Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Figura 7.1. Representação das forças que agem na cunha cortante [1].
79
Admitindo-se que a cunha do cavaco ODB da Figura 7.1 é indeformável, ou
para manter o equilíbrio mecânico:
r r
Fu + Fu' = 0 (7.1)
80
artifício permite que a relação entre as diversas componentes da força Fu, sejam
geometricamente evidentes.
81
Figura 7.4. Componentes da Força de Usinagem. a) no torneamento; b) no
fresamento [3].
82
Com isto, qualquer parâmetro pode ser analisado, com base nos seus efeitos
sobre estes dois fatores principais. Muitos deles vão atuar nos dois fatores e os
resultados vão depender da predominância de um sobre o outro. Apesar da análise
teórica ser de grande utilidade, as predominâncias dos fatores devem ser
comprovadas experimentalmente. Com base em alguns resultados experimentais
[5,6], podemos observar a influência das principais variáveis:
a) Velocidade de corte
83
Figura 7.5. Influência da velocidade de corte na força de corte [4].
84
c) Material da Peça
De uma maneira geral, quanto maior a resistência do material a usinar, maior
a resistência ao cisalhamento nos planos de cisalhamento e, portanto maior a força
de usinagem (ver Figura 7.6). Entretanto, baixa resistência pode vir acompanhada
de elevada ductilidade e isto pode aumentar a área da seção de corte, influenciando
também a força de usinagem.
d) Material da ferramenta.
A afinidade química do material da ferramenta com o material da peça pode
atuar principalmente, na área da seção de corte. Se a tendência for promover uma
zona de aderência estável e forte, a força de usinagem poderá ser aumentada. Se a
tendência for diminuir o atrito na interface (ferramentas revestidas, por exemplo),
evitando as fortes ligações de aderência, a área da seção de corte poderá ser
reduzida, diminuindo a força de usinagem.
e) Geometria da ferramenta
O ângulo mais influente é o de saída. Uma redução deste ângulo tende a
aumentar a área de contato cavaco-ferramenta e impor uma maior restrição ao
escorregamento do cavaco por sobre a superfície de saída, aumentando a força de
usinagem (Figura 7.7).
Outro ângulo que afeta a força de usinagem é o ângulo de posição, cr. Com o
aumento deste ângulo, desde que o ângulo de posição lateral cr não se altere, a
força de usinagem diminui ligeiramente (Figura 7.7).
85
f) Estado de afiação da ferramenta
O desgaste da ferramenta de corte, pode alterar a geometria da ferramenta,
porém o efeito maior é devido ao aumento da área de contato com o cavaco e/ou
com a peça, com o crescimento do desgaste de cratera e de flanco,
respectivamente. Isto faz aumentar a força de Usinagem.
Fc
Ks = (7.6)
A
Fc
Ks = (7.7)
ap .fc
Fc.v c Fc
Ks = e = = (7.8)
v c .fc .ap fc .ap
a) Taylor
88
Ks = 0,25
para FoFo cinzento (7.9)
f . a p0,07
86
138
Ks = para FoFo branco (7.10)
f . a p0,07
0,25
200
Ks = para aços semi-doces (7.11)
f 0,07
Cz
Ks = (7.12)
fn
onde,
Cz = constante do material
n = 0,2 para aços
n = 0,3 para FoFo
Cw
Ks = (7.13)
f 0,477
onde,
Cw = constante do material.
d) Kronenberg.
gs
æ Gö
Cksç ÷
è 5ø
Ks = (7.14)
A fs
onde,
Cks, gs e fs são constantes que dependem do material da peça e da
ap
ferramenta. G = índice de esbeltez = .
f
e) Kienzle.
Ks = Ks1. h- z (7.15)
87
7.3. POTÊNCIA DE USINAGEM
Potência de Corte - Nc
Fc × vc
Nc = [CV] (7.16)
60 × 75
Fc em Kgf e vc em m/min.
Potência de Avanço - Nf
Ff × vf
Nf = [CV] (7.17)
1000 × 60 × 75
Ff em Kgf e vf em mm/min.
Ne = Nc + Nf (7.18)
Nc 2
e a relação = = 1667 .
Nf 0,0012
Este número comprova que a maior parcela de potência efetiva de corte, Ne,
é dada pela potência de corte, Nc, sendo a potência de avanço, Nf, desprezível.
Ne » Nc (7.19)
Por esta razão a força de corte Fc, constituinte da maior parcela de potência
de usinagem, é chamada força principal de corte [2].
88
Assim, com uma boa aproximação pode-se escrever:
me = ms + mf (7.21)
onde:
me = energia efetiva por unidade de volume de material removido (igual a pressão
específica de corte, Expressão 7.8).
Fc. vc Fc
me = = (7.22)
vc . f. ap f. ap
Fz. vz
ms = (7.23)
vc . f. ap
FT. vcav
mf = (7.24)
vc . f. ap
Nc
Nm = (7.20)
h
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
89
3. DIN Krafte und Leistungen, DIN 6584 (ENT WRF), Berlim, Buethvertrieb Gmbh,
oct, 1963.
4. TRENT, E.M. Metal Cutting, 2nd Edition, Buttherworths, London, 1984, 245
pags, ISBN - 0.408.10856-8.
5. MACHADO, A.R.; GIANINI, W.L.; BÖHES, L. Verificação Experimental do
Comportamento das Forças de Corte e de Avanço no Torneamento do Ferro
Fundido ABNT FC-250 Utilizando-se Pastilhas de Metal Duro, Cerâmica Óxida e
Cerâmica Não Óxida, VII CBCIMAT, UFSC, Florianópolis SC, dez, 1996, pp.
155-59.
6. MACHADO, A.R.; GONÇALVES, R.A.; GIANINI, W.L. Verificação Experimental
do Comportamento das Forças de Corte e de Avanço no Torneamento dos Aços
ABNT 1020, ABNT 1045 e Alumínio Comercial, IX COBEM, UFSC, Florianópolis
SC, dez., 1987, pp. 1029-1033.
7. SCHLESINGER, G. Die Werkzeng Maschinen, Berlin, Verlag von Julios
Springer, 1936.
8. VIEREGE, G. Zerspanung der Eisenwerstogge, Düsseldorf, Verlag Stahleisen,
M.B.H., 1959.
90
CAPÍTULO 8
TENSÕES E DEFORMAÇÕES EM USINAGEM
8.1. TENSÕES
Tensão Normal:
FNZ
s S =
AS
(8.1)
Tensão Cisalhante:
FZ
tS =
AS
(8.2)
onde,
FNZ e FZ são as forças normal e tangencial, respectivamente, que atuam no plano de
cisalhamento primário (ver Figura 7.1). AS é a área do plano de cisalhamento
primário.
A h.b
No corte ortogonal AS = = .
sen f sen f
91
Portanto, é importante conhecer a distribuição de tensão normal e a
distribuição de tensão cisalhante na superfície de saída da ferramenta, mas é
essencial conhecer os valores de tensões máximas.
s C = q.x y (8.3)
onde:
x = distância da zona de contato, a partir do ponto onde o cavaco perde contato com
a ferramenta.
y e q = constantes.
Foi verificado [5,6] que a distribuição de tensão varia com o material da peça,
porque elas dependem não somente do coeficiente de atrito entre o cavaco e a
ferramenta, mas também das características de deformação do material. Foi também
mostrado [4] que os valores de tensões normais máximas aumentam com o
aumento da velocidade de corte e avanço, mas os valores de tensões cisalhantes
máximos, diminuem.
8.2. DEFORMAÇÕES
92
DS cos( g )
d= = (8.4)
DY sen( f). cos( f - g )
93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
94
CAPÍTULO 9
TEMPERATURA DE CORTE
9.1. INTRODUÇÃO
A Figura 9.1 mostra as três zonas distintas, onde o calor pode ser gerado em
usinagem.
São elas:
Grande parte deste calor gerado é dissipada pelo cavaco, uma pequena
porcentagem é dissipada pela peça e uma outra para o meio ambiente. O restante
vai para ferramenta de corte. Apesar desse restante representar apenas pequenos
percentuais (8 a 10%), o aumento da temperatura associado com este calor é
significativo, podendo chegar, em certos casos, a 1100 ºC, o que compromete,
fortemente, a resistência da ferramenta.
onde,
95
Qz = calor gerado na zona de cisalhamento primário.
Qa1 = calor gerado na zona de cisalhamento secundário.
Qa2 = calor gerado na zona de interface peça-superfície de folga da ferramenta.
Qc = calor dissipado pelo cavaco.
Qp = calor dissipado pela peça.
Qma = calor dissipado pelo meio ambiente.
Qf = calor dissipado pela ferramenta de corte.
A maior parte deste calor é dissipado pelo cavaco, mas uma pequena fração
M, é conduzida na peça, e aumenta a sua temperatura, podendo às vezes causar
problemas de precisão dimensional. Segundo Nakayama [2], no torneamento este
aumento de temperatura, Dqp, depende da rotação (aumentando com o aumento da
mesma), e do número de revoluções após o corte ter iniciado (a peça é aquecida
pelos cortes precedentes e isto afeta o aumento da temperatura no corte
subsequente).
onde:
J = equivalente mecânico de calor.
r = densidade do material da peça.
c = calor específico do material da peça.
96
temperaturas bem maiores que as temperaturas do cavaco. Assim, o calor fluirá da zona
de fluxo em direção ao cavaco, e não o contrário.
97
Podem-se observar temperaturas bastante elevadas em velocidades de corte
bem baixas, para certos materiais.
98
metal duro classe K10 e de cerâmica à base de Si 3N4, durante o torneamento de
ferro fundido cinzento.
600
500
300
200
99
A seguir é apresentada uma descrição suscinta e algumas aplicações desses
métodos. Maiores detalhes podem ser encontrados em [6-16].
100
Figura 9.5. Calibração do método do termopar ferramenta-peça [9].
101
Figura 9.7. Medição da temperatura de corte através da radiação térmica [9].
Pode-se observar que o calor irradiado pela ponta da ferramenta está sendo
projetado, por meio de um sistema de lentes, no termoelemento (termopar), o qual
produz uma d.d.p. proporcional à temperatura naquela região. A f.e.m. gerada é
medida através de um milivoltímetro. O sistema pode ser calibrado de modo a
fornecer valores da temperatura na região da ferramenta, em qualquer unidade.
102
distribuição de temperatura foi determinada numa seção transversal à aresta principal
de corte da ferramenta, após usinar um aço de baixo carbono sob diversas velocidade
de corte [13]. Os resultados são apresentados na Figura 9.8. Observa-se que nesta
aplicação a máxima temperatura acontece à determinada distância da aresta principal
de corte, e que elas crescem com o aumento da velocidade de corte.
(a) (b)
(c)
Figura 9.9. Influencia do avanço nas temperaturas das ferramentas usadas para
cortar aço com avanços de a)- 0.125 mm/volta; b)- 0.250 mm/volta; c)-
0,500 mm/volta [1].
103
A influência da utilização de um fluido de corte e da direção de sua aplicação
são ilustrados na Figura 9.10. Em a tem-se a usinagem sem fluido de corte, em b
utilizou-se um fluido de corte aplicado sobre-cabeça e finalmente em c utilizou-se o
mesmo fluido de corte, aplicado entre a superfície em usinagem principal da peça e
a superfície de folga da ferramenta. Observa-se que o fluido não consegue baixar a
temperatura máxima da ferramenta de 900 oC.(que é a temperatura máxima
detectável pelo método utilizado), mas sua aplicação aumenta nitidamente o
gradiente de temperatura e reduz a zona afetada pelo calor. Isto é mais acentuado
quando o fluido é aplicado entre a superfície em usinagem principal da peça e a
superfície de folga da ferramenta de corte.
Esta técnica consiste da utilização de sais com ponto de fusão bem definido
tais como NaCl, KCl, CdCl, PbCl2, AgCl, KNO3, para determinação da distribuição da
temperatura no corpo da ferramenta de corte.
104
Kato et alli [14], determinaram a distribuição de temperatura numa superfície
perpendicular ao plano de referência de ferramentas de metal duro (classe P20),
cermets e cerâmicas, durante o corte ortogonal de tubos do material STKM 13A
utilizando pós de sais com ponto de fusão constante, Figura 9.11.
Casto et alli [15], utilizaram uma técnica semelhante. Com o uso de nitreto de
potássio (ponto de fusão = 390 0C) posto num plano paralelo à superfície de saída
de insertos cerâmicos determinaram a isotérmica gerada durante a usinagem do aço
ISO C40.
Este método foi publicado por Kato e Fujii em 1996. Consiste da deposição de
finas camadas de diversos materiais com pontos de fusão específicos numa
superfície perpendicular à superfície de saída de insertos de metal duro. Após a
deposição do filme de um determinado material, as partes da ferramenta são unidas
e posta para usinar um disco num processo de corte ortogonal como mostra a Figura
9.12.
105
Figura 9.12. Montagem experimental para medir a distribuição de temperatura pelo
método PVD (Kato e Fujii, 1996).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. TRENT, E.M. Metal Cutting, 2nd Edition, Butterworths, 1984, 245 pags, ISBN 0-
408-108568.
106
2. NAKAYAMA, K. Temperature Rise of Workpiece During Metal Cutting, Bull
Faculty Engineering, Yokohama National University, march, 1956, pp 1-10.
3. BOOTHROOYD, G. Fundamentals of Metal Machining and Machine Tools,
International Student Edition, Mc Graw-Hill, 5 th Printing, 1981, ISBN 0-07-
085057-7.
4. TRENT, E.M. Metal Cutting and the Tribology of Seizure: III. Temperature in
Metal Cutting, Wear, vol. 128, 1988, pp 65-81.
5. TAY, A.O.; STEVENSON, M.G.; DAVIS, G.V. Using the Finite Element Method
to Determine Temperature Distribution in Orthogonal Machining, Proc. Instm.
Mech. Engrs., vol. 188 (55), 1974, pp 627-638.
6. DE MELO, A. C. A. Estimação da Temperatura de Corte Utilizando Problemas
Inversos em Condução de Calor, Dissertação de mestrado, Universidade
Federal de Uberlândia, 1998, 116 pgs.
7. LIN, J.; LEE, S.; WENG, C. Estimation of Cutting Temperature in High Speed
Machining, Journal of Engineering Materials and Technology, vol. 114, 1992, pp
289-290.
8. BICKEL, E. The Temperature on a Turning Tool, International Prod. Eng. Res.
Conference - ASME, 1963, pp 89-94.
9. FERRARESI, D. Fundamentos da Usinagem dos Metais, Editora Edgard
Blücher Ltda., vol. 1, SP, 1977, 751 pgs.
10. SCHWERD, F. Ueber die Bestimmung des Temperaturfeldes beim Spanablauf,
1933.
11. WRIGHT, P.K.; TRENT, E.M. Metallographic Method of Determining
Temperature Gradients in Cutting Tools, Journal of the Iron and Steel Institute,
may, 1973, pp 364-368.
12. DEARNLEY, P. A. New Technique for Determining Temperature Distribution in
Cemented Carbide Cutting Tools, Metals Technology, vol. 10, 1983, pp. 205-
214.
13. SMART, E.F.; TRENT, E.M. Temperature Distribution in Tools Used to Cutting
Iron, Titanium and Neckel, Int. J. Prod. Res., vol. 13(3), 1975, pp. 265-290.
14. KATO, S.; YAMAGUCHI, K.; WATANABLE, Y.; HIRAIWA, Y. Measurement of
Temperature Distribution Within Tool Using Powders of Constant Melting Point,
ASME Journal of Engineering for Industry, 1976, pp 607-613.
15. CASTO, S. L.; VALVO, E. L.; PIACENTINI, M.; RUISI, V. F.; LUCCHINI, E.;
MASCHIO, S. Cutting Temperatures Evaluation in Ceramic Tools: Experimental
Tests, Numerical Analysis and SEM Observations, Annals of the CIRP, vol. 43,
1994, pp. 73-76.
16. SHAW, M.C. Metal Cutting Principles, Oxford University Press, 1984, ISBN 0-
19-859002-4.
107