Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
– Preâmbulo
Introdução
O mundo anda cada vez intelectualmente corrompido. Isso é evidente. Uma das razões
rejeitadas é a Lógica. E a Lógica, chamada de a arte das artes e a ciência das ciências
por ser a ciência-arte propedêutica para todas as demais ciências e artes, dá ao homem
a base necessária para alcançar mais facilmente a ciência. Ainda que esse brevíssimo
Filosofia, que é a Lógica, pois, como se diz no título, é realmente uma “breve
introdução”.
diversos autores tomistas. Não é o objetivo, porém, aprofundar, porque como sou apenas
um, não poderia em minha vida esgotar uma filosofia tão rica em escritos. Isso coube a
mesmo crie interesse também de reconhecer outros autores diferentes desse que lhe
escrever, dada a sua total mediocridade, mas que tem a boa fé de expor e divulgar a boa
filosofia. Com efeito, estudando bem a sã filosofia, o seu intelecto ficará, por assim dizer,
“vacinado” contra falsas doutrinas pseudofilosóficas que podem corromper não apenas a
ainda, em caso de um leitor não cristão, impedir a adesão à fé. Assim, exponho também
uma finalidade apologética do escrito, que escrevo sempre para maior glória de Deus.
homem ter o desejo de conhecer, não apenas porque o conhecimento tem utilidade,
mas também porque é agradável por si mesmo. Ora, é impossível vivermos sem ter
pelo menos algum tipo de conhecimento, pois, ao contrário dos vegetais e assim como
precisamos. Por isso, a nossa alma tem o que chamamos de potência sensível.
Santo Tomás de Aquino ao comentar essa mesma obra de Aristóteles observou que as
razões do desejo natural de saber podem ser três[2]: – primeiro, porque toda coisa busca
naturalmente a sua perfeição. O homem com sua potência de conhecer não pode
coisa tem uma inclinação natural para sua própria operação. Assim como o fogo tende
justamente porque ele não pode buscar a sua felicidade última senão mediante a
inteligência.
Sabemos que a realidade é real. Algo existe e é real e continuará sendo real
depois que a nossa existência acabe. Isto é, a realidade tal como ela é em toda sua
autonomia deve ser o parâmetro para nós conhecermos as coisas ou simplesmente não
conhecermos nada, indo contra todo o idealismo. Pois, se o conhecimento deve partir
abrindo assim, margem para o subjetivismo radical que se vê nos séculos XX e XXI.
nada. Pelo contrário, apenas mantém ou, pior, complica ainda mais o problema. Pois,
o primeiro conhecido, a primeira coisa que o intelecto conhece é o ente. Se assim não
fosse, não teríamos nem como começar a pensar porque o próprio pensamento já é
Com esse processo já temos a formação das palavras faladas e escritas, que é a arte
Linguagem. Animais brutos não a tem, senão meros sinais para sinalizar algo como
perigo, aviso de ataque em caso de conflito ou alimento próximo. Nós, seres humanos,
não apenas isso, mas também ensinamos aos nossos semelhantes coisas muito mais
complexas. Os animais podem até saber como é, por exemplo, o homem, mas não o
que é o homem e muito menos transmitir isso a outrem. Para sabermos transmitir isso,
usamos a definição. Porém, não podemos definir se não soubermos como conhecer
mentais. Essas palavras compõem o que chamamos de oração, que é a junção de duas
ou mais palavras[10]. Porém, juntar palavras nem sempre compõem orações que
podemos definir como verdadeira ou falsa. Dizer “cão ave” não diz se é verdadeiro ou
falso, apenas juntou duas palavras. O que fará toda diferença nessa oração é o verbo.
Se acrescentarmos “é” entre essas palavras, veremos que é uma oração falsa, porque
fica “cão é ave”. E assim, entramos numa parte mais espinhosa: as dos predicáveis
Os primeiros são de universais unívocos e os segundos são partes dos primeiros, pois
Assim, conclui-se que temos já os princípios basilares de nossa Filosofia e, com isso,
rei et intellectu»[14]. Ainda que pareça muito abstrato, não é tão difícil quanto parece.
pelo intelecto, há aqui a verdade. Pois o intelecto apreendeu a coisa tal como ela é. Se,
por exemplo, o intelecto, pelas concepções mentais, reconhecesse a maçã como uma pêra,
podemos dizer que ele incorreu em falsidade. Com isso, há de se concluir que a verdade
coisa, que é adequação da coisa ao intelecto: «adequatio rei ad intellectum». Ou seja, que
a maçã é maçã e não pêra, porque se adequou ao intelecto do inteligente. Mas, como dito,
concebeu aquilo como pêra, é o intelecto que incorreu em falsidade. Como pode-se ver, a
pessoa faz quando esta mesma afirmação contradiz o que está em seu intelecto, ainda que
alguém que pergunte a Pedro onde está João, e Pedro, convicto que João não esteja em
casa, diz que João está em casa. Pedro disse uma verdade, mas uma verdade que não está
adequada ao seu intelecto, logo, mesmo dizendo uma verdade, Pedro mentiu. (2) Quando
a afirmação que está adequada ao intelecto da pessoa que a faz, chamamos essa pessoa de
sincera. Ainda que ela acidentalmente incorra em falsidade, pois, se a afirmação está de
acordo com o seu intelecto, ela não teve a intenção de mentir. Se Pedro estiver convicto
que João está em casa e afirma a alguém que está, mas com João já fora de casa, Pedro
ainda que tenha faltado com a verdade, não faltou com a sinceridade. Assim conclui-se
que o discurso é verdadeiro quando ele corresponde ao que está na realidade, e falso,
quando se dá o contrário.
[3] Ente é aquilo que tem ser e o ente de razão é aquilo que só existe no intelecto.
verde da folhagem das árvores percebemos pela visão, a quentura do fogo que
percebemos pelo tato, o doce da maçã que percebemos pelo paladar e o perfume das
brutos é estimativa).
[8] As primeiras palavras (ou signos verbais) foram criadas por Adão para comunicar
a Eva. Adão não precisava usar palavras com Deus. Caso algum não cristão seja cético
com relação a essa história, tal crença será defendida e esclarecida no seu devido
momento.
[10] Praticamente tudo o que se dirá aqui basear-se-á em: CARLOS NOUGUÉ; Suma
[13] A noção de falsidade aqui é a mesma de uma coisa que não é verdadeira.
Geralmente, as pessoas usam essa palavra como sinônimo de hipocrisia. O que não é o
caso aqui.