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FACTORES ASSOCIADOS À DISORTOGRAFIA COMO DIFICULDADE ESPECIFICA DE

APRENDIZAGEM NOS ALUNOS DE 3º CICLO DE ENSINO BÁSICO


Armando Domingos1
Farissai Pedro Campira2
RESUMO: O presente ensaio visa essencialmente analisar os factores associados à disortográfica como
dificuldade especifica de aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico. Para efetivação deste objetivo
utilizamos a pesquisa bibliográfica. Os resultados deste ensaio, revelam claramente que, o contexto
moçambicano, regista muitos alunos do 3º ciclo de Ensino Básico com disortografia, porém os professores,
psicólogos e pais e/ou encarregados de educação menos se preocupam com os factores associados a tal
disortografia, o que significa que, os professores preocupam-se justamente em cumprir com os seus programas
de ensino mesmo os alunos sem adquirir a ortografia, eles transitam para outra classe, isso corresponde ao
factor pedagógico e que é mais frequente nesse nível de ensino, apesar que os outros factores interferem
também. Quanto à intervenção, a literatura diz que, é imprescindível a interdependência dos intervenientes
educativos no atendimento das necessidades dos alunos com disortográfica, de maneira a criarem ambientes
educativos, acolhedores, favoráveis e pedagógicos individualizados, que promovam o desenvolvimento da
aprendizagem e o sucesso escolar desses alunos.
Palavras-Chave: Aprendizagem. Dificuldade e Disortografia.

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1. Mestrando em Desenvolvimento Humano e Educação na Universidade Jean Piaget de Moçambique, trabalho de conclusão de Cadeira de
Perturbações de Desenvolvimento e Dificuldade de Aprendizagem, email: armandodomingos2015@gmail.com
2. Professor Doutor em Ciências de Educação - Especialidade em Psicologia de Educação, docente de Cadeira de Perturbações de
Desenvolvimento e Dificuldade de Aprendizagem na Universidade Jean Piaget de Moçambique, email: fcampira@live.com

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1. INTRODUÇÃO
O presente ensaio de Cadeira de Perturbações de Desenvolvimento e Dificuldade de Aprendizagem
debruça atinente: Os Factores associados à Disortográfica como Dificuldade Especifica de Aprendizagem
nos Alunos de 3º ciclo de Ensino Básico, no entanto, a disortografia compreende uma das dificuldades
especificas de aprendizagem caraterizada no erro da ortografia e sintaxe. Olhando para contexto moçambicano
concretamente no 3º ciclo de Ensino Básico, a disortografia é uma realidade preocupante e tem resultado no
insucesso escolar nos alunos deste nível de ensino.
A motivação na escolha do tema em destaque, deve-se pelo facto, do ensino de ortografia ser
extremamente importante na vida dos indivíduos, pois promove a interação com os alunos e as normas
ortográficas para a formação de cidadãos capazes de comunicarem-se de uma forma correta no seus dia-a-dia
como também em várias esferas da sociedade. Nesse âmbito, a inter-relação dos intervenientes educativos,
entre os pais e encarregados de educação, professores, psicólogos no atendimento das necessidades dos alunos
com disortografia, é indispensável, no sentido de identificarem os factores associados a disortográfica nos
alunos e traçarem técnicas viáveis de intervenção que possibilitam criarem ambientes educativos favoráveis e
pedagógicos individualizados, na promoção de desenvolvimento da aprendizagem e o sucesso escolar desses
alunos. De salientar que, a disortografia é pouco discutida no contexto moçambicano do ponto de vista
cientifico, reparando que está constitui uma das grandes dificuldades especifica de aprendizagem, que resulta
de certa forma no insucesso escolar dos alunos.
O problema em questão nesta temática reside no facto do 3º Ciclo de Ensino Básico estar previsto que
todos os alunos adquiram e dominem as competências básicas de escrita, no entanto, a realidade mostra
claramente que, muito alunos do 3º ciclo de Ensino Básico tem dificuldade de escrita, onde confundem os
fonemas, discordância de número, de gênero, pontuação deslocada, junção de palavras e letras e no outro
momento omissão de algumas letras nas palavras. Atinente a está problemática, muitos pais e encarregados de
educação tem lançado a culpa aos professores e vice-versa. Face ao exposto acima, colocamos a seguinte
questão norteadora: Que factores têm associados a disortográfica como dificuldade especifica de
aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico?
Nesse âmbito, o presente ensaio tem com o objectivo de analisar os factores associados à disortográfica como
dificuldade especifica de aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico. Para materialização deste
objetivo, recorremos a pesquisa bibliográfica, consultando livros e artigos científicos sobre a disortográfica.

O presente ensaio obedece a seguinte estruturação com vista a facilitar a compreensão: primeiro capítulo é da
introdução, no qual encontramos, justificativa, problematização, os objectivos e metodologia de trabalho, o
segundo é de Referencial Teórico e o terceiro é de conclusão e por fim, as referências bibliográficas.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Conceitos Básicos da Disortografia
Segundo Serra (2005, apud Afonso, 2010, p.18), a disortografia é “uma perturbação específica da
escrita que altera a transmissão do código linguístico ao nível dos fonemas, dos grafemas, da associação
correcta entre estes, no que respeita a peculiaridades ortográficas de certas palavras e regras de ortografia”. Em
concordância com Oliveira (2017), a disortográfica é uma dificuldade especifica de aprendizagem da escrita,
que consiste nas trocas de fonemas na produção da escrita, com omissões de letras, discordância de gênero, de
números, seguidos de muitos erros sintáticos e uso incorrecto da pontuação, parágrafos, frases e acentuação na
hora de escrever um texto.

Neste âmbito, Serra (2008, apud Casal, 2013, p.34), a disortografia é a designação dada às dificuldades
de aprendizagem especificamente atinente com a aquisição de ortografia e sintaxe e com sinais e reflexões na
perspectiva da composição na prática de escrita.

Em harmonia com as definições acima expostas, percebemos que, todos autores convergem em definir
a disortografia, como sendo uma dificuldade especifica de aprendizagem na composição da escrita por causa
de obstáculos em adquirir ortografia e sintaxe requerido, no entanto, a disortografia, é um transtorno
caracterizado por incumprimento das regras de escrita que afeta a palavra.
2.2. Factores associados à disortografia

Torres e Fernández (2001, apud Casal, 2013, p.45), apontaram cinco tipos de factores para a ocorrência
ou desenvolvimento de disortografia:
 Factores de tipo percetivo, que aludem a deficiências ao nível espácio-temporal, na perceção e na
memória visual e auditiva, estas poderão ser apontadas como responsáveis pela ocorrência de
dificuldades na orientação das letras, discriminação de grafemas, sequencia ritmo, discriminação e
memória auditiva.
 Factores de tipo intelectual, a saber o défice ou imaturidade intelectual necessárias para a realização
de operações de caráter lógico-intelectual, determinantes no acesso à aprendizagem do código de
correspondência grafema-fonema, poderá perturbar o conhecimento e distinção dos elementos
linguísticos referentes à sílaba, palavra e frase.
 Factores de tipo linguístico, especificamente as causas relacionadas com dificuldades na articulação,
deficiente conhecimento ou utilização de vocabulário.
 Factores de tipo afetivo-emocional, a falta de motivação pode provocar momentos de
desconcentração suficientes para cometer erros na escrita.

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 Factores de tipo pedagógico, estão relacionadas ao desajuste de método e técnicas escolhidas em
relação às necessidades e ritmo de aprendizagem das crianças, no entanto, este tem sido frequente.
Nessa perspectiva, todos factores em alusão, interferem na ortografia dependendo da especificidade de
problema de cada aluno, e é pertinente diagnosticar os factores de disortografia de cada aluno para aplicar-se
técnicas individualizadas mediante o ritmo de aprendizagem Olhando para o contexto moçambicano, tanto os
professores assim como os pais e encarregados de educação pouco investigam sobre os factores associados à
disortográfica, neste caso, aos professores cabe-lhes simplesmente fazerem passar os alunos que não
adquiriram a competência da escrita plasmada no Programa de 3º ciclo de Ensino Básico apoiando-se de certa
forma, na política de passagem semi-automática. Também os professores preocupam-se essencialmente em
cumprir com os seus programas de ensino sem tomar a devida atenção aos factores que causam dificuldade de
aprendizagem para traçarem as metodologias especificas para intervir a esses alunos. Partindo desse
pressuposto, entre todos factores acima descritos, o fator pedagógico é mais frequente tal como os autores
acima explicita, Moçambique não é excepção.
2.3. Características de disortografia

De acordo com Torres & Fernández (2001, apud Coelho, S/d), evidenciam numerosos erros
ortográficos de natureza muito diversas seguintes:

Erros de caráter linguístico-percetivo: consistem em omissões, adições e inversões de letras,


de sílabas ou de palavras; troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoramente
(“faca”/“vaca”). Erros de caráter visoespacial: substitui letras que se diferenciam pela sua
posição no espaço (“b”/“d”); confunde-se com fonemas que apresentam dupla grafia
(“ch”/“x”); omite a letra “h”, por não ter correspondência fonémica; Erros de caráter
visoanalítico: Não faz sínteses e/ou associações entre fonemas e grafemas, trocando letras sem
qualquer sentido; Erros relativos ao conteúdo: Não separa sequências gráficas pertencentes a
uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta sílabas
pertencentes a duas palavras (“no diaseguinte”); Erros referentes às regras de ortografia; não
coloca “m” antes de “b” ou “p”; ignora as regras de pontuação; esquece-se de iniciar as frases
com letra maiúscula; desconhece a forma correta de separação das palavras na mudança de
linha, a sua divisão silábica, a utilização do hífen.
Em harmonia com Silveira (2014 p.119), uma das principais características de um aluno disortográfico
é a confusão das sílabas, letras e trocas ortográficas leccionadas em sala de aula pelo professor. Outras
características não menos importantes, são junções e omissões das letras e desordem na estrutura da frase.

2.4. Tipos de disortografia

De acordo com Tsvetkova (1977) e Luria (1980), Torres e Fernández (2001, apud Casal, 2013, p.45),
apresentam sete tipos de disortografia:

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A disortografia temporal – consiste na incapacidade de se ter uma perceção, ordenação e
separação clara dos aspetos fonémicos da cadeia falada; Disortografia percetivo-cinestética –
constitui incapacidade para analisar as situações cinestéticas que intervêm na articulação;
Disortografia cinética – consiste na incapacidade de sequenciar os fonemas do discurso,
verificando-se, os erros de união ou separação; Disortografia visuo-espacial – consiste
alteração percetiva da imagem dos grafemas; Disortografia dinâmica, também denominada de
disgramatismo – caraterizada pela alteração da expressão escrita das ideias e estruturação
sintática das ideias; Disortografia semântica – designada alteração da análise conceptual, os
elementos diacríticos ou recurso a sinais ortográficos e Disortografia cultural – representa
grave dificuldade na aprendizagem da ortografia convencional e das suas regras.
Fazendo análise crítica, todos tipos de disortotgrafia em alusão são verificados no contexto
moçambicano, visto que, muitos professores e pais e/ou encarregados de educação do 3º ciclo de Ensino
Básico apresentam lamentações e grito de socorro atinente as dificuldades de escrita que os alunos possuem,
basicamente tem sido nas salas de aulas onde verificam-se esses tipos disortografia a partir de várias técnicas
como por exemplo as provas, os exercícios que são aplicados e os cadernos de apontamentos dos alunos,
quanto aos pais e encarregados de educação não estão alheio, também verificam a disortografia dos seus filhos
nos apontamentos, exercícios e TPC que são orientados na escola.
2.5. Intervenção na criança com disortografia
Segundo Coelho (S/d), “a intervenção junto de alunos com disortografia não deve obedecer a um único
modelo em concreto, mas sim a uma variedade de técnicas que tenham em conta não apenas a correção dos
erros ortográficos, mas também a perceção auditiva, visual e espácio-temporal, bem como a memória auditiva
e visual. ”
A abordagem acima, dá-nos uma grande chama de atenção no atendimento dos alunos com
disortografia, olhando um pouco para o contexto moçambicano, devemos usar várias técnicas, na mesma
sequência devemos incorporar as equipas multisetoriais na mitigação da mesma causa, o que significa não
apenas trabalho deve estar centralizado ao único profissional ou técnica.
Torres & Fernández (2001, apud Coelho, S/d), salientam que:
A intervenção sobre os factores associados à disortográfico é uma das áreas importantes na
reeducação da disortografia, neste caso, são meramente importantes os aspetos atinentes a
percepção, discriminação e memória ou visual; as características de organização e estruturação
espacial; a percepção linguístico-auditiva e também exercícios que enriquece o léxico e
vocabulário da criança. E a segunda área de intervenção é a correção dos erros ortográficos
específicos. Nesse âmbito, qualquer que seja o procedimento a adoptar, é importante que o
educador tenha em conta as reais habilidades e dificuldades da criança e seja capaz de planear
um conjunto de atividades que vão ao encontro dessas incapacidades específicas.
Olhando para abordagem acima, percebemos que é uma consciencialização à todos intervenientes
educativos que atendem os alunos com disortografia, de que, há necessidade de conhecermos numa primeira
fase, a realidade do nosso alvo, tal como recomenda a planificação na sua primeira etapa, salientar que, está
abordagem alinha melhor o nosso tema em causa no sentido de sabermos intervir.

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3. CONCLUSÃO
Após uma breve análise no que diz respeito aos factores associados à disortográfica como dificuldade
especifica de aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico, identificamos e analisamos os factores do
tipo percetivo, intelectual, linguístico, afetivo-emocional, e factores de tipo pedagógico, no entanto, de acordo
com a literatura, todos factores em alusão interferem na ortografia dependendo da especificidade de problema
de cada aluno, é pertinente diagnosticar os factores de disortografia de cada aluno para aplicar-se técnicas
individualizadas mediante o ritmo de aprendizagem.
Olhando para o contexto moçambicano, regista-se muitos alunos disortográficos, mas os professores e
os pais e encarregados de educação poucos analisam os factores associados à disortográfica, neste caso, aos
professores, simplesmente os alunos com disortográfico passam assegurando na política de passagem semi-
automática, sendo assim, entre todos factores acima, o fator pedagógico tem sido frequente.
Quanto aos tipos da disortografia, descrevemos sete tipos de disortografia como: temporal, percetivo-
cinestética, cinética, visuo-espacial, dinâmica, semântica, cultural. Para identificação e descrição desses tipos de
disortografia especialmente no contexto moçambicano, tem-se verificado geralmente nas salas de aula através

de provas, exercícios que são aplicados e nos cadernos de apontamentos dos alunos, nesse processo os pais e
encarregados de educação não estão afastado, verificam mediante os apontamentos e TPC.

Finalmente devemos assumir que, a implementação da estratégia de intervenção concretamente a


reeducação dos alunos com disortografia deve ser um esforço conjunto de todos intervenientes educativos,
tomando em consideração os factores associados para promoverem os alunos a desenvolver competência da
ortografia.

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Referências Bibliográficas
Afonso, M. L. P. (2010). Disortográfica: compreender para intervir. Dissertação de Mestrado em
Ciências da Educação - Especialização em Educação Especial, apresentada à Escola Superior de Educação de
Paula Frassinetti, Porto. Disponível em: file:///C:/Users/Jac/Downloads/TM-ESEPF-
EE_lurdesafonso2010anexos.pdf
Casal, C. J. F., (2013), Disortografia: A escrita criativa na reeducação da escrita, Porto.
Disponível:https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4140/1/Carlos%20Casal%20%20Disortografia%20A
%20Escrita%20Criativa%20na%20Reeduca%c3%a7%c3%a3o%20da%20Escrita.pdf
Coelho, D.T. (S/d). Dificuldades de aprendizagem específicas, dislexia, disgrafia, disortografia e
discalculia. Porto, Areal. Disponível em: http://www.ciec uminho.org/documentos/ebooks/2307/pdfs/8%20Inf
%C3%A2ncia%20e%20Inclus%C3%A3o/Dislexia.pdf
Oliveira, R. M. A Importância de Analisar as Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Escolar –
Dislexia, Disgrafia, Disortográfica, Discalculia e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia-disgrafia-disortografica
Silveira, T. R. (2014), Psicopedagogia: um novo olhar frente à disortografia, Complexo de Ensino
Superior de Cachoeirinha. Disponível em: http://www.historialivre.com/revistahistoriador/seis/10tatiana.pdf

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