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CELULOSE MICROCRISTALINA

CELULOSE
MICROCRISTALINA
OU, SIMPLESMENTE,
CMC
A celulose microcristalina (CMC) é um ingrediente
único que pode ser chamado de multifuncional, pois age
como controlador de viscosidade, agente de geleificação,
modificador de textura, estabilizador de suspensão,
desengordurante, inibidor na formação de cristais de gelo,
estabilizador de formas, absorvente de água, agente não
adesivo, emulsificador, etc.

Uma visão geral lização de novos tipos de MCC sob mineral ácida diluída em meio aquo-
sua própria marca, Ceolus®. so. Durante a hidrólise, as moléculas
A celulose microcristalina (MCC, Por mais de trinta anos, a MCC ácidas penetram nas regiões amorfas
em inglês) é preparada a partir da tem sido amplamente utilizada como e decompõem as ligações β-1,4 entre
celulose natural, após purificação. A um aditivo para fármacos, alimen- as unidades de glicopiranoses celuló-
hidrólise sob condições controladas tos, cosméticos, uso industrial em sicas. A glicose e os oligossacarídeos
libera os microcristais celulósicos geral, etc., porém, recentemente celulósicos hidrossolúveis resultantes
estáveis, os quais são compostos de sua aplicação como fibra dietética são removidos por uma lavagem e fil-
feixes firmes de cadeias de celulose tem chamado atenção na área da tração subseqüentes. A massa úmida
em um arranjo linear rígido. O Dr. indústria alimentícia. A MCC, ou em remanescente contém apenas regiões
O. A. Batista, da FMC Corporation, português, CMC, possui uma série cristalinas puras de celulose natural.
Estados Unidos, descobriu e esta- de propriedades únicas, como um Existem três tipos de produtos de
ADITIVOS & INGREDIENTES

beleceu seus métodos de prepara- insolúvel aquoso, partícula em forma MCC comercializados para uso em
ção em 1955. Desde então, a FMC de haste, o que tem explicado sua alimentos:
Corporation (Estados Unidos) tem ampla aplicabilidade, especialmente • MCC em pó - Avicel® FD e
comercializado celulose microcrista- no campo dos alimentos. Ceolus® ST;
lina sob a marca Avicel®, bem como A MCC é preparada por hidrólise • MCC coloidal - Avicel® RC e
a Asahi Chemical Industry Co., Ltd. ácida a partir da polpa de madeira Ceolus® SC;
(Japão), que adquiriu a licença para altamente purificada sob condições • MCC em pasta - Ceolus® Cream FP.
o uso da marca Avicel®. Em 1996, a controladas. No primeiro estágio, a A Figura 1 mostra o processo para
Asahi Chemical iniciou a comercia- polpa é tratada com uma solução manufatura destes três tipos de MCC.

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CELULOSE MICROCRISTALINA

FIGURA 1 - PROCESSO DE MANUFATURA DOS


celulose ou polissacarídeos hidros-
TRÊS TIPOS DE CELULOSE MICROCRISTALINA solúveis, como carboximetilcelulose
sódica, goma xantana e goma karaya.
Celulose Refino por Secagem Os hidrocolóides agem como uma
altamente MCC Tipo de pó barreira dispersante para as partí-
purificada hidrólise
culas adjacentes de MCC, evitando a
Redução do re-agregação durante o processo de
tamanho secagem. Desta forma, as partículas
primárias podem ser uniformemente
re-dispersadas na água quando as
MCC Secagem dos MCCs tipo coloidais são colocadas em
Atritada hidrocolólides Tipo coloidal
água com cisalhamento adequado.
As dispersões aquosas de Avicel®
RC e de Ceolus® SC são dispersões
brancas e opacas, sem líquido flutu-
ante e qualquer sedimentação. Os
dispersantes da barreira hidrofílica
Ajuste da
Tipo pasta são hidratados e dissolvidos na água,
concetração
permitindo que os microcristais celu-
lósicos dispersem de forma indepen-
MMC em pó - A massa úmida de Este processo é chamado de atrito. dente. Estas partículas dispersas de
MCC refinada é misturada com água Conforme a distribuição entre as mi- MCC primária formam uma estrutura
e a pasta resultante é neutralizada crofibrilas e as partículas cristalitos tridimensional que proporcionam
e desidratada para se produzir as obtém-se a funcionalidade desejada. várias propriedades funcionais para
categorias de MCC tipo pó. As par- A concentração de MCC é então a Avicel® RC e para a Ceolus® SC. A
tículas secas têm alta fluidez e uma ajustada para se produzir a celulose Tabela 1 lista os graus e propriedades
elevada porosidade, visto que são microcristalina tipo pasta. da Avicel® RC e da Ceolus® SC.
um agregado de muitos materiais Na secagem da celulose atritada
ligados, compostos por partículas de formam-se cadeias intermoleculares Estrutura
MCC primária, as quais são unidas de hidrogênio entre as superfícies
fortemente por pontes de hidrogê- das partículas de MCC primária Uma molécula de celulose (veja
nio, o que impede a sua liberação de adjacentes, que não são facilmente Figura 2) tem um arranjo linear de
maneira individual. re-hidratadas. A fim de dar uma capa- unidades de D-glicose conectadas
cidade de dispersão para as partículas por ligação β-1,4: [C6H10O5]n e possui
MMC coloidal e em pasta - A ce- secas de MCC, uma superfície da muitos grupos hidroxílicos disponí-
lulose hidrolisada é quebrada em pe- partícula MCC primária é revestida veis para participarem no encadea-
quenos fragmentos, que são cisalha- com hidrocolóides. mento de hidrogênio entre as cadeias
dos para liberar as microfibrilas A MCC tipo coloidal é uma mis- moleculares de celulose adjacente.
celulósicas e os cristalitos agrega- tura co-processada de MCC e hidro- As fortes ligações de hidrogênio
dos (partículas de MCC primária). colóides (derivados hidrossolúveis de produzem um conjunto de cadeias
Tabela 1 – Graus e propriedades das celuloses microcristalinas Avicel® e Ceolus®
Tipo pó Tipo coloidal Tipo pasta
Avicel® FD-101 Ceolus® ST-01 Avicel® RC-N81 Avicel® RC-N30 Avicel® RC-591 Ceolus® SC-N43 Ceolus® FP-03
Grau
Standard Altamente Standard Dispersão fácil Dispersão fácil Dispersão fácil Dispersada
compressível
(Hidrocolóides) (não) (não) (karaya, dextrina) (dextrina, xantana) (CMC-Na) (dextrina, xantana) (não)
Água/óleo Insolúvel Parcialmente solúvel em água Parcialmente solúvel em água Insolúvel
Dil-alcalina Parcialmente solúvel Parcialmente solúvel Parcialmente solúvel Parcialm. solúvel
Hidrossolúvel Dilatação Dilatação Dilatação Dilatação
ADITIVOS & INGREDIENTES

Dil-ácida Insolúvel Parcialmente solúvel Insolúvel/Dilat. Parcialm. solúvel Insolúvel


Solvente orgânico Insolúvel Insolúvel Insolúvel Insolúvel
Dispersão Água fria/quente - Dispersão fácil Dispersão fácil
Peso específico aparente 0,3 0,13 ~ 0,23 0,6 0,6 –
Valor de absorção Absorção de água 2~3 1,7 ~ 2,7 – –

máxima Absorção de óleo 1,2 ~ 1,4 1,7 ~ 2,0 – –
Diâmetro médio da partícula 40μm 60μm – – 3 ~ 4 μm
Cor Branca Branca ~ branca levemente amarelada Branca ~ branca levemente amarelada

Notas: O peso específico da celulose microcristalina é cerca de 1,55g/cm³.
Valor de absorção máxima – conforme norma JIS K-5101.
Todos os graus são produzidos por Asahi Chemical Industry Co., Ltd., Japão.

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moleculares de celulose chamadas damente, 5nm de espessura), cujo quadrado: a microfibrila consiste em
microfibrilas. Na parede secundária comprimento é igual ao do peso mo- 100 moléculas de celulose. Mesmo
de madeira, as cadeias de celulose lecular levelling-off (aproximadamen- que estas 100 cadeias de celulose
formam microfibrilas com 5nm a te, 100 a 150nm). Na verdade, todos formem fortes ligações de hidrogê-
10nm de espessura. Essa espessura os elementos se unem com fortes nio entre elas, criando um cristal de
pode corresponder à de um conjunto ligações de hidrogênio, construindo celulose completo na microfibrila,
formado por dezenas a centenas de agregados cristalitos muito maiores 36 moléculas de celulose existentes
cadeias de celulose. Dentro dos con- (partículas de MCC primária). na camada superficial da microfibri-
juntos, existem regiões cristalinas e Sugiyama et al. estudou as dis- la não podem fazer ligações fortes
amorfas nas microfibrilas. persões aquosas de MCC utilizando de hidrogênio com as moléculas de
A celulose nativa nos vegetais espalhamento neutrônico de ângulo celulose na camada superficial de
superiores mostra o seguinte padrão reduzido, demonstrando que os uma microfibrila adjacente. Assim,
de difração de celulose I aos raios-X: perfis de espalhamento mostraram 36% das moléculas de celulose na
três picos distintos correspondendo uma estrutura fractal com uma di- microfibrila na região cristalina não
a (110), (110) e (200). Os planos são mensão de 2.2. O tamanho mínimo participam inteiramente na confec-
observados nos ângulos de difração da estrutura fractal foi de aproxima- ção do cristal de celulose. Portanto,
2θ = 14,8º, 16,3º e 22,6º, respecti- damente 6nm. É de se salientar que se a espessura da microfibrila é 5nm,
vamente. o comprimento do elemento acima o grau de cristalinidade não seria de
A maioria dos vegetais sintetiza mencionado é muito maior do que o 100% e também seria maior do que
biologicamente moléculas de celulo- mínimo tamanho da estrutura fractal 64%. Se a espessura da microfibrila é
se na construção da parede celular. (6nm) e também que a espessura do 10nm, o grau de cristalinidade seria
Em madeiras macias, a celulose elemento combina muito bem com maior do que 81%.
responde por cerca de 50% do peso. o tamanho mínimo da estrutura
O grau de polimerização (DP) da ce- fractal na celulose microcristalina. Informações
lulose nativa depende da sua origem, É fundamentalmente útil ter-se uma
atingindo 8.000 em madeira natural. imagem da estrutura fractal para se técnicas
Já em polpa de madeira, o DP da ce- compreender as partículas de MCC.
lulose é menor, com variações entre Durante a hidrólise, a região Celulose microcristalina tipo pó
1.000 e 1.500. cristalina da celulose aumenta, por
Quando a celulose é hidrolisada isso a cristalinidade da MCC torna- Compressibilidade
com ácido mineral, a região amorfa se maior que a da celulose na polpa As MCCs tipo pó comerciais para
é removida como oligossacarídeos de madeira. É de se notar que o grau uso alimentício são a Avicel® FD e a
celulósicos hidrossolúveis e glicose. de cristalinidade da MCC não é de Ceolus® ST. Ambas têm propriedades
No estágio inicial da hidrólise, o 100%, mas entre 70% a 80% ao se excelentes como agentes ligantes
DP diminui drasticamente, mas se usar a difração por raios-X. Este fato para compressão direta de tabletes.
aproxima de um valor constante, o é consistentemente explicado ao se Como se pode observar na Figura 3
que é conhecido como levelling-off considerar o tamanho de uma micro- (a) e (b), as MCCs tipo pó são com-
DP. No caso de utilização de polpa fibrila, o número de moléculas de ce- postas de partículas agregadas de
de madeira como um precursor de lulose que compõem a microfibrila e MCC com formato único, de bastões
celulose microcristalina, o levelling- o efeito superficial na cristalinidade. irregulares. Quando comprimida
off DP varia entre 200 e 300. Neste Se a espessura de uma microfibrila bruscamente, resulta num tablete
sentido, um elemento de celulose é 5nm, a espessura da cadeia mole- duro, com uma superfície plana e
microcristalina seria um fragmento cular de celulose é 0,5nm e a secção vítrea sob baixa pressão, devido ao
de microfibrila celulósica (aproxima- cruzada de uma microfibrila é um emaranhamento das partículas. As
partículas agregadas de MCC da
FIGURA 2 – ESTRUTURA MOLECULAR DA CELULOSE Ceolus® ST-01 têm uma morfologia
única na forma de hastes longas e
OH estreitas, proporcionando compressi-
ADITIVOS & INGREDIENTES

HO bilidade significativamente mais alta


CH2 O OH do que o grau Avicel® FD.

O O Absorção
Como as partículas de MCC agre-
HO OH CH2 O gadas têm uma elevada porosidade, o
n seu peso específico aparente é menor
OH do que o peso específico real da pró-
pria celulose microcristalina. Ela tem

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gidas com uma distribuição uniforme dades de viscosidade dinâmicas das


FIGURA 3 - MICROSCOPIA
ELETRÔNICA DE VARREDURA
do tamanho de forma eficiente. Ela suspensões aquosas de partículas
DAS PARTÍCULAS DE CELULOSE tem sido utilizada como um agente de MCC, esclarecendo que a con-
MICROCRISTALINA adjuvante em granulação por leito tribuição entrópica do módulo de
fluidizado, por tamboreamento, etc. armazenamento seria (a) positivo
para temperaturas entre 5ºC e 70ºC
Celulose microcristalina tipo e (b) aumentaria com a elevação da
coloidal temperatura. Concluiu-se que estes
As partículas de MCC primária dados sugerem a formação de uma
que compõem as MCCs tipo coloi- rede tênue na dispersão, a qual se
dal (Avicel® RC e Ceolus® SC) são torna mais sólida em temperatura
partículas agregadas de celulose mais elevada.
(a)
microcristalina (partículas de MCC De acordo com o mesmo prin-
secundária), cuja superfície é co- cípio, a rede tridimensional das
berta com polímeros hidrossolúveis. partículas de MCC proporciona uma
Quando se adiciona água às MCCs estabilidade térmica num sistema
tipo coloidal com agitação adequada, MCC/hidrocolóides hidrossolúveis.
estes polímeros dilatam e misturam Sendo assim, a viscosidade da suspen-
facilmente, as partículas agregadas são é quase constante, ou levemente
de MCC secundária são desintegra- reduzida, em um intervalo de alta
das nas partículas primárias. Essas temperatura embora a viscosidade
(b)
inúmeras partículas de MCC primária fosse drasticamente reduzida em
desempenham um papel importante condições de alta temperatura se a
na realização de várias funções ex- MCC fosse omitida.
celentes em sua dispersão aquosa.
A Figura 3 mostra uma micrografia FIGURA 4 – EFEITO DA
eletrônica de varredura no pó da TEMPERATURA NA VISCOSIDADE
DA SUSPENSÃO AQUOSA DE
Avicel® RC-591.
CEOLUS® CREAM FP-03

Estabilidade de suspensão 150


As partículas de MCC primária
(c)
movem-se aleatoriamente conforme
Viscosity/mPa.s

100
o movimento de Brown, repelindo-se
propriedades excelentes de absorção umas às outras devido a sua carga elé-
50
e retenção de água, óleo e de outros trica na dispersão aquosa. Acima de 50
materiais úteis. Portanto, a Avicel® uma concentração crítica da Avicel®
0
FD pode ser usada para produção de RC, elas formam uma estrutura de 0 40 60 80 100
agentes aromáticos e outros de base rede tridimensional gradualmente, o Temperature/°C
oleosa. que pode suspender as finas partícu-
No caso de queijo em pó, há a las sólidas, formando suspensões es-
difusão do óleo no queijo, migrando táveis sem sinérese ou sedimentação. A Figura 5 mostra o comporta-
para a superfície do pó gradualmente, mento no desbaste por cisalhamento.
o que causa adesão do pó de queijo. Propriedade reológica O gel contendo Avicel® RC se decom-
A Avicel® FD pode reter o óleo e pre- As suspensões aquosas das partí- põe facilmente no cisalhamento, mas
venir a adesão. culas de MCC exibem uma das mais logo após a remoção do corte ele
incomuns e úteis características se recompõe com mínima perda na
Granulação como um estabilizante de viscosidade viscosidade. Quando as partículas de
A Avicel® tem excelente capacida- sobre uma ampla faixa de tempera- MCC numa solução dispersa são sub-
ADITIVOS & INGREDIENTES

de de hidro-retenção, o que permite turas. A Figura 4 mostra os efeito metidas a uma tensão de cisalhamen-
confeccionar produtos pastosos em da temperatura na viscosidade da to maior do que um valor produtivo,
uma ampla faixa de conteúdo de suspensão aquosa de Ceolus® Cream a estrutura de rede tridimensional
água, podendo, também, melhorar FP-03. A viscosidade aumenta com se desfaz. Uma partícula de MCC em
a fluidez da dilatância fluida. Além uma elevação na temperatura na forma de bastão é orientada para a
disso, a Avicel® tem uma função no faixa entre 20 e 60ºC e mantém pra- direção de corte porque esta posição
ligante, que é a prevenção à adesão ticamente o mesmo valor em 60ºC da partícula torna a tensão menor
entre os pós adjacentes de drogas, a na faixa de temperaturas superiores. na área de cisalhamento. Quando a
fim de se obter grânulos ou esferas rí- Nishinari et al. estudou as proprie- tensão é removida, as partículas de

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CELULOSE MICROCRISTALINA

reter uma considerável quantidade


FIGURA 5 – FLUIDEZ DA DISPERSÃO DE AVICEL® RC
de água, prevenindo a sinérese indu-
zida por choque térmico e mudança
de pressão. As partículas de MCC
fornecem um corpo único e textura
 para alimentos em massas, cremosos,
melhorando a forma de retenção dos
alimentos.
(a) (b)
Aspectos saudáveis
Substituição de gordura. A
MCC arranjam-se aleatoriamente Textura capacidade de hidro-retenção e a
outra vez e formam uma estrutura A celulose microcristalina é uma propriedade tixotrópica das dis-
tridimensional num breve espaço de partícula rígida insolúvel em água. persões de MCC fornecem proprie-
tempo. Portanto, comparada a outras gomas dades reológicas e de textura com
As suspensões da Avicel ® RCs hidrossolúveis, a estrutura de rede aparência similar à dos alimentos
exibem uma tixotropia (designação da Avicel® RC exibe menor viscosi- que contêm óleo ou gordura, como
dada à alteração da viscosidade por dade (por exemplo, a viscosidade molhos para saladas e sobremesas
ação mecânica em fluidos com con- da dispersão aquosa de CMC-Na geladas.
sistência de gel ou colóides). A Figu- 1,0% em peso está na ordem de 10² Baixa caloria. A celulose micro-
ra 6 mostra os efeitos da concentra- a 10³mPas, enquanto que a da dis- cristalina não é digerida por huma-
ção de MCC na curva tixotrópica das persão aquosa da Avicel® RC-N30 é nos, sendo, portanto, útil na redução
suspensões da Avicel® RC-591. Não de aproximadamente 10mPas). Isto do conteúdo efetivo de calorias de
se observa qualquer histerese a 0,5% proporciona uma textura refrescante alimentos.
em peso. Em 1,0% em peso, a rede de e inodora, indicando sua utiliza- Fibra dietética. A celulose mi-
celulose é relativamente grosseira, ção como redutora de textura em crocristalina pode ser utilizada
mas toda a suspensão é coberta com diversos alimentos e bebidas. Ela como uma fonte de fibra dietética
a rede e o comportamento tixotró- substitui gomas solúveis sem dar insolúvel.
pico começa a aparecer. Com um uma textura pastosa, fornecendo
aumento na concentração de MCC, a uma excelente opacidade a alimen- Aplicação
rede cresce rapidamente, tornando- tos e uma aparência branca leitosa
se mais espessa e a suspensão mostra brilhante a alimentos gelatinosos. da celulose
uma elevada tensão e uma tixotropia microcristalina
notável. Os valores produtivos da Capacidade de hidro-retenção
suspensão da Avicel® RC-591 foram A estrutura de rede tridimen-
tipo coloidal
observados acima de 1,0% em peso. sional das partículas de MCC pode em sistemas de
alimentos
FIGURA 6 – EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE MCC NA
TIXOTROPIA DE AVICEL® RC-591
A Tabela 2 mostra exemplos de
aplicações gerais de Avicel® e Ceolus®
em sistemas de alimentos.

Bebida láctea com chá verde


a. Formulações
A Tabela 3 mostra as formulações
para bebida láctea com chá verde.
ADITIVOS & INGREDIENTES

b. Procedimento
Após misturar os ingredientes
em pó (exceto o ácido ascórbico),
disperse-os em água morna (70ºC),
usando um misturador agitador sob
condições apropriadas.
Entre sete a oito minutos após
o início do processo de dispersão,
adicionar o ácido ascórbico.

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CELULOSE MICROCRISTALINA

Tabela 2 – Aplicação de Avicel® RC, Ceolus® SC, Ceolus® Cream FP e Ceolus® ST em sistemas de alimentos
Concentração
Aplicação Benefícios Grau padrão
[% em peso]
Previne a separação do soro de leite sem aumento da viscosidade
Sorvete Fornece textura refrescante
Milk shake Previne o crescimento dos cristais de gelo RC,SC,FP 0,2~0,6
Sorvete macio Fornece corpo e estabiliza a espuma
Melhora a extrusão e a resistência a choque térmico
Impede o creaming
Coberturas batidas Melhora o controle de transbordamento
RC,SC,FP 0,2~0,5
Branqueador de café Melhora a retenção de forma e estabiliza ao armazenar
Estabiliza a emulsificação ao esterilizar
Bebida de chocolate Estabiliza a suspensão enquanto previne o aumento de viscosidade
Energéticos Fornece textura refrescante
RC,SC, FP 0,3~0,5
Bebidas lácteas Previne a separação do soro de leite e de óleo
Sopas Estabiliza no armazenamento
Melhora a espalhabilidade e adiciona tixotropia
Geléia, pasta
Melhora a resistência ao calor RC,SC,FP 0,5~1,5
Recheios, pudins
Melhora a retenção de forma e fornece efeito de turvação
Estabiliza a emulsão e a suspensão
Aumenta o rendimento
Molhos
Melhora a resistência ao calor RC,SC,FP 0,5~3,0
Maioneses
Cria pequenas parelhas de óleo
Melhora a textura e reduz calorias
Fornece textura crocante
Alimentos congelados
Reduz a absorção de óleo RC,SC,FP 0,5~1,0
Massas para tortas
Melhora a liga da massa
Molho de mostarda Melhora a extrusão
RC,SC,FP 0,5~2,0
Pasta de wasabi Melhora a dispersão
Adiciona resistência ao congelamento (especialmente em pães confeitados)
Pães
Melhora a habilidade de hidro-retenção (aumenta o conteúdo úmido)
Massas RC,SC,FP 0,3~1,0
Reduz o envelhecimento
Panquecas
Melhora a rigidez
Queijo ralado
Absorção de óleo
Temperos FD 1,0~2,0
Previne a aderência
Sopas em pó
Alimentos em tabletes Fornece compressibilidade FD, ST 5,0~30,0

Tabela 3 – Formulação de bebida láctea com chá verde


Ingredientes Formulação RC-N81 Formulação RC-N30 Formulação RC-591 Controle
Açúcar 6,0% em peso 6,0 6,0 6,0
Leite puro em pó 3,35 3,35 3,35 3,35
Chá verde 0,4 0,4 0,4 0,4
Emulsificante¹ 0,2 0,2 0,2 0,2
ADITIVOS & INGREDIENTES

Ácido ascórbico 0,02 0,02 0,02 0,02


Avicel® RC-N81 0,4 - - -
Avicel® RC-N30 - 0,4 - -
Avicel®RC-591 - - 0,25 -
Água balanço balanço balanço balanço
Total 100 100 100 100
1. Éster graxo de glicerina

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CELULOSE MICROCRISTALINA

Homogeneizar em duas etapas:


FIGURA 7 – PROCEDIMENTO PARA PREPARO
1ª a 150kg/cm² e a 2ª a 200kg/cm².
DO LEITE FORTIFICADO COM CÁLCIO
Após o enchimento dos frascos
resistentes ao calor, pasteurize a
Dispersão Avicel® RD-N)081
121ºC por 30 minutos. em leite (homogeizador
Adicionar soro Pré-dispersão
Retire os frascos assim que a pres- de cálcio
Ace: 15.000rpm, 5 min.)
são igualar-se à atmosférica e resfrie
rapidamente com água corrente por
30 minutos.
Após o resfriamento, agite suave- Leite
mente em movimentos verticais por
três vezes.

c. Avaliação Homogeneização (homoge- Colocar em um tubo de


Estabilidade da dispersão: após neizador Manton-Gaulin: sedimentação de 100ml e descansar
o descanso de uma noite, medir o 150kg/cm2, passagem única por 18 a 20 horas.
volume da camada de sedimentação
(Vs, % por volume) e o da camada de
dispersão (Vd, % por volume). Verifi-
car o estado da emulsificação, i.e., Avaliação
a geração de sinérese, agregados e
sedimentos.
Re-dispersão: após a avaliação da Leite fortificado com cálcio uma estabilidade de dispersão fina,
estabilidade de dispersão, agite os a. Sumário mesmo após a sedimentação ter sido
frascos em movimentos verticais por No tratamento de leite forti- re-dispersa.
três vezes. Descansar por 10 minutos ficado com cálcio com Avicel ®
e medir Vs e Vd. Verificar novamente RC-N81, não houve formação de b. Procedimento
o estado de emulsificação. sedimentação rígida do soro de A Figura 7 mostra o procedimento
Viscosidade: medir a viscosidade cálcio, mesmo após 20 horas de para preparo do leite fortificado com
através de um viscosímetro tipo descanso. Apesar de se observar cálcio.
Brookfield a 20ºC. uma sedimentação suave no fundo,
Sabor: provar o sabor a 20ºC. esta foi facilmente re-dispersa por c. Avaliação
uma leve agitação. A Avicel® RC- Re-dispersibilidade: contar o nú-
d. Resultado N81 impede o contato direto de mero de vezes necessárias de agitação
A Tabela 4 mostra o sumário dos soro de cálcio formando agregados vertical do tubo antes da sedimen-
resultados da avaliação da bebida lác- suaves, em vez de rígidos. tação completamente redispersada.
tea com chá verde com Avicel® RCs. Com Avicel® RC-N81 foi obtida Estabilidade após re-dispersão:

Tabela 4 – Comparação dos resultados avaliados: bebida láctea com chá verde
Item avaliado Formulação RC-N81 Formulação RC-N30 Formulação RC-591 Blank
38,4/0
100/0 -/14,7
1. Estabilidade de O tom de cor da
36,8/0 Uma pequena O tom de cor da
dispersão camada de dispersão
O mesmo que à quantidade de sedimentação foi
Vd/ Vs estava levemente mais
esquerda sedimentação foi diferente daquele com
(% por volume) escura comparada com
observada no fundo a formulação RC
a camada superior
Sem anéis de óleo O mesmo que à O mesmo que à O mesmo que à
2. Emulsificação
Sem gordura agregada esquerda esquerda esquerda
ADITIVOS & INGREDIENTES

3. Re-dispersão: 100/0 100/0 100/0 -/14,7


Vd/ Vs Sedimentação tênue no O mesmo que à O mesmo que à Camada de
(% por volume) fundo esquerda esquerda sedimentação irregular
4. Viscosidade (mPa.s)
à taxa de cisalhamento 5,5 5,9 7,5 4,2
de 15,2s-1
Textura levemente
Textura refrescante Textura refrescante
5. Sabor: a 20ºC grosseira Mouthfeel liso e bom
Não aguado Aguado e insatisfatório
Mouthfeel liso e bom

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CELULOSE MICROCRISTALINA

Numerosos estudos toxicológicos sobre


alimentação em animais garantem o
uso seguro da celulose microcristalina
e os seus produtos são geralmente
reconhecidos como seguros em uso como
aditivos alimentícios (GRAS) há décadas.

Tabela 5 – Comparação da estabilidade de re-dispersão: A Tabela 6 mostra os conteúdos de


leite fortificado com cálcio MCC e κ-carragena nas aplicações em
Concentração (% em peso) Estabilidade de re-dispersão gelificados. A Avicel® é pré-dispersada
antecipadamente.
Vs em % do volume
Nº da Soro de RC-N81 Re-dispersão 15 30 60 120 c. Resultados
Corrida cálcio¹ (vezes) min. min. min. min.
Embora não havendo alteração
1 0,1 - 38 0,5 0,8 1,0 1,0 na força de trituração dos gelifica-
2 0,1 0,3 3 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 dos com a introdução de MCC no
1. Quantidade adicional de cálcio (Conteúdo de cálcio no soro de cálcio = 18% em peso) gel, foi anteriormente observada a
O conteúdo normal de cálcio no leite é de 100mg/100g = 0,1% em peso. Neste teste o conteúdo de cálcio está dobrado.
rigidez máxima durante a medição
após a re-dispersão, descansar a com carragena é melhorada.A “li- nos sistemas MCC e carragena.
amostra por certo período e medir gabilidade” da gelatina é diminuída. Além disso, a fragilidade dos géis
o volume da fração de sedimento Além de fornecer um bom diminuiu e a resistência após a
(Vs em % do volume). mouthfeel, mesmo após processo trituração aumentou. No sistema
de congelamento, há redução MCC/carragena, a consistência é
d. Resultados na força de trituração, na elas- ligeiramente transmitida, junto
A Tabela 5 mostra os resultados da ticidade e na fragilidade do gel. com a textura granulosa.
estabilidade de re-dispersão do leite Podem ocorrer sedimentação
fortificado com cálcio. e separação quando Avicel ® for Regulamentação
adicionada na forma em pó. Nes- Numerosos estudos toxicológi-
Gelificados te caso, recomenda-se preparar cos sobre alimentação em animais
Existem muitos alimentos ge- uma dispersão aquosa de Avicel ® garantem o uso seguro da celulose
lificados com textura similar no utilizando-se um misturador do- microcristalina e os seus produtos
mercado. A Avicel® tem atraído a méstico ou um homogeneizador são geralmente reconhecidos como
atenção como um único agente antecipadamente. seguros em uso como aditivos ali-
que pode fornecer uma textura mentícios (GRAS) há décadas. A
nova ao ser combinada com agentes b. Formulação celulose microcristalina é listada
gelificantes tradicionais. Quando Uma formulação padrão (contro- como ingrediente nas principais or-
a Avicel® é aplicada em alimentos le) de gelificados pode ser listada por ganizações mundiais, que regulam
gelificados, como pudins, geléias, % do peso como segue: e/ou controlam a produção e o con-
etc., a estrutura gel é modificada, sumo de alimentos, não havendo,
resultando numa textura diferente Agente gelificante (κ-carragena).........0,6% em peso até o presente momento qualquer
ADITIVOS & INGREDIENTES

no alimento. Açúcar.................................................20% em peso restrição relativa a toxicidade, bem


a. Sumário Água............................................................. Balanço como indicação de consumo diário.
Os alimentos gelificados com
MCC apresentam as seguintes pro- Tabela 6 – Conteúdos de MCC e κ-carragena aplicados em gelificados
priedades: RC-N30 κ-carragena
A sinérese do gel pode ser leve-
Controle - 0,6% em peso
mente prevenida.
A maciez do gel é melhorada. Avicel 0,5% em peso
®
0,5 0,7
A fragilidade da textura do gel Avicel® 1,0% em peso 1,0 0,8

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