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Curso Profissional de Técnico de Ação Educativa

Nível 4 – 12º ano


Referencial de Formação CNQ 761.175

UFCD´s - Processo de comunicação e formas relacionais e pedagógicas da criança (50h) – Componente


Tecnológica

Texto de Apoio: “Impacto das relações entre adultos, na criança”

Nem só de palavras vivem as pessoas. Vivem também, e muito, daquilo que lhes é transmitido através
de sensações, sentimentos, emoções e estados de alma. Os pais, dentro das suas casas, longe dos olhares
indiscretos do mundo, comportam-se, falam e sentem como realmente são, sem disfarces. Os filhos
observam e aprendem. Todos somos exemplos. E o Técnico de Ação Educativa também .
Os filhos imitam os pais para lhes agradar, para que os aceitem, para que não os rejeitem. O olhar das
crianças é total, abrangente e cristalino. Muito do que aprendem é resultado de imitação, de absorção
direta da essência do pai e da mãe e dos adultos que os rodeiam, que fazem parte do seu quotidiano, que
os cuidam, lhe dão conforto, afeto e acima de tudo, nos quais confiam. É por isso que, mesmo sem troca
de palavras, uma criança percebe quando o pai falta à verdade em presença de estranhos, ou adota
determinada atitude em determinada situação.
As crianças estão permanentemente atentas aos comportamentos dos adultos, aprendem com eles e
reproduzem-nos na primeira oportunidade.
O peso do exemplo na aprendizagem de comportamentos permite ainda aos pais e educadores influenciar
o comportamento da criança de uma forma indireta, isto é, elogiando ou criticando o comportamento de
outras pessoas. Por exemplo, é provável que a criança aprenda quais as consequências associadas à
infração de uma norma quando observa o castigo que o irmão ou o amigo da sala recebe ao transgredi-
la.
"Olha para o que eu digo! Não olhes para o que eu faço!" é uma atitude que não se revela eficaz na
educação de uma criança ou adolescente. Os pais e educadores devem estar conscientes do poder do
exemplo e considerar os seus atos, palavras e emoções como lições que as suas crianças aprendem
diariamente.
Isto aplica-se ao cumprimento das regras estabelecidas, comportamentos de generosidade, educação e
delicadeza, comportamentos de risco (consumo de tabaco, álcool, drogas, …), linguagem, motivação
para a leitura, otimismo, …
Por exemplo, no que diz respeito à linguagem, é importante que os adultos que cuidam das crianças
forneçam bons exemplos ao longo do dia, falando devagar, pronunciando claramente as palavras, dando
instruções claras e usando palavras exatas nas descrições e nas conversas. Mais eficaz que dizer a uma
criança “fala mais devagar” ou “pensa no que estás a dizer”, é responder à criança de uma forma lenta,
pausada, deliberada e significativa.
Também o otimismo é uma atitude ou maneira de ser que se aprende de pequenino (mais uma vez,
através do exemplo). Filhos de pais otimistas terão mais probabilidade de ser crianças otimistas. E ser
otimista é vantajoso: uma pessoa pessimista fica paralisada, agarrada à negatividade em vez de agir.
Ser um bom exemplo implica não lançar as mãos à cabeça, desesperado, à mínima contrariedade, não
maldizer a vida sempre que surgem problemas nem se autoproclamar a pessoa mais infeliz do mundo se
as coisas não correm como desejava.
Em vez de exprimir pensamentos negativos, é importante habituar-se a ver o mundo de uma forma
positiva. Quase sempre há várias hipóteses de resolver um problema e tal facto deve ser transmitido à
criança. Os adultos devem analisá-las com calma e atuar em conformidade, em vez de desmoralizar à

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primeira. Adversidade. A criança comportar-se-á da mesma forma quando for a sua vez de enfrentar um
obstáculo.
Os adultos que cuidam devem usar e abusar do humor, relativizar as contrariedades e aproveitar o que
existe de positivo em todas as situações negativas. As crianças seguir-lhes-ão o exemplo.
Os pais e adultos que cuidam da criança, podem funcionar como modelos em praticamente todos os
aspetos da vida. A própria relação do casal assume uma grande importância: se os pais tiverem um
relacionamento feliz, harmonioso, caracterizado pela partilha de tarefas e pelo respeito mútuo, é mais
provável que os seus filhos também consigam construir uma relação
harmoniosa, quando chegar a vez deles.
Além da importância de uma relação conjugal equilibrada enquanto modelo a seguir (e forma indireta
de ensinar estratégias de relacionamento entre o casal), permite ainda que as crianças cresçam felizes,
sem assistir a discussões infinitas que as sobrecarrega com problemas com os quais ainda não conseguem
lidar e que podem afetar o seu desenvolvimento a vários níveis.

1. “O peso do exemplo na aprendizagem de comportamentos da criança, deve sempre ser


considerado, sendo que o adulto terá que cuidar as suas intervenções a vários níveis”. Justifique
a frase apresentada.

2. Explique porque é ineficaz a estratégia, transmitida pela frase sublinhada no texto.

3. Elabore um texto sumário, sobre a forma como devemos comunicar com a criança, mais
precisamente cuidados com a linguagem.

4. Explique porque é que o otimismo pode influenciar a resiliência (capacidade de lidar com
problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos) da criança.

BOM TRABALHO

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