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APOSTILA DE DIREITO FINANCEIRO

PROF. Ms. NIURA BETIM

I. DIREITO FINANCEIRO

1. CONCEITO E OBJETOS DO DIREITO FINANCEIRO

Para Fonrouge, Direito Financeiro "é o conjunto de normas jurídicas que regula a
atividade financeira do Estado em seus diferentes aspectos: órgãos que a exercem, meios em
que se exterioriza e conteúdo das relações que originam".

Geraldo Ataliba, conceitua o Direito Financeiro como a ciência exegética, que habilita -
mediante critérios puramente jurídicos - os juristas a compreender e bem aplicarem as normas
jurídicas, substancialmente financeiras postas em vigor".

Podemos dizer que o Direito Financeiro é o ramo do Direito Público que estuda a atividade
financeira do Estado sob o ponto de vista jurídico.

Seu objeto material é o mesmo da Ciência das Finanças, ou seja, a atividade Financeira do
Estado que se desdobra em receita, despesa, orçamento e crédito público.

Enquanto a Ciência das Finanças estuda esses desdobramentos sob o ponto de vista
especulativo, o Direito Financeiro disciplina normativamente toda a atividade financeira do
Estado.

Daí por que a Ciência das Finanças é ministrada nas Faculdades de Economia e Administração,
enquanto o Direito Financeiro integra o currículo das Faculdades de Direito.

2. AUTONOMIA DO DIREITO FINANCEIRO

Alguns autores, ainda, consideram o Direito Financeiro como mera divisão do Direito
Administrativo.

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Entretanto, a maioria dos doutrinadores contemporâneos reconhece-o como ramo
autônomo, ainda que realçando suas conexões com o Direito Administrativo.

A autonomia didática, ou seja, o estudo em apartado de determinada matéria jurídica por


razões puramente didáticas, não basta para a caracterização de sua autonomia.

Da mesma forma, a doutrina, representada por obras especializadas e a jurisprudência


específica, isoladamente, não são suficientes para a proclamação da autonomia.

Entretanto, dúvida não há que a presença de tais elementos constitui sérios indicadores da
autonomia.

O que, verdadeiramente, caracteriza o Direito Financeiro como ramo autônomo é a existência de


princípios jurídicos específicos, não aplicáveis a outros ramos do Direito.

Exatamente, a especificidade desses princípios jurídicos, que regem a atividade financeira do


Estado, fez com que o Direito Financeiro se destacasse do Direito Administrativo, ensejando a
necessidade de ser estudado autonoma e especificamente.

Fonrouge sustenta que "a autonomia é um ramo do direito que dispõe de princípios gerais
próprios e que atua coordenadamente, em permanente conexão e interdependência com as
demais disciplinas, como integrantes de um todo orgânico (unidade do direito).“

Daí a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello: "diz-se que há uma disciplina jurídica
autônoma quando corresponde a um conjunto sistematizado de princípios e normas que lhe dão
identidade, diferenciando-a das demais ramificações do Direito".

Finalmente, a própria Constituição Federal consagrou a autonomia do Direito Financeiro ao dispor


em seu art. 24:

"Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário..."

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Em matéria de legislação concorrente, a competência da União limita-se a estabelecer
normas gerais (§ lo do art. 24), fato que não exclui a competência suplementar dos Estados (§ 2°
do art. 24), vale dizer, os Estados, também, podem editar normas gerais suplementarmente à
União.

Contudo, inexistindo normas gerais editadas pela União, os "Estados exercerão a


competência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades" (§ 3 o do art, 24), ficando
suspensa a eficácia da lei estadual na hipótese de superveniência de lei federal dispondo em
sentido contrário (§ 4° do art. 24).

Obs : É importante lembrar que na esfera da técnica de competência concorrente, avulta a


questão de hierarquia de normas: a lei federal prevalece sobre as leis estadual e municipal, e a lei
estadual, sobre a municipal. Contudo, fica, desde logo, ressalvado que os princípios federativos
concernentes à autonomia dos entes componentes da Federação não podem ser afetados.

Isto quer dizer que a União não pode, por exemplo, a pretexto de editar normas gerais,
adentrar em detalhes tais que interfiram no campo de competência privativa das entidades
regionais e locais.

3. RELACIONAMENTO COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO

A autonomia do Direito Financeiro não significa sua separação da Arvore Jurídica a que
pertencem todos os ramos do Direito.

Não significa divorciar-se dos princípios gerais de direito. Não existe e nem pode existir
divisões estanques na área do Direito que é uno e indivisível.

Como assinala Ruy Barbosa Nogueira, "ramos do Direito correspondem a uma


especificação ou subdivisão dentro da própria Ciência do Direito, para melhor elaboração e
compreensão das normas que devem regular relações fáticas especiais, por formas jurídicas
também especiais".

• Assim sendo, é natural que o Direito Financeiro se relacione com outros ramos do Direito.

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Tem estreitas relações com o Direito Constitucional por representar o tronco da Arvore
Jurídica, donde nascem os diversos ramos;

Relaciona-se com o Direito Administrativo, donde se destacou, mantendo com ele


conexões de gênero para a espécie;

Com o Direito Tributário, que dele se separou, para o estudo específico de uma parte da
receita, à luz de princípios próprios que regem as relações entre o fisco e o contribuinte.

ORÇAMENTO PÚBLICO

1. Conceito : É um plano de ação governamental, através do qual o Poder Legislativo autoriza o


Poder Executivo, por determinado período e de forma detalhada a realizar despesas destinadas
ao funcionamento das necessidades públicas e outras atividades adotadas pela política
econômica, bem como a arrecadação das receitas.

Antônio Souza Franco : “Orçamento é uma previsão, em regra anual, das despesas a realizar
pelo Estado e dos processos de as cobrir incorporando a autorização concedida à Administração
Financeira para cobrar receitas e realizar despesas, limitando os poderes da Administração em
cada ano”.

2. Origem Histórica :

Surge como reflexo do princípio, segundo o qual os monarcas não podiam estabelecer tributos
sem o consentimento dos súditos que deviam pagá-los.

- 1.215, Inglaterra – Carta Magna, imposta a João Sem Terra.

- Em 1.765 – A criação de novos tributos propiciou insurreição das 13 Colonias = Independência


da Nação Americana.

- Em 1789 – Na França, os Reis tiram dos cofres públicos os recursos para despesas da Nação e
gastos pessoais. = Cria-se a previsão orçamentária, através da Declaração dos Direitos.

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“art. 14 – Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por eles mesmos ou por seus
representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de
acompanhar-lhe o emprego, de lhe determinar a quota, a cobrança e a duração”.

- 1830 – No Brasil, embora o 1 o Orçamento estivesse previsto na CF. 1824, só foi regulado em
dezembro de 1830, para o exercício de 1831-1832.

3. Natureza Jurídica do Orçamento :

- Duguit : ato administrativo;

- Jèze : ato-condição (o Orçamento funcionaria como condição para deflagar efeitos);

- A CF. confere ao Orçamento a natureza de Lei, art. 165, III e §5º, §6º. , §8º.

Obs : O art. 166 CF. Estabelece um regime peculiar de tramitação do projeto de Lei
Orçamentária, de iniciativa do Executivo, sem contudo exigir quorum qualificado para sua
aprovação, daí sua natureza de Lei Orçamentária.

Obs : O orçamento é uma Lei de efeito concreto, para vigorar por prazo determinado, por isso
alguns a denominam ato condição (nat. jurídica)

4. Classificação do Orçamento :

4.1. Conforme o número de anos que abranja :

- Anual = é o orçamento público chamado operativo, porque é executável;

- Plurianual = Não é operativo, é apenas programático

4.2. Quanto a categoria econômica das operações a que se refira :

1) Orçamento Corrente (operação) : corresponde as operações relativas a manutenção e


funcionamento de serviços já existentes, ex: serviços públicos, poder de polícia (polícia
sanitária)
2) Orçamento Capital (investimento) : são aquelas relativas :

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- aquisição de bens

- aquisição ou realização : obras produtivas (benefício social)

- crédito

4.3. Quanto a finalidade do Orçamento :

a) Orçamento Funcional : É aquele orçamento que estima e autoriza as despesas por


funções, isto é as atividades exercidas pelo Estado.

ex. Art. 21 CF, X, XIII, XIV, XV, XX, XXII, XXIII CF.

b) . Orçamento Desempenho : É o que estima e autoriza as despesas pelos produtos


finais a obter ou tarefas a realizar.

ex. Feitura de estradas, pontes, pavimentação e etc.

c) Orçamento Programa : São os recursos, metas e projetos de um plano de governo.

ex. Fome Zero

5. Elementos essenciais do Orçamento :

5.1. Elemento Econômico : O Orçamento assume a forma de uma previsão da gestão


orçamental do Estado, isto é um autêntico plano financeiro, para uma maior racionalidade
econômica.

5.2. Elemento Político : Autorização Política para a efetivação desse plano ou projeto, visando o
asseguramento dos direitos fundamentais.

Obs : Peça de controle do Executivo pelo Legislativo, que se renova anualmente.

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5.3. Elemento Jurídico : Traduz-se na disciplina jurídica da atividade financeira do Estado que
visa tornar efetiva a vontade política e as diretrizes economico-financeiras, infundidas na peça
orçamental, art. 5°, II CF.

6. Receitas públicas

Qualquer entrada de dinheiro nos cofres públicos é denominada ingresso,

O ingresso de dinheiro nos cofres públicos, imprescindível para que o Estado cumpra suas
funções típicas e possa gerir a economia em geral, é denominado receita;

Para se caracterizar como receita o ingresso deve gerar acréscimo permanente ao patrimônio
público, não estando sujeito a devolução (a exemplo do empréstimo compulsório).

I. Receitas correntes e receitas de capital

O art. 11 da Lei n, 4.320/64, quanto ao aspecto contábil (ou categoria econômica), classifica as
receitas entre correntes e de capital.

São receitas correntes as decorrentes dos tributos, das multas, da execução fiscal, da
exploração dos bens próprios do Estado (receitas patrimoniais) e aquelas transferidas de outras
pessoas jurídicas de direito público ou privado para atender as despesas classificáveis como
correntes.

Já as receitas de capital são provenientes da constituição de dívidas, da conversão em


espécie de bens e direitos (em especial pela alienação de bens), do recebimento de recursos de
outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender as despesas de capital e,
ainda, o superavit do orçamento.

II. Receitas originárias, derivadas e transferidas

As receitas originárias têm natureza dominial ou seja, são decorrentes da exploração de uma
atividade econômica pelo próprio Estado, das rendas decorrentes do patrimônio público

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imobiliário, das tarifas, dos ingressos comerciais (a exemplo da receita oriunda dos concursos de
prognósticos como a Sena, a Loto etc.).

As receitas derivadas são extraídas do patrimônio dos particulares pelo Estado, no exercício do
seu poder de império. São compulsórias, a exemplo dos tributos, das multas e do confisco
decorrente do tráfico de entorpecentes.

As receitas transferidas são as repassadas de um ente político a outro, a exemplo da


repartição de impostos prevista nos arts. 157 a 159 da Constituição Federal.

III. Receitas ordinárias e extraordinárias

Quanto à sua periodicidade :

- São ordinárias as periódicas, previstas no orçamento.


- São extraordinárias as receitas que não são permanentes, a exemplo das doações
(receita gratuita porque não impõe qualquer contraprestação) bem como, dos impostos
extraordinários.

DESPESAS PÚBLICAS

Despesas públicas são os gastos da Administração Pública para a realização das funções
estatais, decorrentes dos serviços públicos, intervenção do Estado no Domínio Econômico e
Poder de Polícia.

I. Despesas ordinárias e extraordinárias

São ordinárias as que têm autorização orçamentaria e atendem a gastos rotineiros, a exemplo
do pagamento dos precatórios e dos servidores públicos.

São extraordinárias as despesas pertinentes a ocorrências inesperadas, urgentes e inadiáveis,


a exemplo daquelas decorrentes de calamidade pública.

II. Despesas correntes e de capital :


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O art. 12 da Lei n, 4.320/64 estabelece que as despesas serão classificadas entre
correntes e de capital.

1. As despesas correntes são as de custeio (assim entendidas a manutenção dos serviços já


criados pela administração pública direta ou indireta e do seu pessoal civil e militar, obras de
conservação e adaptação dos bens imóveis, material de consumo, serviços de terceiros e
encargos diversos) e as relativas às transferências correntes (que não trazem contraprestação, a
exemplo das subvenções, dos pagamentos a inativos e pensionistas e dos juros da dívida
pública).

2. Despesas de capital são as de investimentos ,que tem por contraprestação o crescimento do


patrimônio público, a exemplo da execução de obras e aquisição de imóveis necessários à sua
realização, compra de equipamentos e material permanente, art. 12 § 4º. da Lei n. 4.320/64), as
pertinentes a inversões financeiras (a exemplo da aquisição de bens imóveis, ou de bens de
capital já em utilização, art. 12 § 5 o da Lei n. 4.320/64) e as relativas às transferências de capital
(dotações para que outras pessoas de direito público ou privado realizem investimentos ou
inversões financeiras — art 12, § 6° da Lei n. 4.320/64).

FASES DA REALIZAÇÃO DAS DESPESAS

• A realização das despesas públicas passa por duas grandes fases.

I. A primeira fase é de natureza legislativa. A despesa deve estar autorizada por lei ou,
extraordinariamente, por medida provisória. Ordenar despesa não autorizada por lei pode implicar
crime, previsto no art. 359-D do Código Penal.

Obs: Conforme lecionam Regis Fernandes de Oliveira e Estevão Horvath,

"nenhuma despesa pode ser efetuada sem prévia autorização do Poder Legislativo".

Quando inexistente a autorização prévia (na LOA) devem ser observadas as regras pertinentes
aos créditos adicionais.

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II. Na fase administrativa há que se observar, em primeiro lugar, a necessidade ou não de
licitação, procedimento em regra exigido quando se trata de obras públicas, serviços e compras
(art. 37, XXI, da CF, c/c a Lei n. 8.666/93) da administração pública direta ou indireta.

7. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS :

I. Princípio da Estrita Legalidade : Não basta a Lei criar um dado direito ou dever apenas
em tese, é preciso fazê-lo de forma exaustiva e pormenorizada, não permitindo que o Executivo
expeça Decretos, que introduzam critérios subjetivos na aplicação da Lei, vedada ainda a edição
de atos administrativos discricionários,

art. 100 § 2º., art. 165, art. 166, art. 167 CF.

II. Princípio da Anualidade Orçamentária :

art. 48, II, art. 165 I, III, § 5o, § 9º , art. 166, CF.

Exprime que a autorização para despender e receber não vale a não ser por um ano. Além desse
marco de tempo, todas as receitas e despesas são proibidas, até a nova autorização.

Ano Civil (Lei 4320/64, art. 34 ) Periodicidade orçamentária .

- 1º. Janeiro : Brasil, Argentina, França, Suiça,

- 1º. Julho : Italia

- 1º. Abril : Inglaterra e Alemanha

- 1º. Outubro : EUA.

Obs : Os planos plurianuais = força vinculante com relação aos ciclos orçamentários
subsequentes.

III. Princípio da Universalidade

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Significa que as parcelas da receita e despesa devem figurar em bruto no orçamento, isto é, sem
qualquer dedução.

Princípio que consagra a obrigatoriedade de registro de todas as receitas e despesas, bem como
a não-afetação das receitas públicas, art. 165 § 5 o, e § 8º., art. 167, IV, art. 212 CF.

Tal vedação se justifica em virtude da generalidade e impessoalidade que haverão de presidir a


elaboração e a execução do orçamento, bem como do princípio da igualdade que não toleraria
privilégios na destinação dos recursos públicos.

IV. Princípio da Unicidade :

- A CF. de 1934, art. 50, consagrou o princípio da unidade do Orçamento.

- As Cartas de 1937 e 1946 = visualizaram o Orçamento Anual = que é o controle das contas
públicas num único documento.

- As Cartas de 1967 e 1988 = deixaram de fazer alusão expressa à unicidade, o que significa não
a sua extinção, mas a sua nova configuração.

- A unicidade passou a denotar a existência de um orçamento básico, em torno do qual se


agregam orçamentos miniaturais que se interligam e se incorporam ao orçamento base.

Obs : art. 165 Cf. – mesmo havendo 03 orçamentos a unidade persiste.

José Afonso da Silva : “a unidade não é documental, mas de objetivos a serem atingidos dentro
de uma estrutura integrada do sistema”.

V. Princípio da Exclusividade em Matéria Orçamentária

Princípio visualizado no art. 165 § 8 o, CF. que proíbe expressamente que a lei
orçamentária contenha disposições estranhas as receitas e despesas.

Ex: O orçamento pode tratar das despesas da construção de uma Universidade, mas não pode
decidir sobre a criação dessa Universidade.

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VI. Princípio da Proibição de Estorno :

Princípio que proíbe a transposição de recursos de uma dotação orçamentária para outra,
sem prévia autorização do Legislativo. Art. 11 Lei 4320/64.

VII. Princípio da Especialização

Tal princípio consagra a obrigatoriedade de pormenorizar todas as receitas e despesas


públicas, observando que a lei orçamentária haverá de especificá-las e identificá-las sublinhando
sua origem e destinação.

VIII. Princípio da Publicidade

A publicidade figura no rol dos princípios constitucionais inexpressos, mas marcado com
igual rigor que os princípios expressos.

Ex. Art. 165 § 3º. CF.

IX. Princípio da Programação

Todo o orçamento está ligado ao plano de ação governamental, arts. 48, II, IV, art. 165 §
4º. CF. e arts. 47 a 50 Lei 4320/64.

X. Princípio do Equilíbrio Orçamentário :

Hoje não cabe a economia equilibrar o orçamento mas ao orçamento equilibrar a


economia.

Obs : O equilíbrio orçamentário é um instrumento a serviço do desenvolvimento da Nação.

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XI. Princípio da Transparência Orçamentária:

Tal princípio consagra a possibilidade da fiscalização e controle interno e externo da


execução orçamentária.

art. 70; art. 150 § 5º, § 6º; art. 165 § 6º CF.

8. Procedimento Legislativo aplicável ao Projeto de Lei Orçamentária

- A proposta Orçamentária é de iniciativa privativa e exclusiva do Poder Executivo – art. 165 c/c.
art. 84 XXIII CF. – igual procedimento se verifica nos demais planos de governo - arts. 25, 29 e
32 CF.

- Concluído o Projeto de Lei Orçamentária Anual, pelo Executivo é encaminhado ao Legislativo 04


meses antes do término do exercício financeiro, art. 35 § 2º, III ADCT.

- O Legislativo designa uma Comissão Parlamentar Mista para apreciar os Orçamentos e as


emendas.

Obs : As emendas não podem alterar substancialmente a proposta original, tanto que a sua
admissibilidade se condiciona a harmonizar-se com o Orçamento Plurianual e com o de Diretrizes
Orçamentárias – art. 166 e § 3º CF.

- Após aprovada – volta ao Executivo para sanção e promulgação, respeitado o prazo de


encerramento da Sessão Legislativa = 22/12 .

art. 57 CF. c/c. art. 35 § 2º, III ADCT.

Rejeição :

- CF de 1946 : Prorrogação do Orçamento, (art. 32 Lei 4320/64);

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- CF. de 1967 : Promulgação automática do Projeto Orçamentário;

- CF. de 1988 : art. 166 § 8º = Autoriza o executivo a lançar mão de créditos especiais ou
suplementares através da aprovação legislativa, ou recorrer aos créditos extraordinários em
virtude de emergência caracterizada – que dispensaria a autorização legislativa prévia ,

art. 167 § 3º CF.

LEIS ORÇAMENTÁRIAS :

- Plano Plurianual : Define o planejamento das atividades governamentais.

Art. 165 § 1º, § 4º, § 7º; art. 151, I, CF.

- Plano de Direitrizes Orçamentárias : art. 165 § 2º CF.

Seu caráter anual decorre da determinação de incluir as despesas de capital (art. 13 Lei
4320/64) para o exercício financeiro subsequente e orientar a elaboração do Orçamento Anual.

Obs : Tal Lei, deve dispor das alterações na Legislação Tributária que implicarão no aumento ou
diminuição da arrecadação tributária, que refletirá, na previsão de receitas a serem consignadas
no Orçamento Anual, assim como as isenções e incentivos fiscais de forma geral, que só poderão
ser concedidos antes do advento do Orçamento Anual.

Obs: Tal Lei, deve estabelecer a política de aplicação, também das agências financeiras oficiais
de fomento :

- Caixa Econômica Federal. = Implementação de programas, objetivando reduzir o déficit da


habitação e saneamento básico;

- Bco. do Brasil = Financiamento do Setor Agrícola = aumento da produção agrícola, mercado


interno e externo;

- Bco. Nordeste e Amazônia = Financiamento de atividades voltadas ao desenvolvimento regional


= visando redução das desigualdades sócio econômicas.

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- BNDS. (Bco. Nac. Desenvolv. Econômico) destinado a financiar :

- Programas estratégicos contidos no Plano Plurianual;

- Desenvolvimento de Micros, Pequenas e Médias Empresas;

- Projetos de Investimento em Setores Estratégicos para crescimento do País;

- Desenvolvimento de infra-estrutura nos setores Industrial e Agrícola;

Obs : Destina-se a disponibilizar recursos financeiros para áreas ou setores considerados vitais
dentro do Programa de cada Governo;

Orçamento Anual

É o que visualiza o Orçamento fiscal propriamente dito, ( receitas e despesas, art. 165 § 5º
e § 9º CF.)

- O Orçamento Anual se apresenta como :

- Orçamento fiscal

- Orçamento de Investimentos

- Orçamento de Seguridade Social

- O Orçamento Anual se inter-relaciona com o Plano Plurianual, que estabelece diretrizes,


objetivos e metas da administração para período superior a um ano.

- Orçamento Anual compreendido dentro do exerciçio financeiro : 1º Janeiro /31 Dezembro

Lei 4.320/64. (art. 165 § 9º CF. c/c. art. 35 § 2º ADCT.)

 arts. 2º a 21 = Disciplinam o Orçamento Anual


 arts. 22 a 31 = elaboração de proposta Orçamentária
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 arts. 32 a 33 = elaboração da Lei Orçamentária

 arts. 34 a 39 = exercício financeiro

 arts. 40 a 46 = créditos adicionais

 arts. 47 a 70 = execução Orçamentária

 arts. 71 a 74 = Fundos Especiais

 arts. 75 a 84 = Controle da Execução Orçamentária pelos sistemas interno e externo

 arts. 107 a 110 = Orçamentos autarquicos e outras entidades (art. 165 § 5º , III, CF.)

 arts. 111 a 115 = Disposições Finais

FUNDOS ESPECIAIS

(art. 165 § 9º, II CF. c/c. art. 36, 71 a 73 ADCT. ).

São reservas de certas receitas públicas para a realização de determinados objetivos ou


serviços de interesse público.

Os Fundos são formados com parcelas de recursos financeiros colocados no Orçamento Anual
ou em Créditos Adicionais, para a consecução de determinada finalidade pública, servindo não
raras vezes, como instrumento de intervenção do Estado no domínio econômico.

arts. 71, 79, 80, 81 ADCT.

ex: aplicações em programas de financiamento ao Setor Produtivo das Regiões Norte e Nordeste.

Tais como o Fundo Fome Zeroe o Fundo Nacional de Segurança Pública.

Obs : Os Fundos representam exceção ao princípio da Unidade de Tesouraria, em virtude da qual


todas as receitas públicas são recolhidas ao Tesouro para daí saírem, somente sob a forma de
pagamento de despesas consignadas no Orçamento. Entretanto a CF. proíbe a vinculação da
receita de impostos à órgãos, despesas e fundos, art. 167, IV e IX CF.

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Obs : Salvo determinação em contrário da Lei instituidora, o saldo positivo do fundo especial
apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo.

Obs : A lei que instituir o fundo especial poderá prever o mecanismo próprio de controle,
prestação e tomada de contas, sem que isso implique ilidir o controle externo a ser executado
pelo Poder Legislativo, bem como pelo Tribunal de Contas.

ATENTADO A LEI ORÇAMENTÁRIA

Art. 85, VI CF. = acusação de 2/3 Câmara Deputados = julgamento do Presidente perante o
Senado. Arts. 52, I e 86 CF.

- Processo e Julgamento = Lei 1.079/1950 (Presidente, Ministros, Ministros STF. E Governadores


e Secretários);

- Prefeitos (DL. 201/67).

Fiscalização e controle dos Orçamentos

- Art. 70 CF.

- O Controle Externo exercido pelo Poder Legislativo seguirá os seguintes princípios :

l- Legalidade: Impõe-se a verificação dos requisitos necessários a realização da despesa,


isto é a observação rigorosa das autorizações e limitações de Lei Orçamentaria sob execução, art.
167 H CF, art. 85, VI CF.

2 - Legitimidade: A fiscalização examina o mérito do ato praticado pelo agente


públicopara detectar possível desvio de finalidade.

3 - Economicidade : Exame da despesa feita sob o enfoque custo-benefícïo, para verificar


se foi escolhido, pelo agente público responsável, o meio menos oneroso ao erário.

4 - Subvenções: São auxílios governamentais concedidos as entidades públicas ou


privadas em geral; instituições sociais e educacionais sem fins lucrativos.

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5 - Renuncia de Receitas Públicas: Só poderá ocorrer na hipótese e nas condições da Lei.
O exercício total da competência tributária não é compulsório, mas uma vez exercitado e
instituído o tributo, somente a Lei poderá dispensar sua arrecadação.

TIPOS DE CONTROLE:

1. Controle Interno : Parte final art. 70, e art. 74 § 1«. CF. + art. 75 Lei 4320/64.

2. Controle Externo : Exercido exclusivamente pelo Congresso arts. 70 e 49, X CF + Trib. De


Contas arts. 71 a 72 CF. Arts. 81 e 82 Lei 4320/64

3. Controle Privado: Novidade da CF/88. art. 74 §2^. CF. Que confere aos cidadãos
instrumentos cada vez mais poderosos para o pleno exercício de seus direitos políticos.

CRÉDITO PÚBLICO

1. Conceito : Crédito Público, Empréstimo Público ou Dívida Pública é o processo financeiro


consistente nos vários métodos de obtenção de dinheiro ($} pelo Estado, sob a condição de
devolver, em geral, acrescido de juros e dentro de determinado prazo preestabelecido.

Obs : O crédito Público não se confunde com receita pública que pressupõe o ingresso de $, aos
cofres públicos sem qualquer contrapartida, isto é corresponde a uma entrada de $ que acresce
ao património do Estado. O crédito público ao contrário, não aumenta o património Estatal, por
representar mera entrada de caixa, com a correspondência no passivo.

A cada soma de $ que o Estado recebe, a título de empréstimo, corresponde uma


contrapartida no passivo, traduzida pela obrigação de restituir dentro de determinado prazo.

II. Evolução Histórica

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- O empréstimo Público existe desde a antiguidade. Existem notícias que Cártago teria tomado $
de ricos Romanos para pagar indenizaçao de guerra após batalha de Zama.

- Durante a Idade Média, o Empréstimo Público foi praticado em larga escala, caracterizando-se
como empréstimo pessoal dos príncipes para financiar guerras sem qualquer aplicação nos
serviços públicos. Daí o repúdio do povo, ao crédito público contraído pelo monarca.

- Na época Moderna com a separação dos bens pessoais dos monarcas, do património Estatal, o
empréstimo público passou a ser efetivamente um processo financeiro do Estado, administrado
pêlos representantes do povo. O Estado passa a ser o cliente direto dos capitalistas.

- Na atualïdade, o crédito público, assume importância sem precedentes na vida financeira dos
Estados, constituindo-se fonte regular de obtenção de $ para a consecução das finalidades
públicas.

III. Natureza Jurídica

1) Considera o empréstimo público-ato soberania - onde o empréstimo público seria resultante


do Poder de autodeterminação e de auto-obrígacão do Estado, insuscetível de qualquer tipo de
controle, mesmo o jurisdicional, que pudesse compelir o Poder Público devedor, ao seu
cumprimento.

2) Seria resultante de um Ato Legislativo - no qual tudo já estaria disciplinado, inclusive seu
regime jurídico. Obs : Aqui admite-se a submissão do Estado à Lei.

3) Contrato Público - porque objetiva a transferência de certo valor em $ de uma pessoa física
ou jurídica, a uma entidade pública para ser restituído acrescido de juros, dentro de
determinado prazo ajustado.

Obs : É um Crédito Público porque comporta modalidades não encontráveis no empréstimo


privado, que em razão da presença do interesse público, obriga a entidade pública, tomadora do
Crédito, a atuar sob a éeíde do regime administrativo.

IV. CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO PUBLICO

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1 ) Dívida Pública Flutuante e Dívida Pública Fundada

1.1. Dívida Pública Flutuante : Contraída a curtos prazos para satisfazer necessidades
momentâneas do Tesouro, provenientes de despesas imprevistas e da falha de receitas ainda
não cobradas, art. 92 Lei 4320/64.

1.2. Dívida Pública Fundada : É a contraída a longo prazo, ou até sem prazo certo e sem
obrigação de resgate, com pagamento de prestação e juros. Destina-se a financiar investimentos
rentáveis e duráveis.

Perpétua : Contraída por período indefinido, obrigando-se o Estado apenas a pagar os juros.
Amortizável: Contraída com prazo certo de resgate, como ocorre no âmbito estadual, art. 34 V, a
CF. e art. 35 l, CF-, art. 78 ADCT.

2) Empréstimos Internos e Empréstimos Externos:

2.1, Crédito Interno : É aquele que o Estado obtém no âmbito de seu espaço territorial.

2.2. Crédito Externo : quando o Estado celebra o contrato, com uma pessoa não nacional e em
moeda estrangeira. Isto é, quando o empréstimo advém do governo de outro país ou de
instituição sediada em outro território.

Obs : Quando os recursos advêm de instituições multinacionais ou internacionais, que são


aquelas não vinculadas a nenhum país determinado, estamos diante do crédito internacional

Obs : Harada, considera como crédito externo o local da captação dos recursos financeiros,
necessariamente situado no exterior.

3) Créditos Compulsórios e Créditos Voluntários:

3.1. Crédito Compulsório: ou forçado é aquele obtido sem anuência do prestamista, visto que se
assenta no ato de autoridade, no poder de império do Estado.

Visa atender às despesas extraordinárias decorrentes de situações conjunturais excepcionais,


art. 148 CF. e art. 3 CTN.
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Obs : Não é um crédito público e sim um Tributo-

3.2. Crédito Voluntário : ou Crédito Público próprio, é contraído sob a égide do princípio da
autonomia da vontade. Resulta sempre de um contrato de mútuo ou da aquisição de títulos
representativos da dívida pública. Obs : O elemento da vontade e espontaneidade do
prestamista é essencial.

4. Classificação Constitucional:

4.1. Operações de Crédito por antecipação de Receita :

São empréstimos de curto prazo a serem devolvidos no mesmo exercício financeiro.

Para tanto a CF., abre exceção ao princípio da vedação da vinculação do produto da arrecadação
de impostos a órgãos, fundos ou despesas, permitindo a utilização de receitas futuras como
instrumentos de garantia nas operações de crédito por antecipação de receitas, art. 167 IV CF.

art. 165 § 82. CF.

Essas operações de Crédito, são chamadas AROs. (Antecipação de Receitas Orçamentarias)

Resol. Conselho Monetário Nacional {Rés.2008/93), prescrevem a liquidação até o 30 dia do


exercício seguinte ao da celebração do contrato. (Hoje até o dia 10 de dezembro, de cada ano).

4.2. Operações de Crédito em Geral: São aquelas não compreendidas nas operações de crédito
por antecipação de receitas, correspondendo aos empréstimos de longo prazo, que objetivam,
atender em geral as despesas de capital (investimentos, inversões financeiras e transferências
de capital).

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