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GESTÃO DO CONHECIMENTO

Prof. Lucio André Amorim


Unidade 1
• A importância do conhecimento
• A criação do conhecimento numa organização
• Os modos de conversão do conhecimento
• Condições promotoras da espiral do conhecimento
• Fases do processo de criação do conhecimento
• Transferência do conhecimento e a busca pela inovação
• Uma questão recorrente na sociedade contemporânea é o
grande valor do conhecimento e como transformá-lo em ativo
ou riqueza, considerado um desafio estratégico para países,
corporações e empresas na economia global em que vivemos.
• São muitos os sinais de que o conhecimento, em suas várias
formas, se tornou determinante para a competitividade tanto das
empresas quanto dos países.

• Vivemos um momento de importante transição do ambiente


econômico, em que a gestão proativa do conhecimento adquire um
papel central.

• No passado, vantagens de localização, assim como o acesso à mão


de obra barata, aos recursos naturais e ao capital financeiro tinham
papéis muito mais determinantes.
• Podemos dizer que o tempo é o mais escasso de todos os recursos, é
aquele impossível de se replicar e mais essencial para uma geração
genuína de conhecimento.

• Os gerentes precisam reconhecer que a disponibilidade de tempo


livre para o aprendizado e pensar podem ser uma das melhores
medidas da orientação ao conhecimento da organização.
• A gestão do conhecimento é um desafio estratégico para países,
corporações e empresas;

• A busca da transformação do conhecimento (ativos intangíveis)


em ativos ou riquezas (ativos tangíveis);

• Os ativos intangíveis, advindos da criatividade e inovação, são a


chave para o sucesso.
Vejamos dois casos onde o
conhecimento é tratado de forma
distinta.
Caso 1
O gerente do departamento financeiro solicita a sua equipe o
relatório XPTO, porém um de seus colaboradores o informa
que apenas João, que está de férias, sabe criar o relatório, e que
ninguém mais consegue fazê-lo.

Como podemos explicar o fluxo


de conhecimento nesta empresa?
Caso 2

O gerente do departamento financeiro


solicita à sua equipe o relatório XPTO,
porém um de seus funcionários o
informa que apesar de João, que está
de férias, ser o responsável pela
criação do relatório, com base nas
reuniões semanais de transferência de
conhecimento, um outro colaborador
realizará a tarefa.
• Implantar um modelo de Gestão do Conhecimento, em uma
organização, exige que esta esteja ciente de seu capital
intelectual, que o conheça, que o estimule à troca e à constante
formação.

• Podemos dizer que uma empresa aplica a Gestão do


Conhecimento, quando é capaz de identificar e de saber utilizar
todo esse capital intangível, originado do talento humano.
• Encontramos, na área de tecnologia da informação, algumas
tentativas de reproduzir, em sistemas especialistas, àquilo que se
produz de conhecimento na empresa. Isso, contudo, não é
Gestão do Conhecimento, mas uma forma de documentação
do mesmo, organizando-o e permitindo o acesso e a sua
explicitação, facilitando, assim, o seu compartilhamento entre
os colaboradores da empresa.
Tipos de Conhecimento

• Explícito

• Tácito
Conhecimento Explícito

• É facilmente disseminado, fornece informações


rápidas e confiáveis. Conecta pessoas para sua
utilização através de diversos formatos.

Ex.: Livros, artigos, manuais,


posts na internet, imagens,
vídeos, áudios, entre outros.
Conhecimento Explícito
• É passível de uma articulação formal e, por isso, pode ser
mais facilmente transmitido de indivíduo para indivíduo,
esta forma de conhecimento é a que predomina na cultura
ocidental.

• É aquele que é tido como passível de codificação em algo


que possa ser utilizado por humanos e máquinas.
Conhecimento Tácito

• É altamente pessoal, difícil de formalizar e, de


certa forma, possui uma dificuldade maior para
ser compartilhado.
• Adquirido com as experiências ao longo da vida
(know how).

Ex.: conclusões pessoais, palpites


subjetivos.
• O conhecimento tácito se apresenta sob duas dimensões:
• Técnica, que pode ser compreendida como know-how, de difícil
articulação de seus princípios técnicos.
• Cognitiva, caracterizado por modelos mentais, crenças e
percepções do mundo à volta dos indivíduos.

• O conhecimento tácito não é explícito, é interior, sendo, de certa


forma, “oculto”.
Como se dá a transformação e geração
do conhecimento?
Conversão do Conhecimento

É a combinação/transformação de conhecimento.

• Tácito + Tácito = Socialização

• Tácito => Explícito = Externalização

• Explícito + Explícito = Combinação

• Explícito => Tácito = Internalização


Espiral do Conhecimento
Exemplo de Geração de Conhecimento

Com o objetivo de fazer uma boa prova


de GC, dois alunos começam a
conversar sobre um determinado tema:

Socialização (tácito + tácito)


Exemplo de Geração de Conhecimento

Para não esquecer os


conhecimentos adquiridos nas
aulas, um aluno cria um resumo da
matéria:

Externalização (tácito => explícito)


Exemplo de Geração de Conhecimento

Dois alunos juntam seus resumos


em uma coletânea de resumos:

Combinação (explícito + explícito)


Exemplo de Geração de Conhecimento

Um aluno estuda seus resumos e


livros para realizar uma prova de
GC:

Internalização (explícito => tácito)


Uma visão prática espiral do conhecimento

“O Diabo Veste Prada” e “Monstros S/A”

https://www.youtube.com/watch?v=EMEy5929yqc
Modelos de transferência de conhecimento nas
corporações.
Modelos de Transferência
O modelos “top-down” e “bottom-up” de
administração têm sido considerados, por muito
tempo, as extremidades opostas do espectro do
processo administrativo.

Privilegia o conhecimento explícito Privilegia o conhecimento tácito


• Modelo de administração “middle-up-down”
• Indicado como o mais eficaz para administrar o caos
criativo na organização

• (Nonaka & Takeuchi )


• Modelo middle-up-down
• A visão da média gerência é transformada nos modelos de
nível intermediário da hierarquia de processos, dos quais os
níveis superior e inferior devem ser desdobrados.
Modelo middle-up-down
• A estratégia preza pela qualidade da informação que a média
gerência pode fornecer e pela economia de esforços em
modelagem e manutenção de modelos para uso em diversos
projetos.
• É uma síntese e uma superação dos modelos top-down e bottom-
up;
• O conhecimento é criado de cima para baixo e de baixo para
cima;
• Há interações entre conhecimento tácito e explicito.
• Modelo middle-up-down
• Grandes benefícios para os indivíduos e para organização:
• Melhora na convivência
• Grande fonte de inovação decorrente da transferência
mútua de conhecimento.
Condição promotora da espiral do conhecimento
• Intenção
• Autonomia
• Flutuação e Caos criativo
• Redundância
• Variedade de requisitos
Intenção
• Estabelecida pelas estratégias da organização.

• Em lugar de confiar somente no pensamento e no


comportamento do próprio indivíduo, a organização pode
reorientá-lo e promovê-lo por meio do compromisso
coletivo (Visão, Missão).
Autonomia
• As ideias nas organizações provêm de ideias originárias de
indivíduos autônomos e difundem-se dentro da organização.

• A autonomia leva a motivação dos indivíduos, propiciando a


criação de novos conhecimentos, ampliando a chance de
introduzir oportunidades de inovação.
Flutuação
• Passagem de informação mercadológica de todos os assuntos
externos do mercado do qual o ramo da empresa se enquadra,
criando discussões informais, que por sua vez tende a criação
de ideias principalmente de funcionários do operacional.
Caos Criativo
• Momento de ideias onde o mercado está aquecido e tende a
desenvolvimento linear, podendo ser também em um
momento de inovação, assim cria-se uma forma que instigue
os funcionários a declarar suas ideias, através de suposições
de cenários desfavoráveis.
Redundância
• Permitir que os indivíduos invadam as atribuições
funcionais uns dos outros, para que dessa forma, possam
realizar sugestões ou fornecer informações de diferentes
perspectivas.
Variedade de Requisitos
• Maximizar e garantir dentre os diversos níveis da
organização as diversas formas de acesso rápido a maior
gama de informações necessárias, através do menor número
possível de etapas (melhorar o acesso à informação na
empresa).
• "Empresas criadoras de conhecimento" são aquelas que criam
conhecimento de forma sistemática, que os disseminam por
toda a organização e possuem a capacidade de incorporá-los
em novos produtos e tecnologias. São lugares onde a geração
de novos conhecimentos acontece não como atividade
especializada, mas como uma forma de comportamento, um meio
pelo qual todos são trabalhadores do conhecimento.

(NONAKA e TAKEUCHI, 1997)


Fases do processo de criação do conhecimento

Adaptado de : Kao Corporation, 2008 apud Nonaka; Takeuchi, 2008, p. 82


Conhecimento Tácito Conhecimento Explícito
Compartilhamento do Conhecimento Tácito
• O compartilhamento ocorre entre vários indivíduos com
diferentes histórias, perspectivas e motivações, tornando-se a
etapa crítica à criação de conhecimento organizacional.

• Para efetivar esse compartilhamento, é necessário um espaço


ou situação em que os indivíduos possam interagir uns com os
outros através de diálogos pessoais e compartilhando
experiências.
Criação de conceitos
• Corresponde à externalização na medida em que o modelo
mental tácito compartilhado passa pela verbalização em
palavras e frases e, finalmente, cristaliza-se em conceitos
explícitos.
Justificação de conceitos
• Está centrado na determinação de que conceitos recém-
criados valem realmente a pena para a organização e a
sociedade;

• A organização deve conduzir essa justificação de uma


forma mais explícita, a fim de verificar se a intenção
organizacional continua intacta.
Construção de um Arquétipo (modelo)

Conhecimento explícito recém criado


+
Conhecimento explícito já existente

• Ocorre quando o conceito justificado é transformado em algo


tangível ou concreto.
• um protótipo, por exemplo, no caso do desenvolvimento de um
novo produto.
Construção de um Arquétipo

• Como os conceitos justificados são explícitos, sofrem a


transformação em arquétipos, que também são explícitos.

• Essa fase se assemelha à combinação.


Difusão Interativa do conhecimento

• Ocorre quando o novo conhecimento criado, justificado e


transformado em modelo passa para um novo ciclo de criação
de conhecimento num nível ontológico diferente, tanto dentro
da organização (treinamentos e capacitações) quanto entre
organizações (palestras, publicações entre outros)
O compartilhamento de informações ajuda os indivíduos a se
situarem melhor na organização, podendo seus pensamentos e
ações serem direcionados, uma vez que não estão
desconectados, mas associados livremente entre si, assumindo
posições importantes no contexto organizacional.

(NONAKA e TAKEUCHI, 1997)


A busca pela inovação
De que forma a gestão do conhecimento está aliada à inovação?
• A inovação é a aplicação do conhecimento, que, quando bem
gerido, permite implantar novas estratégias.
• A gestão do conhecimento é um conjunto de métodos, técnicas e
ferramentas que permite aplicar o conhecimento organizacional a
fim de chegar à inovação.
• Temos então um ciclo, que está em constante desenvolvimento,
adaptando a empresa ao ambiente corporativo e à concorrência
presente no mercado.
• A adaptação da empresa é facilitada por meio do conhecimento,
da resolução de problemas e da produção e integração de novos
conhecimentos.
• A gestão do conhecimento torna-se a melhor forma de gerenciar
processos por meio da inovação, aproveitando oportunidades
presentes no mercado para introduzir novos processos, ideias ou
produtos e serviços.
• O processo de aliar gestão do conhecimento e inovação oferece a
oportunidade de novos aprendizados, que acontecerão por meio
de insights compartilhados, modelos mentais e conhecimento.

• É importante que todos os colaboradores estejam envolvidos na


implantação da gestão do conhecimento e da inovação; caso
contrário, a mudança poderá ser bloqueada devido à falta de
modificação da cultura organizacional.
• Pode-se entender que é por meio da gestão do conhecimento que
se chega aos aprendizados organizacionais que permitem a
realização da inovação.

• Entender esse processo é a forma mais adequada de melhorar o


desempenho e a produtividade dos colaboradores, aumentando a
competitividade e investindo em melhorias dos processos
internos.
Dúvidas?

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