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Antero de Quental PDF
Antero de Quental PDF
de Quental
“Poesia da Jus,ça: fui eu, com efeito, quem, entre nós, abriu
caminho dessa poesia social e filosófica, que tem de ser a poesia
revolucionária do futuro.”
Antero de Quental
Vida e obra
Para Antero, o soneto é a forma lírica por excelência. Este género permite a conjugação
perfeita entre sen2mento e ideia, aspeto que caracteriza o discurso conceptual
anteriano. Assim, para Antero, o soneto cons,tui “uma unidade perfeita”, que se adequa
à expressão de sen2mentos, ao raciocínio matemá2co, mas também à ânsia de
Absoluto do poeta.
Trata-se de uma A rima do soneto tende a seguir o esquema ABBA ABBA, nas quadras,
forma poé,ca de e CDC CDC , CDE CDE (entre outros esquemas), nos tercetos.
origem clássica
que obedece a O úl,mo verso de um soneto é considerado a chave de ouro, quando
regras rígidas de apresenta uma conclusão para o tema desenvolvido.
construção.
Sonetos
• Sonetos pessimistas
• Presença do desencanto, da angús,a, da dor, da morbidez, da frustração e do
cansaço
• Interiorização reflexiva
• Inquietação filosófica e desassossego
• Desilusão e incredulidade face à luta
• Refúgio na desistência, no sonho e na transcendência religiosa
Angús,a existencial
Ex.: “Ideal”
Ex.: “A um Poeta”
Poesia de Antero de Quental
• Inquietação espiritual.
• Procura de algo que dê um sen,do ou uma finalidade à existência humana.
• Aceitação de uma en,dade que aparece, quase sempre, sob contornos
vagos ou indefinidos e que pode assumir o nome de Deus (Ex.: “Ignoto
Deo”).
• Desejo de sonhar.
• Insa,sfação perante o real sen,do como demasiado frustrante ou
limitado.
Poesia de Antero de Quental
Surge et ambula
Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares, Comparação – realça a a,tude de passividade do
Longe da luta e do fragor terreno, poeta.
Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno, Metáfora e personificação – reforça a nega,vidade
Afugentou as larvas tumulares… do tempo que termina.
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno…
Escuta! É a grande voz das mul,dões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções…
Mas de guerra… e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro, Apóstrofe – iden,fica o des,natário do poema;
Sonhador, faze espada de combate. confere um tom coloquial e reforça o caráter
apela,vo do poema.
“Tormento do ideal”
“Conheci” “Vi”
O “tormento” do “eu” decorre da sua busca pelo “ideal” , que anteviu,
e do seu confronto com o mundo real imperfeito.
Síntese
O pessimismo e a evasão
• O pessimismo manifesta-se em 1874 e desenvolve-se desde 1876 a 1882; ex,ngue-se
nos anos imediatos e em 1886 deixava o poeta, sem nostalgia, numa região espiritual
já percorrida.
• Nos sonetos deste ciclo vê-se a dor em todo o lado e ouve-se con,nuamente dizer que
é preferível o «não ser» ao «ser como é». Vêem-se já influências do budismo.
• É o pessimismo que leva Antero a evadir-se, a fugir para-além de tudo o que existe e o
faz sofrer. Procura refugiar-se num mundo indefinido, longínquo e vago, na ação
material, absorvente e enérgica, num sono no colo da mãe, no desprendimento do
sensível, na aspiração a um Deus clemente, que o leve para o Céu.
Estes conteúdos são visíveis nas composições poé,cas «O Palácio da Ventura»,
«Despondency», «Nox».
Síntese
• Para Antero, "a poesia é a voz da revolução". Ele foi um verdadeiro apóstolo social,
solidário e defensor da jus2ça, da fraternidade e da liberdade.
• As dúvidas, as deceções e a doença conduziram-no a um estado de pessimismo.
• Antero nunca conseguiu separar a poesia da vida, da sua ânsia de transformar o
mundo, da sua angús2a perante a dificuldade de explicar Deus, a vida e a morte.
• Antero luta por ideais feitos de amor, de jus2ça e de liberdade. Esperança e
desilusão são duas forças constantes no seu pensamento e na sua vida, entre as quais
tudo oscila.
• Idealista, acaba por considerar empobrecedoras as concre,zações da Ideia. Daí as
deceções constantes, sen,ndo que a sua luta não está a conseguir os resultados
projetados.
• Com dificuldade em libertar-se das adversidades, Antero dirige o seu pensamento
para o divino, embora sem abandonar o seu racionalismo.
• O pensamento de Deus surge, frequentemente, associado à morte, considerada
como a verdadeira libertação.
Evolução Ideológica da poesia de Antero de Quental
Socialismo utópico
Se o hegelianismo explica a origem e a realidade do Universo em Evolução, não resolveu o
problema do homem na terra, por isso surge a questão «Para que nos criastes?». Antero
vai agora à procura do sen,do prá,co da vida que lhe será indicado por Michelet e
Proudhon.
Apostolado social
Antero lançou-se na ação social e labutou afincadamente pela implantação de uma ordem
na sociedade portuguesa. O seu socialismo nada teve de revolucionário ou de anárquico.
O bem-estar social devia provir não de uma revolta armada mas da evolução pacífica,
baseada na moralidade, na instrução e na autopromoção da classe trabalhadora.
Evolução Ideológica da poesia de Antero de Quental
Pessimismo e budismo
Gorada a ação social, vi,mado pela doença e outras contrariedades, encheu-se-Ihe a alma
de pessimismo, sob influência de Schopenhauer para quem tudo no mundo é impulso
(vontade) que ao agir só encontra obstáculos. Assim, na terra, tudo é obstáculos, tudo é
dor.
Antero convenceu-se que o Universo era um sofrimento sem finalidade e que tudo
caminhava inevitavelmente para o nada. Só a consciência não fazia esse percurso porque
devia esforçar-se para a,ngir o Nirvana, onde havia um repouso completo, o impulso não
depararia com obstáculos, e vigoraria o desejo do não-ser, posição a que chegou por
leituras de Hartmann que, em A Religião do Futuro, combate o catolicismo e o
protestan,smo, propondo uma religião que seria uma síntese de panteísmo hindu e de
maome,smo judeo-cristão.
“Hino à razão”
Discurso conceptual