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ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME)

O QUE É?
A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença genética que causa a morte de algumas células específicas
do nosso sistema nervoso, conhecidas como neurônios motores.
A maioria dos neurônios motores estão localizados na medula espinhal e controlam o movimento dos
músculos, principalmente das pernas e dos braços, e também outros músculos, o que nos ajudam a respirar e
comer, por exemplo. Nós precisamos desses músculos para realizar movimentos como engatinhar, andar, sentar
e controlar a cabeça.
A AME é uma doença considerada rara que afeta aproximadamente 1 em cada 10.000 bebês nascidos em
todo o mundo. Apesar de ser considerada rara, a AME (tipo1) tem um grande impacto social, pois é a principal
causa genética de mortalidade infantil.

O QUE ACONTECE SEM OS NEURÔNIOS MOTORES?


Sem o comando dos neurônios motores, os músculos se degeneram: perdem o tônus (se tornam
hipotônicos), ficam cada vez mais fracos e acabam perdendo também a massa muscular (atrofiam).
É daí que vem o nome da doença:
 Atrofia (A): é o termo médico utilizado para diminuição do volume ou do tamanho, o que geralmente
acontece com os músculos quando eles não são estimulados pelas células nervosas.
 Muscular (M): já que a principal consequência da falta de sinalização dos neurônios motores é a
fraqueza muscular.
 Espinhal (E): a maioria dos neurônios motores que controlam os músculos estão localizados na medula
espinhal.

COMO IDENTIFICAR SINTOMAS?


O comprometimento da função muscular é o causador dos sinais dessa doença rara. Como já dissemos, a
AME não tem uma única manifestação clínica, sendo dividida em cinco tipos, definidos pela idade de
aparecimento dos sintomas e as habilidades motoras atingidas. Isso significa que pessoas com a mesma doença
podem apresentar diferentes níveis de capacidade motora, por exemplo: enquanto alguns conseguem se sentar
de maneira independentes, outros já não conseguem.
Por isso é tão importante ficar de olho nos chamados marcos de desenvolvimento – pequenas ações típicas
de cada fase dos bebês e crianças, como rolar e sentar-se sem apoio. É importante ressaltar que os neurônios
responsáveis pelas sensações e dores não são comprometidos e as pessoas com AME sentem toques, calor e
frio, por exemplo.

TIPOS DE AME
A atrofia muscular espinhal é classificada de maneira mais completa em 5 tipos (0, I, II, III e IV), de acordo
com a idade em que os sintomas se desenvolvem e a sua gravidade. Nos casos mais graves (tipos 0 e I),
problemas motores e respiratórios se desenvolvem já nos primeiros meses de vida.
Os tipos de AME mais comuns de atrofia muscular espinhal são os tipos I, II e III. Dentre os indivíduos que
nascem com AME, cerca de 60% desenvolvem o Tipo 1 da doença e apresentam perda rápida e irreversível dos
neurônios motores.
 Tipo 0 – forma pré-natal, também conhecida como Tipo 1A:
Os sintomas aparecem ainda durante a gestação, como a baixa movimentação fetal. Os bebês já nascem
com fraqueza muscular e insuficiência respiratória grave e defeitos cardíacos. Costumam não resistir além do
primeiro mês. Em geral, esses bebês possuem apenas uma cópia do gene SMN2.

 Tipo 1 – forma infantil grave:


Os sintomas aparecem até o sexto mês de vida. A criança apresenta movimentos fracos e necessita de
auxílio para respirar (suporte de ventilação) normalmente antes de completar um ano de vida. Geralmente não
conseguem sustentar o pescoço e não atingem o marco motor de sentar sem apoio. Também apresentam
dificuldade de engolir (o que resulta em engasgos frequentes). A criança apresenta fasciculação (tremor) na
língua e normalmente tem choro e tosse fracos, e, devido à hipotonia, é comum ficar na postura de “perna de
sapinho”.

 Tipo 2 – forma intermediária:


O início dos sintomas e da fraqueza muscular ocorre entre os 6 e os 18 meses. A criança consegue sentar
sem apoio, porém, não chega a andar. Também pode apresentar dificuldade respiratória em graus variados e
problemas de deglutição, mas em menor grau do que no Tipo I. Ao longo de seu desenvolvimento, podem surgir
anomalias esqueléticas como escoliose, deslocamento de quadril e deformidades articulares.

 Tipo 3 – forma juvenil moderada:


O surgimento dos sintomas acontece após os 18 meses de idade. Os pacientes apresentam capacidade de
ficar em pé e andar, mas devido à progressão da doença podem perder essa habilidade ao longo da vida. As
pernas são mais gravemente afetadas do que os braços.

 Tipo 4 – forma adulta:


Tem início na vida adulta e o paciente apresenta fraqueza que predomina em membros inferiores, levando
dificuldade para andar.Atualmente, em função do surgimento de tratamentos com medicações capazes de
mudar o curso da doença, temos vivido uma transformação em relação à “classificação original” do pacientes.
Por exemplo, pacientes AME Tipo 1 que iniciam o tratamento cedo têm apresentado resposta excelente, e
passam a conseguir sentar sem apoio – o que seria impossível dentro do curso natural da doença. Então, para
estes pacientes, muitas vezes as suas necessidades poderão se aproximar daquelas de pacientes AME Tipo 2.

SINTOMAS
O QUE CAUSA A ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME)?
A atrofia muscular espinhal é causada por uma mutação no gene de sobrevivência do neurônio motor 1.
Este gene é responsável pela produção da proteína do neurônio motor de sobrevivência (SMN) que mantém a
saúde e a função normal dos neurônios motores.
Em pessoas com AME, ambas as cópias do gene SMN1 sofrem mutação, o que leva à diminuição da
produção da proteína SMN. Sem um nível adequado de proteína SMN, há perda de neurônios motores na
medula espinhal, impedindo que os músculos recebam sinais adequados do cérebro.
A degeneração de neurônios motores leva a uma gradual diminuição na massa e força dos músculos
(atrofia).

AME É TRANSMISSÍVEL?
Uma doença transmissível é aquela causada por agentes infecciosos, como bactérias, vírus, parasitas e
fungos, que atingem uma pessoa suscetível.
Como explicamos acima, a AME é uma doença genética e é hereditária, o que significa que é transmitida
dos pais para os filhos através dos genes. Portanto, a AME não pode ser “transmitida” de uma pessoa doente
para outra saudável, apenas de pais para filhos.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME)?


O diagnóstico da Atrofia Muscular Espinhal (AME) acontece tanto nos pacientes sintomáticos, a partir da
suspeita clínica, como os pré-sintomáticos, a partir da suspeita familiar ou da triagem neonatal, quando
disponível.
Considerando os pacientes sintomáticos, os sinais que devem gerar alertas são fraqueza e atrofia
musculares, que podem aparecer no não atingimento ou perda dos marcos motores de desenvolvimento, como
engatinhar, dar risada, entre outros. O diagnóstico pode ser demorado por uma série de desafios, que incluem o
encaminhamento de pacientes e a disponibilidade de exames genéticos de maneira abrangente.
Após a suspeita clínica, o paciente é encaminhado para fazer testes, realizados por meio da coleta de
sangue, de saliva ou raspagem de bochecha para a extração do DNA e análise quantitativa do gene SMN1.
Vale lembrar que, mesmo com sintomas variáveis, os pais devem ficar de olho em sinais de fraqueza
progressiva: em bebês, pode haver impacto em atividades como se sentar, engatinhar e andar; já em crianças,
em atividades como correr, pular e subir escadas.

É POSSÍVEL EVITAR A TRANSMISSÃO DESSA DOENÇA?


A prevenção desta enfermidade é possível quando os futuros pais sabem se são portadores da alteração.
Então é possível planejar uma gravidez com a análise genética do embrião antes de sua transferência ao útero
materno. Para isto, é necessária a realização da Fertilização in Vitro (FIV) com o Teste Genético Pré-
Implantacional para Doenças Monogênicas (PGT-M).
Como comentado no início desse artigo, atualmente na Igenomix a doença genética mais estudada no
embrião é justamente a AME, provavelmente por ser uma condição genética com uma alta frequência na
população.
Graças ao avanço no diagnóstico preventivo de doenças genéticas no embrião é possível permitir o
nascimento de um bebê livre desse e outros distúrbios genéticos graves e sem cura. Nesse processo, as famílias
que possuem histórico de AME precisam realizar um aconselhamento genético para em primeiro lugar conhecer
o risco genético de seus descendentes, além das opções para prevenção, benefícios e limitações do PGT-M.
COMO FUNCIONA O PGT-M?
Apesar da realização do PGT-M para AME ser frequente, cada paciente precisa criar sua própria sonda de
análise embrionária para obter a máxima segurança da identificação específica da família. Esta sonda é
confeccionada a partir da coleta de uma amostra de DNA dos futuros pais também de outros membros da
família, conforme a necessidade detectada pelo geneticista durante o aconselhamento genético.
Nesse processo, além de envolver o laboratório de genética, é preciso contar com um médico especialista
em reprodução assistida, pois após a elaboração da sonda, é necessário iniciar o processo de FIV (Fertilização in
Vitro) em uma clínica especializada em parceria com o laboratório de genética, para finalizar o estudo utilizando
a sonda para a análise dos embriões.

COMO É FEITO O TRATAMENTO


O tratamento da atrofia muscular espinhal é feito para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de
vida da pessoa, pois ainda não é possível curar a alteração genética que provoca a doença.
Para fazer o melhor tratamento possível, pode ser necessário uma equipe de vários profissionais de saúde,
como ortopedistas, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas e terapeutas ocupacionais, por exemplo, de
acordo com as dificuldades e limitações de cada pessoa.
As principais formas de tratamento utilizadas incluem:
1. Tratamento fisioterapêutico
A fisioterapia é muito importante para todos os casos de atrofia muscular, porque permite manter a
circulação sanguínea adequada, evitar a rigidez das articulações, diminuir a perda de massa muscular e melhorar
a flexibilidade.

Levantar pesos, fazer exercícios com elásticos ou praticar exercícios de musculação são alguns exemplos do
que pode ser realizados em caso de atrofia muscular. Mas estes exercícios devem ser orientados por um
fisioterapeuta em uma clínica de fisioterapia, por exemplo, pois variam de acordo com a limitação de cada
pessoa.
Além disso, também podem ser usados aparelhos de eletroestimulação para promover a contração
muscular, como é o caso da corrente russa, que é uma ótima opção para complementar o tratamento.

2. Uso de equipamentos e terapia ocupacional


A terapia ocupacional é uma ótima opção para aumentar a qualidade de vidas nos casos em que existe
dificuldade para se movimentar ou fazer atividades diárias simples, como comer ou andar, por exemplo.
Isto porque, nas sessões de terapia ocupacional, o profissional ajuda a pessoa a utilizar alguns
equipamentos auxiliares, como talheres especiais ou cadeira de rodas, que permitem realizar as mesmas
tarefas, mesmo quando existe a limitação da doença.

3. Dieta adequada
A alimentação adequada é muito importante para garantir o desenvolvimento de quem sofre com atrofia
muscular, especialmente no caso de crianças. Porém, muitas possuem dificuldade para mastigar ou engolir, por
exemplo, sendo que, nesses casos, o nutricionista pode indicar os melhores alimentos e suplementos para suprir
todas as necessidades do organismo.
Além disso, em muitos casos, pode até ser necessário utilizar uma sonda de alimentação ou um pequeno
tubinho que liga o estômago à pele da barriga, permitindo fazer a alimentação sem ser preciso mastigar ou
engolir.

Outras opções de tratamento


Além das técnicas de tratamento anteriores, podem ainda ser necessários outros tipos de tratamento, de
acordo com os sintomas e limitações de cada pessoa. Por exemplo, nos casos em que os músculos da respiração
estão afetados pode ser necessário utilizar aparelhos de respiração que forçam o ar para dentro dos pulmões,
substituindo os músculos.
Já nas crianças com problemas musculares junto da coluna vertebral, pode ser necessário fazer cirurgia
para corrigir escoliose, uma vez que o desiquilíbrio na força dos músculos pode levar a que a coluna se
desenvolva de forma inadequada.
Um novo tratamento alternativo é o uso do remédio Spinraza, que já foi aprovado nos Estados Unidos e
promete reduzir os sintomas da atrofia provocada por alteração no gene SMN-1. Entenda o que é o Spinraza e
como funciona.
O tratamento para a atrofia muscular espinhal normalmente é feito com uso de remédios, alimentação
especial e fisioterapia.

COMO SABER SE EU E MEU PARCEIRO/MINHA PARCEIRA SOMOS PORTADORES?


É possível saber se o casal é portador de variantes patogênicas em genes em comum por meio do Teste de
Compatibilidade Genética (CGT) também conhecido como Painel de Portadores.
Se trata de um exame genético que é realizado a partir de uma amostra de sangue do casal e ele analisa
condições tais como a Fibrose Cística, a Atrofia Muscular Espinal, a Síndrome do X-Frágil, Anemia Falciforme,
entre outras, utilizando a técnica de sequenciamento de nova geração (NGS). O casal pode contar com
aconselhamento genético gratuito após o teste para entender seu resultado e opções para ter filhos livres da
doença.

REFERÊNCIAS
 https://www.tuasaude.com/atrofia-muscular/
 https://www.juntospelaame.com.br/pt_BR/home/oraropodeacontecer/tudo-sobre-a-ame.html
 https://conteudos.novartis.com.br/pt-br/atro%EF%AC%81a-muscular-espinhal/blog/o-que-e-ame
 https://www.juntospelaame.com.br/pt_BR/home/entender/genetica-da-ame/entenda-o-que-causa-a-
atrofia-muscular-espinhal.html
 https://iname.org.br/tipos-de-ame/
 https://www.igenomix.com.br/blog/como-prevenir-a-atrofia-muscular-espinhal-antes-da-gravidez/

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