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A RESSURREIÇÃO DO IDIOMA HEBRAICO

O ivrit (hebraico) - o idioma da Bíblia, a língua histórica do povo judeu, e


expressão do seu renascimento cultural e nacional — é o idioma de Israel. O hebraico,
durante séculos, foi usado apenas como linguagem literária e litúrgica. Havia um
extenso vocabulário para assuntos relacionados à religião, aos sentimentos e
emoções e ao pensamento abstrato, mas faltavam palavras para alguns dos
elementos mais básicos da vida moderna: jornal, dicionário, rua, calçada, estrada de
ferro, trem, chave de parafuso e outros.

No final do século XIX, quando a vida judaica renascia em ritmo acelerado


na terra da qual os judeus haviam sido exilados cerca de 2000 anos antes, o hebraico
voltou a ser um idioma falado. Ele desempenhou um importante papel na fusão dos
imigrantes judeus provenientes de todas as diásporas em uma só nação com uma
língua em comum.

A ressurreição do idioma hebraico, que por mais de dezoito séculos não


era falado como língua diária, é tão notável como o reavivamento do próprio Israel. De
fato, é importantíssimo fator aglutinador dos judeus como nação unida.

Há cem anos, o hebraico era considerado um idioma morto. Porém, os


judeus nunca o consideraram como tal. Era o idioma bíblico e no qual proferiam suas
orações; e embora não o usassem em sua vida secular, sempre sentiram que algum
dia voltariam a Tzion e falariam o hebraico. Caberia a Eliezer Ben Yehuda (1858-
1922), um judeu europeu, demonstrar que chegara o momento de reviver o hebraico,
não postergando essa ressurreição para algum futuro distante.

Assim, pois, Deus levantou esse homem, nascido perto de Vilna, em 1858,
para devolver aos judeus seu idioma comum. O povo estava espalhado entre as
nações; falavam o idioma dos povos entre os quais habitavam. Muitos judeus da
Europa falavam o ídish, idioma com bases no alemão medieval. Outros falavam o
ladino, alicerçado no espanhol medieval. Na primavera de 1879, Ben Yehuda
(anteriormente de nome Perlman) publicou um artigo no qual propunha que fosse
fundado um estado judaico na Palestina, e que o idioma desse estado fosse o
hebraico. Os judeus mais piedosos ficaram chocados ante a sugestão: para eles era
um sacrilégio usar o idioma da Bíblia em sua linguagem diária. Alguns deles falavam o
hebraico, mas apenas aos sábados. Ben Yehuda, porém, estava resolvido, convicto de
que a ideia era boa.
Impelido por uma força sobrenatural (embora sem dúvida inconsciente do
fato) o jovem abandonou seus estudos de medicina na Sorbonne, em Paris, e, para
consternação de seus parentes e amigos, partiu com todos os seus pertences para
Jerusalém. Em 1880, a caminho da Palestina, escreveu: “Hoje falamos idiomas
estrangeiros, amanha todos falaremos o hebraico”.

Conseguiu estabelecer a primeira família de fala hebraica na Palestina,


após um lapso de dezoito séculos. Em breve, outras famílias recém-chegadas
seguiam o exemplo. Pouco a pouco o hebraico foi tornando idioma de conversação
diária entre os vários centros judaicos, até que seu uso se tomou generalizado. Por
volta e 1918, cerca de quarenta por cento dos judeus da Palestina, falava o hebraico.
Em cerca de 1948, essa porcentagem havia aumentado para oitenta por cento.
Atualmente calcula-se que noventa e cinco por cento da população pode comunicar-se
em suas atividades diárias, embora muitos ainda falem outros idiomas em seus lares e
possa ler publicações diárias em idiomas estrangeiros.

Eliezer Ben Yehuda criou a primeira escola não religiosa onde todas as
matérias eram ensinadas em hebraico. Também fundou e operou quatro jornais em
hebraico, e foi o instrumento que estabeleceu o conselho de idioma hebraico que em
1954, tornou-se a academia oficial do governo do idioma hebraico. Sua principal obra,
porém, foi a de coligar material para um dicionário hebraico em dezessete volumes,
atualmente em extenso uso.

Para reviver o idioma hebraico foi mister criar muitas palavras novas para
consumo moderno, particularmente nas áreas industrial, tecnológica e profissional. O
vocabulário da Bíblia conta com apenas 7.704 vocábulos diferentes. Esse vocabulário
se tem multiplicado por diversas vezes. A Academia do Idioma Hebraico tem
registrado o uso de cerca de trinta mil palavras.

A tarefa de ensinar o idioma aos imigrantes judeus tem sido gigantesca; os


israelenses, porém, com vigor e recursos característicos, têm criado métodos rápidos
de aprendizagem. Por meio desses métodos modernos, os imigrantes são capazes de
aprender o idioma em cinco meses. Entre os dezessete jornais diários de Israel,
publicados em hebraico, há um hebraico simplificado, com vogais, para benefício dos
imigrantes que ainda não podem ler o hebraico regular, em que a maioria das vogais é
omitida. Também lições em hebraico e boletins de notícias, em hebraico simples são
lançadas ao ar pela rádio nacional.

Todo o judeu é exortado a aprender o hebraico sendo esse o idioma em


que se ministram as aulas em todas as escolas judaicas ainda que o árabe seja usado
por professores nas escolas onde se ensina o árabe. Os cidadãos árabes em Israel
não são forçados a aprender o hebraico. Há plena liberdade para cada raça manter a
sua própria cultura e tradição. Selos, moedas e papel-moeda exibem inscrições tanto
em hebraico como em árabe.

Você sabia...

Que o idioma hebraico, considerado língua morta durante 1700 anos, é, na


história da humanidade, a única língua dos tempos antigos que renasceu?

Que o vocabulário hebraico, constituído inicialmente de cerca de 8.000


palavras que aparecem na Bíblia, conta hoje em dia com 120.000 palavras - e o
crescimento não parou por aí?

Que o alfabeto hebraico-fenício é a origem de quase todos os alfabetos do


mundo atual?

Que a palavra hebraica “amém” penetrou em mais de mil idiomas e é


usada num maior número de países do que qualquer outra palavra pronunciada pelo
homem?

Que a palavra hebraica “Halelluia” é a única palavra em que a sua


pronúncia é a mesma em todo o mundo?

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