Quais­ do comportamento desejado, impõe as contingên­
IN

quer interrupções de fora, ou intrusão de pensa­ cias e aplica o reforçam ento. C ontudo, como
mentos irrelevantes de dentro, temporariamente Homme (1965) assinala, a ocorrência ou ausência
sustam as atividades em curso. Enquanto o am­ de eventos encobertos pode ser fácil e fidedigna­
biente físico pode ser arrumado de modo a minimi­ mente detectada pela pessoa que pensa. Conse­
zar distrações externas, obter o controle dos seus qüentem ente, tais respostas são mais facilmente
pensamentos apresenta um problema muito mais condicionadas por meio de operações de auto-
desafiador. reforçamento. Neste tipo de abordagem, as respostas
O meio mais direto e eficaz para reduzir pensa­ implícitas são autodirigidas, as contingências são
mentos intrusivos deflagradores de emoção é modi­ autoprescritas e as conseqüências autoproduzidas.
ficar suas condições eliciadoras pelos tipos de pro­ Homme sugere que a hipótese de probabilidade
cedimentos discutidos nos capítulos precedentes. diferencial de Premack (1965) (ou seja, qualquer
Não obstante, ruminações sobre experiências desa­ atividade altamente preferida tem capacidades de
gradáveis inevitavelmente ocorrem na vida diária, e reforçamento) p o d e ria ser vantajosamente utilizada
portanto as pessoas devem desenvolver meios efica­ na organização de contingências e seleção dos
346 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

auto-reforçadores. Isto é, a força e a incidência de de "subcepção” foi vigorosamente atacada por


certas classes de pensamentos podem ser aumenta­ Eriksen (1958) e Goldiamond (1958) em bases me­
das fazendo com que atividades preferidas sejam todológicas.
contingentes à sua ocorrência. Presumivelmente, Em estudos desta espécie, a definição e o método
ruminações depressivas causadoras de raiva e ou­ de estabelecer limiares oferecem uma das fontes
tras ruminações desagradáveis poderiam ser deslo­ principais de erro. Na maioria das vezes, o limiar é
cadas pelo auto-reforçamento de linhas de pensa­ definido como o valor do estímulo no qual o reco­
mento mais construtivas. Contudo, em vista da ca­ nhecimento verbal é 50 por cento correto. Por­
rência de informações a respeito da condicionabili- tanto, um sujeito pode, de fato, discriminar num
dade de eventos implícitos, o desenvolvimento de nível melhor do que o acaso um estímulo abaixo do
métodos de tratamento eficazes deve aguardar uma limiar estatístico arbitrário. Portanto, a ocorrência
análise aprofundada dos processos de controle de de respostas condicionadas autonômicas numa ex­
pensamento como influenciado por operações ex­ pectativa melhor do que o acaso não representa

PS
ternas ou autodirigidas de reforçamento, por mu­ uma demonstração compelidora da discriminação
danças de atenção e por outros fatores automani- inconsciente. De muito maior significado é a evi­
puláveís. dência (Eriksen, 1960) de que o condicionamento
ou a discriminação subliminar raramente ocorre
Discrepância entre os Sistemas de

U
quando os estímulos relevantes estão abaixo do
Resposta e o Inconsciente nível de reconhecimento.
Alé agora a discussão enfatizou o controle cogni­ Um segundo problema metodológico surge por­

O
tivo de comportamento autonômico e instrumental que os relatos verbais podem ser influenciados por
em condições nas quais tanto os apoios estimuladores fatores não-sensoriais. Os sujeitos geralmente relu­

R
ambientais quanto os eventos reforçadores são facil­ tam em admitir a presença de um estímulo fraco
mente reconhecíveis. De igual interesse, especial­ quando são inseguros, um viés de resposta negativo
mente para teorias da personalidade, é a observa­ que provavelmente aumenta artificialmente o li­
ção de que pessoas às vezes apresentam reatividade
autonômica ou motora discriminativa sem o reco­
nhecimento consciente de estímulos eliciadores que
G miar verbal. Uma pessoa cautelosa obteria um li­
miar verbal muito mais elevado que, de fato, é o
caso, produzindo assim um efeito sublim inar
KS
são fracos demais para uma identificação fidedigna. grande e espúrio. Um não-reconhecimento fingido
As explicações tradicionais de tais fenômenos ten­ provavelmente ocorre quando os sujeitos se depa­
deram a invocar uma entidade psíquica potente sob ram com um contéudo socialmente censurado
a forma de uma “mente inconsciente” que supos­ como palavras sexuais tabu.
tamente possui capacidades de discriminação sensí­ Além da influência do que é considerado apro­
O

veis. De acordo com esta interpretação, a mente in­ priado e da confiança subjetiva dos relatos verbais,
consciente prontamente percebe estímulos ameaça­ as respostas verbais não transmitem as discrimina­
BO

dores que ocorrem abaixo do limiar da consciência, ções mais finas feitas pelôs sujeitos quando se exige
e o ego mobiliza vários mecanismos de defesa para que eles classifiquem suas experiências perceptivas
lidar com eles e mantê-los fora da consciência. em termos de algumas categorias verbais discretas.
D urante muitos anos foram efetuadas consi­ Efeitos pseudo-subliminares podem surgir da pre­
deráveis pesquisas, principalmente por Eriksen cisão diferencial de respostas autonômicas contí­
(1958, 1960), para avaliar o status empírico da dis­ nuas e respostas categóricas discretas no nível ver­
EX

criminação e condicionamento subliminares. Os re­ bal. O fato, porém, de que existem discrepâncias
sultados destas investigações rigorosamente plane­ nos sistemas de respostas, mesmo quando se per­
jadas, além de outras descobertas, apóiam uma mite aos sujeitos usar um conjunto mais refinado
concepção alternativa das características dos pro­ de respostas verbais, e que respostas motoras são
D

cessos inconscientes. substituídas por uma medida autonômica (Eriksen,


No paradigma típico, apresenta-se aos sujeitos 1957) indica que o comportamento discriminativo
uma série de estímulos visuais neutros e negativa­ pode ocorrer sem uma rotulação exata dos eventos
IN

mente valenciados ao nível do limiar, e as respostas estimuladores relevantes.


não-verbais (autonômicas ou motoras) dos observa­ Como assinala Eriksen, a questão de se saber se
dores, assim como as respostas verbais aos estímu­ existe um mecanismo discriminativo mais sensível a
los, são registradas concorrentemente. Uma das nível inconsciente pode ser respondida de modo
principais controvérsias surgiu em conexão com mais direto, comparando-se os limiares dos diferen­
evidência originalmente relatada por Lazarus e tes sistemas de resposta. Este procedimento envolve
McLeary (1951) de que os sujeitos freqüentemente o condicionamento de uma resposta autonômica a
apresentavam respostas autonômicas condicionadas um estímulo supraliminar e a subseqüente compa­
a estímulos aversivos na ausência do reconhecimento ração da incidência do reconhecimento verbal pre­
verbal correto da seqüência de estímulos. Os auto­ ciso e da reaüvidade autonômica concorrente ao es­
res interpretaram estes dados como uma demons­ tímulo apresentado acima e abaixo do limiar. Utili­
tração da discriminação inconsciente. Embora os zando este método, conjuntamente com uma me­
achados não fossem disputados, sua explicação dida de resposta verbal controlada para um viés de
como um apoio para a existência de um processo reláto negativo, Dulany e Eriksen (1959) descobri­
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO S47

ram que os sistemas Fisiológicos e verbais de res­ Disparidades genuínas entre diferentes classes de
posta eram igualmente não sensíveis a valores bai­ comportamento podem ser produzidas mediante a
xos do estímulo, e que a resposta verbal foi um dis- aplicação do reforçamento diferencial. Assim, se
criminador superior em níveis intermediários e ele­ pensamentos e verbalizações hostis são aprovados
vados de estimulação. ou permissivamente aceitos mas ações agressivas
Embora os achados acima não forneçam evidên­ manifestas são constantemente punidas, as pessoas
cia de uma reatividade inconsciente a estímulos irão prontamente verbalizar sentimentos agressivos
ameaçadores fracos demais para penetrar na cons­ sem exibir quaisquer dos seus equivalentes moto­
ciência, ocorrem discrepâncias entre respostas si­ res. Semelhantemente, pela reversão das contin­
multâneas a pistas ambientais, as quais, portanto, gências de reforçamento poderíamos inibir com
exigem uma explicação. Este fenômeno, ao invés eficácia as representações cognitivas das manifesta­
de ser atribuído à influência reguladora de egos, ções comportamentais. Deveria, outrossim, ser pos­
superegos ou outros agentes psíquicos que operam sível produzir outros padrões de correlação va­

PS
numa mente inconsciente, pode talvez ser concei- riando sistematicamente as contingências de refor­
tualizado de modo mais plausível e parcimonioso çamento nas quais as respostas entram.
em termos da discrepância -entre sistemas de res­ A maioria do material nas seções precedentes
posta parcialmente independentes, um ponto de trata os fenômenos inconscientes como eventos in­

U
vista para o qual Eriksen oferece considerável apoio ternos e ambientais que não são representados na
empírico. consciência. Algumas teorias, porém, consideram
importante distinguir entre o pré-consciente e o in­

O
Quando duas respostas aparecem mais ou menos
concomitantemente numa série de estímulos senso- consciente. Nesta distinção, o pré-consciente com­
riais, a natureza da relação entre estes eventos preende elementos mentais que são facilmente

R
permanece obscura. Pode ser que o reconheci­ acessíveis à consciência dirigindo-se a atenção do
mento consciente dos estímulos ameaçadores evo­ sujeito para eles. Por outro lado, o inconsciente in­
clui elementos que são relativamente inacessíveis à
que as respostas autonômicas; a ocorrência das res­
postas autonômicas discriminativas pode produzir
um reconhecim ento verbal correto; ou os dois
modos de resposta podem ser eliciados indepen­
G
consciência e que só podem ser tornados conscien­
tes removendo-se forte resistência, preferivelmente
por meio de um tratamento interpretativo.
KS
dentemente pelo estímulo ambiental. Num esforço Em vista da validade questionável das especula­
de deslindar as relações entre as variáveis em estu­ ções dos psicoterapeutas acerca dos conteúdos in­
dos de “subcepção”, Eriksen conduziu uma série de conscientes, a acessibilidade à consciência, inferida
experimentos nos quais as respostas de reconheci­ do grau de resistência, é um critério excessiva­
O

mento verbal e as respostas autonômicas ou moto­ mente não-fidedigno sobre o qual construir uma
res concorrentes eram distintamente correlaciona­ teoria estrutural do funcionamento mental. Se um
das com os estímulos eliciadores, com a influência indivíduo se recusa a aceitar certos pensamentos pu
BO

da variável de resposta concomitante excluída esta­ impulsos que lhe são sugeridos pelo terapeuta,
tisticamente. Por este método de análise é possível permanece a questão de se saber se a resistência
determinar qual relação, se é que existe alguma, há revela conteúdos reprimidos ou uma incredulidade
entre as respostas autonômicas e os estímulos sen- justificada em face de interpretações errôneas. Por
soriais quando as diferenças de consciência são eli­ exemplo, seria um erro concluir que uma pessoa
minadas. Resultados destes experimentos consisten- que vigorosamente se opõe a interpretações de que
EX

temente mostram que os modos verbal e autonô­ alguns dos seus comportamentos desviantes repre­
mico de comportamento representam sistemas de sentam manifestações derivativas de um zoognick
respostas paralelos, ambos reativos à estimulação clandestino e poderoso, de fato possui um zoognick
sensorial, e são parcialmente independentes uns inconsciente checado por fortes forças repressoras.
D

dos outros. Os achados nãò oferecem nenhuma Como notamos antes, quando o processo interpre­
evidência de que as pessoas respondam autonômica tativo é visto num contexto de influência social, o
ou motoramente de modo mais sensível e preciso grau de oposição demonstrado por clientes, assim
IN

do que o fazem a nível verbal consciente. como a quantidade e tipo de elementos que even­
Esperar-se-ia que as- variáveis que afetam dife- tualmente emergem do seu inconsciente, hipoteti-
rencialmente os sistemas de resposta simbólicos, fi­ zado dependem, em grande parte, de prestígio,
siológicos e motores reduzissem o grau de correla­ credibilidade, sistemas de crenças do psicotera-
ção entre diferentes classes de reações. À medida peuta e de outros fatores estranhos.
que certos fatores prejudicam a exatidão da medida Embora possamos discutir seriamente se a exis­
de uma classe de comportamentos sem afetar a tência de eventos psíquicos inconscientes pode ser
outra, obteremos disparidades de resposta mesmo fidedignamente estabelecida por métodos psicote-
que os dois sistemas sejam, de fato, altamente con­ rapêuticos, não há dúvida de que pensamentos e
gruentes. Variáveis estranhas geralmente exercem outras atividadades implícitas podem ser eficaz­
um alto grau de controle quando as pessoas estão mente inibidos. Tradicionalmente, a inibição do
respondendo a estímulos fracos demais para sobre­ pensamento é atribuída ao mecanismo de repres­
pujar o efeito de características mais salientes da si­ são, que se acredita operar grandemente em níveis
tuação. inconscientes. Admite-se ainda, particularmente
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMEN

nas formulações psicanalíticas, que os elementos formação reativa; se ela Fica irritada com uma
reprimidos não só mantêm uma vida dinâmica soa sem culpa exibe um deslocamento; se evita pe
própria, mas são carregados de uma catexia de sarnentos desagradáveis tornando-se preocupa
energia de pulsão que continuamente força a des­ com um conteúdo ideacional competidor e ritu
carga diretamente ou de forma derivada. Agentes concomitantes ela se vale de defesas obsessivo-
psíquicos opositores que assumem funções defensi­ compulsivas.
vas e proibitivas mantêm a repressão gastando uma A teoria da aprendizagem social não apenas
porção da energia psíquica à sua disposição. apela a agentes psíquicos proibitivos na explicação
Na teoria comportamental o fenômeno atribuído do processo inibitório, mas difere das abordagens
à repressão é conceitualizado em termos de proces­ psicodinâmicas também nos pressupostos acerca da
sos de condicionamento de esquiva. Se certos pen­ natureza das tendências de resposta inibidas. Em­
samentos são repetidamente associados com expe­ bora respostas anteriormente punidas possam reter
riências dolorosas, eles gradualmente adquirem a sua capacidade de g erar efeitos emocionais

PS
propriedades aversivas. Como os pensamentos são quando atividas, não se presume que levem uma
eventos particulares, só podem ser afetados indire­ existência dinâmica dentro de uma mente incons­
tamente por operações de reforçamento. Uma ma­ ciente, que possuam uma energia de pulsão que
neira pela qual isto seria possível é por meio do precisa ser periodicamente reduzida, que pressio­

U
processo de g eneralização de resp o sta. Por nem continuamente para descarga num ou noutro
exemplo, o experimento de Miiler (1951), discutido disfarce ou que requeiram uma restrição incessante
anteriormente, demonstrou que a ansiedade asso­ para confiná-las num domínio inconsciente. Ao

O
ciada a uma palavra falada tende a generalizar o invés disto, assume-se que disposições de compor­
pensamento da palavra. Além do mais, como os tamento inibidas permanecem inertes a não ser que

R
pensamentos tipicamente precedem ou acompa­ sejam ativadas por estimulação apropriada. Sob cir­
nham respostas manifestas, os eventos implícitos cunstâncias rras quais as respostas controladoras in­
podem adquirir a capacidade de provocar a ansie­ compatíveis aos mesmos estímulos são claramente
dade por meio de sua proximidade temporal a atos
instrumentais punidos.
Uma vez que certos pensamentos passam a fun­
G dominantes e, portanto, prontamente evocadas, o
comportamento punido dificilmente alcança até o
nível incipiente. Por outro lado, quando as respos­
KS
cionar como estímulos condicionados aversivos, a tas punidas são fortemente estabelecidas e as ten­
sua ocorrência gera ansiedade e a sua eliminação a dências competidoras não são completamente do­
alivia. Como foi demonstrado no experimento de minantes, as respostas inibidas podem ser excitadas
Eriksen e Kuethe (1956), a inibição dos pensamen­ até o ponto em que geram conflito e ansiedade.
tos geradores de ansiedade é geralmente obtida por Um elemento reprimido, de acordo com este ponto
O

meio da ocorrência simultânea de atividades idea- de vista, não possui uma natureza qualitativamente
cíonais competidoras. Pediu-se a estudantes que as­ diferente de qualquer resposta que foi substituída
BO

sociassem uma série de palavras, e eles foram pu­ por um padrão alternativo de comportamento.
nidos com choques elétricos sempre que responde­ À parte do seu estatuto empírico mais seguro, o
ram com associações dadas inicialmente a cinco pa­ modelo do sistema de respostas concorrentes possui
lavras arbitrariamente selecionadas. As associações muitas vantagens sobre as formulações que pres­
punidas declinaram rapidamente, ao passo que as supõem a existência de uma mente inconsciente.
associações de palavras não punidas permaneciam Esta conceituação não se presta a pseudo-ex-
EX

sem modificação à medida que os itens eram repe­ plicações nas quais um rótulo descritivo para dis­
tidos. Algumas indicações de que o castigo elimi­ paridades de respostas é reificado e atribuídas
nava respostas no nível implícito ao invés de apenas propriedades causais — por exemplo, discrepâncias
produzir substituições deliberadas de palavras são entre respostas simbólicas e motoras ou fisiológicas
D

mostradas pelo fato de que a substituição de asso­ aos mesmos eventos estimuladores recebem o ró­
ciações inicialmente dominantes ocorreu em estu­ tulo descritivo de “inconsciente”, que é então con­
dantes que não conheciam a base para os choques vertido numa agência interna que exerce um pode­
IN

ou que as suas associações tinham mudado; os efei­ roso controle sobre o comportamento. A interpre­
tos inibitórios também persistiam numa tarefa de tação de sistema de respostas múltiplas dos fenô­
associação um tanto diferente, na qual a ameaça de menos designados como inconscientes também en­
estimulação aversiva tinha sido removida. coraja a exploração sistemática das variáveis que
Nas interpretações de aprendizagem social da dão origem à disparidade de respostas. Final­
repressão, respostas incompatíveis ao invés de mente, a teoria tem importantes implicações de
agentes psíquicos são consideradas como forças ini­ tratamento. Dada a existência de modos de res­
bitórias. Deve também ser assinalado que os vários posta independentes, mas parcialmente correlacio­
mecanismos de defesa são definidos, em sua maior nados a estímulos significativos, o psicoterapeuta
parte, pelas características do comportamento que pode concentrar vantajosamente seus esforços
compete e substitui tendências negativamente va- sobre á modificação direta das classes de resposta
lenciadas. Por exemplo, se uma pessoa instigada à que o tratamento pretende alterar, ao invés de em­
hostilidade exibe pensamentos e ações positivas em barcar numa busca incessante de agentes causativos
relação ao agente frustrador ela está engajada na inconscientes que é passível de prognóstico anterior
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 349

altamente concordante com as predileções teóricas do que as abordagens aos fenômenos inconscientes
particulares do terapeuta, revistas anteriormente. Como é verdade em relação
às pesquisas sobre a “defesa perceptiva”, a questão
EFEITOS COGNITIVOS DA ESTIMULAÇÃO de saber se estamos lidando com um fenômeno ge­
SUBLIMINAR nuíno ou com um artefato metodológico é uma
Os estudos revistos na seção precedente investi­ constante preocupação. Interpretações dos achados
garam os fenômenos inconscientes principalmente sempre permanecem em dúvida, porque os sujeitos
em termos da discriminação de estímulos fracos. que apresentam efeitos subliminares podem estar
Klein e seus colaboradores (Klein, Spence, Holt e parcialmente cônscios dos padrões de estímulos
Gourevitch, 1958; Spence, 1964; Spence e Holland, antes de relatá-los, de modo que a estimulação está
1962) empregaram uma abordagem um tanto dife­ realmente no, ou acima do limiar de reconheci­
rente ao problema. Os efeitos da estimulação su­ mento. Como os estímulos subliminares raramente
bliminar são medidos, não em respostas autonômi­ aparecem em desempenhos cognitivos de forma di­

PS
cas ou de reconhecimento, mas em termos de indi­ reta, os investigadores têm que procurar represen­
cadores indiretos de mudanças cognitivas. tações indiretas, distorcidas ou simbólicas remotas
Na maioria destes experimentos, estímulos neu­ para obter pelo menos algumas respostas concretas
tros ao invés d e estímulos ameaçadores são apre­ para a maioria dos sujeitos. Para complicar ainda

U
sentados em níveis aparente e suficientemejnte mais as coisas, não existem critérios objetivos para
intensos para registrar e evocar alguma resposta no identificar representações distorcidas ou transfor­
madas, e a fidedignidade elevada entre avaliadores

O
sistema nervoso central, mas o insumo sensorial é
ou muito fraco ou muito curto para produzir o é muitas vezes difícil de se conseguir.
pleno reconhecimento ou. a identificação correta Mesmo que se incluam os disfarces alterados que

R
dos eventos estimuladores. Em outros estudos, um * o insumo sensorial não-reconhecido presumivel­
estímulo verbal, rapidam ente apresentado bem mente assume, o efeito da estimulação subliminar
sobre o funcionamento cognitivo é éxcessivamente
acima do nível de identificação, está inserido em
outros estímulos competitivos e, portanto, pode não
ser evocado mesmo que tenha sido completamente
registrado. Numerosas medidas indiretas da ativa­
G
fraco, e, em alguns casos, é eliminado completa­
mente quando fontes de artefatos como a conglome-
ração associativa dos efeitos são controladas (Worell
KS
ção inconsciente foram empregadas, tais como a in­ e Worell, 1966), e taxas de base de manifestações
clusão de elementos estimuladores similares na indiretas são obtidas de sujeitos que nunca foram
produção de fantasias (por exemplo, histórias pro­ expostos aos estímulos subliminares (Johnson e Erik-
duzidas em reação a testes projetivos, desenhos, so­ sen, 1961). Dos resultados indefiníveis e parcos das
pesquisas nesta área parece que a ativação sublimi­
O

nhos); uma tendência aumentada a dar respostas


relacionadas a itens de um teste de associação de nar deve desempenhar um papel relativamente incon­
palavras; elaboração cognitiva de um estímulo seqüente na regulação do comportamento humano.
BO

neutro em termos do tom afetivo de pistas sublimi­ Enquanto estímulos reconhecíveis assumem uma
nares precedentes; e deflagração de respostas que função poderosa de direção do comportamento, os
pertencem à mesma rede associativa. Duas hipóte­ estímulos não-reconhecidos têm, na melhor das hi­
ses conflitantes foram propostas relacionadas com póteses, efeitos psicológicos fracos, inconsistentes e
as características da estimulação subliminar. De fragmentários.
acordo com o ponto de vista contínuo dos processos
EX

perceptivos, os efeitos dos estímulos subliminares Conseqüências Atitudinais de Mudanças


são similares àqueles dos estímulos reconhecidos; Afetivas e de Comportamento
como a magnitude da influência varia com a inten­
sidade do insumo, porém, os primeiros são menos RELAÇÃO ENTRE MUDANÇAS DE
D

potentes. A teoria oposta, por outro lado, admite ATITUDES E COMPORTAMENTO


que os efeitos da estimulação subliminar são mais
difusos e pronunciados do que os produzidos por Na maioria dos casos, agentes de mudança que
IN

estímulos supralim inares, porque, no prim eiro procuram alterar as atitudes das pessoas não estão
caso, os efeitos de restrição da consciência sobre o interessados nas atitudes em si. Embora os proce­
pensamento são removidos. Esta formulação, origi­ dim entos de influência sejam planejados para
nalmente proposta por Freud (1953), admite que as mudar avaliações e preferências com relação a cer­
influências pré-conscientes e conscientes obedecem tas pessoas, bens de consumo ou atividades, o prin­
a leis diferentes, com os estímulos que operam fora cipal objetivo é modificar o comportamento. Assim,
da consciência sendo menos restritos por controles por exemplo, o alvo de esforços de persuasão é
lógicos e orientados para a realidade. conseguir que as pessoas comprem certas marcas
Estes pontos de vista alternativos não podem ser particulares de mercadorias, que votem em deter­
avaliados empiricamente, uma vez que ainda resta minados candidatos, que fumem ou deixem de fu­
demonstrar fidedignamente que a estimulação su­ mar, ou que se engajem em várias outras linhas de
bliminar de fato influencia as atividades cognitivas ação. A abordagem da mudança de atitudes é sele­
em grau apreciável. Pesquisas deste tipo são ainda cionada como um meio de influênciar o compor­
mais afetadas por problemas metodológicos difíceis tamento quando o comportamento desejado não
350 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

pode ser diretamente eiiciado e reforçado por mo­ liações, que constituem as variáveis dependentes na
tivos práticos ou de outra espécie. maioria das pesquisas em psicologia social, sejam
Admite-se amplamente que as atitudes são de­ indicadores não-fidedignos das opiniões e atitudes
terminantes importantes das ações manifestas e, reais das pessoas. Foi mostrado (Schanck, 1932),
conseqüentemente, que quaisquer mudanças obti­ por exemplo, que atitudes particulares muitas vezes
das no domínio das atitudes terão efeitos amplos diferem acentuadamente daquelas que são expres­
sobre o comportamento subseqüente. Acredita-se, sas publicamente. Comunicações persuasivas po­
ainda, que os padrões de resposta alterados que são dem, desta forma, eliciar um conformismo a exi­
acompanhados por atitudes alteradas correspon­ gências situacionais implicadas sem afetar significa­
dentes serão mais estáveis temporalmente do que o tivamente as atitudes particulares das pessoas.
comportamento que é diretamente induzido sem Uma segunda explicação, sugerida por Festinger
apoio cognitivo. Por estas e outras razões, o desen­ (1964) é que mudanças de atitudes resultantes de
volvimento de atitudes benéficas é muitas vezes influências persuasivas são relativamente instáveis e

PS
visto como o principal objetivo das tentativas de irão, portanto, desaparecer a não ser que o com-
mudança social. Se for demonstrado que as mu­ portamento manifesto correspondente seja apoiado
danças de atitudes têm, de fato, conseqüências por conseqüências adequadas. Este ponto de vista
comportamentais significativas, seria de importân­ admite que as atitudes produzam mudanças de de­
cia considerável elaborar procedimentos eficazes sempenho temporárias; contudo, quando as con­

U
que poderiam ser especificamente dirigidos para a tingências ambientais não apóiam as novas ativida­
modificação de atitudes. des os indivíduos revertem à seu comportamento

O
Uma volumosa literatura se acumulou nos últi­ antigo e as atitudes recém-estabelecidas são simi­
mos anos a respeito de mudanças de atitudes por larmente alteradas para coincidir com as ações.
meio de exposição a comunicações persuasivas, as A modificabilidade relativa das atitudes e ações,

R
quais, por causa da sua extensa aplicação em massa, assim como o grau de correspondência obtido entre
constituem a técnica de influência prevalente ex­ as mudanças nestes dois conjuntos de eventos, pode
plorada neste campo. Considerando a multidão de
publicações e as funções controladoras poderosas,
seguramente atribuídas às atitudes, é surpreen­
dente descobrir que uma busca completa desta lite­
Gvariar com as conseqüências afetivas e sociais que
acompanham o comportamento. Uma dada influên­
cia social pode produzir mudanças análogas tanto nas
adtudes como nas ações quando as pessoas são indi­
KS
ratura por Festinger (1964) apontou para uma ca­ ferentes ou favoravelmente dispostas em relação
rência de estudos nos quais a influência da mu­ às atividades advogadas. A maioria das tentativas
dança de atitudes sobre o comportamento foi espe­ para controlar o comportamento dos consumidores
cificamente investigada. O número de pesquisas por meio de comunicações persuasivas cairia nesta
O

p ertin en tes tam bém não aum entou de form a categoria. Assim, por exemplo, uma pessoa que
notável nos últimos anos. Os dados disponíveis, está considerando comprar uma televisão pode ser
embora admitidamente parcos, mostram que as levada a comprar um aparelho colorido caro depois
BO

mudanças nas atitudes provocadas por comunica­ de ter sido convencida por anúncios persuasivos
ções persuasivas geralmente têm pouco ou nenhum que ele oferece maior prazer do que um conjunto
efeito sobre as ações manifestas (Fleishmann, Har- preto e branco. O processo é mais complicado, po­
ris e Burtt, 1955; Levitt, 1965; Maccoby, Romney, rém, quando as pessoas resistem a um comporta­
Adams e Maccoby, 1962). Em contraste com esses mento advogado que podem desempenhar porque
achados, Greenwald (1965a) relata uma correlação resulta em autoderrogação. Isto é ilustrado por si­
EX

positiva, embora fraca, entre as mudanças de atitu­ tuações nas quais as pessoas são induzidas a se
des e de comportamento, Contudo, para sujeitos comportar de maneiras que estão em conflito com
que expressam um comprOmisso prévio contrário à suas crenças. Obstáculos à mudança também sur­
tentativa de influência, as comunicações persuasivas gem quando os indivíduos estão dispostos a se en­
D

alteram as atitudes, porém não produzem m udan­ gajar nas atividades desejadas, mas são incapazes de
ças significativas no comportamento (Greenwald, fazê-lo por causa de fortes medos e inibições. Nes­
1965b). Estes resultados aparentemente conflitan­
IN

tes últimos' casos, um método fraco pode alterar


tes podem, em parte, refletir diferenças na natu­ respostas que são prontamente suscetíveis à mu­
reza e importância do comportamento a ser modi­ dança, assim como avaliações verbais, mas fracassa
ficado, o tempo transcorrido entre a avaliação de em modificar o comportamento manifesto que se
mudanças de atitudes e de comportamento, e a torna intratável pelas suas conseqüências adversas.
ordem em que estes dois conjuntos de eventos são Seria necessária uma influência relativamente po­
mensurados. Há alguma razão para esperar (Co- derosa para obter mudanças correlativas em dife­
hen, 1964) que mudanças nestas duas formas de rentes tipos de sistemas de respostas. De modo di­
resposta sejam mais elevadamente correlacionadas ferente aos. efeitos inconsistentes das comunicações
quando as atitudes são medidas depois, e não antes, persuasivàs, a dessensibilização e a modelação são
do desempenho do comportamento discrepante. capazes de produzir m udanças correlativas no
O fracasso em obter relações consistentes e ele­ comportamento refratário e nas atitudes. Estas re­
vadas pode ser interpretado de várias maneiras. É lações positivas vão desde r = 0,39, quando as mu­
possível que as respostas a questionários e auto-ava- danças nas adtudes são medidas pela técnica do di-
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 551

ferencial semântico, a r = 0,59 e r = 0,72 para esco­ temente, se as auto-avaliações são tratadas como
res de mudança baseados numa variedade de esca­ uma classe de comportamento, ao invés de recebe­
las de atitudes (Bandura, Blanchard e Ritter, 1969; rem um status especial como indicadores de um
Blanchard, 1969): mediador interno que recebe substância e é dotado
Mudanças correlacionadas, quando ocorrem , de poderes reguladores influentes, então a questão
podem refletir a operação de diferentes mecanis­ da relação entre as atitudes e o comportamento
mos. De acordo com a maioria das teorias contem­ poderia ser conceitualizada de modo mais significa­
porâneas de atitudes, algumas das quais serão revis­ tivo como um problema de correlação entre dois
tas mais adiante, há um impulso para manter con­ sistemas de resposta diferentes. Deste ponto de
sistência entre crenças, sentimentos e ações. Uma vista, não existe nenhuma relação intrínseca entre
m udança em quaisquer dos com ponentes irá, estes dois conjuntos de respostas, uma vez que
portanto, gerar modificações congruentes nos ou­ podem ser ou altamente correlacionados ou disso­
ciados, dependendo de suas respectivas contingên­

PS
tros constituintes. Nestes modelos de consistência,
mudanças nas atitudes ou comportamento são tra­ cias de reforçamento.
tadas, não como eventos conseqüentes, mas como A diferenciação entre atitudes e ações manifestas
variáveis causais que afetam outras formas de com­ desaparece completamente quando as primeiras
portamento. Uma interpretação alternativa é a de são prim ariamente inferidas do comportamento

U
que influências ambientais têm efeitos similares não-verbal, como é geralmente o caso nas interpre­
mas independentes sobre sentimentos, crenças e tações dos fenômenos naturais. Por exemplo, uma

O
comportamento. Neste ponto de vista, consistências pessoa que apresenta respostas antagônicas ou ati­
de crenças e comportamento representam co-efei- vamente evita membros de um dado grupo étnico é
tos correlacionados ao invés de resultados de um vista como possuindo uma atitude negativa, ao

R
processo no qual modificações de um tipo de com­ passo que se presume que tenha uma atitude posi­
portamento produzem mudanças em outras formas tiva se exibir reações amigáveis e de aprovação. Em
tais circunstâncias, a questão de se saber se as atitu­
de reagir.
Testes definitivos das explicações dos efeitos pa­
ralelos e da consistência dos processos de mudança
G
des influenciam o comportamento reduz-se à ques­
tão sem significado de se um determinado padrão
de respostas se determina a si próprio!
KS
são impossíveis na ausência de uma metodologia Deveria ser enfatizado que a discussão prece­
que poderia permitir uma medida simultânea de dente não pretende minimizar o papel dos media­
crenças, afetos e ações. Se a incongruência cria um dores simbólicos no funcionamento humano, e sim
estímulo interno para a mudança psicológica, então chamar a atenção para as dificuldades conceituais
um procedimento de testagem seqüencial confunde
O

criadas por uma falta de medidas independentes de


os efeitos das influências externas e o impulso para tendências encobertas denominadas atitudes. Como
a consistência. Inversamente, uma dada influência resultado, é muitas vezes difícil perceber se os in­
BO

ambiental poderia ter conseqüências similares em vestigadores estão lidando com abstrações supér­
diferentes classes de resposta que seriam erronea­ fluas do comportamento, com co-efeitos de opera­
mente atribuídas à operação de um impulso para a ções da influência social ou com eventos carnal­
consistência. Estas formulações alternativas talvez mente relacionados.
devessem ser consideradas como complementares G rande parte da am bigüidade que prevalece
ao invés de conflitantes. Sob a maioria das condi­ nesta área poderia ser reduzida e as questões teóri­
EX

ções, eventos estimuladores poderosos produzem cas delineadas com mais precisão se o conceito “in­
diferentes mudanças psicológicas, e o desempenho determinado” de “atitude” fosse completamente
do novo comportamento provavelmente tem con­ abandonado. A questão básica postulada anterior­
seqüências cognitivas e emocionais adicionais. mente poderia ser recolocada como segue: Até que
D

Ein muitos aspectos, a questão de saber se as ati­ grau, e sob quais circunstâncias, as mudanças ope­
tudes regulam o comportamento manifesto poderia radas nas classes de comportamento cognitivo, afe­
ser considerada uma pseudo-questão criada por tivo e motor possuem efeitos recíprocos? Poder-se-
IN

distinções arbitrárias entre diferentes tipos de res- ia argumentar que haveria algum proveito em reter
post^i. Uma atitude é definida de várias maneiras o constructo da atitude, além da sua função ta-
como uma disposição para agir de forma favorável quigráfica de rotulação, se ele fosse usado para re­
ou desfavorável em relação a dado objeto (Brown, presentar os processos superiores de organização
1965); uma organização de cognições valenciadas que são inferidos de manifestações comportamen-
combinada com uma predileção para a deflagração tais específicas. Contudo, tendo em vista a evidên­
de motivos (Newcomb, T urner e Converse, 1965); cia substancial (Bandura e Walters, 1963; Mischel,
uma resposta afetiva avaliativa em relação a um ob­ 1968) de que o comportamento humano é acen-
jeto (Rosenberg, 1960); ou uma resposta media­ tuadamente específico e extensivamente regulado
dora antecipatória implícita (Doob, 1947). Como a por pistas discriminativas, contingências de refor­
maioria das tendências implícitas, as atitudes são çamento e outros eventos externos, há razão para
caracteristicamente inferidas de várias formas de questionar a utilidade de formulações teóricas que
comportamento manifesto, ao invés de identifica­ invocam mediadores unitários que não podem pos­
das por algum critério independente. Conseqüen­ sivelmente servir como determinantes de respostas
552 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

heterogêneas que não são correlacionadas em qual­ de atributos como habilidade, confiabilidade, pres­
quer grau significa livo. tígio, imparcialidade, poder social e ocultamento da
Num esforço para explicar a especificidade com- intenção propagandística ou manipulação persua­
portamental num contexto de teoria da atitude, siva. A forma e a organização dos argumentos per­
Rokeach (1966) apresentou o ponto de vista de que suasivos, que também podem influenciar significa­
o comportamento social é determinado por conjun­ tivamente a formação e mudança de atitudes, envol­
tos de atitudes que interagem — um ativado pelos vem tais questões como a ordem ótima de apresen­
objetas das atitudes e o outro eliciado pela situação. tação de argumentos fracos e principais, a seqüên­
Argumenta com razão que em muitos casos as in­ cia dos argumentos de apoio e oposição, o grau de
fluências situacionais, que foram negligenciadas na explicitação das conclusões, a quantidade de repeti­
teoria das atitudes, podem pesar mais do que os ção, o grau de discrepância entre os pontos de vista
efeitos eliciadores de resposta do objeto atitudinal. dos sujeitos e os advogados, as propriedades afeti­
Portanto, os indivíduos muitas vezes apresentam vas dos conteúdos, e se o programa de influência se
apóia numa apresentação unilateral ou também in­

PS
atitudes bastante diferentes em relação ao mesmo
objeto atitudinal em diferentes situações sociais. clui alguma consideração e refutação de contra-ar-
Uma teoria que prognostica respostas atitudinais à gumentos. Os achados de pesquisa mostram que os
base de variáveis de sujeito e situacionais indubita­ efeitos destas diferentes variáveis raramente pro­
velmente teria maior poder preditivo do que uma duzem efeitos simples; a sua magnitude e direção

U
que apenas se apóia nas avaliações dos sujeitos do são em parte dependentes da influência simultânea
objeto atitudinal em contextos indefinidos. As pro­ de outros fatores. Por exemplo, a quantidade de

O
priedades controladoras das situações refletem mudança da atitude pode aum entar como uma
primariamente diferenças nas contingências de re- função direta do grau de discrepância das opiniões
forçamento aplicadas a comportamentos atitudinais advogadas por uma fonte altamente respeitável, ao

R
expressos em diversos contexto? sociais. Podería­ passo que um persuasor de menos crédito pode
mos obter uma eficácia preditiva ainda maior ao exercer uma influência decrescente quanto mais
tratar as atitudes como respostas avaliativas que
estão sob o controle do reforçamento e dos estímu­
los discriminativos, como quaisquer outras formas
de comportamento.
G divergentes suas opiniões (Aronson, T u rn e r e
Carlsmith, 1963; Bergin, 1962). Para complicar
ainda mais as coisas, uma dada variável pode ter
efeitos diferentes imediatos e a longo prazo sobre
KS
as atitudes. Com o passar do tempo, o conteúdo re­
Estratégias de Mudança de Atitudes levante pode ser retido mas a fonte esquecida, re­
duzindo assim as influências iniciais da credibili­
ABORDAGEM ORIENTADA PARA A CRENÇA dade (Hovland e Weiss, 1951; Hovland, Lumsdaine
O

e Sheffield, 1949; Kelman e Hovland, 1953).


Três abordagens gerais podem ser empregadas A maioria das investigações precedentes de co­
ou isoladamente ou em várias combinações para municações persuasivas foi primariamente orien­
BO

induzir modificações de atitudes. A abordagem in­ tada por um conjunto de princípios empíricos, ao
formativa ou orientada para a crença tenta efetuar invés de uma teoria sistemática. Contudo, estes
modificações nas atitudes das pessoas alterando as princípios são organizados em função do pressu­
suas crenças sobre o objeto atitudinal por meio da posto básico de que a mudança de atitudes é go­
exposição a várias formas de comunicações persua­ vernada em grande extensão por antecipações
sivas. Admite-se que as pessoas podem ser induzi­ transmitidas por meio de comunicações de conse­
EX

das a modificar as suas avaliações de um objeto ati­ qüências recompensadoras e punitivas para certas
tudinal apresentando-lhes novas informações a linhas de ação. Um comunicador competente ou de
respeito das suas características. prestígio é geralmente mais influente do que um
A maioria das pesquisas geradas por esta abor­ menos competente, uma vez que as recomendações
D

dagem informacional (Cohen, 1964; Hovland e Ja- comportamentais do primeiro, se executadas, ten­
nis, 1959; Hovland, Janis e Kelley, 1953; Rosen- dem a resultar ern conseqüências favoráveis. Como
berg et al., 1960) foi expressam ente planejada notamos abaixo, o conteúdo da comunicação mui­
IN

para isolar as condições sob as quais uma dada co­ tas vezes inclui referências a incentivos ou é expres­
municação terá o seu efeito máximo sobre as atitu­ samente planejado para alterar a valência do objeto
des dos recipientes. T rês conjuntos gerais de atitudinal.
variáveis, a saber, a natureza do comunicador, a Embora mudanças de crenças possam ser induzi­
comunicação e os recipientes, foram mais extensi­ das pela exposição a estímulos comunicativos, há
vamente investigados. Estudos das pessoas a serem pouca evidência de que a simples apresentação de
influenciadas geralmente se preocuparam com as informações sobre o objeto atitudinal altere o com­
suas característica^ de personalidade, o nível da sua portamento das pessoas em relação a ele em grande
inteligência e sofisticaçao, a natureza de suas atitu­ escala. Processos de condicionamento de ordem
des preexistentes, e a força do seu compromisso superior são, portanto, freqüentemente emprega­
com uma dada posição. Os efeitos das variáveis do dos para aumentar a potência das comunicações
comunicador no fortalecimento das modificações persuasivas. Um método que se apóia no fenô­
de atitudes são tipicamente analisados em termos meno do reforçamento vicário aumenta a probabi-
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 353

lidade de que um observador irá responder da ma­ irão eventualmente obter o sucesso. Uma pessoa
neira recomendada ao representar as conseqüên­ que foi levada a antecipar resultados iniciais desfa­
cias reforçadoras para um modelo que desempenha voráveis pode deixar de considerar, por certo
o comportamento. Em apelos positivos, o desem­ tem po, os fracassos subseqüentes. C o n tu d o ,
penho do comportamento sugerido pelo comuni­ quando existem discrepâncias entre os esquemas
cador resulta numa pletora de efeitos recompensa­ assumidos e reais de reforçamento, tanto o seu
dores. Desta forma, fumar uma determinada marca comportamento como as suas crenças provavel­
de cigarros ou usar uma marca especial de loção mente irão se ajustar gradualmente às condições
capilar cativa a admiração amorosa de belezas vo­ reforçadoras existentes.
luptuosas, aumenta o desempenho no trabalho, mas- Por causa da sua facilidade de aplicação, as técni­
culiniza o próprio autoconceito, atualiza o indivi­ cas de persuasão apresentadas por meios verbais ou
dualismo e a autenticidade, tranqüiliza nervos irri­ pictóricos são amplamente empregadas em massa

PS
tados, consegue o reconhecimento social e reativi- em esforços para controlar o comportamento de
dade amistosa de estranhos, e provoca reações afe­ consumidores, influenciar escolhas de votação e
tuosas nas esposas. Estudos de laboratório (Ban- indicar respostas avaliativas positivas ou negativas
dura, 1968) mostram que, de acordo com a sua na­ em relação a certos objetos atitudinais e questões
tureza, as conseqüências apresentadas para uma sociais. A eficácia dos métodos de persuasão de

U
pessoa que desem penha o com portam ento não massa é muitas vezes diminuída, porém, pelo limi­
apenas facilitam ou inibem tendências de resposta, tado controle que os agentes de influência podem

O
mas os seus efeitos podem pesar mais do que o sis­ exercer sobre a atenção das pessoas aos estímulos
tema de valores previamente adquirido dos obser­ comunicativos, e pela falta de meios diretos para
vadores (Bandura, Ross e Ross, 1963). reforçar imediatamente os membros da audiência

R
Apelos negativos, por outro lado, demonstram as pelo desempenho do com portamento recomen­
conseqüências adversas que resultam do fracasso dado. Por outro lado, sob condições nas quais os
em obedecer às recomendações comportamentais
do comunicador. Embora o castigo vicário possa
inibir as disposições de resposta existentes em certo
grau, é um procedimento menos fidedigno para
G
estímulos de comunicação selecionados são capazes
de atrair e prender a atenção dos observadores e as
ações advogadas de fato resultam em conseqüências
favoráveis, apelos de massa podem iniciar mudan­
KS
produzir atitudes desejadas e padrões correspon­ ças duradouras nas crenças e comportamentos das
dentes de comportamento. A apresentação de fe- pessoas.
sultados nocivos ou revoltantes tende a excitar for­
tes respostas emocionais que podem dar origem à ABORDAGEM ORIENTADA PARA O AFETO
O

esquiva do material perturbador e das recomenda­


ções associadas (Janis, 1967) ou dotar um objeto ati- Uma segunda estratégia geral para induzir mu­
tudinal de valência negativa. danças comportamentais envolve uma abordagem
BO

Mudanças nas crenças ocasionadas por argumen­ orientada para o afeto. Neste paradigma, tanto as
tos persuasivos podem temporariamente aumentar avaliações como o comportamento relacionado com
a probabilidade das linhas de ação advogadas, mas- objetos atitudinais particulares são modificados al-
é duvidoso.se este tipo de abordagem por si mesmo terando-se as suas propriedades afetivas. Estas mu­
pode produzir efeitos duradouros, a não ser que danças emocionais são tipicamente obtidas por
EX

condições de incentivo favoráveis, que governam a meio de procedimentos baseados no princípio do


persistência das mudanças induzidas, também são condicionamento clássico. Como foi mostrado nos
organizadas. Isto é, se uma pessoa fosse agir de capítulos precedentes, reversões atitudinais e com­
acordo com as suas crenças, os efeitos de resultados portamentais podem ser produzidas pela associação
adversos iriam eventualmente negar a influência das contígua de objetos de alta valência positiva com
D

comunicações persuasivas. Uma moça feia de cabe­ experiências nocivas nas formas aversivas de con-
los castanhos, por exemplo, que foi persuadida de tracondicionamento, ou pelo emparelhamento de
IN

que “as louras se divertem mais” pode tingir os seus estímulos subjetivamente causadores de aflição com
cabelos de louro pálido, mas se a carência de en­ eventos positivamente reforçadores nas operações
contros com pessoas do outro sexo persistir, ela de dessensibilização. As demonstrações mais con­
provavelmente se descartará da crença e reverterá vincentes dos efeitos de transferência do recondi-
à tonalidade natural dos seus cabelos. cionamento emocional são oferecidas por estudos
Algumas pesquisas indicam que a suscetibilidade nos quais as propriedades afetivas dos objetos ati­
à contra-influência e a taxa de extinção de crenças tudinais são independentemente medidas, usual­
recém-estabelecidas podem temporariamente ser mente em termos de índices fisiológicos apropria­
atenuadas por comunicações preparatórias (Janis e dos, com controles adequados para influências so­
Herz, 1949, citado em Hovland, Janis e Kelley, ciais não-específicas (Marks e Gelder, 1967).
1953; McGuire, 1964). Estas servem para estimular Embora o uso dos princípios de associação para
o ensaio de refutações de argumentos opostos ou fadlitar mudanças atitudinais tenha sido muito di­
para dar aos recipientes a expectativa de que em­ vulgado, houve surpreendentemente um pequeno
bora a princípio encontrem fracassos e outros re­ número de pesquisas sobre a eficácia desta aborda­
sultados adversos, se aderirem às suas convicções gem. Há alguma evidência de que respostas avalia-
354 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

tivas podem ser alteradas apresentando-se mensa­ tribos de acordo com a resposta avaliativa condicio­
gens persuasivas ou objetos contígua mente com nada a suas sílabas sem sentido correspondentes.
alimentos apetitosos (Janis, Kaye e Kirschner, 1965; Neste contexto, deve ser assinalado que, diferen­
Razran, 1938), cheiros desagradáveis (Razran, temente dos análogos de laboratório da aprendiza­
1940) ou estímulos sexualmente excitantes (Smith, gem atitudinal nos quais palavras emocionais isola­
1968). Num esforço para determinar se a gratifica­ das foram apresentadas em ensaios discretos, nas
ção não vinculada facilita as mudanças comporta- situações de vida real reações emocionais conside­
mentais por um mecanismo de condicionamento ou ravelmente mais intensas são tipicamente eliciadas
por criar uma atitude positiva para o doador, em audiências pelo impacto cumulativo de uma
Dabbs e Janis (1965) compararam os efeitos atitu- longa série de descrições com tonalidade emocional
dinais do consumo de alimentos ocorrendo contí­ ou apresentações pictóricas.
gua ou não contiguamente com exposição a mensa­ Os estudos acima, embora relevantes à questão
gens persuasivas sob duas condições diferentes de da modificação atitudinal por meio de manipula­

PS
endôsso. Para metade dos sujeitos, o experimenta­ ções afetivas, teriam maiores implicações se tives­
dor endossava positivamente as mensagens, en­ sem incluído uma avaliação mais extensa das mu­
quanto que para os sujeitos restantes ele pessoal­ danças emocionais. De muito maior importância
mente discordava das conclusões advogadas pela seria a evidência de que a exposição a estímulos
comunicação. Nem a contigüidade nem a variável

U
comunicativos de fato dota os objetos atitudinais
de endosso por si sós produziram um efeito signifi­ com propriedades deflagradoras de emoção, e de
cativo, mas o alimento contíguo combinado com o que alterações no domínio afetivo são associadas a

O
endosso positivo aumentou a aceitação de opiniões mudanças correspondentes no com portam ento
impopulares. Estes achados, porém, devem ser manifesto do indivíduo em relação ao objeto em
aceitos com reserva porque as medidas de atitudes questão.

R
são de validade questionável quando obtidas pela Outro método de induzir mudanças afetivas que
mesma pessoa que endossa positiva ou negativa­ possuem consideráveis conseqüências comporta-
mente as opiniões que estão sendo avaliadas.
Nas situações de influência natural o método que
é mais freqüentemente empregado para induzir
G
mentais se apóia nos processos de modelação (Ban-
dura, 1968). Este resultado é obtido associando-se
os objetos atitudinais ou suas descrições com pistas
KS
mudanças no valor afetivo de um objeto envolve as­ afetivas de modelação capazes de provocar nos ob­
sociações de ordem superior de estímulos simbóli­ servadores respostas emocionais análogas. A modi­
cos. Neste procedimento, os nomes e os atributos ficação de atitudes por meio da modelação é ilus­
dos objetos atitudinais são emparelhados com estí­ trada num engenhoso experimento de Duncker
(1938). Num teste inicial de preferências alimenta­
O

mulos verbais ou representações pictóricas que


tendem a evocar nos ouvintes respostas emocionais res as crianças escolheram chocolate em pó com um
fortes na base de um condicionamento prévio de agradável sabor de limão a um açúcar muito doce
BO

primeifa ordem. Em vários estudos de laboratório com um desagradável gosto medicinal. Depois, foi
deste processo de aprendizagem (Insko e Oakes, lida uma história para as crianças na qual um herói
1966; Staats e Staats, 1957), sílabas sem sentido an­ astuto detestava um alimento de sabor amargo simi­
teriormente neutras foram contiguamente associa­ lar ao alimento preferido das crianças e entusiasti­
das com adjetivos de tom emocional. As sílabas ad­ camente se deleitava com uma substância de gosto
quirem valência negativa por meio do emparelha- doce. As reações do herói admirado reverteram a
EX

me nto repetido com adjetivos de conotações nega­ preferência inicial das crianças, medida imediata­
tivas (por exemplo, feio, sujo) ao passo que os mente após a sessão de histórias e em seis testes su­
mesmos itens são avaliados como agradáveis de­ cessivos nos quais as crianças escolhiam entre o
pois de associados com palavras positivamente con­ chocolate em pó e o açúcar medicado. Além do
mais, uma breve repetição da história reinstalou as
D

dicionadas como belo, gostoso e feliz. Respostas


atitudinais preexistentes a nomes familiares de pes­ preferências expe rime n tal mente induzidas que ti­
soas e nações também foram alteradas significati­ nham gradualmente declinado com o tempo. Mais
IN

vamente por meio de métodos de condiciona­ recentem ente, Carlin (19$5) descobriu que as
mento, utilizando palavras emocionais como estí­ crianças jovens mostravam uma maior preferência
mulos evocativos (Staats e Staats, 1958). pela gratificação retardada depois que viram um
adulto que servia de modelo apresentar reações
Um estudo por Das e Nanda (1963) também re­ afetivas positivas enquanto esperava por recompen­
vela que respostas condicionadas avaliativas tendem sas retardadas do que faziam depois que observa­
a generalizar de acordo com redes associativas pre­ ram o modelo expressar reações emocionais negati­
viamente estabelecidas, desta forma resultando em vas e desvalorizar o objeto-alvo durante o período
efeitos generalizados. Depois que as sílabas sem de espera imposto.
sentido foram contiguamente associadas com os Nos estudos precedentes tanto julgamentos ava­
nomes de duas tribos aborígines, atitudes fa­ liativos quanto respostas emocionais foram mode­
voráveis e desfavoráveis foram desenvolvidas em lados. As mudanças observadas, portanto, não
relação às sílabas. Num teste subseqüente, os sujei­ podem ser atribuídas apenas à influência de pistas
tos atribuíram características positivas e negativas às afetivas de modelação. Evidência oferecida por
CONTROLE SIM BÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COM PORTAM ENTO 355

Culbertson (1957) nos leva a acreditar que a mode­


lação de preferências e crenças sem apresentações
afetivas intensas pode alterar as atitudes. Os observa­
dores que testemunharam outros expressarem ati­
tudes favoráveis em relação ã integração, subse­
qüentemente exibiam um decréscimo nas atitudes
preconceituosas.
A potência da modelação para induzir mudanças
de atitudes é também demonstrada num experi­
mento por Bandura, Blanchard e Ritter (1969), já
descrito anteriormente. Sujeitos com fobias de co­
bras receberam oito dimensões avaliativas da téc­
nica do diferencial semântico, e seis escalas de atitu-

PS
dés nas quais avaliavam o quanto gostariam ou de­
testariam de diferentes tipos de encontros com rép­
teis. Depois foram dadas informações factuais aos
sujeitos sobre as características e hábitos das cobras

U
para controlar e avaliar a possível influência da in­
formação incidente antes que os procedimentos de
tratamento fossem aplicados. Depois.do teste de

O
comportamento de esquiva em relação a cobras, as
medidas de atitudes foram aplicadas novamente.

R
Na fase seguinte do experimento os sujeitos re­
ceberam uma dessensibilização sistemática, modela­
ção simbólica, modelação ao vivo combinada com
participação orientada ou nenhum tratamento. De­
pois do completamento da série de tratamento as
medidas de atitudes foram novamente aplicadas
G
KS
antes e imediatamente depois do teste de esquiva a
cobras.
Os resultados são resumidos graficamente na Fig.
9-6. O ódio aos répteis evidenciado pelos sujeitos
O

não foi em nada alterado pelas informações fac­


tuais e pela exposição ao teste da cobra. A quali­
dade refratária destas atitudes negativas também é
BO

mostrada pelos sujeitos do grupo de controle, cujas


avaliações permaneciam inalteradas em repetidas
medidas. Tanto a modelação simbólica como a des­
sensibilização, que extinguiram com êxito respostas
emocionais negativas a estímulos de cobras, produ­
Finira 9-6. Mudanças atitudinais para sujeitos que re­
ceberam um dos três procedimentos de tratamento ou
ziram extensas mudanças atitudinais. A condição serviram como controles não-tratados. O número 1 indica
EX

de tratamento que neutralizou as propriedades de­ as atitudes dos sujeitos antes do teste comportamental, e o
flagradoras de ansiedade das cobras e permitiu aos número 2 mostra as suas atitudes imediatamente depois
sujeitos interagir com o objeto atitudinal repug­ do teste do comportamento de esquiva. Bandura, Blan­
nante sem conseqüências adversas conseguiu a chard e Ritter, 1969.
D

maior modificação nas atitudes comportameruais.


Num estudo destinado a avaliar a influência rela­
tiva da informação, modelação e contato orientado ferências informacionais de tipo favorável ou des­
IN

no último método, Blanchard (1969) descobriu que favorável. Resultados essencialmente similares são
a modelação explicava cerca de 80 por cento da relatados por Rosenberg (I960), que mostrou que
m udança de atitudes. A informação, por outro um afeto negativo induzido por meio de sugestões
lado, aumentava a excitação emocional dos sujeitos pós-hipnóticas produz uma mudança correspon­
em relação às apresentações modeladoras e possuía dente nas crenças em relação ao objeto atitudinal.
um efeito ligeiramente adverso.
As conseqüências atitudinais da mudança afetiva ABORDAGEM ORIENTADA PARA O
também são vistas em estudos de dessensibilização COMPORTAMENTO
que envolvem atitudes mais gerais que lidam com o
sexo, a agressão e outros conteúdos interpessoais. A terceira abordagem em relação à modificação
Estes achados indicam que o componente cognitivo de atitudes, que é freqüentemente empregada na
avaliativo das atitudes pode ser substancialmente psicologia social experimental (Brehm e Cohen,
modificado pela manipulação direta das proprie­ 1962; Festinger, 1957), se apóia numa estratégia
dades afetivas do objeto atitudinal sem envolver re­ orientada para o comportamento. Programas de
356 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

mudança conduzidos num contexto da aprendiza­ mente, tais crenças são mais prontamente modi­
gem social tanibéin favorecem este tipo de aborda­ ficáveis do que representações cognitivas do pró­
gem, embora recebam poucas menções nas discu- prio comportamento, o qual, por causa do seu sta­
sões da teoria da atitude porque até recentemente as, tus objetivo, é mais firmemente fixado. Assim, por
conseqüências cognitivas que indubitavelmente exemplo, é mais fácil alterar nossas opiniões sobre
acompanham as modificações com porta mentais ra­ os efeitos do fumo do que negar que estamos de
ramente foram sistematicamente avaliadas. Antes fato fumando ou deixar de fumar por completo.
de discutir achados experimentais específicos rela­ Em terceiro lugar, em muitos casos o comporta­
tivos às abordagens comportamentais, o esquema mento é tão poderosamente mantido pelas conse­
conceituai subjacente à maioria destas pesquisas qüências imediatas que qualquer modificação cog­
será rapidamente apresentado. nitiva induzida tenderá a exercer, na melhor das
Investigações do processo de mudança de atitu­ hipóteses, uma influência fraca e transitória sobre
des foram, em grande parte, guiadas por vários as ações correspondentes. Um psicoterapeuta, por

PS
modelos de consistência cognitiva. Entre as posições exemplo, que estipulou, por contrato, curar o al­
teóricas mais proeminentes estão a da congruência coolismo crônico ou rituais compulsivos debilitantes
(Osgood e Tannenbaunv, 1955), equilíbrio (Abelson expondo os seus clientes a informações discrepan­
e Rosenberg, 1958; Heider, 195K) e da dissonância tes sobre os perigos fisiológicos do beber em ex­

U
cognitiva (Festinger, 1957). Embora estas formula­ cesso ou sobre a irracionalidade de compulsões
ções difiram um tanto no tipo de eventos que são desnecessárias e penosas sofreria, em curto tempo,
inter-relacionados e nos métodos usados para rom­ uma falência desastrosa. Obviamente, nos casos em

O
per o equilíbrio interno, elas têm em comum o que o comportamento é altamente resistente à mu­
ponto de vista de que as cognições que a pessoa tem dança, a modificação de conseqüências de respostas

R
acerca de si mesmo e do ambiente são organizadâs é essencial para efetuar alterações duradouras no
num sistema internamente consistente. Admite-se desempenho às quais as atitudes eventualmente se
ainda, embora implicitamente, que exista um forte adaptariam.
impulso para a autoconsistência. Conseqüente­ G No experimento-protóiipo da dissonância, as ati­
mente, a introdução de novas informações que con­ tudes dos sujeitos em relação a uma questão ou ob­
tradizem atitudes ou crenças existentes cria um jeto particular são avaliadas por meio de auto-ava-
KS
estado motivacional aversivo que instiga o indiví­ liações, após o que eles são instigados, de uma ou
duo a eliminá-lo ou reduzi-lo fazendo um ajusta­ outra maneira, a se engajar num comportamento
mento cognitivo destinado a obter um novo equilí­ que contradiz os seus pontos de vista particulares.
brio mental. Estas doutrinas da consistência pres­ As mesmas escalas de avaliação são depois reaplica­
O

supõem, portanto, que o rom pim ento da con­ das, e os escores de mudança são tomados como
gruência interna entre elementos cognitivos consti­ representação do grau de alteração de atitudes.
tui uni determinante básico da mudançu de atitu­ Estes estudos (Brehm e Cohen, 1962; Cohen, 1964;
BO

des. Festinger, 1957) demonstram que mudanças com­


portamentais induzidas tipicamente produzem uma
Nas investigações de laboratório, o desequilíbrio
modificação correspondente das atitudes dos sujei­
cognitivo exigido é usualmente criado pela exposi­
tos. Depois que foi demonstrado que a mudança
ção a comunicações persuasivas que vão de en­
comportamental tem conseqüências atitudinais, a
contro às atitudes iniciais do sujeito. Pesquisas esti­
pesquisa subseqüente foi primariamente relacio­
EX

muladas pelo modelo da dissonância cognitiva são


nada com a identificação de variáveis que gover­
especialmente relevantes à questão em discussão
nam a quantidade de mudança atitudinal efetuada
porque, diferentemente das outras empresas de
pelo desempenho do-comportamento discrepante.
consistência, o método mais geralmente empregado
As çondições selecionadas para investigação são ba­
para induzir mudanças de atitudes envolve conse­
D

seadas no pressuposto geral de que, quanto menos


guir que uma pessoa se engaje num comporta­
compelidoras as razões para se engajar no compor­
mento discrepante das atitudes sob condições de
tamento contraditório, maior será a dissonância e,
IN

uma indução externa mínima.


portanto, mais mudança de atitudes é necessária
Há várias razões para selecionar a mudança de para reduzi-la. Assim, pessoas que se engajam em
comportamento como o modo primário da mu­ com portam entos discrepantes das atitudes por
dança de atitudes. Em primeiro lugar, é muito mais causa de amplas recompensas ou pressões coerciti­
fácil arranjar contingências de reforçamento para vas fortes possuem uma justificação externa ampla
alterar ações manifestas específicas do que para para as suas ações e, presumivelmente, portanto,
m udar convicções pessoais, que têm um caráter vivenciam pouca dissonância e mudança de atitu­
mais privado e são muito mais difíceis de definir. des. Por outro lado, admite-se que aqueles que se
Pelo manejo habilidoso de incentivos é possível in­ comportam de modo contrário às suas opiniões
duzir unia pessoa a ações progressivamente mais particulares sob condições de indução externa mí­
favoráveis em relação a determinadas atitudes. Em nima são obrigados a descobrir novos atrativos na
segundo lugar, existem usualmente opiniões dife­ atividade desagradável para que justifiquem pe­
rentes acerca dos efeitos possíveis de se engajar em rante si mesmos o desempenho voluntário de açõês
certas formas de comportamento. Conseqüente­ inconsistentes.
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 357

De acordo com a teoria da dissonância, a ação a do reforçamento oferecem as mesmas implicações


nconsistente irá produzir a maior quantidade de não-óbvias.
mudança de atitudes sob condições nas quais pe­ Nestes experimentos, os sujeitos são induzidos a
quenos incentivos, justamente suficientes para con­ escrever ensaios, desempenhar papéis prescritos,
seguir que a pessoa obedeça, são empregados; exis­ ou de outro modo publicamente endossar um con­
tem ameaças e induzimentos coercitivos mínimos; junto de opiniões que contradizem seus sentimen­
poucas razões são dadas para adotar a posição dis­ tos e crenças particulares. A alguns sujeitos são ofe­
crepante; a pessoa recebe um alto grau de liber­ recidos pequenos incentivos financeiros (15 cents,
dade de escolha ao se comprometer com o desem­ 50 cents) para assumir a posição discrepante, ao
penho contra-atitudinal; há um elevado gasto de passo que a outros são prometidas recompensas mais
esforço para atingir o objeto-alvo ou no desem­ generosas (5 dólares, 20 dólares). Vários experi­
penho do comportamento discrepante; o agente mentos (Brehm e Cohen, 1962; Festinger e Carls-
induzidor é visto de forma desfavorável e a pessoa mith, 1959) relatam uma relação inversa entre o

PS
sendo influenciada apresenta elevada auto-estima. tamanho do incentivo financeiro e a mudança de
Deve ser assinalado que, em situações naturais, ge­ atitudes; outras investigações demonstram tanto re­
ralmente não é uma fácil tarefa conseguir que as lações positivas como inversas (Carlsmith, Collins e
pessoas desempenhem ações pessoalmente repug­ Helmreich, 1966; Linder, Cooper e Jones, 1967),

U
nantes por qualquer período de tempo sob condi­ nenhum efeito de incentivos estatisticamente signi­
ções de incentivo desfavoráveis. ficativos (Elms e Janis, 1965; Janis e Gilmore, 1965;
Nuitin, 1966), ou evidência de que maiores incenti­

O
A avaliação das principais questões teóricas e os vos financeiros produzem maiores graus de mu­
achados em píricos volum osos a resp eito das dança de atitudes (Collins, 1969; Rosenberg, 1965).
variáveis causadoras da dissonância vão além do es­

R
As condições que governam a relação entre os in­
copo desta obra. Para o leitor interessado, revisõeá centivos e a mudança de atitudes não podem ser
detalhadas são disponíveis em outro lugar (Abel- identificadas fidedignamente, a não'ser que sejam
G
son, Aronson, McGuire, Newcomb, Rosenberg e apresentados dados para duas outras relações críti­
Tannenbaum, 1968; Chapanis e, Chapanis, 1964; cas, a saber, a quantidade do comportamento con­
Elms, 1967; Feldman, 1966). Os estudos empíricos tra-atitudinal engajado como função das diferentes
geralmente produziram resultados conflitantes; magnitudes de recompensa, e o grau em que varia­
KS
conseqüentemente, as condições exatas sob as quais ções na quantidade do comportamento discrepante
o desempenho discrepante induzido irá ter o maior é associado com a extensão da mudança de atitu­
efeito sobre as atitudes ainda permanecem um des. Em experimentos nos quais a quantidade e
tanto obscuras. Uma das principais dificuldades em qualidade do desempenho contra-atitudinal são
O

verificar as derivações da teoria da dissonância e medidos, os resultados são muitas vezes ininter-
em obter conclusões dos dados experimentais surge pretáveis porque as recompensas materiais, que
porque não existe nenhuma medida independente supostamente servem como induzidores externos
BO

do grau em que o estado postulado de dissonância para o comportamento discrepante, são aplicadas
foi excitado por um dado procedimento. Como as numa contingência tão relaxada que a sua função
operações de indução tipicamente envolvem um de incentivo é virtualmente obliterada. As recom­
conjunto complexo de eventos, os resultados expe­ pensas são oferecidas para qualquer desempenho
rimentais se prestam a inúmeras explicações alter­ que os sujeitos escolhem, mas os incentivos não são
EX

nativas que complicam a interpretação. Para uma explicitamente contingentes do número, persuasi-
ilustração gráfica da am bigüidade relativa às vidade e qualidade elaboradá dos argumentos.
variáveis independentes em estudos de obediência
forçada, o leitor é referido ao debate acalorado Mesmo experimentos conduzidos por proponen­
entre Aronson (1966) e Rosenberg (1966), que in­ tes dos princípios de incentivo têm uma relação li­
D

terpretam a mesma manipulação experim ental mitada com a teoria do incentivo porque as recom­
como lendo criado quantidades opostas de disso­ pensas são oferecidas sem exigências de desem­
penho específico. Se os incentivos facilitam a mu­
IN

nância cognitiva!
dança de atitudes porque motivam os indivíduos a
Uma questão teórica, em função da sua relevân­ gerar argumentos positivos que são contrários às
cia óbvia ao papel dos incentivos nos processos de suas próprias crenças (Janis, 1968), então os sujei­
mudança, merece ser discutida neste contexto. tos deveriam ser recompensados com base no nú­
Acredita-se amplamente que os achados experi­ mero de argumentos favoráveis que produzem.
mentais relativos aos efeitos dos incentivos sobre a Um teste adequado da eficácia preditiva da teoria
mudança de atitude ocasionada pelo comporta­ do incentivo também requer evidência indepen­
mento divergente contradiga derivações da “teoria dente de que variações na recompensa realmente
convencional do reforçamento”. De fato, por causa produzem um número e variedade diferencial de
da aplicação inadequada dos incentivos, os resulta­ argumentos. Quando as recompensas são ofereci­
dos destes estudos são de relevância limitada para das sem levar em consideração a produção de res­
os princípios do reforçamento. Além do mais, como postas, não há razão para esperar que tenham
será discytido mais adiante, contrariam ente à quaisquer efeitos comportamentais ou atitudes con­
crença comum, tanto a teoria da dissonância como sistentes. Isto é ratificado pelos achados reais. Um
358 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÓES DO COMPORTAMENTO

número de condições limitadoras sob as quais as reações críticas dos outros e outras conseqüências
teorias da consistência têm validade foi proposto, negativas, a inconsistência pode se tornar uma con­
incluindo liberdade de escolha, compromisso, de­ dição aversiva que instiga excitação emocional e
sempenho público ou particular, conseqüências an­ modificações cognitivas destinadas a remover a
tecipadas de influenciar os outros na direção con- fonte de desconforto. Portanto, os processos de dis­
tra-atitudinal e conseqüências de autodesvaloriza- sonância podem estar envolvidos em certo grau sob
ção. Contudo, nenhuma destas explicações reconci­ condições em que as pessoas voluntariamente se
lia adequadamente todos os resultados divergentes. comprometeram a desem penhar um com porta­
A influência positiva dos incentivos também é mento desagradável com pouca indução externa e
freqüentemente anulada nos experimentos de dis­ se sentem então compelidas a modificar suas cren­
sonância introduzindo-se recompensas financeiras ças para justificar suas ações contraditórias. Por
no contexto de pressões sociais intensas sobre os su­ causa das muitas condições limitadoras sob as quais
jeitos para desempenhar a tarefa desagradável. No se acredita que ocorram os efeitos da dissonância, o

PS
procedimento çm pregado com mais freqüência, fenômeno não pode ser altamente prevalente. A
um experimentador preocupado explica a um su­ redução da dissonância, portanto, deve ser apenas
jeito involuntário que ocorreu uma emergência um de vários processos ativados pelo desempenho
inesperada porque o assistente regular acabou de contra-atitudinal.
telefonar dizendo que seria incapaz de conduzir a Sempre que uma dada ação é recompesada, os

U
investigação com o próximo sujeito, que já chegou efeitos do reforçamento tendem a se generalizar a
e está esperando por sua sessão programada. Sefá classes similares de comportamento, com o resul­

O
que o sujeito estaria disposto, por uma recompensa tado que a incidência de respostas verbais corres­
grande ou pequena, a substituir o assistente au­ pondentes também é aum entada em certo grau
sente informando o sujeito que está esperando que {Lovaas, 1961). Equivalentes cognitivos do compor­

R
uma tarefa enfadonha é interessante e agradável? tamento manifesto recompensado também são afe­
Não é de surpreender que, dadas tais razões compe- tados de maneira similar (Miller, 1951) mesmo que
lidoras, o mesmo comportamento discrepante seja
desempenhado qualquer que seja o tamanho do in­
centivo (Carlsmith, Collins e Helmreich, 1966; Fes-
tinger e Carlsmith, 1959) e que os sujeitos estão
G eles nunca tenham sido diretamente envolvidos na
contingência de reforçamento. Desta forma, em si­
tuações nas quais o comportamento contra-atitudi­
nal é recompensado de forma contingente, mudan­
KS
dispostos a executar a tarefa desagradável mesmo ças análogas no domínio cognitivo podem refletir,
sem incentivos monetários de qualquer espécie parcialmente, um processo de generalização de respos­
(Nuttin, 1966). Na realidade, dada esta “crise repen­ tas.
tina, inesperada e pressionante” e apelos urgentes Uma terceira interpretação dos efeitos do de­
O

para o sujeito ajudar o experimentador nesta “en­ sempenho dos papéis, apresentada por Janis e King
crenca”, nenhuma das condições experimentais, (1954), Janis e Gilmore (1965) e Rosenberg (1965),
qualquer que seja o pagamento prometido, pode
BO

enfatiza as conseqüências autopersuasivas de evocar


ser considerada como oferecendo justificação insu­ e desenvolver numerosos argumentos positivos. De
ficiente para concordar. Em contraste, quando as acordo com este ponto de vista, condições fa­
pressões sociais intensas estão ausentes e as recom­ voráveis de incentivo tendem a produzir uma
pensas financeiras servem como a principal justifi­ maior quantidade de improvisação e argumentos
cativa para desenvolver argumentos contra-atitudi- mais persuasivamente elaborados em prol do ponto
EX

nais, como nas situações de redação de ensaios, in­ de vista oposto. \ o curso do desempenho do papel,
centivos aumentados muitas vezes produzem au­ a pessoa se torna influenciada pelos méritos de seus
mentos maiores de mudança de atitudes (Carls­ próprios argumentos convincentes.
mith, Collins e Helmreich, 1966). Outros investiga­ Embora haja alguma evidência de que o grau de
dores (Elms, 1967; Janis e Gilmore, 1965; Rosen- mudança de atitudes esteja positivamente relacio­
D

berg, 1966) atribuíram, portanto, os efeitos dos pa­ nado com a quantidade e qualidade do comporta­
gamentos diferenciais à provocação do ressenti­ mento contra-atitudinal, o tamanho do incentivo
IN

mento, suspeita e outras respostas emocionais de por si só não tem efeitos consistentes sobre a im­
interferência ao invés do seu valor positivo de in­ provisação ou sobre a mudança de atitudes (Janis e
centivo postulado. King, 1954; Janis e Gilmore, 1965; Kelman, 1953;
Embora haja evidência abundante de que o de­ Rosenberg, 1965). Contudo, Janis demonstrou que
sem penho do com portam ento contra-atitudinal incentivos grandes oferecidos por uma fonte fa­
pode ser um meio altamente eficaz de alteração das vorável produzem uma melhor qualidade de de­
atitudes existentes, achados divergentes quanto às sempenho e maior modificação nas atitudes do que
condições contributivas sugerem que mais do que pequenas recompensas financeiras oferecidas por
um processo mediador é provavelmente envolvido, um patrocinador desfavorável para assumir uma
Alguns destes mecanismos alternativos são discuti­ posição contraditória. Rosenberg (1966) também
dos mais adiante. oferece a interessante proposição de que as conse­
Os indivíduos recebem considerável treino social qüências autopersuasivas do ensaio comportamen-
para serem lógicos e consistentes em suas crenças. tal podem depender da disposição psicológica da
A medida que crenças contraditórias provocam pessoa. Como no caso de influências de fontes ex-
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 359

ternas, a pessoa que rotula os seus argumentos con- a reatividade desejada, são gradualmente reduzidos
tra-atitudinais como sendo manipulativos e engano­ à medida que o com portamento produz conse­
sos pode ser consideravelmente mais resistente a qüências reforçadoras naturais e auto-avaliativas.
seus próprios argumentos persuasivos do que se ela Como as reduções nos incentivos geram efeitos
iniciasse a tarefa com uma orientação positiva de emocionais perturbadores, um agente de mudança
auto-exame. Este fator, se operativo, poderia expli­ estaria provocando aborrecimentos desnecessários
car alguns dos resultados conflitantes. Bem (1967) pelo uso de recom pensas desnecessariam ente
similarmente argumenta que os efeitos auto persua­ grandes.
sivos de observação do próprio comportamento Até agora a discussão foi focalizada nos reajus­
podem ser em parte determinados pelas condições tamentos internos provocados pela ação inconsis­
estimuladoras em que ocorre. tente e sobre os processos mediadores alternativos
X medida que as mudanças de atitude são em que poderiam explicar o fenômeno. Um quarto

PS
parte governadas pela quantidade de comporta­ mecanismo que equilibra efeitos de desempenho de
mento discrepante no qual a pessoa se engaja, a se­ papéis — um processo de conseqüências experimentais
leção da magnitude do incentivo como a variável — focaliza o fato de que uma mudança de compor­
crítica para testar prognósticos da teoria da disso­ tamento oferece à pessoa uma variedade de novas
nância e do reforçamento foi uma escolha infeliz, experiências com o objeto atitudinal. A informação

U
porque variações na quantidade da recompensa obtida destas novas interações sociais e observações
não têm efeitos consistentes sobre o desempenho pode, em si, produzir uma reorganização substan­

O
de sujeitos humanos (Bruning, 1964; Elliott, 1966; cial das atitudes (Kelman, 1961). Assim, por
Lewis e Duncan, 1961). Isto é análogo a manipular exemplo, uma pessoa preconceituosa que foi indu­
uma variável que não tem efeito uniforme sobre a zida a se comportar de modo positivo em relação a

R
quantidade de excitação da dissonância. Para ofe­ membros de um grupo minoritário pode adotar
recer um teste critico da teoria do reforçamento, é uma atitude mais favorável não tanto pela tensão
necessário variar uma propriedade do incentivo
que possui conseqüências com porta mentais fide­
dignas, já que a única razão para utilizar recom­
pensas é alterar a incidência do comportamento
G
criada pela inconsistência intrapsíquica, mas por­
que associações positivas próximas com grupos mi­
noritários fornecem um conhecimento avaliativo adi­
cional e resultados recompensadores para os parti­
KS
crucial. Em vista da evidência de que o reforça­ cipantes. Conseqüências experimentais diretas da
mento variável intermitente resulta em maiores de­ mudança comportamental, dependendo da sua na­
sempenhos do que as mesmas recompensas aplica­ tureza, podem pesar muito mais do que a influên­
das ríum esquema fixo, uma variável de incentivo cia das tensões intrapsíquicas na iniciação e manu­
O

mais apropriada, do ponto de vista da teoria do re­ tenção das mudanças de atitude.
forçamento, seria o padrão pelo qual o comporta­
Outro aspecto importante deste processo diz res­
mento contra-atitudinal é recompensado. Para a
BO

peito aos efeitos das modificações comportamentais


maioria das características do incentivo, as supostas
induzidas sobre o ambiente social de um grupo
teorias rivais prognosticam o mesmo resultado,
orientador. Se uma pessoa se comporta de maneira
embora por motivos diferentes. Consideremos, por
exemplo, situações nas quais o comportamento con­ discrepante pode ser virtualmente forçada a se as­
sociar ao grupo de fora por meio do ostracismo.
tra-atitudinal é generosamente recompensado num
Sob tais circunstâncias, a “consistência” pode ser
esquema de intervalos fixos, em um caso, e muito
EX

imposta e mantida por meio de uma mediação ex­


menos freqüentem ente num esquema de razão
terna, social, ao invés de compromissos intrapsiqui-
variável num tratamento contrastante. A condição
cos. Conseqüências vivenciadas da mudança com­
menos favorável de incentivo produziria uirla portam ental provavelm ente desem penham um
maior mudança atitudinal porque, de acordo com a
papel principal na determinação da duração das
D

teoria da dissonância, oferece menos justificativa e


mudanças de atitudes induzidas.
portanto maior dissonância e, de acordo com a teo­
ria do reforçamento, porque gera mais comporta­
IN

MODIFICAÇÃO DE ATITUDES EM
mento autopersuasivo. RELAÇÃO AO “SELF’
Deve-se assinalar de passagem que, no que se re­
fere a programas de modificação do comporta­ De particular relevância para as abordagens so­
mento, não há teorias de reforçamento que pres­ ciais de desenvolvimento e modificação de atitudes
crevam o uso de recom pensas excessivas. Pelo é a evidência oferecida por Breer e Locke (1965),
contrário, como explicamos no Cap. 4, é mais van­ de que experiências de tarefas podem exercer uma
tajoso, por várias razões, empregar condições de forte influência sobre as atitudes dos que desempe­
incentivo suficientes para eüciar o com porta­ nham estas tarefas. Nestes estudos, os indivíduos
mento desejado. Em primeiro lugar, o objetivo é ou são diferencial mente recompensados ou viven-
produzir alterações perm anentes no com porta­ ciam êxitos diferentes por desempenhar as tarefas
mento, e o comportamento parcialmente reforçado de duas maneiras diferentes. Depois das experiên­
é mais resistente à extinção. Em segundo lugar, cias de desempenho, as preferências dos sujeitos
num programa bem. elaborado, incentivos artifi­ para atividades similares ou valores mais abstratos
ciais, externos, inicialmente necessários para eliciar apenas indiretamente relacionados com as próprias
960 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

tarefas são medidos. Os resultados gerais, baseados Em muitos casos, naturalmente, atitudes desfa­
em numerosas investigações de atitudes em relação voráveis em relação a si mesmos derivam de déficits
ao individualismo, equalitarismo, teísmo e realiza­ comportamentais e são repetidamente reforçadas
ção, mostraram que mudanças atitudinais significati­ por experiências de fracasso ocasionadas pela inca­
vas podem ser induzidas oferecendo aos indivíduos pacidade da pessoa para satisfazer expectativas cul­
ex p e riên cia s de ta re fa s bem -sucedidas. Por turais realistas. E óbvio que para tais pessoas ne­
exemplo, estudantes universitários que trabalha­ nhuma quantidade de auto-exploração irá fornecer
vam melhor em grupos do que sozinhos se torna­ habilidades vocacionais geradoras de estima, apti­
ram mais coletivistas em suas atitudes, ao passo que dões acadêmicas, competências interpessoais e profi­
sujeitos que obtinham maior sucesso ao desempe­ ciências não-profissionais recom pensadoras que
nhar tarefas independentemente adotavam uma apoiariam auto-avaliações positivas realistas. Nestes
orientação mais individualista. Estes estudos tam­ casos, a principal preocupação deve ser a do auto-
bém fornecem alguma evidência de que atitudes desenvolvimento e não a da auto-exploração. Evi­

PS
induzidas pelo sucesso tendem a se generalizar a dência de que atitudes que são significativamente
tipos relacionados de atividades e a preferências influenciadas pela retroalimentação de desempe­
abstratas. nhos recompensadores indicam que auto-avaliações
Os agentes de mudança muitas vezes estão preo­ positivas perm anentes podem ser obtidas com

U
cupados não com alterar as avaliações individuais maior eficiência organizando-se condições ótimas
de diferentes formas de comportamento mas em para que o indivíduo adquira as competências ne­
cessárias. Por outro lado, a probabilidade de que

O
modificar também as suas atitudes em relação ao
self. Na realidade, em algumas escolas de psicotera- atitudes favoráveis em relação ao self, por mais que
pia, tais como a abordagem centrada no cliente sejam induzidas, possam sobreviver em face de ex­

R
(Rogers, 1959), as mudanças de autoconceito são periências de desempenho desconfirmadoras, é ex­
rotineiramente escolhidas como um dos objetivos cessivamente pequena.
primários de tratamento. De acordo com este ponto
de vista, as atitudes em relação ao self podem sei
mais eficientemente modificadas por meio da ex­
ploração intrapsíquica sob condições nas quais o
G
“Internalização” e Persistência de
Mudanças Comportamentais
KS
agente de mudança apresenta empa Lia, considera­ Geralmente se admite que quando uma mudança
ção positiva e não-contingente e autenticidade. As de comportamento é acompanhada por um con­
dificuldades do indivíduo presumivelmente deri­ junto de atitudes congruentes o comportamento se
vam do fato de que experiências que são incompa­ tornou efetivamente internalizado. Depois que este
tíveis com o seu autoconceito errôneo são consisten-
O

estado de integração é atingido, a conduta da pes­


temente negadas ou inadequadamente simboliza­ soa presumivelmente é guiada por valores internos,
das. O auto-exame numa relação positiva, não-ava- ao invés de pela obediência a exigências externas e
BO

liativa, o levará a prestar atenção a experiências a resultados. Como resultado do apoio recíproco
afastadas e aceitá-las como parte de si mesmo; isto, das atitudes e do comportamento, tendências de
por sua vez, produz sentimentos aumentados de resposta internalizadas são presumivelmente mais
autovalor, auto-aceitação e maior liberdade de estáveis e duradouras, mesmo sob condições de re-
ação. Esta abordagem se apóia no pressuposto forçamento externo relativamente desfavoráveis,
básico de que a pessoa já desenvolveu repertórios do que o comportamento de aquiescência sem con­
EX

de comportamento altamente competentes, a maio­ vicção pessoal. Este ponto de vista, se verdadeiro,
ria dos quais são inerentemente satisfatórios, mas pareceria, num exame casual, contradizer o princí­
que não são nem aceitos nem realizados por causa pio de que o comportamento é regulado pelas suas
das contingências auto-avaliativas deficientes que conseqüências. Esta contradição aparente surge
ela adotou a partir de agentes de socialização mal-
D

porque esta última proposição tem sido muitas


orientados. vezes interpretada, tanto pelos seus ardorosos pro­
Indubitavelmente, muitas pessoas competentes ponentes como pelos seus críticos, como signifi­
IN

experimentam muita aflição autogerada e muitas cando que o comportamento seja governado pelas
restrições auto-impostas como resultado da aderên­ contingências sittmcionais. De fato, como explicaremos
cia a padrões inadequados ou excessivamente ele­ mais tarde, até o com portamento internalizado
vados de auto-reforçamento. À medida qye um permanece sob controle de reforçamento, mesmo
agente de mudança reforça difere ncialmente um que seja relativamente independente de conseqüên­
comportamento realista de adoção de padrões e eli­ cias externas.
d a a emulação de padrões de auto-avaliação mais Antes de discutir os mecanismos alternativos que
lenientes, veiculados pelos seus com entários e foram propostos para explicar os fenômenos reu­
ações, as atitudes habituais do cliente em relação a nidos sob o term o internalização, é apropriado
si mesmo provavelmente mudarão. Contudo, resul­ questionar o que, se é que alguma coisa o é, é in­
tados de investigações apresentadas anteriormente ternalizado no organismo. Talvez seja desorienta-
indicam que este objetivo pode não ser facilmente dor falar do comportamento sendo internalizado
atingido na base dos tipos de condições prescritas porque, depois que os padrões de resposta foram
pela abordagem centrada no cliente. adquiridos, é duvidoso que eles possam sofrer
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 561

qualquer interiorização adicional. As principais (Ferster e Skinner, 1957; Sidman, 1966) podem
questões, portanto, estão menos relacionadas com a exercer um considerável controle sobre a forma,
localização do comportamento do que com a natureza taxa e padrão das respostas torna extremamente
de suas condições controladoras. difícil afastar os determinantes estimuladores ex­
Ao avaliar teorias de internalização e de proces­ ternos.
sos auto-reguladores, é importante distinguir entre Embora haja apoio extensivo de estímulos para o
as funções reforçadoras e discnrrànatwas dos estímulos. comportamento, é necessário, contudo, explicar di­
O comportamento é controlado não apenas por ferenças nas respostas dos indivíduos ao que pare­
suas conseqüências reforçadoras, mas lambém por cem ser essencialmente as mesmas pistas. Para vol­
estímulos ambientais que indicam os tipos de resul­ tar ao exemplo do nosso motorista isolado, um es­
tados que tendem a seguir certas Unhas de ação. tudo de campo sistemático indubitavelmente mos­
Uma grande parte do comportamento humano que traria que sob condições de trânsito desertas alguns
parece ser dirigido internamente de fato está sob o motoristas esperariam, obedientemente, pelo sinal

PS
controle de tais pistas discriminativas. Às vezes os verde, outros poderiam parar momentaneamente e
eventos estimuladores controladores podem ser fa­ depois continuar o seu caminho e outros ainda
cilmente identificados por causa de suas proprie­ provavelmente não dariam a mínima atenção ao
dades distintivas, como no caso do motorista que sinal de trânsito. Um não-internalista provavel­

U
pacientem ente espera num sinal luminoso ver­ mente argumentaria que o sinal luminoso, por si
melho numa rua deserta sem que um carro, um só, não define adequadamente o ambiente total
pedestre ou um guarda de trânsito esteja à vista. controlador. Se um indivíduo particular transgride

O
Enquanto que este motorista exibe um acentuado ou não o sinal depende de um grande número de
controle, não obstante o seu comportamento cla­ outras variáveis estimuladoras (por exemplo, a in­

R
ra m e n te e stá re g u la d b e x te rn a m e n te . E ste fluência restritora de outros passageiros, pressões
exemplo, incidentalmente, ilustra alguns dos prd- de tempo sobre o motorista, suas estimativas subje­
blemas inerentes às definições de internalização tivas da probabilidade de ser apanhado e a gravi­
que ignoram a função de orientação do comporta­
mento das pistas, e nas quais o critério primário é a
ocorrência do controle comportamental na ausên­
G
dade das conseqüências que poderia ocorrer etc.)
cada qual podendo exercer algum grau de controle
sobre o seu comportamento. É concebível que em
KS
cia de uma vigilância social. muitos casos a consideração de todos os eventos es­
Na maioria dos casos, os estímulos controladores timuladores relevantes numa dada situação mostra­
externos não são tão facilmente identificados e ria que o comportamento que parece ser gover­
conseqüentemente agentes controladores internos nado internamente, é, em grande parte, controlado
por padrões complexos de estímulos múltiplos, que
O

tendem a ser invocados como fatores explanatórios.


O caso de um cão que deixa de se deitar num sofá são raramente idênticos ao longo do tempo ou de
convidativo, apesar de não estar sendo observado, um indivíduo para outro.
BO

que é muitas vezes citado como exemplo de con­ Análises sociais sistemáticas indubitavelmente re­
trole internalizado, pode servir para ilustrar este velariam também que as pessoas muitas vezes per­
ponto. Há algum tempo treinamos o nosso cão por sistem num comportamento que recebe pouco ou
meio do reforçamento diferencial a evitar todas as nenhum apoio social (Bateson, 1961), desistem de
poltronas, exceto uma muito antiga que logo se atividades recompensadoras e de objetos pronta­
tornou a habitação semipermanente do animal. mente disponíveis e socialmente permitidos, im­
EX

Nosso animal condicionável exibia um “superego” põem a si mesmos exigências de desempenho alta­
bem desenvolvido até que um dia minha esposa mente desfavoráveis (Bandura e Perloff, 1967), e
reorganizou a disposição dos móveis. Ao entrar na suas ações podem ser altamente refratárias mesmo
sala fui cumprimentado com a cena tranqüila do a conseqüências externas severas (Farber, Harlow e
D

nosso canino socializado dormindo contentemente West, 1957). Estes e outros dados indicam que me­
numa nova cadeira localizada na área previamente canismos de regulação podem ser estabelecidos,
ocupada pela poltrona gasta. Subitamente, tornou- tornando o comportamento parcialmente indepen­
IN

se aparente que o comportamento do nosso cão era dente de contingências e resultados situadonais es­
regulado por pistas espaciais irrelevantes ao invés pecíficos.
de um governador interno. Podemos diferenciar vários tipos de controle pelo
Tem sido repetidamente demonstrado em pes­ reforçamento “intrínseco". Como notamos no Cap.
quisas com organismos infra-humanos e com sujei­ 4, os padrões de resposta podem ser efetivamente
tos humanos que pistas regularmente correlaciona­ mantidos sem apoio social ou natural pelas suas
das com o reforçamento eventualmente obtêm con­ conseqüências sensoriais intrínsecas. Incentivos artifi­
trole sobre o comportamento associado. Portanto, ciais e uma grande dose de vigilância social podem
em situações nas quais estímulos discriminativos fi­ ser necessários inicialmente, por exemplo, para in­
dedignos estão presentes é razoável questionar o duzir crianças a adquirir as habilidades necessárias
que foi internalizado, e porque é necessário invocar para tocar piano; depois que a proficiência é
uma agência interna que supostamente regula o conseguida, desempenhos no teclado são prova­
comportamento observado. O fato de que outros velmente executados pela sua retroalimentação me­
tipos de estímulos sutis como pistas tem porais lódica. Outras atividades podem ser similarmente
362 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

auto-reforçadas pela sua retroalimentação sensória comportar de modo contrário a seus padrões de
intrínseca. Deve ser assinalado, porém, que os valo­ conduta por meio de respostas de autopunição ai>-
res reforçadores da maioria dos estímulos visuais tecipatórias. Como as próprias auto-exigências e o
ou auditivos gerados por seqüências de comporta­ auto-respeito servem como seus principais guias e
mento devem eles mesmos ser desenvolvidos por deterrentes, o comportamento que está sob esta úl­
meio de um processo de reforçamento diferencial. tima forma de autocontrole tende a ser menos afe­
Não há nada inerentemente recompensador a res­ tado por variações nas contingências situacionais
peito de uma ária wagneriana executada com habi­ específicas. Pode ser notado de passagem que a dis­
lidade, uma pintura abstrata ou um solo de tuba. tinção efetuada entre tipos de conseqüências auto-
Padrões de resposta também podem ser manti­ geradas é similar à diferenciação comum do com­
dos em parte por conseqüências antecipadoras. Estu­ portamento controlado pelo medo e pela consciên­
dos relatados anteriormente mostram que o com­ cia.
portamento pode ser sustentado por punições ou

PS
As observações precedentes não implicam, natu­
recompensas imaginárias. Este processo também é ralmente, em que os padrões de auto-reforçamento
vividamente ilustrado no caso, citado no Cap. 1, do não exijam algum grau de apoio social. As pessoas
paciente que tenazmente desempenhava rituais es­ tendem a se associar a outras que compartilham
tranhos e árduos destinados a evitar uma tortura ter­ normas comportamentais similares e mutuamente

U
rível e infernal, mesmo quando os seus rituais de reforçam a aderência aos padrões que adotaram.
expiação eram consistente e severamente punidos Aquelas que escolhem um grupo pequeno e seleto
pelo pessoal da enfermaria. Neste caso, as conse­

O
como referência e não compartilha os valores da
qüências aversivas imaginadas tinham tais efeitos maioria podem parecer “dirigidas por dentro”, ao
poderosos sobre o comportamento do paciente que passo que na realidade elas dependem muito da

R
ele se tornou relativamente autônomo dos refor- aprovação ou desaprovação real ou imaginada de
çamentos externos. alguns indivíduos cujos julgamentos são altamente
O terceiro mecanismo pelo qual o com porta­
mento se pode tornar grandemente independente
das contingências e dos resultados situacionais en­
volve um processo no qual os padrões de resposta
G
valorizados.
Estabilização das Mudanças
Comportamentais por Meio do
KS
são em grande parte controlados pelas suas conse­ Desenvolvimento de Funções de
qüências auto-avaliativas. Como já discutimos deta­
lhadamente, as pessoas adotam certos padrões d t Auto-Regulação
comportamento e geram conseqüências auto-re- O aspecto mais importante e mais negligenciado
compensadoras ou autopunitivas, dependendo de
O

dos processos de mudança comportamental é a ge­


como o seu comportamento se compara com as neralização apropriada de padrões de comporta­
suas exigências auto-impostas. É esta auto-imposi- mento estabelecidos a novas situações e a sua per­
BO

ção das contingências que provavelmente serve de sistência depois que as condições controladoras ori­
base para a noção de que os valores governam a ginais deixam de existir. A generalização e a persis­
conduta. Sob condições nas quais as conseqüências tência do comportamento podem ser facilitadas por
auto-avaliativas que ocorrem externamente entram três meios diferentes. Estes incluem o treino de
em conflito, como no caso em que um dado padrão transferência, a alteração das práticas de reforça­
de comportamento ê socialmente recompensado mento do ambiente social e o estabelecimento de
EX

mas pessoalmente desvalorizado, os efeitos inibitó­ funções de auto-regulação. Nos casos ein que pa­
rios da autocrítica antecipatória podem prevalecer drões de resposta recém-estabelecidos ou desinibidos
sobre as recompensas externas. Ao contrário, um aliviam a aflição subjetiva ou são favoravelmente
auto-reforçamento positivo pode manter, com al­ recebidos dentro do ambiente natural, este com­
D

guma força, o comportamento que não é recom­ portamento alterado será adequadamente susten­
pensado ou é negativamente sancionado por agen­ tado sem procedimentos especiais de manutenção.
tes da sociedade cujos padrões de comportamento Experiências negativas ocasionais no contexto de
IN

são repudiados. muitas experiências neutras ou recompensadoras


Embora em ambos os mecanismos de “internali- com eventos anteriormente ameaçadores são ge­
zação” acima discutidos o comportamento seja in­ ralmente ineficazes para reinstalar as respostas de
ternamente regulado por conseqüências autogera- medo. Por outro lado, quando o comportamento
das, os tipos de resultados produzidos diferem pelo que é recompensador e positivamente auto-avaliati-
menos em um aspecto importante. No primeiro vo deve ser impedido, e quando as contingências
caso, o comportamento é controlado pela represen­ ambientais habituais só fornecem um apoio fraco
tação antecipatória das conseqüências de resposta para modos alternativos de comportamento, o de­
aplicadas por agentes externos. Conseqüentemente, senvolvimento de funções de auto-regulação é es­
em situações que envolvem pouco risco de que o sencial para que as mudanças-comportamentais in­
comportamento de transgressão seja detectado, ou duzidas possam se transferir e perdurar em qual­
quendo os resultados aversivos antecipados são quer grau significativo. Esta questão é melhor
suaves, as pessoas podem prontamente transgredir. exemplificada no tratamento das personalidades
No segundo caso, uma pessoa é impedida de se anti-sociais.
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 363

As mudanças mais fundamentais seriam clara­ recompensa de acordo com as estruturas de con­
mente obtidas pela alteração da estrutura de con­ tingência prevalentes, outros ainda servem de
tingências e práticas de reforçamento que prevale­ agentes reforçadores. Depois que o comportamento
cem na subcultura desviante. Isto requeriria modi­ auto-avaliativo preciso está bem estabelecido, a fun­
ficação do comportamento de indivíduos que exer­ ção reforçadora também é transferida, e o indiví­
cem uma forte influência .controladora sobre os duo avalia o seu próprio comportamento e se re­
seus companheiros no sistema social. Contudo, força de acordo. Além disso, as recompensas mate­
dado o viés individualista das abordagens de trata­ riais artificiais são gradualmente reduzidas à me­
mento e as imensas dificuldades encontradas nos dida que o comportamento da pessoa é colocado
esforços para se obter controle adequado de grupos sob o controle de consequências simbólicas e auto-
anti-sociais, o procedimento mais comum é remo­ aplicadas. A última fase do treino no auto-reforça-
ver o transgressor do seu ambiente usual e sujeitá- mento é produzir um nível de funcionamento no
lo a algum tipo de influência social. qual participantes podem controlar o seu próprio

PS
Um severo comportamento anti-social pode ser comportamento com um mínimo de restrições ex­
controlado em centros residenciais por meio do re­ ternas e incentivos artificiais.
forçamento diferencial. Além do mais, o compor­
tamento conformista resultante tende a persistir Outro meio de se organizar funções de auto-regu-

U
enquanto que as sanções institucionais permanecem lação é providenciar amplas oportunidades para que
efetivas. Os residentes, podem, de fato, vir a se os participantes desempenhem comportamentos de
papéis em relação a companheiros, papéis estes que

O
comportar de modo não censurável e até a desem­
penhar obedientemente qualquer comportamento são ordinariamente desempenhados por agentes de
que deles se espere para tornar as condições na ins­ mudança regulares. Especificamente, isto inclui de­

R
tituição tão agradáveis quanto possíveis e acelerar legar progressivamente mais as funções de estabe­
sua alta. Um sistema de incentivo benéfico num lecimento de padrões, avaliação e reforçamento aos
membros do grupo à medida que progridem no
centro de tratamento pode assim extrair um consi­
derável comportamento pró-social dos delinqüen­
tes, mas tais pessoas muitas vezes voltam a seus
padrões anti-sociais usuais sempre que os membros
G
programa. Os próprios membros, com orientação
da equipe, se tornam assim os administradores das
contingências. Para aumentar a boa-vontade dos
KS
da equipe de supervisão não estão mais presentes. participantes em adotar novos comportamentos de
A atração da subcultura desviante pode ser redu­ papéis, privilégios maiores e recompensas são asso­
zida fazendo com que os membros adquiram pa­ ciados à responsabilidade aumentada para guiar o
drões alternativos recompendadores de comporta­ comportamento dos membros. Uma participação
ativa na tomada de decisões, aplicações de recom­
O

mento e adotem novos padrões de auto-avaliação.


Os achados dos estudos revistos nas seções pre­ pensas e sanções para regular o comportamento
dos companheiros de acordo com os padrões insti­
cedentes e capítulos anteriores sugerem vários pro­
BO

cedimentos que podem ser bem-sucedidos no de­ tucionais, e o desempenho de outros comporta­
mentos contra-atitudinais provavelmente exercem
senvolvimento de funções de auto-regulação. Em
maior influência sobre os valores e as preferências
primeiro lugar, os padrões desejados de compor­
tamento e os padrões de auto-reforçamento devem do que um programa no qual as contingências são
simplesmente impostas a membros veladamente re­
ser adequadamente exemplificados por agentes de
sistentes. Também podemos supor que aqueles que
mudança. Em segundo lugar, um conjunto expli­
EX

voluntariamente implementam as contingências de


cito de exigências de desempenho ligado a um sis­
reforçamento advogadas por uma agência social
tema graduado de incentivos deve ser instituído, de
para modificar o comportamento dos seus associa­
tal forma que a adoção progressiva do comporta­
dos irão sim ilarmente alterar os seus próprios
mento mais avançado traga maior liberdade, privi­
padrões de auto-reforçamento na direção prati­
D

légios e acesso a atividades recompensadoras. Con­


tudo, a provisão de modelos exemplares e os incen­ cada.
tivos positivos para a mudança comportamental
IN

Quando os indivíduos funcionam como agentes


podem não ser suficientes por si só para transmitir de mudança para membros do seu próprio grupo
sistemas auto-dirigidos de réforçamento a pessoas não apenas obtêm modificações que de outra forma
abertamente anti-sociais. seriam fortemente resistidas, mas também adian­
Depois que os participantes adotam novos pa­ tam o tratamento dos seus subordinados providen­
drões de conduta à base do seu valor utilitário, a pró­ ciando modelos para modos desejáveis de compor­
xima fase do programa pode exigir treino direto no tamento. Deveríamos esperar que os companheiros
auto-reforçamento. Isto é conseguido transferin­ sejam muito mais imitados do que os membros da
do-se gradualmente as funções avaliativas e de re­ eqiíípe porque os companheiros são menos distan­
forço dos agentes de mudança para o próprio indi­ tes socialmente, têm maiores oportunidades para
víduo. As recompensas agora são tornadas contin­ exibir padrões desejados de resposta e tendem a
gentes não apenas da ocorrência do com porta­ evocar tendências de resistência mais fracas. Adi­
mento desejado, mas também de avaliações precisas cionalmente, os indivíduos serão menos aptos a
dos próprios desempenhos. Embora nesse estágio a ser colocados no ostracismo por adotar o coin^
pessoa julgue quando o seu comportamento merece portamento de seus companheiros.
564 CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO

Da mesma forma que as funções de auto-re- rados também reforçam, pela aprovação e pelo
gulação são socialmente transferíveis e condi­ exemplo, as ambições universitárias nos jovens de
cionáveis, são também passíveis de extinção a não classe inferior; e associações seletivas com compa­
ser que haja uma quantidade suficiente de apoio nheiros orientados para a universidade oferecem as
social. Vários grupos sociais, que diferem conside­ condições de aprendizagem social para a aquisição
ravelmente nos seus padrões de comportamento e gradual de atitudes, sistemas de crenças e os reper­
práticas de refoTçamento, sào potencialmente dis­ tórios comportamentais complexos necessários à
poníveis aos indivíduos. Os grupos aos quais esco­ aquisição do status sócio-educacional desejado.
lhem a filiação determinam em grande parte os Bandura e Walters (1959) também mostraram que
modelos de papéis e o sistema de contingências aos os adolescentes tendem a escolher associados pró­
quais serão expostos, e, conseqüentemente, a dire­ ximos que com partilham sistemas de valores e
ção na qual o comportamento será ulteriormente normas comportamentais; os companheiros, por

PS
modificado. Portanto, atenção aos fatores que go­ sua vez, servem para reforçar e manter os padrões
vernam a seleção dos grupos de referência é de de comportamento adotados pelos jovens.
importância crucial, especialmente nos casos em
que mudanças com porta menta is induzidas são dis­ Sumário
cordantes da conduta advogada e reforçada pelos

U
associados anteriores do indivíduo. Desta forma, a Várias teorias têm sido propostas em relação ao
generalização e a manutenção das mudanças de papel dos processos simbólicos na regulação do

O
personalidade podem ser melhor asseguradas se o comportamento. Estas vão desde os pontos de vista
program a instila nos participantes competências não-mediacionais que admitem que as conseqüên­
comportamentais e padrões de auto-reforçamento

R
cias reforçadoras modificam o comportamento di­
que tendem a exercer uma influência decisiva nas retamente e automaticamente, a formulações cogni­
preferências associativas. tivas que consideram a representação simbólica das
Depois que uma pessoa adotou novos padrões de
auto-avaliação, as pressões do grupo para o con­
formismo a exigências comportamentais conflitan­
tes geralmente são resistidas. Em vez disso, quando
G
contingências um pré-requisito para a aprendiza­
gem e a mudança do desempenho. Uma teoria da
interação recíproca parece ser mais eficiente em
KS
coordenar os achados diferentes em relação a esta
a conduta advogada não está de acordo com pa­ questão. De acordo com este ponto de vista, as con­
drões auto-impostos, o indivíduo pode tentar alterar seqüências reforçadoras podem alterar o compor­
as exigências, permanecer um membro marginal, tamento independentemente da consciência, mas os
ou, se as recompensas da associação são insuficien­ indivíduos eventualmente inferem, da observação
O

tes, ele pode abandonar a sua associação com o do seu comportamento e seus resultados diferen­
grupo. ciais, as regras de reforçamento corretas que con­
Para que as pessoas se unam a novos grupos so­
BO

trolam parcialmente as respostas subseqüentes.


ciais, elas devem adquirir pelo menos alguns dos Em estudos tanto do condicionamento instru­
comportamentos necessários para obter aprovação mental quanto do clássico, pessoas que são capazes de
e reconhecimento que serão necessários para sus­ discernir as contingências que governam a aplica­
tentar o seu envolvimento ativo. De outra forma, ção de recompensas e punições tipicamente apre­
serão incapazes de preencher com êxito as deman­ sentam incrementos significativos na aprendizagem
EX

das do seu novo ambiente social e, eventualmente, e desempenho, ao passo que sujeitos não-cônseios
ou se afastarão ou serão rejeitadas pelo grupo. geralmente apresentam poucos ou nenhum efeito
Muitos programas de reabilitação, por exemplo, se de condicionamento. A interpretação destes resul­
concentram em produzir mudanças radicais no tados, porém, permanece obscura porque os estu­
comportamento dos transgressores que fazem com dos carecem dos dados necessários para determinar
D

que eles percam as recompensas sociais e materiais se os fracassos de condicionamento na ausência da


associadas a uma carreira desviante, mas devotam consciência são atribuíveis a um registro central
IN

pouca atenção â provê-los de meios para obter gra­ inadequado dos insumos sensoriais ou à falta de re­
tificações substitutas adequadas. conhecimento dos eventos estimuladores contíguos
O modo pelo qual os processos de afiliação go­ que foram registrados e evocaram respostas neu-
vernam o curso da mudança de comportamento é rais. Experimentos planejados de tal forma que os
revelado em estudos (Ellis e Lane, 1963; Krauss, sujeitos não possam observar nem as suas próprias
1964) que investigam as fontes de altas aspirações respostas ou a ocorrência de eventos reforçadores
educacionais entre crianças de classe baixa. Nas — assim evitando o reconhecimento das contingên­
famílias de tais crianças, os pais não podem eles cias — revelam que o condicionamento pode ocor­
próprios oferecer modelos satisfatórios de hábitos rer, embora de forma menos fidedigna, numa base
de linguagem, costumes e habilidades sociais vincu­ não-mediada. Os achados gerais parecem indicar
lados à classe que são necessários para obter a acei­ que a consciência é um fator facilitador poderoso,
tação dos companheiros de classe média superior. mas pode não ser uma condição necessária e cer­
Os pais caracteristicamente iniciam o processo de tamente não é uma condição suficiente para a mu­
mobilidade na direção superior dando valores posi­ dança comportamental. A consciência em si não
tivos a realizações educacionais; professores admi­ produz respostas comportamentais a não ser que as
CONTROLE SIMBÓLICO DAS MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO 965

pessoas possuam as habilidades de desempenho ne­ objetos atitudinais e o desempenho de comporta­


cessárias e que incentivos adequados sejam ofereci­ mento discrepante das atitudes produz mudanças
dos para eliciar e sustentar a reatividade apro­ correspondentes estáveis nas atitudes. Este processo
priada. de acomodação cognitiva a mudanças afetivas e
As atividades simbólicas não apenas aumentam a comportamentais foi variadamente atribuído à pro­
eficácia do reforçamento, mas são também cada vez cura da consistência cognitiva, à generalização dos
mais empregadas para gerar efeitos emocionais que efeitos do reforçamento sobre as respostas, à in­
constituem as principais conseqüências reforçado­ fluência autopersuasiva dos comportamentos con-
ras nos programas de modificação da conduta. Na tra-atitudinais e a novas conseqüências vivenciais
dessensibilização simbólica, tanto os estímulos aver­ resultantes das mudanças de comportamento indu­
sivos como as respostas neutralizadoras de emoção zidas. Ainda permanece por estabelecer se as in­
são em grande parte induzidas simbolicamente. De fluências ambientais têm efeitos similares mas in­

PS
forma similar, no contracondicionamento aversivo dependentes sobre os sentimentos, as crenças e o
cognitivo, as respostas de esquiva a objetos aditivos comportamento, ou se a mudança em alguns desses
são estabelecidas pela associação contígua de repre­ componentes gera modificações congruentes nos
sentações simbólicas de estímulos com valência po­ outros constituintes.
sitiva a reações de náusea provocadas pelo pensa­ Quando os processos simbólicos reguladores são

U
mento. Conseqüências imaginadas também podem combinados com conseqüências autogeradas, o
ser empregadas instrumentalmente como reforça­ comportamento pode se tornar “internalizado” ou

O
dores encobertos para o fortalecimento e a re­ parcialmente independente de contingências e re­
dução da incidência do comportamento manifesto. sultados situacionais. Vários tipos diferentes de
Pensamentos perturbadores muitas vezes desorga­ controle “intrínseco” pelo reforçamento podem ser

R
nizam o funcionamento psicológico, caso em que o distinguidos. O comportamento pode ser susten­
problema passa a ser o de controlar os próprios tado pela sua retroalimentação sensorial inerente,
eventos simbólicos. O autocontrole dos processos
de pensamento pode ser conseguido redirigindo-se
a atenção para atividades absorventes que eliciam
cognições competidoras e pelo auto-reforçamento
G
por resultados antecipatórios, oú por conseqüências
auto-avaliativas.
O estabelecimento de sistemas de reforçamento
autodirigidos é essencial à medida que as mudan­
KS
de linhas de pensamento mais construtivas. ças comportamentais induzidas devem ser generali­
A questão do controle mediacional do compor­ zadas e se tornam permanentes, especialmente
tamento também é freqüentemente levantada no quando os ambientes sociais oferecem ou um apoio
contexto da teoria das atitudes. Embora se admita fraco para novos modos de com portamento ou
O

geralmente que as mudanças de atitudes têm in­ padrões de reforçamento conflitantes. A estabiliza­
fluências amplas e estabilizadoras sobre as ações ção das mudanças tende a ser assegurada quando
manifestas, alterações induzidas nas atitudes, de os padrões adotados para o auto-reforçamento re­
BO

fato, geralmente têm poucos efeitos permanentes sulta na associação seletiva com pessoas que com­
sobre o comportamento a não ser que recebam um partilham normas de com portamento similares,
apoio de reforçamento suficiente. Por outro lado, a oferecendo assim um apoio social para o próprio
modificação direta das propriedades afetivas dos sistema de auto-avaliação.
EX

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>i RaH, A., 240, 244 20, 22, 28, 35, 44, 45, 46, 47, 48, 53. 57, Beuelheim, B„ 283, 290

PS
>ramoviiz, A., 284, 293 60, 65, 68, 69, 70, 71, 74, 75, 76, 77, 78, Beyer, N. L., 79, 119
tram s, S., 300, 325 79, 80, 82, 84, 85, 86, 87, 92, 97, 99, Beyrne, F., 272. 290
lam, G., 12, 39 100, 102, 103, 104, 105, 106, 108, 109, Biderman, A. D., 32, 35
Jams, J. K., 335, 337, 365 110, 111, 112, 113, 114, 118. 136, 138, Bielinski, B., 322, 332
dams, J. S., 350, 370 151, 152, 167, 173, 176, 185, 198, 204, Bijou, S. W„ 60, 66, 154, 167, 201, 225,
dler, H. E., 85, 118 211, 215, 224, 225, 226, 234, 244, 267, 227, 247, 250

U
dler, L. L., 85, 118 270, 275, 281, 290, 345, 351, 353, 354, Bis, J„ 162, 168
gras, W. S., 145, 170, 234, 235, 244, 248, 355, 361, 364, 365, 366 Bisese, V. S., 16, 35
266, 267, 293, 306, 311, 325, 326 Banks, J. H., 98, 124 Bitter, F.., 224, 246

O
hmad, F. Z„ 46, 68, 152, 173 Barber, T. X., 279, 290 Bitlerman, M. E,, 212, 215, 246, 248, 250
1-Jssa, I., 272, 293, 322, 329 Barends, J., 272, 295 Black, A. H., 23, 35, 77, 101, 119, 180, 204,
lexander, F., 45, 56, 65, 244 Barker, J. C., 297, 298, 302. 306, 326, 329 211, 229, 245, 247, 253, 254, 290

R
Jford, J. A., 320, 326 Barlow, D. H„ 234, 235, 244, 266, 293, 326 Blair, J. H., 242, 243, 248
Jkhin, W. H., 324, 325 Barnes, G. W., 130, 167 Blake, B. G„ 318, 322, 326
kllen, C. K„ 214, 250, 343, 372 Barnett, P. E., 99, 119 Blake, R. R., 79, 95, 112, 113, 119. 120,
illen, D. W„ 86, 123

222, 223, 244, 247


lllen, M. K., 18, 37
Ulen, P., 193, 206
Barnwell, A. K„ 113, 119
illen, K. E„ 139, 145, 167, 201, 209, 221, Baroff, G. S., 193, 194, 209
G
Baron, A., 130, 167, 338, 339, 366, 369
Barrabee, E. L., 32, 38
121, 123
Blakemore, C. B., 297, 298, 302, 306, 326.
329
Blanchard, E. B., 10, 35, 43, 53, 60, y7,
105, 106. 108, 109, 110, 119, 120, 215,
KS
Barrett, B., 196, 204
Vllport, F. H., 70, 188 Barren, B. H., 239, 241, 244 244, 267, 270, 275, 281, 290, 351, 355,
Myokrinskii, V. V., 86, 118 Barr)', H., 286, 290, 313, 326 366
Kmse\, A., 212, 239, 244, 246 Baruch, D. W., 280, 290 Blane, H. T., 317, 328
*nam, S. S., 300, 318, 325 Bass, B. M., 32, 35, 54, 65, 213 Bloch, B. L., 79, 121
Vnderson, D., 263, 294 Bass, M. J„ 233, 244, 277 290 Bloodstein, O., 191, 204
O

\ngerm eier, W. F., 85, 118 Bassan, M. E., 29, 38 Bloom, R. F., 77, 124
\ppel, J. B., 184, 199, 204, 206 Bateson, G., 23, 35, 224, 361, 366 Blough, D. S., 313, 326
Appel, K. E., 29, 32, 35 Bayroff, A. G., 85, 119 Boe, E. E., 177, 185, 186, 205
BO

Armitage, S. G., 137, 145, 170 Beach, F. A., 186, 204, 276, 291, 302, 327 Bolden, L., 245
Armstrong, E. A., 114, 118 Becker, W. C., 60, 67, 86, 122, 154, 171, Belles, R. C., 175, 205
Armstrong, J. D., 321, 326 227, 248 Bond, I. K„ 198, 205, 275, 290, 304, 310,
Aron freed, I., 76, 85, 139, 170, 176, 180, Beech, H. R. 195, 204 326
204 Bell, R. W., 17. 38 Bookbinder, L. J., 26, 36
Aronson, E., 181, 204, 352, 357, 365 Belleville, R. E., 314, 328 Bordin, E. S., 53, 66, 290
Asch, S. E., 55, 65 Bellugi, U., 87, 119 Boroczi, C., 186, 208
Ashem, B„ 272, 290, 318, 326
EX

Bem, D. J., 359, 366 Bourne, E. E., Jr., 22. 36, 334, 366
Atkinson, R. C., 149, 167 Bem, S. L., 22, 35 Bourne, P. G., 320, 326
Atihowe, J. M., Jr., 154, 156, 167 Benedetti, D. T „ 99, 119 Bowcock, J. Z., 320, 326
Auld, F„ Jr., 32, 35 Benline, T. A., 229, 244 Bower, C.. H., 23, 36, 81, i)9, 129. 16y,
Ax, A. F„ 225, 244, 287, 290 Benne, K. D„ 63, 65 252, 290
Avllon, T „ 6, 9, 14, 27, 35. 62, 65, 136, Bennett, R. E., 320, 326 Bowman, K. M., 320, 326
D

138, 141, 142, 143, 144, 153, 154, 155, Bensberg, G. J., 137, 138, 146, 167 Brady, J, P., 285, 290
156, 157, 167. 176, 185, 186, 199,204, Bentler, P. M., 60, 65, 272, 280, 285, 290 Brady, J. V., 177
207, 218, 219, 220. 244, 338, 339, 365Benton, A. A„ 112, 119, 178, 180, 204 Branch, M. N., 84, 124
IN

Azrin, N. H., 14, 35, 62, 65, 136, 138, 141, Berberich, J. P., 72, 89, 91, 123, 134, 136, BrawJey, E. R., 45, 66, 145, 167
142, 143, 144, 154, 155, 156, 157, 167, 170 Breer, P. E., 359, 366
L75, 176, 177, 181, 184, 185, 186, 190, Berg, C„ 53, 65 Brehm, |. W., 35, 355, 356, 357. 366, 371
199, 204, 206, 207, 208, 338, 339, 365 Berg, J. A., 32, 35, 54, 65 Brenker, J., 272, 295
Berger, A., 340, 371 Breuer, J., 242, 246
Bachrach, A. J., 145, 167 Berger, S. M., 12, 16, 35. 97, 99, 119, 224. Bricker, W., 225, 249
Backer, R., 129, 172 244 Bridger. W. H., 214, 215, 245, 341, 343,
Bacon, R. C., 77, 127 Bergin, A. E„ 30, 32. 35, 54, 55, 56, 65, 366, 370
Baer, D. M., 14, 36. 45, 66, 71, 72, 73, 118, 366 Brigham, 1'. A., 72, 119
136, 138, 140, 144, 167, 170, 199, 204 Berkowiu, L , 92, 119, 223, 225. 226, 244, Brimer, (.'. J., 229, 247
Baer, R E., 342, 368 298, 328 Blinker, ü. B., Jr., 80, 121
Bailey. (J. J., 23, 33 Berko wit?, S., 73. 119 Blot!rn, M., 154, 169
Baker, J. L., Jr., 144, 168, 202, 205 Berlew, I). E„ 150, 170 Brodie, D. A., 513, 328
Bales, Ji. 315, 326 Berlyne, D. E„ 130, 167 Brodsky, G., 52, 67
B;i!l, T., 146, 172 Herman, A. j., 77, 124 Broen, W. E., Jr., 186, 208
Bancroft, J. H. J., 308. 326 Bernstein, I. H., 340, 341, 371 Bronfenbrenner, IJ., 165, 168

373
374 ÍNDICE NOMINAL

Brooks, L. R., 147, 172, 335, 368 Clark, B. S., 113, 120 Delgado, J. M., 226, 245
Brookshire, R. H., 187, 205 Clark, D. F. 240, 245, 272, 280, 281, 283, Demkow, L., 179, 209
Brown, B. H., 280, 295 291, 306, 327, 342, 366 Demone, H. W., Jr., 312, 314, 327
Brown, C. T., 320, 326 Clark, M., 154, 168 Denenherg, V. H., 313, 331
Brown, G. D., 201, 209 Clark, R., 314, 326 Denny, M. R., 211, 213, 245
Brown, J. S., 130, 168, 213, 245, 262, 294 Clark, R. A., 313, 326 Desiderato, O-, 182, 205
Brown, M„ 44, 45, 68, 224, 227, 250 Clifford, B., 245 Di Cara, L. V., 14, 36, 221, 245
Brown, P., 44, 65, 227 Clifford, L. T., 245 Dibner, A. S., 285, 291
Brown, P. T., 306, 308, 332 Cloward, R. A., 2, 36 Dickel, H. A., 282, 292
Brown, R., 87, 119 Clugston, H. A., 81, 127 Dinoff, M., 153, 172
Brown, R. W., 351, 366 Cohen, A. R., 350, 352, 355, 356, 357, 366 Dinsmoor, J. A., 175
Brown, T. R., 113, 125 Cohen, D. J„ 138,164 Dities, J. E., 46, 66, 141, 245
Broz, W. R., 301, 315, 316, 319, 322, 329, Cohen, H. L.. 138,154, 162,168, 202,Dittmann,
205 A. T., 53, 66
332 Cohen, J., 162, 168 Dixon, H. H., 282, 292, 295
Bruning, J. L., 16, 17, 36, 39, 359, 366 Cohen, S. I., 272, 291 Dixon, T. R., 263, 295
Brush, E. S., 255, 295 Colby, K. M., 53, 65, 88, 120 Dobson, W. R., 45, 66

PS
Brutten, E. J., 178, 188, 205 Cole, J. O., 286, 291 Docter, R. F., 312, 327
Bruun, K., 313, 326 Cole, M., 339, 369 Dollard, J., 71, 79, 80, 85, 113, 114, 124,
Bryan, J. H., 113, 119 Cole, M. W., 287 129, 171, 223, 224, 231, 241, 245, 345,
Bucher, B„ 193, 194, 205 Coles, M. R., 85, 127 367
Buchwald, A. M., 113, 119, 144, 168 Collier, R. M., 53, 66 Donner, L., 258, 291, 318, 326

U
Buehlcr, R. E., 4, 36, 202, 205, 245 Collins, B. E., 357,358, 359, 366,369Doob, L. W., 223, 245, 351, 367
Buell, J. S., 139, 145, 167, 221, 223, 244, CoUins, B. J., 152,173, 337 Doyle, G. A., 130, 171
247 Colman, A. D., 145, 168, 202, 205 Drakeford, J. W., 96, 120

O
Burbridge, N., 320, 326 Colwell, C. N„ 137, 146, 167 Dubanoski, R. A., 113, 120
Burchard, J., 201, 205 Conani, M. B., 78, 120 Duffy, E., 287, 291
Burke, C. J., 339, 369 Conger, J. J., 313, 327 Dufort, R. H., 212
Burkholder, R., 160, 170 Conn, J. H., 304, 327 Dulany, D. E., 333, 335, 336, 338, 346, 367

R
Burrowes, A., 19, 39 Connor, R., 323, 328 Dumont, D, A., 91, 123
Burton, R. V., 227, 249 Conovitz, M, W., 186, 204 Duncan, C. P., 359, 370
Bum, H., 350, 368 Converse, P, E., 351, 370 Duncker, K., 113, 120, 354, 367
Bushell, D., Jr., 134, 173
Buss, A. H., 245
Butcher, R. H. G., 271, 272, 292
Bu der, R. A., 130, 131, 168
Conway, C. G., 297, 298
G
Cook, S. W., 214, 245, 341, 342, 367
Cooke, G., 259, 272, 291
Cooper, A. J., 302, 304, 309, 324, 327
Dunham, H. W., 153, 168
Dunham, P. J., 144, 168
Duryea, R., 113, 119
Dvorak, A., 101, 124, 317, 318, 330
KS
Butterfield, W. H., 139, 147, 172 Cooper, E. B.p 189, 205 Dyal, J. A., 213, 246
Bykov, K. M., 11, 12, 36 Cooper, J., 357, 370 Dysinger, W. S., 97, 120
Cooper, J. E., 291
Caims, R. R., 284, 290 Coppock, H. W., 129, 168 Easterbrook, J. A., 80, 120
Callahan, D. M., 32, 38 Comeliaon, A. R., 3, 37 Edinger, R. L.. 152, 173
Calvin, A. D., 239, 245 Corsini, R. J,, 95, 120 Edlin, J. V., 318, 327
O

Cameron, N., 275, 290 Corson, J. A., 85, 120 Edmonson, B. W., 239, 246
Camp, D. S., 177 Costello, C. G., 240, 245, 272, 291, 306, Efran, J. A.. 264, 291
Campbell, D., 323, 326 327 Eiseman, A. J., 314, 328
BO

Campbell, D. T., 114, 120 Costiloe, J. P., 286, 295 Ekman, P., 341, 367
Campbell, P., 323, 326 Cowan, P. A., 87, 120, 153, 172 Elam, C. B., 213, 246
Campos, C. B., 232, 246 Cowden, R. C.. 272, 291 Elkes, E., 31, 39
Cane, V. A.. 112, 113, 127, 178, 209 Craig, K. D., 100, 120 Elkin., F., 48, 66
Capaldi, E. J , 215, 245 Crankshaw, E., 10, 36 Elliott, R., 44, 65, 199, 205, 227, 245, 359,
Carkhuff, R. R., 96, 127 Crawford, M. P., 114, 120 367
Carlin, Mi T., 354, 366 Crawford, R., 99, 127 Ell is, R. A., 364, 367
EX

Carlisle, J. M., 303, 307, 330 Cressler, D. L., 59, 66, 161, 168 Ellman, S. J., 77, 127
Carlsmith, J. M., 181, 204, 352, 357, 358, Crisp, A. H., 274, 294 Ellson, D. G., 78, 120
365, 368 Crook, G. H., 320 Elms, A. C., 357, 358, 367
Carlson, N.J., 77, 180, 204, 211, 229, 245 Crooks, J. L., 101, 120 Emery, J. R., 278, 291
Carpenter, J. A., 312, 326, 328, 330 Culbertson, F. M., 354, 367 Emmerich, W., 69, 120
Carrera, R., 238 Curran, D., 305, 327 England, G., 272, 292
D

Cartwright, D. S., 29, 37 Cutler, R. L., 57, 67 English, H. B., 280, 285, 291
Casey, A., 314, 326 Epstein, N. B., 320, 327
Cassel, R. H., 137, 146, 167 Dabbs, J. M., Jr., 55, 66, 354, 367 Epstein, R., 79, 112, 120, 246, 263. 291
IN

Castell, D., 306, 308, 332 Daly, D. A., 189, 205 Erasmus, C. J., 116, 121
Caul, W. F., 98 Darby, C. L., 85, 120 Eriksen, C. W., 310, 327, 342, 346, 349,
Cautela, J. R., 151, 168, 300, 326, 344, 366 Dardano, J. F., 184, 205 366, 367, 369
Chafetz, M. E., 312, 314, 326 Darwin, P. L., 281, 291 Erwin, W. J., 145, 167
Chambers, R. M., 129, 168 Das, J. P., 354, 367 Estabrooks, G. H., 285, 291
Chandler, P. J., 112, 121 Davenport, J. W., 12, 36 Estes, B. W., 140, 171
Chapanis, A., 357, 366 Davidoff, E., 320 Estes, W. K., 175, 177, 205, 211, 246, 339,
Chapanis, N. P., 357, 366 Davies, D. L., 317, 327 369
Chapel, J. L., 272, 290 Davis, D. M.. 187, 190, 205 Etheredge, E. E., 286, 290
Chapman, R. W., 202, 205 Davis, R. A.. 81, 127 Etzel, B. C., 223, 246
Charms, R. de, 79, 121 Davison. G. C., 257, 258, 261, 266, 267, Evans, D. R., 198, 205, 306, 307, 311, 327
Chatterjee, B. B., 342, 366 282, 291, 308, 327 Eysenck. H. J„ 29, 36, 301, 327
Child, G. P., 320, 326 Davison, L. A., 97, 122, 127
Chittenden, G. E., 44, 65. 86, 92, 93, 120, Davitz, J. R., 226, 245 Fairweather, G- W., 30, 36, 59, 60, 66, 157,
224, 227, 245 Dawson, M. E., 341, 342, 367 159, 161, 162, 168
Chu, C. G., 55, 65 De Morsier, G., 317, 318, 327 Färber, I. E., 263, 291, 333, 334, 335, 340,
Church, R. M., 17, 36, 86, 98, 120, 175, De Nike, L. D., 333, 335, 336, 367, 371 341, 361, 368
177, 181, 205 Deese, J„ 211, 213, 245 Feldman, M. P., 197, 198, 206, 207
Clancy, J., 326 Dekker, E., II, 36 Feldman, R. B.. 240, 246
INDICE NOMINAL 575

Feldman, R. S., 153, 172 Gliedman, L. H., 29, 32, 36 Hefferline, R. F„ 340, 368
Feldman, S., 357, 368 Glynn, J. D., 306, 328 Hegrenes, J. R., 232, 246
Feldmann, H., 3f7, 318, 327 Goffman, £., 153, 169 Heider, F., 356, 368
Fenichel, O., 53, 66, 275, 291 Gold, V. J., 45, 67, 193, 207 Heilbrunn, G., 318, 327
Ferguson, J. K. W., 321, 327 Golden, J. M., 29, 38 Heine, R. W., 5, 37, 54, 66
Fernandez, L. E., 105, 127 Goldiamond; I., 138, 150, 153, 162, 168, Helmreich, R. L., 357, 358, 366
Ferracuti, F., 225, 251 169, 187, 189, 190, 191, 206, 239, 246, Helson, H., 113, 121
Ferner, C. B., 14, 16, 22, 36, 51, 66, 146, 368 Henbest, R., 302, 317, 331
150, 168, 172, 199, 206, 212, 344, 361, Goldman, J. R.. 46, 47, 66, 152, 169 Hendry, D. P., 176, 206
368 Goldstein, A. C., 186, 205 Henke, L. B., 145, 167
Feshbach, N. D., 86, 121, 224, 225, 246 Goldstein, N., 96, 125 Henker, B. A., 48, 66, 74, 121
Festinger, L., 215, 216, 248, 350, 355, 357, Gollub, L.-R., 134, 170 Henry, G. W., 277, 292
358, 368 Goodnpw, J. J., 339, 368 Herbert, J. J., 85, 121
Fiedler, F. E., 5, 39 Goodwin, W., 144, 172 Herman, R. L., 185, 206
Filipczak, J-, 162, 168 Goorney, A. B., 328 Hemândez-Péon, R., 344, 368
Finesinger, J. E., 32, 38 Gordon, C. W„ 323, 331 Hermstein, R. J., 199, 202, 206

PS
Finley, J. R., 147, 172 Goureyitch, S., 349 Herzberg. A., 43, 66, 232, 247
Fjeld, H. A., 85, 127 Gray, 6. B., 272, 292 Hess, E. H., 304, 328
Flanagan, B., 190, 206 Greenberg, L. A., 312, 328 Hicks, D. J„ 79, 86, 121, 182, 206
Flanders, J. P., 86, 114, 121 Greenwald, A. G., 350, 368 Hiler, E. W., 32, 37
Fleck, S., 3, 37, 303, 327 Grice, R. G., 213, 248 Hilgard, E. R.. 129, 169

U
Fleishmann, E., 350, 368 Grings, W. W., 214, 246, 253, 284, 292, Hill, B., 186, 206
Fleming, R. S., 145, 167 342, 343, 368 Hill, F. A., 214, 250, 343
Fleshier, M., 177, 182, 206 Groen, J., 11, 36 Hill, H. E., 188, 206
Flint, A. A., 31, 39 Groot, H., 218, 246

O
Hill, J. H., 80, 105, 121, 125
Fode, K. L., 337, 371 Grossberg, J. M„ 26, 36, 43, 66, 246, 279, Hill, M. J., 318, 328
Folkins, C H., 259. 291 283, 292 Hinde, R. A., 114, 121
Ford, C. S., 276, 291, 302, 308, 327 Grosser, D., 112, 121 Hine, C. H., 320, 326

R
Ford, L. 1., 272, 291 Grujfcc, J. E., 18, 35, 43, 65, 76, 78, 79, 80,
Hinko, E., 154, 169
Fort, T„ 315, 327 82, 85, 102, 103, 112, 113, 118, 121, Hirsch, J., 336, 339, 368
Foss, B. M., 76, 121 125 Hislop, M. W., 335, 368
Foster, F. M., 232, 246
Fowler, H., 175, 206
Fox, L., 150, 169
Fox, S. S., 131, 169
Grusec, T., 252, 290
Guild, J., 320, 327 G
Guthrie, E. R.( 175, 206, 211, 246, 263, 292
Hiss, R. A., 199, 206
Hletko, P., 318, 327
Hoddinoth, B. A., 87, 120
Hoenig, J., 266, 292
KS
Frank, G. H., 53, 66 Hahn, K. W., Jr., 279, 290, 342, 366 Hoff, E. C., 320, 328
Frank, J. D., 29, 32, 36 Hahn, S. C„ 86, 93, 124 Hoffeld, D. R., 233, 278, 292
Franks, C. M., 298, 327 Hain, J. D„ 113, 119, 271, 272, 292 Hoffman, H. S., 177, 181, 183, 206
Fraser, H. F., 314, 328 Hald, J., 320, 328 Hoffman, M. L., 185, 206
Frederick, F., 19, 39 Hall, J. F„ 211, 229, 249 Hof stad ter, R., 63, 66
Freed, A., 112, 121 Hall, K. R., 114, 121 Hogan, R. A., 238, 247
O

Freedman, J. L., 206 Hall, R., 113, 126 Hogans, A. F., 313, 328
Freeman, H. L., 232, 246, 280, 291 Hall, R. V., 62,68, 134, 145, 154, 169, 173 Holland, B., 349
Freitag, G., 45, 67, 134, 170, 193, 207 Halse, D. F., 184, 204 Holland, J. I., 157, 168
BO

Freitag, L., 91, 123 Hamilton, C., 11, 38 Holltngshead, A. B., 320, 328
Freud, S., 6, 36, 242, 246, 349, 368 Hamiltoh, J., 193, 201, 206 Holmberg, A. R., 116, 121, 302, 328
Freund, K., 298, 304, 306, 307, 327 Hanlon, C., 86, 121 Holmes, D. S., 341, 368
Friedman, D., 272, 285, 291 Hanson, K„ 320, 326 Holmes, F. B., 105, 122, 285, 293
Friedman, I., 154, 169 Harford, R. A., 340, 368 Holstein, S., 131, 169
Fromer, R., 298, 328 Harlow, H. F„ 130, 144, 169, 361, 368 Holt, E. B., 70, 122
Führer, M. J„ 342, 368 Harper, P., 306, 310, 327 Holt, R. R., 349, 369
Fumiss, J. M., 4, 36, 202, 205, 225 Harris, E., 350, 368 Holz, W. C., 175, 176, 181, 184, 185, 186,
EX

Harris, F. R., 14, 15, 36, 45, 66, 89, 126, 199, 204, 206
Gale, D. S., 254, 291 139, 145, 167, 169, 170, 201, 209, 221,
Homans, G. C., 292
Gale, E. N„ 254, 291 223, 244, 247 Homme, L. E., 22, 37, 49, 66, 135, 151.
Garda, J., 297, 328 Harris, M. B„ 48, 51, 65, 66, 80, 84, 86, 87, 169, 345, 368
Gardner, J. E., 145, 169 113, 118, 121, 151, 169, 311, 328 Honig, W. K., 181, 207
D

Garfield, S. L., 29, 36 Harris, R. E„ 214, 341, 342, 345 Hood, W. R., 129, 168
Garfield, Z. H., 281, 291 Harsch, C. M„ 85, 121 Hooker, E., 277, 292
Garvey, W. P., 232, 246 Hart, B. M., 45, 66, 139, 167, 221, 223, Hordern, A., 242, 247
IN

Gebhard, M. E., 157, 168 244, 247 Horn, G., 344, 368
Geen, R. G., 226, 246 Hartmann, D., 224, 227, 247 Homick, E. J., 318, 331
Geer, J. H., 272, 291 Hartup, W. W., I l l , 126, 263, 292 Hovland, C. 1., 32, 37, 54, 66, 79, 81, 122,
Gelder, M. G., 270, 271, 292, 294, 302, Harvery, J., 245 233, 247, 278, 292, 334, 352, 353, 368,
305, Harvey, J. S., 32, 37
306, 307, 311, 328, 330, 353, 370 369, 371
Gelfand, D. M., 45, 66, 79, 113 Harvey, W. A., 29, 32, 35 Howard, K., 340, 371
Gelfand, S., 45, 66 Harwav, N. L, 53, 66 Howe, E. S., 272, 292
Gerard, R. W., 286, 291 Haslam, M. T., 232, 247, 272, 292 Hsu, J. J., 323, 328, 329
Gerst, M. S., 78, 79, 121 Hasiorf, A. H„ 17, 36, 53, 66 Hughes, F. W., 313
Gewirtz, J. L., 71, 121, 223, 246 Haugen, G. B., 282, 292 Hughes, H. B„ 6, 27, 35
Giffin, M. E., 303, 328, 330 Haughton, E., 6, 27, 35, 144, 153, 167, Hull, C. L., 129, 169, 210, 233, 244, 247,
Giles, D. K., 62, 68, 134, 146, 169, 173 218, 219, 220, 244 278, 290
Gilmore, J. B., 357, 358, 369 Hawkins, H. L., 96, 126, 156, 172 -Humphery, J., 92, 122
Girardeau, F. L., 146, 154, 169 Hawkins, R. Pv 60, 61, 62. 66, 225, 227, Humphrey, G., 70, 122
Gitelson, M., 10, 36 247 Hundt, A. G., 131, 169
Giltelman, M., 93, 121 Hayes, C., 85, 121 Hundziak, M., 146, 169
Glad, D. D., 314, 315, 328 Hayes. K. J., 85, 121 Hunt, H. F., 177, 207
Glaser, R., 164, 169 Headlee, C. P., 129, 168 Hunt, J. MeV., 287, 292
Gleitman, H., 210, 246 Hearn, E., 184, 206 Huston, A. C., 48, 65, 76, 79. 119
376 In d ic e n o m in a l

Hutchinson, R. R., 184, 204 Kendell, R. E., 317, 329 Lazovik, A. D., 256, 257. 266, 271, 275,
Hutchison, H. C., 275, 281, 282, 290, 292, Kendrick, D. C., 232, 247, 280, 291 278, 280, 293
304, 310, 326 Kennedy, W. A., 232, 247 Lazowick, L., 69, 123
Hutt, C., 88, 122 Kenny, D. T., 225, 248 Leary, T., 32, 37
Hutt, S. J., 88, 122 Kerr, H, T., 321, 326 Leat, M., 112, 127
Kessen, M. L., 129, 171 Lee, D„ 122
Iflund, B., 96, 125 Kiersey, D. W., 202, 207 Lefkowitz, M. M., 79, 122, 123
Imanishi, K., 85, 122 Kimble, G. A., 11, 37, 129, 133, 170, 210, Leitenberg, H., 145, 170, 199, 207, 234,
Imber, S. D„ 29, 32, 36, 37 212, 230, 248, 261, 293 248, 266, 293, 306, 326
Insko, C. A., 354, 369 Kimbrell, D. L., 112, 122 Lemere, F„ 301, 302, 315, 316, 317, 329
Isaac, W., 131, 138, 153, 169 Kimeldorf, F. J„ 297, 328 Leon, H. V., 280, 293
Isbell, H., 314, 328 Kimmei, H. D., 14, 37 Lessac, M. S., 179, 208
Kinder, M. 1„ 134, 170 Lesser, G. S., 79, 123
King, B. T., 358, 369 Lester, D„ 313, 316, 329
Jack, L. M.. 44, 67 King, G. F., 137, 145, 170
Jackson, D., 145, 169 Leuba, C., 78, 123, 131, 170
Kirchner, J. H., 238, 247, 248 Leuser, E.t 233, 249
Jackson, J. K., 323, 328

PS
Kirschner, P., 354, 369 Levetuhal, H., 55, 66
Jackson, T. A., 85, 127 Kirmer, W. L., 29, 37
Jacobsen, t., 320, 321, 328 Levin, G. R., 134, 170
Kish, G. B., 130, 170 Levin, H., 138, 172, 198, 208, 224, 249
Jacobsen, E. A., 96, 124 Kissel, S., 284, 293
Jacobson, E., 282, 283, 292 Levin, S. M., 337, 340, 369, 371
Klaus, D. J., 264, 269 Levine, S., 23, 37, 81, 123
Jakubczak, L. F., 79, 122
Klein, G. S., 349, 369 Levis, D. J., 236, 238, 248, 250

U
James, B., 241, 248, 307, 329 Klein, J. J., 29, 39
James, W. T., 85, 118 Leviu, E. B., 51, 66, 150, 344
Klein, M., 53, 55, 67 Levitt, E. E„ 29, 37
Janis, I. L„ 32, 37, 54, 66, 79, 122, 352, Klynn, G. A., 91, 123
Levi it, I., 350, 368, 369

O
353, 357, 358, 367, 369 Knight, R. O., 29, 37
Jegard, S., 227, 247 Levy, D. M.. 26, 37
Knob, K., 304, 328 Levy, L. H., 337, 370
Jellinek, E. M., 322, 328 Knoblock, E. C., 320, 326
Jenkins, H. M„ 334, 371 Levy, N., 211, 213

R
Koch, A, M., 85, 127 Lewis, D. J., 359, 370
Jenkins, R. L., 145, 171
Koch, C., 150, 173 Lewis, J., U , 38
Jensen, P. K., 182, 207 C elling, R. A., 297, 328
Jersild, A. T., 105, 122, 285, 292 Lewis, M., 140, 170
John, E. R., 11, 37, 256, 283, 292
Johnson, A. M., 303, 328, 329
Johnson, D. L., 96, 124
Johnson, H., 349, 369
Koenig, K, P., 311, 329
Kohlberg, L., 69, 122
Kolb, D, A., 150, 170
Kolb, L. C., 303, 329
Kolvin, I., 300, 329
G Lhamon, T. W., 29, 35
Lichtenstein, F. E., 184, 187, 207
Liddell, H., 285, 293
Lidz, T„ 3. 37
Liebert, R. M., 18, 19, 37, 38, 80, 12L. 125,
KS
Johnson, R. H., 318, 327 Kopp, R. E., 338, 369
Johnson, W., 187, 207 127, 185, 207
Koppman, J. W., 213, 248 Lienert, G. A., 312, 330
Johnston, M. K., 89, 126, 145, 169, 170, Korman, M., 313, 329
201, 208, 227, 247, 249 Lifshitz, K., 242, 243, 248
Korn, S. J., 314, 329 Linder, D. E„ 357, 370
Jones, E. E., 357, 369
Korpmann, E., 313, 329 Lindley, R. H„ 214, 248, 249
Jones, H. G., 232, 240, 247, 308, 327
O

Koser, L., 248 Lindsley, O. R., 164, 168


Jones, M. C., 101, 122, 267, 279, 280, 283,
Kraft, T „ 272, 293, 322, 329 Lippi«, R., 112, 115, 121, 123. 125
292
Krapfl, J. E., 258, 261, 262, 266, 293 Lipsher, D. H., 46, 47, 65, 152, 167
Jourard, S. M., 47, 67
Krasner, L., 138, 151, 152, 154, 156, 167, Litin, E. M„ 303, 328, 330
BO

Jouvet, M., 344, 369


170, 173, 337, 341, 367, 369, 372 Little, J. C., 241, 248
Krauskopf, J., 212, 215, 248 Littman, I., ] 13, 125
Ragan, J., 79, 122 Krauss, I., 364, 369 Littman, R. A., 225, 249
Kahn, M., 226, 247 Kriazhev, V. I., 99, 122 Liverant, S., 263, 291
Kahn, M. W., 276, 293 Krumboltz, J. D., 113, 122, 278, 291 Liversedge, L. A., 195, 207, 208
Kamin, L. J„ 211. 228, 229, 247, 250, 280, Kruse man, A., 272, 295 Llewellyn Thomas, E., 112, 127
. 295 Kuethe, J. L., 310, 327, 348, 367 Locke, E. A., 359, 366
EX

Kanareff, V. T., 74. 79, 122 Kuhn, D. Z., 86, 122, 227, 248 Lockhart, R. A., 214, 246, 253, 292, 343,
Kanfer, F. H., 16, 18, 20, 37, 74, 122, 151, Kupers, C. J„ 18, 35, 48, 65, 79, 86, 112, 368
170, 335, 369 118 London, P., 50, 67
Kant, F., 316, 317, 329 Kurland, S. H., 29, 37 Ivongenecker, E. G., 212, 215, 248
Kantorovich, N. V., 316, 318, 329 Kurz, M., 29, 36 Longsireth, L. E., 213, 248
Kaplan, H. S., 313, 329 Kushner, M., 299, 302, 306, 329 Lorr, M., 32, 37, 39
D

Kassorla, I. C., 45, 66, 91, 122, 193, 207 Lovaas, O. I., 44, 45, 52, 60, 67, 72, 80, 82,
Katkin, E. S., 272, 292 La Dou, J., 314, 330 86, 88, 89, 91, 123, 134, 136, 144, 145,
Katz, M. M„ 32, 37 Lackowitz, I., 154, 168 152, 170, 193, 194, 205, 207, 358, 370
IN

Kaufman, A., 180, 208, 338, 339, 368, 369, Lacey, J. I., 253, 254, 293 Luchins, A. S., 83, 113, 123
371 Landeen, J., 144, 172 Luchins, F H„ 83, 113, 123
Kaufmann, H., 226, 247 Lane, W. C., 364, 367 Lumsdaint, A. A., 81, 122, 352, 369
Kausler, D. H., 80, 122 Lang, A., 318, 330 Lund, D., 145
Kawamura, S., 85, 122 Lang, P. J., 256, 257, 258, 266, 271, 275, Luria, A. R., 22, 38
Kaye, D., 354, 469 278, 280, 293, 294
Keenan, B., 340, 369 Lanzetta, J. T., 74, 79, 122 Maccoby, E. E„ 79, 80, 81, 123. 138, 198,
Keister, M. E., 52, 67 Lard, K. E., 85, 119 208, 224, 249, 350, 370
Kelleher, R. T., 134, 170 Larkin, P., 162, 168 Maccobv, N\, 77, 81, 123, 124, 126, 350,
Keller, L., 339, 370 Laverty, S. G., 323, 326, 342, 370 370'
Kellev, C. S., 144, 145, 169, 170, 247 Lavin, N. I., 297, 298, 306, 326, 329 MacCulloch, M. J., 197, 198, 205, 207
Kelley, H. H., 25, 39, 54, 66, 80, 122, 264, Lawrence, D. H., 215, 216, 248 Mackay, H. A., 242, 370
293, 352, 353, 369 Lawson, K., 259, 291 Mackintosh, I., 213, 248
Kellogg, L. A., 85, 122 Lawson, R., 337, 372 Macklin, E. A.. 320, 326.
Kellogg, W. N., 85, 122 Lazarus, A. A., 30, 37, 95, 122, 128, 274, Maddi, S. R., 213, 249
Kelly, G. A., 94, 122 275, 277, 278, 284, 293, 296 Madsen, C. H., Jr.. 86. 113, 122, 123.? 16,
Kelman, H. C.. 49, 67, 352, 359, 369 Lazarus, R. S., 97, 122, 127, 229, 291, 346, 227, 248, 294
Kendall, J. W., Jr., 230, 248, 261, 293 369 Mager, R. F., 42, 67, 149, 170
ÍNDICE NOMINAL 377

Mahoney, M. J., 109, 125 Meyer, V., 229, 232, 249, 274, 281, 294 Oakes, W. F., 354, 369
Mährer, A. R., 4*2, 67 Mezei, L., 112, 127 O’Connell, D. C., 335, 370
Malinowski, B., 302, 330 Michael, D. N„ 81, 123 ,124 O’Connor, N., 272, 294
Malleson, N., 23B, 248 Michael, J., 9, 14, 35, 144, 153, 167, 218, O'Connor, R. D., 94, 125
Mallick, S. K., 225, 248 219, 244 Odom, R. D., 80, 125, 130, 171, 173
Mandel, 1. I., 214, 215, 245, 341, 343, 366, Migler, B., 258, 294 Ofstad, N. S., 79, 125
370 Miles, H. W. H., 32, 38 Ogawa, N., 98, 124
Mandler, G., 81, 123 Miles, R. C., 130, 171 Ohlin, L. E., 2, 36
Mann, J., 269, 294 Müler, E. C., 101, 124, 317, 318, 330 O’Hollaren, P., 301, 315, 316, 329, 332
Mann, L. L. 212, 248 Miller, H. R., 258, 294 O’Keeffe, K., 306. 331
Mannheim, R., 63, 67 Miller, L. B„ 140, 171 O’Leary, K. D., 60, 67, 141, 154, 171
Marcia, J. E., 264, 291 Miller, M., 302, 326 O’Leary, S., 60, 67
Marder, M., 263, 294 Miller, M. M., 299, 317, 318, 330, 344, 370 Oliveau, D. C., 266, 293
Mardones, J., 313, 330 Miller, N. E., 14, 21, 28, 36, 38, 71, 77, 79, Olmstead, J. A., 113, 121
Margolius, G. J., 81, 123 80, 85, 113, 114, 124, 129, 130, 171, Opton, E. M., Jr., 259, 291
Marks, 1. M., 270, 271, 294, 302, 305, 306, 175, 206, 221, 223, 229, 231, 241, 245, Osgood, C. E., 356, 370

PS
307, 311, 328, 330, 353, 370 249, 279, 286, 290, 294, 313, 326, 330,Osinski, W., 320, 326
Mariatt, G. A., 16, 38, 96, 124 345. 348. 358, 367, 370 Osmond, H. O., 144, 167
Marmor, J., 53, 67 Miller, P. E., 46, 47, 65, 152, 167 Oswald, I., 302, 306, 309, 323, 331
Marshall, H. R., 86, 93, 124 Miller. R. E., 98, 124 Ottenberg, P., 11, 38
Marston, A. R., 18, 37, 38 Miller, S., 306, 308, 331 Ounsted, C., 88, 122
Martensen-Larsen, O., 320, 321, 330 Minge, M. R., 146, 171

U
Martin, G. L., 134, 170 Minke, K.. A., 144, 147, 172 Page, H. A, 211, 229, 249
Martin, M., 160, 170 Mirsky, I. A., 98, 124 Page, M. L., 44, 67
Martin, P. L., 145, 172 Mische!, W., 8, 19, 29, 38, 48, 65. 76, 84, Paige, A. B„ 213, 248

O
Martin, R. R., 187, 205, 208 86, 118, 121, 125, 185, 207, 351, 370 Paivio, A., 23, 38, 81, 125
Martyn, M. M., 189, 208 Mitchell, L. E., 286, 294 Panyan, M., 154, 169
Mason, W. A., 284, 294 Mohoney, j. L., 272, 292 Parke, R. D., 74, 112, 113, 125, 127, 178,

R
Masserman, J. H., 101, 124, 184, 207, 297, Mohr, J. P., 145, 167 179, 181, 208, 209, 372
312, 313, 330 'Moltz, H., 211, 213, 239 Parker, A. L., 48, 67, 76, 125
Masters, J., 311, 329 Moore, N„ 11, 38, 258, 294 Parloff, M. B., 96, 125
Masters, J. C.. 84, 124
Mather, M. D., 192, 209, 232, 233, 250,
272, 2Sf>. 296
Matthews, I». C., 324, 330
Mordkoff, A., 97, 122, 127
Moreno, C. M., 313, 328
Moreno, J. L., 95, 125
Morgan, C. L., 70, 125
G Parr, D., 305, 327.
Parsons, T., 9, 69, 125
Pascal, G. R., 30, 38
Paschke, R. E., 17, 38
Pastore, N., 180, 208
KS
Mausner, B., 79, 124 Mongenstcgn, F, S., 306, 330
Max, L. W., 306, 330 Morrice, D. J., 96, 124 Patterson, C. H., 47, 67
May, J. G., Jr., 79, 119 Morriseti, L. N., Jr., 81, 125 Patterson, G. R., 4, 36, 52, 60. 67, 125, 145,
Maynard, H., 59, 66, 161, 168 Morrison, D. C., 60, 68 171, 202, 205, 225, 245, 249, 263, 294
McBrearty, J. F., 281, 291 Morse, W. H., 199, 207 Paul, G. L., 30, 38, 267, 268, 269, 275, 278,
McCandless, B. R., 225, 248 Moser, D., 13, 38 283, 294
O

McCarthy, R., 314, 330 Mott, D. E. W., 105, 121 Pawlowski, A. A., 313, 331
McCleam, G. E., 313, 331 Mouton, J. S., 79, 112, 113, 119, 121, 123 Peacock, L. J., 297, 331
McClearv, R. A., 346, 369 Mowrer, O. H., 4, 38, 69, 76, 77, 96, 125, Pearce, J. F., 306, 330
130, 171, 175, 183, 185, 186, 187, 207, Pelser, H. E., 11, 36
BO

McClelland, D. C., 213, 248


McConaghy, N., 304, 330 209, 210, 227, 245, 249, 255, 294, 298, Pentonv, P., 48, 67, 96, 125
McConnell J . V., 57, 67 331 Perkins, R. B., 312, 327
McCord, J„ 224, 248 Mowrer, R. A., 146, 169, 223 Perloff, B., 19, 20, 35, 72, 89, 123, 134,
McCord, W., 224, 248 Mover, K. E., 214, 248, 249 136, 150, 167, 171, 344, 361, 365
McDavid, J. W., 17, 38 Mueller, M. R., 199, 209 Perloff, W. H., 308, 331
McDonald, F. J„ 48, 65, 84, 86, 118, 123 Murphv, J. V., 98, 124 Perry, H. M., 81, 125
McDonnell. G. J„ 312, 330 Murray, E. J., 46, 47, 67, 152, 171, 279, Persinger, G. W., 337, 371
EX

McDougaJI, W., 70, 123 294 Peters, A. D., 32, 39


McGown, D. R., 213, 248 Müssen, P. H.. 48, 67, 76, 122, 125 Peters, H. N., 145, 171
McGuire, R. J., 151, 170, 299, 302, 303, Myers, A. K., 130, 171 Peterson, R. F., 60, 66, 68, 72, 73, 118, 136,
306, 307, 311, 330 Myers, J. K., 32, 35 144, 167, 247, 325
McGuire, W. J., 81, 123, 353, 357. 365, Myers, J. M., 29, 35 Phitbrick, D. B., 336, 370
Phillips, E. L., 141, 160, 171
D

370, 371
McKeown, C. E., 320, 328 Piaget, J„ 70, 84, 125
McMains, M. J., 18, 19, 38, 105, 127 Nachrnias, J., 210, 246 Pinshoff, J. M., 198, 207
McMillan, D. E., 199. 207 Nanda, P. C., 354, 367 Piuman, D. J„ 314, 323, 331
IN

McNair, D. M., 32, 38 Narrai, H. G., 154, 171, 322, 331 Plager, E., 248
McNamara, H. J,, 213, 248 Nash, E. H., Jr., 29, 32, 36, 37 Platt, S. A., 211, 250
McNeil. E. B„ 57, 67 Neisser, U., 210, 246 Podnos, B., 320, 331
Mealiea, W. L., Jr., 238, 239, 249 Nelson, F., 282, 294 Polanskv, N„ 112, 115, 12T, 123, 125
Meehl, P. E., 8, 38, 132, 171 Nelson, K., 91, 123 Polin, Á. T„ 229, 236, 238, 249
Mccs, H., 14, 39, 193, 209, 307, 330 Nelson, S. E., 188, 207 Polish, E., 314, 327
Meisel, J., 91, 123 Newcomb, '1'. M., 598, 351, 357, 365, 370 Pollio, H. R., 53, 62, 68, 145
Melamed, B., 258, 266, 294 Newman, R. G., 31, 39 Poppen, R. L., 230, 238, 249, 254. 255,
Mello, N. K., 318, 330 Nigro, M. R., 199, 208 261, 294
Melvin, K. B., 262, 294 Nikelly, A. G., 303, 332 Porm, C. R., 112, 125
Mendelson, J. H., 314, 330 Nisbect. R. E., 288, 294 Porter, L. W., 23, 35
Menlove, F. L., 18, 35, 43, 65, 76, 78, 80, Noelpp, B„ 11, 38 Porter, R. W., 12, 39
82, 85, 97, 102, 103, 104, 105, 112, 1 13, Noelpp-Eschenhagen, I., 11, 38 Porterfield, L., 315, 327
118, 234, 244, 281, 290 Notterman, I. M., 214, 227, 228, 249, 253, Poser, E. G., 31, 38
Mensh, I. N., 29, 38 294 Postman, L., 334, 335, 336, 339, 368, 370
Merton, R. K., 2, 38 Nürnberger, J. 1., 51, 66, 150, 168, 344,, Powell, J., 181, 184, 208
Mestrallet, A., 318, 330 368 Powers, R. B., IM , 170
Metz, J. R., 74, 124 Nutrin, J. M., Jr., 357, 358, 370 Pratt, C. C.. 42, 67
378 ÍNDICE NOMINAL

Prati, S., 150, 173 100, 118, 160, 170, 224, 244, 269. 272, Sidman, M., 25, 39, 142, 172, 184, 206,
Preisler, L., 80, 128 294, 295 227, 249, 313, 331, 361, 37t
Premack, D., 131, 135, 171, 345, 370 Ross, D„ 17, 35, 48, 65, 79, 85, 112, 113, Siegel, G. M., 187, 208
Prince, A. I., 263, 295 119, 126, 353, 366 Silber, E., 31, 39
Proctor, S., 259, 282, 295 Ross, S. A., 17, 35, 48, 65, 79, 85, 112, 113,Silberman, H. F., 149, 172
Pullan, B. R„ 308, 326 119, 126, 353, 366 Silverman, I., 272, 292
Putzey, L. J., 95, 120 Rotenberg, 1. C., 181, 208 Simmel, E. C., 229, 244
Rubenstein, B. D., 134, 170 Simmons, J. J„ 134, 170
Q>uagliano, J-, 176, 208 Rubinstein, E. A., 32, 37, 39 Simmons, J. Q., 134, 170
^uinn, J. 1., 302, 317, 331 Ruck, F., 318, 331 Simon, A., 320, 326
Quist, R. W\, 187, 208 Ruckmick, C. A., 97, 120 Simon, R., 157, 168
Russo, S., 60, 68 Simon, S., 17, 38
Rabon, D., 154, 169 Singer, B. A., 281, 291
Rachman, S., 6, 39, 258, 260, 266, 272, Salzinger, K.., 151, 153, 172 Singer, J. E., 225, 249, 287, 295
277, 293, 295. 298, 302, 306, 307, 311, Salzinger, S., 153, 172 Skinner, B. F., 9, 13, 14, 16, 21, 36, 39, 47,
330, 33) Satnpen, S. E., 144, 173, 227, 251 68, 71, 113, 126, 141, 172, 212, 239,

PS
Raines, J., 257, 296 Sanders, D. H., 59, 66, 161 246, 250, 333, 361, 368, 371
Ramsay, R. W., 272, 295 Sanders, R., 157, 168 Skolnik, J. H., 315, 331
Ratliff, R. G., 340, 341, 370 Sanderson, R. E., 323, 326 Slack, C. W., 134, 172
Ratner, S. C., 213, 245 Sandler, J., 176, 208, 298, 302, 307, 329 Siamecka, N. J., 212, 250
Rau, L. C., 46, 68, 152, 173 Sargant, W., 242, 249 Slivka, R. M., 182, 207
Rausch, H. L., 25, 39 Sargent, W., 324, 331

U
Sloane, H. N„ Jr., 89, 126, 144, 173, 201,
Raush, H. L., 53, 66 Saslow, G., 32, 39 208, 227, 250, 251
Rawnsley, K., 272, 294 Sasmor, R. M., !;40, 371 Slobin, D. L, 87, 126
Ray, A. A., 265, 296 Sassenrath, I. M., 22, 39, 334, 335, 370, Shicki, H., 12, 39

O
Ray, R., 60, 67, 145, 171 371
Raymond, M. J., 302, 306, 312, 323, 331 Sauerbrunn, D., 184, 205 Sman, R. G., 313, 331
Saul, L. J., 233, 249 Smith, E. W. L., 263, 295
Razran, G. H. S., 12, 39, 342, 343, 354, 370
Smith, G. H., 354, 371

R
Reahl, J. E., 157, 168 Savoye, A. L., 188, 208
Reber, A., 178, 204 Schächter, J„ 225, 249, 287, 295 Snyder, C. R., 314, 315, 331, 332
Solomon, R. L., 23, 39, 77, 85, 119, 127,
Redl, F., 115, 125, 134, 171 Schächter, S., 113, 126, 150, 172, 225, 249,
175, 179, 180, 184, 186, 208, 211, 229,
Reed, G. F., 266, 292
Reed. J. L„ 86, 125, 272, 291
Rees, W. L., 129, 153
Reis, E. E. S., 287, 292
Renner, K. E., 136, 171
287, 288. 295
Schaefer, H. H., 172 G
Schaeffer, B„ 72, 89, 123, 134, 136, 170
Schanck, R. L., 350, 371
Schaul, L. T„ 118
250, 252, 253, 254. 255, 280, 295, 296
Solyom, L., 306, 308, 331
Speisman, J. C., 53, 68, 97, 122, 127
Spence, D. P., 349, 369, 371
KS
Rescorla, R. H„ 175, 208, 252, 254, 295 Schein, E. H., 74. 80, 126 Spence, K. W., 114, 120. 272, 296, 301,
Resnick, L. B., 148, 171 Scherrer, H., 369 332, 343, 371
Reynolds, D. J., 257, 266, 271, 275, 293 Schmidt, E., 306, 308, 311, 332 Spiegler, M. D., 105, 1^7
Reynolds, N. J., 45, 66, 145, 167 Schneideret. A., 286, 295 Spielberger, C. D., 333, 335, 336, 340, 371
Rheingold, H. L., 130, 171 •Schoenfeld, W. N„ 214, 227, 228, 249, 253, Spohn, H. E., 5, 39
Spradlin, J. E., 146, 169
O

Richard, H. C., 153, 172 294


Richier, C. P., 213, 331 Schofield, W., 32, 39 Staats, A. W., 133, 139, 144, 146, 147, 148,
Rickies, N. K... 29, 39 Schroeder, H. G., 312, 332 172, 354, 371
Rifkin, B. G., 272, 295 Schubot, E. D., 258, 261, 271, 295 Staats, C. K., 133, 172, 354, 371
BO

Rigler, D., 53, 66 Schutz, R. E., 133, 172 Stampfl, T. G., 236, 250
Rimland, B., 88, 125 Schwanz, A, N., 96, 126, 15U, 172 Stanley, W. C., 130, 171
Rimm, D. C., 109, 125 Schwanz, M. S., 153, 172 Stanton, A. H., 153, 173
Rioch, M. J., 31, 39 Schweid, E., 60, 66, 225, 247 Stassi, E. J„ 188, 208
Riopelle, A. J., 85, 120 Scobie, S. R., 371 Siein, M., 11, 38
Risley, T. R., 14, 39, 52, 60, 67, 88, 89, 125, Scou, P. M., 227, 249 Steinberg, F., 186, 204
164, 173, 193, 195, 201, 208, 209 Seager, C. P., 280, 295 Stephens, H. D., 313, 329
EX

Ritter, B. J., 10, 35, 43, 53, 60, 65, 97, 105, Sears. R. R., 138. 172, 198, 208, 223, 224, Stephens, L., 193. 201, 206
106, 107, 109, 110, 111, 118, 126,215, 246, 249 Stevenson, H. W., 130, 173, 263, 296
244, 267, 276, 275, 281, 290, 351, 355, Sedlacek, F., 304, 328 Stevenson, I., 271. 272, 276, 296, 310, 332
366 Seidel, R. J., 132, 172 Stiles, W. B., 224, 246
Robinson, L. H., 320, 331 Seltzer, A. L., 304, 328 Stingle, K. G., 71, 121
Roby, T. B., 129, 172 Sensibar, M. R., 313, 327 Stoke, S. M., 69, 127
D

Rocha c Silva, M. I., 147, 172 Seward, J. P., 21L, 213 Stollak, G. E., 311, 332
Rodgers, D. A., 313, 331 Shames, G. H., 187, 208 Stoller, R. J., 303, 332
Rogers, C. R., 30, 39, 47, 48, 53, 68. 360, Shanahan, W. M., 318, 331 Stolurow, L. M., 149, 173
IN

370 Shannon, D. T., 269, 294 Stone, A. R., 29, 32, 36, 37
Rogers, J. M., 138, 152, 172 Shaver, K., 99, 127 Stone, G. B., 157
Rokeach, M., 352, 370 Shaw, D., 60, 66, 145, 172 Storms, L. M., 186, 208
Rome, H., 233, 249 Shaw, I. A., 320 Stotland, E., 99, 127
Romney, A. K., 350, 370 Shaw, M. E., 95, 120 Strahley, D. F., 280, 296
Roos, P., 146, 172 Sheehan, J. G., 187, 188, 189, 208 Straughan, J., 145, 173
Rosekrans, M. A., 11, 126 Sheffield, F. D., 77, 81, 122, 123, 126, 129, Strel'chuk, I. V., 317, 332 *
Rosen, J. N., 53, 55, 68 172, 352, 369 Stuart. R. B., 51, 68, L51, 152, 173, 311,
Rosen, S.,t 115, 123 Shepard, M. C., 340, 371 322
Rosenbaum, M. E., 16, 59, 79, 113, 119 Shepard, R. N., 334, 371 Stùnkard, A. J., 150, 151, 173
120, 126 Sherman, A. R., 286, 295 Sturm, 1. E., 95, 127
Rosenberg, M. J., 351, 352, 355, 356, 357, Sherman, J. A., 71, 72, 73, 92, 118, 119, Sturmfels, G., 254, 291
358, 365, 370 126, 136, 153, 167, 172 Surridge. C. T., 212
Rosenblith, J. F., 79, 126 Sherrick, C. C., Jr., 187, 208 Sutherland, E. H., 312, 332
Rosenhan, D„ 19, 39, 113, 126 Shlien, J. M., 304, 328 Sweetland, A., 53, 66
Rosenthal, D„ 47, 48, 68, 96, 126 Shoben, E. J„ Jr., 43, 68, 279, 284, 295 Sylvester, J. D., 195, 207, 208
Rosenthal, R., 264, 295, 337, 371 Shoemaker, D. j., 187, 188, 205 Syme, L., 312, 332
Rosenthal. T. L., 12, 35, 55, 68, 80, 99, Shrovon, H. J., 242, 249 Szasz, T. S., I, 9, 10, 39
In d i c e n o m in a l 379

Tannenbaum, P. H„ 356, 357, 365, 370 Valins, S., 265, 296 Wike, E. L., 213, 249
Tarde, G., 70, 127 Vallance, M., 152, 171, 299, 302, 306, 311, Wik»er, A., 314
Tate, B. G., 193, 194, 209 330 Wilde, G. J. S., 311, 332
Taub, E., 76, 126 Van Riper, C., 188, 209 Williams, C., 217
Taylor, D. M., 32, 39 Van Toller, C„ 176, 206 Williams, C. D„ 60, 68, 218, 251
Taylor. J. A., 272, 296 Vandell, R. A., 81, 127 Williams, R. I., 152, 173
Teodoru, D., 76, 127 Vanderhoof, E., 323, 326 Wilson, F. S., 74, 92, 128
Terrace, H. S., 14, 39, 261, 296 Varenhorst, B. B., 113, 122 Wilson, H., 279
Terry, D., 3, 37 Verplanck, W. S., 333, 371 Wilson, W. C., 80
Terwilliger, J. S., 5, 39 Vika«-Kline, L. I., 337, 371 Wilson, W. J., 213, 251
Test, M. A., 113, 119 Vinogradov, N. V., 272, 296 Winder, C. L., 46. 47, 68, 152, 173
Tharp, R. G., 160, 170 Voegtlin, W. L., 301, 302, 315, 316, 317, Wineman, D., 134, 171
318, 319,-322, 329, 332 Winitz, H., 80, 128
Thibaut, J. W., 25, 39
Thimann, J., 318, 321, 332 Von Mering, O., 154, 169 Winkel, G. H., 60, 68
Thisdethwaite, D. L., 86, 121 Winokur, S., 252, 296
Wagner, A. R„ 212, 250, 313, 326 Winter, S. K., 150, 170

PS
Thomas, D. R., 248
Thomas, J., 138, 153, 169 Wagner, M. V., 335, 370 Wischner, G. J., 187, 188, 209
Wähler, R. G., 53, 60, 62, 68, 140, 145, 178 Wolf, M. M., 14, 36, 39. 45, 52, 60, 62, 66,
Thompson, G. N., 322, 332
Wall, A. M., 140, 170 67, 68, 88, 133, 134, 138, 139, 145, 146,
Thomson, L. E., 145, 170, 248
Wall, J. H., 315, 332 147, 154, 164, 169, 173, 193, 201,209,
Thoresen, C. E., 113, 122
Wallace, J. A., 318, 333 221, 223, 247
Thorndike, E. L., 85, 127, 333, 371

U
Thorne, G. L., 160, 170 Wallerstein, R. S., 42, 68, 321, 333 Wolfgang, M. E., 225, 251
Thorpe, J. G„ 297, 298, 302, 306, 308, 311, Wallers, R. H., 2, 8, 44, 45, 48, 60, 65, 68, Wolpe, J„ 6, 39, 43, 44, 68, 95, 107, 128,
326, 329, 332 69, 74, 76, 79, 80, 92, 112, 113, 119, 255, 256, 258, 263, 271, 272, 274, 277,

O
Thorpe, W H., 114, 127 122, J26, 127, 128, 139, 167, 178, 179, 278, 280, 281, 282, 284, 296, 299, 310,
181, 189, 204, 208, 209, 224, 227, 244, 332
Tighe, T. J., J99, 250 Wolpin, M., 257, 296
Tihon, J. R., 137, 145, 170 247, 250, 364, 366, 372
Walton, D., 11, 39, 192, 209, 220, 232, 233, Woodward, M., 305, 332

R
Timmons, E. O., 186, 209 Worell, J., 349, 372
240, 250, 272, 285, 296
Tinbergen, N., 114, 127 Worell, L., 349, 372
Warden, C. J., 85, 128
Tobias, S., 152, 173 Wortz, E. C., 215
Watson, J. A., 297
Tolman, C. W., 199, 209
Tooley, J. T., 150, 173
Tordella, C. L., 312, 332
Tosti, D. T., 49, 66
Trapold, M.’A., 252, 296
Watson, J. B.p 85, 128
Watson, L. S., Jr., 146
Weinberg, N.- H., 280, 296
Weinberg, S. K., 153
G Wright, B. A., 87
Wulff. J. J., 129
Wynne, L. C., 211, 229, 253, 280, 296
KS
W'einberger, N. M., 229, 250 Yablonsky, L., 4, 40, 225, 251, 323, 332
Trapp, E. P., 80, 122 Yanushevskii, I, K., 321, 332
Weiner, H„ 199, 209, 345, 372
Traxel, W„ 312, 330
Weingarten, E., 157, 168 Yarrow, M. R., 227
Truax, C. B„ 46, 47, 68, 96, 127, 152, 173
Weinstein, M. S., 100, 120 Yates, A. J., 26, 40, 240, 251
Tucker, 1. F., 79, 126
Weinstein, Wr. K., 337, 372 Young, A. G., 216, 251
Tulving, E., 81, 127
Weisman, R. G., 211, 245, 250 Young, B. G., 303, 307, 330
O

Ti*pper, W. E., 315, 316, 329


Weiss, R. L„ 337, 369, 372 Yum, K. S., 312, 313, 330
Turner, D. W., 101, 125, 317, 3)8, 330
Turner, J. A., 352, 365 Weiss, W. W., 352, 369
Turner, L. H., 23, 39, 76, 127, 179, 180, Werry, J. S., 240 Zarrow, M. X., 313, 331
BO

208, 224, 296 Wessen, A. F., 153, 173 Zaslove, M., 296
Turner, R. H., 369, 370 West, L. J., 361, 368 Zax, M., 30, 38, 386
Twining, W. E., 81, 127 Westley, W. A., 48, 66 Zeilberger, J., 144, 173, 227, 251
Whalen, C. K„ 18, 35.-86, 91, 119, 123 Zeisset, R. M., 272, 296
Tyler, D. W., 212, 215, 246, 250
Tyler, V. O., Jr., 201, 205, 209 Whalen, R. E., 129 Zerbolio, D. J., Jr., 211
Wheeler, L., 112, 128, 224, 250, 288 Zilboorg, C., 53, 68
White, G. M., 113 Zimmer, H., 32, 36
EX

Ullmann, L. P., 152, 173, 272, 294, 367, White, J. G„ 232, 250 Zimmerman, D. W., 134, 173
369, 372 Whitener, R. W„ 303, 332 Zimmerman, E. H., 145, 173
Ulrich, R. E„ 185, 207 W'hiting, J. W. M., 183, 186, 187, 209, 250 Zimmerman, J., 145, 173
Uno, T., 284, 292 . Whitlock, C., 134, 173 Zimmerman, J. A., 199, 209
Usdansky, B. C., 31, 39 Wickens, D. D., 214, 250, 343, 372 Zubin, J., 29, 40
D
IN
IN
D
EX
BO
O
KS
G
R
O
U
PS
índice Alfabético
ADIAMENTO da(o) gratificação, 140 siológicas aversivas, relaxamento, 261-262, 282, 283, 288

PS
reforço, e perda do controle compor- 314, 316 sociais, estímulos, 284-286, 288
ta m e m a l, 114-115, sob condições de auto-seleção, 314 resultante de déficits comportamentais,
136-137, 301 sociais, recompensas, 315-316 273
simbolicamente mediado, 136-137 “stress”, redução, 312, 314, 315, 316 teoria, central, 254
A gressão, a p re n d iz a g e m e d e se m ­ veja também Alcoolismo, periférica, 253-254
penho, distinção entre, sob condições aversivas, 313 transmitida pela modelação, 105

U
74-75, 223-225 Alcoolismo, aprendizagem, 314-316 veja também Emoção
culturais, influências, 224 auto-reforço e padrões, 20 Aprendizagem, disposições, 144
definição, 224

O
conseqüências, imediatas versus retar­ e desempenho, distinção, na(o), agres­
desinibição, 112 dadas, 312, 314 são, 74-75
deslocamento, 223 em animais, 316 autista, 87, 89-90
discriminação, treinamento, 8 fatores genéticos e endocrinológicos, instrumental, aprendizagem, 132-

R
e, catarse, 92, 225-226 313 133
excitação emocional, 225 sócio-culturais, 314-315 modelação da teoria, 74-76, 82-83
mecanismo de auto-eliciação, 225 favelas, 323 Asma, condicionamento, 11
meios de comunicação de massa, in­
fluência, 113
reação fisiológica, 225, 287
recíproca influência, processos, 26
315-316 G
mecanismos de, manutenção, 312-314,

modificações dos padrões de auto-


re fo rç a m e n to , 322,
estímulos, controle por meio, 11
tratamento pela dessensibilização, 258
Atenção, a aversivos, estímulos, 134-135
am plitude da, efeito do refo rça­
KS
estímulo, controle por meio, 77 325
extinção induzida, 216, 221-222 métodos de, aversão simbólica, 299, mento, 133
fisiológicos, estados, 221, 286-288 317 em, hiperagressivas, crianças, 134
frustração, 226 veja também Alcoólatra, com porta­ retardadas, 134
frustração-agressão, hipótese, 223 mento e procedimentos de apagamento, 138
inibição, 74-75, 111 padrões, parentais, 315 evocados, potenciais, 344
O

modificada por, aversão, contracondi- na observacional, aprendizagem , 76,


personalidade, correlatos, 312
cionamento, 311 teorias dinâmicas, 314 79-80, 84-85. 87,
diferencial, reforçam ento, 44, 60, sistemas sociais, abordagem ao trata­ 88-89. 91-92
neurofisiologia, 344
BO

145, 226 mento, 154, 323


extinção, 60-61, 217-218, 227 "stress”, induzido, 314, 315 no clássico, condicionamento, 344
modelação, 74-75, 92-93, 224, 227 tratamento por, aversivo, comracondi- pensamento, controle do, por meio,
reforçam ento de, com portam ento cionamento, 299-300, 345, 365
competitivo, 147-148 316-319 periférica versus central, 344
retirada, 44, 60-61, 201-227 desenvolvimento de comportamento reforçamento, 80, 88, 138
papel da(o)(s), influências de modela­ competitivo, 154, 322, Atitudes, mudanças das, acompanhando
ção, 74-75, 86, 111- 325 o contracondiciona­
EX

112, 185, 224,desse


226 nsitização, 272, 322 mento aversivo, 305-
treinamento prévio, 45 dissutfiram, 320-321 306
positivo, reforçamento, 3-4, 8, 25-26, Anorexia, crônica, 144-145 após o tratamento de dessensibiliza­
44, 145, 216, 218-219 Ansiedade, contracondicionamento, 252 ção, 107
reforçada por pistas de dor, 202, 224 dimensões do estímulo, intensidade como função da, credibilidade do
D

sexuais, diferenças, 75-76 d a(o)(s), c o m p o rta ­ comunicador, 54-55,


social,aprendizagem, teoria, 223-227 m ento aversivo, 270, 352
teoria dos impulsos, 225 277, 278 d isc rep â n cia da com unicação,
valor do»julgamentos, 2, 3
IN

reações sociais, 278-279 54-56, 352


verbal, 227 múltiplas, 279 ensaiadas refutações, 352-353
vicário, reforçamento, 74-75, 93-94, número dos elementos provocadores esforços gastos, 357
111-112, 224 de emoção, 289 externos, incendvos, 356, 358
Álcool, comparado com tranqüilizantes, simbólico-real, 278 grau de escolha, 357
312-313, 314 temporal, 278 incentivo, magnitude, 357-358
efeitos sobre a excitação emocional, excitação e autonômica, 253, 255 internação, 357-358
312-313 extinção, 107-108, 214, 228 medo do despertar, 54
comportamento de esquiva e fuga, vicária, 102-110, 107-108, 11(M11 organização das comunicações, 352
312-314 generalização, 182-183, 232-234, 241, prestígio, 54-55
farmacológicas, propriedades, 312 279 quantidade do comportamento dis­
reforçadoras, propriedades, 312, 314 hierarquias, 255 crepante, 357-359
Alcoólatra, comportamento, aditivo, 314, redução da, como reforçamento, 28, sujeito, característica, 352-353
315 178, 188-190 condicionamento, mecanismo, 354-
aprendizagem pela(o), modelação, 315 drogas, 285-286, 288 355
reforçamento, 314-315 por, comida, 254-255, 283, 288 consistência, teorias, 355-365
reforçado por, remoção de reações fi- positivas, imagens, 260, 284, 288 contingente versus não contingente,

381
382 Ín d ic e a l f a b é t ic o

re fo rç a m e n to , 357- comportamentos difíceis, 50 mento, 319


358 discriminações socialmente sanciona­ reforçamento parcial, 301
definida, 351 das, 50 estímulos correlacionados versus cor­
e, experiências de tarefas bem-suce­ restrições socialmente impostas, 50 relacionados com as
didas, 359-360 Auto-estimulação, mecanismo e, defla­ respostas, 2§7
modificação das respostas, 350-351 gração emocional, 99, limitações, 301, 308-310, 322
mudança do comportamento, 52, 215, 256, 265, 342 maciço versus distribuído, prática,
349-351, 356, 364 na(o), agressão, 225 324
paralelos, efeitos, hipótese, 349- condicionamento clássico, 117, 300, no tratamento da{o), alcoolismo, 299,
351, 356 324, 341-342 316-320
persuasivas, comunicações, 350, contracondicionam ento aversivo, comportamento aditivo, 311
353, 356 229, 306, 307, 311, fetichismo, 299, 309
processos de generalização das res­ 317, 344 homossexualidade, 299, 301-302
postas, 358 dessensibilização, 279; 344 jogo compulsivo, 302
reforçamento de apoio, 353, 365 extinção, 215 obesidade, 300, 311
efeitos das conseqüências vivenciais modelação, 77-79, 81-82 ruminações obsessivas, 299

PS
sobre, 359 Auto-instrução, sistemas de, assistidas travestismo, 297-298, 310, 324
incentivo, teoria, 357-358 pelo computador, 148 preditores da resposta, 307, 319, 321,
indução por meio de mudança, afe­ comparados com a instrução tradicio­ 324
tiva, 106, 341, 353* nal, 149 procedimento(s), de autocondiciona-
355, 365 e mudanças de atitudes, 149 mento, 299, 300, 311
comportamento, 52, 108, 355, 365 na aprendizagem simbólica, 148, 149

U
para produzir aversões generaliza­
crenças, 352-353 reforçamento, 149 das, 302
influência do reforçamento vicário, seqüência linear versus ramificação, resistência à mudança, 306
352-353, 354-355 149 simbólico, 299, 306, 307-308, 311,

O
por meio da(o), autopersuasão, 358 vantagens e limitações, 148 317, 344, 365
desempenho de papéis, 95 Auto-reforçamento, comparado com o transferência para a reatividade com-
inlluèncias de modelação, 52, 97, reforçamento externo, portamental, 305-306,

R
108-110, 354-355 19-20, 47 344
obediência forçada, 357-358 conflitante com o reforçam ento ex­ Aversões, drogas, produzidas, 297-298,
Autismo, características, 87-88 terno, 19-20 309, 316, 324
contracontrole, 88
tratamento por meio de, conseqüências
aversivas, 88, 192-193
extinção, 88, 221-222
definido, 17
G
de, atividades cognitivas, 345, 365
desempenho,padrões, 18-19

desenvolvido, pela modelação, 18-19


eletricamente induzidas, 298, 305, 316,
324
simbolicamente induzidas, 299, 324
veja também Aversivo, contracondicio­
KS
modelação, 88-89, 200-201 por meio do reforçamento diferen­ namento
reforçam ento diferencial, 90, 145, cial, 17-18
201 e, autoconceito, 18-19 CÃIBRA do escrivão, correlatos de per­
retirada do reforçamento, 200-201 auto-estima, 18-19, 42 sonalidades, 195
Auto-avalíação, 43, 48 conflitos entre a modelação e o refor­ estímulos eliriadores, 195
de, modelação, influências, 18-19 çamento, 18-19 tratamento, conseqüências da resposta,
O

reforçamento, influências, 17, 360 pistas conflitantes de modelação, 18 195-196


experiências de tarefas, 359-360 encoberto, 107, 3+4-345, 365 dessensibilização, 195
efeitos dos déficits comporlamen tais na(o), autocontrole, 19-20, 51, 107- extinção, 195
BO

sobre, 360 108, 151, 345 Catarse, desenvolvimento de, versus al­
veja também Autoconceito, Autopuniçáo, psicopatologia, 20-21, 322 ternativas construtivas,
Auto-reforçamento papel, da(o)(s), internaiização, 112 92-94
processos de comparação social, 18-19 hipóteses relativas, 92
Autoconceito, e déficits comportamen- por meio da, autonegação de recom­ instigadores, efeitos, 92, 225-226
tais, 52, 360 pensa, 18 Causais, processos, analisados em termos
mecanismo auto-reforçador, 18-19, 360 negativa,auto-avaliaçáo, 18, 112 de, estimulo, controle,
mudanças após o reforçamento, 52-53, veja também Auto-avaliação, Autocon­ 10-13, 34
EX

360 ceito, Autopunição resultado de controle, 14-21, 34 ^


Rogers, posição, 360 Aversivo, contracondicionamento, acom­ comparação das abordagens psicodi-
veja também Auto-reforçamento, Auto­ panhado de mudanças nâmicas e de aprendi­
punição, Auto-avalia- de atitudes, 305-306, zagem social, 5-8, 26,
ção 353 34
Autocontrole, da(e)(o), fumo, 150, 344
D

baseado em, aversiva, estimulação elé­ e, agentes hipotéticos de produção de


pensamentos, processos, 345 trica, 298-299, 305- respostas, 5-8
e adiantamento da recompensa, 16 306, 325 pseudo-explicações, 9, 315
influência da retroalimentação do re­
IN

farmacológicos nauseantes, 297- teoria dos traços, 8


forçamento, 150 299, 309, 316, 325 veja tam bém Clássico, condiciona­
obesidade, 150, 151 simbolicamente induzida, aversão, mento, Reforçamento,
obtido por meio de, acordos contra­ 299, 325 A uto-reforçam ento,
tuais, 150 cognitivas, influências, 300 Estímulo
alteração das condições de estimulo, comparados com o tratamento de dis- Clássico, condicionamento, associativa,
150 sulfiram, 320-321 teoria, 263, 300, 324,
auto-instrução, 22 concomitantes, mudanças, 302, 305- 343
auto-reforçamento, 19, 21, 34, 51, 62, 306 como, função da consciência de con­
151, 178, 300, 324, condicionados, estímulos, 298, 299, tingências de estímu­
344 301-302, 305, 307,316 los, 263, 341-344, 364
conseqüências antecipatórias, 23-25, controle de generalização, 301-302, mecanismo de mudança de atitu­
77, 312 317 des, 353-354
de manejo contingenciais, 51, 62, 344 diferencial, 307-308 da(e), excitação sexual, 303-304
modelação, 19-21, 111-112 definição, 297 mecanismo de autodeflagração,
Autodelinição, definição versus social, 5 e, disponibilidade de respostas alter­ 263, 300, 324, 342
Autodeterminação, e, causalidade, 50-51 n a tiv a s, 3 0 8-310, respostas autônom as, 11-13, 99-
processos de autocontrole, 51 324-325 100, 342
limitada por, auto-restrição, 49-50 número de ensaios de condiciona­ superior, ordem, 12, 354
ÍNDICE ALFABÉTICO 383

definição de respostas, 201 teoria da testagem de hipóteses, 333- situadonais, 360


definido, 11, 34 334 C ontracondicionam ento, com parado
e, com portam ento de esquiva, 23, Condicionada(o)(s), processos, dc rela­ com, extinção, 230-
252-253 xamento, 2 11 231, 254, 280
disfluências, 188 supressão, 101 encoberta, 257, 258-260
mudanças de atitudes, 353-354 Condicionamento clássico vicário, ate­ inundação, 230
procedimentos instrumentais dis­ nuado por meio de in­ pseudodessensibilização, 262
tinguidos, 13, 297 fluências cognitivas, e controle de estímulos aversivos, 258
influências cognitivas, 341-344 100-10 L influênda da(s), atividades competido­
interoceptivo, 12, 343 de respostas autonômicas, 13 ras, 254,256, 258-261,
masturbatório, 302, 307 definido, 96-97 283-286, 288
na terapia da dessensitização, 257, e supressão comportamental, 100-101 graduação de estímulos, 231, 254,
288 efeito da excitação emodonal, 100-101 260-262, 289
papel da atenção, 344 em animais, 99 papel das variáveis temporais, 262-263
por meio da estimulação direta do cé­ fontes de excitação emocional, 97 princípio, 252
rebro, 11 na terapia aversiva, 101 transferência dos efeitos de extinção,

PS
simbólico, 299, 306, 307, 311, 317, Consciência, de, contingência de, estímu­ 252, 266-267, 280
341 los, 342 veja também Dessensibilização
sob, curare, 23, 77, 180, 252, 254 reforçamento, 57, 141, 333, 337 Convulsões, 145
emparelhamenio mascarado de estímulos elidadores, 333, 337 Cooperativo' comportamento, desenvol­
estímulos, 342-343 regra, 22, 333-334 vimento por meio da

U
subliminal, 346 respostas correias, 333, 337-338 modelação simbólica,
teoria dos componentes duais, 263, definição, 336 92-93
288 e, condicionamento de respostas enco­ estabelecido por meio do reforça­

O
transferência para a reatividade com- bertas, 339, 364-365 mento positivo, 164
portamental, 252-253, déficits comportamentais, 341 Cortical, condicionamento, 11
254, 266-267 reforçadores observáveis, 129, 133, Culturais, dados, sobre o, alcoolismo, 314
variáveis temporais, 262-263, 300, 340, 365 comportamento sexual, 302-303

R
344 influência sobre, condicionamento clás­ reforçadores sexuais, 302-303
vicário, 12, 76. 97, 99-101, 117 sico, 262, 300, 324,
veja também Aversivo, contracondido- 341, 344, 364 DECISÓRIOS, processos, e seleção de
n a m e n to , V ic ário ,
condicionamento
Cognitivo, controle, como função das
condições de aquisi­
verbal, 335
extinção, 214-215, 242, 342
generalização, 342
medida, 334-336, 337-338
G objetivos de grupo,
63-64
na seleção de, agentes de tratamento,
59-63
KS
ção, 343 registro de estímulos versus reconheci­ conteúdo do tratamento, 55, 59-63
de<o), comportamento emocional, 21, mento de estímulos, métodos de tratamento, 58
222-223, 265, 346 344, 364-365 objetivos do tratam ento, 58-59,
condicionamento, clássico, 11-12, variáveis que afetam, 337 63-64
verbalmente induzidas, 334, 337, 339 seqüências, 59-60
262, 300, 325, 341-344
veja também Discernimento social e cultural, 62-63
O

verbal, 333, 336


Contágio, veja Efeitos desinibitórios, Mo­ Delirantes, idéias, declínio após a extin­
extinção, 212-215, 242, 342-343
inibições com portam entais, 300, delação social, Facilita- ção do c o m p o rta ­
324, 341-344 ção mento desviante, 219
BO

Contato, dessensibilização, 107-110 modelação, 3


fraco, 215, 243
veja também Imagens, Simbólica, re­ Contigüidade, teoria da, aprendizagem, reforçamento, 3
p resentação, Pensa­ 132-133, Depressivos, sentimentos, reduzidos por
mentos, processos estabelecimento de sistemas represen- meio do reforçamento
taaonais, 78 positivo, 145
Com portam entais, déficits, 3, 50, 60, modelação, 74-76, 77-83 resultantes do auto-reforça mento se­
87-88. 12«, 139, 273, papel do reforçamento, 74-76, 132- vero, 20
289 133 Desinibitórios, efeitos, da(o), álcool, 313
EX

características, 41, 42, 43, 51, 63-64, Contingêndas de reforçamento, adminis­ auto-recom pensa, 111-112
148-150 tração, 49, 135, 136, definida, 111-112
como guia de tratamento, estratégias, 137, 140. 165e modelo, características, 112-113
41, 42, 46, 64, 150 autoderrotantes, 156-157 respostas, conseqüências do mo­
e, discernimento, 53-56 auto-impostas, 18, 149-151, 344-355 delo, 112-113, 117
D

estados hipotéticos internos, 41-42, combinadas, 165-166 vicária, extinção, 17, 117
63-64 especificações verbais, 141-142, 335, influência do contraste de reforça­
eventos fenomenológicos, 51-53 337, 339. 342 mento sobre, 112-113
questões, empíricas, 58
IN

fantasiadas, 23-25 informativas, influências, 16


éticas, 47-49, 58-59, 62-64 individualistas, 164 na transgressão, com portam ento,
saúde mental, 57 interdependentes, 116, 164-165, 166 112-113
tomadas de decisões, 57-60, 63-64 mediação cognitiva, 136-137 sobre a agressão, 74-75, 111-112, 224
em, complexos,comportamentos, 43 mediada pelos companheiros, 145, 159, veja também Vicária, extinção
mudanças sociais e culturais, 62-64 160, 164 Dessensitização, aplicabilidade, 252,
fatores que impedem, 44-56 na(o)(s), contexto educacional, 154 272-273
impostos pelo terapeuta, 49, 59 facilidades psiquiátricas, 136, 153-154 atitudinais, efeitos, 52, 108, 341, 353,
intermediários, 43-44, 64 interações familiares, 145-146 354-355
objetivos, ambiguamente definidos, modificação do comportamento de­ atividades antagônicas, 254-255, 256-
41, 42, 51, 6 3 -64, lin q ü e n te , 63, 136, 262, 283-286
149-150 154 aumentada por tratamentos suplemen­
Conceitos de aprendizagem, associativas, mudança(s), de atitudes, pesquisa, tares, 108, 263, 267,
teorias, 22 »obre, 63-64 288
de atributos relevantes, 22, 86, 334 sócio-culturais, 115-116 autodirigida, 257-258, 265-266, 277,
e, controle por meio de estímulos abs­ nodvas, 301, 307, 344 281-283, 309
tratos, 22 orientadas para o grupo, 115, 153 com parada com, extinção, 230-231,
retro-alimentaçâo informativa, 333 papel, comportamento versus respostas 254-255, 258, 265
por meio da modelação, 85-87 individuais, 161 implosiva, terapia, 238-239
384 ÍNDICE ALFABÉTICO

inundação, 230-231 83-84 cionada, 182-183


modelação, 105-108 discriminação, aprendizagem, 13, influência de modelos, 79, 96-99,
pseudocomracondicionamemo, 257, 301-302 225, 287, 288
261-262 Discernimento, como, objetivo terapêu­ taxa de condicionamento, 100
componentes, análise, 256, 258 tico, 53 simbolicamente induzida, 99, 117,
contracondicionam ento, mecanismo, processo de conversão sodal, 47-48, 215, 256, 263, 265,
255-256, 262-263, 288 54-56, 64 345
de estímulos primários versus generali­ com parado com a dessensitização, vicária, 97-100, 117
zação, 233, 277-278 269-270 Empatia, 99-100
e, controle dos estímulos aversivos, 258 de estímulo, contingências, 342-343 Entrevista, tratamentos de, condiciona­
duração das exposições, 282, 289 definido, 53 m en to v e rb a l, 29,
processos cognitivos de rotulação, e, credibilidade dos terapeutas, 54-56 53-54
265-266 discrepância da interpretação, 55-56 contracondicionamento, 284
expectãncia, influência, 264-265, 319- emocional, 56 conversão social de processo, 54-56,
320 intelectual, 56 64

PS
fisiológico, lugar, 256 sobre, de reforçamento, contingências, experiência de amizade, 31-33
grupo, 269-270 335-341 extinção, 241-243
hierarquia, construção, 255, 278-279 veja também Consdência fatores, comuns nas escolas rivais, 28
identificação dos determ inantes do Disciplinares, intervenções, e reforça­ ■ de relação, 44-47, 284-285
comportamento emo­ mento inadvertido do gratificações naturais como substitu­
cional, 273-279 com portam ento des­ tos, 32-33, 45-46

U
influência da graduação de estímulos, viante, 200 influências de modelação, 33, 47,
230-231, 260-262, 289 na modelação negativa, 184 96-97
método de tratamento, 255 Discriminação, e, condicionamento clás­ objetivos, 42-43, 53-54

O
reforçamento, influência, 265, 267, 289 sico, 347 prediiores das respostas, 31-32
relações, influência, 257-258, 261-262 estímulos de contraste, 147 questões éticas, 33, 47-52, 56, 59, 64
resistência à mudança, 273, 289 flexibilidade comportamental, 183 redefinição de objetivos, 59
formação de conceitos, 334

R
simbólica, 255, 260, 273, 279-280, 281, reforçamento seletivo, 5, 7, 46, 47-48,
282, 288-289, 344, 365 gradientes de generalização, 182-183, 56, 152
transferência de estímulos simbólicos e 279, 302 seleção de cliente, 28, 54
emparelhamento com amostra, proce­
estímulos da vida real,
266-267,280, 281,289
tratamento de, ansiedades, académicas,
269
interpessoais, 272
livre de erro, 261 G
dimento, 146, 149

por meio de(o), reforçamento vicário,


16-17
taxas de abandono, 28-29
terapeutas experimentados e não ex­

Escolares,fobias, 145
perimentados compa­
rados, 31-32
KS
com portam ento fóbico, 107-108, rotulação verbal, 13, 302 Espreita, comportamento, 303
263-272, 280 sem consdência, 345-347 Esquemas de reforçamento, adiado, 16
exibicionisnio, 275 “stress” induzido pelo esgotamento, 182 aspectos aversivos, 15
fala, perturbações, 191-192, 272 Dissonânda, teoria da, extinção, 181 auto-impostos, 19-21, 149-150
fobia de falar em público, 258, 267- internalização, 180-182 combinados, 16
270 mudança de atitudes, 355-359 contínuos, -14
O

frigidez, 277-278, 310 Dissulfiram, comparado com o contra- diferencial, reforçamento de taxas bai­
hiperesiesia, 272 eondicionamento aver­ xas, 16
impotência, 269-271, 276, 285 sivo, 320-321 discríminabilidade, 15, 197, 210, 212-
BO

insônia, 272 tratamento do alcoolismo, 320-321 213, 215, 301


pacientes psicóticos, 272-273 Drogas, efeitos das, sobre a(o), condicio­ e, força de resposta, 14-16
perturbações psicossomáticas, II, namento, 286-298 inibição de respostas, 16, 197
258-259 dessensitização, 285-286 m anutenção do com portam ento,
usando estímulos físicos, 280-28 J, 289 extinção do medo, 240 14-16, 212-213, 217-
veja também Contracondicionamento transferência para estados não dro­ 218, 301
Desviante, comportamento, abordagem gados, 286 excitação seguida, 14-16
EX

da aprendizagem so­ influências cognitivas, 338-339


cial, 6-9, 26, 34 ELETROFISIOLÓGICAS, mudanças, intervalo, fixo, 15-16, 338
e, dicotomia normal-anormal, 2, 3, 4, condicionam ento, ex­ variável, 15, 139, 338
34 tinção, 232 preferência, 15
modelos de referência, 364 Emoção, cognitivos determinantes, 287- razão, progressiva, 135
julgamentos de valores, 2-5 288 variável, 15-16, 139
D

modelação, 3, 224 contracondicionamento, 252, 254-255 veja também Reforçamento, Auto-refor-


modelo de quase-doença, 1-2 estimulos, 215, 273-279 çamento
normativãmente sandonado, 2, 4 extinção, 102-111 Esquiva, comportamento de, autonomi-
IN

persistência, 26, 216 fisiologia, 225, 286-287, 289 cam ente controlado,
psicodinâmicas, abordagens, 1-2, 5-9, modelação, determinantes, 96-100, 225, 232-234, 253-254, 256
26 287-288 caráter auto-reforçador, 228, 243
reforçamento, 2, 3-6, 9, 14-16, 26, 44, pensamento, induzidas, 99, 116-117, efeitos do álcool sobre, 312-314
192, 216, 218-219 265 em animais simpaiectomizados, 253-
rotulação social, 2-5 rotulação, 287-288 254
veja também Psicopatologia situadonal, definição, 287 extinção, 101, 107, 210, 227-241
Diferencial, probabilidade, princípio da, teorias, 287 reforçado, pela redução do medo,
aplicação, 135, 345 vicária, deflagração, 12, 17, 97-100, 183, 227, 243
definição, 131-132 101-102, 117 por conseqüências positivas, 229-
e, propriedades relacionais do re­ veja também Ansiedade, Emocional, de­ 230
forçamento, 132 flagração seqüencial, condicionamento, 236-237
resolução da drcularidade, 132 Emodonal, deflagração, e, atenção, 344 sob controle cognidvo, 222-228
na seleção de reforçadores, 131, atitudes de mudança, 601, teoria do processo duplo, 23
135 condicionamento vicário, 12, 17, vicária, extinção, 101-111, 117
reforçamento, e disparidades entre 99-101 Esquizofrenia, tratamento, 91-92, 137-
sistemas de respostas, efeitos do álcool sobre, 312 138, 145, 156-158, 2
347 extinção vicária, 101-111 Estímulos, codificação, 74, 77-79, 81-82,
na, diferenciação das respostas, generalização da supressão condi- 333
ÍNDICE ALFABÉTICO 385

controle por meio de, complexo, 22 inibições sexuais, 232 dessensibilização, 191-192, 272
da(e)(o), asma, 11 neurodrfmaiiie, 221 modelação reforçada, 88-92
atitudes, 351 perturbações, obsessivo-compulsivas, procedimentos de extinção, 189
comportamento, agressivo, 13, 77 229-230, 232 Favelas, funções, 323
alimentar, 150 psicossomáticas, 221 normas sociais, 323
de esquiva, 227, 252 queixas hipocondríacas, 219-220 padrões de comportamento alcoólatra,
emocional, comportamento, 273- supressão condicionada, 221 323
279 tiques, 230-240 e, adiado, reforçamento, 116
Ética», questões, e seleção dos objetivos, verbalizações psicóticas, 218-220 doença, modelo de, do com porta­
48-49, 56, 58-59, 64 e, processos condicionados de relaxa­ mento desviante, 10
na(o)(s), m udança do c o m p o rta ­ mento, 211 inspecionais benefícios, 116
m en to , 47-51, 58, reforçamento positivo competidores, efeito do reforçamento vicário, 116,
138-141, 323-325 216, 217, 219, 221- 225
tratam e n to s de e n tre v ista, 33, 223, 243 na(o), com portam ento, abordagem
47-48, 64 tratamento implosivo, 238 orientada, 115

PS
Excessiva dependência, 145, 217-218 efeitos comportamentais concomitantes, crença, abordagem orientada, 115
Exibicionismo, determinantes, 275, 281 27-28, 218 necessidades de modelos apropriados,
tratado por, contracondicionamento fontes de reforçamento, 210, 211-212, 116
aversivo, 187 242 por meio do reforçamento de grupo,
desensitização, 275, 281 generalização, 102, 103, 232 116
Explosões de cólera, aversivo, controle grupo, 233 Fetichismo, estabelecido pelo condicio­

U
por meio, 60, 87, 201, influência da retroalim entação in­ namento masturbató-
217 formativa sobre, 213, rio, 306-307
extinção, 87, 217 234-235 tratam ento por, contracondiciona­

O
tratam ento peia retirada do reforça- interferência, teoria, 215 mento aversivo, 198,
menlo, 200-201 na(o){s), aberração, 241 299, 306, 309-310
Exünção, como, contracondicionamento, procedimento de entrevista, 232, respostas aversivas, conseqüências,

R
255 241-242 198
fenômeno de multiprocesso, 216 papel da{o)(s), discriminação, 233 Fóbico, comportamento, determinantes,
função da{o){s), condições de priva­ incentivos positivos, 234-236 6-7, 97
ções, 210
deflagração emocional, 343
discriminabilidade das condições de
re fo rç a m e n to , 197,
210, 212, 213, 215,
G
por meio da(e), evocação maciça de
resposta, 211, 239-241
exposição a ameaças graduadas
quanto á aversividade,
211, 230
extinção, 228-237
método implosivo, 238
modelação, 101-110, 267
reforçamento positivo, 109
tratamento por dessensibilização, 60,
KS
300-301 procedimento de modelação, 101- 107-109, 262-272
disponibilidade das respostas alter­ 110 Frigidez, determinantes, 277
nativas, 242-243 prolongada exposição a estímulos extinção, 232
distribuição da reatividade, 210, aversivos, 243 tratamento da dessensibilização, 277,
239-241 respostas de prevenção, 28, 211- 285, 310
esquemas prévios de reforçamento, 212, 228, 243 Frustração, como, adiamento do esforço,
O

15-16, 197, 212, 213, tarefas graduadas de desempenho, 226


216 232, 234, 241, 267, com lição de, deflagração emocional,
influências cognitivas, 197, 213-215, 277-281 225
BO

228, 243, 342-344


princípios, 210, 216, 242 impulsão, 225
mudança dos estímulos, 213, 230- reforçamento pardal, 14-16, 217, 301 definição, 226
231, 243, 254, 260
resistência, 16, 197 efeitos sobre o comportamento, 226
padrões de reforçamento prévios, sem desempenho, 101-103, 210, 213, papel da, na agressão, 225
15-16, 210-211, 212, 261 Frustração-agressão, hipótese, 223
215 simbólica, 237, 258
quantidade de esforço exigida pela sob curare, 101, 180, 211 GENERALIZAÇÃO, da(o)(s), efeitos de
EX

re sp o sta , 210, 216, substituição de resposta versus extinção castigo, 182-183. 348
240 do medo, 211, 229, extinção, 102-103, 108-109. 230, 233,
variabilidade na aquisição, 211, 236, 243 241,255, 266-267,283
212-213 vicária, 17, 101-111 e, consciência, 342
com parada com, contracondiciona­ treinamento de transferência, 145,
mento, 230-231, 236, 153, 191-192, 197. 23
D

254, 258 FALA, fobias da, extinção, 232, 234 treino de discriminação, 13
extinção graduada, 230-231 tratam ento pela dessensibilização, imitação, hipótese de discriminação.
inundação, 230, 236 258, 267-270 72-74
IN

da(e){o)(s), afastamento social, 94, 221 perturbações da, controle por meio, reforçam ento intrínseco, hipótese,
agressão, 61, 217, 218, 224 187 72-74
anorexia, 218-219 de, personalidade correlatos, 187 sob incentivo, controle, 73
ansiedade, 107, 213-214, 241 reforçamento mecânico, 188
de estímulos primários ou de gene­ e, discriminação de sons, 80 HIPÓTESE de substituição de sintomas,
ralização, 233 ocasião da punição, 189 e, alternativas de tra­
choro, 223 rotulação inadequada das disfluên­ tamento, 27-28
claustrofobias, 232 cias naturais, 187 modificação das condições causais,
combate a ansiedade, 233 ecolálicas, 91-92 26-28
com portam ento de esquiva, 101, efeitos da punição, contingente às natureza das hierarquias de resposta,
107-110,210,213, 227 respostas, 187 27
convulsões, 232 não contingente, 188 evidência contra, 52, 157, 193-195,
disfluências, 189 experimentalmente produzidas, 190 217-219, 223, 229,
disfunções motoras, 195-196 papel das influências de modelação, 269-270, 271, 275
ecologia, fala, 91 188 Homossexualismo, de sexos opostos, mo­
eletrencefalográficas. descargas, 232 recuperação das, sem tratamento, 189 delação, 303
espasmo do escritor, 195-196 “stress" induzidas, 187, 191 estabelecido por meio do condiciona­
explosões de cólera, 87, 217-218 trata m e n to por, conseqüências aversi­ mento masturbatório,
fobias escolares, 232, 234 vas, 190, 191 307
386 ÍNDICE a l f a b é t ic o

medida, 304 17, 100-101 uso da orientação de respostas, 90,


preditores de resposta ao condiciona­ informacionais, influências, 17 138
mento de esquiva, 1^8 obscurecidos pelo efeito de intensifi­
reforçamemo positivo, 302 cação das pistas de MANUTENÇÃO do com portam ento,
Humanismo e terapia comportamental, modelação, 111-112 obtido por meio de,
51, 64 revelados por procedimentos múlti­ ameaças de punição,
plos, y 11-112 181-182
IDENTIFICAÇÃO, comparada com a sobre a(o), agressão, 74-75, 111 auio-reforçamento, 19-21, 34, 301,
imitação, 69-70 auto-reforça mento, 111-112 344, 362
definição, 69-70 comportamento transgressivo, 112, conseqüências, antedpatórias, 22, 77,
distinção da aprendizagem -desem - 180-181 178, 179. 180, 202,
penho, 74-76 veja também Castigo vicário, reforça- 300, 312, 344
e modelo observador, sim ilaridade, mento intrínsecas sensoriais, 130, 140
99-100 Imernalização, como função da(o), lugar modelação social, 116
tia psicoterapia de entrevista, 96 da punição, 176-160 redução aversiva da estim ulação,
ver também Modelo, Modelação, Apren­ 23-24, 28, 304

PS
severidade da punição, 181-182
dizagem, observacio­ dissonância, teoria, 180-182 reforçamemo positivo, 33-34, 60-61,
nal e, apoio de estímulos externos, 178- 1 16, 129, 133-137,
Imagens, como guias para a reprodução 179, 361 301, 303-304, 308, 353
de respostas, 22, 77-78 diferencial, associação, 362-364 e, associativas, preferências, 364
condicionam ento, em ocional, 303, funções reforçadoras e discriminati­ mudanças em, quantidade de refor-

U
306-307 vas, 213 ç am en to , 139, 148,
sensorial, 78 ocasião da punição, 178-180 165-166, 223
definição, 78 medo versus culpa controlada, 362 Massa, meios de comunicação de, como

O
na(o)(s), aprendizagem observacional, papel da, discriminação de processos, e stím u lo s p a ra a
22, 77-78 180, 361 agressão, 74-75, 111-
associações emparelhadas, aprendiza­ intrínsecas, conseqüências sensoriais, 112
gem, 23 e mudanças de atitude, 352-353

R
139-140, 361, 365
aversivo, contracondicionam ento, respostas amecipatórias, conseqüên­ influência, 113'
299, 306, 311, 344, cias, 77, 180, 362. 365 Masturbatório, condicionamento, como
365 por meio da{o), estabelecimento das preditor dos resulta­
dessensilização simbólica, 279-281,
299,
redução do potencial de deflagração,
305-306, 307, 311
305, 344, 365 G
fu n ç õ es de a u to -
regulação, 344, 363
punição vicária, 111
teoria(s), central e periférica compara­
dos do tra ta m e n to ,
307
da excitação sexual, estímulos, feti-
chistas, 303, 306- 307
KS
reforçamemo, 307 das, 176-180 heterossexuais, 308
Implosivo, tratamento, comparado com a da retroalimentação afetiva, 178-180 homossexuais, estímulos, 307
inundação, 238 Intragrupo, replicação, efeitos dos estí­ no travestismo, 297
eficáda, 238 m ulos m odeladores Medida da mudança, análise de compo­
explicação, 237 sobre. 156 nente, nos métodos de
Impoténda, e, agressão, ansiedade, 276 Intra-subjetiva, replicação, aspecto pode­ elem entos múltiplos,
O

ansiedade sexual, 276-279 roso, 143 109-110


tratamento pelas dessensitizaçòes, 270- dificuldades interpretativas, 143 critérios, 29-30, 265-272, 317
271, 276 estabelecimento de relações funcio­ e, de, linha de base da variabilidade,
BO

Impulsão, definição, 129 nais, 144, 219, 2 2 1- 143, 146


diferenciação das respostas operacio­ 223, 235, 236 taxas de melhora, 30
nais, 131 limitações, 62-63 irtcontroladas, influências, 143
interpretação de incentivo, 132-135 Instrucional, controle, combinado com intra-subjetiva, replicação, 14, 143-
sensorial, 130-131 conseqüências de res­ 145, 221-223, 234-235
visceral, 129-130 postas, 141-142, 338- manutenção de resposta, 31, 102
veja também Motivação 339, 344 transferência de resposta, 31, 102-103
Incentivo, aprendizagem, 134-135, 140 melhora versus desempenho terminal
EX

comparado com o controle de refor-


contraste, 113, 144 çamento, 142, 338-339 da taxa, 270
e impulsão, 132-134 distinguido da modelação verbal, 84 no comportamento verbal, 29
magnitude, 359 plano de intergrupo, 105-108, 137,
nas mudanças de atitude, 356-368 145, 267-271
Inconsciente, como disparidade entre sis­ LEITURA, aquisição da, efeito dos in­ por, intragrupo, replicação, 154-157
D

tem as de respostas, centivos, 133-134 intra-subjetiva, replicação, 14, 143-


346-349 em, crianças, culturalmente privadas, 145, 219-221, 234
definição, 347 148 Modelação, adiada, 85
IN

e, condicionamento subliminal, 346 delinqüentes, 147-148 características, 48, 79-80, 85, 112-113
defesa perceptual, 57, 346 papel dos processos de discriminação, contiguidade, teoria, 77-83
discriminação sem consciência, 346- 146-149 de(o), com portam ento, delinqüente,
347 por meio de computadores assistidos 62-63
implicações terapêuticas, 349 por sfstemas, 149 eufórico, 287-288
teoria psicanalítica, 347-348 processos, assodativos, 90, 146 homoerótico, 303
Inibitórios, efeitos, da(e)(o), antecipató- Liberdade, e, determinismo, 50-51 inovativo, 85-86
rias, conseqüências, processos de influência recíproca, 25, transgressivo, 112-113
77, 178, 203, 312 26, 51 conceituai, comportamento, 85, 91
autopunição, 112 fatores que restringem, 50, 64 estilos de ensino, 86
castigo direto versus vicário, 111, na teoria da aprendizagem social, 50-51 estruturas sintáticas, 86-87, 90-91
180-181 Linguagem aprendizagem, em, adultos fluências, 188
definidos, 111 psicóticos, 91-92 jogos-padrões, 85, 91, 93
e, conseqüências de respostas ao mo­ crianças autistas, 82, 88-92, 200 julgamentos morais, 83-84, 86
delo, 17, 74-76, 100- retardados, 89 novas respostas, 85-86
101, 111-112, 116-117
da sintaxe, 90 padrões de, autodir^gido, 20, 363
modelo, características, 112-113 efeitos dos incentivos extrínsecos vida desviantes, 2
severidade da proibição, 112 sobre, 90 preferências de valores, 96, 354
vicário, condicionamento do medo. papel da modelação, 80, 86-92 respostas auto-avaliativas, 18-19
ÍNDICE ALFABÉTICO 387

de frustração, 85-86, 92-93 me n to, Au to-refor- ção, 363-364


emocionais, 96, 105 çamento veja também Modelação
estilísticas, 85 Novas, respostas, aquisição por meio da Particulares, eventos, e estimulação auto-
lingüísticas, 82, 86-87, 92, 200 modelação, 23, 69, 71, gerada, 99, 215, 225,
sexuais, 302-304 74, 86 258, 265, 299, 310,
social, reatividade, 91, 94-95 e sucessiva aproximação, 83-84 311, 344
variações fonéticas, 85-86 na au to-regulação do c o m p o rta ­
e, adiantamento da gratificação, 77-83 OBESIDADE, controle pA- meio de ex­ mento, 77-78, 81-82,
características do observador, 74-76, ternos,*150-151 344-346
79-80 procedimentos de autocontrole, 150- Pedófilo, tratamento de um, métodos de
deflagração emocional, 79-80 151 aversão simbólica, 306
disponibilidade de respostas, 82-83 tratamento de contracondicionamento treino de afirmação, 276
identificação, 69-70, 96 inversivo, 30Ü Pensamento, processos de, condiciona­
nutrimenlo, 76-77, 79-80, 81 Observacional, aprendizagem , afetiva m ento das emoções,
resistência ao desvio, 112 teoria da retroalimen­ 21-22, 279, 307, 310-
similaridade do modelo e observador, tação, 76-78 31 l

PS
99 associativa, interferência, 81-82 controlados por, auto-reforçamenlo,
efeitos da{o), ambigüidade, 16 como, condicionamento clássico, 7U, 22, 345
atiiudinais, 53, 95-96, 108-110, 350- 76-78 mudança de aietição, 345
351, 354-355 discriminação de aprendizagem, reforçamento externo, 334
reforçamento, 75*77 71-72 e redes associativas, 22, 345, 354

U
em animais, 84-86 comparada com a aprendizagem por instrutivos. 311, 345
generalizada, 48, 71-74 ensaio e erro, 83-84 redução do potencial deflagrador,
graduada, 43, 82-83, 88-91, 93, 95, 105, dc regras comportamentais, 86-87 305-306, 307. 311

O
137-138 doutrina do intestino, 70 veja também Cognitivo, controle, Ima­
transexual, 303 e, discriminabilidade dos estímulos de gens, Simbólica, re ­
na(o)(s), terapia de, grupo, 96-97 modelação, 80, 86-87 presentação
integridade, 95-96 integração de respostas, 78-79, 82 Periféricas, teorias centralistas, da apren­

R
papel fixo, 94-95 efeito, de, atenção, processos, 76, dizagem, instrum en­
tratamento da, agressão, 44 78-80, 81, 84-85, 92 tal, 132-133
autismo, 88-92 codificação verbal, 74, 77-79, 116, observacional, 71-83
comportamento anti-social, 363
entrevista, 33, 47, 48, 95-97
esquizofrenia, 91-92
problemas interpessoais, 92-96
118
G
deficiência sensorimotoras, 82-83,
85-86, 88-89
encoberto, ensaio, 80-81, 85-86
efeitos da punição, 178, 179-180,
202-203
extinção, 77, 212-215
Perturbações complexas do comporta­
KS
ordem superior, 85-86 ensaio, manifesto, 80-81 m en to , an álise tios
papel da, na mudança sócio-cultural, observador, características, 74-76, componentes, 43-44,
115-116 79-80. 85 51-52, 64
veja também Modelos, Observacional, processos organizacionais, 74, 81-82 como múltiplos problemas, 31-32
aprendizagem, Social, sobre codificação imaginária, 74, Positivo, reforçam ento, veja Reforça­
facilitação, Simbólica 77-78, 116-117 m ento, padrões de,
O

Modelos, comportamentais, estímulos de em animais, 84-86 Au to- reforçamento


modelação, 84, 141 emparelhado dependente, 71-72 Psicopatológica(o)(s), concepções, 1-2
efeitos da exposição a, inibitórios e de- papel do(s), reforçam ento, 74-77, fenômenos e explicações psicodinâmi-
BO

sinibitórios, 69, 70, 79-80, 82, 116-117 cas, 6-9, 26, 34


111-113, 117 sistemas representacionaís, 69, julgamentos de valor, 2-5, 34
resposta de facilitação, 69, 70, 1 13- 77-79, 82, 85 teoria da ansiedade, 253-254, 255-256
115, 117 reforçamento intrínseco, controle por veja também Desviante, comportamento
estímulos de modelação verbais, 84-85, meio de sobre, 71-74, Psicóticas, verbalizações, 144, 218
87 76-78 Punição, a longo prazo, efeitos, 185-186
influência das características, 76-80, 85, sem reforçamento, 69, 74, 76 auto-aplicada, 18, 176, 190
112 teorias, da(o)(s), associativas, 70 combinada com. de discriminação, pro­
EX

múltiplos, 80, 86, 102-104 comigüidade mediacional, 77-83, cessos, 182, 202
pictóricos, comportamentais compara­ 117 estímulos, controle por meio de, pro­
dos, 104-105 reforçamento, 70-76 cedimentos, 186
modelação de estímulos, 75-76, 104- veja também Modelação, Vicário, con­ extinção, 185, 193, 200
105 dicionamento clássico imediata recompensa seguida pela
D

simbólicos, 74-75, 92-94, 103, 104-105 Obsessivo-compulsivo, comportamento, punição, 179


verbais e comportamentais compara­ 232 modelação, 184, 186
dos, 84-85 reforçamemo positivo de respostas
IN

Motivação, teoria da(o), impulsos, 129- PADRÕES de reforçamento, com o com­ com petidoras, 174-
130 portamento de mode­ 175, 186, 193, 198.
incentivo, 133-135 los, conflitantes, 184- 200, 203
intensidade do estímulo, 129-130 185 comparação de contingente da resposta
veja também Impulsão e de discriminação de treinamento, 8 e contingente do estí­
Mudança, agentes, 62, 105-108, 149-151, punição-não recompensa, seqüência, mulo, 177
282 112-113 definição, 175
reforçamemo, 60, 61-62 recompensa, punição, seqüência, 112- direta e vicária comparada, 112, 180
seleção, 60-62 113 discriminação, propriedade, 176
social, resistência, devida ao reforça­ seqüência de, recompensa-não recom­ e, disponibilidade de respostas alterna­
m em o in ad eq u ad o , pensa, 112-113 tivas. 175, 185, 199,
115-116 veja também Esquema de reforçamento 202-203
e conflitantes,sistemas de crença, 115, Papéis, desempenho, atitudinais, conse­ esquiva de, aprendizagem, 175
116 qüências, 95-96 agentes de punição de situações,
por interesses imbuídos, 115-116 como terapêutica técnica, 93-94 184-185. 199
de conflitos versus alternativas cons­ efeitos concomitantes comportamen­
NEGATIVO, reforçamemo, veja Puni­ trutivas, 92-94, 95-97 tais positivos, 184, 201
ção, R eforçam ento, na terapia de papel fixo, 94-95 generalização dos efeitos inibitórios,
Padrões de reforça- para instilar funções de auto-regula- 182-183, 195
388 ÍNDICE ALFABÉTICO

inflexibilidade com p o rtam en tal, por meio do controle aversivo, 25, intrínseco, 135, 166
182-183, 185 26-27, 60, 216 lei, empírica, 132
inibição da resposta, 175, 182-183 Reforçador(a)(e)(s), atividades, preferi­ magnitude, 359
medo, condicionamento, 183, 185, das, 131-132, 135, 345 monetário, 322
199, 202 atuais versus imaginados, 345 mudanças na quantidade, 139, 359
efeitos sobre o comportamento conco- auto-ad mi mstrados, 17-21, 150-151, na, aquisição, da leitura, 133, 146-147
mitantemente recom­ 190-192, 300-301 modelação, 74-76, 80-81, 82
pensado, 175, 181, condicionamento de, cultural, 302 não contingente, 19, 44-46, 89, 136,
184 de estímulos de mudança, 130 139-156, 164,357, 360
eficiência, 174, 198, 201 desenvolvimento por meio da(s), esti­ parcial, 139, 147, 197, 300
indesejáveis, efeitos colaterais, 182-185, mulação aversiva, 134 por, meio da fístula, alimentação, 129-
187 experiências recompensadoras, 134- 130. 132
informativo, valor, 16-17, 117, 175, 186 135. 140, 176 pistas de, dor, 201-202
intensidade, 175, 181, 185 efeitos das condições de privação sobre, probabilidade da, resposta, princípio,
intermitente, 175, 197 130, 134 131-132, 135
localização do controle aversivo, em es­ farmacológicos, 312, 314 redução do, esdmulo, teoria, 129-130

PS
tím ulos am bientais, fichas, 135, 140, 154-158, 162-164 regras, afirmações, 334
176-178, 202-203 função, informativa, 16-17, 132-133, resolução, circularidade, 132
no(s), centrais, processos, 178-180, 339-340 resposta contingente versus contingente
202 generalizados, 135 do tempo, 72-73, 89,
punido, comportamento, 177-178, incentivo, função, 132-135 136
346 monetária versus retroalimentação da sensória], 130, 132

U
modelação negativa, 184 exatidão, 140 social, 14, 45, 134-135, 140, 144-146,
muhiprocesso, explicação, 176-177 não observáveis, 129-130, 133, 340 159, 166, 200, 2
não contingente, 198-199 negativos, 174 simbolizado versus atual, 338-339, 344

O
no tratam ento da(e), agressão, 61, pistas de, de dor, 224-225, 302 tangível versus social, 134, 140
201-202 primários, 132, 138-139 teoria do, fortalecimento associativo,
auto-injúria, comportamentos, 192- relacionados com o nível de desenvol­ 131-132, 165, 333-

R
195, 200 vimento, 138, 140 334, 335
comportamento sexual, 197-198 sensoriais, 130-131 vicária, 16-17, 74-76, 93, 96, 100-101,
disfunções motoras, 195-197 simbólicos, 87, 134, 137, 139, 140-141, 111-113, 116, 117,
fetichismo, 198
perturbações da fala, 189, 190-192
tiques, 196
ocasião, 175, 178-180, 183
G
149, 159, 166, 234-235
sociais, 14-15, 44-45, 133-135, 140,
144-146, 158, 166,
200-201
tangíveis versus sociais, 133-134, 140
180-181, 304
w ja também Contingências de reforça­
mento, Punição, Re­
forçadores, Padrões
de reforçamento, Es­
KS
pela, apresentação de estímulos, 174,
183, 202 transi tu acionais, 132 quem as de re fo rç a ­
reforçamento retirado, 174, 183, 184, Reforçamento, adiado, 116, 136, 156, mento, Auto-reforça-
189-202 301 memo, 16-17, 74-76,
por meio da(e), anteápatória represen­ adventício, 238-239 93, 96, 100-101, 111-
tação de conseqüên­ arbitrário, 140, 359 113, 116, 117, 180-
O

cias de respostas, 178, auto-reforçamento, 18-21, 140, 151, 181, 304


179, 202 299-300,311,324,345 Regras de aprendizagem, de conceitos
auto-avaliações negativas, 18, 112 central, 131-132 formação, 22
com a modelação combinada, 88-89 por meio da(o), diferencial reforça­
BO

provocação, 196
resposta contingente versus ameaças combinado com instruções, 141, 338, m en to , 22, 24, 90,
verbais, 181-182 344 333-334
companheiros, 139, 145, 160 modelação, 86
retirada do reforçamento, comparada da(e){o){s), afastamento social, 14, 139, veja também Conceitos de aprendizagem
com a apresentação de 144 Representacionais, sistemas, característi­
estím ulos aversivos, agressão, 4, 8, 44, 145, 217, 224-225 cas, 22-23
183, 184, 199
autonômicas, respostas, 14 condicionamento, 77-78
EX

sob curare, 175, 180 com portam ento, competidor, 174- função de orientação do d esem ­
vicário, 69, 74-76, 96, 100-101, 111, 175, 186 penho, 22-23, 25, 69,
117, 176 cooperativo, 140, 164 77-78, 82, 333
condições psicológicas, 220 imaginários, 22, 77-78
QUASE-DOENÇA, modelo da, do compor­ desempenho, acadêmico, 137-138 na aprendizagem de observação,
tamento desviante, 1 esquiva, 229-230 77-78, 81-82, 85-86
D

conseqüências adversas, 9-10 imitativo, 74-75, 83, 88, 116 verbais, 22, 77-78, 333
social, 14, 137, 146 Representação simbólica, condiciona­
REAÇÕES de frustração, agressivas, 226 verbal, 90, 151-153 mento emocional, 21,
IN

aquisição em circunstâncias não frus- disfluências, 188, 211 279, 303, 306-307
tradoras, 223 e mudança, atitudes, 211 da(e)(o){s), ameaças, 263, 279-280, 284,
modeladoras, influências, 74-75, 86, habilidades, de automanejo, 146 342, 344
111-113, 184,224, 226 na aprendizagem , da linguagem , estímulos modelares, 69, 74, 77-78,
não agressivas, 92-93, 226 85-86, 90 81-82, 85-86
transferência, 223 psicótico, comportamento, 3, 144 recompensadores, atividades, e obje­
treino direto, 224, 226 queixas, hipocondríacas, 219-220 tos, 299, 302, 306-307,
Reciproca, influência, ambiente como va­ respostas, aproximação, 109, 145, 234 311, 344
riável dependente, 25 concomitantes, 80, 89 respostas, conseqüências, 77, 99, 178,
do comportamento e suas condições verbalizações, psicóticas, 218-219 179, 180, 202, 300,
controladoras, 24-26, e, autoconceito, 18, 360 312, 344-345
34, 60, 61, 201, 203, condições, de privação, 134 veja também. Cognitivo, controle, Repre­
301, 321-322 influência de variáveis sociais, 263 se n taci onais, sistemas
e autodeterminação, 26, 51 em tratamentos, de entrevista, 5, 7, 47 Repressão, como inibição do pensamento,
na(o)(s), agressão, 25-28 função do, informativo, 16-17, 133, 347
comporta mento social, 25-26 333, 339-340 de, aprendizagem e psicodinâmicas
interações pais/crianças, 26-27, 60 grupo, 164-165 com parada à teoria,
nociva, 25-27 intravenoso, 129-130, 132, 340 347-348
ÍNDICE ALFABÉTICO 389

mecanismo de aprendizagem, 310, c io n a m c n io , 299, tratamento pelo desenvolvimento de


348 304-307, 324 fu n ç õ es de a u to -
Resistência ao desvio, direto e vicário, treino de afirmação, 276-278 regulação, 362-364
castigo c o m p arad o , dessensibilização, 275 facilitação, análise da aprendizagem,
111-112, 180 diferencial, reforçamento, 197-198 114-115
e, autopunição, 112, 362 extinção, 232 dotados por prestígios, modelos, 79,
condicionamento clássico das respos­ por meio do condicionamento mas- 115
tas emocionais, 178 turbatório, 303-304 e, comportamento mimético, 114-115
conseqüências, am ecipatórias, 77, variações culturais, 302 efeitos de identificação de estímu­
178, 179, 362 v eja tam bém Exibicionism o, Feti- los, 114
de respostas para o modelo, 74-75, chismo, Frigidez, Ho­ funções discriminativas das pistas
100-101, 111-113, mossexualismo, Impo­ de m o d ela çã o , 79,
117, 180 tência, Pedofilia, Tra- 113-114, 117
ocasião da punição, 178 vestismo influenciado por, características do
influência do castigo, 178 excitação, condicionada peta masturba­ observador, 79-80
modelos de influência, 112 ção, 297, 306 condngências de reforçamento, 114

PS
veja também Inibitórios, efeitos, Vkária, de superior, ordem de condiciona­ modelo dos atributos, 79, 114, 117
punição mento, 303 por meio de reforçamento seletivo,
Retenção, dos estímulos de modelação, medida, 305, 308 113-114
74, 78-79, 80-82, 85 redução por meio do contracondicio- normas, no comportamento desviante,
efeito da(o)(s), operações de codifica­ n a m e n to a v ersiv o , 2, 4
ção, 77-78, 80-82, 85 305-306, 311 transmissão, 363

U
processos organizacionais, 81-82 variações transculturais, 302 reforçam ento, 14-15, 45, 133-135,
e, ensaio encoberto, 81-82 Simbólica, modelação, auto-aplicada, 105 144-146, 165, 200-
manifesto, ensaio, 81-82 com parada com, dessensibilização, 201, 218

O
papel do reforçamento, 82-83 107-109 subsistemas, como uma, facilidade tran-
Retirada do reforçamento, como proce­ modelação participante, 107-109 sicional, 157-158
dimento de punição, viva, modelação, 104 subcom unidade semi-autônoma,

R
174, 198-202 e de massa, meios de comunicação de, 162
comparado com os estímulos aversivos efeitos, 74-75 comparados com o tratamento insti­
como punidores, 183, efeitos atítudinais, 108-109, 354-355 tucional, 161-162
184,
fatores que determinam eficácia, 198,
202
no controle do comportamento, agres­
sivo, 60-61, 201-202
199-200, 203

105-110
deflagração do medo, 110-111
G
extinção da{o), comportamento de
e sq u iv a, 103-104,

no tratamento de, afastamento social,


papéis comportamentais, 161
teoria da aprendizagem , agressão,
223-227
da(o){s), alcoolismo, 314-316
autoconceitos, 359-360
KS
autolesivo, 192-195, 200 94-95 condicionamento, clássico, 341-342
propriedade da, aversivo, 199, 313 agressão, 92-93 vicário, 96
veja também Punição perturbações fóbicas, 104-110 desvios sexuais, 302-304
veja também Modelação, Observacio­ e, o inconsciente, 344-349
SÁDICAS, fantasias, como estímulos para nal, aprendizagem repressão, 347-348
O

o comportamento se­ Simulada, sistemas de economias, aplica­ Somáticas, perturbações, condiciona­


xual, 308 dos a, alcoólatras, 154, mento, 11
redução por meio do condiciona­ 322 extinção, 221
mento aversivo, 307- alunos com rendim ento escolar reforçamento, 22 l
BO

308 baixo, 154, 163-164 tratamento pela dessensitização, 258,


Sem ensaios, aprendizagem, 23, 69, 71, crianças retardadas, 154 272
74, 77-78 de perturbações de caráter, 154 Subliminal, estimulação, efeitos, cogniti­
Sensório, precondicionamento, 12, 132 delinqüentes adolescentes, 154, vos, 349
reforçamento, de deprivação, condi­ 160, 162-164 comportamentais, 346-347
ções, 130 características, 154-155 estimulação comparada com a supra­
definido, 130 progressiva mudança com a melhora liminal, 57, 349
EX

e aversiva,estimulação, 130 c o m p o n a m e n ta l, problemas metodológicos, 346, 349


Sexual(is), comportamento, discrimina­ 160-161 Superior, ordem, condicionamento, 12,
ção, treino, 303 replicativo controle por meio, 154- 352-353, 354
hormonal, controle, 308 156
reforçamento positivo, 303 Sintomas, como comportamento, contro­
lado por reforçamento %'ALÂMICA, estimulação, e comporta­
transculturais, comparações, 302
D

mento agressivo, 226


desvio(s), de, manutenção do meca­ inusitado, 297
nismo, 27, 297, 303, norm ativam ente sancionado, 2 Tiques, caráter auto-reforçador, 239, 274
307 e, mudanças radicais nas contingências e reforçamento adventício, 239
IN

um sexo para outro, modelação, de reforçamento, 2 efeito do autocontrole, 196, 240


303 padrões de competência, 3 “stress” induzido, 239
e, estabelecimento de comportamento propriedades aversivas do compor­ teoria da ansiedade, 239
h eterossexual, 308- tamento, 2 tratamento por, conseqüências aversi­
310 julgamento de valor na rotulação, 2-5 vas, 196-197, 239
estímulos determ inantes, 275-277, refletindo contingências estranhas de extinção, 239-240
302 aprendizagem, 2-6 Traços, teoria dos, e especificidade com­
experimentalmente criados, 303, 306 veja também Desviante, comportamento, por ta men tal, 8
fatores hormonais, 308 Psico patologia eficiência da preditiva, 8
induzidos pela fantasia, 302, 306-307 Social(ais), afastamento, extinção, 222 pressupostos, 8
influências de modelação, 303-304 tratamento pelo reforçamento dife­ Travestisino, reforçado por, aprovação
modelação indireta, 303-304 rencial, 14, 140, 144 social, 303
papel do condicionamento erótico, comportamento, e diferencial, 362, 364 gratificação sexual, 297
303 individual versus tratam e n to de “stress” redução, 304
reforçados por meio da redução de grupo, 62-63 tratamento por meio do contracondi-
tensão, 304 influências de, reforçamento, 4 cionamemo aversivo,
reforçamentos padrões, 302 padrões, e auto-reforça mento, 20-21 2 9 7 -2 9 8 , 3 0 5-306,
tratados por, aversivo contracondi- papel da modelação, 224 309-310
390 In d i c e a l f a b é t ic o

VALOR(ES), julgamentos de, e, defini­ variáveis que afetam, 151-152, 340 reta, 111, 180
ção, da agressão, 3 Vicária, deflagração, 97-98 da agressão, 74-75, 92-93
psicopatologia, 2-5, 34 efeito da(s), conseqüências empare­ c de adtudes de mudança, 353
questões empíricas distinguidas, 58 lhadas, 98-99 efeito sobre o com portam ento de
na seleção de objetivos, 47-57, 58-59, deprivação social, 98 emparelhamento, 69
60-64 similaridade percebida, 99-100 reforçamento, de(o), comportamento,
saúde mental positiva, 57 generalização do estímulo, 98 agressivo, 74-75, 93,
preferências de, adquiridas por mode­ mediada por meio da auto-estimula- 111-112, 361
lação, 96 ção, 99, 117 desempenho, 18
alteradas por meio de reforçamento por meio de pistas afedvas de mode­ transgressivo, com portam ento,
seletivo, 359-360 lação, 12, 17, 97-99, 111-113, 180
e conseqüências de respostas para o 102, 116-117 definição, 16
mode!o, 353, 354 extinção, atitudinais, acompanhados, e resistência ao desvio, 100-101, 111-
Verbal, condicionamento, como, função 108 112
da consciência, 57, 152 de, ansiedades sociais, 94-95 efeito das variáveis sociais, 16-17
e parcialmente correlacionadas à hi­ fobias, 43, 102 explicado em termos de, condiciona­

PS
pótese, 335, 337, 339 definição, 101 m e n to e m o c io n al,
hipótese, tesiagem de, teoria, 152, e graduação dos estímulos modelado­ 17-18, 117
333 res, 101-102 incentivo, funções, 17
não-mediacional, teoria, 152, 133, efeito das, atividades de neutralização informativas, funções, 17-18, 117
364 da a n sied a d e, 102, na, mudança sócio-cultural, 115-116

U
nas entrevistas de terapia, 5, 46, 47, 105, 108-109, 110 promoção de mudanças de atitudes,
54, 56 generalização, 103, 108-109 352, 354
papel dos incentivos, 333, 340 inform acionais, influências, 109-110 papel dos processos de comparação
múltipla versus modelação simples,

O
teoria, cognitiva, 333, 364 sociais, 17
da interação recíproca, 333-334, 103-105 processos de avaliação social, 17, 117
340, 364 teoria do processo duplo, 101, 110- variáveis que afetam, 16
transferência para o comportamento 111, 117 veja também Vicária, punição

R
social, 152 punição, comparada com a punição di­

G
KS
O
BO
EX
D
IN
PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN

Fotollto — Impressão — Encadernação


SEDEGRA
Rio de Janeiro — Brasil
PS
U
O
R
G
KS
O
BO
EX
D
IN

ISBN 8 v ? l l l - 0 ( ) 7 b 9

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