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Fisiologia da Dor e

Analgesia

@scienceeetc
Profª Drª Ana Carolina Araruna Alves
@JessicaJulioti
@EquipeMySete
Contexto histórico e
embasamento das teorias da dor
Aula 1 - Introdução
Neurociência
“Neurociência é um campo de estudos multidisciplinar que analisa o
sistema nervoso para entender as bases biológicas do
comportamento.”
• possibilidade de compreensão dos mecanismos das emoções,
pensamentos e ações, doenças e loucuras, aprendizado e
esquecimento, sonhos e imaginação, fenômenos que definem e
constituem os seres humanos

Ribeiro, 2013
Neurociência
Resposta

Psicológicos
•Investigação dos
Ciências mecanismos
da neurofisiológicos
subjacentes ao
saúde comportamento Identificar Neurofisiológicos Farmacológicos

e descrever
relações Neurociência:
entre integra
metodologias
e conceitos

•Processamento e Genéticos Bioquímicos


organização de
Ciências do informações que
comportamento geram o
comportamento Estímulo
Anatômico
Dor - Definição
• Experiência sensitiva e emocional desagradável
associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou
1979 descrita nos termos de tal lesão.

• Experiência sensitiva e emocional desagradável,


associada, ou semelhante àquela associada, a uma
2020 lesão tecidual real ou potencial.

IASP
Entidade sensorial múltipla
que envolve aspectos: Dor

Emocionais Sociais Culturais Ambientais Cognitivos

que traduzem
• o sofrimento
• incerteza
• medo da incapacidade muitas vezes incapacitantes invoca emoções e fantasias Individual
• da desfiguração e da morte
• preocupação com perdas materiais e
sociais

aprendizado cultural
Devido a tais influências , não se
pode traçar uma relação constante e do significado atribuído à situação em experiências
anteriores vividas e recordações destas

previsível entre a dor e lesão orgânica bem como nossa capacidade de compreender suas
causas e conseqüências
Dor: pra quê?
Aspectos positivos

Gera
Escapar, evitar, Sinaliza lesão ou
comportamentos para
descansar doença
finalizar ou trata-la

Memórias de dor e Após doença ou lesão


sofrimento do sérias, nos obriga a
passado servem como descansar, auxiliando
alerta o processo de cura

WIREs Cogn Sci 2013


Dor: pra quê?
Aspectos negativos

• Dores crônicas
Sinal de alerta
que salva vidas
• não são sinais de alerta para
Destrói número
incontável de
prevenir lesões físicas ou doenças
outras vidas
• A PRÓPRIA DOENÇA
• resultado de mecanismos neurais
que deram errado.

WIREs Cogn Sci 2013


Perspectiva histórica
Breve Histórico
Egipcios
• a dor como causada por influências religiosas

Aristóteles (384–322 AC)


• a dor como emoção – o coração como o centro de percepção sensorial

Hipócrates (460 AC – ca. 360 AC)


• dor provocada por um desequilíbrio entre os 4 humores: sangue, fleuma, bile amarela e preta

Claudio Galeno (130 - 201 DC)


• físico e cirurgião –o cérebro como o órgão da sensações e o centro do sistema nervoso conectado a nervos periféricos

Avicenna (980–1037 DC)


• a dor poderia estar dissociada do reconhecimento de toque e temperatura, especialmente na doença, e propôs que ela seria uma sensação
específica. Propôs que a dor era um dos vários sentidos.
Teorias da Dor
Teoria da Especificidade
Teoria do Padrão de Estimulação
Teoria das Comportas
Teoria da Neuromatriz
Preâmbulo da
Teoria da Especificidade

“As partículas de fogo pequenas, rapidamente


movem-se sobre a pele da área afetada fazendo com
que um fino fio seja puxado.

Isso abre uma pequena válvula no cérebro e através


disso o espírito animal é enviado para os músculos
que retiram o pé.

Tal qual ocorre quando quando se puxa uma corda em


um dos seus lados com a intenção de atingir um sino
(Moayedi M, Davis
que vai tocar no outro extremo” KD., 2012)
Teoria da Especificidade

Propõe que uma via específica de dor carregaria mensagens de um receptor de dor
na pele até o cérebro, sugerindo que cortar essa via aliviaria a dor

Dor como uma sensação separada, independente dos outros sentidos e com vias
separadas também

Dominou a visão sobre a dor por 300 anos!

a) Teoria da especificidade. Fibras grandes (L)


e pequenas (S) transmitem impulsos de toque
e dor, respectivamente, em caminhos
específicos e diretos para os centros de toque
e dor no cérebro. (Moayedi M, Davis KD., 2012)
Teoria da Especificidade
Charles Bell (1811)
• propôs a existência de diferentes receptores sensoriais e cada um adaptado
para um tipo de estímulo

Johannes Müller (1839)


• propôs que um único estímulo poderia produzir diferentes sensações
dependendo do tipo de nervo estimulado

Início da era moderna da fisiologia sensorial

(Moayedi M, Davis KD., 2012)


Outros estudiosos
Moritz Schiff (1858)
• o primeiro a propor formalmente a teoria da especificidade
• demonstrou que o toque e a dor chegavam até o cérebro através de vias medulares separadas:
• o caminho ântero-lateral para a dor e temperatura e os feixes posteriores para sensibilidade tátil

Magnus Blix (1882)


• receptores específicos para cada sensação

Maximilian von Frey (1896)


• relatou a existência de “locais de dor” na pele de seres humanos (nociceptores)
• também descreveu a questão do limiar de estimulação – receptores de baixo limiar estariam relacionados à sensação de toque e receptores de alto limiar à
sensação de dor
• Ele foi o primeiro a descrever os receptores do tipo terminações nervosas livres

Wilhelm Wundt (1879)


• primeiro laboratório de Psicologia Experimental
• Foi um dos pioneiros da psicofisiologia
• Descrevia a interação entre processos mentais e corporais na percepção
Outras teorias...
Charles Scott Sherrington (1906)
• notou que a dor era comum na lesão tecidual e sugeriu dar o nome de estímulo “nocivo”
independente da característica física
• Ele propôs a sinalização dos eventos nocivos (nocicepção) como função dos órgãos dos sentidos
responsáveis pela dor e cunhou o termo nociceptor

Spiller e Martin (1912)


• descreveu que a secção transversal da parte ventro-lateral da medula espinhal
• levou ao desenvolvimento de dor persistente no lado oposto do corpo

Edinger (1890)
• evidências de que uma via ascendente longa proveniente de neurônios da coluna cruzavam a
linha média e ascendiam lateralmente na substância branca até o tronco cerebral

Dejerine e Roussy (1906) bem como Head e Holmes (1911)


• foram os pioneiros em descrever o papel do tálamo na produção da dor
Nem todos eram a favor ...
Wilhelm Erb (1874)

A dor era causada por qualquer estimulação sensorial


que fosse intensa o suficiente –Teoria da intensidade

Foi desbancada em 1986 por Maximilian von Frey com


a descoberta dos nociceptores

1. Mecanismo
emocional da dor

Final do século 19
2. Teoria de
3 teorias especificidade
competiam:

3. Teoria da ativação
intensa dos sistemas
aferentes
Nem todos eram a favor ...
John Paul Nafe (1929)

psicólogo americano, propôs que o padrão de descarga é influenciado


pelas diferentes formas de estimulação

neurônios aferentes individuais respondem a estímulos com diferentes


níveis de intensidade

O modo e local de estimulação são indicados pelo padrão composto de


atividade na população de fibras de uma determinada região do corpo

Os neurônios de projeção central codificam a natureza e o local de


estimulação pelo padrão e distribuição de suas descargas
Nem todos eram a favor ...

Isolamento das fibras

• A beta - input não nociceptivo


• Fibra tipo C - input nociceptivo

Em 1966 , Mendell e os neurônios wide dynamic range (WRD)

• no corno dorsal da medula, na substância cinzenta posterior


• foi um dos passos que levou a teoria do portão da dor
Teoria do Portão da dor

De acordo com a teoria do


Fibras aferentes primárias de
controle do portão, o espectro de
grande diâmetro (Fibras Abeta) se
neurônios aferentes primários tem
adaptam mais rapidamente a
uma gama de limiares,
estímulos contínuos do que as
nociceptores especializados e vias
finas (Fibras C)
não específicas para dor

(Melzack & Wall, 1965)


Teoria do Portão da dor
Uma porta pré-sináptica na substância gelatinosa (SG) do corno dorsal da
medula espinhal entre os neurônios aferentes primários e de projeção é
controlada pelo equilíbrio da atividade entre as fibras Abeta e as fibras C

Quando a entrada de fibra C (fina não mielinizada) supera a das fibras A


(grossa mielinizada), o portão se abre, permitindo a ativação de
neurônios de projeção

Mecanismos do SNC (controle descendente modulador da nocicepção)


podem modular o portão

Década de 70 – a teoria foi muito difundida. Fisioterapeutas ganharam


espaço através do uso de técnicas de modulação sensorial periférica–
como a TENS

(Melzack & Wall, 1965)


Teoria do Portão da dor
Origem
• Aspectos confirmados das teorias da especificidade e do padrão No SNC e SNP há certo grau de
especialização funcional
• A somação dos estímulos participa do processamento da dor

Contribuição
• considerou o papel do gânglio dorsal (raiz dorsal) e do tálamo na produção da dor
• também considerou o papel do SNC na modulação da dor
Limitações
• Ainda não estava localizada de forma precisa os sistemas envolvidos na inibição medular
• Faltavam correspondência anatômica, eletrofisiológica, neuroquímica e de achados clínicos que
sustentassem a teoria originalmente proposta
• o papel e as diferentes áreas do cérebro envolvidas no processamento da experiência de dor, ainda não
havia sido descrito

(Melzack & Wall, 1965)


Teoria da Neuromatriz

Espiritual
Afasta-se do conceito cartesiano de dor
como sensação produzida por uma lesão,
inflamação ou outra lesão ao tecido.
Dor é uma experiência multidimensional
produzida por múltiplas influências. Física
Dor Psíquica

Reconhece a dor como uma experiência total


do corpo, da mente e do espírito.
Social
Teoria da Neuromatriz

O processamento da dor no cérebro envolve


uma rede de estruturas que conferem à
experiência dolorosa um caráter pessoal, uma
assinatura.

Córtex anterior cingulado – Centro de ação

• estabelecer uma valência emocional de dor


• coordenar o seleção e planejamento de uma estratégia de
resposta comportamental / motora apropriada

Essas áreas têm outras funções além do


processamento das ameaças.
Teoria da Neuromatriz

alterações na produção de cortisol


Endócrino:
(stress);

Sistemas que controlam funções


aumento da produção de citocinas
autonômicas e
Imunológico: inflamatórias na glia (tecido de
que poder estar envolvidos pela
sustentação do SNC);
percepção da dor

aumento de sensibilidade e
Simpático: alterações na modulação da dor com
o aumento da sensibilização;
Teoria da Neuromatriz
O cérebro é considerado uma massa de redes neurais que evocam as
motivacionais-
saídas, incluindo a produção motora e a dor afetivas

Essa teoria sugere que o processamento da dor é amplamente


distribuído por toda a neuromatriz e a experiência da dor resulta
desse processo

Considera que a dor tem 3 dimensões: motivacionais-afetivas,


cognitivas-avaliativas e sensório-discriminativas.

Combinações desses componentes calibram as respostas corporais


Dor
ao estresse

sensório- cognitivas-
discriminativas avaliativas

(Melzack and Casey – 1968)


Teoria da Neuromatriz

O cérebro é um gerador de respostas baseadas na informação


sensorial

Uma rede de células (denominada 'neuromatrix'),


determinada geneticamente e/ou com base na entrada
sensorial, produz uma saída perceptual e motora constante

Melzack chamou a rede de neurônios que evocava uma


resposta particular de "neurosignature" – assinatura neural
para a dor, fruto de influências genéticas e sensoriais

(Melzack and Casey – 1968)


Teoria da Neuromatriz

Estudos de imagem demonstram que não existe Teoria da neuromatriz da dor


um único "centro de dor”
permitiu ...
Muitas áreas corticais podem ser ativadas
durante a dor e existe grande variabilidade intra • Reconhece a dor como uma experiência total
e inter indivíduos do corpo, da mente e do espírito
• Colocar a dor no contexto biopsicossocial e
evoluir o entendimento da experiência
No entanto, algumas áreas corticais estão
envolvidas com mais frequência do que outras O que é o modelo
biopsicossocial?
Modelos de Atenção à saúde
promover
Modelos conceituais

a saúde
diferentes conceitos que determinam diferentes maneiras de ver o
que é ou como se promove a saúde (ou se tratam as doenças).

através da consulta
pensamentos e práticas diferenciadas, mais ou menos eficientes,
mais ou menos científicas, mais ou menos onerosas, fragmentadas ou
não.

outra ação de saúde


• porque vai permitir saber,
Conceito de saúde-doença em um contexto por exemplo, o modo de
vida dos sujeitos que
interagimos e cuidamos.
Modelos de Atenção à saúde
Saúde x Doença
Modelos de Atenção à saúde

Modelo Biomédico

Século 19

Flexneriano

explica a doença com base em processos somáticos dentro do corpo – causas apenas biológicas para o seu
desenvolvimento

desequilíbrios bioquímicos e anormalidades neurofisiológicas

Alta tecnologia, altos custos, profissionais altamente especializados

nega a saúde pública, a saúde mental e as ciências sociais

O conhecimento e a prática de saúde são centralizados no profissional médico.

Processos psicológicos e sociais são em grande parte irrelevantes para as doenças biológicas
Modelos de Atenção à saúde

George Engel (1977) - pai do Modelo Biopsicossocial

E finalmente a adoção
É contemporâneo a teoria de neuromatriz – dor tem componentes do papel social de
cognitivos, emocionais e sensoriais desenvolvimento de
doente.
comportamentos
relacionados à doença
que evolui para
Se contrapôs ao modelo biomédico vigente centrado na doença e angústia/sofrimento
não no paciente problema físico

O modelo conceitual em que a progressão da Dor decorre


inicialmente:
Modelos de Atenção à saúde
John Loeser (1982) – adaptação do modelo
biopsicossocial de Engel para a dor

Os nociceptores - células sensoriais nervosas que respondem a danos no corpo


através de um processo chamado nocicepção

Tal processo resulta em componentes afetivos, sofrimento e comportamentos de


dor (atos utilizados para comunicar sentimentos associados à experiência de dor)

O sofrimento refere-se principalmente ao sofrimento emocional causado pela dor

Estas emoções manifestam-se tipicamente internamente, e podem ser altamente


desagradáveis
Modelo Biopsicossocial & Dor
Nocicepção & Dor

Nocicepção
• Refere-se o mecanismo pelo qual o dano tecidual, mecânico, térmico ou
químico, excitando um nervo, dá início ao processo que conduz a
informação nociceptiva ao sistema nervoso central

Dor
• é a percepção de uma experiência sensorial nociceptiva (noceo = nocivo),
com conotação afetiva aversiva e desagradável, oposta ao prazer

(Ferreira 1934-2016)
Dor

1974 originou-se a International Association for the Study of Pain – IASP

Também foi criado o periódico PAIN

A primeira definição de dor da IASP (1979)

‘Experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de
tal lesão.’
• Definição influenciada pela Teoria de Neuromatriz de Melzack

‘Experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou
potencial.’ (IASP , 2020)
Para tratar Dor
Em várias situações clínicas, o fenômeno doloroso não é adequadamente controlado pois ,
frequentemente, muitos dos componentes não-nociceptivos do sofrimento não são enfocados e tratados.

Modelo biopsicossocial em saúde.

Entender a dor como um sinalizador, à percepção, da necessidade de proteger os tecidos do corpo.


Para tratar a dor

‘alfabetizar’ os
pacientes na moderna
A presença de crenças neurociência da dor, de
‘a dor pode ser irracionais, tal modo que eles sejam
modulada por catastrofização e capazes de modificar
crenças’. cinesiofobia devem ser suas atitudes,
sempre avaliadas. comportamentos,
escolhas de tratamento
e de estilo de vida.
Biomecânica
Patologia
Anatomo- dos Tecidos
Fisiologia Paradigmas
Biomédicos
Tradicionais Mecanismos
Sobrevivência de Dor e de
e Proteção Sensibilização
Modelo da Paradigmas
MODELO
Biologia da
Evolutiva BIOPSICOSSOCIAL Neurociência
DA DOR
Neuromatrix e
Genética Representação
da Dor

Modelo da Paradigmas Evitação por Medo


Casca de Psicológicos Catratrofização
Cebola Cinesiofobia É desafiador
Para tratar Dor
Dor é a percepção de
uma nocicepção (sinal
de alarme contra uma
lesão tecidual).

Ela pode estar sendo


modulada por atitudes e
crenças, pelo sofrimento,
comportamentos de fuga
da dor, e pelo ambiente
social.
Modelo da Casca de Cebola
Para tratar Dor
Comportamento
Doloroso

Sofrimento

Dor
Nocicepção
Loeser JD. In:
Bonica’s Management of Pain.
Philadelphia; Lippincott
Williams & Wilkins: 2001.

MODELO MULTIDIMENSIONAL DA DOR


Teorias Modernas em Dor
Teorias Modernas em Dor
Neuroplasticidade Condicionamento Operante e Dor Modelo Medo e evitação

• O sistema nociceptivo é capaz de sofrer • São reações que muitas pessoas • Quando experimentamos dor (seja lá
alterações nos mecanismos de adotam quando estão com dor. qual for o motivo), usamos nossas
percepção e condução dos impulsos, • A dor como uma resposta e, como experiências passadas e nossas crenças
denominados neuroplasticidade. consequência, um comportamento: a para agir frente a dor.
• A neuroplasticidade pode aumentar a postura tensa, expressão facial de • Normalmente, agimos de forma
magnitude da percepção da dor e pode sofrimento e passar a mão na região automática, seguindo 2 caminhos
contribuir para o desenvolvimento de dolorida. possíveis a partir de uma experiência
síndromes dolorosas crônicas • Quando ocorre uma resposta do nosso dolorosa:
organismo levando a um • encarar de frente ou não encarar, ou
comportamento e suas consequências, seja, encontro ou desencontro, ou
chamamos de Condicionamento melhor, confronto ou medo/evitação.
Operante. • Se existe confronto, a tendência é se
recuperar bem.
• Se existe receio, a tendência é evitar a
atividade, se sentir vulnerável, reduzir o
nível de atividade e ficar
potencialmente dolorido.

Santos, 2017.
Vamos revisar?
O que nós conversamos na aula de hoje.
Modelos teóricos da Dor

A: com base na Teoria da Especificidade da Dor; cada


modalidade (toque e dor) é codificada em caminhos
separados. Estímulos de toque e dor são codificados por
órgãos dos sentidos especializados. Impulsos para cada
modalidade são transmitidos ao longo de caminhos distintos,
que se projetam para os centros de toque e dor no cérebro,
respectivamente. DRG, gânglio da raiz dorsal.

(Moayedi M, Davis KD., 2013)


Modelos teóricos da Dor

B: baseado na Teoria da Intensidade da Dor; não há caminhos


distintos para estímulos de limiar baixo e alto. Em vez disso, o
número de impulsos nos neurônios determina a intensidade
de um estímulo. Os neurônios aferentes primários fazem
sinapse com os neurônios de 2ª ordem no corno dorsal da
medula espinhal, onde baixos níveis de atividade codificam
estímulos inócuos e níveis mais elevados de atividade,
codificando os estímulos nocivos.

(Moayedi M, Davis KD., 2013)


Modelos teóricos da Dor

C: a Teoria dos Padrões da dor postula que os órgãos dos


sentidos somáticos respondem a uma gama dinâmica de
intensidades de estímulo. Diferentes órgãos dos sentidos têm
diferentes níveis de responsividade aos estímulos. Não há
terminações nervosas específicas para “a dor”. A dor resulta
de uma alta estimulação periférica inespecífica que produz
um “padrão” temporal e espacial de impulsos nervosos
interpretados no cérebro como dor.

(Moayedi M, Davis KD., 2013)


Modelos teóricos da Dor

D:Os sinais produzidos nos aferentes primários da


estimulação da pele foram transmitidos a três regiões dentro
da medula espinhal: 1) a substância gelatinosa, 2) a coluna
dorsal e 3) um grupo de células que eles chamaram células de
transmissão. Eles propuseram que o portão na coluna
vertebral é a substância gelatinosa no corno dorsal, que
modula a transmissão de informações sensoriais do neurônios
aferentes primários para células de transmissão na coluna
vertebral. Este mecanismo de bloqueio é controlado pela
atividade no fibras grandes e pequenas. A atividade da fibra
grande inibe (ou fecha) o portão, enquanto a atividade de
pequenas fibras facilita (ou abre) o portão.

(Moayedi M, Davis KD., 2013)


Neuromatriz da dor
Modelo biopsicossocial & dor
Obrigada!
Referências Bibliográficas
1. Chaves, T.C. Modelos teóricos em dor. Mai/2019.
2. De Oliveira, A.S. Neurofisiologia da Nocicepção & Percepção de dor:
Mecanismos de Modulação central e periférica. Abr/2019.
3. Chacur, M. Introdução à fisiopatologia da Dor: Histórico da dor e
conceitos.
4. KLAUMANN, P. R.; WOUK, A. F. P. F.; SILLAS, T. Patofisiologia da dor.
Archives of Veterinary Science, v. 13, n. 1, p. 1-12, 2008. ISSN 1517-784X.
5. Castro, C. Educação Terapêutica em Dor (ETD) baseada na neurociência:
explicando a dor aos pacientes. Jan/2019.
6. Santos, S. M. P. "A neuroplasticidade em dor crónica.“ Trabalho de
conclusão de curso. Dez/2017.
O conteúdo desse curso foi oferecido pelo
Centro Educacional Sete de Setembro
em parceria com
a Profª Drª Ana Carolina Araruna Alves.

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@EquipeMySete
Fisiologia da Dor e
Analgesia

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Profª Drª Ana Carolina Araruna Alves
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O que já vimos

Modelos teóricos em dor

Definições

Modelo biopsicossocial
Nocicepção e Dor

Nocicepção
• Refere-se o mecanismo pelo qual o dano tecidual, mecânico,
térmico ou químico, excitando um nervo, dá início ao processo que
conduz a informação nociceptiva ao sistema nervoso central
Dor
• é a percepção de uma experiência sensorial nociceptiva (noceo =
nocivo), com conotação afetiva aversiva e desagradável, oposta ao
prazer
Neurofisiologia da Dor
Aula 2 – Quem são as estruturas que participam da condução da informação
nociceptiva e percepção da dor
Neurofisiologia da Dor
• Estrutura do neurônio
Dendritos
• recebem informações

Corpo celular
• contém o núcleo e organelas, recebe
informações e funções integrativas
Axônio
• conduz informação que é codificada na forma
de potenciais de ação
Terminação axônica
• finalização da informação
Neurofisiologia da Dor
• Classificação do neurônio quanto à função

Neurônio • conduzem à medula impulsos originados nos


aferente ou receptores situados na superfície (pele) ou
no interior (vísceras, músculos e tendões)
sensitivo

Neurônios • São responsáveis por levar uma informação


eferente ou do sistema nervoso central para os músculos
e/ou glândulas
motor

• Constituem a maior parte dos neurônios. São


Neurônio de todos aqueles que estão entre um neurônio
associação ou aferente e eferente. Corpos estão dentro do
SNC (transmitem impulsos de um neurônio
interneurônios ao outro).
Neurofisiologia da Dor
• Classificação do neurônio quanto à função
Neurofisiologia da Dor

Receptores
sensoriais

Respondem a um
estímulo externo
ou interno

Transdutores que
fazem a conversão
em potenciais de
ação
Neurofisiologia da Dor
• Classificação quanto ao estímulo
Neurofisiologia da Dor
Neurofisiologia da Dor
Nociceptores

respondem a vários estímulos nocivos intensos

(químico, mecânico ou térmico) que causam ou têm potencial para


causar dano tecidual.

São encontrados na pele, nas articulações, nos músculos, nos ossos


e em vários órgãos internos, mas não no sistema nervoso central
Neurofisiologia da Dor

Neurônios Aferentes de Primeira


Ordem

Neurônios de 1ª ordem ou aferentes


primários transmitem impulsos dos
receptores sensoriais até o corno
dorsal da medula espinhal
Neurofisiologia da Dor
Neurônios Aferentes de Primeira Ordem

Transmissão do impulso Projetam-se na substância


Há fibras sensitivas Fibras aferentes finas
doloroso cinzenta da ME

fibras nervosas sensitivas aferentes


amielínicas ramos ascendente e descendente lâminas I,II
primárias

corpos celulares nos gânglios


alcança a medula pelas raízes
sensitivos alcança a medula raízes Trato de Lissauer Substância Gelatinosa
anteriores.
posteriores
Neurofisiologia da Dor
Neurônios Aferentes de Primeira Ordem
Neurofisiologia da Dor
Neurônios Aferentes de Segunda Ordem

Aferentes de 2ª ordem

conduzem mensagens sensoriais do corno dorsal para o cérebro, são categorizados como:

wide dynamic range/ largo espectro nociceptive specific/ específicos

respondem exclusivamente à estimulação nociva,


recebem inputs das fibras A beta e A gama e A delta
recebem inputs somente das fibras C
Neurofisiologia da Dor
Neurônios Aferentes de Segunda Ordem
Neurofisiologia da Dor
Neurônios de terceira ordem

Levam as informações aos vários


centros cerebrais

nos quais as aferências são


integradas, interpretadas e
influenciadas
Nocicepção & Sinapses Neuronais
Neurotransmissores

A comunicação da são produzidos,


informação nociceptiva armazenados e liberados São sintetizados pelos
Liberados após um estímulo Podem ser facilitadores ou
entre neurônios ocorre por tanto nas terminações dos neurônios e armazenados
elétrico na fenda sináptica inibidores
mediadores químicos - nervos aferentes como nos em vesículas
neurotransmissores neurônios do corno dorsal.

Facilitadores: fazendo o
aminoácidos excitatórios ou Ligando-se ao sítio receptor neurônio seguinte mais
inibitórios e neuropetídeos do próximo neurônio responsivo ou reduzindo a
ação de inibição neuronal

Inibidores: fazendo o
neurônio menos responsivo
ou ativando neurônios
inibitórios
Neurotransmissores

Neurotransmissores excitatórios
• Glutamato, Ca, Mg, NMDA – alteração do limiar de excitabilidade da célula de
transmissão
• Cininas (substância P, neurocinina A e neurocinina B)
• SP- informa o SNC a ocorrência da lesão, inflamação, modula ações

Bombesina - neuropeptídeo age na substância gelationosa

Neurotransmissores inibitórios
• ácido gamma amino butírico (GABA)
Transmissão Neural

Trato Trato
neoespinotalâmico paleoespinotalâmico

espinotalâmico
espino(reticulo)talâmico
lateral

Fibras A delta Fibras C


• dor rápida • dor lenta
Via espinotalâmica ântero-lateral

1) velocidades de transmissão entre 8 e 40 m/s; 2) o


grau de localização espacial dos sinais é pequeno; 3) as
gradações de intensidades são também menos
precisas; 4) capacidade de transmitir sinais que se
alteram e se repetem rapidamente é pequena
Áreas de Broadman & somatossensorial
Homúnculo de Penfield
Neurofisiologia da Dor
O “homúnculo de Penfield” é uma representação artística de
como diferentes pontos da superfície do corpo estão
“mapeados” nos dois hemisférios do cérebro, para indicar que
tais partes do corpo têm localização específica em alguma das
regiões.

A ideia é a de que o cérebro corresponde a um mapa genérico


de várias partes do nosso corpo, sendo o homúnculo, portanto,
um mapa neural.

O mapa cerebral, representado pelo “homúnculo”, reflete a


capacidade que o cérebro tem de discriminação sensorial, bem
como a importância motriz referente a cada uma das partes de
nosso corpo, visto que ele está distribuído ao longo de todo o
córtex cerebral nos dois hemisférios.
O conteúdo desse curso foi oferecido pelo
Centro Educacional Sete de Setembro
em parceria com a Professora Ana
Carolina Araruna Alves.

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Neurofisiologia da Dor
Aula 3 – Como acontece a condução da informação nociceptiva e percepção da
dor?
Neurofisiologia da Dor

Passo 1
Transdução
transformação dos
estímulos ambientais,
físicos ou químicos intensos
em potenciais de ação

que são transferidos das


fibras nervosas do sistema
nervoso periférico (SNP)
para o sistema nervoso
central (SNC).
Neurofisiologia da Dor

Transdução

Estímulo nocivo (E)


gera atividade
liberação de
elétrica no
potencial de ação neurotransmissores
nociceptor
propaga-se para a nas terminações
(despolarização da
ME aferentes centrais
membrana da
no CDME
terminação
sensorial)
Neurônios Aferentes de Primeira Ordem
podem ser nociceptivos
dependendo da
Estímulos
intensidade e
frequência

Receptores nociceptores
térmicos
Nociceptores Nociceptores Nociceptores Nociceptores
termo-sensíveis mecano-sensíveis quimio-sensíveis polimodais
mecânicos
excitados por
temperaturas acima sensíveis a excitados por excitados por mais de
de 45 graus e no deformações nocivas. substâncias químicas um tipo de estímulo.
químicos congelamento.

elétricos
Neurofisiologia da Dor

Transmissão

impulso levado a
estruturas do SNC cuja
a atividade produz a
sensação de dor
• Quatro Tipos de
Neurônios de 1ª
Ordem:
• Aα
• Aβ
• Aδ
• C

Fibras Aα e Aβ =
rápidas, de
grande diâmetro
Fibras Aδ e C =
lentas, de
I. Tavares, et al.: Neurobiologia da Dor:
pequeno Mecanismos de Transmissão e
Modulação da Informação Nociceptiva.
diâmetro Dor (2014) 22.
Neurofisiologia da Dor

Os sinais aferentes dos


nociceptores são levados A sensação mais
ao SNC por dois tipos de comum transmitida por
fibras sensoriais primárias: essas vias é percebida
• fibras A (A-delta) como dor
• fibras C.
Dor rápida & lenta e tipos de Fibras

Os neurônios Aδ originam-se dos


receptores localizados na pele e
transmitem “dor rápida”

• A dor rápida, descrita como aguda e localizada

Os neurônios C originam-se dos


tecidos superficiais (pele) e profundos
(ligamentos e músculos) e transmitem
“dor lenta”
• A dor lenta, descrita como surda e mais difusa.
Dor rápida & lenta e tipos de Fibras

Transmissão dos sinais dolorosos “pontual


rápido” e “crônico lento” para a medula
espinal e por ela em direção ao encéfalo. As
fibras Ad transmitem a dor rápida aguda, e
as fibras C transmitem a dor lenta crônica.
Transmissão Neural
Via Anterolateral

Entrada dos axônios de neurônios


nociceptivos pelas raízes dorsais da ME

Fazem sinapse no corno dorsal da ME


(origem dos Neurônios de Segunda Ordem)

Os Neurônios de Segunda Ordem cruzam a


linha média e ascendem contralateralmente
até o tálamo no quadrante anterolateral
Transmissão Neural

Neurônios de
Neurônios de
Terceira Ordem
Segunda Ordem,
enviam seus Esse trato que vai
após cruzarem a
axônios em do corno dorsal
linha média,
direção ao córtex da ME até o
ascendem até o
– Córtex tálamo é
tálamo (Núcleo
Somatossensorial chamado de
Ventral Posterior
Primário na ESPINOTALÂMICO
Lateral) – mesma
região do giro
região do tato
pós-central
Transmissão Neural
CAMINHOS DA
INFORMAÇÃO
DE “DOR” ATÉ O CÉREBRO

Transmissão Neural
SCPA
NMR
Coluna
Dorsal
Neurofisiologia da Dor
Neurofisiologia da Dor

Vias
Trato
neoespinotalamico

Trato
paleoespinotamico
Neurofisiologia da Dor
Transmissão
Modulação Percepção
do 2º neurônio

Corno posterior da Vias ascendentes da Dor


Centros Cerebrais
ME→neurônios de segunda →quadrante ântero-lateral
Superiores→ formação
ordem. ME→ principais: trato
reticular , sistema límbico,
espinotalâmico,
Local de modulação hipotálamo, tálamo e córtex
espinorreticular,
excitatória e inibitória. cerebral.
espinomesencefálico .

Outros: via pós sináptica da


coluna dorsal (ipsilateral),
trato –hipotalâmico e
espinopontoamigdaliano.
Neurofisiologia da Dor
• Tálamo somatossensorial (VPL/VPM) e córtex (áreas 3a, 3b, 1 e 2)
Neurofisiologia da Dor
Plasticidade
Representação somatossensorial no corte e
Longa duração do quadro álgico ou alta
plasticidade
intensidade de dor – Sensibilização neuronal,
alterando a representação da área de dor a nível
talâmico e cortical (Woof & Salter, 2000)
Projeções centrais
Modulação da Dor:
Sensibilização periférica & central
Periférica Central
Modulação da Dor:
Sensibilização periférica
Limiar da Dor

O estímulo mínimo necessário para ativar um receptor é


conhecido como limiar

assim como a despolarização mínima necessária para


disparar um potencial de ação é chamada também de limiar

Corresponde a mínima intensidade de um estímulo que é


percebida como dolorosa.
Sensibilização Central

Excitotoxidade
Lesão Tecidual

Despolarização Diminuição da
Aumento da Excessiva inibição
atividade neural

Aumento da Dor
“Wind-Up"

Hiperexcitabilidade
Expansão dos
Campos Receptores
Aumento da Dor
Sensibilização Central
Transmissão Neural

Modulação Ascendente na Medula


Estímulos sensoriais suaves
(massagem, por exemplo)
competem com os estímulos
nocivos na medula.

Assim, a medula faz parte do


nosso sistema de controle interno
da dor. Teoria das Comportas da Dor
Melzack e Wall (1965)
Neurofisiologia da Dor

Modulação descendente da Dor

A neuroquímica da modulação
descendente é complexa mas
assenta na libertação de serotonina
e noradrenalina na medula espinha
Neurofisiologia da Dor

Percepção

Fechamento
Como tais mecanismos podem
auxiliar no manejo do meu
paciente?

Estímulo
O conteúdo desse curso foi oferecido pelo
Centro Educacional Sete de Setembro
em parceria com a Professora Ana
Carolina Araruna Alves.

@scienceeetc

@JessicaJulioti
@EquipeMySete
Fisiologia da Dor e
Analgesia

@scienceeetc
Profª Drª Ana Carolina Araruna Alves
@JessicaJulioti
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Neurofisiologia da Dor
Aula 3 – Como acontece a condução da informação nociceptiva e percepção da
dor?
Neurofisiologia da Dor

Passo 1
Transdução
transformação dos
estímulos ambientais,
físicos ou químicos intensos
em potenciais de ação

que são transferidos das


fibras nervosas do sistema
nervoso periférico (SNP)
para o sistema nervoso
central (SNC).
Neurofisiologia da Dor

Transdução

Estímulo nocivo (E)


gera atividade
liberação de
elétrica no
potencial de ação neurotransmissores
nociceptor
propaga-se para a nas terminações
(despolarização da
ME aferentes centrais
membrana da
no CDME
terminação
sensorial)
Neurônios Aferentes de Primeira Ordem
podem ser nociceptivos
dependendo da
Estímulos
intensidade e
frequência

Receptores nociceptores
térmicos
Nociceptores Nociceptores Nociceptores Nociceptores
termo-sensíveis mecano-sensíveis quimio-sensíveis polimodais
mecânicos
excitados por
temperaturas acima sensíveis a excitados por excitados por mais de
de 45 graus e no deformações nocivas. substâncias químicas um tipo de estímulo.
químicos congelamento.

elétricos
Neurofisiologia da Dor

Transmissão

impulso levado a
estruturas do SNC cuja
a atividade produz a
sensação de dor
• Quatro Tipos de
Neurônios de 1ª
Ordem:
• Aα
• Aβ
• Aδ
• C

Fibras Aα e Aβ =
rápidas, de
grande diâmetro
Fibras Aδ e C =
lentas, de
I. Tavares, et al.: Neurobiologia da Dor:
pequeno Mecanismos de Transmissão e
Modulação da Informação Nociceptiva.
diâmetro Dor (2014) 22.
Neurofisiologia da Dor

Os sinais aferentes dos


nociceptores são levados A sensação mais
ao SNC por dois tipos de comum transmitida por
fibras sensoriais primárias: essas vias é percebida
• fibras A (A-delta) como dor
• fibras C.
Dor rápida & lenta e tipos de Fibras

Os neurônios Aδ originam-se dos


receptores localizados na pele e
transmitem “dor rápida”

• A dor rápida, descrita como aguda e localizada

Os neurônios C originam-se dos


tecidos superficiais (pele) e profundos
(ligamentos e músculos) e transmitem
“dor lenta”
• A dor lenta, descrita como surda e mais difusa.
Dor rápida & lenta e tipos de Fibras

Transmissão dos sinais dolorosos “pontual


rápido” e “crônico lento” para a medula
espinal e por ela em direção ao encéfalo. As
fibras Ad transmitem a dor rápida aguda, e
as fibras C transmitem a dor lenta crônica.
Transmissão Neural
Via Anterolateral

Entrada dos axônios de neurônios


nociceptivos pelas raízes dorsais da ME

Fazem sinapse no corno dorsal da ME


(origem dos Neurônios de Segunda Ordem)

Os Neurônios de Segunda Ordem cruzam a


linha média e ascendem contralateralmente
até o tálamo no quadrante anterolateral
Transmissão Neural

Neurônios de
Neurônios de
Terceira Ordem
Segunda Ordem,
enviam seus Esse trato que vai
após cruzarem a
axônios em do corno dorsal
linha média,
direção ao córtex da ME até o
ascendem até o
– Córtex tálamo é
tálamo (Núcleo
Somatossensorial chamado de
Ventral Posterior
Primário na ESPINOTALÂMICO
Lateral) – mesma
região do giro
região do tato
pós-central
Transmissão Neural
CAMINHOS DA
INFORMAÇÃO
DE “DOR” ATÉ O CÉREBRO

Transmissão Neural
SCPA
NMR
Coluna
Dorsal
Neurofisiologia da Dor
Neurofisiologia da Dor

Vias
Trato
neoespinotalamico

Trato
paleoespinotamico
Neurofisiologia da Dor
Transmissão
Modulação Percepção
do 2º neurônio

Corno posterior da Vias ascendentes da Dor


Centros Cerebrais
ME→neurônios de segunda →quadrante ântero-lateral
Superiores→ formação
ordem. ME→ principais: trato
reticular , sistema límbico,
espinotalâmico,
Local de modulação hipotálamo, tálamo e córtex
espinorreticular,
excitatória e inibitória. cerebral.
espinomesencefálico .

Outros: via pós sináptica da


coluna dorsal (ipsilateral),
trato –hipotalâmico e
espinopontoamigdaliano.
Neurofisiologia da Dor
• Tálamo somatossensorial e córtex (áreas 3a, 3b, 1 e 2)
Neurofisiologia da Dor
Plasticidade
Representação somatossensorial no corte e
Longa duração do quadro álgico ou alta
plasticidade
intensidade de dor – Sensibilização neuronal,
alterando a representação da área de dor a nível
talâmico e cortical (Woof & Salter, 2000)
Projeções centrais
Modulação da Dor:
Sensibilização periférica & central
Periférica Central
Modulação da Dor:
Sensibilização periférica
Limiar da Dor

O estímulo mínimo necessário para ativar um receptor é


conhecido como limiar

assim como a despolarização mínima necessária para


disparar um potencial de ação é chamada também de limiar

Corresponde a mínima intensidade de um estímulo que é


percebida como dolorosa.
Sensibilização Central

Excitotoxidade
Lesão Tecidual

Despolarização Diminuição da
Aumento da Excessiva inibição
atividade neural

Aumento da Dor
“Wind-Up"

Hiperexcitabilidade
Expansão dos
Campos Receptores
Aumento da Dor
Sensibilização Central
Transmissão Neural

Modulação Ascendente na Medula


Estímulos sensoriais suaves
(massagem, por exemplo)
competem com os estímulos
nocivos na medula.

Assim, a medula faz parte do


nosso sistema de controle interno
da dor. Teoria das Comportas da Dor
Melzack e Wall (1965)
Neurofisiologia da Dor

Modulação descendente da Dor

A neuroquímica da modulação
descendente é complexa mas
assenta na libertação de serotonina
e noradrenalina na medula espinha
Neurofisiologia da Dor

Percepção

Fechamento
Como tais mecanismos podem
auxiliar no manejo do meu
paciente?

Estímulo
O conteúdo desse curso foi oferecido pelo
Centro Educacional Sete de Setembro
em parceria com a Professora Ana
Carolina Araruna Alves.

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Fisiologia da Dor e
Analgesia

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Como classificar a dor?
Aula 4
Dor Fisiológica e Patológica

Dor fisiológica Dor patológica

induz respostas protetoras, como o reflexo de


Estados dolorosos prolongados estimulam
retirada (ou reação de fuga), com intuito de
persistentemente os aferentes nociceptivos
interromper a exposição ao estímulo nocivo.
inatividade temporária e o comportamento induzindo alterações que aumentam os efeitos
protetor deletérios da dor

Sintoma de alguma doença é uma doença propriamente dita, sendo nociva


independente ao estímulo que a gerou

A dor persistente pode ser subdividida segundo sua origem


Dor Fisiológica e Patológica
Como classificar a dor?

Dor

Localizada, Difusa,
Local Irradiada, Referida Tempo Mecanismo
ou Generalizada

Crônica ou
Periférica Central Visceral Somática Aguda Recorrente Nociceptiva Neuropática Nociplástica
persistente
Classificação quanto ao tempo

DOR AGUDA DOR CRÔNICA/PERSISTENTE DOR RECORRENTE

se manifesta transitoriamente Tem duração prolongada, que pode


durante um período relativamente se estender de vários meses a vários Apresenta períodos de curta duração
curto, de minutos a algumas semanas anos. que, no entanto, se repetem com
frequência, podendo ocorrer durante
toda a vida do indivíduo.
A dor crônica pode ser resultante de
associada a lesões em tecidos ou
uma condição crônica (como a artrite
órgãos, ocasionadas por inflamação,
reumatoide) e também por
infecção, traumatismo ou outras
consequência de uma lesão já
causas.
previamente tratada ou curada.
Exemplos: Dor ocasionada pela artrite Um exemplo clássico deste tipo de
reumatoide (inflamação das dor é a enxaqueca
Normalmente desaparece com a cura
articulações), fibromialgia ou dor
dos tecidos
relacionada a esforços repetitivos
durante o trabalho
Características do estado doloroso

(Adaptado de Crue & Pinsky, 1984)


Classificação quanto ao local

Dor
Visceral Localizada Periférica Central
referida
provocada por distensão de os sinais transmitidos pela
a topografia da dor
víscera oca, mal localizada, por lesão neural, por ativação de nociceptores de
corresponde à da imagem quando secundária às
profunda, opressiva e desaferentação - privação uma víscera podem ser
corporal que o paciente lesões do sistema nervoso
constritiva, comumente se de um neurônio de suas percebidos como dor em
tem da estrutura que julga central
associa a náuseas, vômitos aferências uma região cutânea
doente.
e sudorese. distante.
DOR DOR DOR DOR DE ORIGEM
NOCICEPTIVA NEUROPÁTICA NOCIPLÁSTICA DESCONHECIDA

Resulta de alguma lesão a um


nervo ou de função nervosa
de plasticidade nociceptiva, que
Compreende dor somática e anormal em qualquer ponto ao Não há um mecanismo
reflete mudança na função das vias
visceral longo das linhas de transmissão evidenciado
nociceptivas
neuronal, dos tecidos mais
periféricos ao SNC

“Dor relacionada a nocicepção


alterada a despeito da clara
ocorre diretamente por “Dor causada por lesão ou doença evidência de que não há dano
estimulação química ou física de do sistema nervoso tecidual real ou potencial causando
terminações nervosas normais somatossensorial de ativação dos nociceptores
periféricos ou evidencias de lesão
no sistema somatossensório”

é resultado de danos teciduais


mais comuns e frequentes nas
situações inflamatórias,
traumáticas e invasivas, ou
isquêmicas .

“Dor relacionada a lesão real ou


Classificação quanto ao mecanismo
ameaça a um tecido não neural
devida a ativação de nociceptores”
Mais de um mecanismo pode estar
presente
Nociplastia & a melodia da dor

Os neurônios
mensageiros de perigo O cérebro começa a
os receptores de perigo
Quando a dor persiste, (2ª ordem) tornam-se ativar neurônios que O sistema de resposta O Cérebro se adapta
dos tecidos contribuem
o alarme do sistema de mais excitáveis e liberam substâncias se tornam mais ativos e tornando mais
cada vez menos para
perigo torna se mais produzem mais químicas excitatórias começam a contribuir eficiente em produzir
mensagem de perigo
sensível receptores para as no corno dorsal da para o problema dor (a melodia da dor)
que chega ao cérebro
substâncias químicas medula
excitatórias
Dor Referida

Frequentemente, a pessoa sente dor


em uma parte do corpo que fica Na figura, ramos das fibras para a dor
distante do tecido causador da dor. visceral fazem sinapse na medula
Essa é a chamada dor referida. Por espinal, nos mesmos neurônios de
exemplo, a dor em órgãos viscerais segunda ordem (1 e 2) que recebem os
geralmente é referida à área na sinais dolorosos da pele.
superfície do corpo

Quando as fibras viscerais para a dor


são estimuladas, os sinais dolorosos
das vísceras são conduzidos pelo
menos por alguns dos mesmos
neurônios que conduzem os sinais
dolorosos da pele, e a pessoa tem a
impressão de que as sensações se
originam na pele.
Dor no membro fantasma

O membro não está mais lá mas a


via remanescente e o mapa do
corpo ainda estão preservados.
Evolução da dor nociceptiva

Os sinais nociceptivos de alarme


Ocorre quando os nociceptores são transmitidos para a medula
A sensibilização periférica
(receptores de perigo) são espinhal e para o córtex através
(inflamatória) amplifica a
ativados devido a uma lesão, de vias nociceptivas
experiência da dor.
inflamação ou outro irritante. ascendentes, resultando na
percepção da dor.

No SNC, os sinais nociceptivos


A dor nociceptiva é aguda e são modulados pelas vias Estes sinais podem também ser
localizada, como em uma descendentes corticais e do modulados pelos componentes
entorse de tornozelo. tronco cerebral, que podem ser emocionais da dor.
inibitórias ou facilitadoras.
Processo de Cura dos Tecidos
Nas dores nociceptivas, não importa
qual tecido tenha sido lesado,
sempre ocorre um processo de cura
semelhante. A maioria dos tecidos se
cura entre 6 semanas a 3 meses.

Curou? Acabou a ameaça. Acabou a dor! Normal! Dor normal...


Dores nociceptivas , Inflamação &
Reparação Tecidual
Fases do Processo de
Reparação:
1. Fase Inflamatória: Do
momento da lesão – 3 (2-5) dias

2. Fase Proliferativa: De 3
a 21 dias

3. Fase de Maturação: De 21
dias a 18-24 meses
Considerar Especificidade da Reparação
dos Tecidos

Tecidos Moles
• Epitelial (Pele)
• Conjuntivo
• Tendões, ligamentos, cartilagem
• Musculoesquelético
• Nervoso
• Cérebro, medula e nervos
Tecido Ósseo
E se a dor persiste?
Alterações funcionais e químicas
A nocicepção persistente pode Estímulos físicos, cognitivos ou no cérebro com ampliação de
“Falha” de habituação à
ser um comando para comportamentais repetidos ou receptores, canais iônicos
estimulação prolongada ou de
reorganização cortical intensos causam reorganização abertos por mais tempo,
intensidade forte
(neuroplasticidade) por efeito da sensibilização aumento de campo receptor e
envolvimento de mais regiões

Redução da modulação Provável contribuição de células Mudança de comportamento -


inibitória da nocicepção da glia (neuroinflamação) condicionamento operante
Neuroinflamação
E se a dor persiste?
O aspecto negativo da dor persistente

Na maioria das vezes o estímulo


nocivo não é transitório e pode Pode surgir de diferentes tecidos e A dor crônica persiste além do
estar associado com inflamação e pode ser classificada com dor período esperado de uma doença
Envolve desconforto e
injúria nervosa significativa. nociceptiva (envolvendo estruturas ou injúria e tem sido
sensibilidade anormal na
somáticas ou viscerais) ou arbitrariamente definida como
•Sob tais circunstâncias, alterações dinâmicas sintomatologia clínica do paciente.
no processamento da informação nociva são neuropática (envolvendo lesões do aquela com duração maior que 3 a
evidentes nos sistemas nervoso periférico e sistema nervoso). 6 meses.
central.

Possui um significante impacto


Pode manifestar-se
A resposta é tipicamente sobre a qualidade de vida do
espontaneamente ou ser
exagerada em duração, amplitude, paciente e caracteriza-se por uma
provocada por vários estímulos
ou ambas resposta pobre às terapias
externos.
analgésicas convencionais
Neuroplasticidade
Reorganização dos mapas somatotópicos corticais

Alterações de campos receptivos e de sinapses

Evidências mostram que

tanto a arquitetura sináptica quanto a expressão dos neuropeptídeo são modificados por aferências
sensoriais, incluindo as nóxicas
A representação de uma área especifica do corpo no córtex somatossensorial irá tornar-se mais
detalhada em resposta à repetição da transmissão sináptica proveniente de uma área em especial
ou ainda pode ser reduzida quando a nocicepção persistente
Neuroplasticidade

A neuroplasticidade decorrente da dor pode acontecer em diferentes níveis

O sistema nociceptivo é capaz de sofrer


alterações nos mecanismos de percepção e
condução dos impulsos

A neuroplasticidade pode aumentar a


magnitude da percepção da dor e pode
contribuir para o desenvolvimento de
síndromes dolorosas crônicas
Além do dano tecidual:
O que pode influenciar a Sensibilização Periférica?

Lesão
Inflamação
tecidual

Nociceptores podem sofrer


Problemas plasticidade e permanecer
Estresse
no sono “sensibilizados” mesmo após o
evento inicial ter cessado
Respostas
imunológicas Reichling e Levine Trends in Neuroscience 2009
Schuh-Hofer et al 2013
McMahon et al Nature Neurosciene 2015
Mecanismos biológicos & fatores
psicossociais.
Educando o profissional:
Mitos
Educando o profissional:
Mitos
Educando o paciente
Educando o paciente:
Mecanismos de controle da Dor
& o Movimento
Influência do
exercício
sobre a
modulação
descendente

Intervir sobre o sistema


de movimento ajuda a
reduzir as respostas
motoras que exacerbam
a dor e/ou àquelas que
melhoram a função,
minimizando os efeitos
motores sobre a dor.
Educando o paciente:
Mecanismos de controle da Dor
& o Movimento
Da mesma forma que nocicepção não é
suficiente ou necessária para a percepção de
dor, não deve ser impedimento para o
movimento

"Considere como é difícil mudar a si mesmo e


você vai entender o quanto é difícil tentar
mudar os outros.“

(Nick Ng - Editor-in-Chief Massage & Fitness Magazine)


Educando o paciente:
Comportamento & pensamento
Catastrofização Pensamentos

Crenças
Cinesiofobia
Expectativas
Somatização
Sentimentos
Stress
Emoções
Depressão Experiências prévias

Crenças e outros fatores …


Principais barreiras no
Enfrentamento da dor
Adversários & Aliados
Por que continuar estudando dor?
“Os conhecimentos atuais sobre a fisiopatologia da dor, permitem
melhor compreensão de seus aspectos bio-psíquicos, favorecendo a
evolução de novas formas de tratamento, para as diversas síndromes
e condições dolorosas existentes.”

Neuroanatomia Funcional –Angelo e Machado- Ed. Atheneu


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