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A Morte Domada II
A Morte Domada II
Curso de Psicologia
A morte domada
Os enterros se davam fora das cidades, e a crença geral era de que os mortos dormiam
aguardando por um Juízo Final.
A morte passa ser esperada como um porto seguro. Surge a morte poética, cantada, suave e
até desejada passa a ser assistida pelos entes amados. A morte passa a ter relação com as
artes. Em 1854 surge o Espiritismo com Allan Kardec.
Com a percepção da separação de si mesmo e do outro causada pela morte (século XIII), as
desconfianças se tornam preocupações individuais e levam estes indivíduos da Idade Média a
uma tentativa de racionalização e de ordenação das coisas de seu mundo. Passam então a
deixar suas ordens escritas e gravadas para que não sejam esquecidas.
A morte invertida
Inversão nas características da morte: ela necessita passar despercebida, não sendo mais
considerada um fenômeno natural do ser vivo, e sim, um fracasso. É uma forma
absolutamente nova de morrer, que surgiu durante o século XX, em algumas zonas mais
industrializadas, urbanizadas e tecnicamente adiantadas no mundo ocidental. Neste ínterim, a
morte se apresenta como a retirada do individuo do seu cotidiano levado para as organizações
especializadas de tratamento de doenças, comedimento da morte e prolongamento da vida. A
trajetória da morte é alterada: o nojo faz a doença e a morte serem escondidas.
Os rituais de morte passam a ser mais discretos. A morte foi retirada da sociedade e com isso o
processo de luto sofre interferências. Cada vez mais vale uma atitude discreta, como se a dor
não existisse. A expressão do luto se torna indecente como a própria morte.
O hospital é esse lugar aonde se busca o alívio da dor mas é também o loca aonde essas
ocorrem essas mortes ocultas, não se tem mais contato com o moribundo e mutas vezes não é
possível contato e intimidade suficientes para uma despedida.
A partir dai se estabelece a morte gradual, processada em etapas: morte clínica e morte
cerebral. Essas etapas de morte podem causar grande sofrimento a família e entes amados
pois ao mesmo tempo em que a morte e vista como fracasso, ela é prolongada com a entrada
da técnica de doação de órgãos que mantém o paciente ligado a aparelhos cuja duração agora
é decidida por médicos e familiares. O ser humano é pivado de seu processo de morrer
naturalmente. Lembrando os dizeres do “Inferno” de Dante Alighieri na Divina Comédia:
“Abandonais toda a esperança vós que entrais.”
Com isso surgem os profissionais que cuidam do processo de funeral, velório, empresários e
empresas que se propõem a administrar esse processo entre a morte e o sepultamento. Mas e
o luto? O luto não tem um tempo determinado, para cada indivíduo o seu fim será vivido de
forma única, a duração desse processo de luto, corresponde ao tempo que nossa psique leva
para assimilar a ausência e integralizar a saudade.