Você está na página 1de 15

Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Prezados professores,

Esta pequena apostila pode ser usada como um manual conciso do livro “Muito
Prazer – Fale o português do Brasil”. Tentamos pensar em questões mais gerais, como:
tipos de aluno e de grupos especialmente para atividades orais, e não apenas para a
seção „panorama‟, como aparecerá aqui. O fato de essa genralidade aparecer nessa seção
tem apenas motivos didáticos.
Além disso, as sugestões aqui apresentadas procuram contemplar a integração
entre professor e aprendizes, assim como entre os aprendizes. No entanto, gostaríamos
de lembrar que a verdadeira integração entre professor e aprendizes, como também
entre os aprendizes, deve se dar primeiramente pela negociação entre as partes, sempre
com base em uma relação de mútuo respeito. E, para que isso ocorra, tanto professor
quanto aprendizes devem responsabilizar-se pelo aprendizado. Também é importante
que o professor tente conhecer os limites linguísticos de seus alunos para ajudá-los, mas
não se esqueça de que eles também têm parte ativa nessa relação, pois uma relação só
pode existir com ambas as partes envolvidas.
Assim, esperamos poder contribuir para que você professor encontre no livro
“Muito prazer – fale o português do Brasil” atividades instigantes e ricas em conteúdo e
didática. E que seus alunos falem o português do Brasil da melhor forma possível e,
principalmente, que eles descubram e se interessem pela língua e cultura do Brasil que
continuam para além das fronteiras desse livro.

As autoras.

PANORAMA

Objetivo: introduzir e contextualizar o assunto a ser abordado, utilizando o


conhecimento prévio do aluno, a fim de prepará-lo para o conteúdo a ser apresentado.

Sugestões:

Aula individual
Três tipos de aluno (em termos linguísticos):
• a) aquele que não sabe nada da língua;

Quando o aluno não fala nada de português, e não tem língua de contato, o ideal
seria: usar muitas gravuras, repetir frases e vocabulário sempre mostrando gravuras, dar
poucas informações e usar um dicionário bilíngue. Neste caso, a linguagem pictórica é
extremamente importante.

Quando o aluno não fala nada de português, mas tem língua de contato, o ideal
seria: usar esta língua como ponte de entendimento, mas sempre lembrando o aluno de
que isso só será feito em um período curto e não durante todo o curso. É importante
evitar longas conversas nessa língua, pois isso pode se transformar em hábito. Caso isto
ocorra, o professor terá muita dificuldade em negociar a retirada da língua de contato.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Depois disso, podem-se repetir as mesmas sugestões para os aprendizes que não
possuem língua de contato com o professor.

• b) aquele que sabe um pouco;


Quando o aluno sabe um pouco de português, com ou sem língua de contato, o
ideal seria: incentivá-lo a usar o português, parabenizando-o quando ele falar português.
Neste caso também se podem repetir as mesmas sugestões para os aprendizes que não
possuem língua de contato com o professor.

• c) aquele que pensa que sabe.


Quando o aluno pensa que sabe falar português, mas de fato não sabe, o ideal
seria: mostrar a ele os equívocos cometidos depois de ele se expressar. A correção pode
ser feita assim que o aluno cometer o equívoco só nos casos em que os aprendizes sejam
muito autoconfiantes; caso contrário, essa prática pode inibi-los e eles podem até deixar
de estudar a língua por receio de cometer erros. Neste caso, o ideal seria escolher
algumas correções e fazê-las ao final do exercício ou da aula.

Três tipos de aluno (em termos de comportamento):


• a) aquele que se recusa a responder;
Quando o aluno se recusa a responder (por „n‟ motivos), é importante mostrar a
ele a intenção por trás do exercício, ou seja, mostrar a utilidade e a proposta do
exercício. Se isto ficar claro para o aluno, dificilmente ele se recusará a falar.

• b) aquele que não sabe o que responder;


Quando o aluno não sabe o que responder (por „n‟ motivos), o professor pode
levar algumas sugestões, assim como opiniões de terceiros (o professor pode escrever
algumas frases) a respeito do assunto do panorama, ou de outro exercício com enfoque
na oralidade.

• c) aquele que não para de falar.


Quando o aluno gosta muito de falar, o professor tem de avaliar o tipo de curso
que ele está dando. Quando o curso tem uma carga horária fixa, é necessário „cortar‟ as
falas do aluno de vez em quando. Quando não há carga horária fixa, o professor
precisará usar de bom senso, ou seja, uma hora pode ser considerada o suficiente para
ele discursar sobre um assunto, mais do que isso talvez seja exagero.

Aula em grupo
Três tipos de grupo (em termos linguísticos):

• a) aquele com muito desnível;


Quando há muito desnível no grupo, é importante colocar os alunos com mais
dificuldades com os que não tem muita, procurando sempre mudar os pares. Assim, os
alunos não ficam com pares fixos e têm oportunidade de falar com todos os alunos do
grupo. Isso evita que alguns pares se sintam entediados ou prejudicados por estarem
sempre com alguém que saiba menos que ele.

• b) aquele com pouco desnível;

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Quando há pouco desnível, estamos com um grupo ideal. Neste caso, a troca de
pares não precisa ser tão constante. Mas é bom evitar pares fixos, a fim de incentivar os
alunos a procurarem ouvir outras opiniões, ou seja, de pessoas com quem eles não
costumam fazer par.

• c) aquele que demonstra desnível depois de algumas semanas.


Quando o professor percebe o desnível somente depois de o curso já ter
começado há algumas semanas, é recomendável que o professor tente seguir as mesmas
sugestões do grupo que apresenta muito desnível. Tentar remanejar os alunos em outros
grupos às vezes pode ser traumático. Mas isso depende muito da idade dos aprendizes,
do grau de relacionamento entre eles e do tipo de instituição em que ocorrem as aulas.
Com adolescentes e alunos que já estudaram juntos antes, a separação pode ser um
problema. Quando a instituição em que ocorrem as aulas for escola de cursos livres e
empresas, a divisão de turmas raramente acontece. Então, o professor deve fazer o
possível e não se sentir frustrado com o resultado.

Três tipos de grupo (em termos de comportamento):


• a) aquele que não se anima com nada;
Quando o grupo for muito desmotivado, o professor terá de descobrir os
interesses de cada aluno e, sempre que tiver uma oportunidade, procurar trazer esse
„assunto‟ ao tema em discussão.

• b) aquele que não sabe o que responder;


Quando o grupo não sabe o que responder, o professor terá de levar opiniões a
respeito do assunto em discussão, assim como incentivar o grupo a ler. Muitas vezes, os
aprendizes não têm muita experiência de vida ou não tem leitura. Em ambos os casos,
saber a opinião de outras pessoas e ler sobre vários assuntos ajudarão esse tipo de
grupo.

• c) aquele que tem entusiasmo excessivo.


Quando o entusiasmo é excessivo, o professor sempre terá de saber se o curso é
de carga horária fixa ou não. Quando for de carga horária fixa, ele terá de „cortar‟ um
pouco desse entusiasmo. Quando não for, o professor terá de usar de bom senso, ou
seja, uma hora pode ser considerada o suficiente para o grupo discursar sobre um
assunto, mais do que isso talvez seja exagero.

DIÁLOGOS DAS APRESENTAÇÕES DAS UNIDADES

Objetivo: os diálogos foram elaborados para tentar recriar situações da vida real do país,
com uma linguagem apropriada para diferentes tipos de contextos (registros formal e
informal). Por meio deles, o aluno entra em contato com as estruturas gramaticais e
vocabulário que serão praticados nos exercícios seguintes.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Sugestões:

Diferentes maneiras de trabalhar os diálogos:


Primeiro passo
• Ouvir o diálogo sem ler o texto; ou
• Escolher algumas palavras do diálogo e apresentá-las aos alunos. Como? a)
explicar as palavras e pedir para que as repitam [quando se tratar de vocabulário
novo]; b) fazer frases com as palavras [quando se tratar de vocabulário já
estudado] antes de ouvir o diálogo; ou
• Ler as falas com o aluno [simples leitura] e depois atuar os papéis das
personagens [sempre trocando os papéis]; [para alunos com muita dificuldade na
compreensão do áudio] ou
• Fazer perguntas antes de colocar o CD para direcionar a compreensão.

Segundo passo

• Se o professor começou ouvindo o CD, depois pode fazer perguntas de


compreensão; ou
• Se o professor começou com as palavras, depois pode ouvir o CD; ou
• Se o professor leu as falas, depois pode escolher algumas palavras e pedir para o
aluno fazer frases e, finalmente, pode passar ao CD. [para alunos com muita
dificuldade na compreensão do áudio] ou
• Se o professor começou pelas perguntas, depois pode passar ao CD.

Terceiro passo
• O professor pode, além do que foi sugerido, escrever o diálogo em tiras de papel
e pedir aos alunos que coloquem o diálogo em ordem. Depois, os alunos podem
ler o diálogo; ou
• O professor pode, além do que foi sugerido, escrever o diálogo em uma folha
avulsa e pedir aos alunos que completem o diálogo, de forma a torná-lo
compreensível. [Não há necessidade de o diálogo ser exatamente como está no
livro]. Depois, os alunos podem ler o diálogo completado por eles; ou
• O professor pode, além do que foi sugerido, pedir aos alunos que, a partir do
diálogo do livro, criem seus diálogos. Depois, os alunos podem ler o que
criaram.

Passos importantes:

• Sempre ouvir o CD;


• Sempre que possível repetir fala por fala para checar a compreensão dos alunos,
fazendo com que eles repitam sem ler o diálogo [não há necessidade de fazer
este item em todos os diálogos];
• Sempre fazer a „representação‟ dos diálogos;
• Sempre verificar o quanto foi compreendido daquilo que foi ouvido

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso

GRAMÁTICA

Sugestões:

Com o livro aberto


• Pedir para que os alunos leiam as frases tiradas do texto e que estão na caixa
para apresentar a gramática;
• Dar mais exemplos e incentivar os alunos a darem exemplos;
• Se necessário, passar para uma explicação mais técnica [explicação dos nomes
gramaticais, mas procurar não ir muito além do que está no texto e do
conhecimento do aluno. Explicações muito detalhadas podem confundir o aluno
e desestimulá-lo. O professor deve ter em mente que a paixão que possa ter pela
gramática não tem necessariamente de ser compartilhada pelo aluno].

Com o livro fechado


• [Quando houver lousa] Escrever as frases da gramática na lousa e pedir aos
alunos para repetir e depois incentivá-los a criar novas frases a partir daquelas.
• [Quando não houver lousa] Levar as frases da gramática escrita em folha de
papel, tiras de papel, etc. No caso das tiras de papel, o professor pode utilizar um
saco plástico/ de tecido para colocar as tiras dobradas. Assim, os alunos tiram as
frases do saco, em seguida desdobram-nas e as lêem. Depois de lida as frases,
incentive os alunos a criar suas frases.
• Abrir o livro e mostrar aos alunos o que foi feito com o livro fechado.

Observação: É muito importante deixar claro para o aluno cada passo dado pelo
professor.

CONSTRUÇÃO DO CONTEÚDO

Exercícios escritos

Os exercícios escritos, em sua maior parte, estão estruturados em forma de


diálogos, mais longos ou mais curtos. Além de serem para completar, esses exercícios
podem ser feitos de diferentes maneiras, com outros propósitos.

Sugestões:

1. Usar o diálogo como prática oral controlada

Os alunos podem encenar os diálogos em duplas, usando a técnica “olhe e fale”.


Nesse tipo de exercício, o aluno exercita a memória, reforça as estruturas estudadas e
pratica pronúncia.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Sugira aos alunos que usem expressão corporal e facial para acompanhar o que
dizem - os gestos são um poderoso recurso mnemônico. O exercício, apesar de parecer
uma simples repetição, se feito corretamente, leva o aluno a pensar sobre o que está
dizendo. No entanto, não podemos nos esquecer de que alunos provenientes de
nacionalidades orientais provavelmente não usarão o recurso da expressão corporal e
facial. É preciso respeitar essas diferenças culturais.

Exemplo

Complete o diálogo com os verbos QUERER e ACHAR. (Unidade 5 – Lição A)

Josué: Karina, aonde você ___________ quer ___________________ ir hoje?


Karina: Não sei. Ao parque? Você ________ acha _________ que está aberto?
Josué: ____ Acho ___________ que sim. Você ______ quer __________ ir?
Karina: ____ Quero ________. Minha irmã também ____ quer ___________.
Josué: Ela gosta de fazer exercícios?
Karina: _____ Acho ________________________________________ que não.
Josué: Então é melhor ela ficar.
Karina: É... __ Acho _______________________________________ que sim.

2. Substituir palavras do diálogo

Depois de corrigido o exercício, se o professor sentir que há necessidade de


oferecer mais prática aos alunos, ele pode pedir que palavras do diálogo sejam
substituídas por outras, de escolha dos alunos. Estes podem decidir o que usar em
duplas, para que haja mais interação. Assim, eles podem ler o diálogo para o restante do
grupo.
Nesse exercício é importante indicar aos alunos que partes podem ser
substituídas, mas a estrutura sendo estudada deve ser mantida. Esse exercício estimula a
criatividade e dá segurança ao aluno que tem receio de criar partes maiores de texto
escrito ou oral sozinho.

Exemplo

Complete o diálogo com os verbos QUERER e ACHAR. (Unidade 5 – Lição A)

Josué: Karina, aonde você ___________ quer ___________________ ir hoje?


Karina: Não sei. Ao parque? Você ________ acha _________ que está aberto?
Josué: ____ Acho ___________ que sim. Você ______ quer __________ ir?
Karina: ____ Quero ________. Minha irmã também ____ quer ___________.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Josué: Ela gosta de fazer exercícios?
Karina: _____ Acho ________________________________________ que não.
Josué: Então é melhor ela ficar.
Karina: É... __ Acho _______________________________________ que sim.

3. Desembaralhar o diálogo

O “embaralhamento” do diálogo pode ser feito em três níveis: primeiro, por


frase ou oração; segundo, por linha ou o diálogo todo. Para que os alunos
desembaralhem as frases e orações ou as linhas, o professor precisa digitar o diálogo
com as palavras embaralhadas e deixar espaço para que o aluno escreva a resposta
correta. Se o embaralhamento for do diálogo todo, é mais interessante escrevê-lo em
letras maiores e recortar as falas. Assim, os alunos podem trabalhar em duplas ou
pequenos grupos.
Esse exercício reforça as estruturas estudadas e dá ao aluno um bom senso da
ordem em que as palavras ocorrem na língua portuguesa. No terceiro nível, é possível
trabalhar também com a coesão do texto.

Exemplo

(frase ou oração) Josué: Karina, quer aonde hoje ir você?


__________________________

(linha) Karina: que não. ao está? você aberto sei acha parque?
_____________________________________

4. Lição de casa com base no diálogo

Os exercícios de construção do conteúdo podem servir de modelo para os alunos


criarem diálogos como lição de casa.

Exercício oral

Os exercícios orais podem ser mais ou menos controlados. No entanto, eles


sempre dão ao aluno possibilidade de criar e responder o que for verdade sobre si.
Assim como os exercícios escritos podem se tornar orais, a atividade oral proposta pode
ser também realizada como exercício escrito, uma vez que o livro já dá muitas chances
para o aluno se expressar oralmente.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Obs: As sugestões apresentadas aqui podem ser aplicadas ao exercício Aplicação Oral
do Conteúdo presente no final de cada unidade.

Sugestões:

1. Transformar o diálogo realizado em aula em texto escrito

As entrevistas, que são atividades mais dirigidas, bem como os exercícios mais
abertos, podem ser transformados em diálogos escritos ou até mesmo em redações.

Exemplo

Use as sugestões abaixo para formular perguntas. Faça as perguntas aos colegas.
(Unidade 10 – Lição C)

1. dor de cabeça / quando / café ?


2. dor nas pernas / quando / fazer caminhada ?
3. dor nas pernas / agora ?
4. um pouco / cansado (a) / hoje ?
5. dor nas costas / de vez em quando ?
6. dor nas costas / agora ?

Pense nas situações abaixo e narre-as aos/às colegas. (Unidade 19 – Lição B)

1. Algo que você achava que fosse, mas não era.


2. Algo que você temia que acontecesse e aconteceu.
3. Algo que talvez fosse legal, mas que acabou sendo muito chato.
4. Algo que você não queria que acontecesse e conseguiu evitar.

2. Prolongar o exercício

Os exercícios orais podem ser feitos mais de uma vez com diferentes colegas.
Também é interessante pedir que os alunos reportem a outros alunos o que descobriu
conversando com o primeiro colega.

3. Usar o exercício oral como sugestão para apresentações

Qualquer tópico das atividades orais pode ser usado para uma apresentação mais
elaborada por parte do aluno, a ser realizada frente ao grupo, com uso de som, fotos e
vídeos. O item “Algo que você achava que fosse, mas não era” do exercício visto acima
pode, por exemplo, servir de base para uma apresentação sobre o que o aluno achava do
Brasil antes de vir para cá e como sua visão mudou depois de um tempo aqui.

COMPREENSÃO AUDITIVA

Os exercícios de compreensão auditiva aparecem de várias formas no livro: V ou


F, frases e tabelas para completar, perguntas abertas para responder, dentre outras. Além

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
dessa variedade, o professor pode criar atividades inusitadas e criativas para manter a
motivação e interesse dos alunos.

Sugestões:

1. Ouvir e Contar

Em vez de tocar o CD para todos os alunos simultaneamente, o professor pode


pedir a alguns alunos que saiam da sala. Os que ficam ouvirão o exercício e têm de
contar aos que saíram o que eles entenderam do áudio. No segundo item do exercício,
faz-se o mesmo, dessa vez com os outros alunos. Depois disso, o professor toca o CD
para todos conferirem se o que lhes foi narrado estava correto.
Ideal fazer em grupos equivalentes ao número de itens do exercício. Se há três
itens, formam-se grupos de três e, em cada rodada, somente um aluno fica para ouvir o
áudio.

2. Jogo dos Erros

Para essa atividade, o professor utilizará a transcrição do áudio. Os alunos


recebem o texto do áudio contendo algumas informações diferentes das contidas no CD
e ao ouvir o CD, devem identificá-las. É importante que o professor não adicione muitas
mudanças seguidas, para que os alunos tenham tempo de ouvir e anotar.

3. Palavras-chave

Essa atividade consiste em escrever na lousa várias palavras/expressões que


aparecem ou não no áudio que os alunos ouvirão. Dentro desse grupo de palavras,
devem estar palavras-chave para a compreensão do aluno. Este deve circular as palavras
que ouvir. Após conferir com os alunos se as palavras corretas foram circuladas, o
professor pode tocar o áudio novamente para que, com auxílio das palavras-chave, eles
possam resumir o texto ouvido. Se quiser, o professor pode pedir que os alunos utilizem
as mesmas palavras para recontar a um colega o que foi ouvido.

4. Vídeos, rádio e música

Apesar de o livro não apresentar esse tipo de material, incentivamos que o


professor encontre material de áudio/vídeo relacionado ao tópico da unidade e
compreensível para seus alunos, em termos de nível de dificuldade e qualidade da
gravação.

PRONÚNCIA DO PORTUGUÊS

As seções de pronúncia estão divididas da mesma maneira: palavras isoladas


(para identificar o som em estudo), contraste entre sons parecidos (quando há), diálogos
(para identificação do som em contexto) e um exercício oral.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso

Sugestões:

1. Gravação do diálogo do livro

Após prática do diálogo em sala de aula, o professor pode pedir que os alunos
gravem suas próprias vozes lendo o diálogo. Isso pode ser feito em aula ou como lição
de casa. As gravações podem ser analisadas pelo professor, que dará um retorno
individual aos alunos acerca do que pode ser melhorado.

2. Gravação de diálogo criado

Os diálogos improvisados em aula podem ser depois transcritos e gravados para


serem usados como atividade. É aconselhável trabalhar com duplas. Cada dupla criará
um diálogo com as palavras e sons estudados. O professor deve auxiliar os alunos
durante atividade de ensaio e prática do diálogo. Em seguida faz-se a gravação. Isso
pode ser posteriormente usado em aula como exercício de compreensão auditiva.

VOCABULÁRIO

Diferentes maneiras de trabalhar o vocabulário:


Sugestões:
• Nas turmas mais básicas, o professor pode explicar o vocabulário com poucas
palavras e utilizar recursos visuais (gravuras, fotos, desenhos). É importante
tentar utilizar a língua-alvo o máximo possível;
• Atuar os papéis das personagens ou adaptar as situações apresentadas para que
os alunos possam falar de si utilizando o vocabulário apresentado;
• Contextualizar o léxico sempre que possível. Por exemplo, os alunos podem
trazer para a sala de aula material da sua realidade para utilizarem o vocabulário
de uma maneira significativa ou o professor pode fazer perguntas sobre as
preferências dos alunos com relação ao assunto estudado;
• Evitar ensinar palavras isoladas;
• Mostrar aos alunos as combinações de palavras mais frequentes (que eles
encontrarão fora da sala de aula) e não as mais complicadas (que eles
possivelmente verão somente no MD); [quando houver lousa, é interessante o
professor usá-la para mostrar essas combinações]
• Escolher o quanto ensinamos aos alunos. Os alunos devem ter acesso a novo
vocabulário em doses que eles possam lidar;
• Evitar o uso de traduções;
• Revisar sempre!;
• Incentivar a organização de „cadernos lexicais‟ para facilitar a lembrança e uso
do vocabulário aprendido;
• Como o material não foi elaborado pensando em uma nacionalidade específica,
o professor pode trabalhar as dificuldades específicas de cada nacionalidade (por
ex., os falsos cognatos para os hispanofalantes)

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso

Algumas explicações relevantes a cerca do vocabulário:

COLOCAÇÕES
(retirado de Tagnin, Stella: O jeito que a gente diz. Disal, 2005)

O que são: disposição das palavras na frase.

O que são segundo Firth: Casos de coocorrência léxico-sintática, ou seja, palavras que
usualmente “andam juntas”

Exemplo: coroca ocorre preferencialmente com velho/a;

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
varrido (como intensificador) ocorre com louco ou doido, ou seja, „louco
varrido‟/„doido varrido‟.

Categorias:
 Colocações adjetivas (estruturas Adj+ S)

Close friend – amigo íntimo/chegado


Brown sugar – açúcar mascavo

 Colocações nominais (estruturas S + S)

Friction tape – fita isolante

Em português pode corresponder também à estrutura S+Prep+S:


Credit card – cartão de crédito

Ou corresponder à uma forma composta:


Key question – questão-chave
Textbook – livro-texto

 Colocações verbais
Existem substantivos que coocorrem naturalmente com determinados verbos:

Make a date – marcar um encontro


Pay a compliment – fazer um elogio

Em algumas colocações verbais, os verbos podem vir seguidos de preposição:

Come into contact – entrar em contato


Take into consideration – levar em consideração

 Colocações adverbiais

Deeply offended – profundamente ofendido


Love blindly – amar cegamente
(Beer, tea, soda, etc) ice cold – (cerveja) estupidamente gelada

Caso o aprendiz escolha a palavra que “não se diz”, embora seu interlocutor não
tenha dificuldade em entendê-lo, estará certamente denunciando sua condição de
“falante ingênuo” (Fillmore, 1979).

Mais informações:
 Lewis, Michael. Implementing the Lexical Approach – Putting Theory into
Practice. LTP, 1997
 Lewis, Michael (ed). Teaching Collocation – Further Developments in the
Lexical Approach. LTP, 2000

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
 Lindstromberg, Seth et al. Teaching chunks of Language. Helbling Languages,
2008
 Tagnin, Stella. O jeito que a gente diz. Disal, 2005

Alguns sites interessantes sobre corpus eletrônico (um conjunto de textos


selecionados) ou corpora (mais de um corpus):

CORPORA DE PORTUGUÊS DISPONÍVEIS ONLINE

Corpus Brasileiro (http://www.corpuslg.org/cb/): corpus de português brasileiro


contemporâneo, língua geral, ainda em desenvolvimento junto ao LAEL da PUC-SP, é etiquetado
morfossintaticamente e permite pesquisas por gênero textual / registro.

Lácio Web (http://www.nilc.icmc.usp.br/lacioweb/index.htm): site brasileiro


com um corpus contemporâneo de língua geral, subdividido em subcorpora que representam vários gêneros e
tipos textuais - textos disponíveis para download e para serem usados com as próprias ferramentas do site.

Banco do Português (http://www2.lael.pucsp.br/corpora/bp/index.htm):


site brasileiro com um corpus de português contemporâneo, atualizado constantemente (em 2004, possuia 223
milhões de palavras). Apenas uma amostra está disponível para consulta e uso com as próprias ferramentas do
site.

COMPARA (http://www.linguateca.pt/COMPARA/Pesquisar.html): site


português com um corpus paralelo - originais e respectivas traduções - de/para as diversas variantes do
português e do inglês.

CetenFOLHA (Corpus de Extractos de Textos Electrónicos


NILC/Folha de São Paulo) (http://acdc.linguateca.pt/cetenfolha/): corpus
de cerca de 24 milhões de palavras em português brasileiro retirados do jornal "A Folha de São Paulo" - os
textos podem ser baixados via FTP / HTTP ou consultados no link do projeto AC/DC.

CetemPUBLICO (Corpus de Extractos de Textos Electrónicos


MCT/Público)(http://acdc.linguateca.pt/cetempublico/acesso_CP.html)
: corpus de aproximadamente 180 milhões de palavras em português europeu retirados do jornal português
"Público" - disponobiliza as versões anotada e sem anotação para consulta online e envia cd com o corpus
mediante solicitação.

Projecto AC/DC (Acesso a Corpora / Disponibilização de Corpora)


(http://acdc.linguateca.pt/acesso/): projeto português que disponibiliza diversos corpora
codificados no sistema IMS corpus workbench, para os quais foi desenvolvida uma interface online. A interface
permite consultar um corpus de cada vez (inclusive versão anotada) - são vários os corpora disponíveis, a
maioria em português de Portugal.

TychoBrahe (http://www.ime.usp.br/~tycho/): site brasileiro com um corpus de


português histórico.

PHPB (Para Uma História do Português do Brasil - RJ)


(http://www.letras.ufrj.br/phpb-rj/): site brasileiro com corpus diacrônico: transcrições de
impressos do século XIX e edições diplomático-interpretativas de manuscritos dos séculos XVIII e XIX. Não
oferece nenhuma ferrmenta de análise e os textos devem ser cosultados online, um a um.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
LEITURA

Primeiro passo (antes da leitura)

Atividade pré-leitura: ativar o conhecimento prévio dos alunos com relação ao


texto.

Segundo passo (após a leitura)


Técnicas de leitura: Skimming e Scanning

O professor pode pedir que os alunos falem sobre o texto (resumo, discussão
entre os alunos e professor) e encontrem as palavras-chave.
Seria proveitoso o professor enfatizar não somente as perguntas relacionadas à
compreensão do texto, mas também fazer com que os alunos falem sobre si e suas
preferências. [as perguntas, relacionadas ao texto, e às preferências podem ser em
formato de bate-papo].

Terceiro passo
Atividade significativa: professor e/ou alunos podem levar para a sala de aula
material do dia-a-dia, por exemplo: um artigo da internet sobre o mesmo assunto lido
em aula.

REDAÇÃO
Sugestão:

• O professor pode pedir para os alunos fazerem as atividades de redação em casa


e corrigir depois. No caso de os alunos não fazerem, independente do grau de
persuasão usado em aula, o professor pode pedir que estes falem sobre o assunto
em vez de escrever sobre ele;

• Em vez de o professor simplesmente colocar as respostas corretas nas redações


dos alunos, ele pode usar uma lista de símbolos com o tipo de inadequação que o
aluno escreveu. Assim, os alunos terão a possibilidade de repensarem suas
escolhas e refazerem a atividade.

Exemplo:
CORREÇÃO DE ERROS
(adaptado de Kenneth Beare, About.com)

Para que os alunos reflitam sobre seu trabalho e seus erros (especialmente os
alunos de nível intermediário e acima), é interessante discutir com eles a importância da
correção de seus próprios erros. Os alunos terão, como base, uma chave para correção
(símbolos), a qual lhes apontará os possíveis problemas, e assim eles terão a chance de
refazer o trabalho sozinhos.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com


Muito prazer – Curso de português do Brasil para estrangeiros

Manual conciso
Corrigindo erros - Chave para a correção

T = tempo verbal

P = pontuação

OP = ordem das palavras

Prep = preposição

PE = palavra errada

GR = gramática

√ = palavra faltando

O = ortografia

O professor pode acrescentar outros símbolos à chave, caso necessário.

Caro professor, chegamos ao final deste manual conciso, esperamos que as


sugestões aqui apresentadas venham a enriquecer a sua didática, e caso algum item
apresentado não tenha ficado claro, pedimos a gentileza de nos contatar.
Boas aulas com o “Muito Prazer”.

As autoras.

Glaucia Roberta Rocha Fernandes, Telma de Lurdes São Bento Ferreira e Vera Lúcia Ramos
www.muitoprazerlivro.com.br
www.lexikostraducoes.com.br www.grfassessorialinguistica.com.br

e-mail para contato: muitoprazerlivro@gmail.com

Você também pode gostar