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O ataque dos medíocres + LIDOS + VOTADOS

Precisam os m ais de estabilidade ou criatividade? Planeta habitável descoberto a 20 ano

A incapacidade para criar e apreciar a excelência, ou seja, a mediocridade, é necessária para a


No rasto das trilobites
estabilidade social: um mundo de génios seria ingovernável. Todavia, possui também uma
vertente maligna que procura destruir qualquer indivíduo que se destaque. Inteligência nacional

Quando surge um verdadeiro génio no mundo, podemos reconhecê-lo pelo seguinte sinal: todos Campanha nacional contra a depressã
os medíocres conspiram contra ele.” Foi assim que o médico, aventureiro e escritor irlandês
Jonathan Sw ift (1667–1745), autor de As Viagens de Gulliver, resumiu a eterna tensão entre Mentes em chamas
excelência e mediocridade, duas características da psicologia humana que exercem grande
influência no funcionamento da sociedade. Cada uma se rege pelas suas próprias leis e ambas
são necessárias: uma promove o progresso, a outra assegura a estabilidade social.

Aspirar a ultrapassar-se a si próprio, quer através da própria criatividade, quer apoiando e


Pesquisa de
admirando indivíduos notáveis, constitui uma qualidade intrínseca de um ser humano são. Sem
essa tendência natural, não desejaría​
mos ser melhores como pessoas, nem aprender bem um
satisfação
ofício; não existiria progresso ou desenvolvimento, nem nada de novo à face da Terra. siqueiracampos.com
Viveríamos em cavernas.
Pesquisas com qualidad
Todavia, o valor oposto, a mediocridade, não é tão indesejável como pode parecer à primeira
vista. De facto, desempenha uma função como parte de uma estratégia altamente evolutiva: proporciona o contraponto de estabilidade ao factor de mudança introduzido pelos génios
Equipe de estatísticos
(pensadores, artistas, inventores, investigadores...), que são, por definição, inovadores. Se todos fôssemos criadores geniais, o mundo seria um caos. Ninguém iria querer trabalhar
nas fábricas, distribuir correio, lavar pratos nos restaurantes. No entanto, há uma variante de mediocridade maligna que tem como único objectivo prejudicar o talento alheio e quem se
destaca pelos seus méritos.

Luís de Rivera, catedrático espanhol de psiquiatria, define a mediocridade como a incapacidade para valorizar, apreciar ou admirar a excelência, e distingue três graus. A mediocridade
comum é a forma mais simples e inócua. Os seus sintomas são a hiper-adaptação, a falta de originalidade e uma normalidade tão absoluta que poderia ser considerada patológica: a
chamada “normopatia”. Os que a manifestam não têm ponta de criatividade e não sabem distinguir a excelência, mas respeitam as indicações que lhes dão e são consumidores bons e
obedientes. O conformismo permite que se sintam razoavelmente felizes. GuiaTV
O segundo tipo, a mediocridade pseudocriativa, acrescenta à anterior uma tendência pretensiosa para imitar os processos criativos normais. Enquanto o medíocre comum não se
Escolha abaixo o canal.
esforça para além do mínimo exigível, o pseudocriativo sente necessidade de aparentar e ostentar poder. A imagem é tudo para ele, mas, como não distingue o belo do feio, o bom do
mau, não mostra inclinação para favorecer progressos de qualquer tipo e incentiva as manobras repetitivas e imitativas. Canal: Escolha

Aqueles que se enquadram na síndrome da mediocridade inoperante activa (MIA) formam o terceiro grupo. Trata-se do mais prejudicial e agressivo, pelo que encaixa no perfil da maioria Data: Hoje
dos praticantes de assédio. Enquanto as categorias anteriores são simplesmente incapazes de reconhecer o génio, os MIA também se propõem destruí-lo por todos os meios ao seu
alcance. O indivíduo afectado por esta síndrome desenvolve uma grande actividade que não é criativa nem produtiva, e possui um enorme desejo de notoriedade e influência. Por isso,
tende a infiltrar-se em organizações complexas, nomeadamente as que já se encontram minadas por formas menores de mediocridade, com o objectivo de entorpecer ou aniquilar o
progresso dos indivíduos brilhantes.

Conspiração de néscios

Foi o espírito MIA que esteve por detrás da morte do filósofo grego Sócrates, dos crimes da
Inquisição, da perseguição das elites intelectuais pelas ditaduras, do exílio de Freud e de Einstein
e de incontáveis outros judeus, da queima de livros, da marginalização e absoluta pobreza em
que morreram tantos artistas, da censura, do assédio e do abandono que vitimaram

personalidades notáveis de todas as épocas e cantos do mundo.

Se o ser humano, como defendia o psicólogo norte-americano Abraham Maslow , tem inclinação
para a excelência por natureza, então é preciso analisar o papel desempenhado pela cultura e
pela educação. “Será possível que estejamos condicionados por uma espécie de selecção
cultural que nos condena à imbecilidade?”, questiona o escritor italiano Pino Aprile no seu livro
Elogio do Imbecil. Conclui que sim e que existe uma razão para todos os sistemas sociais
advogarem a mediania: “A inteligência é como a areia que se introduz nas engrenagens: pode
obstruir os mecanismos.” O génio é subversivo, não apenas por discutir a norma em vez de a
aplicar, mas também por blo​
quear, através da sua actuação, o percurso habitual de qualquer Playlist: 0 | 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 |
sistema burocrático. Por isso, segundo o autor, “o poder de uma organização social humana
será tanto maior quanto maior for a quantidade de inteligência que conseguiu destruir”.

Há sistemas políticos que o fazem de uma forma mais óbvia do que outros. No Camboja de Pol
Pot, os khmers vermelhos matavam qualquer indivíduo que não tivesse calos nas mãos, sinal de
que poderia ser um intelectual e pensar pela própria cabeça. Outras culturas gabam-se de
fomentar o individualismo e a meritocracia, mito que os Estados Unidos, por exemplo, sempre
procuraram vender. Era também o ideal do liberalismo inglês do século XIX: se uma única pessoa
quiser empreender algo diferente do que fazem os restantes mortais, tem o mesmo direito de escolher o caminho do que o conjunto maioritário, dizia o filósofo inglês John Stuart Mill, na
obra Sobre a Liberdade.

Todavia, o mais frequente é que a imposição da mediocridade e a perseguição da excelência continuem a ser exercidas de forma insidiosa e subtil nas sociedades democráticas, e isso
desde a mais tenra infância. O indivíduo me​
díocre representa uma jóia para o sistema, pois é o consumidor ideal, fácil de manipular, e não questiona a autoridade nem as normas.

Talvez por esse motivo, o modelo educativo dominante não se dá geralmente ao trabalho de fomentar a excelência, a criatividade ou a iniciativa. As crianças usam o mesmo uniforme,
preenchem as mesmas fichas e quase não tomam apontamentos; acompanham a lição num livro, igual para todos. Não interessa se uma delas é óptima a matemática e odeia línguas, ou
se tem talento para desenhar mas não se interessa por álgebra. Têm todas de fazer o mesmo: adaptar-se sem se destacar demasiado, não causar conflitos. O que se espera delas é
que sejam “normais”.

A excepção finlandesa

Chama a atenção, como caso isolado, um discreto país nórdico em que quase não existe
insucesso escolar. Na Finlândia, ser brilhante não é excepção. Os jovens concluem o ensino
secundário com notas excelentes, a saber falar duas ou três línguas e com um saudável
interesse pela leitura. De facto, é o país europeu com maior índice de consumo de livros e lidera
a lista, na categoria de excelência educativa, do programa PISA para a avaliação internacional
dos resultados dos estudantes da OCDE. Motivos? Para começar, a profissão de professor
dos resultados dos estudantes da OCDE. Motivos? Para começar, a profissão de professor
possui grande prestígio social; é um dos cursos universitários mais difíceis e que mais requisitos
exige aos candidatos. Apenas os melhores conseguem chegar a dar aulas, e o método de
ensino nada tem a ver com o que conhecemos: dá-se prioridade ao ensino individualizado e à
liberdade criativa, e os alunos têm verdadeiro poder de decisão na escola, onde abundam as
reuniões e os debates.

E na esfera laboral? Já houve quem tentasse explicar a forma como a mediocridade se impõe no
trabalho através de uma série de princípios destinados a impedir a eficiência. Cyril Northcote
Parkinson, historiador inglês com grande conhecimento do sistema burocrático britânico de
meados do século XX e autor do livro A Lei de Parkinson, afirmava que “a tarefa a ser
efectuada será insuflada de importância e complexidade na proporção directa do tempo
disponível”. Na opinião deste observador da realidade social, o número de horas consagrado ao desempenho de uma actividade nada tem a ver com a qualidade do resultado (Paul
McCartney corroborou o facto ao assegurar que os Beatles nunca investiram mais de duas horas a compor qualquer dos seus temas). Segundo Parkinson, quanto mais tempo alguém
tiver para executar uma tarefa, mais irá demorar a fazê-la. Propôs mesmo uma equação para cacular o ritmo de crescimento da burocracia.

“O incompetente procura ocultar a própria incompetência através do aumento das suas competências”, assinalava Parkinson, que descreveu a forma como os chefes gostam de
multiplicar o número de subordinados, pelo que contratam pessoas para dividir as tarefas, e como os funcionários arranjam sempre trabalho para os colegas. Isso significa que o
resultado de determinada incumbência será o mesmo, quer seja feita por uma ou cinco pessoas, embora o processo, no segundo caso, seja mais longo e complexo: no prazo de dez
dias, B tem de fazer aquilo de que encarregou A, para depois ser revisto por C, pelo que necessita de se reunir com A; D e E terão de aprovar, mas não sem antes lerem os relatórios
escritos por C e B, após as respectivas secretárias terem enviado cópias aos primeiros, a fim de que A possa finalmente assinar o que poderia ter escrito e rubricado desde o início,
concluindo a tarefa em apenas um dia. Por exemplo...

Ascensão im parável?

Por sua vez, o pedagogo canadiano Laurence J. Peter (1919–1990) explicou o êxito profissional dos medíocres através do que denominou “princípio de Peter”: “Numa empresa ou
organização, qualquer trabalhador tende a ascender até atingir o seu nível de incompetência.” Se nos promoverem devido aos nossos méritos, acabaremos por ocupar um cargo para o
qual não temos competência e deixaremos de nos destacar (e de ascender), permanecendo enquistados no nosso nicho de mediocridade. Uma das consequências é que quem
alcança o seu nível de incompetência poderá sentir-se tentado a boicotar os subordinados de forma a não serem promovidos (ou mesmo a serem despedidos); assim, acaba por agir
como uma espécie de tampão involuntário para as próximas gerações. Os norte-americanos, que levam muito a sério a questão da eficiência, adiantaram algumas soluções, como a de
premiar um bom trabalhador com um aumento salarial em vez de uma promoção. Todavia, parece que entram em jogo outros factores no complexo sistema da mediocridade.

De acordo com o princípio de Dilbert, “as empresas promovem sistematicamente os trabalhadores menos competentes a cargos directivos, a fim de limitar os danos que eles podem
provocar”. O termo foi inventado por um economista nova-iorquino, Scott Adams, que é também autor da banda desenhada humorística protagonizada por Dilbert, um excelente
engenheiro ao serviço de um chefe despótico. Os desenhos, publicados originalmente no Wall Street Journal, inspiraram posteriormente um livro e, para além do aspecto lúdico,
demonstraram constituir um fiel reflexo da organização empresarial nos Estados Unidos (seguramente extensível a outros países). Numa entrevista à revista Funny Business, Adams
explicava: “Muitas vezes, promove-se a pessoa menos competente apenas para afastá-la do verdadeiro trabalho. É preferível que se dedique a coisas simples, como pedir café ou
gritar com os outros. Os programadores e os cirurgiões, pessoas verdadeiramente brilhantes, não costumam figurar no quadro de administração das empresas.”

A percentagem de medíocres é sempre maior do que a proporção de pessoas notáveis. O que aconteceria se fosse ao contrário e os criativos dominassem? Pois, ninguém vestiria de
acordo com os ditames da moda, nem iria querer trabalhar nas fábricas que materializam os inventos dos inventores; haveria frequentes revoluções políticas, os departamentos dos
organismos públicos estariam vazios e não haveria best-sellers. Em Ao Farol, de Virginia Woolf, uma das personagens interroga-se se o mundo seria diferente se Shakespeare não
tivesse existido, e conclui: “Provavelmente, não. Talvez o bem geral exija a existência de uma massa de servos. O condutor do metro, esse sim, é uma necessidade eterna.”

Em busca de um ideal

Nesse caso, estará a excelência reservada a uma pequena minoria? Se definirmos a mediocridade, não pelas suas conquistas, mas como sendo uma atitude (a incapacidade de
valorizar a excelência), então também poderíamos definir o oposto nos mesmos termos. Isto é, uma pessoa excelente é aquela capaz de reconhecer e apreciar o bom, o notável, o
brilhante, o belo ou o original, quer seja ou não artífice do objecto apreciado. Não é preciso ser Aristóteles, Dalí ou Einstein; a excelência também está presente nos que sabem admirar o
talento dos outros e tomá-lo, subtilmente, por modelo.

Não depende das notas na escola, nem da classe socioeconómica, nem da profissão. Um humilde lavador de pratos pode pender para a excelência se for capaz de reconhecê-la e
respeitá-la; nesse caso, terá bom gosto para se vestir, embora a roupa seja barata, e saberá escolher os amigos, distinguir um bom filme de um fraco e apreciar a beleza de um pôr-do-
sol. Do mesmo modo, é possível que um rei, um líder político ou um multimilionário seja um medíocre, sem capacidade para distinguir o excepcional. Por muito dinheiro, fama ou poder que
tenha, a decoração da sua casa não terá grande estilo, dificilmente saberá escolher pessoal bem preparado para o auxiliar e não conseguirá distinguir sozinho uma verdadeira obra de
arte de uma variação oportunista sobre os temas da moda.

A procura da excelência implica uma tensão interior que faz o indivíduo suplantar-se, acelerando o seu desenvolvimento ou potenciando e admirando o progresso dos outros. O
excelente é idealista, rebelde, aventureiro, altruísta, incansável, mas pode também ser egocêntrico, insatisfeito, maníaco e viciado no trabalho, ou manifestar dificuldade em adaptar-se
e socializar. Quando a pressão para nos ultrapassarmos a nós próprios é excessiva, conduz ao perfeccionismo. Quanto mais alguém tiver inclinação para a excelência, menos
satisfeito estará consigo próprio, enquanto o medíocre raras vezes é vítima de uma sensação de fracasso e sente-se, geralmente, satisfeito com a vida que leva.

O filósofo inglês Bertrand Russell sabia, por experiência própria, como é difícil adaptar-se à “tirania da ignorância”; no livro A Conquista da Felicidade, aconselha os génios
incompreen​
di​
dos a emigrarem para um lugar onde as suas ideias sejam mais bem recebidas, a fingirem aceitar os preconceitos e os costumes dominantes ou a tentarem que a sua
independência de espírito não seja interpretada como uma provocação. Na realidade, por muito que custe admiti-lo, ser tomado por louco traz muito menos problemas.

L.G.R.

Os norm ais e os outros

A mediocridade e o seu oposto, a excelência, surgem ligadas a uma série de características contraditórias: a primeira costuma ter por aliados a inveja, a imitação, o conformismo, a
adaptação, a tradição, a inércia e a rotina; a segunda é amiga da admiração, da criatividade, do inconformismo, da rebeldia, da inovação, da curiosidade e da iniciativa. Outros sete
associados de uma e outra:

Instinto de sobrevivência – A prioridade do medíocre é sobreviver, custe o que custar. Mais vale ser parvo do que morto, como dizia o escritor escocês Robert-Louis Stevenson. É
o oposto do instinto de suplantar, que procura alargar os horizontes, mesmo que se tenha de arriscar a vida. Será que Colombo pensava no risco que corria ao atravessar o oceano na
sua frágil embarcação?

Terror do infinito – O medíocre não só não consegue imaginar o infinito, como sente naúseas só de pensar nisso. Em contrapartida, o excelente acolhe a espiritualidade e procura um
sentido para a vida.

Egoísm o – Ao “salve-se quem puder” opõe-se o altruísmo do indivíduo excelente, que dá prioridade à ideia do progresso e ao bem da humanidade.

Norm opatia – O medíocre receia e detesta sair dos carris, ser diferente. O excelente encoraja o individualismo para desenvolver as suas qualidades inatas.

Com odism o – Como se está bem no sofá a ver televisão! O oposto é o apelo da aventura: vou ficar na modorra quando há tanto por descobrir?

Materialism o – Ao “sou o que tenho” do medíocre contrapõe-se o idealismo, motor do génio.

Sem ear a discórdia

Eis como agem, em diferentes esferas sociais, os indivíduos com síndrome de mediocridade inoperante activa:

Na escola – As crianças agressivas que praticam o bullying ou assédio escolar costumam ser as mais ignorantes e menos aptas intelectualmente. Por sua vez, os professores
medíocres esforçam-se por ridicularizar e destruir qualquer lampejo de genialidade entre os seus alunos.

No trabalho – Os responsáveis por mobbing ou assédio moral no trabalho (em Portugal, a Autoridade para as Condições do Trabalho recebeu 913 queixas entre 2005 e 2008, mas há
milhares de casos responsáveis por muitas baixas laborais) são, geralmente, individíduos afectados pela síndrome MIA.
No casal – Muitos agressores psicológicos que exercem violência de género são indivíduos medíocres e inseguros que se sentem ameaçados pelo que interpretam como uma
superioridade do outro.

Na fam ília – A “ovelha negra” é, muitas vezes, a única pessoa que tenta pensar por si própria e empreender um caminho diferente do esperado. Se um membro do clã manifestar a
síndrome MIA, irá tornar-lhe a vida impossível.

Na religião – A Inquisição eliminou todos os génios que conseguiu encontrar. Muitas igrejas são, ainda hoje, dirigidas por uma elite de medíocres com poder que não entende os
ensinamentos do seu fundador e as corrompe para justificar a perseguição dos infiéis.

Na política – O que se passa quando um líder faz bem o seu trabalho, pretende mudar o mundo e começa a falar de justiça e liberdade? A síndrome MIA entra em acção para destruí-lo,
como aconteceu com Gandhi ou Martin Luther King. E no caso de ser o político a manifestar a síndrome? Hitler foi um bom exemplo.

Na arte – A excelência desperta o ódio virulento dos artistas medíocres que não conseguem alcançá-la. Salieri, por exemplo, pode ser considerado uma vítima da síndrome, pois vivia
obcecado pelo génio de Mozart, apesar de ele próprio ter deixado uma obra que não desmerece.

Na ciência – De cada vez que um sábio descobre algo que contradiz o pensamento vigente, a elite científica dominante cai-lhe em cima. Galileu esteve prestes a arder por afirmar que a
Terra se movia. Hoje, mesmo sem fogueiras, as coisas não são muito diferentes.

Na universidade – Tristemente, como disse um filósofo, “intervém ali a inveja dos medíocres e o jogo sujo dos mafiosos; a inveja e a corrupção são duas ​
doenças que causam muitos
danos na vida académica ou universitária”. O famoso governo dos sábios, na sua própria casa, não é imune à mediocracia.

Criativo ou falhado?

Responda às 20 perguntas e some as pon​


tua​
ç ões das respostas (o número entre parêntesis). No final, poderá verificar se a criatividade e a genialidade prevalecem na sua existência
ou se vive mergulhado na rotina e na mediania.

1. Tem um sonho inacreditável.


a) Procura interpretá-lo (0)
b) Vai contá-lo a alguém (2)
c) Pensa: “Disparate!” (3)
d) Já se esqueceu (1)

2. A pessoa de quem gosta com prom ete-se com outra.


a) Sente atracção por muitas, pelo que não há problema (1)
b) Arranja uma intriga para acabarem (3)
c) Sai com outra para lhe fazer ciúmes (2)
d) Demonstra que era o melhor partido (0)

3. O seu vizinho com pra o carro dos seus sonhos. O que pensa?
a) Deve ter custado uma nota! (1)
b) Como é um fulano tão feio, precisa de um carro destes para ter sucesso (2)
c) É lindo! (0)
d) Decide riscá-lo (3)

4. Quando os am igos de infância não lhe em prestavam um brinquedo...


a) Tentava que lhe comprassem um igual (2)
b) Partia o brinquedo (3)
c) Ameaçava acabar a amizade (1)

d) Construía um brinquedo parecido (0)

5. Num a briga, um desconhecido defende-o.


a) Convida-o para fazer alguma coisa e tornam-se amigos (0)
b) Um desconhecido a defender-me? (1)
c) Suspeita das suas intenções (2)
d) Diz-lhe para se meter na sua vida (3)

6. Em criança, queria ser…


a) Astronauta, bombeiro, músico, inventor (0)
b) Não me lembro (1)
c) Dono de um carro descapotável (2)
d) Chefe (3)

7. Os livros...
a) Nem lhes toco (3)
b) Ficam muito bem numa sala (2)
c) Leio todos os best-sellers (1)
d) São a minha paixão (0)

8. As crianças...
a) Precisam de liberdade e protecção (0)
b) São pequenos tiranos e devem andar de rédea curta (3)
c) Sou alérgico (2)
d) São umas queridas! (1)

9. Prom overam alguém que entrou depois de si.


a) Obviamente, é porque vai para a cama com o chefe! (2)
b) São as injustiças da vida... (1)
c) É por ser um bom profissional (0)
d) Começa a fazer-lhe a folha (3)

10. Querem criar um a com issão de trabalhadores na sua em presa.


a) Vai a uma reunião para ver o que lhe parece (0)
b) Não tenho nada a ver com isso! (1)
c) Espia e vai contar ao patrão (3)
d) Começa a pensar como poderá utilizá-la para obter benefícios pessoais (2)

11. Ultim am ente, toda a gente fala de determ inado livro


a) Apressa-se a comprá-lo, embora quase nunca leia (1)
b) É de certeza uma porcaria! (2)
d) Qual será o tema? (0)
c) Passo bem sem livros (3)

12. Se fosse chefe, queria estar rodeado de...


a) Gente bonita (2)
b) Pessoas experientes (0)
c ) Pessoas obedientes (2)
d) Idiotas (3)
d) Idiotas (3)

13. Saber falar várias línguas...


a) Para quê? (2)
b) Não tenho jeito para isso (1)
c) Abre muitas portas (0)
d) É para cretinos (3)

14. Um colega de trabalho é m ais eficiente do que o leitor. O que faz?


a) Passa-lhe as tarefas sempre que o apanha distraído (2)
b) Convida-o para fazer uma pausa, para não render tanto (3)
c) Observa-o e procura imitá-lo e aprender como o faz (0)
d) Não se tinha apercebido (1)
15. Na escola, quando um colega tirava a nota m áxim a num exam e, o leitor...
a) Fuzilava-o com o olhar (2)
b) Fazia-lhe uma espera e dava-lhe uma tareia, para ele aprender a não ser espertinho (3)
c) Ficava orgulhoso e pensava “que tipo mais esperto!” (0)
d) Sentia-se feliz por ter passado (1)

16. Continuam os na escola. Im agina que um colega lhe pede para o deixar copiar a sua prova num exam e.
a) Acede a que ele o faça (0)
b) Denuncia-o ao professor, pois não é justo que uns estudem e outros copiem (1)
c) Não aceita, mas aproveita para fazer chantagem com o colega, mais tarde (3)
d) Diz-lhe que o problema é dele, devia ter estudado! (2)

17. Este teste...


a) Vai rasgá-lo se o resultado não lhe agradar, antes que alguém veja (2)
b) Fá-lo por diversão (0)
c) É para imbecis (3)
d) É demasiado comprido (1)

18. As notícias do dia...


a) Dão-lhe que pensar (0)
b) Tanta miséria, que alívio ver que há gente que está pior do que eu! (3)
c) Vejo-as às refeições (1)
d) Só as vejo para ter de que falar (2)

19. Não sabe cozinhar, m as convidou o parceiro para jantar em sua casa.
a) Procura receitas na internet (1)
b) Recorre aos enlatados (2)
c) Espera que ele se ofereça para cozinhar (3)

20. Com o seu parceiro...


a) Aprende a amar e a respeitar as diferenças e a individualidade de cada um (0)
b) Estão juntos por hábito (1)
c) Exibe-o nas festas (2)
d) Fica furioso quando ele não se comporta como gostaria (3)

RESULTADOS

Menos de 14 pontos – A criatividade e o esforço pessoal são o motor da sua vida. Não lhe interessa o que os outros possam dizer; sabe que se faz o caminho ao andar e caminha
rumo à excelência. Também sabe que não há caminho sem obstáculos e alguns tropeções.

De 15 a 29 pontos – Não faz mal a uma mosca, é uma pessoa normalíssima e tem nas mãos a chave da felicidade. Parabéns por ser um medíocre vulgar!

De 30 a 44 pontos – Muito bem, não percebe por que motivo veio parar ao grupo dos medíocres pseudocriativos; deve haver algum erro. Um conselho apenas: não lhe faria mal dar
mais atenção ao conteúdo das coisas e menos às aparências.

De 45 a 60 pontos – É um caso típico de síndrome MIA (mediocridade inoperante activa) e constitui um verdadeiro perigo para a sociedade. Neste preciso momento, está a pensar
escrever ao director, queixar-se do artigo, declarar guerra à revista, fazer comentários negativos no Facebook. Se estiver numa posição de chefia, esperamos ardentemente que se
demita e escreva mil vezes: “Não atacarei o talento dos outros”.

SUPER 155 - Março 2011

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Comentários

#1 Cláudia Vantacich 01-08-2011 01:18


Parabéns pelo artigo. Não há nada que me irrite mais do que a mediocridade. Há tempos perguntei a uma pessoa se queria jogar xadrez, ao que me respondeu:- "Não sei nem
quero saber!" -
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