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06 Teorico
06 Teorico
Étnico Cultural
Material Teórico
Condição Humana e Diversidade das Culturas
em Tempos de Globalização
Revisão Técnica
Profa. Ms. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Condição Humana e Diversidade das Culturas
em Tempos De Globalização
• Individualismo e globalização;
• Globalização tecnológica;
• Globalização e política;
• Globalização e diversidade cultural;
• Dimensão econômica da globalização;
• Globalização e sociedade;
• A mais dura crítica à globalização;
• Intolerância em sociedades globais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Evidenciar as formas de globalização no mundo atual.
· Destacar as influências na cultura a partir da globalização.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
Individualismo e Globalização
O historiador inglês Eric Hobsbawm (1917-
2012) afirmava que, com a globalização, surgiu
uma espécie de dissolidarização de classes,
constituída pelo que classificou como “valores
de um individualismo associal absoluto”. Com
isso, Hobsbawm (1995) problematizou um novo
ciclo sistêmico do capitalismo, caracterizado
pelo fenômeno da circulação global de capital,
de modo a lançar luzes em seus sintomas sociais,
na forma de indivíduos egocentrados.
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retórica sobre globalização do cotidiano de uma sociedade que privilegia o
consumo de massa de tudo o que é amoedável pelo capital, incluindo desejos,
pessoas, ideias e sentimentos?
Globalização Tecnológica
Sintetizando a metodologia de Fredric Jameson no estudo Globalização e
estratégia política, o autor elege, como dissemos, cinco níveis a partir dos quais
discorre sobre os resultados de sua análise.
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UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
Globalização e Política
Da tecnologia para a política, Jameson dedica parte de seu estudo ao papel
desempenhado pelo Estado-nação que, segundo alguns teóricos, teria dado
lugar às corporações transnacionais – conhecidas na década de 1970 apenas
como multinacionais.
O neoliberalismo – ou a doutrina de livre mercado – defendido para que referidas
corporações pudessem operar circulando capitais em âmbito global, ilusoriamente
faz pensar em um distanciamento do Estado nas medidas econômicas para a
autorregulação do mercado.
Por outro lado, o Estado passou a ser um agente fundamental nesse sistema,
a partir da instituição de mecanismos legais e medidas intervencionistas que
contraditoriamente garantem a “autogestão” das economias, requerendo, para
tanto, uma efetiva intervenção governamental e um Estado centralizador.
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Na Alemanha, os neonazistas do Nationaldemokratische Partei Deutschlands
(NPD), liderados por Peter Marx – jurista e secretário geral do grupo parlamentar
do NPD –, conquistaram doze cadeiras no Parlamento Regional do Estado da
Saxônia, o Landtag, em Dresden, denunciando a assustadora aceitação de
9,2% dos eleitores, ou seja, 19.087 almas, aos preceitos da causa nazista que se
pensava adormecidos.
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UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
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Dimensão Econômica da Globalização
Para tratarmos da dimensão econômica da globalização, segundo Fredric
Jameson (2001), temos que retomar o princípio de que não houve o desapa-
recimento dos Estados-nações diante das corporações transnacionais, afinal: o
autor nos mostra que há uma notória cumplicidade entre ambos e os discursos
em torno de sua inexistência mascaram seus interesses individuais, com o uso
da fantasia criada pela ideia da globalização que, grosso modo, pode ser de-
finida como um novo ciclo sistêmico no modo de produção vigente, no qual
há necessidades de circulação global de capital, cuja acumulação primitiva tem
novo lugar nas megacorporações.
O Estado tem o papel de garantir a quebra de barreiras para seu livre fluxo. Não
se trata de um movimento natural: há um grande interesse das corporações em se
estabelecer em países pobres, alimentando-se de miseráveis e desesperados como
mão de obra barata e semiescrava, de isenções fiscais e concessões de governos
corruptos e de multidões de desempregados nos locais de onde migraram. O mesmo
ciclo se desencadearia novamente quando as mesmas corporações abandonassem
esses novos locais, já não mais tão pobres com a criação de um mercado consumidor
a partir da instituição de mão de obra assalariada, seguindo em busca de novos
miseráveis que aceitassem uma espécie de “escravidão voluntária”.
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UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
Globalização e Sociedade
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
A afirmação parece dura pelas adjetivações que traz; porém, sintetiza os inte-
resses que levaram à formação de um grupo político a serviço das megacorpora-
ções, que teria conduzido o poder da nação economicamente mais desenvolvida
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e que se pretenderia a “polícia do mundo”, nos dizeres de Jameson, dando o
tom de uma globalização extremadamente violenta, na defesa de um modelo de
mundo, o que possibilitaria dizer de uma espécie de “globalitarismo”.
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UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
Figura 7
Fonte: Wikimedia Commons
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Os nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, ao perpetrarem o abominável:
o Holocausto; os conflitos étnico-nacionalistas na África; as sistemáticas tentativas
de “limpeza étnica” nos Bálcãs; e o “barril de pólvora” que se tornou o Oriente
Médio, entre tantos outros exemplos.
Temos graves questões humanitárias em jogo, que não devem ser preteridas em
relação às ideologias, convicções religiosas ou pertenças étnicas. O homem universal e
seus direitos inalienáveis devem ser o cerne das reflexões sobre a política, não apenas
um dos elementos componentes de um sistema mecânico-funcionalista.
Figura 8
Fonte: freepalestinemovement.org
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UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
Figura 9
Fonte: memoriasdaditadura.org.br
A América Latina é complexa, apaixonante e pode ter ainda muito que ensinar
aos povos da Terra em termos de multiculturalismo, hibridismo, aceitação das
diferenças e consecutivas superações operadas pelos “de baixo” que tantas vezes
“assaltaram o céu”, termo muito adequado, embora originalmente utilizado em
outro contexto, do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), referindo-se ao efêmero
– mas significativo – sucesso da Comuna de Paris, em 1871.
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Seria preciso, portanto, para os novos tempos de circulação mundializada do
capital, ou como queira, de globalização, repensar o homem na adversidade e
frente os desafios a serem superados pelas novas/velhas sociedades.
Seria preciso repensar o indivíduo de forma plena, exatamente como aquele que
deve tomar as rédeas do destino em suas mãos, o agente de sua própria história –
e não aquele que anula a si, as suas particularidades, aquilo que o constitui como
único, em nome de uma ideologia que uniformize corações e mentes e que o torne
estupidamente obediente, como gado.
Figura 10
Fonte: memoriasdaditadura.org.br
Essa obediência não se manifesta apenas em relação aos Estados; mas à própria
sociedade de consumo de massa na difusão de seus valores. Podemos utilizar,
para a análise desse aspecto, o conceito de globalitarismo, cunhado pelo geógrafo
brasileiro Milton Santos (1926-2001), quem entendia o consumo de massa como
o “fundamentalismo” dos novos tempos. Não seriam as ideologias políticas os
controladores desse “não admirável mundo novo”: o que nos uniformiza, padroniza
e nos torna subservientes seriam os valores partilhados por essa sociedade
materialista, difundidos pelas megacorporações, que nos submeteriam à ditadura
da aparência, que entenderiam indivíduos, valorizando-os e lhes atribuindo a
própria existência social em relação ao repertório de bens tridimensionais que
conseguissem concentrar no tempo efêmero de sua existência.
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UNIDADE Condição Humana e Diversidade das Culturas
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Mundialização e Cultura
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996.
Filmes
Encontro com Milton Santos
Encontro com Milton Santos, ou o mundo global visto do lado de cá (89 min., 2007). Documen-
tário feito a partir da entrevista de Milton Santos sobre a globalização.
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Referências
ARRIGHI, G.; SILVER, B. J. Caos e governabilidade no moderno sistema
mundial. Rio de Janeiro: Contraponto; UFRJ, [20--?].
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.
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