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A tríade cognitiva na Terapia Cognitivo Comportamental

Sentimento. Pensamento. Comportamento.

O que pensamos influencia no que sentimos e, consequentemente, em


nossos comportamentos. Assim, ter pensamentos mais adequados às situações traz
como consequência emoções e ações mais eficazes.

Diferentemente do que possa parecer, nossos pensamentos definem nossas


emoções e determinam nossos comportamentos.

Há relação estreita entre o que pensamos, o que se sentimos, e a maneira


como nos comportamos. Você já parou para pensar quais são os pensamentos
negativos que, constantemente, ocupam a sua mente? O que esses pensamentos
querem te dizer? Você tem consciência de como isso atrapalha sua vida, sua saúde e
seus relacionamentos?
As emoções e os comportamentos das pessoas são influenciados pela forma
como percebem e interpretam os eventos e não somente pela situação em si,
isoladamente. Ou seja, o modo como as pessoas sentem está associado ao modo
como elas interpretam e pensam sobre uma situação, sendo suas respostas
emocionais intermediadas por sua percepção da mesma. Esses pensamentos são
relacionados aos tipos de crenças que cada pessoa tem.
Os pensamentos geram sentimentos que promovem ações
(comportamentos) que são reforçadas pelos pensamentos, e assim por diante. Cria-
se um ciclo vicioso.
Somos “bombardeados” por centenas de pensamentos ao longo do dia.
Estes pensamentos ocorrem de forma involuntária, de forma rápida e na maioria das
vezes automaticamente (mal os percebemos). São chamados de Pensamentos
Automáticos. Os pensamentos surgem espontaneamente, em fração de segundos e
podem ser verdadeiros ou falsos.

Pensamentos automáticos podem ser palavras, imagens ou recordações e


brotam em nossa mente o tempo todo e podem alterar nosso humor e nossas reações.
Estes pensamentos são incômodos, infundados e contraproducentes. Exemplo:

 Pensamentos negativos a respeito de si mesmo: “Eu sou incapaz”


ou “Nada que faço dá certo”.
 Pensamentos negativos a respeito do mundo ou dos outros: “Minha
vida não é boa” ou “Ninguém gosta de mim”.
 Pensamentos negativos a respeito do futuro: “Nunca serei alguém”,
“Meu futuro é incerto e sem esperanças” ou “Não serei feliz”, “vão rir de
mim”, etc.

O perigo é que podemos assumir pensamentos automáticos como verdadeiros


(Lembre-se sempre: a mente, mente).
A boa notícia é que é possível usar a nossa mente consciente para julgar e
avaliar tais impressões e concluir se vamos aceitá-las ou rejeitá-las. É o que
chamamos de confrontar os pensamentos. Colocá-los à prova.
Os processos cognitivos (pensamentos), não devem ocorrer de forma tão
automática. Antes de deixar um pensamento dominar a percepção do evento, deve ser
considerado que um evento pode ter mais de uma interpretação. Se seu pensamento
for muito acelerado há maior risco de que a emoção decorrente de pensamento
automático (também em maior intensidade) seja imediatamente transformada em ação
sem o devido confronto com a realidade e, a partir disso, se exteriorizar em
comportamentos irrefletidos: impulsividade, agressividade, ofensas, ou outras atitudes
antissociais. Pode ter mais compulsões, mais irritabilidade, etc. 
Quando procuramos perceber uma situação além daquela que percebemos
automaticamente, questionando-a, ampliamos nosso modo de interpretar a situação
ou suas causas e agimos com mais adequação. Ao aumentarmos as possibilidades
alternativas das causas ou resultados daquele evento, sobre o qual pensamos
automaticamente, temos como resultado ampliar nosso foco de visão, fazendo com
que nossa percepção seja confrontada com a realidade. Admitindo outras
possibilidades de interpretação dos fatos podemos ter uma diminuição na credibilidade
do pensamento negativo (disfuncional), resultando numa intensidade menor da
emoção ou desconforto resultante desse pensamento. 
Pensamentos automáticos são decorrentes de crenças centrais e
intermediárias.
As crenças centrais geralmente iniciam seu desenvolvimento na infância e
são consideradas pelo indivíduo como “verdades absolutas”.
As crenças são ideias ou esquemas que as pessoas desenvolvem desde a
infância sobre si mesmas, as outras pessoas e seus mundos. Tais ideias se enraízam
em nossa mente e são incorporadas como verdades absolutas e geram sofrimento
psicológico ao longo dos anos da idade adulta.
As crenças são uma forma que a pessoa tem de extrair sentido do seu
ambiente. São entendimentos que são tão fundamentais e profundos que as pessoas
frequentemente não os articulam e os consideram como verdades absolutas.
Usualmente se valem dos ditos “sempre foi assim” ou "eu sempre fui assim”.
Ao mesmo tempo, as distorções cognitivas vão sendo construídas com base
nesses três aspectos, os quais, juntos, são chamados de Tríade Cognitiva.
As distorções cognitivas são pensamentos “errados” relacionados à Tríade e
são expressas por meio de pensamentos automáticos. Os pensamentos automáticos
são um fluxo de pensamentos que são comuns a todas as pessoas. São pensamentos
que a maioria de nós não está ciente deles, mas que frequentemente influenciam
nossas respostas emocional, comportamental e fisiológica. Eles também surgem de
forma espontânea e não são embasados em reflexões e deliberações. Ou seja, não
apresentam uma lógica racional. Os pensamentos automáticos são quase sempre
negativos e breves, com o paciente estando mais ciente da emoção que sente em
decorrência do pensamento do que dele mesmo em si. Essa emoção que o paciente
sente é conectada ao conteúdo do pensamento automático. Por sua vez, o
pensamento automático é derivado das crenças centrais juntamente com as crenças
intermediárias.

Exemplos de crenças centrais:

DESAMPARO, DESAMOR e DESVALOR.


 Na crença de DESAMPARO a pessoa tem uma certeza irracional de
que é incompetente e sempre será um fracassado.
*Pensamentos da crença de desamparo: Sou inadequado, ineficiente,
incompetente; Eu não consigo me proteger; Sou fraco, descontrolado; Eu não consigo
mudar; Eu não tenho atitude; Não sou objetivo; Sou uma vítima; Sou vulnerável, fraco,
sem recursos, passível de maus tratos; Sou inferior, um fracasso, um perdedor; Não
sou bom o suficiente; Não sou igual aos outros.

 Na crença de DESAMOR a pessoa tem a certeza irracional de que será


rejeitada.
* Pensamentos da crença de desamor: Sou diferente, indesejável, feio,
monótono, não tenho nada a oferecer; Não sou amado, querido, sou negligenciado;
Sempre serei rejeitado, abandonado, sempre estarei sozinho; Sou diferente,
imperfeito, não sou bom o suficiente para ser amado.

 Na crença de DESVALOR a pessoa acredita ser inaceitável, sem


valor algum.
* Pensamentos da crença de desvalor: Não tenho valor; Sou inaceitável; Sou
mau, louco, derrotado; Sou um nada mesmo, sou um lixo. Sou cruel, perigosos,
venenoso, maligno; Não mereço viver. Não mereço ser feliz, me alegrar.

As crenças intermediárias consistem em atitudes, regras e suposições que


influenciam na visão de uma situação e a maneira como a pessoa se comporta. Elas
estão diretamente relacionadas ao conteúdo da crença central e dirige os
comportamentos das pessoas.

Exemplos de crenças intermediárias: Alguns exemplos de frases com


crenças intermediárias são: “É terrível ser incompetente” e “se me esforçar mais, serei
capaz”.
As crenças tendem a se fortificar quando a pessoa foca sua atenção para os
dados que confirmam sua visão negativa e não conseguem perceber as situações da
vida com outro ponto de vista. Esse processo ocorre involuntariamente e
automaticamente, gerando sofrimento psicológico e/ou transtornos psicológicos
significativos como a depressão.

Essas crenças, que chamamos de Tríade cognitiva, podem ser:


1. Em relação a si mesmo: citado acima
2. Em relação aos outros: Os outros são categorizados de maneira inflexível.
São vistos como desprezíveis, frios, prejudiciais, ameaçadores e manipuladores.
Também é possível desenvolver uma crença positiva em relação aos outros e
em detrimento a si mesmo: as pessoas são superiores, muito eficientes, amáveis e
úteis (diferente de si mesmo)
3. Em relação ao mundo: o mundo é injusto, hostil, imprevisível, incontrolável,
perigoso. Com essas ideias na mente, a pessoa vai criando estratégias
compensatórias (esquemas) para lidar com o sofrimento que a crença causa quando
é ativada nas relações sociais, ocupacionais, familiares e amorosas. Tais estratégias
podem ser desadaptativas trazendo desajustes emocionais.
As crenças centrais são conteúdos dos esquemas cognitivos mal adaptativos e
agem como uma lente de aumento que afeta a PERCEPÇÃO, isto é, a pessoa passa a
ver a situação apenas de um ponto de vista (equivocado, distorcido, exagerado).

EXEMPLO:

Situação: Uma jovem liga para o celular do seu namorado e o aparelho está
desligado.
Pensamento automático da crença de DESAMOR: Ele está com outra.

A situação do celular desligado ativa a ideia de DESAMOR, impedindo a


pessoa de ter um pensamento coerente. Dessa forma, a pessoa entra em sofrimento e
permanece fazendo várias outras tentativas, além de ter reações emocionais (raiva,
tristeza, medo), reações fisiológicas (ansiedade, tremor, respiração ofegante, coração
disparado, mãos geladas, entre outras) e por fim, terá uma reação comportamental
(quando consegue falar com o namorado, acusa-o com palavras ofensivas antes
mesmo que ele explique a ocorrência).

Quando essas crenças não são funcionais acarretam distorção da realidade e


transtornos psicológicos como Depressão, Transtorno obsessivo-compulsivo, Fobia
Social, Pânico, Ansiedade Generalizada, entre outros transtornos.

Você deve estar se perguntando: Como é possível me libertar dessa ideia que
me acompanha desde a infância, adolescência?
O primeiro passo é a TOMADA DE CONSCIÊNCIA DA ATIVAÇÃO DAS
CRENÇAS.
Somente a partir dessa nova percepção é que é possível OPERAR
MUDANÇAS. E, neste sentido, a TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL possui
instrumentos técnicos para habilitar a pessoa a DESATIVAR suas crenças e
esquemas mentais, proporcionando assim, uma vida mais saudável.
Assista os vídeos abaixo para uma maior compreensão da Terapia Cognitivo
Comportamental:

1 - https://www.youtube.com/watch?v=bL6r2CLd8ec

2 - https://www.youtube.com/watch?v=Su7Vc5DdIA0

3 - https://www.youtube.com/watch?v=BTe2M8MLpqg

4 - https://www.youtube.com/watch?v=Su7Vc5DdIA0&t=82s

Qualquer dúvida estarei à disposição.

Denise C. O. Barros
Psicóloga
CRP 04/26440

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