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Aspetos a considerar para compreender a Pessoa com Síndrome de Asperger

Esta descrição resulta de uma compilação que teve por base documentação facultada por
profissionais de ensino especial e de apoio psicopedagógico das escolas frequentadas por alguns
dos nossos estudantes, no sentido de facilitar a sua transição e percurso académicos.
Pretendemos assim, evidenciar algumas características da Síndrome de Asperger e apresentar
sugestões e dicas de possíveis recursos para uma melhoria das relações interpessoais e de
ensino-aprendizagem na faculdade.
Esta síndrome manifesta-se por alterações ao nível da interação social e da comunicação
interpessoal, designadamente:
Dificuldades no relacionamento interpessoal e social;
Interesses limitados e especiais;
Hipersensibilidade a estímulos sensoriais
Dificuldades ao nível do pensamento abstrato e rigidez de pensamento;
Comportamentos rotineiros ou repetitivos;
Interpretação literal da linguagem;
Dificuldades na comunicação verbal e não-verbal;
Descoordenação motora
Dificuldade de autorregulação emocional.
(fonte: http://www.apsa.org.pt/sa.php,)

Apresentamos, para cada área do funcionamento pessoal e interpessoal abaixo designada,


alguns tópicos e dicas orientadoras, bem como sugestões de estratégias a adotar na interação
com estes jovens, pretendendo promover a compreensão desta síndrome junto da comunidade
académica e poder contribuir para a promoção do bem-estar e inclusão destes estudantes na
FEUP.

A Pessoa com Síndrome de Asperger pode:

1. Ao nível da interação social:


• Ter tendência para isolar-se socialmente; apesar de interpelar frequentemente os
outros
• Ficar tensa e/ou agitada ao tentar lidar com as abordagens e as exigências sociais de
terceiros;
• Ter consciência de que os seus colegas têm amizades, e pode, sobretudo, querer ter os
seus amigos, mas pode revelar ausência de estratégias para desenvolver e consolidar
essas amizades;
• Ter dificuldade em seguir as “deixas”e algumas regras de bom senso em termos sociais;
• Ter um comportamento que interpretado à luz das convenções e regras sociais possa
ser encarado como desajustado, pela ausência de “filtro” relativamente àquilo que é
socialmente aceite e esperado.

2. Na comunicação em contextos sociais:


• Apresentar uma linguagem aparentemente perfeita, mas com tendência para ser formal
(Ex: “Como está? Chamo-me H.”) Esta pode ser uma saudação típica, mas é
precisamente isso que o distancia dos seus colegas;
• Ter frequentemente uma voz sem expressão (monocórdica).
• Ter dificuldade em interpretar as diferentes entoações, segundos sentidos, metáforas,
etc. de terceiros. Quase toda a gente sabe dizer se uma pessoa está zangada,
aborrecida ou radiante apenas pela entoação (ou inflexão de voz). No entanto, muitas
vezes, a pessoa com síndrome de Asperger não consegue ter este tipo de discernimento,
o que pode originar algumas situações de interação complicadas e ser mal interpretado,
pela sua dificuldade de expressão de sensibilidade e empatia;
• Ter também dificuldade em utilizar e interpretar a comunicação não-verbal como, por
exemplo, a nível da linguagem corporal, gestos e expressões faciais; pode por esse
motivo ter dificuldade em compreender e interpretar os outros e os seus discursos ou
fazê-lo de forma literal.

3. A nível da Imaginação social e flexibilidade de pensamento


• Tem muitas vezes algum interesse totalmente absorvente e que os seus colegas
consideram muito estranho (ou infantil);
• Insiste no seguimento de certas rotinas;
• Tem uma capacidade limitada para pensar e brincar com criatividade;
• Tem muitas vezes problemas de transferência de capacidades de um ambiente para
outro.

4. A Nível da Coordenação motora


• Ter movimentos bruscos e desastrados;
• Ter dificuldade em escrever e desenhar ordenadamente e, muitas vezes, não termina
as tarefas.

Estratégias de interação

Ainda que os adolescentes e jovens adultos com síndrome de Asperger apresentem traços gerais
comuns, as principais características individuais revelam-se de muitas maneiras diferentes em
diversos adolescentes.
Existem, contudo, alguns princípios que podem ser orientadores e facilitadores da relação
pedagógica e interpessoal com estes jovens, tais como:

• Manter as rotinas de aula tão consistentes, estruturadas e previsíveis quanto


possível, pois lidam com desconforto quando há descontinuidades no seu dia-a-
dia;
• Desejavelmente, serem avisados previamente de mudanças e alterações (ex:
alterações de salas de aulas, datas de exames e avaliações, reuniões de
trabalhos de grupo, etc.;
• As regras devem se claras e desejavelmente ser transmitidas de forma e
cuidadosa e sequencial , uma vez que a pessoa com síndrome de asperger
poderá ter tendência a aplica-las quase literalmente.
• O professore e os colegas podem tirar a vantagem do investimento destes
jovens nas suas áreas de especial interesse, incentivando-o, valorizando os seus
interesses, e, sempre que possível, capitalizando-os para o contexto das aulas
e matérias lecionadas na faculdade;
• Estes estudantes podem beneficiar de meios meio de aprendizagem
complementares à exposição, como sejam : esquemas, mapas, listas, figuras,
etc.
• Na interação com estes jovens deverá evitar a utilização linguagem que possa
ser interpretada erroneamente, como sarcasmo, linguagem figurada,
metafórica, simbólica, etc. Assim, deve procurar-se simplificar conceitos e
linguagens mais abstratas, apresentando as ideias separada e sequencialmente;
• Ensino didático e explícito de estratégias de estudo pode ser muito útil para o
ganho de ganhar proficiência e competências de estudo;
• Deve evitar-se uma comunicação onde se instale uma “luta de forças”. Por
vezes estes jovens poderão não entender demonstrações rígidas e revelar-se
teimosos se forçados. O seu comportamento pode ficar fora de controlo. Assim,
para evitar a confrontação deverá privilegiar-.se uma comunicação pautada
pela serenidade, negociação, apresentação de escolhas ou dispersão de foco e
atenção.

Algumas Estratégias de para melhorar o desempenho do estudante em situações de


ensino - aprendizagem:
ƒ Dar tempo ao estudante para pensar, antes de lhe solicitar que
responda a uma pergunta;
ƒ Facilitando a atenção e foco do estudante, incentivando-o por
exemplo, dizendo “continua a procurar”;
ƒ Não fazer comentário sobre falhas e erros, limitando-se a mostrar a
forma correcta de fazer uma coisa;
ƒ Assegurar-se de que a tarefa é de realização possível no tempo dado
para a realizar, evitando a frustração e sensação de falhanço;
ƒ Minimizar as distracções no espaço da sala de aula, bem como ruídos
agudos e intensos e movimentações excessivas;
ƒ Não sobrecarregar o estudante com instruções verbais. Deve-se dar
instruções ou fazer pedidos de forma breve, clara, concreta e concisa.
ƒ Se necessário, poderá escrever-se as instruções dadas para a
concretização das tarefas a realizar pelo estudante;
ƒ Dar ao estudante tempo para que possa integrar e compreender os
pedidos, as instruções ou os temas de discussão e certificar-se de que
compreendeu;
ƒ Elogiar o estudante quando ele merece e encorajá-lo a participar na
aula;
ƒ Ser preciso e consistente nas instruções a dar ao estudante: uma
exposição demasiado prolongada de uma mesma actividade pode criar-
lhe uma atitude de rigidez, de aborrecimento e alguma dificuldade em
tirar ilações e fazer generalizações;
ƒ Certificar-se, se possível, de que o estudante possui os materiais e/ ou
os equipamentos necessários `as aulas. Isto ajudará a:
o Minimizar a confusão que pode sentir;
o A diminuir os períodos em que ele fica alheado do
decorrer da aula;
o Sobretudo, a manter o estudante concentrado na
tarefa a realizar.
ƒ Usar, sempre que possível, exemplos da vida real para ajudar a
compreender a “linguagem” da Matemática ou de outra área
disciplinar.
ƒ O início e o fim das tarefas, bem como os prazos e regras de avaliação
devem ser claras para o estudante e estabelecidas o mais
precocemente possível ;
ƒ O professor, se necessário e se possível, deve dar a possibilidade ao
estudante de repetir as tarefas.

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