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Existência de germes de folheações

Condições para uma subvariedade ser folha de uma folheação

Danilo Machado
Folheações Reais - Professor Maycol Falla
PGMAT - UFF

Verão de 2021
» O problema
Sejam M uma variedade de dimensão m e N ⊂ M subvariedade
mergulhada de M de dimensão n e classe Cr , (r ⩾ 2).

Questão:
Sob quais condições existe uma folheação F definida
em uma vizinhança de N tal que N é uma folha de F?

Para responder, vamos:


1. Levar o problema ao fibrado normal da subvariedade;
2. Reduzir o problema a uma equivalência do fibrado normal
com um fibrado de grupo estrutural discreto;

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» Reduzindo o problema ao Fibrado Normal
Seja (ν(N), π, N, Rm−n ) o fibrado normal de N com respeito a uma
métrica riemanniana h·, ·i fixada em M dado por:
ν(N) := {(p, v) ∈ TM : p ∈ N e v ∈ Tp N⊥ }

∗ A seção nula de ν(N) dada por N0 = {(p, 0) ∈ ν(N)} é difeo-


morfa a N.

[2/13]
» Reduzindo o problema ao Fibrado Normal
∗ Pelo teorema da vizinhança tubular, existe difeomorfismo
g : V ⊂ ν(N) → U ⊂ M, onde N0 ⊂ V e N ⊂ U com V e U
abertos, e g(N0 ) = N.

∗ A hipótese da classe ser r ⩾ 2 nos permite usar o teorema


da vizinhança tubular, ver [2].

[3/13]
» Reduzindo o problema ao Fibrado Normal
∗ A existência de uma folheação F em U com N uma folha, é
equivalente a existência de uma folheação F̄ em V com N0
sua folha.

[4/13]
» A condição necessária e suficiente

Teorema
Sejam M uma variedade de dimensão m e N ⊂ M
subvariedade mergulhada de M de dimensão n e
classe Cr , (r ⩾ 2). São equivalentes:
1. ν(N) é equivalente a um fibrado com grupo
estrutural discreto;
2. Existe uma vizinhança U ⊃ N e uma folheação F
de U tal que N é uma folha de F.

[5/13]
» Demonstração (1) ⇒ (2)
∗ Suponhamos que ν(N) seja equivalente a um fibrado vetorial
E que possui grupo estrutural discreto, isto é, existe difeo-
morfismo H : ν(N) → E que leva fibra em fibra linearmente.

∗ Em particular, leva seção nula N0 de ν(N) em seção nula E0


de E.

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» Demonstração (1) ⇒ (2)
∗ Suponhamos que ν(N) seja equivalente a um fibrado vetorial
E que possui grupo estrutural discreto, isto é, existe difeo-
morfismo H : ν(N) → E que leva fibra em fibra linearmente.

∗ Em particular, leva seção nula N0 de ν(N) em seção nula E0


de E.
∗ Pelo teorema 5.5 existe uma folheação F̄ em E transversal
às fibras, logo F = H∗ (F̄) é uma folheação transversal em
ν(N). As submersões
p2
i
Ui × F −→ F
ψ
πE−1 (Ui ) −→
definem as aplicações distinguidas da folheação F̄, cujas
placas em πE−1 (Ui ) são da forma (p2 ◦ ψi )−1 (f) com f ∈ F.
∗ Em particular, E0 é folha de F̄ o que implica em N0 ser folha
de F.

[6/13]
» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Suponhamos que exista uma folheação F em U ⊃ N0 de ν(N)
tal que N0 seja folha de F. Consideremos uma cobertura
{Ui }i∈J de N0 por vizinhanças trivializadoras de F, onde es-
tão definidas submersões fi : Ui → Rm−n , tais que as placas
de F|Ui são da forma
fi−1 (x) x ∈ Rm−n e fi (N0 ∩ Ui ) = 0
Com mudança de coordenada
hkj : fj (Ui ∩ Uk ) → fk (Ui ∩ Uk ) tal que fk = hkj ◦ fj

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» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Vamos usar as aplicações distinguidas fi para redefinir a es-
trutura de ν(N) de forma a obter uma com grupo estrutural
discreto:
∗ Dado q ∈ N0 ∩ Ui , defina a aplicação linear
m−n
Li (q) := dfi (q)|Tq N⊥ : Tq N⊥
0 →R
0

Como N0 é folha de F, para todo i ∈ J e q ∈ N0 ∩ Ui , tem-se


Li (q) um isomorfismo.

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» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Fixemos uma base {e1 , · · · , em−n } de Rm−n , então os vetores
j
{Xi (q) := (Li (q))−1 (ej ); j = 1, · · · , m − n} formam uma base
de Tq N⊥0 . Definimos as cartas locais

x̄i : π̄ −1 (N0 ∩ Ui ) → N0 ∩ Ui × Rm−n


(q, X(q)) 7→ (q, Li (q)X(q))
∑m−n j ∑m−n
onde X(q) = j=1 αj Xi (q) ∈ Tq N⊥ 0 e Li (q)X(q) = j=1 αj ej .

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» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Fixemos uma base {e1 , · · · , em−n } de Rm−n , então os vetores
j
{Xi (q) := (Li (q))−1 (ej ); j = 1, · · · , m − n} formam uma base
de Tq N⊥0 . Definimos as cartas locais

x̄i : π̄ −1 (N0 ∩ Ui ) → N0 ∩ Ui × Rm−n


(q, X(q)) 7→ (q, Li (q)X(q))
∑m−n j ∑m−n
onde X(q) = j=1 αj Xi (q) ∈ Tq N⊥ 0 e Li (q)X(q) = j=1 αj ej .

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» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Se Ui ∩ Uj ∩ N0 6= ∅ a mudança de coordenada será:
x̄i ◦ x̄−1
j (q, v) = (q, gij (q)v)

onde gij (q) = Li (q) ◦ Lj (q)−1 = dfi (q) ◦ df−1


j (0) = dhij (0).

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» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Se Ui ∩ Uj ∩ N0 6= ∅ a mudança de coordenada será:
x̄i ◦ x̄−1
j (q, v) = (q, gij (q)v)

onde gij (q) = Li (q) ◦ Lj (q)−1 = dfi (q) ◦ df−1


j (0) = dhij (0).

[11/13]
» Demonstração (2) ⇒ (1)
∗ Se Ui ∩ Uj ∩ N0 6= ∅ a mudança de coordenada será:
x̄i ◦ x̄−1
j (q, v) = (q, gij (q)v)

onde gij (q) = Li (q) ◦ Lj (q)−1 = dfi (q) ◦ df−1


j (0) = dhij (0).
∗ Portanto (ν(N), π̄, N0 , R m−n ) tem grupo estrutural discreto.
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Teorema
Sejam M uma variedade de dimensão m e N ⊂ M
subvariedade mergulhada de M de dimensão n e
classe Cr , (r ⩾ 2). São equivalentes:
1. ν(N) é equivalente a um fibrado com grupo
estrutural discreto;
2. Existe uma vizinhança U ⊃ N e uma folheação F
de U tal que N é uma folha de F.

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» Bibliography
César Camacho, Alcides Lins Neto; Teoria Geométrica das
Folheações. Projeto Euclides, 2.ed. Rio de Janeiro: IMPA
(2019);
Elon L. Lima; Variedades diferenciáveis. Monografias de
Matemática, Vol 15. Rio de Janeiro: IMPA (1973);

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