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10 - Guilhardi, J. H. Et Al (2002) - Sobre Comportamento e Cognição (Vol. 10) PDF
10 - Guilhardi, J. H. Et Al (2002) - Sobre Comportamento e Cognição (Vol. 10) PDF
e Cognição
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ESETec
Editores Associados
Sobre
Comportamento
e Cognição
Contribuições para d Construção dd Tcorid do
Comportdmento
Volume 10
O rtfiini/iii/o po r h iclio José C/uilfhmfi
M iirn i lk \itriz Itürbosü Pinho M d d i
Pdtrícid PUizzon Queiroz
M iiru i C'iiroliihi Scoz
Hélio José Guilhardi «Almir Del Prette • Amauri Gouveia Jr • Ana Lúcia Cortegoso • Ana Maria Ló Sónechal-
Machado • Angélica Capelari • Armando R. das Neves Neto • Donald M. Baer • Cacilda Amorim • Cilene
Rejane Ramos Alves • Denis Roberto Zamignani • Denise Cerqueira Leite Heller • Edwiges Ferreira de
Mattos Silvares • Eliane de Oliveira Falcone • Érica Maria Machado Santarém • Gimol Benzaquen Perosa
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Zilda A. Pereira Del Prette_____________________________________________________________
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Editores Associados
2002
( 'opyright O desta edição:
F.SKTec Kdifores Associados, Santo André, 2002.
Todos os direitos reservados
410 p. 24cm
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4
ISUN -
ix
Capítulo 31 - A manipulação coercitiva nas relações interpessoais
Solange L. Machado (UTP)........................................................... 325
xi
aproximação entre a comunidade acadêmica e a aplicada; 2. Realização de trabalhos
conjuntos entre psiquiatras e psicólogos comportamentalistas; 3. Convivência harmoniosa
entre os psicólogos cognitivo-comportamentais e os behavioristas radicais, sem perda das
respectivas identidades; 4. Extensão dos trabalhos aplicados para as múltiplas áreas da
comunidade: clinica, escola, hospital, trânsito, posto de saúde, empresa etc.; 5.
Desenvolvimento de pesquisa de temas teóricos; 6. Desenvolvimento de pesquisa básica
com animais e humanos; 7. Desenvolvimento de pesquisa aplicada; 8. Desenvolvimento de
maneiras de trabalhar voltadas para a comunidade brasileira; 9. Realização por 10 anos
sucessivos do Encontro Anual da ABPMC com crescente participação de público e de
apresentação de trabalhos; 10. Aumento significativo de publicações, incluindo os volumes
da coleção Sobre Comportamento e Cognição b uma revista especializada Revista Brasileira
de Terapia Comportamental e Cognitiva. Em todos os itens mencionados, o que melhor
caracterizou cada um deles foi a prevalência de contingências reforçadoras positivas para
instalação e manutenção dos comportamentos dos estudiosos e para o desenvolvimento
das relações entre todos os profissionais. O pressuposto básico é que não basta apenas se
comportar, mas deve-se fazê-lo sob contingências reforçadoras, minimizando os controles
coercitivos e eliminando os repertórios de fuga-esquiva. Há que se comportar e sentir prazer
naquilo que se faz; sentir liberdade ao fazer o que se faz. Todos sabemos quais contingências
produzem tais sentimentos. Dediquemo-nos a elas.
xii
Capítulo 1
A nálise do comportamento e cooperativas
de trabalho: produção de conhecimento,
ensino e transformação de conhecimento
em atuação profissional
Que contribuições pode a AnAllse do Comportamento oferecer pura o desenvolvimento de organizações de trabalho no
contexto de Economia SolldAria, considerando o conhecimento diBponlvel e as perspectivas abertas pela concepção de
tiomem o de cultura que Skinner ilustra em seu romance Walden Two? Respostas Inicial» para esta pergunta foram obtidas
a partir da InverçAo de docentes, alunos e profissionais psicólogos em uma incubadora universitária de cooperativas
populares Integrando atividade de ensino, pesquisa e extensAo, foi possivel identificar perguntas de pesquisa e necessida
des de intervenção que constituíram oportunidades significativas para a capacitação de alunos, futuros profissionais em
Psicologia, e oferta de contribuições concretas para lidar com o processo de incubação de cooperativas de trabalho em uma
perspectiva multidiscipllnar e multiprofissional. Apoio a grupos incubados, com assessorla para atividades especificas e
partlcIpaçAo em equipes de incubação; análise e programação de contingências para a Incubadora, na forma de procedlmon-
tos e instrumentos de trabalho e de organlzaçAo Interna que foram propostos, desenvolvidos, implementados e avaliados;
apoio a mediadores no processo de incubação, por n>eio da identificação e descrição de comportamentos de indivíduos e de
organizações e de proposiçAo de recursos favorecedores dos comportamentos dos mediadores e produçAo de conhecimento
sobre estes e outros aspectos de interesse no processo de geração e funcionamento de cooperativas populares de trabalho
correspondem a tais contribuições.
What kind of contributions can Behavior Analysis offer to the development of work organizations in the context of Solidary
Economy, considering the available knowledge and the perspective showed by the human being and culture conceptions that
Skinner illustrates in his romance, Walden Two? Preliminary answers to this question were produced from Psychology
teachers, graduates and professionals Insertion in a university incubator of popular work cooperatives. By the articulations
of teaching, research and professional intervention, it was possible to identify research questions and Intervention necessities
which were relevant opportunities to prepare students, as future professionals, as much as offer concrete contributions to
doal with the Incubation process of work cooperatives In a multidisciplinary and multi-professional perspective. Support to
incubated groups, with counseling to specific activities and participation in incubation times; analysis and programming
contingencies to the incubator, in form of procedures and means for work and for internal proposed organizations, were
developed, implemented and evaluated; support to mediators In the Incubation process, by Identification and descriptions of
individuals and organizations behaviors, and proposition of mediators behavior and knowledge production about this and
another interesting aspects In the generations and operation of popular work cooperatives promoting conditions are such
contributions.
(t ABOR-t aboratrtrlo d* Paicologla Organiiacional. D*p«rijin>*nto da Ptlcotogia da IJntvantdade Federal de SAo Carlo*)
í A na l.ucia Cortc#o*o
Ainda que formulados de modo genérico, estes princípios estabelecem limites e
possibilidades para organizações que se apresentam como esforço de resistência à
exclusão que resulta da organização econômica e social vigentes, independentemente de
representarem iniciativas com potencial para enfrentar tal organização. Constitui, neste
sentido, uma exigência de produção de conhecimento capaz de amparar, ao menos, as
tentativas de construção de alternativas ao modelo predominante de relações de trabalho
e humanas em geral. Ainda que o papel do movimento cooperativista, em termos de sua
condição para enfrentar a realidade social e econômica vigente, seja um assunto polêmico
e objeto de exame no âmbito político e científico.
Os princípios cooperativistas equivalem, pela generalidade de sua formulação, e
pela mobilização afetiva que geram, a palavras de ordem, estando subjacentes a eles um
conjunto de valores. Ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e
solidariedade, honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação com
seu semelhante, expressões usualmente utilizadas para expressar tais valores são, contudo,
elas próprias, excessivamente genéricas para definir os contornos de tais empreendimentos
humanos e, por isso, insuficientes para orientar as ações envolvidas com a criação,
implementação e avaliação deste tipo de organização. Em outras palavras, um provocante
desafio de pesquisa para uma psicologia comportamental.
6 A na I ucia C ortejo*«
quais eram explicitadas não apenas as ações (ou classes de respostas) envolvidas, mas
as condições diante das quais estas ações eram esperadas, e as consequências ou
razões que deveriam mantê-las.1
A experiência de Los Horcones, em termos de construção de um conjunto de
normas verbais capazes de orientar a conduta de um conjunto de indivíduos que partilha
de alguns referenciais, colocou em evidência a necessidade de dispor de um conjunto
muito mais especifico de regras do que os princípios orientadores e mesmo do que a
enumeração de simples ações desejáveis no âmbito de uma organização com as
características pretendidas, para que fosse possível identificar e implementar contingências
comportamentais capazes de garantir a ocorrência e a manutenção destas condutas.
Tal como os objetivos, valores e características descritivas de Los Horcones, os
princípios cooperativistas são excessivamente genéricos para orientar a criação e a
implementação de cooperativas tal como as que são delineadas na proposta cooperativista.
Indagados sobre que condutas dos indivíduos são necessárias para que uma cooperativa
funcione apropriadamente, mediadores do processo de incubação apresentaram respostas
genéricas e diversificadas, apontando uma multiplicidade de interpretações e ênfases dentro
de uma mesma equipe de trabalho (Franchini, 2002). Tal situação evidencia a necessidade
de que as diferentes concepções sobre as condutas de interesse sejam afinadas, com
base em convenções mais específicas, e expressas em linguagem capaz de representar
adequado controle de estímulos para as condutas destes indivíduos ao participar de
processos de incubação de cooperativas. Dificuldades de funcionamento interno de uma
organização que pretende preparar indivíduos para atuar cooperativamente, mas que se
defronta com suas próprias limitações para atuar cooperativamente, mesmo considerando
definições amplamente aceitas de cooperação, confirmam a necessidade de investir na
busca de respostas sobre que comportamentos humanos constituem uma organização
do tipo cooperativa popular de trabalho.
A expressão "comportamentos humanos que constituem uma organização" tem,
subjacente a ela, a concepção de que organizações são comportamentos, em suas
complexas redes de relações - e não apenas os inclui ou contém. Neste sentido, apontar
para a necessidade de identificar que comportamentos são desejáveis em uma cooperativa
de trabalho corresponde a destacara necessidade de definir esta organização com qualidade
e especificidade capazes de gerar, em torno dela, um alto grau de acordo entre seus
membros sobre o que ela é ou deve ser, e que oriente suas ações de forma que ela se
torne viável como“empreendimento humano com determinados objetivos e função social.
Que comportamentos são esperados de uma cooperativa de trabalho, como
organização? Que comportamentos são esperados de cada um de seus membros? Que
comportamentos são esperados de uma organização que visa incubar cooperativas
populares? Que comportamentos são esperados de cada um dos membros de uma
organização que assuma tal responsabilidade, ao atuar no processo de incubação? Com
a mesma perspectiva apontada pela comunidade Los Horcones, que destaca a necessidade
de rever permanentemente, e a partir de conhecimento confiável produzido, as propostas
de quais são os comportamentos que produzem os resultados desejáveis para a
’O» conceito* de comportamento a contingência nfto Mo uMi/adoa de forma Itomogânea no âmbito da AnAHite do Comportamento Emborn relevante esta
ditcuMâo nâo terá feita neate contexto Deete modo, o termo conttngéncM eali tendo utM/ado de acordo oom o uio leito dele em texto da comunidade Los
Horoone» em que eete awunto 6 abordado
8 A na Lúcia CorteRtKo
Quadro 1. Descrição da classe de comportamentos de membros de cooperativas populares
em seus elementos componentes
10 A na Lucid Corteno*o
em serviço, manutenção do interesse de alunos não aproveitados em projetos e avaliação
da sistemática), para as quais foram explicitadas a função e as características principais.
Uma síntese desta sistemática pode ser vista no Quadro 2.
Quadro 2. Sistemática de inserção de alunos na equipe INCOOP proposta como parte das
atividades de apoio ao funcionamento da incubadora pela equipe de Psicologia.
Atividade Função Características
Completar a capacitação
Capacitação em Participação dos alunos em atividades
iniciada, levando em
serviço programadas, de nfvel crescente de
consideração o contexto
dificuldade, acompanhadas de forma a
especifico em que o trabalho é
garantir “dicas" e “feed-backs'' sistemáticos
desenvolvido, de modo a garantir
para desempenho desses individuos e
autonomia e adequado controle
condições para generalização das condutas
de estimulos para ações
relevantes para o processo de incubação
individuais e participação em
atividades coletivas
14 Anu J.ucwLortetfoío
Referências
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Franchini, V. de A. c. (2002). Concepção de mediadores de uma incubadora_de cooperati
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Rebelatto, J. R., & Botomé, S. P. (1999). Fisioterapia no Brasil (2* ed.) São Paulo: Ed. Manole.
(Trabalho original publicado em 1987)
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Zanotto, M. L. B. (2000). Formação de ProfessoresLa. contribuição da análise do comporta
mento. São Paulo: ÈDUC.
Sobrt Comportamentoctotfnjçilo 15
Capítulo 2
A manipulação no contexto clínico *
A manipulação no contaxto clinico pode ser vi»t« como uma estratégia d« análise funcional, á medida que for utili/ada pelo
terapeuta para iniciar e dasignar uma ahordagnm particular á problemática apresentada pelo cliente Assim, o teraponta
poderá manipular estímulos associados a consequências positivas, tais como descritas pelo cliente, de forma a tornar
algumas açAes deste mais prováveis e mais favoráveis ao alcance do objetivos mais funcionais, mais aduptatlvos Atravós
da manipulação de contingôncias t do estabelecimento de condições indicadoras de provável alivio do sofrimento ou dn
) gratificação efetiva, transformações nos repertórios disfuncionais do cliente podem ser produzidas. A manipulação no
", contexto clinico se Insere, em grands parte das intervenções, quando o objetivo do terapeuta è ensinar o cltenlo sobre o que
fazer, em vez de. simplesmente, alertá-lo sobre o que nâo fazer. Quando as práticas de controle do comportamento sâo
explicitadas, o contracontrole se torna menos dificll, pois se fica sabendo de quem se deve escapar ou a quem se deve
atacar Quando a manipulação explicita o controle, a funcionalidade do contracontrole aparece e a coerçAo enfraqueço. A
funcionalidade da manipulação na relaçáo pnlcoterápica è (ratada, neste toxto, como uma proposta de Intorvençâo çentrada
na pessoa do cliente e no modo ético de contingenciaçâo e de atendimento clinico comportamental
The manipulation in the clinical context may be seen as a strategy of functional analysis, as it is used by the therapist to
initiate and designate a particular approach to the problematic presented by the client Thus, tlie therapist will be able to
manipulate stimuli associated to positive consequences, such as they are described by the client, In a means to turn some
of his/her actions more likely and favorable to the achievement of more functional and adaptative goals. Through the
manipulation of contingences and the establishment of indicative conditions of feasible suffering relief or effective
gratification, transformations in the client's dlsfunctional repertories may be produced The manipulation in the clinical context
is Inserted, in aiost interventions, when the therapist's goal is to teach the client what to do, instead of simply alerting him/
her of what not to do When the practices of behavior control are made explicit, the countercontrol becomes less difficult,
because It becomes known of whom one should escape, or of whom one should attack. When the manipulation makes the
control explicit, the countercontrol functionality arises and coercion weakens The manipulation functionality in tho
psychotherapeutic relation is handled, in this text, as an intervention proposal centered in the client's person and In the ethical
manner of contingency and of clinical behavioral attempting.
' Texto mtmtmutóo na mmn rwdonó* 'MmUpulaçào docomport*nmlo dn fwicionaJKJíide h oo*fpío'. r6»llzi»d» dumnlaoX Cncontro B*mIMtd de Pticoleríipin
« Medicina Comportamenw, da Aaaociaçâo Bra»ile*a d« Pttootefaplíi • Medicina Comportamental - ABPMC, em Cainplna«/SP, «etembro da 2001
" Umveraidade Federal de Mina* Qerala - Faculdade de Filoeofle e Clénciaa Humana* - Departamento de Milcologla
16 A nd M .iria Lé Sénéchal-M<ich«nlo
comportamentais particulares, o que aponta na direção do estabelecimento de condições
terapêuticas específicas. Na condução do processo de atendimento clínico psicoterápico,
a direção relevante a ser empreendida tem sido a de se produzir, como objetivo final, o
autoconhecimento por parte do cliente. A esse respeito, Skinner (1989/19911) observa
que,
"A psicoterapia ô, freqüentemente, um espaço para melhorar a auto-observaçâo,
para ‘trazer à consciência' uma parcela maior daquilo que ô feito e das razões
pelas quais as coisas são feitas.’’ (págs. 46-47). Destacando ainda que "Todo
mmportamento, seja ele humano ou não humano, ó Inconsciente; ele se torna
'consciente’ quando os ambientes verbais fornecem as contingências necessári
as à auto-observaçâo.” (pág. 88),
sugere que ê a comunidade verbal que pode estabelecer as contingências que levam ao
conhecimento, na medida em que nos questiona sobre o que fizemos, estamos fazendo
ou estamos prestes a fazer. Assim, sob condições específicas - setting terapêutico, por
exemplo - mantidas pela comunidade verbal, é possível ensinar pessoas a relatar os seus
comportamentos privados, seus sentimentos mais íntimos, pois os comportamentos de
auto-observação e auto-descriçâo são produtos sociais. Portanto, se o autoconhecimento
depende da comunidade social, a situação terapêutica e o papel do terapeuta revelam-se
como aspectos importantes para a explicitação, ao cliente, das contingências atuantes
em seu contexto de vida pessoal e social. O terapeuta deverá conduzir o cliente à
discriminação dessas contingências e à respectiva alteração funcional delas. Deverá, ainda,
conduzir o cliente ao autoconhecimento, ensinando-lhe que, se "O eu éo que uma pessoa
sente a respeito de si própria. "(Skinner, 1989/1991, pág. 45), ao se conhecer, uma pessoa
passa a ter, á sua disposição, informações sobre os outros e sobre si mesma que lhe
possibilitarão desenvolver repertórios comportamentais de autocontrole, que a auxiliarão a
lidar melhor consigo mesmo. Nesse sentido, o comportamento terapêutico voltado para a
análise funcional das contingências positivas e negativas da vida do cliente poderá incluir
a estratégia de manipulação (neste trabalho, denominada ‘manipulação terapêutica’) como
uma forma de interação e de condução do cliente ao ajuste comportamental e a um
estado de relações menos conflitante s e mais gratificantes (Beech, 1969/1971 ; Sidman,
1989/1995; Bernardes, 1993; Guilhardie Queiroz, 1997; Baum, 1994/1999).
1A primeira data refera •« ao ano da ptibUcaçAo original, em inglêa, • a aagurtda ao ano da irnduçAo • «dtçAo. am portiiguéa, conauKada
A ‘manipulação terapêutica'
A manipulação terapêutica, no contexto clínico da análise funcional, justifica-se
na reconhecida ênfase atribuída à necessidade de aquisição e manutenção, pelo cliente,
de repertórios mais adaptativos, mais recompensadores, que privilegiem o
autoconhecimento e o autocontrole; e também, em grande parte das intervenções nas
quais o objetivo do terapeuta é, por exemplo, ensinar ao cliente sobre ‘o que fazer’, em vez
de, simplesmente, alertá-lo sobre 'o que não fazer'. Bernardes ( 1993) observa que
"o conjunto de características pessoais que compõem o repertório total relatado
por uma pessoa, constitui o eu que ela aprendeu a observar e, obviamente, não
abrange todas as suas probabilidades comportamentais nas diversas situações
de estímulos, " (pág. 67).
Assim, a apresentação direta de um estímulo funcionará como modelo de ação
diversa, criando, inclusive, condições para que novas respostas se instalem. Isto equivale
a dizer que parece ser muito importante o fornecimento de incentivos, a fim de que uma
pessoa mude de atitude: a alteração da atitude deve ser provocada através de incentivos e
reforçadores para que se incorpore ao repertório comportamental da pessoa e permita
melhores ajustamentos. A nossa comunidade social não costuma aceitar, amavelmente,
o fracasso e acaba por transformar os fracassados em vítimas, em pessoas ‘incompletas,
insatisfeitas, mal definidas’ - em pessoas com ‘falta de vontade’ para agir, pois fizeram
seleções mal feitas e continuam a fazê-las a cada dia. Durante o processo terapêutico,
pode-se supor que o terapeuta, conforme vai conhecendo o cliente, sua história passada
e seu 'aqui agora’, ou ainda, sua história de fracassos, de más escolhas e de punições, e
os convencimentos decorrentes, vai adquirindo melhores condições de identificação dos
níveis de privação e de estimulação aversiva que compõem o sistema de regras e de
contingências do cotidiano do cliente. Desse modo, o terapeuta vai sendo instrumentado
para fazer previsões, por exemplo, sobre o valor reforçador de uma determinada condição
e sobre a probabilidade de seu cliente empenhar-se na realização de comportamentos
pertinentes. A implementação de tais procedimentos, por parte do terapeuta, implicará o
que estamos chamando de ‘manipulação funcional’: através da apresentação de avisos,
de sugestões, de conselhos e de propostas de ensaios comportamentais, o terapeuta
SobreComportamentocCognição 21
estimulado - via manipulação - a ‘experimentar’ novos modos de atuar, com o propósito
de ampliar seu repertório de ações adaptativas. Enquanto 'manipulador funcional’, o terapeuta
vai especificando ocasiões para a ocorrência de comportamentos alternativos, de maneira
a auxiliá-lo na substituição de ações disfuncionais: o terapeuta manipula condições para
que o cliente aprenda e treine novas habilidades contingenciais de contracontrole do seu
bem estar pessoal e social (Beech, 1969/1971; Sidman, 1989/1995; Lé Sénéchal-Machado,
1999). Enfim, como manipulador funcional, o terapeuta poderá programar, junto com o
cliente, a execução de repetidos comportamentos de auto-afirmação em condições
relativamente controladas. O cliente poderá aprender repertórios de confiança em si mesmo
para lidar de maneira mais apropriada e eficiente com as dificuldades próprias dos
relacionamentos sociais, já que somos seres essencialmente sociais.
Referências
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p.). Porto Alegre: Artes Médicas.
Beech, H. R. (1971). Como alterar o comportamento humano - técnicas baseadas na
reflexologia e no aprendizado. Sâo Paulo: Ibrasa.
Pode-te obter rut literatura, * o menot, dezoito modeloê animam de depressAo, A partir do uma avaliaçôo doates modelos
em relação A reprodoçAo da etiologia, bioquímica, sintomatologia 0 tratamento da depressAo, destacamos 0 modelo do
Desamparo Aprendido Segundo este modelo, sujeitos que foram submetidos a uma experiência prévia com choques
Incontroláveis apresentam dificuldade em aprender novas respostas operantes quando posteriormente estas forom
exigidas Estes sujeitos aprendem que nAo há relação entre as respostas que emitem e 0 desllgnmonlo de estímulos
averslvos que recebem e, portanto, encontram-se em uma sltuaçAo de Incontrolabllldade (nAo tôm controle sobre oa
estímulos ambientais, por mais que emitam diversas respostas). A incontrolabllldade rofere-se a nAo ter controle Bobre
os estímulos ambieritaiB e, através da utili/açAo do modelo triàdico, comprova-se que a variável critica a Incontrolabllldado
e nAo os estímulos averslvos aos quais os sujeitos foram submetidos Este modelo tem sido amplamente divulgado 0
utlli/ado em testes farmacológicos. Sua generalidade foi testada em diversas espécies, com diversas respostas t»
estímulos. O modelo do Desamparo Aprendido Investiga apenas uma das diversas rotas possíveis na instalaçAo e*
manutenção da depressAo
Palavras-chave: desamparo aprendido / depressAo / incontrolabllldade I modelos animaisAbstract
There are at least eighteen models of depression In the literature. Those models study the etiology, biochemistry,
slntomatology and treatment of depression. Learned Helplessness is one of these models. The subjects were submitted
to previous experience with chocks that they could not control After this experience, the subjects were not able to learn
new operant responses, when this kind of response was demanded These subjects learned that there was no relation
between their responses and the environmental consequences once the interruption of tho aversive stimuli occurs
independently of the behavior/response of the organism. The Incontrolabillty refers to the lack of control of the organism
over environmental stimuli. The triadic model proved that the critic variable is incontrolability and not the aversive
stimuli. The model have been divulged and published widely and used In pharmacological tests. The generality was tested
in many speclfes, with many responses and different stimuli. The learned helplessness models study only one of tho
many possibilities of the onset and maintenance of depression.
’ A autora é aluna d« meetrado no programa de Pticologia Experimental da Univeraidade de SAo Paulo (USP) e protmo ra da Universidade Metodista
de Sêo Paulo (UMESP)
’ A autora agradece a professora Mana Teresa A/au)o S/Iva, a Fàbio leyserg pelo convite para participar da meea, e a Ma/M Helena Hunzlkw pelas
dica» e discusaOes «obre o lema
24 Angélica Caprldri
negativos, redução no apetite ou peso, alteração no sono, diminuição da energia,
pensamentos de morte e ideação suicida. A presença de cinco ou mais sintomas durante
duas semanas é necessária para o diagnóstico de depressão, levando em conta todas as
subdivisões que o distúrbio apresenta. (DSM IV; Louzã Neto, 1997 e Fennell, 1997).
Em geral, a descrição da depressão ó feita utilizando-se termos mentalistas
(Hunziker, 1997). Uma definição funcional da depressão deve enfocar a interação do
organismo com o meio. Essa interação sofre influências da história filogenética,
ontogenética e cultural às quais o organismo está submetido (Ferster, 1973). Segundo
Fennell (1997), o inicio e a evolução da depressão dependem de variáveis biológicas,
históricas e ambientais. Essa conclusão vai de encontro com o que Ferster (1973) postulou
como uma das explicações para a ocorrência da depressão: queda na obtenção de reforços
e/ou diminuição do valor reforçador de quando os estímulos conseqüências são liberados.
A falta de reforços poderia ser, na verdade, uma insensibilidade dos organismos aos
reforçadores disponíveis. Essa insensibilidade seria decorrente de disfunções no sistema
de neurotransmissão do reforçamento. De qualquer forma, ó o reforçamento (ou sua
inexistência) o ponto central. (Hunziker, 1997).
M o delos A n im a is
Para investigar os determinantes, as variáveis que envolvem a ocorrência,
manutenção e tratamento da depressão, alguns modelos animais têm sido utilizados.
Através de modelos animais, mudanças comportamentais podem ser objetivamente
avaliadas, independente da concordância entre observadores sobre um estado subjetivo,
e podem ser reproduzíveis por outros investigadores. Além disso, variáveis experimentais
podem ser isoladas e investigadas separadamente, aumentando a confiabilidade do dado
obtido.
Para que um modelo animal seja considerado válido, segundo Wilnner (1984),
ele teria que reproduzir condições de etiologia, bioquímica, sintomatologia e tratamento
da patologia a ser investigada. Maier (1984) estabeleceu, a partir da literatura, quatro
critérios para estabelecer um modelo experimental para investigação de uma condição
clínica:
1) similaridade entre o estado comportamental e os sintomas que caracterizam
a psicopatologia;
2) similaridade entre as mudanças neuroquímicas que ocorrem em pacientes
com o transtorno e observadas em animais submetidos a determinadas
situações;
3) similaridade de indução de condições ambientais que aumentariam a
probabilidade de ocorrência daquela psicopatologia;
4) similaridade de respostas a intervenções terapêuticas, incluindo prevenção e
tratamento de pacientes, observada em animais submetidos a situações
específicas e em animais submetidos a determinadas situações.
Willner (1984,1986) fez um levantamento e analisou a validade de 18 modelos
animais de depressão. Do levantamento feito, 5 modelos apresentaram validade preditiva
D esam paro A p re n d id o
O modelo do Desamparo Aprendido apresenta similaridades à depressão em
termos de causalidade, tratamento (é utilizado em teste de medicamentos antidepressivos)
e prevenção.
Desamparo Aprendido é a interferência da exposição prévia a eventos aversivos
incontroláveis, na aprendizagem futura, quando os eventos podem ser controláveis. Esse
efeito de interferência ocorre porque os organismos, ao passarem pela experiência com
eventos incontroláveis, aprendem que não há relação entre o que fazem e as conseqüências
ambientais do que foi feito. O efeito é evidenciado no fato dos organismos apresentarem
deficiência em três níveis: motivacional (dificuldade em iniciar respostas operantes);
cognitivo (dificuldade em aprender a relação entre respostas e conseqüências) e emocional
(perda de peso; aumento de defecação; aumento de úlceras; diminuição de reações
agressivas).
A investigação realizada, a partir desse modelo, tem utilizado três grupos de
sujeitos submetidos a duas sessões. Na primeira sessão (chamada em geral, de
tratamento), os sujeitos de um grupo (controlável) podem desligar o estimulo aversivo que
recebem, emitindo uma resposta previamente especificada. Os sujeitos de um segundo
grupo (incontrolável) não podem desligar o estímulo aversivo independente da resposta
que emitam. Para os sujeitos desse grupo, o estímulo aversivo será desligado
concomitantemente ao desligamento do estímulo aversivo dos sujeitos do primeiro grupo,
em função das respostas emitidas por eles. O sujeitos do terceiro grupo (ingênuo) não
são submetidos ao tratamento, ou seja, não recebem estímulos aversivos. Vinte e quatro
horas após essa sessão, os sujeitos dos três grupos são submetidos a um teste de
aprendizagem de uma nova resposta operante. Todos, através da emissão dessa nova
resposta, podem desligar o estímulo aversivo que recebem. Os sujeitos do grupo
incontrolável, que receberam os estímulos aversivos na 1* sessão e não puderam desligá-
los, apresentam, em geral, uma freqüência muito reduzida na emissão de respostas que
desligam o estímulo aversivo na situação de teste, quando comparados com os demais
sujeitos dos outros grupos, que aprenderam a nova resposta sem dificuldades. Além
disso, nas pouquíssimas vezes que esses sujeitos emitem a resposta, a emissão ocorre
com altas latências (intervalo de tempo entre e liberação do choque e a emissão da
resposta), e não se mantêm, mesmo tendo sido reforçada com o desligamento do choque.
A dificuldade na emissão de resposta seria um sintoma similar ao que encontramos no
-quadro clínico da depressão. A utilização desses três grupos experimentais recebe o
nome de delineamento por tríades e evidência, não deixando dúvidas que a
26 Angélicd Capcltiri
incontrolabilidade frente aos eventos eversivos, aos quais os sujeitos foram expostos
previamente (e não a aversividade dos eventos em si) é o aspecto critico para a ocorrência
do desamparo.
O modelo do Desamparo Aprendido foi testado com sucesso em diferentes
espécies: cães, ratos (Maier, Albin e Testa, 1973), peixes (Padilla, Padilla, Ketterer e
Giacalone, 1970), gatos (Seward e Humphrey, 1967), camundongos (Anisman, Catanzaro
e Remington, 1978), baratas (Brown, Howe e Jones, 1990), galinhas (Rodd, Rosellini,
Stock e Gallup, 1997) e em humanos (por exemplo, Hiroto e Seligman, 1975); com uma
variedade de antidepressivos; exigindo diferentes respostas frente os estímulos aversivos
e diferentes estímulos aversivos (choques, sons). Em relação a todas essas variáveis, há
consenso na literatura sobre a ocorrência de desamparo. Tal consenso não ó observado
quando há generalidade entre estímulos diferentes; quando choques incontroláveis são
apresentados no tratamento e estímulos apetitivos na situação de teste (choque para
estímulo apetitivo); e quando estímulos apetitivos incontroláveis são apresentados no
tratamento e choques na situação de teste (estimulo apetitivo para choque). Assim,
novas investigações têm sido realizadas para esclarecer esse aspecto do desamparo.
Por clinicamente a depressão não ter uma única definição, a análise dos modelos
existentes e a escolha de um único são difíceis. Provavelmente temos que falar em
modelos dos subtipos de depressão. Segundo Maier (1984), a depressão é heterogênea
nas características comportamentais, neurobiológicas, de causação e prevenção, tendo,
assim, uma coleção de subtipos de depressão que provavelmente não são unitários na
natureza. Pelo fato de a depressão ser uma sIndrome, não haveria um único fator
determinante da sua causalidade e manutenção. Seriam várias rotas (ou diversas variáveis)
que a causariam e a manteriam. Os modelos seriam úteis para estudar uma única rota
isolada ou algumas dessas variáveis. O modelo do Desamparo Aprendido seria apenas
uma das possíveis rotas de investigação da depressão.
Referências
Este capitulo descreve a utiliz«v*o d« Terapia cognitivo-comportamental em instituições d * saúde Frente a crescente
utllizaçAo desta abordagem no Brasil e no mundo, faz-se necessário discutir suas possibilidades e limites no tratamento
de transtornos mentais, de condições médicas gerais e queixas psicofisiológicas A reflexAo critica de seus métodos e
constructos teóricos sAo Importantes para o pleno desenvolvimento da Terapia cognltivo'comportamental na área da
saúde no Brasil.
This paper describes the utilization of Cognitive-behavioral therapy In health Institution. Considering the Increase utilization
of this abordage In Brazil and the world, is necessary to discuss Its possibility and limits for the treatment of psychopatoloylcal
disorders, general medical conditions and psychophysiological complaints. The critical reflection of Its methods and
constructs theoretical are Important to development Cognitive-behavioral therapy in health area In Brazil
'Universidade Federal de Sâo Paulo- Eacole Pautata de Medicma (UNIFFSPCPM) - Ambulatório de Ansiedade do InaKulo d« Psiquiatria do Hospital das
Clinicai da Faculdade de Medicina da Universidade de Sâo Paulo (AMBAN IPQ HCFMUSP) - Sotor de Psicologia da Saúde do Instituto Neurológico de
SP - Hospital Beneflcâncw Portuguesa
Tabela 1- Descrição de ensaios clinicos randomizados para avaliação da aplicação de TCC na prática
módica, com significância estatística (Neves Neto, 2002).
Referências Bibliográficas
Studies on controlling relations between verbal and non-verbal behavior are, in a broad sense, interested in describing tho
circumstances under which a verbal description of a contingency consistently alters the probability of the corresponding
verbal or non-verbal behavior Some behavior analysts have suggested that, when a self-generated rule Is modeled
through differential reinforcement, it could generate an insensibility of the described response to Its direct consequencos.
Other authors, in turn, have suggested that rule-governed behavior is more probable to be found under some specific
contingencies. According to the research results discussed, verbal control over the described response is more probable
when the contingencies programmed for the non-verbal response do not exert a strong differential control under specific
patterns of response Verbal control, Instead, is not probable to be found when the contingencies exert a strong
discriminative control over other responses not correspondent with the verbal description Depending on the ongoing
contingencies, verbal and non-verbal behavior are to be controled only by Ihelr direct consequences.
A análisô do comportamento ó uma ciência que tem por objetivo central a previsão
e o controle do comportamento. Em se tratando de comportamento humano, questões
relacionadas ao seguimento de regras e a correspondência entre o dizer e o fazer - entre
comportamento verbal e comportamento não-verbal - são fundamentais para a análise
aplicada do comportamento em diversas áreas, como a clinica, educacional e organizacional.
É especialmente importante que o analista aplicado do comportamento possa prever as
circunstâncias nas quais o fornecimento de um antecedente verbal, sob a forma de uma
instrução ou regra, irá controlar- ou n ã o- a emissão da resposta especificada. Não menos
importante ó prever quando a correspondência entre o dizer e o fazer de seu cliente pode
'ta la trabalho foi re«ili/«do enquanto a primeira autora era aluna de meatrado do Programa de f «tudo* Pó* Graduadot em Psioologla Experimentai;
Anillae do Comportamento, da Pontifícia Unlveraldade Católica de Sâo Paulo, aoto orientação da Profa Dra Mana Amtlia Andery
‘ A autora * meatre em Palcoiogia Fxperimental pela PUC-SP, doutoranda em Psicologia bxperlmental pela Unlveraldade de Sâo Paulo e profeaeom
da Unlveraldade SAo Francwco e Faculdade de Palcologie Padre Anchieta
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A eaqul/ofronla é caracterizada por dlsfunçôos variadas, simultâneas e de dlvorsos graus de intensidado A motivação, os
estados afetivos, ob procesBos cognitivos, o conteúdo do pensamento e a percepção se apresentam alterados Em
conseqüência dessas alteraçAes, o indivíduo p(xte perder o senso do identidade pessoal, e apreBontar dlflculdado em
estabelecer contato social Devido à variedade de seut sintomas, a esquizofrenia é um transtorno de natureza complexa e
de causas ainda controversas Oa modelos experimentais animais servem de Instrumento para estudar a neuropslcoblologla
da esquizofrenia. Sâo discutidos: (a) modelos baseados em manipulação do sistema nervoso central, como por exemplo
através de lesOes cerebrais, (b) modelos baseados na açâo de drogas e neurutransmissores. como por exemplo drogas
estimulantes, drogas alucinógenas, agonistas dopaminórgicos e agonistas serotonArgicos; e (c) modelos baseados em
manipulação de variáveis ambientais, como o de isolamento social, “resposta de esquiva condicionada - CAR", inibição pré-
pulso e Inibição Intonte. Desses, a maioria sAo modelos de simulação, que visam á mimetlzaçflo de um ou mais sintomas
como parte da slndrome completa
Palavraa-chava: esquizofrenia, modelos animais, modelos de simulação.
* Esta tabela baseia-se em Graeff, 1989; Ashton, 1992; Louzâ Neto, 1996.
1.2.3. Opióides
Os modelos animais relacionados com opióides tentam fazer um paralelo com a
esquizofrenia humana por simularem o sintoma catotônico da esquizofrenia. A catatonia
pode ser medida pelo comportamento de imobilidade, falta de reação e redução da atenção
produzido por drogas opiáceas endógenas (p.ex., betaendorfina) e exógenas (p.ex., morfina)
1.2.8Antagonistas de glutamato
O glutamato (GLU), importante neurotransmissor excitatório, ó encontrado em
várias regiões do cérebro, como córtex pró-frontal medial, parte rostral do corpo estriado,
núcleo accumbens (Lyon, 1991). A relação do GLU com a esquizofrenia parece ter ligação
com seu papel como neurotransmissor ou modulador em neurônios do hipocampo. Estudos
verificaram que alterações nos níveis de GLU em algumas regiões do cérebro, em especial
no hipocampo, são encontradas no cérebro de esquizofrênicos (Lyon, 1991 ). Antagonistas
desse neurotransmissor, como ester-dimetil-ácido-glutâmico (GDEE), produziram em
experimentos animais alterações comportamentais como aumento do catalepsia e
locomoção, que possuem semelhança com os sintomas da esquizofrenia. Dessa forma,
os modelos animais que utilizam antagonistas de GLU parecem reproduzir alterações
biológicas presentes nesse distúrbio psiquiátrico.
Concluindo, os modelos animais descritos acima, que utilizam ações de drogas e
neurotransmissores, são sem dúvida importantes instrumentos para a simulação da
esquizofrenia humana. Desses, os modelos relacionados com a dopamina (DA) constituem
os modelos animais mais completos na simulação dos principais sintomas desse transtorno,
uma vez que o sistema de neurotransmissão dopaminérgica parece funcionar em excesso
na esquizofrenia, como já foi dito. Sintomas do tipo alucinações, desordens motoras,
estereotipias da fala e ações, e alguns outros sintomas específicos dessa síndrome encontram
uma similaridade muito grande com sintomas produzidos por algumas drogas estimulantes
de ação dopaminérgica (Lyon, 1991; McKinneyeMoran, 1981). Além disso, alguns modelos,
como o de agonistas dopaminérgicos, são bastante utilizados em triagem industrial.
NT I COMP | DKOCA
S lM cm * Nervim» ('e n lm l
(SNC):
1.esiVs cerebrais Istereotipias, compt" 1) Si mu lav Ao
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eleito de anlipsicótico,
* I'.sta tuhclu baseia-sc cm M c K in n cyc M oran.1981; Lyon, 1991 c Ahlenius 1991
Referências
A anorexia nervosa è um transtorno alimentar que se caracteriza por medo intenso de engordar, atenção voltada para dieta
e magreza, percepçAo corporal distorcida, peto abaixo de 85% do esperado e amenorréla. Ê prevalente em mulheres,
Inicia-se entre 13 e 18 anos, com dieta restritiva, podendo chegar ao jejum completo. Podem ocorrer comportamentos de
purgaçAo e prática excessiva de exercícios. A anorétlca apresenta auto-estima rebaixada, falta de habilidade social e
perfeccionismo. O tratamento è multldiscipllnar e, em funçAo do estado clinico da cliente, pode «er ambulatorinl ou
Institucional. 0 primeiro passo consiste no monitoramento de todas refeições para assegurar o ganho de peso e evitar u
purgação. O tratamento psicoterâpico è importante, poróm, esta cliente dificilmente vem á terapia por vontade própria,
já que sua magreza nAo a incomoda Qualificar seus medos e mostrar os prejuízos resultantes da doença auxiliam no
estabelecimento de vinculo. Uma vez em terapia, é preciso trabalhar-se seu padrAo de pensamento distorcido, ligado A
magreza; aumentar seu repertório comportamental, especialmente em habilidades sociais, para assegurar-lhe mais
fontes de reforçamento. A família deve participar do tratamento para promover a autonomia da cliente.
Anorexia Nervosa Is an eating disorder characterized by Irrational fear of becoming overweight, amenorrhea, craving for
thlnnesH, body insatisfaction, underweight (less them 85% minimal healthy weight) The high prevalence Is In girls; It
begins between 13 and 18 years old. The weight loss Is reached with a restrictive diet or a complete fast. Some additional
purging behaviors can occur with or without excessive exercise practice. The client presents low self-esteem, perfectionism
and a lack of assertiveness behaviors. The first step of treatment concerns In establishing a minimum dally caloric intake
Psychotherapy Is necessary but usually the client doesn’t want to do it because her weight Isn’t a problem for tier It’s
Important to make a bond with this person and the acceptance of her fears Is a way of doing it. The psychologist must
assist the client In Identifying and replacing any distorted thoughts that trigger hoarding behavior, develop assertive
behaviors that allow a healthy expression of emotions and hold family therapy sessions that focus on issues of
separation and emancipation.
Caracterização
A anorótica apresenta auto-estima rebaixada, perfeccionismo, falta de habilidade
social, repertório comportamental limitado e tendência a se auto-avaliar a partir da opinião
dos outros. Tende a atribuir todo seu insucesso, em diferentes áreas de sua vida, ao seu
corpo e não discrimina suas limitações em termos de habilidades sociais. Este indivíduo
apresenta sensação de falta de controle em sua vida e a recusa em comer parece ser sua
única fonte de controle (Duchesne, 1998), sendo, portanto, auto-reforçadora para a anorética.
Características da Famílía
A família deste tipo de cliente apresenta padrões de comunicação disfuncionais
(Cordás, Cobelo, Fleitlich, Guimarães, Shonner, 1998; Herscovici & Bay, 1997; Steimberg
& Phares, 2001), que dificultam a expressão de sentimentos e o estabelecimento de
vínculos efetivos. Mostram-se bastante rígidas, com regras de funcionamento inflexíveis,
atribuem grande importância ao corpo e ao sucesso e parecem esperar este tipo de
comportamento por parte de seus membros.
Muitas vezes, os pais são superprotetores e impedem o desenvolvimento da autonomia
de seus filhos. É bastante freqüente que um dos pais, em geral a mãe, faça dieta e exercícios
(Bruch, 1986; Steimberg & Phares, 2001). A família tende a esquivar-se da doença até porque
num primeiro momento, quando a filha inicia a dieta restritiva e emagrece, seu comportamento
é reforçado, já que nestas famílias a magreza está associada ao sucesso. Quando a perda
de peso é excessiva, ainda assim, a família pode esquivar-se da doença. A figura 1 demonstra,
esquematicamente, o desenvolvimento da Anorexia Nervosa.
A falta de habilidades sociais leva a um repertório comportamental reduzido que
faz com que o sujeito tenha poucas fontes de reforçamento, assim sendo, emagrecer
passa a ser um reforçador em si. Como este sujeito tem no emagrecimento praticamente
sua única fonte de reforçamento, quer mantê-lo a todo custo, e isto é gatilho para o
aparecimento de pensamentos obsessivos tais como; “não posso engordar", "só serei
aceito se for magro". Estes pensamentos eliciam ansiedade e esta é reduzida a partir de
comportamentos compulsivos que acabam por promover o isolamento social: a anorética
esquiva-se de reuniões sociais para não ter de comer e evita atividades recreativas porque
a prática de atividade física exagerada não lhe permite organizar seu tempo.
Tratamento
“Muitos estudos controlados de transtornos alimentares em crianças e
adolescentes têm sido feitos, entretanto, continua sendo necessário que se
estabeleçam métodos efetivos de tratamento para esta população específica,
A literatura com clientes adultos traz três modalidades que se têm mostrado
62 Perils«Cerqueiml.cilc Hcllcr
promissoras e aplicáveis a crianças e adolescentes. São elas: terapia
comportamental, terapia comportamental cognitiva e terapia interpessoal"
(Gore, Wal, & Thelen, 2001, pág. 293).
Terapia Familiar
Muitos autores afirmam que os transtornos alimentares são um problema familiar,
dal a importância da participação da família no processo terapêutico. A terapia familiar
deve trabalhar com os padrões de comunicação disfuncionais destas famílias que
geralmente apresentam dificuldade de expressão de sentimentos, inassertividade, crítica
exacerbada (Fischer e Birch, 2001; Jongsma e cols, 2000).
A modificação do estilo de vida muitas vezes é necessária a fim de que seja
desfocada a atenção ao peso e corpo. Deve-se evitar falar sobre dietas e exercício na
presença da anorética. Muitos pais, sem perceber, modelam em suas filhas comportamentos-
problema que mantêm a patologia. Diminuir o grau de exigência frente ao sucesso é
fundamental, já que, para estas pessoas, ele está atrelado à magreza. Trabalhar a ansiedade
dos pais pode ser necessário para que dêem mais autonomia a sua filha. (Jongsma, e
cols., 2000). Não é raro se encontrar, neste tipo de família, pais superprotetores que dificultam
ou até impedem o desenvolvimento de habilidades sociais por parte da anorética. Como
vimos antes, este é um dos gatilhos da anorexia nervosa.
A culpa deve ser discutida, porque os pais se punem pelo fato de terem demorado
a perceber a doença..
"Quando a família consegue compreender a dinâmica do seu funcionamento,
abre-se a possibilidade de transformar e substituir os sentimentos de culpa
pelos de responsabilidade e participação, o que permitirá, sem dúvida,
compreender melhor as dificuldades e os problemas do sistema familiar"
(Cordás e cols., 1998 pág. 53).
Tratamento medicamentoso
O uso de medicação para tratamento de anorexia nervosa é bastante controverso.
Alguns autores (Cordás e cols, 1998; Duchesne, 1998) sugerem o uso de antidepressivos,
embora outros (Strober, Freeman, DeAntonio, Lamport & Diamond, 2001) afirmem que
na anorexia nervosa a medicação não se mostra eficiente nem para promover adesão à
dieta nem para ganho de peso.
Conclusão
A Anorexia Nervosa ó uma patologia muito grave que pode levar seu portador a
óbito. Portanto seu tratamento ó imprescindível e deve ser feito tão logo o quadro seja
diagnosticado para aumentar a probabilidade de sucesso.
O estudo de caso mostrado acima revela a importância da análise funcional para
o diagnóstico e planejamento das intervenções de tratamento. O manejo das contingências
feito pela família com a orientação da terapeuta é o ponto-chave do tratamento, pois a
partir do momento em que a família mudou o padrão de interação com a cliente, foi
possível que a terapeuta ensinasse à cliente estratégias de enfrentamento efetivas.
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Até 200 anos atrás, profissionais examinando uma criança com autismo não
tinham outra categoria a que recorrer a não ser a de idiotice; e aquele diagnóstico significava
que não havia esperança e que não havia nada a fazer. Mas, no final do século XVIII, o
módico francês Jean-Marc-Gaspard Itard foi apresentado a um jovem garoto selvagem
recém-capturado, que aparentemente tinha vivido sozinho na floresta a maior parte de sua
vida. O garoto não tinha linguagem ou habilidades sociais. Descrições sobre ele, escritas
naquele época sugerem agora que ele era um caso de autismo. Itard (1932/1894) resistiu
ao diagnóstico psiquiátrico de idiotice e tomou conta da educação do garoto. Seis coisas
marcantes parecem ter resultado, todas de grande importância para nós hoje.
Primeiro, até certo ponto, Itard foi bem sucedido Segundo, ele publicou uma
descrição de seus procedimentos e seus resultados. Terceiro, sua publicação foi
amplamente lida e citada; ainda é publicada até hoje. Quarto, iniciou a atitude profissional
de que a educação da criança era possível, não importa o diagnóstico. Quinto, possibilitou
uma crescente convicção moral de que já que a educação era possível, era também
mandatória. Setfo, foi a lenta realização de que Itard não sabia muito sobre ciência
comportamental, pois isso ocorreu nos anos 1700. Certamente ele nem mediu o progresso
que ele produziu; sendo que só isto já explica porque ele não conseguiu mais. Naquele
tempo, poucas pessoas sabiam que havia uma ciência de motivação e uma ciência de
ensinar; poucas pessoas sabiam que não se pode ensinar certas lições sem antes ensinar
as lições pre-requisitos.
A suposição da "educabilidade" é mais prevalente hoje, apesar de não ser universal.
Muitos de nós sabemos que se compreendemos as condições que possibilitam mudanças
comportamentais, e se nós analisarmos que o ensino de habilidades avançadas depende
em primeiro ensinar habilidades básicas, nós teríamos mais sucesso que Itard. Mas, o
70 Ponuld M . B«tcr
podem ter seis passos. No mínimo, deveria ter seis passos, e cada um deles pode ser, e
com freqüência é, um problema em si mesmo.
O primeiro passo: Medir o efeito do programa. Se o problema pode ser medido, o
medimos, pelo menos uma vez logo antes do programa ser implementado, e pelo menos
uma vez após o programa ser completado, ou ter alcançado um ponto ótimo. A diferença
entre as duas medidas é uma avaliação do programa; ela mostra quão grande é a diferença
que o programa parece ter feito. O valor da segunda medida, não importa quão diferente da
primeira, é outra avaliação independente do programa; ela mostra quão completamente
nós solvemos o problema.
O segundo passo: Avaliar o que hoje é chamado de fidelidade do programa. Quanto
do programa prescrito foi realmente feito? O que mais que foi feito que não era parte do
programa prescrito? Queremos saber quanto do programa prescrito foi feito, e quanto do
programa sendo avaliado não havia sido prescrito.
O terceiro passo: Mostrar causa e efeito. Nós precisamos saber se a solução
alcançada para o problema foi causada pelo programa. A medida pós-programa pode
revelar bastante soluções do problema, mas se aquilo não foi causado pelo programa, não
é uma avaliação do programa.
O quarto passo: Checar generalização. Muitos programas mudam os
comportamentos alvo no momento e local do programa; mas alguns programas são
conduzidos quando e onde ó conveniente, tal como em uma sala de aula, e não quando e
onde as mudanças de comportamento são mais úteis, tal como em casa, no trabalho, e
na hora de brincar. Comportamentos mudados apropriadamente em um momento e local,
nem sempre permanecem mudados apropriadamente em outros momentos e locais. Um
programa bem sucedido faz mudanças de comportamentos quando e onde elas são mais
necessárias e mais valiosas, e as insere no meio social para manutenção.
O quinto passo: Medir os custos e benefícios do programa e seus resultados. Os
benefícios alcançados pelo programa justificam os custos do programa? Para responder
essa pergunta, nós temos que medir os benefícios e custos do programa com as mesmas
unidades, geralmente dinheiro.
O sexto passo: Avaliar o que hoje é chamado de validade social do programa:
Ver quem tem poder sobre o futuro deste programa, e perguntar a eles quanto eles gostam
dos objetivos, procedimentos, custos, benefícios, e pessoal. As pessoas com poder
sobre o programa devem incluir, pelo menos, os clientes do programa, suas famílias e
defensores, e os profissionais que delineiam e usam o programa, e aqueles que mantém
o ambiente onde o programa é implementado, e quem paga por ele. As pessoas com
poder de manter ou terminar um programa podem fazê-lo quer seja efetivo ou inefetivo,
quer seja feito fielmente ou não, quer cause ou não cause seus aparentes resultados, e
quer seja barato ou caro. A avaliação da efetividade de um programa depende de suas
medidas, generalização, fidelidade, prova, e proporção custo-benefício. Em contraste, a
avaliação do futuro de um programa depende somente de sua validade social. Precisamos
de programas efetivos que sejam apreciados ou pelo menos valorizados mais que suas
alternativas, pelas pessoas que podem determinar os futuros dos programas..
Alternativamente, as pessoas que gostam ou desgostam de um programa devem se
certificar que têm poder suficiente sobre seu futuro.
72 Doridld M . ftier
um problema, bem ou mal; a medida é o problema, o problema ó sua medida. Qualquer
um que diz ter múltiplas medidas de um problema a resolver é na verdade uma pessoa
com múltiplos problemas a resolver. Cada problema— cada medida— podem muito bem
requerer seu próprio programa. Se o programa acontece de resolver mais que um problema
de cada vez, então isso será uma agradável surpresa.
Então, analistas comportamentais não selecionam medidas em nome de avaliação
de programas; eles selecionam programas em nome de melhorar medidas.
Autismo, eu sugiro, não ó um problema mas sim muitos, muitos. Programas de
autismo portanto requerem muitas, muitas medidas, e a avaliação desses programas
requerem as mesmas muitas, muitas medidas. Além disto, quando o nome do problema
ó autismo, isso confere um problemas especial adicional: diagnóstico acurado. São
necessárias muitas medidas especiais para convencer uma ampla audiência profissional
de que os clientes de um programa realmente têm autismo. Portanto um difícil e caro
curso de medidas é requerido só para garantir àquela audiência que o programa a ser
avaliado— por outras medidas— era de fato um programa de autismo.
Se um problema não pode ser medido, então um programa que vise solvê-lo não
pode ser avaliado. Cuidado com qualquer um que diga que os efeitos de seu programa
sobre a criança não pode ser medido, dizendo que a reaJ avaliação ó que eles ou outras
pessoas gostem do programa. Lembrem-se que muitas pessoas dizem que gostam de
um programa, não porque eles gostam dele, mas porque eles gostam mais dele do que de
não ter programa algum.
No caso de autismo, eu sugiro que os problemas importantes são mensuráveis.
Eu acredito que crianças com autismo precisam de habilidades de linguagem, habilidades
sociais, habilidades de solver problemas, e habilidades de auto cuidado. Elas também
precisam estar livres de auto agressão, agressão, e auto estimulação. Isso são sete
classes de comportamentos, quatro para serem feitas maiores e mais confiáveis, e três
para serem feitas menores e infreqüentes. Sete não é um número grande. Verdade, cada
das sete classes têm muitos membros. Mas cada daqueles membros é mensurável.
Então, se você quer avaliar os programas implementados com seus filhos, insista
que os programadores escolham alvos mensuráveis, e insista que os alvos sejam soluções
para seus problemas, em vez de soluções para sobrevivência política. As sete classes de
alvos que acabei de citar parecem importante para mim, e seus membros são
eminentemente mensuráveis. Pergunte se eles são o que você quer para seu filho. Se
eles são, não se conforme com uma transformação deles, ou uma diluição deles entre
outros alvos que talvez você queira para seu filho, mas talvez não tanto.
Minha lista tem uma vantagem considerável: Nós podemos saber com certeza
quão melhor cada estudante está desempenhando as quatro especificas habilidade de
linguagem, as duas particulares soluções de problemas, e uma habilidade social, e as
duas habilidades de auto cuidado que estamos ensinando este mês. Nós também podemos
saber com certeza, quão completamente nós temos eliminado aquela forma especifica de
auto agressão, dois tipos de agressão, e a nova versão de auto estimulação que emergiram
semana passada. Eu proponho que consistentemente meçamos todos esses, toda
semana, todo mês, enquanto nosso programa existir. Se nosso programa for bom, essa
medidas irão melhorar.
74 Donald M . R«*cr
medir a extensão de vida independente alcançada por cada um. A questão é se, em
módia, nosso programa produz mais independência adulta do que ocorre em sua ausência.
Lovaas (1993) mostrou exatamente isto.
Essa é claramente uma avaliação caríssima; requer achar muitas pessoas
dispostas a aceitarem designação randômica, e muitos anos esperando para ver o que
acontece na vida adulta das crianças.
Uma alternativa é confiar em delineamentos usando o sujeito como seu próprio
controle para mostrar o efeito de causa e efeito. Isto não é tradicional, mas pode funcionar
bem para este problema. Esta estratégia requer somente uma criança, família, e funcionário
de ensino para concordar com esta avaliação, mas pode e deve ser usada prontamente
com cada criança, família, funcionário de ensino que concordem. Nós pedimos a cada
criança, família e professoras em nosso programa que consintam com a avaliação
consistente e duradoura de cada das habilidades relevantes da criança que estão sendo
ensinadas e aberrações sendo reduzidas, e à consistente, duradoura medida de cada
procedimento prescrito para a professora implementar. Esta medida continua durante
todo o estudo. Assuma que em um ponto deste programa, estejamos ensinando três
habilidades específicas e reduzindo duas aberrações. Nós ensinamos a mais básica das
habilidades; poucos dias depois que ela tenha sido aprendida, reduzimos uma aberração,
se ela continua a ocorrer; alguns poucos dias depois disso, ensinamos a próxima habilidade
mais básica; depois que ela é aprendida, reduzimos a segunda aberração, se ela continua
a ocorrer; e alguns dias depois disso ensinamos a terceira habilidade. É basicamente o
que faríamos se nós não estivéssemos fazendo uma avaliação formal de causa e efeito.
Toma pouquíssimo tempo extra. E requer somente uma criança, família, e funcionário,
apesar de que pode e deve ser feito com o maior número que se torne disponível.
Se tivermos medida constante e continuada das habilidades e aberrações, e do
ensino das professoras, veremos a avaliação da fidelidade do programa, efetividade, e
causa e efeito emergirem frente a nossos olhos, especialmente se grafarmos e olharmos
nossas medidas todos os dias: Veremos quão perfeitamente a professora ensinou, e se
cada das habilidades da criança emergem e se tornam confiáveis prontamente após a
professora as ensina, mas não antes. Veremos se cada das aberrações da criança diminuem
prontamente quando a professora implementa o procedimento de redução, mas não antes.
Veremos o grau de mudança em cada habilidade e aberração, e veremos isso
repetidamente, de forma que possamos avaliar o tamanho e durabilidade dessas mudanças.
Se tamanho e dufabilidade estiverem faltando, podemos ensinar por mais tempo, e talvez
melhor, até que sejam satisfatórios. Cinco mudanças apropriadas durante essas poucas
semanas ou meses nos mostrarão que essas mudanças não podem ter sido coincidência;
elas combinam perfeitamente demais com os procedimentos e ensino. Qualquer um
deles poderia ser uma coincidência, mas não todos os cinco, especialmente não quando
os três que visam aumentar, aumentam, e os dois que visam diminuir, diminuem.
Essas cinco mudanças são apenas um pequeno episódio em um programa
comportamental apropriado visando aumentar as habilidades sociais, de linguagem, e
solução de problemas, enquanto reduz auto agressão, agressão, e auto estimulação.
Temos muitas mudanças comportamentais desse tipo a fazer, todos os meses da vida da
criança, em todos os lugares onde essas mudanças são mais valiosas e necessárias, até
que tenhamos alcançado a melhor possível base para algum grau de independência adulta.
76 Itondlil M . Bjcr
devemos sempre fazer um pequeno programa dentro do grande programa— um pequeno
programa para ensinar os professores a fazerem o grande programa o mais exato possível.
Idealmente, nós não deveríamos ter que avaliar programa fidelidade, porque estaríamos
programando a fidelidade do programa.
Portanto, não se preocupe em avaliar programas a não ser que eles tenham
subprogramas para fazer professores fazerem os programas, e exatamente, nada mais
que o programa.
Um típico último passo é avaliar os custos e benefícios. A questão ó se os
benefícios valem o custo. Mas no caso de autismo, essa questão é quase irrelevante, A
proporção custo-beneflcio para programas de autismo é bem parecida com a proporção
para qualquer programa lidando com qualquer tipo de deficiência: O custo de manter uma
pessoa portadora de deficiência de uma forma humana por toda a vida é muito, muito alto.
Em nossa economia atual, custa aproximadamente 3 milhões de dólares por pessoa. O
programa de autismo de Lovaas custa em torno de 60.000 dólares por criança por ano, e
dura aproximadamente 10 anos; em dólares o custo total é de aproximadamente US$
600.000 por criança. Claramente, é melhor gastar U$ 600.000 para dar a uma criança
uma chance de vida na comunidade do que gastar U$ 3 milhões de dólares porque nós
assumimos que o caso da criança não tinha esperança. Assim, quase todo programa
infantil que vai alcançar algum grau de independência adulta valerá seus custos, mesmo
que o único custo que calculemos seja a manutenção requerida se algum grau de
independência adulta não for alcançado. Quando lembramos que o adulto independente
que trabalha em conseqüência reduz os custos do programa e paga impostos, a troca fica
ainda melhor. E quando nós consideramos os benefícios do programa em termos de
felicidade humana, e os custos do nào-programa em termos de angústia humana, a troca
fica imensamente melhor, mesmo que seja incalculável.
Finalmente, programas efetivos precisam de validade social. As pessoas com o
poder de continuar ou de terminar qualquer programa devem querer continuar este. O
conselho habitual é educá-los sobre a efetividade do programa, o qual, como já vimos, é
um processo de seis passos. Uma avaliação de programa centrada em provar efetividade
confiavelmente atribuível ao programa é o primeiro ingrediente em tal educação. Isto
permite a apresentação das várias proporções de custo-benefício que podem ser
implementadas: estimativas do dinheiro economizado ou créditos políticos ganhos com
efetividade, comparados com as perdas associadas com o fracasso. Tudo isso estaria
bem com uma audiência totalmente racional. Com qualquer outra audiência, lembrem-se
de outra coisa: Em nossa sociedade, nós vemos mais e mais casos de programas
alcançando validade social devido aos processos que ocorrerão por sua ausência. Repetidas
avaliações do programa de Lovaas já demonstrou que alcança graus notáveis de
independência adulta para crianças com autismo cujos programas foram iniciados cedo o
suficiente. Porque esses programas e outros como eles existem, distritos escolares
podem em teoria ser processados por não proporcionarem cópias deles. Distritos escolares
geralmente não gostam desses programas bastante caros, e estressantemente não-
tradicionais; mas aparentemente eles gostam menos ainda de perder um daqueles
processos legais. Enquanto os pais estiverem dispostos a processar, e enquanto os
advogados das escolas aconselharem que as escolas quase certamente irão perder esses
processos legais, essa muito interessante forma de validade social pode ser mantida.
78 Don.ild M . Racr
Capítulo 9
Família, enurcse e intervenção clínica
comportamental
0 ponto central do lexto è discutir o papel da fumllla nu superaçAo da nniirese concebida como um distúrbio bio-comportamental
no qual dois tipos de variáveis (biológicas e psicológicas) aluam sobre o organismo na determinação e manutençAo dos
prohlemaa de controle doa eaflncteres veaicats O psicólogo clinico infantil dove let duras ati im p lica te s dossa amcepçAo,
a qual tom levado vários pesquisadores a considerar Imprescindível o uso do apnrelho de alarme de urina na lernpia da
onurese Tal reconhecimento, entretanto, nâo deve ser confundido com o uso Indiscriminado do aparelho sem compreensAo
funcional de cada caso, um ponto importanto que merece atenção cuidadosa no desenvolvimento do trabalho, visto ser ela
Imprescindível para que a Intervenção seja efetiva Quando se aborda a questAo das dificuldades com a ollmlnaçio da
criança, busca-se obler uma compreensão funcional desse problema infantil Para alcançar tal compreensAo, pelo menos
seis variáveis morecem atunçAo e sAo discutidas, a saber. 1)grau de tolerância com rolaçAo ao descontrole da criança;
2)grau de controle nobre a criança, especialmente no que diz respeito ao seguimento, por ela, das Instruçóes que ela mosma
fornece; 3) expectativas quanto A forma mais adequada de tratamento terapêutico para a criança e idéias próvias quanto às
possibilidades de superaçAo dos problemas pelos filhos bem como suas concepções na definição e superação dos
problemas das crianças; 4) disponibilidade para auxiliar o psicólogo na superaçAo do problema da criança; 5)capacidado de
compreensAo racional do tratamento e 6) grau de discórdia da dlade conjugal com relaçAo aos problemas da criança e a outros
aspectos CNPq
Tho role of the family to overcome child enuresis, conceived as a bio-behavioral disturbance , is the essenco of the text That
conception supposes two types of variables (biological and psychological) acting on the organism in the determination and
maintenance of the problems of control of the sphincters. It it also discussed in the text the subject that such recognition
should not be confused with the Indiscriminate use o1 the urine alarm device without two previous functional analyses (macro
and micro) that lead the functional understanding of the Infantile problem. Although for that understanding several variables
deserve attention, among them 1) degree of tolerance of the family with relationship to Ihe child's disability; 2) degree of
control of the family over the child; 3) expectations of the family to that form of therapeutic treatment for the child 4)
conceptions with relationship to the rolo of the family In the definition and maintenance of the children's problems and
readiness of the family to help tfie psychologist; 5) capacity of understanding the rational of the treatment and 6) discord
level of married couple with relationship to the child's problems and the other aspects. Those variables are discussed on the
light of Infantile case studies assisted In the Project Enurese in development at IPUSP. CNPq
Considerações finais
A discussão feita não deve veicular a idéia de que, na presença dessas variáveis
familiares, o uso do aparelho de alarme não se aplica, ou que ao clínico se apresenta uma
situação insolúvel. Ao contrário, quando este se depara com uma dessas variáveis, trazendo
obstáculos para evolução do tratamento, deve buscar soluções de contorno para dirimir a
ação negativa delas. Esse foi o principal sentido do presente trabalho.
O aparelho de alarme é um excelente instrumento auxiliar nas mãos do clínico,
mas a atuação deste, frente à enurese de seu cliente, vai muito além do uso do aparelho
de alarme. Baseado na compreensão funcional do caso e tendo a sua mão este instrumento
auxiliar, o clínico pode tornar a vida dos clientes infantis e adolescentes muito mais
satisfatória por ser capaz de auxiliar na obtenção do controle da enurese de forma rápida
e eficiente. O processo é árduo, mas breve, e por isso compensa.
A globalização e os avanços da informática têm gerado mudança» sociais que exlyem dos Indivíduo» maior competência em
suas relações interpessoais. A necessidade de desenvolver capacidades de comunicação tem motivado o desenvolvimento
de programas de treinamento em habilidades sociais Entretanto, tais programa» não devem se ater apenas aos desempe
nhos verbal e nflo verbal Processos cognitivos de atenção e de processamento de informação devem ser desenvolvido»
para facilitar a escolha do comportamento social adequado Além disso, o conceito atual do habilidades sociais inclui a busca
de Batisfação pessoal integrada a uma preocupação com a qualidade da relação, exigindo, em certos contextos, um maior
nlvel de desempenho social. 0 estudo da» habilidades assertiva, empática e de soluçAo de problemas Interpessoais, com
os seus componentes cognitivos (autoconsciência e consciência do outro) pode facilitar a roali/açAo dn programas do
treinamento em habilidades de interação. que atenda ao» ob(etivos acima descritos, para a manifestação de comportamen
tos socialmente habilidosos. Pretende-se, nesse capitulo, fornecer subsidios paia o treinamento das habilidades de Iniciar,
manter e encerrar conversaçAo, ía /o r pedidos; respondor a pedidos; pedir a alguém para mudar um comportamento
indesejável; responder o critica» e fa/er e receber elogio
Globalization and high computer technology have brought about important social changes that demand more individual
competence In Interpersonal relations Many training programs In social skills have been devoloped due to the noed to
improve communication capabilities. Such programs must consider not only verbal and non-verbal performance, but also the
cognitive processes such as attention and information processing that make easier choosing the most adequate social
behavior In addition to that, the curront concept of social skills Including the pursuit of personal satisfaction allied to a
concern with the quality of the relationships, demands, within certain contexts, a higher level of social performance. The
study of assertive, empaUuc and interpersonal problem-solving skills, with their cognitive components (self awareness and
awareness of others) may facilitate the development of Interaction skills training programs, capable of attaining the above
mentioned objectives facilitating the manifestation of socially skilled behaviors The purpose of this chapter is to offer
subsidies for the training of tho following skills: starting, maintaining and ending a conversation, making requests, attending
requests, asking someone to change an undesirable behavior, responding to criticism and giving and receiving compliments
Fazer pedidos
O pedido constitui uma das formas mais simples e diretas de satisfazer desejos.
Entretanto, se formulado de modo inadequado, o pedido pode ser prejudicial para o
relacionamento futuro. Bedell e Lennox (1997) propõem que, quando um pedido resulta
em várias formas de ameaça, suborno, exigência ou indução de culpa, este gera
sentimentos negativos de raiva ou de medo, resultando em desejos de romper a interação
por parte do receptor do pedido.
Algumas pessoas sentem dificuldade em fazer pedidos, mesmo que estes sejam
razoáveis. Quando o fazem, manifestam culpa e esperam uma recusa. Outras acreditam
que, fazendo um pedido, assumirão o compromisso de atender aos pedidos do Interlocutor,
mesmo que estes não sejam razoáveis. A expectativa de criar um constrangimento no
interlocutor, por achar que este não será capaz de dizer não, também pode inibir a decisão
de fazer um pedido (Cabaílo, 1993). Entretanto, um pedido adequadamente formulado
pode conduzir a satisfação pessoal e, ao mesmo tempo, a satisfação na interação.
Segundo Bedell e Lennox (1997), os pedidos geram conseqüências positivas
quando: a) o desejo é expresso de maneira clara e direta; b) o pedido expressa o que é
desejado em termos de comportamento; c) o pedido inclui uma declaração que comunica,
com sensibilidade, o desejo e os sentimentos da outra pessoa.
Um pedido claro e direto expressa exatamente o que se deseja da outra pessoa.
Assim, se uma pessoa deseja a ajuda de uma amiga para dar opinião sobre um vestido
Responder a pedidos
Responder a pedidos pode ser uma das habilidades de comunicação mais difíceis.
Como as pessoas devem responder a pedidos que entram em conflito com seus próprios
desejos? Elas devem passar por cima de seus desejos e conceder o pedido para evitar
conflito, fazendo algo que não querem? Elas devem recusar o pedido e arcar com as
conseqüências negativas da recusa?
Galassi e Galassi (1977, conforme citado por Caballo, 1993) afirmam que há
várias razões pelas quais toma-se importante recusar pedidos indesejáveis. Primeiro, porque
isso nos livra de envolvimento em situações desagradáveis; segundo, nos ajuda a evitar
que sejamos manipulados ou explorados e terceiro, nos dá um senso de controle sobre
nossas vidas, uma vez que podemos tomar as nossas próprias decisões. Realmente,
embora não seja razoável esperar fazer sempre somente o que se deseja, pode ser
autodestrutivo abrir mão dos próprios desejos com freqüência. Por outro lado, a recusa
freqüente de pedidos pode gerar, no solicitante, atitudes de retaliação (uso da força, coerção,
chantagem emocional).
Beidell e Lennox (1997) propõem que, quando um pedido implica em conflito
entre os desejos, o receptor do pedido deve recusar ou oferecer um acordo ou alternativa.
A alternativa é sugerida quando aquele que recebe o pedido não quer fazer o que foi
requerido, rnas entende o desejo do solicitante e propõe um modo diferente de satisfazer
esse desejo. Quando se oferece uma alternativa, o desejo do solicitante não precisa ser
modificado, mas apenas satisfeito de forma diferente. Considerando o exemplo do cinema
citado anteriormente, quando o homem foi solicitado a ceder o seu lugar para o casal, ele
poderia oferecer uma alternativa, tal como: "Eu entendo o seu desejo de sentar-se ao lado
de seu amigo, mas há duas cadeiras, duas fileiras atrás. Que tal vocês sentarem lá?".
O acordo ocorre quando o que recebe o pedido tenta encontrar uma saída na qual
cada uma das partes alcance parcialmente o seu desejo. Considerando o funcionário que
foi solicitado a interromper o que estava fazendo para explicar uma tarefa á colega, este
poderia propor que ela o ajudasse a terminar o seu trabalho primeiro e depois obtivesse a
orientação pedida.
Concluindo, quando os desejos das duas partes são compatíveis (sem conflito), o
receptor normalmente irá atender o pedido. Quando há conflito entre os desejos, o receptor
poderá: a) recusar o pedido ou b) oferecer um acordo ou alternativa.
O processo de responder a pedidos ó semelhante ao de fazer pedidos, envolvendo
autoconsciência e consciência do outro. Igualmente, a resposta a um pedido pode ser
entendida em termos de três fases de processamento de informação (Beidell e Lennox,
Responder a críticas
Me^jno mantendo boas relações sociais, nós não estamos livres das críticas dos
outros. As pessoas podem nos criticar porque estão incomodadas/magoadas com o nosso
comportamento, elas podem querer mudar o nosso comportamento por julgarem que será
melhor para nós ou elas podem estar competindo conosco.
Maldonado e Garner (1992) afirmam que as pessoas, quando criticadas, costumam
reagir de forma defensiva de várias maneiras. Elas podem evitar a crítica, ignorando-a ou
fingindo que não perceberam, recusando-se a discuti-la ou mudando de assunto. Outra
forma defensiva de reagir à crítica é rebatendo a afirmação do interlocutor com uma negação.
Dar uma desculpa, justificando-se e rebaixando a importância da crítica ou rebatendo a
crítica com outra crítica também constituem formas defensivas. Todas essas maneiras de
lidar com a crítica favorecem argumentos acalorados e prejudicam a relação.
Caballo (1993) propõe que, diante de uma crítica, devemos deixar que esta siga
seu curso, sem adicionar mais "gasolina" ao sistema. Somente após a crítica haver se
Conclusões
Esse capítulo teve como objetivo fornecer alguns dados sobre os componentes
cognitivos e comportamentais das habilidades de iniciar, manter e encerrar conversação,
fazer pedidos, responder a pedidos, pedir a alguém para mudar um comportamento
indesejável, responder a criticas e fazer e receber elogios. As informações sobre como
identificar os próprios sentimentos e desejos, os sentimentos e desejos da outra pessoa,
as crenças que podem favorecer ou impedir o desempenho social e as formas apropriadas
e inadequadas de desempenho verbal são dadas, no intuito de facilitar exercícios de jogos
de papéis em programas de treinamento em habilidades sociais e de comunicação
interpessoal.
Referências
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www.lawlnfo.com/forum/physician-patient.html
Argylo, M. (1984). Some new developments in social skills trainning. Bulletin of the British
Psychological-Society. 53, 405-410.
Barrett-Lennard, G. T. (1993). The phases and focus of empathy. IheJ&iÜ&lLPsyctKJlQüjcal
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Bedell, j. r ., & Lennox, S. s. (1997). Handbook for communication aniLprobiem-sfllYirifl
skills training: A cognitive-behavioral approach. New York: Wiley.
Bollack, A. S., Mueser, K. T., Gingerich, S., & Agresta, J. (1997). SociaLskiHs training for
0 transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é caracterizado pela presença de pensamentos obsessivos e comportamentos
compulsivos que sâo suficientemente incômodos para interferir na vida normal do indivíduo. As obsessões de contaminação
o agressão estão entre as mais comuns, assim como as compulsões de llmpe/a/lavngem, verificação c rituais dn repetição
Modelos animais sâo modelos das compulsões e refletem a diversidade do transtorno bem como hipóteses «obro os
mecanismos biológicos e neuroqulmicos envolvidos na fisiopatologia dos sintomas obsessivos compulsivos. Esses modelos
distinguem-se entre si, segundo a ênfase num determinado sintoma e segundo os critérios de validação teórico, d» face o
predltivo. Os modelos etolôgicos, na Bua maioria, apresentam validade de face e apólam as hipóteses sobre os mecanismos
neuroblolôglcos do TOC. Entre os modelos farmacológicos e experimentais, nem todos apresentam semelhança fenomenológlca
com os sintomas, porém apresentam valor teórico e predltivo.
The obsessive - compulsive disorders (OCD) are characterized by the presence of obsessive thoughts and compulsive
behaviors that are awkward enough to interfere with normal life of Individuals. The obsessions of contamination and
aggression are among the most common symptoms, as well as the compulsions of cleaning/washing, checking and repetitive
rituals Animal models are models of compulsion and reflect the diversity of the disorder, as well the hypotheses about the
biological and neurochemical mechanisms involved in the physiopathology of the compulsive and obsessive symptoms.
These models simulate different symptoms and differ as to the criteria of face, construct and predictive validity. Most
ethologlcal models have face validity and supporl the neurobiological hypothesis for the etiology of OCD. Among the
pharmacological and experimental models, not everyone present phenomenological similarity to the OCD symptoms, but
they are important because of their theoretical and predictive value
1. Introdução
Do ponto de vista clinico, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ó caracterizado
por obsessões, que causam ansiedade ou desconforto acentuados, e ou por compulsões,
que servem para neutralizar a ansiedade (DSM-IV),
Obsessões são idéias, pensamentos, imagens, impulsos que surgem,
repetidamente, e que o indivíduo as percebe como próprias, porém intrusivas e inoportunas.
Desencadeadas por eventos internos ou externos são acompanhadas por sentimentos
2. Modelos animais
Modelos animais para o estudo dos comportamentos compulsivos refletem a
perspectiva evolucionista na psicologia, segundo a qual características comportamentais
2.4.0 modelo animal do ritual de verificação foi recentemente proposto por Szechtman,
Sulis e Eilam (1999) num estudo experimental controlado e bastante detalhado, com ratos
de laboratório. De modo geral, o estudo mostrou que ratos tratados, cronicamente, com o
agonista dopaminérgico quinpirole, apresentaram comportamento de verificar, como uma
forma exagerada de um comportamento normal do rato em seu habitat. Especificamente,
ratos tratados com quinpirole e submetidos a um campo aberto equipado com pequenos
objetos verificaram os mesmos repetidamente, de forma excessiva, rápida e ritualizada,
muito semelhante às compulsões de verificação em humanos. Além da semelhança com
os sintomas de verificação compulsiva, os autores observaram que a clomipramina exerceu
efeitos atenuadores sobre as medidas do ritual de verificação do comportamento animal.
Os resultados permitiram que os autores apresentassem o comportamento induzido pelo
quinpirole como um modelo animal para a compulsão de verificar em humanos e, nesse
sentido, levantou-se a questão sobre a participação do sistema dopaminérgico nesse tipo
de sintoma.
2.5 - Um outro modelo animal foi sugerido para um dos sintomas, também relativamente
comum no TOC, que é a dúvida compulsiva e recorrente (Yadin, Friedman e Bridger, 1991).
Nesse modelo, o comportamento de alternação espontânea em rato privado de alimento,
quando introduzido num labirinto em T, foi selecionado e mostrou-se sensível a manipulações
com agonistas seletivos e não seletivos do sistema serotonérgico. Essas manipulações
resultaram em diminuição do comportamento de alternação ou no aumento do número de
escolhas repetidas de um dos braços do labirinto. Durante tratamento crônico dos animais
com fluoxetina, o número de escolhidas repetidas foi significativamente reduzido,
aumentando o número de alternações espontâneas em relação aos animais controles. A
característica perseverante da escolha induzida pelos agonistas serotonérgicos, a aparente
3. Conclusão:
Modelos animais do TOC são modelos das compulsões e refletem a
heterogeneidade do transtorno. Os modelos etológicos são úteis na medida que o
comportamento ocorre no ambiente natural, conferindo-lhes validade de face e teórica. Os
modelos experimentais, nem sempre reproduzindo o sintoma do ponto de vista da topografia
do comportamento, são úteis na medida que permitem a manipulação controlada de
variáveis do organismo e do ambiente, supostamente implicadas na origem e manutenção
dos sintomas obsessivos e compulsivos.
Referências
A larga dlfusâo do pré-natal e as inovações tecnológicas, especialm ente o ultra-som , perm itiram que, atualmente,
se possa diagnosticar grande núm ero de anom alia* Intra-utero. S io diagnóstico* de m alform ações letais ou que
resultarão em retardo fís ic o e mental, para os quais, hoje em dia, a capacidade de diagnosticar é m aior que a
chance de IntervençAo. Em um pais onde, aliado A falta de terapêutica, há uma legislação abortiva restritiva, o
diagnóstico pré-natal é um acontecim ento que tem levado a forte reações emocionais nas gestantes assim como
tem Interferido no v incu lo m âe-filho. Para investigar mais detalhadam ente esse fenóm eno, 42 grávidas do
Serviço de M edicina Fetal do H ospital das C linicas da UNESP - B otucatu foram entrevistadas. A pesar de
malformaçOes m ulto diversas • com vários nlvels de gravidade, a maioria das m ulheres apresentou tristeza
pro fu nd a, culpa, crise s de ansiedade e m edo, logo após o d ia g n ó s tic o . O bservaram -se tam bém reações
sem elhantes aos qua dro s de s tre ss pós traum ático, com o pensam entos In tru slvo s, evitações e queixas
psicossom áticas. Várias m ulheres romperam o vinculo com o filho após a noticia, mas a m aioria o refez antes
ou logo após o nascim ento. O acom panham ento clinico destas pacientes sugere que cria r um espaço onde
possam expor seus sentim entos e Instrum enta-las com técnicas cognltlva-com portam entals para que possam
enfrentar a nova situação, durante o resto da gravidez e nos prim eiros dias após o parto, pode ser fundam ental
para que possam ajustar-se em ocionalm ente e restabelecer o vinculo com a criança.
Palavras chave. M a lfo rm a çlo fetal, stress pós-traum átlco, coping, apego
As result o f recent developm ent in ultra-sound diagnosis, a large num ber of fetal anom alies can now be
determ ined. These m alform ations are lethal or w ill lead to severe physical and/or mental handicap w ith few
chances of intervention . As a consequence, in a country w ithout legal support fo r pregnancy term ination, the
prenatal diagnosis evoke strong em otional reactions and increasing problem s In maternal fetal bonding. To
determ inate the course*of parental em otional reaction* and the process of maternal attachm ent after they have
been inform al of the diagnosis o f m alform ation, 42 pregnants of the Fetal M edicine 8ervice - UNESP - Botucatu,
were Interviewed. Despite the wide variation of m alform ations, analysis of the Interviews dem onstrated that
sadness, guilt, anxiety cris is and fear were frequent after diagnosis. Other com m on em otional reactions follow ing
a traum atic event, such as In tru s io n , avoidance and psychosom atic com plaints were reported. A high percentage
of pregnants b ro k * the maternal-fetal bonding Just after the anomaly scan however the large m ajority of them
were able to relniclate attachm ent before or soon after delivery. Observations of these patients suggest that offer
to these wom en the o p p o rtu n ity to express th e irs feelings and provide a range o f co g n itiv e behavioral
techniques to cope w ith them d uring the pregnancy and in the first days after birth, may be particularly crucial
In parental attachm ent and em otional adjustm ent.
Key w ords fetal m alform ation, post-traum atic, stress, coping, attachm ent
Sentimentos N %
N %
Revolta indiferenciada 2 48
Sem resposta 8 19,0
Total 42 100,0
N %
Foi alta a porcentagem de mães que logo após a noticia negavam o diagnóstico,
suas conseqüências e a precisão dos exames. A negação decorrente do impacto com a
notícia já havia sido observada por Drotar, Baskiewicz, Irvin, Kennell e Klaus, (1975) com
mães que descobriam que seu recém-nascido tinha alguma deficiência. Entretanto, em
se tratando do feto, a invisibilidade das malformações físicas e a manutenção dos
movimentos fetais parecem ajudar e manter a negação por um período mais prolongado e
levar a sentimentos ambivalentes.
Mesmo recebendo informações de anomalias com gravidade muito diversa
(inclusive de baixa probabilidade de sobrevida), 61 % das grávidas mantiveram o apego.
Entre as mães que interromperam o apego, 43% nunca mais o retomaram. Na sua maioria
eram crianças com diagnósticos muito graves, cujas mães haviam recebido a informação
de que a criança não sobreviveria ou que nasceria extremamente seqüelada.
Entretanto, 57% das mães, após a primeira fase de negação, reiniciaram o
apego, metade antes do nascimento, metade depois. Nas crianças deste grupo algumas
tinham possibilidade cirúrgica, mas também havia outras com prognóstico de mal formação
Suporte psicológico
O que faz o psicólogo em uma equipe de medicina fetal? Segundo Quayle (1996),
por sua singularidade e especificidade, a medicina fetal demanda a participação de várias
áreas do conhecimento e de profissionais com papéis específicos. Nessa equipe em que
os profissionais tem papéis bem definidos (o que colhe o sangue, o que faz o ulra-som, o
que programa a dieta), o que sobra para o psicólogo?
Segundo Roegiers (1996), cabe ao psicólogo esperar que o casal supere as
fases de revolta e depressão para ir introduzindo elementos de realidade (prognóstico a
curto e longo prazo; planos possíveis em função do tipo de deficiência e do estado gravldico)
e ajudar o casal a fazer uma escolha responsável. Feita a escolha, deve continuar
acompanhando o desenvolvimento (interrupção médica de gravidez e a culpa que a
acompanha) ou o investimento para elaborar uma nova representação dessa criança.
Como se pode verificar, o pano de fundo dessa atuação do psicólogo conta com a
possibilidade de interrupção da gravidez, que, apesar de hoje estar sendo concedida
judicialmente, para alguns casos de malformação, ainda é proibida pela legislação
brasileira. Nos palses em que a interrupção foi legalizada, ela é opção majoritária para
várias malformações (Wertz e Fletcher, 1993). Mas a ansiedade e a angústia ainda é
muito alta para pais que não tem essa opção legal, ou que, devido a crenças e valores, se
posicionam contra a interrupção gestacional.
A ansiedade decorrente de exames que oferecem resultados probabillsticos ("seu
filho pode ou não ter um atraso; pode vingar ou não...) e o desamparo decorrente da
impotência frente a diagnósticos precisos de doenças e sintomas que não podem ser
curados e nem contornados, levou aíguns autores a questionar a validade de diagnósticos
pré natais (Rigge e cols, 1993). Por outro lado há quem defenda que a constatação da
anormalidade ou inviabilidade permite que antes do nascimento se faça todo um trabalho
Conclusão
O avanço tecnológico mudou a condição da gravidez: de um período de espera,
tornou-se uma fase de vivência real da maternidade. Ainda, o feto, agora denominado
bebê, não é mais um ser apenas fantasiado, mas é visualizado, alçado à condição de ser
complexo, cujo desenvolvimento pode ser acompanhado passo a passo.
Por outro lado, mudou também a relação da obstetrícia com a gravidez. O setting
ecográfico tornou-se lugar privilegiado da expressão de inquietações e angústias,
especialmente das gestantes de risco. São ansiedades que antes eclodiam apenas nos
momentos anteriores ao parto, e que hoje se renovam a cada ultra som e a cada novo
exame. A medicina fetal obrigou, também, aos profissionais dessa área a confrontar
algumas representações. Por exemplo, à associação de maternidade com nascimento /
vida / saúde / sucesso, eles tiveram que agregar as dimensões morte / doença / fracasso
/ defeito (Quayle, 1993). Frente a esse quadro, o psicólogo adentrou na equipe de pré-
natal para ajudar as famílias e os profissionais a lidar com a possibilidade de insucesso
gestacional, seja a possibilidade de perda ou de concepção de uma criança com vários
tipos de anomaíias.
A visão psicodinâmica propõe que a expressão e elaboração dos sentimentos
negativos que essa situação provoca, como a culpa e a rejeição, é fundamental para que
o paciente faça o luto, enterre os sonhos e possibilita que, em seu lugar, surjam outros
sentimentos em relação à criança, que favoreçam a aceitação da realidade e do filho.
Essa aceitação não é imediata, nem sempre é total e irrestrita e pode perdurar por toda
a gravidez e alongar-se após o parto (Quayle, 1996). Na visão cognitiva comportamental,
durante este período, além de dar continência aos sentimentos, o psicólogo pode
instrumentar a paciente com técnicas que ajudem a ajustar-se ao momento de crise e às
conseqüências psicológicas decorrentes: crises de angústia, depressão, pensamentos
invasivos etc. Na prática do psicólogo do serviço de medicina fetal - UNESP, considerar
o impacto da notícia de malformação fetal como um stress pós traumático e o uso de um
referencial baseado em princípios da teoria do desamparo adquirido, vem possibilitando o
tratamento efetivo destas pacientes.
Referências Bibliográficas
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32í £ l3), 103-105.
Sklnner defende a sobrevivência da» culturas como o bem da cultura. Ê difícil elucidar esse bem se a Ética de Skinner for
compreendida como ciência do valor. A Filosofia Moral de Skinner ó entflo submetida a uma Investigação metaética. Os
resultados dessa sondagem sugerem que as afinidades dessa Ética com o naturalismo ético sAo meramente aparentei e que
nâo existem semelhanças capazes de aproximá-la do Intuiclonismo ético O nAo-cognitivismo ético é relevante para
esclarecer o principal valor da Filosofia Moral de Skinner, mas é limitado para elucidar essa Filosofia em sua totalidade. Os
bens da Ética de Sklnner podem ser elucidados com os conceitos de tacto e mando A Filosofia Moral de Skinnor 6 uma Ética
comportamental original apoiada no sentimento como fato cognosclvel que pode ser descrito com valor de verdade pelo
tacto. O bem da cultura é um mando que j* por si tem valor de verdade, no sentido em que pode ser bem ou mal sucedido.
Além disso, pode ser descrito com valor de verdade pelo tacto. A Ética comportamental de Sklnner amplia o espectro
cognitivo, ultrapassa os limites do cognltivlsmo e do nAo-cognitivismo, e pode contribuir para o discurso metaôtico
For Skinner, the survival of cultures Is a good of the culture. It is difficult to explain this good if Skinner’s Ethics is understood
as a science of value Then, Skinner's Moral Philosophy Is submitted to a mota-ethical investigation. This essay suggests
that the affinities between this Ethics and naturalism are merely apparent and that there are no similarities capable of
approximate it to ethical Intulclonlsm The non-cognitive Ethics is relevant for explaining the principal value of Skinner’s Moral
Philosophy, but is limited to explaining this Philosophy In Its totality. The goods of Skinner's Ethics can be explained by means
of the cof\cept of tact and mand. Skinner's Moral Philosophy It an behavioral and original Ethics founded on feeling as a
knowable fact that can be truly described by tact. The good of culture is a mand that alone has truth-value, In the sense that
it may or may not succeed. Besides. It can be truly described by tact Skinner’behavioral Ethics extends the cognitive
spectrum, beyond the limits of cognitivism and non-cogmtlvlsm, and may contribute to a meta-ethical discourse.
Key words: good of the culture; non-cognitivism; mand; tact; behavioral Ethics
‘ Univaraidad« Fadaral ómSâo Carlo«. Oapartamanlo d« Flkaofla • Maiodologw d«* Génda», Via Washington Luiz, Km 230,13M5400. SAo Cario«.
SP F o w (18) 2008300 Fax (10)200*308 E-mail; j.»twb©t*rr« com br Bolawta do CNPq (ProcMM 3003/8/95 6 (HE)
Ética de Skinner
Skinner (1971) realiza uma investigação comportamental do conceito de valor
ético e afirma que ele se refere ao sentimento de dever fazer o que é bom para o ser
humano. Afirma também que a ciência do comportamento é ciência do valor. São afirmações
polêmicas. A tese que fundamenta o dever no sentimento tem seu lugar privilegiado em
Referências
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Editora da Universidade de São Paulo. (Trabalho original publicado em 1748)
O papel do professor na sociedade 6 ensinar novos comportamentos. Pessoas responsáveis pelo prucossu de onslno-
aprendizagem de quaisquer conteúdos deveriam prestar atenção ao repertório de entrada do aluno Bom como deveriam
conhecer e saber usar a técnica de modelagem, tendo a preocupaçAo constante com a aprendizagem dos alunos Quando a
tarefa è ensinar conceitos básicos da análise do comportamento sobre aprendi/agem por condicionamento operante, um
caminho frutífero seria ensinar aplicando a própria teoria como uma ferramenta para ensiná-la, ou seja, 'da Prática a Teoria',
Usar a própria teoria para planejar, executar e avaliar o ensino bem como a aprendizagem de novos comportamentos Utilizar
situações práticas do cotidiano é o alicerce que pode facilitar a compreensão do aluno evitando os comportamentos de fuga
e esquiva em relaçio aos conteúdos e leituras da disciplina. A sala de aula pode ser considerada um pseudo laboratório de
ensino e aprendizagem, onde hipóteses s lo criadas e tostadas, manipulaçóes realizadas sobre os procedimentos de ensino.
Ficar sensível ao comportamento dos alunos á uma boa regra a ser seguida, bem como criar e manter contingôncias do
reforçamento positivo (natural ou artificial)
The teacher's role In this society is to teach news behaviours. The people who was responsible for the process to teach and
learn (teach-learn) of any contents must pay attention in the repertory for the students' entrance. The teacher have must to
knowledge and to know how to use the technician of modelling, with the preoccupation of students' learning When task is to
teach some basics consents of behaviour's analyse about learn of operat conditional, of this task is good to applicator the
own theory like a way to teach itself Planning, executing and evaluating the teach-learn of news behaviours. To use some
dally practical situations can be the theory's base to be make easy the student's comprehend and avoid escape and
avoidance's behaviours with relationship the conceits and read of the discipline. Classroom can be considerate one pseudo
laboratory of teaching and learning, where you created and tested some hypothesis, manipulation roallsed about proceedings
of teach To be sensitive for students' behaviour is a good role to be falling and so created and maintain contingence of
positive reinforcement (natural and artificial).
Aflrad*dmantoa à dlraçâo do CFH • a pró-nMorM da UfSC pato apon flnancato, ao amyo prof Dr Sérgio Dim Crtno ■ UF MG paio moanllvo na realização
daala trabalho a a ABPMC paio convtta.
O Desafio
Como ensinar os conceitos básicos da análise do comportamento, partindo da
prática até chegar a teoria? Atarefa de ensinar o que é aprendizagem, ensino, processo
de ensino-aprendizagem em disciplinas da grade curricular do curso de Psicologia e em
outros cursos de Licenciatura (cursos que preparam o aluno para ser um futuro professor
em sua área de conhecimento) constitui um verdadeiro desafio. Como programar o ensino
destes conceitos: modelagem, reforço positivo e negativo, punição, esquiva, fuga,
contingência de três termos, discriminação e generalização, controle de estímulos,
comportamento governado por regras e por contingência, dentre outros? A Primeira
constatação é a de que não há receitas, porém, os questionamentos supracitados poderiam
ser comportamentos preliminares para que contingências de ensino pudessem ser
pensadas, criadas, mantidas, modificadas e até mesmo extintas (a extinção é indicada
para as contingências mantidas por reforço negativo ou punições). Os questionamentos
citados podem ser aplicados em situações de sala de aula, ou fora do ambiente escolar
e são úteis para qualquer ambiente formal ou informal de ensino, onde novos
comportamentos precisam ser ensinados e aprendidos.
O manual do professor não existe, isto é ótimo, pois ensinar não pode ser um
comportamento só governado por regras, instruções. Um caminho frutífero para ser seguido
na modelagem cíe novos comportamentos é começar aplicando/usando a própria teoria na
sala de aula, usando a teoria como uma ferramenta para ensiná-la, ou seja, "da Prática a
Teoria". A própria teoria é usada para planejar como ensinar os conteúdos, os conceitos
teóricos e técnicos sobre aprendizagem humana, então, utilizar exemplos da vida cotidiana
é um bom caminho. O material prático consistiria em tipos de interações que ocorrem
dentro da sala de aula (entre professor e aluno, os alunos entre si), reportagens de jornais,
dramas de novelas, enredos de filmes, além das "brincadeiras em estilo de experimento".
As "brincadeiras em estilo de experimento" seriam experimentos realizados em sala sem
o rigor científico, sem o controle rigorosos das variáveis envolvidas, sem registro e análise
???????apurada dos dados. Seria uma replicação ou simulação em sala de aula de um
experimento que facilitasse a aprendizagem do raciocínio lógico e científico por parte do
aluno (se a disciplina tiver aulas de laboratório é condição ideal, mas nem sempre o
Ensinar e selecionar.
Existe uma diferença muito grande entre ensinar comportamentos para alguém e
selecionar quem já os possui. As vezes, no ensino superior, é mais fácil para o professor
selecionar os alunos que sabem ler, interpretar e escrever de acordo com os padrões e
exigências acadêmicas do que ensinar estas respostas operantes tão necessárias para
a sobrevivência do aluno nesse ambiente acadêmico. Os que sabem se dão bem, vão bem
nos estudos, os que não sabem, têm apenas dois caminhos: 1-continuar sem saber e
sofrendo as conseqüências aversivas do não saber, ou 2- aprender sozinhos sem ajuda do
professor. Seria conveniente criar um terceiro caminho que seria programar contingências
de ensino que garantam a aprendizagem: o professor programar e executar contingências
de ensino que garantam a aprendizagem de novos comportamentos (i.e., ensinar, aplicando
a técnica de modelagem de condicionamento operante junto com reforço positivo). Skinner,
desde 1968, faz sérias críticas pertinentes à falta de métodos para um ensino com eficiência
e às práticas educacionais baseadas na seleção e não no ensino “ As escolas e colégios
estão cada vez mais confiando na seleção de estudantes que não precisam ser ensinados,
e ao fazê-lo prestam cada vez menos atenção ao ensino ...” (Skinner, 1978/1975,pág.
112).
Zanotto (2000) aponta a necessidade de habilitar os futuros professores a serem
profissionais capazes de planejar, executar e avaliar procedimentos de ensino" Sua formação
será tão melhor quanto mais possibilitar a aquisição de um amplo e eficiente repertório de
comportamentos que o torne independente de um outro indivíduo para definir e controlar o
que lhe compete fazer, e que lhe garanta a autonomia necessária para se comportar de
forma nova e original, em situações futuras, quando não mais estiver sendo formado"
(Zanotto, 2000, pág. 173).
O Caos
Imagine o caos quando um professor entra em sala de aula para ensinar "conteúdos"
que nem ele mesmo tem clareza da utilidade, da funcionalidade que é aprender "esses
conteúdos". Disciplinas cujo conceitos básicos da análise do comportamento são
ministrados por pessoas não simpatizante do Behaviorismo Radical; seja por completa
ignorância sobre o tema; seja por um repertório de leitura pobre sobre tema; seja porque
leu interpretações distorcidas do que vem a ser o Behaviorismo Radical; seja ainda porque
leu críticas à teoria de E-R e ao Behaviorismo Metodológico e generalizou estas críticas
para o Behaviorismo Radical; seja por não conhecer os avanços teóricos da Análise do
Comportamento sobre, por exemplo, cognição humana etc., tudo isto gera e mantém as
críticas injustas que são tecidas às idéias de Skinner e/ou ao Behaviorismo Radical.
Na educação é preciso que o professor tenha como prática uma reflexão crítica e
atualizada da teoria, do conteúdo que pretende ensinar (não importa qual a teoria, ou qual
o conteúdo), caso contrário o resultado do ensino será no mínimo um desastre.
Referências
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DuPaul, G. J., Barkley, R. A., & Connor, D. F. (1998). Stimulants. In R. A. Barkley (Ed.), Attention-
0 abuso sexual de crianças ó um problema internacional A d#finiçào de abuso sexual infantil prevista em nosso código penal
é examinada e contrastada com a definição da legislação norte-americana. Em seguida, sâo analisados os ‘ efeitos* do abuso
sexual infantil - tanto imediatos quanto a longo pra/o. Variáveis descritas por pesquisadores como amenl/ante» do impacto
do abuso sexual Infantil sflo avaliadas, como, por exempio: um agressor versus múltiplos, a frequência e duração do abuso,
o relacionamento com o agressor, a intensidade da violência empregada, o grau do apoio recebido pela família, dentre outros
Um caso atendido no “Programa de Intervenção a Vitimas de Violência" desenvolvido pela autora na Delegacia de Defesa
da Mulher e no Conselho Tutelar ê apresentado Dentre as sugestões de auxilio à intervenção com tal população, sâo
mencionadas: a Importância da denúncia, cuidados éticos na avaliação, a Importância do apoio á família, necessidade de
assessoria à escola da criança, importância do trabalho interdisciplinar com especial atenção ao médico perito e ao advogado
da criança, o acompanhamento da criança ao tribunal e seu preparo para o depoimento, e técnicas terapêuticas como as
descritas por Foa, dentre outros pesquisadores
Child soxual abuse is an international problem The definition of child sexual abuse from our criminal code Is examined and
contrasted to the North-Amerlcan legislation An analysis of the "effects’of child sexual abuse follows, in terms of short and
long term effects Variables described by researchers as atenuatmg the impact of child sexual abuse are evaluated, such as;
ono abuser versus several, the frequency and duration of the abusive act, relationship with the aggressor, the Intensity of
the violent act, the degree of support received by the family, among others. A study case seen by the author at the “Victims
of Violence Intervention Program" at the Women's Police Station and the Child Protection Service Agency Is presented.
Among suggested intervention variables that are helpful with this population are: the importance of reporting cases of abuse,
ethical issues In assessment, the importance of family support, the need to consult with the child's school, the Importance
of a multidisciplinary approach (especially in regards to physicians and lawyers), Court and witnessing preparation, and
therapeutic techniques, such as the ones suggested by Foa, among other researchers.
Dos tipos de violência praticada contra o ser humano, a violência sexual é o delito
menos denunciado em nossa sociedade. Dentre as várias razões para isto, basta citar as
principais: a sexualidade humana ainda é considerada um tabu em pleno sóculo XXI, e
quando a integridade física e sexual da pessoa ó ferida de modo violento, a vítima é
freqüentemente estigmatizada, passando a apresentar sentimentos de culpa ou vergonha,
que são mais compatíveis com o isolamento social. Soma-se a isto, o medo que a vítima
sente por temer represálias do agressor que freqüentemente faz ameaças, dificultando a
denúncia. Finalmente, quando o agressor faz parte da família há, por vezes, o temor pela
e
Sobre t omporldmrnlo Co»jmçilo 157
O impacto do abuso sexual infantil a curto e a longo prazo
Antes de examinarmos os sintomas listados pela literatura como estando
associados ao abuso sexual, cabe relembrar o alerta de Follette (1994) de que a
"natureza correlacionai de quase toda a literatura até hoje não permite a inferência
de uma relação direta causal entre abuso sexual e problemas psicológicos a
longo prazo" (pág. 256).
Em decorrência, a autora prefere a expressão fator de risco em vez de efeito.
Kendall-Tackett, Williams e Finkelhor, 1993, fizeram uma revisão de 45 estudos,
concluindo que as crianças vítimas de abuso sexual apresentavam mais sintomas problemáticos
do que as crianças não abusadas sexualmente. Dentre os sintomas imediatos (a curto prazo)
apresentados, encontra-se o comportamento sexualizado, que ó o mais estudado e, embora
ele não seja exclusivo de crianças vítimas de abuso sexual infantil, continua sendo o que
melhor discrimina entre crianças que tenham sofrido abuso ou não. Nesta categoria encontram-
se as brincadeiras sexualizadas com bonecos, a colocação de objetos no ânus ou na vagina,
a masturbação excessiva em público, o comportamento sedutor, a solicitação de estimulação
sexual e o conhecimento sobre sexo inapropriado à idade.
Demais sintomas encontrados na literatura são: ansiedade (manifestando-se em
medos e pesadelos), depressão, comportamento de isolar-se, queixas somáticas,
agressão, problemas escolares, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, comportamentos
regressivos (enurese, encoprese, birras, choros), fuga de casa, comportamento autolesivos
e ideação suicida.
Convém lembrar, entretanto, como menciona Meichenbaum (1994), que uma
porcentagem considerável (20 a 50%) de vítimas não apresenta sintomas após o abuso
sexual, sendo que o mesmo autor menciona Harvey e Herman (1992), que enfatizam que
não há um perfil sintomático para as vitimas de incesto.
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Brino, R. F., & Williams, L. C. A. (2001). Avaliação de uma intervenção com professoras para
melhorar seu desempenho frente a casos de abuso sexual infantil [Resumo]. In Sociedade
0 presHnta artigo abordo as principais características, bem como descreve um brave histórico, prevalência, comortoldadas
mais freqüentes e os principais tratamentos do Transtorno Obsessivo-Compulsivo. O TOC pode ser considerado como
sendo um transtorno quo envolve grande sofrimento e possui características particulares comparado aos outros transtornos
de ansiedade, como por oxemplo, a natureza bizarra e mAglca dos pensamentos. Historicamente, o TOC vem tendo melhor
o8tudado nas ultimas décadas e j(k foi considerado um problema relacionado a influências demoníacas nos seus portadores.
A prevalência de portadores de TOC, através dos principais estudos epidemiológicos, varia entre 1 e 3% da populaçAo
mundial, provavelmente pelo maior conhecimento que se tem do problema nos dias atuais, alêm da maior especificidade dos
instrumentos de diagnóstico. As principais comorbidades observadas em pacientes com TOC sAo a sintomatologia de
depressão, outros transtornos de ansiedade, transtornos de personalidade evltativo e fôblco, síndroma do Tourrete, dentre
outroH Os principais e mais eficazes tratamentos do TOC foram desenvolvidos na abordagem comportamental, no entanto,
modelos e tócnlcas relacionadas A abordagem Cognitivas e Cognitivn-Comportamental vêm sendo estudados e desenvol
vidos no Intuito de ampliar a gama de tratamentos psicoterápicos nos pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo
This paper Is about some characteristic, history, prevalence, frequent comorbiditiy arid principal treatment in Obsessivo-
Compulsive Disorders (OCD) Patients with OCD foaling great suffer and this disorder has soma differences comparing with
the others anxious disorders , like bizarre and magic thoughts. In last decades OCD have been studied better, but In the past
OCD patients weru considered like had demoniac influences. Principals epidemiological studies shows that OCD prevalence
vary since 1% until 3% of population probably because new methods of diagnostic and the researchers and clinics has more
information about this problem. Principals OCD comorbidity are depression, other anxiety disturbs, personality disturbs like
avoid and fobic and Tourret. Behavior therapy is the most efficacy treatment in OCD patients, but Cognitive and Cognitive-
Behavlor Therapies are1)oon studying to give more treatment options to this problem.
* Doutor em Ciências pelo Departamento da Pncotogw Médica • Psiquiatria da Univcwsidade Federal de SAo Paulo -UNIFP8P (Esoola Paulista de
Medicina), Docente das Universidade* Bra/ Cuba/ e Cenlro UniversitArlo Hermlnio Ometlo de Araras
"Doutoranda pela Universidade de Campinas (UNICAMP), Docente do Centro Universitário Hermlnio Ometto de Araras
*** Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CampInas) e docente da Universidade f.stadual Paulista MúUo d*
Mesquita Filho" UNESP Bauru
166 M d k ilim Nunes Kaptisla, Rosana Ritfliclto Dias e Sandra Leal Calais
tempos, o TOC já foi considerado, anteriormente ao século XIX, como obra do demônio ou
bruxaria, sendo que a partir do mesmo século os sintomas do TOC já começaram a
despertar um interesse científico e foram considerados como parte da depressão.
Posteriormente, o TOC passou a ser descrito como um transtorno com suas características
particulares (Salkovskis e Kirk, 1989).
Lady McBeth ô um exemplo de ficção de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, em
que havia a predominância da compulsão de lavagem. Dentre outros nomes na história,
que podem ser citados como exemplos de TOC, está também Charles Darwin, o pai da
Teoria da Evolução das Espécies (Rachman, 1994).
Anteriormente à década de 60, o tratamento e prognóstico para o TOC não eram
favoráveis, já que os medicamentos psiquiátricos da época não conseguiam resultados
concretos. Da mesma forma que os medicamentos, as técnicas psicoterápicas,
principalmente as baseadas em condicionamento, estavam em pleno desenvolvimento e
as primeiras tentativas de psicoterapia começavam a surgir timidamente, também sem
resultados generalizáveis. Um outro fator importante, que talvez resultasse em um mal
prognóstico e falta de tratamento adequado para o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, diz
respeito à própria definição e compreensão do problema no passado, pois não havia estudos
suficientes para caracterizar de maneira adequada o distúrbio.
As duas primeiras versões do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders
(DSM), nos anos de 1952 e 1968, continham definições breves e inespecíficas da então
conceituada Síndrome Obsessiva-Compulsiva. Somente a partir da terceira edição do DSM,
em 1980, é que o TOC foi melhor definido e especificado enquanto um Transtorno
Psiquiátrico (Riggs e Foa, 1993).
No entanto, o TOC pode ser considerado como um transtorno crônico e incapacitante,
nas suas formas mais sérias, além de ser considerado o quarto maior problema psiquiátrico
nos Estados Unidos, sendo precedido pelas fobias, depressões e abuso de substâncias
químicas (Hollander, 1997; Karno, Golding, Sorenson e Beuman e 1988).
Epidemiologia do TOC
Como citado anteriormente, a dificuldade em se diagnosticar o TOC possivelmente
proporcionou uma variação na prevalência deste transtorno ao longo dos tempos. Stoll,
Tohen e Baldesarini (1992) teorizam que o aumento nos diagnósticos de TOC se deu, não
pelo aumento real da prevalência, mas sim pela sensibilidade em diagnosticar o problema
e no interesse da comunidade científica sobre ele, através de publicações freqüentes nos
últimos anos.
Hoje em dia, sabe-se que a prevalência do Transtorno Obsessivo-Compulsivo
pode variar de 1 a 3% da população, além de proporcionar ao seu portador um acentuado
e progressivo sofrimento clínico, perturbação de tarefas cognitivas (concentração, leitura,
pensamento etc.) e diversos problemas nas áreas social, pessoal, afetiva, familiar e
profissional do indivíduo (APA, 1995; Karno e cols., 1988). Pode-se hipotetizar que mais
de 50 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com este transtorno, fazendo do TOC
um problema de saúde global bastante sério (Sasson e cols., 1997). Hollander (1997),
citando alguns dados sobre os Estados Unidos, relata o quanto o TOC é dispendioso do
ponto de vista da saúde pública, sugerindo que aproximadamente 8.4 bilhões de dólares
são gastos por ano no tratamento de TOC.
Comorbidades
O termo comorbidade pode ser definido pela junção de duas palavras em latim,
sendo elas cum e morbus, em que a primeira significa correlação, e a segunda, estado
patológico ou doença. Assim sendo, segundo Petribú e Bastos (1997), a palavra
comorbidade deve ser expressa somente para descrever a coexistência de transtornos e
doenças, e nãô de sintomas. Para isto, os transtornos comórbidos devem compartilhar
prováveis etiologias, sintomatologias, ambos considerados transtornos mentais.
Porém, para Van Praag (1996), o termo comorbidade pode possuir diversos
significados, como por exemplo o sofrimento simultâneo por diversos transtornos discretos
ou um transtorno primário derivando transtornos secundários, ou ainda a combinação de
sintomatologias dos eixos 1 e 2 que podem ocorrer simultaneamente, dentre outras
explicações. Sendo assim, para a autora, o termo pode conter falta de clareza e acaba
sendo utilizado de maneira incorreta ou indefinida. É importante observar que os dois
problemas devem ocorrer imediatamente anterior, posterior ou seqüencial para serem
considerados comórbidos (Petribú e Bastos, 1997).
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo também está associado a diversos outros
transtornos, tais como: Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Bipolar, outros Transtornos
170 M d k ilim Nunes Baplistd, Rosana Kighctto Dms e Stimird l.cal Calais
Já naquela ópoca, Meyer descreve dois casos tratados e relata o seguinte: “Não
pode ser fortemente sustentável, contudo, que a mera estadia em um hospital e o
relacionamento com um terapeuta possam trazer melhoras... parece improvável que a
remissão espontânea ocorra durante este período" (pg. 279).
As técnicas baseadas na terapia comportamental, até então mais estudadas e
aceitas no uso do TOC, podem ser consideradas como eficazes e bem documentadas; no
entanto, observa-se que, atualmente, os princípios e técnicas utilizados pelas abordagens
Cognitivo-comportamentais e/ou Cognitiva vem ganhando espaço e respeito no meio módico
e psicoterápico.
Problemas como falta de incidência de recaída bem documentada; desistência
ao aderir às técnicas comportamentais e procedimentos que envolvem algum sofrimento
são pontos importantes de serem compreendidos para o investimento em outras técnicas
e ou linhas teóricas que possam possibilitar uma maior gama de tratamentos para o
paciente com TOC (Salkovisks, 1992). O mesmo autor indica o desenvolvimento de técnicas
da Terapia Cognitiva como coadjuvante nos tratamentos comportamentais e também para
pacientes que não foram beneficiados pelas técnicas comportamentais.
Van Oppen e Arntz (1994) expõem algumas situações em que as técnicas
cognitivas podem ter valor, ou seja, pacientes que não melhoram com exposição e prevenção
de resposta; pacientes que desistem ou não conseguem se engajar em técnicas
comportamentais que envolvam estímulos aversivos e, por último, a Terapia Cognitiva pode
ser efetiva com pacientes que somente sejam obsessivos ou que apresentem depressão
em comorbidade.
Freston, Rhéaume e Ladouceur (1996) enfatizam a importância da abordagem
cognitiva no tratamento de TOC, principalmente em relação às formas que os pacientes
utilizam para avaliar os pensamentos intrusivos, pois desta maneira novas estratégias
podem ser sugeridas para cada tipo de esquema de avaliação.
Algumas técnicas cognitivas utilizadas em pacientes com TOC, além das técnicas-
padrão utilizadas na Terapia Cognitiva (Beck, Rush; Shaw e Emery, 1979; Ellis e Dryden,
1987; Dryden e Rentoul, 1991; Zarb, 1992) são relatadas nos artigos de Van Oppen e
Arntz (1994) e Freeston e cols. (1996), sendo que a maioria delas se baseia na forma
como o sujeito avalia seus pensamentos intrusivos e deriva suas conseqüências, além de
muita informação, biblioterapia e guidelines para o cliente.
RachmaPi (1997) defende que as técnicas comportamentais (como parada de
pensamento; controle de obsessões pelo uso de punição por elástico e outras) não são
eficazes, ou só são por algum tempo, pois a reincidência é alta nestes casos. Uma das
bases conceituais para tal afirmação focaliza que estas técnicas não abordam diretamente
o cerne do problema, ou seja, os erros de interpretação: no entanto, este tipo de argumento
é passível de diversas controvérsias entre clínicos e pesquisadores que utilizam a
abordagem comportamental, cognitivo-comportamental e cognitiva.
Em um artigo de revisão realizado por James e Blackburn (1995), os autores
citam que as técnicas cognitivas ainda não possuem estudos suficientes para serem
julgadas como de alta eficácia no auxílio do tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo,
principalmente porque ainda não foi observado um número suficiente de pesquisas
controladas (experimentais), as quais poderiam favorecer uma conclusão suportiva. No
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174 Mtikilim Nunc* Bdplistd, Rown.i ki^hrtto l>iat t Sandr.i l.r.il C\il<iis
Capítulo 18
Psicologia do esporte no contexto escolar
A psicologia do esporte está normalmente associada ao esporte de alto rendimento. No entanto, sua aplicaçAo pode se estender
a outros setores, entre os quais o educacional, presente em escolas e clubes Nestes ambientes, a performance esportiva
deixa de ser prioritária e os aspectos educativos tomam-se os mais importantes. Os objetivos relacionados ao desenvolvimen
to motor, anatômicos e fisiológicos devem ter a mesma importância dos cliamados benefícios psicológicos. A motivação
presente nas aulas deve proporcionar ganho« para a auto estima, auto confiança, habilidades sociais, comportamento criativo
e outros termos usados em desenvolvimento humano. Dentro de uma abordagem behavlorlsta radical estes fenômenos
dependem de variáveis ambientais com as quais estejam funcionalmente envolvidos. Este trabalho apresenta uma interpreta
ção analítico comportamentai dos processos comportamentais que se referem a estes ganhos psicológicos e oferece
estratégias para atingi-los A intervenção neste ambiente á direcionada ao profissional de educaçAo física, para que este possa
ter uma atuaçAo efica/ no arranjo das contingências promotoras do bem estar psicológico.
Sport psychology is normaly associated to high performance. Nevertheless, its apllcatlon can be brought to other areas,
between them the educational, present In school and clubs. Inside them, the high performance Is deferred to educational
aspects. The alms of motor, anatomic and physiology development, must have the same importance than the psychological
The motivation in the practice must be able to develop the self esteem, self confidence, social skills, creative behavior and
other terms used In human development In a radical behaviorism approach this phenomena are environment variables
dependent with wich been funcionally involved This work, presentes rta analytical behavior Interpretation of behavioral
process referred to psychological profits and offers estrategics ways to get It. The Intervention is toward the physical
education teacher whose can plan the contingencies necessarys to psychological healthy.
176 0117.1
)oJo Vtccnte d r S Març.il
Disciplina (contingências a longo prazo) e resistência à frustração (desporto).
wm+ Habilidades para solução de problemas e criatividade
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos (Weinberg e Gould, 2001) indicam que,
entre as principais razões para a prática na escola, indicada pelos próprios alunos, estão a
diversão, a percepção de competência, a afiliação a grupos, as emoções e excitações envolvidas.
A avaliação do interesse dos alunos pela prática esportiva pode ser feita de várias
maneiras. Através do relato do professor (e.g., “qual a reação dos alunos às atividades propostas
por você"), de observações in loco (e.g., qual a prontidão para iniciar as aulas, qual a reação dos
alunos quando a aula acaba), de entrevista com os alunos (e.g., "o que você gosta e o que não
gosta nas aulas de educação física ou nos treinos?"), questionários (e.g., “você já quis faltar à
aula de educação física? Por qual razão?"), vídeos (e.g., fisionomia dos alunos etc.) e outros.
A seguir, serão analisados cada um dos objetivos em relação aos alunos e
apresentadas estratégias para alcançá-los.
Motivação
A motivação para a prática é o principal aspecto a ser considerado e está diretamente
associada aos chamados ganhos psicológicos. Normalmente, o termo motivação está
relacionado a variáveis internas como determinantes do comportamento. Segundo da Cunha
(2000), na análise do comportamento, o papel de tais processos internos inferidos tem sido
minimizados em favor de causas ambientais do comportamento. Martin (2001), em sua
interpretação analítico comportamental dada à psicologia do esporte, também afirma que as
estratégias motivacionais são encontradas basicamente em contingências ambientais relativas
ao comportamento, e não dentro do indivíduo. Martin complementa da seguinte maneira:
Uma vantagem da abordagem comportamental é que ela fornece ao treinador uma varieda
de de estratégias para motivar para os treinos e para a persistência no treinamento. Em
vez de tentar selecionar atletas que parecem yá estar altamente motivados, o técnico pode
aumentar a probabilidade de comportamentos altamente motivados em todos os atletas,
através da reestruturação das contingôncias ambientais.(p, 147)
Esta análise feita ao esporte de alto rendimento também se aplica o desporto escolar,
à aula de educação física. Assim, em vez de afirmar que um aluno não faz aula porque não quer,
não sente vontade ou está desanimado, busca-se saber por que a aula não lhe é reforçadora (ou
lhe é punitiva), não lhe faz falta. Estar sem aula não afeta o efeito reforçador da mesma, justamente
porque esta nada tem de reforçador. Portanto, a tarefa do professor seria a de como contribuir
para tomar a atividade, por ele proposta, reforçadora para o maior número possível de alunos. É
necessária uma atenção especial para aqueles alunos que apresentam um baixo desenvolvimento
motor, sendo assim os menos reforçados e os que desistem mais facilmente da prática esportiva.
São apresentadas a seguir algumas estratégias que buscam aumentar o valor
reforçador da aula:
Quando a aula é reforçadora
<2> Apresentar atividades com boas perspectivas de ôxito e adequadas ao
nlvel de desempenho dos alunos.
<5> Apresentar atividades lúdicas.
<2> Variar atividades.
<£> Reforçar participação e progressos.
<2> Reforçar cooperação e apoio entre os alunos.
Atividades lúdicas
Referências
Buscou-se analisar oa dois objetivos terapêuticos mais comuns na prática clinica, autoconhecimento n autocontrole, á
luz da teoria sobre correspondência entre comportamento verbal (dizer) e nâo-verbal (fazer) Autoconhecimonto foi
relacionado á seqüência fa/er dizer e autocontrole è seqüência dizer fazer. Discutiu-se a pertinência destas análises do
acordo com a literatura analltico-comporlamontal O objetivo nâo foi o de dividir a complexidade da terapia nesses dois
momentos isolados, já que se trata apenas de uma divisão didática, servindo de norte para o terapeuta orientar sua
atuação. Análise da literatura mostra que a mudança no dizer poderá facilitar a mudança no fazer correspondente e quo
o treino de correspondência (TC) é uma estratégia eficaz no aumento da freqüência de comportamentos nflo-verbais.
Assim, a correspondência entre verbal e nâo-verbal, mais do que instrumento terapêutico, poderá ser considerada como
objetivo terapêutico. Considerando resultados empíricos, sugnre-se que o treino dlzer-fa/er-dlzer poderá ser estratégia
valiosa em um momento Intermediário da terapia, quando a ênfase deixa de ser autoconhecimento e passa a ser
autocontrole. Essa sistemática já demonstrou ser uma seqüência potencialmente poderosa na aquisição e manutenção de
comportamentos nôo verbais, além de ser bem adaptável ao getting da terapia A presente análise nâo pretende oferecer
a abordagem definitiva á terapia, mas uma possivel. A implementação desses treinos será discutida em maiores
detalhes.
Palavras-chave: autoconhecimento, autocontrole, correspondência verbal - nflo-verbal
Two Important goals of therapy are self-awareness and self-control. Their Importance arises from the relationship of each
to verbal and nonverbal behavior sequences. In relation to self-awareness, nonverbal behaviors precede verbal behaviors.
With self-control, verbal behaviors precede nonverbal These relationships (correspondences) are discussed In tho
context of behavioral analytical literature, which indicates that changes in verbal behavior facilitate nonverbal changes.
Correspondence training (CT) therefore provides a sound basis for supporting nonverbal behaviors. The CT including
"verbal - nonverbal - verbal" behaviors (say-do-say) is an effective tool during the Intermediate stages of therapy, as
focus shifts from self-«wareness to self-control. Well-suited to a clinical therapy setting, CT can assist nonverbal
acquisition and maintenance. This analysis emphasizes CT not as the definitive approach to therapy, but as one tool
employed during the course of therapy. The Implementation of CT will be discussed in detail
Key Words: self-awareness, self-control, verbal - nonverbal correspondence.
A frase titulo deste capitulo é uma referência direta aos dois objetivos terapêuticos
mais importantes, por serem os mais comuns: autoconhecimento e autocontrole. Talvez
seja essa a grande contribuição da Psicologia à sociedade. O próprio Skinner, mesmo
1) Autoconhecimento e correspondência
No início do atendimento terapêutico há uma expectativa de que o cliente generalize
seus comportamentos inadequados para o ambiente intra-sessão, mais especificamente
para a relação terapêutica. Dessa forma, o fóbico social poderá ter dificuldades de se
expressar, o ansioso talvez apresente estilo verborrágico ou a depressiva faça uma análise
negativa do final de semana. Na Psicoterapia Analítico-Funcional (FAP), esses
comportamentos recebem a denominação de comportamentos clinicamente relevantes do
tipo 1 (CRB1) (Kohlenberg e Tsai, 19911). Nesse momento o terapeuta incentiva seu cliente
a descrever suas queixas, contextualizando-as em sua história de vida e descrição de
mundo atual. A ênfase recai sobre a modelagem de descrições fidedignas, ampliando
comportamentos de auto-observação, discriminação e descrição do cliente.
1 ?001
hm Mte livro foi lançado *m portuguê* p<tla «dilora EStTac, oom Iraduçfto organizada por R R Karbauy
2) Autocontrole e correspondência
1 8 ô Marcelo Beckert
Definindo o autocontrole. Para Skinner (1994), controle ocorre quando
contingôncias são estabelecidas a fim de alterar a probabilidade de dado comportamento.
Controle externo ocorre quando esse arranjo de contingôncias é feito por outras pessoas,
e autocontrole quando feito pela própria pessoa. Skinner ressalta que o autocontrole
envolve, na realidade, duas respostas - a resposta controladora e a resposta controlada.
A resposta controladora ó emitida pelo próprio sujeito e consiste em uma manipulação
de variáveis ambientais (programar despertador) das quais a resposta controlada ó função
(acordar tarde), alterando sua probabilidade de ocorrência.
O autocontrole não é uma propriedade do indivíduo, nem uma propriedade do
ambiente, mas o produto da relação entre os dois. Assim, autocontrole ô produto de
contingôncias de reforço e punição e, enquanto tal, um comportamento aprendido (Abreu-
Rodrigues e Beckert, no prelo). Nesse sentido, o terapeuta assume a importante função
de auxiliar o cliente nessa aprendizagem, assistindo-o na identificação de formas
alternativas de comportamentos não-verbais e suas possiveis conseqüências reforçadoras
e incentivando-o na implementação de novos repertórios comportamentais.
O papel da terapia. A proposição do autocontrole como repertório a ser
implementado é corroborada pelo modelo construcional de intervenção, uma das mais
importantes contribuições para a terapia analítico-comportamental, proposto por Israel
Goldiamond (1973,1974). Conforme esse modelo, a terapia deve sempre estar voltada
para a construção de repertórios mais adaptativos e, não, à eliminação de comportamentos
indesejáveis.
Uma vez definidos pelo cliente os comportamentos que deseja fortalecer em
intensidade, magnitude e/ou freqüência, a terapia passa a focalizar a aquisição desses
repertórios. Quando o repertório desejado é o de autocontrole, várias estratégias são
utilizadas na terapia analítico-comportamental (i.e., uso de instruções e auto-instruções,
modelagem, modelação, treino de assertividade, de habilidades sociais ou de solução de
problemas).
Outra estratégia possível é o treino da correspondência dizer-fazer, que poderá
ser implementado com a expectativa de que o dizer anterior possa exercer controle
discriminativo sobre o fazer, facilitando a emissáo deste. Importante perceber que á medida
que o cliente consegue fazer aquilo que disse que iria fazer, colocando o fazer como
função do dizer que o antecede, estará apresentado autocontrole, já que o próprio sujeito
estará criando cqntingências que tornarão seu comportamento futuro mais provável de
acontecer. Um homem que faz o que prometeu fazer será provavelmente visto, pela
comunidade verbal de que faz parte, como tendo controle sobre a própria vida. A proposta
também é convergente com a definição skinneriana, já que dizer e fazer são respostas
emitidas pelo próprio cliente - a que controla e a que é controlada -, sendo que a primeira
(dizer) poderá afetar variáveis ambientais de forma a alterar a probabilidade da segunda
(fazer). Ou seja, quando o próprio cliente diz o que vai fazer, ele estará ‘auto-gerenciando’
as contingências que mantêm o comportamento.
O que a pesquisa básica tem a dizer? Catania e colaboradores perseguiram a
hipótese de que a mudança no comportamento verbal de um indivíduo pode facilitar a
mudança no comportamento não-verbal correspondente. Esses autores indicam também
ser mais fácil mudar o comportamento humano modelando aquilo que alguém diz do que
modelando diretamente aquilo que alguém faz. O grupo conduziu alguns experimentos e
A Figura 2 ilustra esse procedimento de cinco etapas. Em uma fase inicial (etapa
1), há maior ênfase na seqüência fazer-dizer, conforme já descrito. O reforço social do
terapeuta é contingente à ocorrência de correspondência entre eventos relevantes do
passado do cliente e o relato desses acontecimentos - algo semelhante aos CRBs do
tipo 3, descritos pela FAP. Posteriormente, há o acréscimo do relato daquilo que gostaria
de fazer, o dizer anterior ao fazer (etapa 2). O terapeuta oferece dicas (prompts) para que
o cliente verbalize essas intenções de ações futuras, geralmente ao final de uma sessão
e, para a verbalização do fazer passado, geralmente no início da sessão posterior. O
reforçamento é contingente à ocorrência da seqüência com os três comportamentos.
Nessa etapa ó importante que o terapeuta auxilie o cliente a especificar o primeiro dizer.
Comportamentos não verbais de difícil execução deverão ser evitados a princípio.
Estando a cadeia dizer-fazer-dizer estável, o terapeuta oferecerá prompts apenas
para a verbalização anterior ao fazer, e o reforçamento estará contingente à emissão da
seqüência dizer-fazer, com retirada gradual do dizer posterior - fading out (etapa 3).
Observa-se que, mesmo não fazendo mais parte da contingência de reforçamento, ó
comum que clientes continuem emitindo a verbalização e descrevendo eventos ocorridos.
Isso quase sempre ocorre na função de 'relato de conquistas obtidas' (“eu disse que faria
tal coisa e realmente fiz").
4) Conclusões
Referências
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194 M a n d o Rfckfrt
Capítulo 20
Notas sobre a atualidade de Ciência e
Comportamento H um ano
O livro Ciência e Comportamento Humano è fruto de um conjunto de aulas que Skinner ministrou em Harvard, no final dos anos
40 O material das aulas foi aditado e enviado para publicação, em 1951 Tal como foi publicado, o livro está dividido em seis
seções, com um total de 29 capitulo«. Estes capítulos foram classificados por nós om quatro conjuntos: os fundamentos
de uma ciência do comportamento, os conceitos que constituem o sistema explicativo, a análiso do comportamento humano
individual n a superação dos limites estabelecidos entre as diferentes áreas do saber Partindo de alguns comentários sobro
a história do livro e do como ele foi organizado, sâo destacados aspectos sobre cada uma das dimensões do empreendimonto
cientifico abordados no livro a) alguns fundamentos da ciência do comportamento, b) aspectos conceituais polêmicos, c)
implicações da extensAo destes conceitos para a análise do comportamento humano individual e d) a cultura como
determinante do comportamento e as implicações desta determinação.
The book Science and Human Behavior is the product of Skinner’s courses at Harvard University during the late 40 s.
Skinner's clHssroom notes were edited and sent to publication in 1951. The book is divided in six sections and 29 chapters.
The present authors classified these chapters Into four groups: the pnnciples that Inform a science of behavior, the concepts
that constitute Skinner's explanatory system, the analysis of individual human behavior, and the surpassing of thn
established limits among distinct sciences Beginning with a lew comments on the history ol tho book and its organization,
the authors discuss specific aspects about each one of the dimensions of the scientific endeavor: (a) somo of the
philosophical principles of the science of behavior, (b) polemic behavior analysis' concepts, (c) consequences of the
extension of these concepts to the analysis of individual human behavior, and (d) culture as a determiner of behavior and
the implications of this assumption.
196 M a n a A m a i la Andery, N llz a M ich clcfto e Tereza M a ria de Azevedo Pire* Sítio
Os comentários de Skinner indicam que ele se dava conta de que Ciência e
Comportamento Humano representava uma perspectiva singular diante das perspectivas
difundidas na psicologia, naquele momento. Singular porque representava a abordagem
de um "objeto" distinto do que tradicionalmente vinha sendo abordado pela psicologia
(como ele mesmo diz, referindo-se ao curso que originou o livro, “eu havia ensinado um
tema (matter) muito diferente") e porque este objeto era tratado de formas inéditas na
psicologia (ao falar de seu livro, Skinner ressalta, com humor, estas diferenças: ausência
de labirintos, de curvas de aprendizagem, de recurso a estatísticas, de referências aos
genes...).
O reconhecimento de tais singularidades, entretanto, não impediu Skinner de
identificar problemas que dificultavam a vida do leitor e de planejar mudanças no livro para
aproximá-lo de um texto introdutório.
"Em 1958, eu planejei rever Ciência e Comportamento Humano para torná-lo
mais semelhante a um texto introdutório. Eu omitiria as seções mais difíceis,
adicionaria algumas figuras, tabelas, gráficos e fotografias, descreveria algumas
demonstrações e daria mais exemplos do cotidiano. Em um movimento
ecumênico, adicionaria algo sobre traços e atitudes e gastaria mais tempo com
Freud. Um segundo livro, uma análise avançada, conteria o material removido
do primeiro, com mais atenção para questões técnicas tais como percepção,
tomada de decisõo e julgamentos de valor. “(pág. 228)
No entanto, esta revisão jamais foi feita2e ainda hoje contamos com Ciência e
Comportamento Humano no formato em que foi originalmente publicado em 1953\
Essa breve história sobre o que poderia ser visto como a origem de Ciência e
Comportamento Humano já dá pistas sobre as dificuldades envolvidas nas tarefas de
caracterizar, compreender ou avaliar o livro. Não podemos, sem certa dúvida, afirmar sua
idade: qual a data que melhor representaria o momento de produção do livro ? Poder-se-ia
tomar 1948 (quando os primeiros manuscritos foram distribuídos), poder-se-ia tomar 1951
(quando a primeira versão foi enviada), poder-se-ia tomar 1952 (quando o manuscrito foi
enviado para o editor), ou poder-se-ia tomar 1953 como datas possíveis do momento de
produção primeira do livro. Ciência e Comportamento Humano passou dos cinqüenta, está
nos cinqüenta, ou está quase nos cinqüenta? Seja qual for nossa opção, o livro permanece
até hoje com suas características originais; assim, pode ser tomado com documento do
desenvolvimento do sistema explicativo skinneriano, nos anos 40-50; o que, quase de
imediato, sugere^a pergunta: o livro vale apenas como registro desse momento?
'Skmnar ralata qua praaaionado eipednlmwUe por quMttoa fmarwara«, chagou * propor aMcM*an um novo laxto. ani conjunto com W HermatMn Raima
também giw o projato jamak chagou a mt axacutado porqua tava dúvidM quanto * tua poaaMHdada da colaboração harmônica com Harmslatn (Sklnnar,
1963. péga 226.229).
'No Rraail. o livro foi tradurldo por Jofto Cláudio Todorov a Rodotfo A?zl a pubHcado pala prtmatra vw am 1067 pala Editora da Unlvaraldada da Braallln
Hoje é publicado pala Fditora Martin» Fontaa.
198 M .irid A m alld Andrry, N llfd M lcb clctto c Tcre/d M arid dc A /c v fd o Pires S írio
“Se esta /oposição entre uma filosofia tradicional sobre a natureza humana e a
concepção proposta no livro] fosse apenas uma questão teórica não teríamos
razão para alarde; mas teorias afetam práticas. Uma concepção científica do
comportamento humano dita uma prática, uma filosofia da liberdade pessoal
dita uma outra. Confusão na teoria significa confusão na prática. ...As principais
questões em discussão entre as nações, em uma assembléia pacífica ou no
campo de batalha, estão intimamente relacionadas com o problema da liberda
de e controle humano. ... Quase certamente continuaremos sendo inefetivos na
solução desses problemas até que adotemos um ponto de vista consistente. "
(pág. 9)
Além disso, a relação entre a produção de conhecimento e a atuação no mundo
não ó abordada por Skinner de uma maneira simples, unidirecional. Para perceber isto
talvez seja preciso ler com bastante atenção também as linhas finais do primeiro capítulo
de Ciência e Comportamento Humano:
Uma formulação científica [sobre o comportamento humano]... é nova e estranha.
"Pouquíssimas pessoas têm qualquer noção da extensão na qual uma ciência do
comportamento é realmente possível. De que maneira o comportamento de um
indivíduo ou de grupos de indivíduos pode ser predito ou controlado? Como são
as leis do comportamento? Que concepção geral do organismo humano como
um sistema que se comporta emerge? Apenas quando tivermos respondido
estas questões, pelo menos de uma maneira preliminar, poderemos considerar
as implicações de uma ciência do comportamento humano com respeito á teoria
da natureza humana ou á condução dos assuntos humanos." (pág. 10)
Entretanto, tais interpretações do texto de Skinner poderiam ser contestadas
com base no seu próprio texto. Há trechos de Ciência e Comportamento Humano que
sugerem uma dicotomia entre a produção de conhecimento e sua aplicação, que levam a
supor, inclusive, que o conhecimento científico ó neutro e que apenas podemos discutir a
direção de sua aplicação. A afirmação Talvez não seja a ciência que esteja errada, mas
só sua aplicação.” (pág. 5) sugere fortemente essa interpretação que parece ser confirmada
na apresentação do caráter cumulativo do conhecimento científico:
"Os resultados tangíveis imediatos da ciência tornam-na mais fácil de avaliar do
que a filosofia, poesia, arte, ou teologia... a ciência é única em mostrar um pro
gresso cumulativo... Todos os cientistas ... permitem a aqueles que o$ seguem
começar um pouco adiante." (pág. 11)
Essa caracterização pode sugerir uma concepção linear de acumulação de
conhecimento, segundo a qual a produção de conhecimento ocorre de forma desvinculada
do contexto sócio-econômico, tal com se a ciência fosse um empreendimento a-histórico.
O conflito entre as duas diferentes posições aparentemente defendidas por Skinner
só se acentua quando lemos seu livro até o último capítulo. Lá, de forma absolutamente
clara e contundente Skinner afirma a não neutralidade da ciência e sua necessária
historicidade:
"A ciência não é livre ... Ela não pode interferir no curso de eventos; ô simples
mente parte deste curso. Seria bastante inconsistente se eximíssemos o cientista
da descrição que a ciência faz do comportamento humano em geral.” (pág. 446)
200 M a ria A m alia Andcry, N il/a M ic h e ld to e Trrc/a M a ria ilc A /evcd o Pirrs Sério
4. Os conceitos que constituem o sistema explicativo
A parte que consideramos como tratando dos conceitos que constituem o sistema
explicativo proposto por Skinner envolve quase todos os capítulos da seçâo 2 (9 capítulos
dos 11 que compõem esta seção). Talvez sejam estes os capítulos que, segundo Skinner
(1984), trataram de temas já desenvolvidos no livro de Kellere Schoenfeld (1950). Nesta
parte, são abordados conceitos básicos para a análise do comportamento de qualquer
organismo. Skinner analisa conceitos que vão desde o reflexo e reflexo condicionado ató
o que pode ser chamado de controle aversivo, passando pelo conceito de drive e emoção.
Ainda segundo Skinner (1984), estes conceitos precisavam ser abordados já que eram
necessários para apresentar os demais capítulos do livro.
Esta maneira de organizar o livro (isto é, separar como uma seção os conceitos
básicos e seus fundamentos experimentais) deve ter trazido conseqüências para a sua
recepção. Ao referir-se ao curso durante o qual o livro foi redigido, Skinner (1984) diz:
"Embora meu curso fosso chamado 'Comportamento Humano’, os estudantes
logo passaram a chamá-lo 'pombos', e por uma boa razão. Eu falava sobre as
pessoas com princípios derivados de pombos. Obviamente as pessoas eram
mais complexas, mas a ciência começava com fatos simples e prosseguia assim
que tivesse tratado deles com sucesso." (págs. 26, 27)
Ao lado disso, seria bastante interessante, para entender o desenvolvimento
conceituai do sistema explicativo skinneriano, comparar os conceitos e a forma como são
abordados aqui com os conceitos e a forma com que foram tratados no Comportamento
dos Organismos (Skinner, 1966/1953/1966). Esta comparação poderia ser heurística, já
que o Comportamento dos Organismos pode ser considerado como uma primeira
sistematização dos conceitos elaborados por Skinner e, como o próprio título do livro
indica, uma sistematização que não buscava ainda a especificidade e o compromisso
com o comportamento humano. Da mesma forma, seria bastante interessante comparar
os conceitos abordados e seu tratamento com livros introdutórios de análise do
comportamento mais contemporâneos (tais como, Catania, 1998; Piercee Epling, 1995).
A título de provocar algumas reflexões, alguns comentários sobre estas
comparações são apresentados a seguir.
a) o conceito de reserva de reflexos ou de respostas
Este conceito foi elaborado por Skinner durante a década de 30 e é formalmente
apresentado no livro O Comportamento dos Organismos (1966/1953):
“Uma operação que afeta a força de um único reflexo sempre envolve eliciação.
(...) E esta relação entre força e eliciação prévia, anterior, ô tal que podomos falar
de uma certa quantidade de atividade disponível, que ô exaurida durante o
processo de eliciação repetida e da qual a força do reflexo ô, em um dado mo
mento, uma função.
Eu chamarei a atividade total disponível de reserva do reflexo" (...). (pág. 26)
Esse mesmo conceito que envolve a criação de um certo número potencial de
resposta - a atividade total disponível - para cada resposta reforçada vale também para a
análise do comportamento operante:
é
4Na*ta artigo, Skinrwr afirma gua a raaarva ‘ ( ) nto um concarto particularmente útil. nem a vteâo d« gue a axtinçêo é um proceno (1«exmisMo adiciona
multo ao fato ob*ervado qua m curva« da axtlnçâo Uto inclinada* d* um certo modo ” (p 203)
202 M.iri.i Amaltd Andcry, N i Im 'Micheletlo c Tcrc/a Maria dc A/cvcdo Pires Sério
análise desde casos simples de discriminação até comportamento verbal. Deve ser
ressaltada a presença, ainda que incipiente, das relações que mais tarde (1957) serão
chamadas de operantes verbais3:
"O comportamento verbal ajusta-se ao padrão da contingência de três termos
(...) uma cadeira ó a ocasião na qual a resposta “cadeira" ó provável de ser
reforçada (...) quando lemos alto, respondemos a uma série de estímulos visuais,
com uma série de respostas vocais correspondentes. (...) Muitas respostas ver
bais estão sob controle de estímulos discriminativos verbais. Ao memorizar a
tabuada, por exemplo, o estímulo "9 X 9" é a ocasião na qual a resposta “81“ ô
apropriadamente reforçada (...) "Fatos" históricos e muitos outros tipos de Infor
mação cabem na mesma fórmula." (pág. 109)
Talvez seja possível, inclusive, falar de indícios da noção de comportamento
governado por regras4, neste mesmo capítulo (pág. 109) e nos capítulos aqui classificados
como tratando de fenômenos sociais e culturais (por exemplo, pág. 339); nestes capítulos
encontramos também exemplos do que futuramente poderia ser chamado de operante
verbal mando (págs. 307,308).
Um aspecto que não pode passar desapercebido é a presença da expressão
“contingência de três termos" (pág. 108), exatamente quando a noção de controle do
comportamento operante de estímulos é apresentada.
d) a noção de estímulo reforçador condicionado generalizado
Finalmente, deve ser notado que Skinner não se furta a indicar possíveis lacunas
ou desafios teóricos presentes em alguns dos conceitos por ele apresentados. Podemos
citar como exemplo disso as afirmações que ele faz sobre estímulos reforçador condicionado
generalizado
“(...) os reforçadores generalizados são efetivos ainda que os reforçadores primá
rios sobre os quais se baseiam não mais os acompanhem. Jogamos um jogo do
habilidades pelo próprio jogo. Obtemos atenção ou aprovação por elas mesmas
(...) A submissão de outros ô reforçadora ainda que não façamos uso dela. Um
avaro pode ser tão reforçado por dinheiro que passará fome em vez de desfazer-
se dele. Estes fatos observáveis devem ter seu lugar em qualquer consideração
teórica ou prática. ” (pág. 81)
Sem abrir mão da origem ontológica de estímulos reforçadores condicionados
generalizados (afinal, eles dependem, para adquirir função reforçadora, de uma relação
específica com estímulos reforçadores primários), Skinner não deixa de indicar o que
pode ser até hoje uma lacuna, ou um desafio para os analistas do comportamento: tendo
adquirido esta função, tais estímulos parecem independer da continuidade de tais relações
e, mesmo assim, não são, segundo Skinner, sujeitos a operações especificas de privação.
Isto nos faz perguntar sobre as variáveis que podem ser responsáveis pela modulação do
valor reforçador de tais estímulos, já que as conhecidas e que atuam sobre outros tipos de
estímulos reforçadores (primários e condicionados) parecem não valer aqui.
* Isto Inlvoz nflo deva aer vwto com »urpreea. po« datam da meema época oe curaoe »oOre comportamento vertoal (1047) • o eoòre comportam* ito humano
(1048). durante oa qunto, reepectivamente, um Mboço do que aeria o livro Comportamento Verbal foi apreeentado e o livro CAncla a Comf>orlamento
Humano foi ascrito
•Skinner (1084) reconhece lato a. mala, indk» mu artigo da 1903. «obra comportamento oparanla. oomo aquele no qual 'uma anAHea razoavelmente
completa" de comportamento governedo por regrai rcx apreeentada e o artigo de 1000. *obre eokiçAo de problema», oomo aquele no qual aata anállaa foi
eatendlda (prtg 283)
204 M a ria A n id lid Andery, N il/a M Ich tlcH o c fereza M a ria de A /cve d o Pires Sério
“Se [recorrendo aos conceitos derivados de laboratório infra-humano para anali
sar o comportamento humano] finalmente ficasse claro que alguns tipos de com
portamento humano continuavam inexplicados, teríamos que estudá-los por si
mesmos. Meu tratamento do comportamento humano era em grande parte uma
interpretação, não um relato de dados experimentais. Interpretação era uma
prática científica comum, mas especialistas em metodologia científica haviam
dado pouca atenção a ela. ” (pág. 27)
Talvez pudéssemos falar em uma dupla ousadia metodológica. Uma claramente
explicitada no texto - o recurso à interpretação como uma prática metodologicamente
aceitável. A outra, talvez ainda difícil para nós hoje, pode até passar desapercebida: o
reconhecimento de que alguns comportamentos humanos, devido à sua especificidade ou
peculiaridade, se apresentassem como objetos de estudos enquanto tais.
206 M a ria A m a lia Andcry, N ll/a M ic lic lrlto c Icre/a M a ria de A /c vc d o Pire* Sério
descartadas por meio de reforçamento. Há ainda um terceiro tipo de seleção que
se aplica a práticas culturais." (pág. 430)
“O próprio substrato biológico é determinado por eventos anteriores em um pro
cesso genético. Outros eventos importantes sâo encontrados no ambiente nâo
social e na cultura do indivíduo, em seu sentido mais amplo possível. Estas sSo
as coisas que fazem o indivíduo se comportar como o faz." (pág.448)
Encontramos nestes trechos quase que um esboço do modelo de seleção por
conseqüências; os três níveis de determinação estão presentes e em todos eles o processo
de seleção pelas conseqüências é o processo produtor, sendo que o comportamento
individual é produto dos três níveis em conjunto.
Embora a presença deste modelo causal possa ser identificada em outros
momentos do livros, sua apresentação tão clara aqui é responsável pela inclusão do
capitulo 28 também na parte de fundamentos e isto só está sendo abordado aqui por uma
questão estratégica: em nossa opinião, a análise da cultura parece ter sido um fator
catalisador no processo de elaboração desse modelo causal.
Com este modo causal, talvez Skinner tenha levado às últimas conseqüências
toda a alteração na maneira de entender o ser humano possibilitada pelo conceito de
comportamento operante; é possível, finalmente, superar modelos mecanicistas e teleológicos,
mantendo-se estritamente dentro de uma concepção monista e materialista de mundo:
Não importa que o indivíduo possa tomar para si o controle das variáveis das
quais seu próprio comportamento é função, ou, em um sentido mais amplo, possa engajar-
se no planejamento da sua própria cultura. Ele faz isto somente porque ó produto de uma
cultura que gera autocontrole ou planejamento cultural como um modo de comportamento.O
ambiente determina o indivíduo mesmo quando o indivíduo altera o ambiente, (pág. 448)
Com certeza é importante destacar que, para Skinner, toda a determinação, e
principalmente a determinação cultural, em momento algum se opõe à individualização,
ou mais precisamente, à singularidade de cada indivíduo. Talvez, nenhuma outra perspectiva
coloque-se em antagonismo frontal com a padronização, com a homogeneização e com a
massificação como esta:
Freqüentemente se diz que
"a natureza humana é a mesma em todo o mundo". Isto pode significar que os
processos comportamentais sâo os mesmos onde quer que sejam encontrados
(...). A afirmação também pode significar que as variáveis independentes que
determinam o comportamento são as mesmas em todo o mundo e este ô um
outro problema. Dotações genéticas diferem muito e os ambientes possivel
mente mostram mais diferenças que similaridades, grande número das quais
pode ser atribuído a variáveis culturais. Obviamente, o resultado é um alto grau
de individualidade." (págs. 421-422)
’Podemo« citar como exemplo» a identificaçAo da origem dos estimulo* relorçadorea priménoa e a sugeatAo de expticaçAo da contiguidade qua parncn
caracterizar a relaçflo reaposta eatlmulo retorçador ‘ No comportamento operante superaticioao, como noa reflexoa condicionado» auperalicioaoa o
proceaso de condicionamento falhou" (pAg 86)
Referências
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Skinner, B. F.(1986). What is wrong with daily life In the western world? American PsychologJst
41, 568-574
208 M .irid A m alia Andcry, N ll/a M lc h f ld lo r Trrwa M a rla d f A /e vcd o Pirrs Sério
Capítulo 21
A buso sexual contra crianças e adolescentes:
considerações sobre os fatores antecedentes
e sua importância na prevenção *
Maria da C/raçaSaldanha Padilha
Universidade Tuiutido Paraná
O abuso sexual ê o uso da criança por parte do adulto para a própria estimulaçAo sexual, numa relaçAo de poder exercido pelo
adulto em dlreçAo á Intimidade corporal da criança O abuso soxual nflo é um transtorno, mas um evento multidetermlnado.
Modelos explicativos que considerem uma única "causa" do fenômer w poderio m revelar incompletos A avahaçSa deve ser
ampla: multi-mrttodo, multi-smtoma, multi-informantes Dentro deste enfoque, as estratégias de prevonçAo ou tratamento
devem considerar as Inúmeras variáveis que podem estar envolvidas, evitando simplificar o fenômeno. 0 objetivo deste
trabalho á explorar um modelo explicativo para o abuso sexual, considerando o conjunto de variáveis sociais, familiares e
Individuals quo podem estar Implicadas na sua ocorrência. SAo explicados os perfis da mAe, do pai ou padrasto e da criança
que participam do abuso, principalmente quando é Intra-familiar. É discutida a noçêo de risco de abuso, juntamente com o
modelo de Fllkelhor (1984) Ao final è feita uma síntese, numa tentativa de demonstrar a multldetermlnaçâo do fenflmeno do
ubuso sexual e apontar caminhos para sua prevenção
Sexual abuse happens when an adult uses a child as object of sexual stimulation, using power toward the corporal intimacy
of the child. Sexual abuse is not a disturb, but a multi-determlned event Explanation models that consider tho phenomenon
with a unique cause can be incomplete. The evaluation of the case must be wide: multi-methods, multi-symptoms, multi-
informer This model focuses that prevention or treatment strategies must consider all variables Involved on the process,
avoiding simplification of (he phenomenon The objective of this work is to explore an explanation model tor the sexual abuse,
considering all social, familiar and individual variables implicated on the process. The model explains profiles of mother,
father or stepfather, and child that participated on the process of sexual abuse, mainly inside the familiar context. The notion
of sexual abuse risk is discussed, including the model of Finkelhor (1984), trying to demonstrate that the event Is multi-
determined, and to Indicate the possibility of prevention.
Abuso é um termo usado para definir uma forma de maus-tratos. Segundo Gabel
(1997 - p.10), significa “afastamento do uso normal, uso errado, uso excessivo". Pode ser
físico, sexual ou psicológico, e envolve a intencionalidade do abusador, que é em grande
parte das vezes uma pessoa da família da criança ou adolescente contra quem é praticado
o abuso. O abuso sexual é o uso da criança por parte do adulto para a própria estimulação
sexual, numa relação de poder exercido pelo adulto em direção à intimidade corporal da
criança, sem possibilidade de escolha por parte desta (Born, Delville, Mercier, Sand e
Beeckmans, 1996).
"VerMo modificada do trabalho apresentado no X Encontro da AseooeçAo Brauietra de Pticotenipia e Medicina Comportamental. baeeado na
diaeertaçáo de mestrado da autora 'Adoleecentee InetKudonaluadat vitime» de ab utt sexual anállee de um proceeeo terapêutico em grupo' (2001),
onentada pela Prof Dra Paula Qomide do Programa de PtX grriuaçto da Univenidada Kederal do Paraná
Dados epídemiológicos
Segundo dados de 1997 daABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e Adolescência), em cada cem denúncias de maus-tratos contra
crianças e adolescentes, nove são de abuso sexual (Abreu, 1999).
Em recente reportagem, Klenk (2002) expõe os dados das denúncias feitas à
Delegacia da Mulher da cidade de Curitiba, de janeiro a maio de 2002: dos 55 casos de
violência contra crianças e adolescentes registrados neste período, 42 envolveram alguma
forma de abuso sexual, sendo o agressor na maioria dos casos o padrasto. O pai foi
apontado como o segundo agressor mais freqüente.
Os estudos epídemiológicos feitos em outros países apontam uma prevalência
do abuso sexual numa faixa bastante ampla, que é função das diferentes definições que
incluem ou não ofensas, com ou sem contato físico. Citando estudos retrospectivos, Wolfe
(1998) conclui que 27% das mulheres e 16% dos homens experimentam ao menos um
episódio de abuso sexual durante sua infância ou adolescência. Friedrich (1998) afirma
que a estimativa é de que uma em cada cinco mulheres teve experiências sexuais não
desejadas antes da idade de 18 anos.
Características do fenômeno
A duração do abuso na vida da criança pode ir de um único episódio isolado até
episódios recorrentes e rotineiros durante vários anos, sem que haja a revelação do fato
perante outros. Pode se iniciar em qualquer faixa de idade, desde quando a criança ô
muito pequena (2 ou 3 anos ou mesmo bebê), ou mais tardiamente, ou na adolescência.
O abuso sexual dentro da família pode ocorrer por vários anos, sem que haja
revelação por parte da criança, ou sem que nenhum dos membros da família fale
A noção de risco
De acordo com Runyan (1998), risco é a tendência para que um evento ocorra. O uso
do termo “avaliação de risco" implica que alguns instrumentos podem ter uma utilidade em
determinar se as crianças têm maior tendência a se tomarem vítimas de abuso. Os determinantes
do risco são ainda imprecisos, mas Runyan afirma ser possível desenvolver estratégias de
identificação de crianças de risco através de instrumentos e através do estudo epidemiológico.
Brown, Cohen, Johnson e Salzinger (1998) fizeram uma análise longitudinal ao
longo de 17 anos de fatores de risco para os maus-tratos contra a criança (abuso físico,
negligência, abuso sexual). Foram definidas quatro grandes classes de variáveis associadas
com risco de abuso sexual:
1) variáveis demográficas - juventude da mãe, morte do pai.
2) relações familiares - sociopatia materna, eventos de vida negativos, presença
de padrasto, punições severas.
3) características dos pais - gravidez indesejada.
4) características da criança - sexo feminino, portadora de deficiência.
Níveis de prevenção
O terreno da prevenção da abuso sexual de crianças é ainda pouco percorrido e
apresenta caminhos desconhecidos aos profissionais que se defrontam com casos de
crianças abusadas.
Segundo Wolfe (1998), há necessidade de prevenção em três níveis: primário,
secundário e terciário.
A prevenção primária tem como objetivo a eliminação ou redução dos fatores sociais,
culturais e ambientais que favorecem a violência, atuando nas suas causas. É o nlvel da
informação âos pais, professores, adolescentes e crianças. Enfoca escolas e populações
de risco (como meninos e meninas de rua) para educar crianças sobre riscos de abuso
sexual e sobre maneiras de enfrentar abordagens de indivíduos sexualmente oportunistas.
Wolfe (1998) aborda questões básicas sobre prevenção primária do abuso sexual,
como treinamento de habilidades pessoais de segurança, tanto ensinadas pelos pais,
quanto pela escola. Segundo esta autora, os programas variam, mas todos têm um tema
central: o abuso sexual pode ser prevenido se a criança reconhece o comportamento
inapropriado do adulto, resiste a induções, reage rapidamente para deixar a situação e
conta para alguém sobre o incidente.
Para Rangel (1998), tomar as crianças cientes de seus direitos, e dar-lhes mais segurança
para que possam dizer não às propostas abusivas dos adultos ó uma estratégia importante.
Conclusão
O estudo dos antecedentes do abuso sexual de crianças e adolescentes pode
determinar importantes fatores de risco para a ocorrência do abuso e indicar caminhos
para a prevenção. Algumas questões para pesquisa podem ser apontadas:
1) estudo de variáveis familiares em famílias onde ocorreu o abuso sexual, para
determinação de fatores de vulnerabilidade para a situação de abuso;
2) estudo do repertório de auto-proteção de crianças que não estejam em
situação de risco, e do repertório dos pais para cuidar destas crianças, a fim de determinar
suas percepções sobre a avaliação do risco;
3) avaliação de programas educacionais para prevenção primária do abuso
sexual, com a criação e testagem de instrumentos tais como vídeos educacionais;
4) desenvolvimento de estratégias para capacitação de profissionais que
trabalhem com crianças para a avaliação de risco de abuso e o encaminhamento para
intervenções através de redes de apoio, logo após a revelação do abuso;
5) avaliação de estratégias de tratamento das seqüelas do abuso sexual, tanto
para a criança quanto para a família;
6) avaliação de estratégias que evitem a revitimização de crianças e
adolescentes;
7) estudo dos comportamentos de aproximação do abusador e de estratégias
de tratamento que promovam o autocontrole destes comportamentos.
O abuso sexual de crianças e adolescentes é um campo de estudos bastante
amplo. As questões para pesquisa sugeridas acima são apenas algumas entre tantas que
podem emergir com base no estudo dos antecedentes do fenômeno, no aperfeiçoamento
dos modelos de avaliação de risco e no desenvolvimento de estratégias de prevenção, nos
níveis primário, secundário e terciário.
Abreu, V.l. (1999) Violência sexual intrafamiliar: ainda um segredo? Texto contexto
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Azevedo Guerra (orgs.) Infância e yiolência doméstica. São Paulo: Cortez.
Born, M; Delville, J.; Mercier, M.; Sand, E.; Beeckmans, M. (1996) Les abus sexueles
Mdril/d Mestre'
Neurd Cim ssj"
Este trabalho visa esclarecer o que è a mediação no processo terapêutico e qual a importância desta no trabalho em
Psicologia Mediadores são pessoas disponíveis no habitat natural do cliente, com características de empatia,
motivação e habilidades especificas Sua função A a de propiciar contingências em que ocorram mudanças
comportamentais no repertório do cliente. A participação do mediador no processo terapêutico possibilita o alcance
e manutenção dos objetivos terapêuticos.Trata-se, portanto, de um Instrumento de grande auxilio teràpico e que permite
a generall/açâo dos efeitos da terapia, do ambiente clinico para o cotidiano do cliente. O procedimento escolhido foi o
relato de caso, onde mediadores e clientes fóbicos relatam sua experiência na parceria com as psicólogas. Constam 110
trabalho 0 relato de um farmacêutico bioquímico e de dois Instrutores de direção, alôm de excertos de fala de clientes
do CPEM
This work wishes to clarify what is mediation in thetherapy process and wich is its importance. Mediators where persons
wlch are be In the clients’ habitat, with caracteristics of emphaty, motivation and speclfcs skills. Its functions are
to propiciate contmgences in what transformations occures in the clients' behaviors. The mediators' participations In the
toraphy's process, gives the possibilitie of hungs and maintenes the terapeutics objectivs. So, it is an Instrument
of therapy helps and wich permits a generalization of the therapy's gains, from the clinic to cllents'day-to-day. The
chose procedlment was the case's descriptions where mediators and phobics clients described theirs experiences In
the partners with tho CPEM's psychologists
'£ pticáloga dlntca (Uf-PR), «tpac.ialltta«m Mado» (CPEM) e M««tra em P«icoIoqi» (USPSP) Fm Doutorado em Hiatòoa (UFPR). Professora a
•uporvlaora da graduaçAo e pôa graduaçAo no curso de Psicologia da UTP
"É paicAloga clinica (T UIUTI). eepeclateta am Trânsito pala PUC PR a am Medoa (CPEM) Autora do livro "Vença 0 Medo da Dirigir -oomoauperflr
1 # a conduzir 0 volante da própria vida’.
Para que tal controle seja possível, cabe ao psicólogo treinar seu parceiro
terapêutico, seja esse o farmacêutico bioquímico, seja o dentista, seja qualquer outra
pessoa de acordo com o caso em questão: instrutor de direção, professores, pais, outros
familiares e/ou amigos.
O psicólogo deve pesquisar entre os profissionais da área em questão aqueles
que sejam considerados entre seus pares como pessoa SENSlVEL e com capacidade
EMPÁTICA. Que seja simultaneamente competente na sua PRÁTICA PROFISSIONAL.
Após um primeiro contato, quando o psicólogo estará explicando seu objetivo, é
feita a proposta de parceria de trabalho. Caso essa seja aceita, é dado ao mediador
escolhido algum tipo de leitura sobre fobia, comportamentos evitativos e princípios de
comportamento. Discute-se o (s) texto (s) e se explica a necessidade de o trabalho ser
feito em MODELAGEM, passo a passo, com exposição gradual à situação fóbica e,
acima de tudo, com o CONTROLE total dado ao cliente que conduzirá o processo.
•Dr Paulo Hemque da Silva, proí»*aof da UFPR* dlralor do laboratório Champagnat.Curitiba - PK. fona 30^3423
m M.tril7d M c s lrc e N ru /d C o rd tu
técnica deve ser muito bem explicada ao paciente, porque, após este tempo prolongado
de garroteamento, não se pode coletar o sangue. O garrote deve ser retirado, após o
uso prolongado, a circulação do paciente deverá retornar ao normal e o procedimento
retomado. Quando, durante o procedimento de coleta, mesmo com o uso prolongado do
garrote, o paciente permitir a punção venosa, deve-se imediatamente liberar o garrote e,
com a veia puncionada, aguardar alguns instantes para posteriormente fazer com que o
sangue flua dentro da seringa. O paciente deverá estar bem instruído quanto aos riscos
que ele corre, se no momento da punção da veia ele movimentar o braço.
Essas considerações do farmacêutico vém ao encontro da fala de alguns clientes,
durante e após o processo. M. (51 anos) disse após a 1■ coleta: Graças a Deus, doutora,
e a senhora e o Dr. Paulo, agora eu posso trabalhar. Aos poucos eu fui tendo certeza de
que ele não ia me forçar e que vocês dois não achavam eu um fraco. Sua fala após a alta
ó: Fui respeitado e aprendi a aceitar meu medo e hoje eu escuto o medo e me permito
fazer de um jeito a não sofrer perdas. A.(39 anos), durante o processo: Que paciência a
sua, Dr.Paulo!.... Sua mâo é bem firme, não treme e só faz o que eu digo. Ê sempre
assim? Após a alta: foi importante sentir que eu podia confiar que não ia ser tirado o
sangue sem minha autorização! Agora não tenho mais medo.
Em relação ao medo de dentistas, a história ó semelhante. Quando o dentista, já
no começo do tratamento, mostra o maquinário e seu funcionamento, deixa o cliente
operar a cadeira, é feito um contrato especial de código entre os três: cliente, psicólogo e
dentista. A presença do psicólogo garante que o desejo e o comando do cliente serão
aceitos e "obedecidos" pelo dentista. Isso deve ocorrer apenas no início do processo, pois
após essa primeira etapa o cliente aprendeu a crer no dentista e gradualmente a presença
do psicólogo ó dispensada.
Nesse caso específico, por razões óbvias, pula-se da etapa imaginária para a ida
ao consultório do dentista. Nesses casos, o psicólogo pode inserir na sessão terapêutica
alguém da convivência do cliente ou um mediador contratado, para ir ao consultório do
dentista junto com o cliente e assumir a função de co-terapeuta, até que a confiança dele
no dentista seja adquirida.
Referências
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Ncury/osé fíotcga'
Letícia fur/anctto*
Renérío FráguasJr.
Na prática clinic« pode ser muito difícil pera o profissional reconhecer a depressAo como algo 'a mais’ , além de uma doença
física quo o paciente apresenta Dois extremos podem condu/ir a erros no raciocínio diagnóstico, por um lado, pacientes
deprimidos nâo sâo diagnosticados devido á crença de quo sintomas depressivos sfto uma resposta normal n doenças
físicas que ameaçam ou alteram drasticamente a vida de alguóm, no extremo oposto, faz-se o diagnóstico do depressão em
pacientes com tristeza ou com sintomas físicos causados unicamente pela doença de base. 0 diagnóstico de depressAo em
pacientes com doenças físicas deve levar em conta os seguintes aspectos: nlvel de consciência, sintomas cognitivos da
depressa» {tdétaa de culpa, prejuízo da auto-imagem, sensaçA» de desamparo, petiumlsmo, tdétas de sulcldlo), anedonla,
antecedentes pessoais e familiares de depressAo e as características da patologia orgânica concomitante.
Palavras-chave depressAo, transtornos do humor, comorbldade
Ao longo da vida, uma em cada vinte pessoas é acometida por episódio depressivo
moderado ou graVfe. De cada cinquenta casos de depressão, um necessita de internação,
e 15% dos deprimidos graves suicidam-se. Um levantamento realizado em amostras
estratificadas de três capitais brasileiras revelou que 3% dos entrevistados sofriam de
depressão grave (Almeida Filho e cols., 1992). A depressão tem caráter recorrente: o
risco de apresentar um segundo episódio é de 50%, aumentando para 70-80% para o
terceiro episódio (AHCPR, 1993).
A depressão pode comprometer a qualidade de vida tanto ou mais do que outras
condições médicas, como artrite reumatóide ou diabetes (Wells e cols., 1989). É o principal
fator de risco para complicações cardíacas em cardiopatas (Carney e cols., 1988). A
'Pr ofe t »or Livra Docente. Departamento de Pticologla Médica • Psiquiatria - f-CM UNICAMP
jProfeesora Adjunta da Palqulatrla - Univeriidede Fadaral de Santa Catarina
' Coordenador do Serviço de Interconaultaa - Instituto de Ptiquial/ie FMUSP
Quadro 1
Doenças neurológicas: Doença cerebrovascular, Tumores frontais, Epilepsia
(principalmente de lobo temporal), Doença de Huntington, Doença de Parkinson, Doença
de Alzheimer, Esclerose múltipla, Paralisia supranuclear progressiva, Hemorragia
subaracnòide.
Outras doenças: Alcoolismo, Anemia, Deficiências: folato, B2, B12, Doença de Wilson,
Dor crônica, Infárto agudo do miocárdio, Insuficiência hepática, Insuficiência renal
crônica, Intoxicação por metais pesados, Lupus eritematoso sistêmico.
Quadro 2
Tristeza 11 68
Pessimismo 10 81
Sensação 7 61
Insatisfação consigo 8 77
Culpa 9 29
Punição 13 61
Desgosto consigo 14 87
Auto-acusação 15 48
Idéias suicidas 0 32
Choro 6 52
Irritabilidade 7 65
Perda do interesse nas pessoas 2 74
Indecisão 9 74
Mudança de imagem do corpo 10 61
Dificuldade no trabalho 32 65
Insônia 29 65
Fadiga 35 81
Perda de apetite 14 61
Perda de Peso 42 58
Preocupação sintomática 31 71
Perda da libido 35 87
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Em 1972, Holland fez a pergunta: 'Servirtocmpnt)dp$cxi nompotíamenlwsfmra os rmvoktckxwtoos? Holland rwipoori« 'sim', «firmando
que Skinnar fomece um "poderoso Iratrumefrtal para a análise do contrate exercido dentro do sistema" e indicando que para que a
ctAncia do comportamento esteja a serviço de uma sociedade igualitária devemos. interromper traballx» que estejam"a serviços da
rlque/a e poder', desenvolver trabalhos voltados "<m necessidade diretas das pessoas que lutam por libertar-se do controle e da
exploração1* da elite dominante, e expenmentar formas de controle 'compatíveis com sistemas igualitários". Holland identifica
aspectos que fundamentam sua conclusão: o behavlortsmo “nega as causa internas usadas para justificar a estratiflcaçAo" e
reconhece que "as bases dos problemas humanos estâo nas variáveis controladoras no sistema de gerenciamento da sociedade".
E«Wtanto, o aiwltsta do comportamento Vem skki também uma vlttnw do wstema, ou p t contingèma* o levam a considerar con»
cliente os agente» do sistema social que produzem os problemas para manter seu poder. Endossando a resposta de Holland,
procuramos ilustrar as dificuldades enfrentadas pelo anaksta do comportamento analisando seu papel diante do probloma violência
Palavras chave: princípios comportamentais, análise do comportamento e sociedade, analista do comportamento e prática
social, controle social.
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nal publicado em 1989)
The purpose of this study was decreasing behavioral excesses hyperactivity at home and at school, and aggressiveness
towards classmates, in a 3rd grade 10-year»old adopted boy The complaint presented by the boy’s school psychologist and
by his mother was that the client was constantly walking, jumping, talking, and trying to attract attention, even though he was
capable of doing the requested activities He was very competitive at games and playtime, often stirring up fights at school.
The therapist's analysis about the contingencies likely to be In operation was that the client emitted a high frequency of
behaviors In order to prevent the loss of generalized reinforcement The aggressiveness could be a class of behaviors
induced by a schedule of loss of gerterallzed relnforcers The therapist observed both classes of behaviors In the complaint
competitiveness (and aggressiveness) and hyperactivity— during the sessions. The procedure to deal with competitiveness-
aggressiveness consisted of making the client: observe his behaviors and feelings; observe the behaviors emitted by othor
people (therapist) and infer their feelings; and observe his own behaviors and feelings after the other person's behavior.
Appropriate tacts received generalized social reinforcement from the therapist, who also presented SDs or verbal models
when the tacts were Incorrect. The therapist also presented verbal and behavioral models in order to develop non-competitive
'Agradacamoa * Lilian de Medeiro* a Noraan Aguirra pato» comanlâDoa faitoa duranta • praparaçâo daata trabalho
'(n«tttuto da Análwa Aplicada da Comportamanlo - Camptnaa
'Inatltulo da AnAliaa da Comportamento - Campina»
Hiperatividade .
Em relação à hiperatividade, foi dito a Luiz que ele deveria permanecer sentado
durante as atividades propostas na sessão, exceto quando a própria situação determinasse
o contrário, bem como manter-se envolvido com o que estava sendo solicitado pela terapeuta
ou pela própria atividade. O procedimento adotado foi o seguinte:
1. Linha de base: numa fita, foi gravado um sinal que soava a cada 3 minutos em média
(VT 3 minutos). Quando a terapeuta ouvia o sinal, marcava numa folha de registro o
sinal +, se Luiz estivesse adequado, isto é, se estivesse envolvido numa atividade
escolhida de comum acordo com a terapeuta, emitindo os comportamentos exigidos
pela atividade sem interrompê-la, mantendo-se no local em que ela estava sendo
executada, cooperando com a terapeuta, falando sobre a atividade ou temas pertinentes
e numa freqüência compatível com a execução da tarefa. Marcava o sinal 0, se Luiz
estivesse engajado em comportamentos da classe hiperativa: estivesse fora do local
Resultados
A Fig.1 mostra a porcentagem de intervalos de observação dos comportamentos
de Luiz em que ele estava adequado, em todas as fases do procedimento Durante a linha
de base, não esteve adequado em nenhuma observação. Tais dados confirmam as queixas
da escola e da mãe. Com a introdução do procedimento experimental, houve uma mudança
drástica no seu desempenho: esteve adequado em todos os intervalos de observação.
Obteve, desta forma, o máximo de pontos disponíveis. O mesmo nível de desempenho se
manteve nas mudanças experimentais subseqüentes, tendo Luiz atingido os critérios de
desempenho para a mudança das fases no número mínimo de sessões possíveis. Dessa
forma, cabem os seguintes comentários:
a. O desempenho de Luiz revelado pela Figura 1 (que detectou uma amostra do que
ocorreu na sessão, uma vez que foram feitas sempre 20 observações de
comportamento) foi representativo do que ocorreu na sessão inteira: ele permaneceu
adequado o tempo todo.
b. A mudança drástica de desempenho revelou também que as contingências
manejadas na fase experimental (pontos trocáveis por itens materiais escolhidos
pelo cliente) foram poderosas, isto é, os itens foram reforçadores positivos.
c. Luiz já possuía o repertório de se comportar adequadamente (se não fosse assim,
seu desempenho teria que ser modelado e se alteraria gradualmente). Neste sentido,
o procedimento colocou sob controle de contingências adequadas e poderosas um
repertório comportamental pré-existente, que não se expressava porque as
contingências naturais em operação mantinham um repertório comportamental
incompatível com o desejado, qual seja, a hiperatividade. Mudadas as contingências,
mudaram 06 comportamentos. Skinner (1991a, pág. 102) escreveu:
“Comportamentos perturbados sâo causados por contingências de reforçamento
perturbadoras, nâo por sentimentos ou estados da mente perturbadores, e nós
podemos corrigir a perturbação corrigindo as contingências."
d. A mudança do dro 3 para o dro 6 foi o primeiro passo na direção do esvanecimento
dos controles arbitrários (pontos). O procedimento permitiu, ao dissociar dos pontos
(em 50% das vezes) a frase: "Observe seu comportamento", fazer dela um evento
com dupla função:
d1 .SD para Luiz observar seu próprio comportamento, um repertório de observação,
instalado pela comunidade, que é pré-requisito para instalar um padrão
comportamental de auto-observação e auto-controle;
ORO 6 min
DRO 3 min LH 3 Mg
Linha d« base LH S aeg 8D 3 min
100
90
80
% de ocorrência
70
60
50
40
30
20
10
■ ■ ■
0 1 2 1 5 6
Seaaoea
A terapeuta dizia a Luiz para escolher um jogo com que quisesse brincar com
ela. Invariavelmente, ele escolhia jogos competitivos. Durante a atividade, se estivesse
ganhando, mostrava satisfação: ria, elogiava as próprias jogadas, ironizava a terapeuta
(por exemplo, "Olha que jogadaf'\ "Eu sou demais mesmo."', "Vocô tá comendo poeira.
Olha a diferença. Estou disparado na frente.”). Se estivesse perdendo, tentava mudar as
regras do jogo, interrompia a partida, alegando que não queria mais jogar, dava desculpas
Conclusões
O estudo relatado demonstrou os procedimentos usados pela terapeuta para
instalar em Luiz comportamentos de auto-observação, de observação do comportamento
do outro e das inter-relações entre os comportamentos de Luiz e as conseqüências sociais
que produziam. A terapeuta manejou diretamente durante as sessões conseqüências
sociais reforçadoras positivas para modelar os comportamentos de observação, para atender
instruções e para imitar modelos fornecidos por ela. A terapeuta utilizou regras e instruções
para Luiz generalizar os comportamentos emitidos nas sessões de terapia para seu
ambiente social natural. Esperava-se que a emissão de comportamentos adequados nos
contextos sociais (incompatíveis com os padrões comportamentais inadequados que se
desejava minimizar) se tornassem mais prováveis se evocados por SDs verbais (instruções
e regras dadas pela terapeuta) e que, uma vez emitidos, as conseqüências sociais positivas
naturais mantivessem tais comportamentos. A generalização dos comportamentos
adequados modelados ou evocados nas sessões ocorreu para o ambiente escolar e familiar.
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Três estudos comportamentais sobra haMidades numérica* em pré-«scolarM normais e adolescentes com deficiência
mental »Ao anabsados e comparados Num. aplica-se aos conceitos d * quantidades a dafiniçAo d« conceito proposta por
Keller e Schoenfeld (1950) O comportamento alvo foi o emparelhamento do conjunto» de acordo com sua equivalência
numérica No outro, assume-se que a comprnansAo numérica Implica a equivalência entre determinados estímulos e
trabalha-se com a hipótese de que a contagem nAo seria um pré-requisito necassArlo para a aprendizagem daquelas
oquivalênclas. Foram ensinadas aos sujeitos relações entre nomes de números falados, numerais n conjuntos Numa otapa
final, foram testadas a emergência de diversas relações e a generalização com estimulos diferontes dos usados no treino
Nos dois estudos referidos, os sujeitos n io apresentavam habilidades de contagem em seu repertório e elas não foram
ensinadas O segundo foi mais bem sucedido do que o primeiro no sentido de Instalar os comportamentos alvos. Num
terceiro estudo, o ensino de três relações foi suficiente para produzir a emergência de uma série de outras relações estlmulo-
estlmulo o estlmulo-resposta Porém, os sujeitos apresentaram habilidades de contagem Já no pré-teste, tornando desneces
sário seu ensino üma discusslo sobre o papel da contagem entre as habilidades que compõem o conceito de número é
conduzida.
Three behavioral studies on numerical abilities with normal preschool children and adolescents with mental deficiency are
analyzed and compared. In one of them, the definition of concept such as proposed by Keller & Schoenfeld (1950) is applied
to concepts of quantities. Target behavior was matching sets in accordance with their numerical oqulvalonce In the other,
numerical comprehension is assumed as Implying equwaleiK« between some stimuli and the hypothesis Is that counting I»
not a prerequisite to learn those equivalences. Relations among spoken number names, pnnted numbers and sets were taught
to subjects. In a final phase, the emergence of various relations and generalization to new stimuli were tested In both referred
studies, counting skills *e re absent in subjects' repertoire and they did not were taught to them The second one was more
successful than the first to install the target behaviors. In a third study, teaching three relations was sufficient to make the
emergence of a series of other stimulus-stimulus and stimulus-response relations. Nevertheless, the subjects showed
counting skills yet in pretest, making unnecessary to teach them. A discussion about the role of counting among abilities that
constitute the number concept Is conducted.
Este capítulo versa sobre habilidades numéricas, com ênfase sobre a contagem.
Analisarei dois estudos comportamentais sobre o assunto, os quais prescindiram do ensino
dessa habilidade em particular, apontando semelhanças e diferenças entre eles tanto em
termos de procedimento quanto de resultados. Depois, apresentarei resumidamente um
estudo que conduzi recentemente e discutirei alguns pontos que considero importantes.
2 3
4 5 6
NUMERAIS IMPRESSOS
Fluuru I. Kcde de rcIncAcs cnlre os nomes de números ditados, numerais e
conjuntos usrnlos por (irecn ( t W ) ) As setas apontam dos estim ulo* modelo
l» ru o» dc coniparavAo Linhas sólidas uulicum relações treinadas e linhns
tracejadas, relavftcs emergentes
ITt
Número
süladfi.. comparação correspondente ao
modelo. CD- dado um conjunto,
í NumeraK»)
B contar seus elementos e dizer
Imcreasoí») quantos são, isto é, nomear a
num erosidade. CE- dados
diversos conjuntos com
cardinalidades diferentes,
ordená-los do menos para o mais
numeroso. CF- dados dois
conjuntos, um deles com maior
número de elementos, separar
lvl)etirM 2. Diiigramn o«k|iicmrtlico representando a rede de rcInçAcs deste um subconjunto com
que cwnptVm o conceito de número cardinal equivalente ao do
conjunto menor.
100
Ihltilif
80
60
8
S 40
* 20
0
AC AF BC BF CB CC CD CE CF
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doutorado. Universidade de São Paulo.
Escrito por terapeutas, supervisores e também pesquisadores, a FAP foi um primeiro pensar e escrever, em forma de livro,
sobre o quo se fa/ia em uma sesslo clinica, sendo um behaviorista radical. Com o aumento de pesquisas para compreender
os comportamentos complexos, ser* necessário longo percurso para incorporar ao trabalho clinico diuturno esse novo
conhecimento. Os pontos que considero de vanguarda nesse livro t i o a) a importância atribuída à relaçáo terapeuta-cliente
durante a terapia, anteriormente defendida por Ferster, e a incorporação dessa relaçáo no processo de mudança; b) a análise
cuidadosa dos comportamentos clínicos relevantes (CRBs) e a observação de sua ocorrência na sessáo, a Identificação dos
progressos do cliente na sessáo e o cuidado com as falas do cliente sobre seu próprio comportamento No entanto nflo há
instigantes pesquisas ou exercícios de interpretação dos dados clínicos.
Researchers, therapists and supervisors, the writers of this book, were the first ones to think about a book on clinical work
with a radical behaviorlst point of view. As the research for understanding the complex human behavior still Is under
development, far is the time when It will be incorporated in everyday work. The points In this book I consider Important are;
a) the importance of the client-therapist relationship during the therapy, prior emphasized by Ferster, and the Incorporation of
this relation In the changing process; b) the carefull analysis of clinically relevant behaviors (CRBs) and the observation of
problems that occur in session, the Identification of client improvements that occur in session and the verbalizations of the
client about his own behavior, Although» Instigate we need research or an “exercise of interpretation" of the clinical date.
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Grand» parta do* trabalhos identificado» com as neurociéocla» e que preocupam-se com aspectos comporlamer>tal$
concentram-se noa estudos entre as relações entre variáveis farmacológica# e fisiológicas relativas a aquisição, manutençflo
e modificação do comportamento O presente trabalho se propõe a investigar a freqüência e a qualidade dos trabalhos
apresentados no Journal of Experimental Analyau of Behaylor (JEAB). (ia «ua formação aWi o ano de 2000. A escolha do
JEAB se deu pelo fato deste ter sido o principal veiculo de divulgação dos estudos feitos por bahavlorlstas radicais. Os dados
indicaram: 1) uma produçAo percentualmente constante de material sobre farmacologia e esporádica sobre aspectos
fisiológicos do comportamento; 2) a produção percentual sobre fisiologia mantém-se numericamente constante, mHS diminui
sua Importância porcentual entre o fim da década de 00 e o Inicio dos 90; 3) a produção sobre farmacologia cresce a partir
do fim dos anos 70; 4) As drogas mais utilizadas sfio as anfetaminas e a cocaína, que respondem por cerca de 30% de todaH
as drogas utilizadas, seguidas dos barbitúricos (carca de 15 %) e dos opiôldes (cerca de 7%). Os dados obtidos indicam que
as drogas mais utilizadas s*o aquelas que alteram a função motora, levantando a hipótese de que parte dos resultados
obtidos nos artigos consultados se deva nâo a alteração dos mecanismos de aprendizagem, mas a alterações motoras
concorrentes com a resposta utilizada.
The first aim of the jobs In behavioral naurosciences is the relationship between pharmacological and physiological variables
In the behavioral modulation and modification. The aim of this job is the Investigation of the frequency and quality of papers
in the Journal of Experimental Analysis of Behavior (JEAB) around its history, into 2000. The JEAB was chousing because
is the principal divulgator of studies of radical behaviorists. Ours data indicted; 1) a perceptually constancy in works In
pharmacology and a rare production in behavioral physiology; 2) The behavioral physiology production maintained constant
In numbers but dimlnuend its percentage between the end of 60's and the starling of 90’»; 3) The pharmacological production
grow up in the end of 70's, 4) The most utilized drugs was amphetamines and cocaine, (+30% of the total), barbiturates (>15
% of total) and opioids ( +7% of total). The data indicted with the more utilized drugs altering the motor function and was and
a possible alteration of this function and no of the behavior is measured in the articles.
Mótodo
Foi realizado levantamento bibliográfico tendo como fonte o JEAB. Foram mapeadas
todas as pesquisas ligadas à farmacologia e fisiologia publicadas no JEAB de 1958 a
2000.
Foram selecionadas as pesquisas de interesse. Em seguida, estas foram
classificadas por tipos, ou seja, pesquisas de fisiologia ou farmacologia e foram organizadas
cronologicamente.
Resultados
Entre os anos de 1958 e 2000, foram encontrados 50 artigos de fisiologia e 199
artigos de farmacologia no JEAB. sendo inconstante a porcentagem de artigos ao longo
dos anos, principalmente na área de fisiologia.
A maior porcentagem de artigos de Fisiologia encontra-se nos anos 1960 (três
artigos, 5,56%), 1967 (cinco artigos, seis, 41%) e 1994 (oito artigos, 11, 59%). Ao longo
dos anos, as publicações de artigos não ultrapassam a porcentagem média de 2%, exceto
em 1958 (três, 33%), 1968 (3,81%), 1977 (dois, 53%) e 1991 (dois, 86%). Existe um
período, que se estende do ano 1969 ao ano 1993, em que apenas 15 artigos foram
publicados. Nos anos 1974, 1976, 1978, 1979, 1981-1986, nenhum artigo da área foi
publicado nesse jornal. A década de 1960 ó a que apresenta maior número de publicações
de artigos de fisiologia, num total de 23 artigos. Durante a década de 90, foram publicados
13 artigos; na década de 70 foram publicados oito artigos e nas décadas de 50 e 80 foram
publicados três artigos. Após 1994, ano em que ocorreu uma ampliação da porcentagem
de publicações na área (número temático), existe outro período (1995-2000) em que as
publicações estão ausentes, exceto por um artigo em 1998 e outro em 2000.
ano
140
ano
Total de 306
ocorrências
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Ente capitulo tem como objetivo apresentar um breve histórico das explicações analltlco-comportamentais sobre a esquizofrenia
e comportamentos classificados como psicóticos e analisar as propoBtas do tratamento decorrentes dessas explicações.
Artigos recentes que apresentam análises tendo como referencial os operantes verbais skinnerianos sAo discutidos e. a partli
dolos, novas possibilidades de interpretação e de maneio dos padrões comporlamenUils relacionados ao diagnõstlco de
esquizofrenia são sugeridas
This chapter aims to present a brief historie of the behavior analysts' explanations about schizophrenia and bohaviors
classified as psychotic Also It alms to discuss the treatments decurrent of them Recent papers that present analysis based
on Skinner's verbal operants are discussed. From this point, new possibilities of Interpretation and management of the
behavioral patterns related to the schizophrenia diagnosis are suggested
Key words psychotic Behavior; schizophrenia, analytical-behavioral therapy, analysis of the behavior
1Fxi»l*m inúmero« critério« diagnú«tiooa pura * Mqulzofranl«. raflatindo «Mim. difaranta* conoapçO#« acarca do trarwtomo Nmla trabalho optamoa pai«
de«aiçAo da Mquliofranui d« ncordo com 0« crHéflo« diagnártico« Mlab*l«cido« no DSM IV, Já qua alilaralura vem demonstrando uma lendAncln maior
para a utilUaçio d*Ma manual em trabalho« dlnlco« (Shrakawa, 1W2)
4Sdbamoa qua. no datanvofv imanto d« c m m d* aaquttofranla. a datarmlnaçío Motógnu daaampanhn um papal Importanla Noaaa experiência oom «ujertos
qua GomportomanK» pwoàUuot t«m («vatatJo • importância do iratamanto (annaoOtògtoo adequado para qua o t prooedtmenU» larapftuUoot
poeaam apraaant* algum auoaaao Eaaa lato. lodavia, nâo anuta a naoaaatdada da uma anAUao cuidadoaa daa oonUngêodaa nmttaotatt raaponeéve» paln
manutenção a por parta da inatalaçAo do problema
' Segundo Skmner (1953/1094), as explicações tradicionais do comportamento humano, de bete médica ou intrapslquica, teriam se pautado em ficçôe*
explicativa*
*0 próprio comportamento nâo tem «do aoeUo por si só como otyeto de eetudo. mas apenas conx> uma mdtceçèo de que hé alguma coita errada em algum
outro lugar Dií-se que a tarefa da terapia é remediar uma doença interna da qual ae manrfestaçóes oomportamenta» U o meroe tinloma» < ) {o quej tem
encorajado o petcotarapeuta a evHar a eepecfflceçto do comportamento a aer oorrioWo ou a demonatreçAo do porquê i desvantajoso ou perigoso * (pAgs
352 153, grifos do autor)
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Eftle trabalho Inm por objetivo discutir a relação antre o estresse, fl» crenças irracionais e inassertividade com o desencadeamento
e manutenção de doenças crônicas, especificamente a Psoriase (doença dermatológica, caracterizada como quadro crôni
co). As fontes de estresse podem ser externas e/ou internas, podendo-se citar, dentre as últimas, a ansiedade, cognlções,
nlvel de assertivldade, crenças, padrão de comportamento e capacidade de enfrentamento As respostas emocionam e os
eventos sociais conseqüentes da psoriase funcionam como variáveis que influenciam o seu curso e a gravidade, sendo que
as crenças irracionais (regras Inadequadas para a açâo) podem favorecer conseqüências emocionais o comportamentos
inadequados (estresse) na vida do paciente com doença crônica.
The goal of this paper is to approach the relation about stress, irrational boliefs and assertiveness with chronic diseases
trigger and maintenance, specifically psoriasis (dermatological disease) relation Stress sources could be internal (assertiveness,
cognition, beliefs, behavior patterns, coping) and external (accidents, deaths, births). The emotional answers and social
events from psoriasis could be result of Irrational beliefs (wrong cognitive rules to action) and and trigger stress and
Inappropriate behaviors in chronic disease patients life
' Doulorunda pala Universidade d« Campinas (UNICAMP), Docente do Canlro UntvnnuWrio I larmlnlo Omatto d* Arara*
"Doutor em Ciência« pala Universidade Federal da SSo Paulo - UNIFFSP (Esoot* Paulista da Madlcina); Dooanta das l Jmversidadee Braz Cubaz a Centro
l Jnivarsitârlo Harmlnio Ometto da Araras
"Doutora em Psicologia pala Pontifícia Univarsidada Catóhca da Campinas (PUC Campinas) a dooania da Umvarsldada Fstadual Paulista "Júlio da
Mesquita Filho* UNfcSP-Bauru
Psoriase e estresse
Para Farber e Nall (1984), a causa da psoríase é desconhecida, mas existem
fatores que aumentam sua morbidade São os chamados “fatores de gatilho". Dentre estes
diversos fatores, encontram-se, além da herança genética (50% dos pacientes tem uma
história familiar positiva), que contribue para a expressão da doença, fatores ambientais,
drogas, traumas, estresse.
Estudos como os de Farber, Nickolof, Rechet e Franki (1986); Farber e Nall (1993);
Lippe Pupo(1987); Lipp, NeryeCurcio(1991); Gupta, Guptae Wattel (1996); Diasecols.
(1996) e Dias (1998) relacionam os surtos (desencadeamento e/ou exacerbação) de psoríase
e o estresse.
Para Lipp e Malagris (1995), o conceito de estresse é descrito como uma reação
do organismo, decorrente de alterações psicofisiológicas, que acontecem quando uma
pessoa enfrenta situações que podem de certo modo irritá-la, amedrontá-la, excitá-la,
confundi-la, ou mesmo fazê-la imensamente feliz. Qualquer situação que desperte uma
emoção boa ou má, que exija mudança, pode ser caracterizada como uma fonte de
estresse, favorecendo uma quebra do equilíbrio do organismo e exigindo uma adaptação.
Para as autoras anteriormente citadas, os estressores podem ser classificados
em externos e internos. Os externos são aqueles constituídos por aquilo que ocorre na
vida da pessoa (acidentes, morte, brigas, nascimento de um filho), ou seja, tudo o que de
bom ou mal possa acontecer no mundo externo da pessoa. Os estressores internos são
compreendido como tudo aquilo que faz parte do mundo interno do indivíduo: suas
cognições, modo de ver o mundo, nível de assertividade (capacidade de expressar
sentimentos e pensamentos), crenças, características pessoais, padrão de comportamento
e capacidade de enfrentamento das situações (coping). O termo crenças, neste momento
320 Rosana Rifllictto Piiit, M .ik ilin N u n t t Kaptista e Sandra l_c.il Calais
A pesquisa de Dias e cols. (1996) objetivou o tratamento psicológico de pacientes
psoriáticos, utilizando o TCS aplicado por Lipp, Nery e Curcio (1991), para controlar
separadamente a condição psicológica “inassertividade". Os resultados indicaram que,
para o melhor aproveitamento do tratamento proposto, seria necessário também submeter
os pacientes ao tratamento de restruturação de crenças irracionais, por parecerem estar
estas duas variáveis (inassertividade e crenças irracionais) relacionadas, segundo
observações clínicas realizadas. É importante citar que são poucas as referências que
relacionam assertividade e crenças irracionais, merecendo maiores investigações.
As teorias cognitivas propõem que as crenças (regras para a ação) e os
pensamentos têm fundamental papel nas emoções e comportamentos. Para os
cognitivistas, os fatores psicológicos relevantes são os pensamentos, crenças, julgamentos
e atitudes. Estes modelos propõem que as pessoas podem apresentar vulnerabilidades
relacionadas a suposições, visões do mundo e de si mesmas, além do que, as crenças
irracionais podem levar o indivíduo a ver e perceber o mundo de forma negativa e distorcida.
Estas percepções negativas e distorcidas favoreceriam o desenvolvimento e manutenção
das perturbações emocionais (Calais, 1997).
Rimm e Masters (1983), discutindo os métodos de aprendizagem cognitiva,
apontam como fundador deste movimento Albert Ellis. Para Ellis e Becker (1982), a vida é
considerada como resolução de problemas, sendo que os mesmos são causados por
crenças irracionais básicas. Estas crenças devem ser ativamente combatidas, até que se
altere a situação e se conquiste o bem estar. Para este teórico, todos os distúrbios
emocionais estão estritamente ligados às idéias irracionais.
Para trabalhar e experimentar o conceito acima mencionado, foi desenvolvida, por
volta dos anos 60, o Sistema de Terapia Racional - Emotiva (RET) ou Terapia de
Comportamento Cognitivo (TCC). Esta psicoterapia, segundo Ellis (1973), baseia-se na
afirmação que “as desordens emocionais constituem-se, em grande parte, em problemas
de pensamento tortuoso, e que modificando o próprio pensar, é possível superar sérios
estados neuróticos.”
Um dos princípios fundamentais da RET determina que as pessoas criam suas
próprias dificuldades emocionais básicas, e não são simplesmente condicionadas, ou
agem desta forma devido a influências externas. Isto se deve ao fato de criarem idéias e
comportamentos derrotistas e por submeterem-se a um interminável processo de
autocondicionamento, com o poder de modificar a si próprias. Os demais princípios
focalizam, de certomodo, eventos externos que afetam as vidas das pessoas, por terem
elas vulnerabilidades adquiridas para avaliações inadequadas das situações. Estes eventos,
por sua vez, provocam reações emocionais, comportamentais, porém são a base das
convicções das pessoas, o que implicará sobre o que elas respondem quanto ao que
ocorre no mundo externo.
É proposto por Ellis que mesmo uma pessoa estando perturbada, nâo é o evento
ou a ocorrência de algo em si que causa ou origina os seus sentimentos ou as suas
reações, mas sim a base de suas convicções racionais, ou seja, suas idéias, pensamentos
e avaliação do que está acontecendo, proporcionando as conseqüências emocionais e
comportamentais. Estas convicções, por sua vez, podem ser divididas em: crenças
racionais que auxiliam o indivíduo a experimentar conseqüências satisfatórias e crenças
irracionais que levam a pessoa a experimentar conseqüências indesejáveis.
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L/TP
Este artigo la / * revisão a reflexão pela Análise do Comportamento da caracterização dos padrões de manipulação na«
relaçôM interpessoais proposto por I. Nazare-Aga. O conceito de manipulação è examinado em relação a sua natureza
coercitiva ou nAo-coercitiva. Propõe-se uma definição para a expressão ‘ manipuladores relacionais” utilizada pela autora:
indivíduos que se utilizam da manipulação como modo habitual de funcionamento, com o objetivo de obter benefícios para
si, a despeito das necessidades, pensamentos e sentimentos do outro e freqüentemente causando-lhe danos. Sflo apresen
tados seis padrOes comportamentais de manipulação (simpático, tlmldo, sedutor, altruísta, culto e ditador) e um check-list
de 30 itens para a caracterização do comportamento de manipulação coercitiva A co-responsabilidade da vitima na
manipulação A questionada. Conclui-se sugerindo alguns tópicos para o exame dos psicólogos e pesquisas futuras.
This article makes a revision and reflection through the Behavioral Analysis of the manipulation pattern characterization In the
inter-personal relationship proposed by I Nazare-Aga The manipulation concept Is examined In relation to Its coercive or
non-coerclve nature. A definition for the expression ‘ relational manipulators', which is applied by the author, is proposed,
individuals who apply the manipulation as an usual functioning way, targeting benefits for the Self, in spite of the needs,
thoughts and footings of the other person, frequently causing damage to the other Thero are six behavioral manipulation
patterns: (friendly, shy, seducer, altruist, educated and dictator) and a check-list of 30 Items for the characterization of the
coercive behavioral manipulation. The co-responsibility of the victim is questioned It is concluded proposing some topics for
the psychologists exams and future researches.
Manipulação e coerião
Ainda que após este arrazoado a manipulação comportamental nas interações
humanas possa ser vista com relativa naturalidade, é fato também que esta pode gerar
conseqüências nefastas quando utilizada com propósitos de coerção, isto é, quando alguém
faz uso da punição ou ameaça de punição para conseguir que os outros ajam como gostaria
(Sidman, 1995, pág. 17).
Se aquele que exerce a manipulação mantém esse comportamento de maneira
persistente em seu repertório, podemos desconfiar de um padrão manipulador coercitivo de
interação comportamental. O manipulador gera um sofrimento intenso naqueles que com
ele se relacionam em todos os ambientes (familiar, profissional e social). Entretanto, seu
padrão comportamental não ó normalmente identificado como manipulador coercitivo. Mas
se descrevemos as características do padrão em questão (que serão explicitadas mais
adiante) para um sujeito vítima da manipulação, ele imediatamente reconhece o(s) indivíduo(s)
em sua vida que corresponde(m)-lhe consistentemente. Porém, não tendo percebido o
indivíduo através deste prisma anteriormente, suas estratégias de convivência com o mesmo
são geralmente ineficazes e seu grau de stress na situação é importante.
Isabelle Nazare-Aga (1997, pág. 11), psicóloga francesa, cunhou o termo manipulador
relacionale elaborou uma descrição do comportamento do manipulador. Com base em seu
trabalho, apresenta-se uma definição operacional para o termo, uma vez que ela não se
preocupa em fazê-lo diretamente, aludindo simplesmente ao caráter coercitivo da manipulação
nas relações. Seu trabalho é voltado para o público em geral e para as vítimas da manipulação
em particuíar, utilizando via de regra uma linguagem generalista. Tomando contato com seu
trabalho, percebe-se sua relevância e a contribuição que poderia trazer para o estudo da
coerção. Em razão disso, propõe-se presentemente uma leitura de sua obra pela Análise do
Comportamento, empenhando esforços na operacionalização da linguagem e na descrição
dos comportamentos que apresenta, procurando ampliá-las quando possível.
Doravante o termo manipulador relacional designará o indivíduo que se utiliza da
manipulação como modo de funcionamento habitual, com o objetivo de obter benefícios para
si, a despeito das necessidades, pensamentos e sentimentos do outro e freqüentemente
causando-lhe danos. O manipulador relacional aprendeu desde a infância a obter o que
desejava não expressando claramente seus pensamentos e emoções e utilizando-se de
estratégias comportamentais (principalmente verbais) para levar outros a emitirem os
comportamentos de seu interesse particular. A manipulação estabeleceu-se como principal
recurso comportamental para obtenção de reforços, e inibiu a possibilidade de
comportamentos mais adaptados serem concorrentes. Esta passou a ser estratégia de
sobrevivência mais importante para o indivíduo.
• O Manipulador “ Simpático”
Este parece ser, de longe, o padrão mais disseminado e perigoso de manipulação
relacional. Provavelmente porque os objetivos do manipulador ficam bem escondidos atrás
• O Manipulador “ Sedutor”
A influência deste manipulador ó sutil e envolvente. O manipulador "sedutor" cultiva
o charme pessoal e todas as armas de sedução conhecidas, verbais e não-verbais. Segundo
Buss (1992, pág. 479), a tática do charme é a mais freqüentemente utilizada para a
eliciação de comportamentos. Táticas coercitivas como o “tratamento silencioso" (ignorar
o outro, não dirigir-lhe a palavra ou não responder às suas demandas) são mais utilizadas
para obter o término de um comportamento. O manipulador "sedutor" olha nos olhos,
modula a voz cuidadosamente - de preferência em um tom baixo -, explora tanto quanto
possível seus atrativos físicos, move-se de maneira leve, furtiva e insinuante, faz perguntas
íntimas ou embaraçantes para criar um clima de delicado constrangimento e cumplicidade;
todavia, ele se esquiva daquelas que lhe são apresentadas pois não respondendo
diretamente permanece em torno dele o ar de mistério que lhe é vantajoso manter.
Freqüentemente é descrito como charmoso. Ele é hábil e muito gentil, sendo difícil recusar-
lhe alguma coisa. "Ora, nenhum homem é mais perigoso do que aquele que (...) subjuga
o coração mais rebelde só com o mover lento dos ombros ou ao murmurar 'que linda
tarde!’’’ (Eça de Queirós, citado em Rónai, 1985, pág. 883).
Na infância, uma obediência quase servil juntamente com um sorriso sempre
pronto eram provavelmente reforçados mais freqüentemente em seu meio do que
comportamentos de enfrentamento, contestação e birra que se pode esperar no
• O Manipulador “ A ltruísta"
O manipulador “altruísta" é o mais hábil utilizador do princípio social e moral da
reciprocidade. Vejamos: quando alguém dá algo a você ou presta*lhe um favor, você não
se sente em dívida para com este e se engaja, cedo ou tarde, em comportamentos para
quitar esta "dlvida-quase-culpa"? Se a resposta foi “sim", demonstra ser oriunda de um
membro típico de nossa cultura, na qual sempre se deve retribuir aquilo que se recebe
como benefício dos outros. Aprende-se esta regra desde a infância e fazer diferente seria
considerado sinal de ingratidão, grosseria ou egoísmo e acarretaria punições. "Os
• O Manipulador “ Culto"
Examinemos o caso de um velho professor, relatado em uma sessão de
atendimento psicológico. Este comparecia às reuniões com seus colegas e superiores
funcionando no padrão do manipulador "culto". Ao tomar a palavra, imediatamente desfiava
por minutos toda a sua titulação, experiência profissional e pretensa superioridade intelectual
em relação aos presentes, pelos quais parecia nutrir um Intimo desprezo. Logo após, para
falar do assunto em pauta, monopolizava a palavra ainda um longo tempo, alinhavando
termos de pouco uso no vocabulário cotidiano, citando periódicos e livros em outras línguas,
apresentando como fatos supostos achados científicos, exprimindo-se com um tom de
evidência que gerava em alguns membros da platéia um sentimento de ignorância e
inferioridade. Quando alguém o questionava sobre algum ponto de seu discurso, ele se
mostrava irritado, desdenhoso e "surpreso pelo grau de desconhecimento" do interlocutor.
Este é um artifício para aumentar o sentimento de ignorância do ouvinte e uma atitude
submissa frente à sua pretensa "autoridade". O que ele não explicava, passava como se
fosse, obviamente, "obrigação” do interlocutor saber. Entretanto, concreta mente, o discurso
deixava os ouvintes sem referências precisas. Um orador que fala bem tende a ser mais
convincente. A manipulação começa quando seu “bem falar" toma o lugar do próprio
argumento, o qual deixa de ser um acompanhamento para tornar-se o elemento central da
situação (Breton, 1999, pág. 67).
O manipulador "culto" ou não sabe nada (e sempre se esquivará de ser mais claro
a respeito do que fala), ou conhece algo do assunto (e então dominará o discurso para
"expor sua sapiência"). Toda esta pantomima objetiva desestabilizar o interlocutor e deixá-
lo à sua mercê, com base na “surpreendente ignorância" daquele, em contraste com a
"grande cultura e conhecimento" do manipulador. É comum ele usar palavras e expressões
e estudar assuntos que quase ninguém usa/estuda, para aumentar o efeito de seu
desempenho sobre a platéia. Isto parece estar relacionado ao que Hayes, Zettle e Rosenfarb
(cfe. citados em Catania, 1999, pág. 276) explicitam: “algumas instruções funcionam como
operações estabelecedoras, aumentando a efetividade de alguns reforçadores". Isto é
chamado de augmenting, uma unidade do comportamento governado por regras, em que
o efeito resulta.da habilidade das palavras eliciarem respostas emocionais condicionadas
(Hayes, Zettle e Rosenfarb, 1989, pág. 206-207). Um exemplo de augmenting seria um
poema abstrato que deixa os ouvintes mais sensíveis à importância das relações
interpessoais em suas vidas. Os ouvintes podem não ser capazes de descrever esta
relação, contudo ela pode produzir mudanças no comportamento.
Como não temos o hábito de contestar figuras de autoridade reaí ou suposta,
engolimos mais facilmente a farsa do manipulador culto. O apelo à autoridade é um meio
de manipulação de uso freqüente, pois permite fechar a questão sem discutir, com o
objetivo de fazer aceitar a qualquer preço uma opinião ou provocar um comportamento
(Breton, 1999, pág. 17). "Quando se manipula, não se procura argumentar, isto é, trocar
idéias, mas impô-las" (pág.21). Em persuasão, esta é a "lei do poder": "Pessoas exercem
poder sobre outras quando se nota que têm maior autoridade, força ou conhecimento"
(Hogan, 1998, pág. 60). Para Skinner (1971/1983, pág. 43), reverenciamos o inexplicável
' Battasar Giaüèn, um oonUoverso padre )eeuHa que vtveu na E.tpanha no Séc XV». escreveu texto» que wataam oom
O Príncipe (Maqulavel) em erudição e, Mgundo algum críticos, cinismo Seu texto impressiona pela perspicícla e agudez das observeçOea Segundo
»eu tradutor Inglês, Mnurer, embora OracMn Insista na adaplabüidade. na metamorfose e na camuflagem do comportamento segundo m circunstânci
as, eto revela uma 'pungente percepção da fraglMade e vulnerabilidade do homem’ Leitura reoomendeda.
* A tradlçAo de utilizar contos para a transmissão de princípios e conhecimentos foi e oontinua sendo praticada em todas as culturas Isto se mantém
provavelmente porque os contos funcionam como facilltadorea da aprendizagem Ra/Ao pola qual sAo utilizados alguns deles neste texto, atribuldoa a
Nasr Al-Dln (Sec X IV /1964).
Ele_cu!pa.ç
profissional, etc.
2.
Se tudo vai bem, ele sempre se porá em posição de receber os louros da vitória;
se vai mal, a responsabilidade será exclusivamente dos outros. Em Weiszflog (1998, pág.
1829), encontramos que é "responsável" quem assume a culpa, quem ó chamado a prestar
contas. Bloch et al. (1994, pág. 676) sublinham a obrigatoriedade: “Responsabilidade ó a
obrigação de prestar contas de seus atos, diante de certas instâncias, segundo
procedimentos bem determinados". A noção de culpa ó culturalmente associada àquela
de responsabilidade como dever e obrigação. Isso favorece muito o jogo do manipulador,
pois ó manejando nossos sentimentos de culpa que ele nos faz assumir suas
responsabilidades.
^3. Elè não comunica claramente os seus pedidos, necessidades, sentimentos e opiniões.
Nada é nomeado, tudo é subentendido. A comunicação paradoxal, ambígua, é
estratégica para ele. "O paradoxo é uma proposição ao mesmo tempo verdadeira e falsa, que
acarreta deduções contraditórias, entre as quais a razão oscila interminavelmente" (Anzieu, em
situações.
Não se pode acusá-lo de falta de habilidade discriminativa. Ele é muito perspicaz.
Um manipulador “simpático" pode tornar-se "ditatorial” se alguém tentar resistir-lhe ou se
um incauto pisar no território dele. Embora opere em um padrão característico, o manipulador
pode alterar comportamentos e adotar outros padrões rapidamente, conforme as
contingências. Tudo depende de quão experiente e “refinado” ele é na manipulação. Christie
e Geis (cfe. citado por Buss e cols., 1987, pág. 1220) estudaram o "maquiavelismo", que
caracterizaram por manipulação, cinismo sobre a natureza humana e astúcia no
comportamento interpessoal. Estes observaram que no contexto de experimentos
laboratoriais, os indivíduos com aítos escores em maquiaveíismo demonstram \jm agudo
e oportunista senso de 'timing’" e parecem ser especialmente hábeis em capitalizar
situações que contêm ambigüidades no que diz respeito às regras
e às questões.
Freqüentemente as pessoas nâo aceitam, não admitem “não saber das coisas".
É um tema freqüente em psicoterapia. Ciente disso, o manipulador diz coisas como "mas
como você não sabia disso? como não previu?", mesmo que não houvesse nenhuma
possibilidade real para tal. O objetivo é colocar o interlocutor na posição de inadequado,
iofçrior e culpado. Os latinos já ponderavam: "Culpa ab eo exigenda non est: cum divinari
non est"- Não há culpa para quem não pôde prever.
8.
Manipulador ou manipulado?
Ao ler estas características, o leitor provavelmente não só passou em revista
pessoas de seu relacionamento, mas também a si mesmo, se perguntando se não ó um
manipulador relacional. Esta ó uma questão que só ele próprio poderá responder. Entretanto,
deve-se atentar para o engano de definir-se pelo seu comportamento: o fato de usar
eventualmente estratégias manipulativas não faz de alguém um manipulador. O manipulador
utiliza a série de comportamentos descritos como estratégias com o intuito claro de manipular
o_comportamento do outro em seu próprio benefício, a despeito dos prejuízos que cause.
Esta atuação constitui um padrão funcional, qqís $ persistente no tempo e destaca-se
como cLprincipal forma de interação entre o manipulador e o ambiente. Um manipulador
não sabe viver de outra maneira - ele desenvolveu este padrão comportamental porque
este foi funcional ao longo de sua história. Esta é sua forma de comunicação com o
mundo, sua maneira de obter reforçamento e sobreviver. É a diferença fundamental, entre
‘fazer o jogo e viver o jogo”.4 O manipulador relacional vive o jogo. Além disso, segundo
Nazare-Aga (1997, pág. 37), o critério mínimo de 10 características, recorrentes no tempo,
deve ser atingido para que se possa identificar o padrão funcional.
Se alguém não se encaixa no padrão do manipulador, isto significa que é
manipulado? E se o for, tem parte da responsabilidade neste processo? Isso não tem uma
resposta simples. Depende do impacto da manipulação sobre o indivíduo e de que respostas
ele emite diante dela. Não obstante, Hirigoyen (2000, pág. 15) sublinha que "mesmo quando
sua maneira [a da vitima] de reagir à agressão moral contribui para estabelecer com o
agressor uma relação auto-alimentada e que dá a impressão de ser 'simétrica', não
devemos nos esquecer que ela sofre uma situação pela qual não é responsável".
Quando confrontamos um manipulador com seu comportamento manipulativo,
ele poderá responder que se nós aceitamos é porque estamos de acordo e consentimos.
Isto vai ao encontro do senso comum, evidente no adágio popular: “Quem cala consente!".
Mas este é um ponto delicado a matizar. Como vimos, parte do poder do manipulador se
baseia em utilizar, para os seus propósitos, regras sociais que aprendemos a aceitar sem
muita crítica. Elas foram adquiridas desde a infância e estão presentemente disponíveis
em nosso repertório para serem usadas contra nós. O poder do manipulador se esvaziaria
parcialmente se fosse uma prática cultural relativizar as negras, em funçào das contingências
particulares de pessoas e grupos. Como normalmente não o é, a responsabilidade do
manipulado neste contexto só pode ser parcial. Ou ainda, a responsabilidade pela origem
de contingências que permitem a manipulação é partilhada socialmente. O trabalho de
questionamento das regras tem na psicoterapia um ambiente ótimo para ser realizado,
mas esta é uma situação que envolve uma parcela pequena da população.
* Como b«m nnumlu Andrém Scfimtft, «m conv«M toix» o («m«
* Embora *m portuguía 'adaréncia’ a 'adaaio'poaaam mk uaadoa como amónimoa, am francta 'adhéranc• ’ <*(/ raaparto ao aatado da uma coita qua
M pranda tortamanta a outra a ‘ ndhtaion* tam o «antldo da aprovação rafladda. aaaanlimanto (Ray, 1 SM , p 1 0) A axpraaaAo ‘afaito gal’ é tradução
litaral do francêa “affat da gaT O gal. qua tam caractarlatlcaa da aglutinação a pagajoaidade. é a maUklora para o oomponamanto da adarlr Aa poaiçôaa
tomada».
Referôncias
Portadores de TOC com a funcionalidade comprometida pelo excesso de obsessões ou do rituais, ein geral procuram o
psiquiatra, sâo medicados e depot» encaminhados ao psicólogo Aigun* desses paciento» referem pnur.n ou nenhum»
redução dos sintonias apôs meses ou anos de tratamento farmacológico, durante os quais a ansiedade pode tor
diminuído, mas não o bastante para assegurar sua funcionalidade e qualidade de vida Resultados positivos nesse
contexto podem ser alcançados através de um programa de exposição e prevençAo de respostas (ERP) para estimulo»
hierarquizados a distribuídos em pequenos passos, elaborado com a participaçAo do paciente, associado A informaçAo
técnica sobro o TOC, treino de relaxamento e ao uso de um protocolo sistemático para registro de siluaçOes enfrentadas
« de respostas observadas O caso de uma paciente com história de aposentadoria precoce devido aos sintomas,
confinainento voluntário ao próprio lar com saldas apenas na companhia da mAe e do marido e para luyares específicos,
submetida a seis anos de medicaçAo, ilustra a o uso do procedimento
People with OCD, impaired due to the excessiveness of obsessions and rituals, usually seek help from a psychiatrist,
receive a medicine prescription and then are referred to a psychologist. Some of those patients complain of little or no
symptom reduction after being for months or years on drug therapy that might have resulted in some anxiety reduction,
but not enough to assure their functionality or quality of life In that context, positive outcomes may bo achieved through
a program of Exposure and Response Prevention (ERP) to feared stimuli ranked and fragmented Into small steps with thu
patient’s help and agreement, associated with technical information on OCD, relaxation training, and the use of a protocol
for registering the exposure situation and observed responses A case study describes the use of that procedure with a
woman early retired from work due to OCD symptoms, on medication for six years, confined to the house, going out only
in her mother's or husband's companion and only to very specific and limited places.
Relato de Caso
Celeste* tinha 34 anos, era casada, odontopediatra, aposentada por invalidez,
devido ao TOC, aos 28 anos. Havia sido submetida a terapia comportamental aversiva
(choque elétrico) durante três anos e abandonado porque não obteve alivio dos sintomas
e considerou os choques muito aversivos. Estava em terapia medicamentosa há mais de
seis anos com Anafranil e depois Prozac e Narvane, Rivotril e Olcadil, sempre refratária.
A medicação tinha forte efeito sedativo e a paciente se mantinha inativa o dia todo.
Dormia a maior parte do tempo, não tinha disposição para qualquer atividade, mesmo
para rotina doméstica como lavar um copo ou regar uma planta, perdeu 100% da resposta
sexual e tinha fortes sintomas depressivos apesar da medicação. O médico psiquiatra
informou que estudava a possibilidade de uma cirurgia como último recurso para esta
paciente.
As principais obsessões referiam-se à culpa e responsabilidade. Celeste tinha
medo de descartar restos de alimento ou o lixo para fora de casa porque tinha idéias
sobre a possível presença de um bebê no lixo; temia estar próxima a crianças porque
pensava que poderia machucá-las inadvertidamente: temia agredir pessoas por
esfaqueamento ou mostrar comportamento bizarro como gritar e rolar pelo chão. Dentre
todas as obsessões, a principal era a idéia de ter causado um acidente de trânsito, no
mesmo sentido de causar mal a alguém. As principais compulsões incluíam conferência
ao dirigir e ao andar por qualquer lugar que fosse. Como conseqüência dessas obsessões,
das compulsões e evitação de situações "de risco", Celeste confinou-se ao próprio lar, o
que não era difícil de fazer do ponto de vista dela própria, já que sentia sono e desinteresse
o tempo todo; ficou muito dependente dos pais e do marido, que eram as únicas pessoas
com quem sala de casa, e da empregada, de quem dependia para retirar qualquer lixo de
casa ou restos de comida velha da geladeira. O marido era seu principal apoio e sugeria
com freqüência retornar aos lugares onde haviam passado para que ela conferisse, assim
não ficaria ansiosa ao chegar à casa. Quando não a levava para conferir, ele mesmo
conferia para que ela ficasse tranqüila. A maior perda que esta paciente apresentava em
decorrência de sua sintomatologia era, obviamente, seu afastamento do mercado de
trabalho e perda de qualquer atividade profissional ou produtiva e de lazer.
Celeste foi treinada a reconhecer o mecanismo do TOC; usar técnicas de
relaxamento; preencher o protocolo de registro de atividades; avaliar seu nlvel de ansiedade
em unidades SUDs (desconforto percebido) e teve uma primeira sessão de ERP
acompanhada pela terapeuta em um local público, onde não entrava desde o agravamento
dos sintomas, seis anos antes. Respostas funcionais e de independência foram registradas
Conclusão
Em síntese, o procedimento sugerido para portadores de sintomas graves e
considerados refratários á medicação ó reduzir a eficácia do reforço imediato obtido através
da resposta compulsiva; criar condições para que o paciente se engaje na ERP para ser
reforçado uma primeira vez; e fortalecer a eficácia desse reforçador, criando contingências
reforçadoras e adequadas. O reforço obtido pela prevenção, embora atrasado, é duplo,
porque não só o paciente observa que a obsessão foi removida trazendo o conseqüente o
alivio procurado, como também a compulsão não foi realizada, o que é percebido como
um segundo alívio - que muitos chamam de “libertação". É ponto chave mostrar ao paciente
que: (a) o alivio pela remoção do pensamento obsessivo ocorre da mesma forma, apenas
atrasado no tempo, se comparado ao alívio obtido pela compulsão; (b) além desse alívio,
há evidências de que a compulsão não é o único caminho para remover o pensamento
obsessivo; (c) durante o período em que ele deixou de realizar a compulsão nada
aconteceu, além da experiência de uma ansiedade que não traz qualquer outra
conseqüência, orgânica ou psicológica (alguns acham que podem enlouquecer); (d) deixar
de realizar a compulsão em si é outro ganho que significa, muitas vezes, o retorno à
funcionalidade pois, com freqüência, a compulsão é o impeditivo maior das atividades
rotineiras da pessoa.
Referências
Foa, E. B., Steketee, G., Grayson, J. B., Turner, R. M., & Latimer, P. R. (1984). Deliberate
exposure and blocking of obsessive-compulsive rituais: Immediate and long-term effects.
Behavjoj. TherapVv 15. 450-472.
Riggs, D., & Foa, E. (1993). Obsessive compulsive disorder. In D. H. Barlow (Ed.), Clinicai
Handbook of Psvchologlcal Dlsorders. New York: Guilford.
Introdução
A obesidade ó a doença de mais simples diagnóstico. É a mais prevalente patologia
crônica nas nações industrializadas e está aumentando rapidamente nos palses de terceiro
mundo.
É o distúrbio do metabolismo mais comum no ser humano e o mais antigo distúrbio
metabólico registrado na história, pois evidências foram encontradas nas múmias egípcias
e esculturas gregas.
Houve um grande aumento na incidência da obesidade na segunda metade do
século XX, já que as vantagens da possibilidade de armazenar eficientemente energia sob a
forma de gordura foi dissipada nas sociedades afluentes modernas. Desta forma, o excesso
calórico na ingesta e hábitos sedentários têm levado ao aumento na freqüência da obesidade
e a seu conseqüente encurtamento da vida, em decorrência de enfermidades cárdio-
vasculares, diabetes e hipertensão arterial. Como o aumento de casos foi muito rápido,
elimina-se a possibilidade da ocorrência de mutação genética como causa da patologia.
As três principais causas de morte nos Estados Unidos, doenças cardíacas,
câncer e doenças cérebro-vasculares, estão estatiscamente relacionadas à obesidade
como um fator de risco. Estima-se que o diagnóstico de obesidade seja o mais negligenciado
no código hospitalar de alta, o que provavelmente elevasse a obesidade à principal causa
de morte, primária ou secundária.
Defiunição
Define-se obesidade como excesso de tecido adiposo. Os termos obesidade e
sobrepeso podem se substituir, no entanto, obesidade está vinculada a um aumento de
gordura e, sobrepeso também inclui aumento muscular.
Avaliação
O modo recomendado para expressar peso relativo, permitindo comparações entre
sexos e indivíduos de diferentes estaturas, é o índice de massa corporal ou índice de
Quetelet: IMC é igual ao peso em quilogramas dividido pela altura em metros ao quadrado
(IMC = peso(Kg)/altura(m) ao quadrado).
Existe uma prevalência maior de comorbidades quando o IMC é menor que 20 ou
maior que 27 (considera-se valores normais de IMC entre 20 e 25). Quando o IMC é maior
que 35 a prevalência e severidade da morbidade aumentam dramaticamente.
Outro fator de risco relacionado à obesidade tem sido reconhecido como melhor na
avaliação da morbidade e mortalidade, que é a distribuição de gorduras, determinada por uma
medida simples da cintura e do quadril (DG = circunfer. cintura/circunfer.quadril). Ela tem se
mostrado preditiva da vasta maioria de doenças relacionadas à obesidade e sua mortalidade.
A distribuição de gorduras define dois tipos físicos, a maçã com gordura mais
central (maior risco de patologias cárdio-vasculares) e a pêra com gordura mais periférica.
Essa média é um marcador do status de esteróide gonadal.
Epidemiologia
Uma estatística publicada na revista da Associação Médica Norte-Americana
mostra que 40 milhões de adultos são obesos.
Houve um aumento nas taxas de sobrepeso (IMC entre 25 e 30) de 45% em 1.991
para 56,4% em 2.000. O número de obesos (IMC maior que 30) também subiu de 12% em
1.991 para 19,8% em 2.000, portanto existe 1 indivíduo obeso para cada 5 adultos.
O diabetes, que está fortemente relacionado à obesidade, sofreu um aumento de
9 milhões de casos em 1.991, para 15 milhões em 2.000, ou seja, existe 1 diabético para
cada 14 adultos.
Etiologia
O desequilíbrio na balança, decorrente de uma maior ingesta calórica, diminuição
da termogênese, atividade física e metabolismo basal, são os principais fatores causadores
da obesidade.
Atualmente procura-se atribuir parte das causas dessa patologia aos fatores
genéticos. Observa-se uma prevalência de obesidade (IMC maior que 30) duas vezes maior
em familiares de indivíduos obesos. O risco aumenta com a severidade da obesidade, ou
seja, eía 6 oito vezes maior (quando IMC é maior que 45) em familiares de obesos mórbidos.
Outro estudo mostrou a prevalência vinte e cinco vezes maior de parentes em primeiro
grau com obesidade mórbida, comparados com indivíduos controle normais. A presença de
diversos indivíduos não obesos (> 50%) em famílias obesas, mostra claramente que os genes
da obesidade exercem efeitos complexos ou que fatores não genéticos estão envolvidos.
Patogênese
A obesidade pode ser de dois tipos, a hiperplásica e a hipertrófica.
A hiperplásica tem uma história duradoura, normalmente se iniciando na infância
ou antes da puberdade. A distribuição de gorduras é tanto periférica quanto central e
existe um aumento no número e tamanho das células adiposas. São os casos de mais
difícil tratamento, com uma resposta pobre a longo prazo.
A obesidade hipertrófica é menos grave que a anterior, iniciando-se na vida adulta.
A distribuição de gorduras é central. Nesse tipo de patologia existe o aumento apenas do
tamanho celular, apresentando um resultado razoável com tratamento.
Estatisticamente, observou-se que menos de um terço dos adultos obesos foram
crianças obesas, mas a maioria das crianças obesas tornam-se adultos obesos.
Os possíveis fatores envolvidos na patogênese dessa doença estão divididos em:
• Deposição lipldica excessiva: aumento da ingesta alimentar, lesões hipotalãmicas,
hiperplasia dos adipócitos, hiperlipogênese ou aumento da atividade da lipase lipoprotéica.
• Diminuição da mobilização dos lipídios: diminuição dos hormônios lipollticos, lipólise
deficiente dos adipócitos ou anormalidades da inervaçâo autônoma.
• Diminuição da utilização dos lipídios: senilidade, oxidação deficiente dos lipídios,
termogênese deficiente ou inatividade.
As conseqüências metabólicas observadas são:
• sensibilidade diminuída á insulina: a obesidade está associada a um número menor do
receptores insullnicos nos músculos, fígado e tecido adiposo.
• Hiperinsulinemia: além dos fatores já citados acima, também há uma respsta diminuída
do tecido adiposo à insulina.
• Tolerância diminuída à glicose, hiperglicemia : deficiência de rendimento, ou seja, as células
beta deixam de compensar integralmente o grau de resistência á insulina periférica
associada à adiposidade.
• Hiperaminoacidemia.
• Hipertrigliceridemia: a lipase lipoprotéica é uma enzima do tecido adiposo responsável
pela assimilação dos ácidos graxos contidos nas lipoprotelnas circulantes ricas em
triglicerldeos, que é sensível à disponibilidade de insulina, sendo que no hiperinsulinismo
sua atividade está aumentada nas células adiposas, levando a uma maior deposição.
• Hipercolesterolemia: a produção de colesterol relaciona-se com o grau de adiposidade.
• Diminuição das respostas ao hormônio do crescimento e à prolactina: os desequilíbrios
hormonais são mais uma conseqüência do que uma causa de obesidade.
• “Resistência" à cetose.
• Excreção aumentada de 17-hidroxicorticôide.
Manifestações clinicas
- Cárdio-pulmonares
Diagnóstico diferencial
Deve ser feita com as patologias abaixo.
Slndromes endócrinas: são apenas 1% das causas da obesidade.
• Hipotireoidismo: ocorre principalmente o mixedema, ou seja, mais liquido quo tecido adiposo.
• Hiporadrenocorticismo: a deposição de gordura é característico (Cushing).
• hipogonadismo.
• insulinoma: pode levar a adiposidade, mas raramente sào muito obesos.
• ovários policlsticos.
pseudoparatireoidismo.
Síndromes hipotalâmicas: ocorrem níveis anormalmente elevados de insulina.
• tumores craniofaringiomas e outros.
• traumatismo.
• enfermidade inflamatória.
• hipertensão intra-craniana.
pseudotumor cerebral.
• slndrome da cela vazia.
• distrofia adiposo genital.
• slndrome de Prader-Willi.
• sIndrome de Laurence-Moon-Biedl.
Lipomatose múltipla.
Lipodistrofia parcial.
Medicamentos: ciproheptadina e fenotiazina.
Considerações finais
• Cinqüenta por cento das mulheres americanas participam de programas de redução de peso.
• Com as tentativas de emagrecimento, houve um aumento na incidência de desordens alimentares,
anorexia e bulimia.
• Entre os adolecentes, 39% das mulheres e 12% dos homens fumam para controlar o peso.
• Trinta e quatro por cento de diabéticos negligenciam o uso de insulina para evitar ganho de peso.
• Deve-se encarar a obesidade como uma DOENÇA e não como um problema estético.
• Tratamentos da obesidade exigem cooperação PERMANENTE do paciente em manter o
COMPORTAMENTO.
Transtorno de personalidade kmltrofe ou "borderline" é i classificação psiquiátrica atribuída às pessoas que apresentam
padrões Instáveis, desordenados 0 aparentemente descontrolados de comportamento Especialmente no que se refere à
vivência de emoções como raiva, medo, abandono, etc. Existem várias tentativas de explicação predisposição constituci
onal, construção de um ambiente Invalidante. história de aprendi/agem de vida, entre outros. Sâo pessoas extremamente
difíceis de se envolverem em uma psicoterapia dados os seus padrões comportamentais. No desenvolvimento do trabalho
com estes clientes, sâo observadas várias peculiandades (n io s lo exclusivas deles): 1) as ligadas ao cliente: relaçAo de
Htato e confiança, estabelecimento de vU\cula com a vida, envolvimento da famlU« no atendimento, 2) as ligadas ao
terapeuta: -necessidade de gostar da pessoa do cliente, sólida formação teórica ao lado da maleabilidade na condução do
caso, 3) as ligadas às Intervenções: -por momentos 0 terapeuta vô-se assolado por dúvidas relativas ao que priorizar Como
lidar com a desesperança, 0 sofrimento incontrolável e incontornável de uma pessoa, que freqüentemente Insiste em náo se
manter viva.Mais que uma reiaçfto profissional é uma relaç&o pessoal, mats do que tratar de peculiaridades, o texto trata da»
dificuldades e dúvidas na condução destes atendimentos
Borderline personality disorder is the psychiatric classification applied to people who present unstable, disorganized and
apparently uncontrolled patterns of behavior, specially in terms of experiencing omotiona as anger, fear, abandon, etc There
are many attempts to explain this configuration' constitutional predisposition, construction of a invalidating environment,
history of life learning, among others They are people bearing an extreme difficulty to get involved In psychotherapy
programs, due to their unadjusted behavior patterns Along the treatment development of these patients, many peculiarities
are observed (which are not exclusive of them): 1) referring to the client the relationship of affect and trust, establishing life
bond, Involvement of his or^her family in the treatment; 2) referring to the therapist: need of being fond of the client, solid
theoretical basis, besides the malleability in conducting the case Itself, 3) referring to the Interventions, occasionally, there
are doubts about what to consider pnority in the case How to deal with hopeless, uncontrolled and unbearable suffering of
a person who, usually, Insists in not remaining alive Rather than just a professional task, this is also a personal relationship,
Rathor than treating peculiarities, the text deals with difficulties and doubts in conducting these treatments.
Ponderações finais
Na realidade, todas as ponderações anteriormente apresentadas sobre o
atendimento dos portadores de TPL aplicam-se, em princípio, a qualquer outro tipo de
caso. Nenhuma delas é peculiar às pessoas descritas neste texto de uma maneira exclusiva.
Quando os "borderlines*’ se comportam de maneira semelhante aos outros
pacientes sem por suas vidas em risco, o terapeuta também deve lidar com eles da
mesma maneira que lida com os demais clientes.
Não se pode e não se deve entender que pessoas portadoras destes conjuntos
típicos de comportamentos não terão sucesso em suas terapias. A prática clinica, em
alguns casos, corrobora os achados dos estudos que mostram que a psicoterapia ó eficaz
em muitos deles.
O que torna o atendimento psicoterápico destas pessoas parecer e realmente ser
diferente dos demais é:
• O contato constante que o terapeuta tem com a desesperança, com o desespero, e
com o sofrimento incontrolável e muitas vezes incontornável.
• Ter-se que lidar constantemente com a instabilidade comportamental que normalmente
ó decorrente do descontrole sobre as emoções e os impulsos.
• A dúvida constante que o terapeuta tem sobre se está ou não no caminho certo em
cada caso e em cada momento do atendimento.
• Por vezes, a dúvida é se verá ou não o cliente na próxima sessão.
Obviamente, o atendimento psicoterápico de qualquer tipo de caso clínico possui
suas próprias peculiaridades. O que se verifica é que algumas delas ocorrem mais intensa
e freqüentemente no atendimento de casos graves. Por casos graves entendem-se aqueles
nos quais a vida da pessoa ou dos outros está em risco.
Concluindo, concordamos com Linehan e Keher (1999, pág. 443), que afirmam
que as pessoas portadoras de TPL ou "borderlines" "sâo:- desafiadoras e difíceis de
tratar... dado que apresentam padrões comportamentais problemáticos que se classificam
entre os mais estressantes encontrados pelos terapeutas... o tratamento é algo que os
profissionais abordam com receio e preocupação".
Na realidade, mais do que ter que lidar com peculiaridades, o profissional tem que
lidar com as dúvidas que o assolam durante todo o tratamento; para ser terapeuta destes
clientes, o profissional necessita ter a clareza de que deverá entregar-se como pessoa a
esta relação para que possa ter alguma chance de sucesso evitando, assim, que a morte
vença a vida.
O atendimento aos pais è, sem dúvida, muito importante quando uma criança se encontra em processo de psicoterapia Ê
uma posição clara da abordagem comportamental esta necessidade. As primeiras intervenções direcionadas aos pais se
baseavam na mudança necessária no ambiente para alterar o comportamento da criança, e os pais eram vistos como
intermediários no alcance que o terapeuta tinha do dia-a-dia da criança Eram eles que promoviam as mudanças no ambiente
e, assim, a alteraçio do comportamento da criança. Continuamos a considerar os pais como Importantes participantes no
processo e analisaremos vantagens e desvantagens da orientaçAo dos pais Relatos levantados nos últimos dois anos nas
publicaçOos da ABPMC vôm mostrando um direcionamento voltado ao autoconhecimento dos puis, assim como uma maior
independentizaçio dos mesmos com relação ao terapeuta As dificuldades aparecem quando se precisa definir qual é este
envolvimento e como obter a melhor contribuição da famllt» para o desenvolvimento do tratamento da criança. Al vamos
encontrar diferentes posições quanto a esta participação e cuidados a serem tomados com relação a decisões acerca da
forma de envolvimento da família. Uma queBtfto que se estabelece para o terapeuta A o direcionamento que vai dar a este
tcatoalho frente às práticas tradicionais de treino de pais e às novas propostas
Palavras-chave: Pais, orientação, terapia, família* CNPQ
For sure, attending on parents is a very important procedure when a child is in psychotherapy. This need Is a clear issue
among the behavior analysts The first interventions towards the parents were based on the environment changing In order
to affect the child’s behavior, and the parents were seeing as mediators to the therapist's actions on child's day-to-day
because they, the parents, promote the set changings, and thus the child behavior modifications We still consider parents
as fundamental part In the process, and we will analyse the benefits and the disadvantages of attending on parents.
Researching on the accounts of the ABPMC last two year» publication* »how» a tendency to the parent» self-knowledge a»
well as a greater individualization of this parents concftrning to the child's psychotherapist However It's hard to define how
we should call this relationship, and how to achieve the best family contribution to the child's progress In therapy. So, we are
going to face different opinions about this and about the cares to be taken on the decisions of the families involvement In
the therapy. An issue established for the therapist is how he or she is going to manage this procedure facing the traditional
training techniques and the new proposals
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Este trabalho expõe, do forma resumida, relações entre habilidades sociais e vários transtornos psicológicos, com ênfase
nos transtornos invasivos do desenvolvimento, especialmente autismo Apresenta, também, uma anAllse sobre as pesquisas
recentes de avaliação n intervenção na área do Treinamento de Habilidades Sociais e transtornos invasivos que, além de
outras referências, tem como base os resuinos das publicações do periodo 1999-2001 (ERIC e PSYCHINFO)
Palavras-chave Treinamento de Habilidades Sociais, competência social, transtornos psicológicos, transtornos Invasivos
do desenvolvimento, autismo
This chapter exposes, In a summarized way, relationships botween social skills and several psychological disorders, with
emphasis in the Invading disorders of the development, especially autism Additional to other references sources, It
presents, also, some remarks on the assessment and intervention research, based on the published papers in the period
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