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SEMANAS 03 e 04

“Determine-se a nunca ficar à toa. É maravilhoso o quanto pode ser feito


se estamos sempre fazendo.”
Thomas Jefferson
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO


DIA 15 DIA 16 DIA 17 DIA 18 DIA 19 DIA 20 DIA 21
SEM. 03
05/02 06/02 07/02 08/02 09/02 10/02 11/02

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO


DIA 22 DIA 23 DIA 24 DIA 25 DIA 26 DIA 27 DIA 28
SEM. 04
12/02 13/02 14/02 15/02 16/02 17/02 18/02

DIA 15 E 16

CIVIL:

5 Fato jurídico. 6 Negócio jurídico. 6.1 Disposições gerais. 6.2 Elementos. 6.3 Representação. 6.4
Condição, termo e encargo. 6.5 Defeitos do negócio jurídico. 6.6 Existência, eficácia, validade,
invalidade e nulidade do negócio jurídico. 6.7 Simulação. 7 Atos jurídicos lícitos e ilícitos. 8
Prescrição e decadência. 9 Prova do fato jurídico.

DIA 17 E 18

ADMINISTRATIVO:

10 Licitações. 10.1 Legislação pertinente. 10.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações. 10.1.2 Lei nº
10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 10.1.4 Lei nº 12.462/2011
(Regime Diferenciado de Contratações Públicas). 10.1.5 Fundamentos constitucionais. 10.2
Disposições doutrinárias. 10.2.1 Conceito. 10.2.2 Objeto e finalidade. 10.2.3 Destinatários. 10.2.4
Princípios. 10.2.5 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. 10.2.6 Modalidades. 10.2.7 Tipos.
10.2.8 Procedimento. 10.2.9 Anulação e revogação. 10.2.10 Sanções administrativas

DIAS 19 E 20

TRIBUTÁRIO:

10 Impostos dos estados e do Distrito Federal. 10.1 Lei nº 13.974/2009 e suas alterações
(Imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos – ICD). 10.2
Lei nº 10.849/1992 e suas alterações (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores –
IPVA). 10.3 Lei Complementar nº 87/1996 e suas alterações, Lei Estadual nº 15.730/2016 e suas
alterações (Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS). 11 ICMS:
obrigação tributária principal; fato gerador; base de cálculo; alíquotas; não cumulatividade e
crédito fisco-contábil; apuração e prazo de recolhimento; sujeitos ativo e passivo da obrigação
tributária e responsável tributário; substituição tributária; isenção (Lei Complementar nº
24/1975 e Lei Complementar nº 160/2017)

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DIAS 21 E 22

PROCESSO CIVIL:

17.11 Sentença e coisa julgada. 18 Procedimentos Especiais. 24 Mandado de segurança

DIAS 23 E 24

CONSTITUCIONAL:

5 Organização do Estado. 5.1 Organização político-administrativa. 5.2 Estado federal brasileiro.


5.3 A União. 5.4 Estados federados. 5.5 Municípios e Regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões. 5.6 O Distrito Federal. 5.7 Intervenção federal. 5.8 Intervenção dos
estados nos municípios. 6 Organização dos poderes no Estado. 6.1 Princípio da separação dos
poderes: essência, evolução e significado na atualidade. 6.2 Funções estatais. 6.3 Mecanismos
de freios e contrapesos

CIVIL:

8 Prescrição e decadência. 10 Obrigações. 10.1 Elementos 10.2 Princípios. 10.3 Boa-fé. 10.4
Obrigação complexa (a obrigação como um processo). 10.5 Obrigações de dar. 10.6 Obrigações
de fazer e de não fazer. 10.7 Obrigações alternativas e facultativas. 10.8 Obrigações divisíveis e
indivisíveis. 10.9 Obrigações solidárias. 10.10 Obrigações civis e naturais, de meio, de resultado
e de garantia. 10.11 Obrigações de execução instantânea, diferida e continuada. 10.12
Obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais. 10.13 Obrigações líquidas e
ilíquidas. 10.14 Obrigações principais e acessórias. 10.15 Transmissão das obrigações. 10.16
Adimplemento e extinção das obrigações.

TRABALHO:

22 Direito coletivo do trabalho. 22.1 Convenção nº 87 da OIT (liberdade sindical). 22.2


Organização sindical. 22.3 Conceito de categoria. 22.4 Categoria diferenciada. 22.5 Convenções
e acordos coletivos de trabalho. 23 Direito de greve e serviços essenciais

DIAS 25 E 26

ADMINISTRATIVO:

(PARTE 2) 10 Licitações. 10.1 Legislação pertinente. 10.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.
10.1.2 Lei nº 10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 10.1.3 Decreto nº
7.892/2013 (Sistema de Registro de Preços). 10.1.4 Lei nº 12.462/2011 (Regime Diferenciado de
Contratações Públicas). 10.1.5 Fundamentos constitucionais. 10.2 Disposições doutrinárias. 10.2.1
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Conceito. 10.2.2 Objeto e finalidade. 10.2.3 Destinatários. 10.2.4 Princípios. 10.2.5 Contratação
direta: dispensa e inexigibilidade. 10.2.6 Modalidades. 10.2.7 Tipos. 10.2.8 Procedimento.
10.2.9 Anulação e revogação. 10.2.10 Sanções administrativas

DIAS 27 E 28

ADMINISTRATIVO:

11 Contratos administrativos. 11.1 Legislação pertinente. 11.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.
11.1.2 Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial CGU/MF/MP nº 507/2011 e suas alterações.
11.1.3 Lei nº 11.107/2005 e Decreto nº 6.017/2007 (consórcios públicos). 11.2 Disposições
doutrinárias. 11.2.1 Conceito. 11.2.2 Características. 11.2.3 Vigência. 11.2.4 Alterações contratuais.
11.2.5 Execução, inexecução e rescisão. 11.2.6 Convênios e instrumentos congêneres.

FINANCEIRO:

2.2 Princípios orçamentários. 2.3 Leis orçamentárias. 2.3.1 Espécies e tramitação legislativa. 2.4
Lei nº 4.320/1964 e suas alterações. 6 Crédito público. 6.1 Conceito e classificação de crédito
público. 6.2 Natureza jurídica.

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SUMÁRIO

DIAS 15 E 16 ........................................................................................................................................................... 9
RESUMO DO DIA........................................................................................................................................... 9
CIVIL............................................................................................................................................................... 9
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................... 16
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO ................................................................................................ 16
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ............................................................................................................. 17
SÚMULA DO STF TODO DIA ....................................................................................................................... 18
SÚMULA DO STJ TODO DIA........................................................................................................................ 18
SÚMULAS E OJ´S DO TST TODO DIA .......................................................................................................... 18

DIAS 17 E 18 ......................................................................................................................................................... 21
RESUMO DO DIA......................................................................................................................................... 22
ADMINISTRATIVO ....................................................................................................................................... 22
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................... 42
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO ................................................................................................ 42
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ............................................................................................................. 42
SÚMULA DO STF TODO DIA ....................................................................................................................... 43
SÚMULA DO STJ TODO DIA........................................................................................................................ 43
SÚMULAS E OJ´S DO TST TODO DIA .......................................................................................................... 44

DIAS 19 E 20 ......................................................................................................................................................... 48
RESUMO DO DIA......................................................................................................................................... 49
TRIBUTÁRIO: ............................................................................................................................................... 49
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................... 67
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO ................................................................................................ 67
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ............................................................................................................. 67
SÚMULA DO STF TODO DIA ....................................................................................................................... 68
SÚMULA DO STJ TODO DIA........................................................................................................................ 69
SÚMULAS E OJ´S DO TST TODO DIA .......................................................................................................... 69

DIAS 21 E 22 ......................................................................................................................................................... 73
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RESUMO DO DIA......................................................................................................................................... 73
PROCESSO CIVIL: ........................................................................................................................................ 73
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................. 105
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO .............................................................................................. 105
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ........................................................................................................... 105
SÚMULA DO STF TODO DIA ..................................................................................................................... 106
SÚMULA DO STJ TODO DIA...................................................................................................................... 106
SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA ............................................................................................................. 107

DIAS 23 E 24 ....................................................................................................................................................... 109


RESUMO DO DIA....................................................................................................................................... 111
CONSTITUCIONAL ..................................................................................................................................... 111
CIVIL........................................................................................................................................................... 124
TRABALHO................................................................................................................................................. 140
RESUMO DO DIA....................................................................................................................................... 140
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................. 152
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO .............................................................................................. 152
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ........................................................................................................... 152
SÚMULA DO STF TODO DIA ..................................................................................................................... 153
SÚMULA DO STJ TODO DIA...................................................................................................................... 154
SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA ............................................................................................................. 155

DIAS 25 E 26 ....................................................................................................................................................... 157


RESUMO DO DIA....................................................................................................................................... 158
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................. 158
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO .............................................................................................. 158
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ........................................................................................................... 158
SÚMULA DO STF TODO DIA ..................................................................................................................... 159
SÚMULA DO STJ TODO DIA...................................................................................................................... 160
SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA ............................................................................................................. 161

DIAS 27 E 28 ....................................................................................................................................................... 163


RESUMO DO DIA....................................................................................................................................... 164

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ADMINISTRATIVO ..................................................................................................................................... 164


FINANCEIRO .............................................................................................................................................. 192
LEITURA APARTADA ................................................................................................................................. 214
LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO .............................................................................................. 214
SÚMULA VINCULANTE TODO DIA ........................................................................................................... 214
SÚMULA DO STF TODO DIA ..................................................................................................................... 215
SÚMULA DO STJ TODO DIA...................................................................................................................... 216
SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA ............................................................................................................. 217

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DIAS 15 E 16

DISCIPLINA
CIVIL E EMPRESARIAL:

5 Fato jurídico. 6 Negócio jurídico. 6.1 Disposições gerais. 6.2 Elementos. 6.3 Representação.
6.4 Condição, termo e encargo. 6.5 Defeitos do negócio jurídico. 6.6 Existência, eficácia,
validade, invalidade e nulidade do negócio jurídico. 6.7 Simulação. 7 Atos jurídicos lícitos e
ilícitos. 8 Prescrição e decadência. 9 Prova do fato jurídico.
INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Manual de Direito Civil – Volume Único (2017) 7a
Edição: Revista, revisada e ampliada
Autor: Flávio Tartuce

CAPÍTULOS: 2 (Item 2.5) e 4 (Item 4.1).

Coleção – Direito Civil Esquematizado – Editora Saraiva – Direito Civil 1 – Parte Geral,
Obrigações e Contratos (Parte Geral)
Autor: Carlos Roberto Gonçalves – Coordenador: Pedro Lenza

CAPÍTULOS: 7, 8 e 9.

RESUMO DO DIA

CIVIL

5 Fato jurídico. 6 Negócio jurídico. 6.1 Disposições gerais. 6.2 Elementos. 6.3 Representação. 6.4
Condição, termo e encargo. 6.5 Defeitos do negócio jurídico. 6.6 Existência, eficácia, validade,
invalidade e nulidade do negócio jurídico. 6.7 Simulação. 7 Atos jurídicos lícitos e ilícitos. 8
Prescrição e decadência. 9 Prova do fato jurídico.

Fato Jurídico

FATO: qualquer ocorrência.


FATO NÃO JURÍDICO: é um fato ou acontecimento a que o direito NÃO atribui efeitos.
FATO JURÍDICO LATO SENSU: é o fato humano ou da natureza a que o direito atribui
efeitos.
o FATO NATURAL ou FATO JURÍDICO STRICTO SENSU: é todo acontecimento
natural que produz efeitos na órbita do direito podendo ser:
Ordinário. Ex: Prescrição.
Extraordinário (imprevisível). Ex: Catástrofe inesperada.
FATO HUMANO ou FATO JURÍDICO: é o fato que ocorre em decorrência da
vontade humana.
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 ATO LÍCITO ou ATO JURÍDICO LATO SENSU:


 NEGÓCIO JURÍDICO: vontade humana + composição de interesses;
 ATO JURÍDICO STRICTO SENSU: vontade humana na realização do
ato + efeitos predeterminados pela lei. É comportamento humano,
voluntário e consciente, que por ser desprovido de autonomia e
liberdade negocial, produz os efeitos PREVIAMENTE DETERMINADOS
NA LEI.
ATO ILÍCITO: Penal, administrativo e civil.

ATO-FATO JURÍDICO: Trata-se de um fato humano a que a lei atribui efeito jurídico,
independentemente de ter existido vontade humana em praticá-lo. Diferencia-se do ato
jurídico stricto sensu, pois neste, apesar dos efeitos também já virem predeterminados,
há VONTADE do praticante em obter tais efeitos, ao contrário do ato-fato jurídico, em
que não se procurou a implementação de tais efeitos.

Negócio Jurídico

Conceito: É toda emissão de vontade em harmonia com o ordenamento jurídico, com o


objetivo de criar, modificar ou extinguir relações ou situações jurídicas. Em resumo, é VONTADE +
CONTEÚDO LÍCITO + COMPOSIÇÃO DE INTERESSES.
Planos do Negócio Jurídico (Escada Ponteana):
I. Plano da existência: relativo ao ser, à estruturação do negócio jurídico;

ATENÇÃO: O Código Civil não trouxe especificamente o plano da existência, pois o art. 104 é
entendido como a exteriorização do plano da validade.

Plano da validade: Análise dos requisitos em conformidade com a ordem jurídica, para
afirmar a aptidão do negócio para produzir efeitos. Abrange os seguintes elementos:
Manifestação da vontade exteriorizada conscientemente, de forma livre e desembaraçada
ATENÇÃO: O SILÊNCIO, via de regra, não representa manifestação da vontade, mas em alguns
casos excepcionais pode representar, se a lei assim o determinar, ou se vier acompanhado de
outros fatores externos.
Agente capaz: O agente deve ser capaz e legitimado para a prática do negócio jurídico.
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
Forma prescrita ou não defesa em lei: Embora o Código Civil preveja a iberdade de
formas, quando a lei prescrever determinada forma como requisito de validade, o negócio
será solene ou formal.
RESERVA MENTAL: É uma proposital divergência entre a vontade interna e a vontade
declarada, assim, o indivíduo reserva mentalmente o que quer; a manifestação da vontade não
coincide com a real vontade do sujeito. Poder ser:
Conhecida: O outro contratante sabe da reserva mental e adere a ela. Esse ato é
equiparado à simulação.
Desconhecida: O outro contratante desconhece a reserva mental. O ato é existente e subsiste,
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ou seja, não é capaz de anular o negócio jurídico.

Plano da Eficácia: Exige que o negócio seja existente e válido. O plano da eficácia estuda os
elementos acidentais dos negócios jurídicos: CONDIÇÃO, TERMO, MODO ou ENCARGO:

CONDIÇÃO TERMO ENCARGO (ÔNUS)


O negócio depende de O negócio depende de Liberalidade + ônus.
evento futuro e incerto. evento futuro e certo.
Identificado pelas Identificado pela Identificado pelas
conjunções “se” ou conjunção “enquanto”. conjunções “para que” e
“enquanto”. “com o fim de”.
Suspende (condição Suspende (termo inicial) ou NÃO suspende nem resolve
suspensiva) ou resolve resolve (termo final) os a eficácia do negócio.
(condição resolutiva) os efeitos do negócio jurídico. Não cumprido o encargo,
efeitos do negócio jurídico. cabe revogação da
liberalidade.
Suspende a aquisição e o NÃO suspende a NÃO suspende a aquisição
exercício do direito. aquisição, mas suspende o nem o exercício do direito.
exercício do direito.

Condições:
Condições Suspensivas: O evento futuro e incerto subordina o INÍCIO DA EFICÁCIA do
negócio jurídico, ou seja, ele somente começa a ter eficácia quando ocorrer a
condição; até a ocorrência da condição suspensiva, o negócio jurídico ficará
impedido de começar a produzir efeitos.
Condições Resolutivas: O evento futuro e incerto CONDICIONA A PERSISTÊNCIA OU A
PERMANÊNCIA DA EFICÁCIA do negócio jurídico, ou seja, o negócio jurídico já produz
efeitos quando é celebrado com condição resolutiva, mas será resolvido caso ocorra a
condição. Assim, quando acontece a condição, o negócio jurídico cessa, resolve-se.

ATENÇÃO – CONDIÇÕES POTESTATIVAS: O evento futuro e incerto depende da


vontade exclusiva de uma das partes.
Meramente potestativas: O evento futuro e incerto depende puramente da
vontade de uma das partes. São inválidas;
Promíscuas: É a condição que nasce simplesmente potestativa e se invalida
posteriormente. São ineficazes;
Simplesmente potestativas: O evento futuro e incerto depende puramente da
vontade de uma das partes, não sendo arbitrária, já que essa vontade de uma
das partes, por sua vez, depende de um fator ou de um elemento externo.

Termo – Pode ser:


Legal: Estabelecido em lei;
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Convencional: Estabelecido pelas partes;


De graça: É o termo judicial, ocorre usualmente nos acordos formalizados
judicialmente, quando o magistrado estabelece o prazo para pagamento.

Representação: Está relacionada à incapacidade, servindo como instrumento jurídico, por meio
do qual, alguém se manifesta juridicamente em nome de outra pessoa. Pode ser:
Legal: Nessa hipótese, a lei estabelecerá quais são os limites de atuação do representante.
Tutela, curatela, pais representando filhos;
Convencional: Se aperfeiçoa com a procuração. O instrumento escrito estabelecerá quais
são esses poderes.

Defeitos do Negócio Jurídico

VÍCIOS DE VONTADE VÍCIOS SOCIAIS


ERRO FRAUDE CONTRA CREDORES
DOLO SIMULAÇÃO
COAÇÃO
LESÃO
ESTADO DE PERIGO

I. Erro: falsa percepção sobre a pessoa, o objeto ou o próprio negócio que se pratica. A pessoa se
engana sozinha, sem ter sido induzida por ninguém. Para invalidar o negócio jurídico, o erro deve
ser substancial (sem o erro, o negócio jurídico não teria sido feito). O art. 139 traz as hipóteses
em que o erro é substancial.

Dolo: é a indução ao erro por terceira pessoa, parte ou não do negócio jurídico. Há o
induzimento malicioso do contraente a erro, ou seja, a pessoa está sendo induzida a ter uma falsa
percepção da realidade.

*ATENÇÃO – ERRO X DOLO:


Erro: O agente percebeu sozinho mal os fatos;
Dolo: A percepção errônea dos fatos foi induzida por outrem.

ESPÉCIES DE DOLO:
Dolo principal: É a substância da relação jurídica, se ele fosse conhecido o negócio jurídico
não seria feito. É causa de anulabilidade;
Dolo acidental: O negócio jurídico seria realizado de qualquer forma, mesmo conhecendo
a realidade como um todo. Enseja no máximo o pagamento de perdas e danos;
Dolo negativo ou omissão dolosa: Pode gerar ou dolo principal ou acidental, estando
relacionado à boa-fé objetiva e dever de informação. Só anula o negócio jurídico se
influenciar de modo relevante sobre o mesmo;
Dolo bilateral ou dolo recíproco: É o dolo de ambas as partes. Ninguém pode alegá-lo, nos
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termos do art. 150;


Dolo de terceiro: É necessário diferenciar:
Se é de conhecimento de quem está tirando proveito (houve conluio)
responsabilidade para os dois e será caso de nulidade relativa.
Se quem vai tirar proveito não souber do dolo do terceiro, o negócio subsistirá,
sendo que o terceiro deve arcar com perdas e danos.
Dolos Malus: É má intenção de induzir o outro a erro, é requisito para a caracterização do
dolo, para anular o negócio jurídico, é a vontade de obter vantagem indevida para si ou
para outrem.
Dolo bonus: Dolo tolerável das atividades negociais. Ex: utilizado em técnicas publicitárias.

Coação: É a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que lhe
é prejudicial.

Requisitos para a coação invalidar o negócio jurídico:


A ameaça deve ser a causa determinante da realização do negócio jurídico;
A ameaça deve ser grave, ou seja,deve ser uma ameaça séria capaz de incutir temor na
vítima: O mero temor reverencial NÃO enseja anulação;
A ameaça deve ser injusta, porque se a ameaça for feita por um exercício regular de
direito, não há qualquer invalidade do negócio jurídico. Inclusive, prevê o CC/02 que não
se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito (artigo 153);
A ameaça de dano deve ser eminente e atual à pessoa, familiares e amigos
íntimos; A ameaça deve ser proporcional entre os bens.

Atenção – Se coação determinada por terceiro:


Se o beneficiário sabia ou devesse saber: O negócio será anulado se o beneficiário em tal
caso, responderá solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos.
Se o beneficiário não sabia ou não tivesse como saber, o negócio é mantido e o terceiro
responde sozinho pelo perante o prejudicado.

IV. Estado de perigo: Ocorre quando o agente, diante de um situação de perigo, conhecida pela
outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

V. Lesão: É o prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações do negócio


jurídico, em face do abuso, da necessidade econômica ou inexperiência de um dos contratantes.
A lesão é uma balança desequilibrada.

REQUISITOS:
Requisito Objetivo: Relacionado com o desequilíbrio exagerado, manifesto, desproporcional
Requisito subjetivo: É Necessidade ou inexperiência. É desnecessário o agente induzir a vítima
à pratica do ato, nem requer a intenção de prejudicar. Basta que o agente se aproveite dessa
situação de inferioridade da vítima e aufira lucro desproporcional e anormal.

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VI. Fraude contra credores: É vicio social e consiste na prática de um ato de disposição
patrimonial pelo devedor, com o propósito de prejudicar os credores, em razão da diminuição ou
esvaziamento do patrimônio daquele. O sujeito declara exatamente a vontade que quer declarar,
os seus efeitos jurídicos, embora não sejam ocultos, acarretam prejuízo a credor.

*ATENÇÃO: NÃO SE CONFUNDE COM FRAUDE À EXECUÇÃO:

FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO


Instituto de direito material Instituto de direito processual
Atos praticados pelo devedor, Ato cometido em fraude à execução é
proprietário de bens ou direitos, a título válido, porém ineficaz perante o credor.
gratuito ou oneroso, para prejudicar
credor futuramente.
Requisitos: Dispensa prova do consilium fraudis sendo
Eventus damni (objetivo): A alienação a intenção fraudulentamente presumida.
tenha conduzido a uma diminuição do
patrimônio do devedor, piorado ou criado
situação de insolvência.
Consilium fraudis (subjetivo): Intenção
do devedor em praticar a sua insolvência
(redução patrimonial até a insolvência).
Anulação: Requer propositura de AÇÃO Pode ser declarada no processo, com
PAULIANA OU REVOCATÓRIA, em que o eficácia ex tunc.
bem retorna ao patrimônio do devedor
depois de julgada procedente a ação.

VII. Simulação: O sujeito declara exatamente a vontade que queria declarar, entretanto para essa
declaração a lei reserva um determinado efeito jurídico, não pretendido pelo sujeito. Há
divergência intencional entre a vontade e a celebração.

Espécies de simulação:
Simulação relativa ou dissimulação: O negócio jurídico mas esconde um outro negócio
jurídico, cujo efeito é proibido por lei.
ATENÇÃO: O Negócio jurídico simulado é nulo, mas o negócio jurídico dissimulado pode ser
válido, desde que preenchidos os requisitos substanciais e formais de validade deste.

Simulação absoluta: O negócio jurídico é totalmente distinto do que está expresso, em


que as partes criam um negócio jurídico destinado a não gerar efeito nenhum.

e) Invalidade do negócio jurídico


I. Inexistência: Não gera efeitos no âmbito jurídico, pois não preencheu os seus requisitos
mínimos, constantes do seu plano de existência.
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São inexistentes os negócios jurídicos que não apresentam os elementos que formam o suporte
fático: partes, vontade, objeto e forma.
* ATENÇÃO: Para doutrina majoritária, como não há previsão legal quanto à inexistência do
negócio jurídico, a teoria da inexistência não foi adotada expressamente pela novel codificação.
Isso se justifica, pois o art. 104 do CC/02 trata diretamente do plano da validade, de modo que,
implicitamente, o plano da existência estaria inserido no plano da validade do negócio jurídico.

Nulidade: Decorre da violação a um dos requisitos de validade estabelecidos pelo art. 104, quando
a lei taxativamente declarar nulo o negócio jurídico, nos casos de simulação (art. 167, do CC/02)
- É vício não convalidável, razão pela qual o negócio jurídico não é suscetível de confirmação, nem
convalesce pelo decurso do tempo (art. 169).
- Conforme Enunciado n. 537, da VI Jornada de Direito Civil, há a preservação dos negócios
jurídicos para as partes que agiram de boa-fé: “A previsão contida no art. 169 não impossibilita
que, excepcionalmente, negócios jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando
justificados por interesses merecedores de tutela”.

Anulabilidade: São atos com vícios que admitem a confirmação, expressa ou tácita,
resguardando-se os direitos de terceiros.
- Somente às partes e interessados poderão suscitar a anulabilidade, não sendo possível ao juiz
conhecê-la de ofício ou ao Parquet suscitá-la quando tiver de intervir no processo.

Características:
O negócio existe e gera efeitos concretos até que sobrevenha a declaração de invalidação;
Somente a pessoa juridicamente interessada poderá promover a anulação negocial;
Admite-se ratificação;
Submete-se aos prazos decadenciais;
O juiz não pode conhecer a anulabilidade de ofício, nem o Ministério Público pode suscitá-la.

Prazo decadencial para pleitear a restituição:


Regra: 04 (quatro) anos, nos termos do art. 178, do CC/02;
Se a lei dispuser que determinado ato é anulável sem estabelecer prazo para pleitear-lhe
a anulação, considerar-se-á que o prazo será de dois anos, contados a partir da data da
conclusão do ato ou do negócio jurídico (art. 179, CC).

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Prescrição: A prescrição é a perda de uma pretensão à reparação de um direito violado, em


virtude do decurso decerto prazo estabelecido em lei e está relacionada às ações condenatórias
ou prestacionais.
Requisitos:
Existência de pretensão exercitável ;
Inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício.
Continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo.
15
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou
interruptiva do curso prescricional.

Efeitos da prescrição:
A interrupção por um credor solidário ou contra um devedor solidário aproveita/ prejudica
os demais (art. 204, §1º);
Interrupção contra herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou
devedores, salvo quando se tratar de direitos ou obrigações indivisíveis (art. 204, §2º, CC);
Interrupção contra o devedor principal prejudica o fiador (art. 204, §3º, CC).

b) Decadência:
Consiste na perda de um direito potestativo (insuscetível de violação) pelo decurso de cert o
prazo estabelecido em lei ou por convenção das partes. Está relacionado às ações constitutivas.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Fulmina a pretensão de ver reparado Atinge o direito potestativo.
um direito subjetivo patrimonial –
Atrelado a direitos prestacionais
Admite interrupção, suspensão e A decadência legal, salvo disposição
renúncia. legal, não admite.
Decorre apenas da lei. A decadência convencional pode ser
decorrente da vontade das partes.
Somente se inicia com a violação ao Se inicia juntamente com o direito.
direito.
Deve ser conhecida de ofício. A decadência legal deve ser conhecida de
ofício; a convencional não.
Após a consumação, pode ser A decadência legal não admite renúncia,
renunciada, desde que não prejudique nem após a sua consumação.
a terceiros.

Referências Bibliográficas:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.
André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado.

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 15 – 73 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

PÁGINAS 437 A 460

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 1 (+)

Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as
circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de
termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001.

SÚMULA VINCULANTE 2 (+++)

inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de
consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

SÚMULA VINCULANTE 3 (+++)

Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla


defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

SÚMULA VINCULANTE 4 (+++)

Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador
de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por
decisão judicial.

SÚMULA VINCULANTE 5 (+++)

A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.

SÚMULA VINCULANTE 6 (+++)

Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as


praças prestadoras de serviço militar inicial.

SÚMULA VINCULANTE 7 (+)

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

A norma do § 3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda Constitucional nº


40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à
edição de lei complementar.

SÚMULA VINCULANTE 8 (++)

São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos


45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

SÚMULA DO STF TODO DIA

SÚMULA Nº 683

O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM FACE DO ART. 7º, XXX,
DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A
SER PREENCHIDO.

SÚMULA Nº 686

SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A CARGO PÚBLICO.

Mesmo teor da Súmula Vinculante 44.

SÚMULA DO STJ TODO DIA

Súmula 381 - Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas. (Súmula 381, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 05/05/2009)

Súmula 382 - A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica
abusividade. (Súmula 382, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2009, DJe 08/06/2009)

Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à anual em contratos
celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP n.
1.963-17/2000, reeditada como MP n. 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada. (Súmula 539,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015)

Súmula 541 - A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal
é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. (Súmula 541, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015)

SÚMULAS E OJ´S DO TST TODO DIA

Súmula nº 428 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SOBREAVISO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT (redação alterada na sessão do Tribunal
Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si


só, não caracteriza o regime de sobreaviso.
- Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por
instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente,
aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 611-A DA CLT

TEMA CORRELATO

“Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a leiquando,
entre outros, dispuserem sobre:
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;

Súmula nº 429 do TST – Impactada pela Reforma Trabalhista – Necessária a análise do caso concreto.

TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT. PERÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A


PORTARIA E O LOCAL DE TRABALHO - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao


deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o
limite de 10 (dez) minutos diários.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 4º DA CLT


o
“Art. 4 Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do
empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
o
1 Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os
períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de
acidente do trabalho.

2º Por NÃO se considerar tempo à disposição do empregador, NÃO será computado como período
extraordinário o que exceder a jornada normal, AINDA que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no
1º do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal,
em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou
permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras:
I - práticas religiosas;
II - descanso;
III - lazer;
IV - estudo;
V - alimentação;
VI - atividades de relacionamento social;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

VII - higiene pessoal;


VIII - troca de roupa ou uniforme, quando NÃO houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.”
(NR)

Súmula nº 430 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. NULIDADE.


ULTERIOR PRIVATIZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA DO VÍCIO - Res. 177/2012, DEJT divulgado
em 13, 14 e 15.02.2012

Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência de concurso
público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública Indireta, continua a existir
após a sua privatização.

Súmula nº 433 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

EMBARGOS. ADMISSIBILIDADE. PROCESSO EM FASE DE EXECUÇÃO. ACÓRDÃO DE TURMA PUBLICADO


NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496, DE 26.06.2007. DIVERGÊNCIA DE INTERPRETAÇÃO DE DISPOSITIVO
CONSTITUCIONAL. - Res. 177/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012

A admissibilidade do recurso de embargos contra acórdão de Turma em Recurso de Revista em fase de


execução, publicado na vigência da Lei nº 11.496, de 26.06.2007, condiciona-se à demonstração de
divergência jurisprudencial entre Turmas ou destas e a Seção Especializada em Dissídios Individuais do
Tribunal Superior do Trabalho em relação à interpretação de dispositivo constitucional.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

DIAS 17 E 18

DISCIPLINA
ADMINISTRATIVO:

10 Licitações. 10.1 Legislação pertinente. 10.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações. 10.1.2 Lei nº
10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 10.1.4 Lei nº 12.462/2011
(Regime Diferenciado de Contratações Públicas). 10.1.5 Fundamentos constitucionais. 10.2
Disposições doutrinárias. 10.2.1 Conceito. 10.2.2 Objeto e finalidade. 10.2.3 Destinatários. 10.2.4
Princípios. 10.2.5 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. 10.2.6 Modalidades. 10.2.7
Tipos. 10.2.8 Procedimento. 10.2.9 Anulação e revogação. 10.2.10 Sanções administrativas

INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2016) Autor: Rafael Carvalho Rezende Oliveira
– Ed. GEN

http://www5.trf5.jus.br/novasAquisicoes/sumario/Curso_de_direito_administrativo_1063-
16_sumario.pdf

CAPÍTULO: 17

Manual de Direito Administrativo. Autor: José dos Santos Carvalho

Filho CAPÍTULO: 6

Boas opções de resumos para os candidatos que tem horário reduzido para os estudos:

Sinopses para Concursos - v.9 - Direito Administrativo. Autores: Fernando Ferreira Baltar
Neto e Ronny Charles Lopes de Torres
https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/cfd730840ad982ca54e27c
49ee6d024f.pdf

CAPÍTULO: 8

Resumo de Direito Administrativo Descomplicado: Vicente Paulo e Marcelo

Alexandrino http://www.mktgen.com.br/MET/Sumario/9788530975791_SUM.pdf

CAPÍTULO: 9

LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS - V.11 - LICITAÇÕES PÚBLICAS (2016)


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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

7ª ed. - Rev., amp. e atualizada


Autor: Ronny Charles L. de Torres

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/13e75b7e6809d29b241af
5d1cb02b923.pdf

CAPÍTULOS: 1 e 2.

RESUMO DO DIA

ADMINISTRATIVO

10 Licitações. 10.1 Legislação pertinente. 10.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações. 10.1.2 Lei nº
10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 10.1.4 Lei nº 12.462/2011
(Regime Diferenciado de Contratações Públicas). 10.1.5 Fundamentos constitucionais. 10.2
Disposições doutrinárias. 10.2.1 Conceito. 10.2.2 Objeto e finalidade. 10.2.3 Destinatários. 10.2.4
Princípios. 10.2.5 Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. 10.2.6 Modalidades. 10.2.7 Tipos.
10.2.8 Procedimento. 10.2.9 Anulação e revogação. 10.2.10 Sanções administrativas

CONCEITO: É procedimento administrativo prévio às contratações públicas, realizado em série


de atos concatenados, disciplinado por lei e ato administrativo prévio.

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR: É PRIVATIVA da União para legislar sobre normas gerais de
licitações e contratos. As normas da Lei nº 8.666/93 que estabelecem regras específicas são
constitucionais para a União e inconstitucionais para os demais entes federados, posto que estes
estão sujeitos apenas às normas de caráter geral editadas no âmbito federal.

Competência para legislar sobre licitação


A União detém competência para legislar sobre as normas gerais de licitação,
podendo os Estados e Municípios legislar sobre o tema para complementar as normas
gerais e adaptá-las às suas realidades. Assim, lei municipal pode proibir que os agentes
políticos do município (e seus parentes) mantenham contrato com o Poder Público
municipal. STF. 2ª Turma. RE 423560/MG, rel. Min.Joaquim Barbosa, 29/5/2012.

3) FINALIDADES:
I - garantir contratos mais vantajosos à administração;
- isonomia das contratações públicas;
III – desenvolvimento nacional

4) PRINCÍPIOS NORTEADORES DA LICITAÇÃO


Vinculação ao instrumento convocatório – O edital é a lei da licitação (Helly Lopes), sendo a
sua elaboração pela Administração Pública discricionária, mas após a publicação, a Administração
fica vinculada ao que foi publicado (passa a ser imperativo).
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Exigência de que o licitante tenha experiência anterior em obra de engenharia similar


O edital da licitação poderá exigir que a empresa a ser contratada tenha, em seu
acervo técnico, um profissional que já tenha conduzido serviço de engenharia
similar àquele previsto para a licitação. Além disso, o edital também poderá exigir
que a própria empresa já tenha atuado em serviço similar. STJ. 2ª Turma. RMS
39.883-MT, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 17/12/2013 (Info 533).

Julgamento objetivo – Não pode ser utilizado como fator de escolha outros critérios que não
os expressamente definidos no instrumento convocatório.
Sigilo das propostas – As propostas dos licitantes são sigilosas até a abertura dos envelopes, a
ser feita em sessão pública.
Procedimento Formal – O Administrador NÃO pode criar nova modalidade licitatória ou combinar
duas ou mais modalidades já existentes, devendo ainda obedecer a todas as fases de licitação.
* Em processos administrativos, vige o princípio do formalismo necessário, sendo que a forma do
processo administrativo só é imperativa quando necessária a garantir os interesses da sociedade
e do interessado no processo.

Eficácia Administrativa
Isonomia – Não se admite que a Adm exija requisitos para participação do certame que não
estejam estipulados em lei (isonomia material, no caso).
- CESPE – Princípio da Adjudicação compulsória: É a proibição de a Administração adjudicar o
objeto da licitação a outrem que não o vencedor do certame, inexistindo para esse, no entanto,
direito subjetivo à celebração do contrato.

ATENÇÃO – NOVOS TEMAS DE LICITAÇÃO:


FUNÇÃO REGULATÓRIA DA LICITAÇÃO – O procedimento licitatório objetiva selecionar a
proposta mais vantajosa para a Administração, que não se funda exclusivamente em critérios
econômicos, mas também em outros fatores, como o desenvolvimento nacional sustentável,
promoção do meio ambiente (licitações verdes ou sustentáveis), inclusão de portadores de
deficiência no mercado de trabalho, fomento à contratação de ME e EPP. Logo, pela teoria, a
licitação NÃO se presta apenas para contratação, mas atende a outras finalidades públicas.
LICITAÇÕES VERDES (= CONTRATOS PÚBLICOS ECOLÓGICOS) – É a tendência consagrada
no direito comunitário europeu que exige a utilização da contratação pública para
implemento das políticas públicas ambientais.

OBRA X SERVIÇO (Rafael Oliveira) Contratação de obra: Prepondera o resultado,


consistente na criação ou modificação de bem corpóreo (obrigação de
resultado) e em geral, o custo do material é superior ao da mão de obra.
Contratação de serviço: Predomina a atividade humana, que produz utilidades
para a Administração, e o custo do material é inferior à mão de obra.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

QUARTEIRIZAÇÃO (RAFAEL OLIVEIRA) - Envolve a contratação de empresa


especializada com a incumbência de gerenciar o fornecimento de serviços por
terceiros à Administração.
Na verdade, é a TERCEIRIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE GERENCIAMENTO À EMPRESA
QUE FISCALIZA OS DEMAIS CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO.
Há quem defenda ser o estágio seguinte à terceirização, consistindo na
contratação pela Administração de um terceiro privado, especializado em
gerenciar pessoas físicas ou jurídicas, os “quarteirizados”, que o terceiro
contratará para a execução de determinados serviços ou o fornecimento de certos
bens necessários ao serviço público.
Encontra previsão no art. 13, da Lei 8.666/93.
Exemplo: contratação de empresa especializada no gerenciamento da
manutenção preventiva e corretiva de veículos de órgãos policiais. No contrato, a
empresa privada, vencedora da licitação, tem o dever de gerenciar a frota de
veículos da administração, incluindo fornecimento de peças, acessórios, mão-de-
obra e transporte por guincho.
NÃO há relação jurídica entre a Administração e empresas quarteirizadas, mas
entre a Administração e empresa gerenciadora, razão pela qual o Estado NÃO
possui responsabilidade pelos atos praticados pelas quarteirizadas.
TST: A Administração possui responsabilidade subsidiária na hipótese de
descumprimento das obrigações trabalhistas pelas quarteirizadas.

TIPOS DE LICITAÇÃO
Menor Preço – utilizado quando o produto pretendido NÃO tiver nenhuma característica
especial ou quando as características especiais são requisitos mínimos para a contratação.
Reservado às compras.
Melhor técnica – Só pode ser utilizado para serviços de natureza intelectual ou para serviços
de informática. O edital deve prever a apresentação de duas propostas (técnica e comercial). – o
edital deve prever o preço que a Administração se dispõe a pagar.
Técnica e preço – Será feita análise de preço e de qualidade do bem ou serviço.
Maior lance – se verifica para alienação pela Administração Pública de bens e direitos, sendo
apropriada para o leilão.

6) DESEMPATE NA LICITAÇÃO:
I – Bens produzidos no país;
– Produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
– Produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e desenvolvimento
de tecnologia no país.
Se nenhum dos critérios de desempate forem suficientes => SORTEIO.
OBS: Se Microempresa ou empresa de pequeno porte, caso apresente proposta até 10%
superior à vencedora (5% se for pregão), a lei considera havido empate na licitação.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

QUEM DEVE LICITAR:


Entes da Administração direta;
Entes da Administração indireta;
Fundos Especiais – É objeto de direito, e não sujeito;
Demais entidades controladas, direta e indiretamente, pelo Poder Público.
OBS: Para EMPRESAS ESTATAIS, a CF prevê ser possível a criação de lei específica para reger a
licitação dessas empresas, podendo se submeter a regime próprio de licitação, com regras mais
simples e dinâmica compatível com a atividade que exercem no mercado, mas enquanto não
houvesse essa lei específica, aplicava-se a 8666/93. No entanto, a Lei nº 13.303/16 trouxe
dispositivos com regras de licitação para empresas estatais.
TCU: As empresas estatais devem licitar, mas quando empresa estatal exploradora de atividade
econômica para contratação de sua atividade-fim, estaria impedida de concorrer em igualdade
no mercado, razão pela qual nesse caso NÃO precisaria realizar procedimento licitatório, por
inexigibilidade, já que não há interesse público na licitação.
Conselhos de Classe: Devem licitar, salvo OAB (entidade sui generis).
Convênio: A celebração dos convênios NÃO depende de prévia licitação, já que os interesses
dos conveniados são convergentes.

INTERVALO MÍNIMO: Prazo entre a publicação do instrumento convocatório e a data de


abertura dos envelopes, se iniciando a partir da data da última publicação ou da data em que for
disponibilizado o edital.
* É possível conceder prazo maior do que o intervalo mínimo.

a) Concorrência
45 dias – melhor técnica ou técnica e preço;
30 dias – menor preço ou maior lance.
b) Tomada de Preços
30 dias – melhor técnica ou técnica e preço;
15 dias – menor preço ou maior lance
Convite - 5 dias ÚTEIS, independente da modalidade.
Pregão – 8 dias ÚTEIS.
Leilão – 15 dias
Concurso – 45 dias

9) COMISSÃO
Em regra composta por 03 membros, sendo 02 servidores públicos dos quadros permanentes do
órgão responsável pela licitação (se for convite, pode ser 01 servidor, desde que justificado,
sendo dispensada a comissão de licitação) => No concurso, a comissão é especial, não composta
necessariamente por servidores públicos, desde que sejam pessoas idôneas e com amplo
conhecimento na área objeto do certame.
Se na modalidade leilão, NÃO há comissão, sedo realizado pelo leiloeiro oficial ou servidor
público designado; Se pregão, ocorre pelo pregoeiro (servidor público efetivo do órgão).

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

O ato de designação é ato jurídico que pode ser formalizado por decreto, portaria, resolução ou
ato da diretoria, sempre realizado pela autoridade competente do órgão ou entidade licitante.
A comissão pode ser especial (para licitação específica) ou permanente (responsável por todas
as licitações do órgão, não podendo ultrapassar 01 ano, vedada a recondução de TODOS os
membros para o período subsequente).
Os membros da comissão respondem SOLIDARIAMENTE pelos atos da comissão, salvo quem
houver manifestado sua posição divergente, registrada em ata de decisão.

10) MODALIDADES LICITATÓRIAS:


Consulta – É modalidade licitatória específica de determinadas agências reguladoras, NÃO
prevista na 8666/93.
CARACTERÍSTICAS DA CONSULTA:
NÃO tem relação com o valor estimado do futuro contrato;
Somente será utilizada para a aquisição de bens e serviços que NÃO sejam
comuns (NÃO possam ser contratados por pregão)
Habilitação e julgamento das propostas pode ser decidida em uma única fase.
Somente serão aceitos certificados de registro cadastral expedidos pela
agência, com validade de 02 anos, devendo o cadastro estar aberto à inscrição
dos interessados.

Consórcios Públicos – os valores serão duplicados para consórcios formados por até 03
entidades, e triplicados para consórcios com mais de três entidades.
A modalidade que pode o mais, pode o menos.

10.1) Definidas em razão do VALOR do contrato

a) CONCORRÊNCIA
Destinada a licitações de grande vulto, para valores mais altos, podendo participar quaisquer
interessados.
Deve ser exigida em razão do valor e natureza do objeto.
É OBRIGATÓRIA a concorrência:
I – Alienação ou aquisição de imóveis: O valor do imóvel não é relevante para a definição
da modalidade.
Se o imóvel alienado tiver sido adquirido por dação em pagamento ou decisão judicial, pode
ser por concorrência OU leilão.
– Concessão de serviço público
No entanto, é possível o leilão, se o serviço estiver previsto no Programa Nacional de
Desestatização.
– Concessão de direito real de uso: a concessão é transmissível por atos inter vivos ou
causa mortis.
IV – Contratos de Obra por empreitada integral, não importando o valor da obra.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

V – Licitações Internacionais – Nesse caso, é possível se utilizar tomada de preços quando a


administração possuir cadastro internacional de licitantes, e convite quando não houver
fornecedor no país, desde que a contratação não ultrapasse o valor das modalidades.
- Limites:
I – Obras e Serviços de Engenharia: acima de 1,5 MI
II- Compras de bens e aquisição de serviços: acima de 650 mil.

b) TOMADA DE PREÇOS
Participam apenas os licitantes inscritos em cadastro público (com duração de 01 ano, quando
deverá ser renovado), admitidos terceiros interessados cadastrados até o terceiro dia anterior ao
recebimento das propostas.
O cadastro é conjunto de documentos arquivados no órgão público que demonstram a
idoneidade financeira da empresa para celebrar contratos com a administração, funcionando
como habilitação prévia para futuras licitações. É possível manejar recurso administrativo em
face da decisão de suspensão ou cancelamento do registro, com efeito devolutivo.
Limites:
I – Obras e Serviços de Engenharia: até 1,5 MI;
– Compras e aquisição de serviços: até 650 mil
Quando possível a tomada de preços, é possível a concorrência.

c) CONVITE
Para contrato de valores pequenos
Participarão apenas convidados, cadastrados ou não, no mínimo 03, SALVO comprovada
restrição de mercado, quando pode se realizar com 02.
Além dos convidados, se admite a participação de outras empresas, desde que manifestem
interesse em até 24 hrs da apresentação das propostas e comprovem estar regularmente
cadastrados no órgão.
Instrumento convocatório: CARTA CONVITE (e não edital), que embora NÃO publicada no Diário
Oficial, deve ser enviada aos convidados e afixada na repartição para conhecimento do público.
Existindo na praça mais de 03 interessados possíveis, a cada novo convite é obrigatório, no
mínimo, mais um convite a mais um interessado.
Limites:
I – Obras e Serviços de Engenharia: até 150 mil;
II – Compras de bens e aquisição de outros produtos: até 80 mil.

SÚMULA 248 TCU: Não se obtendo o número legal mínimo de três propostas aptas à
seleção, na licitação sob a modalidade Convite, impõe-se a repetição do ato, com a
convocação de outros possíveis interessados, ressalvadas as hipóteses previstas no
parágrafo 7º, do art. 22, da Lei nº 8.666/1993.

10.2) Definidas em razão do OBJETO a ser contratado

a) CONCURSO
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Para a seleção de trabalhos técnicos, científicos ou artísticos, com a instituição de prêmios ou


remuneração aos vencedores. Também utilizada para a contratação de serviços técnicos
profissionais especializados.
O procedimento será definido em regulamento próprio, NÃO havendo disposições na lei 8666/93

b) LEILÃO
Serve para alienação de bens àquele que ofertar preço maior ou igual ao valor da avaliação.
Utilizado para:
I – Alienação de bens imóveis adquiridos por decisão judicial ou dação em pagamento;
II – Alienação de bens móveis inservíveis, apreendidos e empenhados pelo Poder Público;
– Vendas de bens móveis componentes do acervo da administração previamente
desafetados, desde que de forma isolada ou global NÃO ultrapassem 650 mil.
O procedimento será definido em regulamento próprio, NÃO havendo disposições na lei 8666/93.

c) PREGÃO
Inicialmente previsto como modalidade específica de agências reguladoras, posteriormente
ampliada aos órgãos e entidades das esferas de poder.
É modalidade para a aquisição de bens (“leilão reverso”) e serviços comuns, cujos padrões
mínimos de qualidade serão estipulados no instrumento convocatório. - Não há limite de valor
estipulado em lei para a realização do pregão.
Modalidade: sempre a contratação pelo menor preço.

d) PREGÃO ELETRÔNICO
Segue o mesmo procedimento do presencial, mas é realizado pela internet.
Para Marçal Justen, existem algumas diferenças:
Pregão Comum: os licitantes interessados devem comparecer pessoalmente ou por
representante no local e hora designado e apresentar ao pregoeiro o envelope
lacrado com as propostas.
Pregão Eletrônico: Não há o comparecimento físico do interessado, nem
encaminhamento de documentos. A participação do interessado depende de
credenciamento perante algum órgão público, que remeterá eletronicamente a
proposta.

ATENÇÃO: LICITAÇÃO PARA REGISTRO DE PREÇOS


Definição: Procedimento administrativo pelo qual a Administração seleciona as propostas mais
vantajosas, mediante concorrência ou pregão, que ficarão registradas perante autoridade estatal
para futuras contratações. => NÃO é modalidade de licitação, segundo entende Rafael Oliveira.
As compras e serviços, sempre que possível, serão contratados pelo Sistema de Registro de
preços (SRP) => Art. 15 da Lei 8.666/93, devendo cada ente federado editar suas próprias
regulamentações, inclusive o Poder Judiciário, Tribunais de Contas e Poder Legislativo podem
ter regulamentações próprias sobre o SRP.
Pode ser para compras e contratação de serviços, como já decidiu o TCU.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Por apenas servir para registrar em ata o preço de diversos itens que poderão ser adquiridos
pela Administração dentro de determinado prazo, NÃO há necessidade de reserva orçamentária
para a efetivação do SRP, pois a Administração NÃO assume a obrigação de assinar o contrato
Casos em que a administração licita apenas para registrar preços para o caso de eventual
contratação posterior, nos casos em que um bem ou serviço é adquirido com muita frequência.
NÃO obriga a administração a contratar com o vencedor, nem vincula a adm.
Os preços serão registrados no sistema de cadastro do ente, formalizando a ata de registro de
preços, com validade de 01 ano, devendo ser realizado novo procedimento após esse prazo,
ainda que a administração não tenha adquirido todo o quantitativo que poderia.
O sistema de registro de preços NÃO obriga a Administração Pública a firmar contrato com o
particular beneficiário do registro, mas lhe assegura o direito de preferência durante o seu prazo
de vigência.

PROCEDIMENTOS
LICITATÓRIOS: a) CONCORRÊNCIA
1. Fase Interna
- São os atos preparatórios para a realização do
certame: I – Exposição de motivos da contratação;
II – Declaração de adequação orçamentária, em consonância com a LRF, com a fixação de preços
máximos, vedada a fixação de preços mínimos.
STF: A Lei NÃO exige a real disponibilidade financeira antes do início da licitação, mas
apenas a disponibilidade de recursos orçamentários.
Em caso de despesas de caráter continuado, deve haver contemplação nas metas estipuladas
no PPA.
III – Designar comissão responsável pelo certame
IV – Se contratação para a execução de obras, deve ser realizado um PROJETO BÁSICO aprovado
pela autoridade competente e disponível para que os interessados tenham conhecimento.

IMPEDIDOS DE PARTICIPAR DA LICITAÇÃO, DIRETA OU INDIRETAMENTE:


PF ou PJ que tenha realizado o projeto básico ou executivo;
Empresa, isolada ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto
básico ou executivo ou da qual o autor de um desses projetos seja
dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% do capital com
direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
PF ou PJ que tenha sido aplicada a penalidade de suspensão para contratar
com o poder público ou declaração de inidoneidade, enquanto vigentes as
penalidades;
Agente público membro de comissão licitante, ou servidor ou dirigente de
órgão ou entidade contratante ou responsável pela realização de
procedimento licitatório.
TCU: É inviável a participação de empresas, com sócios comuns, em licitações, pois
tal situação indicaria a ausência de competição e constituiria indício de simulação
e fraude.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

TCU: É ilegal a participação do autor do projeto básico, ainda que indireta, em


licitação ou na execução da obra, NÃO descaracterizando a infração a ocorrência
da exclusão do quadro social da empresa participante da licitação, às vésperas do
certame.

OBS: É PROIBIDA A INCLUSÃO, NO OBJETO DA LICITAÇÃO, DE OBTENÇÃO DE RECURSOS


FINANCEIROS PARA A SUA EXECUÇÃO, SALVO EMPREENDIMENTOS EXECUTADOS E
EXPLORADOS SOB REGIME DE CONCESSÃO.

V – Elaboração de minuta de edital – a minuta do contrato deve ser anexada ao instrumento


convocatório da licitação, devendo conter os requisitos previstos no art. 40 da Lei 8666/93
VI – Audiência Pública – Obrigatória para licitações de contratos de valores muito altos, sempre
que o valor estimado para uma licitação ou conjunto de licitações seja superior a 100 vezes o
limite máximo da concorrência, com antecedência mínima de 15 dias úteis da data prevista para
publicação do edital e divulgada com antecedência de 10 dias úteis de sua realização, sob pena de
nulidade em não o fazendo.
VII – Encaminhamento do Procedimento ao Órgão de Consultoria jurídica para emissão de parecer
– Não tem caráter vinculante, sendo meramente opinativo.

2. Fase Externa
I – Publicação do edital em Diário Oficial e em Jornal de Grande Circulação.
A compra do edital NÃO pode ser condição para a participação no certame, podendo o ente
cobrar unicamente o valor da reprodução gráfica do edital.
Qualquer cidadão pode impugnar o edital até o 5º dia útil anterior à data marcada para a
abertura dos envelopes, devendo a administração decidir no prazo de 03 dias úteis; se licitante,
será até o 2º dia útil anterior à abertura, sob pena de, em não o fazendo, não poder fazer
administrativamente, restando apenas a via judicial.
As impugnações ao edital NÃO são consideradas recursos, e possuem apenas o efeito devolutivo.
A administração pode alterar ou anular de ofício o edital, em face da autotutela, e em
havendo alteração, deverá ser publicada novamente nos mesmos moldes da publicação inicial,
sendo reaberto o prazo de intervalo mínimo. Se a modificação NÃO alterar o conteúdo das
propostas, desnecessário observar o prazo de intervalo mínimo, NÃO sendo dispensada a
realização de nova publicação.

II – Habilitação

SÚMULA 272 TCU: No edital de licitação, é vedada a inclusão de exigências de


habilitação e de quesitos de pontuação técnica para cujo atendimento os licitantes
tenham de incorrer em custos que não sejam necessários anteriormente à
celebração do contrato.

Recebimento dos envelopes dos licitantes, devendo ser feita em sessão pública, admitida a
utilização do sistema dos Correios.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

NÃO se exige a presença dos licitantes, mas apenas a entrega dos envelopes no prazo designado
pelo edital, devendo os envelopes serem rubricados.
OBS: Até o julgamento da fase de habilitação, a lei autoriza que os licitantes desistam de
participar do procedimento licitatório sem justificativa. Após, deverá a desistência ser
justificada e aceita pela comissão.
Documentação:
Habilitação Jurídica;
Qualificação Técnica;
SÚMULA 263 TCU: Para a comprovação da capacidade técnico-operacional das
licitantes, e desde que limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância
e valor significativo do objeto a ser contratado, é legal a exigência de
comprovação da execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com
características semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a
dimensão e a complexidade do objeto a ser executado.

Qualificação econômico – financeira – Qualificação da empresa para arcar com todos os


custos da contratação.
SÚMULA 275 TCU: Para fins de qualificação econômico-financeira, a Administração
pode exigir das licitantes, de forma não cumulativa, capital social mínimo, patrimônio
líquido mínimo ou garantias que assegurem o adimplemento do contrato a ser
celebrado, no caso de compras para entrega futura e de execução de obras e serviços.

Regularidade Fiscal

Regularidade fiscal x Quitação Fiscal (Ausência de débitos fiscais)


Aprofundamento para provas subjetivas (Rafael Oliveira) - A exigência da Lei 8.666/93
restringe-se à regularidade, razão pela qual o licitante, mesmo com débito fiscal, pode
ser habilitado quando estiver em situação regular (Ex: Parcelamento do débito
tributário ou decisão judicial liminar que suspende a exigibilidade do tributo).
Controvérsia doutrinária sobre o alcance da exigência da regularidade fiscal:
1ª Corrente: A regularidade se refere aos tributos federais, estaduais e
municipais => Interpretação literal do art. 29, III da Lei 8.666/93;
2ª Corrente: A exigência de regularidade restringe-se aos tributos do ente
federativo que promove a licitação, pois o ente promotor da licitação NÃO
pode usar a licitação para constranger o licitante a pagar tributos devidos
de outros entes federativos. Marçal Justen Filho.
3ª Corrente: A regularidade fiscal relaciona-se apenas com os tributos
incidentes sobre a atividade do licitante e o objeto da licitação => Rafael
Oliveira adota essa posição, ao fundamento de que a irregularidade fiscal
NÃO significa cobrança indireta de tributos, mas certificação de capacidade
econômica do licitante, e tem fundamento nas exigências de qualificação
econômico- financeiras indispensáveis à garantia de cumprimento das
obrigações (Art. 37, XXI CF). Outrossim, o edital deve definir com precisão e
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

detalhamento os documentos necessários para a comprovação da


regularidade fiscal.
A doutrina NÃO tem admitido a exigência de regularidade fiscal em relação
ao pagamento dos tributos devidos aos Conselhos Profissionais, pois
compete aos citados conselhos averiguar o pagamento desses tributos e, em
caso de inadimplemento, aplicar, após o devido processo legal, a cassação da
licença profissional. Enquanto NÃO cassada a licença, o profissional se
 encontra apto para exercer as atividades.
TCU: A Administração, no curso da execução do contrato, deve exigir a
apresentação da CNDT das empresas contratadas no momento do pagamento de
cada parcela contratual.

SÚMULA 283 TCU: Para fim de habilitação, a Administração Pública não deve exigir
dos licitantes a apresentação de certidão de quitação de obrigações fiscais, e sim
prova de sua regularidade.

Cumprimento do art. 7º, XXXIII CF;


Regularidade Trabalhista (CNDT)
Para empresas estrangeiras que não possuam sede no país: devem apresentar documentação
equivalente com autenticação no consulado respectivo e traduzido por tradutor juramentado,
devendo possuir representante no país, com poderes expressos para se manifestar em nome do
licitante.
Para empresas que pretendem participar em consórcio no procedimento licitatório: devem
apresentar compromisso de constituição de consórcio e a indicação de qual empresa será
responsável na licitação. Se consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras, a liderança será
sempre por uma das brasileiras.
Microempresas e empresas de pequeno porte: poderão participar da licitação, ainda que não
tenham regularidade fiscal. Se ao final da licitação forem vencedoras, terão prazo de 05 dias úteis
(conforme LC 147/2014) para fazer o saneamento do débito.
O Poder Público NÃO pode exigir documentação não expressamente prevista no edital, nem o
edital pode incluir requisitos para participação não regulamentados em lei e que não sejam
indispensáveis à execução do contrato.
Se todos os licitantes forem inabilitados: a administração pode conferir o prazo de 08 dias úteis
para a adequação às exigências do edital (poder-dever).
Divulgada a decisão quanto à habilitação, há o prazo de 05 dias úteis para interposição de recurso
com efeito suspensivo => o prazo para recurso NÃO é para juntar documento obrigatório.

III – Julgamento e Classificação


Os envelopes serão abertos em sessão pública, sendo descartadas todas as propostas que não
atendam aos requisitos mínimos do edital e as inexequíveis.
Se empatadas, aplica-se o critério de desempate.
Se todos os licitantes forem desclassificados: a administração pode conferir o prazo de 08 dias
úteis para a adequação às exigências do edital (poder-dever).
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Divulgada a decisão quanto à habilitação, há o prazo de 05 dias úteis para interposição de


recurso com efeito suspensivo
A lei estipula a possibilidade de a Administração preferir produtos manufaturados ou serviços
nacionais, ainda que mais caros que outros (a preferência pode chegar a 25%).

IV – Homologação
É Ato administrativo que atesta a validade do procedimento e confirma o interesse na contratação.
Classificadas as propostas, a comissão encaminha o procedimento à autoridade do órgão para
homologação, que vai analisar a regularidade do procedimento licitatório e, posteriormente,
verificar se há interesse público na contratação, caso contrário será revogado o procedimento.
Se revogado ou anulado, deverá ser emitido parecer, justificando tais condutas, e garantido o
contraditório e ampla defesa.
Se a administração não homologar, cabe recurso no prazo de 05 dias úteis SEM efeito suspensivo.

V – Adjudicação
Ato pelo qual se atribui ao vencedor o objeto da licitação, encerrando o procedimento licitatório.
O licitante fica vinculado à proposta pelo prazo de 60 dias da abertura dos envelopes. Caso o
vencedor NÃO possa contratar, o Estado só poderá celebrar o contrato nos termos da proposta
vencedora, chamando os demais licitantes na ordem de classificação, os quais não estão
obrigados a aceitar a celebração do contrato nos moldes da proposta vencedora.
Não havendo interessados, o procedimento será revogado, com a realização posterior de nova
licitação.
Há direito do licitante vencedor ser contratado?
1ª Corrente: A homologação acarreta o direito de o licitante vencedor ser contratado –
José dos Santos Carvalho Filho;
2ª Corrente: A homologação e adjudicação NÃO geram direito à celebração do contrato, pois a
Administração pode, mesmo após esses atos, revogar ou anular o certame por fatos
supervenientes. A CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DEPENDERIA DE ANÁLISE DISCRICIONÁRIA.
– Di Pietro, Diógenes Gasparini e STJ.

b) TOMADA DE PREÇOS
Mesmo procedimento da concorrência, mas NÃO há fase de habilitação.

c) CONVITE
Segue o procedimento da concorrência, com as seguintes peculiaridades:
Não há publicação de edital, sendo a publicidade da carta-convite afixada e enviada aos
licitantes;
Prazos para recursos: 02 dias úteis;
Se todos os licitantes forem desclassificados, o prazo para diligências é reduzido de 08
para 03 dias úteis;
A comissão pode contar com um único servidor
público; NÃO há fase de habilitação.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

d) CONCURSO E LEILÃO
Terão o procedimento definido em regulamento específico.

e) PREGÃO
Na fase de classificação, após a publicação do edital, as propostas escritas serão apresentadas
em sessão pública, e a disputa se dará por lances verbais pelos licitantes selecionados.
Passam para a próxima fase o licitante da melhor proposta e todas as demais que não
ultrapassem 10% do valor da primeira. Independente, devem ser no mínimo 03 licitantes.
Após a seleção das propostas, o pregoeiro deverá analisar se a proposta selecionada atende aos
requisitos definidos no edital. Selecionada a proposta, serão abertos os envelopes de
documentação dos licitantes.
Declarado o vencedor oficial, há o prazo de 03 dias para elaboração e apresentação das razões
do recurso. => A falta de manifestação imediata do licitante importa a decadência do direito de
recurso e adjudicação pelo pregoeiro ao vencedor.
Decidido o recurso, há a adjudicação e, posteriormente a homologação.
NOTE QUE NO PREGÃO HÁ INVERSÃO DAS FASES DE CLASSIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO, E
ADJUDICAÇÃO E HOMOLOGAÇÃO.
Pregão: É vedada a exigência de:
Garantia da proposta
Aquisição de edital pelos licitantes como condição de participação no
certame Pagamento de taxas e emolumentos.
Pode ser substituída pelo registro no SICAF as seguintes documentações (NOTE que NÃO
abrange a qualificação técnica):
Habilitação jurídica
Qualificação econômico
financeira Regularidade fiscal.

f) PREGÃO ELETRÔNICO
Realizado em sessão pública, sem a presença física dos licitantes.
Cada ente federativo deverá ter regulamentação mediante decreto específico (somente
regulamentará a lei, não podendo trazer novidades) para que possa se utilizar dessa forma de
licitação, sendo o procedimento o mesmo do pregão presencial.

I – Fase Interna:
Deverá ser elaborado termo de referência pelo órgão requisitante, a ser aprovado pela
autoridade competente, com indicação precisa do objeto a ser licitado, vedadas as especificações
que limitem ou frustrem a competição.
O Poder Público deve apresentar justificativa com a necessidade de contratação;
Serão definidas as exigências de habilitação, sanções aplicáveis, designado pregoeiro e equipe
de apoio.
Para que o pregão seja realizado na via eletrônica, será necessário o credenciamento dos
licitantes, da autoridade responsável pelo órgão, do pregoeiro e sua equipe de apoio.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

– Fase Externa:
Publicação do Edital:
Contratações de até 650 mil: Publicação em DOU e internet;
Contratações acima de 650 mil e até 1,3 MI: Publicação em DOU, internet, jornal
 de grande circulação local;
Contratações acima de 1,3 MI: Publicação em DOU, internet e jornal de grande
 circulação regional ou nacional.
A impugnação administrativa pode se dar em até 02 dias úteis, devendo o pregoeiro
decidir em até 24 hrs.
Classificação e julgamento das propostas – O envio das propostas se dará exclusivamente
por meio do sistema eletrônico. Até que seja procedida a abertura da sessão pública,
qualquer dos licitantes pode retirar ou substituir proposta anteriormente apresentada.
A declaração falsa relativa ao cumprimento dos requisitos de habilitação e proposta
sujeitará o licitante às penalidades definidas no decreto que regulamenta o procedimento.
Apresentadas as propostas, o pregoeiro desclassificará as em desconformidade com os
requisitos estabelecidos no edital, sendo a desclassificação fundamentada e registrada no
sistema, com acompanhamento em tempo real por todos os participantes do certame.
As propostas classificadas passam para a apresentação virtual dos lances, não sendo
aceitos dois ou mais iguais, prevalecendo o recebido e registrado primeiro.
Encerrada a etapa de lances, o pregoeiro poderá enviar pelo sistema eletrônico
contraproposta ao licitante que tenha apresentado lance mais vantajoso à adm, para
obter melhor proposta.
Se a desconexão do pregoeiro não ultrapassar 10 min do decorrer da etapa de lances, se
o sistema eletrônico permanecer acessível aos licitantes, os lances continuarão a ser
recebidos sem prejuízos dos atos realizados; Se a desconexão ultrapassar 10 min, a sessão
do pregão será suspensa e reiniciada.
Habilitação – Serão verificados os documentos e declarado o vencedor, podendo ser
apresentado recurso em 03 dias.
Adjudicação e homologação
A anulação do procedimento licitatório induz a do contrato ou da ata do registro de
preços dele decorrentes.
Os licitantes não terão, em princípio, direito à indenização em virtude da anulação do
procedimento, salvo o direito do contratado de boa-fé de ser ressarcido pelos encargos
suportados no cumprimento do contrato.
Na hipótese de recusa em assinar o contrato ou ata de registro de preços, se o licitante
deixar de entregar a documentação exigida, apresentar documentação falsa, retardar a
execução, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar a execução, cometer fraude fiscal,
ficará impedido de licitar e de contratar com a União, e será descredenciado do SICAF
pelo prazo de até 05 anos, sem prejuízo das multas previstas no edital e no contrato.

12) LICITAÇÕES INTERNACIONAIS


As licitações internas são realizadas pelo ente público com ampla participação de empresas
brasileiras, consórcios de empresas, e empresas estrangeiras desde que estejam em funcionamento
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

no país. Essas empresas poderão participar das licitações internas, desde que tenham sede no
país e representante permanente com plenos poderes para receber citação e praticar todos os
atos necessários à licitação.
No entanto, em determinadas situações, é possível a realização de licitações internacionais, em
que se admite quaisquer empresas estrangeiras, ainda que não possuam sede no país.
Nesses casos, o edital deverá ajustar-se às políticas monetárias do comércio exterior e atender
às exigências dos órgãos competentes.
As garantias de pagamento ao licitante brasileiro serão equivalentes àquelas oferecidas ao
licitante estrangeiro, sendo as propostas destes acrescidas dos mesmos tributos que oneram os
licitantes brasileiros.

13) LICITAÇÕES DE GRANDE VULTO E ALTE COMPLEXIDADE TÉCNICA


É de grande vulto as obras, serviços e compras cujo valor seja superior a 25x o valor mínimo da
concorrência (1,5 MI) = 37,5 MI.
Nesse tipo de contratação, pode a administração exigir metodologia de execução, que
antecederá a análise dos preços e será efetuada por critérios objetivos.

14) DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO – Situações de contratação direta

a) Inexigibilidade da licitação – Rol NÃO taxativo:


Deriva da inviabilidade da competição, sendo as hipóteses previstas em lei meramente
exemplificativas.
Pressupostos:
Lógico – Não é possível a licitação para contratação de bens que possuam um único
fornecedor ou para a aquisição de bem singular, que não possua outro similar no mercado;
Jurídico – Se a licitação for de encontro ao interesse público, não é exigível licitar. Ex:
licitação de estatais exploração de atividade econômica quanto a atividade-fim;
Fático – Necessidade de contratação específica.
OBS: É vedada a inexigibilidade de licitação para serviços de divulgação e publicidade.
Características:
Rol exemplificativo;
Vinculação do administrador

CREDENCIAMENTO
Aprofundamento para provas subjetivas
Seria uma hipótese de inexigibilidade com fundamento no art. 25 da Lei 8.666/93,
e permite a seleção de potenciais interessados para posterior contratação, quando
houver interesse na prestação do serviço pelo maior número possível de pessoas.
É a situação em que a Administração aceita firmar negócio com todos os que,
atendendo às motivadas exigências públicas, manifeste interesse em firmar contrato.
NÃO há necessidade de submissão a uma disputa entre os interessados, desde
que o particular atenda às exigências estabelecidas.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

O TCU admite o credenciamento de instituições médico-hospitalares para a prestação


de serviços de assistência complementar à saúde dos servidores, deixando para os
beneficiários dos serviços a escolha do profissional ou da instituição que será contratada
oportunamente, observados os princípios da Administração Pública.

Dispensa da licitação
Situações em que é possível licitar, mas a lei dispõe ser desnecessário. Somente a lei pode
definir as situações de dispensa.

* DECORAR:
ART. 17 – LICITAÇÃO DISPENSADA – o administrador NÃO pode emitir qualquer juízo de
valor: Rol taxativo;
Objeto do contrato é restrito: Alienação de bens;
Ausência de discricionariedade do administrador, pois o próprio legislador dispensou
previamente a licitação.

ART. 24- LICITAÇÃO DISPENSÁVEL – se trata de atuação discricionária do legislador.


Estão dispensados de licitar para contratações em até 20% do valor do convite:
Empresas estatais;
Agências Executivas;
Consórcios Públicos.
A licitação é viável, haja vista a possibilidade de competição, mas pode ser afastada, a critério do
administrador, para se atender o interesse público de forma mais célere e eficiente.
Rol taxativo;
Discricionariedade do administrador
Hipóteses:
Valor reduzido – Incisos I e
II; Situações emergenciais:

EMERGÊNCIA FABRICADA
Aprofundamento para subjetivas
A contratação emergencial é possível mesmo na hipótese em EMERGÊNCIA
FABRICADA OU PROVOCADA (situação de emergência atribuída ao ente público),
sob pena de não se atender ao interesse da coletividade.
Nesse caso, a Administração, após a contratação, deverá apurar a
responsabilidade do agente => A contratação emergencial é admitida, mas o
agente deverá ser responsabilizado.

TCU , Ac. 17/2005, 2ª Câmara: Para a utilização do inciso IV do artigo 24 (dispensa


de licitação por emergência) da lei 8666/93, é necessário:
Que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública,
não se tenha originado, total ou parcialmente, de falta de planejamento, da
desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que
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ela não possa, em alguma medida, ser atribuída a culpa ou dolo do agente
público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação;
Que exista urgência concreta e efetiva do atendimento a situação
decorrente do estado emergencial ou calamitoso, visando afastar risco de
danos a bens ou a saúde ou à vida de pessoas;
Que o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre
iminente e especialmente gravoso;
Que a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de
determinadas obras, serviços ou compras segundo as especificações e
quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio adequado, efetivo e
eficiente de afastar o risco iminente detectado.

Licitação deserta
Pressupostos:
Ausência de interessados na licitação anterior;
Motivação: a justificativa deve demonstrar que a repetição do certame acarretaria
prejuízos ao interesse público;
Manutenção das condições preestabelecidas, a fim de evitar violação aos princípios
da moralidade e impessoalidade.
Intervenção no domínio
econômico; Licitação frustrada;
Contratação das entidades administrativas
Prevalece o entendimento de que a dispensa só será possível se as entidades
administrativas contratadas integrarem a mesma Administração Pública do ente
público contratante.
Segurança Nacional;
Compra e locação de bens imóveis;
Complementação do objeto contratual

COMPLEMENTAÇÃO DO OBJETO X PRORROGAÇÃO DO ATUAL CONTRATO


Complementação: A Administração rescinde o contrato e contrata outro
fornecedor;
Prorrogação: A Administração prolongará o prazo do contrato em vigor.

Exigências para dispensa em caso de complementação:


Rescisão do contrato;
Existência de remanescente do objeto contratual (obra inacabada, serviço
incompleto ou fornecimento parcial);
O contratado deve ter participado da licitação que deu origem ao
contrato rescindido, respeitada a ordem de classificação;
O contratado deve aceitar as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, sendo o preço devidamente corrigido.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Gêneros perecíveis – Requisitos:


o Gêneros perecíveis;
o Provisoriedade: NÃO pode ser habitual a contração, mas apenas durante o tempo
necessário para a formalização da licitação;
o Preço do dia: preço praticado no mercado no dia da aquisição, tendo em vista que
tais produtos apresentam preços voláteis.
Entidades sem fins lucrativos;
Negócios internacionais;
Obras de arte;
Manutenção de garantias;
Forças armadas;
Bens destinados à pesquisa;
Serviços públicos concedidos;
Transferência de tecnologia e incentivos à inovação e à pesquisa científica e
tecnológica; Contratos de programa;
Catadores de materiais recicláveis;
Alta complexidade tecnológica;
Assistência técnica e extensão rural;
Consórcios públicos, empresas estatais e agências executivas.
Para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de estabelecimentos
penais, desde que configurada situação de grave iminente risco à segurança pública.
(Incluído pela recente lei nº 13.500/2017).

LICITAÇÃO DESERTA X LICITAÇÃO FRACASSADA


Licitação deserta – Quando não há interessados – é caso de dispensa;
Licitação fracassada – Quando comparecem interessados, mas todos são
inabilitados – pode haver a concessão de prazo para novas propostas ou a
realização de uma nova licitação.

Procedimento para a contratação direta


As hipóteses de dispensa ou inexigibilidade devem ser necessariamente justificadas, e qualquer
retardamento imotivado na execução de obra ou serviço deverá ser comunicado em 03 dias à
autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, em 05 dias, como condição
para a eficácia dos atos.
O processo de dispensa ou inexigibilidade deve contar com justificativa que explique a escolha
do fornecedor ou executante, e sua ausência implica nulidade da contratação.

LICITAÇÃO CARONA
- VIDE Dec. 7892/13.
- Muitas vezes a administração faz licitação para registro de preços, não vinculando a adm ao
vencedor, ficando o registro dessa licitação no sistema de cadastro do ente por 01 ano.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Ocorre que em alguns casos, um órgão ou entidade pública que não participou da licitação
pretende contratar com o licitante vencedor por meio de adesão à ata de registro de preços feita
pelo outro órgão (LICITAÇÃO CARONA).
Marçal Justen: Carona consiste na contratação fundada num sistema de registro de preços em vigor,
mas envolvendo entidade estatal dele não participante originalmente, com a peculiaridade de que os
quantitativos contratados NÃO serão computados para o exaurimento do limite máximo. A única
restrição admitida é o limite de 100% do quantitativo máximo objeto do registro por entidade.
A vantagem da licitação carona deve ser devidamente justificada, e deve ter prévia anuência do
órgão gerenciador.
Caberá ao fornecedor beneficiário dessa ata optar pela aceitação ou não do fornecimento
decorrente de adesão, desde que não prejudique as obrigações presentes e futuras decorrentes
da ata (não há obrigação do licitante vencedor celebrar contrato com o licitante carona) - As
aquisições ou contratações adicionais NÃO poderão exceder, por órgão ou entidade, 100% dos
quantitativos dos itens do instrumento convocatório. O TCU entende que o quantitativo
adquirido pelo licitante carona será abatido do valor total da ata.
O instrumento convocatório deverá prever que o quantitativo decorrente das adesões à ata de
registro de preços NÃO poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quantitativo de cada item
registrado na ata de registro de preços para o órgão gerenciador e órgãos participantes.
É vedada aos órgãos e entidade da adm federal a adesão a ata de registro de preços gerenciada
por órgão ou entidade municipal, distrital ou estadual, embora estes possam aderir à ata de
registro de preços da administração pública Federal.
A licitação para registro de preços será na MODALIDADE CONCORRÊNCIA, do tipo menor preço
ou na MODALIDADE PREGÃO. Pode ser adotado, excepcionalmente, o julgamento técnica e
preço, mediante despacho fundamentado da autoridade.
Caronas: São os órgãos e entidades administrativas que não participaram do registro, mas
pretendem utilizar a ata de registro de preços em suas contratações.
TCU: É vedada a adesão de órgão federal à ata de registro de preços promovida por órgão ou
entidade estatal ou municipal. No mesmo sentido, a SÚMULA 21 TCU.
Em âmbito federal, a Administração NÃO pode adotar ata de outro ente federativo, mas E, M ou
DF podem aderir a ata de outros entes da Federação.
O TCU tem admitido, com limitações, a utilização do carona no registro de preços. Entendeu que
deve ser vedada a adesão ilimitada a atas por parte de outros órgãos, pois a Administração
perde economia de escala, na medida em que, se a licitação fosse destinada inicialmente à
contratação de serviços em montante superior ao demandado pelo órgão inicial, certamente os
licitantes teriam condições de oferecer maiores vantagens de preço em suas propostas. Por
isso, na formalização da licitação para registro de preços, deve haver a definição dos
quantitativos mínimos e máximos das compras ou serviços a serem licitados, de modo a
garantir a estabilidade ao certame a que se refere a formação dos preços.
Após autorização do órgão gerenciador, o órgão não participante deverá efetuar a aquisição ou
contratação solicitada em até 90 dias, observado o prazo de vigência da ata.

16) TRATAMENTO DIFERENCIADO DAS ME E EPP NAS LICITAÇÕES

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a. Saneamento de falhas na regularidade fiscal: Prazo de 05 dias úteis, sob pena de decadência
do direito à contratação, além das sanções do art. 81 da Lei 8.666/93.
b. Empate ficto ou presumido: Em geral para licitações de menor preço. Propostas 10%
superiores (5%, se pregão).
c. Possibilidade de licitações diferenciadas – Art. 47/49 da LC 123/2006.
d. Tratamento diferenciado: O tratamento diferenciado NÃO está vinculado ao tratamento
tributário diferenciado, pois a LC 123/2006 NÃO impõe a utilização do SIMPLES NACIONAL por ME
e EPP, nem condiciona o recebimento de benefícios nas licitações às questões tributárias.
TCU: O fato de a empresa estar excluída do regime de tributação do SIMPLES por realizar cessão
ou locação de mão de obra NÃO implica o seu impedimento para participar de certames
licitatórios auferindo benefícios da referida LC, pois o que confere a condição de ME ou EPP é a
receita bruta obtida em cada ano-calendário, e não o regime de tributação.
O tratamento diferenciado deverá ser aplicado à ME ou EPP inclusive nas hipóteses em que a
própria contratação pública, por seu vulto econômico, acarretar a desqualificação da entidade
como ME ou EPP, em razão da majoração a receita bruta anual e descumprimento dos limites
fixados no art. 3º da LC 123/2006 => A perda de qualificação de ME ou EPP no curso da execução
do contrato NÃO acarreta a rescisão do pacto, pois o ordenamento jurídico, ao estabelecer
regime diferenciado, teve por objetivo fomentar a contratação de ME e EPP pelo Estado,
inexistindo previsão legal e razoabilidade na punição da entidade que aumenta a sua receita após
celebrar contrato com o Poder Público.
e. Cédula de crédito microempresarial

FRACIONAMENTO DA LICITAÇÃO: É a divisão do objeto com a intenção de se utilizar


modalidade mais simples em face da mais rigorosa que seria obrigatória, de modo que sempre
que for possível, a contratação deve ser feita por inteiro e não por parcelas, para evitar fraudes.
Em algumas situações, a administração opta pela realização de várias licitações públicas para o
mesmo objeto, situação admitida, desde que se use a modalidade mais rigorosa para cada um
desses procedimentos. Excepcionalmente, é possível o parcelamento e utilização da modalidade
mais simples se forem parcelas de natureza específica que devam ser executadas por pessoas
diversas da que está executando a obra ou prestando o serviço principal. O fracionamento
doloso configura crime previsto na lei de licitações.
- TCU: A divisibilidade do objeto NÃO deve alterar a modalidade de licitação, vedação que se
aplica para compra, obras e serviços. A divisibilidade do objeto NÃO deve alterar a modalidade de
licitação inicialmente exigida para a execução de todo o objeto da licitação.

PARCELAMENTO X FRACIONAMENTO DA LICITAÇÃO (TCU)


Parcelamento: refere-se à divisão do objeto em parcelas (itens ou etapas), ou
seja, em partes menores e independentes.
Fracionamento: relacionado à divisão da despesa para a adoção de dispensa ou
modalidade de licitação menos rigorosa que a determinada para a totalidade do
valor do objeto a ser licitado.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

TCU: É obrigatória, nas licitações cujo objeto seja divisível, a adjudicação por item
e não por preço global, de forma a permitir uma maior participação de licitantes
que, embora não dispondo de capacidade para o fornecimento da totalidade do
objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas.

Referências Bibliográficas:
Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo
Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Administrativo descomplicado.
Dizer o Direito. http://www.dizerodireito.com.br/

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 74 – 139 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

PÁGINAS 461 A 486

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 9 (+)

O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.

SÚMULA VINCULANTE 10 (+++)

Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal
que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

SÚMULA VINCULANTE 11 (+++)

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à


integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
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excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

SÚMULA VINCULANTE 12 (+++)

A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da
Constituição Federal.

SÚMULA VINCULANTE 13 (+++)

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até
o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

SÚMULA VINCULANTE 14 (+++)

direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

SÚMULA DO STF TODO DIA

SÚMULA Nº 197

O EMPREGADO COM REPRESENTAÇÃO SINDICAL SÓ PODE SER DESPEDIDO MEDIANTE INQUÉRITO EM


QUE SE APURE FALTA GRAVE.

SÚMULA Nº 198

AS AUSÊNCIAS MOTIVADAS POR ACIDENTE DO TRABALHO NÃO SÃO DESCONTÁVEIS DO PERÍODO


AQUISITIVO DAS FÉRIAS.

SÚMULA DO STJ TODO DIA

DIREITO DO TRABALHO

FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO

Súmula 210 - A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em trinta (30) anos. (Súmula
210, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/1998, DJ 05/06/1998)

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STF altera entendimento sobre prescrição para cobrança de FGTS

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade das normas que previam
prazo prescricional de 30 anos para ações relativas a valores não depositados no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS). O entendimento é o de que o FGTS está expressamente definido na Constituição
da República (artigo 7º, inciso III) como direito dos trabalhadores urbanos e rurais e, portanto, deve se
sujeitar à prescrição trabalhista, de cinco anos.
A decisão foi tomada na sessão plenária do STF de quinta-feira (13), no julgamento do recurso
extraordinário com agravo (ARE) 709212, com repercussão geral reconhecida. Até então, o STF adotava a
prescrição trintenária. O novo entendimento se aplicará a todas as ações que tratam da mesma matéria.
O processo foi levado ao STF pelo Banco do Brasil, condenado pela Justiça do Trabalho da 10ª Região (DF) a
recolher o FGTS de uma bancária no período em que ela trabalhou no exterior. O caso chegou ao Tribunal
Superior do Trabalho, mas a Oitava Turma não conheceu do recurso do banco por entender que a
condenação estava de acordo com a Súmula 362 do TST, que estabelece a prescrição de 30 anos para o
direito de reclamar o não recolhimento da contribuição para o fundo, observado o prazo de dois anos após
o término do contrato de trabalho.
No recurso ao STF, o BB defendeu a não aplicação da prescrição trintenária para a cobrança do FGTS, com
o fundamento de que o direito deriva do vínculo de emprego e, portanto, deveria estar sujeito ao prazo
prescricional de cinco anos previsto no artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição.
O relator do ARE 70912, ministro Gilmar Mendes, assinalou que o artigo 7º, inciso III, da Constituição prevê
expressamente o FGTS como um direito dos trabalhadores urbanos e rurais, e que o inciso XXIX fixa a
prescrição quinquenal para os créditos resultantes das relações de trabalho. Assim, se a Constituição regula
a matéria, a lei ordinária não poderia tratar o tema de outra forma.
De acordo com o ministro, o prazo prescricional de 30 anos do artigo 23 da Lei 8.036/1990 e do artigo 55
do Decreto 99.684/1990, que regulamentam o FGTS está "em descompasso com a literalidade do texto
constitucional e atenta contra a necessidade de certeza e estabilidade nas relações jurídicas".
Os ministros Rosa Weber e Teori Zavascki votaram pela validade da prescrição trintenária, e ficaram
vencidos. Modulação
Para os casos cujo termo inicial da prescrição – ou seja, a ausência de depósito no FGTS – ocorra após a
data do julgamento, aplica-se, desde logo, o prazo de cinco anos. Para aqueles em que o prazo
prescricional já esteja em curso, aplica-se o que ocorrer primeiro: 30 anos, contados do termo inicial, ou
cinco anos, a partir do julgamento.
(Carmem Feijó, com informações do STF. Foto: Nelson Jr./STF)

Fonte: TST (http://www.tst.jus.br/noticia-destaque/-/asset_publisher/NGo1/content/stf-altera-


entendimento-sobre-prescricao-para-cobranca-de-fgts)

SÚMULAS E OJ´S DO TST TODO DIA

Súmula nº 434 do TST – ESTÁ SÚMULA ESTÁ CANCELADA

RECURSO. INTERPOSIÇÃO ANTES DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO IMPUGNADO. EXTEMPORANEIDADE.


(cancelada) – Res. 198/2015, republicada em razão de erro material – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015
É extemporâneo recurso interposto antes de publicado o acórdão impugnado.(ex-OJ nº 357 da SBDI-1 –
inserida em 14.03.2008)
A interrupção do prazo recursal em razão da interposição de embargos de declaração pela parte
adversa não acarreta qualquer prejuízo àquele que apresentou seu recurso tempestivamente.
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Súmula nº 435 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

DECISÃO MONOCRÁTICA. RELATOR. ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO CPC DE 1973. APLICAÇÃO
SUBSIDIÁRIA AO PROCESSO DO TRABALHO (atualizada em decorrência do CPC de 2015) – Res. 208/2016, DEJT
divulgado em 22, 25 e 26.04.2016
Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973).

Súmula nº 436 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL,


SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO DE MANDATO (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 52 da SBDI-I e inserção do item II à redação) - Res. 185/2012, DEJT divulgado
em 25, 26 e 27.09.2012
I - A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando
representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de
instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação.
- Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-se exercente do cargo
de procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

Súmula nº 437 do TST – Impactada pela Reforma Trabalhista

INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão


das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado
em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada


mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do
período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o
valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva
jornada de labor para efeito de remuneração.

- É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do


intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por
norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva.

- Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº
8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo
intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.

IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada
mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não
usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.

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ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 611-A e 71 DA CLT

Impactou os incisos I e II:

Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho, observados os incisos III e VI do caput do
art. 8º da Constituição, têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Redação
dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)

- intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis
horas;

Impactou os incisos I e III:

“Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão
de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo
escrito ou contrato coletivo em contrário, NÃOPODERÁ exceder de 2 (duas) horas.
o
4 A NÃO concessão ou a concessão parcialdo intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do
período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora
normal de trabalho.

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DIAS 19 E 20

DISCIPLINA
TRIBUTÁRIO

10 Impostos dos estados e do Distrito Federal. 10.1 Lei nº 13.974/2009 e suas alterações (Imposto
sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos – ICD). 10.2 Lei nº
10.849/1992 e suas alterações (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA).
10.3 Lei Complementar nº 87/1996 e suas alterações. 11 ICMS: obrigação tributária principal; fato
gerador; base de cálculo; alíquotas; não cumulatividade e crédito fisco-contábil; apuração e prazo
de recolhimento; sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária e responsável tributário;
substituição tributária; isenção (Lei Complementar nº 24/1975 e Lei Complementar nº 160/2017)

INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Teoria Geral

Direito Tributário Esquematizado. Autor: Ricardo Alexandre

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/554a02ceb4368aa43680f7
9326608639.pdf

CAPÍTULO: 13 (Item 13.2)

Curso de Direito Tributário e Financeiro - 6ª Ed. 2016. Autor: Cláudio Carneiro – Ed.
Saraiva

CAPÍTULOS: Não aborda o tema.

Boa opção de resumo para os candidatos que tem horário reduzido para os estudos:

SINOPSES PARA CONCURSOS - V.28 - DIREITO TRIBUTÁRIO


(2017) 4ª edição conforme NOVO CPC
Autor: Roberval Rocha

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/776524fb226b7d83bd46b
7766da15dab.pdf

CAPÍTULO: 20

Tributos Estaduais

Impostos Federais, Estaduais e Municipais - 5ª Ed. 2015. Autor: Cláudio Carneiro. Ed.
Saraiva

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CAPÍTULOS: 5, 6 e 7

TRIBUTOS EM ESPÉCIE PARA CONCURSOS


(2017) 4a Edição conforme Novo CPC
Autores: Helton Kramer Lustoza, Eduardo M. L. Rodrigues de Castro e Marcus de Freitas Gouvêa

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/c76549a0d21cdac2746bc4
c2b640cc33.pdf

CAPÍTULOS: 11, 12 e 13

RESUMO DO DIA

TRIBUTÁRIO:

Impostos dos estados e do Distrito Federal.

IMPOSTOS EM ESPÉCIE

TRIBUTOS ESTADUAIS

ITCMD – Impostos de Transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou


direitos - Art. 155, I CF/88.
- Até a CF/88, o Estado era competente para tributar tanto as transmissões gratuitas quanto as
onerosas de bens imóveis, já que NÃO havia previsão do ITBI. Com a CF/88, o imposto em
questão passou a incidir apenas sobre as transmissões causa mortis e doações (gratuitas) de bens
móveis e imóveis.
- Abarca bens móveis e imóveis.
- Lançamento: Em regra por declaração.
- Possui função fiscal, SALVO os casos em que Lei estadual estabelece alíquotas progressivas de
incidência.
- Classificação:
Tributo estadual;
Privativo;
De arrecadação não
vinculada; Real;
Direto;
Ordinário;
Função predominante fiscal.
Súmula 331 STF: Incidência legítima nos casos de inventário por morte presumida.
Súmula 115 STF: NÃO incide sobre os honorários de advogado contratado pelo inventariante,
com a homologação do juiz.
Súmula 114 STF: NÃO é exigível ANTES da homologação do cálculo do valor do bem transmitido.
Súmula 113 STF: É calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação

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Imposto ITCMD ITBI


Competência Estados e DF Municípios e DF
Transmissões causa mortis SIM NÃO
Transmissões inter vivos SIM (Apenas nas doações) SIM
Transmissões gratuitas SIM NÃO
Transmissão de bens SIM NÃO
móveis
Transmissão de bens SIM SIM
imóveis

1.1) Condutas que ensejam a obrigação de pagar ITCMD:


Transmissão causa mortis de bens móveis e
imóveis; Doação de bens móveis e imóveis.
Súmula 331 STF: É legítima a incidência do ITCMD no inventário por morte presumida.

CONTROVÉRSIAS DOUTRINÁRIAS:
1) Renúncia de Herança
- A renúncia da herança pode ser:
Renúncia Translativa: A renúncia é destinada a pessoa específica
a.1) Renúncia translativa gratuita: INCIDE ITCMD, pois está configurado um
contrato de doação. Logo, sobre toda operação haverá duas incidências de ITCMD:
uma no momento inicial da morte, e outra no momento da doação;
a.2) Renúncia translativa onerosa: Poderá incidir, além do ITCMD, o ITBI sobre a
segunda operação, se houver efetiva torna ou reposição, ou seja, se o valor de bens
imóveis situados no Município, recebidos por cônjuge, herdeiro ou condômino, for
superior ao valor de sua meação, de seu quinhão e se houver compensação financeira
para equilibrar os quinhões distribuídos de forma desproporcional.

Renúncia Abdicativa: NÃO haverá a incidência do ITCMD nem ITBI, já que não
existe operação de transmissão propriamente dita.

Partilha desproporcional de bens na separação ou divórcio ou nos processos de


inventário
- Na partilha desigual de bens haverá a incidência do ITCMD tanto no momento da
morte quanto da posterior doação.
- Súmula 116 STF: Em desquite ou inventário, é legítima a cobrança do chamado
imposto de reposição, quando houver desigualdade nos valores partilhados.
- Existindo, contudo, no plano de partilha, previsão expressa de reposição pelo
beneficiário da divisão desproporcional, deverá incidir, para operações com
imóveis, o ITBI.

Usufruto
Usufruto simples: incide ITCMD
Doação com reserva de usufruto (usufruto vitalício): apesar de controverso, o
entendimento jurisprudencial dominante diz que o imposto só poderá incidir uma
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única vez, seja no momento da instituição do usufruto – ITCMD doação – ou no


momento da morte – ITCMD causa mortis, pois a propriedade é uma só, a todo
tempo.

4) Fideicomisso
É quando alguém, por testamento, deixa bem para o sucessor do seu herdeiro.
STJ: entende que na extinção do fideicomisso, seja pela morte do fiduciário seja
do fideicomissário, NÃO haverá incidência do ITCMD, sob pena de bitributação,
vez que a primeira operação já foi tributada.

ITCMD para bens móveis:


Doações: O imposto é devido em favor do Estado em que estiver domiciliado o doador;
Causa Mortis: Compete ao Estado em que se processa o arrolamento ou inventário.

1.2) Aspecto Temporal


Transmissões casa mortis: A obrigação surge quando da abertura da sucessão, ou seja, na
hora da morte (princípio de saisine).
Se morte presumida: A partir do momento em que a lei civil considera ocorrida a
morte.
NO ITCMD CAUSA MORTIS, APLICA-SE A ALÍQUOTA VIGENTE AO TEMPO DA MORTE => SÚMULA
112 STF: O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da
abertura da sucessão.
Transmissões gratuitas de bens móveis, imóveis ou direitos reais sobre eles incidentes
(doações): Será devido a partir do momento em que estiver caracterizada a transferência
do bem.
Direitos reais sobre coisas móveis: TRADIÇÃO;
Direitos reais sobre imóveis constituídos ou transmitidos por atos entre vivos:
registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos.
Nas transmissões gratuitas de bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis, na prática, o
imposto tem sido exigido da lavratura da escritura de doação, já que os tabeliães poderão
ser responsabilizados pelos tributos devidos por atos por eles praticados em razão de seu
ofício (art. 134, VI CTN). O STJ já reconheceu a validade da exigência do ITCMD antes da
ocorrência do FG.

1.3) Aspecto Espacial: Caberá ao Estado em que realizado o FG da obrigação.

1.4) Aspecto Pessoal


a) Sujeito Ativo

Bens Imóveis Móveis


ITCMD causa Estado da localização do Estado do inventário ou
mortis bem arrolamento
ITCMD doação Estado da localização do Estado do domicílio do doador
bem

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

O ITCMD terá competência para sua instituição regulada por


LC: Se o doador tiver domicílio ou residência no exterior;
Se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário
processado no exterior.
Como essa LC NÃO foi editada pelo CN, os Estados permanecem com competência plena
para dispor sobre a matéria.

Sujeito Passivo
ITCMD causa mortis: herdeiros e legatários do de
cujus; ITCMD doação:adquirentes dos bens doados.

1.5) Aspecto quantitativo: Os critérios para cálculo do valor do imposto devido ficarão a cargo da
legislação estadual.
Base de cálculo: valor venal dos bens ou direitos transmitidos ou doados, apurados mediante
avaliação procedida pela Fazenda Pública Estadual.
A legislação de alguns Estados fixa, para os casos de doação com reserva de usufruto ou mesmo
usufruto simples, a base de cálculo como sendo igual à metade do valor total do bem, sendo o
restante correspondente à sua propriedade separada daqueles direitos => tenta evitar a bitributação.
Nas promessas de compra e venda de imóvel ainda não quitado ao tempo da abertura da
sucessão, a base de cálculo será o saldo credor da obrigação =>VIDE SÚMULA 590 STF: Calcula-se
o imposto de transmissão causa mortis sobre o saldo credor da promessa de compra e venda
do imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor.
Alíquotas:
Alíquotas máximas: fixadas pelo SENADO, sendo o limite 8%. Porém, NÃO pode um ente
federativo, ainda que por meio de lei, estabelecer que a alíquota do tributo
acompanhará, automaticamente, aquela fixada pelo Senado a cada alteração.
STF: entendeu válido o sistema de alíquotas progressivas para o ITCMD!
O ITCMD É DEVIDO PELA ALÍQUOTA VIGENTE AO TEMPO DA ABERTURA DA SUCESSÃO; E O
ITCMD DOAÇÃO POSSUI ALÍQUOTA VIGENTE AO TEMPO DA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO
JURÍDICO.

1.6) Imunidades e isenções


Via de regra, NÃO há imunidade específica para o ITCMD, mas aplica-se a imunidade recíproca.
Leis Estaduais estabelecem diversas hipóteses de isenção, geralmente voltadas à observância do
princípio da capacidade contributiva e da função social da propriedade.

2) IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor


Como o CTN NÃO dispõe sobre a matéria, pode se falar em COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PLENA DOS
ESTADOS, a exemplo do que ocorre com o ITCMD sobre bens móveis.
Lançamento: De ofício, com base em valores constantes dos registros estaduais de veículos.
Possui função predominante EXTRAFISCAL, mas em alguns casos poderá ser fixada a alíquota
diferenciada em função do tipo e utilização do veículo.
Classificação (É tributo):
Estadual;
Direto;
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Privativo;
Não vinculado;
De arrecadação não
vinculada; Ordinário

2.1) Aspecto Material


É a propriedade, a posse ou a titularidade de direito real sobre veículo automotor e destinado
ao transporte de pessoas ou coisas.
Incidirá IPVA também quando a aquisição do bem se der por arrematação em hasta pública ou
mesmo pelo desembaraço aduaneiro do veículo automotor importado.
STF: É pacífico quanto à impossibilidade de a lei estabelecer a incidência do IPVA sobre
embarcações e aeronaves, pois o IPVA seria sucessor da antiga Taxa Rodoviária Única (TRU),
que excluía embarcações e aeronaves.

2.2) Aspecto temporal


É o momento a partir do qual surge a obrigação tributária, podendo ser:
Data da primeira aquisição do veículo automotor novo pelo consumidor final;
Data do desembaraço aduaneiro, para veículo importado por consumidor final,
diretamente ou por meio de terceiros;
Primeiro dia de cada ano, para veículos adquiridos em anos
anteriores; Data do arremate em leilão do veículo automotor;
Primeiro dia do ano subsequente, em caso de transferência do veículo para outra unidade
federada.
A fixação da base de cálculo do IPVA NÃO se submete à anterioridade nonagesimal!

2.3) Aspecto Especial: Lugar em que é consolidada a propriedade sobre o veículo automotor.

2.4) Aspecto Subjetivo


Sujeito Ativo: É o Estado em que consolida a propriedade do veículo automotor.
O Município do licenciamento terá direito a 50% do produto da arrecadação do IPVA.
STJ: O licenciamento de veículo em unidade da federação diversa daquela em que consolidada
a propriedade do bem com vistas à redução tributária NÃO configura crime de falsidade
ideológica, mas crime de supressão ou redução de tributo.

Sujeito Passivo: Em geral é o proprietário do veículo automotor.


As concessionárias e indústrias de automóveis, embora obrigadas ao recolhimento de ICMS e
IPI, NÃO são contribuintes do IPVA.
STJ: Pacificou o entendimento segundo o qual, nos casos de arrendamento mercantil ou leasing,
a arrendante é responsável solidária pelo adimplemento da obrigação tributária concernente ao
IPVA. Isso se dá pelo fato de a arrendadora ser possuidora indireta do bem arrendado e conservar
a propriedade até o final do pacto.
Lei Estadual que disciplina o IPVA pode atribuir ao sujeito passivo o dever de antecipar o
pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa, sendo nesse caso
lançamento por homologação.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

2.5) Aspecto quantitativo


Os critérios ficarão a cargo da legislação estadual.
Base de cálculo: Valor venal do automóvel.
Se imóvel novo, será o valor total constante de documento fiscal de aquisição, incluindo o
dos opcionais e acessórios.
Se veículo importado NÃO licenciado no país, considera-se o valor constante do
documento de importação, convertido em moeda nacional;
Arremate em leilão, é o valor da arrematação, acrescido das despesas cobradas ou
debitadas do arrematante e dos tributos incidentes na operação.
A base de cálculo, a exceção dos veículos usados, será calculada em 1/12 por mês ou
fração, a partir da data de ocorrência do fato gerador do imposto.
A mera atualização da base de cálculo NÃO constitui majoração, podendo ser realizada
por ato infralegal.
Alíquotas: As alíquotas mínimas serão fixadas pelo SENADO, a fim de evitar a guerra fiscal.
O IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e da utilização.

2.6) Imunidades e isenções


- As isenções ficarão a cargo de lei estadual.

ICMS – Imposto sobre Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de


serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação

O ICMS se subdivide em:


ICMS sobre operações relativas à circulação de mercadorias;
ICMS sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal;
ICMS sobre serviços de comunicação

Regem o ICMS uma série de diplomas normativos, com o escopo de evitar a guerra fiscal entre
Estados:
CF – delineamento geral do tributo e critérios da regra matriz de incidência;
LC – VIDE ART. 155, §2º, XII da CF – cria mecanismos para evitar a guerra
fiscal; Resoluções do Senado;
Convênios do CONFAZ;
A função primordial dos convênios do CONFAZ é instituir isenções, incentivos e
benefícios fiscais relativos ao ICMS
Legislação ordinária de cada Estado e DF;

Cabe à LO dispor sobre substituição


tributária, sujeição passiva, obrigação A LEI NACIONAL DE REGULA O ICMS É A LC 87/96,
acessória e penalidades pecuniárias. CONHECIDA COMO “LEI KANDIR”.

O lançamento do tributo ocorre por HOMOLOGAÇÃO.


Classificação do ICMS:

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Tributo Estadual;
Privado;
Não vinculado;
Real;
Indireto;
Ordinário

3.1) Aspecto Material


3.1.1) ICMS sobre operações relativas à circulação de mercadorias
O primeiro aspecto envolve uma operação relativa à circulação de mercadorias, ainda que tais
operações se iniciem no exterior, podendo ser entendida como atos ou negócios jurídicos, em
regra, contratos de compra e venda, que implicam mudança da propriedade das mercadorias
dentro da circulação econômica que as leva da fonte até o consumidor, podendo ser essas
operações internas ou internacionais.
STF: O perfil constitucional do ICMS exige a ocorrência de operação de circulação de
mercadorias – ou serviços – para que ocorra a incidência e, portanto, o tributo não pode ser
cobrado sobre operações apenas porque elas têm por objeto bens, ou nas quais fique
descaracterizada atividade mercantil-comercial.
MERCADORIAS, para fins de incidência, são coisas adquiridas pelos empresários para revenda,
no estado em que as adquiriu, ou transformadas, e ainda aquelas produzidas para venda. No caso
do ICMS Importação, consideram-se mercadorias também as coisas móveis adquiridas para uso
ou consumo próprio.

QUADRO RESUMO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS:


Operações Relativas à Mercadorias para fins de incidência
Circulação
Deve implicar mudança Coisas móveis adquiridas para venda ou revenda.
de propriedade
Em regra, contrato de Produtos Intermediários
compra e venda
Natureza mercantil – Coisas móveis adquiridas para uso ou consumo próprio,
comercial na importação

QUESTIONAMENTOS RELEVANTES:
1) ICMS X ISS
A CF prevê que incidirá ICMS sobre o valor total da operação, quando
mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na competência
tributária dos Municípios.
Em caso de fornecimento simultâneo de mercadorias e serviços, haverá a incidência
apenas do ICMS quando os serviços fornecidos NÃO estiverem comtemplados na lista
de serviços anexa à LC 116/2003 (ISSQN), sendo indispensável que Lei Estadual
instituidora do ICMS possua previsão expressa acerca das operações mistas sobre as
quais incidirá o tributo, sob pena de invalidade da cobrança.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SÚMULA 574 STF: Sem lei estadual que a estabeleça, é ilegítima a cobrança de ICMS
sobre fornecimento de alimentação e bebidas em restaurante ou estabelecimento
similar.

SÚMULA 163 STJ: O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de


serviço em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador
do ICMS a incidir sobre o valor total da operação.
Ainda para operações mistas, incidirá o ISSQN nos casos em que o serviço
prestado estiver incluído na lista anexa da LC 116/2003.

EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO CIVIL COM FORNECIMENTO DE MATERIAL


PRODUZIDO PELO EMPREITEIRO NO LOCAL DA OBRA: Prevalece o entendimento de
que sobre referidas operações NÃO incidirá o ICMS, em virtude da ausência de
circulação de mercadorias apta a caracterizar o FG do tributo. Explica-se: a
produção de concreto NÃO é realizada de forma padronizada, em escala industrial
para revenda, mas com vistas ao interesse específico de cada obra => LOGO,
INCIDE APENAS ISS.

FORNECIMENTO DE FILMES POR MEIO DE FITAS DE VIDEO, DVD E BLU-RAY: Se


venda em escala industrial, incide ICMS; se for serviço prestado especificamente
por encomenda, ISS
- O mesmo entendimento se aplica à confecção de rótulos e etiquetas sob
encomenda:
Súmula 156 STJ: A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob
encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita apenas
ao ISS.

Súmula 662 STF: É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares


de obras cinematográficas, gravadas em fitas de videocassete.
Nas operações mistas, incidirá ICMS sobre a mercadoria fornecida e ISSQN sobre
o serviço prestado.

Operações relativas à circulação de mercadorias: necessária circulação jurídica do


bem
- É imprescindível a circulação jurídica do bem para fins de incidência do ICMS, não
bastando o mero deslocamento físico.
Súmula 573 STF: Não constitui fato gerador do ICMS a saída física de máquinas,
utensílios e implementos a título de comodato.

Deslocamento de bens entre estabelecimentos de um mesmo titular: São as


transferências e NÃO incide ICMS.
- Súmula 166 STJ: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de
mercadorias de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Operações envolvendo bens integrantes do ativo fixo das empresas: NÃO incidirá o
ICMS, por não se estar diante de atividade fim da empresa alienante.
- O ICMS só será devido pela pessoa responsável pela venda dos bens, desde que
seja contribuinte habitual do ICMS.

Operações societárias: NÃO incide ICMS na incorporação de uma sociedade por


outra.

3) Mercadorias para fins de incidência


Para fins de incidência do ICMS, mercadorias são bens móveis adquiridos pelos
comerciantes para a realização de suas finalidades primordiais.
A) Operações envolvendo bens incorpóreos, ainda que adquiridos por transmissão
eletrônica de dados: INCIDE o ICMS, a exemplo das operações de downloads de
softwares.

Incide ICMS, caso em que a cobrança só poderá ocorrer quando os bens fizerem
parte de operação comercial:
Petróleo e seus
derivados; Minerais;
Energia Elétrica;
Combustíveis como álcool e gás natural

Súmula 659 STF: É legítima a cobrança da COFINS, PIS e do FINSOCIAL sobre as


operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de
petróleo, combustíveis e minerais do país.
É ilegítima a cobrança de ICMS sobre água encanada, por se tratar de serviço
público essencial e não mercadoria. Porém, para compra e venda de garrafas de
água mineral, INCIDE O ICMS!

4) Operações de Leasing:
O Leasing é um contrato especial de locação que assegura ao locatário s prerrogativa
de adquirir o bem alugado ao final da avença, pagando o valor residual.
Ao final do contrato, o locador tem as seguintes
opções: Encerrar o contrato;
Renovar o contrato;
Adquirir o bem alugado, pagando o valor residual.
São reconhecidas na doutrina 03 espécies de leasing:
Leasing Operacional: O bem arrendado já é da arrendadora, que apenas aluga
ao arrendatário, sem ter o custo inicial da aquisição do bem. O somatório das
prestações pagas NÃO poderá superar 75% do valor do bem, sendo o valor
residual de aquisição bem elevado.
- Essa espécie se aproxima bastante dos contratos de locação regidos pelas leis
civis, de forma que, SALVO fraudes comprovadas ou exercício de opção de compra,
NÃO estará sujeita nem ao ICMS, por não haver circulação de mercadorias.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Leasing Financeiro: O bem arrendado é adquirido pelo arrendador para ser


utilizado em favor do arrendatário. Na avença, as prestações referentes a aluguel
devem ser suficientes à recuperação do valor despendido pela arrendadora, de
modo que, em sendo exercida a opção de compra final, o valor residual será baixo.
- Aproxima-se dos contratos de financiamento. Não havendo opção de compra,
incidirá ISSQN; se exercida a opção de compra, incide ICMS.
- STJ: Entende que a antecipação do VRG NÃO afeta a intenção das partes =>VIDE
SÚMULA 293 STJ: A COBRANÇA ANTECIPADA DO VALOR RESIDUAL GARANTIDO
(VGR) NÃO DESCARACTERIZA O CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL.

Leasing Back: O bem arrendado, inicialmente de propriedade do arrendatário, é


vendido ao arrendador, a fim de que este possa aluga-lo novamente ao primeiro,
desta feita com opção de compra.
- Há opção de compra com valor residual elevado; -
Aproxima-se dos contratos de locação;
- Não sendo exercida a opção de compra, NÃO incide ICMS e ISSQN; -
Exercida a opção de compra, haverá a incidência do ICMS.

Leasing Internacional: O STJ entendeu que nas operações internacionais de


leasing deve ser aplicada a mesma regra cabível às operações internas de
arrendamento mercantil, ou seja, da incidência de ICMS apenas nos casos de
efetivo exercício da opção de compra.

5) Prestações de Serviços de Transporte interestadual e intermunicipal


Incidirá ICMS sobre as prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores, ainda
que o serviço tenha se iniciado no exterior.
Esse imposto só incide sobre serviços prestados em regime de direito privado (ou
seja, deve haver o frete, não sendo incidente para a entrega, pelo próprio
contribuinte, em veículos de sua propriedade, das mercadorias comercializadas,
bem como NÃO incidirá ICMS o transporte realizado dentro dos limites do
Município, caso em que incide ISSQN.
Correios: Em função da imunidade recíproca, NÃO pagam impostos.

6) Prestação de serviços de comunicação


O ICMS incidirá sobre prestações onerosas de serviços de comunicação por
qualquer meio, inclusive a geração, emissão, recepção, transmissão,
retransmissão, repartição, e ampliação de comunicação de qualquer natureza.
A tributação NÃO recai sobre a tributação em si, mas sobre a relação onerosa
que se estabelece entre o fornecedor dos meios materiais necessários para que a
relação comunicativa possa se estabelecer com o tomador destes serviços.
Haverá incidência de ICMS comunicação na prestação dos
serviços: Telefonia;
Radiodifusão sonora de sons e imagens;
Propaganda, por painéis e outdoors espalhados pela cidade.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Os provedores de acesso à internet NÃO recolherão ICMS comunicação, por não


serem os responsáveis pela disponibilização do suporte material necessário à
realização da comunicação, sendo, em verdade, usuários dos serviços prestados
pelas concessionárias de telefonia. => VIDE SÚMULA 334 STJ: O ICMS NÃO
INCIDE NO SERVIÇO DE PROVEDORES DE ACESSO À INTERNET
-STJ: A prestação de serviços conexos ao de comunicação por meio da telefonia
móvel NÃO se confunde com a prestação da atividade fim, processo de
transmissão (emissão ou recepção) de informação de qualquer natureza, esta
passível de incidência pelo ICMS.

3.2) Aspecto Espacial


As operações relativas à circulação de mercadorias e os serviços de transporte e comunicação
darão ensejo à instituição e cobrança do ICMS independente do lugar específico do território
nacional em que ocorram, razão pela qual se costuma falar em tributo de competência estadual
com características de tributo nacional. As operações poderão:
Limitar-se ao território de determinado Município ou Estado => “Operações
Internas”; Ultrapassar os limites do Estado => “Operações Externas”.
Ter origem em outro país => “Operações Internacionais”
25% da arrecadação do ICMS pertencerá aos Municípios, conforme os seguintes critérios:
¾, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação de
mercadorias e nas prestações de serviços realizadas em seus territórios;
Até ¼ de acordo com o que dispuser a lei estadual.
Tratando-se de OPERAÇÃO ENVOLVENDO MERCADORIAS OU BENS, o local de operação, para
cobrança do ICMS e definição do estabelecimento responsável, será o do estabelecimento onde
se encontre, no momento da ocorrência do fato gerador, ou seja, o estabelecimento de saída –
ou entrada, nas situações discriminadas na lei – das mercadorias.
OPERAÇÕES INTERESTADUAIS COM ENERGIA ELÉTRICA, PETRÓLEO, LUBRIFICANTES E
COMBUSTÍVEIS DELE DERIVADOS, quando NÃO destinados à industrialização ou à
comercialização, considerar-se-ão realizados no Estado onde estiver localizado o adquirente,
inclusive consumidor final.
STJ: Havendo a extração de minerais dos subsolos de 02 Municípios, considerar-se-á como
local do fato gerador aquele em que situada a “boca da mina”

3.3) Aspecto Temporal


Em regra, considera-se ocorrida a operação relativa à circulação de mercadoria no momento da
saída da mercadoria do estabelecimento do contribuinte do imposto.
Nos termos da LC 87/96, considera-se ocorrido o FG também no momento:
Da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a
mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente;
Do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços;
Do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior =>VIDE
SÚMULA 661 STF: Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a
cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Para operações interestaduais com lubrificantes líquidos e gasosos derivados do petróleo


e com energia elétrica, quando não destinados à comercialização, considerar-se-á ocorrida
a operação no momento da entrada dos referidos bens no território do Estado;
Na prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, tem-se como
momento da ocorrência da obrigação o do início da prestação;
Para transportes iniciados no exterior, considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no
momento do ato final do transporte.
Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS Comunicação no momento da prestação
onerosa do mencionado serviço.

3.4) Aspecto Subjetivo


A) Sujeito Ativo
Em regra, será o Estado em que realizada a operação relativa à circulação de mercadoria ou em
que prestados os serviços de transporte e comunicação.
Para arrematação de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou
abandonados, será sujeito ativo o Estado no qual celebrada a licitação.
ATENÇÃO À EC 87/2015:

COMENTÁRIOS SOBRE A EC 87/2015 – DIZER O


DIREITO1 RESUMO DAS REGRAS EXISTENTES APÓS A EC 87/2015:
SITUAÇÃO ALÍQUOTAS QUEM FICA COM O ICMS?
APLICÁVEIS
1) quando a pessoa tiver Duas: Os dois Estados.
adquirido o1º) alíquota* O Estado de origem fica com o valor
produto/serviço comointerestadual; obtido com a alíquota interestadual.
consumidor final e for2º) diferença entre a* O Estado de destino fica com o valor
contribuinte do ICMS. alíquota interna e aobtido com a diferença entre a sua
interestadual. alíquota interna e a alíquota
interestadual.

Obs.: o adquirente (destinatário) do


produto ou serviço é quem deverá
fazer o recolhimento do imposto
correspondente à diferença entre a
alíquota interna e a interestadual.
2) quando o adquirente Duas: Os dois Estados.
for consumidor final da1º) alíquota* O Estado de origem fica com o valor
mercadoria comprada einterestadual; obtido com a alíquota interestadual.
não for contribuinte do2º) diferença entre a* O Estado de destino fica com o valor
ICMS. alíquota interna e aobtido com a diferença entre a sua
interestadual. alíquota interna e a alíquota
interestadual. Vale ressaltar, no

1 Disponível em http://www.dizerodireito.com.br/2015/04/comentarios-nova-ec-872015-icms-do.html

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

entanto, que, até 2019, o Estado de


destino irá dividir esse valor como
Estado de origem em uma tabela de
transição prevista no art. 99 do ADCT.

Obs.: o remetente do produto ou


serviço é quem deverá fazer o
recolhimento do imposto
correspondente à diferença entre a
alíquota interna e a interestadual.
quando o adquirenteInterestadual Estado de origem.
não for o consumidor Aplica-se a alíquota interestadual,
final do produto mas o valor ficará todo com o Estado
adquirido. de origem.

QUADRO-COMPARATIVO:
Redação anterior à EC 87/2015 Redação dada pela EC 87/2015

Art. 155 (...) Art. 155 (...)

2º O imposto previsto no inciso II § 2º O imposto previsto no inciso


(ICMS)atenderá ao seguinte: II (ICMS)atenderá ao seguinte:

VII - em relação às operações e VII - nas operações e prestações que


prestações que destinem bens e destinem bens e serviços a consumidor
serviços a consumidor final localizado final, contribuinte ou não do imposto,
em outro Estado, adotar-se-á: localizado em outro Estado, adotar-se-
a alíquota interestadual, quando o á a alíquota interestadual e caberá ao
destinatário for contribuinte do Estado de localização do destinatário o
imposto; (regra aplicável à SITUAÇÃO imposto correspondente à diferença
1) entre a alíquota interna do Estado
destinatário e a alíquota interestadual;
a alíquota interna, quando o
destinatário não for contribuinte (revogada);
dele; (regra que era aplicável à (revogada);
SITUAÇÃO 2)

VIII - na hipótese da alínea "a" do VIII - a responsabilidade pelo


inciso anterior, caberá ao Estado da recolhimento do imposto
localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a
correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de
alíquota interna e a interestadual; que trata o inciso VII será atribuída:

ao destinatário, quando este for


contribuinte do imposto;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

b) ao remetente, quando o destinatário


não for contribuinte do imposto;

PRODUÇÃO DE EFEITOS
Segundo o art. 3º, a EC 87/2015 entra em vigor na data de sua publicação, mas só
começa a produzir efeitos em 2016.
Com isso, o inciso I do art. 99 do ADCT, acrescentado pela EC 87/2015, é inócuo
porque fala em 2015, mas neste ano as novas regras acima explicadas ainda não
estão produzindo efeitos.

II) IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS, BENS E SERVIÇOS


-Com a EC 33/01, a incidência do ICMS passou a se dar sobre a entrada de bem ou mercadoria
importados do exterior promovida tanto por pessoa judicias quanto por pessoas físicas, ainda que
não contribuintes habituais do imposto, cabendo o tributo ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria ou bem.
Com isso, começou a se questionar qual Estado seria o competente para a instituição e
arrecadação do tributo (Sujeito Ativo). Nesse diapasão, embora a LC 87/96 estabeleça como lugar
da operação o estabelecimento onde ocorrer a entrada física da mercadoria, os Tribunais vêm
considerando que o sujeito ativo da relação jurídico-tributária do ICMS é o Estado onde estiver
situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário jurídico da mercadoria, pouco
importando se o desembaraço aduaneiro ocorreu por meio de ente federativo diverso. Ou seja,
na importação o ICMS deverá ser recolhido ao Estado em que sediado o importado, ou seja, o
verdadeiro beneficiário da operação ou prestação.
De qualquer forma, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro (VIDE
SÚMULA 661 STF), embora a arrecadação seja destinada ao Estado do destinatário jurídico da
operação.

B) Sujeito Passivo
O contribuinte do ICMS é qualquer pessoa física ou jurídica que realize, com habitualidade ou
em volume que caracterize o intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que
as operações tenham se iniciado no exterior.
O comerciante só é contribuinte do tributo quanto a sua atividade-fim.
STF: A alienação de salvados configura atividade integrante das operações de seguros e não tem
natureza de circulação de mercadoria para fins de incidência do ICMS. =>VIDE SÚMULA
VINCULANTE 32: O ICMS NÃO incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.
Note que, em se tratando de operações de venda de restos de carros em sucatas e ferros-
velhos, atividade habitual, INCIDE ICMS!
Embora não se tratem de contribuintes habituais, ainda assim será sujeito passivo aqueles
que: Importam mercadorias ou bens do exterior;
Adquirem em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados;

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Adquirem lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia


elétrica oriundos de outro Estado, quando ainda não destinados à comercialização ou à
industrialização.
Nos serviços de comunicação prestados sob a modalidade de roaming, o sujeito passivo do
imposto será a empresa de telefonia que efetivamente viabilizar a chamada telefônica, ou seja,
a operadora com cobertura na área de onde partiu a ligação pelo usuário do sistema.

I) Contribuinte de Fato x Contribuinte de Direito


Por ser o ICMS imposto indireto, surge a figura do contribuinte de fato e de direito.
Contribuinte de fato: É aquele que suporta os encargos econômicos e financeiros
do tributo;
Contribuinte de Direito: É a pessoa responsável pelo recolhimento do tributo.
Em operação de compra e venda de mercadoria, como o valor do ICMS está embutido no preço
cobrado, será contribuinte legal do imposto o comerciante, e o contribuinte de fato será a pessoa
adquirente da referida mercadoria.
Entende a jurisprudência que apenas o contribuinte de direito tem legitimidade para postular,
junto ao Estado, a restituição do ICMS pago indevidamente.

II) Substituição Tributária


São sujeitos passivos do ICMS também os chamados substitutos tributários, os quais, embora
não possuam relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação, respondem pelo débito
em virtude de expressa disposição de lei (responsáveis tributários).
A CF estabelece que o regramento alusivo à substituição tributária deve ficar a cargo de Lei
Complementar.
O regime de substituição objetiva permitir a diminuição da máquina fiscal e evasão fiscal.
Modalidade de substituição tributária:
Para Trás ou regressiva: Quando o responsável pelo pagamento do tributo substitui as
pessoas que tenham realizado, em momento anterior da cadeia econômica, o fato imponível;
Para frente ou progressiva (= capilaridade): Quando o responsável pelo recolhimento do
tributo faz o pagamento do ICMS alusivo a uma operação que ainda está por vir. É comum
nas operações que envolvem combustíveis derivados do petróleo, de modo que as
distribuidoras e postos de gasolina são substituídos no dever de pagar ICMS. Segundo a
CF: fica assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se
realize o fato gerador presumido.

Atenção: O STF decidiu, no julgamento da ADI 2675/PE, que é devida a restituição da diferença do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago a mais, no regime de substituição
2
tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida .

3.5) Aspecto Quantitativo


Sacha Calmon: No caso do ICMS, além da base de cálculo, o modo de apurar o
quantumdebeatur final implica no princípio da não-cumulatividade.
2
Para aprofundamento do tema, recomendamos a leitura do informativo 844 do STF:
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/12/info-844-stf.pdf

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

A) Base de cálculo
CF: A base de cálculo do ICMS é o valor da operação relativa à circulação de mercadorias ou das
prestações dos serviços de transporte e comunicação.
Nas operações de fornecimento simultâneo de bens e serviços NÃO sujeitos ao ISSQN
municipal, a base de cálculo será o valor total do negócio, compreendendo mercadoria e serviço.

QUESTÕES RELEVANTES – BASE DE CÁLCULO ICMS:


1) ICMS POR DENTRO:
CF: Cabe à LC fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a
integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço =>
Menção do ICMS por dentro.
O ICMS por dentro nada mais é do que o fato de a base de cálculo do ICMS
corresponder ao valor da operação somado ao próprio tributo.
Ex: mercadoria de R$ 100,00 com alíquota de 17%. No ICMS por dentro, a alíquota
incidirá sobre o preço da mercadoria (100) + R$ 17,00, ou seja, será no montante
de R$ 19,89.
STF: Já se manifestou favorável sobre o tema, entendendo que NÃO ofende o
princípio da não-cumulatividade.

2) DESCONTOS CONDICIONADOS E INCONDICIONADOS E BONIFICAÇÕES


A LC 87/96 prevê que a base de cálculo do ICMS é integrada também pelos
descontos concedidos sob condição (descontos concedidos em eventos futuros e
incertos). Exemplo de descontos condicionados: concedidos aos clientes que
efetuarem o pagamento do negócio antes do prazo combinado.
Nos descontos incondicionados, aqueles concedidos independente do
cumprimento de qualquer condição, os valores NÃO integrarão a base de cálculo
do ICMS, pois não fazem parte do valor da operação da qual decorre a saída da
mercadoria. => VIDE SÚMULA 459 STJ: Os descontos incondicionais nas operações
mercantis NÃO se incluem na base de cálculo do ICMS.
NÃO integrarão a base de cálculo outros elementos estranhos à operação
mercantil realizada.

3) PAUTA FISCAL
Sobretudo nos casos de substituição tributária, é extremamente difícil a realização
do cálculo do montante a ser pago a título de ICMS, por não se saber precisamente o
valor da operação tributada no momento do recolhimento do tributo.
A LC 87/96 trouxe alguns subsídios para a fixação do preço em determinadas
operações. Todavia, NÃO se admite a fixação prévia de valores pela Administração
sem considerar as peculiaridades de cada caso =>PAUTA FISCAL =>VIDE SÚMULA
431 STJ: É ilegal a cobrança do ICMS com base no valor da mercadoria submetido ao
regime de pauta fiscal.
Note: Desde que amparada nos critérios legalmente estabelecidos, poderá a
Administração estabelecer de maneira antecipada o valor das operações ainda
não ocorridas =>REFERÊNCIA FISCAL, em oposição à pauta fiscal.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

OPERAÇÕES COM ENERGIA ELÉTRICA: DEMANDA CONTRATADA X ENERGIA


EFETIVAMENTE UTILIZADA
- A jurisprudência pacificou o entendimento de que o ICMS NÃO incidirá sobre
demanda de potência contratada nos casos em que não existir o efetivo consumo
da mercadoria =>VIDE SÚMULA 391 STJ: O ICMS incide sobre o valor da tarifa de
energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.

VENDAS A PRAZO E OPERAÇÕES COM CARTÕES DE CRÉDITO


Nas OPERAÇÕES DE VENDAS A PRAZO (vendas parceladas, sem intermédio de
instituição financeira), a base de cálculo do ICMS será o valor total do negócio,
constante da nota fiscal, de modo que havendo acréscimo ao preço final, haverá
aumentos do ICMS. =>VIDE SÚMULA 395 STJ: O ICMS incide sobre o valor das
vendas a prazo constante da nota fiscal.
Nas OPERAÇÕES FINANCIADAS, VIA DE REGRA COM CARTÃO DE CRÉDITO (com
intermediação de instituição financeira), NÃO há acréscimo na nota fiscal, e o
ICMS incidirá sobre o preço final alterado.

Alíquota
A Lei Kandir quase nada dispõe sobre a alíquota.
O estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de
exportação dependem de resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República
ou de 1/3 dos senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros.

ESQUEMA – ALÍQUOTAS ICMS – OPERAÇÕES INTERNAS:

Alíquota Iniciativa Aprovação


Mínima 1/3 Maioria Absoluta
Máxima Maioria Absoluta 2/3

As alíquotas do ICMS Monofásico, incidentes sobre combustíveis e lubrificantes, NÃO terão seus
limites fixados por Resolução do Senado, mas por deliberação dos Estados e DF.

C) NÃO CUMULATIVIDADE
A apuração do valor devido a título de ICMS depende, além da alíquota e base de cálculo, do
regime de débitos e créditos estabelecidos na CF/88 =>Princípio da não cumulatividade, com o
objetivo de neutralizar os efeitos das múltiplas incidências tributárias, de forma que, ao final, o
tributo cobrado seja sempre equivalente, independente do número de operações.
Logo, a não cumulatividade é uma fórmula de apuração que evita a “INCIDÊNCIA EM CASCATA”.
Apenas as mercadorias adquiridas para integrar o ciclo produtivo da mercadoria final darão
ensejo ao creditamento de ICMS, enquanto no CRÉDITO FINANCEIRO TODA e qualquer entrada
enseja creditamento do ICMS.

Vejamos o quadro resumo:

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ISENÇÃO NÃO INCIDÊNCIA IMUNIDADE


Não dá ao Não dá ao adquirente Dá ao adquirente direito a crédito.
adquirente direito a crédito.
direito a crédito.
Anulação de Anulação dos créditos Manutenção dos créditos relativos
créditos relativos relativos às operações às operações anteriores.
às operações anteriores.
anteriores.

3.6) Imunidades e Isenções


A) IMUNIDADES
- Aplicam-se ao ICMS, além das imunidades genéricas, algumas específicas:

I – Imunidades nas exportações


O ICMS NÃO incidirá sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários do exterior.
STF: A imunidade do ICMS relativa à exportação de produtos industrializados abrange todas as
operações que contribuíram para a exportação, independente da natureza da moeda empregada.

II – Imunidades nas operações interestaduais com petróleo e derivados de energia elétrica


NÃO haverá imunidade nas operações envolvendo sacos de matéria plástica, ainda que derivado
do petróleo.
A regra objetiva assegurar que o imposto arrecadado nas operações fique com os Estados
consumidores.
Mesmo nas operações de aquisição direta de energia elétrica ou petróleo por consumidor
localizado em outro Estado, NÃO terá direito o Estado produtor ao produto da arrecadação do
ICMS. Caberá ao FISCO do Estado de destino do ICMS referente à operação, tudo em uma
alíquota aplicável às operações internas do ente consumidor.

– Demais imunidades: Ouro, Serviços gratuitos de comunicação e operação com


minerais - O único imposto passível de incidência sobre tais produtos será o IOF-Ouro.

B) ISENÇÕES
Cabe a LC regular como as isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados. Ademais, a concessão de isenção dependerá de decisão unânime dos Estados, para
evitar a guerra fiscal.
Os convênios, celebrados nos moldes da lei, deverão obrigatoriamente ser ratificados por
decreto expedido pelo poder executivo de cada uma das unidades da federação, sob pena de
rejeição e ineficácia dos benefícios anteriormente aprovados.
STJ: Caso determinado Estado conceda benefício unilateral relacionado ao ICMS, sem prévia
deliberação dos demais Estados e DF, NÃO poderá o ente prejudicado:
Desconsiderar a operação e autuar o sujeito passivo beneficiário => Restará ao
prejudicado ajuizar ADIN;
Também conceder unilateralmente incentivos fiscais.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Apenas em casos excepcionais, o STF tem aceitado a concessão unilateral por Estados e DF de
incentivos fiscais, se o benefício não for apto a desencadear guerra fiscal entre os Estados.
A concessão de isenção, salvo disposição em contrário, NÃO implicará crédito para
compensação com o montante devido nas operações ou nas prestações seguintes. Além disso,
acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores.
“DRIBLE”: São situações de benefícios disfarçados do ICMS concedidos pelos diversos entes da
Federação.
É vedado à União instituir isenções heterônomas. Porém, tem-se admitido a concessão de
isenção de tributos estaduais e municipais por acordos e tratados internacionais, caso em que a
União atua como mera representante da República Federativa do Brasil =>VIDE SÚMULA 575 STF:
À mercadoria importada de país signatário do GATT, ou membro da ALALC, estende-se a
isenção do imposto sobre circulação mercadorias concedidas a similar nacional.

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 140 - 206 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

PÁGINAS 487 A 514

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 15 (+++)

O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono
utilizado para se atingir o salário mínimo.

SÚMULA VINCULANTE 16 (+++)

Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da


remuneração percebida pelo servidor público.

SÚMULA VINCULANTE 17 (+++)

Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de
mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

SÚMULA VINCULANTE 18 (+)

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a


inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

SÚMULA VINCULANTE 19 (+++)

A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento
ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal.

SÚMULA VINCULANTE 20 (+)

A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa - GDATA, instituída pela Lei


nº 10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete
vírgula cinco) pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º,
parágrafo único, da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos
efeitos do último ciclo de avaliação a que se refere o artigo 1º da Medida Provisória no
198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos.

SÚMULA VINCULANTE 21 (+++)

inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para


admissibilidade de recurso administrativo.

SÚMULA VINCULANTE 22 (+++)

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos
morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra
empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau
quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

SÚMULA DO STF TODO DIA

SÚMULA Nº 214

A DURAÇÃO LEGAL DA HORA DE SERVIÇO NOTURNO (52 MINUTOS E 30 SEGUNDOS) CONSTITUI


VANTAGEM SUPLEMENTAR QUE NÃO DISPENSA O SALÁRIO ADICIONAL.

SÚMULA Nº 225

NÃO É ABSOLUTO O VALOR PROBATÓRIO DAS ANOTAÇÕES DA CARTEIRA PROFISSIONAL.

Súmula nº 12 do TST

CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003


As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção "juris
et de jure", mas apenas "juris tantum".

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SÚMULA DO STJ TODO DIA

Súmula 353 - As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às contribuições para o FGTS.
(Súmula 353, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/06/2008, DJe 19/06/2008)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

AÇÃO ACIDENTÁRIA

Súmula 89 - A ação acidentária prescinde do exaurimento da via administrativa. (Súmula 89, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 21/10/1993, DJ 17/02/1995)

Súmula 226 - O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda
que o segurado esteja assistido por advogado. (Súmula 226, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/08/1999, DJ
01/10/1999)

SÚMULAS E OJ´S DO TST TODO DIA

Súmula nº 443 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. PRESUNÇÃO. EMPREGADO PORTADOR DE DOENÇA GRAVE. ESTIGMA OU


PRECONCEITO. DIREITO À REINTEGRAÇÃO - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave
que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego.

Súmula nº 444 do TST – Impactada pela Reforma Trabalhista

JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25, 26 e27.09.2012 - republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-
504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012

valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso,
prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de
trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao
pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 59-A DA CLT

“Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo
individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de
doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os
intervalos para repouso e alimentação.
Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os
pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e SERÃO
considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que
tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73 desta Consolidação.”

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Súmula nº 451 do TST – Não impactada pela Reforma Trabalhista

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS
LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 390 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014

Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que
condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de
trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual
antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados, pois o ex-
empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 611-A DA

CLT TEMA CORRELATO

“Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando,
entre outros, dispuserem sobre:

XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.

SDI 1 – OJ 62 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

PREQUESTIONAMENTO. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE EM APELO DE NATUREZA EXTRAORDINÁRIA.


NECESSIDADE, AINDA QUE SE TRATE DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA (republicada em decorrência de erro
material) - DEJT divulgado em 23, 24 e 25.11.2010

necessário o prequestionamento como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza


extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta.

SDI 1 – OJ 82 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

AVISO PRÉVIO. BAIXA NA CTPS (inserida em 28.04.1997)

A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que
indenizado.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 477 DA CLT

TEMA CORRELATO

“Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador DEVERÁ proceder à anotação na Carteira
de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento
das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 611-B DA CLT


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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

“Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho,
exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:

XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

SDI 1 – OJ 92 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIOS. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA (inserida em 30.05.1997)

Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se
pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador.

SDI 1 – OJ 142 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITO MODIFICATIVO. VISTA À PARTE CONTRÁRIA. (inserido o item II à


redação) – Res. 178/2012, DEJT divulgado em 13, 14 e 15.02.2012

passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração com efeito modificativo sem que seja
concedida oportunidade de manifestação prévia à parte contrária.

SDI 1 – OJ 175 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

COMISSÕES. ALTERAÇÃO OU SUPRESSÃO. PRESCRIÇÃO TOTAL (nova redação em decorrência da


incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 248 da SBDI-1) - DJ 22.11.2005

A supressão das comissões, ou a alteração quanto à forma ou ao percentual, em prejuízo do empregado, é


suscetível de operar a prescrição total da ação, nos termos da Súmula nº 294 do TST, em virtude de cuidar-
se de parcela não assegurada por preceito de lei.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 11 DA CLT

TEMA CORRELATO

“Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. I -
(revogado);
- (revogado).
.....................................................................................
o
§ 2 Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou
descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também
assegurado por preceito de lei.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

o
3 A interrupção da prescrição SOMENTE ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, MESMO
que em juízo incompetente, AINDA que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos
apenas em relação aos pedidos idênticos.” (NR)

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 11-A DA CLT

“Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos.
o
1 A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir
determinação judicial no curso da execução.
2ºA declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer
grau de jurisdição.”

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

DIAS 21 E 22

DISCIPLINA
PROCESSO CIVIL:

17.11 Sentença e coisa julgada. 18 Procedimentos Especiais. 24 Mandado de


segurança INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Manual de Direito Processual Civil – Vol. Único: Daniel Amorim Assumpção Neves.

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/4e8308241f130df48edf97
d63854d8bd.pdf

CAPÍTULOS: 23, 25, 28 e 53 (Item 53.2)

Direito Processual Civil Esquematizado - 8ª Ed. 2017. Marcus Vinicius Rios Gonçalves Livro

7, Capítulo 5 (Itens 1 e 2), Livro VIII, Capítulo 1 (Item 7) e Livro 9, Capítulo 5 (Item 7)

Fazenda Pública em Juízo: Leonardo José Carneiro da Cunha

http://www.mktgen.com.br/FOR/Sumario/9788530973254_SUM.pdf

CAPÍTULOS: 12 e 14

Poder Público em Juízo para Concursos - Guilherme Freire de Melo

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/20faa24fdf6e2d8cead4b1
b9a0f96422.pdf

CAPÍTULOS: 10 e 14

RESUMO DO DIA

PROCESSO CIVIL:

17.11 Sentença e coisa julgada. 18 Procedimentos Especiais. 24 Mandado de

segurança Da sentença e da coisa julgada.

SENTENÇA
Conceito: Segundo o art. 203, do NCPC, a sentença é pronunciamento pelo qual o juiz, com
fundamento nos arts. 485 e 487, do NCPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum,
bem como extingue a execução. Há, portanto, uma opção do legislador em criar um conceito
híbrido de sentença, que considera tanto o conteúdo quanto o efeito da decisão.
73
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

2. Classificação das sentenças – Teoria ternária e quinária

Teoria Ternária Teoria Quinária


Defendida por corrente doutrinária que segue Defendida por corrente doutrinária que segue
as lições de Liebman as lições de Pontes de Miranda
Espécies: Espécies:
Sentença meramente declaratória; Sentença meramente declaratória;
Constitutiva; Constitutiva;
Condenatória. Condenatória;
Executivas lato sensu;
Mandamentais.

Meramente declaratórias: O conteúdo é uma declaração de existência, inexistência ou


modo de ser. Para que exista interesse processual na obtenção de sentença meramente
declaratória, é necessária crise de incerteza que, se não resolvida, possa provocar dano ao
autor.
Os efeitos da sentença meramente declaratória são ex tunc, considerando-se que a declaração
somente confirma jurisdicionalmente o que já existia. No entanto, é possível a modulação dos
efeitos (lembrar da modulação em controle de inconstitucionalidade).
Constitutiva: O conteúdo é a criação, extinção ou modificação de uma relação jurídica,
enquanto o efeito é a alteração da situação jurídica, com a criação de uma situação
jurídica diferente da existente antes de sua prolação, com todas as consequências
advindas dessa alteração.
Será necessária a sentença constitutiva sempre que a única forma de obter a alteração da
situação jurídica pretendida pelas partes for por meio de intervenção jurisdicional, situação que
dispensa o conflito de interesse entre as partes.
Tem efeitos ex nunc, pois é a partir da sentença que a situação jurídica será efetivamente
alterada. Ex: Anulação de casamento.
Condenatória: Além da declaração de existência de direito material, é a imputação ao réu do
cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa,
com o objetivo de resolver crise jurídica de inadimplemento. O efeito é a criação de um título
executivo, o que permitirá a prática de atos executivos voltados ao efetivo cumprimento.
Executiva lato sensu: Parcela da doutrina entende que é assim denominada porque
dispensa o processo de execução subsequente para ser satisfeita, tratando-a como uma
sentença autoexecutável.
Na sentença condenatória, o direito é de crédito; na sentença executiva, o direito é
real, buscando-se a retomada da coisa que está injustamente no patrimônio do
executado; A complexidade da fase de satisfação do direito não existe na sentença
executiva. A sentença executiva lato sensu se realiza pelos meios executivos que o juiz
entender adequados ao caso concreto.
Sentença mandamental: Caracterizada pela existência de ordem do juiz, dirigida à pessoa
ou órgão, para que faça ou deixe de fazer algo, não se limitando à condenação do réu.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Classificação da sentença quanto à resolução do mérito:


Sentenças terminativas: NÃO resolvem o mérito. Art. 485, do NCPC;
Sentenças definitivas: Resolvem o mérito. Art. 487, do NCPC.

Elementos da sentença:
Relatório: Resumo da demanda, no qual o juiz indicará as partes, resumo do pedido e da
defesa, descrição dos principais atos praticados no processo. É possível que o juiz não faça o
relatório nos juizados especiais, em que é dispensado.
Relatório per relationem: O juiz se reporta a relatório realizado em outra demanda, o que é
possível nas sentenças de demandas conexas, por exemplo.
Fundamentação: O juiz deve enfrentar todas as questões de fato e de direito que sejam
relevantes para a solução da demanda, justificando a conclusão a que chegará no dispositivo.
Dispositivo: É a conclusão decisória da sentença, representando o comando da decisão.. É
a parte da sentença responsável pelos efeitos da decisão.
A ausência de dispositivo gera a inexistência jurídica de ato judicial. E em sendo ienxistência
jurídica, é admissível a alegação do vício até mesmo após o trânsito em julgado da decisão, por
ação meramente declaratória.

Princípio da congruência: Conforme art. 492, do NCPC, o juiz não pode conceder diferente ou
a mais do que for pedido pelo autor. Esse princípio é fundamentado no princípio da inércia da
jurisdição e contraditório. Exceções ao princípio da congruência:
Pedidos implícitos;
Concessão de tutela diferente da que foi pedida, a exemplo das ações possessórias e
cautelares;
Nas demandas que tenham como objeto uma obrigação de fazer ou não fazer, desde que
gere resultado prático equivalente ao do adimplemento da obrigação.

Sentença extra, ultra e citra petita


Sentença extra petita: Sentença que concede algo diferente do que foi pedido pelo autor.
Proferida sentença extra petita, é cabível apelação, pleiteando a anulação da sentença,
fundada em error in procedendo intrínseco. É possível o julgamento imediato do mérito da
ação pelo tribunal que anula a sentença por ela não ser congruente com os limites do
pedido ou a causa de pedir;
Sentença ultra petita: O juiz, embora conceda a tutela jurisdicional pedida, extrapola a
quantidade indicada pelo autor. O recurso cabível é a apelação, devendo ser aplicada a
teoria dos capítulos de sentença, para só anular a parte excedente, mantendo-se a
sentença até os limites da determinação do pedido.
Sentença citra petita: A sentença fica aquém do pedido do autor ou deixa de enfrentar e
decidir causa de pedir ou alegação de defesa apresentada pelo réu, ou ainda decisão que
não resolve a demanda para todos os sujeitos processuais. É possível recorrer por
embargos de declaração ou recurso de apelação.

Modificação da sentença pelo juiz sentenciante: Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:
Para corrigir inexatidões materiais;

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Para retificar erros de cálculo;


No julgamento de embargos de declaração.

Capítulos de sentença: São as partes em que ideologicamente se decompõe o decisório de


uma decisão judicial, cada uma delas contendo o julgamento de uma pretensão distinta. A divisão
pode se dar da seguinte forma, por exemplo:
Capítulo referente aos pressupostos processuais de admissibilidade do juglamento de
mérito; Diferentes capítulos decidindo no mérito diferentes pedidos;
Capítulos referentes ao custo financeiro do processo.
- Se houver cumulação de pedidos, para cada um haverá um capítulo na decisão.

COISA JULGADA

Conceito: É qualidade da sentença que torna seus efeitos imutáveis e indiscutíveis.

Coisa julgada formal e material


Coisa julgada formal: Fenômeno endoprocessual de impedir a modificação da decisão por
qualquer meio processual dentro do processo em que a decisão foi proferida.
Coisa julgada material: Impossibilidade de alterar o desconsiderar a decisão em outros
processos, tornando a decisão imutável e indiscutível além dos limites do processo em
que foi proferida.

Limites objetivos da coisa julgada: O art. 504 do NCPC prevê que apenas o dispositivo torna-se
imutável e indiscutível em razão da coisa julgada material, prevendo que não fazem coisa julgada:
Os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da
sentença;
Verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
Art. 503, §1º, I, NCPC: A resolução de questão prejudicial só faz coisa julgada se dessa resolução
depender o julgamento do mérito.

Limites subjetivos da coisa julgada: As partes, inclusive o Ministério Público quando participa
do processo como fiscal da ordem jurídica, estão vinculadas à coisa julgada, os terceiros sofrem
aos efeitos jurídicos da decisão, enquanto terceiros desinteressados sofrem os efeitos naturais da
sentença, sendo que em regra nenhuma espécie de terceiro suporta a coisa julgada material.

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.

Coisa julgada nas relações jurídicas de trato sucessivo: O art. 505, I, do NCPC, prevê a
possibilidade de pedido de revisão do instituído na sentença, na hipótese de modificação
superveniente do estado de fato ou de direito, sempre que a sentença resolver relação jurídica de
trato continuado, a exemplo de ações de alimentos e revisionais de aluguel. Essa espécie de
sentença transita em julgado e produz coisa julgada formal. A discussão é quanto à formação de
coisa julgada material, existindo algumas correntes:
1ª Corrente: O art. 505, I, NCPC afasta a coisa julgada material das sentenças que envolvem
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

relações jurídicas de trato continuado (minoritária);


2ª Corrente: Há uma coisa julgada material especial, gerada por uma sentença de mérito
que contém implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, ou seja, a imutabilidade da
decisão estaria condicionada à manutenção da situação de fato e de direito;
3ª Corrente: Ocorre coisa julgada material como em qualquer outra sentença. Mas a
possibilidade de revisão é permitida tão somente em razão da modificação da causa de
pedir (majoritária).

Relativização da coisa julgada: É defendida por parcela da doutrina e há duas formas de


relativização:
Coisa julgada inconstitucional: Pretende se afastar a coisa julgada de sentenças de mérito
transitadas em julgado que tenham como fundamento norma declarada inconstitucional
pelo STF;
Coisa julgada injusta inconstitucional: Pretende afastar a imutabilidade da própria coisa
julgada às sentenças que produzam extrema injustiça, em afronta a valores constitucionais
do Estado democrático de direito.

Coisa julgada total e parcial: Havendo na sentença vários capítulos, a parte sucumbente
poderá optar em seu recurso por impugnar todos eles ou somente alguns.
- Para parte da doutrina, sendo os capítulos autônomos e independentes, a impugnação de
somente alguns deles fazem com que os não impugnados transitem em julgado. Sendo capítulos
de mérito, com o trânsito em julgado produzirão coisa julgada material, de forma que essa
corrente doutrinária entende possível que a coisa julgada se forme de maneira fragmentada. O
STF já acolheu essa tese em alguns julgados (coisa julgada parcial).
- O STJ rejeita a tese, ao entender que o trânsito em julgado só ocorre após o julgamento do
último recurso interposto, independente do âmbito de devolução desses recurso ou dos
anteriores, para evitar o inconveniente de vários trânsitos em julgado ao mesmo tempo.

Ações possessórias.

GENERALIDADES

Para poder diferenciar as ações possessórias das demais, é necessário ter uma noção muito clara da
distinção que existe entre três institutos intimamente ligados ao direito real, que são os seguintes:

 Instituto da Propriedade
Instituto da Posse
Instituto da Detenção

1.1. Propriedade – Art. 1.228, do Código Civil

Propriedade, de acordo com o nosso sistema é direito. Propriedade é título, é papel, é


documento. E essa ideia de propriedade como papel, como título, como documento é
fundamental para se entender o conceito de propriedade.

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Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la
do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

Perceba que a propriedade tem um valor maior. A propriedade tem um valor maior do que a
posse tanto que o Código Civil estipula que é plenamente possível que o proprietário possa rever
a posse de quem injustamente a possua.

Proprietário do imóvel é quem tem a escritura, o proprietário do imóvel. Proprietário do carro é


quem tem, em princípio, o nome no documento de transferência do carro.

1.2. Posse – Art. 1.196, do Código Civil

Sem prejuízo da propriedade, nosso código, na esteira de outras legislações também contempla
um fenômeno chamado posse no art. 1.196, do Código Civil. E, diferentemente do direito de
propriedade, que é um título, um documento, a doutrina vê com várias críticas, diga-se de
passagem, a posse como um fato.

Há grande problema em definir o que é posse, mas o art. 1.196 tentou fazer isso de forma
razoável, com a preocupação de dizer que se trata de um fato.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade (usar, gozar, dispor, reivindicar de quem injustamente
a detenha).

Posse seria o poder de fato, não de direito, que tem a pessoa de ou usar ou gozar ou dispor ou todos
eles ao mesmo tempo. O possuidor, portanto, consolida uma situação de fato. E é fundamental que se
compreenda o conceito de posse a partir de uma discussão, que é uma discussão própria de direito
civil (daí eu não aprofundar esse tema) entre dois autores, Ihering e Savigny (no século XIX). Eles
discutiram o conceito de posse a partir do direito romano, fazendo surgir duas grandes correntes:

Teoria Subjetiva da Posse (Savigny) – Você só seria possuidor se tivesse dois elementos: corpus e
animus, ou seja, animus como o poder de fato sobre a coisa e tivesse o animus, que é a vontade de se
comportar como se fosse dono da coisa. A posse seria composta, pois, por esses dois elementos.

Teoria Objetiva da Posse (Rudolf Ihering) – É a teoria dominante no Brasil. Ihering colocava como
único elemento revelador da posse o animus e Ihering dizia ainda o seguinte: é só o animus porque
não há necessidade de intenção, vez que o que determina a posse é a visibilidade do domínio advinda
da destinação econômica da coisa. Essa foi a teoria adotada pelo nosso sistema. O art. 1.196 ele não
usa, em nenhum momento, a palavra intenção. Ele simplesmente fala que possuidor é aquele que
tem, de fato, o exercício pleno ou não de alguns dos poderes inerentes à propriedade.

Então, é graças a essa concepção objetiva da posse, que não depende do animus, que não depende
do elemento anímico, que não depende da intenção de possuir como se fosse dono, que a gente pode
dizer que, no Brasil, o locatário é possuidor. Quando você aluga uma casa, você não tem animus de
ser dono da casa. Você sabe que é algo temporário, precário. Você não tem o animus de ser dono
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da casa, mas o corpus você tem. Se você adotar a teoria subjetiva, o locatário não é possuidor
porque ele não tem o animus de se comportar em relação à coisa como se fosse dono. Então, o
locatário é possuidor, o arrendatário é possuidor, o comodatário é possuidor exatamente porque
nós adotamos a teoria objetiva, que só exige o poder de fato sobre a coisa, o uso de alguns dos
poderes do art. 1.228, do Código Civil.

1.3. Detenção

Esse é o último elemento distintivo a ser trabalhado e o conceito de detenção está no art. 1.198,
do Código Civil. É muito simples entender o que é um detentor. É aquele que exerce a posse em
nome alheio. É um sujeito que tem o corpus só que esse corpus não é um corpus que ele exerce
per si, mas em nome alheio. Os exemplos são abundantes: o caseiro, empregado doméstico, o
depositário. Todos são detentores.

O principal foco de briga do Savigny com o Ihering, entre a teoria objetiva e subjetiva, foi a briga
para definir o que era detenção.

Na teoria do Savigny (subjetiva), ele tentava provar que o detentor não era possuidor porque ele
não tem animus. O empregado não se comporta como se fosse dono. O Savigny dizia que com a
sua teoria subjetiva, ele conseguia comprovar que o detentor não é possuidor porque ele tem
corpus mas não tem animus.

Mas Ihering dá uma resposta à altura com a sua teoria objetiva: “eu não preciso usar a sua teoria
para diferenciar posse da detenção porque o que determina o que e posse ou o que é detenção é
a lei.” Em bom Português significa dizer que posse é só posse e quando, eventualmente, a lei
quiser que posse não seja posse, que a posse seja detenção, a lei diz.

Ou seja, eu posso continuar usando o conceito só de corpus, mas de acordo com Ihering, quando
a lei quiser que a posse de uma pessoa que detém o corpus não seja posse, mas detenção, a lei
diz que ali não é posse, é detenção. Portanto, de acordo com Ihering, o que distingue a posse da
detenção não é o corpus, não é o animus, é a lei. Ele fala que o que define o que é posse e o que é
detenção, é o “Elemento X” (lei), é o elemento externo à situação de fato.

Portanto, propriedade é direito de usar, gozar, dispor e reivindicar. Posse é tem desses direitos
apenas de fato sobre a coisa em nome próprio. E detenção é o mesmo ter poder de fato sobre a
coisa, só que não em nome próprio, mas em nome de terceiro.

Eu tenho esse apagador. Se eu te mostro a nota fiscal, eu tenho o título, eu sou dono, eu sou
proprietário porque eu tenho papel, eu tenho o título que comprova a propriedade. Se eu não
fizer isso e usar o apagador apenas para apagar o quadro, você vai dizer não que eu sou
proprietário, mas que eu sou possuidor, porque tenho poderes de fato sobre a coisa.

Mas analisando um pouco melhor a situação, percebe-se que eu sou empregado do curso, portanto,
esse apagador não me pertence e dele não sou possuidor. Na verdade, eu sou mero detentor porque

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

tenho posse, mas em nome de terceiro. Então, esse apagador está em minha detenção, não está
em minha propriedade e não está em minha posse. E essa é uma diferença fundamental.

DEFESAS DA PROPRIEDADE DA POSSE E DA DETENÇÃO

Falar em defesas de propriedade, posse e detenção, relaciona-se mais o processo civil e menos
para o direito material.

2.1. A DEFESA DA PROPRIEDADE – AÇÕES PETITÓRIAS

E o exercício do direito de defesa na propriedade é feito por aquilo que nós chamamos de ius
possiendi que significa, nada mais nada menos, do que direito de possuir. E esse direito de possuir
tem por fundamento o domínio. E domínio vem de domino, que vem de domo, que é sinônimo
de ser proprietário. Ou seja, quando eu tenho direito de estar com a coisa, de ter poderes de fato
sobre ela, sob o fundamento de que sou o dono, diz-se que eu exerço o ius possiendi porque com
base no domínio eu vou obter o direito de possuir.

Toda vez que você tiver uma ação cujo fundamento seja o domínio, eu digo que essa ação é uma
ação petitória. Uma ação petitória é aquela cujo fundamento é a propriedade, o domínio. Se o
que eu quero obter é a posse com fundamento no fato de ser dono, eu estarei diante de uma
ação petitória.

Uma observação importante: para ser ação petitória, que é o que estamos trabalhando aqui, a
causa de pedir sempre tem que ser a propriedade. Se não for propriedade não é ação petitória.
Para que haja fundamento propriedade estamos diante de uma ação petitória. Além disso: a
causa de pedir tem que ser a propriedade, mas o pedido pode ser qualquer um, inclusive a posse.
Isso é fundamental. O que interessa para a definir uma ação petitória hoje é o fundamento da
ação. E a causa de pedir sendo propriedade, a ação é petitória ainda que o pedido seja qualquer
um, inclusive a posse. O que interessa é a causa de pedir.

Não existe nome para a ação. Só que apesar disso, a gente usa. Ação de cobrança, ação de
indenização, ação de separação, etc. E o examinador vai usar também. Então, petitórias são as
ações cuja causa de pedir sejam a propriedade.

Ação de ‘ex empto’

Se lembra da ação ad mensuram, que é aquela do contrato de compra e venda, em que a área da
coisa é essencial para definir o contrato? Na compra e venda ad mensuram, que tem por objeto o
valor da área, caso você receba uma área menor do que a comprada, você tem três opções para
poder desfazer o negócio.

 1ª Opção: ação de rescisão


2ª Opção: ação abatimento do preço
3ª Opção: ação de ex empto – Essa é a ação em que você pede o pedaço faltante na compra e
venda ad mensuram. Por que você pede a parte faltante? Porque é dono.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Ação confessória

a que objetiva o reconhecimento de uma servidão. Seu prédio precisa de uma passagem ou
precisa receber águas do prédio de cima. Você pede a servidão através da ação confessória
enquanto proprietário do prédio serviente em relação ao prédio dominante. Percebeu que o
fundamento é a propriedade?

Ação demarcatória

Outro ótimo exemplo de petitória. A ação demarcatória, que tem procedimento especial no CPC,
é petitória porque o proprietário quer aviventar os limites, os rumos, as confrontações da
propriedade. Tenho uma propriedade que não sei direito onde começa e onde acaba. Não se
trata de manutenção. Eu quero aviventar rumos, marcas, confrontações. E faço isso porque sou
proprietário. A causa de pedir é a propriedade.

Ação demolitória

Um dos pedidos da ação demolitória é destruir algo que viola as posturas municipais ou o direito
de vizinhança. A ação demolitória é a que objetiva destruir e indenizar, mas com fundamento na
violação das posturas municipais e no direito de vizinhança. E posso pedir porque sou
proprietário do imóvel prejudicado. Então, a demolitória tem como fundamento a causa de pedir.

Ação de imissão na posse

outro exemplo muito legal de ação petitória que no passado gerou confusão porque já foi
considerada ação possessória. A ação de imissão na posse é a ação do proprietário que nunca
teve a posse a fim de obtê-la.

O proprietário possuidor não só tem o título, mas o poder de fato sobre a coisa. Se alguém invade
a minha área, eu entro com a ação possessória porque eu tenho os dois e a posse, como é minha,
posso usar a ação possessória em minha defesa. Então, eu tiro o cara de lá através da
possessória. Mas eu vou lá e compro uma casa sua. Você diz que não sabe como a casa está
porque não vai lá há dois anos. Eu compro, mas nunca tive posse. Se eu chego lá e tem uma
família morando lá, eu tiro eles de lá com fundamento de que sou proprietário ou possuidor? O
fundamento aqui é a propriedade. Eu sou o proprietário que nunca tive posse. O mecanismo para
obter a posse que eu nunca tive é através da ação de imissão na posse.

Agora escuta o que vou falar porque cai como problema prático. Toma cuidado, na imissão da
posse, com o art. 1.206, e com o art. 1.207, do Código Civil.

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos
caracteres. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Toma muito cuidado com esses dois artigos porque eles falam da transferência jurídica da posse.
Tomando o exemplo da casa que comprei de você. Você me vendeu a casa, na hora que eu chego
lá, tem uma família morando. O que faço? Imissão na posse, que é a ação do proprietário que
nunca teve a posse. Ação petitória.

Mas, se eu te transfiro a minha posse por contrato, quer dizer, eu te vendo e falo: “a casa está
desocupada, o contrato está aqui e eu estou te dando a minha posse sobre a casa,” ocorreu o tal
do constituto possessório (eu te dou a minha posse sobre a casa). Se eu te transfiro a posse, eu
não estou transferindo só a propriedade. E você, que nunca teve a posse de fato, tem a posse de
direito. Qual é a medida contra a família que está na casa? É a possessória, não é mais a petitória,
porque agora a posse foi transmitida juridicamente.

O cara compra a casa e não percebe que na escritura de compra e venda (e quase toda escritura
tem isso) está escrito lá: por este ato o vendedor transfere ao comprador a posse através do
constituto possessório. Se eu tenho essa cláusula no meu contrato, apesar de eu nunca ter tido a
posse de fato, a partir daquele momento eu tenho a posse de direito. E a posse de direito
também habilita à tutela possessória.

Cuidado com a imissão na posse que só é usada quando eu não recebi a posse jurídica
transferida. Isso geralmente acontece em contrato verbal de compra e venda e no caso de imóvel
isso não existe, mas de compra e venda de coisa móvel, isso é muito comum. Aí você tem a
propriedade, mas não recebeu a posse.

Ação reivindicatória

É a ação petitória mais comum que existe.

“A ação reivindicatória é a ação do proprietário para o reconhecimento, para a reafirmação da


propriedade e eventual obtenção da posse.”

A reivindicatória é muito usada naqueles casos em que você tem dois títulos de propriedade. A
área foi vendida duas vezes, uma para mim e outra pra você. O meu título é melhor do que o seu
porque o meu é escritura pública e o seu é escritura particular. Só que existe uma discussão
jurídica sobre quem é o proprietário, sobre quem é o dono. Qual é a ação aqui? É a
reivindicatória. E se o Estado diz que eu tenho direito de propriedade, o ius possiendi, se eu tenho
direito de propriedade eu tenho também o direito de possuir. O Estado declara minha
propriedade e me dá, de tabela, a posse. Essa é a ideia da reivindicatória.

Sabe por que é importante trabalhar todas essas ações com você? Porque tudo quanto é livro fala
em ação possessória. Dificilmente um livro desses cursos tradicionais se preocupa em explicar a
ação petitória. A seguinte petitória é uma ação muito importante:

Ação publiciana

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

“A ação publiciana é a ação de usucapião de quem já completou o período para usucapir não tem
mais a posse e pretende recuperá-la.”

A causa de pedir é a propriedade (como em todas as ações trabalhadas aqui). Eu tive posse mansa,
pacífica da área, incontestável por 15 anos. Fiquei dois anos fora. Quando volto, tem gente morando
lá. A ação publiciana é a ação que eu uso para falar assim: “juiz, eu já me tornei proprietário pela
usucapião, mas não tenho mais a posse. Então, por favor, declare que eu sou proprietário e, em
consequência, me dá a posse, para que eu consiga ter o poder de fato sobre a coisa.

Ação de usucapião

A usucapião é uma ação petitória porque a causa de pedir é a propriedade. Por que eu peço para o
juiz declarar que eu sou dono? Porque eu sou dono. A causa de pedir da ação de usucapião é o
preenchimento dos requisitos legais que consolidam a propriedade. É, portanto, uma ação petitória.

Atenção! Propriedade eu defendo pelas ações petitórias que são todas aquelas que a causa de pedir
a propriedade, não importa qual seja o seu pedido. Mas agora chegou a hora da gente falar da
nossa vedete, que são as possessórias.

2.2. A DEFESA DA POSSE – AUTOTUTELA e AÇÕES POSSESSÓRIAS

A defesa da posse, diferentemente da propriedade que pode ser feita penas pelas ações
petitórias, pode ser feita de duas maneiras distintas: pela autotutela e pelas ações possessórias

Autotutela – Desforço Imediato

A hipótese de autotutela a doutrina chama de desforço imediato da posse, com previsão no art.
1.210, § 1º, do Código Civil.

1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.

Quero que você perceba aqui a primeira hipótese de defesa da posse (e o § 1º não se preocupa
com quem tem a propriedade, com quem tem o documento). Ele se preocupa com quem tem
posse (que pode ser o proprietário e pode ser o terceiro). Esse artigo diz que o possuidor pode
tirar o invasor na porrada. A ideia do desforço imediato é essa, desde que observadas algumas
condições. Quais condições:

Imediatidade - Desde que o faça logo – não adianta a fazenda ser invadida e o cara, depois de
um mês arrumar 33 capangas para tirar os invasores da fazenda. Tem que ser logo. Daí se chamar
desforço imediato.

Uso de força moderada.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Esses são os dois requisitos para que a pessoa use o desforço imediato da posse: imediatidade e força
moderada. Se eu sou possuidor (arrendatário) se o proprietário tenta invadir, eu posso colocar ele
para correr à bala porque o desforço protege o ocupante de fato (a posse) e não o de direito.

Ações Possessórias

São as ações que tutelam o tal do ius possessionis. As ações possessórias (o ius possessionis) não
significam direito de posse.

“O ‘ius possessionis’ significa o direito de preservar a situação fática com a retomada dos poderes
de fato sobre a coisa.”

Se petitória é a ação que a causa de pedir sempre é a propriedade (não importando o


fundamento), possessória é a ação que a causa de pedir vai ser posse (sempre) e o pedido
também vai ser posse. Portanto, ação possessória tem que ter como pedido e causa de pedir a
posse. Se tiver uma ação que tenha pedido posse mas a causa de pedir que não seja posse, não é
possessória. Para que seja possessória, tanto o pedido quanto a causa de pedir, tem que se
fundar no direito de preservar essa situação de fato com a retomada dos poderes de fato sobre a
coisa. Então, só são três as ações possessórias. O nosso sistema só contempla 3 ações
possessórias, que são as três que a gente vai ver aqui hoje.

 Reintegração de Posse
Manutenção de Posse
Interdito Proibitório

Esses três caras são os três caboclos que podemos chamar de possessórias porque tem o pedido
e a causa de pedir fundados na posse.

Embargos de terceiro – Embargos de terceiro é possessória? Os embargos de terceiro que têm


previsão no art. 674, do CPC. Eu sou possuidor do fusca e eles tomaram o fusca numa execução
que eu não sou parte. Então, eu tenho que embargar de terceiro. Embargo de terceiro não é
possessória pelo seguinte: o embargo de terceiro até protege o possuidor, mas ele protege
primariamente o proprietário. Ele não quer proteger o possuidor. Ele quer proteger o
proprietário, só protegendo o possuidor secundariamente. Primariamente, ele quer retirar a coisa
da execução para proteger o direito de propriedade alheia. Então, por serem fundados
primariamente na propriedade, embargos de terceiro não é uma ação possessória. Se for para
encaixar em algum lugar, teria que ser encaixado entre as ações petitórias.

Rescisão de contrato de compra e venda cumulado com reintegração de posse – Não é


possessória. Eu comprei uma casa sua, parcelei em dez vocês, não cumpri o contrato e você agora
quer a casa de volta. Sabe por que não é possessória? Porque a causa de pedir, antes de ser a
violação da posse, é a violação de um contrato. É uma ação fundada no direito obrigacional cuja
causa de pedir não é exclusivamente a posse, mas o descumprimento de uma obrigação.

Propriedade – se defende por petitória e a causa de pedir é a propriedade.


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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Posse – se defende por autotutela ou por ação possessória, sendo que a possessória tem a
causa de pedir e o pedido como sendo a posse.

É fundamental verificar essa diferença.

2.3. A DEFESA DA DETENÇÃO – Detenção se protege?

A detenção é protegida? O caseiro, o depositário. O carro do Belchior está há trezentos anos


parado no estacionamento do aeroporto (depositário, detentor). O detentor só pode utilizar a
autotutela do art. 1210. Só pode a autotutela porque é possuidor em nome alheio e a doutrina só
o deixa repelir a agressão. O caseiro, desde que o faça logo e com os meios necessários, pode
repelir o invasor da fazenda do patrão.

Se, eventualmente, o detentor for acionado em nome do patrão, o cara que ele é o dono da
fazenda, ele tem que alegar a sua ilegitimidade através da indicação na própria contestação:

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo
prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial
para substituição do réu.

Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os


honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor
da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação
jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais
e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.

1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da


petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.

2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir,
como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Ele pode ser empregado do proprietário ou do possuidor.

AÇÕES POSSESSÓRIAS DE RITO ESPECIAL – Arts. 554 a 568, do CPC

A partir de agora vou me abstrair das petitórias. A partir de agora estou me concentrando
naquela que tem como pedido e causa de pedir a posse.

3.1. Espécies de ações possessórias

De acordo com a sistemática vigente no país, toda vez que ocorrer esbulho e esbulho significa
privação, a medida a ser eleita é a REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Toda vez que houver turbação, e turbação significa incômodo, a medida é a tal da
MANUTENÇÃO DE POSSE.

Toda vez que houver ameaça, e ameaça significa fato ainda não consumado (porque se
consumar é turbação ou esbulho), a medida é o INTERDITO PROIBITÓRIO (que foi a primeira que nasceu
no direito romano). Repara algo muito legal no interdito proibitório: o interdito fica no rol das
ações preventivas, ou se, você preferir, das ações tidas como ações inibitórias. Ele pode ser
colocado no grande rol das ações protetivas, dos interditos proibitórios.

Tudo muito bonito isso colocado assim no quadro. Mas não dá para negar, e a doutrina não nega,
que é complicado você definir, às vezes, o que é turbação e o que é esbulho. Alguns autores
chegam a dizer que a turbação, que é o incômodo, nada mais é do que o esbulho parcial. Isso
porque, na verdade, você não atrapalha toda a posse, você atrapalha só uma parte e nessa partes
você estaria esbulhado.

Os caras acamparam na beira da minha fazenda. Qual é a medida? Interdito porque estão na
iminência de invadir (ameaça). Mas aí, fecharam uma das cinco porteiras da fazenda. A primeira, que
o acesso principal à fazenda foi bloqueado. Aí já virou incômodo, turbação. Aí já é manutenção
de posse. Se efetivamente invadem a fazenda, responderão por reintegração de posse.

3.2. Fungibilidade entre as ações possessórias – art. 554, do CPC.

Apesar de ser linda a discussão do ponto de vista acadêmico, na prática (falha na transmissão).

Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.

1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por
edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver
pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.

2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no
local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.

3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no §


1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou
rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios.

3.3. Os ritos das ações possessórias

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“Se a possessória for de força nova, e força nova é aquela que o vício aconteceu a menos de ano e
dia, diante de esbulho, turbação ou ameaça de menos de ano e dia, você tem direito a uma
possessória pelo rito especial do CPC, que e o do art. 554 até o art. 568.”

Se a ação for de força velha (esbulho ou turbação aconteceu há mais de ano e dia), o art. 558, do
CPC, vai dizer que a ação possessória vai correr:
Pelo rito comum ordinário (e não esquece que o comum pode ser o sumário ou o ordinário
dependendo
 do valor da causa), ou
Pelo rito sumaríssimo dos Juizados Especiais Cíveis, vez que a Lei 9.099/95 prevê
expressamente o cabimento de ações possessórias nos Juizados Especiais, desde que o valor do
bem seja inferior a 40 salários mínimos.

Repito: se se tratar de ação de força nova, a possessória corre pelo rito especial. Agora, se for de
força velha, ela corre, ou pelo rito ordinário ou pelo rito sumário ou, ainda, se o valor do bem a
ser reintegrado for inferior a 40 salários mínimios, o art. 40, III, da Lei 9.099 autoriza o
processamento da ação pelos Juizados Especiais Cíveis.

Qual é a vantagem/desvantagem de você ter a ação pelo rito especial ou não ter pelo rito especial?

A vantagem é que quando o procedimento é especial você tem direito a uma liminar antecipatória de
tutela independentemente do preenchimento do requisito do art. 300, do CPC. Para provar os
requisitos da tutela antecipada é um sufoco. E na possessória, não. Se a possessória for de um esbulho
dentro de ano e dia, o que você pode fazer? Você pode pedir a liminar provando apenas que
aconteceu o esbulho. Nesse caso, uma vez preenchidos esses requisitos, o que o juiz já faz? Ele já dá a
liminar de plano, independentemente de dar a reintegração de posse, independentemente de você
ter ou não preenchidos os requisitos do art. 562, do Código de Processo Civil. Quando você abre o art.
928, do CPC, vai ver que diz exatamente isso.

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência
que for designada.

Se correr pelo procedimento especial, se a inicial estiver bem instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o
réu, expedição de mandado de manutenção ou reintegração de posse. Você vê que não fala nada
sobre os requisitos do art. 300, como a prova inequívoca da verossimilhança. Não importa! Eu posso
ser milionário. Posso ter um milhão de casas. Invadiram uma de minhas casas, se eu entro com a
reintegração de posse dentro de ano e dia, eu tenho direito à liminar reintegratória de posse.

Se você entrar com a ação de força nova, pode obter a liminar, sem os requisitos do art. 300, do
CPC. Se a ação for de força velha, você não fica proibido de obter a liminar antecipatória. Mas aí
você precisa comprovar os requisitos do art. 300, o que, em matéria processual é duro pra burro
de comprovar. Como provar que se você não obtiver a coisa agora haverá prejuízo irreparável ou
de difícil reparação?

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Tirando o rito especial comum e tirando a liminar, ambas são igualmente possessórias, ambas têm
todos os atributos das ações possessórias, principalmente a natureza executiva da decisão. O que
muda é que numa o rito é especial (com direito a liminar), na outra o rito é comum (ordinário,
sumário ou sumaríssimo), sem direito a liminar. Prova disso, é o art. 558, do CPC, que deixa isso claro:

Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção


II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho
afirmado na petição inicial.

Estamos trabalhando ação de força nova e ação de força velha. Agora, surge outra discussão.

Por que é um ano e dia? Eu já tentei obter essa informação de várias maneiras e nunca fiquei
convencido da razão pela qual o nosso legislador escolheu o ano e dia para você ter direito a liminar
ou não ter. A explicação mais razoável que encontrei, é que no direito romano, eles consideravam que
precisava de um ano para você preparar, plantar e colher. E as estações do ano trazem essa ideia.

Qual é o termo inicial desse prazo de ano e dia? De quando começa a contar esse prazo para eu
poder entrar com a ação possessória? São várias as regras para contar esse prazo:

Nas hipóteses de clandestinidade – de acordo com o acordo 1.224, do Código Civil, você
lembra que a posse injusta é a posse precária, violenta e clandestina. A clandestina é aquela
sobre a qual eu não sei. Se eu não sei, não conta o prazo de ano e dia.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

Portanto, quando se trata de esbulho ou turbação clandestinos, o termo inicial é a data da


ciência, salvo negligencia. Quer dizer, é a data em que fiquei sabendo que houve a turbação, nem
que tenha sido seis meses depois, salvo se você podia saber e fingiu que não viu.

Na ocorrência de esbulho e turbações permanentes – O esbulho e a turbação são


naturalmente permanentes. Se a pessoa invadiu minha casa, continua na casa. A jurisprudência
vem e diz: sendo permanentes, conta-se do primeiro ato.

Nas hipóteses de esbulho e turbação repetidos – Olha o caso que eu tive: dois sítios. Um do lado
do outro. Ambos os sítios tinham acesso a um rio. Se o proprietário A usasse sua própria propriedade,
ele andava dois quilômetros para chegar ao rio. Mas se cortasse pela propriedade do vizinho, andava
apenas um. O que ele fazia? Cortava a propriedade do vizinho para ir pescar. Não era caso de exigir
servidão porque a propriedade dele não estava encravada. Tinha passagem. O fato é: nesse caso, uma
vez por mês, ele ia pescar e cortava a propriedade do vizinho. Então, quando começa a contar o ano e
dia do esbulho? Nesse caso a turbação e o esbulho eram repetidos. Nesse caso, diz o STJ, se o esbulho
e a turbação forem repetidos, você conta do último ato. Ah, quer dizer que faz dez anos que ele
invade desse jeito e mesmo assim eu posso entrar contado da data último ato? Sim!

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Uma observação - No comodato (empréstimo) sem prazo convencional, o termo inicial do ano e
dia para você tomar a coisa de volta se o cara não devolver, é a data do fim do prazo da
notificação para desocupação e devolução da coisa. Quer dizer, você emprestou durante 4 anos.
Resolve retomar. Notifica para devolver. Se não devolve, começa a contar o prazo de ano e dia do
dia em que deveria ter devolvido nos termos da notificação. Eu notifico e digo para resolver em
30 dias. Passados esses 30 dias, começa a contar o prazo de ano e dia.

Outra observação - O interdito proibitório é o que ocorre na ameaça. O interdito proibitório


sempre vai ser a ação de força nova. E por quê? Como não teve o ato consumativo porque só
existe a ameaça, o interdito proibitório sempre tem rito especial porque se o ato não aconteceu
ainda você não pode falar do curso do prazo de ano e dia.

3.4. O objeto das ações possessórias de modo geral

Para falar do objeto das ações possessórias a gente tem que entender o seguinte: podem ser
tutelados pela ação possessória e, portanto, ser objeto de posse, os direitos ou bens materiais.
São os palpáveis, que existem no plano dos fatos, não apenas no plano jurídico. De modo que
cabe possessória de imóvel, cabe possessória de móvel e cabe possessória de semoventes. São
bens materiais, materializados no plano dos fatos e não apenas no plano do direito.

Os bens imateriais não são tuteláveis. É esse o raciocínio. E é exatamente por isso que o STJ editou a
Súmula 228:

STJ Súmula nº 228 - DJ 20.10.1999 - É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do


direito autoral.

Isso porque o direito autoral está no plano imaterial. Por isso, não tem proteção possessória. Não
há tutela possessória de direitos autorais.

Também há uma outra discussão que vem à luz da Súmula 415, do STF. E porque ela é importante?
Isso é muito importante. Servidão é bem material, você pega a servidão, você transita pela servidão.
Servidão é objeto material. Por isso essa súmula diz com todas as letras que:

STF Súmula nº 415 - DJ de 8/7/1964 - Servidão de trânsito não titulada, mas tomada permanente,
sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à
proteção possessória.

Servidão de transito não titulada é a servidão de passagem que não tem registro, que não tem
documento. E tem direito à proteção possessória porque se trata de um bem material. A maioria das
possessórias que eu julgo são com base nessa súmula 430. É gente que por 30 anos corta a
propriedade do vizinho. Um dia, alguém compra a propriedade, mete uma cerca e fecha a passagem.
Aí a pessoa entra com ação possessória para proteger a situação de fato. Ele pede para preservar a
servidão não titulada, mas aparente porque tem lá o caminho que ele passa faz quarenta anos. E sabe
como você prova isso? Perícia. A perícia vai lá e fala que pelo sulco, pela pisada da terra, é capaz

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de dizer que pelo menos há 20, 30, 40 anos, aquela terra é pisada. A súmula 415 é extremamente
importante no âmbito das possessórias.

3.5. Competência nas ações possessórias

As ações possessórias são ajuizadas em que lugar? Onde são ajuizadas? Elas são ajuizadas de acordo
com o art. 47, do CPC, no foro de situação do imóvel se se tratar possessória fundada em bem imóvel.

Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação
da coisa.

1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não
recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de
nunciação de obra nova.

2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta.

3.6. Legitimidade para ações possessórias

Legitimidade ativa

Quem pode propor a possessória? O primeiro que pode propor é o possuidor direto. É o primeiro
legitimado a propor ação possessória: aquele que está com o poder de fato sobre a coisa. Aí tem
direito a ação possessória. O possuidor direto pode ser um possuidor direto que ao mesmo tempo é
proprietário ou não. Concordam que tem proprietário possuidor e tem proprietário que não é
possuidor? Então, o possuidor direto, aquele que tem poder de fato sobre a coisa, pode propor ação
possessória, mesmo que ele seja o proprietário. Não é porque sou proprietário que não posso propor
ação possessória, já que tenho a reivindicatória. Na reivindicatória eu uso a propriedade como causa
de pedir. Se eu quero usar a posse como causa de pedir, eu posso, porque eu tenho a posse.

A gente não pode esquecer que o fato de existir a posse bipartida, quer dizer, possuidor direto e
possuidor indireto, não afasta o possuidor indireto que, geralmente, é o proprietário. E aqui é
interessante destacar, com base no art. 1.197, do Código Civil, que o fato de eu proprietário, que
tenho o título, ter transferido a minha posse para terceiro, não anula a minha posse indireta. O
fato de ele ter a posse direta, não anula a minha posse indireta. E isso é fundamental porque
exatamente pelo fato de eu ser possuidor, mesmo não tendo a posse direta, eu posso usar a
possessória para me proteger contra terceiros.

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude
de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor
direto defender a sua posse contra o indireto.

E aqui vem uma questão muito interessante. O possuidor direto (proprietário possuidor direto ou
possuidor) pode ajuizar a ação possessória contra qualquer pessoa. Tipo: eu te aluguei a casa,
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invadiram a casa, você, possuidor direto, ajuíza a possessória. Eu sou possuidor indireto
(proprietário não possuidor) ajuízo possessória também.

Eu, que sou proprietário, só não posso ajuizar possessória contra uma pessoa: contra o possuidor
direto. E não posso porque senão a posse vira algo inútil, vira algo desprezível. A posse vira algo
desprezível exatamente porque seria muito fácil para mim, dono, tirar você, locatário, sempre
que eu achar conveniente. Então, a posse do possuidor direto prevalece sobre a do possuidor
indireto porque o possuidor indireto pode tirar qualquer invasor, menos o possuidor direto. É
esse o raciocínio, confirmado pelo que consta do art. 557, do CPC, que fala da tal da exceção de
domínio (vamos falar sobre esse artigo depois).

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.

O art. 557 fala da exceção de domínio. Quer dizer, se você está alugando a minha casa, mas eu
não quero mais você lá, eu vou ter que esperar o contrato acabar. Em casos assim, a posse direta
prevalece sobre a posse indireta. O art. 557 proíbe que eu alegue que seja dono enquanto rolar a
discussão sobre posse. Portanto, é uma forma de obstar, de proibir, nesses casos em que a posse
é repartida (em direta e indireta), que o proprietário não possuidor, despreze a posse direta. Se
não tivesse esse artigo, o proprietário poderia passar por cima do possuidor.

 1º Legitimado – Possuidor direto


2º Legitimado – Possuidor indireto (menos contra o possuidor direto)
3º Legitimado – Co-possuidor contra terceiros (art. 1;314, do Código Civil), ou para assegurar a
posse pro diviso.

O art. 1.314 estabelece que na defesa do condomínio, qualquer co-proprietário e,


consequentemente, qualquer co-possuidor pode, sem autorização dos demais, vindicar a defesa
contra terceiros. O art. 1.314 fala isso, inclusive:

Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos
os direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a
respectiva parte ideal, ou gravá-la.

Olha que barato: se eventualmente um terceiro quiser invadir a área, qualquer co-possuidor pode
defender a integralidade da área em nome de todos. Esse artigo é um ótimo exemplo de
legitimação extraordinária, de substituição processual, em que, uma pessoa, em nome próprio,
defende o dela e defende direitos de terceiro.

Mas o que causa dúvida e merece mais da sua atenção é a questão do co-possuidor para assegurar a
posse pro diviso. Tem certos estados de indivisibilidade que só são jurídicos. Não são de fato. Por
exemplo, uma fazenda dividida entre 4 herdeiros. Apesar da matrícula ser indivisível, existe uma
posse pro diviso. Um condômino tem direito de botar para correr. A posse pro diviso nada mais é do
que a divisão dentro de um estado de indivisão. É a divisão de fato dentro da indivisão de direito.

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Essa é a posse pro diviso. O co-possuidor pode tirar os terceiros invasores ou, para assegurar a
posse pro diviso, inclusive os demais condôminos. É esse o raciocínio do terceiro legitimado ativo.

 1º Legitimado ativo – Possuidor direto


2º Legitimado ativo – Possuidor indireto (menos contra o possuidor direto)
3º Legitimado ativo – Co-possuidor contra terceiros (art. 1.314, do Código Civil), ou para
assegurar a posse pro diviso.

4º Legitimado ativo – Possuidor de má-fé contra terceiros invasores, mas nunca contra o
possuidor que, por ele foi esbulhado ou turbado.

Eu vou na sua casa, te dou um safanão (posse violenta) ou furtivamente entro no bem (posse
clandestina). É uma posse injusta porque fundada na violência. Enquanto você que foi tirado à
força e está preparando a possessória para me tirar, veio um cara, me dá porrada e me tira de lá.
Eu tenho posse melhor do que a dele e tenho direito de entrar com a reintegração de posse
contra ele. Mesmo o possuidor de má-fé tem possibilidade de ajuizar possessória.

Legitimidade passiva

Quem pode ser réu na ação possessória? Mas antes de falar disso, eu tenho uma observação
inicial: de acordo com o art. 73, §1º, do CPC, nas hipóteses de composse e atos por ambos
praticados, os cônjuges devem ser necessariamente citados. Haverá, portanto, litisconsórcio
necessário entre os cônjuges. Tratando-se de legitimidade passiva e na hipótese composse e de
atos por ambos praticados, nos termos do art. 73, § 2º, do CPC, necessariamente haverá um
litisconsórcio em que os cônjuges. Isso é fundamental. Saber se o réu é casado ou não, é essencial
para se definir a existência do litisconsórcio entre os cônjuges. Tal regime aplica-se também aos
casos de união estável (art. 73, §3º, do CPC).

Então tudo o que eu falar sobre isso, se envolver o marido, terá a mulher junto e vice-versa.
Engraçado que para entrar com a ação possessória, não precisa. Para ser réu nas ações
possessórias nessas hipóteses, precisa. O casado pode entrar sozinho com a ação possessória,
ainda que seja para pedir posse de imóvel. Agora, quando se trata de ser réu, a lei fala que nos
estados de composse (que ambos possuem) e nos estados de atos por ambos praticados, haverá
a formação do litisconsórcio necessário entre homem e mulher.

Quem serão os réus nas ações possessórias?

1º Legitimado passivo – Invasor, esbulhador, turbador, autor da ameaça

O primeiro que vai ser réu na possessória é aquele que praticou o ato tido por invasivo,
violador do direito de posse.

2º Legitimado passivo – Sucessor do Invasor, esbulhador, turbador, autor da ameaça

Agora, nada impede, nos termos do art. 1.212, do Código Civil que o sucessor do invasor, esbulhador,
turbador ou autor da ameaça seja réu na ação que pretende-se a obtenção da posse. E aqui há uma
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ressalva importante: o sucessor do esbulhador, do turbador, do ameaçador, só vai ser réu na


possessória se ele sabia do vício.

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro,
que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

Se o sucessor do esbulhador souber que a coisa é esbulhada, a ação pode ser contra ele e é isso
que diz o art. 1.212. Se não souber que era esbulhada, a ação é contra o invasor primitivo, contra
o primeiro que invadiu.

3º Legitimado passivo – Possuidor indireto (proprietário que não tem a posse) nas ações
ajuizadas pelo possuidor direto.

aquele exemplo do possuidor indireto querer tirar o locatário sob o fundamento de que ele não
pode mais estar ali. Nesse caso, o réu vai ser o possuidor indireto.

4º Legitimado passivo – Co-possuidor na situação da posse pro diviso.

E que situação é essa? É aquela em que apesar da indivisibilidade do condomínio no plano do


direito, mas dividida no plano de fato, eu posso entrar com a ação contra o condômino que está
violando minha área. Nesse caso, o co-possuidor vai ser réu.

Para eu fechar a legitimidade passiva, eu tenho duas considerações finais:

O Poder Público pode ser réu em ação possessória? Ele pode cometer esbulho, turbação, ameaça,
tudo o mais? Não há problema absolutamente nenhum se o invasor for o Poder Público. Não há
incompatibilidade nenhuma em relação a isso. O que merece destaque aqui é que quando o
Poder Público esbulha, você tem três medidas que pode usar contra ele, dependendo do seu
objetivo. E quais são essas medidas?

1ª Medida: Ação possessória (se não tiver prova preconstituída).


2ª Medida: Manado de segurança (se tiver prova pré-constituída) Entende-se que se o Poder
Pública faz isso, ele viola seu direito líquido e certo, portanto, caberia contra ele mandado de
segurança. Se você tiver prova pré-constituída do esbulho, da turbação, pode usar o mandado de
segurança.
3ª Medida: Ação de desapropriação indireta ou ação de indenização por apossamento administrativo
- Pode ser que você não tenha mais interesse na área. Se o Poder Público quer uma área para uma
finalidade, ele em que desapropriar e pagar a indenização. Mas ás vezes o Poder Público inverte esse
raciocino e o que ele faz? Ele primeiro se apropria, você sofre o prejuízo. E toda vez que isso acontece,
você é desapropriado à revelia. É uma desapropriação indireta ou apossamento administrativo. A
ação de desapropriação indireta ou de indenização por apossamento administrativo significa que em
vez de querer a área de volta, eu vou querer dinheiro.

Em 1998, eu recebi uma ação de indenização por apossamento administrativo. O que a dona da
fazenda falava? Eu tenho uma fazenda que fica na beira da estrada e o município foi lá, quebrou a
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cerca, construiu um ponto sem desapropriar. Ela entrou com essa ação, mas vai depender da
opção da parte. Se julgada procedente essa ação, o Estado é obrigado a pagar por usar a sua área.

A última observação é que eu faço é a seguinte: tem se admitido o cabimento de ação possessória
contra réus incertos. E isso ocorre especialmente nas situações das invasões coletivas da terra. Você
não tem ideia de quem são os invasores. São mais de mil. Você entra contra quem? Contra o
movimento que lidera? Mas esses movimentos às vezes nem existem juridicamente. Nesse caso, a
jurisprudência admite que se entre contra réus incertos (todos os que invadiram). E aí, o oficial de
justiça, na hora de citar, tenta descobrir, pelo menos, quem é o líder do grupo e aí ele qualifica.

3.7. Petição inicial das ações possessórias

Eu tenho duas observações importantes sobre a petição inicial nas possessórias. Eu não vou falar
aquilo tudo de que a petição inicial tem que obedecer aos requisitos dos arts. 319, 320, porque
isso diz respeito a qualquer inicial. E a petição inicial da ação possessória não tem nada mais de
diferente do que o art. 319, do CPC. Os únicos dois destaques que eu tenho que fazer com vocês
sobre a petição inicial das ações possessórias são os seguintes:

Não é possível a cumulação de pretensão petitória e possessória ao mesmo tempo.

Não pode ter, ao mesmo tempo, causa de pedir posse e causa de pedir propriedade. E tem
impedimento legal do próprio art. 557:

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de
reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.

Se é proibido que eu discuta, durante a discussão da posse, a existência de propriedade, isso


impede que eu ajuíze uma ação que, ao mesmo tempo, discuta posse e propriedade.
Consequentemente, eu não posso entrar com uma ação reivindicatória cumulada com pedido de
reintegração de posse porque uma coisa é proteger a posse sob o fundamento de ser
proprietário. A outra é proteger a posse sob o fundamento de ser possuidor.

A outra observação é muito importante, por causa do art. 555, do CPC. Quando se estuda a
cumulação de pedidos, você viu que o art. 327, do CPC permite que a parte use o mesmo processo
para fazer mais de um pedido. E existem várias condições para isso. E uma das condições é que o
procedimento seja o mesmo: todos sumários, todos especiais ou todos ordinários. Se tiver um
especial e um ordinário, para você cumular, terá que abrir mão do especial e cumular todos pelo rito
ordinário. A desvantagem, quando eu abro mão do especial para cumular pelo rito ordinário é que eu
perco as vantagens do procedimento especial. É o que acontece (lamentavelmente) quando você
cumula o pedido de rescisão de contrato com reintegração de posse. Quando a pessoa que não paga
o contrato, o que a empresa que vendeu a casa faz? Entra com rescisão de contrato (que é ordinária),
cumulada com reintegração de posse, que é rito especial. Abrindo mão do rito especial, perde-se a
liminar. Então, nessas ações de rescisão de contrato com reintegração de posse a pessoa tem direito à
reintegração de posse, mas só se provar os requisitos da tutela antecipada (art. 273), porque se ela

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não prova os requisitos do art. 300, a cumulação vai se dar pelo rito ordinário e ela perde a liminar.
Esse é o grande problema de cumular o rito ordinário com o rito especial.

Atenção com o art. 555, que vai contar uma hipótese em que se pode cumular pedidos na
possessória, mas sem perder o procedimento especial. E esse é o grande charme do art. 921. Ele
traz uma cumulação que não prejudica o rito especial. Se não prejudica o rito especial, eu
continuo tendo direito à liminar. Isso quer dizer que o art. 921 é uma exceção ao art. 292, do CPC.

Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;


II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

E eu posso fazer três tipos de pedido junto com a possessória: perdas e danos, multa para evitar
nova invasão e desfazimento de plantação ou construção.

3.8. Liminar antecipatória - Art. 562, do CPC

Essa é uma liminar que, com esse molde, com essa forma, a liminar só existe nas possessórias de
força nova, que são aquelas intentadas em menos de ano e dia. E a vantagem dessa liminar, em
relação às demais liminares? E qual a vantagem dessa antecipação de tutela em relação às demais
antecipações de tutela? Para obter essa liminar antecipatória do art. 562 eu não preciso
comprovar os requisitos do art. 300, do CPC.

Afinal de contas, o que eu preciso provar para poder ter direito a essa liminar antecipatória? Eu
não vou precisa provar periculum in mora, não vou precisar provar dano iminente ou de difícil
reparação, que são requisitos do art. 300. Para você obter a liminar antecipatória, vai,
simplesmente, precisar provar os requisitos do art. 561, do CPC. O que vou ter que provar para
ter direito à liminar antecipatória e, mais do que isso, para ganhar a ação possessória?

Art. 561. Incumbe ao autor provar:


I - a sua posse;
- a turbação ou o esbulho praticado pelo
réu; III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na
ação de reintegração.

Então, ele diz que eu tenho que provar a posse. E isso é fácil. Provo por foto, contas de água e luz.
Tenho que provar que fui privado da posse (inciso II) e tenho que provar a data do esbulho. Só
através da prova do momento em que fui turbado ou esbulhado eu vou saber se terei direito ou
não à liminar. Normalmente, quem é esbulhado, corre para fazer B.O.

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De acordo com os arts. 562 e 563, do CPC, caso o juiz (falha na transmissão), ele pode designar a
pauta de justificação prévia. Essa audiência de justificação prévia é aquela para oitiva de
testemunhas com uma única finalidade (ela não é uma AIJ), que é a finalidade de verificar se
estão presentes os requisitos da liminar. É isso. O juiz não está seguro da data do esbulho e pediu
ao autor para trazer testemunhas. O juiz pode se convencer ou não. Essa audiência de justificação
só tem essa finalidade: de ouvir testemunhas para a comprovação dos requisitos da liminar

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará
que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência
que for designada.

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção
ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção
ou de reintegração.

O art. 562 cometeu um equívoco grave, mas prevalece na doutrina, à luz do art. 562, que o réu vai ser
intimado para comparecer à audiência de justificação. A ação é para obtenção da liminar. Quem
deveria ir à audiência é só o autor. Mas o artigo manda citar o réu. De acordo com a doutrina, nessa
audiência de justificação em que o réu vai ser intimado para participar, o réu não pode produzir
provas. O réu não pode levar testemunhas. O que é meio contraditório, mas ele não pode. De acordo
com a doutrina, o réu que participa da audiência de justificação da possessória, só pode fazer
perguntas para as testemunhas do autor e contraditá-las. Como assim, contraditá-las? Ele pode
impugnar, dizendo que são sujeitas à suspeição ou impedimento, dizer que estão mentindo.

Duas últimas observações sobre a possibilidade de concessão de liminar antecipatória sem os


requisitos do art. 300, do CPC. Cuidado com o que diz o art. 562, § único, do CPC. E isso já caiu em
prova. Esse artigo proíbe a concessão de liminar reintegratória de posse inaudita altera pars
contra o Poder Público. Diz que quando a reintegração for contra o Estado, ele tem que ser
previamente ouvido.

Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção
ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.

Não podemos deixar de observar o que consta do art. 559, do CPC, porque é um artigo estabelece
com todas as letras que é possível que o juiz determine que o autor da possessória preste caução.
Como assim, preste caução? O fato de você dar uma liminar possessória para o autor, reverte a
posse em favor dele, ainda que provisoriamente. Ou seja, enquanto o perdurar, o carro fica com
o autor, o imóvel fica com o autor e isso pode causar um prejuízo incomensurável ao réu. Por
isso, o art. 559 diz:

Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado
na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória,
sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.

Então, se o autor quiser preservar a posse e o juiz entender que ele não tem condições de reparar os
danos causados ao réu, o juiz pode determinar que ele preste caução nos termos do art. 925, do CPC.

3.9. Defesas do réu na possessória

A defesa do réu na possessória segue o prazo do procedimento comum. O prazo para que o réu
apresente defesa na possessória é o prazo de 15 dias. Como não há regra no procedimento
especial nesse sentido, vai valer a regra do procedimento comum ordinário.

preciso tomar cuidado com esse termo inicial do prazo na hipótese do art. 564, § único do CPC.
E por que esse cuidado? Pelo seguinte: o juiz, para dar a liminar, pode designar audiência de
justificação prévia e o réu é intimado para participar. Depois que o juiz ouve as testemunhas, a
liminar é dada ali na hora (é deferida ou indeferida). E o § único diz o seguinte: estando a parte
presente ou não (interessa é que tenha sido intimada), o prazo para contestar corre da audiência
em que foi apreciada a questão.

Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será
contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar.

No procedimento sumário eu posso fazer o pedido contra o autor sem reconvenção, mas tenho
que fazer o pedido. Importante estabelecer que aqui o art. 556 é pedido contraposto porque tem
gente na doutrina que, erradamente, fala que isso aqui é caso de ação dúplice. Ação dúplice é
aquela que eu tenho tutela independentemente de pedido. Mesmo se eu não pedir, o juiz dá. É o
caso de dar saldo em favor do administrado.

Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a
proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho
cometido pelo autor.

Aqui não é ação dúplice, mas pedido contraposto, de modo que proteção possessória e indenização
pelos prejuízos cometidos pelo autor (porque o invasor pode ser ele), eu tenho que pedir. E aqui eu
não preciso de reconvenção. Eu posso fazer o pedido na própria contestação, independentemente de
reconvenção. Reparem que não é só proteção possessória que eu posso pedir. eu posso pedir
possessória e indenização pelos prejuízos (eventual destruição da plantação, por exemplo).

Aí vem uma pergunta capciosa que cai em prova: cabe reconvenção em ação possessória? Que
resposta imediatamente você dá? Você responde: não porque cabe pedido contraposto. Só que
cabe, sim, reconvenção para outros pedidos que não sejam os do art. 556. Quer dizer, para
proteção possessória e para indenização é pedido contraposto (não cabe reconvenção, eu peço
na própria contestação), mas para outros pedidos que não sejam exclusivamente indenização e
possessória, cabe reconvenção.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

E atenção! Qual é o exemplo típico que a pessoa faz via reconvenção em ação possessória? Ele
contesta, pede a proteção possessória, pede a indenização, mas se ele não ganhar, ele apresenta a
reconvenção pedindo indenização por benfeitorias. E indenização por benfeitorias é típico pedido
que, em sede de indenização possessória só pode ser feito pela via da reconvenção. Indenização por
benfeitorias. Então, cuidado! Se perguntarem se cabe reconvenção na possessória, você tem que
responder que cabe. Cabe nas hipóteses em que não cabe o pedido contraposto do art. 556.

Ainda tem mais uma observação sobre a defesa do réu na possessória. E essa observação é a dúvida
que existe (e que para você não vai existir mais) sobre a possibilidade de o réu alegar usucapião como
matéria de defesa. Quer dizer, você entra com a reintegração de posse contra mim dizendo que é
proprietário e que você invadiu a minha área, eu quero minha posse de volta. Só que eu estou na área
há 25 anos e, portanto, já preenchi todos os requisitos para a usucapião. Então, eu quero que o juiz
proteja minha posse sob o fundamento de que eu já sou proprietário porque adquiri por usucapião. O
art. 557 proíbe na pendência de processo possessório a discussão sobre domínio.

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira
pessoa. Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa.

Quer dizer, eu não posso discutir propriedade quando eu estou com ação possessória como
regra. O que me empurra para o buraco é se eu utilizar esse raciocínio dizendo que eu não posso
utilizar usucapião porque eu estaria discutindo propriedade quando, eu, na verdade, estou em
uma ação para discutir posse. Presta atenção: se você fizer esse raciocínio, não está errado,
porque o art. 557 deixa mesmo isso no ar. O que você não pode esquecer é que a ação e
usucapião é petitória, só que o fundamento da aquisição da usucapião é a posse. Eu alego que
sou dono porque possui por longo tempo.

A jurisprudência afasta a aplicação do art. 557 do CPC para, nos termos da Súmula 237, do STF,
expressamente dizer:

STF Súmula nº 237 - 13/12/1963 - O usucapião pode ser argüido em defesa.

Se é assim, eu posso defender a minha posse, não obstante o disposto no art. 557, sob o
fundamento de que sou usucapiente e que, portanto, minha posse é melhor do que a do autor.

Eu aleguei usucapião como matéria de defesa. A finalidade da minha alegação é só para proteger
a pose. Aqui eu não estou querendo que o juiz reconheça o meu domínio. Então, em princípio,
regra geral, o título (sentença) não permite o registro da propriedade pela usucapião. A sentença
falou: “autor, eu não vou te reintegrar na posse porque o réu usucapiu e você perdeu a posse.”
Essa sentença que julga improcedente a ação possessória, que reconheceu a ocorrência da
usucapião, é título que não permite registro da propriedade, como regra. Quer dizer, serve para
manter a posse, mas não serve para reconhecer o domínio. Para isso, eu teria que entrar com
uma outra ação, agora de usucapião, com todos os requisitos preenchidos em lei.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Mas eu falei em regra geral. Se é assim é porque há exceção. Então, existe uma hipótese em que
a usucapião arguida em matéria de defesa pode permitir o registro no cartório de imóveis. Que
hipótese é essa? É a hipótese do art. 13, da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade). Quando a
usucapião for especial ou urbana (até 250 m²) e coletiva (cortiços), e a gente vai estudar isso em
aula própria, acontece o seguinte:

Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa,
valendo a sentença que a reconhecer como título para registro no cartório de registro de imóveis.

Ou seja, vai ser uma exceção. Não era para ser porque a finalidade é só se defender, mas na hipótese
da usucapião especial urbana (que pode ser individual ou coletiva) há possibilidade de registro.

3.11. Sentença e Execução

Eu posso ter a reintegração de posse, a manutenção de posse e posso ter o interdito proibitório e
posso ter também, de acordo com o art. 555, a condenação do réu a pagar indenização por
perdas e danos. Posso ter na possessória esse monte de gente. Posso ter ordem de reintegração,
posso ter ordem de manutenção, posso ter ordem de interdito proibitório e posso ter
indenização pelas perdas e danos sofridos.

Quando a sentença ordenar a reintegração de posse, ela é uma sentença executiva ou executiva
lato sensu, se é assim, é cumprida independentemente de requerimento da parte. O juiz manda
cumprir de ofício: “saia em trinta dias, sob pena de desocupação forçada.” Então, a sentença é
executiva na reintegração de posse. Caso a parte não desocupe a área no prazo fixado, aplica-se o
disposto no art. 461-A, do CPC, que cuida da execução para entrega de coisa. A ordem aqui é sair.

Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade,
o autor individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao
réu, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.

Na sentença que determina a manutenção de posse e do interdito proibitório não é “saia!”


porque não houve esbulho. Qual é a ordem do juiz? Pare de incomodar ou pare de ameaçar. A
natureza da sentença aqui vai ser mandamental, porque vem acoplada com uma ordem. E
exatamente porque é mandamental o art. 567 do CPC permite a imposição de multa. Pare de
turbar sob pena de multa. Na reintegração não é assim: sai daí sob pena de porrada. A sentença
executiva trabalha com mecanismos de sub-rogação. Se você não sai, eu te tiro a força. A
mandamental trabalha com mecanismos de coerção, de execução indireta. Pare de turbar, sob
pena de multa. Não invada sob pena de multa. O regime de execução aqui é o do art. 497, do
CPC, que trata das obrigações de fazer e não fazer (não faça, não turbe, não esbulhe, não
ameace), cuida das sentenças mandamentais que impõem ordem sob pena de multa.

Esse é o regime da sentença e das execuções nas ações possessórias


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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

3.12. Recurso

Da sentença que julga a reintegração de posse, sempre cabe apelação e, como regra, no duplo
efeito: devolutivo e suspensivo. Salvo em que hipótese não mantém o efeito suspensivo? Salvo na
hipótese do art. 1.012, §1º, V, do CPC, que diz que a apelação não terá efeito suspensivo se o juiz
deu a tutela antecipada:

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a
sua publicação a sentença que:
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

Mandado de segurança individual e coletivo.

3.2. MANDADO DE SEGURANÇA


Natureza Jurídica: Ação judicial de natureza residual, subsidiária, civil, cabível quando o direito
líquido e certo protegido não for amparado por outros remédios constitucionais.

Cabimento: Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, sempre que, ilegalmente
ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

NÃO cabe MS:


De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução
=> Se o MS for impetrado contra omissão ilegal, descabe a aplicação da restrição deste inciso.
Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
Decisão judicial transitada em julgado.
Contra lei em tese.

OBS: A concessão de MS NÃO produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os


quais deverão ser reclamados administrativamente, ou pela via judicial própria.

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO JUDICIAL


Para ser cabível, deve comprovar dois requisitos:
Inexistência de recurso adequado à impugnação da decisão judicial;
Demonstração de que a decisão é teratológica, por abuso de poder ou
ilegalidade.

Direito Líquido e Certo


Só cabe MS para direito líquido e certo, demonstrado de plano.
NÃO cabe dilação probatória no MS;
OBS: A exigência de liquidez e certeza recai sobre a matéria de fato, as quais necessitam de
comprovação de plano. A matéria de direito, por mais complexa que se apresente, pode ser
apreciada em MS.
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e) Legitimidade Ativa
Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;
Universalidades reconhecidas por lei;
Órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
Agentes políticos na defesa de suas atribuições e prerrogativas;
MP, quando o ato emanar de juiz de primeiro grau de jurisdição.

f) Legitimação Passiva
Autoridades públicas de quaisquer poderes da União, Estados, DF e Municípios;
Representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades
autárquicas;
Dirigentes de pessoas jurídicas de direito privado, desde que no exercício de atribuições
do Poder Público.
- Em se tratando de atribuição delegada, a autoridade coatora será o agente delegado e não a
autoridade delegante => VIDE SÚMULA 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de
competência delegada, contra ela cabe MS ou medida judicial.

TEORIA DA ENCAMPAÇÃO NO MANDADO DE SEGURANÇA


Quando há indicação errônea da autoridade coatora, é possível aplicar a Teoria da
encampação para sanar tal vício, desde que observados alguns requisitos:
Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as
informações e a que ordenou a prática do ato impugnado;
Ausência de modificação de competência estabelecida na CF/88;
Defesa do mérito do litígio nas informações prestadas.

Vedação à concessão de liminar


Compensação de créditos tributários;
Entrega de mercadorias ou bens provenientes do exterior;
Reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou
extensão de vantagens ou pagamentos de qualquer natureza.

h) Prazo para impetração


Prazo: 120 dias, a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser
impugnado.
O prazo decadencial NÃO se suspende ou interrompe. Nem mesmo o pedido de reconsideração
administrativo interrompe a contagem desse prazo.
Se o ato impugnado é de trato sucessivo, o prazo de 120 dias renova-se a cada ato.
Mandado de segurança preventivo: NÃO se pode falar em prazo decadencial para a sua
impetração, pois NÃO há ato coator a marcar a contagem.

i) Competência
- Definida pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

STF: NÃO lhe cabe julgar, originariamente, MS contra atos praticados por outros Tribunais e
seus Órgãos. Os próprios Tribunais é que têm competência para julgar, originalmente, MS contra
seus atos, dos respectivos presidentes, câmaras e seções.

j) Recursos
Agravo de instrumento: cabível da decisão que conceder ou denegar a liminar;
Apelação: Indeferimento da inicial pelo juiz, e da sentença que concede ou denega o mandado.

OBS 2: O MS admite desistência em qualquer tempo e grau de jurisdição, independente do


consentimento do impetrado, desde que não ocorrido o trânsito em julgado. k) MS COLETIVO

- Pode ser impetrado:


Partido político com representação no CN, na defesa de seus interesses legítimos relativos
a seus integrantes ou à finalidade partidária.
Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 01 anos, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou
de parte, dos seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes
às suas finalidades, dispensadas, para tanto, autorização especial.
- A legitimidade é extraordinária, sendo o caso de substituição processual, razão pela qual NÃO
se exige autorização expressa dos titulares do direito.
- Os direitos protegidos pelo MS podem ser:
Coletivos
Individuais homogêneos
Os direitos defendidos por organização sindical NÃO precisam ser o mesmo direito para todos
os seus membros, podendo ser um direito de apenas parte dos membros da entidade.
Mandado de segurança coletivo impetrado contra autoridade vinculada à pessoa jurídica de
direito público: a liminar só poderá ser concedida após audiência do representante judicial da
pessoa jurídica, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas.
STF: Estado-membro NÃO possui legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo em
defesa da população residente na unidade federada.

Referência Bibliográficas:
Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direitos Constitucional Descomplicado
João Trindade. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadad
e__teoria_geral_dos_direitos_fundamentais.pdf
Julgados comentados do site Dizer o Direito. http://www.dizerodireito.com.br/

Da execução contra a Fazenda Pública

Execução contra a Fazenda Pública

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=> ATENÇÃO: DEVIDO À RELEVÂNCIA DO TEMA PARA CONCURSOS DE PROCURADORIAS, O


ALUNO DEVE APROFUNDAR O ESTUDO. SUGERIMOS O LIVRO “O PODER PÚBLICO EM JUÍZO
PARA CONCURSOS”, DE GUILHERME FREIRE DE MELO BARROS.

Precatórios: Em razão da impenhorabilidade dos bens públicos, o procedimento da execução


de pagar quantia certa contra a Fazenda Pública demanda o pagamento via precatórios, para que
não haja preferências na ordem de pagamento aos credores da Fazenda Pública.

Execução de modalidade distinta da execução de pagar quantia certa: As demais formas de


execução – fazer/ não fazer e entrega de coisa – não exigem procedimento diferenciado quando a
Fazenda Pública ocupa o polo passivo, devendo seguir as regras do NCPC, sendo possível,
inclusive, aplicar as astreintes.

Forma executiva: NCPC traz uma inovação quanto à execução de pagar quantia certa contra a
Fazenda Pública. No CPC/73, independente de ser título executivo judicial ou extrajudicial, a
execução contra a Fazenda demandava processo autônomo de execução. Já no NCPC, haverá
cumprimento de sentença quando o título executivo for judicial, e processo autônomo de
execução, quando o título executivo for extrajudicial.

Procedimento:
I. Cumprimento de sentença

Requisitos da petição inicial de cumprimento de sentença:

Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar
quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito
contendo:
I - o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente;
- o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária
utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.
o
§ 1 Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio
o o
demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1 e 2 do art. 113.
o o
§ 2 A multa prevista no § 1 do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.
Da apresentação de impugnação ao cumprimento de sentença pela Fazenda Pública:

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à
revelia; II - ilegitimidade de parte;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

- inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

Atenção: considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial


fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou
fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal
Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade
concentrado ou difuso.

IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;


V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da
sentença.
o
1 A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
o
2 Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior
à resultante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende
correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

Acaso se trate de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo,
objeto de cumprimento.

Procedimento após a apresentação da impugnação ao cumprimento de sentença:


Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
Será determinada a expedição de precatório, por intermédio do presidente do tribunal
competente, em favor do exequente;
Por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o
processo, será determinado o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no
prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de
banco oficial mais próxima da residência do exequente.
Processo de execução por quantia certa contra devedor solvente contra a Fazenda Pública: É
processo relativamente simples, pois dispensa tanto a garantia do juízo quanto os atos de
expropriação.
- A Fazenda Pública é citada para embargar no prazo de 30 dias, e não para pagar, como ocorre
nas demais execuções.
- Caso a Fazenda Pública não oponha embargos ou transite em julgado a decisão que os rejeitar,
será determinada a expedição de precatórios ou RPV em favor do exequente, observado o art.
100, da CF/88.
- Aplica-se subsidiariamente as regras da execução comum no que não for incompatível

e) Regime de precatórios:

=> SUGERIMOS REVISAR O TEMA DE PRECATÓRIOS PELA RODADA DE DIREITO FINANCEIRO!

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

3
- Para auxiliar nos estudos do tema, sugerimos a leitura do INFORMATIVO 779 DO STF .

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 207 – 269 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

PÁGINAS 515 A 542

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 23 (+++)

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em


decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

SÚMULA VINCULANTE 24 (+++)

Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

SÚMULA VINCULANTE 25 (+++)

ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do

depósito. SÚMULA VINCULANTE 26 (+)

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou


equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado,
a realização de exame criminológico.

SÚMULA VINCULANTE 27 (+)

http://www.dizerodireito.com.br/2015/04/informativo-esquematizado-779-stf_18.html.

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Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de
telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.

SÚMULA VINCULANTE 28 (+++)

inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação


judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

SÚMULA VINCULANTE 29 (+++)

constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo


própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.

SÚMULA VINCULANTE 30
(A Súmula Vinculante 30 está pendente de publicação)

SÚMULA DO STF TODO DIA

SÚMULA Nº 316

A SIMPLES ADESÃO A GREVE NÃO CONSTITUI FALTA GRAVE.

SÚMULA Nº 593

INCIDE O PERCENTUAL DO FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO (FGTS) SOBRE A PARCELA DA


REMUNERAÇÃO CORRESPONDENTE A HORAS EXTRAORDINÁRIAS DE TRABALHO.

SÚMULA DO STJ TODO DIA

AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS

Súmula 372 - Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória. (Súmula
372, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/03/2009, DJe 30/03/2009)PREJUDICADA PELO NCPC

Comentários “Dizer o Direito” – Informativo 537 (Link)


Consequência pelo descumprimento de determinação de exibição de documento: Não é cabível a aplicação de
multa cominatória na hipótese em que a parte, intimada a exibir documentos em ação de conhecimento, deixa
de fazê-lo no prazo estipulado. A exibição de documento em ação ordinária submete-se ao disposto nos arts. 355
a 363 do CPC, que prevê, como consequência para o caso de descumprimento da determinação, que o juiz
deverá considerar como verdadeiros os fatos que se pretendia provar por meio do documento requerido e não
exibido. Súmula 372-STJ: Na ação de exibição de documentos não cabe a aplicação de multa cominatória. STJ.
Corte Especial. EREsp 1.097.681-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 13/3/2014.

Comentários “Dizer o Direito” – Informativo 539 (Link)


Consequência pelo descumprimento de determinação de exibição de documento: Não é cabível a multa
cominatória, caso o autor tenha ingressado com pedido, incidental ou autônomo, de exibição de documento
relativo a direito DISPONÍVEL. Em caso de processos que tratam sobre direitos indisponíveis, o STJ tem admitido

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a cominação de astreintes. STJ. 2a Seção. REsp 1.333.988-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 9/4/2014 (recurso repetitivo).

Comentários “Dizer o Direito” – Informativo 554 (Link)


Cominação de multa diária em ação de exibição de documentos em face das peculiaridades do caso concreto:
cabível a cominação de multa diária – astreintes – em ação de exibição de documentos movida por
usuário de serviço de telefonia celular para obtenção de informações acerca do endereço de IP (Internet
Protocol) de onde teriam sido enviadas, para o seu celular, diversas mensagens anônimas agressivas, por
meio do serviço de SMS disponibilizado no sítio eletrônico da empresa de telefonia. STJ. 3ª Turma. REsp
1.359.976-PB, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 25/11/2014 (Info 554).

Súmula 389 - A comprovação do pagamento do "custo do serviço" referente ao fornecimento de


certidão de assentamentos constantes dos livros da companhia é requisito de procedibilidade da ação de
exibição de documentos ajuizada em face da sociedade anônima. (Súmula 389, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 26/08/2009, DJe 01/09/2009)

AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS (Ação de Exigir Contas)

Súmula 259 - A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-corrente bancária.
(Súmula 259, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/11/2001, DJ 06/02/2002 p. 189)

Súmula 477 - A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. (Súmula 477, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 13/06/2012, DJe 19/06/2012)

AÇÃO DECLARATÓRIA

Súmula 181 - É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de
cláusula contratual. (Súmula 181, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/02/1997, DJ 17/02/1997)

SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA

OJ 191 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE. (nova


redação) - Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011

Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da
obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas
pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.

O 195 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

FÉRIAS INDENIZADAS. FGTS. NÃO INCIDÊNCIA (inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005

Não incide a contribuição para o FGTS sobre as férias indenizadas.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

OJ 199 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

JOGO DO BICHO. CONTRATO DE TRABALHO. NULIDADE. OBJETO ILÍCITO (título alterado e inserido
dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010

nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do
bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico.

OJ 207 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. INDENIZAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. NÃO


INCIDÊNCIA (inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005

A indenização paga em virtude de adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à
incidência do imposto de renda.

OJ 225 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA (nova redação) - DJ


20.04.2005

Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária)
outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer
outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade:

I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda


concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho,
sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas
contraídos até a concessão;

- no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabilidade


pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora.
GRANDE CHANCE DE SER COBRADA!!!

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

DIAS 23 E 24

DISCIPLINA
CONSTITUCIONAL:

5 Organização do Estado. 5.1 Organização político-administrativa. 5.2 Estado federal


brasileiro. 5.3 A União. 5.4 Estados federados. 5.5 Municípios e Regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões. 5.6 O Distrito Federal. 5.7 Intervenção federal. 5.8
Intervenção dos estados nos municípios. 6 Organização dos poderes no Estado. 6.1 Princípio
da separação dos poderes: essência, evolução e significado na atualidade. 6.2 Funções
estatais. 6.3 Mecanismos de freios e contrapesos

INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Direito Constitucional Esquematizado: Pedro

Lenza CAPÍTULO: 7

CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL (2017)


9a Edição Conforme o Novo CPC e EC 95/2016
Autor: Bernardo Gonçalves Fernandes

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/8231c4771e13a7e79806b
1df15648e8b.pdf
CAPÍTULOS: 12 e 13

3. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL (2017)


12a ed.: Rev., amp. e atualizada - Conforme NOVO CPC
Autor: Marcelo Novelino

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/602bdfb8953fd99b738e53
164430040c.pdf
CAPÍTULOS: 26, 27, 28, 29 e 30.

Boa opção de resumo para os candidatos que tem horário reduzido para os estudos:

Resumo de Direito Constitucional Descomplicado: Vicente Paulo e Marcelo

Alexandrino http://www.mktgen.com.br/MET/Sumario/9788530975784_SUM.pdf

CAPÍTULOS: 3 e 4
DISCIPLINA
CIVIL E EMPRESARIAL:

8 Prescrição e decadência. 10 Obrigações. 10.1 Elementos 10.2 Princípios. 10.3 Boa-fé. 10.4
Obrigação complexa (a obrigação como um processo). 10.5 Obrigações de dar. 10.6 Obrigações
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

de fazer e de não fazer. 10.7 Obrigações alternativas e facultativas. 10.8 Obrigações divisíveis
e indivisíveis. 10.9 Obrigações solidárias. 10.10 Obrigações civis e naturais, de meio, de
resultado e de garantia. 10.11 Obrigações de execução instantânea, diferida e continuada.
10.12 Obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais. 10.13 Obrigações líquidas
e ilíquidas. 10.14 Obrigações principais e acessórias. 10.15 Transmissão das obrigações. 10.16
Adimplemento e extinção das obrigações.

INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Manual de Direito Civil – Volume Único (2017)
7a Edição: Revista, revisada e ampliada
Autor: Flávio Tartuce

CAPÍTULOS: 2 (Item 2.6) e 3 (Itens 3.6, 3,7 e 3.8)

Coleção – Direito Civil Esquematizado – Editora Saraiva – Direito Civil 1 – Parte Geral,
Obrigações e Contratos (Parte Geral)
Autor: Carlos Roberto Gonçalves – Coordenador: Pedro Lenza

CAPÍTULOS: 10, 6 e 7.
DISCIPLINA
TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO:

22 Direito coletivo do trabalho. 22.1 Convenção nº 87 da OIT (liberdade sindical). 22.2


Organização sindical. 22.3 Conceito de categoria. 22.4 Categoria diferenciada. 22.5
Convenções e acordos coletivos de trabalho. 23 Direito de greve e serviços essenciais

INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Processo do Trabalho para Concursos Públicos
(2017) 13ª Edição: Revista, ampliada e atualizada
Autores: Aryanna Linhares e Renato Saraira

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/5765649145c92bbb44ce3
7b29b993cdf.pdf

CAPÍTULO: 9

Direito do Trabalho para Concursos Públicos


(2017) 19ª Edição: Revista, ampliada e atualizada
Autores: Rafael Tonassi Soutto e Renato Saraiva

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/17aefc16633fdab94db476
e9e53c2503.pdf

CAPÍTULOS: 11

110
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

RESUMO DO DIA

CONSTITUCIONAL

5 Organização do Estado. 5.1 Organização político-administrativa. 5.2 Estado federal brasileiro.


5.3 A União. 5.4 Estados federados. 5.5 Municípios e Regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões. 5.6 O Distrito Federal. 5.7 Intervenção federal. 5.8 Intervenção dos
estados nos municípios. 6 Organização dos poderes no Estado. 6.1 Princípio da separação dos
poderes: essência, evolução e significado na atualidade. 6.2 Funções estatais. 6.3 Mecanismos
de freios e contrapesos

1. DIVISÃO ESPACIAL DE PODER


Forma de Governo: República ou Monarquia;
Forma de Estado: Estado Unitário ou Federação;
Sistema de Governo: Presidencialismo ou parlamentarismo.

República Federativa do Brasil: A República Federativa do Brasil é um ente soberano e possui


natureza jurídica de direito público externo.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito (...).

Fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

c) objetivos:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV -
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

2. FEDERAÇÃO
Se origina nos EUA (1787), através de um movimento centrípeto, de fora para dentro, pois os
Estados soberanos, cedendo parcela de sua soberania, em verdadeiro movimento de
aglutinação, formaram a federação dos EUA.
No Brasil, a formação resultou de movimento centrífugo, de dentro para fora, em que o Estado
unitário centralizado descentralizou-se.

2.1. Tipos de Federalismo

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Federalismo por agregação ou desagregação (segregação): Leva em conta a formação histórica,


origem do federalismo em determinado Estado, podendo ser por agregação ou desagregação.
Federalismo por agregação: Os Estados independentes ou soberanos resolvem abrir mão
de parcela da soberania para agregar-se entre si e formarem um novo Estado agora
federativo, passando a ser autônomos entre si. Ex: EUA, Alemanha e Suiça.
Federalismo por desagregação: a federação surge a partir de um determinado Estado
Unitário que resolve descentralizar-se, a exemplo do Brasil.

Federalismo Dual ou Cooperativo


Federalismo dual: a separação de atribuições entre os entes federativos é extremamente
rígida, não se falando em cooperação ou interpenetração entre os mesmos, a exemplo dos
EUA.
Federalismo Cooperativo: As atribuições serão exercidas de modo comum ou
concorrente, estabelecendo-se aproximação entre os entes federativos, que deverão
atuar em conjunto. Ex: Modelo brasileiro.

Federalismo simétrico ou assimétrico


Federalismo Simétrico: Verifica-se a homogeneidade de Cultura ou desenvolvimento,
assim como de língua. Ex: EUA.
Federalismo Assimétrico: Pode decorrer da variedade de línguas e culturas, a exemplo da
Suíça e Canadá.
ATENÇÃO: No Brasil, embora seja federalismo simétrico, há um certo erro de simetria, pelo
fato de o constituinte tratar de modo idêntico os Estados, quando, em verdade, desconsidera a
dimensão territorial, desenvolvimento econômico, cultura, etc.

Federalismo Orgânico: O Estado deve ser considerado como um organismo.

Federalismo de Integração: Em nome da integração nacional, passa a ser verificada a


preponderância do governo central sobre os demais entes, atenuando-se as características do
modelo federativo.

Federalismo Equilíbrio: Traduz a ideia de que os entes federativos devem se manter em


harmonia, reforçando-se as instituições.

ATENÇÃO: FEDERALISMO DE SEGUNDO GRAU – Ocorre quando o poder de auto-organização


dos Municípios deverá observar dois graus, ou seja, tanto a Constituição Federal quanto a do
respectivo Estado.
A CF/88 rompeu com o federalismo de dois níveis, inspirado no clássico modelo norte-
americano, instituindo uma federação sui generis de terceiro grau, com referência aos
Municípios como entidade federativa.
Foram assegurados a cada um dos entes federativos, que deverão manter-se integrados
em vínculo permanente (VEDAÇÃO AO DIREITO DE SECESSÃO E INDISSOLUBILIDADE DO
 PACTO FEDERATIVO):
Autonomia organizatória;
Legislativa;
112
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Administrativa;
Governamental.

2.2. Características Essenciais de uma federação


Descentralização político-administrativa fixada pela Constituição;
Participação das vontades gerais na vontade geral;
Auto-organização dos Estados-membros por meio de Constituições próprias.

2.3. Características do federalismo brasileiro


Federalismo de desagregação: fruto de descentralização política de um Estado unitário;
De cooperação: dotado de competências verticais com o objetivo de tornar mais eficiente
o desempenho das tarefas públicas;
De movimento centrífugo: descentralizando o poder do ente central;
De equilíbrio: prioriza a conciliação entre integração e autonomia, unidade e diversidade);
Simétrico: atribui o mesmo regime jurídico aos entes federativos de mesmo grau dentro
de sua esfera de atuação; e,
Atípico, tridimensional, tripartite ou de 3º grau: constata-se a esfera de três centros de
competências.

Modelos de repartição de competência:


Modelo Clássico: compete à União exercer os poderes enumerados e aos Estados os
poderes não especificados, em um campo residual.
Inspiração: Constituição norte-americana de 1787.
Modelo Moderno: exige ação dirigente e unificada do Estado, em especial para enfrentar
crises e guerra.
Modelo Horizontal: NÃO se verifica concorrência entre os entes federativos. Cada qual
exerce sua atribuição nos limites fixados pela CF e sem relação de subordinação, nem
mesmo hierárquica.
- Predomina no Brasil esse modelo.
Modelo Vertical: A matéria é partilhada entre os entes federativos, havendo certa relação
de subordinação quanto a atuação deles.
Logo, usualmente a União fica com normas gerais e princípios, enquanto os Estados,
completando-as, legislam para atender as suas peculiaridades locais.
Esse modelo seria denominado CONDOMÍNIO LEGISLATIVO, segundo Paulo Branco.
No Brasil, é possível citar a competência concorrente entre União, Estados e DF.
OBS: Os Municípios, apesar de NÃO estarem elencados entre os entes federativos com
competência concorrente, poderão suplementar a legislação federal e estadual no que couber,
bem como nos casos de interesse local.

4. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONSTITUCIONAL

4.1. Classificação das competências brasileiras


Legislativa Competência para que entidades federadas elaborem suas
próprias leis e disponham de seu próprio direito
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Material (não- Competência para dispor de assunto político-administrativo


legislativa ou de
execução) Exclusiva
Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as
Privativa demais, SEM possibilidade de delegação
Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as
Remanescente demais COM possibilidade de delegação
(não-enumerada ou Conferida aos Estados-Membros como sobre após a
residual) enumeração das competências das demais entidades
Comum (cumulativa
ou paralela) Atribuída a mais de um ente federado com atuação em pé de
Concorrente igualdade
Atribuída a mais de um ente federado com atuação em níveis
Suplementar distintos
Conferida a determinado ente para complementar as normas
gerais dispostas por outro ou para suprir a ausência de
normas gerais.

ATENÇÃO - A competência suplementar costuma ser dividida por alguns doutrinadores em


duas espécies:
a) Complementar: Quando depende da prévia existência de lei federal a ser especificada;
b) Supletiva: Quando surge em virtude da inércia da União para editar normas gerais.

MODELO DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS DELINEADO NA CF/88:

Atenção: Sugerimos ler exaustivamente os artigos referentes à competência


para memorização dos principais dispositivos.

COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA UNIÃO (Art. 21, CF/88):


Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações
internacionais;
- declarar a guerra e celebrar a paz;
III - assegurar a defesa nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção
federal; VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material
bélico; VII - emitir moeda;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de
seguros e de previdência privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e
de desenvolvimento econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
114
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os


serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização
dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; XII -
explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;
os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos
cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais
hidroenergéticos;
a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;
os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;
os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;
os portos marítimos, fluviais e lacustres;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal
e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros
militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito
Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e
cartografia de âmbito nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de
programas de rádio e televisão;
XVII - conceder anistia;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; XXII
- executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento,
a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
os seguintes princípios e condições:
toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de
radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e
utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de
culpa; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR:


Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial,
penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
=> DICA DE MEMORIZAÇÃO: CAPACETE PM II - desapropriação;

- requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de


guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência
de valores; VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e
aeroespacial; XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de
profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos
Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização
administrativa destes; XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança
popular; XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias,
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária
federais; XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação
nacional; XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e
mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

COMPETÊNCIA COMUM DA UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS:


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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e
conservar o patrimônio público;
- cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de
outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia,
à pesquisa e à inovação;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a
integração social dos setores desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE DA UNIÃO, ESTADOS E DISTRITO FEDERAL:


Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: => NOTE QUE A CF/88 NÃO MENCIONA A COMPETÊNCIA
CONCORRENTE DOS MUNICÍPIOS!
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; Dica para
decorar: TUPEF
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa,
desenvolvimento e inovação;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
causas; XI - procedimentos em matéria processual;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;


XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais.
2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.

4.2. Alguns precedentes do STF quanto à competência:

Loterias e jogos de bingo União (consórcios e bingos)


Gratuidade de estacionamentos em União (limitação genérica ao exercício
estabelecimentos privados do direito de propriedade)
Aquisição de propriedade União (direito civil)
Numeração de rótulos ou tampinhas das União (comércio exterior e interestadual)
bebidas comercializadas no Estado,
independente de procedência, para
efeitos de arrecadação de impostos
estaduais
Multas provenientes de aparelhos União (trânsito e transporte)
eletrônicos sobre infrações cometidas
por motoristas
Sinalização de rodovias estaduais União (trânsito e transporte)
Película de filme solar nos veículos União (trânsito e transporte)
automotores
Condições do exercício ou criação de União (Direito do Trabalho, trânsito e
profissão, a exemplo da profissão de transportes e condições para o exercício
motoboy de profissões)
Implantação de instalações industriais União (atividade nucleares de qualquer
para a produção de energia nuclear natureza)
Contratação de controladores de Estados
velocidade para fins de fiscalização em
rodovias estaduais
Limite de tempo de espera em fila de Municípios/ DF
usuários de cartórios
Obrigatoriedade de as agências bancárias União
utilizar equipamento para atestar a
autenticidade das cédulas de dinheiro

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Lei Municipal que determina aos Bancos Municípios


a instalação de medidas de confortos
aos usuários
Meia entrada para estudantes U, E, DF (Competência concorrente –
Direito Econômico)
Garantia de meia entrada aos doadores U, E, DF (Competência concorrente –
de sangue Direito Econômico)
Interrogatório por videoconferência União (Direito processual)
Lei Municipal sobre o horário de Municípios
funcionamento do comércio local
Serviço postal União
Lei Estadual que impõe às empresas de União (Direito do Trabalho)
construção civil, com obras no Estado, a
obrigação de fornecer leite, café e pão aos
trabalhadores que comparecem com
antecedência de 15 min no seu primeiro
turno de labor
Notificação mensal à secretaria de saúde U,E,DF, M – Competência concorrente
dos casos de câncer de pele (proteção da defesa da saúde)
Definição dos crimes de responsabilidade União – SÚMULA VINCULANTE 46
e o estabelecimento das normas de
processo e julgamento

4.3. Autonomia dos Estados Federados: É a capacidade de gerir negócios próprios dentro de
limites constitucionais. Decorre:

Auto- organização Os Estados Federados se organizam por suas próprias


constituições estaduais
Auto- Legislação Os Estados federados exercem, por seus próprios poderes
legislativos, as competências legislativas que são de sua alçada.
Auto- Governo Os Estados federados elegerão seus próprios governantes e
deputados, e organizarão suas própria justiças, inclusive com
sistema de controle de constitucionalidade de leis estaduais e
municipais.
Autoadministração Os Estados federados organizarão suas administrações, seus
serviços públicos e seus servidores.

Estados-Membros: Possuem capacidade de organização, legislação, governo e administração.

Competência residual dos Estados-Membros: Os Estados-membros possuem competência


residual, tanto legislativa, quanto não legislativa, vez que as competências e atribuições da União
encontram-se expressas na Constituição, e, a dos Municípios, associadas aos interesses locais. Logo,

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não havendo atribuição expressa da União ou não se tratando de interesse local, a competência
será dos Estados-membros.

Formação dos Estados- Membros: Embora os Estados não possam declarar a sua própria
independência, o art. 18, §3º da CF estabelece regras para fusão, cisão e desmembramento dos
Estados. Assim, é vedada a secessão, mas é possível criar novos estados, ou dividir um estado já
existente, ou unir um a outro.

Hipóteses:
Fusão: ocorre quando dois ou mais estados se unem, formando um novo estado. Os
estados originários deixam de existir.
Cisão: um Estado subdivide-se, fazendo com que o Estado originário desapareça, surgindo
dois ou mais novos Estados;
Desmembramento: acontece quando um ou mais Estados cedem parte de seu território.
Podem acontecer dois fenômenos distintos:
o Desmembramento formação: quando a parte desmembrada cria novo ente;
o Desmembramento anexação: quando a parte desmembrada anexa-se a outro Estado.
Não se confunde com a cisão, pois na anexação o Estado primitivo continua existindo.

Requisitos:
Realização de consulta às populações diretamente interessadas, através de plebiscito:
Na ADI 2.650/DF, no que se refere à população diretamente interessada, o STF entendeu
que no caso de desmembramento para a formação de novos estados ou territórios
federais, a expressão abrange as duas populações: tanto da área desmembrada, quanto à
da remanescente);
Sendo favorável a consulta popular, poderá ser proposto um projeto de lei
complementar em qualquer das Casas do Congresso Nacional, devendo-se proceder à
audiência das Assembleias Legislativas das áreas envolvidas (CF, art. 48 VI), cujo parecer
não é vinculante, mas apenas opinativo;
O projeto de lei complementar deve ser aprovado pela maioria absoluta dos deputados
e senadores, conforme art. 69 CF/88;
Aprovação pelo Congresso Nacional.

Bens dos Estados:

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:


I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,
neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
- as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas
aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Municípios: São entes federativos, e possuem a capacidade de organização, legislação, governo


e administração.
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I. Lei orgânica: Enquanto os Estados- Membros podem editar Constituição Estadual, os Municípios são
regidos por lei orgânica, a qual não pode contrariar a Constituição Federal e a Estadual:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
respectivo Estado e os seguintes preceitos.

II. Competência dos Municípios:

Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de


interesse local; II - suplementar a legislação federal e a
estadual no que couber;
- instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em
lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de
educação infantil e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de
atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento
e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a
ação fiscalizadora federal e estadual.

Bens públicos dos Municípios: Não existe normatização sobre os bens públicos de
titularidade dos Municípios no âmbito da Constituição Federal de 1988. Assim, é conferida
maior flexibilidade às variadas leis orgânicas municipais para disciplinar essa matéria.
Importante ressaltar que o fato de os bens públicos de titularidade dos Municípios não estarem
enumerados na Constituição Federal não significa que esses bens inexistam. Pelo contrário,
sendo exemplos de bens municipais os logradouros públicos (praças, ruas, jardins, etc.), os
imóveis que compõem seu patrimônio e a dívida ativa municipal.

Intervenção Federal: Segundo José Afonso da Silva, é ato político que consiste na incursão da
entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta. É instrumento constitucional de
combate às crises, possuindo natureza jurídica de elemento de estabilização constitucional.

Regra: A União NÃO intervirá nos Estados, e os Estados NÃO intervirão nos Municípios, SALVO
hipóteses constitucionalmente previstas.

ATENÇÃO – INTERVENÇÃO PER SALTUM: Haverá inconstitucionalidade na chamada intervenção


per saltum, pois a União só pode intervir nos Estados, e os Estados só podem intervir nos
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municípios. A União não pode, portanto saltar os Estados e intervir diretamente nos
municípios. A única exceção a essa regra é a possibilidade da União intervir em Municípios
localizados em Territórios Federais (Art.35, CF/88).

b) Hipóteses de intervenção da União nos Estados:

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
- repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em
outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação; V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo
motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro
dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e
regime democrático; b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde.

Hipóteses Procedimento
Manter a integridade nacional; Intervenção espontânea do Presidente da
Repelir invasão estrangeira ou de República => DECRETO PRESIDENCIAL.
unidade da Federação em outra; O decreto é submetido ao Congresso
Por termo a grave comprometimento Nacional em 24 horas (controle político).
da ordem pública; Antes de decretar, o Presidente consulta
Reorganizar as finanças de Estados e o Conselho da República e o Conselho de
Distrito Federal, caso: Defesa (manifestação opinativa).
o Tenha suspendido o
pagamento da dívida por mais
de 2 anos, SALVO força maior; o
Deixe de entregar ao
Município as receitas
tributárias.
Garantir o livre exercício de qualquer dos Depende de:
poderes nas Unidades da Federação. Solicitação do Presidente da
República: Se for Poder Legislativo
OU Executivo;

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Requisição ao Presidente, pelo STF:


Se for Poder Judiciário (vinculante).
O decreto será submetido à apreciação
do Congresso Nacional em 24 horas.

Intervir no Estado ou Distrito Federal Depende de requisição do STF, STJ ou


para prover a execução de ORDEM ou TSE ao Presidente da República.
DECISÃO JUDICIAL que esteja sendo NÃO é necessária apreciação do
desrespeitada. Congresso Nacional.
Intervir no Estado ou Distrito Depende de provimento pelo STF de
Federal para prover a execução de representaçãodoPGR(ADI
LEI FEDERAL que esteja sendo INTERVENTIVA).
desrespeitada. STF, ao julgar procedente, leva ao
Assegurar a observância dos Presidente, para que, no prazo
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS improrrogável de 15 dias, tome as
SENSÍVEIS: providências:
o Forma republicana, sistema Expeça decreto de intervenção;
representativo e regime Nomeie, no mesmo decreto, o
democrático; interventor.
o Direitos da pessoa humana; A decretação da intervenção é
o Autonomia municipal; vinculada.
o Prestação de contas da NÃO é necessária a apreciação pelo
Administração direta e Congresso Nacional.
indireta;
o Aplicação do mínimo exigido
em educação e saúde.

Atenção:
STF: Não basta, para a promoção da intervenção federal, o não pagamento do
precatório no prazo estabelecido, é preciso também, além disso, demonstrar o
elemento subjetivo, que é o Estado ter condições e não querer pagar.
NÃO pode haver controle judicial sobre a conveniência e oportunidade da intervenção
da União em um Estado Federado.
Súmula 637, STF: NÃO cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de
Justiça que defere pedido de intervenção Estadual em Município.

Hipóteses de intervenção dos Estados nos Municípios:

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em
Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
– não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
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IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de


princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem
ou de decisão judicial.

Referências Bibliográficas:
Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direitos Constitucional Descomplicado.

CIVIL

8 Prescrição e decadência. 10 Obrigações. 10.1 Elementos 10.2 Princípios. 10.3 Boa-fé. 10.4
Obrigação complexa (a obrigação como um processo). 10.5 Obrigações de dar. 10.6 Obrigações
de fazer e de não fazer. 10.7 Obrigações alternativas e facultativas. 10.8 Obrigações divisíveis e
indivisíveis. 10.9 Obrigações solidárias. 10.10 Obrigações civis e naturais, de meio, de resultado
e de garantia. 10.11 Obrigações de execução instantânea, diferida e continuada. 10.12
Obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais. 10.13 Obrigações líquidas e
ilíquidas. 10.14 Obrigações principais e acessórias. 10.15 Transmissão das obrigações. 10.16
Adimplemento e extinção das obrigações.

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Conceito:
Sentido amplo: Existência de relação jurídica;
Sentido estrito: refere-se ao objeto do pagamento (débito).
Pode ser vista como um processo voltado ao cumprimento de um dever.

Direitos Reais x Direitos Obrigacionais: O CC/02 adota a TEORIA DUALISTA, diferenciando os


direitos reais dos obrigacionais:

Direitos Reais Direitos Obrigacionais


Numerus clausus Numerus apertus
Direito de sequela NÃO há sequela
Eficácia erga omnes Eficácia inter partes (relativa)
Registrabilidade e publicidade Forma livre, em regra
Pessoa x coisa Pessoa x pessoa (pessoas determináveis
ou determinadas)
Encerra direito de gozo, fruição ou Encerra direitos de crédito a uma
garantia sobre a coisa corpórea prestação, entre sujeitos
Caráter permanentes ou perpétuo Caráter transitório

ATENÇÃO: FIGURAS HÍBRIDAS ENTRE DIREITO REAL E OBRIGACIONAL

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Obrigações propter rem: Aderem à coisa (e não à pessoa), transmitindo-se automaticamente


ao seu novo titular, desde que haja transferência da propriedade. São obrigações que NÃO
emanam da vontade, mas do registro da propriedade. Ex: IPTU, IPVA, Taxas condominiais.
Obrigações de ônus real: Limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo um gravame.
Limitam-se ao valor da coisa e desaparecem com o perecimento da coisa. Ex: Penhor,
hipoteca, anticrese.
Obrigações de eficácia real: Sem perder o caráter de direito pessoal, ou direito a uma
prestação, ganham oponibilidade a terceiros, que adquiram direitos sobre determinados
bens, tendo em vista o seu registro. Ex: Direito de preferência em contrato de locação.

ÔNUS REAIS OBRIGAÇÕES PROPTER REM


A responsabilidade pelo ônus real Na obrigação propter rem responde o devedor com todos
é limitada ao bem onerado. os seus bens, ilimitadamente, pois é este que se encontra
vinculado.
O ônus real desaparece, Os efeitos da obrigação propter rempodem permanecer,
perecendo o objeto. mesmo havendo perecimento da coisa.
Os ônus reais implicam sempre As obrigações propter rem podem surgir com uma
uma prestação positiva. prestação negativa.

3. Direitos obrigacionais x direitos da personalidade:


Direitos obrigacionais Direitos da personalidade
Patrimoniais Extrapatrimoniais
Inter partes Erga omnes
Prescritíveis Imprescritíveis
Transmissíveis Intransmissíveis
Disponíveis Indisponíveis
Compensáveis Incompensáveis
Renunciáveis Irrenunciáveis
Relativos Absolutos

4. Elementos da relação jurídica obrigacional

4.1. Elemento Subjetivo:


Sujeito ativo: É o credor da prestação, seja positiva ou negativa.
Sujeito passivo: É o devedor.

*ATENÇÃO: Relações obrigacionais complexas – a mesma pessoa é, ao mesmo tempo, credora e


devedora de prestações. Ex: Locador.

4.2. Elemento Objetivo: PRESTAÇÃO


Dar, fazer, não fazer;
Obrigação lícita, possível, determinada ou
determinável; Objeto:

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Direto ou imediato: É a prestação devida – dar, fazer ou não


fazer; o Indireto ou mediato: É o bem da vida.
4.3. Elemento imaterial: vínculo jurídico
Correntes doutrinárias:
Monista ou unitária: Uma só relação jurídica vinculando credor e devedor através da
prestação;
Dualista ou binária (Adotada pelo CC/02): Há dois vínculos
Dever de satisfazer a prestação;
Autorização legal de constranger o patrimônio do devedor.

Direito alemão:
Schuld: Dever de adimplir (débito);
Haftung: Responsabilidade.

*Atenção:
Débito sem responsabilidade: obrigações imperfeitas, naturais ou incompletas;
Obrigação sem débito: garantia oferecida por um terceiro. Ex: Fiança.

OBRIGAÇÃO NATURAL
um débito cuja a responsabilização patrimonial é judicialmente inexigível. Não
obstante, uma vez cumprida espontaneamente, ocorre a irrepetibilidade do
pagamento. Prevê o art. 882 do CC que “não se pode repetir o que se pagou para
solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível”. Nessa
mesma linha, no que se refere às dívidas de jogo ou aposta, preceitua o art. 814 do
CC, que “As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se
pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por
dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.

Obrigações – Esquema do Código Civil

Modalidades Transmissão Adimplemento e Inadimplemento


extinção
Dar coisa certa Cessão de crédito Pagamento: Mora
- Em consignação
- Com sub-rogação
- Imputação de
pagamento
Dar coisa incerta Assunção de dívida Dação em Perdas e danos
(cessão de débito) pagamento
Fazer Cessão de contrato Novação Juros legais
Não fazer Compensação Arras ou sinal
Alternativas Confusão
Divisíveis Remissão da dívida

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Indivisíveis
Solidárias

6. Modalidades de obrigações

6.1. Quanto à prestação (conteúdo): Dar, fazer ou não fazer

Obrigação positiva de dar: consistem na atividade de dar, entregar ou restituir Subdividem-se


em obrigações de dar coisa certa e obrigações de dar coisa incerta.

Obrigações de dar coisa certa: O devedor obriga-se a dar, entregar ou restituir coisa específica,
determinada, certa. Não poderá o credor ser constrangido a receber outra senão aquela
descrita no título da obrigação. Art. 313 do CC:
Art. 313, CC: O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida,
ainda que mais valiosa.

Caso consinta em receber prestação diversa em substituição à originária, estará praticando a


dação em pagamento (art. 356).
Aplica-se para as obrigações de dar coisa certa a regra de que o acessório segue o principal. o
devedor não poderá se negar a dar ao credor aqueles bens que, sem integrar a coisa principal,
secundam-na por acessoriedade (art. 233).
Até a tradição, a coisa pertence ao devedor, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação (art. 237).
Se houve perecimento ou deterioração do objeto:
Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes, suportando o prejuízo o
proprietário da coisa que ainda não a havia alienado (art.234);
Se a coisa se perder, com culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais
perdas e danos.
Se ocorrer deterioração (prejuízo parcial):
Se a coisa se deteriora sem culpa do devedor, poderá o credor, a seu critério, resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu (art. 235);
Se a coisa se deteriora por culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou
aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou outro caso, a
indenização pelas perdas e danos.

Obrigações de restituir: A prestação consiste na devolução da coisa recebida pelo devedor.


Art. 238, CC: Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder
antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda.
Art. 240, CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal
qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art.
239. E o art. 239 dispõe que “se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente, mais perdas e danos”.
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Acréscimos e melhoramentos da coisa:


Se tais benefícios se agregaram à coisa principal, sem concurso de vontade ou despesa
para o devedor, lucrará o credor, desobrigado da indenização (art. 241).
Se os melhoramentos exigiram concurso de vontade ou despesa para o devedor, o CC
determina que sejam aplicadas as regras atinentes aos efeitos da posse, quanto às
benfeitorias realizadas (art. 242). Quanto aos frutos, aplicam-se também as regras
previstas pelo legislador ao tratar dos efeitos da posse.

Obrigações de dar dinheiro: Importa a entrega de uma quantia de dinheiro pelo devedor ao
credor, com liberação daquele. Deve se realizar em moeda corrente, pelo valor nominal
(PRINCÍPIO DO NOMINALISMO). Nesse sentido, dispõe o art. 315, CC:
As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor
nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.

ATENÇÃO – OBRIGAÇÕES VALUTÁRIAS: Segundo Maria Helena Diniz, são obrigações pactuadas
em moeda estrangeira.
IV) Obrigação de dar coisa incerta (genéricas): A prestação consiste na entrega de coisa
especificada apenas pela espécie e quantidade, conforme art. 243 do CC. No entanto, a
indeterminabilidade do objeto deve ser meramente relativa.
- Concentração do débito ou da prestação devida: É a operação, por meio da qual se especifica a
prestação, convertendo a obrigação genérica em determinada.
- A quem cabe a escolha: A escolha, por princípio, cabe ao devedor. Essa liberdade de escolha,
contudo, não é absoluta, eis que o devedor não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a dar
a melhor (princípio da equivalência das prestações).
- Como nas obrigações de dar coisa incerta a prestação é inicialmente indeterminada, não poderá o
devedor, antes de efetuada a sua escolha, alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força
maior ou caso fortuito (art. 246). O gênero, segundo tradicional entendimento, não perece jamais.
- Feita a escolha, as regras que passarão a ser aplicadas serão aquelas previstas para as
obrigações de dar coisa certa.
b) Obrigação de fazer: Pretende o credor a prestação de um fato, e não o bem que
eventualmente dele resulte. Em tais casos, a depender da possibilidade ou não de o serviço ser
prestado por terceiro, a prestação do fato poderá ser fungível ou infungível.
Obrigação de fazer fungível: Quando a obrigação possa ser realizada por outrem, nos termos
do seu art. 249, do CC.
*Autoexecutoriedade: É possível deferir ao credor o exercício da auto-executoriedade, em caso
de urgência na obtenção da obrigação de fazer fungível (art. 249, parágrafo único).
Obrigação de fazer infungível: São as obrigações personalíssimas (intuitu personae), cujo
adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa, em atenção às qualidades
especiais daquele que se contratou. Tais pessoas não poderão, sem prévia anuência do credor,
indicar substitutos, sob pena de descumprirem a obrigação personalíssima pactuada.
As obrigações de fazer podem ainda ser classificadas em instantâneas ou duradouras:
Obrigações de fazer instantâneas: aperfeiçoam-se em um único momento;
Obrigações de fazer duradouras: a execução da obrigação protrai-se no tempo de forma
continuada, ou de modo periódico, mediante trato sucessivo.
Descumprimento da obrigação de fazer:
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Se a prestação do fato se torna impossível sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação,


sem que haja a consequente obrigação de indenizar.
Se a impossibilidade decorrer de culpa do devedor: este poderá ser condenado a indenizar
a outra parte pelo prejuízo causado (art. 249, CC).
Obrigação de não fazer: Tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do
devedor. Implica uma abstenção, impedindo que o devedor pratique um ato que normalmente não
lhe seria vedado, tolere ato que normalmente não admitiria ou, mesmo, obrigue-se a não praticar um
ato jurídico que em princípio ser-lhe-ia lícito. Ex.: não construir muros, não possuir animais.

6.2. Quanto ao elemento subjetivo:

Obrigações fracionárias: Concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de forma que cada
um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma proporcionalidade do
crédito. As obrigações fracionárias ou parciais podem ser, do ponto de vista ideal, decompostas em
tantas obrigações quantos os credores ou devedores, pois, encaradas sob a ótica ativa, não formam
um crédito coletivo, e, sob o prisma passivo, coligam-se tantas obrigações distintas quanto os
devedores, dividindo-se o cumprimento da prestação entre eles. Ex: Dívidas de dinheiro.
Obrigações conjuntas (unitárias ou de mão comum): Concorre uma pluralidade de devedores
ou credores, impondo-se a todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando a
um dos credores exigi-la individualmente.
Obrigações disjuntivas: Existem devedores que se obrigam alternativamente ao pagamento da
dívida. Desde que um dos devedores seja escolhido para cumprir a obrigação, os outros estarão
consequentemente exonerados, cabendo, portanto, ao credor a escolha do demandado. Diferem
das obrigações solidárias por lhes faltar a relação interna que é própria do mecanismo da
solidariedade, justificando, nesta última, o direito regressivo do devedor que paga.
Obrigações solidárias: Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma
pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade
de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva). Nada impede que se fale
também em solidariedade mista, ainda que não haja previsão legal específica. Podem ser:
Obrigação solidária pura e simples: NÃO contem condição, termo e encargo;
Obrigação solidária condicional: efeitos subordinados a um evento futuro e incerto;
Obrigação solidária a termo: efeitos subordinados a evento futuro e certo.
Algumas Características:
Cada credor poderá exigir o pagamento de qualquer devedor no todo, como se fosse o único
existente, assim como o devedor poderá exonerar-se pagando o total a qualquer credor.
O objeto é único, embora concorram mais de um credor ou devedor, cada um deles com
direito ou obrigado a toda a dívida.
A solidariedade não se presume (art. 265 do CC), resulta da lei ou vontade das partes.

Solidariedade ativa: Diz respeito à existência de mais de um credor.


-Falecimento de um dos credores na obrigação solidária ativa: Se um dos credores falecer, a
obrigação se transmite a seus herdeiros, cessando a solidariedade em relação aos sucessores,
uma vez que cada qual somente poderá exigir a quota do crédito relacionada com o seu quinhão
de herança (refração do crédito), prevista no art. 270 do CC. A prestação poderá ser reclamada
por inteiro nos seguintes casos:
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Se o credor falecido só deixou um


herdeiro; Se todos os herdeiros agem
conjuntamente; Se indivisível a prestação.

Solidariedade ativa e prescrição:


A citação válida contra devedor fracionário não se estende aos
demais; A interrupção do credor solidário se estende aos demais;
O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento
favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o
obteve (art. 274, CC).

Solidariedade passiva: Quando, em determinada obrigação, concorre uma pluralidade de


devedores, cada um deles obrigado ao pagamento de toda a dívida:
Art. 275: O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”.
- Exceções pessoais do devedor demandado: O devedor que for demandado poderá opor ao
credor as exceções que lhe forem pessoais e, bem assim, as defesas que forem comuns a todos os
devedores. Não lhe aproveita, contudo, as defesas pessoais de outro devedor.
- Responsabilidade dos devedores solidários: Se a prestação se impossibilitar por dolo ou culpa
de um dos devedores, todos permanecerão solidariamente obrigados ao pagamento do valor
pelo equivalente. Entretanto, pelas perdas e danos só responderá o culpado (art. 279). Na
solidariedade ativa a situação é diferente, mantendo-se a solidariedade também pelas perdas e
danos. Todos os devedores solidários sempre respondem pelo débito, mesmo não havendo
descumprimento por parte de um ou de alguns. Porém, quanto às perdas e danos somente será
responsável o devedor que agiu com culpa estrita ou dolo.
- Falecimento dos devedores solidários: No caso de falecimento de um dos devedores solidários,
cessa a solidariedade em relação aos sucessores do de cujus, eis que estes somente serão
responsáveis até os limites de seus quinhões correspondentes, salvo se obrigação for indivisível.
- O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a
sua cota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais,
no débito, as partes de todos os co-devedores (ar. 283).
- O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Todavia, no caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da
solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia o insolvente (art. 284).

6.3. Quanto ao objeto:


Obrigações alternativas (disjuntivas): Têm por objeto duas ou mais prestações, mas apenas
uma será cumprida como pagamento, o que aumenta a chance de satisfação do credor. Ex:
Vender casa na praia ou trocá-la por terreno.
- Impossibilidade de cumprimento das obrigações alternativas:
Impossibilidade total:
Sem culpa do devedor: extingue-se a obrigação (art.
256); o Com culpa do devedor:
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Se a escolha cabe ao devedor: deverá pagar o valor da prestação que por


 último se impossibilitou mais perdas e danos (art. 254);
Se a escolha cabe ao credor: poderá exigir o valor de qualquer das
 prestações, mais perdas e danos (art.255).
Impossibilidade parcial:
Sem culpa do devedor: Concentração do débito na prestação subsistente (art.
253); o Com culpa do devedor: S
Se a escolha cabe o devedor: concentração do débito na prestação
subsistente (art. 253);
Se a escolha cabe ao credor: poderá exigir a prestação remanescente ou o
 valor da que se impossibilitou, mais perdas e danos (art. 255).
Obrigações facultativas. O CC não cuidou dessa espécie obrigacional, também denominada
obrigação com faculdade alternativa ou obrigação com faculdade de substituição. A obrigação é
considerada facultativa quando, ao nascer a obrigação, o objeto é único, mas para facilitar o
pagamento, o devedor tem a excepcional faculdade de se libertar por prestação diferente.
O credor não tem a opção, e só e só pode exigir a prestação
principal; Só o devedor pode optar pela prestação facultativa.
Obrigações cumulativas (conjuntivas): Têm por objeto uma pluralidade de prestações, que
devem ser cumpridas simultaneamente. No caso de perda do bem, aplica-se a mesma regra
relativa às obrigações de dar coisa certa (arts. 234 a 236).
6.5. Quanto à divisibilidade
Divisível: Admitem fracionamento.
Indivisível: Segundo o art. 258, do CC, a obrigação é indivisível quando a prestação tem por
objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem
econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
- Formas de indivisibilidade:
Natural: Decorre da própria natureza da
prestação; Legal;
Contratual: Decorre da vontade das próprias partes, que estipulam a indivisibilidade no
próprio título da obrigação.
-Pluralidade:
Devedores: se concorrerem dois ou mais devedores, cada um deles estará obrigado pela
dívida toda.
Credores: poderá qualquer deles exigir a dívida inteira. O devedor se desobrigará:
Pagando a todos os credores conjuntamente;
Pagando a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Recebendo a dívida por inteiro, o credor deverá repassar aos outros, em dinheiro, as partes que
lhes caibam no total (art. 261).
Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros, mas
estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente (art. 262).
Perda da indivisibilidade - Art. 263, do CC: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se
resolver em perdas e danos.
Se houver culpa de todos: responderão igualmente
Culpa de um só: ficarão exonerados os demais devedores, respondendo apenas o
causador pelas perdas e danos.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SOLIDARIEDADE X INDIVISIBILIDADE
SOLIDARIEDADE INDIVISIBILIDADE
Fonte Vontade das partes ou da lei. Decorre de uma prestação
que tem por objeto uma
coisa ou um fato NÃO
suscetível de divisão por
sua natureza, mas pode
decorrer de motivo de
ordem econômica ou
razão determinante do
negócio jurídico.
Extinção Falecimento de um dos co- NÃO se extingue com o
devedores ou co-credores, SALVO se falecimento de co-credor
a obrigação for indivisível. ou co-devedor.
Perdas e danos Permanece mesmo ocorrendo a Perde a qualidade de
conversão em perdas e danos. indivisível se a obrigação se
resolver em perdas e
danos.
Juros moratórios TODOS os devedores respondem Se for culpa de um só
pelos juros de mora, ainda que a devedor, os demais ficam
ação tenha sido proposta contra um, exonerados.
mas o culpado responde aos outros
pela obrigação acrescida.
Interrupção da Aproveita aos demais. NÃO aproveita aos demais.
prescrição

6.6. Quanto ao resultado


Obrigações condicionais. Obrigações condicionadas a evento futuro e incerto. Nesses casos, a
aposição de cláusula dessa natureza no ato negocial subordina a sua eficácia e os direitos e
deveres decorrentes do negócio jurídico.
Obrigações a termo: Obrigações condicionadas a evento futuro e certo. Poderá o devedor
antecipar o pagamento, sem que isso caracterize enriquecimento sem causa do credor, eis que
apenas a exigibilidade está suspensa.
Obrigações modais. São oneradas com encargo imposto a uma das partes que experimentará
um benefício.
6.7. Quanto ao conteúdo
Obrigações de meio. O devedor se obriga a empreender sua atividade, sem garantir, todavia, o
resultado esperado. Ex: Obrigação assumida pelos médicos SALVO as cirurgias plásticas estéticas
(obrigação de resultado).
Obrigação de resultado. O devedor se obriga não apenas a empreender a sua atividade e a
produzir o resultado esperado pelo credor.
Obrigações de garantia: Objetivam eliminar riscos sobre o credor, reparando suas consequências.
7. Transmissão das obrigações
7.1. Cessão de crédito: É negócio jurídico bilateral ou sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo
qual o credor transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Algumas características:
Independe de anuência do devedor, mas deve haver a notificação prévia.
Em regra, possui eficácia inter partes, NÃO se exigindo sequer forma escrita para que
tenha validade; Se mediante terceiros, é necessária a celebração de uma acordo escrito,
por instrumento público ou particular.
Se cessão de crédito onerosa, o cedente fica responsável junto ao cessionário pela existência
do crédito ao tempo em que lhe cedeu (cessão pro solvendo).
a) Classificação:
Quando à origem:
Legal;
Judicial;
Convencional.
Quanto às obrigações:
A título oneroso: Assemelha-se a contrato de compra e venda, diante da presença de
remuneração;
A título gratuito: Assemelha-se a contrato de doação.
ATENÇÃO:
Cessão de crédito: Forma de transmissão das obrigações;
Sub-rogação: Regra especial de pagamento.

Quanto à extensão:
Total;
Parcial.
IV) Quanto à responsabilidade do cedente:
Cessão pro soluto: Confere quitação plena e imediata do débito do cedente para com o
concessionário, exonerando o cedente pela solvência do cedido;
Cessão pro solvendo: A transferência do crédito é feita com o intuito de extinguir a obrigação
apenas quando o crédito for efetivamente cobrado.
7.2. Cessão de débito ou assunção de dívida: É negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor,
com a anuência do credor, e de forma expressa ou tácita, transfere a um terceiro a posição de
sujeito passivo da relação obrigacional.
Assunção cumulativa:
Dois novos devedores responsabilizam-se pela dívida;
O antigo devedor continua responsável, em conjunto, com o novo devedor.
Classificação:
Assunção por expromissão: Terceira pessoa assume espontaneamente o débito da outra,
sendo que o devedor originário NÃO toma parte nessa operação. Pode ser:
o Liberatória;
o Cumulativa.
Assunção por delegação: O devedor originário transfere o débito a terceiro, com anuência do
credor.
DICA:
Assunção de dívida: Deve ter Anuência (conhecimento do credito);
Cessão de dívida: Deve ter Ciência (notificação)
133
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

7.3. Cessão de contrato: É negócio jurídico atípico, e consiste na transferência integral da posição
ativa ou passiva contratual (transmissibilidade global). Ex: Contrato de gaveta.
Requisitos:
Contrato bilateral quanto aos seus efeitos (com direitos e deveres equivalentes para
ambas as partes);
Consentimento do cedido.
Adimplemento e extinção das obrigações
Pagamento direto
a) Elemento subjetivo
Quem deve pagar:
Regra: Quem deve pagar é o devedor. É possível, no entanto, que qualquer interessado
pague.
Terceiro interessado: É quem tem interesse patrimonial na sua extinção (ex: fiador,
avalista, herdeiro) – Se houver pagamento, há sub-rogação legal ou automática.
Terceiro NÃO interessado:
Faz o pagamento em seu próprio nome: tem direito de reembolsar-se no que
pagou, mas NÃO se sub-roga nos direitos do credor. Se pagar antes de vencida a
dívida, só terá direito ao reembolso no seu vencimento.
Pagamento em nome e conta do devedor, sem oposição deste: NÃO terá direito a
nada, pois é como se fizesse doação
A quem pagar:
Regra: Credor.
Exceção: O pagamento pode ser feito ao representante do credor.

Elemento Objetivo: Objeto e prova do pagamento


Objeto do pagamento: É a prestação. O credor não é obrigado a receber outra, diversa da que
lhe é devida, ainda que mais valiosa. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação
divisível, o pagamento não pode ser efetuado por partes, se assim não se ajustou, nem o
devedor é obrigado a receber dessa forma (PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DA
PRESTAÇÃO).
Quitação: É o ATO JURÍDICO que prova o pagamento, materializado pelo recibo. Quem
paga tem o direito de obter a prova de que está pagando, podendo reter o pagamento
ou consigná-lo.
Hipóteses de presunção relativa do pagamento:
Nas prestações de trato sucessivo, o pagamento da última prestação
presume o pagamento das demais (art. 322, CC/02);
Quitação do capital, sem reserva de juros (art. 323,
CC/02): Entrega do título ao devedor (art. 386, CC/02).

Lugar do pagamento
Obrigação quesível: Pagamento no domicílio do devedor. Não havendo contratação
específica quanto ao local do cumprimento da obrigação, será considerada quesível. É a
regra geral do Código Civil.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Obrigação portável: Estipula-se, pelo instrumento negocial ou natureza da obrigação que


o local do pagamento será o domicílio do credor.
Tempo do pagamento
Obrigação instantânea: Ocorre com o cumprimento imediato;
Obrigação de execução diferida: O cumprimento deverá ocorrer uma só vez no futuro;
Obrigação de execução continuada ou trato sucessivo: O cumprimento se protrai no
tempo. Ex: Obrigação de prestar alimentos.
Vencimento antecipado da dívida: VIDE ART. 333, do CC/02 (rol exemplificativo).
8.2. Regras especiais de pagamento
a) Consignação em pagamento: É forma de extinção das obrigações, constituindo-se em um
pagamento indireto da prestação avençada. Consiste em uma faculdade à disposição do devedor
para que, ante o obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias
impeditivas do pagamento, exerça o direito de adimplir a prestação, mediante depósito da coisa
devida.
I. Objeto: Bens móveis ou imóveis, relacionados com a obrigação de dar.
II. Natureza: Possui natureza mista, por ser instituto de direito material e instrumental.
III. Hipóteses – Art. 335, CC/02:
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
- se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

IV. Possibilidade de levantamento do depósito pelo devedor:


Antes da aceitação ou impugnação do depósito: O devedor possui total liberdade para
levantar o depósito, uma vez que a importância ainda não saiu do seu patrimônio jurídico
(art. 338).
Depois da aceitação ou impugnação do depósito pelo credor: o depósito só poderá ser
levantado com a anuência do credor, que perderá a preferência e a garantia que lhe
competia sobre a coisa consignada, com liberação dos fiadores e co-devedores que não
tenham anuído (art. 340).
Julgado procedente o depósito: o devedor já não poderá levantá-lo, ainda que o credor
consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores (art. 339).
Consignação de coisa certa e de coisa incerta. A consignação pode ser de coisa certa ou
incerta (nesse caso, deve haver a concentração do débito), mas não cabe para obrigações de
fazer ou não fazer, já que a consignação se refere ao depósito da coisa devida.
b) Imputação de pagamento: É a possibilidade de escolha do débito pelo devedor.
I. Requisitos:
Pluralidade de débitos;
Identidade de sujeitos (credor e devedor);
Liquidez e vencimento de dívidas da mesma natureza;

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Suficiência do pagamento para solver qualquer das dívidas.

Ordem de imputação legal: Caso não haja manifestação do sujeito ativo e passivo, haverá a
imputação legal na seguinte ordem:
1º - Havendo capital e juros, primeiro os juros;
2º - Dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar, primeiro as dívidas mais
antigas; 3º - Dívidas mais onerosas, se vencidas e líquidas ao mesmo tempo.
4º - A imputação será de todas as dívidas na mesma proporção (posicionamento doutrinário).
VI. Pagamento com sub-rogação: É a substituição do sujeito ativo, passando a terceira pessoa a
ser o novo credor da relação obrigacional, é o cumprimento da dívida por um terceiro.
a) Efeitos da sub-rogação:
Liberatório: extinção do débito em relação ao devedor original;
Translativo: transferência da relação obrigacional para o novo credor.
b) Classificação:
I. Sub-rogação legal (art. 346, do CC/02): Pagamentos por terceiros interessados na dívida. Exemplos:
Credor que paga a dívida do devedor comum a outro
credor; Fiador que paga a dívida do principal.
Sub-rogação convencional (art. 347, do CC/02): Pagamentos efetivados por terceiros NÃO
interessados na dívida. É forma de pagamento indireto, há negócio jurídico celebrado com
terceiro não interessado.
Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos
os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida,
sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

c) Hipóteses de sub-rogação:
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:
I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
- do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do
terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo
ou em parte.

Pagamento com sub-rogação x cessão de crédito


PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO CESSÃO DE CRÉDITO
Regra especial de pagamento ou forma Forma de transmissão das obrigações.
de pagamento indireto, pela mera
substituição do credor, mantendo-se os
demais elementos obrigacionais.
NÃO há necessidade de notificar o Deve notificar o devedor para que saiba
devedor, SALVO art. 347, I, do CC/02. a quem pagar (art. 290, do CC).
Caráter gratuito Caráter gratuito ou
Arts. 346-351 oneroso Arts. 286-298

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Novação: Forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma obrigação


anterior por uma nova, diversa da primeira criada pelas partes. O principal efeito é a extinção da
dívida primitiva, se não houver estipulação em contrário.
I. Elementos Essenciais:
Existência de obrigação anterior (obrigação
antiga); Existência de nova obrigação válida;
Intenção de novar.
Novação Subjetiva x Sub-rogação
Novação Subjetiva: Cria-se um novo vínculo, totalmente independente do primeiro.
Sub-rogação: Na sub-rogação, há apenas alteração da estrutura obrigacional, surgindo só um
novo credor;
Classificação:
Novação objetiva ou real: O devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir a
primeira (art. 360, I, do CC);
Novação subjetiva ou pessoal: Há substituição dos sujeitos da relação jurídica
obrigacional, criando-se nova obrigação, com novo vínculo entre as partes. Pode ser:
o Novação Subjetiva ativa;
o Novação Subjetiva passiva.
Novação subjetiva passiva por expromissão: Um terceiro assume a dívida do devedor
originário, pois é ele que indicará uma terceira pessoa para assumir o seu débito, havendo
concordância do credor.
Novação mista (doutrina): Ao mesmo tempo substitui-se o objeto e um dos sujeitos da
relação jurídica.
Compensação: Ocorre quando duas pessoas são, ao mesmo tempo, credoras e devedoras umas
das outras.
- Efetua-se entre
dívidas: Líquidas
Vencidas
De coisas fungíveis.

Espécies:
Compensação legal: Decorre de lei e independe de convenção entre os sujeitos da relação
obrigacional.
Convencional: Tem origem no poder de livre disposição das partes.
Judicial: Trata-se de uma decisão judicial constitutiva, na qual o juiz, embora
originariamente ausente a liquidez, define que o crédito é pronta e facilmente liquidável.

Confusão: Ocorre quando as figuras do devedor e do credor se reúnem na mesma pessoa, seja
por ato inter vivos ou mortis causa.
- Requisitos:
Unidade da relação obrigacional;
Reunião, na mesma pessoa, das qualidades de credor e
devedor; Ausência de separação de patrimônios.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Remissão de dívidas: Ocorre quando o credor libera o devedor, no todo ou em parte, sem
receber pagamento. É um perdão da dívida.
- Requisitos:
Ânimo de perdoar;
Agente capaz para alienar gratuitamente, além da legitimação para dispor do
crédito; Aceitação do perdão;
Algumas características:
NÃO se admite em prejuízo de terceiros, e se opera apenas inter partes;
Pode ser revogada unilateralmente, desde que não tenha ainda gerado um direito contrário. O
perdão concedido ao devedor principal extingue a obrigação dos fiadores e liberta as
garantias reais.
Se forem vários os devedores, a remissão concedida a um deles extingue a obrigação na parte
que lhe corresponde. Sendo indivisível, os demais credores somente poderão exigir a
prestação com desconto da parte relativa ao remitente.
Inadimplemento: Pode ocorrer das seguintes
formas: Inadimplemento absoluto;
Inadimplemento parcial;
Violação positiva do contrato.

9.1. Inadimplemento absoluto: Trata-se do descumprimento TOTAL da obrigação. A obrigação


principal converte-se em obrigação de indenizar, se inadimplemento culposo.
Não cumprindo a obrigação, responde pelo objeto + perdas e danos + juros compensatórios +
cláusula penal (se prevista) + atualização monetária + custas + honorários contratuais.
* Atenção: Obrigações negativas só ensejam inadimplemento absoluto.
9.2. Inadimplemento relativo: Mora – É o atraso, retardamento ou imperfeita satisfação da
obrigação.
a) Principal efeito: Responsabilização do devedor por todos os prejuízos causados ao credor +
juros + atualização + honorários advocatícios.
b) TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL: Ocorre nas hipóteses em que a obrigação tiver
sido quase toda cumprida. NÃO caberá a extinção do contrato, mas apenas outros efeitos
jurídicos, visando à manutenção da avença.
c) Requisitos:
I. Se do devedor:
Existência de dívida líquida e certa;
Vencimento (exigibilidade da
dívida); Culpa do devedor.

Se do credor:
Oferta regular do devedor;
Recusa do credor;
Culpa do credor.

d) Classificação:

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

I. Mora ex re ou automática: Quando a obrigação for positiva, líquida e com data fixada para o
adimplemento, a inexecução da obrigação implica a mora do devedor de forma automática.

Mora ex persona ou mora pendente: Caracterizada se não houver estipulação de termo final
para a execução da obrigação assumida. Dependerá de protesto, notificação ou interpelação para
constituir a mora.

Mora irregular ou presumida: Obrigações de ato ilícito – Há mora desde que praticado o fato.

Purgação x cessação da mora:


Purgação: Atuação reparadora do sujeito moroso. Efeitos ex nunc.
Cessação: Decorre da própria extinção da obrigação, como ocorre com novação ou
remissão de dívida. Efeitos ex tunc.

JUROS: São frutos civis da coisa, rendimentos do capital.


Quanto à origem:
Convencionais: Decorrem de acordo entre as partes;
Legais: Decorrem da norma jurídica.
Quanto à relação com o inadimplemento:
Moratórios: Decorrem do retardamento culposo no cumprimento da
obrigação.
Compensatórios: Decorrem da utilização consentida do capital alheio, a
exemplo do inadimplemento total da obrigação. Devem ser previstos no
contrato, estipulados pelos contratantes.
STJ: Entende que os juros das instituições bancárias e financeiras podem ser
fixados segundo as regras de mercado.

CLÁUSULA PENAL ( = MULTA CONTRATUAL OU PENA CONVENCIONAL): É penalidade


de natureza civil, imposta pela inexecução parcial ou total de um dever
patrimonial assumido. É pactuada no caso de violação da obrigação, sendo
obrigação acessória que visa a garantir o valor das perdas e danos em caso de
descumprimento, e a garantir o cumprimento da obrigação principal. Pode ser:
Compensatória: Em caso de inadimplemento total da obrigação. Em geral
de valor elevado, o credor terá as seguintes opções NÃO cumulativas:
o Exigir o cumprimento da obrigação;
o Pleitear a pena compensatória;
o Ressarcimento em perdas e danos.
Moratória: Assegurar o cumprimento de uma cláusula OU evitar a mora.

Multa moratória = obrigação principal + multa;


Multa compensatória = obrigação principal OU multa.

ESQUEMA DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA:

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Termo inicial dos juros moratórios:


Responsabilidade extracontratual: Juros fluem a partir do evento
danoso (art. 398, do CC/02 + Súmula 54 do STJ);
Responsabilidade contratual:
Obrigação líquida: Juros a partir do vencimento da obrigação
 (art. 397) = MORA EX RE;
Obrigação Ilíquida: Juros a partir da citação (art. 405) = MORA
 EX PERSONA.
Termo inicial da correção monetária:
Danos morais: Incide desde a data do arbitramento (S. 362 STJ);
Danos materiais: Incide correção sobre a dívida por ato ilícito a partir
do efetivo prejuízo (S. 43 STJ).

ARRAS OU SINAL: É o sinal, valor dado em dinheiro ou bem móvel entregue por
uma parte à outra, quando um contrato preliminar, para trazer presunção de
certeza do contrato definitivo.
Funções:
Funcionar como antecipação do pagamento ou das perdas e
danos; Tornar definitivo o contrato preliminar.
Espécies:
Confirmatórias: Presentes na hipótese em que NÃO constar a possibilidade
de arrependimento quanto à celebração do contrato definitivo. Se houver
rescisão, o devedor deverá receber as arras;
Penitenciais: Quando consta no contrato a possibilidade de arrependimento.
Possui função unicamente indenizatória, sem perdas e danos.

9.3. Violação positiva dos contratos: Decorre da violação dos deveres anexos, relacionados à
boa-fé objetiva.

Referências Bibliográficas:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.

TRABALHO

22 Direito coletivo do trabalho. 22.1 Convenção nº 87 da OIT (liberdade sindical). 22.2


Organização sindical. 22.3 Conceito de categoria. 22.4 Categoria diferenciada. 22.5 Convenções
e acordos coletivos de trabalho. 23 Direito de greve e serviços essenciais

RESUMO DO DIA

Organização sindical brasileira: É dividida entre sindicatos e entidades de grau superior, que
são as federações e confederações. Recentemente, as centrais sindicar tiveram reconhecimento
jurídico, tendo natureza de órgão de cúpula, pois coordenam as demais entidades.
140
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

1.1. Sindicatos: Possuem a finalidade de representar e defender os interesses da categoria, na


esfera judicial e extrajudicial. A organização é feita com base no sistema de categorias, sendo
necessário identificar a atividade preponderante da empresa:
Categoria econômica (art. 511, §1º, da CLT): Ocorre quando há solidariedade de interesses
econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constituindo
vínculo social básico entre essas pessoas;
Categoria profissional (art. 511, §2º, da CLT): Ocorre quando há similitude de condições de
vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego ou na mesma
atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas.
Categoria profissional diferenciada (art. 511, §3º, da CLT): É a que se forma dos empregados que
exerçam profissões ou funções diferenciadas por força do estatuto profissional especial ou em
consequência de condições de vida singulares. A formação do sindicato será apenas para a
defesa dos trabalhadores, pois não há categoria diferenciada para empregadores.
A empresa NÃO está, entretanto, obrigada a cumprir as normas coletivas da categoria
diferenciada se não participou da negociação coletiva.

Fundação do sindicato e a Convenção nº 87 da OIT: O sindicato é uma pessoa jurídica de


direito privado, portanto é necessário, para que adquira personalidade jurídica, o registro no
cartório de registro civil de pessoas jurídicas. No entanto, não há necessidade de prévia
autorização para a criação do sindicato.
- O Brasil adota o PRINCÍPIO DA UNICIDADE SINDICAL, pelo qual não poderá existir mais de um
sindicato profissional (trabalhadores) ou sindicato da categoria econômica (empregadores) na
mesma base territorial. O Brasil não ratificou a Convenção Internacional nº 87 da OIT, que adota
o PRINCÍPIO DA PLURALIDADE SINDICAL, o que possibilitaria mais de um sindicato,
representante da mesma categoria, na mesma base territorial.
- O sindicato pode representar a categoria em várias cidades, mas não é permitido dois sindicatos
representarem a mesma categoria em um mesmo município.
- Em razão da obrigatoriedade de sindicato único, há necessidade de registro do sindicato no
Ministério do Trabalho e Emprego, para que o órgão fiscalize se a unicidade sindical está sendo
cumprida. Apenas após o registro no MTE é que o sindicato adquire natureza sindical.

Livre filiação dos trabalhadores: A decisão de se filiar e se manter filiado cabe exclusivamente
ao trabalhador. Os aposentados possuem o mesmo direito à livre filiação, podendo candidatar-se
a representantes do sindicato.

Organização do sindicato: Será feita conforme previsão no seu estatuto, sendo vedada a
interferência ou intervenção estatal no seu funcionamento interno. São órgãos do sindicato:
Assembleia Geral: Órgão deliberativo do sindicato;
Diretoria: Administra o sindicato;
Conselho Fiscal: Fiscaliza as contas e gastos do sindicato.
* Delegados sindicais: Indicados pela Diretoria para representar os interesses dos sindicatos.

d) Custeio do sindicato:

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Contribuição sindical: Prevista em Lei e na CF/88, era obrigatória para todos os


empregados, profissionais liberais e empregadores. No entanto, com a reforma
trabalhista, a contribuição sindical passa a ser facultativa, mediante desconto em folha:

Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus
empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao
sindicato, quando por este notificados.

Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades
SERÃO, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma
estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.

Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e


expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou
de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou
profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.

Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus


empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados
que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.

Contribuição confederativa: Serve para custear o sistema confederativo (sindicato,


federações e confederações). É fixada por assembleia geral e o desconto é feito na folha de
pagamento dos empregados. NÃO possui natureza jurídica de tributo, e não pode ser cobrada
de trabalhadores não associados ao sindicato. Nesse sentido, SÚMULA VINCULANTE 40 DO
STF.
Contribuição assistencial: Tem a finalidade de compensar os custos decorrentes da
participação nas negociações coletivas. NÃO tem natureza de tributo, e será cobrada
apenas dos filiados do sindicato.
Mensalidade sindical: É voltada para manutenção de atividades recreativas e assistenciais
do sindicato. É cobrada apenas dos filiados.

1.2. Federação e confederação: São entidades sindicais de grau superior.


Federações: São entidades de segundo grau, compostas de, no mínimo, 5 (cinco) sindicatos
que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares
ou conexas. o objetivo da federação é coordenar interesses e reunir os sindicatos.

Confederações: Entidades de âmbito nacional, com sede em Brasília. São formadas por, no
mínimo, 3 (três) federações. Têm como objetivo coordenar as federações e sindicatos do seu
setor. * ATENÇÃO: A confederação possui legitimidade para propor ação direta de
inconstitucionalidade, conforme previsto no art. 103, IX, da CF/88.
Órgãos das Federações e Confederações:
Conselho de representantes;
Diretoria;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Conselho Fiscal.
1.3. Centrais Sindicais: São entidades abrangentes, que não representam um grupo ou categoria
específica, em que tanto os sindicatos, como as federações e confederações poderão se filiar às
centrais sindicais. No entanto, essas entidades representam apenas os trabalhadores, pois são
formadas apenas por categorias profissionais.
Atribuições:
Coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais a ela
filiada;
Participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços, em
que estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores.
Requisitos para o exercício das atribuições e prerrogativas das centrais sindicais:
Filiação de, no mínimo, 100 sindicatos distribuídos nas 5 regiões do País;
Filiação em pelo menos 3 (três) regiões do País de, no mínimo, 20 sindicatos em cada
uma; Filiação de sindicatos em, no mínimo, 5 setores de atividade econômica; e
Filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 7% do total de empregados
sindicalizados em âmbito nacional.
Após a sua constituição, a entidade passará a receber 10% do montante da contribuição sindical
anual paga pelos trabalhadores.
As centrais sindicais não têm legitimidade para celebrar acordos ou convenções coletivas,
ingressar com ação de cumprimento ou instaurar dissídio coletivo.
2. Negociação Coletiva: Convenções e acordos coletivos: A CF/88 conferiu aos sindicatos o poder
de criar normas jurídicas, razão pela qual pode surgir o acordo coletivo e a convenção coletiva:
Art. 7º, XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
Art. 8º, VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
Acordo Coletivo: instrumento normativo que decorre da negociação coletiva, sendo firmado
pelo sindicato da categoria profissional (trabalhadores) com uma ou mais empresas. As
normas firmadas no acordo serão aplicáveis no âmbito da empresa ou empresas acordantes,
ou seja, aplicação a todos os empregados, independentemente de filiação ao sindicato.
Convenção Coletiva: decorre da negociação coletiva, sendo firmado pelos sindicatos da
categoria profissional e sindicato da categoria econômica. O alcance das normas coletivas
não se limita aos filiados, mas a todo o "âmbito das respectivas representações."
ATENÇÃO: A convenção coletiva é mais abrangente, pois envolve os sindicatos de ambas as
categorias. Já o acordo tem abrangência mais restrita, envolvendo apenas os empregados da
empresa ou empresas que o celebraram.
- Se houver conflito entre acordo e convenção coletiva, aplica-se o princípio da norma mais
favorável. - A Administração Pública não está autorizada a firmar acordo ou convenção coletiva
em que acarrete impactos financeiros, pois eventuais aumentos salariais decorrem de lei. Poderá
firmar, entretanto, cláusulas de natureza social, como banco de horas, etc.
Súmula 679 do STF. A fixação de vencimento dos servidores públicos não pode ser objeto
de convenção coletiva.
Orientação Jurisprudencial nº 5 da SDC do TST. Em face de pessoa jurídica de direito
público que mantenha empregados, cabe dissídio coletivo exclusivamente para
apreciação de cláusulas de natureza social. Inteligência da Convenção nº 151 da
Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo Decreto Legislativo no 206/2010.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

ATENÇÃO: A REFORMA TRABALHISTA TROUXE ALGUNS DISPOSITIVOS SOBRE AS CONVENÇÕES


COLETIVAS:
“Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a
lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites
constitucionais; II - banco de horas anual;
- intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas
superiores a seis horas;
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de
novembro de 2015;
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado,
bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;
VI - regulamento empresarial;
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
remuneração por desempenho individual;
X - modalidade de registro de jornada de
trabalho; XI - troca do dia de feriado;
XII - enquadramento do grau de insalubridade;
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades
competentes do Ministério do Trabalho;
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas
de incentivo;
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.
§ 1o No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do
Trabalho observará o disposto no § 3o do art. 8o desta Consolidação9.
§ 2o A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho NÃO ensejará sua nulidade por NÃO caracterizar
um vício do negócio jurídico.
§ 3o Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o
acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa
imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.
§ 4o Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou
de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta DEVERÁ ser
igualmente anulada, sem repetição do indébito.
§ 5o Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho
deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que
tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos.”

“Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de


trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e
Previdência Social;
- seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

- valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do


Tempo de Serviço (FGTS);
IV - salário mínimo;
V - valor nominal do décimo terceiro salário;
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa; VIII - salário-família;
IX - repouso semanal remunerado;
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por
cento) à do normal;
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte
dias; XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas
regulamentadoras do Ministério do Trabalho;
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas; XIX - aposentadoria;
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador com deficiência;
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de quatorze anos;
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso;
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de
NÃO sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial
estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender;
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre
o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400
desta Consolidação.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Legitimados: Os sindicatos são os legitimados. No entanto, se o sindicato da categoria se


recusa a assumir a negociação em 8 dias, caberá à federação a que ele estiver vinculado e, na
falta desta, a correspondente confederação, para que no mesmo prazo assuma a direção dos
entendimentos. Esgotado esse prazo de 8 dias, poderão os interessados (grupo de empregados)
prosseguir na negociação coletiva com a empresa, conforme previsto no art. 617, § 12 da CLT.
Prazo de vigência: Não poderá ser superior a 02 anos. O TST interpreta o prazo de acordo com
a Teoria da aderência limitada por revogação, ou seja, enquanto não houver um novo acordo ou
convenção que modifique a situação do instrumento ajustado, este continua em vigor, mesmo
após terminado o seu prazo de vigência de 2 anos.
Normas para conciliação de divergências: Há possibilidade de cláusulas que prevejam a forma
de solução de conflitos via mediação e arbitragem.

Prorrogação e revisão total ou parcial dos dispositivos: No caso da prorrogação e da revisão,


há necessidade de convocação da assembleia geral. Ademais, o novo instrumento revisado ou
prorrogado deverá ser depositado na mesma repartição onde a norma coletiva originária foi
arquivada. As modificações somente passarão a vigorar após 3 dias do depósito.
GREVE
Greve: É a paralisação coletiva, pacífica e temporária do trabalho com o objetivo de defender
interesses profissionais. A Lei nº 7.783/89 regulamenta o direito de greve e conceitua:
Art. 2º Para os fins desta lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a
suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação pessoal de
serviços a empregador.
Natureza jurídica: Consiste na suspensão do contrato de trabalho, pois não há nem a
prestação dos serviços, nem o pagamento dos salários. Ao empregador é vedado, durante a
greve, rescindir contratos de trabalho dos empregados grevistas, SALVO se houver ocorrido abuso
ou falta grave. O empregador NÃO poderá contratar substitutos, se organizadas as equipes de
empregados para as atividades essenciais ou para evitar prejuízos irreparáveis à empresa.
Greve abusiva: É aquela que não atende às necessidades básicas da população:
Seja pela paralisação de 100% de atividades essenciais (OJ 38 da SDC do TST);
Pela falta de prévia comunicação à sociedade e ao empregador sobre o início da greve;
Pelo início de movimento grevista SEM tentativa prévia de negociação (OJ 11 da SDC do TST).
Manutenção da greve após a celebração de acordo, convenção coletiva ou decisão normativa,
SALVO se:
A paralisação for para exigir o cumprimento das cláusulas formadas no instrumento
coletivo;
Quando houver fato novo que modifique a situação do contrato.
Se a greve for declarada abusiva pela Justiça Laboral, NÃO serão reconhecidos os direitos e
vantagens pleiteados pelo movimento grevista.
c) Lockout: É a paralisação das atividades empresariais por iniciativa do empregador, a fim de
frustrar negociação coletiva. É conduta vedada pela lei de greve e, como consequência, deve
haver o pagamento dos dias em que houve paralisação da empresa.
d) Greve no serviço público:
Estatutários: Ante a ausência de lei específica, após vários mandados de injunção, o STF
decidiu aplicar, por analogia, a lei de greve para os servidores estatutários.
Empregados Públicos: como são regidos pela CLT, aplica-se a lei de greve.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

O art. 142, IV, da CF/88 proíbe expressamente a greve e a sindicalização dos servidores
militares.

Competência: A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade


de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e
fundações públicas.STF. Plenário. RE 846854/SP, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

Direitos e deveres dos grevistas: Os grevistas têm assegurado o direito ao uso dos meios pacíficos
de persuasão e a busca da adesão de outros trabalhadores, bem como a arrecadação de fundos e livre
divulgação do movimento. Em contrapartida, devem observar direitos e garantias fundamentais.
Greve em serviços essenciais: A lei de greve elenca as atividades essenciais:
Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e
combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
- distribuição e comercialização de medicamentos e
alimentos; IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e
lixo; VII – telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais
nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI compensação bancária.

Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os


trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação
dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas,
coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.
É obrigatório que sejam atendidos os serviços inadiáveis à população, sob pena de a greve ser
considerada abusiva. O percentual da manutenção dos serviços deve ser analisada no caso concreto.

Requisitos para o exercício do direito de greve:


Convocação e realização de assembleia geral;
Comunicação prévia ao empregador, com antecedência de 48 horas, no mínimo. Para
serviços essenciais, a comunicação deve ser em 72 horas.
Manutenção do maquinário.

TERCEIRIZAÇÃO

Terceirização: Ocorre quando a empresa, ao invés de executar serviços diretamente através de seus
empregados, contrata outra empresa para que esta os realize com pessoal sob sua responsabilidade.
Vejamos o teor da súmula 331 TST (com redação ainda mantida, mesmo após a lei nº 13.429/2017):
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Súmula 331 do TST. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação


do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30
e 31.05.2011
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo
diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº
6.019, de 03.01.1974).
- A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo
de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37,
II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância
(Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços
especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e
a subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que
haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial.
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem
subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço
como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas
decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

Sujeitos envolvidos:
Empregado terceirizado;
Empresa intermediadora;
Empresa tomadora.
Requisitos:
Anteriormente, só era permitida para atividade-meio ou atividades secundárias da
empresa. Com a Lei nº 13.429/2017, a terceirização de qualquer serviço da empresa
tomadora passa a ser legal. Basta que ela terceirize serviços determinados e específicos e
que a empresa prestadora de serviços utilize os trabalhadores contratados nesses serviços
terceirizados. Caso os trabalhadores atuem em atividades distintas daquelas que foram
objeto do contrato de prestação de serviços, a terceirização será irregular.
Ausência de pessoalidade e subordinação entre trabalhador e empresa tomadora, já que
esta contrata os serviços, e não a pessoa. O empregado se subordina à empresa
intermediadora, e não à tomadora.
Ocorre que, com a Lei nº 13.429/17, deixa de existir diferenciação entre atividade-meio e
atividade-fim, e todas as funções passam a poder ser terceirizadas!

Responsabilidade da tomadora: Se a empresa prestadora de serviços não pagar aos


trabalhadores, a tomadora deverá arcar com os encargos trabalhistas (RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA).
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

IV. Direito dos terceirizados: São os direitos pertencentes à categoria profissional da empresa
intermediadora (ou prestadora) de serviços. Logo, NÃO há possibilidade de o terceirizado
requerer equiparação salarial sendo o parâmetro o salário do empregado da tomadora, SALVO se
ocorrer fraude na terceirização.
OJ nº 383 da SDI-I do TST: A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa
interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não
afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às
mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo
tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do
art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974.
V. Terceirização na Administração Pública: Há possibilidade de terceirização da atividade-meio
da Administração Pública, a exemplo dos serviços de vigilância, limpeza e telefonia.

QUARTEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: O QUE É ISSO?

Consiste na terceirização da atividade de gerenciamento à empresa que fiscaliza os


demais contratos de terceirização no âmbito da administração. Existe doutrina que
defende ser o estágio seguinte à terceirização, consistindo na contratação pela
Administração de um terceiro privado, especializado em gerenciar pessoas físicas
ou jurídicas, os “quarteirizados”, que o terceiro contratará para a execução de
determinados serviços ou o fornecimento de certos bens necessários ao serviço
público.
NÃO há relação jurídica entre a Administração e empresas quarteirizadas, mas
entre a Administração e empresa gerenciadora, razão pela qual o Estado NÃO
possui responsabilidade pelos atos praticados pelas quarteirizadas.
Exemplo: contratação de empresa especializada no gerenciamento da manutenção
preventiva e corretiva de veículos de órgãos policiais. No contrato, a empresa privada,
vencedora da licitação, tem o dever de gerenciar a frota de veículos da administração,
incluindo fornecimento de peças, acessórios, mão-de-obra e transporte por guincho.

*Atenção: Com a lei nº 13.429/2017, fica expressamente permitida a chamada


“quarteirização” de serviços de modo geral, ou seja, a empresa contratada para
prestar os serviços pode subcontratar outras empresas para prestá-lo

ALGUMAS PRERROGATIVAS PROCESSUAIS DO FISCO NA JUSTIÇA DO TRABALHO

O presente resumo NÃO esgota a matéria. Recomendamos a leitura da obra “O Poder Público
em Juízo para concurso” e “Direito e Processo do Trabalho aplicados à Administração Pública e
Fazenda Pública” (Rogério Neiva). Sugerimos ainda a leitura do Decreto-Lei 779/69.

I. Prazos: Pelo Decreto-Lei 779/69, há a diferenciação entre prazo em dobro para recorrer e em
quádruplo para contestar. O NCPC, aplicado subsidiariamente ao processo trabalhista, acabou
com essa diferenciação, e aplica o prazo em dobro. A tendência é a aplicação do prazo em
consonância ao novo CPC.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Cobrança das contribuições sociais na Justiça trabalhista: SÚMULA VINCULANTE 53 STF - A


competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a
execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante
das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.

Depósito Recursal: A Fazenda Pública é dispensada de depósito para interposição de recurso.

IV) Pagamento de custas: o pagamento de custas será realizado ao final, salvo quanto à União
Federal, que não as pagará.

Recurso de ofício: Recurso ordinário "ex officio" das decisões que lhe sejam total ou
parcialmente contrárias.
O instituto não é pertinente no caso de decisões que desafiam agravo de petição;
Não cabe recurso de revista contra acórdão que julgou remessa necessária, sem que
tenha ocorrido a interposição de recurso ordinário voluntário, salvo se a decisão agrava a
situação processual do ente público (OJ nº 334 da SDI-1 do TST);
Não cabe ação rescisória de sentença não submetida à remessa necessária, bastando
exercício do direito de petição ao Presidente do Tribunal para avocação dos autos (OJ nº
21 da SDI-2 do TST);
Existência de pré-questionamento quando, em remessa necessária, o Tribunal confirma
sentença por seus próprios fundamentos (Súmula nº 298, III, do TST);

VI) Revelia: É possível o reconhecimento dos efeitos da revelia em desfavor da Fazenda Pública
(OJ nº 152 da SDI-1 do TST).

VII) Representação dos Procuradores: A regularidade da representação dos procuradores (que é


presumida) dispensa a juntada de instrumento procuratório (Súmula 436 do TST).

VIII) Autenticação de peças pela Fazenda Pública: Há dispensa de autenticação de peças por
parte da Fazenda Pública (OJ nº 134 da SDI-1 do TST).

IX) Legitimidade recursal: Não há legitimidade recursal de ente público em relação à


sucumbência sofrida por uma de suas autarquias ou fundações (OJ nº 318 da SDI-1 do TST), o que
se observa também para fins de ação rescisória.

Sucessão e penhoras já realizadas: Na hipótese de sucessão trabalhista, em que o ente


federado assume os débitos de empresa pública ou sociedade de economia mista, a execução
passa a observar o procedimento executório próprio à Fazenda Pública, porém, ficam
preservadas, e válidas, as penhoras já realizadas (OJ nº 343 da SDI-1 do TST).

XI) Reexame Necessário:

SÚMULA 303 TST. FAZENDA PÚBLICA. REEXAME NECESSÁRIO (nova redação em


decorrência do CPC de 2015) - Res. 211/2016, DEJT divulgado em 24, 25 e 26.08.2016
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

I - Em dissídio individual, está sujeita ao reexame necessário, mesmo na vigência da


Constituição Federal de 1988, decisão contrária à Fazenda Pública, salvo quando a
condenação não ultrapassar o valor correspondente a: a) 1.000 (mil) salários mínimos
para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; b) 500
(quinhentos) salários mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos
Estados; c) 100 (cem) salários mínimos para todos os demais
Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
II – Também não se sujeita ao duplo grau de jurisdição a decisão fundada em:
a) súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Tribunal Superior do
Trabalho em julgamento de recursos repetitivos;
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.
III - Em ação rescisória, a decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho está sujeita
ao duplo grau de jurisdição obrigatório quando desfavorável ao ente público, exceto nas
hipóteses dos incisos anteriores. (ex-OJ nº 71 da SBDI-1 - inserida em 03.06.1996)
IV - Em mandado de segurança, somente cabe reexame necessário se, na relação
processual, figurar pessoa jurídica de direito público como parte prejudicada pela
concessão da ordem. Tal situação não ocorre na hipótese de figurar no feito como
impetrante e terceiro interessado pessoa de direito privado, ressalvada a hipótese de
matéria administrativa. (ex-OJs nºs 72 e 73 da SBDI-1 – inseridas, respectivamente, em
25.11.1996 e 03.06.1996).

ACIDENTE DO TRABALHO

Elementos caracterizadores do acidente de trabalho:


Evento decorrente de trabalho a serviço da empresa, de atividade campesina ou
pesqueira artesanal individualmente ou em regime de economia familiar para a
subsistência, desenvolvida pelo segurado especial;
Causação de lesão corporal ou funcional (psíquica);
Ocorrência de morte do segurado, redução ou perda temporária ou definitiva da
capacidade laboral;
Nexo entre o exercício do trabalho e o evento que cause lesão física ou psicológica ao
trabalhador.

Doenças ocupacionais (equiparadas): Também são consideradas pela legislação como


acidente de trabalho, e se dividem em:
Doença profissional ou tecnopatia: Produzida ou desencadeada pelo exercício do
trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada
pelo Ministério da Previdência Social. Ex: Silicose.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Doença do trabalho ou mesopatia: Adquirida ou desencadeada em função de condições


especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da
relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social. Ex: Surdez, que poderá decorrer
ou não do exercício do trabalho.

Dia do acidente: É considerado como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do


trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, o dia
da segregação compulsória ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito
o que ocorrer primeiro.

Não são doença do trabalho:


Doença degenerativa;
Inerente a grupo etário;
Que não produza incapacidade laborativa;
Doença endêmica adquirida por habitante de região em que ela se desenvolva, SALVO
comprovação de que é resultando de exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.

Responsabilidade civil da empresa perante a Justiça do Trabalho: Na hipótese de dolo ou


culpa, o empregador responderá civilmente nas hipóteses de acidente de trabalho, em demanda
a ser proposta pelo empregado na Justiça do Trabalho.
- Vide Súmula Vinculante 22 STF.

Referências Bibliográficas:
Henrique Correira. Direito do Trabalho para concursos de analista do TRT e MPU.
Direito e Processo do Trabalho aplicados à Administração Pública e Fazenda Pública.
Frederico Amado. Direito Previdenciário – Coleção Sinopses para concursos.

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 270 – 323 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

PÁGINAS 543 A 568

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 31 (+++)

152
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre


operações de locação de bens móveis.

SÚMULA VINCULANTE 32 (+++)

O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras.

SÚMULA VINCULANTE 33 (+++)

Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social
sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal,
até a edição de lei complementar específica.

SÚMULA VINCULANTE 34 (+)

A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do Trabalho – GDASST,


instituída pela Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor correspondente a 60
(sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória 198/2004, convertida na Lei
10.971/2004, quando tais inativos façam jus à paridade constitucional (EC 20/1998, 41/2003 e
47/2005).

SÚMULA VINCULANTE 35 (+)

A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.

SÚMULA VINCULANTE 36 (+)

Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e
de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro
(CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.

SÚMULA VINCULANTE 37 (+++)

Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de isonomia.

SÚMULA VINCULANTE 38 (+++)

competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.

SÚMULA DO STF TODO DIA

153
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SÚMULA Nº 666

A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA DE QUE TRATA O ART. 8º, IV, DA CONSTITUIÇÃO, SÓ É EXIGÍVEL DOS
FILIADOS AO SINDICATO RESPECTIVO.

Mesmo teor da Súmula Vinculante 44.

SÚMULA Nº 736 COMPETE À JUSTIÇA DO TRABALHO JULGAR AS AÇÕES QUE TENHAM COMO CAUSA DE
PEDIR O DESCUMPRIMENTO DE NORMAS TRABALHISTAS RELATIVAS À SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE
DOS TRABALHADORES.

SÚMULA DO STJ TODO DIA

AÇÃO MONITÓRIA

Súmula 247 - O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de


débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. (Súmula 247, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 25/07/2001, DJ 05/06/2001 p. 132)

Súmula 282 - Cabe a citação por edital em ação monitória. (Súmula 282, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
28/04/2004, DJ 13/05/2004 p. 201)

CPC. Art. 700, § 7º Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o
procedimento comum.

Súmula 292 - A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em


ordinário. (Súmula 292, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/05/2004, DJ 13/05/2004 p. 183)

CPC. Art. 702, § 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção, sendo vedado o oferecimento de
reconvenção à reconvenção.

Súmula 299 - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. (Súmula 299, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 18/10/2004, DJ 22/11/2004 p. 425)

Súmula 339 - É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública. (Súmula 339, CORTE ESPECIAL, julgado
em 16/05/2007, DJ 30/05/2007 p. 293)

CPC. Art. 700, § 6º É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.

Súmula 384 - Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de
bem alienado fiduciariamente em garantia. (Súmula 384, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2009, DJe
08/06/2009)

Súmula 503 - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. (Súmula 503,
SEGUNDA SEÇÃO, julgada em 11/12/2013, DJe 10/02/2014)

AÇÃO RESCISÓRIA

154
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Súmula 401 - O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do
último pronunciamento judicial. (Súmula 401, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/10/2009, DJe 13/10/2009)

CPC. Art. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da
última decisão proferida no processo.

ARBITRAGEM

Súmula 485 - A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição. (Súmula 485, CORTE ESPECIAL, julgado em 28/06/2012, DJe 01/08/2012)

SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA

OJ 233 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

HORAS EXTRAS. COMPROVAÇÃO DE PARTE DO PERÍODO ALEGADO (nova redação) - DJ 20.04.2005

A decisão que defere horas extras com base em prova oral ou documental não ficará limitada ao tempo
por ela abrangido, desde que o julgador fique convencido de que o procedimento questionado superou
aquele período.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 818 DA CLT

TEMA CORRELATO

“Art. 818. O ônus da prova incumbe:


I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
- ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
o
reclamante. § 1 Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste artigo ou à maior
facilidade de obtenção da prova do fato contrário, PODERÁ o juízo atribuir o ônus da prova de modo
diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que DEVERÁ dar à parte a oportunidade
de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
o o
§ 2 A decisão referida no § 1 deste artigo DEVERÁ ser proferida antes da abertura da instrução e, a
requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer
meio em direito admitido.
o o
§ 3 A decisão referida no § 1 deste artigo NÃO pode gerar situação em que a desincumbência do
encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.” (NR)

OJ 244 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

PROFESSOR. REDUÇÃO DA CARGA HORÁRIA. POSSIBILIDADE (inserida em 20.06.2001)

A redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição do número de alunos, não constitui
alteração contratual, uma vez que não implica redução do valor da hora-aula.

OJ 245 – Não impactada pela Reforma Trabalhista


155
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA (inserida em 20.06.2001)

Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.

OJ 318 – Não impactada pela Reforma Trabalhista – ATENÇÃO: NOVA REDAÇÃO!

AUTARQUIA. FUNDAÇÃO PÚBLICA. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL.


(incluído o item II e alterada em decorrência do CPC de 2015) - Res. 220/2017, DEJT divulgado em 21, 22
e 25.09.2017

I - Os Estados e os Municípios não têm legitimidade para recorrer em nome das autarquias e das
fundações públicas.
– Os procuradores estaduais e municipais podem representar as respectivas autarquias e fundações
públicas em juízo somente se designados pela lei da respectiva unidade da federação (art. 75, IV, do CPC
de 2015) ou se investidos de instrumento de mandato válido.

GRANDE CHANCE DE SER COBRADA!!!

OJ 323 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA. "SEMANA ESPANHOLA". VALIDADE (DJ 09.12.2003)

válido o sistema de compensação de horário quando a jornada adotada é a denominada "semana


espanhola", que alterna a prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em outra, não violando os
arts. 59, § 2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/88 o seu ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

156
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

DIAS 25 E 26

DISCIPLINA
ADMINISTRATIVO:

(PARTE 2) 10 Licitações. 10.1 Legislação pertinente. 10.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.
10.1.2 Lei nº 10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 10.1.3 Decreto nº
7.892/2013 (Sistema de Registro de Preços). 10.1.4 Lei nº 12.462/2011 (Regime Diferenciado de
Contratações Públicas). 10.1.5 Fundamentos constitucionais. 10.2 Disposições doutrinárias. 10.2.1
Conceito. 10.2.2 Objeto e finalidade. 10.2.3 Destinatários. 10.2.4 Princípios. 10.2.5 Contratação
direta: dispensa e inexigibilidade. 10.2.6 Modalidades. 10.2.7 Tipos. 10.2.8 Procedimento. 10.2.9
Anulação e revogação. 10.2.10 Sanções administrativas
INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2016) Autor: Rafael Carvalho Rezende Oliveira –
Ed. GEN

http://www5.trf5.jus.br/novasAquisicoes/sumario/Curso_de_direito_administrativo_1063-
16_sumario.pdf

CAPÍTULO: 17

Manual de Direito Administrativo. Autor: José dos Santos Carvalho Filho

CAPÍTULO: 6

Boas opções de resumos para os candidatos que tem horário reduzido para os estudos:

Sinopses para Concursos - v.9 - Direito Administrativo. Autores: Fernando Ferreira Baltar Neto e
Ronny Charles Lopes de Torres
https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/cfd730840ad982ca54e27c
49ee6d024f.pdf

CAPÍTULO: 8

Resumo de Direito Administrativo Descomplicado: Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino

http://www.mktgen.com.br/MET/Sumario/9788530975791_SUM.pdf

CAPÍTULO: 9

LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS - V.11 - LICITAÇÕES PÚBLICAS (2016)


7ª ed. - Rev., amp. e atualizada
Autor: Ronny Charles L. de Torres
157
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/13e75b7e6809d29b241af
5d1cb02b923.pdf

CAPÍTULOS: 1 e 2.

RESUMO DO DIA

ADMINISTRATIVO:

(PARTE 2) 10 Licitações. 10.1 Legislação pertinente. 10.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.
10.1.2 Lei nº 10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão. 10.1.3 Decreto
nº 7.892/2013 (Sistema de Registro de Preços). 10.1.4 Lei nº 12.462/2011 (Regime Diferenciado
de Contratações Públicas). 10.1.5 Fundamentos constitucionais. 10.2 Disposições doutrinárias.
10.2.1 Conceito. 10.2.2 Objeto e finalidade. 10.2.3 Destinatários. 10.2.4 Princípios. 10.2.5
Contratação direta: dispensa e inexigibilidade. 10.2.6 Modalidades. 10.2.7 Tipos. 10.2.8
Procedimento. 10.2.9 Anulação e revogação. 10.2.10 Sanções administrativas

Ver resumo dos dias 17 E 18.

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 324 – 400 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

PÁGINAS 569 A 592

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 39 (+)

Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e
militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.

SÚMULA VINCULANTE 40 (+++)

A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos
filiados ao sindicato respectivo.

158
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

SÚMULA VINCULANTE 41 (+++)

O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

SÚMULA VINCULANTE 42 (+++)

inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou


municipais a índices federais de correção monetária.

SÚMULA VINCULANTE 43 (+++)

inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem


prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra
a carreira na qual anteriormente investido.

SÚMULA VINCULANTE 44 (+++)

Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

SÚMULA VINCULANTE 45 (+++)

A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de


função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.

SÚMULA VINCULANTE 46 (+++)

A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de


processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

SÚMULA VINCULANTE 47 (++)

Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal


devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a
expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos
créditos dessa natureza.

SÚMULA DO STF TODO DIA

SÚMULA Nº 702

A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA JULGAR PREFEITOS RESTRINGE-SE AOS CRIMES DE


COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL; NOS DEMAIS CASOS, A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
CABERÁ AO RESPECTIVO TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU.

SÚMULA Nº 703

159
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

A EXTINÇÃO DO MANDATO DO PREFEITO NÃO IMPEDE A INSTAURAÇÃO DE PROCESSO PELA PRÁTICA


DOS CRIMES PREVISTOS NO ART. 1º DO DECRETO-LEI 201/1967.

SÚMULA DO STJ TODO DIA

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Súmula 481 - Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que
demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. (Súmula 481, CORTE ESPECIAL,
julgado em 28/06/2012, DJe 01/08/2012)

CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Súmula 518 - Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível recurso especial fundado
em alegada violação de enunciado de súmula. (Súmula 518, CORTE ESPECIAL, julgado em 26/02/2015,
DJe 02/03/2015)

CITAÇÃO

Súmula 106 - Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência.
(Súmula 106, CORTE ESPECIAL, julgado em 26/05/1994, DJ 03/06/1994 p. 13885)

Súmula 429 - A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de recebimento. (Súmula 429,
CORTE ESPECIAL, julgado em 17/03/2010, DJe 13/05/2010)

COMPETÊNCIA

Súmula 1 - O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação de


investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos. (Súmula 1, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 25/04/1990, DJ 02/05/1990)

Súmula 3 - Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na


respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de Jurisdição Federal. (Súmula 3, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 08/05/1990, DJ 18/05/1990)

Súmula 10 - Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento (leia-se, Vara do Trabalho), cessa a


competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças por ele
proferidas. (Súmula 10, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/09/1990, DJ 01/10/1990)

Súmula 11 - A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não
afasta a competência do foro da situação do imóvel. (Súmula 11, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
26/09/1990, DJ 01/10/1990)

Súmula 15 - Compete a Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do


trabalho. (Súmula 15, CORTE ESPECIAL, julgado em 08/11/1990, DJ 14/11/1990)

Importante: Relacionada às causas previdenciárias decorrentes do acidente do trabalho. Ou seja,


movidas em face do INSS.
160
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Súmula 33 - A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. (Súmula 33, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 24/10/1991, DJ 29/10/1991)

Esta é a regra. Exceção: CPC. Art. 63, § 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva,
pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de
domicílio do réu.

Súmula 34 - Compete a Justiça Estadual processar e julgar causa relativa a mensalidade escolar, cobrada
por estabelecimento particular de ensino. (Súmula 34, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/11/1991, DJ
21/11/1991)

Súmula 41 - O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar,
originariamente, mandado de segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos.
(Súmula 41, CORTE ESPECIAL, julgado em 14/05/1992, DJ 20/05/1992)

SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA

OJ 359 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. SINDICATO. LEGITIMIDADE. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO (DJ 14.03.2008)

A ação movida por sindicato, na qualidade de substituto processual, interrompe a prescrição, ainda que
tenha sido considerado parte ilegítima “ad causam”.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 11 DA CLT

TEMA CORRELATO

“Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para
os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. I -
(revogado);
- (revogado).
.....................................................................................
o
§ 2 Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração ou
descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também
assegurado por preceito de lei.
o
§ 3 A interrupção da prescrição SOMENTE ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, MESMO
que em juízo incompetente, AINDA que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos
apenas em relação aos pedidos idênticos.” (NR)

OJ 360 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. DOIS TURNOS. HORÁRIO DIURNO E NOTURNO.


CARACTERIZAÇÃO (DJ 14.03.2008)

Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em
sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em
161
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

parte, o horário diurno e o noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo
irrelevante que a atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta.

OJ 365 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO DE CONSELHO FISCAL DE SINDICATO. INEXISTÊNCIA (DJ 20, 21 e


23.05.2008)

Membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos arts. 543, § 3º, da CLT e
8º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou atua na defesa de direitos da categoria respectiva,
tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato (art. 522, § 2º, da CLT).

OJ 388 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

JORNADA 12X36. JORNADA MISTA QUE COMPREENDA A TOTALIDADE DO PERÍODO NOTURNO.


ADICIONAL NOTURNO. DEVIDO. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)

O empregado submetido à jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, que compreenda a totalidade
do período noturno, tem direito ao adicional noturno, relativo às horas trabalhadas após as 5 horas da manhã.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – NOVA REDAÇÃO DO ARTIGO 59-A DA CLT

TEMA CORRELATO

Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas seguidas
por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e
alimentação.

1º A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo
descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os
feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73.

2º É facultado às entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito,
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis
horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação.

Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida
mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se
não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.

Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de
jornada e o banco de horas.

162
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

DIAS 27 E 28

DISCIPLINA
ADMINISTRATIVO:

11 Contratos administrativos. 11.1 Legislação pertinente. 11.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas


alterações. 11.1.2 Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial CGU/MF/MP nº 507/2011
e suas alterações. 11.1.3 Lei nº 11.107/2005 e Decreto nº 6.017/2007 (consórcios públicos).
11.2 Disposições doutrinárias. 11.2.1 Conceito. 11.2.2 Características. 11.2.3 Vigência. 11.2.4
Alterações contratuais. 11.2.5 Execução, inexecução e rescisão. 11.2.6 Convênios e
instrumentos congêneres.

INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2016) Autor: Rafael Carvalho Rezende Oliveira – Ed.
GEN

http://www5.trf5.jus.br/novasAquisicoes/sumario/Curso_de_direito_administrativo_1063-
16_sumario.pdf

CAPÍTULO: 18

Manual de Direito Administrativo. Autor: José dos Santos Carvalho

Filho CAPÍTULO: 5

Boas opções de resumos para os candidatos que tem horário reduzido para os estudos:

Sinopses para Concursos - v.9 - Direito Administrativo. Autores: Fernando Ferreira Baltar Neto e
Ronny Charles Lopes de Torres
https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/cfd730840ad982ca54e27c
49ee6d024f.pdf
CAPÍTULO: 9

2.Resumo de Direito Administrativo Descomplicado: Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino

http://www.mktgen.com.br/MET/Sumario/9788530975791_SUM.pdf
CAPÍTULO: 10

LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS - V.11 - LICITAÇÕES PÚBLICAS


(2016) 7ª ed. - Rev., amp. e atualizada
Autor: Ronny Charles L. de Torres

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/13e75b7e6809d29b241af
5d1cb02b923.pdf
163
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

CAPÍTULO: 3
DISCIPLINA
FINANCEIRO:

2.2 Princípios orçamentários. 2.3 Leis orçamentárias. 2.3.1 Espécies e tramitação legislativa.
2.4 Lei nº 4.320/1964 e suas alterações. 6 Crédito público. 6.1 Conceito e classificação de
crédito público. 6.2 Natureza jurídica.
INDICAÇÃO BIBLIOGRAFICA
Manual de Direito Financeiro (2017)
6ª Edição: Revista, ampliada e atualizada
Autor: Harrison Leite

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/4d3e5c4185c8d0d2c5765
64e2a18cca9.pdf

CAPÍTULOS: 1 e 2

Leis Especiais para Concursos – V. 13. Direito Financeiro


(2017) 3ª Edição: revista, ampliada e atualizada
Autores: Marcelo Jucá Lisboa e Ricardo Almeida

https://d24kgseos9bn1o.cloudfront.net/editorajuspodivm/arquivos/9473c8cd5273f2bd709797
0080b827d0.pdf

Títulos: 2, 3, 4 e 5.

RESUMO DO DIA

ADMINISTRATIVO

11 Contratos administrativos. 11.1 Legislação pertinente. 11.1.1 Lei nº 8.666/1993 e suas alterações.
11.1.2 Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial CGU/MF/MP nº 507/2011 e suas alterações.
11.1.3 Lei nº 11.107/2005 e Decreto nº 6.017/2007 (consórcios públicos). 11.2 Disposições
doutrinárias. 11.2.1 Conceito. 11.2.2 Características. 11.2.3 Vigência. 11.2.4 Alterações contratuais.
11.2.5 Execução, inexecução e rescisão. 11.2.6 Convênios e instrumentos congêneres.

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

1) DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO – Situações de contratação direta

a) Inexigibilidade da licitação – Rol NÃO taxativo:


Deriva da inviabilidade da competição, sendo as hipóteses previstas em lei meramente
exemplificativas.
Pressupostos:
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Lógico – Não é possível a licitação para contratação de bens que possuam um único
fornecedor ou para a aquisição de bem singular, que não possua outro similar no mercado;
Jurídico – Se a licitação for de encontro ao interesse público, não é exigível licitar. Ex:
licitação de estatais exploração de atividade econômica quanto a atividade-fim;
Fático – Necessidade de contratação específica.
OBS: É vedada a inexigibilidade de licitação para serviços de divulgação e publicidade.
Características:
Rol exemplificativo;
Vinculação do administrador

CREDENCIAMENTO
Aprofundamento para provas subjetivas
Seria uma hipótese de inexigibilidade com fundamento no art. 25 da Lei 8.666/93,
e permite a seleção de potenciais interessados para posterior contratação, quando
houver interesse na prestação do serviço pelo maior número possível de pessoas.
É a situação em que a Administração aceita firmar negócio com todos os que,
atendendo às motivadas exigências públicas, manifeste interesse em firmar contrato.
NÃO há necessidade de submissão a uma disputa entre os interessados, desde
que o particular atenda às exigências estabelecidas.
O TCU admite o credenciamento de instituições médico-hospitalares para a prestação
de serviços de assistência complementar à saúde dos servidores, deixando para os
beneficiários dos serviços a escolha do profissional ou da instituição que será contratada
oportunamente, observados os princípios da Administração Pública.

Dispensa da licitação
Situações em que é possível licitar, mas a lei dispõe ser desnecessário. Somente a lei pode
definir as situações de dispensa.

* DECORAR:
ART. 17 – LICITAÇÃO DISPENSADA – o administrador NÃO pode emitir qualquer juízo de
valor: Rol taxativo;
Objeto do contrato é restrito: Alienação de bens;
Ausência de discricionariedade do administrador, pois o próprio legislador dispensou
previamente a licitação.

ART. 24- LICITAÇÃO DISPENSÁVEL – se trata de atuação discricionária do legislador.


Estão dispensados de licitar para contratações em até 20% do valor do convite:
Empresas estatais;
Agências Executivas;
 Consórcios Públicos.
A licitação é viável, haja vista a possibilidade de competição, mas pode ser afastada, a critério do
administrador, para se atender o interesse público de forma mais célere e eficiente.
Rol taxativo;
Discricionariedade do administrador

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Hipóteses:
Valor reduzido – Incisos I e
II; Situações emergenciais:

EMERGÊNCIA FABRICADA
Aprofundamento para subjetivas
A contratação emergencial é possível mesmo na hipótese em EMERGÊNCIA
FABRICADA OU PROVOCADA (situação de emergência atribuída ao ente público),
sob pena de não se atender ao interesse da coletividade.
Nesse caso, a Administração, após a contratação, deverá apurar a
responsabilidade do agente => A contratação emergencial é admitida, mas o
agente deverá ser responsabilizado.

TCU , Ac. 17/2005, 2ª Câmara: Para a utilização do inciso IV do artigo 24 (dispensa


de licitação por emergência) da lei 8666/93, é necessário:
Que a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública,
não se tenha originado, total ou parcialmente, de falta de planejamento, da
desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que
ela não possa, em alguma medida, ser atribuída a culpa ou dolo do agente
público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação;
Que exista urgência concreta e efetiva do atendimento a situação
decorrente do estado emergencial ou calamitoso, visando afastar risco de
danos a bens ou a saúde ou à vida de pessoas;
Que o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre
iminente e especialmente gravoso;
Que a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de
determinadas obras, serviços ou compras segundo as especificações e
quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio adequado, efetivo e
eficiente de afastar o risco iminente detectado.

Licitação deserta
Pressupostos:
Ausência de interessados na licitação anterior;
Motivação: a justificativa deve demonstrar que a repetição do certame acarretaria
prejuízos ao interesse público;
Manutenção das condições preestabelecidas, a fim de evitar violação aos princípios
da moralidade e impessoalidade.
Intervenção no domínio
econômico; Licitação frustrada;
Contratação das entidades administrativas
Prevalece o entendimento de que a dispensa só será possível se as entidades
administrativas contratadas integrarem a mesma Administração Pública do ente
público contratante.
Segurança Nacional;

166
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Compra e locação de bens imóveis;


Complementação do objeto contratual

COMPLEMENTAÇÃO DO OBJETO X PRORROGAÇÃO DO ATUAL CONTRATO


Complementação: A Administração rescinde o contrato e contrata outro
fornecedor;
Prorrogação: A Administração prolongará o prazo do contrato em vigor.

Exigências para dispensa em caso de complementação:


Rescisão do contrato;
Existência de remanescente do objeto contratual (obra inacabada, serviço
incompleto ou fornecimento parcial);
O contratado deve ter participado da licitação que deu origem ao
contrato rescindido, respeitada a ordem de classificação;
O contratado deve aceitar as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, sendo o preço devidamente corrigido.

Gêneros perecíveis – Requisitos:


Gêneros perecíveis;
Provisoriedade: NÃO pode ser habitual a contração, mas apenas durante o tempo
necessário para a formalização da licitação;
Preço do dia: preço praticado no mercado no dia da aquisição, tendo em vista que
tais produtos apresentam preços voláteis.
Entidades sem fins lucrativos;
Negócios internacionais;
Obras de arte;
Manutenção de garantias;
Forças armadas;
Bens destinados à pesquisa;
Serviços públicos concedidos;
Transferência de tecnologia e incentivos à inovação e à pesquisa científica e
tecnológica; Contratos de programa;
Catadores de materiais recicláveis;
Alta complexidade tecnológica;
Assistência técnica e extensão rural;
Consórcios públicos, empresas estatais e agências executivas.
Para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de estabelecimentos
penais, desde que configurada situação de grave iminente risco à segurança pública.
(Incluído pela recente lei nº 13.500/2017).

LICITAÇÃO DESERTA X LICITAÇÃO FRACASSADA


Licitação deserta – Quando não há interessados – é caso de dispensa;

167
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Licitação fracassada – Quando comparecem interessados, mas todos são


inabilitados – pode haver a concessão de prazo para novas propostas ou a
realização de uma nova licitação.

Procedimento para a contratação direta


As hipóteses de dispensa ou inexigibilidade devem ser necessariamente justificadas, e qualquer
retardamento imotivado na execução de obra ou serviço deverá ser comunicado em 03 dias à
autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, em 05 dias, como condição
para a eficácia dos atos.
O processo de dispensa ou inexigibilidade deve contar com justificativa que explique a escolha
do fornecedor ou executante, e sua ausência implica nulidade da contratação.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Contratos Administrativos X Contratos da Administração: Nos contratos da Administração, há


os contratos em que a Administração atua como público e em que atua como privado.
Nos contratos de Direito Privado, não é necessário respeitar os requisitos e limitações da Lei
8.666/93, embora deva respeitar as regras da licitação e serem celebrados por prazo
determinado, bem como estar sujeito ao controle do Tribunal de Contas.

Conceito: No contrato administrativo, a Administração age como poder público, com poder de
império na relação jurídica contratual, a exemplo do uso das cláusulas exorbitantes.
VERTICALIDADE: Característica dos contratos administrativos, tendo em vista a atuação do Poder
Público com supremacia em face do particular contratado.

Contratos administrativos e regularidade fiscal


Para que a pessoa possa participar de licitações e contratar com a Administração
Pública é necessário que comprove sua regularidade fiscal, ou seja, a inexistência
de débitos com o Poder Público. Essa regularidade fiscal não é exigida apenas no
momento da licitação e da contratação, persistindo durante toda a execução do
contrato. No entanto, segundo o STJ, é ilegal reter o pagamento devido a
fornecedor em situação de irregularidade perante o Fisco. Essa prática não é
permitida, considerando que não existe autorização na Lei para que seja feita
(viola o princípio da legalidade).
No caso de falta de regularidade fiscal durante a execução do pacto, a Lei de
Licitações autoriza que o Poder Público imponha penalidades ao contratado (art.
87) ou rescinda o contrato. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.313.659-RR, Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 23/10/2012

Competência Legislativa: União deve tratar das normas gerais, e Estados, Municípios e Distrito
Federal das normas suplementares.

Características dos contratos administrativos:


a. Comutativo: Gera direitos e deveres previamente estabelecidos para ambas as partes, não
havendo submissão à álea pelos contratantes;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

b. Consensual: O simples consenso das partes já formaliza o contrato;


c. De adesão: não admitem rediscussão de cláusulas contratuais, não podendo a adm. Modificar
as cláusulas por vontade ou sugestão do particular;
d. Oneroso: em regra NÃO se admitem contratos gratuitos;
e. Sinalagmático: as obrigações das partes são recíprocas;
f. Personalíssimo: Os contratos devem ser celebrados com o vencedor da licitação, não podendo ser
transferido para terceiros, sendo permitida a subcontratação apenas em casos previstos em Lei.
g. Formal: Todo contrato tem forma definida em Lei, designada de instrumento (ou termo) de
contrato. => VIDE ART. 55 LEI 8666/93.
=> Os contratos administrativos, embora bilaterais, NÃO se caracterizam pela horizontalidade, já
que as partes envolvidas não figuram em posição de igualdade.

4. Formalismo
a. A primeira exigência é a realização de procedimento licitatório, salvo nos casos de dispensa ou
inexigibilidade.
b. O contrato deve ser escrito, através de termo ou instrumento de contrato. Para contratos de
valores mais baixos, a lei permite a substituição do termo de contrato por (art. 62, Lei 8666/93):
Carta de Contrato
Nota de empenho da
despesa Ordem de serviço
Autorização da compra
É dispensável o termo de contrato e facultada a substituição nos casos de compra com entrega
imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações, inclusive a
assistência técnica.
Ainda nos casos de substituição do termo de contrato, NÃO é possível contrato verbal
celebrado pela Administração, sendo nulo e de nenhum efeito qualquer contrato verbal
celebrado. A doutrina admite contratos verbais para casos emergenciais.
EXCEPCIONALMENTE, ADMITE-SE CONTRATO VERBAL, nas compras que NÃO ultrapassem
5% do valor máximo para convite (R$ 4.000,00), desde que se trate de compra de pronta entrega
e pronto pagamento, feita em regime de adiantamento, as quais igualmente dispensam licitação
(art. 60, Lei 8.666/93).
Qualquer alteração contratual deve ser realizada por aditamento, em conformidade à Lei, e
regularmente publicada.
A PUBLICAÇÃO do contrato deverá ocorrer até o quinto dia útil do mês seguinte ao da sua
celebração, sendo que essa publicação deverá ocorrer no prazo máximo de 20 dias corridos. Ou seja,
prazo de vinte dias só terá início após o quinto dia útil do mês seguinte ao que o contrato foi
celebrado.
Caso a Administração deixe de publicar o contrato, ele é válido e perfeito, mas não será eficaz.
TCU: NÃO se prorroga contrato com prazo de vigência expirado, ainda que autorizado pela
autoridade competente. Nesse caso, celebra-se novo contrato.

5. Garantia
O art. 55 da Lei 8666/93 prevê a exigência de garantia como cláusula necessária aos contratos
administrativos, podendo a caução ser exigida pelo Estado em caso de descumprimento contratual
pelo particular (algumas bancas defendem ser também cláusula exorbitante a prestação de garantia).
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

A Lei estabelece o limite máximo de 5% do valor do contrato, devendo o Poder Público dispor
do valor a ser cobrado, e será 10% do valor inicial do contrato, para contratos de grande vulto,
que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros consideráveis, definido por parecer
técnico aprovado pela autoridade competente.
Formas de prestar
garantia: Dinheiro;
Títulos da dívida pública, emitidos de forma
escritural; Seguro garantia;
Fiança Bancária.
Ao final do contrato, duas situações são possíveis:
a. Em caso de cumprimento do contrato e adimplemento pelo particular, a garantia será
devolvida; b. Em caso de descumprimento contratual, a garantia pode ser utilizada pelo Estado
como mínimo indenizatório e cobrar indenização do que ultrapassou o valor da caução.
- A prestação de garantia deve estar prevista no instrumento convocatório.

Cláusulas Exorbitantes: São aquelas que apresentam vantagem à Administração, decorrentes


da Supremacia do interesse público sobre o privado, e colocam o Estado em posição de
superioridade em face do particular. As cláusulas são implícitas em todos os contratos
administrativos, não dependendo de previsão expressa no acordo, pois decorrem de Lei.

6.1. Alteração Unilateral do contrato: O Estado pode realizar para adequar as disposições
contratuais, independente do consentimento da outra parte, desde que não atinja o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato ou modifique a natureza do objeto licitado.
A alteração quanto ao valor da contratação tem natureza de modificação quantitativa, devendo
o particular aceitar modificações unilaterais da administração em até 25% do valor do contrato,
para acréscimos ou supressões. Se o contrato for para a reforma de equipamentos ou de
edifícios, a alteração unilateral para ACRÉSCIMOS contratuais pode chegar a 50% do valor do
contrato, mantida a supressão.
* A margem de lucro inicialmente contratada JAMAIS poderá ser unilateralmente alterada –
VIDE ART. 65, §4º lei 8666/93.
As alterações unilaterais feitas pela Administração Pública devem decorrer de interesse público
superveniente devidamente justificado.
Requisitos para alteração qualitativa unilateral dos contratos (TCU):
Necessidade de comprovado motivo superveniente +
motivação; Advento de situações ou tecnologias novas;
Modificação moderada, sem alterar o objeto licitado;
A alteração deve se estribar em fatos supervenientes devidamente atestados e preservar a
intangibilidade do objeto da contratação.

Alteração Unilateral do contrato: Pode ser qualitativa ou quantitativa


(Rafael Oliveira)
Requisitos:
Motivação;
Alteração decorrente de fato superveniente à contratação;

170
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Impossibilidade de descaracterização do objeto contratual;


Preservação do equilíbrio econômico-financeiro;
Apenas as cláusulas regulamentares (ou de serviço) podem ser alteradas
unilateralmente, mas NÃO as cláusulas econômicas (financeiras ou
monetárias).
Respeito aos percentuais previstos em lei para alteração unilateral das
cláusulas regulamentares.
Limites percentuais às alterações qualitativas:
1ª Corrente: Os limites se aplicam às alterações quantitativas, NÃO às
qualitativas – Di Pietro, Marçal Justem.
Fundamentos:
o O art. 65, §1º da Lei utiliza as expressões “acréscimos ou
supressões”, o que denota a quantidade do contrato;
o Nas definições das alterações unilaterais, apenas o art. 65, I, “b” faz
menção a limites. NÃO há menção, na alteração qualitativa, a limites
legais.
2ª Corrente: Os limites devem ser observados em toda e qualquer alteração
unilateral, quantitativa ou qualitativa. – José dos Santos, TCU e STJ
Fundamentos:
o Ausência de distinção entre as alterações nas normas que impõem os
limites percentuais, admitindo-se a inobservância dos limites apenas
para os casos de supressões por acordo das partes.
o Rafael Rezende: Este entendimento estaria acertado, pois:
Observância da segurança jurídica e boa-fé;
 Economicidade;
Moralidade e isonomia;
Razoabilidade.

6.2. Rescisão unilateral do contrato: Independente do consentimento do particular e de decisão


judicial, o contrato pode ser extinto antes do prazo:
Em face do inadimplemento do particular – Deverá o particular indenizar a
administração, e o Poder Público deverá assumir imediatamente o objeto do contrato,
ocupar e utilizar o local, instalações, maquinário e pessoal na execução do contrato,
executar a garantia contratual para ressarcimento da administração, tudo isso
independente das penalidades cabíveis pelo descumprimento;
Se no serviço público: Caducidade.
Por interesse público devidamente justificado – cabe indenização ao particular, se houver
dano, e indenização dos investimentos não amortizados do contrato, ante a extinção
antecipada do acordo.
Se no serviço público: Encampação.
Se o Poder Público for inadimplente, NÃO é possível ao particular rescindir o contrato
unilateralmente. A rescisão unilateral é cláusula exorbitante que só se aplica à ADM. Assim, diante de
inadimplemento da administração superior a 90 dias, o particular poderá suspender a execução do
contrato, pela EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO (cláusula implícita em acordos de

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

vontades), mas a rescisão do contrato requer decisão judicial => Logo, o particular contratado
deverá suportar o inadimplemento do Poder Público por até 90 dias, sem que isso justifique a
paralisação do contrato. Extrapolado o prazo legal, o contratado poderá suspender a execução
do contrato, sem a necessidade de decisão judicial.

6.3. Fiscalização da Execução do contrato: É poder-dever da administração, já que, comprovada a


ausência de fiscalização, o Estado poderá responder por omissão, inclusive quanto ao
inadimplemento das obrigações trabalhistas.
A administração deverá designar um agente público que ficará responsável pela fiscalização na
execução contratual, aplicando penalidades e exigindo o cumprimento das obrigações contratadas.

6.4. Ocupação temporária de bens: Visa a garantia do princípio da continuidade do serviço, devendo
ser precedida de processo administrativo em que se assegure o contraditório e a ampla defesa ao
particular contratado, sendo garantido o direito à indenização por eventuais prejuízos causados.

6.5. Aplicação de penalidades: Deve ser precedida de procedimento administrativo, garantindo


ao particular o contraditório e a ampla defesa, possuindo o particular 05 dias úteis para
apresentar defesa, salvo declaração de inidoneidade (10 dias)
Advertência: sempre por escrito, para infrações mais leves;
Multa: Deve ter previsão de valor no bojo do contrato firmado, devendo ser aplicada após
regular processo administrativo, podendo ser descontada da garantia prestada. Se
superior ao valor da garantia, poderá ser descontada dos pagamentos devidos pela
administração, ou cobrada judicialmente. Pode ser aplicada isolada ou cumulativamente
com outras penalidades.
Suspensão de contratar com o poder público e participar de procedimento licitatório:
Prazo máximo de 02 anos. A empresa fica impedida com o ente federativo que aplicou a
penalidade, abrangendo os entes da administração direta e indireta.
Declaração de inidoneidade: É a proibição de licitar com a Administração Pública
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, o que ocorrerá
sempre que o contratado ressarcir a adm pelos prejuízos resultantes e após decorrido o
prazo da sanção aplicada, que não pode ultrapassar 02 anos.
A aplicação da penalidade é de competência exclusiva do Ministro do Estado,
Secretário Estadual ou Municipal, facultada a defesa do interessado no prazo de 10 dias
da abertura da vista, podendo a reabilitação ser requerida após 02 anos de sua aplicação.
Para a doutrina, só pode ser aplicada para infrações graves, também capituladas como
crime.
Atinge todos os entes da federação.

Amplitude dos efeitos das sanções de suspensão de contratar e declaração de


inidoneidade (Rafael Oliveira)
(Aprofundamento para provas subjetivas)
1ª Corrente: As sanções possuem efeitos mais restritos, limitando-se ao ente
estatal em que foram aplicadas, tendo em vista a autonomia federativa e o
princípio da competitividade aplicável às licitações;
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

2ª Corrente: Enquanto a suspensão de participação em licitação e


impedimento de contratar com a Administração incide apenas em relação
ao ente que aplicou a sanção (efeitos restritivos), a declaração de
inidoneidade produz efeitos em todo território nacional (efeitos
extensivos). Essa distinção vem dos conceitos de Administração Pública
(caráter nacional) e Administração (restrito ao ente da federação).
3ª Corrente: As sanções possuem efeitos extensivos e podem ser invocadas
por todos os entes federados, pois se uma empresa foi punida em razão do
cometimento de faltas graves, a sua contratação pelos demais entes
colocaria em risco o interesse público. STJ adota tal corrente. Argumentos
para a adoção da 3ª corrente:
o A distinção entre Administração Pública e Administração é
imprecisa; o Inexistência de violação ao princípio federativo;
o Princípios da moralidade e eficiência, não importando o nível
federativo.
Eventual instituição de nova pessoa jurídica pelos sócios da empresa sancionada,
a fim de burlar a efetividade das sanções administrativas deve ser considerada
fraude ou abuso de direito, ensejando a desconsideração da personalidade jurídica
da nova empresa, que ficará impedida de participar de certames públicos =>
Desconsideração expansiva da personalidade jurídica.
Independente da corrente adotada quanto à extensão territorial dos efeitos, a
sanção possui efeitos temporais futuros (ex nunc), não retroagindo automaticamente
para prejudicar os contratos administrativos já assinados, mas a Administração pode
promover medidas específicas para rescindir os contratos nos casos autorizados.

Outras Penalidades:
Assunção imediata do objeto do contrato, por ato próprio da Administração;
Ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e pessoal, necessários
à continuidade;
Execução de garantia contratual para ressarcimento dos prejuízos causados à
Administração, além de valores das multas aplicadas ao contratado, independente da
propositura de ação judicial;
Retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração => STJ: É ILEGAL reter o pagamento tendo em vista o descumprimento de
algum requisito de habilitação no curso do contrato, e exigir, ao mesmo tempo, o
cumprimento do ajuste. Logo, é ilegal reter pagamento devido á empresa em situação
irregular perante o FISCO.

ALTERAÇÃO CONTRATUAL POR VONTADE DAS PARTES: Ocorre em 04 hipóteses:


Quando o particular julgar conveniente a substituição da garantia de execução do
contrato, e isso não cause prejuízos à Administração;
Quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, e do modo
de fornecimento, ante a inaplicabilidade técnica dos termos originários;

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Modificação da forma de pagamento, ante circunstâncias supervenientes, mantido o valor


inicial e vedada a antecipação de pagamento;
Restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do
contrato e a retribuição para a justa remuneração => TEORIA DA IMPREVISÃO

EQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO DO CONTRATO: É a relação entre encargos e vantagens


assumidas pelas partes do contrato administrativo, estabelecida por ocasião da contratação, e
que deverá ser mantida ao longo da execução do contrato. Para manter o equilíbrio, é possível a
revisão de preços pactuados e de prazos estabelecidos.

8.1. Pagamentos feitos ao particular: Como forma de manutenção do equilíbrio econômico-


financeiro do contrato, devem ser feitos os seguintes pagamentos ao particular:
a. Correção Monetária: Atualização da margem de lucro acordada, devendo ser garantida
inclusive ao vencedor da licitação no sistema de registro de preços.
b. Reajustamento de preços: Reajuste em face do aumento ordinário e regular do custo dos
insumos necessários ao cumprimento do acordo. (VIDE ART. 40, XI LEI 8666/93).

Reajuste: Objetiva preservar o valor do contrato em razão da inflação.


A periodicidade anual do reajuste deve levar em consideração a data da
apresentação da proposta ou do orçamento a que a proposta se referir. Logo, é
possível que o reajuste ocorra antes mesmo da assinatura do contrato, desde que
ultrapassado o prazo de 12 meses da apresentação da proposta.
Se o edital e o contrato NÃO estabelecerem a cláusula do reajuste, considera-se
irreajustável o valor da proposta. A matéria se insere nos direitos disponíveis das
partes e a inflação NÃO é fato imprevisível, razão pela qual seria vedada a
invocação da teoria da imprevisão para atualizar o valor do contrato. Ademais,
quando os licitantes apresentam as propostas, tomam ciência do edital e da
minuta do contrato, aquiescendo com seus termos, inserindo em suas propostas o
“custo” do reajuste. A concessão do reajuste violaria os princípios da isonomia e
vinculação ao instrumento convocatório.
Características:
Cláusula contratual;
Incide sobre as cláusulas econômicas do contrato (valor do
contrato); Refere-se aos fatos previsíveis;
Preserva o equilíbrio econômico-financeiro do contrato;
Depende de periodicidade mínima de 12 meses, contados da data de
apresentação da proposta ou do orçamento a que a proposta se referir.

c. Recomposição de preços ou revisão de preços: Quando o reajustamento de preços não consegue


fazer face ao real aumentos do preço dos insumos, em virtude de situação excepcional, em que a
previsão contratual de reajuste não é suficiente para suprir a modificação nos custos => TEORIA DA
IMPREVISÃO.
- Características:
Decorre da lei (independe de previsão contratual);

174
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Incide sobre qualquer cláusula contratual (cláusulas regulamentares ou econômicas);


Refere-se a fatos imprevisíveis ou previsíveis, mas de consequências incalculáveis;
Restaura o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato; NÃO depende de periodicidade mínima.

Repactuação de preços: Como espécie de reajuste contratual, deverá ser utilizada nas
contratações de serviços continuados com dedicação exclusiva de mão de obra, desde que
observado, no mínimo, 01 ano das datas dos orçamentos aos quais a proposta se referir.
- É espécie de reajuste e pode ocorrer nos contratos de terceirização de serviços contínuos após o
período de 12 meses, e deverá considerar a variação de custos. Deve haver a demonstração
analítica da variação dos componentes dos custos do contrato.

8.2. Teoria da Imprevisão: Decorre da cláusula rebus sic stantibus, em que há desequilíbrio
contratual e a administração precisa proceder à revisão dos preços e prazos pactuados. -
Hipóteses:
a. Caso Fortuito e Força Maior: Situações imprevisíveis e inevitáveis que alteram a relação
contratual, podendo decorrer de fatos humanos – não provocados por nenhuma das partes do
acordo – ou por fatos da natureza, em que nenhuma medida poderia ser tomada para obstá-la.
b. Interferências (sujeições) imprevistas: Situações preexistentes à celebração do contrato, mas
que só se descobre durante a sua execução.
c. Fato da Administração: O desequilíbrio contratual é causado por uma atuação específica da
administração que incide sobre o contrato e impede a sua execução, no bojo da relação
contratual. d. Fato do Príncipe: Desequilíbrio do contrato causado pelo Poder Público através de
atuação extracontratual (geral e abstrata) do ente estatal que atinge diretamente a relação
contratual. Ex: Criação de tributos ou encargos legais criados que terminam por incidir no
contrato. => VIDE ART. 65, §5º LEI 8666/93
Obs: Para que a situação se caracterize como fato do príncipe, o agente que pratica a conduta
deve ser da mesma esfera de governo daquele que celebrou o contrato atingido, caso contrário,
será caso fortuito, ante a independência dos entes da federação.
Em alguns casos, a situação imprevista enseja a rescisão contratual.
STJ: O aumento do piso salarial da categoria NÃO constitui um fato imprevisível a autorizar a
revisão do contrato.

SUBCONTRATAÇÃO NOS CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO: É possível a subcontratação


parcial do objeto do contrato, desde que cumpridos requisitos definidos em lei, haja previsão no
edital e no contrato administrativo celebrado, sendo vedada a subcontratação integral do objeto
do contrato, de modo que a subcontratação em desrespeito às regras legais será considerada
inadimplemento contratual. => VIDE ART. 72 E 78, VI DA LEI 8.666/93.

DURAÇÃO: Todo contrato deve ter prazo de vigência definido no edital e no instrumento do
contrato, com compatibilidade à Lei Orçamentária, sendo vedados por lei os contratos por prazo
indeterminado.
- O prazo de início da execução estará previsto no contrato, sendo que seu início NÃO
necessariamente coincidirá com o da data da assinatura.
- Regra Geral: Duração máxima de 01 ano, para atender à previsão orçamentária.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

- Exceções (art. 57 Lei 8666/93):


a. Projetos contemplados no PPA: Pode durar até 04 anos, desde que previsto no edital e no
contrato, devidamente justificado pela Administração;
b. Prestação de serviços de forma contínua: Para a prestação de serviços de caráter continuado,
é possível prorrogar o contrato por prazos sucessivos, limitados ao prazo final de 60 meses.
Excepcionalmente, pode atingir 72 meses, após todas as prorrogações cabíveis. Esses contratos
não devem ser celebrados pelo prazo superior a 01 ano, somente sendo admitida a sua
prorrogação posterior, até o limite legal. Ex: Serviços de limpeza e vigilância.
c. Aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática: Pode a duração do
contrato se estender pelo prazo de 48 meses após o início de sua vigência.
d. Contratações dos inc. IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24 da Lei 8.666/93: Os contratos poderão
ter vigência de até 120 meses. Hipóteses:
Possibilidade de comprometimento da segurança nacional, inclusive compras de material
pelas forças armadas, salvo materiais de uso pessoal e administrativo;
Fornecimento de bens e serviços produzidos ou prestados no país que envolvam,
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
Os contratos que não geram despesas à Administração podem ser prorrogados por prazos
maiores (ex: concessão de serviços públicos), o que NÃO significa ser por prazo indeterminado, já
que não existe contrato com prazo indeterminado.
- NÃO há a possibilidade de prorrogação tácita dos contratos administrativos, mesmo ante a
previsão de cláusula contratual, devendo eventual requerimento de prorrogação ser feito
enquanto vigente o contrato administrativo, com a competente justificativa por escrito e prévia
autorização da autoridade competente.
- Hipóteses de prorrogação contratual:
Alteração do projeto ou especificações;
Superveniência de fato excepcional ou imprevisível;
Interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no
interesse da administração;
Aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato;
Impedimento de execução do contrato por fato ou ato de
terceiros; Omissão ou atraso de providências a cargo da Adm.

PRORROGAÇÃO CONTRATUAL
Exigências do TCU:
Existência de previsão para prorrogação no edital e no
contrato; Objeto e escopo inalterados pela prorrogação;
Interesse da Administração e contratado declarados expressamente;
Vantagem da prorrogação devidamente justificada nos autos do processo
administrativo;
Manutenção das condições de habilitação pelo contratado;
Preço contratado compatível com o mercado fornecedor do objeto
contratado.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

PRORROGAÇÃO X RENOVAÇÃO CONTRATUAL


(Aprofundamento para provas subjetivas)
Prorrogação: é o aumento de sua vigência além do prazo ajustado
inicialmente. Tendo em vista que o contrato deve estar em vigência para
ser prorrogado, podemos concluir que não se pode estender o prazo de um
contrato findo.
Renovação do contrato: é a celebração de um novo contrato entre as partes,
com o mesmo objeto, podendo ou não haver alteração total ou parcial das
cláusulas contratuais. A renovação só poderá ocorrer com a realização de nova
licitação, salvo nos casos de inexigibilidade e dispensa de licitação.

RESPONSABILIDADES DECORRENTES DO CONTRATO


O particular responde diretamente pelo serviço prestado ou bem entregue à Administração, ou
ainda pela obra por ele executada.
O particular deve arcar com todos os encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
resultantes da execução do contrato, e conforme a Lei de Licitações, a Administração responde
solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do
contrato.
Em relação aos demais encargos, o ente público NÃO será responsabilizado (art. 71), Porém, a
súmula 331 do TST dispôs que a responsabilidade do Estado seria subsidiária em relação aos
débitos trabalhistas; Em ADC 16/2010, o STF declarou a constitucionalidade do art. 71, em
sentido oposto ao da súmula. Assim, posteriormente a súmula 331 TST foi editada, passando a
prever a responsabilidade subsidiária do Estado, em caso de não fiscalização do contrato
firmado (para o professor, viola a orientação do STF em ADC).

12. RECEBIMENTO DO OBJETO CONTRATUAL


Em casos de contratação de obras e serviços, a lei dispõe que o recebimento do objeto será feito
provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, através de termo
circunstanciado, assinado por ambas as partes em até 15 dias da comunicação escrita do contratado.
Após o decurso do prazo de observação, não superior a 90 dias, salvo exceções, a adm deverá
proceder ao recebimento do objeto definitivo do contrato, por termo circunstanciado assinado
por ambas as partes.
O recebimento efetivo do objeto NÃO exime a responsabilidade do particular por qualquer dano
no serviço ou obra entregue.

13. FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO


a. Extinção Natural - Conclusão do objeto ou advento do termo do contrato.
b. Anulação - Em caso de irregularidade na celebração do contrato, decorrente de vício de
ilegalidade no contrato ou no procedimento licitatório de que resultou a sua assinatura, com
efeitos retroativos à data de vigência do acordo => O VÍCIO DE LICITAÇÃO INDUZ O VÍCIO DO
CONTRATO ADMINISTRATIVO QUE DELA RESULTAR.
OBS: Mesmo que o contrato seja nulo, o particular deve ser remunerado pelos serviços
prestados de boa-fé, sob pena de enriquecimento sem causa da Administração. (VIDE ART. 59,
da Lei nº 8.666/93).

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Caso a anulação ocorra após a prestação contratual, ainda que em parte, ou após a realização
de despesas para cumprimento do objeto do contrato, o particular deverá ser ressarcido pelas
despesas que constituiu e pago pelos serviços prestados, se de boa-fé.
c. Desaparecimento da pessoa contratada – falência ou falecimento, caso o contrato tenha sido
celebrado com pessoa física ou firma individual.
d. Rescisão contratual – Subdivide-se em:
Rescisão unilateral: Cláusula unilateral, e decorre de razões de interesse público ou
inadimplemento total ou parcial do contrato pelo particular, bem como ao
descumprimento às determinações regulares da autoridade.
Rescisão Judicial: Se dá por provocação do particular, quando o ente público é
inadimplente, já que o contratado não pode se utilizar da rescisão unilateral.
Rescisão Bilateral (Distrato): Rescisão amigável por ambas as partes;
Rescisão de pleno direito: Situações alheias à vontade das partes, em casos excepcionais
que impedem a manutenção do contrato e nas quais não seja possível a revisão de preços.

DISPOSIÇÕES PENAIS DA LEI 8.666/93: Todos os crimes são de ação penal pública
incondicionada, cabendo ao MP promove-la. Será admitida a ação privada subsidiária da pública,
caso não ajuizada no prazo legalmente definido.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

a. Contrato de execução de obra: Celebrados pela Administração Pública para que o particular
execute obra para uso do ente estatal ou da coletividade, podendo ser:
Empreitada por preço global: único preço por obra toda, não sendo estipulado valor para
cada item do contrato;
Empreitada por preço unitário: o poder público contrata a execução da obra ou serviço
por preço certo de unidades determinadas;
Tarefa: para pequenos trabalhos, com ou sem fornecimento de materiais;
Empreitada integral: contratação de um empreendimento em sua integralidade.
Para esse tipo de contrato, deve haver a elaboração de projeto básico (projeto arquitetônico) e
projeto executivo.

b. Contrato de prestação de serviços: destinado a obter determinada utilidade de interesse para


a Administração Pública, sendo prestação contínua, não se confundindo com contrato de
concessão de serviços.

c. Contrato de fornecimento de bens: contratação de bens necessários à execução das atividades


do órgão público, devendo se guiar pelos preços praticados nos demais órgãos da Administração
Pública, e atender ao princípio da padronização.
- Deve se dar preferência à aquisição mediante sistema de registro de preços.

d. Contrato de concessão de serviços públicos: Vide lei 8.987/95 e 11.079/04.

e. Permissão de serviços públicos: O art. 175 CF entende ser contrato administrativo, e a Lei 8.987/95
diz ser contrato de adesão. Ao contrário da permissão de uso de bem público, a permissão de serviço
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

público é contrato administrativo celebrado mediante procedimento licitatório para a prestação


de serviços públicos.

f. Contrato de concessão de uso de bem público: contrato celebrado com particular, em que a
administração consente no uso de um bem, de forma anormal ou privativa, com finalidade
específica, mediante pagamento de remuneração ou gratuitamente.

g. Contrato de Gestão: Aplicável para agências executivas (Lei 9.649/98) e também para as OS
(Lei 9.637/98).

CONVÊNIOS: são ajustes firmados entre a Administração Pública e entidades que possuam
vontades convergentes, mediante a celebração de acordo para melhor execução das atividades
de interesse comum dos conveniados.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CONVÊNIOS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:


Quanto aos interesses envolvidos no ajuste:
Convênio: Comunhão de interesse dos conveniados;
Contratos: Interesses contrapostos das partes.
Quanto à remuneração:
Convênio: o valor repassado pelo Poder Público ao particular continua
sendo reputado “dinheiro público”, que deve necessariamente ser
aplicado no objeto do convênio, o que acarreta a necessidade de
prestação de contas pelo particular ao Poder Público, para demonstrar
que a verba foi utilizada para atender ao ajuste.
Contratos: Os contratados recebem remuneração pela prestação de
determinado objeto, e o valor deixa de ser considerado dinheiro
público ao ingressar no patrimônio privado.
Quanto à necessidade de licitação:
Contratos: Depende de licitação, em regra;
Convênios: NÃO depende de licitação, o que não afasta a
necessidade de instauração, quando possível, de processo seletivo
que assegure tratamento impessoal entre os interessados.
Quanto ao prazo:
Contratos: Sempre celebrados por prazo determinado;
Convênios: São espécies de atos administrativos complexos, e
admite-se que os ajustes NÃO estabeleçam prazo determinado,
embora seja recomendável a fixação de sua duração para fins de
planejamento e controle.

Enquanto nos contratos administrativos as vontades dos particulares são divergentes, no


convênio são convergentes.
A cooperação associativa é uma característica dos convênios, razão pela qual os partícipes têm a
liberdade de ingresso e de retirada (denúncia) a qualquer momento, sendo vedada a cláusula de
permanência obrigatória.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Podem ser firmados entre entidades administrativas ou entre estas e entidades privadas sem
fins lucrativos. Na primeira hipótese, os convênios são instrumentos de descentralização
(desconcentração) administrativa; no segundo caso, os convênios funcionam como mecanismos
de implementação do fomento, viabilizando o exercício de atividades sociais relevantes por
entidades privadas.
A Legislação exige para a formação do convênio a prévia aprovação do plano de trabalho
proposto pela organização interessada, devendo conter:
Identificação do objeto a ser
executado; Metas a serem atingidas;
Etapas ou fases de execução;
Plano de aplicação dos recursos financeiros;
Cronograma de desembolso de valores pela entidade conveniada;
Previsão de início e fim da execução do projeto, e da conclusão das etapas ou fases
programadas;
Comprovação de que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão
devidamente assegurados.
Após a assinatura do convênio, a entidade pública ou órgão repassador dará ciência à
Assembleia legislativa ou Câmara Municipal.
As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicação
aprovado, salvo se houver irregularidade, situação em que as parcelas ficarão retidas até o
saneamento.
Irregularidades (autoriza a retenção das parcelas do convênio):
Falta de comprovação da boa e regular aplicação da parcela anteriormente recebida;
Desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento
das etapas ou fases programadas, inadimplemento do executor;
Quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras apontadas pelo partícipe
repassador dos recursos.
Os saldos de convênios não utilizados serão aplicados em caderneta de poupança oficial, se a
previsão de seu uso for igual ou superior a 01 mês e em fundo de aplicação financeira de curto
prazo ou operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública, para prazos menores
do que 01 mês.
Em caso de extinção do convênio, todo montante remanescente deverá ser devolvido ao órgão
público que repassou o recurso em até 30 dias, sob pena de responsabilização do agente público.
Doutrina e Jurisprudência entendem que a celebração de convênios, ante a convergência de
vontades, NÃO DEVE SER PRECEDIDA DE LICITAÇÃO, podendo ser firmado diretamente entre a
entidade pública e a privada.
No convênio celebrado entre poder público e entidade particular, o valor repassado pelo poder
público NÃO passa a integrar o patrimônio da entidade, mas mantém natureza de dinheiro
público, vinculado aos fins previstos no convênio, obrigando a entidade a prestar contas de sua
utilização para o ente repassador e para o Tribunal de Contas.

17. REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES (LEI 12.462/11)


a. Finalidade: definir procedimento específico de licitação para os contratos necessários à:
Copa das Confederações;

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Copa do Mundo 2014;


Jogos Olímpicos e paraolímpicos de
2016; Ações do PAC (Lei 12.688/12);
Obras e serviços de engenharia no Sistema Público de ensino (Lei
12.722/12); Obras e serviços de engenharia no SUS (Lei 12.745/12);
Obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma e administração de
estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo;
Ações no âmbito da segurança pública;
Obras e serviços de engenharia, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou
ampliação de infraestrutura logística;
Contratos a que se refere o art. 47-A da Lei 12.462/2011 (contratos de locação de bens
móveis e imóveis, nos quais o locador realiza prévia aquisição, construção ou reforma
substancial, com ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem
especificado pela administração).
As ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia e à inovação.

A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa no instrumento convocatório e afastará a
Lei 8.666/93, sem aplicação subsidiária, salvo nas hipóteses previstas na Lei 12.462/11.

b. Objetivos: garantir celeridade e simplificação nas contratações realizadas, promover melhor


custo e benefício para o setor público, incentivar a inovação tecnológica e garantir a isonomia.

c. Peculiaridades
I – Indicação de marcas: admite-se a especificação de marcas, desde que especificado e decorra
da necessidade de padronização do objeto a ser contratado, ou quando determinada marca ou
modelo for a única capaz de atender às necessidades da entidade contratante. E ainda nas
situações em que a descrição do objeto a ser licitado puder ser mais bem compreendida pela
identificação de marca ou modelo para servir de referência, caso em que o Poder Público NÃO
seleciona a marca que pretende adquirir, mas só utiliza a mesma como forma de auxiliar os
licitantes a entenderem as especificações do bem que interessa à entidade.

– Critério de seleção das propostas: podem ser:


Menor preço ou maior desconto, atendido os parâmetros de qualidade definidos no
instrumento convocatório, incluídos os custos indiretos;
Técnica e preço, exclusivamente quanto à natureza intelectual e inovação tecnológica ou
técnica, ou que possam ser executados em diferentes metodologias ou tecnologias de
domínio restrito do mercado, pontuando-se as vantagens e qualidades que
eventualmente forem atribuídas para cada produto ou solução, sendo o percentual de
ponderação mais relevante limitado a 70%.
Melhor técnica ou conteúdo artístico: usado para contratação de projetos, inclusive
arquitetônicos, e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística, salvo os projetos de
engenharia, consideradas exclusivamente as propostas artísticas ou técnicas apresentadas
pelos licitantes com base em critérios objetivos previamente estabelecidos no
instrumento convocatório.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Maior oferta de preço: Nesse caso, os requisitos de qualificação técnica e econômico-


financeira poderão ser dispensados, podendo ser exigida garantia de até 5% do valor
ofertado.
Maior retorno econômico: utilizado exclusivamente para a celebração de contratos de
eficiência, selecionando a proposta com maior economia para a adm.
NÃO poder ser escolhida nenhuma vantagem não prevista no instrumento convocatório.
Critério de desempate: primeiro será realizada disputa final, em que os licitantes poderão
apresentar nova proposta fechada em ato contínuo à classificação. Mantido o empate, será
realizada avaliação do desempenho contratual dos licitantes e, posteriormente, os critérios de
desempate da Lei 8666/93.

– Procedimento Licitatório
Fase preparatória – igual ao procedimento da Lei 8666/93;
Publicação do instrumento convocatório – Deve ocorrer em Diário Oficial, e para
contratação em valores mais baixos, que NÃO ultrapassem R$ 150.000,00 para obras ou
R$ 80.000,00 para bens e serviços, inclusive de engenharia, é dispensada a publicação em
Diário Oficial, podendo ser apenas em sítio eletrônico.
Apresentação das propostas ou lances;
Julgamento, conforme critérios definidos no instrumento convocatório;
Habilitação;
Recursos – Prazo de 05 dias úteis a partir da data da intimação ou lavratura da ata;
Encerramento.

IV – Parcelamento do Objeto e contratação simultânea


-É possível contratar mais de uma empresa para executar o mesmo serviço, desde que isso NÃO
implique perda de economia de escala e que NÃO se trate de serviço de engenharia.

– Possibilidade de pré-qualificação: o Poder Público pode realizar pré-qualificação


permanente, antes da licitação, para identificar fornecedores que reúnam condições de
habilitação exigidas para o fornecimento de bens ou execução de serviço ou obra, podendo ser
parcial ou total, com validade de 01 ano.

VI – Contratação de outra proposta que não a vencedora, desde que o valor seja igual ou inferior
ao orçamento estimado para a contratação.

VI – Remuneração Variável – Na lei 8666/93, a remuneração pode ser fixa; no RDC poderá ser
variável para contratação de obras e serviços, inclusive os de engenharia, desde que devidamente
justificada pelo poder contratante e respeite o limite orçamentário fixado para a adm.

VII – Contratação integrada (= TURN KEY) – situação em que um único ajuste compreende a
elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, execução de obras e serviços de
engenharia e todas as demais operações suficientes para a entrega final do objeto.
O instrumento convocatório deverá conter anteprojeto de engenharia.
Se adotada a contratação integrada, é VEDADA a celebração de termos aditivos aos contratos
firmados, salvo recomposição do equilíbrio econômico financeiro do contrato.
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

RDC – Uma das grandes inovações do RDC é a CONTRATAÇÃO INTEGRADA, modalidade


contratual em que o contratado ficará responsável pela elaboração e desenvolvimento dos
projetos básico e executivos, execução das obras e serviços de engenharia, montagem, realização
de testes, pré-operação e todas as demais atividades necessárias para a entrega final do objeto
da contratação => É o contrato de TURN KEY, em que a empresa contratada fica responsável pela
entrega da obra ou serviço em condições operacionais para o poder público.

VIII – Penalidade de contratar com o Poder Público por 05 anos

TCU, Ac. 2145/2013, Plenário - Nas contratações do tipo turn key em que a
elaboração do projeto básico for de responsabilidade da contratada (contratação
integrada), deve ser promovida, previamente à abertura da licitação, a definição
adequada das características do objeto a ser contratado, por meio de estudos,
ensaios e projetos preliminares de engenharia.

18. INCIDÊNCIA DO CDC AOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


Discute-se a aplicabilidade do CDC para proteção dos entes públicos nos casos em que atuar
como consumidor de serviços prestados por particulares.
Marçal Justem defende a inaplicabilidade, ao entender que o Poder Público não seria
consumidor, já que:
NÃO adquire serviços como consumidor final;
encontra-se em posição de supremacia, não se coadunando com a vulnerabilidade do CDC.
Toshio Mukai defende a aplicação do CDC, já que ao contratar o fornecimento de bens ou
serviços, o Poder Público estaria na posição de destinatário final, sendo o CDC aplicado
subsidiariamente ao se verificar vulnerabilidade técnica, científica, fática ou econômica, podendo
aplicar sanções previstas, não da Lei 8.66/93, mas no CDC.
O TCU já entendeu ser possível a incidência do CDC aos contratos administrativos, de forma
subsidiária.

19. CONTROLE DAS LICITAÇÕES E DOS CONTRATOS


Os contratos podem ser controlados pela Administração e pelos demais poderes.
O TCU pode sustar contratos administrativos¿ A CF dispõe, expressamente, que a prerrogativa
para sustar contrato irregular é do Congresso Nacional e, se a medida não for adotada em 90
(noventa) dias, o TCU “decidirá a respeito”, sem qualquer alusão à sustação do contrato. Assim,
há dois entendimentos:
1º Entendimento: O TCU NÃO pode sustar contratos administrativos, prerrogativa
reconhecida constitucionalmente ao Congresso Nacional, mas apenas rejeitar as contas
por irregularidade daquelas despesas contratuais. Luís Roberto Barroso, Marcos Jurena;
2º Entendimento: O TCU PODE sustar os contratos. Rafael Oliveira, ao fundamento de que
tratar-se-ia da importância reconhecida ao TCU pela própria CRFB, e na ausência de
subordinação ao Poder Legislativo. Para tanto, a sustação deveria observar o seguinte rito:
o Verificada a irregularidade em determinado contrato, o Tribunal de Contas assinará
prazo para que o responsável adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei;

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Caso permaneça a irregularidade, o Tribunal comunicará o fato a Casa Legislativa


respectiva para sustação do contrato, solicitando imediatamente a adoção das
medidas cabíveis ao Poder Executivo;
Se a Casa Legislativa ou o Poder Executivo, no prazo de 90 (noventa) dias não
efetivar as medidas solicitadas, o TCU sustará os contratos.
Os TCs e órgãos de controle interno poderão solicitar, até o dia útil imediatamente anterior à
data de recebimento das propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os
órgãos ou entidades da Administração interessada à adoção de medias corretivas pertinentes
que, em função desse exame, lhes forem determinadas. No entanto, o STF decidiu que NÃO é
possível estabelecer o dever genérico de envio de todas as minutas de editais de licitação e de
contratos ao Tribunal de Contas, tendo em vista o princípio da separação de poderes, razão pela
qual o envio deve ser solicitado pelo Tribunal em cada caso concreto.

BÔNUS: DISPOSITIVOS ESPECÍFICOS DE LICITAÇÃO E CONTRATOS PARA


EMPRESAS ESTATAIS (LEI Nº 13.303/16)

Licitações e contratos: Os contratos com terceiros destinados à prestação de


serviços às empresas públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de
engenharia e de publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens
e ativos integrantes do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem
integradas a esse patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais
bens, serão precedidos de licitação.
Com a disciplina da licitação pelo Estatuto das Empresas Estatais, a Lei nº
8.666/93 passa a ser aplicada apenas subsidiariamente.

I) Licitação dispensável:

Art. 29. É dispensável a realização de licitação por empresas públicas e


sociedades de economia mista:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100.000,00 (cem mil
reais), desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço
ou ainda a obras e serviços de mesma natureza e no mesmo local que
possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
- para outros serviços e compras de valor até R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se
refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
vulto que possa ser realizado de uma só vez;
III - quando não acudirem interessados à licitação anterior e essa,
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a empresa
pública ou a sociedade de economia mista, bem como para suas respectivas
subsidiárias, desde que mantidas as condições preestabelecidas;
IV - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado nacional ou incompatíveis com os
fixados pelos órgãos oficiais competentes;

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

V - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento de suas


finalidades precípuas, quando as necessidades de instalação e localização
condicionarem a escolha do imóvel, desde que o preço seja compatível com
o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
VI - na contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento,
em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de
classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições do contrato
encerrado por rescisão ou distrato, inclusive quanto ao preço, devidamente
corrigido;
VII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou
estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento
institucional ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde
que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não
tenha fins lucrativos;
VIII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou
estrangeira necessários à manutenção de equipamentos durante o período de
garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal
condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
IX - na contratação de associação de pessoas com deficiência física, sem fins
lucrativos e de comprovada idoneidade, para a prestação de serviços ou
fornecimento de mão de obra, desde que o preço contratado seja compatível
com o praticado no mercado;
X - na contratação de concessionário, permissionário ou autorizado para
fornecimento ou suprimento de energia elétrica ou gás natural e de outras
prestadoras de serviço público, segundo as normas da legislação específica,
desde que o objeto do contrato tenha pertinência com o serviço público.
XI - nas contratações entre empresas públicas ou sociedades de economia
mista e suas respectivas subsidiárias, para aquisição ou alienação de bens e
prestação ou obtenção de serviços, desde que os preços sejam compatíveis
com os praticados no mercado e que o objeto do contrato tenha relação com
a atividade da contratada prevista em seu estatuto social;
XII - na contratação de coleta, processamento e comercialização de resíduos
sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta
seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda que tenham como ocupação
econômica a coleta de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública;
XIII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no
País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e
defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada
pelo dirigente máximo da empresa pública ou da sociedade de economia
mista; XIV - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts.
o
3º, 4º, 5º e 20 da Lei n 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os
princípios gerais de contratação dela constantes;

185
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

XV - em situações de emergência, quando caracterizada urgência de


atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da
situação emergencial e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contado da ocorrência da emergência, vedada a prorrogação
o
dos respectivos contratos, observado o disposto no § 2 ;
XVI - na transferência de bens a órgãos e entidades da administração pública,
inclusive quando efetivada mediante permuta;
XVII - na doação de bens móveis para fins e usos de interesse social, após
avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica relativamente
à escolha de outra forma de alienação;
XVIII - na compra e venda de ações, de títulos de crédito e de dívida e de
bens que produzam ou comercializem.
o
1 Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos termos
do inciso VI do caput, a empresa pública e a sociedade de economia mista
poderão convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação,
para a celebração do contrato nas condições ofertadas por estes, desde que
o respectivo valor seja igual ou inferior ao orçamento estimado para a
contratação, inclusive quanto aos preços atualizados nos termos do
instrumento convocatório.
o
2 A contratação direta com base no inciso XV do caput não dispensará a
responsabilização de quem, por ação ou omissão, tenha dado causa ao
o
motivo ali descrito, inclusive no tocante ao disposto na Lei n 8.429, de 2 de
junho de 1992.
o
3 Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput podem ser alterados,
para refletir a variação de custos, por deliberação do Conselho de
Administração da empresa pública ou sociedade de economia mista,
admitindo-se valores diferenciados para cada sociedade.

Contratação direta:

Art. 30. A contratação direta será feita quando houver inviabilidade de


competição, em especial na hipótese de:
I - aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo;
- contratação dos seguintes serviços técnicos especializados, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
executivos; b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
186
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;


restauração de obras de arte e bens de valor histórico.
o
1 Considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa cujo
conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho
anterior, estudos, experiência, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica ou outros requisitos relacionados com suas atividades,
permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
o
2 Na hipótese do caput e em qualquer dos casos de dispensa, se
comprovado, pelo órgão de controle externo, sobrepreço ou superfaturamento,
respondem solidariamente pelo dano causado quem houver decidido pela
contratação direta e o fornecedor ou o prestador de serviços.
o
3 O processo de contratação direta será instruído, no que couber, com os
seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a
dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou do
executante; III - justificativa do preço.

Diretrizes a serem observadas nas licitações e contratos:


Padronização do objeto da contratação, dos instrumentos convocatórios e
das minutas de contratos, de acordo com normas internas específicas;
Busca da maior vantagem competitiva para a empresa pública ou
sociedade de economia mista, considerando custos e benefícios, diretos e
indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental, inclusive os
relativos à manutenção, ao desfazimento de bens e resíduos, ao índice de
depreciação econômica e a outros fatores de igual relevância;
Parcelamento do objeto, visando a ampliar a participação de licitantes, sem
perda de economia de escala, e desde que não atinja valores inferiores aos
limites estabelecidos no art. 29, incisos I e II, da Lei das Empresas Estatais;
Adoção preferencial da modalidade pregão, para a aquisição de bens e
serviços comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de
desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
por meio de especificações usuais no mercado;
Observação da política de integridade nas transações com partes
interessadas.

ATENÇÃO: A Lei deu preferência ao pregão eletrônico, ao prever que as licitações


na modalidade de pregão, na forma eletrônica, deverão ser realizadas
exclusivamente em portais de compras de acesso público na internet.

IV) Sigilo do orçamento com a estimativa de preços: O valor estimado do contrato a


ser celebrado pela empresa pública ou pela sociedade de economia mista será
sigiloso, facultando-se à contratante, mediante justificação na fase de preparação
prevista no inciso I do art. 51 desta Lei, conferir publicidade ao valor estimado do
187
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

objeto da licitação, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos


e das demais informações necessárias para a elaboração das propostas.
Na hipótese em que for adotado o critério de julgamento por maior desconto, a
informação constará do instrumento convocatório.
No caso de julgamento por melhor técnica, o valor do prêmio ou da remuneração
será incluído no instrumento convocatório.
A informação relativa ao valor estimado do objeto da licitação, ainda que tenha
caráter sigiloso, será disponibilizada a órgãos de controle externo e interno, devendo
a empresa pública ou a sociedade de economia mista registrar em documento formal
sua disponibilização aos órgãos de controle, sempre que solicitado.

V) Prazos para a divulgação do edital:


Art. 39. Os procedimentos licitatórios, a pré-qualificação e os contratos
disciplinados por esta Lei serão divulgados em portal específico mantido pela
empresa pública ou sociedade de economia mista na internet, devendo ser
adotados os seguintes prazos mínimos para apresentação de propostas ou
lances, contados a partir da divulgação do instrumento convocatório: I - para
aquisição de bens:
5 (cinco) dias úteis, quando adotado como critério de julgamento o menor
preço ou o maior desconto;
10 (dez) dias úteis, nas demais hipóteses;
II - para contratação de obras e serviços:
15 (quinze) dias úteis, quando adotado como critério de julgamento o
menor preço ou o maior desconto;
30 (trinta) dias úteis, nas demais hipóteses;
- no mínimo 45 (quarenta e cinco) dias úteis para licitação em que se adote
como critério de julgamento a melhor técnica ou a melhor combinação de
técnica e preço, bem como para licitação em que haja contratação semi-
integrada ou integrada.
Parágrafo único. As modificações promovidas no instrumento convocatório
serão objeto de divulgação nos mesmos termos e prazos dos atos e
procedimentos originais, exceto quando a alteração não afetar a preparação
das propostas.

VI) Normas específicas para a aquisição de bens:

Art. 47. A empresa pública e a sociedade de economia mista, na licitação para


aquisição de bens, poderão:
I - indicar marca ou modelo, nas seguintes hipóteses:
em decorrência da necessidade de padronização do objeto;
quando determinada marca ou modelo comercializado por mais de um
fornecedor constituir o único capaz de atender o objeto do contrato;
quando for necessária, para compreensão do objeto, a identificação de
determinada marca ou modelo apto a servir como referência, situação em que
será obrigatório o acréscimo da expressão “ou similar ou de melhor qualidade”;
188
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

- exigir amostra do bem no procedimento de pré-qualificação e na fase de


julgamento das propostas ou de lances, desde que justificada a necessidade
de sua apresentação;
III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou do processo de
fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, por instituição previamente
credenciada.
Parágrafo único. O edital poderá exigir, como condição de aceitabilidade da
proposta, a adequação às normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) ou a certificação da qualidade do produto por instituição
credenciada pelo Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Sinmetro).

VII) Fases da Licitação:

Art. 51. As licitações de que trata esta Lei observarão a seguinte sequência de
fases:
I - preparação;
II - divulgação;
- apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de disputa
adotado;
IV - julgamento;
V - verificação de efetividade dos lances ou
propostas; VI - negociação;
VII - habilitação;
VIII - interposição de recursos;
IX - adjudicação do objeto;
X - homologação do resultado ou revogação do procedimento.
o
§ 1 A fase de que trata o inciso VII do caput poderá, excepcionalmente,
anteceder as referidas nos incisos III a VI do caput, desde que expressamente
previsto no instrumento convocatório.
o
§ 2 Os atos e procedimentos decorrentes das fases enumeradas no caput
praticados por empresas públicas, por sociedades de economia mista e por
licitantes serão efetivados preferencialmente por meio eletrônico, nos
termos definidos pelo instrumento convocatório, devendo os avisos
contendo os resumos dos editais das licitações e contratos abrangidos por
esta Lei ser previamente publicados no Diário Oficial da União, do Estado ou
do Município e na internet.

Atenção: É admitida a disputa aberta e fechada. Para disputa aberta, admitem-se


os LANCES INTERMEDIÁRIOS, semelhante ao previsto no Regime Diferenciado de
Contratações (RDC):
Art. 52. Poderão ser adotados os modos de disputa aberto ou fechado, ou,
quando o objeto da licitação puder ser parcelado, a combinação de ambos,
observado o disposto no inciso III do art. 32 desta Lei.

189
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

o
1 No modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão lances públicos e
sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o critério de julgamento
adotado.
o
2 No modo de disputa fechado, as propostas apresentadas pelos licitantes
serão sigilosas até a data e a hora designadas para que sejam divulgadas.
Art. 53. Quando for adotado o modo de disputa aberto, poderão ser
admitidos: I - a apresentação de lances intermediários;
II - o reinício da disputa aberta, após a definição do melhor lance, para
definição das demais colocações, quando existir diferença de pelo menos
10% (dez por cento) entre o melhor lance e o subsequente.
Parágrafo único. Consideram-se intermediários os lances:
I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o julgamento
pelo critério da maior oferta;
II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados os demais
critérios de julgamento.

VIII) Critérios de julgamento:

Art. 54. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de julgamento:


I - menor preço;
II - maior desconto;
- melhor combinação de técnica e
preço; IV - melhor técnica;
V - melhor conteúdo artístico;
VI - maior oferta de preço; VII
- maior retorno econômico;
VIII - melhor destinação de bens alienados.

IX) Negociação com o primeiro colocado:

Art. 57. Confirmada a efetividade do lance ou proposta que obteve a


primeira colocação na etapa de julgamento, ou que passe a ocupar essa
posição em decorrência da desclassificação de outra que tenha obtido
colocação superior, a empresa pública e a sociedade de economia mista
deverão negociar condições mais vantajosas com quem o apresentou.
o
1 A negociação deverá ser feita com os demais licitantes, segundo a
ordem inicialmente estabelecida, quando o preço do primeiro colocado,
mesmo após a negociação, permanecer acima do orçamento estimado.
o
2 (VETADO).
o o
3 Se depois de adotada a providência referida no § 1 deste artigo não for
obtido valor igual ou inferior ao orçamento estimado para a contratação,
será revogada a licitação.

Fase Recursal Única:

190
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Art. 59. Salvo no caso de inversão de fases, o procedimento licitatório terá


fase recursal única.
o
1 Os recursos serão apresentados no prazo de 5 (cinco) dias úteis após a
habilitação e contemplarão, além dos atos praticados nessa fase, aqueles
praticados em decorrência do disposto nos incisos IV e V do caput do art. 51
desta Lei.
o o
2 Na hipótese de inversão de fases, o prazo referido no § 1 será aberto
após a habilitação e após o encerramento da fase prevista no inciso V do
caput do art. 51, abrangendo o segundo prazo também atos decorrentes da
fase referida no inciso IV do caput do art. 51 desta Lei.

XI) Duração dos contratos:

Art. 71. A duração dos contratos regidos por esta Lei não excederá a 5 (cinco)
anos, contados a partir de sua celebração, exceto: I - para projetos
contemplados no plano de negócios e investimentos da empresa pública ou
da sociedade de economia mista;
- nos casos em que a pactuação por prazo superior a 5 (cinco) anos seja
prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere
excessivamente a realização do negócio.
Parágrafo único. É vedado o contrato por prazo indeterminado.

XII) Alteração Unilateral – APENAS POR ACORDO DAS PARTES: Os contratos regidos
por esta Lei somente poderão ser alterados por acordo entre as partes, vedando-
se ajuste que resulte em violação da obrigação de licitar (Art. 72).

XIII) Alteração dos contratos:

Art. 81. Os contratos celebrados nos regimes previstos nos incisos I a V do


art. 43 contarão com cláusula que estabeleça a possibilidade de alteração,
por acordo entre as partes, nos seguintes casos:
I - quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
- quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos
por esta Lei;
III - quando conveniente a substituição da garantia de execução;
IV - quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica
da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
V - quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição
de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada
a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado,
sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou
execução de obra ou serviço;
191
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

VI - para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre


os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências
incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe,
configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.
o
1 O contratado PODERÁ aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até
25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no
caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de
50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos.
o
2 Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
o
estabelecidos no § 1 , salvo as supressões resultantes de acordo celebrado
entre os contratantes.
o
3 Se no contrato não houverem sido contemplados preços unitários para
obras ou serviços, esses serão fixados mediante acordo entre as partes,
o
respeitados os limites estabelecidos no § 1 .
o
4 No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já
houver adquirido os materiais e posto no local dos trabalhos, esses materiais
deverão ser pagos pela empresa pública ou sociedade de economia mista
pelos custos de aquisição regularmente comprovados e monetariamente
corrigidos, podendo caber indenização por outros danos eventualmente
decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados.
o
5 A criação, a alteração ou a extinção de quaisquer tributos ou encargos
legais, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas
após a data da apresentação da proposta, com comprovada repercussão nos
preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para menos,
conforme o caso.
o
6 Em havendo alteração do contrato que aumente os encargos do
contratado, a empresa pública ou a sociedade de economia mista deverá
restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
o
7 A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços
previsto no próprio contrato e as atualizações, compensações ou penalizações
financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como
o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor
corrigido, não caracterizam alteração do contrato e podem ser registrados por
simples apostila, dispensada a celebração de aditamento.
o
8 É vedada a celebração de aditivos decorrentes de eventos supervenientes
alocados, na matriz de riscos, como de responsabilidade da contratada.

FINANCEIRO

192
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

2.2 Princípios orçamentários. 2.3 Leis orçamentárias. 2.3.1 Espécies e tramitação legislativa. 2.4
Lei nº 4.320/1964 e suas alterações. 6 Crédito público. 6.1 Conceito e classificação de crédito
público. 6.2 Natureza jurídica.

ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

Conceito: A atividade financeira do Estado é ação estatal destinada à criação, obtenção,


gestão e dispêndio de dinheiro público, com o escopo de satisfazer as necessidades públicas.

Objeto:
Obtenção de recursos Receita Pública;
Gerência de recursos Orçamento Público;
Dispêndio de recursos Despesas Públicas;
Obtenção de recursos emprestados Crédito Público.

Qual a diferença entre Direito Financeiro e Direito Tributário?


O direito financeiro estuda a despesa pública, o orçamento público, o crédito
público e as receitas públicas. Já o Direito Tributário, a partir de princípios
próprios, estuda as receitas tributárias, que são arrecadadas a partir do poder
coercitivo do Estado.

3. Princípios que norteiam o Direito Financeiro


LEGALIDADE: O Orçamento, metas, diretrizes, distribuição de receitas e despesas serão objeto de
processo legislativo oriundo do Poder Legislativo. Vejamos alguns dispositivos Constitucionais:

Art. 167. São vedados:


I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;
(...)
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem
indicação dos recursos correspondentes;
(...)
1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser
iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob
pena de crime de responsabilidade.

Exceção: Poder Executivo pode dispor sobre crédito adicional em caso de guerra, comoção ou
calamidade por medida provisória, atendidos os pressupostos materiais (ADI 4048).
ECONOMICIDADE: Trata-se da exigência relativa à eficiência do gasto público do ponto de
vista econômico. A grosso modo, é desempenhar as atividades materiais com excelência, mas a
um baixo custo possível.
TRANSPARÊNCIA: Aplicação do Princípio da Publicidade (art. 37, caput, CF) no tema atividade
financeira. Há previsão específico no arts. 48 e 49 da lei de responsabilidade fiscal.
RESPONSABILIDADE FISCAL: Assegura que o gasto público seja realizado dentro de certos limites
e de acordo com as regras estritas que, se não cumpridas, acarretam sanções aos entes públicos.

193
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

4. Fontes do Direito Financeiro


Constituição Federal: Há inúmeras matérias de direito financeiro, a
exemplo: Repartição de receitas tributárias: arts. 157 a 162;
Empréstimos públicos: art. 163;
Sistema monetário: art. 164;
Orçamento: arts. 165 a 169;
Fiscalização contábil, financeira e orçamentária: arts. 70 a 75.
Leis complementares: A CF/88 determina que algumas matérias devem ser tratadas por lei
complementar:
Art. 163. Lei complementar disporá
sobre: I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais
entidades controladas pelo Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

165, §9º § Cabe à lei complementar:


I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
- estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta
bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão
adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e
limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto no § 11 do
art. 166.

ATENÇÃO: Dentre as leis complementares, possui destaque a LC 101/00 (Lei de


Responsabilidade Fiscal – LRF).

Leis ordinárias: Comumente utilizadas em direito financeiro, destacando-se o Plano Plurianual


(PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).

Leis Delegadas: O art. 68, §1º, III, da CF/88 proíbe a delegação dos planos plurianuais,
diretrizes orçamentárias e orçamentos. Logo, para doutrina majoritária, leis delegadas NÃO são
fontes do Direito Financeiro.

Medida Provisória: O art. 62, §1º, III, da CF/88 veda a edição de MP em matéria de lei
complementar e, no inciso I, “d”, veda a edição relativa a planos plurianuais, diretrizes orçamentárias,
orçamento, créditos adicionais e suplementares, SALVO o art. 167, §3º. Como conclusão, é possível
194
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

inferir que NÃO cabe medida provisória em matéria financeira/ orçamentária, exceto para
atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna e
calamidades públicas.

FONTES SECUNDÁRIAS

Decretos: Ato do executivo para dar fiel execução às leis financeiras, quando não são
autoexecutáveis. NÃO podem inovar no que a lei não estabeleceu;
Atos normativos: Atos escritos das autoridades administrativas que complementam a lei ou
decreto, a exemplo das portarias, pareceres normativos. Em Direito Financeiro, ganham destaque
as resoluções dos Tribunais de Contas.
Decisões Administrativas dos Tribunais de Contas e Decisões Judiciais.

5. Competência Legislativa

O Direito Financeiro está dentro da competência concorrente da União, Estados e do


Distrito Federal, conforme art. 24, I, da CF/88. A competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais (art. 24, §1º). Os Estados e o DF, por sua vez, exercem a competência suplementar
(§2º). Se inexistir lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades (§3º). E a superveniência de lei federal sobre normas
gerais suspende a eficácia da lei estadual (ou distrital), no que lhe for contrário (§4º).

Os Municípios possuem competência para legislar sobre Direito Financeiro? A matéria possui
divergências:
Há os que defendem que, embora o artigo 24 da CF não tenha conferido essa competência
aos Municípios, ela estaria estabelecida no art. 30, inc. II da CF, que permite aos Municípios
suplementarem a legislação estadual e federal no que couber. A competência para elaboração e
aprovação de leis orçamentárias pelos Municípios reforça essa tese.
Outra corrente adota interpretação literal da Carta Magna e entende que, como tal
competência não pode ser compreendida da leitura do art. 24 da CF/88, inexistiria competência
dos Municípios para legislar sobre direito financeiro.

ATENÇÃO: Em provas objetivas, não raramente é cobrada a literalidade do art. 24, da CF/88,
razão pela qual, nessa hipótese, não há competência concorrente do Município para legislar
sobre as matérias ali delineadas, incluindo o Direito Financeiro!

Orçamento: É o ato pelo qual o poder legislativo prevê e autoriza o Poder Executivo a
realização de despesas e receitas para um período determinado. Reflete o plano de ação
governamental, espelhando a vida econômica do Estado.

Aspectos do orçamento:
Político: Ato político pelo qual se permite a atuação harmônica e interdependente dos
Poderes. Reflete a execução do programa político- partidário e os anseios de quem está
no poder.
Econômico: É distribuição de renda ou regulação da economia
195
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Superavitário: Mais receitas do que despesas;


o Equilibrado: receitas iguais às despesas;
o Deficitário: mais despesas do que receitas.
Jurídico: Meio pelo qual se preveem receitas e autorizam os
gastos. Contábil ou técnico.

Natureza Jurídica: O art. 165, da CF/88 estabelece que orçamento é lei. A discussão é se é
lei material ou se possui caráter formal:
a) Orçamento é lei formal e material, na medida em que se origina de um órgão legiferante
(Poder Legislativo), não havendo porque indagar sobre a sua substância;
b) O orçamento, embora com aparência de lei, é apenas lei formal: o orçamento apresenta
extrinsecamente a forma de uma lei, mas seu conteúdo é de mero ato administrativo. Logo, o
orçamento seria, então, apenas lei em sentido formal, materialmente não constituindo regra de
direito.
c) O orçamento é, em relação às despesas, um mero ato administrativo, mas em relação à
realização das receitas, lei em sentido material: tem Léon Duguit como seu defensor. Seria o
orçamento, em relação às despesas, um mero ato administrativo e, em relação à receita
tributária, lei em sentido material, já que a arrecadação tributária dependeria de autorização
orçamentária (o que não é o caso do Brasil).
d) O orçamento é uma condição para a alocação dos recursos, sendo apenas lei formal, mas
substancialmente um ato-condição: para Gaston Jèze, o orçamento seria apenas um ato
administrativo (um ato-condição), ou seja, o implemento de uma condição para cobrança e gasto.

* ATENÇÃO: A posição que prevalece é a que considera o orçamento como lei formal.

O STF passou a adotar o entendimento de que o orçamento é lei, como qualquer outra,
independente de ter efeitos concretos ou não, sendo possível sofrer controle de
constitucionalidade, no julgamento da ADI 2.925, em 2003. Para o STF, a lei orçamentária qual
tem, em regra, caráter autorizativo. Porém, excepcionalmente, poderá ter caráter impositivo,
como ocorre no caso das receitas de contribuições e com a EC 86/2015.

O ORÇAMENTO É AUTORIZATIVO OU IMPOSITIVO?


Prevalece que o orçamento é autorizativo, pois reflete os programas de governo,
a exceção das vinculações pré-orçamentárias (normas legais que já preveem
uma vinculação):

Autorizativo Impositivo
Comando criado na própria lei Comando normativo criado por leis
orçamentária anteriores ao orçamento
Vinculações que NÃO geram direito Vinculações com direito subjetivo, por
subjetivo força de normas diversas do
O Executivo pode ou não cumprir a orçamento O Executivo NÃO tem
norma, a depender das disponibilidades discricionariedade sobre o
orçamentárias e da vontade política cumprimento ou não das normas
Vinculações orçamentárias Vinculações pré-orçamentárias
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Normas pré-orçamentárias: São impositivas, obrigatórias, e devem ser


cumpridas, não por vinculadas ao orçamento, mas porque previstas em outros
instrumentos, com força normativa vinculante:
Gastos com pessoal;
Transferências Constitucionais;
Gastos na educação e saúde.

9. Espécies

TRADICIONAL DESEMPENHO PROGRAMA


- Desvinculado de qualquer - Apenas estima e autoriza as - Os recursos se
planejamento, com foco despesas pelos produtos finais a relacionam a objetivos,
mais em questões obter ou tarefas a realizar, com metas e projetos de um
contábeis, em detrimento ênfase limitada ao resultado, SEM plano de governo.
de um foco administrativo e vinculação a programa ou - Adotado no Brasil a
de gestão. planejamento governamental. partir da lei nº 4.320/64.
- Orçamento seria mera - NÃO há vinculação entre - Instrumento de
peça contábil. planejamento e orçamento. planejamento da ação de
governo.
- Privilegia aspectos
gerenciais e alcance de
resultados.
- Pode ser elaborado com
a técnica de Orçamento
base zero ou por
estratégia: todo recurso
solicitado é analisado.
Há necessidade de
justificar todo programa
no início de cada ciclo
orçamentário;
Ausência de vinculação
ao exercício anterior com
o parâmetro para o valor
inicial mínimo gasto.

ATENÇÃO: Orçamento participativo – Caracteriza-se pela participação direta e efetiva da


população nas propostas orçamentárias do Governo.
10. Princípios Orçamentários
a) Legalidade: Não pode haver despesa pública sem autorização na lei orçamentária, bem como
devem ser observadas as leis já existentes (Ex: PPA, LDO) na elaboração do orçamento. Para mais
detalhes, VIDE RODADA 8.
b) Unidade: A peça orçamentária deve ser única, contendo todos os gastos e todas as receitas para
cada ente da Federação, em cada exercício financeiro. Note, atualmente existe orçamento fiscal, da
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

seguridade social e de investimento, mas o aludido princípio se refere à unidade política, e não
meramente documental.
Universalidade: Todas as receitas e despesas devem estar previstas na lei orçamentária,
inclusive operações de crédito autorizadas por lei (art. 3º, Lei 4.320/64).
Exceções:
Receitas e despesas operacionais (correntes) das empresas estatais
independentes; ARO;
Emissões de papel moeda;
Outras entradas compensatórias no ativo e no passivo (cauções, depósitos, consignações,
etc).
Anualidade: O orçamento deve ser atualizado a cada ano;
Programação: O orçamento se preocupa com macroalocações, devendo focar em programas
que atendam a todos, e não na atenção individuada de pedidos. Remete à ideia de planejamento
das ações.
Equilíbrio orçamentário: NÃO consta expressamente na CF/88, busca assegurar que as
despesas não sejam superiores às receitas.
Proibição do estorno de verbas: Impossibilidade de transpor, remanejar ou transferir recursos
de uma categorias de programação para outra, ou de órgão para outro sem autorização
legislativa prévia.
*ATENÇÃO – A EC 86/2016 incluiu o art. 167, § 5º: A transposição, o remanejamento ou a
transferência de recursos de uma categoria de programação para outra poderão ser admitidos,
no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de viabilizar os
resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Executivo, sem
necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo.
REMANEJAMENTO: Realocações na organização de um ente público, com
destinação de recursos de um órgão para outro;
TRANSPOSIÇÕES: Realocações no âmbito de programas de trabalho,
dentro do mesmo órgão;
TRANSFERÊNCIAS: Realocações de recursos entre as categorias
econômicas de despesas, dentro do mesmo órgão ou trabalho. Ou seja,
repriorizações dos gastos a serem efetuados.

Princípio da não afetação da receita: É VEDADO afetar a receita de impostos a órgão, fundo ou
despesa (art. 167, IV, CF/88), a EXCEÇÃO de:
Repartição de receitas tributárias;
Recursos para a saúde e educação;
Atividades da Administração tributária;
Prestação de garantia em relação às operações de crédito por antecipação de receitas
orçamentárias (ARO);
Fundo de combate à erradicação da pobreza;
Vinculação de 0,5% da receita tributária líquida dos Estados e Distrito Federal para
programas de apoio à inclusão e promoção social;
Vinculação de 0,5% da receita tributária líquida dos Estados e Distrito Federal para fundos
destinados ao financiamento de programas culturais;
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

EC 86/2016 – Art. 166, §§9º a 18º: Emendas individuais a projetos de leis orçamentárias,
com metade dos recursos destinados à saúde.
Princípio da exclusividade: As leis orçamentárias só podem conter a fixação de despesas e
previsão de receitas, a fim de evitar a inserção de matérias estranhas (“caudas orçamentárias” ou
“orçamentos rabilongos”).
CAIU NO TCE/PR – 2015 (CESPE): Considerando que, conforme o § 8.º do art. 165
da Constituição Federal de 1988, a lei orçamentária anual não conterá dispositivo
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, redija um texto dissertativo
acerca do princípio orçamentário da exclusividade. (Questão TCE/PR 2015)
justifique a necessidade de adoção do princípio;
indique as exceções ao princípio previstas na legislação
discuta o tratamento dado à previsão da receita pública e à fixação da despesa
pública no contexto desse princípio.
No que se refere à justificativa para a adoção do princípio, espera-se que o
candidato mencione o rito especial para a tramitação e aprovação da lei
orçamentária anual. Como se trata de procedimento excepcionalmente rápido,
se comparado com a tramitação dos projetos de lei ordinária, não existindo a
vedação estabelecida pelo princípio da exclusividade, haveria o risco de o
orçamento da União ser utilizado impropriamente como veículo de aprovação
de normas legais que nada têm a ver com o programa de trabalho do governo,
exatamente como ocorreu no passado com as chamadas caudas orçamentárias.
Em relação às exceções ao princípio previstas na legislação, o candidato não pode
deixar de mencionar a previsão estabelecida na própria Constituição Federal de
1988 de que a lei orçamentária contenha autorizações de abertura de créditos
suplementares e de contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita. Esses dois atos, embora sejam geralmente urgentes
quando as circunstâncias próprias se apresentam, somente podem ser
executados quando expressamente autorizados pela lei, razão por que a lei
orçamentária pode promover a autorização prévia.
No que concerne ao tratamento dado à receita e à despesa públicas no contexto
do princípio da exclusividade, o candidato deve abordar a previsão da receita e a
fixação da despesa. Quanto à previsão da receita, a lei orçamentária jamais pode
fixar um valor arbitrário, já que se trata de uma variável definida no curso do
exercício financeiro e, em grande parte, influenciada pela atividade econômica.
No caso da fixação da despesa, por outro lado, não apenas é possível como
também indispensável para o governo fixar seu valor exato, tendo em vista que
a Constituição Federal de 1988 proíbe a realização de despesas que excedam os
créditos orçamentários ou adicionais.

Princípio da Publicidade: Necessidade de se dar publicidade à execução orçamentária.


Princípio da especificação ou discriminação: O orçamento não deve ser genérico, e as
despesas e receitas devem aparecer no orçamento de maneira discriminada, para que se possa
saber, pormenorizadamente, a origem os recursos e sua aplicação.
Exceções:

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Reservas de contingência: dotação global e genérica, inserida na lei orçamentária para


atender aos passivos contingentes e outras despesas imprevistas;
Programas especiais de trabalho: Programas que, pela singularidade, não podem ser
detalhados.
Princípio do orçamento-bruto: Receitas e despesas constarão na lei orçamentária pelos seus
totais, vedadas deduções.
11. Peças orçamentárias: A CF/88 estabeleceu três leis orçamentárias, que devem ser elaboradas,
aprovadas e executadas de forma integrada, sendo as normas aplicadas aos demais entes da
Federação, pelo princípio da simetria.
Plano Plurianual – PPA: Estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e
metas da administração pública federal para despesas de capital e outras delas de correntes e
para as relativas ao programa de duração continuada.
- É um instrumento de planejamento governamental de longo prazo.
- Vigência: 4 anos - Começa a produzir efeitos a partir do segundo exercício financeiro do
mandato do Chefe do Executivo até o final do primeiro exercício do mandato subsequente.
- Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.
- Como o PPA se adstringe à integração de políticas, gestão estratégica e programas finalísticos,
NÃO o integram programas destinados a fins específicos (operações especiais), ou seja, aquelas
despesas que não contribuem para manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de
governo, dos quais não resulta um produto e não gera contraprestação direta na forma de bens
e serviços. Ex: pagamentos de juros, sentenças judiciais, etc.
- Prazo de envio do projeto do plano plurianual pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo: Até
quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro (31 de agosto);
- Prazo de devolução pelo Congresso para sanção do presidente: É até o encerramento da
sessão legislativa (22 de dezembro).

Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO: Possui as seguintes funções:


Estabelece metas e prioridades na Administração, incluindo despesas de capital para o
exercício seguinte => A LDO é recorte do PPA;
Orienta a elaboração da LOA;
Dispõe sobre alterações na legislação tributária;
Estabelece a política das agências oficiais de fomento, desenvolvidas através dos bancos
oficiais de fomento;
Autoriza a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração de servidores,
criação de cargos, empregos, funções ou alteração na estrutura da carreira e admissão.
Vigência: Embora alguns doutrinadores defendam que a LDO tem vigência anual, na prática,
não é o que ocorre. A LDO normalmente é aprovada em meados do exercício financeiro,
continuando a vigorar até o final do exercício financeiro subsequente. O período de vigência da
LDO é, então, variável, dependendo da data de sua publicação.
Prazo de envio do projeto do plano plurianual pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo: Até
oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro.
Prazo de devolução pelo Congresso para sanção do presidente: É até o encerramento do 1º
período da sessão legislativa.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

A sessão legislativa NÃO será interrompida sem aprovação da LDO.

Lei Orçamentária Anual – LOA: Deve estar compreendida na LOA:


Orçamento fiscal: Refere-se aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
Orçamento de investimento: É o orçamento que registra os investimentos (aquisição de
bens componentes do ativo imobilizado) das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
Orçamento da seguridade social: abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e
mantidos pelo Poder Público, nas despesas relacionadas à saúde, previdência e
assistência social, nos termos do § 2º do art. 195 da Constituição.

Vigência: do dia 1º de janeiro, até o dia 31 de dezembro.


Prazo de envio do projeto de lei orçamentária anual pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo:
É de até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro (31 de agosto), do
primeiro ano do mandato do Presidente.
Prazo de devolução pelo Congresso para sanção do presidente é até o encerramento da
sessão legislativa (22 de dezembro).

*DICA: O prazo de remessa e retorno da LOA é igual ao PPA!

AS LEIS ORÇAMENTÁRIAS PODEM SER OBJETO DE CONTROLE CONCENTRADO DE


CONSTITUCIONALIDADE?
A postura tradicional do STF era no sentido da imposibilidade de controle em
abstrato de leis orçamentárias, ao fundamento de que tais leis seriam, do ponto
de vista material, atos administrativos concretos e, por isso, não estariam
alçancadas pelo controle concentrado de constitucionalidade.
Em 2003, o STF recebeu uma ADI questionando se a Lei 10.640/03, que
determinou a desvinculação de parte das receitas a serem arrecadadas com a
CIDE combustíveis, seria constitucional. Neste caso específico, o STF decidiu que
a norma teria densidade normativa abstrata suficiente para ser objeto de
controle concentrado de constitucionalidade.
Em 2008, o tema foi novamente levado ao STF, com a análise MP 405/2005,
convertida na Lei 11.685/08, que determinou a abertura de créditos extraordinários
sem que estivessem presentes as justificativas constitucionais para tanto, quais
sejam; calamidade pública, guerra ou comoção interna. Neste
julgado,
STF mudou a posição anteriormente firmada e reconheceu a possibilidade de
controle das leis orçamentárias, sob o fundamento de que o simples fato de se
tratar de uma lei questionada perante o Tribunal, já justificava a possibilidade de
controle em abstrato de sua constitucionalidade, independentemente do caráter
concreto ou abstrato da norma em questão.
- Conclusão: Atualmente é admitido o controle concentrado de constitucionalidade.
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Anomia Orçamentária: Consiste na ausência da lei orçamentária, seja pelo atraso ou não
aprovação. Assim, há algumas soluções possíveis:
a) O executivo NÃO encaminha o projeto da LOA no prazo previsto no CF/88:
Art. 32, da Lei nº 4.320/64: “Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas
Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como
proposta a Lei de Orçamento vigente”.
Art. 10, da Lei nº 1.079/65: Crime de responsabilidade.
Se a lei orçamentária anual for rejeitada pelo legislativo:
Se PPA ou LDO: A maioria da doutrina entende ser vedado ao Poder Legislativo rejeitar o
plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, pois a CF/88 previu, no artigo 35 do
ADCT, que ambas as leis devem ser devolvidas para sanção, nada dispondo sobre eventual
rejeição. Além disso, o art. 57, §2º prevê que a sessão legislativa não será interrompida
sem a aprovação da LDO.
Se LOA: Prevê o art. 166, §8º que “os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão
ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e
específica autorização legislativa”. Nessa hipótese, o Poder Executivo demandaria autorização
legislativa para efetuar gastos, por meio de créditos suplementares ou especiais.
Se o Legislativo NÃO devolver a LOA votada até o final da sessão legislativa:
A CF e Lei 4.320/64 são omissas, então vai para a LDO, que fala em “ANTECIPAÇÃO
ORÇAMENTÁRIA”, sendo liberado 1/12 (duodécimo) das despesas que não podem parar.

Ciclo Orçamentário: É um conjunto de etapas que não se adstringem ao exercício financeiro,


composto das seguintes fases:
a) Iniciativa:
- Sempre do executivo (iniciativa privativa e indelegável).
- STF: O legislativo NÃO possui competência para iniciar um projeto de lei orçamentária, mas através
de leis tributárias, sobretudo concessivas de benefícios fiscais, podem alcançar reflexamente o
orçamento, sem com isso ferir a competência exclusiva do executivo no orçamento.
- A omissão do executivo em elaborar leis orçamentárias é crime de responsabilidade.
- É inconstitucional LDO que fixa limites ao Poder Judiciário/MP quando da elaboração de sua
proposta orçamentária sem a sua participação.

É POSSÍVEL AO EXECUTIVO ALTERAR PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA DO


4
JUDICIÁRIO?
Depende:
Se os poderes e MP, ao elaborarem suas propostas, NÃO observarem os
limites estipulados conjuntamente na LDO, o Poder executivo poderá proceder
aos ajustes necessários para consolidar a proposta orçamentária anual;

Para mais informações sobre o assunto, acessar:


http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=278801

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Se houve observância dos limites da LDO, mas o executivo NÃO concordou


com a proposta, ele não pode consolidá-la segundo a sua visão e encaminhar
projeto de LOA diferente do encaminhado pelos demais poderes e MP. No caso,
pode apenas propor uma emenda modificativa à comissão mista permanente.

Apreciação:
A proposta será apreciada em análise conjunta das duas casas do Congresso Nacional.
Antes de submeter o projeto à apreciação do legislativo, será encaminhado à Comissão Mista
Permanente, que o examinará e emitirá parecer, podendo apresentar emendas.
Após emitido o parecer, irá para o Congresso para votação conjunta, embora a contagem seja
em separado. Posteriormente, vai ao Presidente da República para sanção e publicação, seguindo
o trâmite das demais leis ordinárias.

QUAIS AS RESTRIÇÕES ÀS EMENDAS PARLAMENTARES ÀS LEIS


ORÇAMENTÁRIAS?
Âmbito material:
Compatibilidade com PPA e LDO;
O projeto deve indicar os recursos necessários (que serão
necessariamente provenientes de anulação de despesas) – NÃO podem
ser recursos novos, pois NÃO se admite aumento de despesa nos
projetos de lei de iniciativa do Presidente;
ATENÇÃO: São vedadas anulações:
Dotação de pessoal e seus
encargos; o Serviços da dívida;
o Transferências tributárias constitucionais para E, M, DF.
Âmbito Formal:
Relacionadas à correção de erros e omissões;
Relacionadas com dispositivos do texto do projeto de lei.

Execução:
Aprovada e publicada, a lei orçamentária entra em vigor e começa a ser cumprida.
LRF: O executivo deve estabelecer, em até 30 dias após a publicação dos orçamentos, a
programação financeira e mensal do desembolso.
Após o final de cada bimestre, o executivo publicará o relatório resumido da execução
orçamentária.
Se verificado ao final de um bimestre que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecida no anexo de metas
fiscais, os poderes e MP promoverão limitação de empenho nos 30 dias seguintes.

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

ADMISSÍVEL QUE O PODER LEGISLATIVO APROVE ORÇAMENTO


PÚBLICO DEFICITÁRIO? (CESPE - Procurador TCU/2015)
possível a aprovação de orçamento com déficit fiscal. A CF estabelece um
conjunto sistemático de normas jurídicas que objetivam a fixação de parâmetros
gerais de conduta e desenvolvimento da atividade financeira pelos distintos
entes federativos.

A sistematicidade e a racionalidade têm por objetivo orientar a atuação dos agentes


públicos para a efetiva realização do bem comum, de forma a atender os objetivos
fundamentais do Estado brasileiro, descritos no art. 3.º da CF. Um dos aspectos
primordiais inerentes à sistematização das finanças públicas consiste no
planejamento da atividade financeira, que se concretiza mediante a elaboração e
observância das leis orçamentárias previstas no art. 165 da CF, a saber: o plano
plurianual, destinado a estabelecer as ações governamentais a médio prazo,
assumindo a periodicidade de quatro anos; a lei de diretrizes orçamentárias, que
concretiza os objetivos estabelecidos pelo plano plurianual para determinado
exercício financeiro, orientando a programação financeira e a execução
orçamentaria; e, por fim, a lei orçamentária anual, que individualiza as despesas
que serão realizadas e estima as receitas a serem obtidas no decorrer do exercício.

Dessa forma, o planejamento da ação governamental e das politicas públicas com


vistas a satisfação das necessidades públicas e a realização do bem comum torna-se
atividade essencial para o Estado brasileiro plasmado pela CF. O planejamento,
como atividade prospectiva e ordenadora frente às contingências e incertezas
futuras, exige a previsão, coordenação e consecução de objetivos determinados,
assegurando ao gestor público condições adequadas para a tomada de decisões
para a alocação de recursos financeiros destinados à cobertura dos gastos públicos a
serem realizados, além da obtenção dos recursos necessários à satisfação dessas
despesas, seja mediante o exercício do poder de tributar, seja pela exploração do
patrimônio estatal, seja por meio do crédito público. (Carlos Valder do Nascimento.
Planejamento e Orçamento-Programa. In: Ives Gandra da Silva Martins; Gilmar
Ferreira Mendes; Carlos Valder do Nascimento. Tratado de Direito Financeiro. Vol.
1. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 287).

Portanto, o orçamento público possui função eminentemente instrumental e


planificadora, cumprindo-lhe indicar os projetos, planos, objetivos e metas do
Estado, o que por definição constitui-se no orçamento-programa. A partir da
utilização da técnica orçamentária que vincula a atividade financeira do Estado
às ações governamentais mediante prévio planejamento, obtenção de recursos
financeiros e sua alocação em gastos anteriormente estimados, chega-se à
gestão fiscal responsável.

A responsabilidade fiscal encontra-se prevista no art. 1.º da Lei Complementar


n.º 101/2000 — denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) — e pressupõe
“a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de


metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e
condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal,
da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição
em Restos a Pagar”.

A gestão fiscal responsável é implementada mediante a observância de quatro


parâmetros fundamentais: planejamento, transparência, precaução e equilíbrio.
O equilíbrio das contas públicas é princípio implícito da Constituição de 1988 em
virtude das exigências de planejamento da atividade financeira, mas encontra-se
expresso na LRF. Trata-se, por conseguinte, de norma jurídica de caráter geral e
que informa a atuação do gestor público na condução da atividade financeira do
Estado, impedindo-se que as despesas autorizadas na lei orçamentária não
sejam superiores à previsão de receitas.

O equilíbrio das contas públicas pressupõe, portanto, a compatibilidade entre a


estimativa da receita e a previsão das despesas a serem realizadas no exercício
fiscal, o que não impossibilita a existência de déficit. Com efeito, o equilíbrio das
contas públicas não se vincula à premissa de que somente se admite a despesa
na correlata proporção das receitas, uma vez que se coloca a possibilidade de
realização de operações de crédito para a satisfação das despesas a serem
executadas, observando-se a capacidade de pagamento da dívida e sua
amortização em determinado período de tempo.

Assim, o equilíbrio fiscal não corresponde a uma “equação matemática rígida,


em que a diferença numérica entre o montante de receitas e de despesas deva
ser sempre igual a zero, mas, sim, que essa equação tenha valores estáveis e
equilibrados, a fim de permitir a identificação dos recursos necessários à
realização dos gastos”. (Marcus Abraham. Curso de Direito Financeiro
Brasileiro.3.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 111).

O art. 7.º, § 1.º, da Lei n.º 4.320/1964 admite expressamente a possibilidade de


déficit orçamentário, desde que sejam indicadas as fontes de recursos que o Poder
Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura. Não obstante, o
déficit orçamentário não se revela como opção sistemática a ser utilizada pelos
agentes públicos, pois a Constituição de 1988 estabeleceu parâmetros para o
endividamento público, indicando aos agentes públicos as condições admitidas para
a realização de operações de crédito, como se observa do art.167, II, III e V.

A restrição à realização de despesas sem prévia dotação orçamentária ou


autorização legislativa, bem como à assunção de dívida sem correspondência com a
despesa de capital, são inequívocas orientações à preservação do equilíbrio
orçamentário. De outro lado, a LRF estabelece diversos instrumentos para assegurar
o princípio do equilíbrio fiscal, especialmente a fixação de limites de
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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

endividamento, garantindo-se, assim, a estabilidade financeira e a assunção dos


objetivos firmados por meio do planejamento da atividade financeira, conforme
se constata das disposições do art. 30 dessa norma geral de direito financeiro.
De fato, o crédito público revela-se como fonte de financiamento estatal, mas a
sua obtenção deverá ter em consideração as condições financeiras do Estado
para honrar as dívidas assumidas e impedir eventuais riscos decorrentes do
comprometimento de sua capacidade de pagamentos.

Assim, para conferir efetividade ao princípio do equilíbrio fiscal, a dívida pública


precisa ser identificada e detalhada e ser associada a limites estabelecidos por
resolução do Senado Federal, na hipótese da dívida pública consolidada, e do
Congresso Nacional, para a dívida mobiliária federal, conforme estipulam os
arts. 48, XIV, e 52, VI, VII, VIII e IX, da Constituição da República de 1988.
Portanto, pode-se afirmar que a adoção de déficits orçamentários é admissível
no ordenamento jurídico brasileiro, mas sujeita-se a condicionamentos
pertinentes ao controle e evolução do endividamento dos entes federativos,
propiciando-se a adequação da dívida pública à sua capacidade de pagamentos
e, assim, assegurando-se o equilíbrio das contas públicas.

Créditos adicionais: São autorizações do legislativo para a efetivação de despesas não previstas ou
insuficientemente previstas na LOA. E podem ser suplementares, especiais ou extraordinários:

Suplementar Especial Extraordinário


Finalidade Reforço de dotação Atender a categorias não Atender a despesas
orçamentária existente na contempladas na LOA imprevisíveis e
LOA urgentes
Autorização Decreto do Poder executivo Prévia, em lei especial. Sem necessidade
legislativa – exige autorização NÃO pode ser a LOA. prévia
legislativa prévia, podendo
ser incluída na LOA ou em lei
especial
Forma de Decreto do Poder executivo, Decreto do Poder Por MP (União) ou
abertura após autorização legislativa, executivo, após decreto (E/M), com
até o limite estabelecido em autorização legislativa, remessa imediata ao
lei até o limite estabelecido Legislativo
em lei
Recursos Indicação Obrigatória Indicação Obrigatória Facultativa
Valor/ Limite Obrigatório, indicado na lei Obrigatório, indicado na Obrigatório, indicado
de autorização e no decreto lei de autorização e no na MP OU no decreto
de abertura decreto de abertura de abertura
Vigência Sempre no exercício Em princípio, no exercício Em princípio, no
financeiro em que foi aberto financeiro em que foi exercício financeiro
aberto em que foi aberto

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Prorrogação NÃO permitida Quando autorizado nos Quando autorizado


últimos 04 meses do nos últimos 04 meses
exercício financeiro do exercício financeiro

QUAIS AS FONTES PARA A ABERTURA DE CRÉDITOS ADICIONAIS?


As fontes estão previstas no art. 43 da Lei 4.320/64:
Superávit financeiro: Resultado da diferença positiva entre ativo
financeiro e passivo, conjugando-se os saldos dos créditos adicionais
transferidos e as operações de créditos a eles vinculadas;
Excesso de arrecadação: É o saldo positivo das diferenças acumuladas
mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada;
Anulação parcial ou total de dotações: Anulam-se as dotações existentes
para liberar recursos para as despesas que se quer ver realizadas,
indicando-se a despesa cancelada e a que será criada ou reforçada;
Operações de crédito: verdadeiros empréstimos que o ente público
realiza, através de ARO.
Normalmente classificada como receita de capital e paga através
de despesas do próprio orçamento.
Serve para financiar despesas de capital, sendo a ARO exceção
ao princípio da exclusividade.
Reserva de contingência: dotação global que NÃO é destinada
a determinado programa ou unidade orçamentária;
Recursos sem despesas correspondentes: recursos que em razão de veto,
emenda ou rejeição da LOA ficaram sem despesas correspondentes.

CRÉDITO PÚBLICO

Conceito: Meio de obtenção de recursos creditícios, a serem restituídos com o pagamento de


juros, para permitir o cumprimento das obrigações financeiras do governo (LRF, art. 29, inciso III),
através do qual originam a dívida pública. Materializam-se nos empréstimos públicos.

CRÉDITO PÚBLICO DÍVIDA PÚBLICA


(capacidade do governo EMPRÉSTIMO
cumprir as suas (materialização do crédito)
obrigações)

Receita ou ingressos?

O Art. 11, da Lei nº 4.320/64: Classifica os valores oriundos de empréstimos como


receita corrente ou de capital;
Doutrina majoritária: São ingressos públicos, pois a entrada no ativo corresponde a
um lançamento no passivo, não havendo aumento do patrimônio estatatal.
207
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Natureza jurídica:
Ato de soberania: Resultante do poder de autodeterminação do Estado, insuscetível de
controle que pudesse compelir o poder público devedor ao seu cumprimento;
Ato do legislativo: O empréstimo seria resultado de uma lei, restando ao mutuante a
faculdade de aderir ao que estivesse legalmente estabelecido.
Natureza contratual: Mero contrato administrativo, regido pelo Direito Administrativo, e não
o Direito Civil, pois o Estado NÃO figura em posição de igualdade nem tem a mesma liberdade
do particular na operação, sobretudo por haver necessidade de autorização legislativa,
previsão orçamentária e controle do Congresso Nacional. Prevalece na doutrina!

Classificação:

4.1. Quanto à origem dos recursos:


Interno: obtido dentro no próprio território estatal.
Externo: obtido com pessoas estrangeiras (Ex: BIRD e FMI).

4.2. Quanto à coercitividade:


Forçados (ou obrigatórios ou impróprios): ocorrem com base no poder de império do Estado,
não havendo consentimento por parte do concedente do empréstimo. Ex: títulos de curso
forçado, inflação sistemática e retenção de depósitos em dinheiro nas instituições bancárias.
ATENÇÃO: Os empréstimos compulsórios (art. 148 da CF) são classificados, no direito financeiro,
como exemplo de crédito público forçado, figurando como receita de capital. Note que, para o Direito
tributário, são receitas tributárias, conforme classificação pentapartite, adotada pelo STF.

Voluntários (ou próprios): Contraídos com base na autonomia da vontade. Ex:


Título da Dívida Pública (TDP): documento emitido pelo governo, através de
oferta pública, leilões ou Tesouro Direto (programa de vendas de títulos a
pessoas físicas por meio da internet), para financiar a dívida pública ou
antecipar receitas ou promover o equilíbrio da moeda. Emissão se dá através.

4.3. Quanto ao prazo de resgate:


Perpétuo: não tem prazo de resgate, conferindo ao Estado a faculdade de remir a dívida,
estando obrigado apenas ao pagamento anual dos juros.
Temporário:
Longo: resgatável em períodos superiores a um exercício financeiro;
Curto: reembolso previsto para o mesmo período financeiro em que foi celebrado;
utilizado para necessidades momentâneas.

ATENÇÃO: No que tange ao prazo de resgate, há a diferenciação entre dívida pública flutuante
e fundada:

DÍVIDA PÚBLICA FLUTUANTE DÍVIDA PÚBLICA FUNDADA


Empréstimo de curto prazo Empréstimo de médio ou longo prazo

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Necessidades momentâneas (art. 92 da Necessidades duradouras (investimentos


Lei nº 4.320/64). rentáveis e duráveis – art. 98 da Lei nº
4.320/64 e art. 29, I da LRF), para atender
a desequilíbrios orçamentários ou
financeiros.
Resgate: Inferior a doze meses, no mesmo Resgate: superior a doze meses.
exercício financeiro. A LRF ainda incluiu na classificação:
Emissão de títulos de
responsabilidade do BACEN
(art. 29, §2º);
Operações de crédito de
prazo inferior a doze meses
cujas receitas tenham
constado do orçamento.
Art. 92, Lei nº 4.320/64: Exemplos: precatórios não pagos e
Restos a pagar; financiamentos de longo prazo
Serviços da dívida a pagar;
Depósitos: obrigações financeiras ATENÇÃO: A suspensão injustificada do
seu pagamento por mais de 02 anos
relacionadas a valores diversos
recebidos pelafederal
administração consecutivos pode suscitar intervenção pública (inclusive
ou estadual.
judiciais), bem
como cauções em dinheiro que,
em princípio, devem ser devolvidas
a quem de direito após a
ocorrência ou não de algum fato
superveniente;
Débitos de tesouraria: Obrigações
financeiras relacionadas à
contratação de operações de
crédito por antecipação da receita
orçamentária denominadas ARO.

Dívida Pública x Dívida ativa:


Dívida pública: Contraída pelo Estado a fim de fazer frente aos seus compromissos.
Dívida ativa: É o crédito cuja cobrança é atribuída legalmente às pessoas do art. 1º caput
da Lei nº 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), não importando a origem ou natureza.
Fases do empréstimo público:
Emissão: lançamento, indicando as condições do empréstimo.
Dívida pública: obrigação assumida através do empréstimo.

ATENÇÃO: São vedados: refinanciamento, postergação e novação da dívida. A observância das


condições e dos limites da dívida é verificada pelo Ministério da Fazenda (art. 32 da LRF).

Tratamento do crédito público: Compete à União elaborar as normas gerais do direito


financeiro, legislar sobre política de crédito e fiscalizar as operações de crédito em geral.
209
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

7.1. Tratamento Constitucional:


O Executivo não pode realizar operações de crédito sem autorização legislativa prévia (art.
165, §8º da CF);
Cumpre à lei complementar dispor sobre dívida pública externa e interna, concessão de
garantias pelas entidades públicas e emissão e resgate de títulos da dívida pública (art.
163, incisos II, III e IV);
O Congresso Nacional (CN) e o Senado Federal (SF) têm importantes atribuições na
matéria, conforme se observa nos artigos 48, incisos II e XIV, e 52, incisos V a IX.
o Congresso Nacional: deve dispor sobre operações de crédito, dívida pública,
emissões de curso forçado, moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida
mobiliária federal;
o Senado Federal: deve autorizar operações externas de natureza financeira, bem
como dispor sobre limites e condições para o montante da dívida mobiliária dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Atenção: Quando o pagamento das compras externas for à vista, não se faz necessária a
autorização do Senado Federal.

7.2. Tratamento legal da LRF:


Conceituação da dívida pública consolidada ou fundada, dívida pública mobiliária, operação de
crédito, concessão de garantia e refinanciamento da dívida mobiliária. Vide art. 29 da LRF.
Dívida pública mobiliária: É a gerada pela emissão de títulos pelos entes federativos.
Refinanciamento (a emissão de novos títulos para pagamento do principal acrescido da
atualização monetária): o seu valor não pode ultrapassar o montante do final do
exercício anterior mais os acréscimos autorizados e efetivamente realizados.

Operações de crédito

8.1. Operação de crédito x operação de crédito por antecipação da receita orçamentária (ARO):

OPERAÇÕES DE CRÉDITO (ART. 32 LRF) OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ARO (ART.


38 LRF)
Longo prazo Curto prazo
Dívida fundada Dívida flutuante
Finalidade: consertar desequilíbrio Finalidade: atender a insuficiência de
orçamentário e financiar investimentos caixa
Ente deve demonstrar onde está a Ente pode dar em garantia receita de
previsão dos recursos, das receitas que impostos
vão fazer frente a essa despesa
Dependem de autorização legislativa Independem de autorização legislativa
para o resgate

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

8.2. Operações de crédito por antecipação de receita orçamentária: visam suprir uma
insuficiência de caixa, sendo de curto prazo, devendo os valores emprestados ser devolvidos no
mesmo exercício financeiro.
Requisitos para a ARO:
Observância dos limites e condições fixados pelo Senado
Federal; o Atendimento à regra de outro (art. 167, II da CF);
o Existência de prévia autorização na lei orçamentária (art. 165, §8º da CF);
o Realização a partir do décimo dia do início do exercício e liquidação até o dia dez de
dezembro do mesmo ano;
o Proibição de contratação enquanto existir operação anterior da mesma natureza
não integralmente resgatada, bem como no último ano de mandato do chefe do
Poder Executivo.

8.3. Operações de crédito vedadas (art. 35-37, LRF):


Operações entre instituição financeira estatal e outro ente federativo, inclusive entidades
da administração indireta, desde que não se destinem a financiar despesas correntes ou
refinanciar dívidas não contraídas junto à própria própria instituição concedente;
Compra de títulos da dívida federal por parte dos Estados e dos Municípios como
aplicação de suas disponibilidades.
Art. 36, LRF: Proíbe a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente
federativo controlador, este na qualidade de beneficiário do empréstimo.

ATENÇÃO: A lei permite o empréstimo entre instituições financeiras e entes federativos, desde
que não sejam seus controladores. Ademais, não se proíbe a aquisição de títulos da dívida pública
por parte da instituição financeira a fim de gerenciar os investimentos dos clientes.
Captar recursos a título de antecipação de receita de tributo cujo fato gerador ainda não
tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no §7º do art. 150 da CF;
Receber antecipadamente valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou
indiretamente, a maioria do capital social votante, salvo lucros e dividendos, na forma da
legislação.

8.4. Contratação irregular de operação de crédito (art. 33, LRF)

Seus efeitos serão anulados mediante o cancelamento da operação, com devolução do


principal sem juros ou atualização monetária ou constituição de reserva na LOA do
exercício seguinte.
Enquanto não for promovida a anulação, a dívida decorrente da operação de credito
irregular será considerada vencida e não paga, impedindo o ente de receber transferência
voluntárias, obter garantias e contratar novas operações de crédito (exceto para
refinanciamento da dívida e redução das despesas com pessoal).

8.5. Desrespeito aos limites da dívida


Deve-se observar os limites fixados pelo Senado Federal, ao final de cada quadrimestre.

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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Se ente extrapola limites: deverá reconduzir a dívida ao limite até o término dos
três quadrimestres subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25%
(vinte e cinco por cento) no primeiro (art. 31 da LRF).
Consequências do desrespeito aos limites da dívida:
O ente fica proibido de realizar operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita
Exceções: refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.
Se vencido o prazo e o ente não retornar aos limites legais: ficará também
impedido de receber as transferências voluntárias.
Exceções: transferências para as áreas de saúde, educação e assistência
social (art. 25, §3º da LRF).

ATENÇÃO: Caso seja o último ano do mandato do Chefe do Poder Executivo, as sanções
aplicam-se imediatamente (art. 31, §3º, da LRF)!

8.6. Oferecimento de garantia e contragarantia para a obtenção de empréstimo

O §1º do art. 40 da LRF condiciona a garantia ao oferecimento de contragarantia, em


valor igual ou superior ao daquela, bem como à adimplência da entidade que a pleitear
relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por ele controladas.
Não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do próprio ente;
A contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados aos
Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente
arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais, com outorga de poderes ao
garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.
É vedado às entidades da administração indireta conceder garantia, ainda que com
recursos de fundos. No entanto, esta proibição não alcança as garantias concedidas por:
o Empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à prestação de
contragarantia nas mesmas condições;
o Instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.
O ente que não atender às exigências legais para recebimento de transferências
voluntárias NÃO poderá receber garantia da União junto a organismos financeiros
internacionais ou a instituições federais de crédito e fomento.
As garantias prestadas pelo ente público podem ser contra a desvalorização da moeda ou
como da devolução da quantia emprestada.

ATENÇÃO:
Contragarantia: é uma “garantia da garantia”, e tem igual natureza à da garantia.
Assegura o direito de outrem contra eventual inexecução de uma obrigação.
A prestação e garantias em operações de crédito por ARO, a prestação de garantia ou
contragarantia à União e o pagamento de débitos perante a União são exceções à vedação à
vinculação da receita de impostos e da vedação à retenção das transferências obrigatórias.

9. Extinção da dívida pública:

212
PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Amortização ou resgate: forma comum de extinção, é pagamento, de forma direta junto


ao credor, ou indiretamente, através da compra em Bolsa de Valores (liquidação);
Conversão: Estado altera, após a emissão, as condições fixadas previamente para a obtenção
do crédito, a fim de diminuir a sua carga anual de encargo. NÃO há uma extinção do crédito,
mas uma troca dos títulos dos subscritores por outros de menor juros ou resgate imediato.
Compensação: equilíbrio entre os débitos e créditos do Estado;
Repúdio: O Estado cancela a dívida sem pagá-la, sem que tal tenha sido a vontade do credor.
Prescrição: perda do direito de buscar o crédito.

Banco Central: autarquia federal composta por presidente e diretores nomeados pelo
Presidente da República, após aprovação do Senado Federal (art. 84, XIV da CF).
Não pode conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a
qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira (art. 164, §1º da CF).
Pode comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional (operações de open
market) objetivando regular a oferta de moeda ou taxa de juros (art. 164, §2º).
Não pode emitir títulos da dívida pública desde dois anos após a publicação da LRF (art. 34
da LRF).

* ATENÇÃO:
Congresso Nacional Dispõe sobre moeda e seus limites de
emissão
Conselho Monetário Nacional (CMN) Autoriza as emissões de papel-
Banco Central (Bacen) moeda Emite a moeda
Casa da Moeda Cunhagem e fabricação da moeda.

DÍVIDA ATIVA

Conceito: De acordo com Harisson Leite, na dívida ativa são lançados os créditos a favor dos
entes públicos, de natureza tributária ou não, oriundos de valores a eles devidos, cuja certeza e
liquidez foram apuradas, valores esses não recebidos na data aprazada.
Dívida ativa tributária: está conceituada no art. 201 do Código Tributário Nacional, da seguinte
forma:
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito tributário dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo
fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular".
- A expressão "proveniente de crédito tributário" significa ter natureza tributária, ou seja, créditos
provenientes de impostos, taxas, contribuições, empréstimos compulsórios, além dos acréscimos
legais, tais como multas fiscais, juros de mora e atualização monetária, vinculados à dívida principal.
Dívida ativa não tributária: Entende-se por dívida ativa não tributária a que decorre do poder de
império, exercido na modalidade do poder de polícia ou de outra atividade legalmente conferida
autoridade de direito público, enquanto atividade típica e própria da entidade. Neste âmbito se
enquadram os créditos da Fazenda Pública devidos em virtude de ato ou contrato administrativo
típico e de ressarcimento por serviço público prestado a terceiros. Dessa forma, estão excluídos

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

do conceito os créditos que se regem pelas normas comuns de responsabilidade civil disciplinadas
pelo direito privado, tais como créditos decorrentes de dano ao patrimônio da pessoa jurídica de
direito público.

Inscrição da dívida ativa: é o ato administrativo vinculado, pelo qual é feito o assentamento do
débito em registro próprio. A inscrição é o ato que vai originar o nascimento do título obrigatório
para cobrança judicial.
- Dívida não inscrita presume-se ainda sem liquidez e certeza do crédito correspondente, por não
estar devidamente constituído. A inscrição, pois, exige um exame prévio de sua efetiva exigibilidade, a
exatidão de sua liquidez e a definição correta de seus elementos cadastrais. Verifica-se, assim, a
qualidade e as condições definitivas do lançamento que originou o crédito, inclusive se está
efetivamente transitado, com todos os prazos de defesa plenamente esgotados na forma da lei.
- Diz o art. 201 do CTN, conforme visto, que a inscrição da dívida deve ser procedida depois de
esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.

Referência Bibliográfica:
Harrison Leite. Manual de Direito Financeiro.

LEITURA APARTADA

DIÁLOGOS SOBRE O NOVO CPC (2017) 4a Edição: Revista, ampliada e atualizada. Mozart
Borba Fls. 401 - 456 (RELEITURA DE GRIFOS)

LEITURA VADE MECUM DIZER O DIREITO

PÁGINAS 837 – 852; 861 – 871

SÚMULA VINCULANTE TODO DIA

Alta chance de ser cobrado (+++)


Média chance de ser cobrada (++)
Pouca chance (+)

SÚMULA VINCULANTE 48 (+++)

Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do


desembaraço aduaneiro.

SÚMULA VINCULANTE 49 (+++)

Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de


estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

SÚMULA VINCULANTE 50 (+++)


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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade.

SÚMULA VINCULANTE 51 (+)

O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e 8627/1993,
estende-se aos servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais compensações
decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

SÚMULA VINCULANTE 52 (+++)

Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer
das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

SÚMULA VINCULANTE 53 (+++)

A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança
a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados.

SÚMULA VINCULANTE 54 (+)

A medida provisória não apreciada pelo congresso nacional podia, até a Emenda Constitucional
32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei
desde a primeira edição.

SÚMULA VINCULANTE 55 (+++)

O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.

SÚMULA VINCULANTE 56 (+++)

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em


regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no
RE 641.320/RS.

SÚMULA DO STF TODO DIA

SÚMULA Nº 419

OS MUNICÍPIOS TÊM COMPETÊNCIA PARA REGULAR O HORÁRIO DO COMÉRCIO LOCAL, DESDE QUE NÃO
INFRINJAM LEIS ESTADUAIS OU FEDERAIS VÁLIDAS.

SÚMULA Nº 645
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

COMPETENTE O MUNICÍPIO PARA FIXAR O HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO


COMERCIAL.

Mesmo teor da Súmula Vinculante 38.

SÚMULA DO STJ TODO DIA

Súmula 42 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. (Súmula 42, CORTE ESPECIAL,
julgado em 14/05/1992, DJ 20/05/1992)

Súmula 55 - Tribunal Regional Federal não é competente para julgar recurso de decisão proferida por juiz
estadual não investido de Jurisdição Federal. (Súmula 55, CORTE ESPECIAL, julgado em 24/09/1992, DJ
01/10/1992)

Súmula 58 - Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a
competência já fixada. (Súmula 58, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 29/09/1992, DJ 06/10/1992)

Súmula 66 - Compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de
fiscalização profissional. (Súmula 66, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 15/12/1992, DJ 04/02/1993 p. 774)

Súmula 82 - Compete a Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os feitos
relativos à movimentação do FGTS. (Súmula 82, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/06/1993, DJ 02/07/1993)

Súmula 97 - Compete a Justiça do Trabalho processar e julgar reclamação de servidor público


relativamente a vantagens trabalhistas anteriores a instituição do Regime Jurídico Único. (Súmula 97,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 03/03/1994, DJ 10/03/1994)

Súmula 137 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público municipal,
pleiteando direitos relativos ao vinculo estatutário. (Súmula 137, CORTE ESPECIAL, julgado em
11/05/1995, DJ 24/07/1995 p.14446)

Súmula 150 - Compete a Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a
presença, no processo, da União, suas Autarquias ou Empresas publicas. (Súmula 150, CORTE ESPECIAL,
julgado em 07/02/1996, DJ 13/02/1996 p. 2608)

Súmula 170 - Compete ao juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos,
trabalhista e estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova
causa, com o pedido remanescente, no juízo próprio. (Súmula 170, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
23/10/1996, DJ 31/10/1996)

Súmula 173 - Compete a Justiça Federal processar e julgar o pedido de reintegração em cargo público
federal, ainda que o servidor tenha sido dispensado antes da instituição do Regime Jurídico Único. (Súmula
173, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/1996, DJ 31/10/1996)

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PREPARAÇÃO PGE PERNAMBUCO
FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

Súmula 177 - O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e julgar, originariamente,
mandado de segurança contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado. (Súmula 177,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/11/1996, DJ 11/12/1996)

Súmula 180 - Na lide trabalhista, compete ao Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito de
competência verificado, na respectiva região, entre juiz estadual e junta de conciliação e julgamento
(leia-se, vara do trabalho). (Súmula 180, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/02/1997, DJ 17/02/1997)

Súmula 206 - A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência territorial
resultante das leis de processo. (Súmula 206, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/04/1998, DJ 16/04/1998)

Súmula 218 - Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual decorrente de
direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em comissão. (Súmula 218, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 10/02/1999, DJ 24/02/1999)

Súmula 224 - Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da
competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito. (Súmula 224, CORTE ESPECIAL,
julgado em 02/08/1999, DJ 25/08/1999)

SÚMULA E OJ DO TST TODO DIA

TEMA CORRELATO

OJ 395 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORA NOTURNA REDUZIDA. INCIDÊNCIA. (DEJT divulgado em


09, 10 e 11.06.2010)

O trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à hora noturna
reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º, XIV,
da Constituição Federal.

OJ 399 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA APÓS O TÉRMINO DO PERÍODO DE


GARANTIA NO EMPREGO. ABUSO DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. (DEJT divulgado em 02, 03 e 04.08.2010)

O ajuizamento de ação trabalhista após decorrido o período de garantia de emprego não configura abuso do
exercício do direito de ação, pois este está submetido apenas ao prazo prescricional inscrito no art. 7º, XXIX, da
CF/1988, sendo devida a indenização desde a dispensa até a data do término do período estabilitário.

OJ 409 – Não impactada pela Reforma Trabalhista

MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. RECOLHIMENTO. PRESSUPOSTO RECURSAL. INEXIGIBILIDADE. (DEJT


divulgado em 22, 25 e 26.10.2010)

O recolhimento do valor da multa imposta por litigância de má-fé, nos termos do art. 18 do CPC, não é
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FASE DISCURSIVA - SEMANAS 03 e 04

pressuposto objetivo para interposição dos recursos de natureza trabalhista. Assim, resta inaplicável o art.
35 do CPC como fonte subsidiária, uma vez que, na Justiça do Trabalho, as custas estão reguladas pelo art.
789 da CLT.

ATENÇÃO: REFORMA TRABALHISTA – ARTIGOS 793-A ATÉ 793-D DA CLT

‘Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, reclamado ou
interveniente.’

‘Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV -
opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.’

‘Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que
DEVERÁ ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a
indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e
com todas as despesas que efetuou.
o
1 Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na proporção de seu
respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
o
2 Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa PODERÁ ser fixada em até duas vezes o
5
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social .
o
3 O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso NÃO seja possível mensurá-lo, liquidado por
arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.’

‘Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à testemunha que
intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da causa.
Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mesmos autos.’”

5
Atualmente (15 de julho de 2017), o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social (“teto no INSS”) é de R$ 5.531,31. Ou seja, o dobro desse valor é R$ 11.062,62.

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