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INTRODUÇÃO
ENFOQUESCOMPONENCUUSDA
Abordar a Teoria Triárquica da Inteligência
(TTI) significa descrever, ainda que sucintamente, o INTELIGÊNCIA
Modelo Componencial da Inteligência. É concebido como
o conjunto de vários sistemas teóricos que surgiram no CORRELATOS COG ITIVOS
final dos anos 50. Objetivava suprir algumas lacunas do
Modelo Psicometrista, dentre as quais destacam-se a Os teóricos dessa vertente empregam uma
incapacidade para: metodologia do tipo experimental, que obje iva, funda-
mentalmente, medir a rapidez o samen o da in-
formação (o tempo de reação do organismo em termos
1 Coordenador do Laboratório de Pesquisas em Avaliação e Me-
dida (LABPAM) do Mestrado em Avaliação Educacional - de raciocínio) correlacionando-o com os escores obti-
FACED - UFC. E-mail: andriola@ufc.br dos pelo sujeito em testes de inteligência (HUNT, 1981).
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Abordado esse pré-requisito para a resolução de primeira refere-se ao fato da aprendizagem não poder
um problema, surge a necessidade de caracterizar os ser avaliada em sua essência, isto é, o avaliador dispõe
mecanismos cognitivos utilizados pelo indivíduo em tal apenas de algumas informações, geralmente a partir do
atividade. Deve ser mencionado que os teóricos da inte- rendimento dos aprendizes, cujo somatório não
ligência têm um ponto em comum: assumem que os pro- corresponde à totalidade do fenômeno abordado: a apren-
blemas mais adequados ao uso do raciocínio são aqueles dizagem. Em outras palavras, a aprendizagem é um
apresentados em forma de analogia (ANDRIOLA, 1996). construto latente que não pode ser observada direta-
Segundo STERNBERG (1977 a,b), são os se- mente. A opção do avaliador é a observação de com-
guintes os mecanismos cognitivos, componentes do ra- portamentos (coleta de informações) que, teoricamente,
ciocínio, e necessários à resolução de um problema em são reflexos da aprendizagem. O ideal é que tais infor-
forma de analogia: mações sejam resultantes de observações sistemáticas
• CODIFICAÇÃO - refere-se à percepção, (avaliações), tornando-se válidas e fidedignas.
codificação e registro na memória operativa (MCP) das A segunda limitação é decorrente da primeira e
características mais relevantes do problema, para a sua está relacionada ao fato de ser o rendimento escolar
posterior solução; apenas uma estimativa pontual do grau de aprendiza-
• INFERÊNCIA - é a tentativa de estabeleci- gem do aluno. Isto porque o rendimento, em um dado
mento de uma relação entre os dois primeiros elemen- momento, está condicionado a inúmeros fatores imedia-
tos da analogia, que deve ser retida na memória de tos que influenciam as respostas do aprendiz. Podem
trabalho (MCP); ser destacados o ambiente (iluminação, acústica, tem-
• MAPEAMENTO - é a tentativa de estabele- peratura, etc.); a natureza da avaliação (prova escrita,
cer uma relação entre o primeiro e o terceiro elemento prova oral, prova prática, etc.); o estado do respondente
da analogia, retendo-o na memória operativa (MCP); (motivação, atenção, concentração, etc.) e a metodologia
• APLICAÇÃO - é a comparação do terceiro de avaliação (individual ou coletiva). Dessa maneira, o
elemento da analogia com cada uma das opções pro- desempenho do aprendiz, num dado momento, é uma
postas como resposta, para verificar se a relação inferida, informação que possibilita ao avaliador realizar
anteriormente, aplica-se corretamente; inferências sobre o grau de aprendizagem do mesmo.
• JUSTIFICAÇÃO - trata-se de justificar a res- Apesar desses problemas subjacentes ao ato de a aliar,
posta como sendo a mais adequada à resolução da ana- o rendimento escolar fornece ao avaliador elementos
logia. Tal processo é utilizado quando uma analogia importantes sobre a aprendizagem do aluno e, em últi-
apresenta opções bastante semelhantes à resposta cor- ma instância, sobre o uso eficaz do raciocínio.
reta e, geralmente, implica em recorrer à MLP;
• RESPOSTA - é a complementação da analo-
gia, através da indicação da opção considerada como a POSSIBILIDADES DE USO DA
resposta correta.
EM SALA DE AULA
APRENDIZAGEM E
Como afirma MOULY (19
RENDIMENTO ESCOLAR pais razões para a existência da es
de estimular a solução de pro le
A aprendizagem, segundo a TIl, é a capacida- são da realidade, de forma q e 05 s
de que o indivíduo tem de utilizar, de maneira eficiente, sejam capazes de lidar. de m e 5
os mecanismos cognitivos componentes do raciocínio problemas da sociedade.
na atividade de resolução de problemas. Já o rendimen- Assim o uso da TI1 e
to escolar é o desempenho, em termos de comporta- em princípio restringi -se
mentos observáveis, do indivíduo em situações problemas de apre izage P
padronizadas de avaliação. O desempenho é, teorica- SPRlNTRAL 199"'. De (i; o o o os mesmos, os
mente, resultante do uso do raciocínio, ou, em outras pressupostos da TIl e 'em ara q e o alunos apren-
palavras, da aprendizagem. dam a pensar. É o q e e o ven io ou hamar generi-
Abordar o rendimento escolar significa falar em camente, Programas de Enriquecimento Instrumental
avaliação da aprendizagem, que, geralmente, implica em (ALMEIDA 1993 ALMEIDA & ORAIS, 1992
aceitar duas limitações presentes nessa ati idade. A SPRINTHAL & SPRDITHAL, 1993) e Programas de
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Assim, hipotetiza-se ter sido dada uma estimu- (iii) localizar e utilizar recursos exte
lação adequada ao aluno, possibilitando-o a procurar sala de aula, de modo a incorporar o
soluções para problemas que digam respeito ao ambi- nhecimento obtido com estas fontes ao pro-
ente escolar e estejam diretamente ligados ao seu coti- cesso de aprendizagem;
diano (contexto sociocultural). (iv) sintetizar o conhecimento e aplicá-Io
em novas situações;
(v) preparar-se para diferentes tipos de
RELEVÂNCIA DA APLICAÇÃO exames avaliativos da aprendizagem;
(vi) estabelecer estratégias para o uso ra-
DA ITI EM SALA DE AULA cional do tempo disponível;
(vii) aceitar e aprender com as críticas
Para defender a relevância da aplicação da TIl em surgidas.
sala, deve-se indagar quais as habilidades essenciais ao
bom rendimento escolar. Para GRACELLI (1983), tais Evidentemente, a escola tem um papel de suma im-
habilidades são consideradas competências acadêmi- portância para o desenvolvimento, no aprendiz, das com-
cas básicas para o aprendizado do conteúdo de qual- petências básicas que foram apresentadas. Todavia, os
quer disciplina, destacando-se as competências para: conteúdos programáticos e os métodos de ensino deve-
• ler: consiste na habilidade para identificar e com- rão preocupar-se muito mais com o desenvolvimento
preender as idéias principais e subordinadas, num tra- dessas competências e menos com a apresentação de
balho escrito. Tal competência tem uma estreita relação conhecimento factual destituído de uma verdadeira fun-
com o processo cognitivo componente do raciocínio, ção formadora.
denominado de codificação; É exatamente para atingir o primeiro objetivo, ou
• escrever: consiste na habilidade de conceber e orga- seja, de proporcionar o desenvolvimento de competên-
nizar idéias sobre um assunto com o propósito de elabo- cias básicas ao aprendiz, que surge a relevância da uti-
ração de uma redação. Há uma relação significativa com lização, em sala de aula, da Teoria Triárquica da
os processos cognitivos componentes do raciocínio e de- Inteligência.
nominados de mapeamento e inferência;
•falar e ouvir: consiste na habilidade para participar,
de modo crítico e construtivo, do intercâmbio de idéias,
particularmente durante as discussões em sala de aula.
BIBLIOGRAFIA
Mais uma vez a relação com os processos de mapeamento
e inferência; ALMEIDA, L.S. & Morais, M.F. (1992). Educabilidade
• realizar cálculos matemáticos: consiste na habili- cognitiva: conceptualização, operacionalização e in-
dade de selecionar e utilizar estratégias cognitivas ade- tervenção. Inovação, 5 (2/3), 29-52.
quadas à resolução de problemas numéricos. Compreende ALMEIDA, L.S. (1993). Capacitar a escola para o
todos os processos caracterizadores do raciocínio; sucesso. Edipsico: Vila Nova de Gaia.
• raciocinar: consiste na habilidade de identificar e ANDRlOLA, W. B. (1996). Avaliação da Inteligência:
formular problemas, como também de propor soluções contribuições da Teoria do processamento da Infor-
e avaliar as diferentes maneiras de resolvê-Ios. Os pro- mação ou Componencial à Teoria Psicométrica. Psi-
cessos cognitivos subjacentes à tal habilidade já foram cologia Argumento, XIX, 117-128.
apresentados neste mesmo trabalho; GRACELLI, A. (1983). O processo de seleção na Uni-
• estudar: esta habilidade difere das anteriores, es- versidade brasileira: colocação do problema. Edu-
pecificamente quanto à sua natureza, sendo importante cação e Seleção, 8, 28-34.
para a aquisição das competências descritas anterior- HUNT, (1992). A capacidade erbal. In: R 1. Sternberg
mente. Consiste, basicamente, em: (Org.). As capacidades Inrelectuais Humanas.
Uma Abordagem em Processamento de Informa-
(i) estabelecer metas e prioridades consis- ções. Porto Alegre: Artes édicas.
tentes com os objetivos do curso e com o MOULY G. J. (19 3). Psicologia Educacional. São
progresso desejado; Paulo: Pioneira.
(ii) estabelecer hábitos, individuais e cole- SBET J. (1992). Ensinar e aprender a pensar: uma
tivos, de estudo; (re)visão temática. Inovação, 5 (2/3), 17-27.
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