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Ementa:
Dessa forma, não é objeto deste estudo a validade ou validação das atividades escolares
realizadas remotamente durante o período de quarentena ou de isolamento social, pois o tema está
devidamente abordado em parecer do Conselho Nacional de Educação, que foi aprovado nesta
semana e aguarda publicação. Certo é que o ensino com utilização de tecnologias de informação e
comunicação está legalmente autorizado, ressalvada a educação infantil – que requererá
disciplinamento específico.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu art. XXVI, assegura que todo ser
humano tem direito à instrução, que deverá ser “orientada no sentido do pleno desenvolvimento da
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais”. Afirma também que a instrução elementar, ou básica, é obrigatória.
Percebe-se, portanto, que a educação deve ser tratada como prioridade, sobretudo pelos pais
(que têm o dever de proporcioná-la aos filhos), mas nem todos conhecem as implicações práticas
decorrentes da Constituição, sendo a educação elevada à categoria de direito humano e fundamental
de natureza social.
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Mas quais as implicações legais relativas ao ensino?
A mesma Constituição Federal estabelece, em seu art. 208, I, que a educação básica é
obrigatória dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada sua oferta gratuita
para todos, inclusive aos que a ela não tiveram acesso na idade própria. Além disso, o inciso IV
determina ao estado o dever com a educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5
(cinco) anos de idade.
É certo também que a Constituição assegura que o ensino é livre à iniciativa privada, desde
que observadas, entre outros requisitos, o cumprimento das diretrizes e bases da educação nacional.
O mesmo dever dos pais é reafirmado no art. 4º, do Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei 8.069/90), ao determinar que a efetivação do direito da criança e do adolescente à educação seja
assegurado pela família, comunidade, sociedade em geral e poder público.
O Código Civil (art. 1.566, IV), estabelece a educação dos filhos como um dos deveres de
ambos os cônjuges, o que também está previsto no art. 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
E, por seu turno, o art. 53, do Estatuto da Criança e do Adolescente, dispõe que “a criança e
o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.
Evidente, portanto, que a educação é um direito de todos e dever da família, dos pais ou
responsáveis, da sociedade, e do Estado, sendo obrigatória a matrícula até os 17(dezessete)
anos de idade.
Por fim, o Código Penal define como crime o ato de deixar, sem justa causa, de promover a
instrução primária de filho em idade escolar, estabelecendo pena de detenção de quinze dias a um
mês, ou multa. É o delito definido como abandono intelectual, o qual poderá ser caracterizado caso a
obrigação dos pais quanto à educação dos filhos não seja efetivada, conforme determina a legislação
vigente.
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Dessa forma, a legislação estabelece o dever dos pais e/ou responsáveis, da sociedade e do
Estado em assegurar a educação e acesso dos filhos ao ensino formal até os 17(dezessete) anos
(educação básica), podendo os pais serem punidos civil e penalmente caso não cumpram esse dever.
Quanto aos estabelecimentos de ensino, estes também têm obrigações em caso de possível
violação do direito à educação. O art. 56, II, do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que
a Escola deve comunicar ao Conselho Tutelar, entre outros, os casos de reiteração de faltas e de
evasão escolar, em especial, nas séries, anos ou períodos escolares em que a matrícula seja
obrigatória.
Portanto, em caso de aluno, cuja matrícula seja obrigatória, e houver pedido de suspensão
ou cancelamento de contrato, salvo nos casos de transferência para outra escola, a instituição deve
reafirmar aos pais ou responsáveis a obrigação dos mesmos quanto à educação dos filhos e, caso
haja pedido de rescisão contratual ou faltas reiteradas, fazer a devida comunicação ao Conselho
Tutelar e também à Promotoria da Infância e da Juventude, se assim entender pertinente.
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