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Sistema renina-angiotensina-aldosterona
e lesão vascular hipertensiva
Roberto de Sá Cunha, Albano Vicente Lopes Ferreira

Resumo extracelular. A participação desse sistema no fenômeno


de redução luminal da hipertensão essencial instalada tem
A participação do sistema renina-angiotensina- sido demonstrado pela inibição farmacológica da enzima
aldosterona no controle a longo prazo da pressão arterial conversora ou do antagonismo dos receptores AT1 da
sabidamente envolve vasoconstrição, modulação da angiotensina I. Por fim, as propriedades mecânicas dos
atividade simpática e do manuseio de sal e água pelo rim. grandes troncos arteriais determinantes da hipertensão
No entanto, nos últimos anos, evidências clínicas e sistólica são influenciadas pelo SRAA, uma vez que este
experimentais têm apontado o SRAA como um importante estimula a síntese de cólageno e outras proteínas na parede
fator humoral que governa tanto os fenômenos tróficos da vascular, determinando, assim, suas propriedades
célula muscular lisa vascular como a qualidade da matrix viscoelásticas.

Palavras-chave: Hipertensão arterial; Sistema renina-angiotensina-aldosterona; Artérias.

Recebido: 14/3/00 – Aceito: 20/4/00 Rev Bras Hipertens 3: 282-92, 2000

Introdução plicações responde mal à prevenção últimos 20 anos, sugerindo que dentre
com o tratamento hipertensivo em os anti-hipertensivos disponíveis, aque-
Hipertensão arterial é um fator de massa, fato observado na despro- les cujo mecanismo de ação envolve
risco cardiovascular maior e suas com- porcional persistência da doença coro- interrupção do SRAA seriam os mais
plicações podem ser divididas em dois nariana a despeito de redução signi- apropriados para desempenhar esse
grupos: as complicações relacionadas ficativa na incidência de hemorragia papel3. Receptores de angiotensina II
diretamente com os níveis tensionais, cerebral nos países desenvolvidos2. (Ang II) estão presentes universal-
tais como hemorragia cerebral, aneu- Tal fato sugere que apenas normalizar mente na árvore arterial e produzem
risma, insuficiência ventricular es- a pressão arterial não seria suficiente acentuada contração em segmentos
querda, renal e aquelas relacionadas a e que uma ação sobre a estrutura isolados de todos os leitos arteriais4.
mudanças na estrutura e na função vascular alterada na hipertensão Além do efeito vasoconstritor extensi-
vascular, tais como na doença ateros- arterial seria o mais desejável. vamente demonstrado in vitro e in
clerótica coronária, cerebral e de mem- Uma sólida argumentação experi- vivo, Ang II exerce importantes efeitos
bros1. Este segundo grupo de com- mental e clínica foi construída nos tróficos sobre a parede arterial, inde-

Correspondência:
Clínica de Investigação Cardiovascular – UFES
Av. Marechal Campos, 1.468, Maruípe – Vitória, ES – 29040-900

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pendentemente da elevação da pressão retenção de água e sal pelo rim. Re- receptores de angiotensina foram
arterial5. Todos os componentes do centemente, a literatura tem apontado identificados, porém destes apenas o
SRAA estão presentes no endotélio e para efeitos tróficos sobre a parede receptor AT2 teve parte de seu papel
na parede arterial e a formação de vascular como um dos mais impor- parcialmente elucidado. Como o AT1,
Ang II, no vaso, está solidamente tantes mecanismos de ação da Ang trata-se de um receptor com 7 domínios
documentada6. Ang II, produz hiper- II11. transmembrana, mas que se acopla a
trofia arterial (e pouca hiperplasia) e Sabe-se que a Ang II induz o cres- uma protéina G diferente com ações
aumento da produção de colágeno em cimento da CMLV em concentrações diametralmente opostas às ações
cultura de CMLV7-9. Doses subpres- subpressoras e que os IECA são produzidas pela proteína G acoplada
soras de Ang II produzem espessa- capazes de inibir a proliferação neo- ao receptor AT1. Entre essas ações
mento arterial e uma quantidade enor- intimal após a lesão vascular da inclui-se a ativação de fosfatases que
me de estudos clínicos e experimentais angioplastia12. A Ang II exerce seus desfosforilam, enquanto os AT 1
comprova a eficácia de IECAs e efeitos principalmente pela sua ligação promovem ativação de quinases, que
antagonista de receptores AT1 de a receptores AT113. Trata-se de um fosforilam. Em conseqüência, ativa-
angiotensinas na reversão de alte- receptor com sete domínios trans- ção de receptores AT2 resulta na
rações vasculares da hipertensão membrana e está acoplado a uma inativação da quinase ativada por mitó-
arterial (ver adiante). Tais efeitos foram proteína G. Suas ações celulares geno (MAPK), que desempenha um
demonstrados mesmo na ausência de envolvem a adenilato-ciclase, as papel central na transdução de sinais
redução da pressão arterial10. Consi- fosfolipases C, D e A, e um canal de de crescimento da Ang II na CMLV17.
derando ainda o papel do SRAA na cálcio. Fazem parte ainda dessa res- Em tese, a estimulação de receptores
regulação da excreção renal de sódio, posta, a ativação da tirosina quinase e AT2 contrabalançaria boa parte dos
na modulação do tonas simpático e na a ativação de uma série de protonco- efeitos deletérios da estimulação de
função endotelial, é possível que outros genes (c-fos, c-myc, myb, jun, jun-β, receptores AT1. No entanto, a ex-
fatores, além da diminuição dos efeitos egr-1) envolvidos no controle do cres- pressão desse receptor é bastante
pressores e tróficos da Ang II, partici- cimento celular14,6. Vários efeitos da discreta em relação ao receptor AT1,
pem na reversão das alterações vas- Ang II são também observados com estando presente principalmente na
culares estruturais produzidas pelos diversos fatores de crescimento e vida fetal. Na vida adulta está restrito
IECA e antagonistas de receptores várias ações da Ang II são mediadas ao endotélio vascular, à medula
AT1 de angiotensina. Neste artigo, por esses fatores. Fator de crescimento adrenal, ao útero, ao ovário e às áreas
serão revistas as principais alterações do fibroblasto (FGF), fator transfor- discretas no cérebro6. Foi documen-
estruturais decorrentes da hipertensão mante de crescimento β-1(TGF β-1), tada a expressão desses receptores
arterial em vasos de resistência e de fator de crescimento derivado de em circunstâncias patológicas, como
condutância e o papel do SRAA no plaqueta (PGF) e fator de crescimen- insuficiência cardíaca, infarto, lesões
estabelecimento e na estratégia de to semelhante à insulina (IGF) têm sua vascular e cutânea6, porém, a impor-
normalização dessas alterações. Por atividade aumentada pela Ang II e tância desses receptores na hiper-
questão de brevidade, não será dis- têm importantes repercussões no tensão arterial permanece especu-
cutida a documentada participação do crescimento e na remodelagem vascu- lativa. Sabe-se, no infarto experi-
SRRA nos mecanismos de atero- lares. A ativação de TGF β-1 resulta mental, que a redução de HVE e da
gênese, ainda que estes sejam cru- ainda em aumento da secreção de fibrose miocárdica produzida pelo
ciais na determinação da morbimor- renina na produção de Ang II, ampli- antagonista de receptores AT1 é abo-
talidade relacionada à hipertensão ficando o sinal humoral de cresci- lida se houver bloqueio simultâneo
arterial. mento15. Ang II estimula ainda a pro- com o antagonista de receptores AT2,
dução de matrix extracelular com PD 123 a 17718. Conclui-se desses
aumento da deposição de colágeno do experimentos que boa parte dos efeitos
Mecanismos celulares da tipo 1-α1 e tipo III, fibronectina e benéficos dos antagonistas de recep-
angiotensina II laminina β1 e β2. Estão aumentados tores AT1 resulta da maior disponi-
também sob ação de Ang II o inibidor bilidade de Ang II para atuar em
A Ang II exerce seus efeitos a do ativador do plasminogênio tipos 1 e receptores AT2.
longo prazo sobre o sistema cardiovas- 2 (PAI 1 e 2) e genes da aldosterona A participação do SRAA no
cular por meio de vasoconstrição, sintase (CYB11B2) e da sintase do fenômenos tróficos da parede arterial
modulação do tônus autonômico e óxido nítrico (NO)16. Outros 3 tipos de envolve outras substâncias além da

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Ang II. Estudos com inibição farmaco- arterial, persiste aquela que aponta Sabe-se, porém, que no modelo experi-
lógica da ECA mostram que essa para uma elevação precoce do débito mental SHR, que reproduz com
enzima, sendo também responsável cardíaco como o distúrbio original23. extraordinária semelhança a hiper-
pela degradação da bradicina, desem- Considerando que elevações do fluxo tensão essencial humana, o aumento
penha um papel fisiológico indepen- arterial são prontamente sentidas pelos de espessura medial ocorre por três
dente da Ang II. A bradicina é capaz vasos, as células endoteliais, direta- mecanismos distintos: aumento da
de promover a liberação de NO pelo mente expostas ao aumento do cisalha- deposição de matrix extracelular,
endotélio, e, por meio deste, exercer, mento parietal, respondem com libera- hipertrofia das CMLV (aumento de
entre outras ações, vasodilatação e ção de NO que relaxa a célula mus- volume, sem divisão) e hiperplasia.
atividade antiproliferativa. Dessa cular lisa vascular (CMLV) subja- No entanto, um mecanismo adicional
forma, os IECA teriam parte dos seus cente, aumenta o diâmetro vascular, ocupa papel de destaque nesse modelo.
efeitos benéficos (inclusive sobre a elevando por fim a tensão parietal. A Trata-se da remodelagem arterial na
aterogênese) mediados pela diminui- parede arterial, em resposta a aumen- qual o aumento da espessura medial
ção da degradação de bradicina e tos sustentados do diâmetro e tensão, do-se por diminuição do lúmen e do
melhora da função endotelial19. aumenta em espessura, o que por sua diâmetro externo. Essa remodelagem
vez corrige a tensão parietal. Tal (ainda que sem essa denominação) foi
correção, porém, acarreta um inevitá- descrita pela primeira vez por Short26,
Alterações vasculares na vel aumento (na quarta potência se- em 1966, que, ao realizar um estudo
hipertensão arterial gundo a relação de Poiseulle) da post-mortem do leito mesentérico de
resistência arterial, por vezes suficiente indivíduos normotensos e hipertensos,
O vaso de resistência na para determinar a instalação da observou aumento da relação média:
hipertensão arterial hipertensão arterial. É teoricamente lúmen com preservação da área de
possível que essa seqüência de even- secção transversa da média arterial,
As artérias de resistência são aque- tos, ocorrendo em indivíduos normo- indicando um rearranjo do material
las que têm um diâmetro menor que tensos, promova alterações estruturais vascular. Apenas 33 anos após,
500 mm, situadas antes de um leito passíveis de serem compensadas por Baumbach e Heistad27, em uma análise
capilar. Têm importância central no mecanismos regulatórios a longo prazo sistemática de arteríolas cerebrais de
controle local de fluxo e na determi- da pressão arterial. Originalmente ratos SHR-SP (stroke-prone) con-
nação da resistência periférica total descrito por Folkow24, em 1958, esse cluem pela existência deste me-
porque têm uma espessa camada mus- mecanismo estrutural atuaria no hiper- canismo, distinto do crescimento
cular que responde prontamente, com tenso como um “amplificador” da medial, porém que também deve ocor-
alterações de diâmetro, a estímulos resistência periférica tão eficaz que rer junto com este. Esses autores
hemodinâmicos metabólicos e neuro- aumentos sustentados de tônus e da propuseram ainda uma abordagem
humorais20. reatividade da CMLV (demonstrados matemática na qual um índice de
As artérias somente cumprem sua de forma inconsistente) não seriam hipertrofia e um de remodelagem po-
função de assegurar um débito sanguí- necessários para explicar hipertensão deriam ser calculados a partir da com-
neo adequado aos tecidos porque são arterial. Em verdade, em condições paração entre a geometria arterial de
capazes de reagir e alterar sua forma de vasodilatação máxima, estudos animais normotensos e hipertensos.
e função em face das mais variadas experimentais no modelo SHR20 e Estudos subseqüentes conduzidos pelo
alterações hemodinâmicas ao longo clínicos25 mostram uma resistência grupo de Mulvany28, em artérias de
do desenvolvimento21. Duas forças periférica sempre elevada, o que indica resistência obtidas de biópsias do te-
básicas são sentidas continuamente um fator “estrutural” na hipertensão cido subcutâneo da região glútea, con-
pelas artérias: o estresse de cisalha- arterial estabelecida. firmaram a presença desse mecanis-
mento (shear-stress) proporcionado O aumento da espessura da parede mo e estenderam o conceito de remo-
pelo atrito do sangue na interface arterial foi observado pela primeira delagem arterial. Infelizmente, o termo
sangue-artéria e a tensão parietal (dada vez na descrição original de Richard remodelagem tem sido utilizado indis-
pelo produto da pressão vezes o raio, Bright, em 1827, sobre a hipertrofia criminadamente para designar qual-
sobre a espessura do vaso; lei de cardiovascular na hipertensão arterial. quer alteração de geometria arterial
Laplace) que distende a parede da Desde então, por décadas seguidas, secundária à hipertensão arterial.
artéria22. Entre as teorias mais clás- esse aumento foi tido como sinônimo Na hipertensão arterial, são des-
sicas da etiopatogênese da hipertensão de crescimento da parede arterial. critas ainda desenvolvimento de neo-

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íntima com aparecimento de CMLV artérias resistivas do leito mesentérico vendo 36 estudos experimentais sobre
dentro da lâmina elástica interna, des- de animais tratados com perindopril. efeitos da inibição do SRAA e rever-
nudação endotelial, infiltração por célu- Chistensen et al.34 compararam os são de alterações vasculares hiperten-
las inflamatória e “rarefação” vas- efeitos do tratamento com perindopril, sivas. Destes estudos, 17 registraram
cular. O papel da rarefação vascular captopril, hidralazina, isradipina e meto- o comportamento da pressão arterial
no aumento da resistência periférica prol sobre a pressão arterial e a após a suspensão da droga. A
ainda carece de quantificação29. Se- estrutura vascular de ratos SHR, dos suspensão do IECA, na maioria dos
vera destruição da arquitetura vascular 4 até os 24 meses. Aos 24 meses, a estudos, produz redução prolongada
com inflamação e necrose fibrinóide PA média no grupo-perindopril era de da pressão arterial, confirmando o
são o substrato histopatológico da 121 mmHg, 137 mmHg no grupo- achado original de Freslon33. Com
hipertensão maligna humana, que pode captopril, 140 mmHg no grupo-hidra- exceção de apenas 3 estudos, observa-
desenvolver-se a partir de valores lazina, 149 mmHg no grupo-isradipina se um consenso acerca de reversão
elevados de pressão arterial. Porém, e146 mmHg no grupo-metoprol, en- de índices de hipertrofia vascular com
os achados são tão diversos das quanto a PAM era de 177 mmHg no uso do IECA, com normalizações que
alterações estruturais adaptativas que grupo-controle. Duas semanas após a persistem por até 21 semanas. O autor
é possível que fatores etiopatogênicos suspensão do tratamento, a pressão dessa revisão chama a atenção, ainda,
distintos estejam envolvidos nesse tipo arterial retornou aos valores do para o reduzido número de estudos
(atualmente incomum) de evolução. controle nos grupos isradipina, hidra- direcionados aos vasos de resistência
lazina e metoprolol, enquanto os IECAs intra-renais, cujas alterações são de
apresentaram uma retomada bastante fundamental importância na manu-
Evidências experimentais lenta. A relação média-lúmen dos tenção de níveis pressóricos elevados.
vasos mesentéricos foi completamente Um desses poucos estudos37 demons-
Em 1980, Freslon et al.30 compa- normalizada no grupo-perindopril, par- trou que o tratamento com IECAs em
raram os efeitos anti-hipertensivos de cialmente corrigida no grupo-captopril ratos SHR foi capaz de restaurar o
captopril, atenolol e hidralazina no mo- (com redução pressórica menor) hi- diâmetro luminal de vasos pré-glome-
delo SHR e observaram que a sus- dralazina e isradipina e inalterada no rulares (remodelagem reversa) após
pensão da droga levava à imediata grupo-metoprolol. A comparação 6 meses de tratamento. Em menor
retomada de níveis hipertensivos nos entre resultados do grupos perindopril número, os estudos recentes envol-
grupos atenolol e hidralazina, enquanto e metoprolol e a retomada dos níveis vendo antagonistas de receptores AT1
o aumento foi discreto e lento no grupo hipertensivos sugerem que boa parte de angiotensina na hipertensão experi-
tratado com captopril. Os mesmos dos efeitos dos IECAs podem ser mental também apontam para um
investigadores31, examinando o leito atribuídos a modificações estruturais efeito antitrófico dessa classe. A com-
mesentérico de animais SHR tratados vasculares. Um estudo subseqüente35, paração entre IECA e antagonista de
com captopril e hidralazina de 6 a 20 utilizando peso perindopril na dose de receptores AT1 mostra resultados con-
semanas de idade, observaram que a 0,4 mg/kg a 0,8 mg/kg/peso por 24 flitantes. Sabe-se, porém, que no mo-
redução da relação média-lúmen foi meses, não conseguiu demonstrar uma delo SHR os antagonistas de recepto-
maior no grupo-captopril. Trata-se da correlação entre reversão estrutural e res AT1 de angiotensina teriam um
primeira evidência de superioridade persistência dos efeitos anti-hipertensi- efeito anti-hipertensivo menor38, o que
de IECA sobre outros fármacos (com vos, após a retirada da droga. Neste limita em parte a comparação dos
efeito hipotensor equivalente) na estudo, houve boa correlação entre a efeitos sobre a estrutura vascular.
reversão de alterações vasculares dose do IECA e a persistência do Morton et al.39 investigaram os
hipertensivas em vasos de resistência. efeito hipotensor pós-tratamento. efeitos vasculares e o comportamento
Harrap et al.,32 tratando animais Hadju et al.36, comparando os efeitos da pressão arterial em SHR jovens
SHR com o IECA perindopril (3 mg/ do cilazapril e da hidralazina em artérias após a suspensão de 4 ou 10 semanas
kg/dia) ou veículo, de 4 até 16 semanas piais de ratos SHR-SP, observaram de captopril (100 mg/kg/dia) ou lo-
de idade, observaram que não houve superioridade do IECA na reversão sartan (15 mg/kg/dia). Ambas as
retomada completa da pressão arterial de hipertrofia vascular e redução drogas foram capazes de reduzir de
após a suspensão do IECA. Tais luminal, a despeito de reduções tensio- forma equivalente a pressão arterial e
achados foram confirmados por nais equivalentes. prevenir a recrudescência da hiper-
Cadilhac33 que também demonstrou a Recentemente, Lundie et al. 36 reali- tensão, após 4 meses de tratamento.
normalização do diâmetro interno de zaram uma exaustiva revisão envol- Tais efeitos estão aumentados com 10

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meses, e somente esse regime prolon- do leito mesentérico em SHR) qual o entre os estudos uma tarefa árdua. No
gado produziu efeitos significativos nível (na ramificação arterial) em que entanto, em sua maioria, os estudo
sobre a estrutura vascular mesen- se encontra o segmento arterial experimentais apontam o SRRA como
térica. examinado. um determinante maior da estrutura
Shaw et al.40, comparando os Thybo43 et al. compararam, em um vascular dos vasos de resistência e dos
efeitos do lisinipril com (1 mg/kg ou 10 estudo duplo-cego paralelo, os efeitos níveis tensionais, justificando solida-
mg/kg) os dos antagonistas de recepto- do tratamento com perindopril (4 mg/ mente sua interrupção farmacológica
res AT1 D 8731 (1 mg/kg, 20 mg/kg ou dia a 8 mg/dia) com o tratamento com como estratégia terapêutica.
50 mg/kg) em SHR, obtiveram atenolol (50 mg/dia a 100 mg/dia) em
resultados equivalentes quando se pacientes hipertensos virgens de tra- Grandes vasos arteriais
comparam as reversões estruturais tamento. A despeito de redução ten-
obtidas com equivalentes efeitos sional maior no grupo atenolol, apenas Os grandes vasos arteriais subme-
hipotensores. Nos dois grupos, houve os indivíduos tratados com perindopril tidos a uma pressão de distensão ape-
um efeito dose-dependente tanto na apresentaram normalização da estru- sentam um comportamento não-linear
pressão arterial quanto na estrutura tura vascular (redução da espessura, de seu acréscimo de diâmetro. Isso,
vascular. preservação da área de secção trans- porque, nenhum corpo físico é per-
Li et al.41 também observaram versa e aumento do lúmen) observada feitamente elástico (tal o estresse, tal
redução dose-dependente da pressão por meio de biópsia de subcutâneo da o estiramento; lei de Hooke) e as
arterial e da espessura arterial mesen- região glútea. Similarmente, em um artérias têm uma resposta mais com-
térica, renal e coronariana após 12 estudo clínico duplo-cego randomizado, plexa ainda à distensão, dada a com-
semanas de tratamento oral de losartan Schiffrin44 et al. compararam os efei- posição heterogênea de sua parede46.
em ratos SHR. Mesmo com doses tos vasculares do cilazapril e do ateno- A parede arterial é composta de uma
menores (20 mg/kg/dia), nas quais se lol em 77 pacientes após 12 meses de camada íntima (Figura 1) junto ao
obteve redução discreta da pressão tratamento. Os indivíduos tratados com lúmen vascular, de uma camada média
arterial, foram observados efeitos cilazapril apresentaram redução e de uma camada adventícia47,15. A
antitróficos do antagonismo específico importante da relação média-lúmen íntima é constituída sucessivamente
de receptores AT1. de artérias subcutâneas da região glú- de endotélio, membrana basal e da
Gillies38 et al. compararam, em um tea, que porém persistia significativa- limitante elástica interna. As células
desenho experimental cruzado, o efeito mente superior à relação média-lúmen endoteliais revestem a superfície inter-
hipotensor do perindopril com o antago- do grupo-controle normotenso. O na da parede, formando uma camada
nista de receptores AT1 L-158,809 tratamento com β-bloqueador produziu contínua em contato com o sangue. A
em SHR adultos e observaram que o efeito hipotensor semelhante, no en- camada média contém as células mus-
IECA era mais eficaz como hipotensor tanto, não foi capaz de alterar a rela- culares lisas e os seguintes elementos
e também na reversão de alterações ção média-lúmen dos indivíduos trata- extracelulares: fibras elásticas e
vasculares. Por outro lado, não foram dos. Tais resultados foram confirma- fibrilas de elastina, feixes e fibrilas de
observadas diferenças nos efeitos do dos também após 2 anos de trata- colágeno e proteoglicanos. A distri-
enalapril e do losartan sobre a estrutura mento45. buição e a proporção dos elementos
de artérias mesentéricas de ratos SHR, Sumarizando, a literatura aponta são diferentes se a artéria por elástica
a despeito de maior efeito hipotensor para uma nítida superioridade da su- (aorta, carótida, tronco braquioce-
do IECA42. pressão do SRAA em relação a outras fálico, ilíaca e pulmonares) ou mus-
estratégias anti-hipertensivas, na re- cular. Na média arterial, podemos
Estudos clínicos em vasos de gressão de alterações vasculares hi- observar várias lâminas elásticas con-
resistência pertensivas. A natureza da relação cêntricas (cerca de 3 m de espes-
entre o diâmetro vascular e a resistên- sura), compostas de fibras de elastina.
Estudos clínicos sobre os efeitos cia (quarta potência) amplifica na mes- Entre as lâmina elásticas, encontram-
da supressão farmacológica do SRAA ma proporção os erros obtidos na inter- se as células musculares lisas, micro-
sobre a estrutura vascular são re- pretação das medidas histomor- fibrilas de elastina, fibras de colágeno
centes. Existem controvérsias sobre a fométricas de vasos de resistência. e os glicosaminoglicanos da substância
utilização de artérias subcutâneas da Estas dificuldades metodológicas e uma fundamental (sulfato de condroitina,
região glútea, visto que é impossível grande variedade de dose e desenhos sulfato de heparina, sulfato de derma-
determinar com exatidão (ao contrário experimentais tornam a comparação tano e ácido hialurônico).

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O estudo da função arterial repousa


na compreensão da relação pressão-
diâmetro arterial e é a partir dessa
relação fundamental que são calcu-
lados os demais parâmetros48. Em
1957, Roach e Burton49, baseados em
experimentos com digestão seletiva
de elastina e colágeno, em artérias in
vitro, propuseram um modelo em que
se compara as artérias a bolas de
soprar envoltas por uma rede frouxa
de barbante (Figura 2). Este balão
altamente distensível corresponde à
rede de lâminas concêntricas de elas-
tina. Na faixa fisiológica de distensão
arterial, é possível que a elastina
responda por boa parte da curva.
Quando, porém, a artéria é submetida
a pressões elevadas de distensão,
ultrapassa-se o limite da elastina e as
fibras colágenas (1.000 vezes menos
distensíveis que a elastina) passam a
responder pelas propriedades mecâni-
cas da artéria. Tal inversão ocorre
Figura 1 – Representação esquemática de uma artéria elástica (acima) e muscular
sempre que a pressão de distensão
(abaixo). Ver explicações no texto. Adaptado de Rhodin47.
estiver aumentada, como na hiperten-
são arterial ou no processo de envelhe-
cimento em que o polímero elástico
fragmenta-se e perde suas proprieda-
des mecânicas50.
Artérias mais rígidas conduzem a
onda incidente de pulso com maior
velocidade e, quando ocorre a re-
flexão periférica, essas ondas também
são conduzidas retrogradamente com
maior velocidade. Desse fenômeno
resulta que à onda de pulso refletida
soma-se precocemente à onda inci-
dente (ao invés de somar-se à diás-
tole), aumentado a pressão sistólica e
também reduzindo a pressão dias-
tólica2.
A importância epidemiológica da
pressão arterial sistólica e da pressão
Figura 2 – Modelo de artéria proposto por Roach49, em que se compara as artérias a
de pulso em relação aos demais parâ-
bolas de soprar distensíveis envoltas por uma rede frouxa de barbante. Este balão
metros hemodinâmicos foi claramente corresponderia à rede de lâminas concêntricas de elastina, enquanto o colágeno seria
demonstrada a partir do estudo de o barbante. Na faixa fisiológica de distensão arterial, é possível que a elastina
Framingham51 e outros52. Os mecanis- responda por boa parte da curva (A). Quando a artéria é submetida à distensão,
mos responsáveis pela hipertensão ultrapassa-se o limite da elastina e as fibras colágenas menos distensíveis passam a
sistólica têm sido intensamente estuda- responder pelas propriedades mecânicas da artéria (B), explicando o comportamento
dos e já foram objeto de revisão recente não-linear da curva pressão-diâmetro (C).

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nesta revista. Descreveremos apenas bradicina ao invés do IECA, indicando Os estudos clínicos
as principais evidências experimentais que tanto a supressão da ação da Ang
e clínicas que apontam para um papel II como a maior disponibilidade de NO Voluntários sadios submetidos ao
maior do SRAA na composição da teriam efeitos benéficos sobre a função tratamento com lisinopril59 e perin-
parede arterial e, por conseguinte, nas arterial55. dopril60 apresentaram vasodilatação
propriedades mecânicas dos grandes Os efeitos da inibição crônica da periférica com baixas doses e dilatação
vasos. ECA no rato SHR e no modelo reno- e aumento de complacência vascular
vascular (acentuada hipertrofia vas- com doses maiores. Em pacientes
cular) foram comparados56. Avaliação hipertensos61, o captopril produziu
Estudos experimentais da complacência estática demonstrou aumento agudo do diâmetro braquial e
que nos animais hipertensos a parede em menor escala do diâmetro caro-
Os estudos estáticos (aumentos tídeo, e com o tratamento crônico com
arterial era mais rígida, com redução
escalonados de pressão e registro do IECA o aumento de diâmetro foi man-
da complacência aórtica e carotídea.
diâmetro) de complacência arterial tido durante o tratamento por 3 a 12
Tais diferenças foram normalizadas
realizados em vasos isolados distorcem com o uso do IECA e paralelamente meses62. Devemos lembrar que o
de tal forma o ambiente neuro-humoral houve reversão das alterações estru- aumento de diâmetro arterial na vigên-
e hemodinâmico da artéria que, hoje, turais vasculares, tais como hipertrofia cia de redução tensional implica efeito
não se surpreende que os resultados e acúmulo de colágeno. Em um proto- vasodilatador direto dos IECAs em
obtidos sejam tão conflitantes. Os gran- colo preventivo57, (Tabela 1) o uso artérias musculares. Os efeitos dos
des troncos arteriais respondem de crônico de quinapril foi capaz de preve- IECAs em humanos envolve o bloqueio
forma tão rápida e intensa à manipula- nir a hipertrofia e o acúmulo de coláge- da produção de Ang II e, possivel-
ção experimental que os esforços têm no na aorta torácica de animais SHR. mente, alterações da função endotelial
sido concentrados no desenvolvimen- A hidralazina, produzindo respostas através de bradicina e prostaglan-
to de técnicas não invasivas, in vivo, hipotensoras semelhantes, não foi dinas63,64. O aumento do diâmetro
nas quais a função arterial poderia ser capaz de prevenir o acúmulo de colá- braquial produzido pelos IECAs está
avaliada dinamicamente com a menor geno. Um estudo subseqüente58, com relacionado ainda a um aumento da
interferência possível. Mesmo assim, o mesmo protocolo utilizando antago- velocidade de fluxo causada pela
Levy53 e Benetos54 obtiveram aumen- nistas de receptores AT 1 e o vasodilatação periférica. Essa mudan-
tos da complacência aórtica in situ, antagonista de receptores β2 da ça no shear-stress é percebida pelo
em animais SHR tratados com IECA, bradicina HOE140, não conseguiu endotélio que, se funcional, libera NO
e parte desses efeitos foi abolida com evidenciar um papel significativo da e promove vasodilatação. Um estudo
a remoção do endotélio, indicando que bradicina na prevenção do acúmulo crônico com perindopril65 em hiper-
os efeitos dos IECA sobre as pro- de colagens promovida pelo IECA. tensos mostrou que, após a oclusão da
priedades viscoelásticas da parede Esses achados confirmam os estudos circulação no punho, a redução de
arterial dependem da função endote- de cultura celular que mostram que a diâmetro da artéria braquial (por redu-
lial. Os mesmos resultados foram obti- Ang II estimula diretamente a síntese ção de fluxo) foi sempre menor no
dos com o uso da saralasina e da de colágeno9. grupo tratado com perindopril que nos

Tabela 1 – Parâmetros histomorfométricos da aorta torácica após 4 meses de tratamento com quinapril versus placebo e
hidralazina em ratos SHR61
P Q1 Q10 H
(n = 12) (n = 12) (n = 12) (n = 12)
Espessura medial, mm 125 ± 19 115 ± 9 101 ± 12**‡ 99 ± 13**‡‡
Conteúdo de elastinat, x 102 mm2/mm 29,1 ± 6,5 26,2 ± 4,9 23,8 ± 3,4 27,2 ± 4,1
Densidade do colágeno,% 17,6 ± 3,9 12,7 ± 3,6**† 14,3 ± 4,1 18,8 ± 4,9
Conteúdo do colágeno, x 102 mm2/mm 21,9 ± 4,7 15,3 ± 4,6** 14,3 ± 4,0** 18,6 ± 5,0
Densidade nuclear, n/campo 10,3 ± 1,8 14,6 ± 4,8* 15,5 ± 3,6* 19,7 ± 6,0**†
Conteúdo nuclear, n/mm 230 ± 58 292 ± 59 291 ± 87 322 ± 58
Valores estão expressos como média ± desvio-padrão; * p < 0,05, ** p < 0,01 versus placebo; ‡ p < 0,05, ‡‡ p < 0,01 versus Q1; † p < 0,01 versus
hidralazina. P = placebo; H = hidralazina; Q1 = quinapril: 1 mg/kg/dia, Q10 = quinapril: 10 mg/kg/dia61.

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289

indivíduos tratados com o placebo. quanto tais efeitos não ocorreram com estudo. Trata-se, porém, de um
Isso sugere que outros fatores, além associação de hidroclorotiazida + ami- modelo complexo no qual é difícil a
da dilatação fluxo-dependente, lorida, a despeito de efeito hipotensor distinção entre os efeitos vasculares
estariam envolvidos no efeito vasodi- equivalente. diretos e os efeitos hipotensores da
latador dos IECAs. Barenbrock68, em um estudo duplo- droga. Devemos lembrar também que
Vários mecanismos estariam cego randomizado, comparou os efeitos a VOP varia com a raiz quadrada da
envolvidos no aumento da compla- do lisinopril e do metoprolol e observou distensibilidade aórtica e, portanto,
cência e distensibilidade observado no aumento da distensibilidade carotídea reduções dessa monta se revestem de
tratamento com os IECAs. Somente a apenas com o IECA. Outros estudos significado biológico e possivelmente
redução da pressão arterial explicaria obtiveram resultados semelhantes69,70 clínico. Em todo caso, é possível que
a melhora de complacência, porém, o que, porém, não se confirmaram no estudos mais prolongados fossem
nítido efeito vasodilatador desta classe estudo PERICLES71, no qual se obteve capazes de melhor reverter as altera-
de droga mantém a tensão parietal e os mesmos valores de redução de ções vasculares estruturais que se
anula a redução tensional. O papel das espessura e aumento de distensibilidade estabeleceram (por vezes, ao longo de
alterações do tônus sobre a distensi- radial em hipertensos idosos, após o décadas) nos pacientes hipertensos.
bilidade é ainda mais controverso. Há tratamento com perindopril ou
autores que defendem a tese de que o hidroclorotiazida. É possível que no
aumento de tônus mantém a artéria idoso, com atividade de renina baixa, o Conclusão
em sua faixa de trabalho mais elástica, fator hipotensor seja o mais importante
enquanto a artéria completamente na reversão de alterações vasculares. O conjunto das evidências citadas
dilatada repousaria sobre a rígida rede Recentemente, um ensaio clínico acima aponta para um papel maior do
de colágeno66. Dessa forma, resta multicêntrico internacional (estudo SRAA no estabelecimento da lesão
como explicação mais plausível para Complior; em fase de publicação) ava- vascular hipertensiva. A supressão
os efeitos dos IECAs sobre a mecânica liou os efeitos do tratamento por 6 farmacológica desse sistema, seja pela
arterial, a sua capacidade de modificar, meses com o perindopril sobre a dis- da inibição da enzima conversora de
a longo prazo, a estrutura da parede tensibilidade aórtica avaliada por meio angiotensina I ou do antagonismo de
vascular. O estudo de Kool67 mostra da velocidade de pulso carotídeo-fe- receptores AT1, parece ser a estra-
melhora da complacência carotídea, moral (VOP). Uma redução de cerca tégia mais racional para a prevenção
femoral e braquial com o IECA en- de 10% da VOP foi obtida, ao final do e reversão dessas alterações.

Abstract composição of the extracelular matrix. The envolvement


Renin-angiotensin-aldosterone system and of this system in the vascular wall thickening together with
hypertensive vascular lesion the narrowing of the lumen, as observed in stablished
The role of the renin-angiotensin-aldosterone system in arterial hypertension, has been demonstrated by the the
the long term control of the arterial pressure envolves pharmacological inhibition of the angiotensin converting
vasoconstriction, modulation of the sympathetic output enzyme or the antagonism of AT1 receptors. Finally, the
and of the renal handling of salt. However, in the last few mechanical behaviour of the large arteries are strongly
years, experimental and clinical studies have been pointed influenced by the RAS since this system stimulates collagen
the RAS as a major humoral influence on the trophic deposition and in by this way determines its visco-elastic
response of the vascular smooth muscle cell and also the properties.

Keywords: Arterial hypertension; Renin-angiotensin-aldosterone system; Artery.

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