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A Educação Como Instrumento Do Saber e Poder
A Educação Como Instrumento Do Saber e Poder
Carlos Rodrigues Brandão nasceu no Rio de Janeiro, em abril de 1940. Viveu ali 26 anos e ali,
um dia, formou-se em Psicologia na PUC. Ao mesmo tempo, em que o Brasil começava a criar
movimentos e centros de cultura popular. Participou intensamente de tudo aquilo e o que virou
estão teve mais influência sobre suas idéias e práticas posteriores do seu próprio curso. Porque
queria ser mais um educador e um pesquisador do que propriamente um psicólogo. Ele foi
viver em Brasília e depois, por vários anos, em Goiana. Faz dez anos que está em Campinas e
na UNICAMP. Em 1967 ingressou como professor na vida universitária, primeiro em Brasília
(UNB), depois em Goiana UFG) e agora em Campinas. Tornou-se antropólogo primeiro por
conta própria e depois, através de cursos na UNB e na USP. Dedica-se hoje aos estudos, aulas
e pesquisas de Antropologia Social, mas desde 1963 nunca deixou de participar de debate
extra-universitário dos movimentos e experiências de educação e cultura popular. Tudo que
ele escreveu até hoje, fora a poesia que lhe persegue desde a adolescência, são os seus
relatórios de pesquisas de antropologia ou os livros entre a didática e a militância, dirigidos a
educadores.
Afinal, pra que é que se aprende? E por que se inventou a educação e, depois a escola? Como
é que isso aconteceu e o que é que se faz ali? Já que "ninguém escapa da educação", seria
bom ao menos compreendê-la.
Nem sempre houve escola e nem sempre ela foi do jeito que a conhecemos. Em vários
momentos da história, tipos diversos de sociedades criaram diferentes caminhos para
percorrer a estranha aventura de lidar com o saber e os poderes que ele carrega consigo.
Mesmo em algumas sociedades primitivas, quando o trabalho que produz os bens e quando o
poder que reproduz a ordem são divididos e começam a gerar hierarquias sociais, também o
saber comum da tribo se divide, começa a se distribuir desigualdade e pode passar a servir ao
uso político de reforçar a diferença, no lugar de um saber anterior, que afirmava a
comunidade.
Então é o começo de quando a sociedade separa e aos poucos opõe: o que faz, o que se sabe.
então é quando, entre outras categorias de especialidades sociais, aparecem as de saber e de
ensinar a saber. este é o começo do momento em que a educação vira ensino, que inventa a
pedagogia, reduz a aldeia à escola e transforma todos no educador.
Com o interesse de formar uma agência de apoio a passagem do saber popular ao saber
orgânico, ou seja, do saber da comunidade ao saber de classe na comunidade.
Com interesse de produzir a passagem dos modos populares de saber tradicional para modelos
de saber da modernizado segundo os valores dos polos dominantes da sociedade.
O SABER E A PALAVRA: O que significa o reinar sobre as palavras? Nas pequenas sociedades
ainda não regidas pela divisão social do trabalho( os servos contra os senhores), do poder
(sem os "que falam", contra a sociedade) a o saber(sem os "que falam", contra os que
ouvem"), a palavra é o dever do poder. É só quando o trabalho produtivo, o poder e o saber
necessário se dividem, que ela passa a ser o direito do poder. O direito arbitrário que constitui
a sua palavra, para fazer soar como legítimo, necessário.
CULTURA POPULAR: O fenômeno cultura popular, no Brasil, não surge somente como uma
atitude nem somente com consequência de uma análise. Surge como um movimento, isto é,
como uma ação afetiva como objetivos determinados, que se cristaliza naturalmente em
organizações – que pretendem uma cultura popular, que fazem cultura popular – as chamadas
organizações de cultura popular.
FLÁVIA: Para Carlos Brandão, entende-se por educação como um processo de humanização
que se dá ao longo de toda a vida, ocorrendo em casa, na rua, no trabalho, na igreja, na
escola e de muitos modos diferentes. Como processo, ela é anterior ao aparecimento da
escola. Com o aparecimento desta e do sistema escolar, cada vez mais a educação vai se
institucionalizando para orientar e controlar o desenvolvimento humano.
GELÂNDIA: O Brasil tem hoje um enorme potencial econômico. Sua riqueza é, porém,
distribuída de modo espantosamente desigual. A concentração fabulosa de riquezas e poder de
uma minoria contrasta com a situação de miséria e de marginalização social, econômica e
política da maioria, assim como o desespero e desalento das classes médias progressivamente
proletarizada. Qual a conclusão de Brandão sobre a educação da comunidade primitiva e o que
passa reproduzir, com o desenvolvimento da escola nos dias atuais no Brasil?
SOLANGE: Brandão diferencia duas concepções de educação popular: uma, que seria a do
profissional da educação que trabalha na extensão dos serviços da escola a diferentes
categorias de sujeitos dos setores populares; outra, que se dá através da luta política e que
abre a perspectiva de transformar toda a educação escolar em educação popular.
LINDALVA: São cinco medidas básicas: 1º- Prolongamento do tempo de duração da jornada
escolar; 2º- Adaptação do horário e do calendário escolar às necessidades das crianças que
trabalham; 3º- Distribuição gratuita de todo material escolar; 4º- Dar mais tempo aos alunos
com dificuldades de se habituarem à escola e aos comportamentos que facilitem a
aprendizagem; e 5º- Fazer com que as crianças pobres sejam atendidas mais cedo, deste
bebês, devendo-se estimulá-la precocemente para que seja construída uma sólida, sobre a
qual a criança vai-se desenvolver futuramente.
PROF. FRANCISCO: Qual o significado ideológico do processo pedagógico no pensamento de
Carlos Rodrigues Brandão?
PROF. FRANCISCO: Com base nos escritos pedagógicos de Carlos Rodrigues Brandão, faça
uma resenha crítica sobre a temática: "A Educação como Investimento do Saber e do Poder".
AMUSA: Não se trata de levar ao povo, aos muitos povos que há em cada povo, sinais,
símbolos e palavras, deixando-os à margem de acesso direto, coletivo e organizado, aos meios
e instrumentos de produção do saber e poder. Que as palavras do oprimido não soem para
sempre apenas "de boca em boca". Este é meio pelo qual, mesmo entre educadores bem
intencionados, a relação de poder dominante se eterniza. Que eles conquistem o poder de
possuírem e determinarem, cada vez mais, os meios de sua educação, de sua comunicação e
de sua articulação entre uma coisa e a outra. Caminhos por onde aquele "aprender a dizer a
sua palavra" deixa de ser uma fantasia de cultura e se converte em uma forma de poder. Um
momento em que, de fato, conquistar o poder da palavra pode significar o poder de redizer a
ordem do mundo e transformá-lo.
FONTE DE PESQUISA:
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Cultura. 33 ed. – São Paulo: Brasiliense, 1995.
(col. Primeiros Passos: 203).
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Saber e Ensinar: três estudos de educação popular.
Campinas: Papirus, 1994.
GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo: Ática. 2000.
* trabalho apresentado pelas alunas Amusa, Flávia, Gelândia, Janice, Lindalva, Mª Solange
e Sandra, do Curso de Pedagogia/UNIVERSO/Recife, na Disciplina Filosofia da Educação,
ministrada pelo Prof. Dr. Francisco Antônio de Andrade Filho, em abril de 2001.