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PÓS-GRADUAÇÃO

TRABALHO EM LIDERANÇA,
DE CONCLUSÃO DE CURSO INOVAÇÃO E GESTÃO
– ESTUDO DE CASO 3.0

MBA EM
LIDERANÇA,
INOVAÇÃO E
GESTÃO 3.0

ALUNO: Nadja dos Santos Oliveira Carvalho


ORIENTADOR: Cíntia Elisa Dhein
TÍTULO: A gente não quer só dinheiro... Você tem fome de quê? Um estudo de caso
sobre satisfação no trabalho dos empregados da Gerência Documental da EGBA -
Empresa Gráfica da Bahia.

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SUMÁRIO

1. Escolha do Caso a ser estudado 3

2. Apresentação inicial do Caso 4

3. Delimitação do tema do Estudo 5

4. Justificativa da escolha do tema 6

5. Situação problema 7

6. Objetivo do Estudo 8

7. Referenciais teóricos utilizados 9

8. Método de pesquisa 14

9. Descrição do Caso 16

10. Análise do Caso 19

11. Conclusões do Estudo 23

12. Bibliografia utilizada 25

13. Anexos 26

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1. Caso a ser estudado

A gente não quer só dinheiro... você tem fome de quê? ... – Um estudo de caso sobre
satisfação no trabalho dos empregados da Gerência Documental (GERDOC) da EGBA
- Empresa Gráfica da Bahia.

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2. APRESENTAÇÃO INICIAL DO CASO


Na década de 80 a banda Titãs lançou a música “Comida” que faz uma crítica,
e uma reflexão sobre os nossos desejos e necessidades. Um dos versos desta música
foi colocado como epígrafe deste trabalho. Nesse verso, a frase “a gente não quer só
dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade”, me remete às seguintes questões: O
trabalho como meio de sustento é suficiente? Somos felizes? Estamos satisfeitos, de
fato? Bem-estar e satisfação também devem estar presentes na vida profissional?
A abordagem deste trabalho é fazer uma avaliação geral da satisfação no
trabalho dos colaboradores da GERDOC – Gerência Documental da EGBA, e, também,
da necessidade que cada um tem do recurso financeiro para seu sustento. Busco avaliar
o que, além do dinheiro, esses colaboradores consideram importante para sua
satisfação profissional.
A EGBA é uma empresa pública com personalidade jurídica de direito privado,
capital exclusivo do Estado, patrimônio próprio com autonomia administrativa e
financeira. Além de ser a imprensa oficial do Estado, presta serviços gráficos, de
certificação digital e gestão documental.
A GERDOC, Gerência Documental da Empresa Gráfica da Bahia – que é tratada
neste estudo – oferece à sociedade, e principalmente ao Estado da Bahia, serviços de
gestão documental, como guarda, digitalização, microfilmagem e organização de
documentos. Nesta gerência estão alocados quatorze colaboradores efetivos e
concursados, e aproximadamente cem terceirizados.

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3. DELIMITAÇÃO DO TEMA DO ESTUDO


Analisar através da aplicação de questionário e realização de entrevistas o nível
de felicidade no trabalho dos colaboradores da GERDOC - Gerência Documental da
Empresa Gráfica da Bahia – e como a aplicação dos quatro pilares da felicidade no
trabalho (propósito, bondade, engajamento e resiliência) poderiam ser utilizados para
promover melhorias no nível de felicidade das pessoas.
A EGBA possui 250 colaboradores efetivos e cerca de 200 terceirizados.
Serão pesquisados somente os 14 colaboradores de Gerdoc, sendo que a
gerência está subdividida em 4 Seções, SOG - Seção de Organização e Guarda, SMD
- Seção de Microfilmagem e Digitalização, SAHB - Seção de Acervo Histórico e
Biblioteca e SEPRO - Seção de Projetos. A SOG é composta de 1 chefe de seção, 1
chefe de setor e 3 colaboradores. A SMD é composta de 1 chefe de seção, 1 chefe de
setor e 3 colaboradores. A SAHB é composta de 1 chefe de seção, 1 colaborador. A
SEPRO tem somente um chefe de seção. Ainda existe um gerente que responde pela
área e está hieraquicamente acima dos chefes de seção.

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4. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA
DO TEMA

O interesse pelo tema da felicidade no trabalho nasceu a partir das questões e


discussões tratadas na disciplina Felicidade e Realização Profissional, ministrada pela
professora Carla Furtado. Profissional, do MBA de Liderança Gestão e Inovação.
Embora reconheça que o tema da felicidade possa parecer clichê, pois como
afirma Comte-Sponville (2010. p.04), há uma obviedade na ideia de que todos
buscamos a felicidade, até aqueles que pensam que não a busca, decidi seguir esta
linha. Outra inquietação causada foi saber que é basicamente impossível falar sobre
felicidade sem se envolver de forma íntima, pois não podemos deixar de nos questionar
sobre sermos ou não felizes. Mas quero abordar a felicidade na corporação, no
ambiente profissional onde passamos a maior parte do tempo, onde convivemos com
pessoas que não escolhemos, e muitas vezes fazemos coisas que não queremos.
Qual o efeito da felicidade na produtividade? A maior satisfação no trabalho faz
a pessoa mais feliz ou a disposição em ser feliz gera satisfação no trabalho? É fato que
pessoas mais felizes são mais satisfeitas no trabalho, e mais felicidade causa maior
produtividade e, eventualmente, aumento do salário. Neste trabalho satisfação e
felicidade e bem-estar no trabalho são termos equivalentes.

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5. SITUAÇÃO PROBLEMA

Felicidade no trabalho. Por que em alguns ambientes isto parece impossível?


Desde a Grécia antiga os filósofos Pré-Socráticos já tentavam definir o que era a
felicidade. Na Europa, a felicidade tem sido estudada há alguns anos, e no Brasil
também passou a ser assunto de interesse, inclusive no âmbito profissional.
Pretendo tratar da experiência da felicidade no contexto do funcionalismo
público. Almejo abordar de maneira geral o nível de felicidade em que se encontram as
pessoas que trabalham na GERDOC, e como o que tem sido estudado sobre felicidade
– como os quatro pilares da felicidade no trabalho – Propósito, Bondade, Engajamento
e Resiliência - podem oferecer suporte para melhoria do cenário.

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6. OBJETIVO DO ESTUDO

Verificar o nível de satisfação no trabalho dos colaboradores da GERDOC, e


analisar se alguns dos quatro pilares da felicidade no trabalho podem ser identificados
neste ambiente.

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7. REFERENCIAIS TEÓRICOS
UTILIZADOS
Para análise deste caso foram utilizados os estudos de psicologia positiva de Dr.
Martin E. P. Seligman e os estudos sobre a construção da felicidade, bem como o
conteúdo da Disciplina Felicidade e Realização Profissional da professora Carla
Furtado. Sobre a interpretação do significado do trabalho foram usados os textos de
Mário Sérgio Cortella.
O conhecimento sobre a construção da felicidade ainda é irregular, pois a
psicologia positiva, ciência que investiga a construção da felicidade, surgiu após a
Segunda Guerra Mundial. Assim, a ideia de construção da felicidade ainda é
relativamente nova e pouco documentada, se comparada à psicologia “convencional”,
que abordava a construção das patologias mentais. O resultado que a psicologia
positiva deseja é a felicidade ou bem-estar (SELIGMAN, 2010).
Na disciplina Felicidade e Realização profissional foram abordados os seguintes
conceitos:
 A felicidade é a experiência de contentamento e bem-estar combinada à
sensação de que a vida vale a pena.
 A felicidade é o encontro do pensamento com a ação
 A felicidade possui a dimensão pessoal e a organizacional, e é
sustentada pelos pilares da transformação pessoal, FIB (Felicidade Interna
Bruta) e Teoria U.
A abordagem deste trabalho será a dimensão organizacional focada na
Transformação Pessoal embasada na psicologia positiva.
A psicologia positiva estuda as emoções positivas, os traços positivos (virtudes,
forças e habilidades) e as instituições positivas (democracias, família e liberdade) que
dão suporte às virtudes, que por sua vez embasam as emoções positivas.
A felicidade não é uma subtração dos momentos maus dos momentos ruins, isto
é uma teoria sustentada pelo Hedonismo, pois a emoção positiva desassociada do
exercício do caráter não é felicidade, ao contrário, ela invalida toda realização que se
busca. O sentimento positivo só tem validade dentro do exercício das forças e virtudes.
Na aula Felicidade e Realização Profissional, foram abordados o prazer, a
alegria e a felicidade, esclarecendo-se suas diferenças, onde o prazer é uma emoção
ou sensação agradável que o indivíduo pode provocar a si mesmo por algum estímulo,
e é efêmero. A alegria é uma emoção ou sentimento agradável, pode-se provocar a si
mesmo ou ser externa e se prolonga por mais tempo que o prazer. A felicidade, por sua
vez, não é estimulada por nada externo, é presente e não está alicerçada em nada que
esteja à volta de quem a vivencia.
A psicologia positiva selecionou vinte e quatro forças que se encaixam nos
critérios de valorização em diversas culturas. Dentre elas podemos citar que os
indivíduos sejam valorizados pelo que são e não como meios para atingir outros fins e
que sejam maleáveis. Nessas forças estão incluídas as virtudes principais, que são
sabedoria, conhecimento; coragem; amor e humildade; justiça; moderação;
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espiritualidade e transcendência. Podendo cada uma delas ser subdividida para


classificação e medição. Essas virtudes servem para a demonstração de várias forças,
independentemente se as circunstâncias são favoráveis ou não.
Os prazeres físicos são as sensações naturais e imediatas, formados por
elementos sensoriais e de caráter emocional, sem necessidade de interpretação, pois
não envolve muito raciocínio. Assim que o estímulo externo cessa, eles somem.
As gratificações “são atividades que gostamos muito de praticar, mas não são
necessariamente acompanhadas por qualquer sensação natural”. A gratificação gera
um envolvimento profundo que provoca a perda da noção da realidade. “Ela dura mais
que o prazer, envolve raciocínio e interpretação, não cria hábito facilmente e esta apoia-
se em nossas forças e virtudes” (SELIGMAN ano, p.162)
O autor define também os prazeres maiores que diferem dos prazeres naturais
na maneira como se instalam. São também mais numerosos e variados e estão divididos
como aqueles de alta intensidade (enlevo, deleite, emoção, hilaridade, euforia,
empolgação, sublimidade, júbilo e excitação), os de intensidade moderada (abrangem
a animação, encantamento, vigor, regozijo, contentamento, alegria e graça) e os de
baixa intensidade (que incluem conforto, harmonia, divertimento, saciedade e
relaxamento).

Os quatro pilares da felicidade no Trabalho

Os quatro pilares da felicidade no trabalho, como já mencionado antes, são o


propósito, a bondade o engajamento e a resiliência.
O propósito é abordado na Disciplina de Felicidade e Realização Profissional
como o alinhamento dos valores, mobilização das forças de caráter, propiciando o
desenvolvimento pessoal, relações sólidas e impactando positivamente a sociedade.
Os valores são princípios morais e éticos que regem a vida de uma pessoa, suas
regras de conduta que embasam suas decisões. Estes, alinhados produzem uma
conduta que busca uma convivência caracterizada pelo desejo da harmonia, da verdade
e da honestidade. As forças de caráter em prática permitem a elevação do indivíduo e
o fortalecimento das suas relações, beneficiando a sociedade. Assim, no ambiente de
trabalho o propósito é o que dá sentido ao que está se fazendo. Ou seja, o que se faz
deixa de ser uma simples tarefa e passa a ser uma atividade necessária para se atingir
um fim maior. Maior que o trabalhador e maior até que a instituição onde ele está
inserido. Para se ter sentido de propósito é necessário que o que se faz tenha um
significado para quem executa. Cortella (2016), citando Hegel, diz que “tudo o que é
produzido sem saber a razão é alienação, pois assim sou apenas uma ferramenta, sem
a clareza daquilo que se faz, o trabalhador fica sem sentido de si mesmo”. (p. 8) E, ainda
o mesmo diz “… eu não sei o que sou a não ser naquilo que faço. Porque quando faço
algo, eu me ‘reconheço’, isto é, eu conheço a mim mesmo de novo”. Sendo assim, é
possível que um despertar neste sentido provoque um aumento da sensação do bem-
estar no trabalho.
A bondade, ou seja, o ato de ser generoso, liberal, capaz de se sacrificar por
outras pessoas, é gratificante para o doador, promove o bem-estar subjetivo, que é
combinação de uma satisfação geral com a própria vida e satisfação em alguns campos

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específicos da vida.
A resiliência é o processo de adaptação diante de um problema. Significa
"retroceder" de experiências difíceis ou se recuperar ou superar situações adversas.
Compreende comportamentos, pensamentos e atitudes, cujo aprendizado está
disponível a qualquer pessoa que deseja aprender.
Quando se busca alguém para trabalhar em qualquer empresa, se avaliam as
qualificações, para saber as competências e se o candidato é capaz de apresentar o
resultado esperado. Habilidades sócio emocionais passaram a ser valorizadas nas
empresas de vanguarda, pois habilidades técnicas são mais facilmente adquiridas. É
melhor contratar alguém que tenha a disposição de aprender e que seja fácil de
conviver.
O engajamento é segundo Seligman (2019)
“[...] está ligado a uma posição de entrega: entregar-se completamente, sem se dar conta do
tempo, e perder a consciência de si mesmo durante uma atividade envolvente. A uma vida
vivida com esses objetivos eu me refiro como uma “vida engajada”. O engajamento é algo
diferente, até oposto, de uma emoção positiva; pois quando você pergunta às pessoas que se
entregam a uma atividade o que estão pensando e sentindo, elas geralmente dizem: “Nada”
No envolvimento nós nos fundimos com o objeto. Acredito que a atenção concentrada exigida
pelo engajamento consome todos os recursos cognitivos e emocionais que formam nossos
pensamentos e sentimentos. Não há atalhos para o engajamento. Ao contrário, nele você tem
de empregar suas forças pessoais e talentos para se envolver com o mundo. ” (p.14)

Entregar-se, envolver-se, perder a consciência de si mesmo. Este estado


emocional onde, o que se está realizando é tão envolvente, que não se sente nada e
não se tem consciência dos pensamentos, parece não ser algo que se consiga
identificar nas pessoas que executam tarefas que significam simplesmente a troca da
sua força de trabalho pelo o que é depositado na sua conta no final do mês.
Csikszentmihalyi (1999) na obra Flow – A descoberta do fluxo, trata das
experiências do fluxo, ou estado de flow, que é uma emoção positiva a respeito do
presente onde não se experimenta sentimentos ou raciocínios conscientes. O estado de
flow, em condições favoráveis, pode acontecer em vários momentos do dia com duração
de alguns minutos, não é um estado permanente. Quando se está no fluxo, não se está
experimentando a felicidade, pois para isto seria preciso se voltar para estados interiores
o que traria sentimento e consciência. No estado de flow só podemos nos sentir felizes
retrospectivamente, quando podemos nos voltar e contemplarmos a experiência que
vivemos. A felicidade proporcionada pelo estado de flow não depende de circunstancias
externas, ela é criada por nós, e leva uma complexidade e um crescimento cada vez
maior da consciência.
Segundo Seligman (2019)
O trabalho pode ser o principal facilitador do flow porque, ao contrário do lazer, cria em si
mesmo muitas das condições para isso. Em geral, existem metas e regras de desempeno
bastante claras. O feedback é frequente. O trabalho costuma favorecer a concentração e
minimizar as distrações; em muitos casos, põe em ação as suas forças e talentos para
compensar as dificuldades. Como resultado, é muito frequente as pessoas se concentrarem
melhor no trabalho que em casa. (p.39)
Csikszentmihalyi (1999) chama de paradoxo do trabalho, quando reconhecemos
que o trabalho nos proporciona momentos intensos e satisfatórios, trazendo sensações
de orgulho e identidade, mesmo com todos esses sentimentos positivos, ele não deixa
de ser algo que a maioria de nós fica feliz em evitar.

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Figura 1 – Extraída do material de apoio 1 e 2 da disciplina Felicidade e Realização


Profissional.

A figura 1, demostra a relação que existe quando as demandas do dia a dia se


enquadram as capacidades.

Tipos de orientaçoes para o trabalho

Um fator importante a se observar são tipos de orientações para o trabalho.


Segundo Seligman (2019), existem três tipos: a tarefa, a carreira e a vocação.
A tarefa é quando se executa uma atividade em troca do salário e não existe
uma busca de outras recompensas, é apenas um meio para se chegar a um fim, por
exemplo, o sustento.
Na carreira, o dinheiro ainda é um fator muito importante, porém há também uma
busca pelo desenvolvimento pessoal, se busca também, prestigio e poder.
Na vocação aflora um compromisso, envolve paixão pelo que se faz, e é algo
que vai além do próprio vocacionado.
Muitas organizações demostram interesse quanto à satisfação no trabalho de
seus colaboradores preocupadas apenas com os efeitos dessa satisfação no seu
desempenho ou na sua produtividade. A satisfação no trabalho repercute na
produtividade, no absenteísmo e na rotatividade.
Com respeito produtividade, Stephen P. Robbins, (2002) em seu trabalho sobre
Comportamento Organizacional, confronta como mito x ciência a máxima criada na
década de 30 e 40 nos Estados unidos que “funcionários felizes são funcionários
produtivos”. Crendo neste mito as empesas passaram a adotar práticas paternalistas,
oferecer benefícios, e adotar novos tipos de liderança entre outras ações. Porém,
segundo o autor o que acontece é o inverso. Funcionários produtivos tem a tendência
de serem mais felizes, ou seja, a produtividade leva a satisfação e não o contrário.
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Porém quando se aborda a relação da satisfação com a produtividade considerando a


empresa como um todo, e não no nível individual, nota-se que as organizações com
empregados mais satisfeitos rendem resultados melhores. Mesmo não podendo se
afirmar que os colaboradores felizes são os mais produtivos, a conclusão é que as
organizações mais felizes são mais produtivas.
Quanto ao absenteísmo, o não comparecimento do funcionário para trabalhar, o
mesmo autor declara, como parece claro, que os colaboradores satisfeitos tendem a ser
mais frequentes que os que não estão satisfeitos.
A permanente saída e entrada, voluntaria ou involuntária, de pessoal na
organização, ou seja, a rotatividade, também está relacionada com a satisfação no
trabalho, apesar de outros fatores também influenciarem para a existência desse
fenômeno.
O trabalho não requer somente a realização de uma tarefa ou de uma lista das
mais diversas ações, mas a convivência com colegas e superiores, o seguimento de
regras e políticas da organização, o alcance de padrões de desempenho e a aceitação
de condições de trabalho geralmente abaixo do ideal (ROBBINS, 2002). Assim, avaliar
a satisfação no trabalho exige a compreensão de vários elementos.

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8. MÉTODO DE PESQUISA
O que se pretende é aplicar junto aos empregados da empresa um questionário
de satisfação no trabalho elaborado pela psicóloga Martha Zouain, publicado na Gazeta
Online em março de 2011 (Anexo I). O questionário não tem a profundidade de um
indicador FIB – Felicidade Interna Bruta, nem dos questionários propostos por Seligman
(2002), em Felicidade Autêntica e Florescer, pois, necessitariam de um conhecimento
abrangente sobre o assunto para se analisar os dados, o que não seria possível, devido
estarmos no início do conhecimento da temática e também ao tempo que este estudo
iria requerer.
A análise dos dados será feita, considerando os mesmos critérios que a
psicóloga Martha Zouain utilizou na sua pesquisa. A psicóloga e criadora do questionário
considerou 4 níveis de pontuação, onde a mais alta de 14 a 15 respostas “Sim”, é
considerada uma pessoa feliz no trabalho; de 12 a 13 respostas “Sim”, pessoas que
estão quase felizes com o seu trabalho e de 10 a 11 respostas “Sim”, a pessoa está
vivendo um momento crítico; e abaixo de 9 a pessoa não está satisfeita. Neste trabalho
será classificado conforme a tabela 1.

Critérios do questionário Critérios equivalentes para este trabalho


De 14 a 15 respostas SIM Feliz
De 12 a 13 respostas SIM Quase feliz
De 10 a 11 respostas SIM Quase infeliz
Abaixo ou igual a 9 respostas Sim Infeliz

Tabela 01

Os dados serão analisados à luz dos estudos da felicidade por teóricos da


atualidade.
Assim, o questionário de 15 perguntas foi aplicado a cada colaborador da Gerdoc
sobre a satisfação no trabalho. As questões buscam identificar a ocorrência de emoções
positivas. Buscam também, verificar a autoestima, a relação com os colegas, a
qualidade do sono e sobre o que os colegas consideram uma referência na profissão.
O questionário é objetivo, tendo o pesquisado que responder somente sim ou não.
Foram aplicados os questionários de forma anônima e entrevistados quatorze
funcionários efetivos da GERDOC. Desses funcionários, sete já estão aposentados,
quatro possuem uma relação de poder com a pesquisadora, pois são diretamente
subordinados à chefia. Quanto ao questionário, por ter sido anônimo os impactos
provocados por conta desta relação de poder não foram significativos, porém nas
entrevistas a questão das relações de poder podem ter impactado as respostas.
Além do questionário, foram feitas entrevistas não estruturadas, na perspectiva
de uma conversa mais informal e considerado também o comportamento dos
colaboradores para a análise do nível de felicidade na Gerdoc. Durante a Entrevista foi
aplicada informalmente a pesquisa trabalho-vida, onde pode-se verificar a orientação
para o trabalho de cada entrevistado. (SELIGMAN, 2002). Nesta pesquisa são
apresentados três canários e o entrevistado escolhe o que mais se aproxima da sua
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realidade e cada cenário diz respeito a uma orientação para o trabalho.


Durante a entrevista não estruturada foram disponibilizados cartões com as
palavras “Ansiedade”, “Excitação“, “Engajamento”, “Controle”, “Relaxamento”, “Tédio”,
“Apatia” e “Preocupação”. Foi solicitado aos entrevistados que escolhessem a palavra
que representasse o sentimento que eles experimentavam com mais frequência durante
seu trabalho. As respostas foram analisadas de acordo com a figura 1 considerando a
relação desafios e habilidades.
Cabe ressaltar o reconhecimento das fragilidades do questionário, no que se
refere a alcançar maior precisão e aprofundamento sobre o assunto. Não teria tempo
para mergulhar em uma análise mais profunda dos sentimentos dos empregados,
porém, é possível afirmar que quando alguém é feliz em qualquer ambiente é
visivelmente notado, visto que é uma convivência de várias horas diárias e muitos dias
consecutivos.

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9. DESCRIÇÃO DO CASO

A Gerência Documental da Empresa Gráfica da Bahia tem cerca de seis anos


de implantação e foi criada para atender as diversas demandas das Secretarias do
Estado com relação à gestão da informação.
É importante contextualizar a situação da empresa. A EGBA tem como a sua
maior fonte de lucro as publicações do Diário Oficial. Com a medida provisória 892, que
revoga o artigo 289 da lei 6404/76 do atual presidente Jair Messias Bolsonaro, que
desobriga as empresas de publicarem seus balanços nos Diários Oficiais e permite
publicar gratuitamente no Diário Oficial da União, a empresa vê a sua existência
ameaçada. Este fato tem provocado muita inquietação em todos os colaboradores.
Os empregados da EGBA são pessoas que prestaram um concurso para
trabalhar e, mesmo sendo regidos pelas CLT – Consolidação das Leis do Trabalho –,
este é um trabalho que inspira certa estabilidade, visto que um processo de demissão é
muito raro e burocrático. Assim, pessoas que se sentiam confiantes de ter uma garantia
no emprego se veem agora inseguros e preocupados com os rumos sua vida
profissional. Todos têm mais de dez anos na empresa, sete são aposentados, cinco
exercem cargos de chefia.
Considerando os critérios da tabela 1, conforme resultado do questionário pode-
se afirmar os dados expressos na figura 2, onde cada cor refere-se a uma classificação
e cada valor a quantidade de colaboradores.

Apuração dos dados do questionário

2 0

8 4

Felizes Quase Felizes Quase infelizes Infelizes

Figura 2

Os dados foram apurados por questões e os resultados estão apresentados na tabela 2.

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Apuração dos dados por questões


nº Questão Sim Não

Ao acordar para ir ao trabalho você se sente bem-disposto e entusiasmado?


1 11 3

A sua relação com o Grupo de trabalho é de harmonia e integração?


2 13 1

Você consegue sentir prazer nas pequenas conquistas em seu trabalho?


3 13 1

4 Você é visto pelas pessoas como uma pessoa alegre e positiva? 11 3

Tenho constantemente a sensação de felicidade no trabalho, sem que haja um motivo


específico?
5 3 11

Eu faço planos e tenho sonhos para meu futuro?


6 13 1

Em meu dia a dia de trabalho acontecem com frequência várias coisas interessantes e
empolgantes?
7 6 8

Quando me olho no espelho, tenho prazer com o que vejo refletido?


8 12 2

Ao me deitar, meu sono vem rápido e, na maior parte das vezes, durmo toda a noite
sem acordar?
9 6 8

Sou considerado uma pessoa otimista em relação a vida?


10 14 0

Sou referência na minha profissão. Com frequência sou consultado para emitir opinião
sobre o assunto?
11 5 9

Na maior parte das vezes olho os problemas com uma lente de diminuição e as coisas
boas que me acontecem com uma lente de aumento?
12 4 10

Vejo obstáculos do trabalho como desafios a serem superados?


13 14 0

Se eu ganhasse na loteria, continuaria trabalhando, porém, com um ritmo mais


tranquilo de atividades?
14 4 10

Se pudesse voltar no tempo, escolheria a mesma profissão?


15 7 7
Tabela 2

Como foi dito anteriormente, durante a entrevista não estruturada foram


disponibilizados cartões com palavras que expressavam sentimentos e foi solicitado que
eles escolhessem a palavra que representasse o sentimento mais frequente no seu dia
a dia de trabalho. Foram apurados os dados apresentados na figura 3.

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Apuração da Pesquisa do Sentimento Mais


Frequente

2 1 0
1

5
2
1

Ansiedade Excitação Engajamento Controle


Relaxamento Tédio Apatia Preocupação

Figura 3

Foi também aplicada a pesquisa Trabalho-Vida e foram apurados os dados


apresentados na figura 4.

Apuração pesquisa Trabalho-Vida


0

Tarefa Carreira Vocação

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10. ANÁLISE DO CASO


A banda Titãs já afirmava há mais de trinta anos, o que pesquisas nos Estados
Unidos demostram hoje, que o dinheiro acrescenta pouco ou nada ao bem-estar
subjetivo. O dinheiro é apenas a forma mais comum para calcular o tempo gasto para
se fazer ou fabricar alguma coisa. Se o dinheiro não tem todo esse poder para se
alcançar a felicidade e todas as pessoas a almejam, qual o critério que uma pessoa
qualificada usará para se manter leal a empresa na qual trabalha? Está ocorrendo uma
mudança na economia, onde o dinheiro que era o maior impulsionador para se decidir
qual profissão seguir ou qual emprego buscar, está perdendo espaço para uma
economia onde se busca a satisfação como critério de decisão para posições
profissionais. É claro que em uma sociedade que ainda se luta pela sobrevivência, ainda
há um grande espaço preenchido pela economia em que o dinheiro é o motivador nas
relações de trabalho.
Os colaboradores estão vivendo atualmente em um cenário que remete ao
contexto da fábula abordada no livro “Quem mexeu no meu queijo? ”, de Spencer
Johnson (2002). No livro que se conta a estória de homens e ratos correndo em um
labirinto em busca de queijo, até que um dia não o encontram no lugar esperado. Assim,
para os colaboradores da Gerdoc, o que antes era considerado um lugar de segurança,
está ameaçado. As reações das pessoas se alternam, às vezes semelhantes aos
homens, às vezes aos ratos. Uns prontos para partir para novos desafios buscando se
capacitar para ter outras oportunidades. Alguns pulando imediatamente do barco antes
que ele afunde, fazendo acordos de demissão voluntária renunciando direitos, outros,
ainda parados se sentindo injustiçados, estagnados na esperança de que tudo volte a
ser como antes. E aqueles que mesmo com esperança de volta ao passado, buscam
novas possibilidades.
Nos resultados dos questionários dois dos quatorze entrevistados alcançaram
uma pontuação que os levou a serem considerados felizes no trabalho, oito como
infelizes e quatro como quase felizes. Podemos desta forma estabelecer apenas três
grupos para a análise, visto que nenhum dos entrevistados foi classificado como quase
feliz.

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Análise dos dados por questões


nº Questões Sim Não Análise
Ao acordar para ir ao Este resultado, majoritariamente positivo, é um tanto quanto
trabalho você se sente contraditório, visto que é possível observar que os atrasos sem
bem-disposto e motivos justificados são muito frequentes.
1 entusiasmado? 11 3
É importante ressaltar que pelos depoimentos, tem havido
realmente uma boa interação entre a equipe, porém durante as
entrevistas pode-se verificar que esta interação ocorreu devido ao
A sua relação com o Grupo
um investimento que a gerência promoveu através de um trabalho
de trabalho é de harmonia
de mentoria com uma empresa especializada que já dura mais de
e integração?
um ano, durante estes treinamentos os conflitos foram tratados e
os confrontos de personalidade esclarecidos.
2 13 1
Esta resposta mostra que mesmo se observando pelas entrevistas
Você consegue sentir
um certo grau de apatia e desinteresse que a maioria demostra no
prazer nas pequenas
desenvolvimento do trabalho, as conquistas são importantes
conquistas em seu
mesmo que pequenas.
trabalho?
3 13 1
A maioria acredita que as pessoas têm sobre eles a percepção que
Você é visto pelas pessoas
são pessoas felizes e positivas. Nas entrevistas a maioria
como uma pessoa alegre e
demostrou sentir-se feliz.
positiva?
4 11 3
Tenho constantemente a A maioria respondeu negativamente a esta pergunta.
sensação de felicidade no
trabalho, sem que haja um
5 motivo específico? 3 11
Também é de se considerar contraditório a porcentagem tão alta
de pessoas com sonhos e planos, pois nas entrevistas somente
Eu faço planos e tenho três demostraram interesse em aderir aos planos da empresa de
sonhos para meu futuro? estímulo a aquisição de conhecimento, inclusive com incentivos
financeiros, poucos se interessam em buscar em se graduar ou se
6 13 1 pós-graduar.
O trabalho em uma gerência de documento, fora a ocorrência de
Em meu dia a dia de
algum sinistro, é sempre rotineiro, e para alguns, monótono. A
trabalho acontecem com
rotina permite a organização de uma atividade, ganho de tempo.
frequência várias coisas
Quando não ocorrem coisas interessantes e as atividades são
interessantes e
realizadas sem a compreensão do significado dela como um todo,
7 empolgantes? 6 8 ela é feita com enfado e se torna monótona, chata
Quando me olho no A maioria respondeu positivamente a estar bem com a sua
espelho, tenho prazer com autoestima
8 o que vejo refletido? 12 2
Sabemos que a qualidade do sono é muito importante para a
Ao me deitar, meu sono
manutenção da saúde e do desempenho das tarefas cotidianas. E
vem rápido e, na maior
pode-se considerar preocupante que quase metade dos
parte das vezes, durmo
entrevistados tem problemas para conciliar o sono.
toda a noite sem acordar?
9 6 8
Sou considerado uma Todos responderam que, na sua percepção, as outras pessoas o
pessoa otimista em relação consideram otimista. Nas entrevistas pode-se perceber na maioria,
10 a vida? 14 0 uma postura otimista mesmo diante do cenário atual de ameaça de

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desemprego.

Nas entrevistas muitos demostraram se ressentir do fato de não


Sou referência na minha serem consultados sobre a sua opinião, principalmente os
profissão. Com frequência aposentados. Não se sentem reconhecidos. Demostraram não ser
sou consultado para emitir parte daqueles que se manifestam nas tomadas de decisões e por
opinião sobre o assunto? isso raramente se engajam nas atividades.
11 5 9
Na maior parte das vezes Esta pergunta é a respeito da maneira como se lida com as
olho os problemas com circunstâncias boas ou ruins. A maioria respondeu que costuma
uma lente de diminuição e ampliar os problemas e diminuir as coisas boas que acontecem.
as coisas boas que me
acontecem com uma lente
12 de aumento? 4 10
A décima terceira pergunta é relacionada à como o indivíduo vê os
obstáculos no dia a dia do trabalho. Todos responderam que veem
Vejo obstáculos do
como desafios a serem superados. Pelas entrevistas foi possível
trabalho como desafios a
perceber que nem todos se comportavam dessa forma, alguns
serem superados?
demostraram desanimo e irritabilidade diante de qualquer
13 14 0 dificuldade na execução do seu trabalho
A décima quarta pergunta levanta uma situação hipotética. Dez
Se eu ganhasse na loteria, pessoas responderam que não, inclusive os que eram felizes na
continuaria trabalhando, avaliação geral. Considero esta questão contraditória visto que, se
porém, com um ritmo mais a pessoa está realmente feliz, por qual motivo abandonaria tudo,
tranquilo de atividades? mesmo com uma oportunidade de continuar de maneira mais
14 4 10 amena?
Na última pergunta, a metade dos entrevistados respondeu que
estão satisfeitos com a profissão que escolheram, o que é
Se pudesse voltar no
espantoso se na avaliação geral, nove estão insatisfeitos, significa
tempo, escolheria a mesma
que existem duas pessoas infelizes que mesmo assim não fariam
profissão?
nada para mudar as escolhas que fizeram no passado.
15 7 7
Tabela 3

Primeiramente iremos tratar as pessoas que segundo o questionário foram


classificadas como felizes no seu trabalho na Gerdoc. Como o questionário foi anônimo
não é possível fazer uma análise entre as suas respostas e as entrevistas não
estruturadas. Exceto de forma geral, diante de não ter havido nenhum resultado positivo
para a experimentação do estado de flow (engajamento), quando na entrevista foram
apresentados cartões com, entre outras, esta possibilidade. E de também, não ter sido
identificado nenhum dos colaboradores com a orientação para o trabalho “vocação”.
Somado ao que foi apurado no atual contexto, onde as influências externas têm
provocado insegurança com relação à existência da empresa, causa uma certa
estranheza este número de 2 felizes. Mesmo sendo muito reduzido, manifesta uma
desarmonia entre o que foi dito no questionário e o que se demostrou nas entrevistas.
De acordo com as respostas do questionário, quatro dos entrevistados
classificados como Quase infelizes. Considero mesmo um resultado de quase infeliz,
positivamente, pois são casos em que existe algum fator que tem impedido o indivíduo
de ser feliz e que ele deve analisar criticamente a forma que tem vivido. Aplicando a
mesma análise do parágrafo anterior, percebe-se que os resultados dos questionários
foram mais negativos que positivos, ficando próximos dos resultados das entrevistas. O
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que surpreende é que a despeito dos seus problemas e tragédias as pessoas têm a
tendência de se descrever muito mais como felizes que infelizes (CSIKSZENTMIHALYI,
1999).
Oito dos colaboradores da Gerdoc foram classificados como infelizes no
trabalho. Há coerência entre o resultado das entrevistas e dos questionários, pois como
foi analisado anteriormente nenhum dos colaboradores experimentou o estado de flow
em seu trabalho e nem possuem a orientação de trabalho “vocação”.
É possível dizer que a felicidade não se sustenta no ambiente de trabalho da
Gerdoc. A existência dos quatro pilares da felicidade no trabalho não foi perceptível
durante a pesquisa.
O proposito no trabalho não pôde ser identificado, mas havendo um esforço
individual para que o desenvolvimento pessoal focado em se alinhar, no sentido, das
atitudes estarem em harmonia com os valores e as forças de caráter poderem ser
praticadas criando relações verdadeiras, poderá se chegar a um senso de proposito que
causaria um sentimento de maior gratificação na execução das atividades na Gerdoc.
A bondade, um dos pilares da satisfação no trabalho, pôde ser percebida nas
relações entre a maioria dos colaboradores da Gerdoc, apesar de não ser no seu sentido
completo, que foi definido anteriormente, mas é algo que pode ser ampliado se
reconhecido e estimulado, trazendo sua a importância e o significado para todos, o que
vai estimular o bem-estar subjetivo.
A adaptabilidade, capacidade de se adaptar ou de superar adversidades, é um
dos pilares chamado resiliência. E este, diante das mudanças externas que tem
acontecido no cenário nacional, onde a empresa está sendo diretamente impactada no
seu faturamento, comprometendo até mesmo a sua existência, será um dos pilares que
será muito requerido dos colaboradores. Se anteriormente, se vivia em um estado de
estabilidade, hoje será necessária não somente a capacidade de se adaptar, mas
também de se reinventar, buscando novos serviços e produtos, novos conhecimentos e
habilidades, sob pena de se regredir de uma posição em que se almejava a felicidade
no trabalho, para uma condição que se busca a sobrevivência.

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11. CONCLUSÕES DO ESTUDO

Como empregar suas forças pessoais e talentos para se envolver com o mundo
sem estar motivado? Não é fácil, pois não se reconhece naquilo que realiza e nem se é
reconhecido por haver realizado.
A EGBA como um todo está passando por mudanças. A medida provisória já
identificada anteriormente, conhecida como a lei das S/As – Sociedades Anônimas, que
retirou a obrigatoriedade de as sociedades anônimas publicarem seus balanços em
veículo impressos, como já foi mencionado anteriormente, afetou a receita da empresa
de forma significativa, pois a sua maior fonte de renda eram as publicações de balanço.
Assim, as pessoas viram seu futuro ameaçado. Já era previsto que algo assim
acontecesse, mas a previsão era para 2021. Diante desse cenário as mudanças serão
necessárias, mas como será a reação dos envolvidos ao que o futuro reserva? Este
dado afeta diretamente o nível de felicidade de todos os funcionários da empresa, que
viviam na zona de conforto que a estabilidade do funcionalismo público oferece, mesmo
como empresa pública regida pela Consolidação das Leis do trabalho – CLT, estavam
confiantes em fornecer um serviço importante para a sociedade, em uma empresa com
mais de 100 anos de existência.
Este panorama, como já foi dito, nos permite fazer uma alusão à obra
motivacional de Johnson (1998) “Quem Mexeu no Meu Queijo”, que trata de forma
alegórica da adaptabilidade ou da falta dela em alguns no que se refere às mudanças e
busca de realizações. O livro mostra que às vezes acontecem transformações, que
parecem surpreendentes, no entanto na verdade já mostravam sinais que iriam
acontecer. Quando acontecem, algum, resilientes se adaptam rapidamente, outros não
aceitam as mudanças, ou as aceitam tardiamente e acabam perdendo a oportunidade
de experimentar o bem-estar no ambiente de trabalho, e ficam ansiosos, estressados e
amargurados. Como analisa Cortella (2016), será que despertamos pela manhã com o
desejo de ficarmos mais um pouco na cama por cansaço ou por estresse? Para o
cansaço, há o descanso, porém, o estresse só é eliminado quando se compreende o
motivo de se fazer o que se está fazendo, e muitos não demostram esta compreensão.
Muitos se referem a seu trabalho como guardar papel velho. Não sabem o impacto que
sua atividade causa nas instituições que prestam serviço e na vida das pessoas.
Na Gerdoc, não se sabe ainda qual o impacto que o decreto pode ter sobre a
área e qual o futuro da empresa nem qual a mudança que irá causar. Não se sabe o
grau de adaptabilidade que os colaboradores possuem, mas sabemos que os mais
resilientes serão capazes de se adaptar à mudança que vier e de partir para novos
desafios.
A pessoa resiliente é aquela capaz de superar situações difíceis, reerguendo-se
por meio de força interior, adaptando-se a novas circunstancias, retornando ao estado
anterior de equilíbrio.
Sabemos, porém que, como diz a música “Comida” o dinheiro somente não é o
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suficiente. Queremos, também a felicidade. Os quatro pilares da felicidade no trabalho


que foram trazidos, se aplicados, não só no ambiente profissional, mas também na vida,
podem proporcionar uma melhora na condição da felicidade do indivíduo.
Mudar a orientação do trabalho, reinventando as tarefas e as carreiras para
vocação, também, influenciaria o nível de satisfação no trabalho. Para isso seria
necessária uma ressignificação das atividades rotineiras, deixando de se executar
simples tarefas e passando a compreender o significado do que se faz, gerando um
sentimento de gratificação que vai além dos resultados financeiros. É identificar a sua
fome e buscar saciá-la.
Na GERDOC, não é perceptível um sentido de propósito nos colaboradores.
Não se pode chagar a conclusões absolutas, até porque segundo
Csikszentmihalyi (1999, p 27) “... apesar de seus problemas e tragédias, as pessoas em
todo mundo tendam a descrever a si mesmas muito mais como felizes do que infelizes.”
E o autor completa em outro texto que “ ...quando uma pessoa diz que é “bastante feliz”,
ninguém tem o direito de ignorar sua declaração, ou interpretá-la para que signifique o
oposto) Assim, baseado no resultado do questionário e nas entrevistas não
estruturadas foi sinalizado que existem mais pessoas infelizes que felizes na Gerdoc.
Obviamente que um estudo mais aprofundado poderia gerar resultados diferentes e até
trazer ferramentas da psicologia positiva que possam elevar o nivel de satisfação no
trabalho dos empregados da Gerdoc.

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REFERÊNCIAS PARA CONSULTA

CORTELLA, M. Por que fazemos o que fazemos. São Paulo:


Planeta do Brasil, 2016.

CORTELLA, M. Qual a tua obra? Inquietações propositivas.


Petrópolis: Vozes, 2012.

COMTE-SPOLVILLE, André. Felicidade, desesperadamente.


São Paulo Martins Fontes, 2001.

CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. A descoberta do flow. Rio de


Janeiro. Rocco, 1999.

SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: Uma nova


compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-
estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade Autentica: Use a


psicologia positiva para alcançar o seu potencial. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2011.

JOHNSON, Spencer. Quem mexeu no meu queijo 64ª Edição


Rio de Janeiro: Record.

QUESTIONARIO: Você é feliz no emprego? Faça o teste da


satisfação no trabalho. Disponível em:
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/03/noticias/esp
eciais/794882-voce-e-feliz-no-emprego-faca-o-teste-da-
satisfacao-no-trabalho.html. Acesso em: 29 de jul. 2019.

ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. São


Paulo: Prentice Hall, 2002.

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Anexo I

Felicidade não é fácil de definir. E o estado de espírito é muitas vezes determinante para o
sucesso no emprego. Da relação com os colegas ao humor, tudo interfere na sensação de
prazer sentida ou não no final do dia. Para tirar possíveis dúvidas sobre a relação entre
trabalho e bem estar, a psicóloga Marta Zouain elaborou um teste que mede o grau de
satisfação com a ocupação escolhida por você.

Reportagem de A GAZETA neste domingo (13) traz uma pesquisa inédita que revela em
que carreiras estão os profissionais mais satisfeitos do mundo. Áreas como biotecnologia e
telemarketing estão no topo, conforme você confere aqui.

Responda as perguntas abaixo e depois confira o resultado:

Pergunta Sim Não


1. Ao acordar para ir ao trabalho você se sente bem-
disposto e entusiasmado?
2. A sua relação com o Grupo de trabalho é de harmonia e
integração?
3. Você consegue sentir prazer nas pequenas conquistas
em seu trabalho?
4. Você é visto pelas pessoas como uma pessoa alegre e
positiva?
5. Tenho constantemente a sensação de felicidade no
trabalho, sem que haja um motivo específico?
6. Eu faço planos e tenho sonhos para meu futuro?
7. Em meu dia a dia de trabalho acontecem com
frequência várias coisas interessantes e empolgantes?
8. Quando me olho no espelho, tenho prazer com o que
vejo refletido?
9. Ao me deitar, meu sono vem rápido e, na maior parte
das vezes, durmo toda a noite sem acordar?
10. Sou considerado uma pessoa otimista em relação a
vida?
11. Sou referência na minha profissão. Com frequência sou
consultado para emitir opinião sobre o assunto?
12. Na maior parte das vezes olho os problemas com uma
lente de diminuição e as coisas boas que me acontecem
com uma lente de aumento?
13. Vejo obstáculos do trabalho como desafios a serem
superados?
14. Se eu ganhasse na loteria, continuaria trabalhando,
porém, com um ritmo mais tranquilo de atividades?
15. Se pudesse voltar no tempo, escolheria a mesma
profissão?

Some o total de SIM e analise segundo os critérios abaixo:

De 14 a 15 respostas SIM:

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Parabéns! Você escolheu uma profissão que o realiza e suas atitudes tendem a ser positivas
e favoráveis diante da vida. Este comportamento tende a aproximar as pessoas de você e
estas o consideram uma referência em relação a sua postura profissional.

De 12 a 13 respostas SIM:
Você provavelmente fez a escolha certa, porém, está dispersando energias que podem ser
melhor canalizadas para coisas e situações que agreguem positivamente a sua vida. Faça
uma revisão de suas atitudes e encontre o que hoje esta dificultando a sua capacidade de
sentir mais prazer e invista para mudar. A sua não ação poderá distanciá-lo cada vez mais
da tão procurada felicidade!

De 10 a 11 respostas SIM:
Cuidado. O seu momento é crítico e exigirá uma reflexão sobre a sua vida como um todo.
Entenda que a felicidade está à disposição de todos e é sua a responsabilidade na busca
do melhor caminho!

Abaixo ou igual a 9 respostas SIM:


Todo profissional, seja ele em início de carreira ou não, deve saber com objetividade aonde
quer chegar. Ter um propósito para sua carreira profissional será determinante para o
alcance da felicidade. A CORAGEM é o seu maior desafio.
Não viver os próprios sonhos é aceitar a condição de se tornar ser coadjuvante nos sonhos
dos outros. Por este caminho, não há auto-estima que se sustente. Quem não acredita que
pode conseguir realizar aquilo que deseja, coloca o poder de condução da própria vida nas
mãos de outra(s) pessoa(s), e isso tem um impacto profundo no conceito que a pessoa tem
de si mesma, tornando-a fraca, manipulável e/ou indecisa.
Escolha ser feliz tendo a coragem de mudar sua direção se esta for a condição. A hora pode
ser agora!

Teste realizado por: Martha Zouain, Psicóloga e Diretora da Psico Store Consultoria

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