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A Grande Depressão e o Surgimento Da Macroeconomia PDF
A Grande Depressão e o Surgimento Da Macroeconomia PDF
Cláudio Gontijo
John Jacob Raskob, publicou um artigo com o título "Todos Devem Ser Ricos" na revista
feminina Ladies Home Journal, sugerindo que todo norte-americano deveria investir US$ 15 por
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semana em ações ordinárias (Raskob esqueceu-se de dizer que o salário médio semanal de
um trabalhador norte-americano estava entre US$17 e US$22!).
Em discurso proferido quando de sua aceitação como candidato do Partido Republicado para
2
para US$ 3,5 bilhões em fins de 1927, US$ 5,0 bilhões no dia 1º de novembro de 1928 e mais
de US$ 7,0 bilhões nas véspera do crash da Bolsa de Nova York.
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economicamente ativa. De dia para noite, floresceram, nas grandes cidades norte-
americanas, as “Hoovervilles” – favelas de desempregados sem-teto.
Em razão do peso da economia
norte-americana, que respondia por
45% da produção industrial e por
12,5% das importações mundiais, e do
papel estratégico da mesma no cenário
internacional, dado ser os EUA o
maior credor e o maior investidor do
mundo, a recessão propagou-se
rapidamente, favorecida pelas políticas
econômicas adotadas pelos países
capitalistas, cujos governos defendiam
o equilíbrio orçamentário e a não-
intervenção do setor público na “Hoovervilles”: Favelas que se espalharam pelas
principais cidades dos Estados Unidos
economia. Se saída, ocorreu forte
declínio das importações, assim como um movimento de repatriação maciça dos capitais
norte-americanos investidos no exterior, o que afetou negativamente as economias dos
outros países, que também entraram em recessão, com a conseqüente queda das
importações, provocada não apenas pela redução do nível da atividade econômica, mas
também pelas medidas de controle (aumento das tarifas alfandegárias e introdução de
barreiras não tarifárias) adotadas pela maioria dos países. Como as importações de uns
significam as exportações de outros, caíram as exportações de todos, fazendo com que a
contração econômica se ampliasse,
realimentando o processo. Como
resultado, o valor do comércio
internacional despencou de US$ 2.998
milhões em janeiro de 1929 para US$
1.839 milhões em janeiro de 1931 e
US$ 992 milhões em 1933.
No princípio, os homens de
negócio, os economistas e os políticos
acreditavam que a contração do nível
da atividade econômica seria
temporária e que, inclusive,
contribuiria para reduzir a especulação
e as práticas corruptas de empresários
inescrupulosos. Afinal, baseando-se na Corrida bancária nos EUA durante a Grande Depressão
chamada “mão invisível” de Adam
Smith, a maioria dos economistas de então acreditava firmemente que os mecanismos
de mercado conduziriam a economia, mais cedo ou mais tarde, para a sua posição
anterior, da qual se havia afastado em razão do crash da Bolsa, pois a queda dos salários
provocada pela expansão do desemprego induziria os empresários a contratar mais mão-
de-obra, o que reduziria o desemprego e aumentaria a produção. Não foi sem motivo,
pois, que a então famosa Sociedade Econômica de Harvard, que predissera uma
recessão a partir do princípio de 1929, emitiu diversos pareceres otimistas prevendo o
fim da crise para breve. Assim, no dia 1º de março de 1930, declarou que “a atividade
manufatureira encontra-se, de maneira definitiva, no caminho do recrescimento”. No dia
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31 de outubro de 1931, a Sociedade – que seria dissolvida pouco depois – afirmou que a
estabilização seria “nitidamente possível no nível atual da depressão”.
Figura 2.1
Valor do Comércio Internacional, 1929-1933
Em US$ milhões
jan
3000
dez fev
2000
nov mar
1000
out 0 abr
set mai
ago jun
jul
Figura 2.2
Índices da Produção Industrial
Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido, 1929-1938
1929=100