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04/09/2020 Jovens hegelianos – Wikipédia, a enciclopédia livre

Jovens hegelianos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os jovens hegelianos, depois conhecidos como os


hegelianos de esquerda, foram um grupo de estudantes e
jovens professores na Universidade Humboldt de Berlim
após a morte de Georg Hegel ocorrida em 1831. Os jovens
hegelianos foram opositores ao popular grupo hegelianos
de direita os quais detinham as cátedras do departamento e
outras posições de prestígio na universidade e no governo.

Ambas advogavam a onipotência do governo.[1] Foi um


hegeliano de esquerda, Ferdinand Lassalle, quem mais
claramente expressou a tese fundamental do hegelianismo:
"O Estado é Deus." O próprio Hegel havia sido um pouco
mais cauteloso. Ele declarou apenas que é "o percurso de
Deus através do mundo que constitui o Estado" e que ao
lidarmos com o estado devemos contemplar "a Ideia, o
próprio Deus presente na terra."[1] Assim discordando
apenas em relação ao Reino da Prússia e à Igreja Evangélica A filosofia politica de Hegel poderia ser
da Prússia[1] lida em direções de esquerda ou de
direita.
Os hegelianos de direita acreditavam que as séries de
evoluções dialéticas históricas tinham sido completadas, e
que a sociedade da Prússia, como ela existia, era a culminação de todo o desenvolvimento social para
a época, com um extenso sistema de serviços civis, boas universidades, industrialização, e alta
empregabilidade. Os jovens hegelianos acreditavam que ainda haveria mudanças dialéticas mais
extensas para acontecer, e que a sociedade da Prússia da época estava longe da perfeição e ainda
continha focos de pobreza, governo censura tinha lugar, e os não luteranos sofriam com a
discriminação religiosa.

Os jovens hegelianos interpretavam o aparato estatal inteiro como, em última análise, um clamor por
legitimidade baseada em doutrinas religiosas; especificamente o Luteranismo na Prússia
contemporânea, mas eles generalizaram a teoria para ser aplicável a qualquer Estado suportado por
qualquer religião. Todas as leis foram finalmente baseadas nas doutrinas bíblicas.

Como tal, o plano deles para sabotar o que eles concebiam como o aparato do estado corrupto e
despótico, era atacar a base filosófica da religião. No processo, eles se tornaram os primeiros
estudantes bíblicos objetivos e não religiosos desde Espinoza em seu Tratado Teológico-Politico.

David Strauss escreveu Das Leben Jesu (A vida de Jesus), onde ele argumentou que os ensinamentos
originais de Jesus tinham sido ligeiramente deturpados e modificados através dos séculos por
propósitos políticos. Strauss argumentou que a mensagem original de Jesus era destinada aos pobres
e oprimidos da sociedade, e não para o estabelecimento (establishment). Esses ensinamentos tinham
sido usurpados pelo estabelecimento (establishment) para manipular e oprimir as populações do
mundo prometendo a elas uma recompensa no pós-vida se elas se mantivessem em seus lugares
(obedientes) e não se levantassem ou rebelassem contra o rico. Isso se coloca em oposição direta aos
ensinamentos de Jesus, que estava liderando um movimento de massa dos pobres, e dessa maneira
Strauss percebeu que a religião estado era inválida.

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Bruno Bauer foi mais longe, e alegou que a história inteira de Jesus era um mito. Ele não encontrou
nenhum registro de alguém chamado "Yeshua de Nazaré" em quaisquer registros da então ainda
existente Roma. (Pesquisas posteriores, na verdade, encontraram tais citações, como no historiador
romano Públio Cornélio Tácito e o historiador judeu Flávio Josefo) Bauer argumentou que quase
todas as figuras históricas mais eminentes na Antigüidade são citadas em outros trabalhos (e.g.,
Aristófanes imitando Sócrates em seus papéis), mas como ele (Bauer) não pôde encontrar quaisquer
de tais referências a Jesus, da mesma forma a história inteira Jesus foi fabricada.

Ludwig Feuerbach escreveu um perfil psicológico de um crente chamado Das Wesen Christentums (A
essência da Cristandade). Ele argumentou que ao crente é apresentada uma doutrina que estimula a
projeção de fantasias para o mundo. Crentes são encorajados a acreditar em milagres, e a idealizar
todas as fraquezas deles imaginando um Deus onipotente, onisciente, imortal que representa a
antítese de todas as falhas e deficiências humanas.

Outro jovem hegeliano, Karl Marx, era em princípio simpatizante dessa estratégia de ataque à
Cristandade para sabotar o estabelecimento da Prússia, mas mais tarde formou idéias divergentes e
rompeu com os jovens hegelianos. Marx concluiu que religião não é a base do poder de
estabelecimento, mas em vez disso é a posse do capital - terras, dinheiro, e os meios de produção -
que está situado no coração do poder de estabelecimento. Marx percebeu que a religião era apenas
uma cortina de fumaça para obscurecer essa verdadeira base de poder de estabelecimento, e
certamente, era um amparo vital para o oprimido proletariado -- "o ópio do povo," o único conforto
deles numa vida na qual ele não estaria disposto a abandonar.

Max Stirner ocasionalmente interagia com os jovens hegelianos, mas manteve posições muito
contrárias às desses pensadores. Consequentemente, ele satirizou e imitou todos eles em sua obra
Der Einzige und Sein Eigentum (O Único e sua propriedade).

Os jovens hegelianos não eram populares na universidade devido às suas opiniões radicais sobre
religião e sociedade. Bauer foi dispensado do posto de professor em 1842, ao passo que Marx e outros
estudantes foram advertidos de que não deveriam se incomodar em submeter suas dissertações à
Universidade de Berlim, pois elas certamente seriam mal recebidas devido às reputações que eles
possuíam.

Ver também
Sociologia da Religião
O ópio dos intelectuais

Referências
1. «O dogma do coletivismo» (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=867). Mises Brasil.
Consultado em 1 de outubro de 2017

Bibliografia
LUKÁCS, György. Ontologia do ser social: a falsa e a verdadeira ontologia de Hegel. São Paulo:
Ed. Ciencias Humanas, 1979. 114p

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