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UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO
MARANHÃO
UNIDADE 3

UNIDADE 3 - TRANSTORNOS E COMORBIDADES AOS PREJUÍZOS NA APRENDIZAGEM ....... 57


1 Introdução ......................................................................................................................................................... 57
2 ......................................... 58
2.1 Breve apontamento da descrição histórica ....................................................................................... 60
2.2 ....................................................................................................................... 60
2.3 Possíveis causas .............................................................................................................................................. 61
2.4 Estratégias para intervenção .................................................................................................................... 62
3 ....................................................... 63
3.1 Breve apontamento da descrição histórica ....................................................................................... 65
3.2 ....................................................................................................................... 66
3.3 Possíveis causas .............................................................................................................................................. 69
3.4 Estratégias para intervenção .................................................................................................................... 70
4 ..................................................... 70
4.1 Breve apontamento da descrição histórica ....................................................................................... 71
4.2 ....................................................................................................................... 72
4.3 Possíveis causas .............................................................................................................................................. 74
4.4 Estratégias para intervenção .................................................................................................................... 75
Resumo ......................................................................................................................................................................... 76
Referências .................................................................................................................................................................. 77
TRANSTORNOS E COMORBIDADES
AOS PREJUÍZOS NA
APRENDIZAGEM


Objetivos
.


• Conceituar o Transtorno do Desenvolvimento da


Coordenação;
• Diferenciar Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação
de Transtorno Específico da Aprendizagem;


• Estabelecer os principais prejuízos ao desenvolvimento
psicomotor causado pela Disgrafia;
• Conceituar a Dislalia como um Transtorno Específico da
Articulação da Fala;
• Descreveras principais evidências de um quadro de dislalia
em uma criança;
• Discutir quais as ações para se diagnosticar a dislalia;
• Descrever os aspectos que identificam uma pessoa
comTranstorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e uso
das nomenclaturas;
• Identificar a combinação da tríade do TDAH: desatenção,
desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade e seus
subtipos.

1 Introdução

Os Transtornos do Neurodesenvolvimento, de maneira geral, trazem


prejuízos à aprendizagem, visto que se apresentam na forma de
Deficiência Intelectual, Transtornos da Comunicação, Transtorno do
Espectro Autista, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade,
Transtorno Específico da Aprendizagem e Transtornos Motores, podendo
se apresentar ainda de forma associada, o que ocasiona prejuízos ainda
maiores a vida de crianças e adultos com essas dificuldades.

Os Transtornos da Comunicação, os Transtornos Motores e o Transtorno


de Déficit de Atenção/Hiperatividade são também objetos de estudo
das dificuldades de aprendizagem por estarem diretamente ligados ao
uso das habilidades acadêmicas funcionais e por provocarem problemas
na autoestima e nas relações sociais.

Os Transtornos Motores ligados ao uso da coordenação influenciam


diretamente no ato de escrever e se demonstra evidente no
desenvolvimento da coordenação durante os primeiros momentos da
criança com o processo de alfabetização, já que influencia no processo
da escrita, fazendo que a criança apresente uma “letra feia”, considerada
um problema para professores e pais.

Os Transtornos da Comunicação se direcionam para a aquisição da


linguagem e da fala. As dificuldades na articulação da fala, em que a
criança apresenta trocas evidentes no uso dos fonemas, como na troca do
“r” pelo “l” traz também prejuízos significativos à aprendizagem durante
a idade escolar e, se não tratados ocasionam problemas emocionais e
sociais a pessoa com o déficit.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - TDAH é um


Transtorno do Neurodesenvolvimento que se apresenta por um padrão
persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que
interfere no funcionamento e no desenvolvimento, segundo o DSM-
5(2014) muitas crianças que têm TDAH também possui um transtorno
específico da aprendizagem.

Para a avaliação inicial e intervenção dos Transtornos Motores, dos


Transtornos da Comunicação e do Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade, se faz necessário o apoio de uma equipe com
especialização na área, formada por profissionais que visem atender e
busquem a superação do problema.

2 O Transtorno do Desenvolvimento da
Coordenação ou Disgrafia

A Disgrafia é um Transtorno do Motor do Neurodesenvolvimento


categorizado com um Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação
que tem como código 315.4 no DSM-5 (2014) e F82 no CID-10 (2008).

58 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


Caracterizada como transtorno da “letra feia”, a Disgrafia é uma
dificuldade na habilidade da escrita. Alves (2012, p.125) afirma que é uma
“dificuldade de coordenar movimentos dos símbolos gráficos, é uma
dispraxia da escrita”. Letra feia não é apenas sinônimo de preguiça, mas
em muitos casos ocorre o transtorno motor do neurodesenvolvimento
conhecido como disgrafia (Figura 1).

Figura 1 - Disgrafia afeta muitas crianças, tem passado despercebido pelas salas de aula
Fonte: http://veja4.abrilm.com.br/assets/images/2010/6/9141/R.P.-14-anos-size-598.jpg

A Disgrafia se caracteriza pela lentidão no traçado das letras que


geralmente são ilegíveis, pois a pessoa apresenta déficit na área motora
que faz com que ela não consiga realizar no plano motor o que é
observado no plano visual (ALVES, 2012).

A Disgrafia pode se apresentar de forma associada à Dislexia, a


Disortografia e a Discalculia, assim como a outros transtornos. A
pessoa que tem este transtorno na coordenação motora pode chegar
Visite o site: http://
a ter outros comprometimentos de ordem cognitiva, emocional e www.dislexia.com.
br/dislex_disgrafia.
neurológica. html e pesquisesobre
dislexia, discalculia,
disortografia, disgrafia
O conceito etimológico indica que disgrafia “se origina dos “dis” Disponível.
(desvio) + “grafia” (escrita), ou seja, é “uma perturbação de tipo
funcional que afeta a qualidade da escrita do sujeito, no que se refere
ao seu traçado ou à grafia”” (TORRES; FERNÁNDEZ, 2001, p. 127 apud
COELHO, 2014, p. 7).

Coelho (2014) lembra que criança no início da idade escolar pode


apresentar naturalmente problemas no traçado das letras que pode
ser corrigido com o uso da caligrafia, porém quando esta apresenta
disgrafia os prejuízos são mais perceptíveis e de difícil resposta com a
intervenção.

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 59


Um dos fatores que caracteriza um Transtorno Motor são a permanência
e duração da dificuldade mesmo com intervenção, no caso do
transtorno de um Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação o
fato se verifica na dificuldade da aquisição e a execução de habilidades
motoras coordenadas.

2.1 Breve apontamento da descrição histórica

Segundo Portellano (1995) o termo Disgrafia nasceu a partir do termo


Agrafia que é um distúrbio neurológico  que tem causas na perda na
capacidade de se comunicar por meio da escrita introduzido por Ogle em
1867 para se referir a distúrbios adquiridos na estrutura devido a danos
cerebrais. A partir do termo agrafia, o austríaco Dr. Josef Gerstmann
em 1940, em seu livro “Brainstorms” descreve o termo Disgrafia para
caracterizar as perturbações na escrita de um grupo que ele pesquisava.

O neurologista alemão Joseph H. Horacek, em continuidade aos


estudos de Gerstmann, descreveu esta condição como uma completa
incapacidade de escrever e associou a incapacidade a trauma cerebral
de um acidente ou lesão.

Apesar da continuidade dos estudos por vários pesquisadores somente


em 1981, o psicólogo americano John E. Exner propõe a existência de
um centro de escrita, localizada na base do segundo giro frontal, oposta
a área motora a mão.

2.2 Identificação e diagnóstico

O CID-10 (2008) descreve como um transtorno específico do


desenvolvimento motor (F82) que se caracteriza como um
comprometimento grave do desenvolvimento da coordenação motora,
não atribuível exclusivamente a um retardo mental global ou a uma
afecção neurológica específica, congênita ou adquirida.

60 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


O DSM-5 (2014) apresenta a categoria Transtorno do Desenvolvimento
da Coordenação (Quadro 1 – Anexo C - Material Complementar)
incluso na categoria de Transtorno Motor (Quadro 2 – Anexo C
- Material Complementar) sendo este um tipo de Transtorno do
Neurodesenvolvimento.

Alves (2012) ressalta que a criança que tem disgrafia tem dificuldades
em organizar o texto no caderno, em obedecer às margens das folhas
e respeitar os limites; em sua escrita apresenta espaço irregular entre as
palavras, linhas e entrelinhas. O traçado é de tamanho muito pequeno
ou muito grande; exerce pressão na escrita ou não há prensa; algumas
de suas letras são irregulares e muitas vezes retocadas e distorcidas; o
caderno geralmente apresenta rasuras. Faz movimentos contrários ao
da escrita convencional, apresentando inversões ou “escrita espelhada”;
escreve com irregularidade no espaçamento das letras na palavra e faz
mau uso do espaço gráfico disponível na folha; a direção de sua escrita
é inadequada, ora oscila para cima ou para baixo; tem dificuldade na
escrita e no alinhamento dos números. Tem desorientação espacial;
dificuldade ao copiar do quadro ou do caderno e expressa lentidão
exagerada na escrita ou para executar tarefas.

2.3 Possíveis causas

Para Ardila e Rosselli (2007) existem dificuldades neuropsicológicas que


impedem a criança de escrever de forma satisfatória, pois escrever é uma
atividade perceptivo-motora, fator que exige uma integração adequada
de maturidade neuropsicológica da criança. Os autores afirmam que
existem quatro fatores neuropsicológicos que podem causar disgrafia:
dificuldades de lateralidade; deficiência em distúrbios psicomotores,
distúrbios da imagem corporal e as funções motoras perceptivas e
distúrbios de linguagem de expressão gráfica.

Torres e Fernández (2001 apud COELHO, 2014, p. 8) agrupam em


três tipos as causas da disgrafia, sendo elas: maturativas, carateriais e
pedagógicas (Quadro 3 – Anexo C - Material Complementar).

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 61


2.4 Estratégias para intervenção

Além do bom relacionamento com o aluno, o professor deve buscar


reforços positivos ao desenvolver as atividades de caligrafia, cópia e
ditado tentado facilitar o processo de reeducação do grafismo.
Comunidade
Aprender Criança A reeducação do grafismo, segundo Camargo (2008),está relacionada
- Desvendando a a três fatores: o desenvolvimento psicomotor, o desenvolvimento do
Disgrafia, acesse
o site: http://www. grafismo em si e a especificidade do grafismo da criança(Figuras 2 e 3).
aprendercrianca.
com.br/noticias-
do-cerebro/edicao-
35-julho-2014/379-
desvendando-a-
disgrafia e obtenha
mais informações.

Figura 2 - Métodos para ajudar a criança com disgrafia


Fonte: http://stat.correioweb.com.br

Figura 3 - Orientações que o professor pode dar para ajudar a criança com disgrafia
Fonte: http://stat.correioweb.com.br

Para Camargo (2008), a reeducação do grafismo está relacionada com três


fatores fundamentais: desenvolvimento psicomotor, desenvolvimento
do grafismo em si e especificidade do grafismo da criança.

62 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


Quanto ao desenvolvimento psicomotor devemos proporcionar
situações de aprendizagem que se estimule: a postura, controle corporal,
dissociação de movimentos, representação mental do gesto necessário
para o traço, percepção espaço-temporal, lateralização, coordenação Material de apoio para o
viso-motora e percepção corporal (CINEL, 2003). professor trabalhar com
alunos com Disgrafia,
acesso no site: http://
Para o desenvolvimento do grafismo em si, Camargo (2008) propõe para pedagogiaaopedaletra.
s3.amazonaws.
a melhora das habilidades da escrita o uso de atividades pictográficas: com/wp-content/
uploads/2012/11/
diferentes técnicas de pintura, desenho e modelagem e de atividades MATERIAL-DE-APOIO-
PARA-O-PROFESSOR-
escriptográficas, que visam à melhora dos movimentos e posição gráfica, TRABALHAR-COM-
em que a criança deve realizar sentada, utilizando lápis e papel em um ALUNOS-COM-
DISGRAFIA.pdf.
espaço gráfico limitado.

Em relação à especificidade do grafismo da criança, Camargo (2008)


diz que há a necessidade da correção de erros específicos do grafismo,
incluindo as formas, tamanho, inclinação das letras, os enlaces, o aspecto
do texto, a forma de inclinação da folha, a manutenção da margem e da
linha.

3 O Transtorno Específico da Articulação da Fala


ou Dislalaia

O Transtorno Específico da Articulação da Fala que tem como termo


alternativo Dislalia que é um Transtorno da Comunicação que pode
ocorrer durante o neurodesenvolvimento. Este transtorno se caracteriza
por problemas na utilização dos fonemas considerado um problema
relativo à consciência fonológica.

Os Transtornos da Comunicação são déficits na linguagem, na fala e


na comunicação. Observando que: se entende por Fala “a produção
expressiva de sons da qual se inclui a articulação, a fluência, a voz e a
qualidade da ressonância de um indivíduo”, por Linguagem, “a função
e o uso de um sistema convencional de símbolos” e por Comunicação
“todo comportamento verbal e não-verbal (intencional ou não) que
influencia o comportamento, as ideias ou as atitudes de outro indivíduo.”
(DSM-5, p.41).

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 63


Entre os Transtornos da Comunicação descritos pelo DSM-5 (2014)
encontram-se transtorno da linguagem, transtorno da fala, transtorno
da fluência com início na infância (gagueira), transtorno da comunicação
social (pragmática) e outro transtorno da comunicação especificado e
não especificado (Figura 4).

Figura 4 - A identificação da dislalia deve ser feita pelo fonoaudiólogo


Fonte: http://tatianabertapsicologa.com.br

O DSM-5 (2014) o categoriza como um Transtorno do


Neurodesenvolvimento pertencente ao quadro de Transtorno da
Comunicação e tem código 314.39 o CID-10 (2008) indica que este é um
Transtorno Específico da Articulação da Fala - F80.0, em que a utilização
dos fonemas de acordo com a idade é inferior à correspondência de sua
idade, apesar de não apresentar aparentes comprometimentos da área
de aptidão linguística.
Para saber mais
sobre a dislalia
acesse o site do A dislalia pode se apresentar associada a outros transtornos do
Instituto de Oratória e
Fonoaudiologia Simon neurodesenvolvimento, neurológicos e deficiências. Na dislalia os erros
Wajntraub. Acesse:
http://www.boasfalas. mais frequentes afetam os fonemas / r / / s / / l / / k // Z / / ch / e outros
com.br/fala-2/dislalia-
troca-de-letras encontros consonantais, seja por omissão, substituição ou distorção
(LÓPEZ LLORENTE, 2013).

Segundo Pascual (1995), a dislalia corresponde a um distúrbio na


articulação dos fonemas, quer pela ausência ou alteração de alguns
sons ou pela substituição específica deles injustamente por outros. Isso
ocorre por conta da incapacidade de formar ou pronunciar corretamente
determinados fonemas ou grupos de fonemas.

64 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


Moreno González e Ramírez Villegas (2012, p.38) indicam que entre
as classificações que têm sido utilizadas para definir dislalia, as mais
relevantes são de Carrió Rovira(et al., 1991), Pascual (1995) e Valverde
e Cols. (1992) que apontam a dislalia orgânica, a dislalia evolutiva e a
dislalia funcional (Quadro 4 – Anexo C - Material complementar)

3.1 Breve apontamento da descrição histórica

Smith (2008) lembra que os transtornos da comunicação tem sido


Um filme muito bom
objeto de estudo há muitos anos apesar da falta de organização sobre sobre a gagueira é:
o diagnóstico e dos elementos para intervenção. A autora lembra que “O discurso do Rei
(2011)”que conta a
nos Estados Unidos durante a década de 10 no século XX, cabia a um história do Rei George
da Inglaterra.SINOPSE:
professor itinerante a tarefa de ajudar crianças que apresentavam Desde os 4 anos, George
gagueira. Porém, naquela mesma década, nas escolas de Nova York (Colin Firth) é gago. Este
é um sério problema
houve um programa fonoaudiológico para atender crianças com para um integrante da
realiza britânica, que
gagueira. frequentemente precisa
fazer discursos. George
procurou diversos
De acordo com Smith (2008) o aumento da necessidade da precisão médicos, mas nenhum
do tratamento fonoaudiológico, ocasionou em 1914, por meio deles trouxe resultados
eficazes. Quando sua
deSmileyBlanton,a fundação da primeira clínica de fonoaudiologia na esposa, Elizabeth
(Helena Bonham
Universidade de Wisconsin. Carter), o leva até Lionel
Logue (Geoffrey Rush),
um terapeuta de fala
Uma década depois, funda-se a American Academy for Speech de método pouco
Correction conhecida hoje como American Speech- Language- convencional, George
está desesperançoso.
HearingAssociation - ASHA liderada por Robert West, que influenciou Lionel se coloca de
igual para igual com
uma tentativa de empregar especialistas para tratar crianças com George e atua também
transtorno da fala na escolas, entretanto, os recursos eram limitados e como seu psicólogo, de
forma a tornar-se seu
não se obteve êxito. amigo. Seus exercícios
e métodos fazem com
que George adquira
autoconfiança para
cumprir o maior de
seus desafios: assumir a
coroa, após a abdicação
de seu irmão David
(GUY PEARCE).
Acesse o site: www.asha.org da AMERICAN SPEECH-
LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION – ASHA e obtenha mais
informaçõessobre o tema

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 65


Com a segunda grande guerra, foram desenvolvidos programas militares
e pesquisas clínicas para a identificação de pessoas que possuíam
problemas na fala e perda de audição. Essas pesquisas mostraram-se
eficazes e os cursos universitários de fonoaudiologia passaram a ter
maior abrangência e procura, assim como os tratamentos em parceria
com as escolas, incluindo o tratamento não apenas da gagueira, mas
também de outros transtornos da comunicação (SMITH, 2008).

Até durante a primeira metade do século XX, os profissionais que


atuavam com problemas de comunicação da criança foram chamados
de corretores de fala ou professores da fala e tinham foco em áreas
relacionadas à gagueira, problemas relativos a voz e das dificuldades da
articulação. Com o aprofundamento da área, depois da segunda metade
do século XX, estes profissionais receberam novos títulos, chamados
de terapeutas ou clínicos da fala. Na década de 70, a American Speech-
Language-HearingAssociation propôs o termo fonoaudiólogo com
intuito de “refletir a extensão dos serviços por eles prestados” (SMITH,
2008, p.151).

3.2 Identificação e diagnóstico

Conforme López Llorente (2013) para a identificação da dislalia é


importante fazer um diagnóstico completo da situação da criança, para
que se possa ter o melhor quadro de tratamento de acordo com suas
causas, o CID-10 (2008) (Quadro 5 – Anexo C - Material Complementar),
o aponta como um Transtorno específico da articulação da fala e o
DSM-5 (2014) explica que entre os seus critérios diagnósticos deve se
observar as perturbações na inteligibilidade da fala (Quadro 6 – Anexo
C - Material Complementar).

Ressalta-se que não se deve confundir o Transtorno da Fala com


Transtorno da Linguagem 315.32, a qual o segundo se caracteriza por
dificuldades persistentes na aquisição e no uso da linguagem falada, na
linguagem de sinais ou outra devido a déficits na compreensão ou na
produção. Segundo o CID-10 (2008), o Transtorno da Linguagem refere-se
a um Transtorno Receptivo de Linguagem - F80.2, a pessoa que apresenta

66 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


este transtorno tem dificuldades na capacidade de compreensão da
linguagem que se mostra abaixo do nível correspondente à sua idade
mental, que geralmente está prejudicada e são comuns anormalidades
na articulação, se caracteriza por Agnosia auditiva congênita, surdez Agnosia - Se entende
que uma pessoa tem
verbal e por transtorno de desenvolvimento como a Afasia de Wernicke agnosia, quando apesar
e afasia ou disfasia de compreensão (receptiva). de ter suas funções
sensoriais preservadas
apresenta dificuldade
no reconhecimento
ou identificação de
objetos, pessoas, sons,
e formas. Esta não deve
ser reduzida a defeitos
sensoriais, deterioração
Afasia de Wernicke – tem sido denominada como afasia mental, perturbações
sensorial, afasia receptiva, afasia central, e por muitos de consciência, pois
todas as suas áreas são
outros nomes. Sua maior característica é a dificuldade na conservadas, ou ainda
compreensão da linguagem, a fala é fluente e faz pouco a uma desatenção ou
sentido. Os pacientes com essa síndrome começam a falar falta de familiaridade
com o assunto, visto
espontaneamente, embora de modo vago, fugindo do que a agnosia é uma
objetivo da conversa. alteração intermediária
entre as sensações e a
Fonte: ARDILA, Alfredo. Las afasias. Universidad de Guadalajara, percepção.
Centro Universitario de Ciências Sociales y Humanidades, 2005.
Fonte: CERVANTES
Disponível em: http://www.jmunozy.org/files/9/Logopedia/ (1983)
Afasia_TCV/documentos/BV_afasias.pdf

Pascual (1995) diz que para um diagnóstico completo da dislalia (Figura


5) funcional são necessários diferentes testes e que se proponha um
estudo profundo das causas. O autor aponta o uso da anamnese para
colher dados pessoais da criança e da situação familiar que deverão ser
fornecidos pelos pais, atendo-se a dados sobre o desenvolvimento da
linguagem e da fala, do desenvolvimento psicomotor, da personalidade
e escolaridade.

Figura 5 - O personagem Cebolinha (Maurício de Souza), exemplo de dislalia ou


“Disfunção do Cebolinha”.
Fonte: http://www.apoiofonoaudiologico.com.br

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 67


Após a anamnese obtêm-se dados sobre a articulação da criança e,
por meio de um rigoroso exame que possibilita conhecer os defeitos
existentes na pronúncia da criança e, onde ocorre a falha e qual seu nível,
se inicial, intermediário ou final;  qual o tipo de expressão: linguagem
repetida, dirigida ou espontânea (PASCUAL, 1995).

É relevante para estudar o nível intelectual da criança para esclarecer


se os problemas são causados por uma dislalia funcional ou por uma
deficiência intelectual, nas quais os transtornos da comunicação podem
apenas ser uma característica, deste modo é necessário mais do que um
teste para o estudo da capacidade intelectual e para que se considerem
os resultados precisos.

As crianças com dislalia têm dificuldades em sua capacidade motora,


deste modo é importante para detectar problemas no desenvolvimento
motor, verificando se ela realiza os movimentos básicos como a
coordenação estática, coordenação dinâmica das mãos, a coordenação
movimentos rápidos e dinâmicos gerais, movimentos simultâneos ou
sinestésicos e o movimento orofacial motor, o qual a criança deve saber
operar os organismos envolvidos na articulação e mobilidade avaliando
exerce língua e os lábios que nos informe se há falhas na elevação da
língua, ao abrir e fechar a boca, nos movimentos de rotação da língua,
fazer exercícios fazendo-o mostrar um pouco da língua sem abrir a boca,
juntar os lábios e fazer a expressão de um sorriso, morder o lábio inferior
com os dentes superiores e vice-versa. Verificar também a conduta da
respiração e do relaxamento (PASCUAL, 1995).

A criança com dislalia também apresenta dificuldade quanto à percepção


e orientação espacial, por isso devemos observar a organização
perceptiva em que ocorre na criança a função viso-motor associado
com a capacidade da fala e a organização do espaço que considera
como a criança orienta-se no espaço, se já adquiriu os conceitos de
direita e esquerda. Devemos também analisar se ela (a criança) tem
percepção temporal e de ritmo, observando o tempo que desenvolve
espontaneamente uma atividade motora e sua regularidade, a
reprodução das estruturas rítmicas, em que a criança tenha que fazer
uma estrutura rítmica que escutará e, a compreensão do simbolismo
dessas estruturas e sua reprodução, as quais indicarão uma estruturação
temporal e rítmica do sujeito.

68 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


Devemos observar os aspectos relativos à percepção e discriminação
auditiva, analisando a capacidade de discriminação de som, dos
fonemas e das palavras e se há desajustes relacionados à personalidade
e as relações familiares.

Apesar da importância de se considerar todos estes fatores Pascual (1995)


lembra que apenas eles não são suficientes para se identificar as causas
e fechar o diagnóstico completo de um caso de dislalia e que apenas
um médico neurologista juntamente com a terapia fonoaudiológica
poderão, de fato, confirmar um quadro de dislalia funcional.

3.3 Possíveis causas

Conforme o DSM-5 (2014) as possíveis causas da dislalia são os


fatores genéticos e fisiológicos, pois os transtornos da fala têm traços
hereditários, porém não devem ser esquecidos os aspectos culturais e
sociais que influenciam diretamente na aquisição dos fonemas.

Pascual (1995) ao apontar as causas da dislalia funcional explica que


ela ocorre pela combinação de vários fatores que trazem déficit a fala
das crianças, indicando causas relacionadas às habilidades motoras
empobrecidas, dificuldade na percepção do espaço e do tempo, falta
de compreensão ou discriminação auditiva, fatores psicológicos,
ambientais, hereditários e a deficiência intelectual.

Sobre a pobreza nas habilidades motoras, Pascual (1995) explica que


é importante destacar que não há uma relação direta entre o grau de
atraso motor e o grau de defeito de fala em atraso da pronúncia, por esta
razão, os defeitos desaparecerão ao mesmo tempo em que desenvolve
habilidades motoras finas, pois aos poucos a criança adquire agilidade e
coordenação dos movimentos para falar corretamente.

A dificuldade na percepção do espaço e do tempo pode iniciar no


período em que a criança começa a imitar movimentos e som, já a falta de
compreensão ou discriminação auditiva é perceptível quando a criança
não consegue imitar sons diferentes, pois não é capaz de discriminá-los.

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 69


Os fatores psicológicos apontados por Pascual (1995) ressaltam a sua
importância como geradores dos transtornos da fala e da linguagem e,
que muitas vezes estão associados a outras causas.

Quanto aos fatores ambientais é interessante ressaltar que estes estão


ligados à evolução da criança e aos elementos de suas capacidades
pessoais, os quais irão definir seu processo de maturação.

Os fatores hereditários, quando presente, podem ser reforçados pela


limitação dos erros cometidos ao se falar com familiares, sem que essas
deformações articulatórias existam de fato. No caso da deficiência
intelectual, em muitos casos o transtorno da fala dá-se de forma associada.

3.4 Estratégias para intervenção

Para a intervenção López Llorente (2013) aponta que existe uma


série de condições para se estabelecer o tratamento para a dislalia
funcional. Após o diagnóstico, o tratamento deve se basear nas causas
do fracasso, revelando as causas do problema na articulação da criança
e se utilizando de técnicas baseadas em princípios pedagógicos, que
tenham como objetivo promover a participação ativa da criança a partir
Material de apoio para o
professor trabalhar com
de suas possibilidades e não de suas limitações.
alunos com Dislalia da
Secretaria Municipal de Assim como nos outros transtornos, devemos buscar um tratamento
Educação de Luziânia,
Divisão de atendimento
multidimensional, não se concentrando em apenas corrigir o problema,
a Necessidades mas também estender o apoio as atividades que envolvam toda a
Educacionais Especiais,
Núcleo de Avaliação comunicação, sendo sempre fortalecida pela intervenção fonoaudiológica
Diagnóstica – NAD,
março de 2011, você direcionada aos problemas articulatórios e ao aspecto funcional.
pode ter acesso pelo
site: www.cefac.br/
revista/revista12/
Artigo%2012.pdf e obter
maiores informações. 4 O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperativi-
dade - TDAH

De acordo com DSM-5 (2014) o Transtorno de Déficit de Atenção/


Hiperatividade é um Transtorno do Neurodesenvolvimento que traz
à pessoa déficits de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-
impulsividade.

70 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


4.1 Breve apontamento da descrição histórica

O TDAH como é comumente conhecido, é tema de estudos desde metade


do século XIX, em que Hoffman registrou o comportamento daqueles
que eram “idiotas loucos” ou que tinham “insanidade impulsiva”.

Contudo, os primeiros registros sobre a possível identificação e


diagnóstico do TDAH ocorreua partir de 1901 com Demoo, quando
registrou um grupo de crianças que apresentava labilidade afetiva, falta
de inibição e atenção, mudavam-se de lugar a todo instante. Porém, o
uso do termo criança hiperativa surge em 1902 com o médico inglês Still
ao descrever o que ele chamou de defeito mórbido do controle mental
(DIAS; WAJNSZTEIN, 2010).

Com o início da Primeira Guerra Mundial, os estudos aparentaram estar


adormecidos quando durante os anos de 1916 a 1927 houve a descrição
da Encefalite de von Economo ou Encefalite letárgica que acometeu a
Europa e América do Norte naqueles anos.

O neurologista romeno Constatin von Economo foi o primeiro a


apresentar as principais características da doença que trazia aos adultos
sequelas semelhantes as manifestações da Doença de Parkinson e fazia
com que as crianças apresentassem alterações no comportamento e
hiperatividade (TOLEDO; SIMÃO, 2003).

Com os avanços dos estudos na área da aprendizagem, em 1960 um


grupo de pesquisadores de Oxford diz que aquele quadro deveria ser
chamado de disfunção cerebral mínima por conta do comportamento
que a crianças acometidas apresentavam.

Mas em 1980 a descrição no DSM-III indicava a Síndrome do Déficit de


Atenção com ou sem hiperatividade e residual – DAS que mais tarde,
em 1987, no DSM-III-R tornou-se o Distúrbio de Déficit de Atenção/
Hiperatividade ou DDAH. Já na atualização do DSM-IV em 1994, o termo
utilizado passou a ser Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
ou TDAH, considerado o termo ainda atual.

O DSM-5 (2014) apresenta o Transtorno de Déficit de Atenção e


Hiperatividade como um Transtorno do Neurodesenvolvimento
categorizado com os códigos 314.00 – 314.01 e pelo CID-10 (2008) entre
os códigos F90.0 – F90.9 de acordo com suas especificidades.

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 71


4.2 Identificação e diagnóstico

O TDAH deve ser diagnosticado a partir de acompanhamento clínico e,


que se possível iniciado durante a infância e contínuo na vida do sujeito,
pois se manifesta em diversas situações da vida.

Apesar do avanço dos estudos clínicos em geral, ainda não há de fato


exames laboratoriais que comprovem o TDAH, por isso a necessidade
de observação e avaliação por meio de acompanhamento realizado a
partir da análise da vida do sujeito.
Acesse Programa
de Transtornos de
Déficit de Atenção/ Quantos aos exames gráficos como o eletroencefalograma – EEG já é
Hiperatividade
ProDAHpor meio do possível observar algumas anormalidades que já foram relacionadas
site: http://www.ufrgs. com o TDAH, mas ainda há necessidade de avanço das técnicas e dos
br/prodah/ e SHIRE
Farmacêutica Brasil LTDA estudos que comprovem essa relação. Considerando isto, ressalta-se a
- Site informativo sobre
TDAH -http://www. importância do acompanhamento do médico neurologista ou psiquiatra
tdahevoce.com.br/ fazerem parte da equipe multidisciplinar para o atendimento e devidos
apoios à pessoa com TDAH e a sua família.

Ainda que o quadro geral do TDAH (Quadro 7 – Anexo C: Material


Complementar) seja o padrão: desatenção, e/ou hiperatividade-
impulsividade, é importante destacar que há formas destas se
apresentarem e que apenas a equipe médica poderá dar os subsídios
para avaliar os critérios diagnósticos, determinar os subtipos e indicar
as especificidades aparentes em cada caso conforme o quadro a seguir.

Os subtipos previstos pelo DSM-5 (Quadro 8 – Anexo C: Material


Complementar) são os mais aceitos no que se refere às classificações
entre as últimas pesquisas na área como ressaltam Dias e Wajnsztein
(2010) e autores como Smith e Strick (2012) também concordam com
esta organização para o TDAH.

Além dos subtipos para a classificação é necessário observar a


especificação (Quadro 9 – Anexo C: Material Complementar), pois pode
acontecer de acordo com o DSM-5 (2014) que os critérios tenham sido
todos preenchidos anteriormente e não preenchidos nos últimos 06
meses e o sintoma ainda indicar prejuízos no funcionamento social,
acadêmico ou profissional.

A chamada tríade é baseada em comportamentos que se associados


conjuntamente são o TDAH e se isoladas, apresentam-se de forma

72 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


distinta e não geram o transtorno em si, fato que tem feito muitas
crianças não acometidas com o transtorno está sendo rotuladas como
desatentas, hiperativas ou impulsivas.

A desatenção, por exemplo, segundo o DSM-5 (2014, p.61) caracteriza-


se como um comportamento de “divagação em tarefas, falta de
persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não
constitui consequência de desafio ou falta de compreensão”.

Já a hiperatividade é “se a atividade motora excessiva (como uma


criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, Uma boa dica de
filme sobre as
batucar ou conversar em excesso” e a impulsividade são “ações ações precipitadas
é “Impulsividade”.
precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com SINOPSE: Justin Cobb
elevado potencial para dano à pessoa”, que podem “ser reflexos de um (Lou Taylor Pucci) seria
um adolescente comum
desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a se não fosse o fato de
que nunca conseguiu
gratificação” (DSM-5, 2014, p. 61). parar de chupar o dedo.
Aos 17 anos, após ter
tentado de tudo para
Como o TDAH inicia na infância é possível perceber a ação da tríade se livrar do vício, ele
em situações escolares como na falta de atenção na execução de tarefas finalmente resolve
o problema através
simples como copiar uma atividade, se relacionar com professores da hipnose feita pelo
seu dentista, que tem
e colegas ou mesmo prestar atenção na aula. Os prejuízos da TDAH ambições a psicólogo.
continuam a aparentes na vida adulta, seja na dificuldade de concluir a O verdadeiro problema,
porém, está apenas
leitura de um livro ou em adaptar-se na rotina do trabalho. começando. Justin
continua compensando
suas frustrações pela
boca, consumindo
todo e qualquer
tipo de droga, de
maconha a remédios
antidepressivos.

Fonte: http://www.
apoiopsicopedagogico.
com/impulsividade
Sem dúvida o comportamento da criança com TDAH desafiam
pais e professores, por isso vale ler o livro “TDAH Crianças
que desafiam: como Lidar com o Déficit de Atenção e
a Hiperatividade na Escola e na FamíliaAcesse: http://
tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/

A pessoa com TDAH também é influenciada diretamente pelo ambiente


social e cultural em que estar envolvido e pelas intervenções clínicas ou
pedagógicas que lhe forem propostas, podendo aos poucos superar o
déficit.

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 73


Em resumo os principais sinais para que se suspeite de um quadro de
TDAH são (Figura 6):

Falta de atenção constante Prejuízos sociais e profissionais

Desorganização Inquietação durante as atividades

Dificuldade em permanecer parado Atrapalha a dinâmica da classe

Figura 6 - Principais sinais do TDAH


Fonte: http://neuropedi.com.br

4.3 Possíveis causas

As possíveis causas do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade


Para saber mais sobre as
causas do TDAH acesse
estão nas questões comportamentais relacionadas ao temperamento,
o site da Associação questões ambientais, genéticas e fisiológicas.
Brasileira de Défict de
Atenção: http://www.
tdah.org.br/ O DSM-5 (2014) aponta que dentro das questões relacionadas
ao temperamento, pois se associa a níveis menores de inibição
comportamental, de controle à base de esforço ou de contenção, a
afetividade negativa e/ou maior busca por novidades, porém não é
específico do TDAH.

74 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


As questões ambientais são indicadas por causas pré-natais como: o uso
de drogas e álcool pela mãe durante a gestação e pós-natais como em
crianças abaixo do peso e ainda, fatores relacionados ao abuso infantil,
negligência, múltiplos lares adotivos, exposição à neurotoxina (p. ex.,
chumbo), infecções (p. ex., encefalite). Comorbidades
- Designação de
duplo diagnóstico.
Quanto às causas genéticas e fisiológicas estão situações hereditárias e Corresponde a
associação de pelo
por isso a importância do anamnese que deverá ser realizada pela equipe menos duas patologias
multidisciplinar. Há comorbidades com outros transtornos, deficiências num mesmo paciente.

ou doenças como: Deficiências visuais e auditivas, anormalidades Fonte: http://www.


dicionarioinformal.com.
metabólicas, transtornos do sono, deficiências nutricionais e epilepsia br/comorbidade/
(SMITH; STRICK, 2012).

Segundo o DSM-5 (2014) as interações familiares no começo da


infância são causas sozinhas de TDAH, apesar de poderem influenciar
para o desenvolvimento de problemas de conduta.

Para saber sobre as


relações quando se
tem uma pessoa com
TDAH na família assista
ao filme “Sei que vou
4.4 Estratégias para intervenção te amar”. SINOPSE:
Thomas Mollison é
um jovem de 16 anos
em busca de uma vida
normal. Seu irmão mais
velho, Charlie, tem
Quanto à abordagem terapêutica mais indicada está à adequação autismo e TDAH e o
das ações pedagógicas desenvolvidas durante a vida escolar (Figura funcionamento de toda
sua família gira em torno
7), a condução terapêutica da equipe multidisciplinar com orientação de oferecer a Charlie
um ambiente de vida
cognitiva-comportamental e quando for o caso o tratamento seguro. Thomas conhece
farmacológico que só poderá ser ministrado por médicos habilitados Jackie Masters e começa
a se apaixonar por ela.
para tal intervenção. Quando sua mãe fica
confinada à cama devido
à gravidez, Thomas
então deve assumir a
responsabilidade de
cuidar de seu irmão, o
que pode custar a sua
relação com Jackie,
especialmente quando
isso desencadeia um
violento confronto na
família em sua festa de
aniversário, que leva o
garoto a uma viagem
emocional repleta de
frustrações e angústias.
Fonte: http://www.
apoiopsicopedagogico.
com/sei-que-vou-te-
Figura 7 - A identificação cedo do TDAH traz maiores possibilidades de intervenção amar/
Fonte: http://www.idhesp.com.br/wp-content/uploads/2012/09/hip.jpg

Transtornos e Comorbidades aos Prejuíos na Aprendizagem | UNIDADE 3 75


Resumo

Uma boa dica para Nesta aula, estudamos Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação
leitura e orientação são
as Cartilhas sobre TDAH ou Disgrafia que se caracteriza como um transtorno do motor do
da Associação Brasileira
de Défict de Atenção.
neurodesenvolvimento que afeta crianças e adultos. Este transtorno
Acesse o site: http:// traz prejuízos para as habilidades escolares e profissionais, podendo ser
www.tdah.org.br/br/
sobre-tdah/cartilhas- associada a outros transtornos, inclusive de causa emocional. Envolve
sobre-tdah.html e leia:
desde a incapacidade de segurar um lápis até o traço de uma linha. A
 Cartilha da ABDA:
perguntas e disgrafia é perceptível em qualquer situação que envolve o movimento
respostas sobre da escrita seja em desenhos simples das crianças e ou em atividades
TDAH;
 Direitos dos de repetição. Estudamos ainda, que a dislalia como é comumente
Portadores de conhecida é um Transtorno Específico da Articulação da Fala que inicia
TDAH: doutrinas e
jurisprudência; durante o neurodesenvolvimento da criança e pode atingir a idade
 Cartilha da Inclusão adulta. Este transtorno causa prejuízos na utilização dos fonemas e
Escolar: inclusão
baseada em para intervenção conta com apoio de uma equipe multidisciplinar.
evidências científicas;
Analisamos o Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade – TDAH,
 Cartilha para
Profissionais de o qual é um transtorno que causa à pessoa déficits de desatenção,
Educação: perguntas desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade que tem início
e respostas sobre
TDAH. na infância e se perdura por toda a vida adulta. Suas causas não são
totalmente conhecidas e as principais intervenções tem se apoiado na
terapia cognitiva-comportamental e em tratamentos farmacológicos.

Atividades de aprendizagem

1. Conceitue o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação.

2. Diferencie o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação de


Transtorno Específico da Aprendizagem.

3. Estabeleça os principais prejuízos ao desenvolvimento psicomotor


causado pela Disgrafia.

4. Diferencie o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação do


Transtorno Específico na Aprendizagem.

76 ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO


5. Estabeleça os principais prejuízos ao desenvolvimento psicomotor
causado pela Disgrafia.

6. Conceitue a Dislalia como um Transtorno Específico da Articulação


da Fala.

7. Descreva as principais evidências de um quadro de dislalia em


uma criança.

8. Descreva os aspectos que identificam uma pessoa com Transtorno


de Déficit de Atenção/Hiperatividade e uso das nomenclaturas.

9. Identifique a forma da combinação da tríade do TDAH: desatenção,


desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade e seus
subtipos.

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