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NÚCLEO DE ESTUDOS EM PSICANÁLISE ARTUR HORTA –

AHNEP
CURSO DE PSICANÁLISE

Roberto, Gilberto, Fábio, Salim.

UM OLHAR SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE


PARA A EDUCAÇÃO: A TRANSFERÊNCIA NA RELAÇÃO
PROFESSOR/ALUNO.

SBC/SP 2019
Roberto, Gilberto, Fábio, Salim.

UM OLHAR SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA PSICANÁLISE


PARA A EDUCAÇÃO: A TRANSFERÊNCIA NA RELAÇÃO
PROFESSOR/ALUNO.

Resenha apresentada para a


disciplina “FREUD”, no curso de
PSICANÁLISE, do Núcleo de Estudos
em Psicanálise.

Prof. Alexandre Canesso

SBC/SP 2019
Sumário
Bibliografia 4

RESUMO 4

APRECIAÇÃO CRÍTICA 5

A TRANSFERÊNCIA NA EDUCAÇÃO 7

O CASO DO MENINO ARTHUR 9

A IMPORTÂNCIA DA TRANSFRÊNCIA PARA O PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM 10
BIBLIOGRAFIA

Pereira, M. R. (2013). Educação & Realidade. http://www.ufrgs.br/edu_realidade/,

http://www.scielo.br/pdf/edreal/v38n2/v38n2a08.pdf. Fonte:

http://www.scielo.br/pdf/edreal/v38n2/v38n2a08.pdf

Ribeiro, M. d. (2014). Contribuição da Psicanálise para a Educação: A

Transferência na Relação Professor / Aluno. p. 8.

RESUMO

sobre a importância da transferência para o processo


ensino/aprendizagem, deve-se destacar que o professor na transferência
carrega toda a expectativa do aluno, e por ele aceito passa a fazer parte de
seu inconsciente partindo desse princípio o professor que é o detentor do
saber, será ouvido pela condição que ocupa no inconsciente do aluno, o
professor que se impõe como detentor do saber absoluto se colocando
como um ser completo, cria uma geração de alunos que aprendem de
forma mecânica ou seja , aprende a similar o conteúdo apresentado , repete
informações sobre o aprendizado do professor detentor do saber e criará
no máximo uma pequena autonomia intelectual . Em situação oposta onde
o professor age com cautela colocando harmonia no ambiente escolar, faz
com que o aluno amplie seu desejo pelo saber, criam-se no ambiente uma
transferência entre aluno/professor que determinam até carreiras futuras
por influencia do professor, e certamente pessoas já na fase adulta
guardam lembranças do professor que tiveram na infância.
De acordo com Kupfer (2005) caso o professor caia nessa armadilha
de seu próprio narcisismo, acabará castrando o poder desejante do aluno,
pois ao se exibir como detentor do SABER ABSOLUTO, o professor como
um ser completo, possuidor daquilo que falta ao aluno e que pode
completá-lo (e a complitude é sempre uma ilusão)
O papel do docente é de tamanha relevância lembrando trechos
desse texto que narra sobre o menino Arthur onde não conseguia aprender
em função do medo de seu professor que igualmente como sua mãe tinha
um olhar muito severo com o menino, isso o amedrontava criava-se na
criança o fenômeno da transferência negativa a antipatia. Na educação, à
transferência é que garante o sucesso no processo pedagógico, a
transferência positiva faz gerar amor no aluno e o respeito pelo professor.

APRECIAÇÃO CRÍTICA

Do ponto de vista psicanalitico é dito que se encontra desafios aos


pensar na relação professor – aluno, haja vista de que é uma tarefa
bastante complexa, deixar respostas prontas para tal questão. O artigo se
baseia nos elementos de tranferencia e sujeito-suposto-saber no auxilio da
reflexão docente enquanto esta prática.
Cita ainda a relação da educação com a psiccanálise, nos primordios
de seu nascimento, por Sigmund Freud que demonstrou interesse por tais
conexões, ressalta também a importância de outros autores-contribuintes
da psicanalise como Jaques Lacan, que mesmo sendo influenciado por
Freud deu sua contribuição para dizimar alguns enigmas que seu
predecessor não tivera tempo de desvendar.
Freud Preocupou-se em elencar a educação como uma das três
tarefas impossíveis, como descrito nas obras: Prefácio à “Juventude
Desorientada” de Aichhorn (2006) e Análise Terminável e Interminável
(1937). Freud referiasse ao impossível sobre educar pois, havia
contradições nas suas proprias idéias, impossivel na perspectiva
psicanailitica não era irrealizavel mas dificil de ser alcançado no sua
integralidade.
O texto ainda ressalta que Freud entre 1909 e 1912 haveria
construido uma imagem da educação como “fator de vocação virtual “ ou
“Realmente Patogênica”, tendo em vista que estes são relacionados ao
Recalcamento Social das Pulsões, que viria mais tarde contruir a
caracteristica Neurótica do ser humano. No entanto o proprio conceito de
educação como fora citado antes serve ao controle do principio do prazer
adptando a realidade e a sublimação. Ainda destaca que no
desenvolvimento das funções e não do sujeito estão os sistemas: motor,
perceptivo, fanatório, habitos e adptações. Assim sendo a psicanalise
estaria no ponto da “reeducação” daquilo que escapara da primeira
educação.
Assim sendo não concordamos que o papel da psicanalise seria de
reeducar o analisando, pois assim sendo teriamos um papel menos
profundo e muito mais participativo na vida infantil do que de trazer luz á
questões que até mesmo para as mais desenvolvidas das crianças seria
um ponto a ser observado pela ótica da psicanalise.
Mais tarde em 1925 Freud ao revisitar suas idéias sobre a
Psicanálise na educação, descreve que as duas ciencias pedagogia e
psicanálise não podem ser confundidas, pois a educação não pode servir
apenas para prevenir as neuroses e afirma que não devemos substituir o
trabalho pedagógico por uma intervenção psicanalitica.
Freud diz que a educação é “Sui Generis”, assim sendo a influencia
da psicanálise na educação tem possibilidades e precondições bem
especificas, que podem ser definidas com a expressão ‘situação analítica’.
Neste momento o Freud introduz a noção do Educador Analisado ou
com informação Psicanalitica, pois munido destas informações levaria o
educando com mais facilidade pelo caminho do principio da relaidade.

A educação deveria evitar cuidadosamente fechar essas fontes de forças fecundas e


limitar-se a favorecer os processos pelos quais essas energias são conduzidas para o
bom caminho. É nas mãos de uma educação psicanaliticamente esclarecida que
repousa o que podemos esperar de uma profilaxia individual das neuroses". A chegada
de uma nova geração de homens seria doravante possível? Otimismo da época,
disseram.

De qualquer modo, tal “otimismo" não é mais encontrado no Prefácio de 1925 ao livro
de Abichorna De um lado, Freud complicou seu esquema de formação das neuroses e
além disso a educação, e mais precisamente a pedagogia, não podem ser concebidas
apenas sob o aspecto de uma profilaxia.

O trabalho educativo é um trabalho sui generis, que não poderia ser confundido com a
intervenção psicanalítica, nem substituído por ela. Aparece então a

noção de um educador, analisado ou com informação psicanalítica, que não visa uma
“profilaxia individual”, mas a elaboração de um processo educativo

que torna possível uma “educação voltada para a realidade".

(Jean Claude Filloux, 1997, p 03)

Criando assim um indagação no minimo polemico, pois alguns


teoricos da educação chegama se perguntar se é possível o trrabalho da
psicanálise para fora do divã. (Kupfer 2006, p 119), afirma que “Há uma
transmissão da Psicanálise ao educador, além daquela que poderia ser
feita no divã”. Assim sendo, Kupfer detem razão nesta sentença pois em
determinados níveis podemos afirmar, assim como Freud usára o termo
“Trazer à Luz”, usaremos também dizer que o papel do Educador em certos
pontos seria “iluminar” algumas coisas que por conceitos de Psique
descobertos por Freud estariam no obscuro inconsciente.
Ainda como cita na sua obra (Filloux, 1997), Filloux retrata que as
mãos cuidadosas de um(a) educador(a) com fundamentos psicanaliticos, a
educação estaria sendo uma “Profilaxía individual das Neuroses”, pois
utilizar-se destas fontes de forças fecundas favorece os processos pelos
quais essas energias são conduzidas para o caminho da realidade.

A TRANSFERÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Todavia, ainda resta a pergunta: quais ferramentas a Psicanálise


pode oferecer a fim de se repensar a prática educativa?
Freud (1914/1969) aponta que um professor pode ser ouvido quando
está revestido por seu aluno de uma importância especial. Isso significa
dizer que a aprendizagem não está focada somente nos conteúdos, mas,
sobretudo, na questão que se impõe entre professor e aluno, e isso pode
estimular ou não o aprendizado, independentemente dos conteúdos. Na
relação pedagógica, a transferência faz com que o aluno se volte para a
figura do professor. O professor é, para o aluno, aquele que sabe como
ensiná-lo.
Com isso chega-se a um conceito absolutamente essencial: a noção
de transferência para a Psicanálise e de como essa transferência é
fundamental na relação professor e aluno.
O próprio Freud constatou que o fenômeno da transferência poderia
ser observado em diversas relações estabelecidas no decorrer de suas
vidas. Trata-se de um fenômeno que é percebido em todas as relações
humanas. Em uma relação qualquer em que não haja a figura do analista,
a transferência pode se instalar e produzir efeitos reparáveis, tanto
positivos quanto negativos. É um fenômeno constante, presente em todas
as relações, sejam profissionais, hierarquizadas, amorosas. A transferência
pode ser entendida como reedições de vivências psíquicas que são
atualizadas em relação à pessoa do analista e, no caso específico do
presente artigo, atualizado em relação à figura do professor. Sobre esse
fenômeno, nos diz Freud:

(...) são reedições dos impulsos e fantasias despertadas e tornadas conscientes durante o
desenvolvimento da análise e que trazem como singularidade característica a substituição de uma
pessoa anterior pela pessoa do médico. Ou, para dizê-lo de outro modo: toda uma série de
acontecimentos psíquicos ganha vida novamente, agora não mais como passado, mas como relação
atual com a pessoa do médico. (Freud 1905/1988, p. 98)

A transferência é, antes de tudo, transferir sentidos e


representações, e que no contexto escolar,
de acordo com Santos, (2009) ganha vida na relação professor-
aluno, reeditando, no presente, os impulsos e fantasias marcados nos
primeiros anos de vida, a partir das relações parentais e fraternais que
foram determinantes para o sujeito na sua constituição. Na escola,
portanto, o professor, a exemplo do analista, e independentemente de sua
ação, pode despertar afetos no aluno para além daquilo a que ele próprio
tem noção conscientemente. O mesmo pode acontecer ao professor, por
parte do aluno. Porque esse fenômeno pode se estabelecer nesses dois
sentidos – numa via de mão única – (transferência e contratransferência).
Freud (1914/1969), ao elaborar reflexões sobre a Educação e ao
revelar sua própria experiência como estudante, diz: “é difícil dizer se o que
exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi a nossa
preocupação pelas ciências que nos eram ensinadas ou a personalidade
de nossos mestres” (p. 248). A partir de sua vivência como estudante, o
autor afirma que o aluno é capaz de imaginar na figura do professor
simpatias e antipatias que, na realidade, talvez não existam. No contexto
escolar, o aluno está propício a despertar pelo professor uma dubiedade
de sentimentos: amor e ódio, bem como censura e respeito, como observa
Santos (2009).
Nessa perspectiva, os professores encontram simpatias e antipatias
(amores e ódios) que pouco fizeram para merecer. Para muitos alunos, os
professores tornam-se pessoas substitutas dos primeiros objetos de desejo
e sentimentos amorosos, que eram endereçados a pais e irmãos.

O CASO DO MENINO ARTHUR

Arthur tinha dez anos de idade e não conseguia ler, aprender na


escolar, devido aflição que professora impunha durante momentos de
leitura. Ele foi encaminhado para psicanálise pela sua pediatra.
Ele tinha dificuldade desde o primário, angustias aumentaram depois
que as aulas com sua reeducadora de reforço acabaram.
Ele desenvolveu estrabismo e hipermetropia que o obrigavam a
fazer uso contínuo de óculos.
Em entrevista com analista, mãe de Arthur revela ser autoritária e
exigente, pois acredita que os professores de Arhur são ruins.
Quando Arthur lia com a sua reeducadora não apresentava
nenhuma dificuldade na leitura, ele revela reeducadora tinha olhar dócil,
entretanto, quando lia para mãe, ficava angustiado porque cada erro a mãe
gritava e tinha um olhar furioso ( na escola com sua professora regular,
mesmo efeito se produzia).
A professora tinha olhar fulminante, agressivo, fazia ele ter muito
medo da leitura.
Porquanto, nesse exemplo, a partir de uma perspectiva psicanalitica,
que olhar é o traço que une professora e a figura da mãe. Levando Arthur
ao bloqueio, gerando dificuldades tanto em casa com a mãe, quanto na
escola com a professora. Com sua reeducadora era diferente, com olhar
dócil, não apresentava essas dificuldades.
Nesse caso mostra como essa transferência se estabelece nos
sentidos, nas representações e nas experiências. A professora, foi alvo de
projeções imaginárias da criança. Na escola, o professor, por representar
autoridade, facilmente é substituído pela figura dos pais. Podendo haver
nesse sentido, transferência positivas e negativas
'' Os professores tem dificudaldes para conviver com essas duas
formas da transferencia e de adiministra-las ''

A IMPORTÂNCIA DA TRANSFRÊNCIA PARA O PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM

A importância da transferência para o processo ensino


aprendizagem a relação da Psicanálise com a Educação tem seus
primórdios com Sigmund Freud,que observou pontos em comum entre
ambas , ou mesmo de discordância ,entre as especificidades dos campos
de conhecimento aqui mencionados. Freud demonstrou seu interesse
pelas conexões que a Psicanálise e a Educação poderiam vir a construir
entre si , a importância das ligações possíveis,fornecendo,também,
algumas ideias de como elas poderiam ocorrer. Vale ressaltar que quando
se faz referência à Psicanálise não se trata somente dos conceitos
freudianos como também de alguns conceitos de Jaques Lacan, que
embora seja um pensador influenciado por Freud, muito contribuiu para a
Psicanálise , inferindo pontos de originalidade em relação ao seu mestre.
É óbvio que a Psicanálise não se limita aos saberes formulados por esses
dois autores somente e a existência de outros deve ser igualmente
considerada. Serão tomados como base, para os objetivos a que se propõe
o artigo, basicamente Freud e outros teóricos da Psicanálise ( Santos,2009;
Santiago,2008; Kupfer,2005 ; Ribeiro,2006 ).
Apesar das dificuldades dos professores em lidar com o fenômeno
da transferência, é consenso entre estudiosos do paralelo entre psicanálise
e educação a transferência é que garante o sucesso do processo
pedagógico, só é possível ensinar de forma satisfatória se houver a
transferência. O professor na transferência, carrega algo que é do aluno e
, é por este revestido de uma importância especial , a qual lhe garantirá
poder e autoridade em sala de aula , e passa a fazer parte do inconsciente
do aluno.No entanto como salienta Santos (2009), a tendência é o
professor fazer uso do lugar do poder que lhe é conferido para impor ao
aluno suas ideias e valores, ou seja, impor o próprio desejo. Caso o
professor caia nessa armadilha de seu próprio narcisismo, acabará
castrando o poder desejante do aluno, pois ao se exibir como detentor do
saber absoluto, o professor se coloca como um ser completo, possuidor
daquilo que falta ao aluno e que pode completá-lo, com essa conduta o
aluno, por sua vez, até poderá assimilar conteúdos, decorar informações,
repetir fielmente o conhecimento do
professor detentor do conhecimento, mas provavelmente não sairá
dessa relação como sujeito pensante com razoável autonomia intelectual.
Esse processo de aprisionamento do aluno no desejo de seu professor
pode ocorrer sem que o docente tome consciência, pois , assim como o
aluno , o professor também é marcado pelo seu desejo inconsciente. A
psicanálise não quer dizer, no entanto, que não castrar o desejo do aluno
signifique deixa-lo livre, permitindo que faça o que, como e quando quiser.
No contexto educativo escolar, muitas coisas devem ser impostas as
crianças, pois se faz necessário que elas aprendam a dominar suas
pulsões para se adaptar a sociedade, FREUD (1933-1975) já dizia que é
impossível destinar criança liberdade para praticar todos os seus impulsos
sem restrição, portanto a educação cabe “inibir”, suprimir e reprimir”. É
fundamental e extremamente desafiador ao professor saber o quanto
proibir, quando proibir e por que meios ocorrerá essa proibição. Neste
sentido aborda Santiago (2008), o professor só pode alternar entre o
proibido e o permitido se estiver investido de autoridade, se conseguir
dilimentar um lugar diferente do ocupado pelo aluno , ou seja , se estiver
investido de poder e autoridade através da transferência essa via de mão
dupla entre o excesso praticado pelo professor detentor do saber, castrador
do desejo do aluno ,aprisionador, e o professor que precisa renunciar a
esse lugar, é sem dúvida uma decisão desafiadora para aqueles que
enxergam sua prática docente como algo voltado para autonomia
intelectual e capacidade critica de seus alunos .
Portanto, de acordo com Santos (2009), não há dúvida de que o
conhecimento de alguns pontos da teoria psicanalítica ajuda a esclarecer o
professor e a deixá-lo ciente dos elementos de sua subjetividade que
interferem na relação com os alunos e também da subjetividade dos
mesmos que, como visto, transferem ao professor uma série de
representações e sentidos, em muitos casos, independentemente de o
professor merecê-los. Tais conhecimentos possibi-litariam ao professor ser
parceiro do aluno sem se deixar aprisionar pelo jogo que a subjetividade
lhe propõe e sem impor a esse aluno o próprio desejo.

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