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FICHAMENTO DO CAPÍTULO “DO ETNOCÍDIO” DO LIVRO

“ARQUEOLOGIA DA VIOLÊNCIA” DE PIERRE CLASTRES

Ana Laura Giaretta – 00315967

Antropologia, Turma D, 2021/1

O texto de Pierre Clastres objetiva mostrar o que é o etnocídio.

Coloca o autor que, no início, o termo veio para diferenciar-se do conceito


de genocídio. Este surge com o Tribunal de Nuremberg julgando os crimes
nazistas, porém, vale ressaltar que, antes deste, outros já haviam sido
perpetrados na história da humanidade – vide o colonialismo, por exemplo.

Nesse contexto, o etnocídio surge inicialmente para se referir à realidade


das populações autóctones sul-americanas.

A diferença, então, é que o genocídio faz referência às raças e a uma


vontade de extermínio de determinado povo, enquanto no etnocídio a mira não
é a vida das pessoas, mas, sim, sua cultura. Diz o autor no texto que o primeiro
mata os povos em corpo; o segundo, em espírito.

Diante da diferença do Outro, o genocida considera melhor simplesmente


negá-la diante da absoluta maldade que ela representa. O etnocida, por sua
vez, vê maldade na cultura e objetiva exterminá-la objetivando a “adequação”
daquele povo às normas culturais do dominador.

O etnocídio foi praticado por diversos grupos ao longo da história, dentre


eles os missionários propagadores da fé cristã na América do Sul. Neste caso,
nota-se nitidamente um axioma determinante da prática: a ideia de
superioridade de uma cultura em relação à outra, a qual leva ao etnocídio
exigido (sic) pelo humanismo ocidental. Avalia-se, portanto, a cultura indígena
pela ótica da branca.

Ao passo em que todos os povos têm o costume de se considerar


excelente e excepcional, apenas o ocidente foi etnocida. É a partir deste
raciocínio que o autor afirma a necessidade de se chegar à raiz do problema do
etnocídio. Se formos atribui-lo simplesmente à característica etnocêntrica da
cultura ocidental, estar-se-á trabalhando superficialmente, dado que este é um
trato de diversos povos. A questão mais pertinente neste caso seria quais as
razões pelas quais isso acontece – e para respondê-la é preciso analisar a
história.

O autor aponta a figura do Estado como um símbolo do “Um” que está no


centro da sociedade e representa a recusa à diferença. Ademais, menciona
como exemplo a França, país em cuja formação exterminou diversas culturas e
idiomas como o Breton e o Occitan, e os Incas, também conhecidos por suas
armas de pressão e violência contra povos conquistados e rivais.

Segundo ele, o Estado possui essência etnocida, a qual compõe seu


modo normal de existência. Sendo assim, desvincula-se tais práticas das
sociedades brancas, mostrando que ela esteve – e está – presente nas mais
diversas sociedades com presença estatal. Apesar de diferir nos Estados
“bárbaros” – em que a violência cessa à medida em que não se corre mais
risco – e nos “civilizados” – onde ela continua independente da circunstância, o
autor vincula fortemente o aparelho estatal ao etnocídio.

Em suma, através da diferenciação entre etnocídio e genocídio, o autor


deixa manifesta sua opinião – fazendo uso de exemplos históricos e análises
sociológicas –, de que a prática etnocida, ao fim e ao cabo, é ligada ao Estado
e apresenta-se universalmente.

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