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Daniel Sposito Coelho NºUSP: 9339859

Fichamento do texto: “ O caráter político do Nacionalismo” , de ​Montserrat Guibernau

Bloco estrutural

● INTRODUÇÃO ( §§1-2)

Função/ Título dos sub-blocos

§1 – ​Apresentação das duas dimensões do tema : Nacionalismo como fôrma do Estado ou Elemento
estranho ao Estado vigente.

Resumo Tópico:
A- A​– ​O parágrafo apresenta o caráter político do nacionalismo e a possibilidade de sua atuação como
mecanismo de forte formação identitária coletiva.
B- B​– ​Referência a produção a noção de imortalidade simbólica do indivíduo nacional e ao conceito de
“ religião civil” de Gines.
§2 – Estrutura e objetivo geral do texto: Um estudo das noções de Nação e Estado nacional, como
surgem e interagem entre si e com os aspectos políticos, sociais e culturais.

A- A – Nacionalismo também é mecanismo de legitimação política


B- B – Existem Estados Nacionais homogeneizantes e Nações sem estado Heterogêneas
C- C – O objetivo final do texto é analisar a possibilidade do nacionalismo como ideologia motivadora
de ação política.

● DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS (§§ 3- 5)

§3 Distinção conceitual central: Estado; Estado Nacional; Nacionalismo

A- A – Estado: Definição clássica de Weber: “Comunidade humana que exige (com sucesso) o
monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território”.
B- B – Nação : Defini-se em cinco dimensões: Psicológica; Cultural; Territorial; Política e Histórica
C- C – Nacionalismo: Sentimento de pertencimento comentário e identificação cultural
político-ideológico concomitante.
4§ Reforço da distinção entre Nação e Estado Nacional: A importância do conceito de “ Estado
Nacional”

A- Estado Nacional: Fenômeno moderno no qual um estado procura formar uma naçãosobre seus
domínios, valendo-se de mecanismos de homogeneização cultural, como a revisão e ou invenção de
uam tradição histórico-moral comum.
B- A linha mestra que diferencia os dois conceitos é a forma de colocação dos elementos constitutivos
de uma nação: Uma “ Nação” está posta por si mesma, como que naturalmente formada por acidente
histórico e desenvolvimento coletivo imanente; Um Estado Nacional coloca artificialmente os
elementos nacionais por meio da homogeneização da pluralidade cultural existente em seus
domínios.

5§ Denotação da excepcionalidade da forma como o tema está sendo tratado: A inclusão do aspecto
político do Nacionalismo não é regra na literatura política.

A- Contraposição Gellner e Giddens: Nacionalismo como fenômeno fundamentalmente político e


Nacionalismo como fenômeno principalmente psicológico.
B- Kohn representa a vertente “psicologista”
C- Linha mestra da crítica ao sublinhamento psicológico do tema e a denúncia da importância ímpar do
aspecto político do nacional: A existência das nações sem estado e os desdobramentos de sua luta
por autonomia.

● O PROBLEMA DA GENEALOGIA DO ELEMENTO NACIONAL: A ORIGEM DAS


NAÇÕES (§§6-13)

(§§6-7) Apresentação das duas grandes vertentes de pensamento sobre a origem das nações: a
“naturalista” e a “ historicista”.

A- §6- Schleiermacher representante da vertente “naturalista”: a divisão natural-teológica dos humanos


em blocos nacionais.
B- Herder, outro “naturalista” com tendências teológicas sobre a nação.
C- Referência a um ramo da vertente”naturalista” destituída da influência teológica: a teoria
sociobiológica que considera a etnicidade como extensão do parentesco e este um motivador
sócio-político.

8§ A segunda perspectiva: Nacionalismo como fenômeno moderno.


A- Gellner e Giddens e Anderson como representantes da segunda vertente
B- Linha mestra da defesa dessa tese: Os conceitos de nacionalismo, nacionalidade e nação surgem
como um corolário de alguns aspectos políticos,estatais e principalmente culturais e econômicos(
sociedade industrial) do final do século XVIII.

(§§9-13) Apresentação da solução proposta pela autora acerca da questão: Uma síntese das duas
perspectivas com destaque para a noção de fenômeno moderno e o aspecto político e cultural da
nacionalidade.

A- §9- Para a autora as perspectivas baseadas na naturalidade das nações simplificam o conceito,
incluindo todos os tipos remotos de grupos humanos na mesma categoria.
B- As teorias que defendem a modernidade da nação ignoram as raízes históricas das comunidades
étnicas que posteriormente vieram a se tornar nações.
C- Guibernau acredita que é necessário estudar as formas preexistentes de lealdade e identidade de
grupo para bem compreender o fenômeno do nacionalismo.
D- Cita-se Barth para defender que originalmente a identidade dos grupos humanos se constrói
negativamente, ou seja, em contraste com um grupo de elementos postos, pela exclusão dos
“estrangeiros”, como teria ocorrido com o povo do País de Gales.
E- (§§10-11) A nação não é um fenômeno puramente moderno pois a estrutura na qual ela surge já
estava estabelecida por volta do ano 1100: Tal estrutura remonta a organização feudal após a queda
de roma e do império carolíngio, tal organização teria desenvolvido um senso de comunidade em
pequenos grupos que foram se afirmando negativamente por meio das guerras locais e as Cruzadas(
vide Huiziga).
F- A consolidação dessas culturas regionais ocorre principalmente por meio do lento desenvolvimento
das línguas nacionais e das obras de arte populares.
G- §12- Smith opera uma síntese das duas vertentes pelo conceito de “ethnie” ou comunidade étnica,
constituindo uma “Origem Étnica das nações”, desenvolvida a partir da análise de um complexo
“símbolo-mito” de estudo das formas e conteúdos dos mitos e valores centrais dos grupos étnicos.
Tal análise serve bem para compreender o problema mas não define bem o conceito.
H- O parentesco é somente uma forma pela qual um grupo de pessoas se idenifica emocionalmente
entre sí numa comunidade, este não é o único objeto de identificação pelo qual as nações surgiriam
pois posteriormente formas mais refinadas podem entrar em jogo.
I- A emergência das nações ocorre quando surgem grupos maiores ligados a territórios concretos,
com um mercado e comércio intensificados, juntos da ampliação estatal e bélica, que em conjunto
trazem o senso de comunidade construído negativamente. Tais condições começam a se engendrar
na Idade Média
J- §13- A autora considera uma questão de acidente histórico algumas nações terem conseguidos
sobreviver desde os primórdios e depois conquistar um estado próprio ou terem sido divididas ou
absorvidas por estados estrangeiros.

● A RELAÇÃO ENTRE OS CONCEITOS DE CIDADANIA E SOBERANIA


POPULAR E O NACIONALISMO: AS RAÍZES ILUMINISTAS E
REVOLUCIONÁRIAS DO CONCEITO NAÇÃO(§§14-24).

(§14) Os principais elementos do processo de formação nacional.

A- O Surgimento do Nacionalismo deve ser ligado às ideias que deram origem a Revolução Francesa
e a Revolução Americana
B- Dentre os principais elementos estão: Consolidação das unidades territoriais pelos estados
absolutistas; Definição clara das fronteiras entre estados; Emergência da Burguesia; O Iluminismo
e o novo papel dos governantes que esse movimento pregava através do culto a liberdade e da
igualdade, além da ideia da legitimação estatal por anuência popular.

(§§15-18) Os conceitos de Cidadania e Soberania Popular e sua relação com o nacionalismo.

A- §15- O conceito de Cidadania que se desenvolve na idade média, berço dos primeiros elementos
do nacionalismo, é diferente da concepção clássica grego-romana, devido ao sistema de poder
feudal e a falta de uma lei, educação e tradição unificadas sob o signo da cidade.
B- Citação de Heater: Entre a Idade média e a modernidade há a tensão entre uma identidade “
regional” e um estado nacional nascente. A autora reforça que o senso de lealdade nacional só
suplantava o regional em tempos de crise.
C- Na idade média cidadania se resume à relação de direitos e deveres exercidos na cidade e não
descreve bem, por exemplo, a relação de um francês com seu país.
D- §16- Há uma restauração do conceito de cidadania nos séculos XIII e XIV, como consequência
dos estudos aristotélicos.
E- Ressurge em estudiosos como Bartolus de Sassoferrato e Marsílius de Pádua as noções de que o
poder estatal se legitima pela anuência dos cidadãos e do poder soberano do povo sobre o estado.
F- §17- Locke no Séc. XVII, ao atacar a monarquia absolutistas, reforça a noção de anuência popular
como legitimação do estado.
G- §18- Já no Séc. XVIII o conceito de Soberania Popular começa a ser interpretado numa otica
nacionalista: A autodeterminação nacional. Há, apesar do elitismo interno ao novo coneito de
cidadão, a invenção de uma nova política em que “ a expressão da vontade passou por cima dos
pactos e tratados”

(§§19- 22) O processo de conquista dos direitos de cidadania: resistências e lutas.

A- §19- Os direitos à cidadania enfrentaram resistência dentro de certos círculos, especialmente nos
setores mais privilegiados. Além disso a questão do alcance da categoria de cidadão também esteve
em debate por muito tempo, sendo classe religião e sexo os principais critérios de discriminação.
B- A autora afirma que o processo começa com a Revolução francesa (1789), dá um passo atrás com o
bonapartismo e a Restauração de 1815, mas continua viva nos ideais iluministas de cidadania e
governo constitucional.O direito ao voto viria a ser um dos maiores símbolos dessa luta por
cidadania.
C- Desses ideais se desenrolam no Séc. XIX as lutas pela ampliação dos direitos políticos e sociais(
como as disputas por reformas econômicas na Revolução Industrial). A autora afirma que o
sucesso de algumas dessas lutas surgiu da lembrança do poder da resistência continuada que as
revoluções do Séc. XVIII provaram.
D- §20- Referência a situação dos EUA quanto a cidadania: Somente após a escravatura ser abolida,
na décima terceira emenda, é que diminuíram os problemas institucionais e legais que barravam a
conquista do direito indiscriminatório ao voto, concedido na décima quinta emenda. A autora
lembra que mesmo hoje em dia a igualdade entre os indivíduos em plano político social não é uma
questão solucionada.
E- §21-22 A autora seleciona o problema da discriminação da mulher como exemplo da inconclusão e
lentidão das lutas por direitos. Cita-se que Napoleão exclui explicitamente as mulheres do código
do direito civil francês, ao lado dos “criminosos” e dos “ deficientes mentais. Há diversas
referências exemplares como: Marie Gouze, que à época da Revolução Francesa redigiu uma “
Declaração dos Direitos Da Mulher”, esperando ampliar e corrigir a Declaração dos Direitos do
Homem e Do cidadão”, principal documento da revolução; Mary Wollstonecraft e sua “
Justificação dos direitos da mulheres (1792), e a Sociedade Nacional Para o Sufrágio das Mulheres,
na Grã bretanha. A autora afirma que só após a Primeira Guerra que essas lutas começam ter mais
sucesso, devido ao papel social e econômico que as mulheres em geral desenpenharam nas
guerras.Na Bélgica, França, Itália e Japão os resultados aparecem somente após a Segunda Guerra.
Só em 1920 surge o sufrágio feminino em igualdade e condições nos EUA, em 1971 na Suíça.
F- §23- Cita-se outro elemento importante ao surgimento e consolidação da nação, oriundo da
Revolução Francesa: A criação do primeiro sistema abrangente de educação nacional. Para a autora
a educação comum é elemento da chave da união da pátria e dos cidadãos
G- Conceitualização do Nacionalismo moderno por seu uso político e procedimento: Mecanismo útil
para reforçar uma lealdade e ligação dos habitantes com o estado e seu/seus dirigentes, pois, a
nação cria simbolicamente um senso de “povo” através de símbolos e ritos. A autora considera que
esse conceito também é responsável pela redefinição da cidadania em termos de: Nacionalidade,
direitos legais, políticos e sociais. Cita-se Heater para afirmar que o conceito de nacionalidade
primeiramente surge como cultural, mas foi profundamente politizado após a Revolução Francesa.

● O CARÁTER AMBÍGUO DO NACIONALISMO: ENTRE O CULTURAL E O


POLÍTICO, A REVOLUÇÃO FRANCESA E O ROMANTISMO
ALEMÃO(§§25-29)

(§§25-27) O nacionalismo romântico: a ênfase na identidade cultural​.

A- Conceitua-se um tipo romântico de nacionalismo segundo o qual o nacionalismo tem como ponto de
partida a cultura, não o Estado, sendo os elementos culturais,linguísticos e históricos essencialmente
constituintes da unicidade nacional. Evoca-se como principais símbolos o respeito e o culto à língua
nacional e a criação e ou valorização da história nacional( mitos de origem, valores e episódios
nostálgicos). Como exemplo de românticos são citados Hegel, com o conceito de Volksgeit ou
caráter de uma nação, e Herder. Nipperdey aparece como um dos críticos.
B- Crítica e avaliação do nacionalismo romântico: Situa-se essa vertente como um afastamento da alta
cultura e do eurocentrismo intelectual e uma aproximação com a cultura popular. Além disso
considera-se uma leitura reativa à ocupação e exploração das nações e à uniformização perpetrada
pela elite européia dentro e fora de seu território.
C- Devido ao seu enfoque linguístico-cultural a autora considera essa uma leitura útil à afirmação da
identidade das nações sem estado, tanto como auto-afirmação quanto como rejeição de estados
ilegítimos.
D- Cita-se como exemplos dessa utilidade as lutas da Catalunha por autonomia nacional, bem como a
criação de estados nacionais como a Alemanha e a Itália.
E- Conclui-se dois grandes lados do nacionalismo: O nacionalismo da Revolução Francesa
concentrou-se na dimensão política, por meio a valorização da igualdade e dos conceitos de
cidadania e soberania popular; O nacionalismo romântico teria se nutrido do idealismo alemão e sua
valorização da língua, do “sangue” e do solo comum como elementos da nação e seu caráter.

(§§28-29) A ambiguidade moral do nacionalismo e uma recapitulação.

A- O nacionalismo, por abrir a possibilidade de ser utilizado como instrumento político, é ambíguo em
seus efeitos e fins. A autora nos lembra que, apesar de os elos emocionais construídos pelo
nacionalismo afirmarem a identidade de um povo de forma eticamente positiva, o mesmo mecanismo
de aglutinação cultural também foi muito utilizado pelos regimes totalitários do Séc. XIX, como o
Nazismo e o Fascismo. Tais regimes contavam com símbolos nacionalistas do tipo racista, e segundo
a autora “exploraram os sentimentos nacionalistas” de tal forma que essa deturpação originou um
nacionalismo exclusivista,xenófobo,expansionista e opressivo.
B- §29- Guibernau faz uma recapitulação do que foi desenvolvido até então sobre a formação dos
estados nacionais. A diferença Estado Nacional e Nação é reforçada e novamente a atenção é
chamada para a situação na qual grandes unidades nacionais só ocasionalmente conseguiram edificar
um estado sobre si, isto é, unir os membros da nação cultural sob o governo de um estado que lhes é
próprio.

● O ESTADO NACIONAL COMO A FORMA PREDOMINANTE DA UNIDADE


DE PODER POLÍTICOS APÓS O SÉCULO XIX (§§30-36)

(§§30-31) A forma política universal da era presente e a importância da soberania.

A. Só a partir do Séc. XIX os estados nacionais estão já postos e bem definidos por toda europa.
B. A condição de Estado Nacional Soberano torna-se sinal de status internacional, condição também da
entrada nessa comunidade.
C. Citação de Giddens: A autora liga a proliferação de instituições internacionais após a Primeira
Guerra Mundial à primazia do estado nacional
D. A autora assim reforça a ideia da soberania, e a caracteriza de acordo com Giddens como uma
relação de mútuo reconhecimento entre estados.
(§§32-34) A importância e extensão do poder do estado.

A. O estado é fonte de poder pois a anexação, conquista e formação territorial e institucional de uma
nação depende dele.
B. O estado moderno interfere internamente em seus domínios por três vias principais: Cobrança de
impostos; Através do Direito, isto é, dos direitos, deveres e da coação; Controle tecnológico,
científico e moral.
C. A autora considera o controle da comunicação e da educação como cruciais para o poder de
formação e manutenção de uma nação sobre os domínios de um estado, pois ambos são fundadores
da cultura e chave para o processo de homogeneização cultural, simbólica e moral da população.
D. Cita-se Gellner para quem a comunicação e a educação são chave de sua teoria do nacionalismo, e
destaca-se sua concepção de atmosfera cultural compartilhada como condição da nação e o poder
antropotécnico do estado nacional, isto é, o de moldar humanos.
E. Por último a autora lembra que a capacidade de fazer guerra é a expressão do poder do estado além
de suas fronteiras soberanas.
(§§35-36) O estado moderno sofre particularmente de uma necessidade de legitimar seu poder.

A. A autora cita a democracia como a forma governamental majoritariamente considerada como “ideal”
e liga isso a expansão das ideais de soberania popular,igualdade e liberdade via liberalismo e
marxismo.
B. Cita-se duas grandes interpretações da democracia moderna: A marxista e uma mais aliada ao
liberalismo, que a autora localiza em autores com Bendix.
C. A autora acredita que uma das características fundamentais de nosso tempo é a crença geral de que o
poder políticos depende das possibilidades coletivas.Como consequência disso ela diagnostica como
um dos sintomas dessa necessidade de legitimação do poder do estado moderno a vontade de se
apresentar como “expressão da vontade do povo” tanto nos governos eleitos quanto até mesmo em
ditaduras.
● ESTADOS “LEGÍTIMOS” E “ILEGÍTIMOS”: OS TIPOS DE
NACIONALISMO SE DIFERENCIAM NA MEDIDA DA LEGITIMAÇÃO DO
PODER DO ESTADO

(§§37-41) A distinção entre legítimo e ilegítimo na relação do poder do estado com a nação e os
“nacionalismos” que surgem em sua consequência.

A. A autora entende por “Estado legítimo” quando o estado se harmoniza com a nação e “ilegítimo”
quando um estado inclui em seu território diferentes nações ou partes de outras nações, numa relação
de descompasso.
B. No primeiro caso: Nação e Estado coexistem, portanto surge um Nacionalismo que se beneficia do
poder do estado de aumentar a coesão de seu povo. Cria-se uma personalidade da nação, devido a
multidimensionalidade da relação que se estabelece. Esse Nacionalismo pode se valer de elementos
preexistentes da cultura da nação e impregna a vida diária do estado nacional. Nessa relação também
há a invenção e transformação de tradições, e a presença da veia nacionalista é sempre maior na
medida em que a integridade do estado é ameaçada ou não
C. No segundo caso: Segundo a autora a multinacionalidade dentro dos limites de um estado leva a
predominância de uma nação sobre outras, em geral aquela que melhor se harmoniza com os
interesses do estado posto.
D. Apesar de existir uma atmosfera comum de submissão ao poder do estado, em todas as suas formas
de interferência, há a presença de uma discriminação e uma opressão do estado por meio da
homogeneização cultural imposta. A autora acredita que um estado cria uma nação para defender sua
legitimidade, pois o senso de comunidade favorece o governo, contudo esse Nacionalismo da
imposição de uma atmosfera simbólico-moral comum denigre a integridade da maior parte das
nações dominadas pelo núcleo nacional privilegiado.
E. A autora analisa ainda a situação das “nações-estado” ou “estados coloniais”. Nesse caso o
Nacionalismo é importante para o incentivo dos movimentos de independência, na medida em que
essas nações surgem de mecanismos estatais originalmente estabelecidos por colonizadores, mas já
eram antes unidades culturais por si. Contudo, nas mãos da elite que busca o poder de estado,
problemas surgem, especialmente na formação da identidade nacional.
(§§41-44) Os dois efeitos potenciais das nações de estado não coexistente/harmônico e suas
consequências.

A. No segundo caso exposto a duas possibilidades visadas pela autora. Na primeira o estado é bem
sucedido na assimilação das diferenças das nações sob seu domínio, aniquilando assim as minorias
nacionais e formando um estado nacional integrado a uma cultura comum principal.
B. No segundo caso as minorias nacionais não são assimiladas e há um estranhamento entre nação e
estado. A alienação do estado deslegitima o poder da instituição e enfraquece a cidadania das nações
minoritárias.
C. Nessa situação as minorias se veriam como estrangeiras e o estado como um usurpador, assim o
senso de comunidade dessas unidades nacionais minoritárias se fortalece e se opõe violentamente aos
processos aglutinadores do estado.
D. Surge daí um nacionalismo das nações artificialmente incluídas pelo estado usurpador, um
nacionalismo de combate e rejeição do estado alheio.
E. A autora determina duas espécies principais de estratégias de combate: A resistência cultural e a luta
armada
F. Na resistência cultural se fortalece e exercita a vida intelectual da nação. Nessa forma de
“contra-estratégia” os camponeses se sobressaem ao povo das cidades, mais facilmente inclinados a
adotar a cultura alheia por sua proximidade com os espaços de poder. Os camponeses mantêm mais
facilmente vivas as línguas e as tradições da nação combatente.
G. A luta armada desafia diretamente o monopólio da violência do estado. Uma vez que seu poder é
deslegitimado pelo seu alheamento e alienação em relação às minorias nacionais, reconhece-se uma
situação de guerra.
H. A autora cita como exemplo de luta armada o movimento separatista basco ( ETA) na Espanha do
século XX. Reforça-se ainda, por meio desse exemplo, a noção de que o senso de cumplicidade e
comunidade dessas minorias nacionais oprimidas aumenta nas circunstâncias de combate ao estado
alheio, reforçando o nacionalismo de independência.

● ALGUM DOS NACIONALISMO É BOM CANDIDATO PARA INSPIRAR A


AÇÃO POLÍTICA ? (§§45-48)

A. Para a autora nacionalismo como princípio político deve sustentar a congruência entre estado e
nação.
B. O nacionalismo não é uma ideologia uniforme e estável, mas atende diferentes necessidades e
apresenta diferentes características dependendo das circunstâncias, especialmente da sua relação com
a organização estatal.
C. Numa situação de congruência o nacionalismo é dado como certo, e portanto não surgem bandeiras
políticas auto proclamadas “nacionalistas”, mas somente quando o estado nacional precisa reforçar
seu caráter de nação, como em tempos de guerras ou crises de unidade nacional. As pretensões
nacionalistas de um povo podem ser artifício de manipulação políticas devido ao seu poder
legitimador e apelativo emocional.
D. A autora sublinha que numa situação de nação sem estado os partidos abertamente nacionalistas são
geralmente clandestinos, pois esse nacionalismo da minoria representa uma resistência ao poder
aglutinador do estado, que tenta arquitetar artificialmente uma nação segundo seus interesses. O
objetivo central desse nacionalismo de resistência é fazer com que o estado reconheça sua existência
e legalidade, ou mesmo liberte as minorias de seu domínio para que elas construam seu estado
próprio. Nesse caso o nacionalismo funciona como fator de unificação e denunciador da
discriminação das minorias nacionais desprezadas.
E. A autora analisa o caso dos partidos nacionalistas segundo sua relação entre si na medida das suas
conquistas de autonomia política do estado, e constata que geralmente não se mantém uma unidade
nacionalista entre partidos.
F. Para a autora o nacionalismo proporciona uma série de objetivos mas não indica nenhum método em
específico, por isso os partidos nacionalistas se valem das mais variadas e por vezes contraditórias
estratégias políticas, das mais conservadoras às mais progressistas.
G. Para a autora portanto o Nacionalismo é importante por sua capacidade de representar a vontade do
povo de ser capaz de decidir seu próprio destino político e desenvolver sua própria cultura e
personalidade. Além disso ele é uma ferramenta de preservação cultural, algo importante devido às
consequências hostis da globalização para as relações internacionais, que são permeadas de tons
exploradores, elitistas e injustos. Portanto é um fenômeno multidimensional, que têm uma
profundidade psicológica e emocional, bem como social e política.
H. Guibernau argumenta que enquanto o mundo não for uma comunidade internacional cosmopolita
pacífica, na qual o multiculturalismo é encorajada e respeitado, isto é, enquanto não se concretizar
um processo de homogeneização cultural mundial, o nacionalismo continuará a fazer sentido como
um dos mais importantes fenômenos sócio-políticos.

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