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2.3. Alta frequência

Oliveira e Perez (2008, p.22), descrevem alta frequência como:


“Técnica que utiliza correntes alternadas de alta frequência, em que os
gases argón, chenon ou neon, em contato com o oxigênio do ar
transformam-se em ozônio. Os principais efeitos fisiológicos são: efeito
térmico, vasodilatação e hiperemia, aumento da oxigenação celular, ação
bactericida e antisséptica e melhora do trofismo dérmico.”

A eletricidade é uma forma básica de energia que pode produzir efeitos


significativos sobre os tecidos biológicos, pois a condução de carga elétrica através
da matéria, de um ponto para outro, causa mudanças fisiológicas durante todo o
processo de aplicação, por isso tem sido usada por centenas de anos como
proposta terapêutica (ROBINSON, 2002).
O equipamento de alta frequência auxilia na limpeza de pele, nos
tratamentos capilares para ativação da circulação periférica do couro cabeludo, na
cicatrização das lesões causadas por acnes, favorecendo o processo de reparação
da pele, e na ionização indireta de substâncias como ampolas aquosas nutritivas a
base de colágeno (SANTOS; GUIMARÃES, 2008).
Assim como o laser, é conhecido o benefício da utilização do gerador de alta
frequência na aceleração do processo de cicatrização, porém há poucos dados da
literatura comprovando tais benefícios (SÁ et al., 2010).
A alta frequência, de acordo com Borges (2006, p.76), “É um aparelho que
trabalha com correntes alternadas de alta frequência, cujos parâmetros de
frequência e tensão podem variar de acordo com o fabricante.”
A corrente de alta frequência ao atravessar o eletrodo adquire diferentes
tonalidades de acordo com o conteúdo do mesmo, no caso do vácuo à corrente
adquire uma luminescência azulada, já na presença de gás neón, a corrente
adquire uma tonalidade alaranjada (SORIANO et. al. 2002).
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Os equipamentos tradicionais comportam um só porta eletrodo, os


equipamentos recentes, com maior performance permitem a utilização de vários
eletrodos simultaneamente, tais eletrodos são flexíveis por serem envoltos em
silicones (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).
A aplicação da alta frequência deixa sobre a pele certa quantidade de
energia em forma de calor, apesar de pouco significativo esse aumento de
temperatura é suficiente para acelerar o metabolismo, estimulando a circulação
periférica com consequente ação vasodilatadora e hiperemiante, aumentando a
oxigenação celular e a eliminação de anidrido carbônico (SORIANO et. al., 2002).
A ação eletrosmótica é uma particularidade das correntes de alta frequência,
permitindo que substâncias diversas, sem a associação molecular, penetrem nos
tecidos por osmose (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).
Através de pequenas faíscas produzidas pela corrente de alta frequência
ocorre o favorecimento da mobilização dos produtos químicos cosméticos, e
através deste, tem-se a penetração aumentada pela dilatação dos óstios, devido ao
calor (PEREIRA, 2007).
Em equipamentos de melhor desempenho foi bloqueada a produção de
ozônio para que os princípios ativos possam permear nos tecidos sem sofrer
modificação em sua estrutura, pois substâncias mais frágeis seriam destruídas pelo
poder oxidante do ozônio (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).
Sendo um recurso termoterápico, o equipamento de alta frequência acelera
consideravelmente a divisão celular, o ozônio age como um bactericida, evitando o
processo inflamatório na lesão, facilitando assim o desenvolvimento do tecido de
granulação. A aplicação deste recurso contribui ainda para o processo de
neoformação (SILVA & SILVA; DUARTE, 2010).
Para Traina AA. (2008 apud SÁ et al., 2010) o ozônio, liberado pela alta
frequência é um potente oxidante que, ao entrar em contato com fluídos orgânicos,
vai promover a formação de moléculas ativas de oxigênio que agirão no
metabolismo celular, proporcionando tanto benefícios à reparação tecidual, quanto
tendo ação antimicrobiana.
O ozônio é uma substância instável que se decompõe rapidamente em
oxigênio molecular (O2) e em oxigênio ativo (O) o grande poder de desinfecção do
ozônio é resultado da grande agressividade do oxigênio ativo nascente liberado
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durante a decomposição do ozônio. Esse oxigênio ativo é um radical livre, sendo o


oxidante mais agressivo depois do flúor (WINTER, [200-]).
A ozonioterapia, por ser capaz de intervir no equilíbrio de óxido-redução,
vem sendo bastante explorada como uma terapia alternativa no tratamento de
doenças agudas e crônicas. O equipamento gerador de alta frequência vem sendo
amplamente utilizado no tratamento de afecções de pele, acelerando o processo de
cicatrização de feridas cutâneas (SÁ et al., 2010).
Ao estudar a atividade do ozônio sobre dois microrganismos presentes na
pele humana, o Staphylococcus aureus e esporos de Bacillus subtilis foi possível
constatar através de estudos preliminares que o ozônio é um agente esterilizante,
capaz de destruir completamente os Bacillus subtilis em tempo inferior a 15
minutos e células de Staphylococcus aureus quando exposto ao ozônio por 10
minutos. Notou-se então que o ozônio representa uma opção bactericida de grande
importância na abordagem fisioterapêutica dermato-funcional através do
equipamento de alta frequência (SUMITA, et. al., 2000).
O ozônio pode ser utilizado em todos os tipos de pele e é ampla a sua
utilização como germicida ou bactericida. Este gás penetrante é considerado uma
forma instável do oxigênio, possuindo as mesmas propriedades deste, porém muito
mais energético (PEREIRA, 2007).
A eficácia do ozônio contra patógenos é bem reconhecida, porém seu uso
na medicina foi por muito tempo ignorado ou desprezado, principalmente porque
ele foi mal utilizado ou utilizado sem o controle adequado. O ozônio pode
apresentar efeitos biológicos relevantes e, tendo seu índice terapêutico definido,
pode-se tornar um importante e confiável método para o tratamento de várias
doenças (BOCCI, 1996).
O ozônio tem efeito bactericida, fungicida e de inativação viral, por tal motivo
é empregado tanto na desinfecção de lesões infectadas, como em algumas
doenças causadas por bactérias ou vírus. É recomendado no tratamento de
distúrbios circulatórios e também para uma revitalização do organismo devido a
seus benéficos efeitos sobre a circulação sanguínea. Em baixas concentrações o
ozônio pode ainda modificar e estimular a resposta imunológica (KONRAD, [19-?]).
A ação direta antimicrobiana que o ozônio exerce contra bactérias, vírus e
fungos ocorrem devido a esses microrganismos não possuírem um sistema de
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tamponamento antioxidante, portanto o estresse causado pelo ozônio acaba


tornando-os frágeis. Já a ação microbicida indireta do ozônio é resultante das
mudanças metabólicas que este provoca (PEREIRA et. al., 2005).
O tratamento médico com ozônio foi introduzido no Brasil em 1975, pelo
médico paulista Dr. Heinz Konrad ([19-?]) e, segundo ele, “é preciso que se domine
perfeitamente a técnica correta, e que se tenha noção exata das quantidades e das
concentrações de ozônio a serem utilizadas, para que se possa obter os melhores
resultados possíveis.”
A alta frequência é utilizada após a extração, por conta de seu efeito
bactericida, descongestionante e cicatrizante (OLIVEIRA; PEREZ, 2008).
Outro importante efeito terapêutico é a melhora do trofismo dérmico, que
está relacionado à ação bactericida da alta frequência, pois muitas vezes o trofismo
da pele, tem relação direta com os processos de regeneração tecidual, sendo
prejudicado pela ação de bactérias (BORGES, 2006).
Os efeitos diretos do calor são mais importantes do que as alterações
sanguíneas, pois eles se manifestam por um pronunciado aumento de fagocitose e
leucocitose (PEREIRA, 2007).
De acordo com Pereira (2007, p. 9), “As aplicações do calor local
determinam um sensível aumento da circulação e, pelo exposto, o vapor ozonizado
é fundamental nos tratamentos.”
Em estudo sobre a aceleração do processo cicatricial com o uso da
eletroterapia, Silva e Duarte (2010), apontam a ação da alta frequência na
cicatrização: “os resultados das aplicações contribuíram com um processo de
neoformação, com a aceleração de fibroblastos e organização do colágeno, com
isso, um melhor estado estético em pacientes com lesão de primeira intenção.”
No pós-operatório da abdominoplastia e da rinoplastia o uso de alta
frequência é bem vindo para auxiliar a oxigenação do tecido e pelo seu efeito
bactericida. Utiliza-se uma gaze sobre a pele durante a aplicação da alta frequência
para facilitar o deslizamento e diminuir a incidência da corrente direta sobre a pele
(MAUAD, 2003).
A aplicação da alta frequência varia entre três a dez minutos. A intensidade
adotada é aquela suficiente para gerar faiscamento, respeitando a sensibilidade do
indivíduo. A desinfecção dos eletrodos após o uso é feita com algodão embebido
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em álcool 70%. As principais contra indicações são: marca-passo cardíaco,


gestantes, alterações de sensibilidade, pele com produtos inflamáveis e neoplasias
(OLIVEIRA; PEREZ, 2008).
Para as diversas aplicações de alta frequência são utilizados eletrodos
constituídos por um tubo de vidro que podem assumir formatos variados,
adaptando-se às diferentes regiões corporais nas quais serão aplicados (SORIANO
et. al. 2002).

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