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ProblemasSociaisContemporaneos PDF
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41047
Problemas Sociais Contemporâneos
O autor não pode de forma alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas existentes. Este documento não
pretende substituir o estudo dos manuais adoptados para a disciplina em questão.
Para que um problema social possa ser considerado problema sociológico deve possuir as condições de
regularidade, uniformidade, impessoalidade e repetição.
Para a ciência positivista é possível conhecer objectivamente a realidade social, uma vez que existem
critérios universais do conhecimento e da verdade. Ao abordar os problemas sociais, a sociologia
positivista estuda situações objectivas, que são definidas como problemas em razão de características que
lhe são próprias. Daí a necessidade de se conhecerem as suas causas e de se chegar à elaboração das
leis que regem o fenómeno.
A posição relativista segundo a qual não existe nenhum critério universal para o conhecimento e para a
verdade. Todos os critérios utilizados serão sempre internos ao sistema cogniscente e, como tal, serão
relativos e não universais. Consequentemente, a definição do que seja um problema social será sempre
relativa, será antes de mais um rótulo colocado a determinadas situações, e não uma característica
inerente à situação em si mesma. O que importa estudar é a definição subjectiva dos problemas sociais,
conhecer os processos pelos quais uma dada situação se torna problema social.
Desde o início, os sociólogos tentam equacionar o que Rubington e Weinberg denominam de mandato
duplo:
• Por um lado, dar atenção aos problemas existentes na sociedade, numa perspectiva de correcção
da realidade social, através dos conhecimentos empíricos adquiridos,
• Por outro lado, desenvolver teórica e metodologicamente a sociologia enquanto ciência.
Hester e Eglin, seguindo Matza consideram que o primeiro tipo de perspectiva pode ser denominado de
sociologia correctiva, que parte dos seguintes pressupostos:
• Equivalência de problema social a problema sociológico,
• As questões sociológicas derivam das preocupações sociais,
• O grande objectivo do estudo sociológico é a melhoria dos problemas sociais,
• Preocupação central com as causas ou etiologia dos problemas,
• Compromisso com os princípios positivistas da ciência.
Para estes autores, a sociologia correctiva falha nos seus propósitos precisamente porque não separa a
aplicabilidade da ciência do seu corpus teórico-metodológico, e não reconhece os viezes que tal situação
origina.
Encara as pessoas como objectos e não como sujeitos constroem a realidade social.
O pensamento organicista, cujo autor mais consistente foi o britânico Herbert Spencer, defende que a
sociedade e os seus elementos podem sofrer malformações, desajustamentos e doenças, à semelhança
dos organismos vivos.
Para a corrente da Patologia Social, um problema social é uma violação de expectativas morais
(Rubington, Weinberg). A condição de saúde ou normalidade do organismo é definida por valorações do
Bem e do mal.
A patologia pode ser encontrada no indivíduo ou no mau funcionamento institucional. Os primeiros autores
desta corrente, desde os meados do século XIX até cerca de I Guerra Mundial, enfatizaram sobretudo as
mal formações dos indivíduos. Foi a perspectiva do Homem Delinquente da escola positiva italiana de
criminologia, donde se destacaram Cesare Lombroso, Ferri e Garófalo.
Para Cesare Lombroso, era claro que a explicação do comportamento criminal dos indivíduos estava
em características fisiológicas particulares, como o tamanho dos maxilares, assimetria facial, orelhas
grandes ou a existência de um número anormal de dedos.
Esta corrente voltou a ganhar alguma importância na década de 1960, mas os novos patologistas sociais
afastaram-se da procura de deficiência nos indivíduos e centraram-se antes nas deficiências na
socialização. Segundo esta nova aproximação à patologia social, os problemas sociais seriam o resultado
da incorporação de valores “errados” pelos indivíduos, fruto de uma “sociedade doente”. Neste sentido, a
solução para os problemas sociais passaria necessariamente pela educação moral da sociedade e pela
incorporação de valores moralmente correctos.
Esta nova abordagem dos problemas sociais veio iniciar um período do pensamento sociológico mais
voltado para o amadurecimento e para o desenvolvimento teórico e metodológico da sociologia enquanto
ciência.
Os autores da perspectiva da desorganização social utilizam um conceito claramente “sociológico” e que
apresenta um maior potencial de operacionalização do que o conceito de patologia social.
Os quatro teóricos mais importantes da desorganização social foram Charles Cooley, Thomas, Znaniecki e
William Ogburn:
• Cooley teorizou a distinção entre grupos primários e secundários, sendo que nos grupos
primários os indivíduos vivem relacionamentos face a face, mais intensos e duradouros,
enquanto que nos grupos secundários as relações sociais são mais impessoais e menos
frequentes.
Cooley definiu a desorganização social como sendo a desintegração das tradições. As regras
sociais deixam de funcionar.
• De forma semelhante, Thomas e Znaniecki, no seu estudo clássico sobre os imigrantes polacos,
conceptualizaram a desorganização social como a quebra de influência das regras sociais sobre
os indivíduos.
• O contributo de Ogburn centrou-se no conceito de desfasamento cultural (Cultural lag) que este
autor propôs. Para a perspectiva da desorganização social, a sociedade não é um organismo
mas sim um sistema composto por várias partes interdependentes.
Aos teóricos acima mencionados, gostaríamos de acrescentar os nomes de Robert Park, Ernest Burgess e
Roderick McKenzie, os quais consideramos incontornáveis ao falarmos em desorganização social, no
seguimento dos estudos que levaram a cabo sobre a organização espacial da cidade. Efectivamente, o
fenómeno da urbanização é central para a perspectiva da desorganização social ao estar relacionado com
o enfraquecimento das relações face a face e das tradições sociais.
Park afirmou que a organização social se baseia nas tradições e nos costumes e que tudo o que perturba
os hábitos sociais, isto é, a mudança social, tem potenciais efeitos desorganizadores.
Passamos a apresentar as críticas apontadas por Marshal Clinard ao conceito de desorganização social:
• O seu poder explicativo para a sociedade em geral é reduzido, por ser um conceito demasiado
vago e subjectivo.
• Confundiu-se desorganização social com mudança socialização
• è um conceito fortemente sujeito aos julgamentos de valor do investigador, tal como o conceito de
patologia,
• Aplicou-se o conceito de desorganização social a situações que não são de desorganização, mas
que, pelo contrário, traduzem outros tipos de organização, de que é um exemplo típico o que se
passa nos bairros de lata.
• O sistema social pode acolher em si focos de desorganização ou a existência de comportamentos
Quer a corrente da patologia social, quer a da desorganização social, equacionaram os problemas sociais
como condições objectivas, menosprezando a definição subjectiva que os indivíduos pudessem fazer da
situação em causa. A perspectiva do conflito de valores, ao definir os problemas sociais em relação a
valores ou interesses dos grupos sociais envolvidos, coloca em evidência a importância da definição
subjectiva, sem a qual a condição objectiva de base não seria só por si um problema social.
Os teóricos mais importantes desta corrente na sociologia norte-americana foram Richard Fuller e Richard
Myers. Segundo estes autores, podem ser distinguidos três tipos de problemas que afectam as sociedades:
• Problemas físicos,
• Problemas remediáveis (ameliorative)
• Problemas morais.
Ainda segundo Fuller e Myers, os problemas sociais evoluem segundo três fases:
• Inicialmente processa-se a tomada de consciência do problema,
• Segue-se uma fase de determinação política,
• Por fim a fase das reformas.
Para Durkheim, o conceito de anomia significava uma ausência de normas, um quebrar das regras.
O conceito de anomia em Merton é um tanto diferente: refere-se antes a um desfasamento entre metas
culturais a atingir e os meios que a sociedade proporciona para o efeito.
Daqui resulta que o comportamento desviado é entendido como normal em relação a situações anormais,
concepção que já Durkheim tinha avançado. O comportamento desviado dependerá da assimilação das
metas culturais e das normas institucionais, e da acessibilidade dos meios legitimados pela sociedade.
Segundo Merton, o desfasamento entre meios e metas dá origem a quatro tipos de adaptação individual:
• A inovação, na qual as metas são mantidas mas são utilizados novos meios para as alcançar (ex.:
roubar ou subornar),
• O ritualismo, pelo qual se renuncia às metas, mas se sobrevalorizam os meios,
• A evasão, na qual tanto os meios como as metas são renunciados (ex.: alcoolismo)
• A rebelião, quando se pretende instaurar novas estruturas de metas e de meios.
Sutherland, mais tarde em parceria com Donald Cressey, apresenta em nove pontos este processo de
génese do comportamento criminoso: Página 39.
Em meados dos anos 50 Albert Cohen, na sua teoria da subcultura delinquente, sustentou que os
jovens da classe trabalhadora enfrentavam uma situação de anomia no sistema escolar, pensado segundo
os valores da classe média.
Outra teoria de síntese foi proposta por Richard Cloward e Lloyd Ohlin nos anos 60, na sua teoria da
oportunidade, estes autores sustentam que não basta considerarmos a estrutura de oportunidades
legítimas na génese do comportamento delinquente: é igualmente essencial ter em conta a estrutura de
oportunidades ilegítimas.
A perspectiva do comportamento desviado entende que os problemas sociais reflectem, de forma mais
ou menos directa, violações das expectativas normativas da sociedade, sendo que todo o comportamento
que viola essas expectativas é um comportamento desviado.
»»«« Labeling
Teoria do Labeling ou teoria da rotulagem, consideramos importante referir sumariamente as suas bases
filosóficas assentes no interaccionismo simbólico.
Mead, concebeu a formação do Ego como o resultado das interacções sociais, os indivíduos aprendem a
ver-se como objectos sociais e comportam-se de acordo com essa percepção.
Herbert Blumer desenvolveu a ideia de que os significados não são dados, mas requerem uma
interpretação activa por parte dos actores sociais envolvidos.
Erving Goffman introduziu o conceito de identidade social, para se referir às qualidades pessoais que
permanecem constantes em diferentes situações. Se as reacções forem negativas, as pessoas podem ser
forçadas a aceitar uma “spoiled identily”, processo que Goffman define como estigmatização.
Para a teoria de Labeling, os nomes pioneiros da perspectiva propriamente dita são indiscutivelmente os
de Edwin Lemert e Howard Becker.
Lemert defendeu, no inicio dos anos 50, a teoria de que o desvio primário e desvio secundário. Esta
distinção de conceitos baseia-se numa outra distinção que Lemert estabeleceu entre comportamento
desviado e papel social desviado.
A reacção ao desvio primário está assim na origem do desvio secundário.
Segundo Lemert, a sequência de interacção que leva ao desvio secundário pode ser esquematizado com
a seguinte evolução:
• Ocorrência do desvio primário,
• Sanções sociais,
• Recorrência do desvio primário,
• Sanções sociais mais pesadas e maior rejeição social,
• Continuação do desvio,
• O coeficiente de tolerância chega a um ponto critico,
• Fortalecimento do comportamento desviado como reacção à estigmatização e às sanções,
• Aceitação do estatuto de desviado por parte do individuo estigmatizado e consequentes
ajustamentos com base no novo papel social.
Esta perspectiva é reforçada por Howard Becker ao introduzir o conceito de Labeling.
Becker defendeu que o comportamento desviado é aquele que a sociedade define como desviado. Os
problemas sociais, tal como os comportamentos desviados, são definidos pelas reacções sociais a uma
alegada violação das normas ou expectativas sociais, e podem ser ampliados por essas mesmas reacções.
Para que alguém seja rotulado de desviado é necessário percorrer uma série de fases sequenciais, num
processo de interacção dinâmico, a que Becker apelidou de carreira desviante.
O que a perspectiva do Labeling constatou é que nem todos os que violam as normas são rotulados de
desviados, o que nos leva a considerar que, em última instância, todo este processo traduz uma certa
equação do poder na sociedade: quem define as regras, quem aplica os rótulos, quem é rotulado.
A fundamentação desta corrente encontra-se no pensamento marxista. Assume, portanto, uma postura
de conflito na génese dos problemas sociais. Segundo a tradição marxista, os modos de produção da
infra-estrutura económica determinam relações sociais distintas.
Para a perspectiva crítica, os problemas sociais advêm das relações sociais impostas pelo modo de
produção, e traduzem a necessidade de controle da classe capitalista e a necessidade de resistência e
acomodação das classes exploradas. O tipo e a gravidade dos problemas sociais ficam particularmente
dependentes das condições económicas conjunturais e da consciência de classe que os trabalhadores
possam ter.
A solução para os problemas sociais reside, em última instância, na mudança (de preferência
revolucionaria) do sistema social de classes para uma sociedade sem classes, isto é, sem exploração
humana, sem injustiças e sem desigualdades.
O surgimento da corrente crítica e a sua influência no pensamento sociológico datam dos anos 70.
Os autores mais significativos desta abordagem foram os sociólogos britânicos Ian Taylor, Paul Walton e
Jock Young.
Segundo Taylor, Walton e Young, o desvio deve ser analisado de forma materialista e histórica:
• Materialista – porque deve ser analisado o contexto material no qual surge o desvio,
• Histórica – porque se deve relacionar o desvio com a evolução histórica dos modos de produção.
Partindo da ideia de que o poder não é uma simples capacidade de obrigar, mas que traduz a resultante
da tensão entre tal capacidade e a vontade de obedecer.
Quadro da página 56.
Para garantir a eficiência do estado Protector, o príncipe recorreu a dois tipos de pessoas:
• Por um lado, aos politico profissionais e semi-profissionais,
• Por outro, aos funcionários profissionais que pouco a pouco foram aumentando na Europa.
Para realizar tal finalidade, o seu aparelho administrativo teve de assumir uma dimensão
progressivamente maior, com uma organização cada vez mais complexa e uma pilotagem
progressivamente mais profissionalizada.
Quadro da página 58.
2.2.1 – Génese
O liberalismo deve ser compreendido no sentido mais global (como uma) doutrina baseada na denúncia
de um papel demasiado activo do estado e na valorização das virtudes reguladoras do mercado.
Quadro página 60.
2.2.2 – As teses
E esta a tese defendida por grande parte dos principais autores do liberalismo positivista clássico,
como Adam Smith, Jeremias Bentham, Burke, Humbold, do liberalismo utópico como Paine e Godwin e
do neoliberalismo como Robert Nozick ou John Rawls. Em todos estes autores encontramos uma forte
critica à excessiva dimensão do estado, variando no entanto, nos critérios definidores das suas funções e
na definição do seu campo de actuação. E o caso, mais recente, da corrente neoliberal, que deve ser
entendida como uma critica, da crítica à economia do mercado.
Para discutir esta questão, Rosanvallon (1984) parte da teoria das internalidades. De acordo com esta
teoria, a acção do estado tem, com frequência, efeitos imprevistos (internalidades), que pervertem as
intenções de justiça e de promoção do Bem-Estar das suas politicas.
No que respeita aos problemas sociais económicos, o pensamento liberal tem evoluído, ainda que
partilhe de uma ideia comum: o mercado é melhor regulador que o estado e, por consequência, os
problemas socio-económicos devem ser atacados predominantemente pela sociedade civil.
Em suma – a posição liberal face aos problemas socio-económicos pode resumir-se em dois aspectos:
• A maior parte dos problemas sociais e económicos resultam de uma excessiva intervenção do
estado,
SebenteUA – apontamentos pessoais página 9 de 36
SebentaUA, apontamentos pessoais Disciplina /41047 – Problemas Sociais Contemporâneos
• A resolução dos problemas sociais e económicos deveria ser deixada aos mecanismos (naturais)
de auto-regulaçao do mercado.
2.2.3 – As limitações
Em traços gerais os críticos à perspectiva liberal apontam-lhe as seguintes limitações:
• Os limites da acção do Estado são, em regra, insuficientemente operacionalizados,
• Os efeitos imprevistos do funcionamento do mercado que condicionam fortemente a emergência e
o agravamento dos problemas socio-económicos não são convenientemente equacionados.
Suzanne de Brunhoff – a conjuntura é vista como um cenário de guerra económica o que implica, por parte
dos decisores políticos, uma atitude de nacionalismo económico. Neste contexto, as funções económicas
e sociais do estado procuram atingir dois objectivos:
• Reforçar a frente de combate económica,
• Ajudar a tratar dos feridos da guerra económica.
2.3.2 – As teses
O pensamento de Marx relativamente ao papel do estado não é idêntico ao longo da sua obra, nela se
encontrando:
• Desde uma posição idealista,
• Passando pela afirmação de que o estado era uma expressão da alienação humana semelhante à
religião
• Ao direito e à moralidade,
• Até à afirmação de que poderia desempenhar, apesar de todas as criticas, algum papel positivo
em favor das classes oprimidas.
2.3.3 – As limitações
As críticas, podemos agrupá-las em dois:
• Do ponto de vista doutrinário, provocou danos elevados na coesão social, colocando as classes
sociais umas contra as outras,
• Do ponto de vista político, falta de eficácia e de eficiência.
2.4.1 – Os fundamentos
Os fundamentos da intervenção do estado relativamente aos problemas sociais e económicos podem
encontrar-se na constatação de efeitos imprevistos (positivos ou negativos) do funcionamento do mercado
a que Pigou, em 1920, chamou externalidades.
A teoria das externalidades servia, assim, de suporte para legitimar a intervenção do estado no próprio
interior da lógica liberal, criando paradoxalmente uma fonte inesgotável de motivos de extensão do estado-
regulador.
2.4.2 – Os pilares do estado Intervencionista
A expressão Estado-Providencia surge na França do segundo império.
Em grandes linhas pode dizer-se que este modelo de Estado integrou três tipos de contribuições
principais:
• O primeiro pilar: o seguro obrigatório de Bismarck
O primeiro passo para a construção do modelo de Estado intervencionista foi dado na Alemanha, nas
décadas de 1870 e1880, por iniciativa dos governos de chanceler Bismarck.
Num conjunto de leis que procuraram melhorar a protecção social dos trabalhadores através de
mecanismos de seguro obrigatório, numa altura em que os sistemas de protecção eram meramente
mutualistas. As leis estruturantes de tal sistema foram as seguintes:
*** Lei da responsabilidade limitada dos industriais em caso de acidente de trabalho (1871),
*** Lei do seguro obrigatório (1881),
*** Leis do seguro-doença (1883), dos acidentes de trabalho (1884), e do seguro velhice-invalidez
(1889).
• O segundo Pilar: a teoria intervencionista de Keynes
Foi dada pelo economista John Maynard Keynes que mostrou a forma como o capitalismo de mercado
podia ser estabilizado através da gestão da procura e da adopção de um sistema de economia mista.
Os princípios defendidos por este autor, aplicados para combater a crise de 1929 pelo Presidente
americano Franklim Roosevelt na política do New Deal, basearam-se numa vigorosa intervenção
estatal através de investimento públicos que criaram muitos empregos. Ao faze-lo, aumentaram o
poder de compra das famílias o que provocou um crescimento da procura, revitalizou a economia e,
por consequência, reduziu os problemas sociais e económicos.
• O terceiro pilar: o relatório Beveridge
E, em plena segunda guerra mundial (1942), com o Relatório Beveridge, que se lançam as bases
recentes dos sistemas de segurança social, de acordo com quatro princípios:
*** O principio da universalidade,
*** O principio da unicidade (de inputs do sistema),
*** O principio da uniformidade (de outputs do sistema),
*** O principio da centralização (organizacional).
Com as duas crises de petróleo ocorridas nos anos 70, iniciou um período de recessão que teve dois
efeitos conjugados:
• Por um lado, aumentou a procura de Estado, devido ao crescimento do desemprego provocado
pela recessão económica,
• Por outro lado, a diminuição das contribuições, condicionou a redução da oferta de Estado.
2.5 – Em Portugal
2.5.1 – A perspectiva intervencionista na evolução constitucional
SebenteUA – apontamentos pessoais página 11 de 36
SebentaUA, apontamentos pessoais Disciplina /41047 – Problemas Sociais Contemporâneos
»»«« Biodiversidades
• Introdução
Biodiversidade para designar a diversidade de habitats e espécies existentes nos diferentes
ecossistemas.
• Diminuição da biodiversidade
• Biodiversidade aplicada
A diversidade genética dos seres vivos, deve ser guardada, constituindo-se bancos de genes para a
utilização futura. A biotecnologia e a engenharia genética podem contribuir para a criação de novos
organismos transgénicos, com capacidades até então inexistentes.
• Protecção da biodiversidade
A preservação da biodiversidade tem um grande impacte social.
Este facto foi abordado na Conferencia de Rio em 1992.
»»«« Resíduos
• Introdução
Resíduo – qualquer substancia ou objecto de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou obrigação
de se desfazer.
• Resíduos sólidos urbanos (RSU)
• Resíduos industriais
• Medidas futuras.
4 – Problemas demográficos
4.3 – Migrações
Migrações – entende-se o movimento de uma população, temporário ou permanente, de um local físico
para outro.
A migração envolve necessariamente uma transição social bem definida, implicando por regra uma
mudança de estatuto ou uma alteração no relacionamento com o meio envolvente, quer físico quer social.
4.3.1 – Classificação das migrações
As migrações podem ser classificadas em:
• Migrações internas
• Migrações internacionais
*** Ordem social – por exemplo: abandono de mulheres e crianças, contacto com outras culturas e
tradições que poderão levar à extinção de determinadas praticas tradicionais ou à adopção de praticas
novas como, por exemplo: maior recurso às técnicas de planeamento familiar.
• Tendências das migrações internacionais para os próximos 20 anos:
*** Globalização das migrações – tendência para que um maior numero de países seja afectado ao
mesmo tempo por movimentos migratórios, oriundos de uma maior diversidade de áreas,
*** Crescimento das Migrações – tendências para que o volume dos movimentos migratórios se
torne cada vez maior,
*** Indiferenciaçao das Migrações – inicialmente os movimentos migratórios eram de um só tipo; por
exemplo, ou só de trabalhadores ou só de refugiados. Hoje, assiste-se a movimentos migratórios
simultâneos, da vários tipos,
*** Feminizaçao das Migrações –
• Processo migratório internacional: o modelo das 4 fases:
Quadro página 158.
Em relação às outras duas conferências, a conferência do cairo, introduziu uma nova ênfase no
programa de acção mundial: a importância social atribuída às mulheres e aos direitos da saúde
reprodutiva.
Quadro página 177.
5 – Globalização económica
5.1 – Introdução
Este capítulo apresenta os principais conceitos usados na análise dos determinantes da globalização,
assim como a moldura analítica básica necessária para a compreensão das relações entre globalização,
desnacionalização e vulnerabilidade externa. O argumento central é que o processo de globalização
económica provoca relações mais complexas e profundas de interdependência entre economias nacionais
e, no caso de alguns países (Brasil e, basicamente, toda a América Latina) essas relações levam à
consolidação ou ao agravamento de uma situação de vulnerabilidade externa.
O investimento externo directo refere-se a todo o fluxo de capital estrangeiro destinado a uma empresa
(residente) sobre a qual o estrangeiro (não-residente) exerce controlo sobre a tomada de decisão.
“Empresa de capital estrangeiro” (ECE) trata-se, em alguns momentos, da empresa-matriz (não-
residente) e, noutros, da filial ou subsidiária (residente) no país. A ECE é também referida, às vezes, como
empresa internacional, multinacional, transnacional ou, mais simplesmente, como empresa estrangeira.
O investimento externo directo significa que um agente económico estrangeiro actua na economia
nacional por meio de subsidiárias e filiais, enquanto as relações contratuais permitem que agentes
económicos nacionais produzam bens ou serviços que têm origem no resto do mundo.
A partir de meados dos anos 80 houve um aumento extraordinário dos fluxos de investimento externo
directo e das relações contratuais, assim como da actuação das empresas transnacionais.
Deve-se notar, ainda, que grupos transnacionais também passaram a actuar mais directamente no
sistema financeiro internacional por intermédio de instituições financeiras próprias.
c) O terceiro processo refere-se à crescente integração dos sistemas económicos nacionais. Esse
processo manifesta-se quando, no caso da globalização financeira emitidos por residentes está nas mãos
de não-residentes e vice-versa.
No início dos anos 80, após o período de crise (estagnação e inflação) dos anos 70, a situação das
economias capitalistas “maduras” era particularmente difícil.
As economias capitalistas desenvolvidas defrontavam-se com quatro respostas básicas para sair da crise
de acumulação:
• A primeira é a conhecida “saída Keynesiana”, com políticas fiscais expansionistas e défices
públicos. A expansão dos investimentos públicos é uma das principais formas de realizar essa
saída da crise.
• A segunda resposta consiste na “saída Shumpeteriana” de indução do processo de destruição
criadora, por meio do qual se promove uma nova onda de inovações tecnológicas e
organizacionais capaz de aumentar os gastos (consumo e investimento).
• A terceira saída centra-se na distribuição do produto e riqueza
• A quarta e última saída encontra-se no mercado externo e procura transformar as exportações na
“locomotiva” da economia nacional. Nesse sentido, as economias avançadas devem alcançar uma
trajectória de crescente competitividade internacional.
O processo de globalização por meio da abertura e exploração dos mercados externos – tem permitido
uma recuperação das taxas de lucro.
Deve-se notar ainda que o período que precedeu o processo recente de globalização foi marcado por uma
redução extraordinária da taxa de crescimento da produtividade.
Em serviços (non-tradeables), não directamente envolvidos no processo de globalização) o que se
observa é a manutenção da tendência da queda da produtividade ao longo das últimas quatro décadas.
Entretanto, recentemente, houve uma forte recuperação das taxas médias de crescimento da
produtividade, liderada pelo sector produtor de bens.
Assim, no período recente marcado pelo processo de globalização, tem-se verificado uma recuperação
das taxas de crescimento da produtividade, principalmente no sector produtor de bens - sector de
tradeables.
Na realidade, a saída preferencial usada pelas economias capitalistas desenvolvidas desde o início dos
anos 80 tem sido aquela que procura maior acesso aos mercados internacionais de bens, serviço e
capitais. Essa estratégia surge como reacção à insuficiência de procura interna nos países capitalistas
desenvolvidos, sendo activamente promovida por governos e empresas transnacionais. Portanto, a
insuficiência da procura colectiva nos países desenvolvidos constitui-se no mais importante e determinante
fenómeno da globalização económica deste final de século.
O poder é entendido como “a probabilidade que um actor, dentro de uma relação social, estará em
posição de realizar a sua própria vontade, apesar da resistência de outro actor social e
independentemente da base sobre a qual essa probabilidade se apoia” (Weber).
O objectivo é apontar as principais fontes de poder ou os elementos na base do poder das ECE.
Essas empresas têm poder para iniciar, decidir e vetar questões na tomada de decisões. O conceito de
decisão refere-se a “uma escolha entre alternativos de acção”.
Entretanto, tem-se em consideração o papel das ECE como agente de “mobilização de viés”, isto é, não se
deixa de lado os efeitos das ECE sobre a “tomada de não-decisão” (Gonçalves). A não-decisão é 2uma
decisão que resulta na supressão ou impedimento de um desafio latente ou manifesto para os valores ou
interesses do tomador de decisões”.
Nesse sentido, uma tomada de não-decisão é “uma maneira pela qual demandas por mudanças na
alocação existente de benefícios e privilégios na comunidade podem ser sufocados antes mesmo que
sejam anunciadas; ou mantidas encobertas; ou eliminadas antes que ganhem acesso à arena relevante da
tomada de decisão; ou faltando todos esses procedimentos, mutilados ou destruídos no estágio de
implementação de decisão do processo político” (Gonçalves).
No que se refere às EC, esse poder sobre a tomada da não-decisão parece ser significativo quando se
considera a capacidade dessas empresas de influenciar ou moldar percepções e preferências por meio,
até, dos tipos de bens e serviços fornecidos, assim como pelo uso dos meios de comunicação de massa.
Dado o conjunto apresentado dos conceito básicos o objectivo é examinar as principais fontes ou
elementos da base de poder de ECE. Essas fontes são divididas em dois tipos:
• As fontes externas são derivadas de elementos fora do controlo dos países receptores de IDE
(investimento externo directo), de modo que o governo tem pouca, se alguma, probabilidade de
mudar esses elementos. Assim, estes podem ser vistos como “parâmetros” na análise do papel
das ECE.
• As fontes internas de poder podem, até certo ponto e sob certas circunstâncias, ser colocadas
sob o controlo dos governos dos países receptores e, consequentemente, vistas como variáveis a
serem usadas para reduzir o poder das ECE.
Entretanto, deve-se assinalar que, nalguns casos, é difícil definir um elemento da base de poder das ECE
como externo ou interno. Além disso, esses elementos nem sempre são independentes uns dos outros, já
que a própria existência de um elemento externo pode criar condições para o aparecimento de um
elemento interno.
No que se refere às fontes internas de poder das ECE pode-se mencionar: Página 202.
Uma parte substantiva das fontes internas mencionadas também as plica ao caso das empresas privadas
nacionais, particularmente aos grandes grupos económicos nacionais.
b) Grau de integração
O grau de integração do sistema matriz-subsidiárias permite às ECE uma maior flexibilidade no uso do
mecanismo dos preços de transferência (sub e superfacturamente) por meio do comércio externo. Por
meio dos preços de transferência as ECE podem realizar a sua própria vontade (transferência
internacional de recursos) apesar da resistência do governo do país receptor.
c) Assimetria da informação
A posse de um activo específico à propriedade é uma das condições básicas que determinam a própria
existência das ECE. Essas empresas possuem informações sobre a situação e perspectivas a respeito de
produtos e mercados, que não estão disponíveis.
e) Interdependência do mercado
A natureza da concorrência – concorrência oligopolista ou monopolista – pode restringir a rivalidade por
meio da moderação ou cooperação, como uma táctica para controlar mercados e também para criar
solidariedade, reciprocidade e, consequentemente, uma comunidade de interesses no plano internacional.
As ECE caracterizam-se por certo dinamismo tecnológico. Assim quanto mais rapidamente se processar a
inovação tecnológica num sector especifico, maior tende a ser o poder de intervenção económica das ECE
num país isoladamente.
l) Elementos institucionais
Num processo de resolução de situações de conflito entre as ECE e os países receptores, essas
empresas podem apelar de forma directa ou indirecta para elementos externos de natureza institucional,
que podem ampliar a sua bae de poder.
O objectivo central da AMI é definir um conjunto de direitos para as ECE e, por outro lado, restringir o grau
de manobra de governos na direcção da regulamentação dessas empresas.
Num tempo em que as campanhas eleitorais se mudam dos comícios para a televisão, das polémicas
doutrinárias para o confronto de imagens e da persuasão ideológica para as pesquisas de Marketing,
embora ainda nos interpelem como cidadãos é mais fácil e coerente sentirmo-nos convocados como
consumidores.
A maneira neoliberal de fazer a globalização consiste em reduzir empregos para reduzir custos,
competindo entre empresas transnacionais, cuja direcção tem origem a partir de um ponto desconhecido,
de modo que os interesses sindicais e nacionais quase não podem ser exercidos.
O fundador da primeira cátedra de Educação e Sociologia da Sobornne, escrevia para a sociedade do seu
tempo, que aceitou, sem polémica, a ideia de que a educação se traduzia num processo unilinear de
preparação das novas gerações, pelas mais antigas, para o exercício de papeis sociais.
Resultante da força conjugada do aumento da esperança média de vida das populações e da redução
drástica do ciclo de vida do Conhecimento, a formação inicial perdeu peso relativo, circunscrevendo-se à
aprendizagem básica de conhecimentos, técnicas e atitudes, susceptíveis de virem alicerçar a
aprendizagem ao longo do resto da vida. Em contrapartida regista-se o alargamento da formação continua,
à mediada em que se vai tomando consciência da degradablidade do saber e do seu ciclo de vida cada
vez mais curto.
Em termos genéricos podem distinguir-se duas vertentes principais do processo educativo, consoante a
aprendizagem de papéis esteja codificada e institucionalizada ou não: a educação formal e a educação
não formal.
Como atrás se referiu, as necessidades de educação formal, hoje, não se circunscrevem à educação
inicial – que integra o ensino básico (pré-escolar e escolar), secundário, profissional e superior – mas
abrangem a chamada formação continua, em múltiplas facetas de formação profissional (actualização,
reciclagem, extensão e reconversão) e de formação continua superior, esta ultima em contexto académico
(pós-graduação) ou mais direccionada para a investigação e desenvolvimento de unidades produtivas
(formação avançada).
Por seu turno, a consciência progressivamente maior de que a educação institucionalizada não cobre
todas as necessidades educativas, tem vindo a desenhar um quadro de necessidades educativas, que
podemos agrupar em dois conjuntos que se interpenetram:
• Em primeiro lugar uma educação que permita às gerações vivas, não só adaptarem-se à mudança
acelerada da sociedade contemporânea, mas também aprenderem a geri-la em seu proveito,
• Um outro conjunto de necessidades de aprendizagem que podemos englobar sob a designação
de educação cívica e comunitária.
milhões,
• As taxas de absentismo e de abandono no ensino secundário aumentaram dramaticamente a
partir dos anos setenta,
• Para agudizar, à invasão dos postos de trabalho pelos computadores, obrigando os titulares a
uma familiarização mínima com estas ferramentas da sociedade da informação, o sistema
educativo não conseguiu responder ao mesmo ritmo, correndo-se sérios riscos de estar a criar
uma geração de analfabetos informáticos.
Podemos tipificar essas novas necessidades educativas em dois grupos que mutuamente se interligam:
necessidades relacionadas com a adaptação ao processo de mudança e necessidades ligadas à gestão
dos conteúdos dessa mudança.
Uma terceira tendência que se observa na sociedade contemporânea é para uma substancial alteração
dos sistemas de poder devido, entre outras, a duas circunstâncias:
• Em primeiro lugar, o avanço das novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) e o
desenvolvimento da sociedade de informação fizeram com que a principal fonte de poder deixasse
de ser a riqueza e passasse a ser o conhecimento,
• Em segundo lugar, como expressão politica do duplo processo de planatarização e de localização
registado na segunda metade do século XX, observou-se um aumento dos protagonistas
políticos e uma diversificação das suas relações, de acordo com uma tendência para
complexidade crescente.
Edgar Faure, no seu já clássico Aprender a Ser (1977), já partilhava da mesma opinião, afirmando.
Quanto aos aprendentes, observa-se que nos últimos anos o seu número e diversidade aumentaram
significativamente, devido a diversos factores:
• Crescente consciência da importância que tem a melhoria do nível de educação de um povo para
o seu desenvolvimento económico e social,
• Aumento da população infantil e juvenil, em termos absolutos, nos países menos desenvolvidos,
• Aumento das necessidades de formação contínua da população adulta, criando um enorme
contingente adicional de aprendentes.
Para fazer face à pressão da procura educativa muitos sistemas educativos têm-se confrontado com um
duplo problema político: os recursos são escassos e frequentemente são desviados para fins militares.
Parece portanto que o investimento em educação tem sido globalmente assimétrico, em detrimento dos
países mais pobres. Se, a esta assimetria, juntarmos as carências de outros recursos materiais, como
instalações, equipamentos, materiais de ensino, abastecimento de água, electricidade e outros bens e
serviços, poderemos concluir que a indústria do ensino está claramente falha de recursos materiais e que
tal carência é mais grave nos países que apresentam baixos índices de desenvolvimento humano.
7.2.2 – Os produtos
Diferente situação em que os diversos sistemas de ensino se encontram relativamente aos recursos
disponíveis e às exigências a que têm de fazer face, naturalmente afecta os seus produtos, que se
traduzem na qualidade das qualificações produzidas pelo sistema e no numero de pessoas qualificadas
nos vários níveis de ensino.
A qualidade das qualificações, sendo difícil de medir, pode no entanto ser revelada por alguns indicadores
como o número médio de anos de escolaridade da população adulta e o número de diplomados, de
cientistas e técnicos por mil habitantes.
Registou nos últimos decénios uma melhoria global da alfabetização mas a um ritmo demasiado lento para
as necessidades que o fosso entre países ricos e pobres, neste domínio, está a reduzir-se; que a taxa de
alfabetização está claramente relacionada com o estádio de desenvolvimento, que, em função disso, são
os países mais carecidos que apresentam índices piores; que, finalmente, o segmento feminino se
encontra claramente em piores condições e que estas são agravadas com o estádio de desenvolvimento.
Em síntese, observando os sistemas de ensino contemporâneos como industriais, regista-se uma crise
global, resultante de uma insuficiente oferta de ensino perante uma crescente pressão da procura:
• As necessidades do mercado aumentaram vertiginosamente tanto pelo aumento numérico dos
aprendentes, como pela diversidade das exigências feitas,
• Os recursos materiais, humanos e ambientais, indispensáveis para fazer face ao acréscimo de
necessidades, são claramente insuficientes, sendo muitas vezes desviados para outros fins,
• A falta de recursos é mais grave nos países menos desenvolvidos, simultaneamente os mais
carecidos de investimentos em educação.
• As assimetrias observadas reflectem-se nos produtos dos sistemas educativos, quer no que
respeita à sua qualidade quer no que concerne à quantidade, e são agravadas directamente pela
condição feminina e pelo nível de desenvolvimento.
Estes dois conceitos são extremamente importantes mas muitas vezes confundidos:
• A eficácia – do processo educativo tem a ver com a convergência entre objectivos (resultados)
previstos e alcançados,
Em qualquer acto educativo formal estão presentes três subsistemas que o condicionam: um aprendente,
um estudante e um sistema de comunicação educacional.
• Espaços específicos como laboratórios, bibliotecas, ginásios e salas para actividades expressivas
bem como espaços polivalentes, onde estudantes e professores possam trabalhar e conviver em
regime de cooperação educativa,
• Estratégias activas para melhorar a comunicação educacional.
Introdução
Nesta unidade iremos apresentar as questões do racismo, da xenofobia, dos fundamentalismos, do
sexismo e dos atentados aos Direitos Humanos como problemas resultantes de diferendos ideológicos.
8.1 – Racismo
A grande parte da história que se têm debruçado sobre o racismo identifica o século XIX como o período
de impulso deste fenómeno, devido precisamente ao desenvolvimento de várias “teorias da raça”.
Esta diferenciação entre “raças superiores” e “raças inferiores” e a legitimação da supremacia das
primeiras face a estas designa-se por racialismo. O racialismo designa, portanto, a vertente ideológica do
racismo.
• O racismo institucional
A segunda metade do século XX viu também nascer ma nova interpretação do racismo que não apela a
uma componente ideológica: rata-se da construção do conceito de “racismo institucional”. Originalmente
defendido pelo movimento “Black Power” nos EUA, nos anos 60, a ideia de “racismo institucional” assenta
no pressuposto de que a sociedade está estruturada de maneira a manter a exclusão de um grupo
especifico (naquele caso os negros Afro-Americanos) e a evitar a sua progressão na sociedade.
A relação entre as dimensões da diferença e da desigualdade não é consensual entre os autores que se
dedicam à análise do racismo. Assim, Taguieff (1988) defende que estes duas dimensões estão separas,
resultado em dois tipos de racismo: a desigualdade está relacionada com a naturalização do “outro”
(sobretudo o “outro” enquanto colonizado ou sujeito à dominação por parte de outrem) e com a sua
inferiorização; a diferença está ligada à ideia de preservação da especificidade de cada cultura.
Em contrapartida, Wieviorka define o racismo pela complementaridade entre estas duas dimensões,
afirmando que se o tema da desigualdade está fortemente ligado à dominação colonial, o racismo só
existe se a consciência da inferioridade dos povos colonizados for acompanhada pelo medo de invasão ou
de perda de identidade do colonizador. Por outro lado, a percepção da diferença cultural só produz
racismo se a cultura ou culturas minoritárias forem entendidas como ameaçadoras pela cultura dominante.
Como afirma Wieviorka, para que o racismo se manifeste é necessário que «(...) haja o sentimento de que
o superior está ameaçado pelo inferior, a qualidade pela quantidade, a riqueza pela pobreza(...)».
Também Wieviorka agarra esta ideia do racismo enquanto doença social da Modernidade, afirmando que
esta não aceita facilmente a diferença, transformando parte dela em desigualdade e outra parte em
exclusão.
Nas sociedades contemporâneas, o discurso da diferença surge assim mesclado por argumentos de cariz
biológico, cultural, económico ou político, dando origem a uma pluralidade de manifestações de racismo,
ao contrario da unidade ideológica a que assistimos nos séculos anteriores.
Em termos etimológicos, xenofobia significa medo do estrangeiro. Ora, é a conjugação destas duas
caracteristicas – rejeição daquele que identificamos como diferente e medo face a ele – que fazem
associar frequentemente o fenómeno da xenofobia à questão dos fundamentalismos.
A emergência dos fundamentalismos modernos remonta a meados da década de 70 do século XX, através
do desenvolvimento de movimentos religiosos, tanto no Cristianismo como no Judaísmo e no Islamismo,
que procedem à re-interpretação dos textos sagrados com o objectivo de mudar a ordem social existente.
Os conflitos que têm vindo a eclodir no fim dado século XX revestem-se, assim de um carácter
multifacetado, onde as manifestações de racismo e xenofobia, a intolerância étnica e os fundamentalismos
religiosos se apresentam conjugados com nacionalismos politico, ou fortemente intrincados nas próprias
mudanças de ordem económica e social que atravessam as sociedades de todo o mundo.
8.3 – Sexismo
O sexismo define-se por preconceitos, estereótipos e discriminações baseadas no sexo da pessoa.
O termo sexismo é, assim, utilizado mais frequentemente quando nos reportamos às desigualdades
sofridas pelas mulheres. O pensamento feminista contemporâneo define, aliás, sexismo como uma relação
social em que os homens detêm a autoridade sobre as mulheres.
Neste tipo de sociedade, a lei concede ao homem, enquanto pai e marido, o direito à propriedade privada,
sendo o exercício do poder sobre a mulher e os filhos visto como uma extensão do direito à propriedade.
Uma vez que socialmente a função dominante da mulher é a maternidade, facto que a obriga a
interromper a sua actividade produtiva, os postos de trabalho que ela viria a ocupar não são
especializados e a eles correspondem menores salários.
No campo da educação, apesar do acesso maciço das raparigas à escola, rapazes e raparigas continuam
a ser orientados para carreiras específicas, reproduzindo a divisão sexual do trabalho.
No campo do trabalho, têm surgido nas últimas décadas novas formas de trabalho que têm vindo a
acentuar as desigualdades entre os sexos. O trabalho a tempo parcial, a expansão do trabalho domiciliário.
Por fim, o trabalho temporário e os contratos a prazo são o resultado da mais recente re-estruturação
económica, afectando mais duramente as mulheres e os jovens.
O sexismo contemporâneo, à semelhança do novo racismo, revela-se com um rosto multifacetado, onde
argumentos naturalistas e culturalistas se interpenetram para justificar a manutenção de uma ordem social
alicerçada no poder masculino – ao nível económico, cientifico, politico, jurídico.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (assinada a 10 de Dezembro de 1948) nasce no rescaldo
da 2ª Guerra Mundial, simbolizando a vontade dos Estados com assento nas Nações Unidas de
introduzirem um novo quadro legal que regulasse as relações internacionais.
A “segunda geração» nasce meados do século XIX, constituindo a fase da «socialização», caracterizada
pelo reconhecimento de que as liberdades não estavam garantidas apenas pela sua inclusão na lei e de
que era necessário instituir novos direitos, tais como os direitos económicos, sociais e culturais.
A Declaração Universal de 1948 nasce na “terceira geração” dos direitos humanos, a qual corresponde à
fase da «internacionalização».