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EAD: opiniões,
resistências e expectativas
1 Tecnologia Assistiva é uma área interdisciplinar do conhecimento que engloba recursos, estratégias,
produtos e serviços que contribuem para ampliar ou proporcionar habilidades funcionais de pessoas
com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida (BRASIL, 2009).
Se examinarmos os inúmeros projetos de EAD que vêm sendo elaborados nas institui-
ções de ensino, nas empresas e nas organizações públicas e privadas, poderemos identifi-
car muitas outras expectativas com relação aos benefícios que a modalidade pode trazer.
Listamos somente as expectativas mais recorrentes. Ao lado delas, encontramos também
expressões que revelam temores, dúvidas, resistências e preconceitos com relação à moda-
lidade em questão. Todos os tipos de questionamentos e debates devem ser levados a sério,
até mesmo quando infundados. Para a EAD se firmar definitivamente como uma modalida-
de respeitada pelas pessoas e pela sociedade, tais resistências precisam ser vencidas, tanto
no terreno dos argumentos quanto no âmbito das práticas reais.
2 Esse termo é bastante utilizado em instituições que desenvolvem e utilizam materiais didáticos de
EAD. O termo faz menção ao professor que, além de dar aulas, também está capacitado a escrever o
material didático que embasa suas explicações.
o aluno?”, “Tendo em vista que ensinar a distância já é difícil, o que dizer da avaliação feita
a distância”?
Em primeiro lugar, cabe esclarecer que o MEC – mesmo para os cursos feitos a distância
– exige a realização de exames presenciais em cursos regulares de graduação e a apresenta-
ção presencial de trabalhos monográficos de conclusão de cursos de pós-graduação.
Essa é uma resposta que pode ser meramente paliativa, uma vez que a EAD é uma mo-
dalidade que privilegia a responsabilidade de todos os agentes educacionais no processo de
aprendizagem, incluindo os momentos de avaliação.
A modalidade é um caminho para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes,
tão necessária para o enfrentamento das condições reais de vida fora do ambiente escolar ou
universitário. Nesse sentido, formas como a avaliação processual e a autoavaliação podem
e devem encontrar na EAD um solo fértil para germinar e crescer. Afinal, novas formas de
ensinar e aprender exigem novas formas de acompanhamento e avaliação.
Estamos atendendo às expectativas com relação aos benefícios que a EAD pode trazer
para as pessoas e para a comunidade? Ou os temores estão se tornando reais e a EAD está
trazendo mais problemas do que soluções?
Responder a essas e outras questões relativas aos resultados efetivos obtidos pela EAD
exige uma reflexão mais aprofundada do que um simples “eu acho que”. Precisamos de
pesquisas sólidas e contínuas que contenham o que o professor Pedro Demo chama de “nú-
meros inteligentes” – não o dado pelo dado, mas sim dados capazes de gerar informações
úteis, as quais podem ajudar na construção de novos conhecimentos.
Os defensores da EAD recentemente foram brindados com alguns dados bastante
animadores. O último Enade – 2016 (exame do MEC sobre o ensino superior) demons-
trou que, em muitas áreas de conhecimento, os alunos matriculados em cursos a distân-
cia estão se saindo tão bem ou até melhor do que os alunos que fazem o mesmo curso na
modalidade presencial.
Em sete das treze áreas em que é possível comparar a modalidade a distância com a
presencial, alunos da EAD obtiveram melhores resultados do que os da presencial, saltando
para nove áreas, sendo que são tomados apenas os alunos no primeiro ano de seus cursos.
Tudo isso, entretanto, ainda é muito pouco, se compararmos nossos números com os
de outros países em desenvolvimento. A Índia, por exemplo, mantém a maior universidade
aberta do planeta, a Universidade a Distância Indira Gandhi, com 3,5 milhão de alunos e de-
zenas de outras instituições que oferecem educação a distância. México, Austrália, Canadá,
países de grandes dimensões, possuem sistemas de EAD bem mais desenvolvidos do que
o nosso. Mesmo nações que vivem em territórios menores investiram na modalidade e hoje
contam com sistemas de grande alcance e qualidade reconhecida.
Falando sobre EAD, o diretor de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do MEC,
Dilvo Ristoff, disse que: “Alguns até reconhecem o seu efeito democratizante, mas temem
que traga ainda mais dificuldades a um sistema educacional com problemas. Os dois últi-
mos Enades (2015 e 2016), no entanto, mostram que este temor é injustificado”.
O crescimento da EAD no Brasil ainda está aquém do que muitos, antecipadamente,
previram para a modalidade na época da implementação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação de 1996. Em um “país-continente”, com tantas pessoas ainda sem acesso à educa-
ção, esperava-se um crescimento mais acelerado da EAD. Sua expansão real, no entanto, é
bastante significativa e aponta uma tendência de crescimento na medida em que seja mais
aceita e demonstre bons resultados.
Além dos cursos superiores, temos de considerar também o aumento dos cursos na
modalidade EAD em outros setores, como o empresarial e o governamental. Devemos con-
siderar ainda as organizações da sociedade civil, com suas inúmeras formas de educação
profissional, aberta e flexível.
A atitude de habitante em
ambientes virtuais de aprendizagem
(SCHERER e BRITO, 2014)
Atividades
1. Quando você iniciou este curso, possivelmente trouxe consigo várias expectativas
com relação à EAD. O texto menciona algumas justificativas e expectativas gerais.
Quais são as suas? O que motivou você a se matricular em um curso a distância? Que
benefícios você espera obter estudando nessa modalidade?