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04/12/2019
Número: 1001818-48.2018.4.01.3500
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 9ª Vara Federal Cível da SJGO
Última distribuição : 22/03/2018
Valor da causa: R$ 100,00
Assuntos: Vestibular
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ALINE FERNANDES VIEIRA (IMPETRANTE) CAROLLINE AMARAL MARTINS (ADVOGADO)
EDWARD MADUREIRA BRASIL (IMPETRADO)
Universidade Federal de Goiás (IMPETRADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
49960 22/03/2018 10:02 MANDADO DE SEGURANÇA ALINE Inicial
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA FEDERAL DE
GOIÂNIA/GO.
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Com amparo na Lei nº. 1.060/50, requer a Impetrante o benefício da justiça
gratuita, inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista não ter condições
Nesse sentido, o Impetrante também invoca o art. 5º. Inciso LXXIV da Carta
II - DOS FATOS:
para vaga, ficando pendente sua matrícula apenas da análise da candidatura pela
Comissão de Verificação dos Candidatos autodeclarados negros ou pardos.
Comissão e após passar por uma breve entrevista a referida comissão indeferiu o direito
da Impetrante de realizar sua matrícula, por entender que a Impetrante não se enquadra
nas condições para reserva de vagas para negros/pardos.
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comprovam sua cor parda, mas a matrícula foi rejeitada ao argumento de que ela não se
comissão não observou os documentos e fotografias de sua família que comprovam sua
descendência negra.
fotos que ora se anexam são capazes de demonstrar que a Impetrante desde seu
nascimento tem a cor da pele considerada como parda.
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A Impetrante foi aprovada no vestibular de Odontologia da UNIVERSIDADE
FEDERAL DE GOIÁS, por ocasião das inscrições, informou, conforme previsão do edital
05/2018, que é oriunda de escola pública e pessoa de raça/cor parda. O edital no item 3.1
prevê a forma de ingresso no sistema de cotas raciais:
familiar bruta superior a 1,5 (um e meio) salário- mínimo per capita que se
autodeclarar Preto, Pardo ou Indígena. L6
autodeclaração para ingresso nos cursos de graduação da UFG, a fim de garantir que as
vagas reservadas sejam ocupadas com candidatos que preencham os requisitos legais.
ao argumento de que ela não se enquadra na cor parda autodeclarada. A rejeição ocorreu
após ser avaliada, em 5 minutos, por uma comissão, que apenas questionaram se “a
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candidata, alguma vez, já se sentiu discriminada em razão de sua cor”, dispensando-a em
avaliação da candidata e estavam presente naquele dia. Diante de tal fato a Impetrante se
sentiu ainda mais prejudicada, pois percebeu uma ausência de imparcialidade por parte
dos avaliadores.
Diante disto a candidata Aline Fernandes Vieira, na categoria L6, ficou impedida de
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universidade é, sem dúvida um ato ilegal que impede o impetrante de continuar com
Dessa forma, resta ver como tais disposições ofendem o direito líquido e
certo da impetrante.
anexo que trata dos candidatos aprovados na terceira chamada que confirmaram vaga
na UFG, bem como fenotípico que enquadra nas vagas com reserva para negros/
pardos nos termos do anexo V e VI do Edital , o que é comprovado pelas fotos em
anexo.
Tal ato fere vários princípios amparados pelo Direito, dentre eles o da
legalidade, boa-fé e razoabilidade, senão vejamos:
intenção com a qual ele fez ou deixou de fazer alguma coisa. Na prática, é impossível
definir o pensamento, mas é possível aferir a boa ou má-fé, pelas circunstâncias do
caso concreto.
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No presente caso concreto, a Impetrante realizou sua inscrição do site do
SISU, optando pelo sistema de cotas, com a ciência de que tal condição seria
matrícula. No entanto, tal possibilidade jamais foi imaginada pela Impetrante, pois
durante toda a sua vida assim se denomina, em razão da sua cor de pele e de seus pais
e avós.
no curso pretendido.
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Portanto, verifica-se que a Impetrante, que agiu nos estritos termos da lei e
conforme o principio da boa-fé, deparou-se com uma atitude arbitrária da Comissão, que
tendem a reforçar mais o texto das normas, a palavra da lei, que o seu espírito. Enuncia-
se com este princípio que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de
obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso
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Desta forma, a interpretação da norma que rege o certame (EDITAL) não
pode ser realizada de uma forma literal, onde, por ter uma decisão sem fundamento
legal e formal, a Impetrante deixe de ingressar no curso que tanto almeja e lutou para
conseguir o coeficiente de rendimento (nota) e fenótipo suficiente para seu objetivo.
fundamentou tal decisão equivoco no qual prejudica a Impetrante, se está mais do que
comprovado que esta possui fenótipo de pessoa preta ou parda conseguiu nota
suficiente para ingressar no curso desejado, e possui todos os requisitos necessários e
exigidos no Edital.
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bem como do meio social em que vive. Por isso, não reconheço tal aspecto
recurso administrativo foi, deveras, generalista. III - Por outro lado, nada
obstante se reconheça a ausência de fundamentação para a exclusão da
candidata no ato de entrevista, a apelante não se desincumbiu, nesta
Com efeito, resta aqui evidenciado o fumus boni iuris para a concessão de
liminar, uma vez que conforme demonstrado acima o ato da Universidade através de
seu Reitor é totalmente ilegal, visto que como restou comprovado com os documentos
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Resta-se provado, também, o periculum in mora, uma vez que a
2018 para iniciar no curso de Odontologia, mesmo tendo preenchido todos os requisitos
legais constantes no edital, inclusive, as aulas estão previstas para recomeçar no dia
prejuízos financeiros, morais, o seu precioso tempo que poderia já estar se dedicando
aos estudos e, principalmente, acadêmicos, já que perderá o semestre.
ora Coatora perdure com o ato totalmente abusivo que está praticando, e que a
praticado não de difícil reparação, mas, sim, de IMPOSSÍVEL reparação, pois perderia
ou atrasaria o curso; perderia aulas, matérias e a grade curricular; sem falar, dos
prejuízos financeiros e morais, deste modo, o que, demonstra, mais uma vez a
Diante disto, tendo em vista que a Impetrante tem total direito a concorrer
por vagas por cotas, possuindo assim prova material suficiente de características de
fenótipo de cor parda, e tendo coeficiente de rendimento suficiente para ingressar nas
vagas, esta necessita efetivar a sua matrícula para poder cursar o período letivo que se
aproxima.
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Portanto, é clarividente que o direito do Impetrante em realizar a sua
V- DOS PEDIDOS:
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d) Seja deferido o pedido de gratuidade da justiça, com amparo no
fiscais.
Nestes Termos,
Espera Deferimento.
OAB/ nº 43.092
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