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Marta Harnecker

Gabriela Uribe
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EXPLORADOS E
EXPLORADORES
EXPLORADOS E
EXPLORADORES
MARTA HARNECKER
GABRIELA URIBE

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global editora
COPYRIGHT © 1979
GLOBAL EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA.

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Grupo Aurora


R E V I S Ã O : Armandinha Venâncio
C A P A : Carlos C l é m e n
D IA G R A M A Ç Ã O , C O M P O S I Ç Ã O : M a r c o s D u a r t e
F O T O L I T O : Paulo B o c a t t o e Carlos N i c o l a u

Publicado por A c o r d o com


Iniciativas Editoriais - Lisboa

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N.° DE CATÁLOGO - 1161


PROLOGO A EDIÇÃO CHILENA

Ãs revoluções sociais nâo são feitas pelos indivíduos, pelos "grondoo per
sonagens", por mais brilhantes ou heróicos que sejam As revoluções sociais
são feitas pelas massas populares. Sem a participação das grandes massas não
há revolução, é por isso que uma das tarefas mais urgentes neste momento é
que os trabalhadores se eduquem, elevem o seu ní vel de consciência, se capa-
citem para responder às novas responsabilidades que surgem dentro do pro-
cesso revolucionário que o nosso pai's vive.
Se queremos transformar a nossa sociedade numa nova sociedade temos
de ser capazes, por um lado, de compreender quais são as suas características
principais na atualidade, como é que se explica o seu caráter "capitalista de-
pendente", que papel desempenhou o imperialismo na nossa situação atual
de subdesenvolvimento e, por outro lado, saber com que forças sociais conta
a classe operária para lutar contra esta situação.
Além disso devemos saber através de que processo histórico foi possfvel
chegar a este t r i u n f o das forças populares, dado que ele representa apenas o
resultado final de um longo período de luta de classes durante o qual a nossa
terra foi banhada pelo sangue de operários, camponeses e estudantes.

1
Mas para podermos responder a todas estas perguntas suscitadas pela
nossa realidade e para estarmos aptos a resolver outras que surgirão à medida
que este processo se desenvolve, necessitamos de um conhecimento prévio,
um conhecimento que nos sirva de instrumento para analisar a realidade e
para guiar a nossa ação. Este conhecimento é o Materialismo Histórico
que podemos definir como o conjunto dos conhecimentos científicos acerca
da sociedade. Por intermédio do Materialismo Histórico sabemos o que é
que determina a organização e funcionamento da sociedade e porque é
que se produz a mudança de um t i p o de sociedade para outro; isto é, conhe-
cemos as leis fundamentais da sociedade.
É o conhecimento científico de qualquer realidade que permite atuar
sobre ela e transformá-la. Assim, por exemplo, o médico para poder curar
os seus doentes necessita de ter um conhecimento prévio acerca das doenças,
como nascem, como se manifestam e como se tratam, isto é, necessita de
conhecer as leis gerais da medicina. Este conhecimento é o instrumento teó-
rico que ele usa para observar um doente em particular, chegar a um diagnós-
tico e fazer um tratamento que transforme esse doente num homem são. O
mesmo acontece com a realidade social: para podermos transformar uma de-
terminada sociedade temos de fazer uma análise dessa realidade que nos per-
mita atuar sobre ela. O instrumento teórico que usamos neste caso é o co-
nhecimento científico da Sociedade, ou Materialismo Histórico.

Esta série de Cadernos de Educação Popular (CEP) propõe-se precisamen-


te fornecer, sob uma forma acessível e ao mesmo tempo rigorosa, os instru-
mentos teóricos mais importantes para compreendermos o processo de
modificação social e podermos delinear quais devem ser as características
da nova sociedade quç queremos construir.
Os sete primeiros títulos desta série são os seguintes:

1 — Explorados e Exploradores
2 — Exploração Capitalista
3 — Monopólios e Miséria
4 — Luta de Classes
5 — Imperialismo e Dependência
6 — Capitalismo e Socialismo
7 — Socialismo e Comunismo

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Se bem que cada um destes textos contenha um tema que pode ser com-
preendido sem ser necessária a leitura dos outros, a melhor maneira de estu-
dá-los é seguindo a ordem da série, visto que os primeiros temas vão ajudan-
do a compreender os seguintes. O tema deste primeiro caderno, por exem-
plo, é o estudo dos diferentes aspectos da sociedade, e do modo como eles
se relacionam e estSo organizados. A q u i apenas se diz que esta organiza-
ção se modifica de uma sociedade para outra, sem se entrar no estudo da
maneira como se produz esta transformação. £ mais na frente, no caderno n.
6 — Capitalismo e Socialismo — que se dará amplo desenvolvimento a este
tema, já que para o compreendermos, são necessários outros elementos que
estudaremos nos Cadernos que o antecedem. Em todo o caso, sempre que
num caderno um assunto é apenas mencionado, indicar-se-á, por meio de
notas, em que número da série se pode estudá-lo mais a fundo.
Cada caderno contém, para além do desenvolvimento do tema, um pe-
queno resumo, um questionário para que o leitor possa controlar a sua pró-
pria leitura, e uma bibliografia para aqueles que queiram estudar mais a fun-
do cada um dos temas. Isto permite o estudo e leitura coletiva dos CEP, que
recomendamos como a melhor forma de aproveitar esta publicação, já que
asfim os trabalhadores poderáb ajudar-se mutuamente a compreender o tex-
t o , poderão trocar experiências, enriquecer o tema com exemplos tirados da
sua própria realidade e discutir em conjunto como aplicar estes conheci-
mentos â luta diária.
Pedimos aos nossos leitores, e especialmente aos trabalhadores, que nos
façam chegar as suas opiniões, as suas críticas, as suas perguntas, para irmos
melhorando cada vez mais esta série, de modo que ela cumpra de maneira
cada vez mais efetiva os objetivos que se propôs. Para isso devem dirigir-se a

M. H.
G. U.

NOTA DOS A D A P T A D O R E S

Nos últimos meses ampliou-se, de maneira significativa, a luta dos traba-


lhadores brasileiros. Diversas categorias t ê m desencadeado greves, manifes-
tações de rua e assembléias com participação de milhares de trabalhadores.

9
Sempre f o i necessário, e agora mais do que nunca, a divulgação de manei-
ra acessível do conjunto dos instrumentos científicos que permitam aos tra-
balhadores realizar a análise e a transformação revolucionária da realidade.
O estudo e o debate do materialismo histórica torna-se cada vez mais uma ta-
refa urgente.
é com este objetivo que iniciamos a publicação dos Cadernos de Educa-
ção Popular. Esta adaptação feita sobre a tradução da publicação chilena
procurou integrar o texto â realidade brasileira, respeitando o pensamento
político dos autores.

O U T U B R O 1979

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SUMÁRIO
Conteúdo do Caderno

1. O T R A B A L H O 0 0 HOMEM E AS R I Q U E Z A S N A T U R A I S .

Sem o trabalho do homem as riquezas naturais não servem para nada.


Então porque é que são os trabalhadores que estão em piores condições
dentro da sociedade?

2. O PROCESSO DE P R O D U Ç Ã O : F O R Ç A DE T R A B A L H O E MEIOS
DE PRODUÇÃO.

Alguns elementos teóricos para poder responder: definição de maté-


ria-prima, instrumentos de produção, meios de produção, bens de consu-
mo, força de trabalho. O trabalho de coordenação e controle na grando
indústria moderna.

3. A PROPRIEDADE P R I V A D A DOS MEIOS DE PRODUÇÃO, ORIGEM


DE T O D A A E X P L O R A Ç Ã O .

Exemplos de como a propriedade privada dos meios de produção


permite a exploração no capitalismo, no escravismo, no feudalismo.
A exploração não existiu sempre, t e m uma origem histórica, poderá
desaparecer.

4. AS R E L A Ç Õ E S SOCIAIS DE f»RODUÇAO.

Todo o processo de produção é um processo histórico que ocorre sob


determinadas relações sociais de produção. As relações de explorador-ex-
plorado. As relações de cooperação recíproca. As relações sociais de
produção: não são relações humanas e não dependem da vontade dos
homens.

t
11

/i
5 . A REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE P R O D U Ç Ã O ; O
PAPEL DO ESTADO E DA I D E O L O G I A .

As relações sociais de produção tendem a reproduzir-se. Os proprie-


tários dos meios de produção controlam o Estado e as leis. Controlam
também os meios de comunicação de massa e o conteúdo dos programas
de ensino. O poder político e ideológico serve-lhes para reproduzir as re-
lações de produção.

6. MODO DE PRODUÇÃO. I N F R A - E S T R U T U R A E SUPERESTRUTURA .

A sociedade como modo de produção. As relações sociais como ele-


mento fundamental na organização da sociedade. Os conceitos de infra
e superestrutura. O papel determinante da estrutura econômica ou in-
fra-estrutura.

7. MODO DE P R O D U Ç Ã O E F O R M A Ç Ã O SOCIAL.

A diferença entre a necessidade de compreender a sociedade através


de um só t i p o de relação de produção, e o estudo de uma sociedade his-
toricamente determinada, em que existem diferentes tipos de relações
de produção. O conceito de formação social. O papel da infra e da su-
perestrutura na formação social. Conclusão acerca da luta dos trabalha-
dores pela supressão da exploração.

RESUMO
QUESTIONÁRIO
BIBLIOGRAFIA

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1. O T R A B A L H O DO HOMEM E AS RIQUEZAS NA-
TURAIS.

Ao contrário do que sempre nos disseram, para ten-


tar justificar a miséria em que vive o povo Brasileiro, o
Brasil não é um país pobre.
Os nossos rios representam uma grande fonte de .
energia elétrica. No nosso subsolo existem grandes quan-
tidades de vários minérios. A nossa extensa costa possui
uma grande riqueza em peixe.

Mas estas riquezas naturais de nada servem sem o


trabalho do homem.

Sem o trabalho dos mineiros as pirites, o urânio e


outras riquezas minerais ficariam para sempre enterra-
das. Sem o trabalho de muitos homens as águas dos nos-
sos rios perder-se-iam no mar sem serem aproveitadas pa-
ra iluminar as cidades e movimentar as fábricas. Sem o
trabalho dos pescadores o' mar não entregaria os seus pei-
xes. Sem o trabalho dos camponeses, a terra não daria os
seus frutos.

E portanto o trabalho do homem que permite arran-


car à natureza as suas riquezas. Mas em que mãos é que vão
parar as riquezas? Vão parar nas mãos dos trabalhadores?

Não. Todos sabemos que a esmagadora maioria da ri-

14
queza criada pelos trabalhadores vai parar nas mãos dos
capitalistas. Uma pequena minoria da população recebe
a esmagadora maioria do rendimento criado pelos traba-
lhadores, que ficam com as migalhas. Enquanto os traba-
lhadores têm que viajar pendurados nos ônibus, os seus
patrões têm dois ou três carros. Enquanto muitos traba-
lhadores não têm um lugar onde viver dignamente, os seus
patrões têm duas ou três casas em diferentes lugares do
país. Enquanto uma grande parte dos trabalhadores só
têm uma roupa decente, quando a têm, os seus patrões
têm os guarda-roupas cheios de ternos. Enquanto os fi-
lhos dos trabalhadores se alimentam mal e muitas vezes
prejudicam a sua saúde e a sua inteligência com isso, os
filhos dos patrões deixam pratos cheios de comida que
vai para o lixo, porque já estão fartos de comer.

Porque é que um punhado de capitalistas acumula


tanta riqueza, enquanto a maioria do povo tem apenas o
indispensável para sobreviver?
Porque razão foram eles e não os trabalhadores que
acumularam riqueza, quando foram estes últimos que ex-
traíram as riquezas da natureza e, com o seu trabalho,
produziram novas riquezas?

Para podermos responder a estas perguntas devemos


deter-nos por momentos na análise do processo de pro-
dução, isto é, devemos analisar quais são os elementos
que tornam possível a transformação da natureza em pro-
dutos úteis aos homens.

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2. O PROCESSO DE PRODUÇÃO: FORÇA DE TRA-
BALHO E MEIOS DE PRODUÇÃO.

Para estudarmos todos os elementos que entram no


processo de produção, usaremos o exemplo de uma cos-
tureira ou de um sapateiro.

' 19
Quando a costureira trabalha, o que faz? A Costurei-
ra trabalha um determinado corte de pano para transfor-
má-lo num vestido e para isso utiliza, por um lado, linha,
botões, fecho éclair, etc., e, por outro lado, tesouras, agu-
lha, máquina de costura. Além disso tem necessidade de
alugar uma casa para se instalar, e tem de iluminá-la para
poder trabalhar.
Definiremos cada um destes elementos do processo de
produção da seguinte maneira:

Chamaremos M A T É R I A S - P R I M A S aos obje-


tos que são transformados no processo de produ-
ção, para constituírem o produto final.

No nosso exemplo as matérias-primas são: o pano, a


linha, os botões, o fecho éclair, etc. Todos estes elemen-
tos passam a constituir o vestido, de uma maneira ou de
outra são parte dele. Se faltar uma destas matérias-pri-
mas, a costureira não poderá produzir o vestido <1).

Chamaremos INSTRUMENTOS DE PRO-


D U Ç Ã O a todas as coisas que direta ou indireta-
mente nos permitem transformar a matéria-pri-
ma em produto final.

Os instrumentos de produção que nos permitem

(1) De u m ponto de vista mais rigoroso, seria necessário distinguir


entre matéria-prima e matéria bruta. Esta última é a que se encontra na na-
tureza, sem ter sido submetida a nenhum trabalho humano. Exemplo: o
carvão nõ fundo das minas; os bosques que servirão para extrair madeira,
etc. Matéria-prima é aquilo que já sofreu u m trabalho anterior: o carvão já
extraído da mina; a madeira já cortada, etc.

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transformar diretamente a matéria-prima são as ferramen-
tas de trabalho e as máquinas. No nosso exemplo: as
tesouras, a agulha, a máquina de costurar:
Os instrumentos de produção que atuam de forma in-
direta, mas não menos necessária, são: os locais de tra-
balho, os meios de iluminação etc.
Sem matéria-prima e sem instrumentos de produção,
não se pode produzir nada. Eles são os meios materiais
para realizar qualquer tipo de trabalho. Por isso, chamá-
-los-emos meios de produção.

Chamaremos MEIOS DE PRODUÇÃO a to-


dos os objetos materiais que intervêm no processo
de trabalho.

Estes meios não devem ser confundidos com os bens


de consumo, que são todós aqueles bens que se conso-
mem de forma individual, por exemplo: alimentos, ves-
tuário, habitação, artigos para o lar, artigos escolares, etc.
Detenhamo-nos agora a analisar o último elemento
que intervem no processo de trabalho: a atividade huma-
na realizada pelo trabalhador que utilizando os instru-
mentos cie produção transforma a matéria-prima (o pano,
no nosso exemplo) num produto final (o vestido, no nos-
so exemplo).
A nossa costureira, ao trabalhar, gasta energia física
e mental.

A esta energia gasta durante o processo de


trabalho chamaremos F O R Ç A D E T R A B A L H O .

A fadiga depois de um dia de trabalho não é senão a


maneira como se manifesta fisicamente este gasto de
energia 'que ocorre durante o processo de produção. A
boa alimentação e o descanso permitem recuperá-la.
A análise de todos estes conceitos permite-nos chegar
à conclusão de que os elementos fundamentais de todo o
processo de produção são a força de trabalho do homem
e os meios de produção.
Estes elementos encontram-se presentes tanto no tra-
balho realizado pela nossa costureira, como no trabalho
realizado na grande indústria moderna.
Mas existe uma diferença entre o trabalho isolado da
costureira e o trabalho coletivo que realizam numerosos
trabalhadores numa indústria moderna.

Qual é essa diferença?

0 trabalhador isolado realiza ele mesmo todo o traba-


lho e tem um total domínio ou controle sobre este. A
costureira faz todo o vestido sozinha e decide ela mesmo
quando, onde e como trabalhar. Isto não acontece assim
na grande indústria moderna, em que existe uma grande
especialização do trabalho, em que os operários se divi-
dem em grupos que realizam diferentes trabalhos parcela-
res, que, ao somar-se uns aos outros, dão o produto final.
Assim, o automóvel, por exemplo, é fruto do trabalho
combinado de muitos trabalhadores.
Ora bem, esta especialização do trabalho torna neces-
sária a presença de um grupo de trabalhadores que tem
por função ou tarefa principal coordenar os diferentes
trabalhos especializados, do mesmo modo que o maestro
coordena a ação dos diferentes músicos. Este trabalho de
coordenação e controle vai desde as seções da fábrica até
aos mais altos níveis. 0 nível mais alto é ocupado pelo
administrador ou gerente da empresa; os outros níveis es-

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ELEMENTOS DO P R O C E S S O DE PRODUÇÃO

FORÇA DE IRUME NTOS DE PRODUÇÃO


TRABALHO FÍ-HIA PRIMA
(ENERGIA GASTA) t í l í M Í N T O S MATERIAIS)
tão ocupados por uma série de chefes, capatazes, supervi-
sores, etc.
"Do mesmo modo que os exércitos militares, o exér-
cito operário, comandado pelo capital, exige toda uma sé-
rie de chefes (diretores, capatazes, contramestres) que du-
rante o processo de produção dão as ordens em nome do
capital" (1).
Usaremos o termo trabalhadores indiretos para nos re-
ferirmos a estes trabalhadores que estão colocados na fá-
brica entre os operários e o patrão.

(1) " O C A P I T A L " , Livro I.

24
CAPITALISTA

TRABALHADOR DIRETO

Em todos os processos de produção onde


existe especialização devemos distinguir, por con-
seguinte, dois tipos de trabalhadores: por um la-
do os que trabalham desempenhando tarefas par-

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ciais na transformação direta de matéria-prima, a
que chamaremos T R A B A L H A D O R E S DIRETOS;
por outro lado, os que desempenham funções de
coordenação, vigilância e controle, a que chamare-
mos T R A B A L H A D O R E S INDIRETOS (1).

Levando em consideração o que vimos até aqui pode-


mos concluir o seguinte:

Sem trabalho humano nada se produz. Porém, sem


meios de produção o homem não pode trabalhar.

Depois de termos definido todos estes conceitos po-


demos voltará nossa pergunta inicial:

Se são os trabalhadores que. extraem as riquezas da


natureza, se são eles que produzem novas riquezas, por-
que é que a maior parte destas riquezas vai parar em ou-
tras mãos, nas mãos de um grupo minoritário da popula-
ção?

(1) Entre estes tipos de trabalhadores criam-se determinadas relações,


a que chamaremos RELAÇÕES TÉCNICAS DE PRODUÇÃO, que depen-
dem do controle que os indivíduos tenham dos instrumentos de produção e
do processo de produção no seu conjunto. No sistema capitalista desenvol-
vido, os trabalhadores diretos não controlam as máquinas porque sáb elas
que impõem aos operários o seu próprio ritmo, a sua própria eficiência téc-
nica. Os trabalhadores diretos também nâb controlam nem o andamento
nem a finalidade do processo de produção: é o capitalista, por intermédio
dos trabalhadores indiretos, que decide quando, como e quanto se deve pro-
duzir tendo em consideração exclusivamente os seus interesses capitalistas
(desenvolveremos este tema mais amplamente no Caderno n. 4, " L u t a de
Classes" e no Caderno n. 6 , "Capitalismo e Socialismo").

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3. A PROPRIEDADE PRIVADA DOS MEIOS DE PRO-
DUÇÃO, ORIGEM DE TODA A EXPLORAÇÃO.

A esta pergunta só podemos responder se nos pergun-


tarmos:

— Nas mãos de quem é que estão os meios de produ-


ção?

— Nas mãos de quem é que estão as fábricas?

O que podemos responder de imediato é que não es-


tão nas mãos dos trabalhadores mas sim nas mãos do capi-
tal estrangeiro e do capital nacional.
E porque é que é importante fazermo-nos esta per-
gunta?
• Porque os meios de produção, como observamos no
ponto anterior, são as condições materiais de toda a pro-
dução. Sem estes meios não se pode produzir. E por isso
os que conseguiram apropriar-se destes meios e conservá-
-los em suas mãos podem obrigar os que não os possuem a
submeter-se às condições de trabalho que eles fixem.
Para tornar isto mais claro vejamos um exemplo: o
camponês que é dono de um pedaço de terra suficiente-
mente grande para lhe permitir viver juntamente com a
sua família e que é dono de instrumentos de produção,
pode dedicar-se a trabalhar para si mesmo, não precisando
ir oferecer a sua força de trabalho.
Numa situação muito diferente esta' o camponês sem
terra, o filho de uma família de pequenos agricultores, a
quem o pedaço de terra da família não é suficiente para
lhe-dar sustento. Vê-se obrigado a ir em busca de traba-
lho nos arredores e vai oferecer a sua força de trabalho ao
latifundiário, dono de uma grande propriedade agrícola,
que para poder cultivar necessita de contratar mão-de-
-obra assalariada. 0 camponês sem terra, para não mor-
rer de fome, tem de aceitar as condições de trabalho que
o patrão lhe oferece. Tem de aceitar trabalhar a troco de
um salário muito baixo, tem de aceitar que o patrão fique
com uma parte importante dos frutos do seu trabalho (1).

O mesmo acontece com os operários que trabalham


na indústria. Para poderem viver têm de oferecer a sua
força de trabalho aos capitalistas: estes pagam-lhes um de-
terminado salário e obtêm, graças ao seu trabalho, gran-
des lucros que não vão parar nas mãos dos trabalhadores

(1) No caderno n. 2, " A Exploração Capitalista", desenvolver-se-ão


as causas desta situação.

28
mas sim nas mãos dos industriais. Se os operários recla-
mam o patrão diz-lhes: " D e que é que se queixam?
Gontratei-os para trabalharem oito horas por dia a Cr$
12,00 por hora; não é o que estou pagando? Eu sou o
dono desta fábrica! Se não gostam das condições de tra-
balho aqui vão procurar trabalho noutro lugar. Mas como
os operários sabem que acontecerá o mesmo em qualquer
lugar, terminam se sujeitando a trabalhar e enriquecer
o dono dos meios de produção, porque têm consciência
da baixa oferta de emprego, do baixo salário, das filas de
espera nas portas das fábricas.
Partindo dos exemplos vistos podemos dizer que no
processo de produção se estabelecem determinadas rela-
ções entre os proprietários dos meios de produção e os
produtores diretos ou trabalhadores. Os donos dos meios
de produção exploram os que não possuem estes meios.
Ora bem, isto não acontece apenas no sistema capita-
lista-mas também nos sistemas de produção que lhes são
anteriores. No sistema escravista, por exemplo, o amo era

29
*

dono não só da terra e dos outros meios de produção


mas também dos homens que trabalhavam na sua terra,
que remavam nps seus barcos, que serviam nas suas casas.
Estes homens eram considerados pelo amo como mais
um "instrumento de produção" e por isso obrigava-os
a trabalhar até ao limite das suas forças, dando-lhes de
comer e permitindo-lhes descansar somente para recupe-
rar a energia despendida durante o trabalho de modo a
estarem prontos para trabalhar no dia seguinte.
No sistema feudal, o senhor, dono do meio de produ-
ção mais importante, a terra, entregava pequena parcela
de terreno aos camponeses. Estes, em troca da terra rece-cS»
bida, eram obrigados a trabalhar nos terrenos do senhor
um grande número de dias do ano sem receber nada como
pagamento desse trabalho e deviam sobreviver com o que
produzissem no seu pequeno terreno.

30
Em resumo, em todos os sistemas de produção que
analisamos, em que os meios de produção estão nas mãos
de um pequeno número de pessoas, os donos destes meios
apropriam-se do trabalho alheio, exploram os trabalhado-
res, isto é, estabelecerrí-se relações de exploração entre es-
tes grupos.
No entanto a exploração não existiu sempre. Nos po-
vos primitivos, onde se produz apenas para sobreviver,
não existe propriedade privada dos meios de produção;
estes pertencem a toda a comunidade e os produtos obti-
dos através do trabalho dos seus membros são repartidos
entre todos de forma igualitária.
Nestes povos não existem relações de exploração mas
sim relações de colaboração recíproca entre todos os
membros da sociedade.
A exploração não é, portanto, algo eterno, tem uma
or.igem histórica bem determinada. Ela aparece quando,
numa sociedade, um grupo de indivíduos consegue con-
centrar nas suas mãos os meios de produção fundamentais
d ) , despojando destes meios a maior parte da população.
* Ela desaparecerá quando desaparecer a propriedade pri-
vada dos meios de produção e estes passarem a ser pro-
priedade coletiva de todo o povo (2).

4. AS RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO

Vimos até aqui como em todos os processos de pro-

(1) Para que isto aconteça é necessário que essa sociedade tenha alcan-
çado um grau de desenvolvimento econômico que permita pelo menos, obtçr
um excedente, ou seja, que permita obter mais produtos do que os necessá-
rios para o consumo imediato; este excedente é apropriado por esse grupo.
(2) As condições materiais desta passagem serão analisadas no Caderno
n. 6, "Capitalismo é Socialismo".
dução se estabelecem determinadas relações entre os pro-
prietários dos meios de produção e os trabalhadores ou
produtores diretos.

A estas relações que se estabelecem entre os


homens, determinadas pelas relação de proprieda-
de que estes têm com os meios de produção, cha-
maremos RELAÇÕESSOCIAISDE PRODUÇÃO.

Podemos distinguir dois tipos fundamentais de rela-


ções sociais de produção; a relação explorador/explorado
e as relações de colaboração recíproca.

a) A relação explorador/explorado.

A relação explorador/explorado existe quando os


proprietários dos meios de produção vivem do trabalho
dos produtores diretos. As principais relações de explora-
ção são: as relações escravistas, nas quais o amo é não só
proprietário dos meios de produção como também da pró-
pria pessoa do escravo e, portanto, da sua força do traba-
lho; as relações servis, (feudais) nas quais o senhor é o
proprietário da terra e o servo depende dele e deve traba-
lhar gratuitamente para ele durante um certo número de
dias por ano; e por último, as relações capitalistas, em
que o capitalista é o proprietário dos meios de produção
e o operário deve vender a sua força de trabalho para po-
der viver.

b) Relações de colaboração recíproca.

As relações de colaboração recíproca estabelecem-se


quando existe propriedade social dos meios de produção

33
e quando nenhum setor da sociedade explora outro. Por
exemplo, as relações de colaboração recíproca que exis-
tem entre os membros das comunidades primitivas ou as
relações de colaboração que caracterizam a sociedade co-
munista.
É importante esclarecer que as relações que se estabe-
lecem entre os homens no processo de produção não são
apenas relações sociais, relações humanas. São relações
entre agentes da produção, isto é, entre homens que reali-
zam tarefas bem determinadas na produção de bens mate-
riais. Já vimos de que modo estas relações dependem da
forma como estes agentes estão relacionados com
meios de produção: proprietários/não proprietários.
A relação que se estabelece entre os homens resulta
da sua relação de propriedade com determinadas coisas:
os meios de produção.
Enquanto os meios de produção forem possuídos por
um pequeno número de pessoas as relações entre os ho-
mens que os possuem e os que não possuem não poderão
deixar de ser relações de exploração, de opressão, isto é,
relações antagônicas, relações em que os interesses de um
grupo se opõem totalmente aos interesses do outro grupo.
Os interesses dos exploradores consistem em prosse-
guir a exploração dos trabalhadores para poderem conti-
nuar a gozar da sua situação de privilegiados. Os interes-
ses dos trabalhadores dirigem-se no sentido da destruição
dessa situação de exploração.
Este é um ponto muito importante pois deita por ter-
ra todas as ilusões suscitadas por alguns acerca da "cola-
boração entre os operários e patrões". As relações entre
operários e patrões não poderão ser fraternais, amistosas,
enquanto as relações destes com os meios de produção
não se modificarem, isto é, enquanto não se termine com

34
a propriedade privada capitalista dos meios de produção;
porém nessa altura o patrão como tal também desaparece-
rá.
As relações sociais çle produção são, portanto, rela-
ções que se estabelecem independentemente da vontade ou
do desejo dos homens. O capitalista explora e explorará
o operário mesmo que não o queira fazer, mesmo que
pessoalmente lute contra essa exploração, pois as leis do
sistema capitalista são inflexíveis. Se o capitalista paga
salários muito elevados e, apesar disso, mantém os mes-
mos preços para vender, estará diminuindo os seus lucros.
Porém, uma parte dos lucros deve ser reinvestida na em-
presa para poder aperfeiçoar a sua tecnologia e desse mo-
do poder competir com os seus concorrentes no mercado.
O que acontece então é que este capitalista vai ficando
para trás até que chega o momento em que já não pode
competir com os preços mais baixos dos outros capitalis-
tas que melhoraram as suas indústrias e, portanto, vai à
falência.
Portanto no sistema capitalista apenas se apresenta
uma alternativa aos trabalhadores: "ou a sua exploração
ou a superação dos empresários".
Ora bem, quando o marxismo afirma que é necessá-
rio destruir as relações capitalistas de produção, que é
necessário que "o empresário morra" não está afirmando
que os capitalistas devem ser destruídos fisicamente. A
afirmação corresponde a algo muito diferente; o que de-
ve desaparecer não é a pessoa do capitalista mas sim a
exploração, isto é, o papel de explorador que este desem-
penha. Se o capitalista aceita ser expropriado e oferece
os seus serviços ao novo sistema econômico que se preten-
de implantar, desaparecerá como capitalista, como explo-
rador, mas não desaparecerá como homem pelo contrário,
i
35
pode agora cumprir uma função de verdadeiro serviço à
sociedade.

5. A REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE


PRODUÇÃO: PAPEL DO ESTADO E DA IDEOLO-
GIA.

As relações que se estabelecem entre os homens no


processo de produção vão se repetindo sem interrupção
porque criam as condições necessárias à sua continuação:
amos e escravos, senhores e servos, capitalistas e operários.
Isto é o que se chama reprodução das relações de explora-
ção. ^
Mas ao mesmo tempo que as relações de produção se
repetem ou reproduzem vão-se desenvolvendo as contra-
dições internas destes sistemas. Por exemplo, no sistema
capitalista geram-se contradições entre a riqueza e a misé-
ria, entre as imensas possibilidades da produção e as limi-
tações do consumo, entre os operários e os capitalistas,
etc. E o desenvolvimento destas contradições que permi-
te a destruição, no final de um processo, do sistema o ).
De que maneira conseguem os exploradores manter a
exploração do povo?
Como é que os exploradores fazem para que estas re-
lações de exploração se repitam continuamente?
Isto é feito exclusivamente por intermédio da proprie-
dade privada dos meios de produção?
Até este momento vimos que o fato dos meios de
produção estarem nas mãos de uma minoria, os capitalis-
tas) explica a situação cte exploração em que vive a maio-
ria: os trabalhadores, o povo.

(1) Este assunto será desenvolvido no Caderno n. 6 : "Capitalismo e


Socialismo".

36
Pelo fato de serem os donos dos meios de produção,
os capitalistas têm na sua mão o poder econômico e, co-
mo são senhores deste poder, controlam também outros
aspectos da sociedade.
O Estado, por exemplo, não é um aparelho neutro, ao
serviço de toda a sociedade, como os capitalistas nos pre-
tendem fazer crer. O Estado, no fundamental, sempre
tem servido os interesses daqueles que detêm o poder eco-
nômico. No nosso país os governos capitalistas usam com
frequência o exército, a polícia militar, a polícia civil, pa-
ra reprimir os trabalhadores quand^ia&s suas lutas põem
< em perigooseu sistema de domínio: são testemunhas mu-
das destes fatos os inúmeros massacres em que a classe
operária derramou o seu sangue. Por outro lado, todos os
trabalhadores sabem que nunca existiu uma justiça igual
para todos os brasileiros, que existe a lei do pobre e a lei
do rico. Se um grande latifundiário proprietário rouba a
terra a um pequeno camponês passam-se anos sem que a
justiça se mexa para a devolver. Se os camponeses recupe-
ram a terra que lhes havia sido roubada a polícia intervém
para reporá ordem, isto é, para repor uma situação em que
os interesses dos grandes proprietários da terra não fiquem
prejudicados, quando menos, indenizam regiamente o
latifundiá rio.
Os donos dos meios de produção, tendo nas suas
mãos o poder econômico, têm nas suas mãos o Estado
com todo o seu aparelho: exército, polícia, tribunais,
funcionários públicos, etc. Tem nas suas mãos portanto
não só o poder econômico como também o poder polí-
tico.
Além de controlarem o Estado e as leis, os donos dos
meios de produção mais importantes controlam também
as emissoras de rádio, os jornais, a televisão, as editoras de

38
ifP :
*

livros, etc., isto â, os mpios cif comunicarão cio nmssu.


E também controlam o conteúdo u u í proijrnmas de eri
sino em todos os níveis.
Através deste comiole dos meios de ensino e de difu
são de idéias, enganam o povo convencendo o de que o
sistema de exploiaçao em que vivem é bom, e que se eles
vivem em más condições tal lato nâo se deve ao sistema
mas sim a defeitos individuais: picjuiça, embi iayuês, fai
ta de capacidade intelectual, etc. A este controle dos
meios de difusão de idéias e de educação chamamos
poder ideológico.
Ora os capitalistas põem tanto o seu poder político
como o seu poder ideológico ao serviço dos secai interes
ses econômicos. Como os capitalistas obtêm os seus lu
eros â custa do trabalho dos operários, usam o seu poder
político e ideológico para que esta situação se mantenha,
isto é, para facilitar a reprodução destas relações de pro
dução. Desse modo, todas as estruturas da sociedade têm
como f u n ç ã ^ fundamental reproduzir as telações de ex
ploração, isto é, estão ao serviço do grupo explorador
contra os explorados.
- É por isso que o marxismo afirma que não existe di
fusão de idéias de tipo neutro, que não existe um Estado
ao serviço de -todo o povo, que tanto o Estado como a
ideologia estão ao serviço dos interesses econômicos das
classes exploradoras. Por conseguinte, não se pode eli
minar a propriedade privada dos meios de produção se
não se destruir o poder político e ideológico que a de
fende.

6. MODO DE PRODUÇÃO. INFRA-ESTRUTURA E


SUPERESTRUTURA.
Até aqui vimos que para explicar a origem da desi

40
gualdade na repartição das riquezas num determinado
país tivemos que analisar o modo como nesse país se pro-
duziam os bens materiais. Em todas as socied.ides a pio-
dução dos bens materiais efetua se debaixo de determina
das relações de produção: escravistas, feudais, capitalis-
tas, etc.
Além disso vimos que'estas relações não mudam to-
dos os dias, antes pelo contrário, tendem a maniei s,j e ;;
reproduzir se. Nesta reprodução que se dá ao nível da
economia, intervêm outros elementos sociais, os leis, a
justiça, as idéias, etc., que pertencem a um nível diferente
da sociedade.
O conjunto destes elementos econômicos, jurídicos,
políticos e ideológicos constitui a sociedade. Todas as
sociedades são, portanto, organizações complexas em que
existem dois níveis: um nível.econômico e um nível jurí-
dico-, político-ideológico. Ambos se conjugam para man
ter o funcionamento da sociedade no seu conjunto. l\lo
entanto estes níveis não têm a mesma importância para o
funcionamento da sociedade. Vimos que o nível econô-
mico — a forma como os homens produzem os bens mate
riais e as relações que se estabelecem entre eles no proces-
so de produção — é o nível fundamental, aquele que de-
termina todo o funcionamento da sociedade; são as rela-
ções que se estabelecem entre os proprietários dos meios
de produção e os trabalhadores que nos revelam o segredo
mais escondido, a base mais oculta de toda a sociedade e
são elas que nos explicam porque é que surgem deter-
minadas formas de Estado e determinados tipos de idéias
nessa sociedade.
Uma das grandes contribuições de Marx e de Engels
foi precisamente o de terem descoberto que a sociedade
se organiza de acordo com a forma como os homens pro-

' 41
/

duzem os bens materiais, ou mais precisamente, segundo


as relações de produção que se estabelecem no processo
de produção e que são estas relações que mudam de .um
tipo de sociedade para outra.
Para exprimir de forma científica estas' descobertas,
Marx, no seu estudo da sociedade capitalista, falava da
sociedade como um " m o d o de produção". Deste modo,
consoante as relações de produção de acordo com as
quais as sociedades se organizam, assim falamos de modo
de produção escravista, feudal, capitalista, socialista, etc.

Em resumo:

Em toda a sociedade entendida como "mo^> de pro-

42
dução", distinguimos dois níveis fundamentais: o nível
econômico,e o nível jurídico-político-ideológico.
Entre estes dois níveis, é o nível econômico que de-
sempenha o papel fundamental dentro da sociedade, é o
nível econômico a base sobre a qual se levanta todo o edi-
fício social. '
Por isso chamaremos "infra-estrutura" o nível econô-
mico. O outro nível, formado por elementos jurídico-po-
líticos (Estado, direito, etc.) e ideológicos (idéias e costu-
mes sociais), chamaremos "superestrutura".
Por outro lado, como vimos, a infra-estrutura deter-
mina a superestrutura. Isto significa que o Estado, as leis,
as idéias que se difundem numa sociedade não são ele-
mentos neutros, ao serviço de todos, mas sim elementos
que estão ao serviço da infra-estrutura econômica, permi-
tindo a esta a sua reprodução contínua.

7. MODO DE PRODUÇÃO E FORMAÇÃO SOCIAL.

Até aqui quando usamos a palavra sociedade referi-


mo-nos sempre a uma sociedade em que havia um único
tipo de relações de produção: escravistas, feudais ou ca-
pitalistas.

Mas existem ou existiram na realidade socie-


dades tão puras? Existem sociedades em que rei-
ne um único tipo de relações de produção?

Se, por exemplo, pensarmos sobre o Nordeste do


Brasil há uns anos atrás, constatamos que juntamente
com. as relações de produção capitalistas, que se encon-
travam principalmente nos centros urbanos, as relações de

43
produção que existiam no campo entre latifundiários e
camponeses estavam muito mais próximas do feudalismo
que do capitalismo, eram relações semi-feudais; o campo-
nês não era livre, não vendia a sua força de trabalho por
um salário, mas devia sim trabalhar a terra do patrão com
as suas próprias ferramentas, para receber em troca um
pedaço de terra onde viver e do qual pudesse alimentar
sua família.
Por outro lado, além dos capitalistas e dos operários,
dos latifundiários e dos camponeses, existiam inúmeras
pessoas que se dedicavam a fazer objetos em suas próprias
casas ou a cultivar a sua própria terra, levando seguida-
mente os seus produtos ao mercado; estes artesãos e pe-
quenos agricultores trabalhavam como pequenos proluto-
res independentes ligados ao mercado.
Constatamos assim que nessa época podíamos afirmar
que no Brasil existiam vários tipos diferentes de relações
de produção: capitalistas, semi-feudais, pequena produ-
ção independente, etc. »
O que acontecia no Brasil há anos atrás ocorre ainda
hoje se bem que com algumas diferenças pois a maior par-
te das relações semi-feudais vão desaparecendo gradual-
mente para se transformarem em relações capitalistas.
Os camponeses trabalham hoje como os operários in-
dustriais, com ferramentas pertencentes ao patrão e rece-
bendo a maior parte do pagamento do seu trabalho sob a
forma de salário, se bem que ainda se conservem muitas
influências de caráter político ideológico das relações de
produção anteriores.
Noutros países existem relações semi-servis no campo
e em alguns existem mesmo grupos que vivem em comu-
nidades onde as relações de colaboração recíproca são as
mais importantes.

44
Então porque é que ao falarmos de sociedade
nos referimos sempre a sociedades em que existe
um único tipo de relações de produção?

Porque para compreender o queé a sociedade e distin-


guir um tipo de sociedade de outro usamos o método cien-
tífico de explicar as coisas por meio de conceitos, isto é,
investigamos qual é o elemento fundamental que deter-
mina a organização e o funcionamento da sociedade e qual
é o elemento fundamental que caracteriza cada um dos
diferentes tipos de sociedade. Concluímos que este ele-
mento fundamental são as relações de produção e que ca-
da sociedade se distingue da outra por ter deterrsnnado ti-
po de relações de produção de maneira predominante. •
é para poder estabelecer esta distinção entre os dife-
rentes tipos de sociedade que nos referimos a um único
tipo de relações de produção em cada caso.
Isto leva a considerar a sociedadfe como "modo de
produção".

Chamaremos MODO DE PRODUÇÃO ao con-


ceito científico de sociedade que nos indica como
ela se organiza com base nas relações de produ-
ção.

Com esta idéia clara que temos da sociedade, isto é,


com os conceitos científicos que alcançamos, podemos
estudar as sociedades concretas, por exemplo, Brasil. Nes-
te caso, já não se trata de compreender o que é uma socie-
dade ou de saber que existem diferentes tipos de socieda-
des mas sim de estudar uma sociedade que existe e que te-
mos de conhecer para poder transformar.
é para fazer isto, para conhecer uma sociedade real,

46
que necessitamos dos conceitos científicos de sociedade;
eles são os instrumentos que usamos para conhecer e
transformara realidade social.
Em todas as sociedades» reais encontramos simultanea-
mente diferentes relações de produção, dominando uma
delas as restantes.
Por isso o mais importante é assinalar por meio do es-
tudo dessa sociedade em particular, qual é a relação de
produção dominante e de que maneira domina as restan-
tes.
São estas relações dominantes que permitem caracte-
rizar uma sociedade determinada.
Por exemplo, quando falamos do Brasil dizemos que
é um país capitalista. Fazemos igual afirmação relativa-
mente a todos os países da Europa. Isto não significa que
nestes países apenas existam relações de produção capita-
listas.' Também existem, como vimos, outras relações de
produção que desempenham um papel secundário e que
se vão desagregando à medida que se desenvolvem as rela-
ções de produção capitalistas.
Estas relações de produção diferentes dão origem a
grupos sociais diferentes. Estes grupos sociais que se dife-
renciam entre si pelo lugar que ocupam na produção dos
bens materiais, chamamos de classes sociais (1).
Portanto, nesta sociedade concreta, a infra-estrutura
ou nível econômico não é uma infra-estrutura simples,
formada por um só tipo de relações de produção, mas
uma infra-estrutura complexa em que há diferentes rela-
ções de produção. Isto implica que a superestrutura ou
nível jurídico-político e ideológico, seja também comple-

(1) O caderno de Educação Popular n. 4 : " L u t a de Classes", aprofun-


da este tema.

47
xa. Nela, juntamente com elementos dominantes que es-
tão determinados pelas relações de produção dominan-
tes, existem elementos secundários, determinados pelas
outras relações de produção. O poder político, por exem-
plo, não resulta sempre do domínio puro de uma única
classe mas pode resultar do domínio conjunto de duas ou
mais classes contra os setores explorados.
Quando estudamos ou falamos de uma sociedade real,
de um determinado país, num momento determinado da
sua história e em que existem diferentes relações de pro-
dução, utilizamos o termo "formação social".

Chamaremos FORMAÇÃO SOCIAL a toda a


sociedade historicamente determinada.

§
Resumindo, analisamos qual a diferença entre o con-
ceito de sociedade ou modo de produção e uma sociedade
historicamente determinada ou formação sociá?.
Estes conceitos permitem-nos compreender que para
estudar uma formação social devemos dirigir a nossa aten-
ção em primeiro lugar para o estudo do modo como se
produzem nessa sociedade os bens materiais, quais são as
relações de produção que ocorrem, qual destas relações é
a dominante, que efeitos produzem estas relações nos ní-
veis político, ideológico, etc.
Para realizar este estudo devemos observar a realidade
concreta, procurar dados concretos, estatísticos ou de ou-
t r o tipo, e estudá-los usando os conceitos que vimos. Não
devemos nunca confundir estes conceitos com a realidade
que estamos estudando, isto é, não devemos nunca aplicar
de forma cega e mecânica esquemas puros.
Não devemos, por exemplo, confundir a sociedade
brasileira com c conceito puro de modo de produção ca-

48
pitalistn, já vimos que no Brasil existem outras relações
do produção além das relações de produção capitalistas.
Além disso, se estudarmos estas relações de produção
observando de forma concreta a nossa realidade, descobri-
remos que elas estão deformadas e submetidas às relações
capitalistas dos países mais avançados d ).
Para concluir devemos afirmar que o conceito de mo-
do de produção nos indica que em todas as formações so-
ciais os elementos da superestrutura ajudam a manter e a
reproduzir as relações de produção, mas em cada caso es-
te fato tem características particulares.
Por isso, a luta dos trabalhadores contra a exploração
econômica exercida pelas classes dominantes requer, para
ter êxito, que se conduza ao mesmo tempó uma luta para
destruir também os aparelhos por meio dos quais se exer-
ce o poder político e ideológico das classes exploradoras.
Exije, além disso, um conhecimento profundo da maneira
como se exerce este domínio nesse país.
Esta luta dos trabalhadores contra a exploração vai
sendo facilitada pois simultaneamente com a tendência
para a reprodução das relações de produção surgem, no
seio da própria sociedade capitalista, as condições que
conduzefn à sua destruição; tornam-se mais agudas as
suas contradições internas e crescem e fortalecem-se as
classes sociais que farão desaparecer este sistema de ex-
ploração.
Os trabalhadores devem ter bem claro que nesta luta
os exploradores nunca renunciarão voluntariamente aos
seus privilégios. Antes pelo contrário, tratarão de conser-
vá-los por todos os meios mesmo recorrendo às piores ar-

di .No Caderno n. 5 desenvolveremos este ponto.

.49
jornal da

pEPUBUQ^

... i
TODOS PARADOS POLICIAMENTO INÚTIL
Um único camlnhêo entrou na Refinaria de Paullnla. O» outros Acaram parados A PM foi com a tropa de choque, mas oáo teve trabalho

Sai aumento; greve termina


Antes, porém, todos os terminais pararam e ipo>' - enchiam os ynques, prevendo o pjor

nico incidente na Baxi ada »conte


tanninai da Ilha do Barnabé,
-i sem violência. Tudo por uni
- —vc«üvef

REPÜÍ

M o**'"
" \ m m . ^ - Sreve Políc^
aos bancários

li «»Patroes,
wenam mais neg*

ileí'

(US taveias c aos conjun ,

rio >
operário* começaram /
(*rn a depredar tudo o
que lembrasse o poder
publico — principalmente
vrlcukK e placas de rua — e / ___
•i saquear os supermercados / '. ,r f ™ ™
— "w» ^/ram prat/camente sem /
9"«' « I Agiram praticamente sem i ™
V' .o 'V y f m distúrbios
nas ruas dura,»- / sTrem
náopoupar,
serem
/ policia,
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mm o l e st t ta ad do so s
toda ela concentrada concentrada /
pp e l a // a d- i r a1 m a3 pP o0 " l ™.

*
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* mulheres e crumças0» / torro ramerr«./ e preoru I " ^^
can.1.1 ,o1 "grafos foram caçados j /lada
em guarnecer o Palácio /
—. «uvKi» ' ^f <xteime"' < - Petos / do» /«»rs
sol d a / Km 5'
conhecirin* ' / '1 ,ríl s loram / f* dirtürhws prosseguiram
espan• '
.ri»*' Af'" , „ . ' '' 1>" SÍ" « I * o. K i taÜ ' " ' " r i m • • „ " '
mas: o assassinato político, a guerra civil, a invasão impe-
rialista, se forem capazes de o fazer.

Por isso os trabalhadores devem preparar-se para uma


longa batalha e para utilizar todas as formas de luta que
sejam necessárias para destruir definitivamente toda a ex-
ploração.

51
RESUMO

Neste texto procuramos explicar porque é que sendo


os trabalhadores que extraem as riquezas à natureza e
produzem novas riquezas, são os que estão em piores con-
* dições na sociedade. Para responder a esta pergunta tive-
mos primeiro que estudar os diversos elementos do pro-
cesso dè p r o d u ç ã o : matéria-prima, instrumentos de pro-
dução, meios de produção, força de trabalho. Estudados
estes elementos, assinalamos que, sendo os instrumen-
tos de p r o d u ç ã o as condições materiais indispensáveis pa-
ra t o d o o processo de produção, os seus detentores, po-
dem impor aos trabalhadores, que não os possuem, con-
dições de trabalho que lhes permitem apropriar-se duma
parte do trabalho alheio: é assim que nascem as relações
de exploração. O processo de trabalho é p o r t a n t o um
processo histórico que se desenrola sob determinadas
relações sociais de produção. Estas tendem a reproduzir-

53
-se e na sua reprodução intervêm os elementos jurídi-
co-político e ideológicos que são controlados por quem
detem o poder econômico.
Esta análise levou-nos a definir sociedade duma
forma científica mediante o conceito do modo de pro-
dução. Este conceito resume duma forma clara o fato
das relações de produção serem o centro organizador
de todos os aspectos da sociedade. O m o d o de produ-
ção é composto por uma infra e por uma superestrutura,
sendo a infra-estrutura que determina em última ins-
tância a superestrutura. Finalmente distinguimos o con-
ceito de modo de produção do conceito de formação
social, que se refere a uma sociedade historicamente
determinada. Acabamos insistindo em qin? a luta contra
a exploração econômica, para ser bem sucedida, deve
destruir os aparelhos através dos quais se exerce o poder
político e ideológico das classes exploradoras. Con-
cluímos que nesta luta as classes dominantes nunca re-
nunciarão de forma voluntária aos seus privilégios e por
isso os trabalhadores devem preparar-se para uma longa
batalha utilizando todas as formas de luta que sejam
necessárias para destruir definitivamente a exploração.
Do que dissemos anteriormente vemos que este
caderno se limita a fornecer os conceitos mais impor-
tantes para o estudo da sociedade, sem entrar no entan-
to no estudo das contradições que explicam a razão
da mudança da sociedade de um tipo para o u t r o . Este
tema será desenvolvido no caderno n. 6 "Capitalismo e
Socialismo".

54
QUESTIONÁRIO

t. A que se chama matéria-prima?


2. O que são os instrumentos de produção?
3. O que são os meios de produção?
4. O que são bens de consumo?
5. Um vestido é um meio de produção?
6. . Numa determinada indústria a que elemento do
processo de produção correspondem os lugares
onde estão instaladas as máquinas?
7. Qual é a principal diferença entre o capitalismo
e o escravismo?
8. Qual a principal diferença entre o feudalismo e o
capitalismo?
9. Que se entende por relações de produção?
10. Porque é que se diz que todo o processo de pro-
dução é um processo histórico?
11. Que são relações de exploração?
12. Que são relações de colaboração recíproca?
i
55
13. As relações sociais de produção sãò relações hu-
manas que dependem da vontade dos homens?
14. Quais os outros elementos sociais que atuam na
reprodução das relações de produção?
15. 0 que é o modo de produção?
16. O que se entende por infra-estrutura?
17. E por superestrutura?
18. Qual delas desempenha um papel determinante?
19. O que é uma formação social?
20. O que é que os trabalhadores têm que fazer para
acabar com a exploração?
*

56
BIBLIOGRAFIA

I. TEXTOS PEDAGÓGICOS

1. Harnecker, Marta: Os conceitos elementares d o Materialismo


Histórico (Edição brasileira).

2. Politzer, George: Princípios Fundamentais de Filosofia. Hermus


— Livraria E d i t o r a , Lda. Quarta parte, da pág. 213 a 3 1 7 .

3. Huberman y May: Princípios elementares dei Socialismo. Prensa


L. S. Santiago, 1964.

4. Konstantinov: El materialismo histórico. Editorial Grijalbo,


M é x i c o , 1960.

II. TEXTOS CLÁSSICOS

1. Marx - Engels: A Ideologia Alemã, primeira parte — " F e u e r b a c h "


E d i t o r i a l Presença; Livraria Martins Fontes.

2. Marx: Carta a A n n e n k o v , 2 8 de Dezembro de 1846, em Marx •


Engels, "Obras Escogidas", V o l . 2, pp. 44-456.

3. M a r x - E n g e l s : O manifesto d o Partido Comunista.

4. Marx: Prefácio è C r i t i c a de E c o n o m i a Politica (1859). Ver textos


escolhidos, pág. 271, no livro de M. Harnecker — " C o n c e i t o s ele-
mentares d o materialismo h i s t ó r i c o " (Edição brasileira).

57
"5. Engels: Do Socialismo U t ó p i c o ao Socialismo C i e n t í f i c o ; Cole-
ção Bases n. 13 Global E d i t o r a .

6. Stalin: Materialismo dialético e Materialismo histórico; Coleção


Bases n. 10 Global E d i t o r a .

7. Lenin: Quiénes son los amigos dei pueblo? — primeira parte


(1894). Edições em Línguas Estrangeiras, Moscou, 1946.

8. Lenin: " F . Engels" (1895), em As Três Fontes e as Três Partes


constitutivas d o M a r x i s m o — Coleção Bases n. 9 Global E d i t o r a .

9. Lenin: " K a r l M a x " (1914), em obra citada, no item anterior.

58
COLEÇÃO BASES

John Reed
DEZ DIAS QUE ABALARAM O MUNDO, (4» edição)
Maiakovsky
POÉTICA - COMO FAZER VERSOS, (2» edição)
Karl Marx
A ORIGEM DO CAPITAL: A ACUMULAÇÃO PRIMITIVA
(4.a edição)
Marta Harnecker
O CAPITAL: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Marx/Turgot
TEORIAS DAS MAIS-VALIA: OS FISIOCRATAS
Alexandra Kollontai
A NOVA MULHER E A MORAL SEXUAL
Leon Trotsky
COMO FIZEMOS A REVOLUÇÃO, (2? edição)
Wilhelm Reich
PSICOPATOLOGIA E SOCIOLOGIA DA VIDA SEXUAL
Lenin
AS TRÊS FONTES E AS TRÊS PARTES CONSTITUTIVAS DO
MARXISMO
Stalin
MATERIALISMO DIALÉTICO E MATERIALISMO HISTÓRICO
Lenin
COMO ILUDIR O POVO
Marx
DIFERENÇA ENTRE AS FILOSOFIAS DA NATUREZA EM
DEMÓCRITO E EPICURO
Engels •
DO SOCIALISMO UTÓPICO AO SOCIALISMO CIENTIFICO
Trotsky
AS LIÇÕES DE OUTUBRO
Kropotkin/ Bakunin/Malatesta/Engels
O ANARQUISMO E A DEMOCRACIA BURGUESA
Marx/Engels
SOBRE LITERATURA E ARTE
Althusser/Badiou
MATERIALISMO HISTÓRICO E MATERIALISMO DIALÉTICO
Amin/Bettelheim/Emmanuel/Palloix
IMPERIALISMO E COMÉRCIO INTERNACIONAL
Eric Hobsbawm
AS ORIGENS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Marx/Engels/Lenin
SOBRE A MULHER
Samora Machel/A.Kollontai/Vito Kapo e outros
A LIBERTAÇÃO DA MULHER
A * revoluções t o cia is n í o são feita* pelos i n d i v í d u o s , pato* "granda»
.personagens", p o r mal* brilhante* ou h e r ó i c o * q u a *e}am. A » revohl-
ç£et i o c i a i * tão feita* pela* massas populares. Sem a p a r t i c i p e ç f o
das grande* massa* n f o h4 revolução. £ por i**o que uma da* tarefa*
mais urgentes ne*te m o m e n t o é que os trabalhadora* *e e d u q u e m ,
elevem o seu n í v e l d a consciência, te capacitem para retponder è*
suai reiponsabilidadet.

Esta série de Caderno* de Educação Popular (CEP) prop6e-«e exa-


t a m e n t e f o r n e c e r , sob uma f o r m a acessível e ao mesmo t a m p o rigo-
rosa, o * i n s t r u m e n t o * teórico* mai* i m p o r t a n t e * para c o m p r e a n d e r m o *
o processo de modificação social a podermos delinear a* caracterí*-
ticas de uma nove sociedade. '

O* sete p r i m e i r o * t í t u l o * desta série tio os seguintes:

1 — E x p l o r a d o * e Exploradora*
2 — E x p l o r a ç ã o Capitalista
3 — M o n o p ó l i o s e Miséria
4 — L u t a de Classes
5 — I m p e r i a l i s m o e Dependência
6 — Capitalismo a Socialismo
7 —Socialismo e Comunismo

Deste* cedemos venderam-se centenas de milhares senio


mai* da meio m i l h l o na A m é r i c a L a t i n a .
Talvez se t r a t a d a m e l h o r obra existente de e d u c a ç f o po-
lítica popular.

tlóbal

GB
global editora
A s r e v o l u ç õ e s sociais não são f e i t a s pelos i n d i v í d u o s , pelos " g r a n d e s
. p e r s o n a g e n s " , p o r mais b r i l h a n t e s o u h e r ó i c o s q u e sejam. A s r e v o l u -
ções sociais são feitas pelas massas p o p u l a r e s . Sem a p a r t i c i p a ç ã o
das grandes massas não há r e v o l u ç ã o . E p o r isso q u e u m a das tarefas
mais u r g e n t e s neste m o m e n t o é q u e os t r a b a l h a d o r e s se e d u q u e m ,
elevem o seu n í v e l d e c o n s c i ê n c i a , se c a p a c i t e m para r e s p o n d e r às
suas r e s p o n s a b i l i d a d e s .

Esta série de C a d e r n o s de E d u c a ç ã o P o p u l a r (CEP) p r o p õ e - s e exa-


t a m e n t e f o r n e c e r , sob u m a f o r m a acessível e ao m e s m o t e m p o r i g o -
rosa, os i n s t r u m e n t o s t e ó r i c o s mais i m p o r t a n t e s para c o m p r e e n d e r m o s
o processo de m o d i f i c a ç ã o social e p o d e r m o s d e l i n e a r as c a r a c t e r í s -
ticas de u m a n o v a sociedade.

Os sete p r i m e i r o s t í t u l o s desta série são os s e g u i n t e s :

1 — Explorados e Exploradores
2 — Exploração Capitalista
3 — M o n o p ó l i o s e Miséria
4 — L u t a de Classes
5— Imperialismo e Dependência
6 — Capitalismo e Socialismo
7 — Socialismo e Comunismo

Destes c a d e r n o s venderam-se c e n t e n a s de m i l h a r e s senão


méis d e m e i o m i l h ã o na A m é r i c a L a t i n a .
T a l v e z se t r a t e da m e l h o r o b r a e x i s t e n t e d e educação p o -
lítica popular.

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