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Por que não usar a palavra genocídio? É preciso, inicialmente, diferenciar genocídio de
etnocídio.
GENOCÍDIO:
É um delito que tem sua raiz no racismo: um racismo que se desenvolve livremente só
pode conduzir ao genocídio.
Uma pergunta: por que, em relação às guerras coloniais posteriores a 1946, não houve processos judiciais
como os de Nuremberg? Por que nunca houve processos judiciais em relação às guerras coloniais?
O genocídio dos índios americanos: Foi a partir da experiência americana que etnólogos
se viram levados a formular o conceito de etnocídio. É uma ideia que se refere
primeiramente à realidade indígena da América do Sul.
Quem são os praticantes do etnocídio? Em primeiro lugar, os missionários, uma vez que
o Outro, sendo mal do ponto de partida, pode ser convertido e alcançar, por identificação,
a perfeição que o cristianismo representou. “Eliminar a força da crença pagã é destruir
a substância mesma da sociedade” (p.84) (a aula seguinte abordará esse tema a partir da
arquitetura imposta aos povos nativos pelas missões jesuítas).
Seria, então, que a essência unificadora do Estado conduz logicamente a dizer que
toda formação estatal é etnocida? O que diz, para além do eixo formal, a histórica
concreta?
Uma análise a partir da formação política dos Incas: “Os Incas toleravam uma relativa
autonomia das comunidades andinas quando estas reconheciam a autoridade política e
religiosa do Imperador” (p.91)
A partir do exemplo, fica a questão: “Onde se situa a diferença que impede colocar no
mesmo plano, ou pôr no mesmo saco, os Estados bárbaros (Incas, faraós, despotismos
orientais etc.) e os Estados civilizados (o mundo ocidental)?” (p.90)
Ponto chave para a passagem à próxima aula: “Mas de onde provém isso? O que a
civilização ocidental contém que a torna infinitamente mais etnocida que qualquer outra
forma de sociedade? É seu regime de produção econômica” (p.91)