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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE FILOSOFIA VERSUS ÉTICA

SOZINHO FELISBERTO SOZINHO

A METAFÍSICA DE KANT E HEIDEGGER

CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT

INTRODUÇÃO A METAFÍSICA - HEIDEGGER

BEIRA

2023
SOZINHO FELISBERTO SOZINHO

A METAFÍSICA DE KANT E HEIDEGGER

CRÍTICA DA RAZÃO PURA - KANT

INTRODUÇÃO A METAFÍSICA - HEIDEGGER

Trabalho de pesquisa a ser


apresentado na Faculdade de
Educação, Departamento de
Ciências Sociais e Filosóficas
para fins avaliativos.
Docente
Dr.Cândido Rebelo Pires

BEIRA

2023
ÍNDICE
CAPÍTULO: INTRODUÇÃO..............................................................................................................4

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO................................................................................................................4
1.2 OBJETIVOS.................................................................................................................................4
1.2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................4
1.2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................................4

1.3 METODOLOGIAS........................................................................................................................5
CAPITULO II:....................................................................................................................................5

2. POSSE DE CONHECIMENTO A PRIORI EM CRÍTICA DA RAZÃO PURA........................................5


2.1 A FILOSOFIA NECESSITA DE UMA CIÊNCIA..............................................................................6
2.2 A METAFÍSICA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA E A DISSOLUÇÃO DO PROBLEMA.....................6
2.4 O PROBLEMA DA METAFÍSICA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA..................................................7
2.5 A DIALÉTICA METAFÍSICA DE KANT.........................................................................................9
2.6 PROBLEMA GERAL DA METAFÍSICA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA.........................................9
2.7 DA CRÍTICA A FILOSOFIA TRANSCENDENTAL........................................................................10
CAPÍTULO III..................................................................................................................................11

3. UMA INTRODUÇÃO A METAFÍSICA DE MARTIN HEIDEGGER...................................................11


3.1 METAFÍSICA E A QUESTÃO DO SER EM SI...............................................................................12
3.2 A HERMENÊUTICA DA INTRODUÇÃO À METAFÍSICA..............................................................13
3.3 QUESTÃO FUNDAMENTAL DA METAFÍSICA............................................................................13
3.4 SIGNIFICADO DA INTRODUÇÃO DA METAFÍSICA EM HEIDEGGER.........................................14
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E BIBLIOGRAFIA................................................................................16

4.1. CONCLUSÃO ...........................................................................................................16


4.2 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................................17
CAPÍTULO: INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O presente trabalho visa a explicitar, em linhas gerais, o problema da possibilidade da


metafísica e do conhecimento dos objetos da metafísica tal como é colocado por Kant na Crítica
da Razão Pura, a fim de, com isso, apresentar um modo de leitura acerca do problema tal como
ele é colocado, ao meu ver, Kant, em sua Crítica da Razão Pura, toma para si a tarefa de colocar
a metafísica no “caminho seguro da ciência”. Era preciso, segundo Kant, não apenas seguir o
modelo das outras ciências, como a matemática e a física, e alterar o método pelo qual se fazia
metafisica, mas igualmente questionar a possibilidade da nossa capacidade cognitiva de conhecer
os objetos dessa ciência.

Já vindo no segundo capítulo sobre a metafísica de Martin Heidegger na sua obra


Introdução a metafísica, Para Heidegger, se a clarificação desta problemática é condição da
sistemática do ser, ou seja, da coerência interna do edifício da Metafísica, ela não é possível,
contudo, sem a prévia explicitação do sentido do ser. O tempo, como adiantámos atrás, afigurar-
se-á ao nosso filósofo um princípio plausível de solucionamento, suficientemente flexível e
articulado para justificar a diferenciação e a unidade interna do ser.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral


 Definir o papel da metafísica de Kant e Martin Heidegger.

1.2.1 Objetivos Específicos


 Levantar um debate acerca das duas obras;
 Identificar as principais ideias;
 Desenhar uma ideia sobre a metafísica pode ou não ser uma ciência.

1.3 Metodologias
Este trabalho serviu de leituras das próprias obras, proposta pelo docente na sala de
aula, servindo assim de leitura minuciosa, interpretação. A metodologia e técnicas de pesquisa
usadas para a elaboração desse trabalho, consistiram também em seleção, leituras, interpretação
dos textos, análises de artigos científicos creditados pelas universidades das mesmas, em seguida
que culminou com a compilação de dados em trabalho final.

CAPITULO II:

2. Posse de conhecimento a priori em crítica da razão pura


Trata-se agora de descobrir o sinal pelo qual o conhecimento empírico se distingue do puro.
A experiência nos mostra que uma coisa é desta ou daquela maneira, silenciando sobre a
possibilidade de ser diferente.

Digamos, KANT (2008) pois, primeiro: se encontramos uma proposição que tem que ser
pensada com caráter de necessidade, tal proposição é um juízo “a priori". Se, além disso, não é
derivada e só se concebe como valendo por si mesma como necessária, será então absolutamente
“a priori” (pp.8).

Segundo: a experiência não fornece nunca juízos com uma universalidade verdadeira e
rigorosa, mas apenas com uma generalidade suposta e relativa (por indução), o que.
propriamente quer dizer que não se observou até agora uma exceção a determinadas leis. Um
juízo, pois, pensado com rigorosa universalidade, quer dizer, que não admite exceção alguma,
não se deriva da experiência e sem valor absoluto “a priori” (ibidem. 10).

Portanto, a universalidade empírica nada mais é do que uma extensão arbitrária de


validade, pois se passa de uma validade que corresponde à maior parte dos casos, ao que
corresponde a todos eles, como p. ex. nesta proposição: “Todos os corpos são pesados.”

A necessidade KANT (2008) e a precisa universalidade são os caracteres evidentes de um


conhecimento “a priori”, e estão indissoluvelmente unidos. Mas como na prática é mais fácil
mostrar a limitação empírica de um conhecimento do que a contingência nos juízos. o conceito
de causa contém de tal modo o de necessidade de enlace com um efeito e a rigorosa generalidade
da lei, que desapareceria por completo se, como o fez Hume (pp.10).
2.1 A Filosofia Necessita de Uma Ciência
Há uma coisa ainda mais importante que o que precede: certos conhecimentos por meio
de conceitos, cujos objetos correspondentes não podem ser fornecidos pela experiência,
emancipam-se dela e parece que estendem o círculo de nossos juízos além dos seus limites.

A ciência cujo fim e processos tendem à resolução dessas questões denomina-se


metafísica. KANT (2008) Sua marcha, é, no princípio, dogmática; quer dizer, ela enceta
confiadamente o seu trabalho sem ter provas na potência ou impotência de nossa razão para tão
grande empresa (pp.11).

As matemáticas fornecem um brilhante exemplo do que poderíamos fazer


independentemente da experiência, nos conhecimentos “a priori”. KANT (2008) É verdade que
não se ocupam senão de objetos e conhecimentos que podem ser representados pela intuição;
mas esta circunstância facilmente se pode reparar, porque a intuição de que se trata pode dar-se
“a priori” por si mesma, e por conseguinte, é apenas distinguível de um simples conceito puro
(pp.12).

2.2 A metafísica na crítica da razão pura e a dissolução do problema


A metafísica na Crítica da razão pura tem por desafio natural sistematizar o conjunto
de elucubrações que Kant elencou durante praticamente toda sua vida acadêmica. Dentre os
problemas sobre os quais o filósofo se debruça está à busca pela resposta a pergunta: seria
possível a metafísica como ciência? A resposta a essa indagação começa a ser formulada muito
antes mesmo da Crítica, pois Kant estabelece uma metafísica inteiramente ligada a razão
(potência superior de conhecimento), distante da doutrina da natureza e da antropologia. Por
assim dizer, sobre a metafísica cabe o argumento de que.

Aparentemente, o que Kant quis chamar a atenção foi a dependência entre a propriedade
da metafísica e o uso racional dos sentidos. Há elementos que são racionalmente percebidos por
meio dos sentidos, não requerendo de nenhuma propriedade empírica para experimentação. Por
isso mesmo que os conhecimentos a priori são absolutamente livres de toda e qualquer forma de
verificação empírica, por já poderem ser admitidos racionalmente por meio de toda forma de
sensibilidade.
A crítica da razão pura representa, para a teoria do conhecimento, uma rejeição virulenta à
fragilidade estrutural do discurso metafísico, cuja tentativa de sistematizar princípios universais
esbarrava nas próprias limitações do entendimento, bem como à postura inconclusiva dos
céticos, cuja suspensão do juízo resultava numa desordem generalizada.
Mediante autoavaliação e rigorosamente coordenada, a razão transformaria o paradigma
da tradição filosófica ao demonstrar a impossibilidade gnosiológica do postulado greco-medieval
sem recorrer à interdição do ceticismo.

2.4 O problema da metafísica na crítica da razão pura


Kant, em sua Crítica da Razão Pura, toma para si a tarefa de colocar a metafísica no
“caminho seguro da ciência”. Era preciso, segundo Kant, não apenas seguir o modelo das outras
ciências, como a matemática e a física, e alterar o método pelo qual se fazia metafisica, mas
igualmente questionar a possibilidade da nossa capacidade cognitiva de conhecer os objetos
dessa ciência, objetos dados pela razão pura, a saber, Deus, a imortalidade da alma e a liberdade,
ou, em outras palavras, as unidades sintéticas incondicionadas de todas as condições em geral.
Para Kant, apenas com a razão pura teórica, é impossível, para nós, conhecer o incondicionado,
uma vez que sua natureza é pratica.

Na Crítica da Razão Pura, Kant investiga a possibilidade de juízos sintéticos a priori na


metafísica. Isso quer dizer, grosso modo, que Kant investiga a possibilidade do conhecimento
puramente a priori a respeito dos objetos da metafísica, a saber, imortalidade da alma, a liberdade
e Deus (cf. KANT, 2010, p. 40).

Esses objetos seriam unidades sintéticas incondicionadas de todas as condições em geral,


de acordo com o tipo de relação que exprimem com essas condições respetivamente, com relação
ao sujeito, aos fenômenos e aos objetos do pensamento em geral (cf. KANT, 2010, p.321). Sua
conclusão, em linhas gerais, é a de que não podemos ter esse tipo de conhecimento acerca desses
objetos, mas podemos pensa-los e toma-los como princípios reguladores das nossas ações, por
exemplo. Vejamos mais de perto seu argumento geral.

Metafísica, para Kant, é o conhecimento racional, a priori, ou seja, completamente acima e


isolado da experiência que investiga os problemas dos pela própria razão pura (cf. KANT, 2010,
p. 18, 40). Segundo Kant, esse tipo de conhecimento ainda não havia conseguido trilhar o
caminho seguro da ciência, como outras matérias conseguiram, tais como a matemática e a
física. Ora, tais matérias, que são, para ele, conhecimentos racionais a priori ainda que a física
tenha sua parte a posteriori, conseguiram atingir.

o caminho seguro da ciência alterando seus métodos portanto, conclui Kant, pelo parentesco com
o conhecimento da metafísica, que também é racional, a priori, é conhecimento por conceitos (cf.
KANT, 2010, p.664), poder-se-ia entrar também alterar seu método e, dessa forma, Kant realiza
o que é chamado de “revolução copernicana”.

A revolução copernicana na filosofia consistiria, então, em investigar como nós


conhecemos o que Kant chama de objetos do sentido objetos dados na experiência empírica, a
partir do que Henry Allison, em Kant’s Transcendental Idealismo: An Interpretation and
Defense, define como “condições epistêmicas”: condições a priori que teríamos em nós,
enquanto humanos, e que possibilitariam a experiência empírica e o conhecimento dos objetos
dados objetivamente, isto é, para todos, enquanto humanos, dispondo dessas condições
epistêmicas, nessa experiência.

à própria razão pura estabelecendo, assim, quais são as suas possibilidades e os seus limites,
se ela é capaz ou não de formular juízos sintéticos a priori na metafísica e, uma vez chegado a
esse resultado, o que se pode fazer com ele. Crítica, então, ganha um significado mais específico
na filosofia de Kant: é a determinação dos poderes e limites da razão, indispensáveis para
qualquer investigação e conhecimento metafísico (cf. LONGUENESSE, 2007, p. 4).

Em suma, para Kant, é preciso investigar a própria possibilidade da metafisica e criar um


novo sistema que dê conta do resultado seja ele positivo ou negativo. Ao conjunto dessas teorias,
Kant dá o nome de Filosofia Transcendental filosofia que busca princípios unicamente a priori,
que tenham origem imanente a nós, sem interferência de qualquer experiência empírica possível,
mas que, através dela, possa-se investigar os limites dessa experiência (cf. KANT, 2010, p. 296).
Transcendental significa, portanto, “possibilidade do uso a priori do conhecimento” (KANT,
2010, p. 92). Esta filosofia, no entanto, necessita, em um primeiro momento, de uma crítica da
possibilidade da metafísica a tarefa da Crítica da Razão Pura.
2.5 A dialética metafísica de Kant
Na Dialética, Kant defende que, a partir de nossos juízos, fazemos uso de raciocínios que
podem ou não nos levar ao conhecimento de algo. Assim, as ideias da razão pura seriam
“conceitos” que resultam desses raciocínios que se originam, portanto, na razão pura. A esses
“conceitos”, Kant chama de ideias.

Tais ideias, a saber, Deus, a alma, e a liberdade, que são os objetos da metafísica, não
podem, segundo Kant, ser conhecidas por nós unicamente através da razão pura teórica, embora
possam por nós ser pensadas porque se permanecemos apenas com a razão teórica, ela não dá
conta da natureza de tais ideias, visto que, para KANT, 2010, a natureza dessas ideias é prática.
Devemos pensar em tais ideias como se fossem primeiros princípios ou “unidades sintéticas
incondicionadas de todas as condições em geral” (p. 321).

Assim, para Kant, a metafisica deve explicitar qual o uso de seus princípios, qual o uso da
razão: na medida em que considera apenas o modo pelo qual os objetos nos são dados, ainda que
não precisemos dos objetos eles mesmos para essa investigação, ela é filosofia transcendental e
seu uso é físico ou imanente, uma vez que se reporta aos objetos como nos aparecem na
experiência; na medida em que, no entanto, considera os objetos eles mesmos, seu uso é hiper
físico ou transcendente, já que não podemos conhecer os objetos neles mesmos, mas somente
como nos aparecem, embora possamos pensar esses objetos, ultrapassando a experiência.

A metafísica, portanto, só é possível enquanto tomamos seus objetos como possíveis de


serem pensados e de serem usados como conferindo unidade última a uma multiplicidade de
condições que aparecem para nós na nossa experiência, ou seja, quando tomamos seus objetos ou
o conjunto de seus objetos como o incondicionado dele fazemos uso, sem desejarmos conhecê-
lo.

2.6 Problema geral da metafísica na crítica da razão pura


Muito se adiantou com haver podido trazer à forma de um só problema uma infinidade de
questões: KANT (2008) Com isso, não só se facilita o próprio trabalho determinando-o com
precisão, como também se facilita o exame para outro que queira verificar se cumprimos ou não
o nosso desígnio (pp.19).
Se a Metafísica permaneceu até agora em um estado vago de incerteza e contradição, deve
atribuir-se unicamente a que esse problema assim como também a diferença entre o juízo
analítico e o sintético, não se tinham apresentado antes ao pensamento.

A vida ou morte da Metafísica depende da solução desse problema, ou da demonstração de


que é impossível resolvê-lo. David Hume é, de todos os filósofos, o que mais se aproximou desse
problema, mas esteve longe de o determinar suficientemente e não o pensou em toda a sua
originalidade; detendo-se só ante o princípio sintético da relação de causa e efeito (“principium
causalitatis”), acreditou poder deduzir que o tal princípio é absolutamente impossível “a priori”.

segundo KANT (2008) as suas conclusões, tudo o que denominamos metafísica descansaria
sobre uma simples opinião de um pretendido conhecimento racional, que no fato nasce
simplesmente da experiência e que recebe, do hábito, certo aspecto de necessidade (pp.23).

No tocante à Metafísica, como seus passos têm sido até hoje tão desditosos, tão distantes do
fim essencial da mesma, que pode dizer-se que todos têm sido em vão, perfeitamente explica-se
a dúvida de sua possibilidade e de sua existência.

2.7 Da crítica a filosofia transcendental


Segundo KANT (2008) A filosofia transcendental é a ideia de uma ciência, cujo plano
deve traçar a crítica da razão pura de uma maneira arquitetônica, quer dizer, por princípios e com
a mais plena segurança da perfeição e validez de todos os princípios da razão pura (pp. 23).

Se a crítica não toma o nome de Filosofia transcendental é só porque deveria, para ser um
sistema completo, conter uma análise detalhada de todos os conhecimentos humanos “a priori”.
olhos uma perfeita enumeração de todos os conceitos fundamentais que constituem o
conhecimento puro; mas se abstém da detalhada análise deles, em parte, porque essa
decomposição não seria conforme com seu fim.

Segundo KANT (2008) isto, tudo o que constitui a Filosofia transcendental pertence à
crítica da razão pura, que é a ideia completa da Filosofia transcendental; mas não está ciência
mesma, porque na análise só se estende até o que lhe é indispensável para o perfeito juízo do
conhecimento sintético “a priori” (pp.23).
Donde se segue que a Filosofia transcendental é a filosofia da razão pura simplesmente
especulativa, porque todo o concernente à prática, que contém móveis, refere-se aos sentimentos
que pertencem às fontes empíricas do conhecimento.

CAPÍTULO III

3. Uma introdução a metafísica de Martin Heidegger


Martin Heidegger (1889-1976) elaborou uma crítica à metafisica, que constitui o modo de
pensamento que, desde de Platão, até nossa atualidade, caracteriza o modo de pensar no ocidente,
baseado no dualismo sujeito e objeto.

O homem, com seu aparato intelectual, está separado do mundo que, por sua vez, sendo
objeto, deve ser representado pelo sujeito para adquirir realidade e legitimidade. Para Heidegger,
a relação de sujeito e objeto destitui o homem da sua relação originária com o mundo.

Heidegger pensou o homem como existência com uma constituição ontológica primordial
com o mundo, denominando-o ser-aí, Dasein, enquanto ser-no-mundo. Essa constituição
primordial tem sido esquecida pela metafísica, mas, Heidegger a constata, ou seja, retira de seu
âmbito de esquecimento partindo da análise crítica da metafísica tradicional realizada no interior
de uma analítica existencial do homem, e posta em questão.

Para Heidegger, há a necessidade de uma destruição da ontologia tradicional, e sua


intenção é empreender uma crítica à metafísica em toda sua conceitualização. O ponto inicial é a
questão do sentido do ser em seu esquecimento. A metafísica teria esquecido o ser mesmo,
originário, que pela primeira vez teria se manifestado como questão e interrogação entre os
gregos.

Para esclarecer essa questão é necessária uma investigação ontológica sobre o sentido
do ser. Nosso objetivo divide-se em três partes: a primeira, constitui-se em mostrar os pré-
conceitos que proporcionaram o esquecimento do ser. A segunda, consiste em apresentar a
analítica existencial do ser-aí. E na terceira e última parte, mostrar como a metafisica é superada.
3.1 Metafísica e a questão do ser em si
Em razão de a diferença antológica vigorar num esquecimento reduplicativa de si mesma,
segundo HEIDEGGER (1987) a questão sobre o Sentido do Ser não pode ser hoje posta senão na
própria luz em que eeé ilumina a história da metafísica. Porque esquecemos tanto à diferença
antológica como que a esquecemos, só se poderá investigar a Verdade e o Sentido do Ser numa
superação da tradição. Essa superação não é uma negação. Não pretende destruir e aniquilar a
metafísica (pp.19).

A superação da metafísica é, no fundo, uma recuperação originária do esquecimento do


Ser. Isso significa: a superação procura enuclear a essencialização da metafísica e traçar desse
modo os limites de suas possibilidades. A superação reconduz a metafísica para onde sua
essencialização provoca. Pois o esquecimento do Ser é a própria dimensão, que, segundo
HEIDEGGER (1987) escondendo a si mesma, protege a verdade da metafísica, possibilitando-
lhe a investigação do ente enquanto ente. Entendida assim especialmente a superação não dispõe
a metafísica, mas a repõe em sua constante verdade, recompondo-lhe a essencialização originária
(pp.20).

Não se trata de progredir além para um domínio interior e sim regredir a quem para dar
espaço exterior da metafísica. Nesse sentido o exórdio da metafísica, é o ponto de partida
inevitável e obrigatório de toda investigação sobre o Sentido com a Verdade do Ser.

Para se compreender o itinerário do pensamento de Heidegger é de suma importância o


significado dialético desse exordia da metafísica. Uma profunda ambiguidade penetra todas os
passos da questão sobre o sentido do ser, forçando-lhe a investigação numa marcha,
HEIDEGGER (1987) cujo movimento é, a um tempo, projetivo e regressivo. É projetivo,
enquanto, procurando superar a metafísica, prospecta pensar a verdade do ser na sua
configuração do esquecimento (pp.20).
A ambiguidade aqui reinante se prende á necessidade de mover-se sempre no horizonte
da metafísica. Já ter que se falar de ser e ente, de superação e retorno, de
fundamento e condição de possibilidade, de transcendência e imanência, todos esses titulas
pertencentes ao âmbito da metafísica, agrava de tal ambiguidade a investigação do Ser, que só
aparece um pouco da dimensão da Verdade do Ser, totalmente diversa.
3.2 A Hermenêutica da introdução à Metafísica

Concebida como um retorno à fonte originária de sua essencialização, a superação da


metafísica e por conseguinte a investigação da questão sobre o Sentido e a Verdade do Ser
parece reduzir-se a um simples renascimento ao pensamento pré-socrático.

À primeira vista a introdução dá a aparência de não ser senão um esforço de tradução e


interpretação filosófica da dor a grafia primitiva dos gregos. Com efeito o vigor Histórico do
esquecimento do Ser, que na era da técnica e da ciência atinge o paroxismo de sua virulência,
opera na metafísica segundo a dialética de revelação da diferença antológica.

Segundo HEIDEGGER (1987) Por outro lado, uma vez que para pensar nessa estrutura, o
pensamento metafísico já está determinado pela diferença antológica, a recondução do ente a seu
ser implica a configuração lógica da diferença. Essa implicação não é um nada. Ê antes a
dimensão do não pensado no pensamento metafísico. Assim o horizonte dentro do qual pensam
os pensadores da tradição ocidental, exclui diretamente e ao mesmo tempo inclui obliquamente a
dimensão do não pensado que nutra coisa não é senão a dimensão da Verdade do Ser. Por isso
diz Heidegger "o não-pensado constituía mais alto legado que nos pode oferecer um
pensamento"(pp.26).

A dialética de presença e ausência da Verdade do Ser na História da metafísica é o que


distingue a Hermenêutica da Introdução de qualquer hermenêutica cientifica. A hermenêutica
cientifica não é mais rigorosa, apenas mais limitada da que a Hermenêutica da introdução.

3.3 Questão fundamental da metafísica


Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada? Eis a questão. Certamente não se
trata de uma questão qualquer. "Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada?" essa é a
evidentemente a primeira de todas as questões. HEIDEGGER (1987) A primeira, sem dúvida,
não na ordem da sequência cronológica das questões. Em sua caminhada histórica através do
tempo o homem e os povos investigam muito. Pesquisam e procuram e examinam muitas coisas
antes de se depararem com a questão, “Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada?”
Muitos nunca a encontram, não no sentido de a lerem e ouvirem formulada, mas no sentido de
investigarem a questão (pp.33).

Em todo caso, quer seja mesmo investigada ou quer, ignorada como questão, perpasse pela
existência conto um hálito tênue, quer nos pressione mais duramente ou quer se veja preterida e
recalcada por qualquer pretexto, de fato nunca é a questão que na ordem cronológica
investigamos por primeiro. A questão cobre o máximo de envergadura. Não se detém em
nenhum ente de qualquer espécie. Abrange todo ente.

Segundo HEIDEGGER (1987) O arco da questão encontra seus limites apenas no que
absolutamente nunca pode ser, no Nada. Tudo, que não for nada, cai sob seu alcance, no fim até
mesmo o próprio Nada, não certamente por ser alguma coisa, um ente, de vez que dele falamos,
mas por "ser” o Nada. É tão vasto o âmbito da questão, que nunca o poderemos ultrapassar. Não
investigamos esse ou aquele nem mesmo, percorrendo um por um, todos os entes, mas
antecipadamente o ente todo, ou como dizemos, por razões a serem discutidas ainda, o ente como
tal na totalidade (pp.36).

Para satisfazer, portanto, a questão, "Por que há simplesmente o ente e não antes o Nada? no
sentido correto de sua investigação, devemos eliminar a preferência de qualquer ente em
particular, inclusive a referência ao homem. Nesse tríplice sentido a questão é a primeira em
dignidade. E, a primeira em dignidade, na hierarquia de investigação dentro daquele setor, que
essa primeira questão instaura e funda, dando-lhe a medida originária. É a questão de todas as
questões verdadeiras (ibidem.37).

3.4 Significado da Introdução da metafísica em HEIDEGGER


Segundo HEIDEGGER (1987) "Introdução à metafísica” significa, portanto; condução a
Investigar a questão fundamental. Mas questões e, muito menos, questões fundamentais não se
encontram tão facilmente como pedras e água. Questões não se dão à maneira de sapatos e
roupas ou livros. Questões SAO e são apenas, enquanto se investigam realmente. A condução a
investigar a questão fundamental não será, portanto, um caminhar para alguma coisa, que está ou
se encontra em algum lugar. Trata-se, ao invés, de uma condução que deve, antes de tudo,
suscitar e constituir a própria investigação (pp.49).
Trata-se de uma condução que, por essência, não admite conduzidas. Quando algo de
semelhante ocorre, por exemplo, uma escola filosófica, é que não se compreendeu a
investigação. Tais escolas só têm razão de ser no domínio do trabalho científico e profissional.

A filosofia nunca nasce da ciência nem pela ciência. Também jamais se poderá
equipará-la às ciências. É-lhes antes anteposta e não apenas "logicamente” ou num quadro do
sistema das ciências. A filosofia situa-se num domínio e num plano da existência espiritual
inteiramente diverso. Na mesma dimensão da filosofia e de seu modo de pensar situa-se apenas a
poesia. Entretanto, pensar e poetar não são por sua vez. coisas iguais. Falar do Nada constituirá
sempre para a ciência um tormento e uma insensatez (pp.50).

Metafísica e filosofia não são, de forma alguma, uma ciência nem poderão vir a sê-lo, pelo
fato de ser a sua investigação fundamentalmente histórica.

Heidegger desenvolve sua interrogação metafísica ao questionar as preocupações da


ciência. Se a ciência dá ao nada um lugar além do ente, este nada transcende o ente e se tudo que
transcende o ente é uma questão metafísica, o nada surge como uma questão metafísica. a
segunda parte de O que é metafísica? preocupa-se com a elaboração da questão do nada
enquanto uma questão metafísica.
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E BIBLIOGRAFIA

4.1. CONCLUSÃO
Chegado ao fim de um trabalho extenso coberto de extensa leitura, os dois autores
tentam levar a metafísica a ser uma ciência dando várias provas e vários caminhos de como de
ver ser feito, pra que a metafísica esteja a um caminho de uma ciência o mesmo Kant argumenta
que A ciência cujo fim e processos tendem à resolução dessas questões denomina-se metafísica.
Sua marcha, é, no princípio, dogmática; quer dizer, ela enceta confiadamente o seu trabalho sem
ter provas na potência ou impotência de nossa razão para tão grande empresa.
Assim, para Kant, a metafisica deve explicitar qual o uso de seus princípios, qual o uso da
razão: na medida em que considera apenas o modo pelo qual os objetos nos são dados, ainda que
não precisemos dos objetos eles mesmos para essa investigação.

Já pra Heidegger a metafísica seria uma muralha de questões, que primeiro nos remete
ao nada, Heidegger desenvolve sua interrogação metafísica ao questionar as preocupações da
ciência. Se a ciência dá ao nada um lugar além do ente, este nada transcende o ente e se tudo que
transcende o ente é uma questão metafísica, o nada surge como uma questão metafísica.

Nesse contexto, a segunda parte de O que é metafísica? preocupa-se com a elaboração da


questão do nada enquanto uma questão metafísica. Na elaboração da questão do nada como uma
questão que está dentro da metafísica, Heidegger observa que seu estudo tem a intenção de
indicar se é possível ou não dar uma resposta que demonstre as possibilidades de problematizar o
nada e, neste caso, em que lugar pode-se encontrá-lo.
4.2 BIBLIOGRAFIA
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,
2008.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Lisboa, Fundação Calouste Gulbekian,4ª ed 2010

HEIDEGGER, martin. introdução à Metafísica. Biblioteca tempo universitário, 3ª


Ed.1987.

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