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CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Componente Curricular – EDUCAÇÃO PARA O AUTO CUIDADO


Carga horária: 20 horas

A educação e saúde no Brasil tem sofrido uma serie de transformação de cunho político
e social, onde a Constituição Federal programou a saúde como direito de todos e dever
do estado, antes oferecido pelo estado para quem tinha trabalho com carteira assinada
e outros apenas como um favor. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), todos
os cidadãos passam a ter acesso a atendimento básico de saúde, partindo do princípio
de universalidade, equidade, integralidade, hierarquização e controle social,
apresentando uma característica de atuação inter e multidisciplinar. (OLIVEIRA,
ANDRADE, RIBEIRO, 2009).

A educação tem um papel essencial na construção do futuro da enfermagem, sendo


primordial na preparação de profissionais, desse modo enfermeiros educador devem
continuamente examinar e desenvolver o conteúdo já existente e introduzir novas
metas, conteúdos e métodos de ensino que alcancem as necessidades das pessoas a
quem servem. (ZANOTTI, 1996; SILVA, 2004).
Segundo Waldow (2009), o cuidado é entendido como uma maneira de ser e de se
relacionar, compreendendo o aspecto moral e a ética da profissão de enfermagem. As
propostas de uma educação focando em currículos e ensino com abordagens mais
humanistas privilegiam o cuidado, cujo cuidar no mundo de hoje, é um desafio, portanto
educar para o cuidado também é.

Ao longo do tempo, educação em saúde trouxe em sua prática uma influência das ações
médicas, focalizada apenas na parte da doença se esquecendo de que o indivíduo é um
todo, precisando ser atendida e mudada integrando a ciência social e as ciências da
saúde envolvendo profissionais com formação distintas, num trabalho interdisciplinar,
complementar e cooperativo. (OLIVEIRA, ANDRADE, RIBEIRO, 2009).
A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas
concepções, das áreas tanto da educação, quanto da saúde, as quais espelham
diferentes compreensões do mundo, demarcadas por distintas posições político-
filosóficas sobre o homem e a sociedade. Dessa forma, ao conceito de educação em
saúde se sobrepõe o conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla
de um processo que abrange a participação de toda a população no contexto de sua vida
cotidiana e não apenas das pessoas sob risco de adoecer. Essa noção está baseada em
um conceito de saúde ampliado, considerado como um estado positivo e dinâmico de
busca de bem-estar, que integra os aspectos físico e mental (ausência de doença),
ambiental (ajustamento ao ambiente), pessoal/emocional (auto realização pessoal e
afetiva) e sócio ecológico comprometimento com a igualdade social e com a preservação
da natureza. (SCHALL; STRUCHINER, 1999; PEREIRA, 2003).

De acordo com o autor PEREIRA (2003), pressupõe-se uma combinação de


oportunidades que favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção, não atendidas
somente como transmissão de conteúdo, mas também como doação de práticas
educativas que busquem a autonomia dos sujeitos na condução de sua vida, ou seja,
educação em saúde é o pleno exercício de construção da cidadania.

Cidadania e solidariedade no relacionamento entre o serviço de saúde e a


comunidade.

Vivemos em plena comunidade sem fronteiras ou aldeia global, em que a cidadania se


configura como um conjunto de valores e de competências, passíveis de serem
aprendidas e desenvolvidas, de modo formal ou informal, ao longo da vida. A Educação
para a Cidadania colocou o enfoque na participação responsável dos cidadãos na vida
pública do país, designadamente, através dos processos de representação política ou do
empenhamento das instituições da sociedade civil. Aqui se ligam princípios e valores
fundamentais da democracia - muito mais do que palavra da moda, a cidadania é um
conceito abrangente, de totalidade, que se espraia da civilidade aos estilos de vida, da
solidariedade à consciência dos direitos e deveres bem como à cooperação e à
participação no debate social e político. Assim afirmado, três ideias se destacam como
eixos centrais, a saber: [1] a ideia básica de interdependência, numa noção de sistema
aberto, em que o que afeta uma parte, afeta o todo; poderemos dizer que requer um
processo que resulte em contribuir para os outros, num registo de empatia e
cooperação, e, enfim, o sentimento de pertencer a algo maior do que o Si mesmo; [2] a
ideia de autonomia e de construção de Si, numa relação entre o que pode ser designado
como a arte de aprender e saber viver (a dimensão ética) e o viver-na-cidade (a
dimensão política), que integram e incorporam a cidadania; viver numa sociedade
pluralista e democrática requer este exercício que não é confundível, antes se diria
complementar, com o desenvolvimento de competências cívicas; [3] a ideia de justiça
social, que inclui a liberdade e os direitos individuais, a articulação com a
responsabilidade moral, tanto em sentido individual como coletivo e o sentido da
distribuição dos bens e recursos, de forma que proteja os mais desfavorecidos.
Será conveniente reconhecer aqui a (nossa) afiliação à conceção política de Hannah
Arendt (1995) que assenta sobre a pluralidade humana e numa comunidade de seres
diferentes que, a partir do caos das (suas) diferenças, se organizam para viver em
conjunto.
Distinguindo-se de governos ou aparelhos partidários, à política compete organizar o
todo de seres absolutamente diferentes considerando a sua igualdade relativa e
abstraindo da sua diversidade relativa. A cidadania tem dimensão essencialmente
política, mas também social e jurídica, de vivência na família, na escola, nas
organizações. E hoje num espaço social que tende a ampliar-se, também pelo uso e
difusão das novas tecnologias, em que estamos visual e auditivamente à distância de
uns cliques, e pela emigração portuguesa dos últimos anos. Num contexto plural, há
quem defenda o uso de cidadanias (Afonso & Ramos, 2007) como expressão. Quer se
formule como conjunto de direitos e obrigações, como conjunto de qualidades morais,
enquanto manifestação da identidade nacional ou capacidade de juízo político,
percebemos que mesmo o “conceito técnico-jurídico de cidadania – vínculo jurídico pelo
qual um indivíduo integra o povo do Estado e acede, por essa via, à titularidade de um
conjunto de direito – está longe de explicar toda a carga simbólica e afetiva que a ideia
de cidadania ainda possui. ” (Carneiro, 2004, p.21).
Considera-se um direito, no sentido de não se ser privado de cidadania, e evidencia-se,
habitualmente, uma associação a uma comunidade histórica de cultura e de pátria. O
Plano Nacional de Saúde (2011-2016) colocou a cidadania como eixo estratégico, definia
como “estatuto de membro de uma comunidade política (local, nacional, supranacional)
sobre o qual existe uma relação de responsabilidade, legitimada por cada pessoa
assumir direitos e deveres” e apresentou uma ideia-chave: “Promover a Cidadania numa
cultura de saúde e bem-estar para a realização dos projetos de vida pessoais, familiares
e das comunidades” (Direção Geral de Saúde, 2010, p.28).

A cidadania em saúde tem, pelo menos, duas dimensões: a pessoal, ligada à experiência
de cada um na saúde, e a dimensão pública, de participação no desenvolvimento das
políticas e serviços de saúde. E se de tal decorre que, por um lado, cada um é o primeiro
responsável por zelar pela sua saúde com o dever de a promover, por outro lado, cada
cidadão tem direito a aceder a serviços e cuidados de saúde. Na base necessária para a
efetivação desta concepção está a capacitação dos cidadãos para intervirem em
qualquer das dimensões - pelo que entendemos que em saúde se apresenta como a
plataforma mais elementar para a participação; isto é, a produção, partilha e utilização
de informação e conhecimento aparece como primeira condição para uma cultura de
cidadania. Aliás, neste aspeto, provavelmente com inspiração consideram-se três graus
na relação entre o governo e os cidadãos: informação (relação de um sentido, das
instituições para o cidadão), consulta publicado em - Referência III Série - Suplemento
ao nº 11 - 2014, p. 131-140. ISSN 0874.0283 (relação em dois sentidos, na qual o cidadão
é convidado a contribuir com as suas opiniões) e participação ativa (baseada na parceria
dos cidadãos com governo). Permitam-nos dois comentários - primeiro, a expressão
“cidadania ativa” apresenta-se como pleonasmo pois a cidadania, em si, requer a
cooperação e a responsabilidade de participação pública, pelo que o uso desta figura de
linguagem está a reforçar (desnecessariamente?), um sentido existente (como em subir
para cima ou ambos os dois); e se a cidadania em saúde emergiu na Declaração de Alma-
Ata no sentido de proteger e promover a saúde de todos os povos do mundo, trata-se
claramente de uma cidadania planetária que Morin (2002) considerou para os sete
saberes necessários à educação do futuro. No país em que a formulação das políticas
tem orientação de cima para baixo e há um reconhecido déficit ou penúria de
cidadanias, aumenta a probabilidade de não se passar do texto ao ato, do discurso ao
concreto da ação. Para potenciar (e majorar) a capacitação dos cidadãos, existem
algumas estratégias de reconhecido sucesso e outras de menor visibilidade, que importa
desocultar. (Nunes, 2004)

A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos
humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de
conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior
liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às
dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que
não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida
e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena
cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada.
Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à
propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos
lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser cônscio
das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo
organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos
têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final,
coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

A cidadania exige ações do cidadão. Os acontecimentos não dependem apenas do


governo. Dependem das atitudes de cada um. Não podemos deixar de reconhecer a
responsabilidade que temos pelo nosso destino.

Atualmente as pessoas estão muito preocupadas com seus próprios problemas, com seu
trabalho e acabam esquecendo do meio ambiente. Porém é preciso dar ênfase a
educação ambiental. As atitudes de preservação do meio ambiente devem começar na
própria casa: A seleção do lixo, a utilização de energia de forma eficiente, controle na
utilização da água... São gestos pequenos que valem muito para o meio ambiente.

Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à
propriedade, à igualdade de direitos, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é
um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser
cônscio das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e
complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom
funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega
ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

SOLIDARIEDADE

Cuidar é uma atitude de consideração, de conhecimento, de amor, de solidariedade, de


preocupação primordial. É uma obrigação moral por parte dos profissionais (saúde e
outros). Responde por ajudar incondicionalmente, oferecendo apoio, segurança,
simpatia, compaixão e solidariedade. Solidarizar-se inclui perceber a vulnerabilidade do
outro, sua necessidade de cuidado e na disponibilidade em agir – um agir compreensivo
e responsável. A solidariedade aproxima-se do sentido do termo generosidade, mas não
pode ser confundido com paternalismo ou assistencialismo. É um compromisso, um
exercício de cidadania. O termo solidariedade indica apoio, ajuda e está vinculado ao
sentido moral de uma ação, interesse e responsabilidade. Parece inquestionável que a
enfermagem, por sua natureza, se caracteriza por ser uma atividade solidária. No
entanto, cumpre apontar que, nem sempre, suas ações são motivadas por interesse em
prol do bem-estar alheio, de forma genuína. O desejo de solidariedade é considerado
uma necessidade vital, embora no interior do ser humano conviva a ambivalência e a
ambiguidade. A solidariedade encontra-se na raiz do processo de humanização. Essa
assertiva só confirma a sua condição de categoria pertencente ao cuidado, que é a
própria essência humana. A solidariedade é responsável pelo salto da animalidade à
humanidade e à criação da socialidade que se expressa pela fala.

A solidariedade, assim como a compaixão, é uma subcategoria (entre várias outras) do


cuidado, encontrando-se, na verdade, embutida no cuidado. No mundo pós-moderno,
estas categorias são de vital importância nas sociedades.

Vários autores apontam e indicam a educação como um meio de despertar, em especial,


para a solidariedade. A educação desenvolve a habilidade de aceitar e respeitar a si
mesmo, consequentemente, favorece aceitar e respeitar o outro. A solidariedade é um
núcleo articulador que implica a afirmação da vida.

Na Enfermagem, como já apontado anteriormente, a solidariedade parece ser


inquestionável. Contudo, as formas de expressá-la podem não ser as mais efetivas. Por
vezes há dificuldade em articular o método analítico e o sintético. Profissionais desta
área seja, por pressões do ambiente, por falha no processo educativo, ou até mesmo
por uma desatenção, esquecem, em algumas situações, de expressar solidariedade. Em
alguns momentos, um simples olhar, um simples gesto afetuoso, uma palavra de
conforto, ou até o próprio silêncio, a sabedoria de escutar, a disponibilidade e a
presença afirmativa, assim como o apoio incondicional e a franca e respeitosa maneira
de expressar a compreensão da dor alheia, podem fazer a diferença!

A enfermagem é um processo, um acontecimento entre pessoas, que podem trocar


experiências, partilhar conhecimentos e sentimentos, influenciar e serem influenciados
na prestação do cuidado. A assistência de enfermagem é uma forma de presença ativa
embasada no princípio da flexibilidade, na corresponsabilidade, no compartilhar de
sentimentos e conhecimentos e na solidariedade humana espontânea. O profissional da
enfermagem deve ser capaz de atender as expectativas do paciente/família, e, na
medida do possível, dar liberdade e autonomia para que ele também se sinta
responsável pelo seu estado de saúde na busca de uma vida melhor. A solidariedade
humana é dual e complementária, devendo ser permeada na vontade de um e na
receptividade do outro. É um gesto, uma vontade espontânea, um exercício de
liberdade e de autonomia. O cuidado de enfermagem solidário é um processo interativo,
onde as vontades, tanto do profissional, como do paciente/família, são manifestadas e
neste diálogo ocorre o envolvimento e a interação. É bom salientar que podem ocorrer
conflitos nesta relação, cabendo ao enfermeiro encontrar caminhos e maneiras para
lidar com estes fatos.

Na verdade, o cuidado solidário é um compromisso social ético, despojado de qualquer


interesse unilateral, tendo como objetivos a recuperação da saúde, reintegração da
pessoa no seu meio social e o desenvolvimento do potencial criativo tanto do
profissional como do paciente/ família. O cuidado solidário é precedido de
intencionalidade, exigindo-se nesta relação corresponsabilidade, envolvimento,
cooperação e consenso dialógico e espírito participativo. Nesta troca devemos sempre
respeitar as diferenças, não devendo existir uma imposição hierárquica por parte do
profissional, mas sim a realização de um trabalho junto com o paciente/família, tendo
como objetivo comum, a melhora das condições de saúde e de vida das pessoas.
Analisando isso, Arendt (1997, p.41) diz que, “não devemos ver a liberdade nem como
domínio e nem como submissão”. Nesse contexto do cuidado deve-se sempre respeitar
as diferenças, dando autonomia tanto para o profissional como para o paciente.

O profissional autêntico é o que corresponde aos seus apelos interiores, guiado sempre
pelo princípio ético. O cuidado solidário é um processo, um acontecimento, em que são
partilhados os sentimentos e vontades, sendo indispensável o respeito pelas diferenças
e um interesse autêntico pelo outro. Esta interação verdadeira mostra coragem e risco
do profissional, que precisa lutar contra a rotina que o anestesia e contra os
preconceitos que às vezes o sufoca.

Higiene e Profilaxia

A cárie é uma das doenças bucais mais comuns. Mesmo ela sendo bastante conhecida,
poucos sabem as suas causas. Apenas entendendo o porquê ela ocorre é que se
conseguirá combatê-la. Além da cárie, existe outra doença que afeta grande parte da
população e é menos conhecida: a doença periodontal.
A cárie é uma doença infectocontagiosa multifatorial, isto é, depende de vários fatores
para se instalar. Para se desenvolver, a cárie precisa de uma microbiota específica, uma
dieta rica em carboidratos, e uma higiene precária. A cárie é uma doença bacteriana
cujo agente principal é o Streptococcus mutans que produz um ácido capaz de
desmineralizar o esmalte dentário. Existem também o Lactobacillus sp e a Actinomyces
que juntos ao Streptococcus mutans danificam as estruturas dentárias. Sem a higiene
adequada, essas bactérias invadem as estruturas mais internas do dente (dentina e
polpa) e causam a necrose (morte) do dente. Sabendo disso, é preciso optar por uma
dieta mais saudável, evitando alimentos que contenham açúcares e escovar os dentes
adequadamente removendo todo acúmulo bacteriano.

Doença periodontal (periodontite)

Assim como a cárie, a periodontite também é uma doença multifatorial que precisa de
uma microbiota específica e uma má higiene oral. As principais bactérias da doença
periodontal são: Prevotella intermédia, Tannerella forsythia, Treponema denticola,
Porphyromonas gingivalis. Essas bactérias em desequilíbrio com a microbiota da gengiva
sinalizam inflamação para o sistema imune inato (neutrófilos e o sistema complemento).
Com a não remoção dessas bactérias, elas continuam danificando o tecido e o sistema
imune adaptativo (linfócitos) é recrutado para tentar combater a invasão bacteriana.
Esses patógenos produzem enzimas que danificam as estruturas de sustentação do
dente (ligamento periodontal, cimento, osso alveolar), o que pode levar a perda
dentária. Inicialmente, ocorre a gengivite que é apenas uma inflamação da gengiva, que
pode ser revertida. Alguns indivíduos progridem para um quadro de periodontite que é
quando ocorre a perda das estruturas de sustentação do dente. A periodontite é uma
doença crônica que precisa de acompanhamento odontológico, caso contrário ela pode
levar a perda do elemento dentário.

Saúde Mental
O QUE É SAUDE MENTAL?

A maior parte das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental” pensam em
“Doença Mental”. Mas, a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças
mentais. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito, que
todos possuem limites e que não se pode ser tudo para todos.
Elas vivenciam diariamente uma série de emoções como alegria, amor, satisfação,
tristeza, raiva e frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida
cotidiana com equilíbrio e sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com
conflitos, perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.
A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências
da vida e ao m odo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e
emoções.
A saúde é um direito humano básico, intrinsecamente conectada com o direito à vida.
Sem saúde a vida humana fica comprometida, dependendo da gravidade da doença de
que padece o empregado, ele corre o risco de ficar incapacitado para o trabalho
temporária ou permanentemente, ou até mesmo de perder a vida. Sem saúde a
capacidade de trabalho também fica comprometida. A capacidade que o trabalhador
tem para executar suas funções está relacionada com seu estado de saúde e com suas
capacidades físicas e mentais. A capacidade é um processo dinâmico entre recursos do
indivíduo em relação ao seu trabalho, assim sendo sofre influência de diversos fatores,
como aspectos sócio demográficos, estilo de vida. Entre os diversos fatores, a saúde é
considerada como um dos principais determinantes da capacidade para o trabalho;
quanto melhor a qualidade de saúde, melhor a condição da capacidade para o trabalho.
A força dessa associação aponta a relevância da saúde em sua integralidade
condicionando a qualidade da capacidade para o trabalho.

O trabalho em condições adversas pode afetar a saúde psíquica das pessoas e explicar
ocorrências endêmicas de certas alterações. As implicações psíquicas das sequelas que
essas doenças causam no ser humano representam um impacto em um traço identitário
de grande significação do ser humano, pelo valor simbólico atribuído ao trabalho hoje
em dia. Foi Christophe Dejours quem introduziu, no estudo da relação saúde mental no
trabalho, a noção de sofrimento como uma vivência intermediária entre a doença
mental descompensada e o bem-estar psíquico. Os transtornos mentais e
comportamentais possuem etiologia variada, indo desde os fatores orgânicos aos
essencialmente psicológicos. Uma das características dessas doenças, principalmente na
sua relação com o trabalho, é a invisibilidade. Esse processo de invisibilidade ocorre
porque os problemas mentais não aparecem em exames e radiografias como a
hipertensão arterial, a diabetes, a úlcera gástrica, etc. Grande parte das alterações
psíquicas envolve processos crônicos, cumulativos e multicausais, os quais podem ser
somatizados ou não.

Os fatores psicossociais têm fundamental importância à hora de avaliar e implantar uma


política em matéria de medicina e segurança no trabalho, pois indigitados fatores
podem influir de maneira decisiva no bem- -estar físico e mental do trabalhador, visto
que este não pode ser considerado como uma máquina constituída por músculos e
nervos ou uma pilha disforme de células. Alguns desses fatores de risco podem
ocasionar uma diminuição do nível de saúde do trabalhador, entre eles “aspetos físicos
e certos aspetos de organização e sistema de trabalho, assim como a qualidade das
relações humanas na empresa. Todos esses fatores interatuam e repercutem sobre o
clima psicossocial da empresa e sobre a saúde física e mental dos trabalhadores”.
Esses fatores de risco nunca se apresentam isoladamente, eles se interatuam no entorno
do meio ambiente laboral ao mesmo tempo, de forma a potencializar os efeitos nocivos.
As inúmeras doenças relacionadas à organização, aos processos e ambientes de trabalho
apresentam graves riscos à integridade e à saúde física e mental dos trabalhadores. Um
ambiente de trabalho saudável e seguro propicia aos empregados a continuação da
condição de uma boa saúde física e mental com relação ao lugar de trabalho,
contribuindo, ademais, para prevenir a violência no lugar do trabalho. A violência, na
atualidade, é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de
Saúde.

TER SAÚDE MENTAL É...


- Estar bem consigo mesmo e com os outros;
- Aceitar as exigências da vida;
- Saber lidar com as boas emoções e também com aquelas desagradáveis, mas que
fazem parte da vida;
- Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário;

OBS.: Todas as pessoas podem apresentar sinais de sofrimento psíquico em alguma fase
da vida.

PARA MANTER SUA SAÚDE MENTAL EM DIA...

- Mantenha sentimentos positivos consigo, com os outros e com a vida;


- Aceite-se e às outras pessoas com suas qualidades e limitações;
- Evite consumo de álcool, cigarro e medicamentos sem prescrição médica
- Não use drogas;
- Pratique sexo seguro;
- Reserve tempo em sua vida para o lazer, a convivência com os amigos e com a família;
- Mantenha bons hábitos alimentares, durma bem e pratique atividades físicas
regularmente.

Saneamento Básico e do meio

A importância do saneamento e sua associação à saúde humana remonta às mais


antigas culturas. O saneamento desenvolveu-se de acordo com a evolução das diversas
civilizações, ora retrocedendo com a queda das mesmas, ora renascendo com o
aparecimento de outras.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os
fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre
o bem-estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento
caracteriza o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar
Salubridade Ambiental.
A oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infraestrutura física e
uma estrutura educacional, legal e institucional, que abrange os seguintes serviços:
- Abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a proteção de
sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de conforto;
- Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura
de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícola;
- Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos
(incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial e de serviços,
industrial e pública);
- Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações;
- Controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.);
- Saneamento dos alimentos;
- Saneamento dos meios transportes;
- Saneamento e planejamento territorial;
- Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação e de recreação e dos
hospitais; e
- Controle da poluição ambiental – água, ar e solo, acústica e visual.

Meio ambiente

A Lei nº 6.938, de 31/8/1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação no Brasil, define: Meio ambiente é o
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

Saúde e saneamento

Sanear quer dizer tornar são, sadio, saudável. Pode-se concluir, portanto, que
Saneamento equivale a saúde. Entretanto, a saúde que o Saneamento proporciona
difere daquela que se procura nos hospitais e nas chamadas casas de saúde. É que para
esses estabelecimentos são encaminhadas as pessoas que já estão efetivamente
doentes ou, no mínimo, presumem que estejam. Ao contrário, o Saneamento promove
a saúde pública preventiva, reduzindo a necessidade de procura aos hospitais e postos
de saúde, porque elimina a chance de contágio por diversas moléstias. Isto significa dizer
que, onde há Saneamento, são maiores as possibilidades de uma vida mais saudável e
os índices de mortalidade - principalmente infantil - permanecem nos mais baixos
patamares.

O conceito de Promoção de Saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS),


desde a Conferência de Ottawa, em 1986, é visto como o princípio orientador das ações
de saúde em todo o mundo. Assim sendo, partes e do pressuposto de que um dos mais
importantes fatores determinantes da saúde são as condições ambientais.
O conceito de saúde entendido como um estado de completo bem-estar físico, mental
e social, não restringe ao problema sanitário ao âmbito das doenças. Hoje, além das
ações de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais importante atuar sobre os
fatores determinantes da saúde. É este o propósito da promoção da saúde, que constitui
o elemento principal da propostas da Organização Mundial de Saúde e da Organização
Pan-Americana de Saúde (Opas).

Saneamento ambiental abrange aspectos que vão além do saneamento básico,


englobando o abastecimento de água potável, a coleta, o tratamento e a disposição final
dos esgotos e dos resíduos sólidos e gasosos, os demais serviços de limpeza urbana, a
drenagem urbana, o controle ambiental de vetores e reservatórios de doenças, a
disciplina da ocupação e de uso da terra e obras especializadas para proteção e melhoria
das condições de vida. Diversos problemas ambientais estão associados à falta ou à
precariedade do saneamento, tais como: poluição ou contaminação na captação de
água para o abastecimento humano, poluição de rios, lagos, lagoas, aquíferos, doenças,
erosão acelerada, assoreamento, inundações frequentes, com as consequentes perdas
humanas e materiais, para mencionar apenas alguns exemplos.

Entre os serviços de saneamento, o manejo de águas pluviais (MAP) em áreas urbanas


constitui um dos mais importantes, considerando o crescimento das cidades e o
planejamento urbano, bem como a manutenção das condições de segurança e de saúde
da população. Este serviço compreende essencialmente a coleta, o escoamento e a
drenagem das águas das chuvas por equipamentos urbanos compostos por redes de
drenagem subterrânea e superficial, bueiros, bocas de lobo, sarjetas, dispositivos
dissipadores de energia e controle de vazão, e a posterior disposição dos efluentes em
pontos de lançamento ou corpos receptores que o objetivam o escoamento rápido das
águas por ocasião das chuvas, prevenindo inundações, visando à segurança e à saúde
da população, além de permitir a ampliação do sistema viário.
Aproximadamente 95% dos municípios fazem MAP, sendo que a maioria utiliza cursos
d’água permanentes como principais corpos receptores (lagos, rios, córregos, riachos,
igarapés, etc.). Neste sentido, em um contexto de crescente impermeabilização e
redução da capacidade dos solos em infiltrar as águas das chuvas, o correto
funcionamento e a manutenção do sistema de drenagem urbana permitem a atenuação
de problemas ambientais, especialmente processos erosivos acelerados, assoreamento
e inundações. Além disso, o rápido escoamento das águas pluviais previne a formação
de poças e alagados, evitando a proliferação de mosquitos, responsáveis pela
transmissão de doenças, como a dengue, a febre amarela, a malária e a leishmaniose.
Uma variável importante para avaliar a qualidade do manejo de águas pluviais é a
pavimentação de ruas com sistema de drenagem subterrânea (tubulações e/ou galerias
e/ou canais) na área urbana. Os maiores percentuais (acima de 50%) de vias
pavimentadas são encontrados nos municípios das Regiões Sul e Sudeste do País.
Em sistemas de drenagem muito antigos ou cujo dimensionamento e/ou ampliações
não acompanharam o crescimento da área urbana e do sistema viário dos municípios,
há a tendência de acumulação do material sedimentar erodido.
A gestão adequada de bacias hidrográficas, o controle sobre a retirada da cobertura
vegetal e a ocupação do solo são fundamentais para o bom funcionamento dos sistemas
de drenagem urbana.
Embora a grande maioria dos municípios brasileiros disponha do serviço de coleta de
lixo, pouco mais da metade (50,8%) o destina para vazadouros a céu aberto (lixões).
Apesar disso, houve um decréscimo em relação ao ano de 2000, quando o percentual
era 72,3%. Ao analisar este indicador por estrato populacional, mais da metade dos
municípios pequenos destinavam seus resíduos para lixões (52% dos municípios com até
20 mil habitantes, 53% dos municípios entre 21 e 100 mil habitantes). Trata-se de um
grande desafio a ser enfrentado, pois a disposição inadequada do lixo pode causar
poluição das águas e do solo, bem como problemas de saúde, sobretudo para os
catadores de lixo.

Uma das soluções mais viáveis para reduzir o volume de lixo produzido, e,
consequentemente, a disposição inadequada dos resíduos sólidos, é a coleta seletiva do
lixo. A coleta seletiva contribui para diminuir a quantidade de resíduos disposta em
aterros sanitários e outros destinos, gera empregos, melhora a condição de trabalho dos
catadores de lixo, permite a reciclagem e, com isso, economiza energia e recursos
naturais.

Um indicador relevante no contexto das preocupações sobre saneamento, meio


ambiente e saúde pública é a destinação final dos resíduos sólidos especiais.
Aproximadamente 42% dos municípios brasileiros depositam o lixo séptico (hospitalar)
em conjunto com os resíduos comuns, sobretudo nas Regiões Nordeste e Norte,
enquanto os demais os enviam para locais de tratamento ou aterros de segurança.
Em relação às embalagens vazias de agrotóxicos, nos estados do Centrosul está o maior
número de áreas com lavouras que controlam o manejo destas embalagens,
destacando-se o Paraná, o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul. Por outro lado, diversos
municípios declararam existir poluição por agrotóxicos nos três tipos de captação de
água para o abastecimento urbano (superficial, poço raso e poço profundo),
notadamente na captação superficial.

Noções básicas de Epidemiologia

A Associação Internacional de Epidemiologia (IEA), em seu Guia de Métodos de Ensino


(ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 1973), define epidemiologia como o estudo
dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades
humanas. Enquanto a clínica dedica-se ao estudo da doença no indivíduo, analisando
caso a caso, a epidemiologia debruça-se sobre os problemas de saúde em grupos de
pessoas, às vezes grupos pequenos, na maioria das vezes envolvendo populações
numerosas.
Sendo assim, a epidemiologia tem muito em comum com a demografia: ambas estudam
populações.

De acordo com a IEA, são três os principais objetivos da epidemiologia:

I. Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde das populações


humanas.
II. Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações
de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer
prioridades.
III. Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades.
Figura 1 – Rede de informação em saúde

Muitos dos dados clínicos coletados nas consultas no Centro de Saúde e nos hospitais
da rede do SUS são consolidados em nível central (do município ou do estado) e
encaminhados ao Datasus (Figura 1). No caso das internações, como estudamos
anteriormente, podemos obter os dados na página da internet, selecionando o SIH/SUS.
Os dados de inquéritos populacionais servirão de base para os estudos epidemiológicos.
Aplicando bons métodos e desenhos epidemiológicos, trabalhando com dados de
qualidade e, principalmente, analisando a complexidade dos resultados, poderemos
oferecer bases para o conhecimento da saúde da coletividade, bem como a identificação
de necessidades de intervenção ou ações coletivas.
Com certeza, você já utilizou ferramentas da epidemiologia para sua prática como
profissional na ESF.

Entre as utilidades mais citadas da epidemiologia, estão:


 Analisar a situação de saúde;
 Identificar perfis e fatores de risco;
 Proceder à avaliação epidemiológica de serviços;
 Entender a causalidade dos agravos à saúde;
 Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural;
 Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e às
necessidades das populações;
 Testar a eficácia, a efetividade e o impacto de estratégias de intervenção, bem
como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar,
prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade;
 Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que
apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo;
 Definir os modos de transmissão;
 Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;
 Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde;
 Estabelecer medidas preventivas;
 Auxiliar o planejamento e desenvolvimento dos serviços de saúde;
 Gerar dados para a administração e avaliação de serviços de saúde;
 Estabelecer critérios para a Vigilância em Saúde.

Para o Brasil, e inclusive para o mundo, um exemplo bem-sucedido de um programa de


Vigilância Epidemiológica é o Programa Nacional de Imunização (PNI). Como se afirma o
documento do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), “Os bons resultados das
imunizações, no Brasil, devem ser atribuídos à abnegação dos vacinadores e a uma
política de saúde que se sobrepôs às ideologias dos diferentes governos desde 1973”.

Mas esse programa não existiria sem a contribuição da epidemiologia para: mostrar
evidências do problema. No caso do PNI para idosos, os dados foram relevantes para
mostrar que apesar da morbidade por enfermidades infecciosas reduzir-se com a idade,
a gravidade e consequências mortais aumentam; identificar a eficácia da vacinação.

Os movimentos anti-vacina ganharam força depois que o cirurgião Andrew Wakefield


publicou em 1998 na Lancet, respeitada revista da área médica, um trabalho insinuando
que a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) estaria associada ao autismo.
Estudos posteriores refutaram a conexão e mostraram que Wakefield tinha ações de
uma empresa que propunha o uso de outra vacina. Sua licença médica foi cassada, mas
o estrago estava feito e ressurgiram surtos de sarampo na Europa (ver Pesquisa
FAPESP nº 181).

Surgimento e definição da Epidemiologia

O conceito de epidemiologia depende, em grande medida, do contexto histórico, dos


conhecimentos acumulados na área de saúde, da etapa da transição epidemiológica e
demográfica, bem como da interpretação que se tenha em determinada época e
contexto sobre a saúde (BEAGLEHOLE; BONITA; KJELLSTRÖM, 1994).

Embora não se tenha certeza de quando e quem foi o primeiro a definir a epidemiologia,
sabemos que a história dessa ciência acompanha a história da medicina, especialmente
da medicina preventiva. Por isso, considera-se que Hipócrates lançou as principais bases
dos estudos epidemiológicos.
Hipócrates (460 a.C - 377 a.C), considerado o pai da medicina científica, foi o primeiro a
sugerir que as causas das doenças não eram intrínsecas à pessoa nem aos desígnios
divinos, mas que estava relacionada às características ambientais. Embora as causas
relatadas por Hipócrates tenham sido superadas, reconhecemos que ele lançou as bases
para a procura da causalidade das doenças e agravos à saúde, norte principal da
epidemiologia até hoje.

Hipócrates, em Tratado dos ares, das águas e dos lugares (século V a.C.), coloca os
termos epidêmico e endêmico, derivados de epidemion (verbo que significa visitar:
enfermidades que visitam) e endemion (residir enfermidades que permanecem na
comunidade). Ele sugere que condições tais como o clima de uma região, a água ou sua
situação num lugar em que os ventos sejam favoráveis são elementos que podem ajudar
o médico a avaliar a saúde geral de seus habitantes. Em outra obra, Tratado do
prognóstico e aforismos, trouxe a ideia, então revolucionária, de que o médico poderia
predizer a evolução de uma doença mediante a observação de um número suficiente de
casos. Essa também é, até hoje, uma das principais características da epidemiologia e
da demografia.
Hipócrates considerava que para se fazer uma correta investigação das doenças, era
necessário o conhecimento das peculiaridades de cada lugar, e a observação da
regularidade das doenças num contexto populacional.

Para Refletirmos...

Suponhamos que estejam sendo detectados inúmeros casos de uma doença semelhante
à gripe, mas ainda não claramente identificada, no município A dado como exemplo. Os
primeiros casos foram identificados em um vilarejo próximo a uma fábrica de cimento.
Como deve ser conduzida a investigação desse possível surto?
Os primeiros casos de uma epidemia, em uma determinada área, sempre devem ser
submetidos à investigação em profundidade. A magnitude, extensão, natureza do
evento, forma de transmissão e o tipo de medidas de controle indicadas são alguns
elementos que orientam as diretrizes de investigação. Lembrem-se: o objetivo central é
sempre identificar formas de interromper a transmissão e prevenir ocorrência de casos
novos. Agora é só a equipe detalhar as etapas de investigação.

Referências Bibliográficas

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