Você está na página 1de 6

[UFPA/ITEC/FEQ/DISC.

Química Analítica Experimental/Professora: Samira Carvalho/Colaboradora: Vitória Roma


(Química do LPA)]

ROTEIRO DE AULA Nº 01 – CALIBRAÇÃO DE VIDRARIA DE LABORATÓRIO QUÍMICO

RESUMO DOS TÓPICOS

1 .OBJETIVO GERAL
2. INTRODUÇÃO
3. CALIBRAÇÃO DE MATERIAL VOLUMÉTRICO
3.1 LIMPEZA DO MATERIAL DE VIDRO
3.2 LEITURA DE VIDRARIAS DE LABORATÓRIO
3.3 CÁLCULOS DE CORREÇÃO DE VOLUME
3.4 TEMPO ESCOAMENTO
3.5 REAGENTES E MATERIAIS
3.6 CALIBRAÇÃO DE BALÃO VOLUMÉTRICO
3.7 CALIBRAÇÃO DA PIPETA
3.8 CALIBRAÇÃO DE BURETA

1. OBJETIVO GERAL
Este experimento tem como objetivo a aferição de frascos volumétricos de laboratório, para
melhorar a exatidão nas suas medições. A técnica se baseia na obtenção do volume corrigido de água para
a condição padrão de 20°C, partindo-se da massa de água contida ou transferida pelo frasco, na
temperatura de trabalho.
.
2. INTRODUÇÃO
Os frascos volumétricos comumente utilizados em laboratório são classificados em dois grupos: os
calibrados para conter um certo volume (TC, to contain), sendo utilizados para preparar volumes fixos de
solução e aqueles utilizados para transferir um determinado volume (TD, to deliver).
Na calibração, os frascos volumétricos TD têm seus volumes corrigidos com relação ao filme
líquido que fica retido na parede interna, escoando apenas o volume aferido.
As pipetas volumétricas são utilizadas para transferir volumes fixos (alíquotas) de solução,
enquanto que as graduadas, volumes variáveis. As pipetas volumétricas mais utilizadas possuem
capacidades de 0,5 a 100 mL e as pipetas graduadas de 1 a 25 mL.
As buretas são frascos volumétricos TD, empregados para escoar volumes variáveis de líquido e
são manuseadas em titulações. As de uso rotineiro possuem capacidades de 5, 10, 25, 50 e 100 mL.
Balões volumétricos são manufaturados para conter certo volume de líquido (TC) e são usados na
preparação de soluções de concentrações conhecidas.
Os balões volumétricos mais empregados são de 100 mL a 2 L.
Para efeito de calibração são adotadas algumas definições.
a) A temperatura de referência de 20°C é a temperatura na qual os frascos volumétricos foram calibrados.
b) O menisco é a interface entre o ar e o líquido que está sendo medido. Deve ser posicionado de maneira
que sua parte inferior tangencie horizontalmente a parte superior da linha de referência, mantendo-se a
linha de visão no mesmo plano.
c) O tempo de escoamento é o tempo necessário para a transferência do volume total de um frasco.
Algumas fontes de erros são inerentes ao processo de medição e de uso. A capacidade de um frasco
volumétrico varia com a temperatura. O coeficiente de dilatação volumétrica do vidro varia,
aproximadamente de (10 a 30) x 10-6 °C-1. Durante a aferição, a medição da temperatura da água deve ser
registrada com a precisão de ± 0,5°C.

3. CALIBRAÇÃO DE MATERIAL VOLUMÉTRICO

3.1 LIMPEZA DE MATERIAL DE VIDRO


Impurezas produzem má configuração do menisco e retenção excessiva de líquido nas paredes dos
frascos volumétricos. Portanto, em análise quantitativa os mesmos devem estar perfeitamente limpos
antes do uso, pois, a presença de substâncias gordurosa pode induzir a erros no resultado final da análise.
A limpeza torna-se necessária, quando gotículas ou película de água não uniforme aparece aderente
às paredes internas do utensílio durante o escoamento de líquido. Todo o material utilizado no laboratório

1
[UFPA/ITEC/FEQ/DISC. Química Analítica Experimental/Professora: Samira Carvalho/Colaboradora: Vitória Roma
(Química do LPA)]

deve ser devidamente limpo antes de sua utilização. Esta limpeza se faz necessária para eliminar possíveis
contaminantes que possam estar no material e venham a ocasionar erros durante o processo analítico.
A limpeza pode ser feita por métodos físicos (mecânicos) e químicos. Por métodos físicos utilizam-
se escovas que não risquem o vidro e ultrassom.
A limpeza mais comum é feita com a utilização de detergente neutro com posterior enxague
empregando-se água corrente e finalização com água deionizada e/ou desmineralizada (várias porções de
5 a 20 mL).
Os métodos químicos envolvem a utilização de detergentes, solventes (etanol, acetona, éter de
petróleo), misturas ácidas, básicas ou oxidantes (água régia):
a) Ácidos diluídos: HCl (1:20 ou 0,01 M), H2SO4 (20% v/v), HNO3 ( até 10% v/v) são utilizados para a
limpeza de vidraria que sofreram contaminação por óxidos, metais, carbonatos, sulfetos, matéria orgânica,
entre outros. Normalmente empregam-se soluções ácidas para limpeza de vidraria, pois materiais de vidro
não são atacados por ácidos (exceto pelo ácido fluorídrico).
b) Bases diluídas (NaOH ou KOH em etanol) – podem ser utilizadas para a limpeza de vidraria que
contenham resíduos de gorduras.
Solução de potassa-alcoólica 10% (dissolve-se 100 g de KOH em 50 mL de água destilada e, após
o resfriamento, completa-se para 1 L com álcool etílico comercial). Esta solução pode ser utilizada como
uma solução de limpeza, principalmente de pipetas, buretas e balões volumétricos. Ao executar a
operação de limpeza, utilizando este desengordurante, deve-se passar rapidamente a referida solução e
imediatamente lavar com água corrente, preservando o vidro de ataque químico (tempo de contato
inferior a 1 minuto); no final da lavagem pode ser utilizada uma solução diluída de ácido clorídrico, HCl
(1:20 ou 0,01 M) para neutralizar eventuais resíduos alcalinos
c) Água régia (3 volumes de HCl + 1 volume HNO3) – utilizada para a limpeza de contaminação por
óxidos e gorduras.

Nota 1- A secagem de buretas, pipetas e balões deve ser feita por sucção a vácuo e não em estufa. Eles
não devem ser colocados em estufa para não perderem a sua aferição.

3.2 LEITURAS DE VIDRARIAS DE LABORATÓRIO


Algumas vidrarias de laboratório apresentam precisão analítica, ou seja, o valor lido a partir dessa
vidraria é utilizado nos cálculos, com a finalidade de se obter resultados. As vidrarias mais utilizadas com
essa finalidade são: bureta, pipeta volumétrica e balão volumétrico.
Todas essas vidrarias de precisão analítica têm um traço de referência que indica onde o líquido deve
estar ao encher o equipamento. Neste processo de leitura, existe um desvio criado pelo olho humano, em
função do ângulo em se faz à leitura. Este desvio é conhecido como erro de Paralaxe.
Para eliminar este erro devemos realizar a leitura de modo que os olhos estejam na mesma linha
(traço) de referência (marca de escala). Outro fato é de que os líquidos quando em frascos de diâmetro
pequeno, normalmente, formam uma curvatura que é denomina de menisco. O menisco deve estar
posicionado de maneira que a sua parte inferior tangencie horizontalmente a parte superior da linha de
referência com a linha de visão no mesmo plano (Figura 1).

Figura 1. Posição do menisco, na leitura de volumes de vidrarias de precisão de laboratório químico.

2
[UFPA/ITEC/FEQ/DISC. Química Analítica Experimental/Professora: Samira Carvalho/Colaboradora: Vitória Roma
(Química do LPA)]

Nota 2: Uma iluminação adequada favorece que o menisco apareça escuro e nítido. Colocar um anteparo
branco entre o recipiente e uma fonte de luz, para auxiliar a leitura do menisco.

3.3 TEMPO DE ESCOAMENTO


No mercado existem vários tipos de vidrarias volumétricas, que são classificados de acordo com a
sua precisão:

Vidraria com certificado: é calibrada de acordo com a especificação ASTM E694 e o certificado
comprova isto.

Vidraria Classe A: é fabricada sob as mesmas especificações do material com certificado, porém é
fornecida sem ESTE.

Material volumétrico standard: esse tipo de material graduado é calibrado com aproximadamente o
dobro do limite de erro dos materiais Classe A.

Muitos laboratórios compram os utensílios sem certificado e fazem sua própria calibração. Para isto
utilizam as tabelas de tolerância para vidraria classe A, para calibrar e certificar seus utensílios de
precisão analítica. As Tabelas 1, 2 (a e b) e 3 mostram os valores de tolerância para vidrarias
volumétricas, respectivamente balões volumétricos, pipetas volumétricas e buretas.
A partir de um frasco volumétrico empregado para a transferência de líquido, o volume
transferido é sempre menor que o contido por causa do filme de líquido que permanece em sua parede.
Quanto menor o tempo de escoamento maior o volume retido e consequentemente, menor o volume
transferido. Portanto, um determinado frasco volumétrico transfere certo volume em um determinado
tempo de escoamento. Um tempo de escoamento maior do que um determinado valor produz volume do
filme suficientemente pequeno e constante. Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados alguns tempos de
escoamento de água dos respectivos frascos de transferência.
Como mostrado na Tabela 1, para uma pipeta de 25,00 mL o desvio máximo aceitável é de ± 0,03
mL, isto é, a capacidade da pipeta deve ser expressa como 25,00 ± 0,03 mL.

Tabela 1 - Tolerância para vidraria “classe A” para balão volumétrico

Tabela 2a - Tolerância para vidraria “classe A” para pipeta volumétrica- volume

3
[UFPA/ITEC/FEQ/DISC. Química Analítica Experimental/Professora: Samira Carvalho/Colaboradora: Vitória Roma
(Química do LPA)]

Tabela 2b - Tolerância para vidraria “classe A” para pipeta volumétrica- tempo de escoamento

Tabela 3 - Tolerância para vidraria “classe A” buretas- volume

O tempo de escoamento para as buretas “classe A” são definidos como:


a) até 5 mL = 15 s
b) até 10 mL = 20 s
c) até 25 mL = 25 s
d) até 50 mL = 30 s
e) até 100 mL = 40 s

3.4 CÁLCULOS DE CORREÇÃO DE VOLUME

a) Cálculo do volume do frasco a temperatura de referência (20 oC)


Para corrigir o volume obtido para o volume na temperatura padrão de calibração (20ºC),
utilizamos a seguinte expressão.

1  01
V20  ( I L  I E ).( ).(1  ar ).[1   (TA  T20 )]
W   ar B

b) Cálculo do volume do frasco a temperatura de trabalho.

V  V20 .[1   (TA  20)] 02

V  V20  0,00001.V20 (TA  20) 03

Onde,
T20 = temperatura de referência (20 oC);
TA = temperatura de execução do experimento ou calibração, em (oC);
V20 = volume contido ou transferido, temperatura de referência (20 oC), em mL;
V = volume contido ou transferido, temperatura (TA), em mL;
IL = resultado da pesagem com o recipiente cheio com água, em g;
IE = resultado da pesagem com o recipiente vazio, em g;
[1   (t A  t20 )] = fator de expansão térmica, utilizado para converter o volume medido a
temperatura do experimento para a temperatura de referência (20 oC);
α = coeficiente de expansão cúbica do frasco (borosilicato = 1,0 x 10-5 oC -1);
ρW = massa específica da água, temperatura de calibração (TA), em g/mL;
ρar = massa específica do ar, temperatura de referência (20 oC), em g/mL;

4
[UFPA/ITEC/FEQ/DISC. Química Analítica Experimental/Professora: Samira Carvalho/Colaboradora: Vitória Roma
(Química do LPA)]

(para temperaturas muito próximas de 20 ºC e à pressão atmosférica normal pode ser usado o valor médio
de 0,0012 g/ml)
ρB = densidade de referência das massas da balança
(normalmente utiliza-se o valor de 7,78 g/mL)

3.5. REAGENTES E MATERIAIS EMPREGADOS


Termômetro; erlenmeyer; béquer, pipetas volumétricas de 20 e, 25 mL; balão volumétrico de 100
mL; bureta de 25 mL; suporte universal e garra para bureta; balança analítica (±0,0001g), entre outros

3.6 CALIBRAÇÃO DE BALÃO VOLUMÉTRICO DE 100 mL


a) Pesar o balão volumétrico limpo e seco (precisão de 0,01 g);
b) Preencher com água destilada até a marca, observando o menisco, e proceder a nova pesagem;
c) Secar o balão (por fora) e repetir os procedimentos anteriores, por mais sete vezes;
d) Anotar a temperatura da água;
e) Calcular a capacidade do balão a partir das equações (1, 2 e 3);
f) Determinar o volume médio e desvio padrão para expressar a capacidade do balão e sua incerteza na
medida de volume.

3.7 CALIBRAÇÃO DE PIPETA de 20 mL


a) Pesar um recipiente coletor (erlenmeyer, béquer) numa balança (precisão de 0,01 g);
b) Encher a pipeta (25 mL) com água destilada e ajustar o nível do menisco com a marca do volume do
vidro;
c) Transferir o volume de água para o frasco, mantendo a pipeta verticalmente com a ponta encostada na
parede do recipiente. Após a drenagem mantenha a pipeta nesta posição por pelo menos 10 segundos
antes de removê-la. Não sopre a última gota;
d) Pesar o recipiente com água e repetir o procedimento por mais sete vezes;
e) Atenção: a parte externa do erlenmeyer deve estar seca nas pesagens subsequentes;
f) Anotar a temperatura da água;
g) Calcular a capacidade da pipeta, a partir das equações (1, 2 e 3);
h) Determinar o volume médio e desvio padrão para expressar capacidade da pipeta e sua incerteza na
medida do volume;
g) Aferir o tempo de escoamento das pipetas de 20,00 e 25,00 mL (deve ser próximo de 20 e 25 s,
respectivamente), no mínimo sete vezes.

3.8 CALIBRAÇÃO DA BURETA DE 25 mL


a) Pesar um erlenmeyer de 125 ou 250 mL;
b) Encher a bureta com água até um pouco acima do zero da escala;
c) Deixar a água escoar lentamente, abrindo a torneira até que a parte inferior do menisco coincida com o
zero da escala. A ponta da bureta não deve conter bolhas de ar;
d) Deixar escorrer gota a gota volumes de 1, 3, 5, 7, ..., 25mL para dentro do erlenmeyer, já pesado
previamente, até a marca de 25 mL. A água escoada em cada intervalo é recebida no mesmo frasco.
Subtrair a massa do frasco vazio de cada pesagem sucessiva para dar a massa de 1, 3, 5, ..., 25 g;
e) Calcular os volumes correspondentes utilizando a massa específica e massa da água;

5
[UFPA/ITEC/FEQ/DISC. Química Analítica Experimental/Professora: Samira Carvalho/Colaboradora: Vitória Roma
(Química do LPA)]

f) Construir o gráfico de calibração: Volumes corrigidos, VC (variável dependente) x Volumes lidos, VL


(variável independente)
g) Determinar a equação da reta e coeficiente de correlação (R2). O objetivo é estimar qual a melhor reta
que passa pelos pontos, obtidos experimentalmente.

Tabela A – Resultados da aferição da bureta de 25 mL


VL (mL) Massa (g) Massa (g) Vc (mL)
(recipiente+água) (água) (equação 1)
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
24,00
25,00
OBS: anotar a massa do recipiente vazio (g).

Você também pode gostar