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EMPREENDEDORISMO

Unidade I

INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Instituto Superior Monitor


Fevereiro 2011
EMPREENDEDORISMO

Ficha Técnica:

Título: Empreendedorismo – Introdução ao Empreendedorismo


Autor: Ali Amade
Revisor: Clementina Valina Mandjate
Execução gráfica e paginação: Instituto Superior Monitor
1ª Edição: 2011
© Instituto Superior Monitor

Todos os direitos reservados por:

Instituto Superior Monitor


Av. Samora Machel, n. º 202 – 2.º Andar
Caixa Postal 4388 Maputo
MOÇAMBIQUE

Nenhuma parte desta publicação pode ser


reproduzida ou transmitida por qualquer
forma ou por qualquer processo, electrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia
ou gravação, sem autorização prévia e escrita
do Instituto Superior Monitor. Exceptua-se a
transcrição de pequenos textos ou passagens
para apresentação ou crítica do livro. Esta
excepção não deve de modo nenhum ser
interpretada como sendo extensiva à
transcrição de textos em recolhas antológicas
ou similares, de onde resulte prejuízo para o
interesse pela obra. Os transgressores são
passíveis de procedimento judicial
ii Índice

Índice
PRECISA DE AJUDA?.....................................................................................................3
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO......................................................................................5
AVALIAÇÕES ..................................................................................................................5
DURAÇÃO........................................................................................................................6
SEUS COMENTÁRIOS....................................................................................................6
ACERCA DESTA DISCPLINA .......................................................................................6

UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO 8


RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DA UNIDADE I ..............................................8
ESTRUTURA DA UNIDADE I .......................................................................................9
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO...................................10
OBJECTIVOS DO CAPÍTULO ............................................................................10
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................10
1.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO EMPREENDEDORISMO ......11
1.1.1. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM ECONÓMICA .........11
1.1.2. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM
COMPORTAMENTALISTA ................................................................................12
1.1.3. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM GERENCIAL ..........14
1.2. CONCEITO E TIPOS DE EMPREENDEDORISMO ...................................17
1.3. IMPORTÂNCIA, VANTAGENS E DESVANTAGENS DO
EMPREENDEDORISMO .....................................................................................23
1.4. EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO.....................................................28
1.5 QUADRO SINÓPTICO ...................................................................................29
EXERCÍCIOS ........................................................................................................30
CAPÍTULO II – O EMPREENDEDOR..........................................................................30
OBJECTIVOS DO CAPÍTULO: ...........................................................................30
2.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA ...........................................................31
2.2 CONCEITO E TIPOS DE EMPREENDEDOR ..............................................32
2.3 DISTINÇÃO ENTRE EMPREENDEDOR E ADMINISTRADOR E,
EMPREENDEDOR E EMPRESÁRIO ..................................................................37
2.3.1.ADMINISTRADOR VERSUS EMPREENDEDOR ...................................37
2.3.2.EMPRESÁRIO VERSUS EMPREENDEDOR............................................39
2.4 RAZÕES PARA O EMPREENDEDORISMO E CARACTERISTICAS DO
EMPREENDEDOR DE SUCESSO.......................................................................40
2.5 MITOS E REALIDADES SOBRE O EMPREENDEDORISMO...................46
2.6 TESTE DO PERFIL EMPREENDEDOR .......................................................49
QUADRO SINÓPTICO ..................................................................................................52
EXERCÍCIOS ........................................................................................................53
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................53

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EMPREENDEDORISMO

PRECISA DE AJUDA?

No caso de dúvidas sobre os conteúdos desta unidade, por favor


contacte o respectivo tutor. O número do tutor será disponibilizado
pela sua Faculdade, podendo também consultar os contactos e
Ajuda horários do tutor através do site: www.ismonitor.ac.mz ou através
da página facebook: https://www.facebook.com/ismonitor/.
Uma vez que é um estudante universitário, as suas técnicas de
aprendizagem deverão ser distintas das que utilizava durante o
ensino secundário, em regime presencial.
Nesta licenciatura, o aluno deverá assumir uma maior autonomia,
isto é, uma maior capacidade de gestão responsável do seu tempo.
Por este motivo, importa que construa um programa de estudos
realista e que o cumpra rigorosamente, seleccionando horários e
locais tranquilos para estudar.
Faça uso dos diversos recursos referenciados nesta unidade e
mobilize a sua motivação profissional e/ou pessoal para adequar as
suas actividades de estudo a outras responsabilidades profissionais,
sociais e pessoais. Partilhe as suas aprendizagens com os outros.

Técnicas de Estudo Usufrua das várias formas de apoio disponíveis, mas


fundamentalmente, procure controlar o seu ambiente de
aprendizagem.
Recomenda-se que consulte o horário de atendimento do tutor e que
entre em contacto com o mesmo sempre que sinta alguma
dificuldade.
Para melhor desenvolver os seus conhecimentos poderá consultar a
bibliografia recomendada, dirigindo-se à biblioteca do Instituto
Superior Monitor, localizada na Av. Samora Machel em Maputo, ou
a outras bibliotecas em Moçambique, acompanhado do seu cartão
de estudante.
No final de cada unidade é providenciada uma lista de bibliografia e
de referências na internet que poderá consultar. A biblioteca virtual
do ISM inclui livros digitalizados, artigos, websites e outras
referências importantes para esta e outras disciplinas, que deverá
utilizar na realização de casos práticos.
Bibliografia
Para os estudantes que estão longe e que por conseguinte não

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4 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

conseguem vir as instalações do ISM e de outras instalações físicas


podem consultar a biblioteca virtual pelo endereço
biblioteca.ismonitor.ac.mz
O aluno pode ainda recorrer a outras bibliotecas virtuais, como por
exemplo em:
www.saber.ac.mz

www.books.google.com

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EMPREENDEDORISMO

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

Depois de estudar cada capítulo desta unidade o estudante deverá


resolver os exercícios de aplicação como forma de consolidação
das matérias nela vertidas. O Instituto Superior Monitor fornece as
soluções dos trabalhos de auto-avaliação para lhe ajudar nos
estudos mas, atenção caro estudante, deve resolver os exercícios de
Exercícios de
aplicação auto-avaliação antes de consultar as soluções fornecidas.

AVALIAÇÕES

No final de cada unidade o estudante deverá realizar uma avaliação.


A avaliação encontra-se no final da unidade e deve ser submetida ao
Instituto Superior Monitor até 30 dias após a recepção do manual.
Avaliações
Pode submeter a avaliação por e-mail, fax ou entregar directamente
na instituição. Em articulação com o Instituto Superior Monitor, o
estudante poderá utilizar ainda outros meios de comunicação ao seu
dispor.
O docente desta disciplina corrigirá os testes ou trabalhos de
avaliação e atribuir-lhe-á uma nota com base no seu desempenho. A
média aritmética das avaliações de cada unidade ditará a sua nota de
frequência.
Após a entrega das quatro unidades, o estudante terá que realizar um
exame presencial para obter a avaliação final da disciplina. Só serão
admitidos ao exame presencial todos os estudantes que obtiverem
uma nota de frequência igual ou superior a 10 valores.
NÃO HÁ DISPENSAS AO EXAME. Para concluir a disciplina, os
estudantes deverão obter uma classificação no exame igual ou
superior a 10 valores.

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6 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

DURAÇÃO

Tempo para leitura da unidade: 16 horas


Tempo para trabalhos de pesquisa: 8 horas
Tempo para a realização de exercícios práticos: 11,5 horas
Duração da unidade:
Tempo para a realização de avaliação: 2 horas
37,5 Horas

SEUS COMENTÁRIOS

Agradecíamos que, após a conclusão desta unidade, nos enviasse os seus


comentários sobre os seguintes aspectos:
 Conteúdos e estrutura da unidade;
 Materiais de leitura e recursos da unidade;
 Trabalhos da unidade;
 Avaliações da unidade;
 Duração da unidade;
 Apoio ao estudante (tutores atribuídos, apoio técnico, etc.);
 Outros aspectos que considerar pertinente.
Os seus comentários ajudar-nos-ão a melhorar e reforçar esta unidade.

ACERCA DESTA DISCPLINA

Bem-vindo (a) ao ISM e a disciplina de Empreendedorismo!

O tema “Empreendedorismo” tem despertado nos últimos anos, o


interesse de diversos grupos da sociedade. Considerado um dos mais
novos paradigmas das ciências administrativas, muito desse interesse é
resultado do entendimento de que pequenas e médias empresas sobre a
direcção de empreendedores contribuem significativamente para a
geração de riqueza dentro de um país, promovendo o crescimento
económico, melhorando as condições de vida da população, gerando
empregos e renda.

Dada a sua importância para o desenvolvimento da economia, o


empreendendorismo tem sido estimulado quer através de políticas

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EMPREENDEDORISMO

públicas, quer através de iniciativas privadas, havendo uma grande


preocupação com a sua inclusão nos currículos das escolas e
universidades. É que o rápido avanço tecnológico aliado a sofisticação da
economia e dos meios de produção e serviços, tem provocado o aumento
do desemprego em especial das pessoas sem ou com pouca qualificação
profissional. Por outro lado, o acesso de jovens no mercado de trabalho
nas áreas de sua formação académica é extremamente difícil sendo a
saída, a criação do próprio emprego através da criação de um negócio.

O empreendedor pode e deve estar preparado e treinado para detectar


oportunidades, para saber implementar projectos no terreno, medindo e
mitigando os riscos inerentes. Dai, a necessidade de formalização e
sistematização de conhecimentos que antes eram obtidos empiricamente.
A disciplina de Empreendedorismo tem como objectivos gerais o
desenvolvimento de conhecimentos que tornem os estudantes capazes de
agir de maneira autónoma e com criatividade para criar, abrir e gerir seus
negócios gerando resultados positivos.

A disciplina foi dividida em quatro unidades para as quais se


estabeleceram os seguintes objectivos específicos:
- A presente unidade denominada Introdução ao empreendedorismo
pretende fornecer aos estudantes os fundamentos básicos do
empreendedorismo. Nesta unidade pretende-se que os alunos conheçam o
conceito de empreendedorismo e a sua evolução histórica, os diferentes
tipos de empreendedorismo e as principais diferenças e semelhanças entre
eles. Pretende-se, ainda, que os alunos percebam as vantagens e
desvantagens do empreendedorismo e que conheçam de uma maneira
genérica o universo da figura central deste processo – o empreendedor.
- A segunda unidade será relativa ao processo empreendedor. Nesta
unidade pretende-se que os estudantes saibam quais são as fases do
processo empreendedor e como se desenvolve cada uma delas desde a
identificação e avaliação de oportunidades, passando pelo
desenvolvimento do plano de negócios, determinação e captação dos
recursos necessários, terminando com a gestão da empresa criada.
Pretende-se ainda, dotar os estudantes com conhecimentos dos principais
problemas enfrentados no processo empreendedor e das principais causas
das mortes prematuras das empresas recém-criadas.
- Na unidade 3 pretende-se dotar os alunos de conhecimentos sobre uma
ferramenta fundamental e indispensável no processo empreendedor – o
plano de negócios. Abordar-se-á a sua importância, contexto, objectivos,
benefício, a estrutura e cuidados a ter na sua elaboração. Dar-se-á também
um guia prático que permitirá ao estudante ter um ponto de partida e um
caminho para a elaboração do plano de negócios da sua futura empresa.

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8 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

- Finalmente, a última unidade será dedicada ao empreendedorismo em


Moçambique. Far-se-á uma breve perspectiva histórica, debruçar-se-á
sobre as características do empreendedor moçambicano, das variáveis que
contribuem para o empreendedorismo em Moçambique entre outros
aspectos.
O sucesso do aluno depende em grande medida da forma como planifica e
organiza as tarefas de estudo. À medida que o aluno for experimentando
sucesso na aprendizagem sentirá uma maior satisfação e interesse pelos
conteúdos programáticos. Por isso, siga os conselhos que lhe são
propostos para sair bem sucedido na disciplina!

UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DA UNIDADE I

No final da primeira unidade os alunos deverão ser


capazes de:
 Definir empreendedorismo e saber as diferentes
Resultados perspectivas;
 Compreender a importância do estudo do
empreendedorismo
 Identificar as vantagens e desvantagem do
empreendedorismo;
 Distinguir negócio novo de negócio empreendedor;
 Conceituar o empreendedor, e saber diferenciar os
seus tipos;
 Identificar as razões para o empreendedorismo e as
características dos empreendedores de sucesso;
 Conhecer os principais mitos e realidades sobre o
empreendedorismo;

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EMPREENDEDORISMO

ESTRUTURA DA UNIDADE I

A presente unidade é composta por dois capítulos e visa propiciar aos


estudantes os elementos indispensáveis para o entendimento do universo
do empreendedorismo.
O primeiro capítulo introduz os estudantes aos aspectos primários
relacionados com o conceito de empreendedorismo, familiarizando-o com
as suas noções, evolução histórica, vantagens, desvantagens, importância e
tipos de emprendedorismo.
O segundo capítulo debruça-se sobre a figura central do processo
empreendedor. Aborda-se os diversos tipos, as razões para empreender, os
tipos de empreendedores, as características dos empreendedores de sucesso
e os mitos e realidades que circundam esta figura.

Recomenda-se que leia atentamente as generalidades desta unidade


antes de iniciar os seus estudos.

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10 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

OBJECTIVOS DO CAPÍTULO

No final deste capítulo, o aluno deverá ser capaz de:


 Definir empreendedorismo e saber a sua evolução histórica ;
 Diferenciar os tipos de empreendedorismo
 Compreender a importância do empreendedorismo e as suas vantagens
e desvantagens;
 Diferenciar empreendedorismo de inovação.

1. INTRODUÇÃO
O Empreendedorismo é um tema que está muito em voga nos nossos dias e
sob a mira de diversos sectores da sociedade. As empresas, sujeitas a um
ambiente de globalização e inovações tecnológicas, vêem-se na necessidade
de aumentar a produtividade e reduzir os custos. Por essa razão, tem tomado
providências destinadas a sua reestruturação e reinvenção, encontrando no
empreendedorismo uma nova forma de agir, desenvolver e identificar novos
conhecimentos e oportunidades.

Os governos, preocupados com o desenvolvimento económico dos seus


países, algo indispensável para o seu alinhamento no mercado internacional,
olham para o empreendedorismo como uma maneira de estimular o
crescimento económico através da geração de novas tecnologias, produtos e
serviços, e como forma de reduzir o desemprego.
As universidades por sua vez apostam cada vez mais em cursos e programas
de empreendorismo como forma de preparar melhor os estudantes antes de
se lançarem no mercado por conta própria – uma prática cada vez mais
comum.
Em termos académicos, o empreendedorismo é um campo de estudo recente
e muitos dos termos a ele associados não constam da língua portuguesa. São
neologismos traduzidos e empregues de forma livre. Como forma de situar o
leitor e facilitar a compreensão, é necessário iniciar por apresentar a origem
dos termos e a evolução histórica desta nova arte. É que de acordo com
Filion (1999:12) “a confusão reina no campo do empreendedorismo porque
não há consenso a respeito do empreendedor e das fronteiras do
paradigma”.

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EMPREENDEDORISMO

1.1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO


EMPREENDEDORISMO
Empreendedorismo é uma tradução da palavra inglesa entrepreneurship,
originada pela palavra francesa entrepreneur que de acordo com Dornelas
(2005) significa aquele que corre riscos e começa algo novo. Apesar de estar
altamente difundido e aparentar ser um terno novo, o conceito é antigo e
assumiu diversas vertentes ao longo dos tempos.

1.1.1. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM ECONÓMICA


A teoria económica demonstra que os economistas foram os primeiros a
perceberem a importância do empreededorismo. Estes estavam interessados
em compreender o papel empreendedor e o impacto da sua actuação na
economia. Três nomes destacam-se nesta teoria: Richard Cantillon, Jean
Baptiste Say e Joseph Shumpeter.

De acordo com Dornelas (2005), foi Cantillon quem pela primeira vez
utilizou o termo empreendedorismo na teoria económica e o primeiro a
oferecer uma clara concepção da função empreendedora como um todo.
Cantillon era um banqueiro que hoje poderia ser descrito com um capitalista
de risco. Seus escritos revelam um homem em busca de oportunidades de
negócios preocupado com a gestão inteligente de negócios e obtenção de
rendimentos optimizados para o capital investido.

Na visão de Cantillon, os empreendedores compravam matéria-prima por


preço certo, com o objectivo de processá-la e revendê-la por um preço ainda
não-definido. Os empreendedores eram, portanto, pessoas que aproveitavam
as oportunidades com a perspectiva de obterem lucros assumindo os riscos
inerentes (Fillion, 1999).
Outro autor a demonstrar interesse pelos empreendedores foi o economista
francês Jean Baptiste Say. Por volta de 1814, Say utilizou o termo
empreendedor para designar o indivíduo que transferia recursos económicos
de um sector de produtividade baixa para outro de produtividade alta e
considerava o desenvolvimento económico como resultado da criação de
novos empreendimentos. Para além do seu enorme contributo para o
desenvolvimento da teoria económica, Say enfatizou a importância do
empreendedor para o bom funcionamento do sistema económico e fez
distinção entre empreendedores e capitalistas e entre os lucros de cada um.
Ao fazê-lo, associou os empreendedores a inovação e via-os como agentes
da mudança (Fillion, 1999).

Cantillon e Say consideravam os empreendedores como pessoas que corriam


riscos, basicamente porque investiam seu próprio dinheiro.

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12 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Outro nome que se destacou na história do empreendedorismo é o do


economista Joseph Schumpeter que no século XX, consolidou a associação
do emprendedorismo a inovação ao afirmar que a essência do
empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas
oportunidades no âmbito dos negócios sempre tem a ver com criar uma nova
forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu
emprego tradicional e sujeitos a nova combinações (Fillion, 1999).

Gomes (2002) expõe que para Schumpeter, o empreendedor é o responsável


pelo processo de “destruição criativa”, o impulso fundamental que acciona
mantendo em marcha o motor capitalista, criando novos produtos, novos
métodos de produção, novos mercados e, sobrepondo-se aos antigos
métodos menos eficientes e mais caros.

Em termos gerais, os economistas relacionaram o empreendedor a inovação


e viam-nos como motores do desenvolvimento económico. Entretanto, uma
das críticas que é feita aos economistas relaciona-se com o facto de não
terem sido capazes de responder a perguntas como: quem é o
empreendedor? Como reconhece-lo? Nascem prontos ou é possível tornar-se
um? Quais são as suas características? Por esta razão, o universo do
empreendedorismo começou a voltar-se para os comportamentalistas, em
busca de um conhecimento mais aprofundado do comportamento do
empreendedor (Fillion, 1999).

1.1.2. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM


COMPORTAMENTALISTA

O objectivo desta abordagem foi de analisar o conhecimento sobre a


motivação e o comportamento do empreendedor. Um dos primeiros autores
a demonstrar interesse pelos empreendedores foi Max Weber, que
identificou o sistema de valores como elemento fundamental para a
explicação do comportamento empreendedor. Weber via os empreendedores
como inovadores, pessoas independentes cujo papel de liderança nos
negócios inferia uma fonte de autoridade formal. Entretanto, de acordo com
Fillion (1999), o autor que realmente deu inicio à contribuição das ciências
do comportamento para o empreendedorismo foi David C. McClelland.

Psicólogo da universidade de Harvard, McClelland foi um dos primeiros


autores a estudar e destacar o papel dos homens de negócios na sociedade e
suas contribuições para o desenvolvimento económico. McClelland realizou
vários estudos sobre a questão da motivação e desenvolveu uma teoria sobre
a motivação psicológica, baseada na crença de que o estudo da motivação
contribui para o entendimento do empreendedor (Longen, 1997).

12
EMPREENDEDORISMO

Para McClelland apud Longen (1997), as pessoas são motivadas por três
necessidades em graus diferentes: necessidade de realização, necessidade de
poder e necessidade de afiliação. Para o autor, a necessidade de realização é
aquela que o indivíduo tem de por a prova seus limites, de fazer um bom
trabalho. McClelland associou essa necessidade ao empreendedorismo,
considerando que a necessidade de empreender vem de um desejo de
realização pessoal nos negócios, onde o indivíduo tem a chance de assumir
riscos variados e tem sucesso económico devido a sua habilidade e não
apenas a sua sorte.

O autor identificou dez principais comportamentos para as pessoas


empreendedoras e agrupou-os em três conjuntos:
I. Conjunto de realização:
1. Busca de oportunidade e iniciativa;
2. Persistência;
3. Comprometimento;
4. Qualidade e eficiência; e
5. Correr riscos calculados;

II. Conjunto de planeamento


6. Estabelecimento de metas objectivas;
7. Busca de informação;
8. Planeamento e monitoramento sistemáticos;

III. Conjunto de poder


9. Persuasão e rede contactos;
10. Independência e autoconfiança.

Entretanto, McClelland não definia empreendedores da maneira como é


encontrado na literatura actual. Para ele, um empreendedor é alguém que
exerce controlo sobre uma produção que não seja só para o seu consumo
pessoal. O autor considera que um executivo em uma grande unidade
produtora de aço na ex-União Soviética é um empreendedor (Fillion, 1999).

Algumas críticas foram feitas ao trabalho de McClelland. Alguns autores


acham que a necessidade de realização é insuficiente para explicar a criação
de novos empreendimentos, enquanto outros acham que ela não é o bastante
para explicar o sucesso dos empreendedores. Por outro lado, McClelland
concentrava-se em gestores de grandes organizações e, apesar de ser
fortemente ligado ao campo do empreendedorismo, ele nunca fez uma
ligação entre a necessidade de auto-realização e a decisão de lançar, possuir
e até mesmo gerir um negócio.

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14 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Adicionalmente, Gasse apud Fillion (1999) considerava que McClelland


havia restringido a sua pesquisa a certas sociedades o que para o autor era
relevante porque a necessidade de realização seria expressa de acordo com
os valores predominantes em uma dada sociedade. Consequentemente, se a
necessidade de realização devia ser canalizada para o empreendedorismo e
criação de novos empreendedores, os valores sociais deviam reconhecer e
valorizar o sucesso nos negócios para assim conseguir atrair as pessoas com
alta necessidade de realização. Para o autor, a teoria de McClelland era
inadequada uma vez que não identificava as estruturas sociais que
determinavam as escolhas de cada indivíduo.
Após a apresentação do empreendedorismo na visão dos economistas – que
olham para a inovação e geração de riqueza, e na visão dos
comportamentalistas – que se preocuparam com as características dos
empreendedores, apresenta-se agora a visão de algum gestores.

1.1.3. EMPREENDEDORISMO NA ABORDAGEM GERENCIAL


Para Stevenson (2001:7) “a capacidade empreendedora não é um conjunto
de características da personalidade nem uma função económica. É sim, um
padrão coeso e mensurável de comportamento gerencial”. O autor vê a
capacidade empreendedora como uma abordagem a administração que
define como a “a exploração de oportunidades independentemente dos
recursos que se tem à mão” e apresenta seis dimensões críticas da prática
dos negócios.
Define estas dimensões a partir de um conjunto de comportamentos onde
numa extremidade está o empreendedor, que confia na sua capacidade de
capturar uma oportunidade independentemente dos recursos disponíveis, e
na outra o administrador, que da ênfase a utilização eficaz dos recursos
existentes (Tabela 1).

14
EMPREENDEDORISMO

Tabela 1: As seis dimensões da capacidade empreendedora

Dimensão Empreendedor Administrador

Orientação estratégica A orientação Tende a procurar as


empreendedora enfatiza oportunidades onde
a oportunidade estão os seus recursos

Comprometimento Está disposto a agir em Move-se lentamente


com a oportunidade um horizonte de tempo
muito breve e buscar
uma oportunidade
rapidamente

Comprometimento Comprometimento de Analisa


com os recursos recursos em múltiplos cuidadosamente os
estágios com um recursos depois de
comprometimento tomada a decisão de
mínimo em cada agir
estágio

Controle sobre os O empreendedor é Aprende que há


recursos proficiente no uso de recursos que nunca se
habilidades, talentos e deve possuir ou
ideias dos outros empregar (recursos
temporários)

Estrutura A capacidade Emprega ferramentas


administrativa administrativa deve ser distintas do
essencial para o empreendedor
empreendedor

Filosofia de As empresas Frequentemente


recompensas empreendedoras relacionadas a
tendem a basear a promoção para níveis
remuneração no hierárquicos de maior
desempenho responsabilidade

Fonte: Adaptado com base em Stevenson (2001)

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16 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Stevenson destaca ainda que, quando se desenvolve uma teoria


comportamental da capacidade empreendedora, percebe-se que ela é
diferente de uma função económica e vai além de um conjunto de
características pois o administrador empreendedor não deixa que os seus
próprios talentos iniciais limitem as suas opções. Na mesma linha de
pensamento, Drucker (1987) afirma que não se trata de aspectos
psicológicos da personalidade empreendedora, mas das atitudes e
comportamentos que o empreendedor deve ter.
O autor apresenta o “espírito empreendedor” como uma prática e uma
disciplina e, como tal, pode ser apreendida e sistematizada. O aspecto da
inovação também foi ressaltado:
O empreendedor vê a mudança como norma e como sendo sadia.
Geralmente, ele não provoca a mudança por si mesmo. Mas, e isto
define o empreendedor e o empreendedorismo, o empreendedor
sempre está buscando a mudança, reage a ela e a explora como
sendo uma oportunidade (Drucker, 1987:36).
Desde o interesse demonstrado pelos economistas até hoje, o
empreendedorismo suscita atenção e várias contribuições são dadas por
diversos autores (Tabela 2):

Tabela 2: Contribuição de alguns autores para o empreendedorismo

Ano Autor Contribuição

1961 McClelland Identifica três necessidades do empreendedor: poder, afiliação e


sucesso (sentir que se é reconhecido), e afirma que: “o
empreendedor manifesta necessidade de sucesso”.

1966 Rotter Identifica o locus de controlo interno e externo: “o empreendedor


manifesta locus de controlo interno”.

1970 Drucker O comportamento do empreendedor reflecte uma espécie de


desejo de uma pessoa colocar sua carreira e sua segurança
financeira na linha de frente e correr riscos em nome de uma
ideia, investindo muito tempo e capital em algo certo.

1973 Kirsner “Empresário é alguém que identifica e explora desequilíbrios


existentes na economia e está atento ao aparecimento de
oportunidades”.

1982 Casson “O empreendedor toma constantemente decisões criteriosas e


coordena recursos escassos”.

1985 Sexton e Bowman “O empreendedor consegue ter uma grande tolerância a


ambiguidade”.

16
EMPREENDEDORISMO

1986 Bandura “O empreendedor procura a auto-eficácia: controle da acção


humana através de convicções que cada individua tem, para
prosseguir autonomamente na procura de influenciar a sua
envolvente para produzir os resultados desejados”.

2002 William Baumol “O empreendedor é a máquina de inovação do livre mercado”.

Fonte: Dantas (s.d.)

O empreendedorismo, enquanto os teóricos discutem os seus meandros, vai


fazendo o seu papel, alcançando desde projectos individuais até tarefas
maiores, sendo um motor para a geração de empregos e para o crescimento
económico (Dantas, s. d.).

1.2. CONCEITO E TIPOS DE EMPREENDEDORISMO


A literatura apresenta uma vasta colecção de definições de
empreendedorismo e empreendedor. Dependendo dos objectivos do estudo
ou da génese do pesquisador - se é economista, administrador, sociólogo ou
psicólogo – cada pesquisador baseado no seu campo e área de actuação
constitui o seu próprio conceito. A tabela a seguir apresenta algumas
definições encontradas na literatura:

Tabela 3: Algumas definições de empreendedorismo

Autor Definição

R. Hirsch (1985) É um processo de criação de algo diferente, com


valor pela dedicação do tempo necessário, assumindo
o acompanhamento financeiro, psicológico e riscos
sociais pelo empreendimento, recebendo pelo
resultado recompensas monetárias e gratificação
pessoal.

V. Pati (1995) É a habilidade de criar e constituir algo a partir de


muito pouco ou quase nada.

Harvard Business É a identificação de novas oportunidades de negócio,


School independentemente dos recursos que se apresentam
disponíveis ao empreendedor.

Babson College É uma maneira holística de pensar e de agir, sempre


com obsessão por oportunidades, e balanceada por
uma liderança.

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18 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Robert Menezes É a arte de fazer acontecer com motivação e


(2007) criatividade

Dornelas (2005) É o envolvimento de pessoas e processos que, em


conjunto, levam a transformação de ideias em
oportunidades. E a perfeita implementação destas
oportunidades leva a criação de negócios de sucesso.

Fonte: Elaborado pelo autor com base na bibliografia consultada

Em todas as definições acima, encontramos aspectos comuns ligados a


criatividade, inovação ou capacidade de assumir riscos. Na verdade, o
conceito de empreendedorismo é muito amplo e pode ser visto de diversas
perspectivas. De acordo com Wennekeres, Thurik e Buis (1997),
empreendedorismo é um conceito mal definido ou, na melhor das hipóteses,
um conceito multidimensional. Para Mamede (s.d.:4) os autores apresentam
uma definição que engloba os principais aspectos que historicamente estão
ligados ao a actividade empreendedora a saber: risco, incerteza, inovação,
percepção, processo decisório e mudança. Para eles o empreendedorismo:
“compreende a habilidade e o interesse de indivíduos, quer
independentemente ou dentro de organizações, no sentido de:
 Identificar e criar novas oportunidades de negócios (novos
produtos, novos meios de produção, novas estruturas
organizacionais, e novas combinações de produtos/mercados;
 Introduzir tais ideias no mercado, mesmo diante de incertezas,
riscos e de outros obstáculos, através de decisões referentes a
localização, forma e utilização de recursos diversos e instituições;
 Competir com outros por uma parcela de participação no
mercado”.

Outro conceito que enquadra as diversas perspectivas do empreendedorismo


pode ser encontrado na definição proposta pela Comissão Europeia
(1998:24):
“Um processo dinâmico a partir do qual indivíduos identificam
sistematicamente oportunidades económicas, e respondem,
desenvolvendo, produzindo e vendendo bens e serviços. Este
processo requer qualidades, como a autoconfiança, capacidade para
assumir riscos e sentido de envolvimento pessoal”.
Através das definições acima percebe-se que pode haver empreendedorismo
sem a criação de uma nova empresa. Ele se aplica em empresas pequenas e
independentes até grandes corporações.

18
EMPREENDEDORISMO

Para Mamede (s.d.) quando se pretende utilizar empreendedorismo como


instrumento de desenvolvimento, todos eles são importantes. Desde que
actuem de maneira ética e em actividades lícitas, não importa “quem” é o
agente empreendedor, mas “como” ou “até que ponto” suas acções resultam
em benefícios sociais.
Tal como as definições de empreendedorismo diferem de abordagem para a
abordagem, a maneira como se classifica também difere. Apresenta-se a
seguir as classificações mais comuns encontradas na literatura. Segundo
Falcão (2008) apud Dantas (s.d.) temos:
 Empreendedorismo por necessidade: quando as pessoas não têm
liberdade, entendida como capacidades mínimas de inserção na
economia, e passam a viver em condições pré-capitalistas, praticando
actividades de subsistência, o escambo ou a pirataria;
 Empreendedorismo por vocação: é quando há liberdade de acesso
as oportunidades do mercado. Quer dizer, é quando o acesso a
oportunidades desenvolve o instinto empreendedor das pessoas, ou
seja a especialidade em saber identificar possibilidades e calcular os
riscos do negócio;
 Empreendedorismo inercial: quando o ambiente institucional é
frágil e as empresas prosperam com base nas relações interpessoais
de seus dirigentes. São, em geral, os negócios que passam de pai para
filho independentemente da capacidade empresarial. Nesse caso, o
ambiente legal cria estruturas tributárias que viabilizam o sucesso do
empreendimento, mesmo quando não existe um espírito
empreendedor, mas sim uma boa alma do negócio que favorece o
empreendimento;
 Empreendedorismo pelo conhecimento: esta é forma de
empreender do futuro. Somente o conhecimento une o espírito do
empreendedor à alma do negócio.

Outra abordagem classifica o empreendedorismo em três grandes grupos:


A) Emprendedoris mo Start-up
O empreendedorismo start-up corresponde a definição clássica que associa
este processo a criação de novas empresas. Nele, o empreendedor vê uma
oportunidade no mercado, uma necessidade não satisfeita e cria uma
empresa para atender e satisfazer tal necessidade assumindo riscos e
enfrentando desafios ligados a competitividade do negócio, a busca de
diferenciais competitivos, de vencer a concorrência, conquistar cliente e
alcançar a lucratividade e a produtividade necessárias a manutenção do
empreendimento.
Nos últimos anos, houve uma extensão do conceito de empreendedorismo,
aplicado a outras áreas sem, no entanto, haver perda conceitual. Surgiram
assim, dois “novos” tipos de empreendedorismo.

19
20 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

B) Empreendedorismo Corporativo
As organizações vivem um momento de alta competitividade e de grande
turbulência no mercado. Os desafios causados pela globalização e a
crescente velocidade das mudanças e inovações tecnológicas, obrigam as
empresas modernas a identificarem e aproveitarem o potencial
empreendedor dos seus funcionários. Surge assim o empreendedorismo
corporativo, também conhecido como empreendedorismo interno ou
intraempreendedorismo.
Sharma e Chirsman apud Dess (2003:352) definem empreendedorismo
corporativo como “o processo pelo qual um indivíduo ou grupos de
indivíduos, associados a uma organização existente, criam uma nova
organização ou instigam a renovação ou inovação dentro daquela
organização.”

Covin e Miles apud Dess et al (2003) definem quatro tipos de


empreendedorismo corporativo:
 Renovação estratégica: alteração das estratégias da organização
para o alinhamento com o ambiente externo e, desta forma,
aproveitar melhor a exploração de novos produtos e mercados;
 Redefinição de domínio: ocorre quando a empresa procura criar um
novo mercado para um novo produto;
 Rejuvenescimento organizacional: a empresa procura inovar com o
objectivo de melhorar processos, rotinas administrativas e politicas
operacionais;
 Regeneração sustentada: quando a organização desenvolve novas
culturas, processos e estruturas pretendendo suportar e encorajar
inovações de produtos ou processos.

As organizações podem implementar uma ou todas estas modalidades


simultaneamente. O evento que gera o processo empreendedor na
organização é determinado pelas oportunidades, recursos e valores
praticados internamente (Dess et al, 2003; Dornelas, 2003).
Em termos conceituais, as etapas do empreendedorismo corporativo não
diferem muito do empreendedorismo de start-up. Na prática, as regras e as
condições ambientais são bem diferentes. Os factores fundamentais no
processo corporativo são: a oportunidade, os recursos que a organização
dispõe e que serão alocados para a exploração da oportunidade identificada;
e as pessoas, a equipe que colocara tudo isso em prática ou seja, os
empreendedores corporativos (Batista, s.d.).
O empreendedorismo de start-up e o corporativo apresentam semelhanças e
diferenças (Gonzatto, 2010):
Semelhanças:
 Envolvem o reconhecimento, a avaliação e a exploração de uma
oportunidade;
20
EMPREENDEDORISMO

 Requerem um conceito único, com diferencial, que leve a criação de


novos produtos, serviços, processos ou negócios;
 Dependem de um indivíduo empreendedor, o líder, que formará uma
equipe que o ajudará a implementar esse conceito;
 Requerem que o empreendedor esteja apto a balancear visão com
habilidades gerenciais, paixão com pragmatismo e proactividade
com paciência;
 O empreendedor encontrará resistências e obstáculos e precisará ser
perseverante, necessitando ainda de habilidade de encontrar soluções
inovadoras para os problemas;
 Envolvem riscos que requerem estratégias de gestão desses riscos;
 Requerem do empreendedor estratégias criativas para identificar e
buscar recursos;
 Requerem do empreendedor a definição de estratégias de colheita ou
seja, como e quando o negócio retornará os investimentos realizados.

Diferenças:
No empreendedorismo de Start up temos:
 Criação de riqueza;
 Busca de investimento junto a fontes externas;
 Criação de estratégias e culturas organizacionais;
 Não há regras;
 Horizonte de curto prazo;
 Passos rápidos.

No empreendedorismo Corporativo temos:


 Construção de melhor imagem da marca;
 Busca de recursos internos ou realocação dos existentes;
 Trabalho dentro de uma cultura existente e a oportunidade deve estar
coerente com a estratégia da organização;
 Regras claras;
 Horizonte de médio/longo prazo;
 Burocracia.

C) Empreendedoris mo Social
Drucker (1987) afirma que iniciar um novo negócio não é necessário ou
suficiente para o empreendedorismo e que este nem sempre tem fins
lucrativos. Por essa razão, nos últimos tempos assiste-se, nas organizações
sem fins lucrativos, ao uso das ferramentas gerenciais associadas ao
empreendedorismo, o que possibilitou ao surgimento de uma nova área nesta
área de conhecimento: “o empreendedorismo social”.

21
22 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo social, se refere aos trabalhos realizados pelo


empreendedor social, pessoa que reconhece problemas sociais e tenta
utilizar ferramentas empreendedoras para resolvê-los. De maneira mais
ampla, o termo se refere a qualquer iniciativa empreendedora feita com o
objectivo de avançar causas sociais e ambientais. Difere do
empreendedorismo tradicional pois tenta maximizar os retornos sociais ao
invés de maximizar o lucro (Wikipedia).
As características do empreendedorismo social são (Batista, s.d.):
 Cooperatividade;
 A produção esta voltada para as necessidades do povo e da nação;
 Predomínio das relações da solidariedade;
 Foco no desenvolvimento integral dos potenciais materiais e
espirituais do ser humano e da humanidade;
 Promoção de parcerias com organizações sociais, em especial
aquelas representativas dos sectores sociais mais oprimidos e com
governos locais;
 Actua na dimensão indivíduo – grupo – coletividade – comunidade –
sociedade; e
 Os membros da sociedade são os principais agentes ou sujeitos do
desenvolvimento.

De acordo com Batista (s.d.) o empreendedorismo social difere do


empreendedorismo tradicional em dois aspectos: não produz bens e serviços
para vender, mas para solucionar problemas sociais, e não é direcionado
para mercados, mas para segmentos populacionais em situações de risco de
social (exclusão social, pobreza, miséria, risco de vida).

A tabela a seguir mostra as principais diferenças entre o empreendedorismo


social e o de negócios (de Start up e o corporativo)
Tabela 4. Diferenças entre empreendedorismo social e o de negócios.

Empreendedorismo de negócios Empreendedorismo social

É individual É colectivo e integrado

Produz bens e serviços para o Produz bens e serviços para a


mercado comunidade, local e global

Tem foco no mercado Tem foco na busca de soluções para


os problemas sociais e necessidades
da comunidade

Sua medida de desempenho é o lucro Sua medida de desempenho são o


impacto e a transformação social

Visa satisfazer as necessidades dos Visa resgatar pessoas da situação de


22
EMPREENDEDORISMO

clientes e ampliar as potencialidades risco social e a promove-las, e a


do negócio gerar capital social, emancipação e
inclusão social

Fonte: Odara (s.d.)


No empreendedorismo social, o foco é nos problemas sociais, e o objectivo
a ser alcançado é a solução a curto, médio e longo prazo destas questões. O
objectivo final é retirar as pessoas da situação de risco social e, na medida
do possível, desenvolver-lhes as capacidades e aptidões naturais, buscando
propiciar-lhes plena inclusão social. A comunidade é ao mesmo tempo,
protagonista e beneficiária dessas acções, em especial as comunidades
menos privilegiadas (Batista, s.d.).
No empreendedorismo social, o caminho é da cooperatividade em vez da
competitividade, da eficiência sistêmica em vez de eficiência apenas
individual, do ‘um por todos, todos por um’ em vez do ‘cada um por si e
Deus só por mim’ (Batista, s.d.).
Embora os cursos sobre empreendedorismo estejam voltados para o
empreendedorismo de negócios, é importante que o estudante saiba que não
precisa criar uma nova empresa, nem buscar lucro para ser empreendedor.

1.3. IMPORTÂNCIA, VANTAGENS E DESVANTAGENS DO


EMPREENDEDORISMO
Os teóricos da economia desde os tempos de Adam Smith até os nossos dias,
explicaram o desenvolvimento das nações como resultado de três variáveis:
Terra, Trabalho e Capital. Hoje em dia ficou claro que existem outras duas
variáveis e que em certa medida podem ser consideradas mais importantes
que as outras três: a Tecnologia e o Empreendedorismo. A este respeito,
Jeffry Timmons afirma que o empreendedorismo é uma revolução silenciosa
que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o
século XX. Na mesma linha de pensamento o professor Pedro Nueno afirma
que “não há dúvida de que se o cinema foi um dia considerado como a
sétima arte, no século XXI podemos falar de uma oitava arte, a arte de criar
empresas.
O Green Paper da Comissão Europeia (2003) aponta como razões para
considerar o empreendedorismo importante, o seu contributo para:
 A criação de empregos;
 O crescimento económico;
 Melhorar a competividade;
 Aproveitar o potencial dos indivíduos;
 Explorar os interesses da sociedade (protecção do ambiente,
produção de serviços de saúde, de serviços de educação e de
segurança social).

23
24 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Henrekson (2002) e Coulter (2003) afirmam que o empreendedorismo é


importante por três razões principais: criação de emprego, a inovação e a
criação de riqueza. Reynolds, Storey e Westhead (1994) acrescentam uma
quarta: a constituição da própria empresa representa uma importante escolha
de carreira que afecta a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro.
Analisando os trabalhos publicados, é possível sintetizar quatro razoes
principais para justificar a importância do empreendedorismo:

a) A criação de emprego, incluindo o auto-emprego: Reynolds, Storey e


Westhead (1994) estimam que, tanto na Suécia como nos EUA, cerca de
metade dos empregos criados ao longo dum período de seis anos se
deveram as pequenas e médias empresas criadas no mesmo período.
Também nos EUA, as pequenas empresas recém-criadas são
responsáveis pela criação de ¾ dos novos empregos (Henderson, 2002).
Timmons e Bygrave (1986) afirmam que as pequenas empresas de base
tecnológica são fonte duma criação de emprego superior ao seu peso na
economia. Arend (1999) referindo-se a dados estatísticos dos EUA,
atesta que na década de 80 as pequenas empresas criaram cerca de 20
milhões de empregos enquanto as grandes contribuíram para o
desemprego com fortes downsizing;
b) A importância das jovens empresas para a inovação: Reynolds
(1994) atesta a importância das novas empresas para a inovação da
economia não apenas pela quantidade de patentes registadas a favor
destas mas também pelos desafios que colocam às empresas já
instaladas. De acordo com Drucker (1998), para as empresas jovens, a
inovação é o motor de desenvolvimento e a procura sistemática da
inovação faz parte central do próprio conceito de empreendedorismo;
c) A contribuição da criação de empresas para a criação de riqueza e
para o desenvolvimento da economia e da sociedade: Reynolds,
Storey e Westhead (1994) defendem que a criação de empresas
acompanha quase sempre o crescimento económico, enquanto Carter,
Gartner e Shaver (2003) afirmam que a criação de novos negócios
independentes explica entre um quarto e um terço da variação no
crescimento económico em muitos países industrializados. A mesma
visão tem Henderson (2002) ao afirmar que ao nível das nações, aquelas
que têm mais actividade empreendedora, têm também um crescimento
do PIB mais elevado e que o empreendedorismo explica um terço da
diferença de crescimento entre países. Audretsch (2003) conclui que o
empreendedorismo é a fonte do crescimento económico nas economias
modernas pois é ele que permite aproveitar os avanços no conhecimento;
d) A opção de carreira para uma parte significativa da força de
trabalho: Henderson (2002) refere que os norte-americanos que
trabalham por conta própria ganham um terço mais do que os
assalariados e que os empreendedores que criaram uma empresa ganham
ainda muito mais. De acordo com Reynolds et al (2001) dos 2,4 mil

24
EMPREENDEDORISMO

milhões de habitantes em idade activa (18-64) nos 40 países analisados,


quase 300 milhões de pessoas estavam envolvidas no processo de
criação duma nova empresa, ou seja, 190 milhões de novas empresas a
serem criadas naquele ano. Isto representa uma estimativa de 300
milhões de empreendedores, naqueles 40 países em 2003.

As vantagens do empreendedorismo podem ser divididas em vantagens para


a sociedade em geral e vantagens para o empreendedor.
Vantagens para a sociedade em geral (Dantas, s.d.):
 Geração de renda e aumento do crescimento económico;
 Competição saudável, que estimula a criação de produtos de maior
qualidade;
 Mais bens e serviços disponíveis;
 Desenvolvimento de novos mercados;
 Promoção do uso de tecnologia moderna em pequena escala;
 Fabricação para estimular o aumento de produtividade;
 Encorajamento de mais pesquisas e estudos e desenvolvimento de
máquinas e equipamentos modernos para consumo domestico;
 Desenvolvimento de qualidades e atitudes empreendedoras entre
potenciais empreendedores, que podem contribuir para mudanças
significativas em áreas distantes;
 Liberdade em relação à dependência de empregos oferecidos por outros;
 Redução da economia informal;
 Emigração de talentos pode ser impedida por um melhor clima de
empreedorismo doméstico.

Vantagens para o empreendedor:


 Satisfação pessoal por ser seu próprio patrão;
 Oportunidade de ganhar riqueza ou aumentar o seu rendimento;
 Prestigio para o empreendedor e sua família;
 Oportunidade de usar suas energias para introduzir novas ideias;
 Oportunidade de ajudar os menos afortunados através da criação de
empregos ou de projectos de desenvolvimento da comunidade; e
 Liberdade e flexibilidade nos horários de trabalho;

Entretanto, no universo do empreendedorismo nem tudo são vantagens e


benefícios. Zimmerer e Scarborough (1998) apresentam alguns
inconvenientes com os quais o empreendedor pode se deparar:
 Rendimento incerto: ser dono de um negócio não garante ao
empreendedor que vá obter rendimentos volumosos para viver. Alguns
negócios rendem tão pouco que muitas vezes servem somente para
manter o negócio aberto por algum tempo. Ao contrário do rendimento
mensal de um empregado de outrem, que é na maioria das vezes fixo, no

25
26 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

negócio próprio este pode variar (e muito) tanto positiva como


negativamente;
 Risco de perder o investimento inteiro: de acordo com Zimmerer e
Scarborough (1998), a taxa de mortalidade de pequenas e médias
empresas é relativamente alta. Os autores afirmam que 24% dos novos
negócios vão a falência nos primeiros dois anos, 51% morrem em quatro
anos e em seis anos, 63% dos novos negócios terão fechado as portas.
Estudos mostram que quando uma empresa cria um emprego nos seus
primeiros anos, a probabilidade de esta ir a falência após seis anos situa-
se em 35%. O empreendedor deve estar ciente destas possibilidades e
precaver-se;

 Muitas horas e muito trabalho: com a criação de uma empresa, o


empreendedor perde muitas horas de trabalho. Grande parte dos donos
de novos negócios trabalham mais que 60 horas por semana, e um quarto
mais que 70 horas (Idem, 1998);
 Baixa qualidade de vida até o negócio se estabelecer: as longas horas
de trabalho e excesso de trabalho acabam tendo reflexo na vida pessoal
do empreendedor. Os papéis de pai, marido, esposas, filhos, pais, irmãos
são postos de lado o que não é bom do ponto de vista social;
 Altos níveis de stress: criar e gerir uma empresa pode ser muito
gratificante tanto em termos profissionais como monetários entretanto, o
stress é algo que acompanha esta gratificação. A opção de criar uma
empresa abandonando um eventual emprego, trás consigo a perda de um
salário fixo e certo no final do mês o que acrescido ao facto de terem
investido tudo ou quase tudo no negócio pode provocar muitas noites de
insónia. É que o empreendedor saber que se as coisas não derem certo e
houver falência, a ruína será total. Esta situação faz com que ele trabalhe
sob imenso stress e ansiedade;
 Responsabilidade completa: geralmente os empreendedores estão no
topo da hierarquia da empresa e quando não se tem conhecimento
suficiente e não existe alguém a quem perguntar, a pressão sobre
rapidamente. O sucesso e o fracasso do negócio são resultado directo das
acções e decisões do empreendedor e saber isso pode ter um efeito
devastador nas pessoas.

De acordo com Dantas (s.d), os livros e artigos sobre o empreendedorismo


costumam apresentá-lo como a solução para todos os males sendo raro
encontrar documentos que discutam também as suas desvantagens. Para o
autor, é preciso olhar para as vantagens apontadas nos livros com um olhar
crítico pois a forma como são apresentadas leva a um forte viés de
percepção. No seu artigo, o autor chama atenção a algumas vantagens que
são apresentadas como verdades absolutas mas que não realidade não são:

26
EMPREENDEDORISMO

 O empreendedorismo gera enorme ganho financeiro pessoal: ganhos


financeiros pessoais só serão obtidos se o empreendedor for uma pessoa
preparada e ciente de suas reais capacidades e limitações. O que se vê no
mercado são empreendedores que têm uma grande capacidade de erguer
empresas, mas que são muito limitados ao geri-las. O resultado são
empresas que abrem e crescem rapidamente, mas que morrem também
muito rápido porque não são bem geridas;
 Capacidade de gerar auto-emprego, oferecendo mais trabalho e
flexibilidade para a força do trabalho: o auto-emprego nem sempre
garante mais satisfação no trabalho e flexibilidade para a força de
trabalho. São notórios os casos de micro e pequenas empresas que
apresentam grande rotatividade de pessoal por insatisfação. As pessoas
que nela trabalham o fazem por falta de uma oportunidade melhor que
quando aparece elas não pensam duas vezes em mudar de empresa;
 O empreendedorismo gera empregabilidade para outros, em geral
em trabalhos melhores: o facto de o empreendedorismo gerar
empregabilidade é inquestionável mas afirmar-se que gere empregos
melhores é uma falácia. Na maioria das vezes, o que se assiste é a
geração de sub-empregos, com alta rotatividade;
 Desenvolvimento de mais indústrias, especialmente em áreas rurais
ou regiões em desvantagem causada por mudanças económicas: esta
vantagem só se sustenta em situações de certa estabilidade. Se houver
uma radical mudança económica e as empresas não adequarem
rapidamente, o que não costuma acontecer nas empresas
empreendedoras, por causa do deficiente planeamento, estas não se
mantêm e tendem ao fracasso.

De acordo com Dantas (s.d.) há casos de sucessos, e esses são mostrados


constantemente em programas de televisão, revistas e em estudos de caso
apresentados em congressos e seminários sobre empreendedorismo. No
entanto, há inúmeros casos de fracassos que povoam a realidade das
pequenas e microempresas que ninguém mostra. Para o autor, os fracassos
não são culpa do empreendedor, mas das entidades e consultores que os
orientam, que vendem uma imagem irreal do empreendedorismo.
As faculdades e universidades que estimulam o empreendedorismo tendem a
não estimular o conhecimento teórico aprofundado. Os cursos passam a
ideia do empreendedorismo de forma superficial, como se para ser
empreendedor não se necessitasse conhecer profundamente as teorias de
gestão. Os empreendedores não querem aprender filosofia, metodologia
científica, estatística, matemática, psicologia ou mesmo as teorias
relacionadas com a gestão como planeamento estratégico, marketing ou
recursos humanos. Alguém colocou nas suas cabeças que o que vale é a
prática e só a prática. O resultado disso é um mercado formado por pessoas
iludidas, e que apresentam um percepção pouco condizente com a realidade
da vida empresarial. É preciso aprender a voar com os pés no chão (Dantas,
s.d.).

27
28 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

1.4. EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO


O empreendedorismo e a inovação andam de mãos dadas, são como irmãos
gémeos, parecem iguais, mas na verdade são diferentes. Drucker (2008)
considera que nem todos os negócios novos são empreendedores sendo que
os negócios empreendedores são aqueles que tem como principal
fundamento inovar algum produto ou serviço. O autor distingue negócio
novo do negócio empreendedor pelo seguinte exemplo:

Tabela 5: Distinção entre negócio novo e negócio empreendedor

Caso A Caso B

O casal que abre mais uma A McDonald’s também não


confeitaria ou restaurante de inventou nada, pois o seu produto
comida mexicana no subúrbio final já vinha sendo produzido por
americano criam um negócio novo. restaurantes americanos a anos.
Eles não são empreendedores pois Entretanto, ao padronizar o seu
tudo o que fazem já foi feito produto, desenhar processos e
muitas vezes antes, eles não equipamentos, treinar o seu
criaram uma nova satisfação para o pessoal na análise de trabalho a ser
consumidor, nem uma nova feito e estabelecer padrões de
demanda para este. qualidade, ela criou um novo
mercado. A isto chama-se
empreendedorismo.

Fonte: Drucker (2008)

“A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo


qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou
um serviço diferente” (Drucker, 2008:25).

28
EMPREENDEDORISMO

1.5 QUADRO SINÓPTICO

Um processo dinâmico a partir do qual indivíduos


identificam sistematicamente oportunidades
Empreendedorismo económicas, e respondem, desenvolvendo,
produzindo e vendendo bens e serviços.
Os economistas viam o empreendedor como
aquele que aproveitava as oportunidades com a
perspectiva de obterem lucros, assumindo os
riscos inerentes. Em termos gerais, os economistas
Visão Económica
relacionaram o empreendedor a inovação e viam-
nos como motores do desenvolvimento
económico.

Visão Os comportamentalistas preocuparam-se mais com


Comportamentalista o carácter e o comportamento do empreendedor

A capacidade empreendedora não é um conjunto


de características da personalidade nem uma
Visão Gerencial
função económica. É sim, um padrão coeso e
mensurável de comportamento gerencial.

É por assim dizer, a definição clássica de


Empreendedorismo
empreendedorismo que implica a criação de uma
Start up
empresa, de um novo negócio

A inovação dentro de uma organização existente, a


Empreendedorismo
procura por novas formas de trabalhar que possam
Corporativo
trazer benefícios a empresa

O uso de técnicas empreendedoras para a solução


Empreendedorismo de problemas que afectam a sociedade, orientado
Social não para o lucro mas para o bem-estar da
sociedade

A criação de empregos;
O crescimento económico;
Importância do
Melhorar a competividade;
empreendedorismo
Aproveitar o potencial dos indivíduos;
Explorar os interesses da sociedade

29
30 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

EXERCÍCIOS

1- Defina empreendedorismo utilizando suas próprias palavras (se tiver


dúvidas consulte o ponto 1.2).

2- Explique as diferenças sobre o empreendedorismo das três


abordagens apresentadas (se tiver dúvidas consulte o ponto 1.1)
3. Disserte sobre a importância do empreendedorismo na actualidade. (se
tiver dúvidas consulte os capítulos 1.3.)

4. Distinga o empreendedorismo social do empreendedorismo de negócios


(se tiver dúvidas consulte o ponto 1.2.)

5. Explique a diferença existente entre empreendedorismo e inovação (se


tiver dúvidas consulte o ponto 1.4.)

CAPÍTULO II – O EMPREENDEDOR

OBJECTIVOS DO CAPÍTULO:

No final deste capítulo o estudante será capaz de:


 Definir empreendedor e identificar os diferentes tipos
 Compreender a importância do espírito empreendedor
 Diferenciar empreendedor de administrador e empresário
 Conhecer as características dos empreendedores de sucesso
 Saber os principais mitos e realidades sobre o empreendedorismo

As profundas transformações que o século XX assistiu, fazem com que a


cada dia que passa mais e mais pessoas se convençam de que o capital
humano é um dos principais factores do desenvolvimento. Invenções como o
aparelho televisor, o computador e a Internet chamaram a atenção das
sociedades para certos indivíduos – os empreendedores.

30
EMPREENDEDORISMO

Homens que por causa do seu desejo, sonho e visão ousaram olhar para as
coisas de maneira diferente e se mobilizaram para adquirir os conhecimentos
necessários, capazes de permitir a materialização do desejo, realização do
sonho e viabilização da visão. Com a sua visão, os empreendedores criam
novas relações de trabalho, novos empregos, quebram antigos paradigmas e
geram riqueza para a sociedade. É sobre eles que trata este capítulo.

2.1 BREVE PERSPECTIVA HISTÓRICA


A palavra empreendedor (entrepeneur) surgiu na França por volta dos
séculos XVII e XVIII, com o objectivo de designar aquelas pessoas ousadas
que estimulavam o progresso económico, mediante novas e melhores
maneiras de agir.

Primeiro uso do termo


O primeiro uso do termo é creditado a Marco Polo que tentou estabelecer
uma rota comercial para o oriente. Como empreendedor, assinou um
contrato com um homem que possuía dinheiro (hoje conhecido como
capitalista) para vender as mercadorias deste. Enquanto o capitalista assumia
o risco de forma passiva, o empreendedor assumia papel activo, correndo
todos os riscos físicos e emocionais.
Idade média
Na idade média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que
geria grandes projectos de produção. Esse individuo não assumia riscos,
apenas geria projectos com recursos disponibilizados pelo governo.
Século XVII

Nesta época, começa a haver uma ligação entre assumir riscos e


empreendedorismo. Aqui, o empreendedor assinava um contrato com o
governo para prestar algum serviço ou fornecer algum produto. Como nestes
contratos os preços eram pré-fixados, qualquer lucro ou prejuízo que viesse
a ocorrer era da inteira responsabilidade do empreendedor. Neste período,
Richard Cantillon diferenciou o empreendedor (que assumia os riscos) do
capitalista (que fornecia o capital necessário).
Século XVIII
Neste período o capitalista e o empreendedor foram finalmente
diferenciados devido principalmente ao início da industrialização que
ocorria no mundo. As pesquisas de Thomas Edison (electricidade e química)
só foram possíveis com o financiamento de investidores que suportavam as
experiências.
Século XIX e XX

31
32 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Neste período, os empreendedores foram confundidos com os gestores ou


administradores (algo que acontece até hoje e que mais a frente será tratado),
sendo analisados como aqueles que planeiam, organizam, dirigem e
controlam as acções desenvolvidas na organização, a serviço do capitalista.

2.2 CONCEITO E TIPOS DE EMPREENDEDOR


O termo “empreendedor” tem várias definições e é um conceito que não
reúne consenso. De acordo com a sua área de actuação, cada autor tem a sua
definição e por isso a literatura é rica no que toca a este aspecto. A tabela a
seguir mostra algumas definições de empreendedorismo encontradas nos
livros:

Autor Definição

Hélio Nascimento Empreendedor é aquele que é capaz de formar outro


profissional melhor que ele.

Marcelo Empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e


Benvenuto cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo
riscos calculados.

Jeffry Timmons Empreendedor é alguém capaz de identificar, agarrar e


aproveitar oportunidades, buscando e gerindo recursos
para transformar a oportunidade em negócio de
sucesso.

Louis Jacques Empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e


Fillion realiza visões.

Robert Menezes Ser empreendedor é criar ambientes mentais criativos,


transformando sonhos em riqueza.

Idalberto O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um


Chiavenato negócio para realizar uma ideia ou projecto pessoal,
assumindo os riscos e responsabilidade e inovando
continuamente.

José Dornelas O empreendedor é aquele que faz as coisas


acontecerem, se antecipa aos factos e tem uma visão
futura da organização.

Fonte: Elaborado pelo autor com base na bibliografia consultada

32
EMPREENDEDORISMO

Para além das definições, várias outras são encontradas nos livros e artigos
sobre o empreendedorismo. Entretanto, de acordo com Dornelas (2005) uma
das mais antigas e que talvez melhor reflicta o espírito empreendedor é a
Joseph Schumpeter (1949):

“O empreendedor é aquele que destrói a ordem económica existente pela


introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de
organização ou pela exploração de novos recursos materiais”.
Independentemente da abordagem do autor e da definição que apresenta,
todos os autores são unânimes em afirmar que o empreendedor é alguém
diferente; uma pessoa que busca oportunidades, emprega os recursos
disponíveis, assume riscos calculados e inova. Em suma, é alguém que
consegue descobrir desejos reais e as necessidades (reais e/ou potenciais)
num determinado mercado, e procura transformá-los em oportunidades de
negócio.
Existem várias abordagens sobre os tipos de empreendedores. Russel M.
Knight citado por Lirio (2008) afirma que nem todo empreendedor busca um
novo objectivo em sua vida, existem pessoas que entram em negócios para
escapar de algum factor ambiental. Tais factores encorajam ou impulsionam
as pessoas a iniciar novos negócios e rotulou tais empreendedores de
refugiados. Segundo este autor, existem os seguintes tipos de refugiados:
 Refugiado estrangeiro;
 Refugiado corporativo;
 Refugiado dos pais;
 Refugiada feminista;
 Refugiado social;
 Refugiado educacional.

Norman R. Smith citado por Lirio (2008) acredita que o estilo de fazer
negócios dos empreendedores segue um continuun e apresenta os seguintes
tipos de empreendedores:
 Empreendedor artesão: a pessoa que é detentora de uma técnica e que,
fazendo uso dessa técnica, cria o seu próprio negócio/ofício
independente;
 Empreendedor tecnológico: a pessoa promotora do desenvolvimento
ou da comercialização de um novo processo ou de um novo produto, que
materializa a sua inovação num novo negócio, com o objectivo de gerar
lucros;
 Empreendedor oportunista: a pessoa que centra a sua atenção na
dinamização de actividade económica, criando, comprando ou
contribuindo para o crescimento de empresas, em resposta a
oportunidades de negócio identificadas;

33
34 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

 Empreendedor “estilo de vida”: a pessoa detentora de um espírito


independente, que inicia uma actividade empresarial para satisfazer as
suas ambições de independência e o seu estilo de vida.Algumas
empresas de recursos humanos definiram 5 tipos de empreendedores:
 Empreendedores-Gerentes: pessoas que se divertem em dirigir a
operação dos negócios e em fazer a coisa toda funcionar da melhor
maneira possível;
 Empreendedores-Heróis: pessoas que colocam os interesses dos
clientes em primeiro lugar e se divertem resolvendo os problemas mais
difíceis;
 Empreendedores-Vendedores: pessoas que se divertem fechando
vendas, se relacionando com novas pessoas e fechando acordos;
 Empreendedores-Artistas: pessoas que tem paixão por criar produtos
ao invés de dirigir os negócios;
 Empreendedores-Independentes: pessoas que se divertem ao assumir
riscos nos negócios;

Dornelas (2005) apresenta os seguintes tipos de empreendedores:


 Empreendedor Nato: geralmente são os mais conhecidos e aclamados.
Suas histórias são brilhantes e, muitas vezes, começam do nada e criam
grandes impérios. Começam a trabalhar muito jovens e adquirem
habilidade de negociação e de vendas. São visionários, optimistas, estão
à frente do seu tempo e comprometem-se 100% para realizar seus
sonhos. Suas referências e exemplos a seguir são os valores familiares e
religiosos, e eles mesmos acabam por se tornar uma grande referência.
Se você perguntar a um empreendedor nato quem ele admira será
comum lembrar-se da figura paterno-materna ou algum familiar mais
próximo;

 Empreendedor que aprende (inesperado): este tipo de empreendedor


tem sido muito comum. É normalmente uma pessoa que, quando menos
esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a
decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio.

É uma pessoa que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se


tornar um via a alternativa de carreira em grandes empresas como a
única possível. O momento de disparo ou de tomada de decisão ocorre
quando alguém o convida para fazer parte de uma sociedade ou ainda
quando ele próprio percebe que pode criar um negócio próprio.
Geralmente demora um pouco para tomar a decisão de mudar de
carreira, a não ser que esteja em situação de perder o emprego ou já
tenha sido demitido. Antes de se tornar empreendedor, acreditava que
não gostava de assumir riscos. Tem de aprender a lidar com as novas
situações e se envolver em todas as actividades de um negócio próprio.

34
EMPREENDEDORISMO

 Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios): é aquele apaixonado


não apenas pelas empresas que cria, mas principalmente pelo acto de
empreender. É uma pessoa que não se contenta em criar um negócio e
ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação. Como
geralmente é uma pessoa dinâmica, prefere os desafios e a adrenalina
envolvidos na criação de algo novo a assumir uma postura de executivo
que lidera grandes equipes. Normalmente está atento a tudo o que ocorre
ao seu redor e adora conversar com as pessoas, participar de eventos,
associações, fazer networking. Geralmente tem uma habilidade incrível
de montar equipes, motivar o time, captar recursos para o início do
negócio e colocar a empresa em funcionamento. Sua habilidade maior é
acreditar nas oportunidades e não descansar enquanto não as vir
implementadas. Ao concluir um desafio, precisa de outros para se
manter motivado. Às vezes se envolve em vários negócios ao mesmo
tempo e não é incomum ter várias histórias de fracasso. Mas estas
servem de estímulo para a superação do próximo desafio.

 Empreendedor Corporativo: o empreendedor corporativo tem ficado


mais em evidência nos últimos anos, devido à necessidade das grandes
organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios. São
geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e
conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos
resultados para crescer no mundo corporativo. Assumem riscos e tem o
desafio de lidar com a falta de autonomia, já que nunca terão o caminho
100% livre para agir. São hábeis comunicadores e vendedores de suas
idéias. Desenvolvem seu networking dentro e fora da organização.
Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time, mas sabem
reconhecer o empenho da equipe. Sabem se autopromover e são
ambiciosos. Não se contentam em ganhar o que ganham e adoram planos
com metas ousadas e recompensas variáveis. Se saírem da corporação
para criar o próprio negócio pode ter problemas no inicio, já que estão
acostumados com as regalias e o acesso a recursos do mundo
corporativo.

 Empreendedor Social: o empreendedor social tem como missão de vida


construir um mundo melhor para as pessoas. Envolve-se em causas
humanitárias com comprometimento singular. Tem um desejo imenso de
mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não têm acesso
a elas. Suas características são similares às dos demais empreendedores,
mas a diferença é que se realizam vendo seus projetos trazerem
resultados para os outros e não para si próprios. De todo os tipos de
empreendedores é o único que não busca desenvolver um patrimônio
financeiro, ou seja, não tem como um de seus objectivos ganhar
dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o
desenvolvimento das pessoas.

35
36 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

 Empreendedor por Necessidade: o empreendedor por necessidade cria


o próprio negócio porque não tem alternativa. Geralmente não tem
acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra opção a
não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócio
informal, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e
conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. É um grande
problema social para os países em desenvolvimento, pois apesar de ter
iniciativa, trabalhar arduamente e buscar de todas as formas a sua
sobrevivência e a dos seus familiares, não contribui para o
desenvolvimento econômico. Na verdade, os empreendedores por
necessidade são vítimas do modelo capitalista actual, pois não tem
acesso a recursos, à educação e às mínimas condições para empreender
de maneira estruturada. Suas iniciativas empreendedoras são simples,
pouco inovadoras, geralmente não contribuem com impostos e outras
taxas.

 Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar): o empreendedor


herdeiro recebe logo cedo à missão de levar à frente o legado de sua
família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de
todos os paises, e muitos impérios foram construídos nos últimos anos
por famílias empreendedoras, que mostraram habilidade de passar o
bastão a cada nova geração. O desafio do empreendedor herdeiro é
multiplicar o patrimônio recebido. Isso tem sido cada vez mais difícil. O
empreendedor herdeiro aprende a arte de empreender com exemplos da
família, e geralmente segue seus passos. Muitos começam bem cedo a
entender como o negócio funciona e a assumir responsabilidade na
organização, e acabam por assumir cargos de direção ainda jovens.
Alguns têm senso de independência e desejo de inovar, de mudar as
regras do jogo. Outros são conservadores e preferem não mexer no que
tem dado certo. Esses extremos, na verdade, mostram que existem
variações no perfil do empreendedor herdeiro. Mais recentemente, os
próprios herdeiros e suas famílias, preocupados com a futura de sues
negócios, têm optado por buscar mais apoio externo, através de cursos
de especialização, MBA, programas especiais voltados para empresas
familiares.

 Empreendedor Normal (Planeado): Toda teoria sobre


empreendedorismo de sucesso sempre apresenta o planeamento como
uma das mais importantes actividades desenvolvidas pelos
empreendedores. E isso tem sido comprovado nos últimos anos, já que o
planeamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem sucedido
e, em conseqüência, levar mais empreendedores a usarem essa técnica
para garantir melhores resultados. O empreendedor que “faz a lição de
casa”, que busca minimizar riscos, que se preocupa com os próximos
passos do negócio, que tem uma visão de futuro clara e que trabalha em
função de metas é o empreendedor aqui definido como o “normal” ou
planejado. Então o empreendedor normal seria o mais completo do ponto
36
EMPREENDEDORISMO

de vista da definição de empreendedor e o que a teria como referência a


ser seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade
considerável de empreendedores. No entanto, ao se analisar apenas
empreendedores bem sucedidos, o planeamento aparece como uma
actividade bem comum nesse universo específico, apesar de muitos dos
bem-sucedidos também não se encaixarem nessa categoria.

Existem muitos caminhos na carreira empreendedora. No entanto, o futuro


empreendedor deve saber que a opção por tal carreira não é sempre um
caminho fácil devendo estar sempre preocupado em estar atento com o que
se passa a sua volta e procurando sempre, melhorar.

2.3 DISTINÇÃO ENTRE EMPREENDEDOR E ADMINISTRADOR


E, EMPREENDEDOR E EMPRESÁRIO
O administrador, o empreendedor e o empresário são três figuras
importantes no mundo dos negócios. Cada um deles tem o seu perfil, as suas
actividades e funções e apesar disso tem sido comum fazer-se confusão
quanto a sua distinção.

2.3.1.ADMINISTRADOR VERSUS EMPREENDEDOR


Conforme foi dito no historial do empreendedor, estes foram frequentemente
confundidos com os administradores tendo sido analisados do ponto de vista
económico, como aqueles que organizam a empresa, pagam empregados,
planeiam, dirigem e controlam acções e controlam a organização, mas
sempre ao serviço do capitalista. De acordo com Dornelas (2005:30) “o
administrador tem sido objecto de estudo há muito mais tempo que o
empreendedor e, mesmo assim, ainda persistem dúvidas sobre o que
realmente o administrador faz.”
Para Dornelas (2005) administrar é uma arte e empreender é transformar
ideias em oportunidades. Estas definições são bastante simples para
qualificar os dois profissionais ou dois talentos importantíssimos no
processo das organizações e dos negócios.

De acordo com Inácio (2008) o principal objectivo do administrador ao


desenvolver o seu trabalho é a eficiência organizacional. Sua grande
contribuição é a visão abrangente da organização e a definição de seis
funções básicas:
 Função técnica: conhecida hoje como área de produção, relaciona-se
com aspectos de produção de bens e serviços;
 Função comercial: denominada actualmente como Marketing, relaciona-
se com a compra, venda e permuta dos bens produzidos e consumidos
pela empresa;

37
38 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

 Função financeira: relaciona-se com a busca e gestão dos recursos


financeiros utilizados pela empresa;
 Função segurança: que nos dias de hoje esta inserida na área de recursos
humanos, tinha por actividade assegurar os bens das empresas e as
pessoas envolvidas com a empresa (acidentes de trabalho);
 Função contábil: hoje essa função não constitui propriamente uma área
dentro da empresa, mas uma actividade. Como hoje, na época a função
também consistia em registrar as contas efectuadas, elaborar balanço e
estatísticas;
 Função administrativa: também hoje constitui uma actividade atribuída
a todas as áreas da empresa, tem o carácter de coordenação das demais
áreas.

A função do administrador de acordo com Inácio (2008) é distribuída com


outras funções essenciais, proporcionalmente entre a cabeça e os membros
do corpo social da empresa. Para melhor entendimento do que comporia
essa função, ela foi dividida no que hoje denominamos processo
administrativo: planear, organizar, dirigir e controlar.
Enfim, a administração e o administrador são mais operacionais.
Os empreendedores são aqueles que assumem riscos, começam algo novo,
criam empregos e prosperidades, são os propulsores da economia. As
características dos empreendedores são bem distintas: são visionários,
tomadores de decisões, fazem a diferença, identificam e exploram
oportunidades, são dinâmicos, fazem a diferença, são determinados,
dedicados, optimistas, constroem seu próprio destino, são lideres,
organizados, planeadores, tem conhecimento do que fazem, são bem
relacionados e assumem riscos calculados (Dornelas, 2005).
Para Chiavenato (2005), enquanto o administrador se interessa com a
realidade existente na organização e procura actuar eficaz e eficientemente
sobre ela, o empreendedor procura materializar novas oportunidades quer
sejam elas a criação de um novo negócio ou uma acção inovadora em uma
empresa já existente.
O administrador e o empreendedor actuam de forma estratégica, alinhando
suas acções com o negócio. O planeamento, a implementação e a
mensuração de resultados são actividades inerentes aos dois perfis.
Entretanto, existem algumas diferenças a saber (Dornelas;2005):
1) Quanto à orientação estratégica: o empreendedor tem percepção de
oportunidade, já o administrador guia-se pelos critérios de desempenho;
2) Quanto à análise de oportunidades: o empreendedor toma decisões
rápidas, já o administrador vê mais a redução de riscos;
3) Quanto à alocação dos recursos financeiros e mão-de-obra: o
empreendedor prioriza a eficiência enquanto o administrador vai pelo
planeamento formal;
4) Quanto ao controle de recursos: o empreendedor é flexível, o
administrador valoriza o poder, o status e a recompensa;

38
EMPREENDEDORISMO

5) Quanto à estrutura gerencial: o empreendedor é informal, o


administrador é formal e segue a cultura organizacional.

O administrador planeia, identifica estratégias, estabelece objectivos e


metas, implementa essas estratégias, controla, mensura os resultados e
aproveita a avaliação para retroalimentar o processo de planeamento. O
empreendedor, cria um negócio, inova, alavanca, gera valor. Enquanto
administrador está ali para buscar resultados com base em um orçamento e
estrutura bem definidos, assumindo riscos de baixos a moderados, o
empreendedor assume riscos a todos os níveis. O administrador procura
atingir objectivos definidos pelo conselho de administração e o
empreendedor procura atingir objectivos próprios (Dornelas, 1999).
Para Drucker (1992) o administrador pode ser um empreendedor e para isso
deve criar algo novo. Entretanto, o empreendedor para ter sucesso, deve ser
um bom administrador para poder tomar as decisões adequadas. Quanto
menor for o conhecimento deste em administração, maiores são as
possibilidades de fracasso do seu empreendimento. Para Fillion (1991), não
basta ter o mérito de iniciar um empreendimento empresarial, de lançar-se
no mercado em busca de novas oportunidades de negócio, é preciso que haja
um processo contínuo que vai desde a fundação da empresa até a sua
administração, no sentido de aprimorar a ideia inicial e manter a
lucratividade, garantindo o sucesso.
Dissociar a administração de empresas do empreendedorismo, seria o
mesmo que dizer que a mão do violinista que dedilha as cordas e a mão que
comanda o arco são mutuamente exclusivos ou adversários. O
empreendedor deve saber administrar e o administrador deve ser dotado de
espírito empreendedor (Drucker, 1992).

2.3.2.EMPRESÁRIO VERSUS EMPREENDEDOR


As palavras empresário e empreendedor são usadas como sinónimos no dia-
a-dia das pessoas. Entretanto, o que muitos não sabem é que existe uma
diferença conceitual e prática entre os dois termos. Nem todo empreendedor
é empresário e nem todo empresário é empreendedor.
O empreendedor costuma ter boas ideias, não somente quando cria uma
empresa, mas durante toda a existência dela. Uma companhia, precisa estar
sempre em renovação e o empreendedor é a pessoa com iniciativa para tal.
Ele tem a capacidade para definir objectivos com clareza e traçar planos
para atingi-los em prazo pré-estabelecido. Entretanto, ele pode não ter
habilidades técnicas para administra-la. Neste caso o empreendedor é um
inovador e não um empresário. Os empreendedores são dotados de
características inovadoras sem que tenham necessariamente uma relação
sistemática existente no perfil dos empresários (Fafetine, 2009).

39
40 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Dornelas (2005) afirma que os empreendedores são mais visionários que os


empresários. Assim, quando a organização cresce, os empreendedores
geralmente tem dificuldades de tomar as decisões do dia-a-dia dos negócios,
pois se preocupam com aspectos estratégicos com os quais se sentem mais a
vontade (Fafetine, 2009).
O empresário é muito cauteloso. Ele consegue a empresa e limita-se a
administra-la do jeito como esta montada. As suas actuações são
conservadoras, sem representar nenhum tipo de risco para a empresa. Para
colocar um projecto em prática, ele não demanda grandes esforços pois não
acredita em mudanças bruscas.
De acordo com Aquino (1991), o empresário e o empreendedor são duas
figuras que se complementam.
“O empreendedor é um homem de muita iniciativa, personalidade
agressiva, Eterno farejador de oportunidades, fazedor de negócios e
muito trabalhador (…). O empresário (…) conduz profissionalmente
a administração dos negócios e dota suas empresas de uma
estrutura organizacional como meio de perpetuar o seu negócio”
(Aquino, 1991:21).
Resumindo, o empreendedor é aquele que vê oportunidades que outros ainda
não viram e colocam em prática as suas visões em momentos estratégicos
enquanto que o empresário é aquele que pode ser empreendedor – um líder
criativo – mas que pode não sê-lo e administrar uma empresa que já exista
(Fafetine, 2009).
O ideal para sobreviver no mundo dos negócios é ser um empresário
empreendedor, o qual reúne as características e qualidades embutidas nos
dois termos.

2.4 RAZÕES PARA O EMPREENDEDORISMO E


CARACTERISTICAS DO EMPREENDEDOR DE SUCESSO
Há algumas décadas atrás era loucura um jovem recém-formado aventurar-
se na criação de um negócio próprio. Os empregos oferecidos pelas grandes
empresas, a estabilidade que se conseguia nos empregos no sector público,
com bons salários, status e possibilidade de crescimento dentro da
organização, eram muito convidativos. Entretanto, a partir da década de 70
cada vez mais pessoas que se lança no mercado por conta própria. O número
de pequenas empresas e trabalhadores autónomos aumenta a cada ano. Mas
o que leva as pessoas a abrirem as suas empresas?
Num estudo realizado na Austrália por Mazzarol et al (1998), foram
identificados 6 (seis) factores de motivação para a criação de uma empresa:
 Investimento: necessidade de emprego, desejo de investir poupanças,
desejo de receber lucros pelo mérito e necessidade de criar riqueza;
 Criatividade: desejo de aproveitar talentos, de ter um emprego
interessante, desejo de criar alguma coisa / realização de um sonho;

40
EMPREENDEDORISMO

 Autonomia: desejo de trabalhar num local que se escolheu, desejo de ter


um horário à sua escolha e desejo de ser o seu próprio patrão;
 Status: seguir o exemplo de outra pessoa, desejo de reconhecimento
social e desejo de seguir a tradição de familiar;
 Oportunidade de mercado: desejo de aproveitar uma oportunidade de
mercado e a antecipação de factores económicos positivos;
 Dinheiro: manter o rendimento e ganhar mais dinheiro.

Schumpeter (1985) num dos seus estudos pioneiros citou três factores
principais:
 O desejo de fundar um reino privado onde teria distinção social, poder e
independência;
 O desejo de conquistar, provando-se superior aos outros e elevando seu
próprio nome;
 A alegria de criar e fazer as coisas.

Scheimber apud Lima (1988) realizou uma pesquisa que lhe permitiu
identificar seis factores motivacionais do empreendedorismo:
 Busca de reconhecimento social;
 Desejo de enriquecimento;
 Desejo de contribuir com a comunidade;
 Busca de um desenvolvimento pessoal e/ou profissional;
 Busca de independência; e
 Insatisfação no trabalho anterior.

Degen (1989) por sua vez indica cinco factores motivacionais:


 Vontade de ganhar muito dinheiro, mais do que seria possível na
condição de empregado;
 Desejo de sair da rotina e levar suas ideias adiante;
 Vontade de ser seu próprio patrão e não ter de dar satisfações a ninguém
sobre seus actos;
 Necessidade de provar a si mesmo e aos outros que é capaz de realizar
um empreendimento; e
 Desejo de desenvolver algo que traga benefícios não só para si mas para
a sociedade.

Independentemente das razões que levam alguém a iniciar um


empreendimento novo, o empreendedor tem recebido atenção de numerosos
pesquisadores interessados no estudo das suas características. De acordo
com Dolabela (1999:49) “se ainda não podemos, predizer o sucesso de uma
pessoa, é possível, no entanto, apresentar-lhe as características mais
comummente encontradas nos empreendedores de sucesso, para que se
possa de desenvolvê-las e incorporá-las no seu próprio vivencial”. O autor,

41
42 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

baseado numa pesquisa feita em 1994 por Timmons e Hornaday, apresenta


um resumo das principais características dos empreendedores de sucesso:
 O empreendedor tem um “modelo”, uma pessoa que o influencia;
 Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, optimismo, necessidade de
realização;
 Trabalha sozinho;
 Tem perseverança e tenacidade;
 O fracasso é considerado um resultado como outro qualquer. O
empreendedor aprende com os resultados negativos e, com os próprios
erros;
 Tem grande energia. É um trabalhador incansável e é capaz de se dedicar
intensamente ao trabalho e sabe concentrar os seus esforços para
alcançar resultados;
 Sabe fixar metas e alcançá-las. Luta contra padrões impostos.
Diferencia-se. Tem a capacidade de ocupar um espaço não ocupado por
outros no mercado e, de descobrir nichos;
 Tem forte intuição. Como no desporto, o que importa não é o que se
sabe mas o que se faz;
 Tem sempre alto comprometimento. Crê no que faz;
 Cria situações para obter feedback sobre o seu comportamento e sabe
utilizar tais informações para o seu aprimoramento;
 Sabe buscar e utilizar e controlar recursos;
 É um sonhador realista. Embora racional, usa também a parte direita do
cérebro;
 É líder. Cria um sistema próprio de relações com empregados. É
comparado a um líder de banda, que dá liberdade a todos os músicos,
extraindo deles o que têm de melhor, mas conseguindo transformar o
conjunto em algo harmónico, seguindo uma partitura, um tema, um
objectivo;
 É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo;
 Aceita o dinheiro como uma das medidas do seu desempenho;
 Tece rede de relações moderadas mas utilizadas intensamente como
suporte para alcançar os seus objectivos;
 Conhece muito bem o ramo onde actua;
 Cultiva a imaginação e aprende a definir visões;
 Define o que deve aprender para realizar as suas visões. É pró-activo
diante daquilo que deve saber; primeiro define o que quer, aonde quer
chegar, depois procura o conhecimento que lhe permitira atingir o
objectivo. Preocupa-se em aprender e aprender, porque sabe que no seu
dia-a-dia será submetido a situações que exigem a constante apreensão
de conhecimentos que não estão nos livros. O empreendedor é um
fixador de metas;
 Cria um método próprio de aprendizagem. Aprende a partir do que faz.
Emoção e afecto são determinantes para explicar o seu interesse.
Aprende indefinidamente;

42
EMPREENDEDORISMO

 Tem alto grau de “internalidade”, o que significa a capacidade de


influenciar pessoas com as quais lida e a crença de que pode mudar algo
no mundo;
 O empreendedor não é um aventureiro; assume riscos moderados. Gosta
do risco, mas faz de tudo para minimiza- lo. É inovador e criativo;
 Tem alta tolerância a ambiguidade e a incerteza e é hábil em definir a
partir do indefinido;
 Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-
a para detectar oportunidades de negócios.

Dornelas (2005) afirma que o empreendedor de sucesso possui, além dos


atributos do administrador e alguns atributos pessoais, características extras
que somados a características sociológicas e ambientais, permitem o
nascimento de uma nova empresa. De uma ideia, surge uma inovação, e
desta, uma empresa. O autor apresenta uma data de características que
podem ser encontradas nos empreendedores de sucesso:
 São visionários: eles têm a visão de como será o futuro para seu
negócio, e o mais importante, eles têm a habilidade de implementar seus
sonhos;
 Sabem tomar decisões: eles não se sentem inseguros, sabem tomar as
decisões correctas na hora certa, principalmente nos momentos de
adversidade, sendo isso um factor-chave para o seu sucesso. E mais:
além de tomar decisões, implementar suas acções rapidamente;
 São indivíduos que fazem a diferença: os empreendedores transformam
algo de difícil definição, uma ideia bastante abstracta, em algo concreto,
que funciona, transformando o que é possível em realidade. Sabem
agregar valor aos serviços e produtos que colocam no mercado;
 Sabem explorar ao máximo as oportunidades: para a maioria das
pessoas, as boas ideias são daqueles que as vêem primeiro, por sorte ou
acaso. Para os empreendedores, as boas ideias são geradas daquilo que
todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para
transformá-las em oportunidades, por meio de dados e informação. O
empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um
indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances
melhoram quando seu conhecimento aumenta;
 São determinados e dinâmicos: eles implementam suas acções com total
comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os
obstáculos, com uma vontade impar de “fazer acontecer”. Mantêm-se
sempre dinâmicos e cultivam um certo inconformismo diante da rotina;
 São dedicados: eles dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu
negócio. Comprometem o relacionamento com amigos, com família, e
até mesmo com a própria saúde. São trabalhadores exemplares,
encontrando energia para continuar, mesmo quando encontram
problemas pela frente. São incansáveis e loucos pelo trabalho;

43
44 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

 São optimistas e apaixonados pelo que fazem: eles adoram o trabalho


que realizam. E esse amor ao que fazem é o principal combustível que os
mantém cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-os
melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem, como
ninguém como faze-lo. O optimismo faz com que sempre vejam o
sucesso em vez de imaginar o fracasso;
 São independentes e constroem o próprio destino: eles querem estar a
frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem ser
independentes, em vez de empregados; querem criar algo novo e
determinar os próprios passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio
patrão e gerar empregos;
 Ficam ricos: ficar rico não é o principal objectivo dos empreendedores.
Eles acreditam que o dinheiro é consequência do sucesso dos negócios;
 São líderes e formadores de equipes: os empreendedores têm um senso
de liderança incomum. São respeitados e adorados por seus empregados
pois sabem valoriza-los, estimula-los e recompensa-los, formando uma
equipa em torno de si. Sabem que para obter êxito e sucesso, dependem
de uma equipe de profissionais competentes. Sabem ainda recrutar as
melhores cabeças para assessora-los nos campos onde não detêm o
melhor conhecimento;
 São bem relacionados (networking): os empreendedores sabem construir
uma rede de contactos que os auxiliam no ambiente externo da empresa,
junto a clientes, fornecedores e entidades de classe;
 São organizados: os empreendedores sabem obter e alocar recursos
materiais, humanos, financeiros e tecnológicos, de forma racional,
procurando o melhor desempenho para o negócio;
 Planeiam, planeiam, planeiam: os empreendedores de sucesso planejam
cada passo do seu negócio, desde o primeiro rascunho do plano de
negócios até a apresentação do plano a investidores, definição das
estratégias de marketing do negócio etc., sempre tendo como base a forte
visão de negócio que possuem;
 Possuem conhecimento: são sedentos pelo saber e aprendem
continuamente, pois sabem que quanto maior o domínio sobre um ramo
de negócio, maior é a sua chance de êxito. Esse conhecimento pode vir
da experiência prática, de informações obtidas em publicações
especializadas, em cursos, ou mesmo de conselhos de pessoas que
montaram empreendimentos semelhantes;
 Assumem riscos calculados: talvez esta seja a característica mais
conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é
aquele que assume riscos calculados e sabe gerir o risco, avaliando as
reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relação com desafios e,
para o empreendedor quanto maior o desafio, mais estimulante será a
jornada empreendedora;

 Criam valor para a sociedade: os empreendedores utilizam seu capital


para criar valor para a sociedade, com a geração de empregos,
dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua criatividade em
busca de soluções para melhorar a vida das pessoas.
44
EMPREENDEDORISMO

Os comportamentalistas focaram seu estudo na análise das características


comportamentais do empreendedor pois acredita-se que as mesmas podem
ser ensinadas, aprendidas e incorporadas no dia-a-dia das pessoas.
Entretanto, alguns autores sustentam que essas características, apesar de
importantes, não são determinantes já que podem ser alteradas ou
ultrapassadas através da experiência e da educação/formação, ou até com a
interacção com outras pessoas. Drucker (1985) afirma que existem muitos
casos de pessoas que não apresentam essas características e, apesar disso,
criaram suas empresas e muitas delas com sucesso.
O importante é descobrir quais competências um indivíduo deve possuir
para ser bem sucedido num processo de criação de uma empresa. Para tal
foram identificados três grupos de competências.

Tabela 6: Competências de empreendedores bem sucedidos

PROACTIVIDADE

1- Iniciativa Faz as coisas antes de pedirem ou


ser forçado pelas circunstâncias

2- Assertividade Confronta problemas com outros


directamente. Diz aos outros o que
devem fazer.

ORIENTAÇÃO PARA REALIZAÇÃO

3- Percebe e age nas oportunidades Aproveita oportunidades raras para


iniciar um novo negócio, obter
financiamento e recursos

4- Orientação para a eficiência Procura maneiras de fazer as


coisas mais rápido ou a custo
menor

5- Preocupação com qualidade do Manifesta um rápido desejo de


trabalho produzir ou vender um produto ou
serviço de qualidade superior

6- Planeamento sistemático Quebra uma tarefa maior em sub-


tarefas, ou sub-objectivos, antecipa
obstáculos, avalia alternativas

7- Monitoramento Desenvolve ou usa procedimentos


para assegurar que o trabalho seja
realizado ou que o trabalho atinja
padrões de qualidade

45
46 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

COMPROMISSO COM OS OUTROS

8- Compromisso com o contrato de Faz um sacrifício pessoal ou


trabalho esforços extraordinários para
completar um trabalho, junta-se
aos seus trabalhadores ou trabalha
em seus lugares para completar o
serviço

9- Reconhecimento da importância Age para construir empatia ou


das relações de negócios relações amistosas com clientes, vê
as relações interpessoais como um
recurso fundamental do negócio,
prefere boa vontade em longo
prazo ao invés de ganhos de curto
prazo

Fonte: Greatti e Senhorini (2000)

As ideias e o comportamento não fazem de uma pessoa um empreendedor.


Essas ideias tem de ser postas em pratica, transformadas em negócios e é
nessa fase, na hora de empreendimento que muita gente recua.
Não é a sorte, a hereditariedade, um curso superior ou até mesmo o destino
que determina o sucesso de uma pessoa. O sucesso surge primeiro na mente
e o trabalho é o meio para atingir a meta idealizada. Ser capaz de pensar no
futuro, apesar das dificuldades do dia-a-dia é uma atitude que deve ser
desenvolvida por todos os profissionais, principalmente para aqueles que
desejam ser empreendedores de sucesso.

2.5 MITOS E REALIDADES SOBRE O EMPREENDEDORISMO


No processo de estudo sobre o empreendedorismo, lê-se e ouve-se muita
coisa. Algumas delas são verdadeiras, outras nem tanto. Esclarece-se em
seguida alguns mitos sobre o empreendedorismo.

Mitos Realidades

Empreendedores nascem feitos. Embora os empreendedores


nasçam com certas características
biológicas distintivas como: a
inteligência, a vontade de criar e a
energia para trabalhar, a sua
capacidade criativa, a capacidade
de identificar e aproveitar uma
oportunidade surge com a

46
EMPREENDEDORISMO

experiência, que conduz a um


reconhecimento de padrões.
Assim, a sua formação depende da
acumulação de habilidades
relevantes, know-how, experiência
e contactos.
Qualquer pessoa pode iniciar um Pode. No entanto, a capacidade de
negócio. sobrevivência no mercado é que
faz a diferença. Empreendedores
que entendem a diferença entre
ideia e oportunidade e que tenham
horizontes mais amplos, têm
maiores possibilidades de obter
sucesso.
Empreendedores são jogadores. Os empreendedores de sucesso
assumem calculadamente os riscos,
tentando minimizá-los.
Frequentemente atraem outras
pessoas para partilharem os riscos.
Empreendedores querem o negócio O empreendedor individual
só para si próprios. geralmente ganha a vida. No
entanto, é difícil ter um negócio de
alto potencial actuando isolado. Os
melhores empreendedores
geralmente sabem construir uma
equipa, uma organização, uma
empresa.
Empreendedores são os seus O empreendedor responde perante
próprios chefes e completamente todos: sócios, investidores,
independentes. clientes, fornecedores,
empregados, família e
comunidade. No entanto, é ele que
define os padrões de exigência.
Empreendedores trabalham mais Não é regra geral, já que alguns
que executivos de grandes trabalham mais, outros não.
companhias.
Empreendedores são submetidos a Sem dúvida, mas não há
grande stress. evidências de que o empreendedor
sofra mais de stress do que outros
profissionais com muita
responsabilidade. A maioria dos
empreendedores encara a sua
actividade como gratificante e
satisfatória.

47
48 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Começar um negócio é arriscado e Os empreendedores talentosos e


muitas vezes conduz a falência. experientes (que sabem identificar
e agarrar oportunidades e atrair os
recursos financeiros)
frequentemente alcançam o
sucesso. Além disso, a empresa
entra em falência, mas o
empreendedor não. A falência é,
muitas vezes, uma fase do
processo de aprendizagem do
empreendedor.
O dinheiro é o mais importante Se outros aspectos e competências
ingrediente para começar o existirem, o dinheiro também
negócio. aparecerá. Isto não significa que se
o empreendedor tiver dinheiro vai
ter sucesso. O dinheiro é um dos
ingredientes menos importantes. É,
para o empreendedor, o que a
caneta e o papel são para o
escritor.
Empreendedores devem ser jovens Essas características podem ajudar,
e cheios de energia. mas a idade não é impeditiva. A
idade média de empreendedores de
sucesso é de 35 anos, mas há
diversos exemplos de
empreendedores de 60 ou mais
anos de idade. O mais importante é
possuir o conhecimento relevante,
experiência e contactos que
facilitem a identificação e o
aproveitamento de oportunidades
de negócio.
Empreendedores são motivados Empreendedores de sucesso
pela procura de dinheiro. procuram criar empresas que lhes
possibilitem obter dividendos a
longo prazo. Não procuram a
satisfação imediata de grandes
salários e muito menos de aspectos
ligados à aparência. Procuram a
realização pessoal, o controlo dos
seus próprios destinos e realização
dos seus sonhos. O dinheiro é visto
como uma ferramenta.
Empreendedores procuram poder e O poder é mais um subproduto do
controlo sobre terceiros. que uma força motivadora. O
empreendedor procura
48
EMPREENDEDORISMO

responsabilidade, realização e
resultados.
Se o empreendedor é talentoso, o Raramente um negócio tem solidez
sucesso vai acontecer num ou dois em menos de três a cinco anos.
anos. Máxima entre os capitalistas: “o
limão amadurece em dois anos e
meio, mas as pérolas levam sete ou
oito”.
Qualquer empreendedor com uma Nos Estados Unidos, somente um a
boa ideia pode atrair investimentos três de cada cem empreendedores
de capital. com boas ideias consegue atrair
capitais de risco.
Se um empreendedor tem capital O oposto é frequentemente
inicial suficiente, não pode perder verdade, isto é, muito dinheiro no
a oportunidade. princípio cria alguma euforia e a
“síndrome de criança estragada”.
Empreendedores são “lobos Os empreendedores mais bem
solitários”. sucedidos são líderes que
constroem grandes equipas e
óptimos relacionamentos com
colaboradores, directores,
investidores, clientes, fornecedores
e outros.
Fonte: Retirado do site www.iapmei.pt

2.6 TESTE DO PERFIL EMPREENDEDOR 1


Um balanço sucinto de sua personalidade, das suas motivações profundas e
das suas competências de gestão ajudá-lo-á a determinar o seu perfil de
empreendedor e a encontrar soluções para reduzir os seus pontos fracos.
O sucesso do empreendedor depende da sua capacidade para conviver com
os riscos e da capacidade de os ultrapassar. O empreendedor não é mal
sucedido quando encontra dificuldades, mas quando não sabe ultrapassá-las.
À partida não existem bons e maus empreendedores. Há atitudes e
comportamentos, mais ou menos pertinentes, segundo o contexto. O
objectivo deste teste é o de fazer reflectir sobre si próprio. Não se pretende
determinar se nasceu ou não empreendedor, mas antes de lhe permitir
identificar os traços do seu carácter que será necessário trabalhar e aqueles
sobre os quais se deve apoiar.

1Este teste foi retirado do site www.sebrae.com.br. Para outros testes e com resultados
online consulte: www.planodenegocios.com.br e www.josedornelas.com.br

49
50 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Atenção – A visão que tem de si próprio não é necessariamente certa! Por


isso, proponha às pessoas do seu círculo, nas quais tenha confiança, que
façam o teste em seu lugar. A comparação da sua percepção com a daqueles
que lhe estão próximos, permitir-lhe-á obter uma visão menos subjectiva dos
seus pontos fortes e dos pontos a melhorar.

Teste de perfil de empreendedor


(Nota: a cada resposta é dada uma pontuação, 0 ou 1 ponto – indicadas as
respostas com 1 ponto)
1. Adapta-se rapidamente a uma nova situação?
Sim (1)
Não
2. Escuta os outros e está aberto a mudanças?
Sim (1)
Não
3. É organizado ou antes trapalhão?
Organizado (1)
Mais trapalhão

4. Faz bem e rapidamente o seu trabalho?


Sim (1)
Não

5. É uma pessoa séria ou desenvolta?


Séria (1)
Desenvolta

6. Compreende rapidamente ou lentamente?


Rapidamente (1)
Lentamente

7. É criativo?
Sim (1)
Não

8. Mantém sempre os pés sobre a terra?


Sim (1)
Não

9. É frio ou caloroso?
Frio
Caloroso (1)

10. É tímido ou extrovertido?


Tímido

50
EMPREENDEDORISMO

Extrovertido (1)

11. É um líder ou um seguidor?


Líder (1)
Seguidor

12. Procura as responsabilidades?


Sim (1)
Não

13. É capaz de agir sozinho e de ir até ao fim?


Sim (1)
Não

14. A sua capacidade de trabalho é grande?


Sim (1)
Não
15. Tem um bom ou mau estado de saúde?
Bom (1)
Mau

16. É (muito) ansioso?


Sim
Não (1)

17. Considera-se persistente ou desencoraja rapidamente?


Persistente (1)
Rapidamente desencoraja

18. Suporta as dificuldades imprevistas e as criticas?


Sim (1)
Não

19. Tem confiança em si mesmo?


Sim (1)

Não

20. Mantém sempre, em qualquer circunstância o sentido do humor?


Sim (1)
Não

Feedback:
Se o total de pontos for maior ou igual a 17: Bravo! A priori, a sua
personalidade tem tudo a ver com a de um futuro criador de empresas.
Contudo, desconfie das facilidades: as melhores qualidades precisam ser
trabalhadas no quotidiano!

51
52 UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO

Feedback:
Se o total de pontos for maior ou a 12 e menor ou igual a 16: Ainda que haja
alguns aspectos a melhorar, está no bom caminho para ter sucesso no seu
projecto de criação de empresas.

Feedback:
Se o total de pontos for menor ou igual a 11: Não existe um bom perfil de
empreendedor, mas antes um conjunto, com os pontos fortes do seu carácter
e os pontos fracos como a maior ou menor resistência ao stress, que será
necessário enfrentar em qualquer circunstância: os prazos a respeitar, as
ofertas ao melhor preço, as decisões tomadas sem que se saiba, o
autoritarismo, as manipulações, as alterações das regras do jogo, etc.

Coragem! O sucesso do seu projecto está nas suas mãos. Ainda tem aspectos
a melhorar.

QUADRO SINÓPTICO

Aquele que destrói a ordem


económica existente pela
introdução de novos produtos e
Empreendedor serviços, pela criação de novas
formas de organização ou pela
exploração de novos recursos
materiais
Formado e orientado para o
planeamento e controle, é muito mais
Administrador centrado em como melhorar
processos, controles, informações,
análises e qualidade
Sinonimo de cautela. Consegue a
empresa porque a montou, comprou
Empresário ou herdou, mas a sua actuação se
limita a administrar a companhia da
maneira como está montada
Características do empreendedor Visionários, determinados, dinâmicos,
dedicados ao trabalho, optimistas e
apaixonados pelo que fazem
Nem tudo o que se ouve e se lê sobre
o empreendedorismo é verdade. Há
Mitos sobre o empreendedorismo muita coisa que não passa de mito e
que muitas vezes inibem a actividade
empreendedora

52
EMPREENDEDORISMO

EXERCÍCIOS

1. Defina empreendedor e utilizando suas palavras refira-se a importância


do espírito empreendedor (se tiver dúvidas consulte o ponto 2.2).
2. Com base nos tipos de empreendedores apresentados por Dornelas
(2005), diferencie o empreendedor por necessidade do empreendedor
oportunista (se tiver dúvidas consulte o ponto 2.2)
3. Diferencie, com suas palavras e de maneira sucinta, o empreendedor do
administrador (se tiver duvidas consulte o ponto 2.3)
4. Se alguém não tiver as características dos empreendedores nunca poderá
criar uma empresa e ter sucesso. Dê a sua opinião. (se tiver duvidas
consulte o ponto 2.4)

5. O Manuel conseguiu poupar cerca de 500.000,00 Mts e pretende iniciar


um negócio na área de informática. Por ser a sua área de especialização,
ele julga que está destinado a ter sucesso. Concorda com a sua posição?
Justifique. (Se tiver dúvidas consulte o ponto 2.5)

Aqui termina a unidade 1 da disciplina de empreendedorismo. Espera-se que


o estudante tenha, a esta altura, uma noção do universo do
empreendedorismo. A próxima unidade abordará o processo empreendedor,
ou seja, as actividades, funções e acções relacionadas com a criação de uma
nova empresa.
Até lá!

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http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/tipos-de-
empreendedorismo-semelhancas-e-diferencas/10993/
http://jgonzatto.blogspot.com/2010/04/empreendedorismo-corporativo-e-de-
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http://www.superempreendedores.com/empreendedorismo/os-10-mitos-sobre-
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http://www.saiadolugar.com.br/2009/03/04/os-10-mitos-sobre-empreendedorismo/

Outros sítios na internet:


www.sebrae.com.br/
www.josedornelas.com.br/
www.rhoempreendedor.com.br/
www.empreendedorismo.com.br/
www.superempreendedores.com/
www.sitedoempreendedor.com.br
www.empreendedoronline.net.br/
www.blogdosempreendedores.com.br/

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