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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
IMPLANTAÇÃO DA METODOLOGIA
MCC EM UMA INDÚSTRIA DE
RESINAS: ESTUDO DE CASO DO
SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO PARA
REATORES
MARJORIE MARIA BELINELLI (UTFPR)
belinelli@utfpr.edu.br
LUCAS VILCHAK (UTFPR)
lucas_vilchak@hotmail.com
Apledinei Savoldi (UEPG)
savoldi@ufpr.br
Marcelo Rodrigues (UTFPR)
marcelor@utfpr.edu.br
Claudilaine Caldas de Oliveira (UFSC)
claudilainecaldas@gmail.com
1. Introdução
Uma das ferramentas de análise de falhas utilizadas pela metodologia MCC é a Análise de
Modo e Efeito de Falhas (FMEA - Failure Mode and Effect Analysis). Esta possibilita uma
análise sistemática e qualitativa de confiabilidade ao avaliar todos os possíveis modos de falha
de um produto ou processo evidenciando a influência de cada modo de falha para o sistema.
Esta ferramenta de análise é reconhecida por sua eficácia na identificação, avaliação e
classificação dos potenciais modos de falhas e os seus efeitos no desempenho de processos ou
mesmo de equipamentos (SHARMA; SHARMA, 2010; CLEMENTE et al., 2011;
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BELINELLI et al., 2012; AHIRE; RELKAR, 2012; MOBLEY et al, 2014; MOREIRA et al.,
2016).
2. Referencial teórico
Para Fonseca et al. (2016), Parida e Kumar (2006) a manutenção pode ser definida como a
função industrial que executa atividades técnicas visando preservar a função original dos
ativos industriais e evitar a ocorrência de falhas, obtendo como resultado a disponibilidade
operacional, aumento de produtividade e otimização de custos.
A manutenção industrial pode ser classificada basicamente em três tipos: corretiva, preventiva
e preditiva. A manutenção corretiva é a ação de reestabelecer o funcionamento do maquinário
após a ocorrência da falha de maneira inesperada, ocasionando perda de produção e danos aos
equipamentos, consequentemente implicando em maiores custos (OTANI; MACHADO,
2008).
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Para Marcorin et al. (2003), pelo fato da manutenção preventiva possuir a característica de
reduzir os riscos de paradas não programadas, torna-se mais vantajosa em relação a corretiva
em máquinas ligadas diretamente ao processo. Porém esta técnica possui algumas
desvantagens também, pois a troca de algum componente pode ser feita precipitadamente e
este ainda possuir uma longa vida de utilização, assim como pode haver falhas antes do tempo
previsto. Esta imprevisibilidade requer estoques de peças de reposição, elevando os custos
relativos.
Para Narayan (2012), a confiabilidade é determinada a partir da fase de projeto, ela pode ser
afetada desde o projeto, instalação, operação e manutenção, portanto a confiabilidade de um
ativo depende da confiabilidade de pessoas, processos de produção e equipamentos, e os erros
que podem afetar todos os três elementos.
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Bandeira, Costa e Lopes (2016) destacam que a metodologia MCC aponta ações de
manutenção que evitem a ocorrência de falhas, maximizando a produtividade com redução de
custos, assegurando que os ativos industriais realizem as funções determinadas em seus
projetos de modo a proporcionar vantagem competitiva para as empresas.
3. Materiais e métodos
O estudo de caso foi desenvolvido em uma indústria química, fabricante de resinas aplicadas
em produtos de MDF, a qual está localizada na Cidade Industrial da grande Curitiba. O
processo industrial possui um sistema de refrigeração, que é de grande importância para
execução das reações químicas nos reatores de matéria prima, bem como na manutenção de
temperaturas das tubulações de transporte de material e tanques de armazenamento de produto
acabado. A interrupção do funcionamento desse sistema devido a falhas relacionadas à
manutenção industrial pode levar à perda de produto e/ou cristalização de matéria prima,
dentro dos reatores, gerando perda de produtividade e elevando os custos com manutenção e
insumos.
Nessa fábrica de resina, o sistema de refrigeração obtém a água gelada por meio do sistema
Chiller (resfriador), o qual proporciona o resfriamento do processo. A figura 1 traz o esquema
de refrigeração Chiller.
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Sistema de Refrigeração
Chiller
Unidade de
Acionamento Elétrico- Unidade de Compressão Unidade de Evaporação
Eletrônico Sistema de Circulação do
Fluído Refrigerante
Motor Principal de Compressor Evaporador
Acionamento
Reservatório de Fluído
Motobomba Sistema de Lubrificação Reservatório de Fluído de Refrigerante (Gás)
Trabalho (Água Gelada)
Painéis Elétricos
Tubulação de Água Tubulação
Dispositivo de Controle Reservatório de Filtro de óleo
e Automação: Controles óleo Lubrificante
Automáticos,
Pressostato de Sistema de Filtragem: Filtros
Segurança, Controle de Válvula Válvulas em Linha de Líquido e em
Válvulas Termostáticas Linha de Sucção e Retorno de
Operações Automáticos Solenóide
Termostáticas Óleo
e Alarmes Bypass
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1 Realizar troca térmica entre o fluído de trabalho (água) com o fluído refrigerante (gás) em regime
de malha fechada (instrumentação), de modo a fornecer água gelada para o resfriamento do
processo de reação química de fabricação de resinas.
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5 Perda de produtividade devido à cristalização da matéria prima dentro dos reatores. Gastos com
serviços de terceiros para retirada da matéria-prima cristalizada nos reatores; Gastos com
manutenção em tubulações e válvulas devido a vazamento; Gastos com manutenção de troca de
elementos de máquina fraturados e/ou desgastados; Risco de segurança devido ao vazamento de
fluido refrigerante/água e devido à manutenção em espaços confinados.
7 Tratamento das falhas funcionais e potenciais – Análise de Modo e Efeito de Falha FMEA
Baseado nas informações ofertadas pelas respostas às perguntas que estruturam a MCC,
efetuou-se o tratamento das falhas funcionais e potenciais do sistema de refrigeração com a
utilização da ferramenta de análise de falhas FMEA. O quadro 02 contempla a parte inicial do
FMEA, que se refere à análise de falhas funcionais e potenciais do compressor, desenvolvido
para o sistema de refrigeração do Chiller.
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Quadro 2 – Análise FMEA do Sistema de Refrigeração (Chiller) – Subsistema: Compressor
4. Resultados e discussão
O plano de lubrificação (Quadro 5), contempla ações que podem sanar problemas de mau
funcionamento do sistema de refrigeração. O plano é estabelecido para evitar: a ocorrência de
contaminação do fluido lubrificante, a falta ou excesso de lubrificação dos elementos de
máquina que compõem o sistema e os mecanismos de desgastes, erosão e corrosão. Essas
ações de lubrificação evitam avarias inesperadas no funcionamento do sistema de
refrigeração, fator que pode interromper o funcionamento dos reatores e assim acarretar
perdas de produção e prejuízos financeiros à empresa.
Ainda, no Quadro 4, está presente o plano preventivo de inspeção quinzenal, que visa
inspecionar o funcionamento dos componentes (válvulas, drenos, tubulação) da entrada e
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saída do evaporador e condensador, esta ação evita a obstrução do fluxo de fluidos no sistema
térmico, sendo que uma obstrução poderia ocasionar, além da interrupção do processo
produtivo, riscos de segurança patrimonial e aos funcionários.
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Quadro 3 - Plano de Manutenção Preventiva do Sistema de Refrigeração (Chiller)
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O Quadro 6 apresenta o plano de manutenção preditiva, que aplica técnicas como análise de
vibração, termográfica, ferrografia e líquido penetrante. Essas técnicas visam acompanhar o
nível de desgaste dos elementos de máquina e a qualidade das propriedades físico-químicas
dos óleos lubrificantes, evitando interrupções inesperadas para troca dos elementos de
máquina, bem como acentuação do desgaste e oxidação dos dispositivos devido à presença de
sólidos particulados e contaminação no lubrificante.
As ações oriundas da aplicação da NR13 visam apontar as manutenções necessária para evitar
vazamentos, fadiga, risco de segurança e perda de eficiência energética, melhorando o
desempenho do sistema térmico dos reatores.
5. Conclusão
O presente estudo foi realizado em uma empresa de fabricação de resinas para MDF,
localizada na região industrial da grande região de Curitiba. O sistema piloto para
implantação da MCC foi o sistema de refrigeração da área de reatores, por se tratar do
processo que realiza as reações químicas do ciclo produtivo de resina, de modo que a
ocorrência de falhas poderia ocasionar perda total da matéria prima e comprometer a
produtividade de toda a planta industrial.
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