Você está na página 1de 48

PÓS-GRADUAÇÃO ¨LATO SENSO¨

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O MOSAICO COMO TÉCNICA DE (RE)CONSTRUÇÃO EM


ARTETERAPIA

PO R
KÁTIA CALAÇA SPERLE

ORIENTADOR
LUIZ CLÁUDIO LOPES ALVES, D.Sc.

RIO DE JANEIRO
JULHO DE 2003
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO ¨LATO SENSO¨
PROJETO A VEZ DO MESTRE

O MOSAICO COMO TÉCNICA DE (RE)CONSTRUÇÃO EM


ARTETERAPIA

POR
KÁTIA CALAÇA SPERLE

Trabalho monográfico apresentado como


requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Arteterapia em Educação e
Saúde
Agradeço a todos que passaram pela minha vida
e que contribuíram para a execução desta
pesquisa, através da partilha de idéias, emoções
e sentimentos.
Dedico este trabalho a minha irmã, Mirian Calaça,
que com sua luz iluminou o meu caminho.
“Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.¨

Fernando Pessoa
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – SOBRE ARTETERAPIA


1.1 - ORIGEM E HISTÓRIA DA ARTE TERAPIA
1.2 - ABORDAGEM JUNGUIANA
1.3 - CAMINHOS POSSÍVEIS EM ARTE TERAPIA
1.4 - MÃOS COMO CONSTRUTORAS DA VIDA

CAPÍTULO II – A ARTE DO MOSAICO ATRAVÉS DO TEMPO


2.1 - HISTÓRIA DO MOSAICO
2.2 - TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO COM MOSAICO
2.3 - O ESTÍMULO DAS FORMAS

CAPÍTULO III – O MOSAICO EM ARTETERAPIA


3.1- O MOSAICO COMO INSTRUMENTO ARTE TERAPÊUTICO
3.2 - UNIDADES ARQUETÍPICAS DO CAOS
3.3 - O ARTE TERAPEUTA E O AMBIENTE DE CRIAÇÃO

CONCLUSÃO

BIBLIOGAFIA

ANEXO

ÍNDICE
RESUMO

O objetivo deste estudo visa beneficiar o indivíduo em seu caminho através


da vida e do encontro consigo mesmo, utilizando a técnica da arte do Mosaico
como ação terapêutica, revelando tanto o seu conteúdo artístico-terapêutico como
o filosófico, auxiliando assim o encontro de novas possibilidades e descobertas de
si mesmo. O mosaico sedimentando a (re)construção de imagens e símbolos.
Pedaços ora separados estarão reunidos para compor um novo momento.
Auxiliando o autoconhecimento, a auto estima e as novas possibilidades de ativar
e revitalizar áreas saudáveis em cada indivíduo. Resgatando e liberando seu
potencial criativo.
INTRODUÇÃO

A arte de romper e de juntar


de escolher e selecionar,
de compor e de criar
expandir
comunicar
transformar
renascer

A arte tem razões que a própria razão desconhece. Ela surge da vontade
de retratar o mundo, exterior ou interior. A esse respeito o escritor Mário Quintana
fez uma colocação brilhante. “O pintor não pinta uma árvore ele pinta-se uma
árvore.” É que mesmo sem querer o autor se coloca nas entrelinhas da obra.
Lendo as entrelinhas, pode-se compor um perfil da personalidade, com eventual
diagnósticos de conflitos.

A arteterapia, utilizando recursos da expressão artística em mosaico


fundamentará teoricamente esse processo terapêutico através deste estudo,
auxiliando os autores a se conhecerem e conhecerem o mundo ao seu redor.

O objetivo da Arteterapia na visão junguiana será promover apoio e


ferramentas apropriadas, para que a energia psíquica forme símbolos em
variadas produções, e deste modo realizar e ativar a conexão entre o
inconsciente e o consciente. Através destas produções simbólicas, que retratam a
psique em variados estágios, coopera-se para a percepção entendimento e
mudanças de estados afetivos tumultuados, beneficiando a construção e
desenvolvimento da individualidade por meio de produções em mosaico.
A Arteterapia terá a função de auxiliar este processo, oferecendo o
mosaico para que através da escolha do material, da variedade de cores e
formas, se possa trabalhar de maneira singular, expressando a forma de
lidar com a organização e execução que são características únicas de cada
indivíduo e refletir assim estados afetivos que nem sempre são possíveis de
serem expressos verbalmente.

Além do conteúdo das imagens (simbólico) se considerarmos as escolhas


tomadas, expressas em cada solução técnica do trabalho, teremos um
instrumento ainda mais valioso. Como lidar com o material, com o espaço, com os
encaixes, com as formas e cores, com a organização e execução, até mesmo
o estilo, tudo faz parte deste registro do momento psicológico do indivíduo.
Cada questão e solução dentro da prática artística corresponde a uma questão e
solução de ordem psíquica. A aplicação ampla da expressão plástica em arte
terapia utilizando-se a técnica do mosaico promoverá o desenvolvimento do
lado intuitivo do ser, abrindo-se as portas de comunicação e contato com o
inconsciente, deixando fluir o seu valor e expandindo o seu crescimento.

No fazer artístico com a técnica do mosaico, desde o primeiro gesto, se tem


que optar por uma dentre infinitas possibilidades. Não há como ficar no meio: age-
se ou não, é este ou aquele. Do início ao fim, a experiência da superação do
impasse.

A arte é a ponte entre o inconsciente e o consciente.

Paul Klee (et O Homem e seus Símbolos), considerado o poeta dos


pintores modernos, acrescenta que a questão é “tornar visível tudo o que se
percebe secretamente.”
“É missão do artista penetrar o mais fundo possível naquele
âmago secreto onde uma lei primitiva sustenta o seu crescimento.
Que artista não desejaria habitar a fonte central de todo
movimento espaço-tempo (esteja situado no cérebro ou no
coração da criação), de onde todas as funções extraem a sua
seiva vital? Onde se esconde a chama secreta de todas as
coisas? No ventre da natureza, fonte original de toda criação?...
Coração a palpitar, somos levados cada vez mais para baixo, em
direção à fonte primeira. ”E o que encontramos nesta jornada
“deve ser levado muito a sério, desde que, combinado
integralmente com os meios artísticos apropriados, desabroche
em estrutura”.

Será trilhado então um caminho pelo universo da arte do mosaico, da arte


terapia e do efeito renovador e unificador de ambos. Na busca incessante por
indivíduos plenos, criativos, corajosos e ordenadores que libertem conteúdos
muitas vezes desconhecidos. Isso implica na expansão da comunicação
integradora do homem consigo mesmo, com o outro e o meio. É evidente a
eficácia da prática artística como instrumento terapêutico, educativo e social. A
incorporação desta prática no cotidiano e na melhoria da qualidade de vida do se
humano é o aporte deste trabalho, que propõe o resgate da arte do mosaico
como agente transformador.

A técnica do mosaico como processo de (re)construção proporciona em


síntese, a reprodução de conhecimento e prática, e também a estruturação,
constituição e reconstituição do nosso universo interior.

Segundo Rubin (1995), todo processo criativo, após o momento de se


deixar levar, experimentar e explorar materiais surge como uma necessidade
de organizar, de colocar junto, de arranjar e elaborar o trabalho final.

Considerando estes aspectos, a intenção deste estudo buscará interligar


subsídios teórico relativos a técnica expressiva do mosaico em arteterapia
auxiliando assim o desenvolvimento e o crescimento do indivíduo.
No capítulo I, serão abordados os caminhos da prática da arteterapia, seu
histórico, sua jornada e seu percurso como processo terapêutico. A importância
dos símbolos dentro da abordagem junguiana como elemento fundamental no
processo de auto conhecimento e transformação do ser. Os caminhos trilhados e
as descobertas através do percurso e o segredo das mãos como reveladoras de
conteúdos fundamentais no processo terapêutico.

No capítulo II, “A arte do mosaico através do tempo”, será feito um histórico


desvendando um pouco do universo desta arte milenar, seu percurso e suas
transformações através dos séculos. O emprego de diversos materiais. Suas
técnicas e seus estímulos.

No capítulo III, a fusão e a utilização do mosaico como técnica no processo


arte terapêutico, seus efeitos práticos na melhoria da qualidade e na promoção de
novas descobertas, facilitadas pelo processo de criação. A trilha na busca de
novas possibilidades, descobertas e respostas para indivíduos plenos e saudáveis
que se utilizam da técnica do mosaico como instrumento terapêutico.

Nas considerações finais a intenção de ter concretizado o estudo e


contribuído de forma plena e facilitadora, de maneira que este sirva de aporte para
utilizações práticas aos que forem beber na fonte da arte terapia utilizando a
técnica do mosaico como fundamento terapêutico.
CAPÍTULO I – SOBRE ARTETERAPIA

1.1. ORIGEM E HISTÓRIA DA ARTETERAPIA

A Arte é inerente ao ser humano, ela faz parte da história da humanidade,


desde sua origem até os dias atuais.

Tem-se conhecimento do uso terapêutico da arte nas civilizações gregas


mais antigas. Porém, a arte como profissão Arteterapia é de uso recente, data
aproximadamente 60 anos.

A arteterapia tem sua origem na Antroposofia de Rudolf Steiner segundo a


qual o Homem é considerado um ser espiritual constituído de alma e corpo vivo,
onde através dos elementos (cor, forma, volume, disposição espacial, etc) na
terapia artística, possibilita que a pessoa vivencie os arquétipos da criação, ou
seja, re-conecte-se com as leis que são inerentes a sua natureza, com isso traz
um contato com a essência criadora de cada um.

No final do século XIX renomados psiquiatras europeus demonstraram


interesse nas produções plásticas dos pacientes internados nos hospitais
psiquiátricos, em oficinas de terapia ocupacional. Os psiquiatras Kraepelin e
Bleuler, conhecidos mestres da psiquiatria mencionaram e valorizaram a arte no
processo terapêutico. Na Alemanha, o psiquiatra Prinzhom (1922) enfatizou o
papel da arte em relação ao tratamento de doentes mentais, sugeriu que “a alma
sofrida, deveria ter acesso a remédio da arte natural e vital e acesso à
imaginação”. No Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira fundou o Museu de Imagem
do Inconsciente, sendo pioneira no uso, da arte como parte do processo
terapêutico. Após ter sido utilizada no passado como atividade secundária e
acessória no tratamento em hospitais psiquiátricos europeus e norte-americanos,
arte como terapia, Arteterapia, tem hoje uma presença marcante nos estudos e
utilização prática por partes terapêuticas em vários países. A arteterapia utiliza
conhecimentos das áreas da psicologia e das artes plásticas. Porém, sua prática,
sua metodologia e fundamentação teórica estão se estruturando em um saber
próprio, com formação específica.

O processo arte terapêutico viabiliza o fazer criativo, o crescimento interior,


solidifica a relação do indivíduo consigo mesmo e com uma linguagem artística.
Este processo acontece através do lidar com diferentes modalidades expressivas,
tais com: desenho, colagem, mosaico, modelagem, música, dança, etc.

A arte converte-se em Arteterapia e passa do terapêutico ocupacional para


uma visão mais transcendente quando ela possibilita um retorno da imagem
pensada, concretizada através dos materiais, em emoção, na emoção por vezes
escondida.

O universo da Arteterapia está ligado a sensorialidade e a materialidade,


onde texturas, cores formas, volumes e linhas dão corpo aos símbolos produzidos
pelo indivíduo em seu processo de autoconhecimento e transformação. Tal
processo é preferencialmente e predominantemente não verbal, cabendo sua
expressão, num primeiro momento, através das atividades plásticas
desenvolvidas, podendo a palavra ser ou não inserida após a conclusão de tais
atividades. Mas com ou sem uso da palavra, o importante é a oportunidade de
expressão, configuração e materialização de conflitos e afetos vivenciada pelo
indivíduo dentro de si.

A Arteterapia resgata o potencial criativo do homem, buscando a psique


saudável e estimulando a autonomia e a transformação interna, para
reestruturação do ser. Através do processo terapêutico o indivíduo entra em
contato com conteúdos internos, muitas vezes inconscientes, que se encontram
escondidos na sombra, tendo a possibilidade, inclusive, de catarse emocional.
“Assim pode-se considerar Arte Terapia como um criativo território
terapêutico, onde confluem distintos campos de conhecimento, e
onde se pode gestar novas e livres formas de expressão as
quais através da Arte de cada um é possível contribuir para
construir e reconstruir subjetividade...”
( PHILIPPINI, 2000, p.15 )

1.2 ABORDAGEM JUNGUIANA

São símbolos, na abordagem junguiana de Arteterapia, os orientadores dos


indivíduos em seus processos de autoconhecimento e transformação. Tais
símbolos teriam origem no SELF que é considerado o centro de saúde, equilíbrio e
harmonia, a essência de cada pessoa, a representação do pleno potencial da
psique. A arte, como ferramenta terapêutica, fornece suportes materiais
adequados para que a energia psíquica de cada indivíduo plasme esses símbolos
em criações diversas.

O recurso da arte aplicado à psicopatologia originou-se quando Jung passou a


trabalhar com o fazer artístico, em forma de atividade criativa e integradora da
personalidade. “A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do
inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade,
criatividade, é vida. (Jung, 1920)

Segundo Ângela Philippini, é através dos símbolos que o indivíduo tem a


oportunidade de conhecer, compreender, refazer, recuperar, rememorar e
transcender. Eles constituem a linguagem metafórica do inconsciente, guardando
todos os enigmas psíquicos. Ao desvelar cada símbolo, o indivíduo avança no
processo de autoconhecimento e de conhecimento do outro. Esse é um caminho
feito de cores, formas,de significados, por onde transitam lembranças, desejos,
medos, rancores, afetos e esperanças. Tal processo colabora para compreensão
e expansão da personalidade através da criação. Oferecer ao indivíduo múltiplos
materiais estimula a criatividade e, posteriormente, leva ao desbloqueio de
informações guardadas na sombra, trazendo-as à consciência. O lado obscuro,
desconhecido e reprimido da psique humana, quando trazido à consciência,
favorece a transformação do ser.

Pois estados afetivos internos nem sempre podem ser explicados em


palavras, mas para Jung, podem ser traduzidos através dos estilos expressivos,
das formas dominantes na criação, da utilização do espaço, das cores mais
freqüentes e outros aspectos criativos.

É importante que o indivíduo estabeleça contato com sua obra, já que o


fio condutor do trabalho terapêutico surgirá a partir de associações, analogias e
descobertas feitas durante o processo criativo. A complementação desse processo
poderá vir das informações simbólicas contidas em mitos, contos de fadas, lendas
fábulas, etc. Tais fontes representam registros do inconsciente coletivo, presente
no inconsciente de todo indivíduo.

A obra de Jung demonstra que o inconsciente não é somente a origem da


consciência, mas também a sua fonte constante de reabastecimento, já que ele a
renova. De noite, por meio dos sonhos e de dia, através da fantasia, os
arquétipos, considerados heranças da humanidade, padrões universais gerais e
ao mesmo tempo vazios, presentes em todo indivíduo, produzem e revigoram
os símbolos.

Jung, em O Homem e seus Símbolos, 1964, identificou no ser humano quatro


funções psíquicas básicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. No
momento de criação, quando o indivíduo está materializando uma imagem ou um
sonho, por exemplo, está trabalhando com essas funções. Precisa do pensamento
para planejar, mas também das habilidades sensoriais para utilizar os materiais
expressivos. Quando está criando é atravessado pelo sentimento contido na
criação, pois sem o sentimento não teria nela investido. Começa o trabalho de um
jeito e em alguns instantes se pergunta se aquilo é o que quer ou não e, aí, é a
intuição que nesse momento dirige o fazer.

Para cada uma dessas funções associou um dos quatro elementos básicos da
natureza: ao pensamento, o ar; ao sentimento, a água; a intuição foi associada ao
fogo e a sensação terra. Em cada uma das funções estão presentes dois
movimentos básicos que orientam a energia psíquica: a extroversão (voltado
para o mundo externo) e a introversão (movimento predominante para dentro).

As quatro funções estão presentes dentro de cada indivíduo, mas ele é


dominado pelo pensamento ou pelo sentimento, sensação e intuição são
consideradas auxiliares e o ajudam a se equilibrar. Cabe ao arte terapeuta
empregar modalidades expressivas adequadas para estimular a função psíquica
menos desenvolvida, iluminando a psique.

“A função da arte é o aprimoramento da consciência humana.”


Herbert Read,1957

1.3 CAMINHOS POSSÍVEIS EM ARTETERAPIA

Arteterapia: a força, a fluência e influência dos materiais na sua prática.

Na prática da Arteterapia as técnicas artísticas serão meios através dos quais


se darão a expressão das idéias, assim também das palavras. Permitindo viver o
despertar e o encontro com o potencial criativo, onde o simples ato de criar
permitirá a passagem de uma expressão mais espontânea em um fazer concreto e
vivenciado - TRANSFORMADOR. Deixando que a liberdade interna para dar e
criar direcione o “fazer”, o desenhar o construir, o pintar e o modelar, expressando
o que mais rico existe em nós, seres humanos: a descoberta de um mundo interno
mágico onde o limite é ultrapassado pela própria criação, que irá desencadear
novas possibilidades criativas em todas as situações onde haja necessidade de
transformação e mudanças. (Carrano)

Ao se dar início a uma produção plástica (o lidar com a “nossa arte”), é um


momento de grande coragem para se poder encarar o papel em branco, os
diferentes cacos e cores, os diversos materiais. É o momento onde os primeiros
movimentos serão dados. Depois, tem-se que ir investindo, acrescentando, dando
continuidade. Porém, o início já foi dado. É importante estar atento, envolvido com
a criação, saber fluir o que o trabalho está pedindo.

Devido a sua flexibilidade e facilidade de acesso a qualquer pessoa que esteja


interessada em seu crescimento pessoal, a arte pode ser usada como
facilitadora do auto conhecimento e crescimento transformação da pessoa, dando
a possibilidade de vivenciar momentos de criação que podem ser assimilados e
transportados para outras situações, possibilitando integrar o processo e a história
de vida de cada um.

O campo da atuação da arte terapia pode chegar onde houver uma demanda,
como por exemplo: na educação, como facilitador da livre expressão e da
criatividade podemos trabalhar com atelier para pequenos grupos de alunos ou
para professores.

Na saúde, em hospitais, a arte terapia pode ser usada como um coadjuvante


na busca da saúde psíquica e física (mente e corpo sãos). A arte sendo usada
como uma terapia de apoio e alívio das dores, em conhecimento aos cuidados já
existentes e tradicionais (Carrano ).
Enfim a arte terapia estará em todos os lugares onde a arte, através de
atividades expressivas, proporcionarem aos autores a aventura, a emoção e o
prazer em fazer surgirem do nada cores, formas e símbolos, levando ao resgate
da auto-estima, autoconceito, autonomia, e o desejo de aprender oportunizar
vivências que preencham lacunas advindas das novas formas de viver e
aprender.

“Não importa que lugar, que objeto”.


submetamos à primeira impressão
se nós tivermos sido realmente tocados,
a sinceridade de nossa emoção
passará aos outros”“.
Camille Corot

1.4 MÃOS COMO CONSTRUTORAS DA VIDA

As mãos têm a capacidade de trazer informações do inconsciente. Acredita-


se que tudo se iniciou das mãos. Há antropólogos que afirmam que a mão é o
órgão essencial da cultura, o iniciador da humanização. Sintonizado com a
máxima , Sto. Tomás de Aquino afirmava no seu “Organum Organorum” (órgão
dos órgãos): “Habet homo rationem et manum”, ou seja , o homem possui razão e
mão. São duas ferramentas preciosas de conhecimento e transformação do
mundo. A razão, tudo bem, está sempre robusta, exercitada em 90% do tempo
ativo do homem. Mas e a mão? Ela também constrói consciência, atuando no
campo das artes ou mesmo no dia-a-dia, e antecipa-se ao cérebro nas
descobertas.

Focillon (1983) observa que: a mão arranca o tato de sua passividade


receptiva, ela organiza para a experiência e para a ação. Ela ensina o homem a se
apropriar da extensão, do peso, da densidade, do corpo. Criando um universo
original, deixa em todo a sua marca...”
Numa mostra de que a eficiência (desempenho mecânico) antecipa o
propósito (razão), observe uma criança desfazendo um nó. Ela não pensa, e
mesmo assim, experimentando, acaba por chegar à compreensão de como foi
feito o nó e o melhor jeito de desata-lo. Esse usar as mãos sem pensar,
completamente absorvido pela tarefa, tem outra função primordial além da
instrutiva: descansar o cérebro. As mãos relaxam o cérebro (e não é com
massagem). As atividades físicas (do corpo) e mentais (do cérebro) tem de ser
restauradas pelo descanso. As artísticas não, porque elas têm a ver com
sentimentos, e o sentir é fruto do sistema rítmico, isto é, da respiração e da
circulação. Que nunca cessam , ou o indivíduo morre. Por isso é que o fazer
artístico não cansa, mas regenera. Essa é uma visão da Antroposofia, filosofia
criada por Rudolf Steiner, e que por isso mesmo recomenda o ensino e a prática
arte a todos os homens desde a mais tenra idade. Um bom exercício para as
mãos é o Mosaico, um trabalho de construção e reconstrução. Montar, desmontar,
encaixar, selecionar e equilibrar. Trabalha-se o ato de desenvolvimento da
coordenação visual e motora. Possibilita a vivência com diferentes situações e
escolhas, trabalha a percepção e o despertar de valores, como noções de peso,
tamanho , forma, posição e espaço. Essa modalidade expressiva visa ainda,
classificar e selecionar unidades, organizando-as para construir uma forma
pessoal com a junção distinta das partes que a compõem.

Em arteterapia as mãos surgem como sensíveis instrumentos de captação


do mundo, são as que primeiro sentem o contato com o material,ao coloca-las
em movimento desvendam-se como desbravadoras de mistérios que se revelarão
pouco a pouco através do tocar, do fazer e do experimentar.

Ao iniciar uma atividade terapêutica com mosaico é de fundamental


importância que se exercite as mãos através de dinâmicas que evoquem uma
experimentação sensorial e as liberem para a execução do trabalho (anexo 1) .

Romper as portas trancadas por mim


e assim minhas mãos saberão dos
meus pés, e assim renascer, e
assim renascer.
Gilberto Gil
CAPÍTULO II – A ARTE DO MOSAICO ATRAVÉS DO TEMPO

2.1- HISTÓRIA DO MOSAICO

A técnica do mosaico está entre as primeiras manifestações do ser


humano, tal como a pintura e a escultura. As mais antigas referências que se tem
a respeito desta técnica datam de 3 mil anos a.C., sendo os sumérios os seus
criadores. Assim como os sumérios, os gregos também utilizaram a técnica
do mosaico como expressão artística. Os exemplos mais antigos são as peças
em mosaicos feitas a partir de seixos rolados para pisos, paredes e
pavimentos de prédios públicos e privados. Com a descoberta do ferro e os
primeiros cortes na pedra, passaram então a usar o mármore e o granito.

O avanço grego na realização da técnica incitou a busca de mais requinte.


Foi então que os romanos aprofundaram o uso do mosaico, deixando como
legado os pisos executados em técnicas refinadas. Os romanos foram os
responsáveis por difundir a arte do mosaico por todo o mundo que estava sob o
seu domínio, desde os confins da Ásia Menor até a Lusitânia (Portugal), onde
ainda hoje se encontram vestígios muito bem conservados, datados do século II
da era cristã, especialmente em Conímbriga, cidade próxima à Coimbra.

Talvez, estes fatos expliquem o gosto do português pelo mosaico de


chão, que começou a ser empregado na segunda metade do século XIX na
reforma do Lago do Rossio, no centro de Lisboa. Já a vinda para o Brasil, ocorreu
de duas a três décadas depois. Temos como primeiros exemplos de mosaico
no Brasil as chamadas “pedras portuguesas”, usadas nas calçadas da Avenida
Central, local onde hoje se encontra a Avenida Rio Branco, no centro do Rio
de Janeiro. O calçadão da orla de Copacabana também é um dos mais
antigos exemplos de mosaicos feitos no Brasil.
Os bizantinos fizeram uso do mosaico como expressão e decoração,
principalmente através das obras feitas em igrejas e templos. Foi durante esse
período que os mosaicos passaram a ser executados em vidros. Uma pasta
opaca de vidro era cortada e fixada em cimento, tessela (pastilha) por tessela. Os
bizantinos também deixaram grandes legados, prova disso sãos mosaicos
religiosos de parede. A tradição bizantina foi mantida através de Veneza.

O século XVI, época do Renascimento traz a utilização do mosaico em


abundância, sendo a Basílica de São Pedro o trabalho mais reconhecido da
época. Já nos séculos XVIII e XIX, o movimento de Art Nouveau deu uma cara
nova ao mosaico. As tradições foram quebradas e o mais famoso artista da época
é Gaudí, com os famosos mosaicos de Barcelona.

Antoni Gaudí, levou os mosaicos a novos patamares, literalmente,


revestindo prédios, bancos de jardim e até telhados de Barcelona com uma
multitude de mosaicos de cerâmica multicolorida, abrindo o caminho que será
seguido por outros construtores de mosaicos. Como seria de esperar, durante e
algum tempo após as duas guerras mundiais, a arte do mosaico foi grandemente
negligenciada. Na década de 1950, observou-se um ressurgimento desinspirado
do mosaico na arquitetura, em todo o tipo de espaços utilitários. Mesmo assim, os
mosaicos conseguiram sobreviver à moda de revestir toda e qualquer superfície
de parede disponível com ladrilhos de piscina, monótonos e sem vida, alcançando
presentemente uma nova popularidade, transformando-se numa versão familiar
em projetos de arquitetura e obras de arte pública. Ao longo dos séculos, as
regras foram-se alterando e os mosaicos já não precisam estar conforme com
alguns conjunto de ideais, o artista tem completa liberdade de expressão e acesso
a uma larga variedade de materiais e cores, com que nossos antepassados só
poderiam sonhar.
Existe uma grande riqueza de mosaicos, tanto antigos como recentes,
que podem servir como fonte de inspiração. Presentemente, olhando a nossa
volta, podemos descobrir que os mosaicos podem ser bem mais interessantes
do que os revestimentos arquitetônicos do meio do século e do pós-guerra.

As possibilidades de realização utilizando a técnica do mosaico são


infinitas, quase tudo é possível, não só no aspecto estético das obras como por
sua função de trabalho de arte. Utilizar o mosaico em atelier terapêutico é
um meio de experimentação sensorial e de manifestação emocional.

2.2 - TÉCNICA DE CONSTRUÇÕES COM MOSAICO

Mas o que é mesmo mosaico?

É uma arte que utiliza tesselas (pequenos pedaços de vidro, cerâmica,


grãos, mármore, pedra,...) para formar imagens ou padrões.

É uma técnica relativamente simples envolve paciência e organização.


Qualquer pessoa pode aprender a fazer o mosaico e atingir resultados
surpreendentes.

A aplicação do mosaico pode ser feita através de diferentes técnicas, umas


diretas e outras indiretas, porém o efeito final, em todas é praticamente o mesmo.

Técnica direta : as tesselas são aplicadas no cimento fresco, uma por


uma.
Técnica indireta : as tesselas são coladas de cabeça para baixo em papel
ou tecido e são transportadas ao local exato. O mosaico é acimentado no piso
ou parede e após seco, o papel ou tecido é retirado e o desenho se revela.

Técnica semidireta : o mosaico é feito em uma tela flexível. A tessela


é colada na posição normal. A tela é transportada ao local e acimentada.

Existe uma multiplicidade e materiais e formas de aplicar a técnica, cada


clientela deverá ser atendida com o material adequado que esteja de acordo com
as necessidades e intenções apresentadas dentro do atelier terapêutico.

2.1.1- MOSAICO DE CERÂMICA

A confecção de um trabalho feito com cerâmica, um elemento que estimula


a imaginação, é adequado para a experimentação do ato de quebrar, fragmentar,
romper. O que nem sempre é satisfatório no primeiro momento, pode haver uma
sensação desagradável por parte do autor, nesse caso o arte terapeuta tem de
saber administrar as frustrações com a resistência do material.

A técnica sustenta a criação, que é livre. Na base do ensaio e erro,


cada autor encontra o seu caminho. Não só o caminho para concluir o trabalho
como o caminho para o próprio inconsciente, pesquisando e resolvendo
problemas no campo psicológico. As soluções que vão sendo encontradas para a
realização da obra são metaforicamente uma solução encontrada para vida.

Material: pratos, xícaras, ladrilhos ou azulejos ou pisos, peças de barro


cozido...
2.2.2- MOSAICO DE VIDRO

Um mosaico de vidro provoca efeitos que lembram os vitrais, especialmente


se o material for transparente, quando se pode conseguir jogos de luz diferentes e
agradáveis. Historicamente a função dos vitrais era de deixar passar luminosidade
de maneira a haver uma integração entre o interior e o exterior, um diálogo, um
limite.

O mosaico de vidro é melhor aplicado a uma faixa etária mais madura pelo
perigo apresentado pelo material, cuidado ao manuseá-lo com crianças.

Material: vidro transparente, vidro colorido, espelho, tesselas de espelho,


pedras “preciosas” de vidro...

Faz-se possível substituir o vidro pelo plástico, acetato ou similar para


conseguir o efeito desejado, porém sem riscos.

2.2.3- MOSAICO DE PLÁSTICO

Estimular a criatividade para a realização de interessantes e inusitados


mosaicos feitos com um material facilmente encontrado e que, por natureza pede
reciclagem: o plástico.

O segredo de fazer um mosaico está contido dentro de cada um. Deixar a


imaginação solta, sem restrições, encontrar inspiração naquilo que nos rodeia,
(re)utilizar fragmentos, que estão tão próximos, tão dentro. Reciclar, reaproveitar.
Fazer uma nova leitura do material e estender a atitude para o âmbito psicológico.
Reciclando e revendo atitudes e procedimentos.

Materiais: garrafas plásticas de refrigerantes, frascos de detergentes,


canudinhos de plástico, embalagens de alimentos, vinil acrílico, acetato...

2.3.4-MOSAICO DE PAPEL

Trabalhar as múltiplas possibilidades dos vários tipos de papel para realizar


mosaicos explorando as cores,texturas e diferenças.

Há possibilidade de experimentação do processo de rasgar o papel com a


mão, permitindo a liberação de uma agressividade que pode estar contida, ou
talvez, a negação do ato pela liberação desta.

Esta modalidade de mosaico pode ser aplicada como a primeira


experimentação da técnica, por oferecer facilidade operacional e favorecer a
quebra da defesa e da resistência inicial freqüentemente apresentada no começo
do processo terapêutico.
Materiais: papéis para presente, papéis reciclados, papel de seda, papel de
jornal, cartões postais e fotos, história em quadrinhos.papelão...
2.2.5- MOSAICO DE ELEMENTOS NATURAIS

Os mosaicos podem ser elaborados com praticamente qualquer elemento


que se tenha à disposição em quantidade suficiente para produzir as tesselas
necessárias.Dependendo apenas da imaginação, emoção e limites impostos pelo
material.

Pródiga, a natureza coloca a matéria prima a serviço da produção plástica


no ateliê terapêutico. Aproveitando tudo que vem da terra, experimentando toda
sensorialidade através do manusear, da experiência múltipla da obra ser
executada. Deixando-se fazer presente a movimentação básica que orienta a
energia psíquica: a extroversão e a introversão.

Materiais:grãos, sementes, folhas, conchas, gravetos...

2.3.6- MOSAICO DE TECIDO

Pedaços de pano são o ponto de partida para criações de mosaico com


tecidos. Compor imagens através de retalhos, pedacinhos da pano, costurar ou
colar tecidos variados, encontrando formas de harmonia e equilíbrio.

Materiais: tecidos de várias estampas e texturas, gaze, lã, fios barbante


talagarça...
O mosaico em suas variadas modalidades, em seus múltiplos materiais leva
ao manuseio, ensina, cria contornos do pensamento, mão e cérebro trabalhando
em sintonia. A matéria, o material selecionado para trabalhar mostra e revela o
que fazer com ele, indica caminhos, abre portas, leva o autor ao processo de
individuação, a busca do seu equilíbrio pelo processo de criar. Ao criar o autor
percebe-se como ser único e individual, através da tomada da consciência na
materialização dos símbolos revelados na obra.

Ângela Philippini, pontua que “O processo arte terapêutico é então um


trajeto, marcado por símbolos, que assinalam e informam sobre estágios da
jornada da individuação de cada um. Por individuação entenda-se a árdua tarefa
de tornar-se um indivíduo (aquele que não se divide face às pressões externas) e
que assim procura viver plenamente, integrando seus talentos, às suas feridas e
faltas psíquicas.”.

“Eu não procuro, encontro”.


Pablo Picasso

2.3- O ESTÍMULO DAS FORMAS

No começo parece um quebra cabeça de peças aleatórias, cacos vão


sendo encaixados, pouco a pouco vão surgindo formas e cores.

Criar formas através da técnica do mosaico além de ser uma atividade


prazerosa é um dos caminhos expressivos possíveis na relação arte terapêutica
desenvolvendo ainda a coordenação motora, a percepção do espaço, a
sensibilidade e a criatividade.
Qualquer pessoa pode aprender a fazer um mosaico, independentemente
da faixa etária, adequando-se somente o tipo de material que será utilizado, e a
execução da técnica, conseguindo resultados surpreendentes no campo
terapêutico com a técnica que é simples.
“... trata-se de um caminho feito de cores e de formas, repleto de
significado. Este caminho, às vezes é longo, às vezes, é cheio de
obstáculos, obrigando a recuos e paradas... Por ele caminham
viajantes solitários ou, por vezes, bandos alegres e ruidoso e
todos, ao passarem, deixam rastros e restos, pistas e partes, com
seus pés marcam o trajeto e, com suas mãos alargam a
passagem. Há quem desista logo, quem caminhe um pouco mais
e quem, arduamente, chegue até o final para só então descobrir
que este fim bem pode ser só o começo...”
Ângela Philippini

Deixar a imaginação solta, sem restrições, o importante é o “fazer” que


proporcionará uma experiência total. Esta experiência só acontece quando se
vivencia todo o processo do trabalho: começo, meio e fim. Em um primeiro
momento, se sentirá a excitação ao olhar o material e pensar no que será possível
fazer. Depois, vem a segunda fase que é a atividade propriamente dita, e por
último a finalização. Com a peça pronta, vem a vontade de partir para outras
experiências, outras vivências.

Na construção de mosaicos, não há uma resolução rápida dos problemas


nem atalhos ou soluções instantâneas, é uma tarefa integral, onde pode surgir a
ponta do iceberg, que indicará a ponte entre o inconsciente e o consciente.

Fayga Ostrower, diz “Meus modelos inconscientes, creio, seriam certos


ritmos, certas proposições, contrastes, quer dizer certas formas de equilíbrio geral.
Obviamente deve existir alguma correspondência entre tais modelos e a própria
emotividade, o modo de sentir as coisas como sendo justas ou coerentes. Por isto,
embora certamente sirvam de guia, acho que meus modelos devem ser
inconscientes ou pelo menos subconscientes, pois antes de concluir um trabalho
nem eu poderia assinalar para mim o que, exatamente, estava procurando. Quer
dizer, somente depois de encontrar eu sei o que estava procurando”.
A idéia que norteia o mosaico é a da fragmentação. Para iniciar a técnica
são necessários os cacos, o agrupamento e a ordenação deles, colocados em
justaposição evidenciam os espaços vazios e ressaltam o desenho, fazendo assim
valer a representação plástica.

Segundo Pain, “essa técnica deve ser proposta com objetivo de buscar
vibrações coloridas”.

A exploração das vibrações das cores suscita em arte terapia o conteúdo


simbólico contido nelas (anexo 2). Trabalha-se direcionando a técnica em um
mergulho profundo nas cores, deixando o autor desenvolver suas obras através do
contato direto com suas emoções que surgem no processo de produção.

O mosaico apresenta-se como um exercício de paciência e paixão, desafia


seu autor a encontrar formas que se encaixem perfeita e harmoniosamente.
Apesar de utilizar a técnica, cada autor deixa em suas criações sua marca
pessoal, seja na escolha do material dos temas e até do tamanho do caco.

A arte e a arte terapia significando as experiências e a elaboração de


pensamentos, a expressão dos sentimentos e a construção de dados que
aprimoram o conhecimento de si mesmo, proporcionando uma melhor qualidade
de vide. Viver é procurar encaixes perfeitos.

“A função da arte é o aprimoramento da consciência humana”.


Herbert Read
2.3.1- ATIVIDADE COMPLEMENTAR – A LENDA DO TANGRAN

Sabe-se que o desenvolvimento global do indivíduo efetua-se por um


conjunto de fatores físicos, intelectuais, sociais e emocionais. E tais fatores são
estimulados através das vivências do indivíduo em seu dia-a-dia, em contato com
o simbólico, com suas emoções e na relação com o outro.

Em situações de experimentação plástica criam-se possibilidades de


expressar o mundo interior de cada um. Tal mundo é povoado por afetos e
conflitos que necessitam ser expressos, daí a contribuição principal da arte
terapia, favorecendo ao autor representar por meio de imagens conteúdos
internos, favorecendo o autoconhecimento e a melhoria da qualidade das
relações do indivíduo.

Dentre várias propostas de atividades estimuladoras, a lenda do Tangran


(anexo 3) representa uma experiência rica de conteúdos para ser aplicada em
ateliê terapêutico.

Através do lúdico prepara-se o autor para sua produção, a história contada,


provoca um envolvimento emocional, intelectual e imaginativo. O que funciona
como um facilitador para as produções simbólicas propostas a seguir.

Pode-se, então, dizer que através da história contada abre-se um universo


infinito para produções plásticas em mosaico, desencadeadas pelo exercício
imaginativo do ouvir.

Um indivíduo encontra sua descrição mais profunda no símbolo...


Este não apenas descreve um ser individual, sua ontologia
pessoal, mas move na direção energética e sua elaboração.
Encontramos nosso símbolo a partir de nosso e ele se torna o
sinal “secreto” de cada um, nossa personalidade simbólica.
Arthur Burton
CAPÍTULO III – O MOSAICO EM ARTETERAPIA

3.1- O MOSAICO COMO INSTRUMENTO ARTE TERAPÊUTICO

Ao aplicar a técnica do mosaico, toma-se conhecimento da significação dos


atos realizados: quebrar, rasgar, romper, desestruturar, colar, arrumar,
reorganizar. Todos os movimentos constituem para a fundamentação teórica a
propósito da utilização da técnica em arte terapia. O quebrar ou rasgar de acordo
com prévias subjetivas pode constituir um momento de grande contentamento ou
angústia. A primeira, devido à euforia de liberar a agressão destrutiva por
deslocamento, a segunda, pelo temor de ser punido por tê-la deixado se exprimir.
(Pain, 1996 )

Ao realizar o ato de quebrar/rasgar o material destrói-se a unidade e a


significação que ele contém, ele é reduzido a cacos, fragmentos, caos. O
movimento apresenta-se como desestruturador, como é para ser como objetivo do
projeto terapêutico através da técnica, sendo que em seguida oportuniza-se a
possibilidade real e imediata de dar a cada pedaço, cada caco uma nova
significação, uma nova estrutura.

O prazer do trabalho emerge como efeito do processo de significação onde


a rasgadura aproxima-se às funções cognitivas (de análise), e encontra sua
reparação na construção (síntese). (Pain,1996)

O caminho percorrido pelos autores nas produções em mosaico são


repletos de significados, uma das características do mosaico é seu caráter
Irreversível já que, os fragmentos serão colados, fixados e organizados, juntos ou
separados sobre um lugar Portanto, segundo Pain, a significação situa-se ao nível
dos encontros, do que pode haver de definitivo na escolha de um lugar em relação
a sua vizinhança. A passagem da rasgadura à colagem determina um cenário
significante da vivência do sujeito, quando é preciso romper com o passado (por
corte) e fixar-se em um futuro (colar-se de alguma parte de maneira a dar-lhe
sentido).

O mosaico revela um tom dramático, onde o autor necessita rasgar,


quebrar, romper e reduzir em pedaços alguma coisa que inicialmente
apresentava-se organizada. O autor passará da apresentação inicial do objeto a
representação da obra final, percorrendo o momento e o processo de
desconstrução que é oriundo de gestos e atos repletos de significação que ficam
registrados no trabalho final. A obra, então, estará repleta de questões que fazem
referências a expressão única de cada autor.

De acordo com Pain, “uma das defesas úteis para não se fragmentar
fragmentando é ter presente a imagem que posteriormente, dará sentido aos
pedaços, transformando-os em partes de um todo significativo.

Na técnica do mosaico o ato de colar exerce um papel definitivo, já que a


tessela estará fixada em local estabelecido e eleito pelo autor, dando sentido e
indicação a forma final, o ritmo do posicionamento das tesselas são próprios para
ressaltar os vazios, que colocam o desenho em evidência. A emoção de
encontrar-se através da obra que é produzida, ultrapassado o momento da
desconstrução, representa a medida exata da intensidade simbólica da atividade
da mosaico.

O mosaico do ponto de vista mental é uma atividade de análise e de


síntese. Inicia-se com o que vai se agrupando, juntando e formulando um novo
padrão, uma maneira de significar a unidade inicial.

Do ponto de vista da evolução cognitiva, pó mosaico segue o padrão dos


momentos do desenvolvimento a partir da compreensão espaço-motora para
garantir a fixação, até a elaboração do projeto que permite a disposição de
múltiplos planos em perspectiva. Resume-se, então, que a aplicabilidade do
mosaico permite ao autor estabelecer relações lógicas de classe e seqüência.

3.2- UNIDADES ARQUETÍPICAS DO CAOS

“Hesitar como a cachoeira, que ainda hesita ao precipitar-se...”


Nietsche

Benoit Mandelbrot, um dos pioneiros da ciência do caos, precisava de um


termo para expressar seus conceitos sobre formas e dimensões. Seu filho
retornava da escola e Mandelbrot, folheando um dicionário de latim, esbarrou no
termo fractus- do verbo frangere (fraturar) – daí, concluiu: fractal, Isto é, algo que
se origina de uma estrutura que se quebra, se desfaz: nuvens, por exemplo, um
rio que se precipita em cachoeira, um fluxo de trânsito que se congestiona, uma
bolsa de valores que se desestruturam em crise, um ego que se dissipa ou cinde
diante da avalanche de conteúdos inconscientes, terremotos, maremotos... Enfim,
são inúmeros exemplos de situações caóticas (ou não-lineares ou estáveis) que
poderíamos enumerar.

A psicologia de Jung, fala de forças. Forças que estão no homem, que o


transpassam e que fazem a interação entre todas as coisas. Na instância oculta,
está a origem, o caos, a força que impulsiona o homem a procurar o sentido da
vida, a ampliação da consciência.
O caos de cada indivíduo está na quarta função psíquica classificada por
Jung, a função inferior de cada um, o lugar da ancestralidade, da origem, da
sombra, do mito, de onde emerge a força arquetípica da criação.
A partir do caos (fragmentos, tesselas, grãos, pedras, emoções)
manipulados pelas mãos do autor surge a produção de arte, a produção simbólica,
a relação interno/externo materializada como uma presença física através da obra.
Poderíamos então, utilizar a obra como uma metáfora e dizer que seu impacto é
tal que possibilita a morte e o renascimento, isto é, caminhar de encontro entre o
caos e o cosmo, o céu e a terra.

A holística procura restaurar a harmonia dinâmica e instável entre caos e


cosmos (ou entre ego e inconsciente). A vida somente pode surgir e manter-se
graças à instabilidade do mundo físico. O caos é fator determinante por conter
uma unidade primordial que é o fragmento (que lhe concede um certo grau de
ordenação). Uma vez deflagrado o evento caótico, o fragmento tende a dissipação
e mais cedo ou mais tarde, a estabilização e a ordenação (não há tempestade que
sempre dure”, diz intuitivamente a sabedoria popular).

Um mergulho no caos, no qual se expressa um outro nível de realidade,


onde a própria linguagem se constitui através desta realidade, que existe de forma
não manifesta, que é real, porém no estado de consciência normal é mal
acessada ou não acessada. As conexões expressas através das produções de
arte, entre outras coisas, são a tentativa de acesso ao mundo caótico.Para melhor
acessa-lo é necessário criar intuição, e, quando o fazemos, as conexões são
ativadas, a partir daí, os caminhos que levaram ao caos, nessa maré de
fragmentos que são renovadores e estimuladores da criatividade. A existência
humana, passa então a fluir e processar-se a partir do estado de consciência total.
3.3- O ARTETERAPEUTA E O AMBIENTE DE CRIAÇÃO

Trabalhar como facilitador no processo de criação e realização de obras


simbólicas em produções artísticas, expandir e multiplicar sensações através de estímulos
orientados em abordagens terapêuticas. Praticar e estimular a consciência, a
imaginação ativa, a criatividade para ajudar o autor a sair de estados ordinários de
consciência a níveis psíquicos mais profundos, onde se deixa representar através de
símbolos das obras, suas mais secretas sensações. Situa-se aí então, os parâmetros de
atuação de arte terapeuta.
O arte terapeuta exerce um papel contato direto com o autor, onde deve-se respeitar
a confiança estabelecida e caminhar lado a lado na busca do resgate e na ampliação de
possibilidades criativas do autor.
O arte terapeuta deve ser um conhecedor e um estudioso permanente do universo da
arte, do fazer artístico e da experimentação plástica para então e só então, caminhar
juntamente com o autor no processo terapêutico deste, que se faz de forma individual,
porém assistida e orientada pelo arte terapeuta que sutilmente auxilia e sinaliza quando
necessário os indicativos que são expressos e impressos através das imagens produzidas. As
imagens impressas nas obras são repletas de significados simbólicos cabe, então ao arte
terapeuta acompanhar o processo de decodificação do que foi revelado das profundezas
psíquicas de cada autor.
Como facilitador, o arte terapeuta deve mobilizar os autores a buscarem as próprias
imagens nos lugares mais secretos do seu íntimo, para isso faz-se necessário que o arte
terapeuta tenha conhecimento da arte, da mitologia, do folclore, das lendas e contos de
fadas, dos materiais e das experimentações sensoriais vividas em suas próprias práticas.
Sabendo-se que muitas vezes os símbolos não estão claros a primeira vista, com estes
conhecimentos relacionados acima pode-se iluminar o autor a perceber mais facilmente em
suas produções a transcendência para estágios mais satisfatórios de vida.
Frange (1986) ao descrever como mobilizar pessoas para o trabalho criativo fala da
restauração do s direitos de cidadania, tais como: observar, experimentar, imaginar,
expressar...
O ambiente de criação deve ser cuidadosamente preparado para que o autor tenha a
receptividade e o aconchego necessário para produzir suas obras. Música ambiente ou
intencionalmente selecionada para determinada atividade, cheiros que estimulem a
sensorialidade e expressem uma sensação prazerosa .
O espaço de experimentação ou ateliê terapêutico é um local de reflexão sobre os
fenômenos artísticos que surgem a partir da própria prática dos autores.Representa o local
de encontro com os materiais e técnicas a partir do qual cada autor iniciará ou proseguirá a
sua busca de fluência maior e de aprofundamento da sua relação com a arte.
O ateliê, no processo terapêutico tem a função de proporcionar ao autor através da
prática e da reflexão, uma transformação na sua própria relação com a arte e com a
experimentação plástica. O processo inicia-se dentro do ateliê e continua a desenvolver-se,
posteriormente, de acordo com as necessidades e desejos de cada um.
CONCLUSÃO

Através da pesquisa teórica efetuada no processo deste estudo podemos


concluir que o mosaico proporciona um agir das imagens ou de como elas se
movem e se combinam. A imaginação humana na sua ação de imagens é capaz
de criar combinações e alcançar o novo. Neste aspecto, a experiência do autor na
criação do mosaico permite que ele visualize verdades onde a consciência muitas
vezes ainda não se manifestou, ou quem sabe nem quer se manifestar.
Concatenar sonhos, imagens, formas, sensações, impressões, intuições, dando a
tudo isso um sentido linear.

É fundamental para o autor, na experiência singular da criação, procurar


entender o seu universo interno e refletir sobre sua prática. Desse modo seus
depoimentos, seus trabalhos poderão contribuir para ampliar o seu conhecimento
sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca.

O autor sempre expressa em seu trabalho sua consciência, que na verdade


é uma fusão entre sua realidade interior e a realidade que ele experimenta
externamente.

O exercício e a prática de uma expressão plástica cria condições para o


indivíduo expressar um tanto de si nas formas por ele elaboradas e que ele
mesmo acha, representam o seu limite de consciência, sua imaginação naquele
momento. Assim, um aprofundamento em si mesmo, significa trabalhar a
imaginação, viver o mágico, o estranho e o inexplicável, fazendo uma conexão
com o mundo.

Finalmente conclui-se que na arteterapia, assim como nas ciências


humanas, cada pressuposto deve ser considerado apenas como uma hipótese, a
ser confirmada ou não pelo sujeito. O imaginário torna-se materializado,
metabolizado e passível de ser compreensível.

Rudolf Arnheim encerra um artigo intitulado “A Arte como Terapia” com a


afirmação de que, frente à crise enfrentada pela arte em nossa época, “as artes
aplicadas deveriam assumir o comando, e a terapia da arte é uma arte aplicada.
Elas deveriam mostrar pelo seu exemplo que as artes, para manter o vigor, devem
servir às necessidades humanas reais, que são muitas vezes mais patentes entre
os doentes, sendo ainda mais visíveis os benefícios que as pessoas doentes,
sendo ainda mais visíveis os benefícios que as pessoas recebem das artes.
Demonstrando o que podem fazer pelos angustiados, a arte nos recorda o que se
destina a fazer por todos.” (Arnheim, 1989)
BIBLIOGRAFIA

SOLER, Fran. Artes e Ofícios dos Mosaicos: técnicas essenciais e projetos


clássicos. Ed. Livros e Livros.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis, Vozes,


1996.

FOCILLON, H. A Vida das Formas. Rio de Janeiro, Zahar, 1983.

PAIN, S. e JARREAU, G. Teoria e Técnica da Arteterapia. São Paulo, Artes


Médica Sul Ltda,

GRINBERG, Luiz Paulo. Jung: O Homem Criativo. São Paulo, FTD, 1997.

ABRAHAM, R. e outros Caos, Criatividade e o Retorno do Sagrado - Trialogos na


Fronteira do Ocidente. São Paulo, Cultrix.

PHILIPPINI, Ângela. Cartografia da Coragem – Rotas em Arteterapia. Rio de


Janeiro: Clínica Pomar, 2001.

___________. Arteterapia – Coleção Imagens da Transformação, vol. 8. Rio de


Janeiro:Clínica Pomar.

___________. A Arteterapia, um caminho. In: Revista Imagens da


Transformação. Vol.1, Rio de Janeiro, Clínica Pomar, 1995 .

Jung, Carl G. O Homem e seus Símbolos. Nova Fronteira, 1964.

GLEICK, J. Caos a Criação de uma Nova Ciência. Rio de Janeiro, Campus, 1990.
CARRANO, Eveline. Artigo da Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro.
ANEXOS
ANEXO 1

MÃOS

*Relaxamento (arco-íris):
Imaginar um arco-íris ( dizer as cores ). Pintar o mundo que você
deseja, sentados, esfregar as mãos devagar e começar a tirar tintas ( com
muita energia, vida e cor ). As cores começam a surgir nas pontas dos
dedos e viram pincéis. Colorir o corpo e o mundo.

*Brincar com as mãos:


Fazer ritmos, batendo as mãos, estalando os dedos ( individual );
Papagaio louro ( em dupla );
Os escravos de jo ( todo o grupo );
Palma e dorso das mãos ( em dupla ).

*Escultura:
Reprodução da escultura

*Mão ativa x mão passiva:


A mão ativa brinca com a passiva.

*Ímã:
Dois grupos – Em vários planos. Entrelaçar os grupos.

*Consciência das mãos ( individual ):


Textura, temperatura, tamanho. Observar todos os detalhes.

*Massagem das mãos ( em dupla ):


Observar a diferença da mão massageada para a mão não
massageada. Depois da massagem, fazer um carinho.

*Para que servem as mãos? ( em dupla ):


Um pergunta e outro responde ( raciocínio rápido )

*Linguagem gestual ( em círculo, de costas ):


O que fazem as mãos – As mãos cumprimentam, acusam,
rasgam, entrelaçam, amassam, coçam, regem, desenham, sentem
dor, dançam, escrevem, brincam, pegam, batem, fazem cócegas,
sentem frio, calor, agridem, pintam, lutam, protegem, tremem, catam
pulgas, jogam bola, limpam, lavam, passam, tocam instrumentos,
penteiam, têm garras, passam, tocam instrumentos, penteiam, têm
garras, xingam, chamam, podem, acariciam.

*Pegar as mãos dos colegas da direita e da esquerda e sentir as diferenças.

*Desenhar o contorno das mãos no papel. O lado interno ( o que já consegui ) e o


lado externo ( o que pretendo conseguir ). Escrever ou desenhar símbolos.
Mostrar o desenho e falar sobre ele.
ANEXO 2

SENTINDO AS CORES

As cores são vibrações de luz que viajam pelo universo. Todos os seres
captam essas vibrações sendo que o homem as codifica como cores através da
sua percepção visual mas o seu principal canal de captação é chamado chakra.
Ao todo são 7 embora existam algumas correntes que consideram mais pontos
energético, e cada um está predisposto à uma cor especificamente.

Todas as cores, isto é, as vibrações luminosas são importantes para a


vitalidade do ser humano e, a princípio todos sabemos usufruir dos seus
benefícios. Isto é, quando, por algum motivo, entramos em desequilíbrio
energético podemos ser instintivamente atraídos por uma cor, ou repeti-la, se for o
caso. Naturalmente isso depende da sensibilidade e da relação que tivemos com
elas.

Baseados nesses princípios surgiu a cromoterapia, uma medicina praticada


na Índia e no antigo Egito mas que agora vem sendo amplamente difundida no
ocidente dado seus benefícios em todo os campos, do físico ao espiritual.

VERMELHO(Muladharachakra – básico)
È a cor mais quente do espectro solar. Está ligado à raiz, à energia telúrica,
ao fogo, ao que está perto do chão. Psiquicamente simboliza a raiva. É
ótima para pessoas reprimidas, que tem dificuldade de “botar pra fora” as
suas emoções. Está ligada à mãe (ótima p/ mulheres grávidas) e é muito
apreciada pelas crianças. É uma cor de estímulo sexual, por isso usa-se
para trabalhar a sexualidade e também a agressividade. Deve ser usada
com bastante critério; sua ação é imediata tanto no plano físico (aumenta a
circulação e a pressão sanguinea) quanto no emocional). A luz vermelha
também é considerada um “triturador” de energias negativas porque possui
a propriedade de atrair os “vampiros energéticos como mariposas na
lâmpada, portanto critério ao usa-la como vestuário (perceba que é uma cor
atraente)

LARANJA (Svaddhisthanachakra – esplênico ou baço )


É uma cor ligada à imunidade. Simbolicamente ela representa o sol.
Emocionalmente é a cor do entusiasmo. Ótima para se trabalhar as
depressões, os deficts mentais (fadiga, stress), a rigidez em todos os
sentidos (cálculos renais por exemplo) e principalmente a rigidez emocional
(pessoas com dificuldade de “soltar-se”). Por isso é uma cor que
psiquicamente representa o social; em trabalhos de grupo, ela é excelente
para “quebrar” a rigidez das pessoas, “soltando-as” e depois reintegrando-
as ao redor do objetivo. Laranja desperta também a “voz interior” das
pessoas, isto é trabalha os “ouvidos internos” para que ela ouça a sua voz
interior). Não deve ser usada em pessoas excitadas ou psicóticas. Outra
coisa, laranja estimula inclusive o apetite.

AMARELO(Manipurachakra – plexo solar )


Amarelo trabalha o psiquismo. É a cor da percepção mensal; trabalha a
concentração; é um coordenador de idéias. Amarelo está muito ligado á
capacidade de perceber as coisas, a realidade. é revitalizador dos campos
nervosos e regenerador de modo geral, por isso amarelo também é bom
para as deficiências mentais (letargia, fadiga, falta de motivação, distúrbios
de raciocínio). A exemplo do laranja não deve ser usado em pessoas com
problemas psíquicos, extremamente excitadas). Num ambiente é ótimo para
facilitar a comunicação, a verbalização em trabalhos que exijam
concentração.

VERDE (Anahatachakra – cardíaco-pulmonar )


É a cor mais fria e menos quente do espectro soltar. Possui a temperatura
ideal. É refrescante, calmante e transmite um estado de relaxamento
profundo físico e mental, por isso é a ótima para insônia. Verde simboliza a
relação do espírito com a natureza: esta cor é considerada o adubo da
natureza, representa reprodução e fertilidade. Ele trabalho a melancolia, a
tristeza, a dificuldade de chorar, de se expor, de se entregar, o medo, a
fobia, o pânico, a insegurança, o abandono, a ansiedade, o desespero
(verde é esperança, generosidade, abundância), dando equilíbrio emocional
as pessoas. Assim como o azul, não tem fim trabalhar com verde. Verde é o
calmante e o sedativo da cromoterapia além de ser bacteriostático ( ele
isola a energia adoecida não deixando que se espalhe) É excelente para
todos os problemas respiratórios.
ANEXO 3

A LENDA DO TANGRAM

Conta a lenda que um jovem chinês despedia-se de seu mestre, pois iniciara uma
grande viagem pelo mundo. Nessa ocasião, o mestre entregou-lhe um espelho de
forma quadrada e disse:
-Com esse espelho você registrará tudo que vir durante a viagem, para monstrar-
me na volta.
O discípulo, surpreso, indagou:
-Mas mestre, como um simples espelho, poderei eu lhe monstrar tudo o que
encontrar durante a viagem?
No momento em que fazia esta pergunta, o espelho caiu-lhe das mãos,
quebrando-se em sete peças.
Então o mestre disse:
-Agora você poderá, com essas sete peças, construir figuras, para ilustrar o que
viu durante a viagem.

Lendas e histórias como essas sempre cercam objetos ou fatos de cuja origem
temos pouco ou nenhum conhecimento, como é o caso do Tangram. Se é ou não
verdade, pouco importa: o que vale é a magia, própria dos mitos e lendas.
ÍNDICE

SUMÁRIO ............................................................................................................. 6
RESUMO .............................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8
CAPÍTULO I – Sobre Arteterapia ........................................................................ 12
1.1.Origem e História da Arteterapia .................................................................... 12
1.2.Abordagem Junguiana ................................................................................... 14
1.3.Caminhos Possíveis em Arteterapia .............................................................. 15
1.4. Mãos com construtoras da vida ..................................................................... 17
CAPÍTULO II – A Arte do Mosaico Através do Tempo ........................................ 19
2.1.História do Mosaico ....................................................................................... 19
2.2. Técnicas de Construção com Mosaico ......................................................... 21
2.2.1.Mosaico de Cerâmica ............................................................................. 22
2.2.2.Mosaico de Vidro .................................................................................... 23
2.2.3. Mosaico de Plástico ............................................................................... 23
2.2.4 Mosaico de Papel ................................................................................... 24
2.2.5.Mosaico de elementos Naturais ............................................................. 25
2.2.6.Mosaico de Tecido .................................................................................. 25
2.3. O Estímulo das Formas ................................................................................. 26
2.3.1.Atividade Complementar – A Lenda do Tangram ................................. 29
CAPÍTULO III – O Mosaico em Arteterapia ........................................................ 30
3.1.O Mosaico como Instrumento Arteterapêutico ............................................. 31
3.2. Unidades Arquetípicas do Caos ................................................................ 32.
3.3. O Arte Terapeuta e o Ambiente de Criação ...................................................34
CONCLUSAO .......................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................38
ANEXOS ...............................................................................................................40
ÍNDICE ..................................................................................................................47

Você também pode gostar