EM REQUERIMENTO DE INJUNÇÃO
COMENTÁRIO AO ACÓRDÃO
DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL N.° 388/2013
RESUMO: O texto debruça-se sobre a limitação dos meios de defesa do executado na execução
de requerimento de injunção com fórmula executória. Partindo do recente acórdão do Tribu-
nal Constitucional que declarou a inconstitucionalidade desta solução normativa e das alte-
rações introduzidas pela reforma processual, a análise acaba por focar-se em duas questões
essenciais: a notificação no procedimento de injunção e o âmbito da intervenção judicial na
apreciação do requerimento de injunção.
ABSTRACT: The text addresses the limitation of the debtor’ remedies in the execution of an
enforceable order for payment. Taking into account the recent decision of the Constitutional
Court which declared this solution unconstitutional and the changes introduced by the recent
procedural reform, the analysis focuses on two main questions: the notification of the payment-
order-procedure and the judicial review in the enforcement of an order for payment.
KEYWORDS: Enforceable order for payment; Right of defence; Defence against the enforcement
of an order for payment; Notification of the payment-order-procedure; Judicial review of the
application for an order for payment.
1. O ACÓRDÃO EM COMENTÁRIO
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2006, que incidiu sobre questão semelhante, então por referência ao artigo
14.° do regime anexo ao Decreto-Lei n.° 269/98, de 1 de Setembro4-5.
Num primeiro momento, o Tribunal demonstra que a limitação dos fun-
damentos de oposição à execução implica a violação do princípio da proibi-
ção da indefesa quando o título executivo seja um requerimento de injunção
com fórmula executória. Assim, é referido no acórdão que o requerimento de
injunção com fórmula executória permite um menor grau de certeza quanto
à existência do direito do exequente por comparação com uma sentença judi-
cial, já que assenta na“aparência do direito substancial do exequente”. Por
outro lado, o acórdão também coloca especial ênfase na diferente natureza da
atuação do secretário judicial e do juiz: enquanto a sentença implica o exercí-
cio de uma função jurisdicional, o mesmo já não se pode dizer da aposição de
fórmula executória.
Assente que esta solução normativa traduz uma limitação do direito de
defesa do executado, o Tribunal analisa a questão de saber se, em abstrato, essa
restrição pode justificar-se tendo em conta o interesse do credor em obter um
título executivo com celeridade e eficácia. O acórdão refere, no entanto, que o
interesse do credor é salvaguardado quando a lei determina a formação de
título executivo em caso de falta de oposição do requerido (artigo 14.° do
regime anexo ao D.L. n.° 269/98) ou através da regra da dispensa de citação
prévia à penhora [artigo 812.°-C, alínea b), do CPCa].
Neste sentido, o Tribunal conclui que a restrição dos fundamentos de opo-
sição à execução baseada em requerimento de injunção com fórmula executó-
ria não pondera devidamente o direito de defesa do executado e “afecta des-
proporcionalmente a garantia de acesso ao direito e aos tribunais”. É com base
nestes argumentos que o acórdão em anotação declara inconstitucional, com
força obrigatória geral, o artigo 814.°, n.° 2, do CPCa, na parte em que limita
os fundamentos de oposição à execução assente em requerimento de injunção
com fórmula executória.
A decisão em análise conta com dois votos de vencido, com argumentos
distintos.
De acordo com alguns conselheiros, a declaração de inconstitucionalidade
deveria restringir-se às relações de consumo, salvaguardando assim as obriga-
primento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos e injunção (na sua redação atual),
doravante “D.L. n.° 269/98”.
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6 Esta declaração de voto foi subscrita pelo conselheiro Pedro Machete e acompanhada
pelos conselheiros João Cura Mariano, Fernando Vaz Ventura e Maria João Antunes.
7 Esta declaração de voto foi subscrita pela conselheira Maria Lúcia Amaral (por remissão
execução baseada em decisão arbitral. De forma sucinta, a lei permite que o executado alegue
qualquer dos fundamentos previstos a propósito da execução de sentença judicial, bem como
os fundamentos de anulação da decisão arbitral (artigo 730.° do CPC de 2013).
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14 SALVADOR DA COSTA, A Injunção e as Conexas Acção e Execução, 6.ª edição, Coimbra, Alme-
4641/06.4TMSNT-A.L1-7 (rel. Ana Resende), disponível em www.dgsi.pt. Esta decisão foi pro-
ferida ao abrigo da redação que o artigo 814.° do CPC apresentava antes da alteração legislativa
de 2008.
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18 JOSÉ LEBRE DE FREITAS, A Acção Executiva – Depois da Reforma da Reforma, 5.ª edição,
Coimbra, Coimbra Editora, 2012, p. 182. Assim, o autor propunha uma interpretação do artigo
814.°, n.° 2, do CPCa que fazia depender a sua aplicação da aceitação pelo executado da “dimi-
nuição de garantias” no procedimento de injunção.
19 ELIZABETH FERNANDEZ, “A (Pretensa) Reforma da Acção Executiva”, in Cadernos de Direito
tes Alterações”, in Revista da Ordem dos Advogados, ano 69 (2009), vols. III e IV, pp. 577-579.
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dos Advogados, n.° 72 (2012), vols. II-III, p. 746, entende que a (re)introdução dos embargos à
execução corresponde ao retomar da “terminologia tradicional do processo civil português”,
que teria sido eliminada sem justificação.
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29 Para uma exemplificação mais abrangente, cfr., por todos, JOSÉ LEBRE DE FREITAS/JOÃO
REDINHA/RUI PINTO, Código de Processo Civil Anotado, vol. I, Coimbra, Coimbra Editora, 2008,
pp. 274-276.
30 Regulamento n.° 1896/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro
32 Neste sentido, cfr. os pareceres da Ordem dos Advogados, março de 2012, disponível
emhttp://www.inverbis.pt/2012/ficheiros/forum/revisaocpc_pareceroa.pdf, p. 42, e da Associa-
ção Sindical dos Juízes Portugueses, fevereiro de 2012, disponível em http://www.inverbis.pt/
2012/ficheiros/forum/revisaocpc_parecerasjp.pdf, pp. 128-130.
33 Esta conclusão sai reforçada da análise do n.° 1 do artigo 857.° do CPC de 2013, já que
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cional, esta deve ser produzida na audiência de julgamento (artigos 3.°, n.° 2,
e 4.° do regime anexo ao D.L. n.° 269/98).
Apesar das diferenças entre esta situação e a oposição à execução, se o
intuito do legislador foi o de equiparar o âmbito de apreciação judicial em
ambos os casos, deve concluir-se que também em sede de oposição de exe-
cução a natureza evidente da exceção dilatória depende de não ser necessá-
ria prova adicional, pelo que a exceção deverá resultar da análise do reque-
rimento de injunção. Esta conclusão pode, porém, levantar questões difíceis
na prática.
Imagine-se uma situação em que na oposição à execução o executado alega
uma exceção que carece de prova quanto a um dos seus requisitos. Esta inter-
pretação do preceito não permite a produção de prova (ainda que documen-
tal) e, logo, obriga o juiz a julgar a exceção de imediato improcedente. É uma
situação diferente da revelia porque nesta o que se pretende salvaguardar é a
possibilidade de o juiz ser obrigado a fechar os olhos a uma exceção patente.
No caso da oposição à execução, é o executado que alega a exceção. A lei per-
mite a alegação, mas não admite a produção de prova.
Para além desta questão, o artigo 857.°, n.° 3, do CPC de 2013 não suscita
especiais dificuldades, já que as exceções dilatórias e perentórias são, por regra,
de conhecimento oficioso.
Não obstante, em certos casos a lei faz depender o conhecimento da exce-
ção da sua invocação pela parte. No que respeita às exceções dilatórias, a pró-
pria lei processual enuncia os diversos casos em que tal se verifica: incompe-
tência absoluta por violação de pacto de jurisdição ou preterição do tribunal
arbitral voluntário e algumas situações de incompetência relativa (artigo 578.°
do CPC de 2013). Por seu turno, as exceções perentórias apenas dependem de
arguição pelas partes quando tal resulte da lei (artigo 579.° do CPC de 2013).
É o que sucede, por exemplo, com a exceção de não cumprimento do contrato
(artigo 428.°, n.° 1, do Código Civil35), a prescrição (artigo 303.° do CC) ou a
anulabilidade de um negócio jurídico (artigo 287.° do CC)36.
Quer isto dizer que, por regra, as exceções dilatórias e perentórias podem
ser alegadas na oposição à execução de requerimento de injunção com fór-
mula executória, pois são de conhecimento oficioso. Desta forma, o efeito pre-
clusivo decorrente da falta de oposição em sede de injunção é substancial-
35 Decreto-Lei n.° 47 344, de 25 de novembro de 1966 (na sua redação atual), doravante
“CC”.
36 Para uma análise mais aprofundada sobre as exceções dilatórias e perentórias, cfr. JOSÉ
mente limitado, pois apenas abrange a defesa por impugnação, as exceções que
não sejam de conhecimento oficioso e as exceções dilatórias de conhecimento
oficioso que não sejam evidentes.
Antes de entrar em cada uma destas questões, importa ter em conta quais
os traços gerais do procedimento de injunção em outros ordenamentos jurí-
dicos bem como os fundamentos que, em geral, justificam a limitação dos
meios de defesa em sede de oposição à execução.
3. DIREITOS ESTRANGEIROS42
42 Parte substancial deste ponto foi retirada do artigo de MARIANA FRANÇA GOUVEIA, “A
2002, p. 457; JEAN VINCENT/SERGE GUINCHARD, Procédure Civile, 25.ª edição, Paris, Dalloz, 1999,
p. 697 e TERESA ARMENTA DEU, “De los Procesos cit”, p. 944.
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46 JUAN LUIS GÓMEZ COLOMER, “Los Procesos Especiales”, in Derecho Jurisdiccional, vol. II,
Valencia, Tirant lo Blanch, 2001, p. 772; no mesmo sentido, IGNACIO DÍEZ-PICAZO GIMÉNEZ, “De
los Procesos cit., p. 1369, alude a um “título executivo judicial sui generis”.
47 OTHMAR JAUERNIG, Zivilproze recht, 25.ª edição, München, Verlag C. H. Beck, 1998, pp.
328-329.
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European Union, The Hague, The Netherlands, Kluwer Law International, 2001, p. 155 e ss.
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49 Quanto à reclamação no direito alemão, os autores seguem de perto JOÃO PEDRO PINTO-
FERREIRA (relator), MARIANA FRANÇA GOUVEIA E OUTROS (coordenadores), Justiça Económica em
Portugal – A Citação do Réu no Processo Civil, Fundação Francisco Manuel dos Santos e Asso-
ciação Comercial de Lisboa – Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, 2012, pp. 60-61.
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50 Sobre os títulos executivos judiciais impróprios, cfr. JOSÉ LEBRE DE FREITAS, A Acção cit.,
5.ª edição, pp. 64-65.
51 JOSÉ LEBRE DE FREITAS, A Acção cit., 4.ª edição, p. 182 e FERNANDO AMÂNCIO FERREIRA, Curso
de Processo de Execução, 13.ª edição, Coimbra, Almedina, 2010, pp. 178 e 182.
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(artigo 12.°-A, n.° 8, do regime anexo ao D.L. n.° 269/98) mas a exposição subsequente não terá
em conta essa possibilidade.
61 Pelo contrário, as regras gerais de citação de pessoas singulares estabelecem modalidades
alternativas de citação para o caso de frustração da citação por via postal registada. Nesse caso,
seguem-se – respetivamente – a citação por contacto pessoal (artigo 231.° do CPC de 2013), a
citação com hora certa (artigo 232.° do CPC de 2013) e, por fim, a citação edital (artigos 240.°
e 243.° do CPC de 2013).Para uma descrição mais pormenorizada do regime à luz do CPCa,
cfrJOÃO PEDRO PINTO-FERREIRA (relator), MARIANA FRANÇA GOUVEIA E OUTROS (coordenadores),
Justiça cit., pp. 33-41.
62 SALVADOR DA COSTA, A Injunção cit., 6.ª edição, p. 244.
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sagrar um regime específico para a citação das pessoas coletivas63. Esta opção
parece ter subjacente a ideia de que a especificidade das pessoas coletivas jus-
tifica a imposição de alguns deveres, entre os quais a atualização dos seus
dados, que explicam a relevância atribuída ao domicílio oficial64.
Assim, de acordo com o artigo 246.° do CPC de 2013, a citação de pessoas
coletivas cuja inscrição no registo nacional de pessoas coletivas seja obrigató-
ria efetua-se através de carta registada com aviso de receção enviada para a
sede que conste do registo (artigo 246.°, n.os 2 e 4, do CPC de 2013). Em caso
de recusa de assinatura do aviso de receção ou de recusa de receção da carta
pelo representante legal ou por funcionário da pessoa coletiva, a citação con-
sidera-se realizada (artigo 246.°, n.° 3, do CPC de 2013). Nos restantes casos,
o envio de nova carta registada para a sede da pessoa coletiva é suficiente para
que a citação se considere efetuada (artigo 246.°, n.° 4, do CPC de 2013)65.
Esta solução permite que a citação das pessoas coletivas decorra de forma
mais célere e eficaz e aproxima-se de proposta formulada no Estudo sobre a
Justiça Económica, que previa a citação das pessoas coletivas na respetiva sede,
por via postal registada, e a eliminação da citação na pessoa do representante
legal66. Em simultâneo, o artigo 246.° do CPC de 2013 responde à preocupa-
ção manifestada num dos votos de vencido no acórdão em anotação, que
apontava (ainda que de forma implícita) para a necessidade de consagrar um
regime próprio para as relações entre profissionais. A consagração de uma
regra equivalente para a injunção permitiria conciliar a celeridade na notifi-
cação, evitando os riscos da notificação por via postal simples, com um regime
adequado às especificidades da notificação de pessoas coletivas.
No entanto, o aspeto mais controverso do regime de notificação do reque-
rimento de injunção é, sem dúvida, a possibilidade de notificação por via pos-
tal simples, quer esta surja como modalidade exclusiva de notificação por
63 Mesmo antes da reforma, a citação das pessoas coletivas já apresentava uma especificidade:
no caso de frustração da via postal, a citação era efetuada no representante legal da pessoa cole-
tiva, de acordo com as regras aplicáveis à citação de pessoa singular (artigo 237.°-A do CPCa).
64 Neste sentido, cfr. MARIANA FRANÇA GOUVEIA, NUNO GAROUPA E PEDRO MAGALHÃES (coor-
regras gerais (artigos 246.°, n.os 1 e 5, do CPC de 2013). Para uma descrição mais exaustiva
do artigo 246.°, cfr., por todos, PAULO RAMOS DE FARIA/ANA LUÍSA LOUREIRO, Primeiras cit.,
pp. 219-222.
66 JOÃO PEDRO PINTO-FERREIRA (relator), MARIANA FRANÇA GOUVEIA E OUTROS (coordenado-
Ordem dos Advogados, ano 60 (2000), vol. II, pp. 626-627. O autor referia ainda que esta solu-
ção poderia potenciar a arguição de nulidades da citação e, assim, reduzir o pretendido efeito
na celeridade processual.
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cia constitucional nesta matéria não era uniforme, sendo demonstrativa dos
diferentes argumentos a favor e contra esta solução.
De acordo com uma orientação, o regime de citação por via postal não vio-
lava os princípios da proibição da indefesa ou do processo equitativo70. Em
acórdão de 8 de março de 2006, o Tribunal justificou esta conclusão com a
existência de “suficientes garantias de assegurar, pelo menos, que o acto de
comunicação foi colocado na área de cognoscibilidade do seu destinatário”,
como a dilação de 30 dias no prazo para contestação, e aludiu ainda ao “dever
de colaboração com a administração da justiça”71. Aliás, este entendimento já
tinha sido afirmado pelo acórdão de 10 de fevereiro de 2004, então com base
no cumprimento dos diversos trâmites legais, na inexistência de elementos
quanto a outro domicílio e com base num juízo de ponderação entre o direito
de defesa e a celeridade processual72.
A posição do Tribunal Constitucional não foi, contudo, indiferente à cir-
cunstância de o réu provar que já não residia ou não tinha a sua sede no local
onde foi citado. Neste caso, o acórdão de 18 de novembro de 2006 defendeu
que à luz de uma ponderação dos diferentes interesses contrapostos era “des-
proporcionado (…) presumir que a citação por via postal simples é suficiente
para assegurar a cognoscibilidade da pretensão do demandante”73. O acórdão
de 7 de fevereiro de 2006 tinha chegado à mesma conclusão, ainda que colo-
cando especial ênfase nos efeitos cominatórios associados à falta de interven-
ção da parte74.
Tendo em conta todas estas questões, o facto de a reforma da ação execu-
tiva de 2003 ter abandonado a citação por via postal simples nos moldes des-
critos não surgiu como uma surpresa75.
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regime anexo ao D.L. n.° 269/98) permite chegar à mesma conclusão, já que os diferentes fun-
damentos de recusa respeitam a questões formais ou de erro na forma de procedimento.
86 Sobre esta questão, cfr. MARIA RITA MONIZ, “Notas cit”, p. 473 e SALVADOR DA COSTA, A
7. CONCLUSÃO
A longa análise que se fez ao regime da injunção na sua fase executiva per-
mite chegar a algumas conclusões relevantes.
A extensão do efeito preclusivo tal como consagrada no artigo 857.° do
CPC de 2013 só é admissível se, em simultâneo, se garantir efetivamente a cog-
noscibilidade do procedimento de injunçãoem vigor. e, tornando-se necessá-
rio requerimento de injunção certos fundamentos que injunção. Como está
hoje positivado, o regime não oferece suficientes garantias de cognoscibili-
dade, tornando-se necessário a sua alteração.
Essa alteração tem de passar pela equiparação das regras da notificação da
injunção às da citação na ação declarativa. Para que esta solução garanta a
celeridade, o ideal seria consagrar-se o domicílio oficial.
A criação de um domicílio oficial para efeitos de notificação é, quanto a
nós, a solução que melhor compatibiliza os diferentes interesses em presença.
Caso não se pretenda consagrar esta regra, a aplicação do regime geral em
matéria de citação à notificação no âmbito da injunção apresenta-se como a
solução mais equilibrada. Nesta última hipótese, o sacrifício de alguma celeri-
dade no procedimento de injunção permite uma maior garantia de cognosci-
bilidade do mesmo e, em consequência, justifica uma maior celeridade na
ação executiva subsequente, no caso de falta de oposição do requerido. A atual
simplificação do regime de citação das pessoas coletivas pode facilitar bastante
a celeridade na injunção contra pessoas coletivas.
Por outro lado, a notificação deve incluir, entre as menções obrigatórias,
uma referência expressa ao efeito preclusivo decorrente da falta de oposição, à
semelhança do que sucede no ato de citação, em que o réu é alertado de que a
falta de contestação implica a admissão dos factos alegados pelo autor. De
facto, a advertência quanto ao efeito preclusivo surge como pressuposto para
um exercício informado do direito de defesa.
Um outro ponto que tem sido objeto de discussão é a necessidade de inter-
venção judicial, não assegurada no regime português de injunção onde a apo-
sição da fórmula executória compete ao secretário judicial. No entanto, a
intervenção judicial está assegurada através da possibilidade de oposição à
execução com os fundamentos da improcedência da condenação à revelia,
assim como mediante a possibilidade de intervenção oficiosa do juiz nos ter-
mos do artigo 723.° CPC de 2013. Fora destas situações, o prosseguimento da
execução de uma injunção não produz qualquer efeito de caso julgado, pelo
que não coloca o executado numa situação pior do que aquela em que este se
encontraria se contra ele fosse instaurada execução com base num título exe-
cutivo não judicial, como por exemplo um título de crédito.
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