Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
7.1 - Introdução
O corte fora das condições que definimos no capítulo anterior, isto é, com o ângulo de
posição χ<> 90º, chama-se corte tridimensional ou oblíquo. A aresta de corte forma com a
perpendicular à direcção do movimento de corte um ângulo λ que, como vimos, é o ângulo
de inclinação ou de obliquidade. A grande diferença relativamente ao corte ortogonal está na
forma como flúi a apara. Na Fig.7-1b mostramos a relação entre a velocidade de saída da
apara e a velocidade de corte. Neste caso a apara não flúi na direcção de OA , perpendicular
à aresta de corte como no corte ortogonal, mas sim numa direcção inclinada do ângulo η
relativamente a OA . A geometria da ferramenta fica modificada da seguinte forma:
– o ângulo de ataque normal γn passa a ser o ângulo entre o eixo Z e OA que é igual ao
ângulo de ataque efectivo γe sempre que η=0.
– o ângulo de ataque efectivo é o ângulo determinado pela direcção de saída da apara e
OM (perpendicular a v e contido no plano definido por v e por vc), que é o ângulo com
que o material flúi ao converter-se em apara. Este ângulo deverá substituir o γ nas
expressões do corte ortogonal.
Isto significa que o ângulo de ataque efectivo pode ser determinado por
z
A
apara A
γn η vc η
M
γe vc
η
λ
O
O
v
x λ
v
y
peça
η=λ (7-2)
No corte oblíquo a força na ponta da ferramenta assume uma direcção em que desen-
volve três componentes, das quais são de especial relevância as que se exercem no plano de
trabalho, ou seja a força de corte e a força de avanço. Perpendicularmente a estas ocorre
uma terceira componente que se designa por força passiva que não produz trabalho 1. No
corte ortogonal a força de avanço ocorre com uma direcção perpendicular à aresta principal
de corte. Porém, no corte oblíquo, a força passiva e a força de avanço resultam de uma força
equivalente à força de avanço do corte ortogonal, de acordo com o esquema ilustrado na
Fig.7-2.
1
Nos processos de aplainamento e rectificação plana a força de avanço também não produz trabalho.
FORÇAS E POTÊNCIAS NO CORTE OBLÍQUO 135
Fao = Fc tg (β − γ ) (7-4)
em que Fao representa a força de avanço em corte ortogonal. Da Fig.7-2 tiramos então
Fa = Fao sin χ
(7-5)
F p = Fao cos χ
Fa = Fc tg (β − γ ) sin χ
(7-6)
F p = Fc tg (β − γ ) cos χ
que nos dá as forças de avanço e passiva em função da força de corte, mostrando o efeito do
ângulo de posição.
Fa
χ
χ
Fao
Fp
Fig.7-2 Representação no plano de referência das forças
de avanço e força passiva a partir da força de avanço orto-
gonal Fao
A força passiva Fp não intervém na mecânica do corte por não realizar qualquer trabalho
e não influencia de forma significativa o corte, mas a sua existência implica uma resultante
geral Rt que é dada por
2 Note-se que a força de avanço do corte ortogonal Fao considerada no contexto do Capítulo 5 se designava
por Fa.
136 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
R 2 = Fap2 + Fa2
ve
va Fa
Fp Fao
Fc
R
Fap
Rt
de que resulta
Até aqui consideramos, de acordo com o preceituado pelas teorias do corte ortogonal,
que apenas a aresta principal intervém no corte. Porém, a aresta auxiliar também intervém no
corte originando o corte conjunto ou vinculado e por isso deve ser considerada. A sua pre-
sença altera o valor e a direcção da resultante activa R.
Rosenberg e Eremin[7.7] supuseram que, tal como no corte ortogonal, a direcção de saída
da apara ocorre normalmente às arestas de corte. A intervenção da aresta auxiliar induz
também um fluxo na direcção normal a ela, de que resulta um fluxo efectivo da apara numa
direcção desviada da direcção original de um ângulo ψ, em que a velocidade é a resultante
obtida pela composição vectorial das velocidades relativas às arestas principal vcA e secundá-
ria vcB, isto é
vc = vcA + vcB (7-11)
donde resulta
vcA sin (χ + χ ′ − ψ ) 2p
= = (7-13)
vcB sin ψ a sin χ
FORÇAS E POTÊNCIAS NO CORTE OBLÍQUO 137
sin (χ + χ ′)
tg ψ = (7-14)
+ cos (χ + χ ′)
2p
a sin χ
a
E
χ'
F
Fa
p O
χ+χ' ψ vcA
vcB
vc A
C B
D Fp Fig.7-4 Forças e velocidades no corte
χ Fao
conjunto ou vinculado.
Fa = Fc tg (β − γ ) sin (χ − ψ ) (7-17)
F p = Fc tg (β − γ ) cos (χ − ψ ) (7-18)
Tomemos agora o caso em que existe raio de ponta. Este efeito pode ser determinado
tendo em conta a Fig.7-5, estabelecendo um ângulo de posição médio que seja uma propor-
ção do ângulo inicial, baseada na relação entre os comprimentos AEG e AEC , isto é,
AEG
χ médio = χ (7-19)
AEC
AB p − rε (1 − cos χ )
AEC = AE + arc EC = +rχ = + rε χ (7-20)
sin χ sin χ
138 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
que conduz a
p p
r + cos χ − 1 r + cos χ − 1
AEC = rε ε + χ = rε χ ε + 1 (7-21)
sin χ χ sin χ
Com raciocínio idêntico podemos escrever
p
r + cos χ − 1 χ
AEG = rε ε + (7-22)
sin χ 2
Aplicando a relação eq.(7-19) obtemos
p 1 χ
+ cos χ −1 +
χ médio = ε
r sin χ 2 (7-23)
p
+ cos χ − 1
rε
+1
χ sin χ
V F C
χ′
G
χ/2 rε
p χ
B E
D
O
A
sin (χ médio + χ ′)
tg ψ = (7-24)
+ cos (χ médio + χ ′)
2b
r sin χ médio
que permitem fazer as correcções necessárias às determinações feitas através do corte orto-
gonal.
FORÇAS E POTÊNCIAS NO CORTE OBLÍQUO 139
Para o cálculo das forças e potências de corte é útil a consideração da energia necessária
para a remoção de uma unidade de volume de material. À grandeza assim definida desig-
ná-la-emos por energia específica de corte ks. O interesse advém do facto de que conhecen-
do o seu valor e sabendo a taxa de remoção de material, facilmente se determina a potência
Nc necessária para o corte. Assim,
Nc = ks Z m (7-27)
Por outro lado, verifica-se que a potência de corte também é dada pelo produto da força
de corte pela velocidade de corte, isto é
N c = Fc v (7-28)
k s Ac v = Fc v (7-29)
Por esta razão é também usual designar-se o ks por pressão específica de corte. Note-se
que dimensionalmente a energia específica de corte é uma pressão.
Considerando a eq.(4-12) e tendo em conta a equação de Merchant (4-33) podemos
escrever
π
Fc = R cos − 2 φ = R sin 2 φ = 2 R sin φ cos φ
2 (7-31)
Fs Fs F
R= = = s (7-32)
cos (φ + β − γ ) π sin φ
cos − φ
2
Donde resulta
sin φ cos φ
Fc = 2 Fs = 2 Fs cos φ (7-33)
sin φ
Porém,
τs
Fs = As τ s = Ac (7-34)
sin φ
140 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
pelo que
cos φ
Fc = 2 Acτ s = 2 Acτ s cotg φ (7-35)
sin φ
Aplicando a eq.(7-26) concluímos que
k s = 2 τ s cot g φ (7-36)
que nos dá o valor da energia específica de corte em função da tensão de corte crítica do
material e do ângulo de corte.
Parece-nos ter ficado claro que a energia específica de corte depende do material e dos
factores que influenciam o ângulo de corte. Experimentalmente existe a confirmação de que
a energia específica de corte depende dos factores que se apresentam a seguir.
P = 0,25
240
160
80
Dureza HB daN/mm2
daN /mm 2
400
daN/mm2
Aço 70
300 ..85 HB= 100
195..235
Aço 60 90
..70 HB
Aço 50 = 170..1 Br
..60 H 95 80 on
ze
Energia específica de corte, ks
20
20 0.3 0.5 0.8 1 2 3 4 5 6 7 8 910
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 30 40 50
Área de corte, mm
Área de corte, mm2
Fig.7-7 Energia específica de corte em função da secção da apara para materiais ferrosos e não
ferrosos.
500 b
c
Energia específica de corte, ks
400 d
e
3
Veja-se Capítulo 2
142 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
O ângulo de posição tem um papel com algum significado, sobretudo quando não existe
a intervenção da aresta auxiliar de corte. Na Fig.7-10 mostramos alguns resultados experi-
mentais que demonstram a redução da energia específica de corte quando o ângulo de posi-
ção assume valores na vizinhança de 75º. Por este facto, as ferramentas dedicadas ao desbas-
te, caracterizadas por condições de corte de grande taxa de remoção de material, têm um
ângulo de posição de 75º.
daN/mm2
Aço σR = 80 daN/mm2
Energia específica de corte, ks
400
300
Aço σR = 50 daN/mm2
200
Fº Fundido HB=100
100
Fig.7-9 Relação entre a energia específica
de corte e o ângulo de ataque, para materi-
0 5 10 15 20 25 30 ais com diferentes durezas.
Ângulo de ataque, γ º
220
Energia específica de corte, ks
Um dos precursores destes estudos foi Taylor (1908) que deduziu um conjunto de
expressões empíricas para a determinação da energia específica de corte, que se podem
escrever
88
k s = 0 ,25 0 ,07 para o ferro fundido cinzento (7-37)
a p
138
ks = 0 ,25
para o ferro fundido branco (7-38)
a p 0 ,07
200
ks = para os aços (7-39)
a 0, 2
Muitos foram os trabalhos que se lhe seguiram neste estudo, sendo de destacar os da
ASME, da AWF, de O. Kienzle, de H. Victor, de K. Kammer, de F. Meyer, de A. Hornung
e de M. Kronemberg. Os valores propostos pela ASME e pela AWF merecem menção, pois
apesar de serem já clássicos relativamente ultrapassados, tiveram um grande impacto no
mundo industrial.
300
ASME
Taylor
(daN/mm2)
200
AWF
150
Fc
ks = (7-42)
hm bm
TABELA 7-1
VALORES DAS CONSTANTES RELATIVAS ÀS EQ.(7-40) E EQ.(7-41) PARA A
DETERMINAÇÃO DA ENERGIA ESPECÍFICA DE CORTE
Dureza
Material Ca Cw
Brinell
Aços de construção
SAE 1020 ou St 37.11 ou St 42.11 127 182 120
SAE 1035 ou St 50.11 ou C30 174 201 140
SAE 1045, St 60.11, C45 ou Ck45 187 215 145
SAE 1060 ou St 70.11 ou C60 217 245 150
SAE 1095 ou St 85 280 280 160
Aços de corte fácil
SAE 1112 laminado a quente 130 104 —
SAE 1112 laminado a frio 167 125 —
Aços manganés
SAE 2315 normalizado 192 182 —
SAE 2330 laminado a frio 223 202 —
SAE 2340 normalizado 223 202 —
Aços cromo-níquel
SAE 3115 normalizado 128 132 —
SAE 3115 laminado a frio 163 138 —
SAE 3140 temperado 285 228 —
SAE 3140 recozido 207 178 —
Aços molibdénio
SAE 4340 temperado 400 310 —
SAE 4340 recozido 302 233 —
SAE 4615 laminado a frio 212 182 —
SAE 4815 normalizado 187 175 —
SAE 4640 normalizado 248 197 —
146 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
TABELA 7-1(CONT)
VALORES DAS CONSTANTES RELATIVAS ÀS EQ.(7-40) E EQ.(7-41) PARA A
DETERMINAÇÃO DA ENERGIA ESPECÍFICA DE CORTE
Dureza
Material Ca Cw
Brinell
Aços ao crómio
SAE 5120 normalizado 149 155 —
SAE 5135 recozido 207 172 —
SAE 52100 recozido 187 185 —
Aços crómio vanádio manganés
SAE 6115 normalizado 170 182 —
SAE 6140 recozido 187 240 —
Ferros fundidos
Ge 12.91 e 14.91 64
Ge 18.91 e 27.91 200-250 94
Ferro nodular — 127
Aços vazados
Aço macio — — 110
Aço meio duro — — 120
Materiais não ferrosos
Latão — — 54
Cobre — — 72
Alumínio puro — — 36
Ligas de magnésio — — 20
Liga de Al-Si — — 46
Liga de alumínio p/ fundição — — 46
TABELA 7-2
VALORES PARA A DETERMINAÇÃO DA ENERGIA ESPECÍFICA DE
CORTE PARA VÁRIOS MATERIAIS FERROSOS
TABELA 7-3
ELEMENTOS DE LIGA DOS MATERIAIS REFERIDOS NA TABELA 7-2
Composição Percentual σR
Designação do HB ou
Material C Si Mn P S Cr Mo Outros HRc
St 50.11 0,22 — — 0,055 0,055 — — — 50-60
St 60.11 0,4 — — 0,88 0,055 — — — 60-72
16 Mn Cr S 0,14-0,19 — — 1-1,3 — 0,8-1,1 — — 85-110
18 Cr Ni 6 0,15-0,2 — 0,4-0,6 — — 1,8-2,1 — 1,4 -1,7 Ni 120-140
42 Cr Mo 4 0,38-0,45 0,15-0,35 0,5-0,8 0,035 0,035 0,9-1,2 0,15-0,25 - 110-130
50 Cr V 4 0,47-0,55 0,15-0,35 0,8-1,1 0,035 0,035 0,9-1,2 — 0,07-0,12 V 110-130
Ck 45 (C 40) 0,32-0,4 0,15-0,35 0,5-0,8 0,035 0,035 — — — 75-90
Ck 60 (C 60) 0,42-0,5 0,15-0,35 0,5-0,8 0,035 0,035 — — — 85-105
34 Cr Mo 4 0,30-0,37 0,15-0,35 0,5- 0,8 0,035 0,035 0,9-1,2 0,15-0,25 — 100-120
15 Cr Mo 5 0,15-0,17 — 0,4-0,6 — — 0,8-1,2 0,2-0,3 — 85-110
GG 26 — — — — — — — — HB=200
Meehanite A — — — — — — — — 36
Fundição dura — — — — — — — — HRc=46
Fundição dura — — — — — — — — HRc=55
TABELA 7-4
TABELA PARA A DETERMINAÇÃO DA ENERGIA ESPECÍFICA DE CORTE
PARA VÁRIOS MATERIAIS NÃO FERROSOS
TABELA 7-5
TABELA DAS COMPOSIÇÕES DOS MATERIAIS REFERIDOS NA TABELA 7-4
TABELA 7-6
GEOMETRIA DAS FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA OBTENÇÃO DOS DADOS ANTERIORES
TABELA 7-7
VALORES DAS CONSTANTES PARA A APLICAÇÃO DA EXPRESSÃO (7-46)
kso
Material HB f g A=1
G=5:1
SAE 1020 127 0,1 0,1 215
SAE 1020 160 0,1 0,1 230
SAE X 1020 126 0,1 0,1 208
SAE X 1020 156 0,1 0,1 224
SAE 1035 174 0,1 0,1 237
SA,E 1045 187 0,1 0,1 252
SAE 1050 201 0,1 0,1 264
SAE 1060 217 0,1 0,1 288
SAE 1095 280 0,1 0,1 330
SAE 1095 207 0,1 0,1 248
SAE 1112 130 0,1 0,1 123
SAE 1112 167 0,1 0,1 148
SAE X 1112 183 0,1 0,1 148
SAE X 1315 120 0,1 0,1 127
SAE X 1315 161 0,1 0,1 124
SAE 1340 217 0,1 0,1 284
SAE 2315 192 0,1 0,1 214
SAE 2330 223 0,1 0,1 236
SAE 2340 223 0,1 0,1 236
SAE 2512 — 0,1 0,1 214
SAE 3115 128 0,1 0,1 156
SAE 3115 163 0,1 0,1 163
SAE 3130 210 0,1 0,1 228
SAE 3140 207 0,1 0,1 210
SAE 3140 285 0,1 0,1 260
SAE 3240 170 0,1 0,1 172
SAE 4340 400 0,1 0,1 360
SAE 4340 302 0,1 0,1 274
FORÇAS E POTÊNCIAS NO CORTE OBLÍQUO 149
kso
Material HB f g A=1
G=5:1
SAE 4310 415 0,1 0,1 358
SAE 4615 212 0,1 0,1 214
SAE 4640 248 0,1 0,1 232
SAE 4815 187 0,1 0,1 205
SAE 5120 149 0,1 0,1 182
SAE 5135 207 0,1 0,1 203
SAE 52100 187 0,1 0,1 218
SAE 6115 170 0,1 0,1 214
SAE 6140 187 0,1 0,1 280
Fº Fundido acicular 263 0,15 0,15 181
Fº Fundido nodular — 0,15 0,15 160
Fº Fundido cinzento — 0,15 0,15 155
TABELA 7-8
EQUAÇÕES FENOMENOLÓGICAS PARA A DETERMINAÇÃO DA
FORÇA DE CORTE E ENERGIA ESPECÍFICA DE CORTE.
2 ,2 1,56
β
β 26 HB
Fc = 26 Ac0,802 50
2, 2
Aços cromo-níquel HB 1,56 ks =
50 5 ,05
Ac
2 ,2 1,68
β
β 25,9 HB
Aços de construção duros Fc = 25,9 A 0 ,803 2 , 2
c HB 1,68 ks =
50
(St 70.11) 50 5 ,07
Ac
2 ,2 1,36
β
β 19,8 HB
Fc = 19 ,8 Ac0 ,862 50
2 ,2
Aços de construção macios HB 1,36 ks =
(St 42.11) 50 7 ,25
Ac
2 ,5 1,51
β
β 9 ,6 HB
Ferros fundidos Fc = 9 ,6 A 0 ,865 2 ,5
c HB 1,51 ks =
50
50 7 ,4
Ac
150 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Aços k so = 2 ,4 2 ,2
σR 1,5
80º − γ (7-48)
k so = 0 ,9 80º − γ
2 ,5 1,5
Ferros Fundidos HB (7-49)
Devemos ter sempre em consideração que, com ferramentas gastas arrancando pequenas
espessuras médias de apara, as forças de corte devem ser aumentadas de um factor de 2 a
2,5.
Da discussão feita no ponto 5.5, através da eq.(5-22) concluímos que a energia total
consumida no corte é a soma das energias dissipadas na zona primária de deformação, devi-
da à deformação plástica, e na zona secundária, devida ao atrito. Em termos das potências
podemos escrever
N m = N s + N f = Fs v s + F f vc (7-50)
Ne = η Nm (7-51)
EXEMPLO 7.1 Pretendemos saber a força de corte na maquinação de um aço C40, com uma tensão de
rotura de 77 daN/mm2 e um alongamento de 17%, maquinado com um metal duro, com γ=5º, χ=90º, λ=0º,
e com os seguintes parâmetros de corte: a=0,11 mm, p=2,15 mm e v= 60 m/min.
Solução: A resposta pode ser encontrada pela eq.(5-19) para a qual necessitamos do valor de τs, do coefici-
ente de atrito µ, e do ângulo de corte φ. Aplicando a eq.(6-7) admitindo um valor para γs=4,5 (ver Fig.6-3)
temos
τ s = 0,74σ R γ s0 ,16 ∆ = 0,74 × 77 × 4,5 0 ,16×0 ,17 = 66,4 daN / mm 2
s
Da Tabela 5-1 podemos extrair C≈ 81º e µ=0,94. Assim temos β = arc tg 0,94 = 43º o que conduz, aplicando
a equação de Merchant eq.(5-39)
C − β + γ 81 − 43 + 5
φ= = = 21,5º
2 2
Usando a eq.(5-19) temos
cos(β − γ ) cos 38
Fc = b h τ s = 0,11 × 2,15 × 66,4 = 66,5 daN
sin φ cos(φ + β − γ ) sin 21,5 cos (21,5 + 43 − 5)
EXEMPLO 7.2 Consideremos um torneamento de um varão de aço Ck45 de φ=80 mm com os seguintes
dados: a=0,15 mm; p=3 mm; e v=150 m/min, com uma ferramenta com χ=75º. Pretendemos conhecer a
potência necessária para o referido corte.
Solução: A primeira coisa que necessitamos de saber é a energia específica de corte. Escolhamos em primei-
ro lugar o método de Kienzle eq.(7-45). Utilizando a Tabela 7-2 temos:
k s = k so 5 a = 252 1
= 313 daN / mm 2
(a p )0 ,1 5a2
que nos conduz a um valor da potência de
REFERÊNCIAS
7.1 Merchant, M.E., Mechanics of the metal cutting process, J. Appl. Physics, vol.16, 267-275, 318-324,
1945.
7.2 Merchant, M:E. e Zlatin, N., New methods of analysis of machining processes, Experimental stress
analyis, vol.III, nº2, 1947.
7.3 Lee, E:H: e Schaffer, B.W., The theory of plasticity applied to a problem of machining, J. Appl. Mech.,
Trans. ASME, vol.73, p-405, 1951.
7.4 ASME, Manual on Cutting of Metals , USA, 1952.
7.5 Shaw,M.C., Cook, N.H. e Finnie, I., The shear angle relationship in metal cutting, Trans. ASME, vol
75, p.273, 1953.
7.6 Sata, T. Mizuno, M., Friction process on cutting tool and cutting mechanism, Trans. JSME, vol.21,
p.416, 1955.
152 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
7.7 Rosenberg, A.M. e Eremin, A.N., Elements of Cutting Metals Theory, English Translation from
Russian, Moscow, 1957.
7.8 Takeyama, H. e Usui, E., The effect of tool-chip contact area in metal machining, ASME Memoria,
57-A-45, Mech. Eng., vol.80, 109, 1958.
7.9 Chao, B.T. e Trigger, K.J., Controlled contact tools, Trans. ASME, J. of Engineering for Industry, 81,
p.139, 1959.
7.10 Shaw, M.C. e Cook, N.H., The mechanics of three-dimensional cutting operation, Trans. ASME,
vol.74, 183-186, 1959.
7.11 Kobayashi, S. e Thomsen, E.G., Some observations on the shearing process in metal cutting, Trans
ASME, J. of Eng. For Ind., vol.81, p.251, 1959.
7.12 Palmer, W.B. e Oxley, P.L., Mechanics of orthogonal machining, Proc. Int. Conf. of Mechanical
Engineering, 173, 623, 1959.
7.13 Okushima, K. E Hitomi, K, Plastic flow of metal in orthogonal cutting, Trans. JSME, vol.26, 423,
1960.
7.14 Albrecht, P., New development in theory of the metal cutting process, Trans. ASME, J. of Eng. For
Ind., 83, p.557, 1961.
7.15 Oxley, P.L., Shear angle solutions in orthogonal machining, Int. Journal of Machine Tools, Design
and Research, vol.2, 3, 1962.
7.16 Kobayashi, S., Thomsen, E.G. e Yang, C.T., Mechanics of plastic deformation in metal processing,
Mac Millan, N.Y., 1965.
7.17 Cook, N-H., Manufacturing analysis, Addison-Wesley, Pub- Co., Reading (Mass.), 1967.
7.18 Ferraresi, D., Fundamentos da Usinagem dos Metais, Ed. Edgard Blücher Lda, 1970.
7.19 Hasting, W.F., Oxley, P.L. e Stevenson, M.G., Acessing machinability from fundamental work material
properties, Proc. 12th Int. MTDR Conf., 1971.
7.20 Kienzle, O., Bestimmung von Kräften und Leistungen an spanenden Werlzeugen und
Werkzeugmaschinen, Z. VDI, vol.94, n.11/12,1952.
7.21 Kienzle, O., Einfluss der Wärmbehandlung von Stählen auf die Haupscnittkraft beim Drehen, Stahl
und Eisen, 74, 9, 530-539, 1954.
7.22 Hornung, A. General method for the determination of cutting force and required power, by specific
cutting resistance, Acta Technica Academiae Scientiarum Hungaricae, Budapest, 12, 298-309, 1955.
7.23 Kronenberg, M., Machining Science and Application, Pergamon Press, Oxford, 1967.