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TRANSTORNO DE CONTROLE DE IMPULSO: UM ESTUDO SOBRE PIROMANIA

Autores: Josiane Viana Resende de Paiva Maria, Gabriella Vieira de Souza


Orientador (a): Beatriz Machado

RESUMO
O presente trabalho trata se de uma revisão bibliográfica, visando discorrer sobre a
piromania, um transtorno psicológico considerado raro, incluído no grupo de
transtorno de controle de impulso como um comportamento incendiário deliberado.
O objetivo central do trabalho foi abordar as causas e o sintomas do transtorno e
possíveis formas de tratamento. A classificação sobre piromania está no DSM-5 e no
manual de Psicopatologia de Barlow; no entanto o processo de diagnóstico é
delicado e as pesquisas bibliográficas não foram suficientes para o entendimento do
transtorno, revelando a importância de mais produções cientificas sobre a piromania,
e o papel do psicólogo nesse mapeamento. Concluiu se a importância da qualidade
da formação dos psicólogos, para que seja ofertado melhores formas para atuar nos
transtornos.

Palavras-chave: Piromania, psicopatologias, tratamento, diagnóstico.

ABSTRACT
The work is a bibliographic review, aiming to discuss pyromania, a psychological
disorder considered rare, included in the impulse control disorder group as a
deliberate incendiary behavior. The main objective of the work was to address the
causes and symptoms of the disorder and possible forms of treatment. The
classification on pyromania is in the DSM-5 and Barlow's Psychopathology manual;
however, the diagnostic process is delicate and bibliographic research was not
enough to understand the disorder, revealing the importance of more scientific
productions on pyromania, and the role of the psychologist in this mapping. It was
concluded that the quality of the training of psychologists is important, so that better
ways to act on disorders are offered.

Keywords: Pyromania, psychopathologies, treatment, diagnosis

1. INTRODUÇÃO:

A Piromania é um transtorno psicológico, pertencente ao grupo de transtorno


de controle de impulso ou TCI. Ainda é um campo com poucas produções científicas
em português, que dificulta o diagnóstico diferencial; características do transtorno
esbarram em comportamentos similares a outros, como transtornos mentais
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orgânicos, personalidade antissocial, adultos suspeitos de transtornos mentais,


esquizofrênicos, usuários de álcool e drogas e transtornos de conduta, o que
explicaria a alta comorbidade (Willians, 2008). Existem orientações no American
Psychiatric Association (DSM-5, 2014) quanto as características, os critérios
diagnósticos, comorbidades, desenvolvimento e curso entre outros; no entanto, ao
se pensar no tratamento, a orienta se de considerar outros comportamentos e
sintomas relatado pela própria pessoa.
A compreensão da piromania, embora deixe muitas lacunas pela falta de
pesquisas sobre o transtorno, está referida tanto no DSM-5, quanto no manual de
Psicopatologia de Barlow. Nessa perspectiva, o trabalho apresentado tem como
objetivo trazer as definições do transtorno piromaníaco, e o que difere do
comportamento incendiário, bem como os critérios para o diagnóstico e possíveis
formas de tratamento.
As informações elencadas foram insuficientes para compor o estudo sobre a
doença, sendo necessário que surjam maiores estudos sobre o transtorno
piromaníaco. Ao realizar o trabalho sobre esta temática, foi oportunizado entender a
importância das pesquisas cientificas sobre os transtornos e o papel essencial do
pesquisador.
As abordagens da psicologia divergem com relação ao adoecimento,
transtornos e patologias (Gauer, 2007); o viés utilizado nesse trabalho, não
contempla uma abordagem ímpar, no entanto Barlow (2008) sugere a Terapia
cognitiva comportamental (TCC), por orientar no reconhecimento dos agentes
causadores e na manutenção do controle do comportamento piromaníaco.

2. CONCEITO, CAUSA E SINTOMAS

A Piromania é um transtorno psicológico considerado raro, consiste em


envolver uma vontade irresistível de afetar fogo em algo. O piromaníaco possui um
comportamento incendiário deliberado, verificando-se um aumento da tensão ou
ativação efetiva antes do ato, existe um fascínio, interesse, curiosidade e atração
pelo fogo. Posteriormente, sente prazer, gratificação ou alívio no decorrer e no
testemunho do incêndio, bem como no seu rescaldo (SOUSA, 2015).
Segundo Barlow (2008), esse transtorno é diagnosticado em apenas cerca de
3% dos incendiários, porque entre os incendiários incluem-se pessoas que ateiam
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fogo por dinheiro ou por vingança, diferente do piromaníaco que ateiam fogo para
satisfazer um desejo físico ou psicológico.
Devido à falta de estudos e pesquisas, não se sabe a real causa que leva um
indivíduo a sentir prazer ou desejo de atirar fogo em objetos, locais, pessoas. Dada
à forma como a sociedade se comporta, essa questão pode ser confundida
facilmente com ações criminosas e com vandalismos.
Um indivíduo portador desse transtorno pode manifestar alguns sinais que
possam ajudar os profissionais na investigação do caso; podem surgir lesões
advindas de lutas corporais e mesmo sinais de queimaduras resultado da ação de
iniciar um incêndio, comportamentos compulsivos, irritação e estresse.
Segundo o DSM-5 (2014), indivíduos que sofrem desse transtorno são
visitantes frequentes de incêndios em sua comunidade e comunidades vizinhas.
Podem dar falsos alarmes e obter prazer do convívio com instituições, equipamentos
e pessoal associados a incêndio, podendo também passar o tempo no corpo de
bombeiros local, provocar incêndios para se afiliar ao corpo de bombeiros ou mesmo
se tornarem bombeiros

2.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

Tabela 1. Segundo o American Psychiatric Association (DSM-5, 2014), deve-


se considerar os seguintes critérios para o diagnóstico de Piromania:
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Fonte: American Psychiatric Association,


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Aparentemente, há alta comorbidades de piromania com transtornos por uso de
substâncias, transtorno do jogo, transtornos depressivo e bipolar e outros
transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta.

2.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O processo de diagnóstico é delicado, é necessário ter cautela. É importante


descartar outras causas   de   comportamento incendiários   antes   de   se fazer o
diagnóstico de  Piromania.
 A diferença   entre os incendiários propositais e os piromaníacos, como já
citado é que primeiro tem a motivação   criminosa, vingança, sabotagem, atos
terroristas, enquanto os piromaníacos não, deve-se considerar os critérios
diagnósticos do DSM-5.
Segundo o American Psychiatry Association (2014):

(...) não é feito um diagnóstico separado de piromania quando o incêndio


ocorrer como parte do transtorno da conduta, de um episódio maníaco ou
do transtorno da personalidade antissocial, se ocorrer em resposta a um
delírio ou alucinação ou se for atribuível aos efeitos fisiológicos de alguma
outra condição médica (DSM-5, p.467).

De acordo com Barlow (2008), o tratamento eficaz é do tipo cognitivo-


comportamental, devido auxiliar os indivíduos identificar os sinais que dão início ao
desejo e ensinar estratégias para resistir a esse desejo de provocar os incêndios.
Dessa forma, ao se tratar de tratamento psicoterapêutico, há a existência de
outras abordagens psicológicas, além da cognitivo-comportamental. Portanto, se
tem a importância de trabalhar com múltiplas abordagens, pois cada abordagem vai
trabalhar de acordo com o tratamento adequado a cada indivíduo, conforme os
fatores que podem estar no desenvolvimento do transtorno.
Fatores psicodinâmicos, psicossociais e biológicos exercem um papel
importante nos transtornos de controle de impulso. Assim além do tratamento com
psicoterapia, é necessário o tratamento juntamente com psiquiatra, com
intervenções medicamentais. Tratamento com medicamentos antidepressivos, para
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diminuir os sintomas e impedir o impulso incontrolável de provocar fogo (SADOCK,


2016).

3. CONCLUSÃO:

De acordo com as informações elencadas através de pesquisa bibliográfica,


conclui se que a Piromania é um transtorno pouco estudado até o momento. Não foi
encontrado referenciais teóricos que propusessem uma análise abrangente sobre o
transtorno, tão pouco se encontrou dados que ratifiquem a real causa para o se
desenvolver o comportamento piromaníaco.
Para tanto, reflexiona se o importante papel do psicólogo no campo de
pesquisas cientificas, bem como a necessidade de o graduando desenvolver
também tais competências para a atuação no futura, como psicólogo, com o intuito
de contribuir com o processo de avaliação; doravante, cabe a ele ponderar, sobre
essas questões que sobrepujam uma atuação consolidada, já que a falta de
constatação sobre um transtorno, pode destituir do sujeito o benefício de receber um
tratamento fundamentado, capaz de restabelecer a saúde do mesmo. Portanto é
necessário desenvolver maiores estudos para elucidar questões sobre o transtorno.
Desta forma, no ambiente acadêmico, há uma necessidade de preparar os
futuros psicólogos para atuar de maneira qualificada. Existem muitas falhas no
campo da psicologia ao oferecer um diagnóstico, e mesmo ao se empregar uma
intervenção; portanto, a qualidade da formação dos psicólogos, depende do
empreendimento como graduando, ou seja, o hábito de exercitar as capacidades e
competências durante e após o a graduação.
Nessa perspectiva, pelo estudo não apresentar contribuição suficiente sobre a
piromania, revela a importância do engajamento do futuro psicólogo no campo de
pesquisas cientificas, com o intuito acrescentar aos estudos existentes ou
desenvolver novas descobertas.
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REFERÊNCIA:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.

BARLOW, David H.; DURAND, V. Mark. Psicopatologia: uma abordagem


integrada. Cengage Learning, 2008.

GAUER, Gustavo. PSICOLOGIA E MEDICINA. (2007). Disponível


em:<<http://www.fafich.ufmg.br/cogvila/dischistoria/hip_medpsic.pdf>>. Acesso:19
de novembro, 2020.

SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virginia A.; RUIZ, Pedro. Compêndio de


Psiquiatria-: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artmed Editora,
2016.<<https://books.google.com.br/books?
id=tQiRDQAAQBAJ&lpg=PR1&ots=Xun47KvWnP&dq=SADOCK%2C%20Benjamin
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2020.

SOUSA FERREIRA, Sandra Patrícia. Incendiários-entre os media e a realidade.


2015. Tese de Doutorado. Disponível em: <<
http://repositorio.ismai.pt/bitstream/10400.24/392/1/tese%20sandra.pdf>>. Acesso
em: 17 de novembro, 2020.

WILLIAMS, Wendol A.; POTENZA, Marc N. Neurobiologia dos transtornos do


controle dos impulsos. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 30, p. S24-S30, 2008.
Disponível em: <<https://www.scielo.br/scielo.php?
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pid=S151644462008000500005&script=sci_arttext&tlng=pt>> Acesso em 20 de
novembro, 2020.

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