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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

JULIA CARDOSO DE BARROS LEITE


NAYARA DOS SANTOS LOPES

DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE LIPÍDEOS POR


MÉTODO ENZIMÁTICO COLORIMÉTRICO

Mogi das Cruzes, SP


2020
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

JULIA CARDOSO DE BARROS LEITE


NAYARA DOS SANTOS LOPES

DETERMINAÇÃO DA CONCENTRÇÃO DE LIPÍDEOS POR


MÉTODO ENZIMÁTICO COLORIMÉTRICO

Relatório apresentado ao curso de


Farmácia da Universidade de Mogi das
Cruzes como parte dos requisitos de
aprovação da disciplina de Bioquímica
Clínica .

Prof° Orientador : Dra. Ana Claudia de Freitas


Oliveira

Mogi das Cruzes, SP


2020

SUMÁRIO

1.OBJETIVOS...................................................................................................................5

1.1 OBJETIVOS GERAIS............................................................................................5

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................5

2.MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................5

2.1 MATERIAIS...........................................................................................................5

2.2 MÉTODOS..............................................................................................................6

3.RESULTADOS..............................................................................................................8

3.1 RESULTADOS DOS CASOS CLÍNICOS...........................................................10

4.DISCUSSÃO................................................................................................................10

4.1 DISCUSSÃO DOS CASOS CLÍNICOS..............................................................15

5.CONCLUSÃO..............................................................................................................16

REFERÊNCIAS..............................................................................................................17
4

1.OBJETIVOS

1.1 OBJETIVOS GERAIS


Determinação da concentração total de colesterol e triglicérides em amostra de soro.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Estimar concentração de VLDL e LDL-c utilizando as fórmulas de Friedewald e
Martin
 Realizar cálculo de estratificação de risco cardiovascular dos pacientes em estudo de
determinação de lipídeos.
 Realizar cálculo de estratificação de risco cardiovascular em pacientes de condições
distintas.
 Discutir a respeito das condições clinicas de todos os perfil apresentados

2.MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 MATERIAIS
a) Pipetador automático (10 uL, 1mL)
b) Tubos de ensaio (6 unid.) + suporte
c) Banho maria
d) Água destilada
e) Espectrofotômetro
f) Cubetas de quartzo
g) Cronômetro
h) Kit enzimático de colesterol Labtest
i) Kit enzimático de triglicérides Biotécnica
j) Amostra de soro

2.2 MÉTODOS

O procedimento para determinação das concentrações de colesterol, iniciou-se com a


demarcação dos tubos de ensaio em A, B e P, sendo eles correspondentes a amostra, branco e
padrão respectivamente. Assim sendo, com auxílio de um pipetador automático adicionou-se
5

1 ml de reagente em cada um dos tubos demarcados, 0,01 mL de amostra de soro no tubo A,


e 0,01 mL de amostra padrão ao tubo P e manteve-se o tubo B somente o reagente. Em
seguida homogeneizaram-se os três tubos e transferiu todos os tubos para banho-maria a 37ºC
por 10 minutos.
O princípio do método enzimático utilizado consiste na hidrolise de ésteres de colesterol
pela colesterol esterase a colesterol livre e ácidos graxos conforme seguinte reação : Ésteres
Colesterol esterase
do colesterol Colesterol + Ácidos graxos. O colesterol livre é oxidado pela
colesterol oxidase a colest-4-en-ona e peróxido de hidrogênio. Na presença de peroxidase e
peróxido de hidrogênio, o fenol e a 4-aminoantipirina são oxidados formando a
Colesterol oxidase
antipirilquinonimina, conforme reação: Colesterol + O2 Colest-4-en-ona +
Peroxidase
H2O2.____ 2 H2O2 + Fenol + 4-Aminoantipirina Antipirilquinonimina + 4 H 2O
(BURTIS, BRUNS, 2016).
Conforme a bula do kit enzimático Labteste, a reação é estável por 60 minutos e deve-se
ler a absorbância durante este período. Desse modo, após o banho maria com os produtos
finais obtidos levou-se ao espectrofotômetro para medição. Tal medição é realizada baseado
nos princípios da Lei de Lambert-Beer que rege a espectrofotometria, onde afirma que a
concentração de uma substância é diretamente proporcional a quantidade de luz absorvida
(NEPOMUCENO, RUGGIERO, 2004).
Para leitura ao espectrofotômetro realizou-se a programação do aparelho a um
comprimento de onda de 500 nm. Em seguida, para inserir as amostras no aparelho, lavou-se
as cubetas e transferiu-se primeiramente o conteúdo do tubo B (Branco) a cubeta, para poder
zerar o equipamento previamente programado. Repetiu-se o mesmo procedimento para os
tubos A e P, anotando ao absorbância observada.
Após a anotação dos valores lidos, descartou-se o conteúdo de todas as cubetas e lavou-se
adequadamente cada cubeta com água destilada. O mesmo procedimento foi realizado
novamente, porém substituindo o reagente utilizando para o segundo procedimento o reagente
para triglicérides. Deste adicionou-se 1,0 mL em todos os tubos de ensaio .No tubo A
adicionou-se 10uL de amostra e ,no tubo P 10 de padrão e no tubo B manteve-se apenas o
reagente.
O fundamento do método da medicação de triglicérides consiste na hidrólise de
triglicérides presentes na amostra de soro através da enzima lipase, produzindo glicerol livre
Glicerol quinase Lipase
conforme exposto e descrito por Pizzo,2014 : Triglicérides Glicerol + Ácidos
graxos. A enzima glicerol quinase catalisa a fosforilação do glicerol livre pelo ATP formando
6

glicerol-3-fosfato que em presença de oxigênio sob a ação catalítica da enzima glicerol-P-


oxidase, produz peróxido de hidrogênio. A enzima peroxidase catalisa a oxidação do reagente
fenólico (4-clorofenol) pelo peróxido de hidrogênio formado, em presença de 4-
aminoantipirina, produzindo um composto rosa (quinonimina).Conforme reação descrita:
Glicerol + ATP Glicerol-3-fosfato + ADP
Glicerol P-quinase
Glicerol-3-fosfato + O2 Dihidroxiacetona -fosfato + H2O2
As amostras foram direcionas ao banho maria por 10 minutos a 37 °C. Posteriormente
levou-se a amostras para leitura no espectrofotômetro a um comprimento de onda de 505 nm.
Finalizou-se o experimento anotando os valores de absorbância encontrado para posterior
cálculo de concentração.

3.RESULTADOS

A partir do procedimento de leitura realizado no aparelho de espectrofotômetro, com


análise da solução padrão e amostra obtiveram-se os seguintes dados referente a absorbância :

 COLESTEROL TOTAL
Absorbância da amostra = 0,348 nm
Absorbância do padrão = 0,187 nm

 TRIGLICÉRIDES
Absorbância da amostra = 0,295 nm
Absorbância do padrão = 0,323 nm

Desta forma, para alcance dos resultados referentes aos valores de concentração de
triglicérides e colesterol total na amostra de soro utilizada no experimento, aplicou-se as
fórmulas para cálculo expostas nos kits enzimáticos utilizado ,sendo elas:

 COLESTEROL TOTAL
Colesterol total (mg/dL)= Abs. da Amostra x 200
Abs. Padrão

 TRIGLICÉRIDES
Triglicérides (mg/dL) = Abs. da Amostra x 200
Abs. Padrão
7

Logo ,aplicando os valores obtidos de absorbância as fórmulas descritas ,atingiu os


seguintes resultados de concentração :

 COLESTEROL TOTAL
Colesterol total (mg/dL ) = 0,348 / 0,187 x 200 = 372 mg/dL

 TRIGLICÉRIDES
Triglicérides (mg/dL) =0,295 /0,323 x 200 = 182 mg/dL

Ademais, para panorama do perfil lipídico ,calculou-se as frações de VLDL e LDL por meio
da aplicação das Fórmulas de Friedewald e Martin, conforme exposto e com os resultados
encontrados:

 FÓRMULA DE FRIEDEWALD

Colesterol LDL = [colesterol total ] – [Colesterol HDL – [triglicerídeo] /5

VLDL = [triglicerídeo] /5
VLDL = 182 mg/dL /5
VLDL = 36,4 mg/dL

LDC-c = CT – HDL-c –( TG /5)


LDL-c = 372 – 32 - ( 36,4 )
LDL c= 303,6 mg/dL

 FÓRMULA DE MARTIN

Colesterol LDL = [ colesterol total ] – [Colesterol HDL ] – [triglicerídeo] / X

Não HDL-c = CT- HDL


Não HDL-c = 372 -32
Não HDL-c = 340 mg/dL

Para alteração do divisor proposto pela fórmula de Martin, utilizou-se tabela de referência
cruzando os valores já existentes de triglicérides (mg/dL) e não HDL-c (mg/dL),no qual o
8

divisor indicado o foi de 5,1.Assim, substituindo o divisor deu prosseguimento ao cálculo e


obtenção dos resultados referentes a concentração de VLDL e LDL.

VLDL= [triglicerídeo] / X
VLDL=182 mg/dL / 5,1
VLDL =35,6 mg/dL

LDL-c = CT – HDL-c –( TG /X )
LDL-c= 372 – 32 – ( 35,6)
LDL-c= 304,4 mg/dL

3.1 RESULTADOS DOS CASOS CLÍNICOS

Com objetivo de realizar estratificação do risco cardiovascular em algumas situações


clinicas, utilizou-se a calculadora desenvolvida pela diretriz brasileira de dislipidemias e
prevenção da aterosclerose e com base nas informações relativas aos pacientes foram
fornecidos o risco cardiovascular e meta de redução dos níveis de colesterol.

a) Paciente: Homem, 59 anos, sem doença aterosclerótica significativa, portador de diabetes tipo
2, sem tratamento para dislipidemias. LDL calculado = 180 mg/dL.
Risco Cardiovascular: Alto
Meta LDL (mg/dL): Sem tratamento 90 mg/dL e < 70mg/dL com Estatinas

b) Paciente: Mulher, 49 anos, com doença aterosclerótica significativa e episódio prévio de


infarto, praticante de atividade física diária, sem demais alterações clínico-laboratoriais, com
tratamento para dislipidemias. LDL calculado = 82 mg/dL e HDL dosado = 65 mg/dL.
Risco Cardiovascular: Muito Alto
Meta LDL (mg/dL): < 50 mg/dL com tratamento já existe com Estatina

c) Paciente: Mulher, 28 anos, sem doença aterosclerótica significativa, praticante de atividade


física diária, PAS: 120 mmHg, não fumante, sem tratamento para dislipidemias, portadora de
DRC com TFG de 48 mL/min/ 1,73 m2 em fase não dialítica e sem demais alterações clínico-
laboratoriais. LDL = 128 mg/dL e HDL dosado = 42 mg/dL.
9

Risco Cardiovascular: Alto


Meta LDL (mg/dL): redução de 50 %,pois LDL-c está acima de 70mg/dl, levando a 64 mg/dL
sem medicação e <70 mg/dL com uso de Estatina

d) Paciente: Homem, 21 anos, sem doença aterosclerótica significativa, sem demais alterações
clínico-laboratoriais. LDL calculado = 182 mg/dL e HDL dosado = 72 mg/dL.
Risco Cardiovascular: Baixo
Meta LDL (mg/dL): < 130 mg/dL aplicando uso de Estatina ou redução percentual >30 %
pois o paciente tem LDL-c acima de 130 mg/dL

4.DISCUSSÃO

As dislipidemias são caracterizadas por distúrbios nos níveis de lipídios circulantes com ou
sem repercussão sobre o território vascular, associadas a manifestações clínicas diversas.
Podem ser influenciadas por distúrbios genéticos e/ou adquiridos. Entre as variáveis
ambientais envolvidas na determinação do perfil lipídico incluem-se tabagismo, sedentarismo
e dieta (COELHO et al.,2005).
Estes fatores são contribuintes expressivos da aterosclerose, um processo inflamatório
crônico que resulta da acumulação de alguns lipídeos circulantes no plasma na íntima das
artérias, culminando com a formação de placas ateroscleróticas e consequentemente
estreitamento do lúmen arterial (RODRIGUES ,2015).
Ademais, tais placas têm tendência a tornarem-se instáveis e, quando o seu conteúdo é
exposto, há uma ativação da coagulação dando origem a trombos, com interrupção do fluxo
sanguíneo da mesma artéria ou de outros vasos sanguíneos em locais diferentes do organismo,
causando complicações, tais como: insuficiência vascular periférica, infarto cerebral, doenças
cardíacas isquêmicas, infarto agudo do miocárdio e morte súbita (NASCIMENTO et
al.,2013).
As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos em todo o mundo. De
acordo com levantamento estatístico da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças do
aparelho circulatório representaram cerca de 15,2 milhões de óbitos mundialmente, sendo as
doenças isquêmicas do coração e acidente vascular encefálico as causas mais representativas,
com vários fatores de risco que propiciam o seu desenvolvimento (OLIVEIRA et al.,2020)
10

Deste modo ,o perfil lipídico consiste no doseamento de diferentes frações lipídicas no


sangue como colesterol total, LDL-colesterol (low density lipoproteins) , HDL-colesterol
(high density lipoproteins) e ainda dos triglicerídeos (TAG). Logo, o interesse no doseamento
dos lipídeos e das lipoproteínas baseia-se no fato de poderem ser indicativos de risco de
doença cardiovascular, e por meio exames específicos é possível realizar uma avaliação
clínica baseado nos fatores de risco do paciente de modo a diminuir as elevadas taxas de
morbilidade e mortalidade de condições de dislipidemias (ALEIXO,2013).
Ainda neste contexto Burtis e Bruns (2016) expõem que as lipoproteínas são compostas de
lipídeos (colesterol, triglicerídeos, fosfolipídios) e proteínas (Apolipoproteína, enzimas).São
unidos por interações não covalentes, possuem diferentes propriedades físicas e químicas e
diferem em suas concentrações relativas ,sendo categorizadas com base nas diferenças de
densidade, que é inversamente relacionado ao seu tamanho.
Propondo-se a avaliação clínica de uma paciente do sexo feminino ,45 anos, fumante, com
pressão arterial compreendida de 120/80 mmHg, HDL-colesterol de 32 mg/dL e não usuária
de estatinas, obteve-se por meio da prática laboratorial com teste enzimático resultados
referentes a concentração de colesterol total e triglicérides, e classificação do risco
cardiovascular.
Tratando-se do risco de estratificação vascular obtido pela calculadora do Departamento de
Aterosclerose da sociedade Brasileira de Cardiologia, e conforme apresentado nos resultados,
a paciente em estudo possui um risco cardiovascular Alto, tendo um objetivo de meta de
redução percentual acima de 50 % , quando ainda não faz uso de terapia medicamentosa ,uma
vez que os níveis de LDL-c calculados encontram-se superior a 70 mg/dL. O tratamento
preconizado para este quadro é o uso de Estatinas, sinalizando uma redução inferior de 70
mg/dL para LDL-c e 100 mg/dL para N-HDL-c, com uso do medicamento. Tais resultados
obtidos são baseados nos fatores de risco apresentados pela paciente como o sexo, idade,
fumo e níveis de LDL estimados na pratica laboratorial.
Diversos algoritmos são utilizados para determinar o risco proeminente .No entanto, o
score encontrado, é o adotado pela Diretriz Brasileira de Dislipidemia e Prevenção da
Aterosclerose, denominado Escore de Risco Global (ERG ) onde estima o risco de infarto do
miocárdio, AVC, insuficiência cardíaca, fatais ou não fatais, onde é possível realizar um
planejamento diagnóstico e terapêutico. A identificação precoce e a intervenção sobre os
fatores de risco podem modificar favoravelmente a evolução da aterosclerose, já que a
maioria desses fatores não cursam com manifestações clínicas (CHACRA, 2019).
11

Abordando os fatores apresentados pela paciente ,o tabagismo é a principal causa evitável


de doença coronariana . Sua ação aterogênica deve-se as elevadas quantidades de dois
potentes oxidantes, o oxigênio e o carbono, contido no tabaco, os quais favorecem a oxidação
de LDL-c. ,alterando o mecanismo de coagulação e propiciando a formação de coágulos e a
trombose das artérias. Assim sendo ,o abandono ao tabagismo representa a intervenção
preventiva mais importante (ROCHA,2006).
Os níveis de HDL também é uma variável a se levar em consideração como forma de
prevenção. Na presente avaliação, a paciente possui níveis de HDL de 32 mg/dL , sendo este
valor abaixo do valor referencial de 40 mg/dL, proposto pela Diretriz Brasileira de
Dislipidemia. Geralmente o HDL baixo tem uma origem genética, por modificações
metabólicas ou, os valores podem ser ainda reduzidos por maus hábitos de vida, como má-
alimentação, sedentarismo e tabagismo (FALUDI et al,2017).
A partícula de HDL possui um papel antiaterogênico que tem sido atribuído a uma série de
propriedades, entre elas, ações anti-inflamatória, antitrombótica, vasodilatadora e de proteção
contra a oxidação de LDL’s na parede arterial .Além disso, um dos mecanismos importantes
relacionado a lipoproteína HDL está relacionado ao transporte reverso de colesterol (TRC).
Nesse processo, o HDL remove colesterol dos tecidos periféricos, entre eles os macrófagos da
íntima arterial, e o transporta para o fígado, onde pode ser excretado (LEANÇA et al.,2010).
No entanto, para a melhora deste quadro com objetivo de aumento dos níveis de HLD não
são propostas metas para o HDL-c e não se recomenda tratamento medicamentoso visando à
elevação dos níveis de HDL-c. Embora se reconheça a relação epidemiológica inversa entre
níveis de HDL-c e incidência de doença cardiovascular, os estudos de intervenção mais
recentes falharam em demonstrar benefício clínico (FALUDI et al., 2017).
Ainda segundo Faludi e colaboradores,(2017) o protocolo mais indicado para aumento dos
níveis de HDL são inicialmente a terapia nutricional preconizando uma dieta saudável,
juntamente da orientação sobre a seleção dos alimentos, o modo de preparo, a quantidade e as
possíveis substituições alimentares. Também associar exercícios físicos regulares e evitar o
consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
A respeito dos níveis de colesterol total dosados pelo soro, a Diretriz Brasileira de
Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, expõe valores referenciais desejáveis que
compreendem abaixo de 190 mg/dL em uma condição de jejum (FALUDI et al., 2017).
Logo, a partir dos cálculos de concentração de colesterol total aplicado, o valor encontrado
correspondeu a 372 mg/dL, podendo classificar a paciente em uma quadro de colesterol
12

aumentado. Tal resultado pode indicar um quadro de hipercolesterolemia familiar (HF)


descrita como doença de herança autossômica dominante , caracterizada por elevação do
colesterol total e do LDL-c (SANTOS et al.,2012).
O diagnóstico de HF deve sempre ser suspeitado em adultos acima de 20 anos, com valores
de LDL-c ≥ 190 mg/dL. No entanto, deve-se considerar que a determinação do perfil lipídico
está sujeita a uma série de variações relacionadas tanto ao método e procedimentos utilizados
como a fatores intrínsecos do indivíduo como estilo de vida, uso de medicações e doenças
associadas. Dessa forma, para a confirmação seria necessário um novo exame para melhor
precisão e manejo adequado da paciente com a utilização de medicamentos (SANTOS et
al.,2012)

TRIGLICÉRIDES (DISCUSSÃO DE VALOR ENCONTRADO,QUAL É O VALOR DE


REFERENCIA ,QUAL SERIA A SITUAÇÃO CLINICA COM O VALOR ENCONTRADO
E POSSÍVEL TRATAMENTO FARMACOLÓGICO OU NÃO FARMACOLÓGICO.
Expondo o valores de triglicérides encontrados a partir da dosagem onde a concentração
encontrada foi de 182 mg/dL

segundo tabela de referência para a trigliceridemia desenvolvida pelo Consenso da


Conferência do National Institute of Health sobre hipertrigliceridemia, valores de 500mg/dl
são considerados anormalmente altos e devem sofrer futuras avaliações e ser tratados; e
valores inferiores a 150mg/dl devem, geralmente, ser aceitos como normais. Pessoas com
nível de triglicerídeos plasmáticos de jejum entre 150mg/dl e 500mg/dl representam um
problema diferente, porque tais níveis estão associados a um risco de aproximadamente duas
vezes para as doenças vasculares. Para o paciente, estes níveis de triglicerídeos podem ser
normais ou representar um marcador para riscos aumentados. Os triglicerídeos são um fator
de risco independente para doenças cardiovasculares e há urgente necessidade de baixar os
níveis de triglicerídeos no plasma, diminuindo assim o risco de doenças cardíacas
(HENRY,1998)
Elevados níveis de triglicerídeos no soro estão associados com quatro condições
patogênicas que aceleram a aterosclerose: diminuição dos níveis de HDL no soro; aumento
das lipoproteínas remanescentes; Influência da dieta na concentração sérica de triglicerídeos
elevação na LDL; aumento das condições trombogênicas. Isto sugere que algum tipo de
hipertrigliceridemia poderá ser a causa de aterosclerose (RAPP, 2002)
13

Como já visto anteriormente, a paciente estudada possui nível de HDL (32mg/dL) inferior
ao desejado de 40 mg/dL, o que colabora para a elevação de triglicérides circulantes, porém o
nível de TG encontrado (182 mg/dL) está classificado, segundo Chagas (2017), como pouco
elevado (valores entre 150 – 199 mg/dL), para pacientes com níveis leves a moderados de
triglicérides o principal é reduzir fatores de risco cardiovascular: mudar estilo de vida (dieta,
tabagismo e exercício físico) e o uso de estatinas.

A partir da determinação do Colesterol e triglicérides já expostas utilizou-se as


concentrações dosada para cálculos das frações de VLDL, LDL-c e não HDL-c, aplicando as
fórmulas Friedewald (1972) e Martin. Por meio da fórmula de Friedewald encontrou-se
concentrações de VLDL = 36,4 mg/dL e LDL= 303,6 mg/dL e utilizando a fórmula de Martin
concentrações de VLDL = 35,6 mg/Dl e LDL=304,4mg/dL. Os resultados das duas fórmulas
mostraram-se compatíveis e com variações mínimas e perfil semelhante.
Contudo, finaliza-se esta analise evidenciando uma possível controvérsia observada em
relação aos resultados obtidos . Na etapa inicial de preparação do exame foi visto que a
amostra de soro utilizada apresentava nítida turvação, o que já indicava pressuposto de
triglicérides muito elevada.
Consequentemente, pode-se julgar os resultados tanto de colesterol total como de
triglicérides equivocados e incompatíveis com a classificação fenotípica de Fredrickson de
1967, que relata turvação de amostra em situações de alta concentração de triglicérides e
VLDL; situação não encontrada por meio dos cálculos de concentração (FALUDI et al.,
2017).
Esta situação pode transparecer que houve possíveis erros técnicos de manuseio e
utilização das amostras durante o procedimento pelo analista. Alguns erros passiveis de
ocorrer são: pipetagem inexata das amostras-controle e padrão, agitação imprópria dos tubos
utilizados, material com sujidades, emprego de método de pouca sensibilidade, controle
incorreto da temperatura, falhas na operação dos aparelhos, variação de voltagem etc
(MOTTA,2009).
Toda via, apesar de resultado contestáveis infere-se que a determinação do perfil lipídico é
importante na estratificação de risco cardiovascular e na avaliação das respostas terapêuticas.
Cabe aos profissionais da saúde compreender o papel dos lipídeos no metabolismo sistêmico
humano, os mecanismos fisiopatológicos envolvidos nas doenças cardiovasculares e as bases
14

cinéticas e terapêuticas dos diferentes fármacos disponíveis para controle e tratamento das
dislipidemias (SANTOS,2019).

4.1DISCUSSÃO DOS CASOS CLÍNICOS

A despeito dos casos clínicos situacionais e as medidas ideais propostas, pode-se citar que
na situação a) O paciente não possui nenhuma doença arterosclerótica significativa, porém é
portador de diabetes tipo 2, homem, com idade de 59 anos, o que o coloca como risco
cardiovascular alto, com a necessidade de redução sem tratamento de 50%, e meta redução de
90mg/dL. E com o uso de estatina, deve-se ter redução inferior a 70 mg/dL para
LDL...MEDIDAS
Na situação b), a paciente, uma mulher com 49 anos e com histórico de doença
arterosclerótica e episódio prévio de infarto, praticamente de atividade física e com LDL = 82
mg/dL e HDL = 65 mg/dL, é classificada como Alto risco pelo histórico cardiovascular, e
apesar de possuir valores considerados bons e possuir o hábito de exercícios físicos, ainda há
a necessidade de redução de 50% sem tratamento e inferiores a 70 mg/dL para LDL e
inferiores a 100mg/dL para HDL com o uso de estatinas. ..MEDIDAS

Na situação c),onde a paciente apresenta um quadro de não presença de doença


aterosclerótica significativa, praticante de atividade física diária, sem tratamento para
dislipidemias, portadora de doença renal crônica em fase não dialítica e sem demais alterações
clínico-laboratoriais ,onde obteve-se um risco cardiovascular alto e meta de redução < 70
mg/dL usando estatina ou redução percentual de 50 % quando não há tratamento.
Portadores de insuficiência renal crônica (IRC) apresentam elevado risco cardiovascular.
Logo, sendo os portadores de IRC indivíduos de alto risco cardiovascular, é necessário tratar
agressivamente todos os fatores de risco cardiovascular presentes. Parte desse excesso de
risco cardiovascular é devido à dislipidemia que caracteristicamente acompanha a
Insuficiência Renal Crônica (LAURINAVICIUS,2008).
15

As evidências disponíveis indicam que as estatinas reduzem o risco cardiovascular em


portadores de IRC na mesma proporção que na população geral. As estatinas são seguras e
bem toleradas em todos os estágios da IRC, mas ajustes posológicos são necessários para a
maioria das estatinas quando a taxa de filtração glomerular (TFG) é menor que 60 mL/min
(LAURINAVICIUS,2008).
Entretanto, receios relativos à segurança das estatinas estão relacionados a capacidade
nefroprotetora. Algumas estatinas podem induzir certo grau de proteinúria, que é dose-
dependente e diretamente proporcional à potência da estatina empregada. Toda via, estudos
mais detalhados indicam que a proteinúria induzida por estatinas é de “padrão tubular”, sendo
constituída basicamente por proteínas de baixo peso molecular que são normalmente filtradas
em nível glomerular e posteriormente reabsorvidas no túbulo contornado proximal.
LAURINAVICIUS,2008).
Desta forma, a proteinúria inicialmente induzida pelas estatinas carece de significado
patológico, e que em contrapartida pode levar a um aumento correlativo na taxa de filtração
glomerular em médio e longo prazos (LAURINAVICIUS,2008).
Assim sendo, avaliando o caso em questão ,sabendo que a paciente é adepta de atividades
físicas regulares, com idade relativamente jovem (28 anos) é indicado realizar uma avaliação
médica da necessidade clara do uso de estatinas ou apenas propor uma meta terapêutica por
meio da conduta de estilo de vida adequado.
Partindo para o caso clinico d),no qual o paciente não apresenta alterações clínico-
laboratoriais e possui um risco cardiovascular Baixo, pode- ser recomendado como prevenção
de eventos cardiovasculares a estabilidade de um estilo de vida adequado como não fumar, ter
uma alimentação saudável, manutenção de peso/cintura, atividade física, e ênfase em
medidas não farmacológicas (CICHOCKI et al.2016).
De acordo MILESI et al.(2016) é notório que o exercício físico, assim como a modificação
dos hábitos de vida, contribui de forma geral e específica para uma melhor qualidade de vida
das pessoas e auxilia no monitoramento dos níveis lipídicos, inclusive entre a população mais
jovem, buscando prevenir e combater precocemente a manifestação desta patologia que
precede tantos outros agravos de saúde.
A realização de pelo menos 30 minutos de atividade física (podendo ser formal ou de lazer,
de maneira contínua tem sido proposta para a manutenção da saúde e prevenção de uma
grande variedade de doenças crônicas. Tratando-se do modo alimentar a seleção adequada dos
alimentos poderá contribuir de maneira eficaz no controle das dislipidemias. No entanto é
16

fundamental que as preferências alimentares sejam respeitadas, que a alimentação tenha a


composição adequada e o que o paladar seja agradável (MILESI et al.2016).

5.CONCLUSÃO

Diante das exposições é possível compreender que os testes laboratoriais são de suma
importância para tratamento e prevenção de doenças relacionadas a dislipidemia, sendo a
principal delas os problemas e eventos cardiovasculares. Os testes para determinação do perfil
lipídico auxiliam na classificação do risco cardiovascular e no direcionamento para o
tratamento com base nas condições clinas e outros fatores de risco apresentados por um
paciente; sendo cabível sua execução ,em casos sem complicações, de 5 em 5 anos, para bom
acompanhamento.
Os resultados dos presentes experimentos permitem concluir que, a metodologia do exame
é de fácil aplicação e desempenho. Contudo, houve supostos erros ao executar a técnica o que
levou a resultados equivocados em teoria. Entretanto pôde realizar uma avaliação dos
supostos parâmetros encontrados de modo satisfatório.
Baseado nos casos clínicos exibidos, ressalta-se também a importância de avaliar a
individualidade de cada paciente, com o objetivo de manejo adequado, propondo medidas de
terapia farmacológicas ou não farmacológicas e/ou excluindo quaisquer possíveis
interferentes que contribuam para piora de uma situação clínica.
17

REFERÊNCIAS

ALEIXO, Ana Catarina Branco. Factores de risco da trombose – avaliação laboratorial.


2013. 52 p. Tese (Mestrado em Análises Clínicas) - Universidade de Lisboa-Faculdade de
Farmácia, Lisboa, 2013. Disponível em:
https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/11521/1/Tese%20-%20VERS%C3%83O
%20FINAL.pdf. Acesso em: 9 nov. 2020.

BURTIS, Carl A.; BRUNS , David E. Tietz Fundamentos de Química clínica e diagnóstico
molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.688 p.

COELHO, Vanessa Gregorin et al. Perfil Lipídico e Fatores de Risco para Doenças
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