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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/12/2019

Número: 1001818-48.2018.4.01.3500
Classe: MANDADO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador: 9ª Vara Federal Cível da SJGO
Última distribuição : 22/03/2018
Valor da causa: R$ 100,00
Assuntos: Vestibular
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ALINE FERNANDES VIEIRA (IMPETRANTE) CAROLLINE AMARAL MARTINS (ADVOGADO)
EDWARD MADUREIRA BRASIL (IMPETRADO)
Universidade Federal de Goiás (IMPETRADO)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
49960 22/03/2018 10:02 MANDADO DE SEGURANÇA ALINE Inicial
52
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA FEDERAL DE

GOIÂNIA/GO.

Distribuição com urgência!


Contém pedido liminar!

ALINE FERNANDES VIEIRA, brasileira, solteira, estudante,

inscrita no CPF nº 701.835.691-13, residente e domiciliado na

Cidade de Aparecida de Goiânia/Goiás, na Rua X-16, QD. 31,


LT. 07, S/N, Setor Santa Luzia, vem, por sua procuradora in-

fine, instrumento procuratório em anexo, com fundamento no


art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal e art. 1º, da lei
nº. 12.016/2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM

PEDIDO LIMINAR Contra atos da Sr. REITOR DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, EDWARD
MADUREIRA BRASIL, encontradas na Avenida Esperança

s/n, Campus Samambaia - Prédio da Reitoria, CEP74690-


900 Goiânia - Goiás - Brasil, pelos seguintes fatos e
fundamentos:

I – PRELIMINARMENTE – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

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Com amparo na Lei nº. 1.060/50, requer a Impetrante o benefício da justiça

gratuita, inclusive para efeito de possível recurso, tendo em vista não ter condições

financeiras de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo próprio e de sua


família, conforme declaração de hipossuficiência em anexo.

Nesse sentido, o Impetrante também invoca o art. 5º. Inciso LXXIV da Carta

Magna, que estabelece como obrigação do Estado o oferecimento de assistência


jurídica integral e gratuita, não limitando tal assistência aos pobres na acepção legal, e

sim, aos que declarem insuficiência de recursos financeiros.

II - DOS FATOS:

A Impetrante se inscreveu no processo seletivo SISU 2018 para concorrer a

uma das vagas de reserva para candidatos negros/pardos do curso de odontologia


ofertado pela Universidade Federal de Goiás.

Na terceira chamada para o referido curso, a Impetrante foi pré-selecionada

para vaga, ficando pendente sua matrícula apenas da análise da candidatura pela
Comissão de Verificação dos Candidatos autodeclarados negros ou pardos.

Em 06/03/2018 a candidata foi submetida à avaliação da respectiva

Comissão e após passar por uma breve entrevista a referida comissão indeferiu o direito
da Impetrante de realizar sua matrícula, por entender que a Impetrante não se enquadra
nas condições para reserva de vagas para negros/pardos.

No prazo previsto no edital para recurso a Impetrante apresentou recurso


Administrativo junta a universidade Federal de Goiás no qual submetida a nova

entrevista. Nesta oportunidade apresentou todos os documentos, inclusive os que

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comprovam sua cor parda, mas a matrícula foi rejeitada ao argumento de que ela não se

enquadra na cor parda autodeclarada.

A rejeição ocorreu após ser avaliada, em 5 minutos, por uma comissão


composta integralmente por pessoas, que apenas questionaram se “a candidata, alguma

vez, já se sentiu discriminada em razão de sua cor”, dispensando-a em seguida. Ainda, a

comissão não observou os documentos e fotografias de sua família que comprovam sua

descendência negra.

Cumpre informar que a Impetrante desde sua infância tem a autoconsciência


de ser parda, em razão de seus pais e seus avós paternos terem esse fenótipo e a

mesma ter herdado. Na escola sempre se considerou parda quando questionada. As

fotos que ora se anexam são capazes de demonstrar que a Impetrante desde seu
nascimento tem a cor da pele considerada como parda.

Ressalta-se apenas que desde 2016 a Impetrante tem se submetido a um


tratamento de pele no qual lhe foi imposta a restrição de tomar sol, de modo que devido
aos medicamentos e a falta de sol sua pele sofreu alguma alteração

Assim sem qualquer fundamento lógico a Impetrante teve seu direito à


matricula no curso de odontologia ofendido, de modo que busca a reparação do direito

lesado pela presente demanda.

III- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Trata-se de mandado de segurança com pedido de liminar para determinar

que a autoridade coatora promova a matrícula da Impetrante no curso de Odontologia e

garantir a vaga ainda para o referido processo seletivo.

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A Impetrante foi aprovada no vestibular de Odontologia da UNIVERSIDADE

FEDERAL DE GOIÁS, por ocasião das inscrições, informou, conforme previsão do edital

05/2018, que é oriunda de escola pública e pessoa de raça/cor parda. O edital no item 3.1
prevê a forma de ingresso no sistema de cotas raciais:

As opções de participação e de aprovação no SiSU, regulamentadas pela Lei

no 12.711/2012, alterada pela Lei no 13.409/2016, pelo Decreto nº

7.824/2012, pelas Portarias Normativas MEC no 18 e n o 21/2012, estas

últimas alteradas pela Portaria Normativa MEC no 9/2017, são as


apresentadas no Quadro 1: RS-PPI Candidato de escola pública com renda

familiar bruta superior a 1,5 (um e meio) salário- mínimo per capita que se
autodeclarar Preto, Pardo ou Indígena. L6

O anexo VI do edital institui as comissões de escolaridade e de verificação de

autodeclaração para ingresso nos cursos de graduação da UFG, a fim de garantir que as

vagas reservadas sejam ocupadas com candidatos que preencham os requisitos legais.

Após se submeter a análise da referida comissão sua matrícula foi indeferida

ao argumento de que ela não se enquadra na cor parda autodeclarada. A rejeição ocorreu
após ser avaliada, em 5 minutos, por uma comissão, que apenas questionaram se “a

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candidata, alguma vez, já se sentiu discriminada em razão de sua cor”, dispensando-a em

seguida, sem justificar as razões que levaram a tal conclusão.

Após apresentar recurso em 17/03/2018, a Impetrante foi avaliada por uma


nova comissão, no entanto a nova comissão na entrevista anterior estava na mesma sala

do primeira comissão. Sendo que seus componentes já tinham conhecimento da primeira

avaliação da candidata e estavam presente naquele dia. Diante de tal fato a Impetrante se

sentiu ainda mais prejudicada, pois percebeu uma ausência de imparcialidade por parte

dos avaliadores.

Diante disto a candidata Aline Fernandes Vieira, na categoria L6, ficou impedida de

participar da realização da matrícula que possui prazo final 23.03.2018, e consequente

ocupação da vaga que deveria ser afeta à Impetrante.

1- DA AUTORIDADE COATORA E DO ATO COATOR

A autoridade coatora, para efeitos da Lei Mandamental, é aquela que possui


o poder decisório, no caso TODOS aqueles que, no uso de suas atribuições, baixaram
por meio das Resoluções e Edital acima mencionados, critérios que impediram o

impetrante de realizar a sua matrícula no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.

Para os efeitos do presente mandamus, o Edital 05/2018, tem como


autoridade coatora, o Reitor da Universidade Federal de Goiás por ser ele a autoridade

máxima responsável da instituição que chancelou e aplicou estas normas afrontadoras


aos princípios constitucionais vigentes.

No que tange especificamente ao ato de coação, a negativa de matrícula de

aluno que obteve coeficiente de rendimento (nota) suficiente para ingressar na

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universidade é, sem dúvida um ato ilegal que impede o impetrante de continuar com

seus estudos e sonhos de ingressar no curso almejado.

Dessa forma, resta ver como tais disposições ofendem o direito líquido e
certo da impetrante.

2 – DA OFENSA AO DIREITO LÍQUIDO E CERTO DA IMPETRANTE

Através dos documentos que acompanham a inicial, verifica-se que resta

comprovado o direito liquido e certo da Impetrante em ter sua matrícula efetivada. A


Impetrante possui coeficiente de rendimento (nota) suficiente, conforme demonstra o

anexo que trata dos candidatos aprovados na terceira chamada que confirmaram vaga

na UFG, bem como fenotípico que enquadra nas vagas com reserva para negros/
pardos nos termos do anexo V e VI do Edital , o que é comprovado pelas fotos em
anexo.

Tal ato fere vários princípios amparados pelo Direito, dentre eles o da
legalidade, boa-fé e razoabilidade, senão vejamos:

2.1 – DO PRINCÍPIO DA BOA FÉ

A boa-fé é um importante princípio jurídico, que serve também como


fundamento para a manutenção do ato viciado por alguma irregularidade. A boa-fé é um
elemento externo ao ato, na medida em que se encontra no pensamento do agente, na

intenção com a qual ele fez ou deixou de fazer alguma coisa. Na prática, é impossível
definir o pensamento, mas é possível aferir a boa ou má-fé, pelas circunstâncias do

caso concreto.

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No presente caso concreto, a Impetrante realizou sua inscrição do site do

SISU, optando pelo sistema de cotas, com a ciência de que tal condição seria

confirmada através da comissão de averiguação. Ora, se a Impetrante possui


discernimento que se não se inserisse em tal modalidade não seria efetivada a sua

matrícula. No entanto, tal possibilidade jamais foi imaginada pela Impetrante, pois
durante toda a sua vida assim se denomina, em razão da sua cor de pele e de seus pais

e avós.

A candidatura da Impetrante no sistema de reserva de vagas, foi feita com a


total confiança que estaria gozando de um direito que a lhe oferece. O seu indeferimento

é causa de profunda frustração na vida da Impetrante.

É de suma importância destacar que tal indeferimento está acarretando um


enorme prejuízo a Impetrante, que, conforme documentalmente demonstrado, que a

candidata se enquadra no fenótipo de pessoa parda e aptidão intelectual para ingressar

no curso pretendido.

Ainda mais grave o fato da justificativa apresentada pela banca ser

insuficiente, levando em consideração apenas a aparência da Impetrante. Tal

circunstancia frustrou o exercício da Impetrante ao contraditório e ampla defesa, além


de comprometer a impessoalidade e transparência do serviço público.

A jurisprudência dos Tribunais Federais reiteradamente tem entendido que


além do exame visual outros critérios complementares precisam ser averiguados para
escapar o máximo possível do subjetivismo, como análises antropológicas, pesquisas

de dados de identificação do candidato em órgão públicos entre outros.

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Portanto, verifica-se que a Impetrante, que agiu nos estritos termos da lei e

conforme o principio da boa-fé, deparou-se com uma atitude arbitrária da Comissão, que

deve ser imediatamente corrigida por Vossa Excelência.

2.2 – DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE

Ao analisar os diversos princípios vitais para a garantia da ordem pública,


depara-se com o princípio da razoabilidade, o qual é definido por Antônio José Calhau

de Resende da seguinte forma:

“A razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado, elástico e

variável no tempo e no espaço. Consiste em agir com bom

senso, prudência, moderação, tomar atitudes adequadas e


coerentes, levando-se em conta a relação de proporcionalidade
entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem

como as circunstâncias que envolvem a pratica do ato.


RESENDE, Antônio José Calhau. O princípio da Razoabilidade
dos Atos do Poder Público. Revista do Legislativo. Abril, 2009.”

O princípio da razoabilidade é uma diretriz de senso comum, ou mais


exatamente, de bom-senso, aplicada ao Direito. Esse bom-senso jurídico se faz

necessário à medida que as exigências formais que decorrem do princípio da legalidade

tendem a reforçar mais o texto das normas, a palavra da lei, que o seu espírito. Enuncia-
se com este princípio que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de
obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso

normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades que presidiram a outorga


da competência exercida. Vide princípio da proibição do excesso. Vide princípio da

proporcionalidade. Vide princípio da razão suficiente.

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Desta forma, a interpretação da norma que rege o certame (EDITAL) não

pode ser realizada de uma forma literal, onde, por ter uma decisão sem fundamento

legal e formal, a Impetrante deixe de ingressar no curso que tanto almeja e lutou para
conseguir o coeficiente de rendimento (nota) e fenótipo suficiente para seu objetivo.

Com isso, não é razoável proibir o Impetrante de realizar a sua matrícula,

por uma avaliação de comissão de autodeclaração que não demonstra em que se

fundamentou tal decisão equivoco no qual prejudica a Impetrante, se está mais do que

comprovado que esta possui fenótipo de pessoa preta ou parda conseguiu nota
suficiente para ingressar no curso desejado, e possui todos os requisitos necessários e

exigidos no Edital.

Neste sentido, nossa jurisprudência é uníssona:

TRF-1 - APELAÇÃO CIVEL AC 122238720094013400 (TRF-1)

Ementa: ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. INGRESSO NA


UNIVERSIDADE. SISTEMA DE COTAS RACIAIS. ENTREVISTA.
CRITÉRIOS SUBJETIVOS. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA DE

FUNDAMENTAÇÃO. FENÓTIPO NEGRO OU PARDO. NÃO

COMPROVAÇÃO. I - A entrevista para aferição da adequação do candidato à


concorrência especial das cotas raciais se posta legal, desde que pautada em

critérios objetivos de avaliação. "Não há, pois, ilegalidade na realização da


entrevista. Contudo, o que se exige do candidato é a condição de
afrodescendente e não a vivência anterior de situações que possam

caracterizar racismo. Portanto, entendo que a decisão administrativa carece

de fundamentação, pois não está baseada em qualquer critério objetivo (...)

Considero que o fato de alguém 'se sentir' ou não discriminado em função de

sua raça é critério de caráter muito subjetivo, que depende da experiência de


toda uma vida e até de características próprias da personalidade de cada um,

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bem como do meio social em que vive. Por isso, não reconheço tal aspecto

como elemento apto a comprovar a raça de qualquer pessoa." (STF - ARE:

729611 RS, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 02/09/2013,


Data de Publicação: DJe-176 DIVULG 06/09/2013 PUBLIC 09/09/2013). II - O

presente caso é ainda mais gritante porquanto do ato administrativo


colacionado como manifestação da banca acerca da exclusão da candidata

do sistema de cotas raciais não se extrai qualquer fundamentação. Há apenas


a reprodução das perguntas e das respostas da autora, e uma marcação da

banca atestando o indeferimento do pleito. Na mesma linha, a resposta ao

recurso administrativo foi, deveras, generalista. III - Por outro lado, nada
obstante se reconheça a ausência de fundamentação para a exclusão da
candidata no ato de entrevista, a apelante não se desincumbiu, nesta

demanda judicial, da comprovação de seu fenótipo negro ou pardo, fator que


a impede, por ora, de concorrer pelo sistema de cotas raciais. IV - Apelação
Parcialmente provida.

Assim, consoante os princípios que ora se recorre, pugna que a Impetrante


tenha garantido seu direito e concedida a ordem de imediata matrícula no referido curso.

IV. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR

Com efeito, resta aqui evidenciado o fumus boni iuris para a concessão de

liminar, uma vez que conforme demonstrado acima o ato da Universidade através de
seu Reitor é totalmente ilegal, visto que como restou comprovado com os documentos

em anexo, a IMPETRANTE preencheu todos os requisitos para proceder a matrícula na


Universidade Federal, inclusive, com total competência comprovada, tendo sido
aprovada em vestibular.

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Resta-se provado, também, o periculum in mora, uma vez que a

IMPETRANTE está sendo privada de efetuar a matrícula para o primeiro semestre de

2018 para iniciar no curso de Odontologia, mesmo tendo preenchido todos os requisitos
legais constantes no edital, inclusive, as aulas estão previstas para recomeçar no dia

23/03/2018 e, caso seja mantido esse indeferimento ilegal da matrícula, a IMPETRANTE


ficará impedida ingressar no referido curso, perderá as aulas, as matérias, e, o pior, terá

prejuízos financeiros, morais, o seu precioso tempo que poderia já estar se dedicando
aos estudos e, principalmente, acadêmicos, já que perderá o semestre.

Portanto, requer a concessão da liminar para autorizar a matrícula da

IMPETRANTE no curso de ODONTOLOGIA INTEGRAL da Universidade Federal de


Goiás, e desta forma evitar lesão grave e de difícil reparação, evitando que a Autoridade

ora Coatora perdure com o ato totalmente abusivo que está praticando, e que a

IMPETRANTE possa seguir o curso superior que estava cursando.

Caso seja indeferida a liminar pleiteada, a IMPETRANTE estará impedida de


iniciar seus estudos, que por direito e capacidade foi aprovada, fato que tornaria o ato

praticado não de difícil reparação, mas, sim, de IMPOSSÍVEL reparação, pois perderia
ou atrasaria o curso; perderia aulas, matérias e a grade curricular; sem falar, dos

prejuízos financeiros e morais, deste modo, o que, demonstra, mais uma vez a

necessidade do presente pedido de liminar determinando a imediata matrícula da


IMPETRANTE.

Diante disto, tendo em vista que a Impetrante tem total direito a concorrer

por vagas por cotas, possuindo assim prova material suficiente de características de

fenótipo de cor parda, e tendo coeficiente de rendimento suficiente para ingressar nas

vagas, esta necessita efetivar a sua matrícula para poder cursar o período letivo que se

aproxima.

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Portanto, é clarividente que o direito do Impetrante em realizar a sua

matrícula para o Curso de Odontologia, estando visivelmente presentes os requisitos

essenciais para a concessão da liminar in audita altera part, ou seja, vislumbra-se


claramente pelo já exposto o periculum in mora e o fumus boni iuris no caso em tela.

V- DOS PEDIDOS:

"Ex positis", requer se digne Vossa Excelência em:

a) Conceder liminarmente o mandamus, ordenado a Cursos


da Universidade Federal de Goiás Regional Goiânia - Centro de

Gestão Acadêmica (CGA), situado no Prédio da Reitoria, no

Câmpus Samambaia, Goiânia – GO, para que realize, incontinenti,


a inscrição da Impetrante no curso de Odontologia, pois, não resta
duvidas que sua atitude não pode subsistir, amparada por WRIT,

que desde já se requer que venha recebido e provido,


considerando que o período letivo estar a se iniciar.

b) Notificação da autoridade coatora que pode ser encontrada no


endereço declinado no preambulo desta, entregando-lhe a segunda
via da vestibular acompanhada de todos os documentos produzidos
por cópias reprográficas devidamente autenticadas para que,
querendo, preste informações no prazo legal.

c) A concessão da segurança de maneira definitiva ao final,


considerando todos os fatos e o direito acima descrito, por ser
medida que respeita a Lei e a Justiça.

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d) Seja deferido o pedido de gratuidade da justiça, com amparo no

art. 2º, parágrafo único da Lei nº. 1.060/50.

e) A prioridade na tramitação do feito conforme artigo 20 da lei 12.016


de 2009;

Deixa a IMPETRANTE de requerer a condenação em honorários


advocatícios em razão do disposto no art. 25 da lei 12.016/2009.

Esta procuradora declara, para os devidos fins, sob sua responsabilidade,


nos termos do Art. 425, IV do NCPC, que todas as cópias reprográficas que instruem

o presente mandado de segurança são autenticas.

Dá-se a causa o valor de R$ 100,00 (cem reais) para efeitos meramente

fiscais.

Nestes Termos,

Espera Deferimento.

Goiânia-Goiás, 22 de Março de 2018

CAROLLINE AMARAL MARTINS

OAB/ nº 43.092

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